aspectos culturais, sanitários e legais relacionados ao
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aspectos culturais, sanitários e legais relacionados ao
Débora de Britto Silva Mariana Silva Branco de Oliveira Natasha Ricardo Zucas ASPECTOS CULTURAIS, SANITÁRIOS E LEGAIS RELACIONADOS AO CONSUMO DE CARNE DE CACHORRO NA CORÉIA DO SUL E CHINA Disciplina: VPS 425 – Gerenciamento em Saúde Animal e Saúde Pública Professor Responsável: Dr.º Fábio Gregori Data: 03/11/2014 FMVZ-USP SÃO PAULO 2014 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO___________________________________________________03 2. ASPECTOS CULTURAIS_____________________________________________04 3. REGULAMENTAÇÃO – ASPECTOS LEGAIS_______________________________08 4. DESAFIOS SANITÁRIOS____________________________________________16 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS___________________________________________22 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS______________________________________23 2 1. INTRODUÇÃO Pouco mudou ao longo dos anos em relação à indústria de carne de cachorro na Coréia. A venda e processamento de carne de cachorro ainda é tecnicamente ilegal. A situação pode ser resumida com esse paradoxo: é ilegal a produção e consumo de carne de cachorro, mas não é contra a lei. O debate continua sobre a sua legalização, mas um impasse permanece, no momento entre os grupos de bem-estar do governo e animais coreanos, o que significa que tudo continua na empresa como o fez no passado. 3 2. ASPECTOS CULTURAIS 2.1. China O consumo de carne de cachorro em território chinês apresenta raízes antigas. Li Shizhen, naturalista autor da obra Compendium of Materia Medica (Ben Cao Gang Mu), publicada pela primeira vez em 1593, descreve a carne de cachorro como “quente, nutritiva e especialmente benéfica para os rins e o fígado”1. Acredita-se que o consumo de carne de cachorro ocorra já há 7000 anos no país4. Inicialmente restrito ao sudeste da China e alguns locais da província de Jiangsu, o consumo de cachorros espalhou-se pelo país durante a década de 1980. Embora o número de cães domiciliados tenha aumentado, muitos proprietários ainda consideram admissível consumir cães cuja carne seja considerada “de menor qualidade”1. Os cães eram considerados tônicos para a saúde. Em Yulin, acredita-se que o consumo de carne canina, álcool de cereais e lichia nos primeiros dias do verão garante boa saúde durante o inverno5. Há quem afirme que esse consumo está, no entanto, associado às dificuldades para obtenção de alimento para uma população bastante numerosa5. Embora existam criações de cães especificamente voltadas a restaurantes, há relatos de captura de animais vagantes e roubos de cães para abate e consumo 3,7,6. Um festival de carne canina realizado no distrito de Jinhua na província Zhejiang, ocorre há séculos. Segundo o folclore local, a tradição de alimentar-se de cães originou-se quando Hu Dahai, rebelde lutando contra a dinastia Yuan no século XIV, ordenou o abate de todos os cães de Jinhua por acreditar que seu latido havia denunciado ao exército a aproximação de tropas rebeldes9. Controvérsias relacionadas ao consumo de carne canina vêm, no entanto, aumentando – principalmente entre a população jovem. Segundo Peter Li, Professor Associado de Políticas do Leste Asiático da Universidade de Houston-Downtown, as novas gerações possuem elevada sensibilidade ao sofrimento e não vivenciaram as mesmas privações que seus pais, o que os afasta de enxergar os cães como alimento6. A política do filho único, oficialmente implantada em 1980, também foi apontada como estímulo ao aumento de cães domiciliados - cães estão sendo adotados como substitutos para filhos e netos2. O aumento de budistas é outro fator descrito como contribuinte à maior popularidade dos cães8. O mercado pet também apresenta crescimento em meio à economia chinesa. Ao final de 2009, as 20 maiores cidades da China possuíam aproximadamente 58 milhões de cães classificados como animais de estimação – e esse número vem crescendo cerca de 30% ao ano2 4 O consumo de carne de cachorro desperta conflitos entre defensores do bem estar animal e tradicionalistas. Ativistas já denominaram