Dor na Criança Não Oncológica
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Dor na Criança Não Oncológica
Programa de Educação Continuada em Fisiopatologia e Terapêutica da Dor – Equipe de Controle de Dor – Divisão de Anestesia – HCFMUSP - 2016 Dor na Criança Não Oncológica Sandra Caires Serrano, MD, MSc Pediatra, Neurologista Infantil, Dor e Cuidados Paliativos Assistente de Ensino – Emergência Pediátrica H. Santa Marcelina – Itaquera Responsável pelo Serviço de Cuidados Paliativos – Departamento de Dor e Cirurgia Funcional A.C.Camargo Cancer Center – SP [email protected] São Paulo, 03 de agosto de 2016 Conceito de Dor Total ESPIRITUAIS PSICOLÓGICOS SOCIAIS SOCIAIS CULTURAIS DOR PSICOLÓGICOS Cicely Saunders FAMILIAR DOR SOFRIMENTO O controle da dor física perde o seu significado quando o paciente não consegue usufruir a vida Comunicação EXPRESSÃO VERBAL EXPRESSÃO NÃO VERBAL + 30% 70% Mito 1 • É difícil avaliar os níveis de dor de bebês e crianças jovens e é inseguro prescrever opióides para sua dor persistente. Mito 2 •As crianças podem ser tratadas como pequenos adultos. Mito 3 •As crianças não sabem que estão morrendo a menos que nós dissermos que elas estão. Prevalência de sintomas Wolfe, J. NEJM, 2000. Passado recente... 1993: World Health Organization (WHO) e International Association for the Study of Pain (IASP) organizam uma conferência internacional sobre dor no câncer e cuidados paliativos em crianças 1998: é publicado “Cancer Pain Relief and Palliative Care in Children” Acetaminofeno Codeína Morfina Amitriptilina Carbamazepina Gabapentina Dor na Criança Impacto familiar Valorizar Dor Ansiedade Vivências familiares anteriores e significados Medo do sofrimento Sofrimento pela impotência O confronto com a perspectiva da morte Indicadores Comportamentais da Dor em Crianças Choro Inquietação, Irritabilidade Afastamento da interação social Distúrbio do sono Caretas Defesa Não é facilmente consolado Come menos Brinca menos Redução da atenção • Fatores que modificam a expressão da dor na criança: idade, sexo, nível cognitivo, percepção que a criança tem da dor, experiências dolorosas prévias, aprendizado, padrões culturais, relações familiares e comportamento dos pais, repercussões da dor na rotina da criança: comparecimento às aulas, participação em atividades esportivas, sociais e tarefas domésticas. Estado da Arte no controle de sintomas • Manejo Farmacológico – Politerapia analgésica • Manejo não farmacológico – Técnicas integrativas – Abordagem psicológica – Reabilitação – Técnicas intervencionistas – Espiritualidade Procedimentos Pontuais 4 Pontos não negociáveis • • • • Anestesia tópica Posicionamento Técnicas de distração Sucrose se < 12 meses Fonte internet Escada Analgésica - OMS 1) Pela Escada 4 86 / 90 2) Pelo Relógio 3) Pela Boca 3 4) Pelo Paciente 5) Atenção ao detalhe 22 1 1 Não-opióide ± adjuvante Técnicas intervencionistas Opióide para dor moderada-intensa ± não-opióide ± adjuvante Opióide para dor leve-moderada ± não-opióide ± adjuvante OMS Escada Analgésica em Crianças Maiores 1) Pela Escada WHO maio/2012 2) Pelo Relógio – Diretrizes na Dor Persistente 3) Pela Boca 3 4) Pelo Paciente 5) Atenção ao detalhe 22 1 1 DOR LEVE Paracetamol Ibuprofeno Técnicas intervencionistas DOR MODERADA A INTENSA Morfina OMS OMS – Diretrizes para o tratamento farmacológico da dor persistente em crianças doentes Dose Via oral Dose Via oral Dose Via oral Dose máxima diária Neonatos 0-29 dias Crianças 30 dias-3 meses Crianças 3-12 meses 1-12 anos 5-10 mg/Kg cada 6-8h* 10 mg/Kg cada 46h 10-15 mg/Kg cada 4-6h** Neonatos e crianças maiores: 4 doses/dia 5-10 mg/Kg cada 6-8h Crianças: 40 mg/Kg/dia Medicação Paracetamol Ibuprofeno * Cças desnutridas têm maior probabilidade de toxicidade em dose- padrão. ** Máximo de 1 grama/dose. OMS – Diretrizes para o tratamento farmacológico da dor persistente em crianças doentes • Evidências: – Crianças de todas as faixas etárias (inclusive prematuros