adaptação de algoritmos para a inversão de dados de um impactor
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ADAPTAÇÃO DE ALGORITMOS PARA A INVERSÃO DE DADOS DE UM IMPACTOR EM CASCATA TIPO BERNER J. RIJO e C. A. PIO Universidade de Aveiro Departamento de Ambiente e Ordenamento RESUMO As propriedades químicas e físicas, de transporte, e os efeitos na saúde do aerossol atmosférico, são fortemente dependentes do tamanho das partículas. Assume assim especial interesse o estudo da sua distribuição por tamanhos. Realizou-se então uma série de medições do aerossol atmosférico, recorrendo a um impactor em cascata, impactor de Berner, que colhe o aerossol de acordo com o diâmetro aerodinâmico equivalente, em oito fracções separadas e descontínuas, tendo-se igualmente analisado o pré-estágio. A determinação da distribuição contínua revela-se complicada do ponto de vista matemático, pelo facto de os pratos do impactor não permitirem um tamanho de corte abrupto, havendo uma gama de tamanhos para a qual a probabilidade de colheita varia entre 0 e 100% em cada estágio. Desenvolveram-se assim metodologias de inversão dos dados experimentais, baseadas em modelos previamente testados, com a inovação de se recorrer a “software” de fácil utilização, tendo-se obtido resultados satisfatórios. PALAVRAS CHAVE : Aerossol, Berner, Kernel, Twomey, Log-Normal 1. INTRODUÇÃO Um aerossol pode-se definir como um sistema de partículas, líquidas ou sólidas, suspensas num meio gasoso. As partículas do aerossol atmosférico têm geralmente diâmetros compreendidos entre 0.001 e 100 µm. Nesta gama permanecem tempo suficiente na atmosfera para que possam ser medidas. Desde a década de 50 que se têm verificado avanços na medição de aerossóis, motivados por investigações relacionadas com os efeitos na saúde do aerossol radioactivo e industrial em locais de trabalho e no ambiente em geral. Mais recentemente, tem-se feito um esforço para compreender os efeitos dos aerossóis naturais e antropogénicos no balanço térmico global, (Willeke e Baron, 1993). Sendo as propriedades dos aerossóis fortemente condicionadas pelas partículas que o constituem, torna-se imperioso o conhecimento da sua distribuição por tamanhos. De entre as técnicas de medição de aerossóis que utilizam as propriedades dinâmicas das partículas na atmosfera, os impactores inerciais em cascata são amplamente utilizados. Nestes as partículas são colhidas separadamente em pratos colocados em série. Embora se considere frequentemente a curva de eficiência de cada prato do impactor como uma função em degrau do tamanho das partículas, na realidade os pratos 1 do impactor não permitem um diâmetro de corte abrupto, havendo uma gama de tamanhos para a qual a probabilidade de colheita varia entre 0 e 100%, em cada estágio. A curva de eficiência de cada prato tem usualmente a forma sigmoidal (figura 1), podendo ser representadas por uma equação do tipo: E(x) = [ 1 + (x50 / x)2s ]-1 (Eq. 1) onde, x é o diâmetro aerodinâmico, x50 é o diâmetro para o qual a eficiência é 50% e s é o declive. Sup. 9 Sup . 8 Sup . 7 Sup. 6 Sup. 4 Sup . 3 Sup . 2 Sup. 1 Sup. 5 1,0 E fic iê ncia 0,8 0,5 0,3 0,0 0 ,0 1 0,1 0 1,00 10 ,0 0 10 0,00 Diâ met ro e quiva le nt e (µm ) Figura 1 – Curvas de eficiência para o impactor Berner (modelo Hauke 30/0.06/2), construídas recorrendo aos dados da tabela I. A informação fornecida por um impactor em cascata é frequentemente apresentada em histogramas mostrando Ci/∆Ln(xi), onde Ci é a concentração medida no estágio i e ∆Ln(xi) é a diferença dos logaritmos dos diâmetros de corte superior e inferior desse mesmo estágio. Uma vez que tal não permite utilizar toda a informação