o abate de cães como ato “inumano” e “não civilizado”6. Anualmente, durante o solstício de verão, é realizado, em Yulin, na província de Guangxi, festival culinário voltado ao consumo de carne canina. Como mencionado anteriormente, existe a crença de que a ingestão de carne de cachorro garante boa saúde. Ativistas estimam que aproximadamente 10 mil cães sejam abatidos durante o evento. Em 2014, contudo, a pressão da mídia e de grupos defensores dos direitos dos animais promoveram fortes críticas ao festival. O governo de Yulin proibiu oficialmente que seus funcionários participassem do evento e a mídia chinesa afirma que a venda de carne de cachorro sofreu queda de 30% em relação a 20138. Fig. 1 – Ativistas libertam cães de gaiola em festival culinário realizado em Yulin, China. Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140630_carne_de_cao_ld Fig. 2 – Ativista tenta impedir venda de cão oferecendo dinheiro. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/06/1474810-festival-de-culinaria-canina-e-alvo-de-protestos-no-sul-dachina.shtml 5 Em virtude de a origem da carne não ser regulamentada e de o comércio ser realizado principalmente em mercados de rua, obtenção de dados estatísticos é difícil. A Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (SPCA) em Hong Kong relata que o número de pessoas contrárias ao consumo de cães vem aumentando, mas é difícil afirmar se o consumo está de fato diminuindo8. 2.2. Coréia do Sul "Eu gosto de comer sopa de carne de cachorro quando eu me sinto esgotado", depoimento de um estudante de graduação. Este estudante acredita que a sopa recarrega sua energia, ajudando-o a fazê-lo durante o intenso verão de Seoul. Outros acreditam que a carne de cachorro proporciona outros benefícios médicos, tais como aumentar a resistência, a redução do suor no verão, e aquecendo o sangue durante o inverno. Além disso, diz-se que a carne de cão torna os homens mais viris. As milhares de pessoas em favor do consumo de sopa de cão, assim como muitos outros pratos tradicionais feitos com carne de cachorro, apoiam-se na cultura tradicional coreana. Segundo dados históricos, os relatos do consumo de carne de cachorro se originam na era da Samkug (Três Reinos). No entanto, após esse período, caiu em popularidade com o crescimento do budismo, o qual tornou-se a religião do Estado, durante a dinastia Koryo (9181392 ). Na dinastia Chosen, de 1392-1910, o Confucionismo se tornou a ideologia do Estado, criando um caminho direto para o retorno do consumo da carne de cachorro Também encontram-se muitos tipos de arte e escrituras que apoiam a ideologia da carne de cachorro na cultura coreana. Durante o século IV, um mural foi encontrada no túmulo chamado Go-gu-Ryeo An-ak 3, um dos túmulos em Koguryo. O mural mostra um cachorro pendurado ao lado de porcos selvagens, e um carneiro ou veado, no processo de serem abatidos. Carne de cachorro também apareceu no texto farmacêutico da era Myung, na Enciclopédia Médica e Livro das Boas Maneiras do período Chosun. Resumindo os pontos de vista tradicionalistas, cães em Seul, juntamente com o resto da Coréia do Sul, nunca foram criados como animais de estimação ou de trabalho, mas criados exclusivamente como fonte de alimento. No entanto, restos humanos que datam cerca de 2.000 anos atrás foram encontrados junto a restos de um cão na área de Sacheon, Província de Gyung-sang. Uma vez que a análise foi concluída, tornou-se evidente que o cão tinha sido enterrado após o ser humano, sugerindo que o animal era considerado como membro da família. Da mesma forma, algumas imagens em pinturas do período Chosun retratam cães como animais de estimação - e também como fontes de alimento. 6 Na China, o consumo de carne de cachorro ocorre há 7000 anos. O comércio chinês de carne de cachorro surgiu, de forma mais ativa, a partir de relações com a província coreana chamada Choong-cheong. Devido a estes fatos, muitos coreanos insistem em que o consumo de carne de cachorro se tornou popular no século XX, decorrente de outras culturas, e não a sua própria. 