extremos] são capazes de sentir dor decorrente da própria doença, dos procedimentos terapêuticos e diagnósticos, do trauma e dos procedimentos cirúrgicos. – Em crianças com dor tratada de forma inadequada: • • • • • estresse comportamental, alterações psicológicas recuperação prolongada, respostas alteradas a estímulos dolorosos, risco aumentado de alterações comportamentais e cognitivas com o passar do tempo. Anand KJS, Hickey PR, 1987; Fitgerald M, Beggs S, 2001; Grunau RE et al, 2005; Klein VC et al, 2009; Harrison D, 2010. OMS – Diretrizes para o tratamento farmacológico da dor persistente em crianças doentes • Preconceitos de pais e profissionais de saúde: – morfina, metadona, e outros opióides associam-se à crenças sociais, culturais e familiares de que são medicações “muito fortes” para crianças; com muitos efeitos adversos, e que podem levar ao vício. • Fatores que explicam o sub-tratamento da dor em crianças: – A falta de conhecimento no manejo da dor; – O entendimento errado sobre freqüência e intensidade dos efeitos adversos, especialmente quanto depressão respiratória; – O temor de que opióides possam encurtar a expectativa de vida – O preconceito de que o aumento da dose de opióide causará tolerância e a medicação não terá efeito quando a doença progredir. Albano, 1993; Drake et al., 2003; Brown et al., 1993; Mack et al, 2005. A criança maior e o uso de opióides • Indicações: na Dor Pós-Operatória – Morfina: • dor moderada a intensa sem resposta aos analgésicos comuns e/ou bloqueios regionais e/ou opióides fracos. – Fentanil: • Via nasal • Via peridural • Em infusão intravenosa contínua e em bolus OMS maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Indicações: na Dor Pós-Operatória – Tramadol e Codeína: • opióides fracos com grandes variabilidades farmacogenéticas em relação à metabolização e igual ou superior incidência de náuseas e vômitos em relação aos opióides fortes. – Metadona e Nalbufina na Analgesia Pós-Operatória: • Raras evidências em crianças. OMS maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides – Embora com muito baixa qualidade de evidências, a OMS recomenda fortemente as recomendações à seguir: OMS maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 1: – A escada analgésica de 3 degraus foi abandonada em favor da escada analgésica de 2 degraus • dar preferência a pequenas doses de opióides fortes ao invés da utilização de opióides fracos como codeína e tramadol, no caso dos analgésicos não opióides serem insuficientes para o alívio da dor. OMS maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Justificativa da Recomendação 1: – Codeína é um opióide "fraco", disponível e antes recomendado em Pediatria para dor moderada. • Codeína tem problemas de segurança e eficácia relacionadas a variabilidade genética da biotransformação. • Em um pró-fármaco que é convertido no seu metabólito ativo morfina pela enzima CYP2D6. • A eficácia de um pró-fármaco depende da quantidade do metabólito ativo formado. • Expressões variáveis das enzimas envolvidas na biotransformação dos pró-fármacos podem levar a grandes diferenças nas taxas de conversão e da concentração plasmática do metabólito ativo de forma interindividual e inter-étnica. OMS maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente Justificativa da Recomendação 1 – Codeína – No feto, a atividade do CYP2D6 está ausente ou é < 1% dos valores de adultos, aumentando com o nascimento. – O valor da conversão não é 25% dos valores de adultos em crianças < de 5 anos o efeito analgésico é (muito) baixo ou ausente em recém-nascidos e crianças pequenas. – A porcentagem de metabolizadores pobres varia em grupos étnicos de 1% a 30%, resultando em ineficácia em grande número de pacientes, incluindo crianças. – Inversamente, metabolizadores rápidos e extensos de codeína têm risco de toxicidade grave de opióide, devido a conversão elevada e descontrolada de codeína em morfina. – Faltam dados sobre outros