disponível, dificultando a comparação de distribuições por tamanhos de amostragens realizadas com diferentes impactores, é altamente desejável uma inversão dos resultados ( Winklmayr et al., 1990). Assim, para se obter a distribuição por tamanhos f(x) do aerossol atmosférico, associada à resposta Ci, temos que resolver a equação: Ci = Ki(x) f(x) dx 2 (Eq.2) Onde: f(x) é expressa em termos de dC/dLn(x) e Ki(x) são as funções de Kernel que traduzem a resposta do impactor, isto é, contabilizam a probabilidade de uma partícula de diâmetro x ficar retida no estágio i, sendo dadas por: Kn(x) = En(x); (Eq.3) Ki(x) = Ei(x) [ 1 – Ei+1(x)] × ... [ 1 – En(x)] (i = n-1, n-2, ..., 1) (Eq.4) Em que: n = número de estágios, En é a função de eficiência do estágio maior e Ei a função de eficiência do estágio i, dada pela eq. 1. (Note-se que para o impactores em cascata o estágio 1 é o referente às partículas mais pequenas, sendo o último pelo qual se faz passar o fluxo gasoso). Tabela I – Principais características do impactor Berner LPI 30/0,06/2 d50 s Estágio Diâmetro Diâmetro Diâmetro (µm) (b) nº de corte médio dos (µm) (µm) orifícios (a) (mm) 9 16 --15,9 16,5 3,0 8 8 11,3 5 8,2 3,5 7 4 5,7 2,7 4,35 5,0 6 2 2,8 1,2 2,15 6,5 5 1 1,4 0,7 1,04 5,0 4 0,5 0,71 0,6 0,52 3,5 3 0,25 0,35 0,42 0,27 3,2 2 0,125 0,18 0,3 0,14 3,0 1 0,0625 0,088 0,25 0,075 2,8 (a) – Referência: Hillamo e Kauppinen, citados em Winklmayr et al. (1990) (b) – Referência: Winklmayr et al. (1990) Os dados das primeiras três colunas constam do manual do impactor. A determinação da função inversa f(x) a partir dos dados experimentais, Ci, é complexa, não existindo do ponto de vista matemático uma solução única para o problema. Vários modelos discriminativos foram testados no passado. O mais simples consiste em considerar um diâmetro de corte em degrau; todas as partículas com diâmetro aerodinâmico equivalente superior ao x50 de cada estágio, são capturadas nesse estágio. 3 Outros modelos têm em consideração as verdadeiras funções de Kernel do impactor na determinação de f(x). Whitby (1978), concluiu que a distribuição por tamanhos do aerossol atmosférico consiste em modos que podem ser descritos recorrendo à função log-normal. Este princípio é utilizado por diversos autores em modelos visando a inversão de dados de amostragem do aerossol atmosférico, sendo disso exemplo o trabalho de Dzubay e Hasan (1990). Para evitar qualquer presunção formal da distribuição, têm-se igualmente desenvolvido modelos mais generalistas, sendo o algoritmo de Twomey o mais utilizado, adaptado por Markowski (1987), Wang e John (1988) e Winklmayr et al. (1990). Os referidos modelos têm em comum o facto de, dada a sua complexidade, exigirem normalmente “um grande” esforço computacional, tornando-se por vezes difícil a sua aplicação. Propomo-nos então a apresentar três modelos de inversão de dados de amostragem do aerossol atmosférico com o impactor em cascata tipo Berner (30/0.06/2), cujas principais características constam da tabela I, baseados em trabalhos previamente desenvolvidos, mas com recurso a “software” de fácil utilização, evitando desta forma grandes esforços computacionais. 