7 3. REGULAMENTAÇÃO – ASPECTOS LEGAIS 3.1. Coréia do Sul Durante a guerra da Coréia (1950-1953), as pessoas foram confrontadas por carências alimentares que as levaram ao consumo de carne de cachorro para atender a requerimentos nutricionais, que aparentemente permaneceu desde então. Mais tarde, na década de 1980, a questão do consumo de carne de cão reapareceu na forma de condenação internacional. Em junho de 1984, a Lei de Sanidade dos Alimentos (Food Sanitation Law) confirmou que os restaurantes não poderiam vender qualquer alimento considerado "repugnante ou insalubre". Carne de cachorro foi enquadrada nesta categoria, juntamente com carne de cobras, lagartos e vermes. Como punição, os infratores seriam submetidos a advertência sem penalidade seguida por suspensão durante 7 dias para cada infração. Embora tenha reconhecido a carne de cachorro como "comida repugnante", Seoul nunca divulgou ou impôs a lei aos cidadãos. Durante o ano de 1988, Seoul sediou os Jogos Olímpicos, quando a questão “carne de cachorro” recebeu muita publicidade e ridicularização internacional. Devido à visão contrária dos estrangeiros ao consumo de carne de cachorro, o governo coreano rapidamente fez o que foi possível para demonstrar que Seoul estava a par dos "padrões internacionais". O governo proibiu pratos oriundos de cães no menu, ao mesmo tempo, instruindo os garçons a incentivar o consumo de outros pratos que não a carne canina. O resultado deste feito foi a primeira legislação de bem-estar animal na Coréia, sob a Lei de Bem-Estar Animal em 1991. Nesta lei, cães eram considerados "animais domésticos". Contudo, sob o ponto de vista prático, essa lei obteve o mesmo impacto que as legislações anteriores no que se refere ao consumo da carne de cachorro. Devido a pouca mudança na indústria de carne de cachorro, o mundo continuou a colocar o governo coreano sob pressão para levar a Lei de Bem-Estar Animal às normas internacionais. De acordo com o Korea Times, a controvérsia reemergiu quando Seoul foi indicado para sediar as finais da Copa do Mundo de 2002. A FIFA pediu ao governo coreano, por meios não oficiais, para conter a venda de carne de cachorro. No entanto, a proposta foi rejeitada. Os donos dos restaurantes que vendiam carne de cachorro planejavam proporcionar aos estrangeiros a oportunidade de provar a própria carne. Um grupo de cerca de 150 membros, conhecido como "National Dog Meat Restaurants Association" encabeçaram esta proposta, explicando que os visitantes seriam capazes de provar amostras grátis de vários pratos de carne de cão, que seriam distribuídos perto dos estádios da Copa do Mundo em Seoul. 8 Song-soo, presidente da associação, afirmou: "Nós decidimos realizar o evento para ajudar a legitimar o consumo de carne de cachorro e mudar a visão prejudicial dos estrangeiros contra a nossa cultura culinária". As amostras foram distribuídas em copos, juntamente com folhetos que resumiam os benefícios nutricionais do consumo de carne de cachorro. Estrangeiros que receberam de maneira positiva a degustação foram convidados a estimular o consumo da carne de cachorro por outros visitantes. Um membro da associação de restaurantes, conhecido como Choi-Han-kwon, afirmou que essa prática facilitaria a divulgação da tradição culinária local. Além disso, o objetivo geral da "National Dog Meat Restaurants Association" é o de lutar contra as repressões do governo e críticas atuais. Os proprietários dos restaurantes anunciaram que "serão feitos esforços para legitimar o consumo de carne de cão, certificandose de que todo o processo de criação, distribuição e processamento de cães locais seja realizado de forma sanitária, científica e eficaz". Toda esta campanha causou um impacto negativo internacionalmente, principalmente perante os ativistas protetores dos animais, ressaltando a forma com que os animais são abatidos. Sob a lei atual de Seoul, é ilegal o abate e venda de carne de cão, como se fosse gado. No entanto, o governo afirma que tem sido incapaz de regulamentar a venda de carne de cachorro, uma vez que é parte de uma "cultura de longo prazo enraizada no povo coreano". 