opióides de potência intermédia para uso em Pediatria. Justificativa da Recomendação 1 – Tramadol • É um analgésico opióide considerado efetivo para dor moderada. • Não há evidência disponível quanto sua eficácia e segurança em crianças. • O tramadol não está licenciado para uso pediátrico em vários países. • Mais pesquisas sobre tramadol são necessárias. • Se a intensidade da dor associada a uma doença é avaliada como moderada ou intensa, é indicado uso de opióide forte – a morfina é a escolha para o 2º passo, embora outros opióides fortes devam ser considerados e disponibilizados para assegurar uma alternativa à morfina em caso de efeitos secundários intoleráveis. OMS maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente O tramadol • É metabolizado no fígado em (o-desmetiltramadol) = M1 que é farmacologicamente ativo • O metabolismo pelo sistema de citocromos é o fator determinante responsável por sua analgesia. • Tanto o composto de origem quanto seu metabolito ativo M1 ligam-se a receptores opióides tipo mü. – O metabolito M1 foi estimado como 200 X mais potente do que o composto de origem em ligação ao receptor opióide mü. O tramadol • O tramadol é um fármaco que exerce dois mecanismos de ação distintos e complementares: atividade opioidérgica de baixa intensidade e atividade monoaminérgica (noradranérgica e serotoninérgica) não opioidérgica sobre as vias de controle inibitório descendentes. O tramadol • Metabolismo dependente da atividade de CYP2D6 • 7% da população = redução da atividade do CYP2D6 = metabolizadores pobres de tramadol, produzindo 20% maior nível plasmático de tramadol e 40% menor nível plasmático de metabólito M1 do que as pessoas que são metabolizadores extensas da CYP2D6 – risco de resposta analgésica menos intensa do que metabolizadores intermediários ou os grandes metabolizadores. • 5% da população pode ser metabolizadora ultrarápida = produzem níveis mais elevados do metabólito M1 ativo, o que pode levar a toxicidade Cautela com uso de tramadol na infância • Depressão respiratóra • Crises convulsivas • Interrupção abrupta do tramadol após uso por longo prazo = risco de abstinência – Sintomas típicos de abstinência incluem os relacionados com a retirada abrupta de opióides: irritabilidade e agitação, insônia, taquicardia, tremor, sudorese, vômitos ou diarréia. – Alguns pacientes podem apresentar sintomas associados à interrupção abrupta de ISRS tais como ansiedade, ataques de pânico, alucinações, confusão e dormência ou formigamento das extremidades. – Pacientes em uso de tramadol por longo prazo devem ser considerados com risco para síndrome de abstinência e sua retirada deve ser cuidadosa Buck Marcia L. Tramadol: Weighing the Risks in Children. Pediatric Pharmacotherapy 2015. Available form: URL:http//www.medicine.virginia.edu/ clinical/departments/pediatrics/education/pharm-news/home.html [2016 jun 10]. Cautela com uso de tramadol na infância • Efeitos adversos relatados em ensaios pediátricos: – náuseas e vômitos em aproximadamente 10-19% dos pacientes – tonturas e cefaléia em 17-19% – sonolência em 8% – prurido em 7-13% Buck Marcia L. Tramadol: Weighing the Risks in Children. Pediatric Pharmacotherapy 2015. Available form: URL:http//www.medicine.virginia.edu/ clinical/departments/pediatrics/education/pharm-news/home.html [2016 jun 10]. A Escada de 2 degraus - crianças • Escada de 2 degraus indica uso de baixas doses de analgésicos opióides para dor moderada ao invés de opióides fracos. • Os benefícios de usar analgésico opióide forte e efetivo SUPERAM os benefícios de usar opióides de potência intermédia na criança. • Os riscos associados com opióides fortes são aceitáveis quando comparados com a incerteza da resposta à codeína e tramadol em crianças. – SE NOVAS INFORMAÇÕES COMPROVAREM A SEGURANÇA E EFICÁCIA DO TRAMADOL OU OUTROS ANALGÉSICOS DE POTENCIA INTERMEDIÁRIA EM CRIANÇAS, A ESTRATÉGIA DE 2 DEGRAUS PODERÁ SER REVISTA. A criança maior e o uso de opióides • Posição do Painel de especialistas - SBED maio/ 2012 – No tratamento de dor persistente, apesar da recente diretriz da OMS (2012) em relação ao uso de codeína e tramadol na criança,a experiência clínica suporta o uso desses fármacos, baseado na estratégia de resposta analgésica e/ou teste terapêutico. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 2: – O uso de opióides é recomendado para o alívio da dor persistente de moderada a intensa. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente Justificativa da Recomendação 2 • Nenhuma outra classe de medicamentos é tão eficaz para tratar dor moderada a intensa quanto os opióides fortes. – Essenciais no tratamento da dor. – Medo e desconhecimento sobre o uso de opióides em crianças são muitas vezes barreira para o alívio da dor. – Morfina está incluída na lista de medicamentos essenciais em Pediatria – OMS. – Os riscos associados a graves efeitos adversos e mortalidade decorrentes de erros de medicação são reais, mas evitáveis através da educação, boas práticas e dos riscos previsíveis. – Foram consideradas as evidências indiretas de dor crônica não oncológica no adulto, estabelecendo que a morfina é o opióide forte de escolha também na dor moderada a intensa em crianças, confirmado por vários consensos. – Há extensa experiência clínica de seu uso em crianças. – Estimular o uso de opióides para garantir a analgesia adequada. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 3: – Morfina é recomendada como medicação de 1ª escolha no tratamento de dor moderada a intensa em crianças com dor persistente. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente Justificativa da Recomendação 3 • Não há evidência suficiente para recomendar qualquer alternativa de opióides em detrimento de morfina como o opióide de 1ª escolha. – A escolha por analgésico opióide alternativo à morfina deve ser guiada por considerações de segurança, disponibilidade, custo e conveniência. – Há necessidade de ensaios comparativos de opióides comparativos de eficácia, efeitos colaterais e viabilidade. – Desenvolver formulações orais mais seguras para crianças deve tornar-se uma alta prioridade. – Ensaios comparativos de não inferioridade entre opióides fortes são necessários no tratamento da dor persistente moderada a intensidade em crianças de todas as idades. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 4: – Há evidência insuficiente para recomendar qualquer outro opióide no lugar da morfina, como primeira escolha. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 5: – A seleção de opióides alternativos à morfina deve ser guiada pela segurança, disponibilidade, custo, e adequação , incluindo fatores relacionados ao paciente. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 6: – É fortemente recomendado que formulações de morfina de liberação rápida sejam disponíveis para o tratamento da dor persistente em crianças. • JUSTIFICATIVA – Comprimidos de liberação imediata são utilizados para titulação de dosagens de morfina para a criança. – A disponibilidade de formulações de liberação imediata tem prioridade sobre formulações de liberação prolongada de morfina. – Solução de morfina oral é alternativa quando uma criança não é capaz de engolir comprimidos. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 7: – É recomendado que estejam disponíveis formulações de liberação prolongada apropriadas para crianças; • JUSTIFICATIVA: – Comprimidos de liberação prolongada de morfina melhoram a adesão ao tratamento e facilitam a administração em intervalos regulares ("pelo relógio) – A única evidência disponível é em adultos. – A morfina de ação imediata oral precisa ser administrada mais vezes ao dia, dificultando a adesão ao tratamento a longo prazo com morfina oral. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 8: – Na presença de efeito analgésico inadequado com efeitos adversos intolerantes recomenda-se fortemente a troca de opióide e ou de via de administração. – Para isso, opióides alternativos e / ou outras formas de apresentação de morfina oral devem estar disponíveis. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 9: – A rotação de rotina de opióides não é recomendada • JUSTIFICATIVA: • A titulação ideal do opióide na criança é fundamental antes de mudar para outro opióide. • Considerar a troca se o opióide foi adequadamente titulado, mas a analgesia inadequada e os efeitos adversos intoleráveis. • Assegurar a segurança na troca dos opióides, considerar o risco de overdose de opióides. • Opções para a troca são Fentanil, Metadona e Oxicodona. • Riscos da troca do opióide são controláveis, considerar: • idade, tabelas de conversão de dose de opióides diferentes, biodisponibilidade da formulação; interações medicamentosas; metabolização renal e hepática, e os opióides já utilizados antes. Atenção: • o uso de tabelas de conversão deve ser analisado com cuidado em pediatria: considerar as variabilidades farmacocinéticas das diversas faixas etárias. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 10: • A via recomendada para administração de opióides é a via oral. • JUSTIFICATIVA: – A escolha de via alternativa à via oral (quando indisponível) baseia-se em julgamento clínico, na disponibilidade, na viabilidade e na preferência do paciente. – Estudos disponíveis em dor aguda ou pós-operatório não fornecem evidências conclusivas para orientar recomendações por outras vias. – Para dor crônica existe a possibilidade de uso transdérmico e em casos especiais de administração peridural / neuroeixo. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 11: – A escolha de vias alternativas, quando a via oral não é adequada deve se restringir ao julgamento clínico, disponibilidade, viabilidade e preferência do paciente. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 12: – A via intramuscular de administração de opióides deve sempre ser evitada em crianças. • JUSTIFICATIVA: – A recomendação contra a via intramuscular é de que a dor não deve ser infligida na administração de um medicamento. – Pesquisas sobre a segurança e eficácia de diferentes vias de administração de opióides são necessárias em Pediatria. – A via intramuscular causa dor desnecessária. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 13: – É fortemente recomendado que crianças com dor persistente recebam medicações regulares para o controle da dor e medicações apropriadas para dor tipo ¨breakthrough”. WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 14: – Há evidência insuficiente para recomendar um opióide particular ou uma via de administração para tratar dor tipo ¨breakthrough”. – É necessário fazer uma escolha apropriada do tipo de tratamento baseado no julgamento clínico, disponibilidade, considerações farmacológicas e fatores relacionados ao paciente. A criança maior e o uso de opióides • Recomendação 15: – Recomendações de doses para evitar sobredose e efeitos adversos graves nas diversas faixas etárias WHO maio/2012 - Criança – Diretrizes na Dor Persistente WHO maio/2012 - Criança • Antidepressivos – Diretrizes na Dor Persistente – No momento, não é possível fazer recomendações à favor ou contra o uso de antidepressivos tricíclicos (ADT) e Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) como medicação adjuvante no tratamento da dor neuropática em criança. • Não há estudos em Pediatria, embora a experiência clínica suporte o uso. • Anticonvulsivante – No momento, não é possível fazer recomendações para nenhum anticonvulsivante como medicação adjuvante no tratamento da dor neuropática em criança. • Não há estudos em Pediatria, embora a experiência clínica suporte o uso. • Carbamazepina = amplamente usada. • Gabapentina = amplamente usado em > 3 anos. WHO maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e medicações na DOR NEUROPÁTICA • Ketamina – No momento, não é possível fazer recomendações quanto aos riscos e benefícios