2. MODELO LNDEGRAU Dos modelos propostos, o mais simples, dada a simplicidade relativa dos pressupostos em que assenta, é o modelo LNDEGRAU. Neste, considera-se à partida que a distribuição por tamanhos do aerossol atmosférico pode ser descrita recorrendo à função log-normal, usando a equação: f(x) = A1 f1(x) + A2 f2(x) + A3 f3(x) (Eq. 5) sendo Ak os pesos relativos e fk(x) a função log-normal para os modos k = 1, 2 e 3, dada por: fk(x) = {exp – [( Ln(x) – Ln(mk))2 / [2(Ln(σk))2]]}/ [√(2π) x Ln(σk)] (Eq.6) onde: mk são as médias geométricas das distribuições e σk os desvios padrão geométricos. Adicionalmente, considera-se que todas as partículas com diâmetro superior ao x50 de cada estágio, ficam efectivamente retidas nesse mesmo estágio, ou seja, a eficiência de colheita em cada estágio é de 100% para partículas maiores que o x50, sendo nula para partículas com diâmetro inferior a esse valor. Hewett e McCawley (1991), propuseram a utilização de uma folha de cálculo para a aplicação deste tipo de modelo aos dados de um impactor Moudi. 4 Neste modelo, desenvolvido no programa SIGMAPLOT (SPSS inc.) os dados experimentais são primeiro apresentados na forma de histograma como Ci/∆Ln(xi). Seguidamente faz-se um “fitting” (tipicamente a 100 pontos igualmente espaçados) da função f(x) ao histograma ( f(x) como definida pela eq. 5). O programa fornece a função e os parâmetros a ela associados (Ak, mk e σk). 3. MODELO LNREAL O modelo LNREAL foi inspirado no trabalho de Dzubay e Hasan (1990) e nele, além de se pressupor a distribuição log-normal multimodal, já são consideradas as verdadeiras funções de eficiência de cada estágio. Procurou-se explorar as capacidades do programa SCIENTIST (MicroMath Research) na integração de equações diferenciais e determinação de parâmetros de modelos por “fitting” de equações a dados experimentais. Assim, lembrando que o problema de inversão da distribuição por tamanhos das partículas do aerossol atmosférico é traduzido pela equação 2, podemos escrever para cada estágio a equação diferencial: dCi/dx = Ct × f(x) × Ki(x) (Eq. 7) onde: Ci é a concentração no estágio i, Ct é a concentração total, f(x) é a função distribuição tal como definida na eq. 5, e Ki(x) a função de Kernel do estágio i tal como definida na eq. 4. O programa resolve o sistema de equações diferenciais determinando por tentativas (fitting) os coeficientes do modelo que resultam em valores finais de Ci mais próximos dos valores experimentais. Para um bom desempenho do modelo a integração terá que ser efectuada entre um valor mínimo e máximo de x, valores de xmin=0.01 e xmax=100 foram utilizados. Para x = 0.01 considera-se, por aproximação, que nenhuma massa foi colhida (Ci = 0) enquanto para x = 100 considera-se a concentração medida em cada estágio (Ci = Ci). O valor de x inicial na integração deve ser pelo menos 10 vezes menor que o x mínimo (utilizámos x0 = 0.00001). Na lista de parâmetros do modelo devem constar estimativas iniciais (nós utilizámos as saídas do modelo LNDEGRAU para este efeito) e limites para os parâmetros da função lognormal (Ak, mk e σk). Após realizar a integração o “software” fornece novos valores para estes parâmetros, possibilitando a obtenção de um novo “fitting”, o qual traduzirá o modelo LNREAL. 5 4. ADAPTAÇÃO DO ALGORITMO DE TWOMEY A adaptação feita ao algoritmo de Twomey foi baseada nos pressupostos descritos por Winklmayr et al.(1990), apresentando a inovação de ser feita recorrendo a uma folha de cálculo desenvolvida em EXCEL (Microsoft ®, 1997). A folha de cálculo proposta tem inicialmente 29 (1+1+(n×3)) colunas que serão a base do processo de inversão (com n = 9 para o impactor Berner). Nessas colunas teremos: x – nº de pontos onde se avalia a função, tipicamente 100 e igualmente espaçados (teremos portanto 100 linhas); f00(x) – estimativa inicial da distribuição obtida a partir das concentrações medidas experimentalmente (Eq. 8); Ei(x) – funções de eficiência tal como definidas pela eq. 1(i=1...n); Ki(x) – funções de “Kernel” tal como definida pela eq. 4; ai(x) – funções de ponderação, cuja introdução visa atenuar a influência da estrutura das funções de “Kernel” na estrutura da