9 3.2. Brasil 3.2.1. Legislação No Brasil, o consumo de carne canina ocorre majoritariamente entre descendentes de famílias chinesas e coreanas, como pode ser visualizado na notícia abaixo documentada pela Folha de São Paulo, do dia 12 de Novembro de 200917. Com a imigração de pessoas oriundas dos países em que esta prática é considerada cultural, a fiscalização se torna uma forma de coibir a comercialização de carne de cachorro e de gatos. Figura 4. Notícia sobre apreensão de carne de cachorro e gato na cidade São Paulo. Ato praticado para atender demanda de clientes coreanos e chineses. De acordo com o Decreto 30.691, de 29 de Março de 195218, as carnes sujeitas a regulamentação estão contidas no artigo 21, alínea 3: § 3º - Entende-se por "matadouro" de pequenos e médios animais o estabelecimento dotado de instalações para o abate e industrialização de: a) suínos; b) ovinos; c) caprinos; d) aves e coelhos; e) caça de pêlo, dispondo de frio industrial e, a juízo do D.I.P.O.A., de instalações para o aproveitamento de subprodutos não comestíveis. 10 Segundo o artigo 5318 do mesmo decreto, apenas àqueles matadouros e frigoríficos mencionados no artigo 21 são passíveis de registro e, assim, outros tipos de estabelecimento de produção e abate de animais não catalogados são considerados clandestinos: Art. 53 - Estão sujeitos a registro os seguintes estabelecimentos: 1 - matadouros-frigoríficos, matadouros, matadouros de aves e pequenos animais, charqueadas, fábricas de produtos suínos, fábricas de conservas, fábricas de produtos gordurosos, entrepostos de carnes e derivados e fábricas de produtos não comestíveis; 2 - granjas leiteiras, estábulos, leiteiros, usinas de beneficiamento, fábricas de laticínios, entrepostos-usina, entrepostos de laticínios, postos de refrigeração e postos de coagulação. 3 - entrepostos de pescado e fábricas de conservas de pescado; 4 - entrepostos de ovos e fábricas de conservas de ovos; § 1º - só podem ser registrados entrepostos de ovos que tenham movimento mínimo de 500 (quinhentas) dúzias por dia. § 2º - os demais estabelecimentos previstos neste Regulamento serão relacionados. Ainda, segundo lei estadual 11.977 do Código de Proteção aos Animais19, há a reiteração do decreto 30.691, em que reforça não poder ser comercializada carne proveniente de abatedouro não registrado: Seção IV - Dos Animais Criados para Consumo Artigo 17 - São animais criados para o consumo aqueles utilizados para o consumo humano e criados com essa finalidade em cativeiro devidamente regulamentado e abatidos em estabelecimentos sob supervisão médico-veterinária. O código de defesa do consumidor também prevê a segurança alimentar, uma vez que não há fiscalização da carne e registro do abatedouro, e, a transparência do produto comercializado através da Lei 8.078/9020, Capítulo IV: Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 11 Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. A prática de abate clandestino de cães é classificada como formação de quadrilha, quando houver associação de três ou mais pessoas no intuito de cometer o crime, de acordo com o Código Penal, artigo 288 do decreto 2848/4021: Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: (Vide Lei nº 12.850, de 2.013) (Vigência) Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: (Vide Lei nº 12.850, de 2.013) (Vigência) Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado. Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. 3.2.2. Fiscalização Todo o produto de origem animal deve passar por uma fiscalização previa ao consumo humano a fim de impedir/minimizar riscos à saúde humana, de acordo com a lei 7.88922, de 23 de Novembro de 1989: Art. 1º A prévia inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, de que trata a Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, é da competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 23, inciso II, da Constituição. O consumo de alimentos de origem duvidosa pode contribuir para disseminação de doenças de caráter zoonótico, causar toxiinfecções e ser vetor de várias tipos de doenças, sendo apenas o veterinário capaz de identificá-las. Caso haja suspeitas de carne proveniente de abate clandestino, deve-se procurar a Vigilância Sanitária do município e notificá-la do ocorrido. As etapas para fiscalização, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária23, são: A ação de fiscalização já começa no transporte, onde o animal sofre forte stress e seu descanso, durante o período de repouso no estabelecimento de abate (durante 6 a 24 horas), serve para repor suas energias, se adaptar ao novo local e para a observação de 12 seu comportamento, por médico veterinário especializado, que tomará as medidas cabíveis, caso haja alguma alteração. Em um estabelecimento de abate de bovinos, o animal é submetido a uma série de análises e exames, antes e após o abate, para garantir ao consumidor final um produto de qualidade. São as denominadas inspeções “ante mortem” e “post mortem”. A importância da inspeção “ante mortem” é imprescindível em um estabelecimento de abate, visto que algumas enfermidades têm sintomatologia clara nos animais vivos, enquanto que no exame “post mortem”, pouca ou nenhuma alteração é detectada. A constatação de alterações nos animais antes do abate determina sua separação do lote e evita a entrada de animais portadores de doenças infecto-contagiosas na sala de abate, que além de atentar contra a saúde pública, contaminam as instalações e equipamentos. Enquadram-se neste tipo de doenças, a raiva, o tétano, o carbúnculo etc. Durante a manipulação do animal, após o abate, várias análises e exames são realizados em suas vísceras e gânglios, no sentido de garantir o produto antes de ser colocado à disposição do consumidor. Os locais ou pontos da sala de matança onde são realizados estes exames são chamados “linhas de inspeção” e são padronizados. Após todos os exames, estando a carcaça apta ao consumo, recebe o carimbo de inspeção em partes pré-determinadas, sofre uma toilete final e vai para a refrigeração, aguardando expedição para o consumo. Caso seja detectado algum problema, a carcaça é descartada e o médico veterinário toma as providências cabíveis. De acordo com a mesma lei, os responsáveis pela fiscalização são: Art. 4º São competentes para realizar a fiscalização de que trata esta Lei: a) o Ministério da Agricultura, nos estabelecimentos mencionados nas alíneas a, b, c, d, e, e f, do art. 3º, que façam comércio interestadual ou internacional; b) as Secretarias de Agricultura dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, nos estabelecimentos de que trata a alínea anterior que trata a alínea anterior que façam comércio intermunicipal; c) as Secretarias ou Departamentos de Agricultura dos Municípios, nos estabelecimentos de que trata a alínea a desde artigo que façam apenas comércio municipal; d) os órgãos de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, nos estabelecimentos de que trata a alínea g do mesmo art. 3º." " Art. 7º Nenhum estabelecimento industrial ou entreposto de produtos de origem animal poderá funcionar no País, sem que esteja previamente registrado no órgão competente para a fiscalização da sua atividade, na forma do art. 4º. 13 Em situações especiais e de estado de urgência, os responsáveis poderão ser contratados pela união e pelo período de no máximo de seis meses: Art. 3º Nos casos de emergência em que ocorra risco à saúde ou ao abastecimento público, a União poderá contratar especialistas, nos termos do art. 37 inciso IX da Constituição, para atender os serviços de inspeção prévia e de fiscalização, por tempo não superior a seis meses. 3.2.3. Punição Ainda de acordo com a Lei 7.889/89, a punição se dará através de advertências, apreensão da mercadoria, interdição do estabelecimento e multas, como consta abaixo: Art. 2º Sem prejuízo da responsabilidade penal cabível, a infração à legislação referente aos produtos de origem animal acarretará, isolada ou cumulativamente, as seguintes sanções: I - advertência, quando o infrator for primário e não tiver agido com dolo ou má-fé; II - multa, de até 25.000 Bônus do Tesouro Nacional - BTN, nos casos não compreendidos no inciso anterior; IV - suspensão de atividade que cause risco ou ameaça de natureza higiênico-sanitária ou no caso de embaraço à ação fiscalizadora; V - interdição, total ou parcial, do estabelecimento, quando a infração consistir na adulteração ou falsificação habitual do produto ou se verificar, mediante inspeção técnica realizada pela autoridade competente, a inexistência de condições higiênico-sanitárias adequadas. § 1º As