função distribuição (Eq. 9). f00(x) = Ci / ∆Ln(xi) (Eq. 8) ai = { Ki(x) / max [ Ki(x) ]}r (Eq.9) com r entre 0.3-0.7 (utilizámos r = 0.5), (Winklmayr et al. 1990). Antes de se iniciar o processo iterativo, propriamente dito, introduziram-se cinco colunas onde se melhora a estimativa inicial (f00) através das eq. 10 e 11. Este artifício visa “amaciar” estruturalmente a função distribuição f(x). f0k(x) = 0.25 f0k-1(x-1) + 0.5 f0k-1(x) + 0.25 f0k-1(x+1) (k=1...5) f0k(x) = 0.75 f0k-1(x1) + 0.25 f0k-1(x2) (Eq. 10) (Eq. 11) A eq. 11 foi utilizada para os extremos da distribuição. A partir deste ponto inicia-se o processo de inversão, isto é, a integração da eq. 2. Esta pode ser substituída pela soma (eq. 12), com a qual se modifica sequencialmente a primeira aproximação (f05=f0), multiplicando-a por uma expressão que contabiliza a razão entre a concentração calculada pelo modelo (Cij) e a medida experimentalmente em cada estágio (Ci). fj+1(x) = fj (x) × [ 1 + (Ci/Cij-1) ai(x) ] 6 (Eq.12) onde Cij = å Ki(x)× fj(x)× δ Ln(x) (Eq.13) sendo: 0<j<n-1, 1<i<n, ai(x) as funções de ponderação e δ Ln(x) a amplitude dos intervalos entre os pontos em que se avalia a distribuição, constante para todos os x. Assim, teremos conjuntos de nove colunas (f1...f9) que podem ser entendidos como uma iteração, devendo parar-se o processo quando a melhoria do parâmetro SIGMA (eq. 14) for inferior a 5%, ou para um máximo de 100 iterações caso o critério anterior não seja atingido. SIGMA2 = (1/n) å [ (Ci – Cij) / (δCi) ]2 (Eq. 14) Com : δCi – Incerteza absoluta das medições experimentais 5. RESULTADOS E CONCLUSÕES A avaliação dos modelos foi feita pela aplicação dos mesmos aos dados de diversas amostragens de ar ambiente realizadas no decurso do corrente ano, nas instalações da Universidade de Aveiro. Apresentam-se alguns exemplos que permitem visualizar a distribuição em termos de concentração total, bem como um em que se mostra a aplicação do algoritmo de Twomey às distribuições de alguns componentes do aerossol atmosférico (figura 8 ). A determinação destes componentes foi feita recorrendo a técnica cromatográfica, após tratamento adequado das superfícies de impacção. 12-2-99 a 16-2-99 13-1-99 a 17-1-99 30 50 40 LNREAL ( µg / m 3 ) Twomey 20 15 dC/dLn(x) ( µg / m 3 ) 25 dC/dLn(x) Impactor Berner LNDEGRAU Impactor Berner LNDEGRAU 10 Twomey 30 20 10 5 0 0.01 LNREAL 0.1 1 10 0 0.01 100 Diâmetro equivalente (µm) 0.1 1 Diâmetro equivalente (µm) 7 10 100 Figura 2 - Aplicação dos modelos Distribuição bimodal Figura 3 - Aplicação dos modelos Distribuição bimodal Pese embora o facto de não podermos concluir em absoluto quanto à verdadeira função distribuição, tal só seria possível gerando e, desta forma conhecendo à priori o aerossol a amostrar, os exemplos apresentados sugerem boas aproximações, havendo, no entanto, alguns aspectos a considerar. 19-2-99 a 23-2-99 Só 8 estágios 14 35 Impactor Berner LNDEGRAU 12 ( µg / m 3 ) 8 dC/dLn(x) 3 ( µg / m ) dC/dLn(x) LNREAL Twomey 10 Impactor Berner LNDEGRAU 30 LNREAL 6 4 2 Twomey 25 20 15 10 5 0 0.01 0.1 1 10 0 0.01 100 0.1 Diâmetro equivalente (µm) 1 10 100 Diâmetro equivalente (µm) Figura 4 - Aplicação dos modelos Distribuição bimodal Figura 5 - Aplicação dos modelos Distribuição bimodal (8 estágios) Assim, o modelo LNDEGRAU mostrou-se bastante versátil, adaptando-se facilmente aos vários tipos de distribuição, desde que as estimativas iniciais dos parâmetros da distribuição log-normal se mostrassem aceitáveis. 