multas previstas neste artigo serão agravadas até o grau máximo, nos casos de artifício, ardil, simulação, desacato, embaraço ou resistência a ação fiscal, levando-se em conta, além das circunstâncias atenuantes ou agravantes, a situação econômico-financeira do infrator e os meios ao seu alcance para cumprir a Lei. § 2º A interdição de que trata o inciso V poderá ser levantada, após o atendimento das exigências que motivaram a sanção. § 3º Se a interdição não for levantada nos termos do parágrafo anterior, decorridos doze meses, será cancelado o registro (art. 7º da Lei nº 1.283, de 1950). De acordo com o Código penal, artigo 288 do decreto 2848/40, àqueles que estiverem praticando formação de quadrilha, serão punidos a esclarecer: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. 14 3.2.4. Destino dos produtos apreendidos De acordo com a inclusão da alínea 4 pela Lei 12.341/10 à Lei 7.889 (MAPA, 1989), os alimentos que apresentarem condições apropriadas ao consumo humano são destinadas à programas sociais, de combate à fome: § 4o Os produtos apreendidos nos termos do inciso III do caput deste artigo e perdidos em favor da União, que, apesar das adulterações que resultaram em sua apreensão, apresentarem condições apropriadas ao consumo humano, serão destinados prioritariamente aos programas de segurança alimentar e combate à fome. (Incluído pela Lei nº 12.341, de 2010). De acordo com a lei 7.889/89, artigo 2, inciso III, mercadorias apreendidas que não estejam dentro dos conformes são descartadas: III - apreensão ou condenação das matérias-primas, produtos, subprodutos, e derivados de origem animal, quando não apresentarem condições higiênico-sanitárias adequadas ao fim a que se destinam, ou forem adulteradas; 3.2.5. Conclusão A criação de cães para produção de carne no Brasil não é considerada legal24 e, portanto, não há regulamentação e fiscalização de abatedouros para esta espécie animal. Deste modo, o decreto 30.691/52 não contempla o registro destes abatedouros e, assim, qualquer estabelecimento que realize tal prática, o fará de forma clandestina. Segundo lei estadual 11.977, o abate de cães para consumo/comercialização configura em atentado a lei de proteção animal, por ser o cão considerado animal de companhia. Todo produto de origem animal deve ser inspecionado para garantir a segurança do consumidor, evitando transmissão de doenças de potencial zoonótico, toxinfecções e infecções em geral. Por não ter fiscalização deste tipo de carne, não é possível garantir a seguridade do alimento. O consumidor atento ao suspeitar da procedência da carne deve contatar o serviço de Vigilância Sanitária Municipal. A punição por abate clandestino vai desde a simples advertência até penas mais severas como interdição do estabelecimento, multas de acordo com agravantes a situação e apreensão da mercadoria. O destino da carne de cães que não estejam dentro dos conformes será o descarte. 15 4. DESAFIOS SANITÁRIOS 4.1. Raiva Cenário Atual A raiva é considerada importante problema de saúde pública na China, onde os cães ainda são apontados como os principais reservatórios da doença. O país é o segundo em mortalidade humana devido à raiva, estando atrás apenas da Índia10,11. As autoridades chinesas apontaram a doença como prioridade e reconheceram o controle da raiva canina como medida estratégica ao controle da raiva humana10. A ausência de informações para monitoramento da doença no país, porém, constitui obstáculo à implantação de medidas de controle. Falhas em programas de vigilância, contenção de surtos e manejo pós-exposição são citadas como barreiras locais10. A maior parte dos casos reportados acomete as regiões sul e sudeste da China. Em 2011, 86% das pessoas afetadas viviam em áreas rurais, estando a doença relacionada principalmente à mordedura de cães (95%) ou gatos (4%). Dos acometidos, 91% não foram submetidos ao tratamento pós-exposição preconizado10. Fig.3 – Número de casos de raiva humana reportados na China de 2007 a 2012. Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3851465/ 16 Estudiosos acreditam que as epidemias de raiva em território chinês seguem ciclos de 10 anos, estando a diminuição da casuística relacionada aos programas de despopulação canina. Os momentos de re-emergência da doença, por sua vez, são atribuídos à baixa cobertura vacinal de cães e a problemas socioculturais, como acesso restrito a serviços de saúde, ausência de programas para controle populacional de cães e aumento da circulação de pessoas e seus animais entre as diferentes províncias 10,11. O diagnóstico da raiva depende da existência de laboratórios credenciados e métodos confiáveis para detecção da doença. Na China, contudo, o diagnóstico é principalmente clínico, via sintomatologia. Diagnósticos diferenciais raramente são realizados – em cães e humanos. Não existem protocolos ou padronização de exames. Quando é realizado, dificilmente o teste DFA (Direct Fluorescent Antibody) é confirmado por PCR. O tratamento pós-exposição de humanos só é realizado após necropsia dos animais considerados fontes de infecção11. A cobertura vacinal de cães em áreas rurais é inferior a 3%, enquanto a OMS recomenda cobertura vacinal superior a 70% para controle da raiva canina. A despopulação em massa de cães durante as epidemias não garante controle da doença10,11. Carne Canina e Risco Associado Festivais culinários voltados ao consumo de carne canina constituem risco para a transmissão de raiva na China. A elevada circulação de pessoas e cães durante esses eventos aumenta o risco de transmissão da doença. A baixa cobertura vacinal existente no país, associada à movimentação de cães entre áreas rurais (endêmicas) e urbanas, exige atenção aos festivais. Em 2014, antes da realização do Festival de Yulin, autoridades veterinárias encaminharam ao governo pedido para proibição do evento, alegando riscos de transmissão da raiva e também insalubridade no abate e preparo da carne de cachorro a ser comercializada no festival. Além disso, foram destacados os casos de intoxicação humana por consumo de cães abatidos após envenenamento. 17 Fig. 4 - Cartaz estimulando apoio à proibição do Yulin Dog Meat Festival da organização Together for Animals in China. Fonte: http://tacn.bigcartel.com/product/cancel-yulin-dog-meat-festival-sticker-no-1 O ministro da Agricultura chinês endossou, em maio de 2014, regulamentação que exigia teste de todos os cães quanto à ocorrência de raiva e cinomose. A medida, no entanto, não foi implementada e também não foram estabelecidas punições em caso de não cumprimento das normas12. Do mesmo modo, não foram cumpridas as determinações para fiscalização da quarentena de cães destinados ao consumo durante o festival. Estima-se que os custos para realização de quarentena para centenas de cães transportados num caminhão seriam próximos a 150,000 yuan (US$24,000), quantia a que ninguém dispõe-se a pagar12. 4.2. Triquinose A triquinose é uma das zoonoses mais amplamente distribuídas pelo mundo. Trata-se de uma doença causada pelo estágio larval de nematódeos do gênero Trichinella, parasitas adaptados a uma grande variedade de hospedeiros mamíferos, répteis e aves. Os hospedeiros tornam-se infectados pelo consumo de carne contaminada crua ou malcozida13, 14,15. 18 Fig. 5 – Distribuição mundial de Trichinella spp. Fonte: http://pubs.usgs.gov/circ/1388/pdf/cir1388.pdf Após a ingestão de carne contaminada, há eclosão de cistos no estômago do hospedeiro e liberação das larvas, que então penetram ativamente no organismo através da parede de intestino delgado. Ocorre maturação larval, cópula e deposição de ovos no interior da mucosa intestinal. As larvas imaturas migram através de vasos linfáticos em direção ao ducto torácico, passando à circulação venosa e distribuindo-se pelo corpo do hospedeiro. Nos músculos, principalmente diafragma, língua e masseter, há formação de cistos teciduais13. 19 Fig.6 – Ciclo doméstico de Trichinella spp. Fonte: http://pubs.usgs.gov/circ/1388/pdf/cir1388.pdf A Trichinella é considerada o menor parasita nematódeo de humanos e, ao mesmo tempo, o maior parasita intracelular de humanos13. Trata-se de uma importante doença de origem alimentar. A maioria das espécies de Trichinella spp. é considerada altamente patogênica para humanos. As manifestações clínicas são, geralmente, complexas e dependem da idade do hospedeiro, status imunitário e número de parasitas ingeridos. Os sintomas têm início de 1 a 6 semanas após a infecção e três estágios de doença foram descritos em seres humanos: enteral, migratória e parenteral13. Os sintomas incluem: febre, mialgia, edema facial, inapetência5. Nos cães, a doença é comumente assintomática. Tabela 1 – Sintomas relatados por 8 pacientes afetados por triquinelose em hospital coreano. Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3279679/#!po=35.7143 20 Na China, os casos de triquinose são devidos, principalmente, ao consumo de carne de porco13, 14,15. Carne de cachorro, no entanto, tornou-se importante fonte de infecção. A primeira epidemia associada ao consumo de carne canina ocorreu na China, em 1974. Desde 1999, epidemias relacionadas a essa fonte de infecção ocorreram principalmente no nordeste da China (81 casos em cinco epidemias), Beijing (seis casos) e províncias Henan (dois casos). Em estudo epidemiológico realizados em nove províncias chinesas, foram amostrados 19,662 cães, sendo a prevalência média equivalente a 21.1%16. Vale ressaltar que os cistos presentes em carne de cachorro resistem ao congelamento13. De 1964 a 2003, 264 pessoas morreram por triquinose na China. Na Coréia do Sul, desde 1997, já foram registrados 4 surtos de triquinelose humana15. O diagnóstico é realizado através de biópsia muscular para detecção de larvas encistadas ou através de ELISA (embora falsos negativos em fase inicial da doença sejam comuns)14. Acredita-se que os casos de triquinose nesses países sejam subestimados, devido à não existência dos métodos diagnósticos em todas as regiões de seus territórios. O controle da doença exige detecção de carcaças infectadas e implantação de medidas higiênicas. Cozedura da carne é ponto crítico de controle. Em porcos, principal fonte de infecção, há inspeção sanitária em abatedouros para detecção de cistos teciduais via microscopia. Devido à irregularidade da carne de cachorro, é necessário estabelecer normas para contenção da doença13. 21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O consumo de carne de cachorro na China e Coreia do Sul está intimamente relacionado à cultura local e implica, hoje, em polêmicas ligadas a bem estar animal, aspectos legais e interação com o cenário internacional. Questões sanitárias e riscos à população também são tópicos importantes deste tema. Embora considerada ilegal em ambos os países, a prática de consumir carne de cachorro não é fiscalizada e representa um risco à saúde pública. Através das pesquisas, notase também a existência de um sistema de vigilância sanitária bastante restrito em território chinês e coreano quando são consideradas a raiva e a triquinose – doenças passíveis de associação aos festivais de carne de cachorro. No Brasil, o consumo de carne canina é considerado crime. Não sendo classificada como carne sujeita à inspeção sanitária, o abate de cachorros é ilegal e os praticantes podem ser submetidos ao pagamento de multas e a advertências. É importante que o médico veterinário reconheça sua importância na cadeia de alimentos, notificando situações consideradas suspeitas e diminuindo os riscos de dolo à sociedade. Ainda que pequeno número de artigos científicos sobre o assunto abordado neste trabalho tenha sido encontrado, reportagens presentes em jornais e outras mídias internacionais permitiram a elaboração de quebra-cabeças para chegar a conclusões sobre a situação sanitária e implicações determinadas pelo consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul e China. Assim, o objetivo proposto foi atingido. 22 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BACON, Heather J. Dog management and the meat industry in China. The Royal (Dick) School of Veterinary Studies. 2012. Disponível em: Dog management and the meat industry in China 2. AFP. Man's best friend wins in China's economic boom. The Independent. Fevereiro, 2011. Disponível em: http://www.independent.co.uk/life-style/mans-best-friend-wins-in-chinas- economic-boom-2205887.html 3. CHANG, Emily. Inside the cat and dog meat market in China. CNN. Maio, 2010. Disponível em: http://edition.cnn.com/2010/WORLD/asiapcf/03/09/china.animals/ 4. 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