3-8-99 a 4-8-99 28-6-99 a 2-7-99 18 10 Impactor Berner LNDEGRAU 16 LNREAL 14 Twomey dC/dLn(x) ( µg / m 3 ) dC/dLn(x) ( µg / m 3 ) 8 6 4 Impactor Berner LNDEGRAU LNREAL Twomey 12 10 8 6 4 2 2 0 0.01 0.1 1 10 0 0.01 100 Diâmetro equivalente (µm) 0.1 1 Diâmetro equivalente (µm) 8 10 100 Figura 6 - Aplicação dos modelos Distribuição trimodal Figura 7 - Aplicação dos modelos Distribuição trimodal Por seu turno, o modelo LNREAL, apresentou algumas dificuldades no ajuste aos dados em distribuições trimodais, havendo tendência para se reduzir um dos modos. Contornou-se o problema apertando os limites de variação dos parâmetros da função log-normal, procurando não condicionar excessivamente a distribuição. A adaptação do algoritmo de Twomey revelou-se mais versátil, respondendo sem problemas ao surgimento de um terceiro modo. Por outro lado, verificaram-se algumas oscilações da função distribuição, já descritas por outros autores - Winklmayr et. al. (1990) introduziram as funções de Kernel dos estágios fictícios 0 e 10 para atenuar este 8-2-99 a 12-2-99 14-5-99 a 18-5-99 2 10 5 dC/dLn(x) ( µg / m 3 ) 15 ( MSA ng S / m 3 ) 20 1 0 0.01 1 10 LNREAL Twomey 20 15 10 5 0 0.01 0 0.1 Impactor Berner LNDEGRAU 25 dC/dLn(x) dC/dLn(x) ( µg / m 3 ) 30 25 Cloreto ( µg cl / m 3 ) 3 Nitrato ( µg N / m ) 3 Sulfato ( µg S / m ) 3 MSA ( ng S / m ) 100 0.1 1 10 100 Diâmetro equivalente (µm) Diâmetro equivalente (µm) Figura 8 - Aplicação dos modelos Distribuição de componentes do aerossol atmosférico Figura 9 - Aplicação dos modelos Distribuição bimodal problema - bem como uma tendência significativa para o aumento da concentração máxima da distribuição com esteitamento do respectivo modo. Outro motivo de oscilações na função distribuição por nós verificado (ver distribuição de MSA na figura 8), igualmente descrito na literatura, é a existência de estágios com concentração nula. No trabalho acima citado sugere-se um incremento de 10% do valor da concentração mais alta dos estágios adjacentes no estágio de concentração nula. Confrotando as funções de distribuição propostas pelos vários modelos testados, podemos aceitar a função log-normal como uma boa aproximação para a função distribuição por tamanhos do aerossol atmosférico. Com a introdução das eficiências efectivas do impactor, constata-se o aumento generalizado do valor de concentração máximo, com consequente estreitamento (diminuição de σ) nos modos da distribuição, sendo mais evidente para o algoritmo de Twomey. 9 Quanto à distribuição propriamente dita, esta pode-se dizer bimodal no Inverno, apresentando um modo com diâmetro médio geométrico (m1) entre 0.1 e 1 µm (modo de acumulação), partículas formadas predominantemente por conversão gás-partícula; e outro com m2 entre 1 e 10 µm (~ 5 µm), partículas grosseiras predominantemente formadas por processos mecânicos. No Verão temos um terceiro modo, de partículas grosseiras, não se podendo no entanto concluir sobre ele pois o limite superior de diâmetro de corte do estágio maior foi imposto empiricamente, não havendo garantias de se estar a medir somente partículas da gama 16-50 µm REFERÊNCIAS: DZUBAY, T.G. e HASAN, H. 1990. Fitting multimodal lognormal size distributions to cascade impactor data. Aerosol Science and Technology 13, 144-150 HEWETT, P. e McCAWWLEY, M. 1991. A microcomputer spreadsheet technique for analyzing multimodal particle size distributions, Appl. Occup. Environ. Hyg. 6, 865-873 MARKOWSKI, G.R. 1987. Improving Twomey’s algorithn for inversion of aerosol measurement data. Aerosol Science and Technology 7, 127-141 WANG, H.C. e JOHN,W. 1988. Characteristics of the Berner impactor for sampling inorganic ions. Aerosol Science and Technology 8, 157-172 WHITBY, K. T. 1978. The physical characteristics of sulfer aerosols. Atmosferic Environment, 12, 135-159. 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