do uso da ketamina como medicação adjuvante ao opióide para tratamento da dor neuropática em criança. • Há evidências limitadas do uso da ketamina (anestésico) em baixa dose como adjuvante de opióide forte na dor oncológica em adultos. • Lidocaína – No momento, não é possível fazer recomendações quanto aos riscos e benefícios do uso sistêmico de anestésico local para tratamento de dor neuropática persistente em criança. • Em adultos, há evidências de que a lidocaína intravenosa e seu análogo via oral (mexiletina) são mais efetivas do que placebo para redução da dor neuropática. WHO maio/2012 – Diretrizes na Dor Persistente A criança maior e medicações na DOR ASSOCIADA AO ESPASMO MUSCULAR E A ESPASTICIDADE – No momento, não é possível fazer recomendações para o uso de benzodiazepínicos e/ou baclofeno como adjuvantes no manejo da dor em crianças com espasmo muscular e espasticidade. – Apesar de amplamente usados, não há nível de evidência de uso em Pediatria. Dor em crianças Farmacologia Analgésica • Na prática... posologia variável, individual doses iniciais muito baixas podem fornecer analgesia adequada • Há latência analgésica inicial, enquanto a taquifilaxia e tolerância são tardias A CHAVE DO CONTROLE DA DOR É ANTECIPAÇÃO GABAPENTINA 2-12 ANOS DIA 1 = 10 MG/Kg dose única [dose única máxima de 300 mg] Dia 2 = 10 mg/Kg 2xdia [dose máxima de 300 mg] Dia 3 = à partir de 10 mg/Kg 3x ao dia [dose única máxima 300 mg] Aumentar a dose se necessário até o máximo de 20 mg/Kg/dose [dose única máxima de 600 mg] > 2 ANOS A DOSE MÁXIMA DIÁRIA PODE SER AUMENTADA DE ACORDO COM A RESPOSTA ATÉ O MÁXIMO DE 3.600 MG/DIA GABAPENTINA A SUSPENSÃO ORAL pode ser preparada até 350mg/5ml é estável em temperatura ambiente por 56 dias. Ref. Nahata MC. Stability of gabapentin is extemporaneously prepared suspensions at two temperatures. Pediatr. Neurol. 1999 Mar; 20(3):195-7. Meperidina / Petidina o sintetizada em 1939 o analgesia de curta duração (IV) o metabólito ativo: normeperidina o elevada meia-vida o acúmulo em SNC ― Disforia ― Distúrbio de comportamento ― Agitação psicomotora ― Convulsões World Health Organization - 1998 Outras técnicas para o tratamento da dor em crianças Estratégias comportamentais: de 3 a 4 anos Maiores de 7 anos Hipnose Relaxamento Técnicas de Biofeedback Dor Neuropática • Nos últimos 20 anos: maior reconhecimento de algumas condições neuropáticas em crianças: – – – – – – – Síndrome Dolorosa Regional Complexa (especialmente do Tipo I) Dor do membro fantasma Lesões medulares Traumas Dor neuropática pós-operatória Neuropatias autoimunes e degenerativas Anemia Falciforme Câncer e seu tratamento • Dor crônica na criança é relatada em até 6% das crianças e adolescentes [van Djjk et al., 2006], mas a proporção com Dor Neuropática não é clara. • As condições associadas a Dor Neuropática em crianças são diferentes das encontradas em adultos [Borsook, 2012]. • A incidência de Neuralgia Pós Herpética e Neuralgia Trigeminal é muito mais baixa em crianças [Hall et al., 2006]. • Neuropatia Diabética dolorosa é raramente relatada antes dos 14 anos de idade [Hall et al., 2006], mas as alterações sensoriais foram detectadas em crianças antes do início da dor [Blankenburg et al., 2012]. • Dor Neuropática ocorre em 20-40% adultos com câncer [Bennet et al., 2012]. • Em crianças, não sabemos... • A incidência global de Dor Neuropática relacionada ao câncer é bem menor na criança, mas a dor no membro fantasma é mais comum em crianças que sofreram amputação em decorrência do câncer ou quimioterapia peri-operatória. • Neuropatia periférica ocorre em 50-90% dos tratados com compostos de Platina e quase metade com alcalóides da Vinca [Howard RF et al., 2014]. • Revisão retrospectiva 174/498 crianças desenvolveram neuropatia periférica com Vincristina para Leucemia Linfoblástica Aguda [Anghlescu DL et al., 2011]. Dor neuropática em Pediatria • Diretrizes atuais para avaliação e diagnóstico da Dor Neuropática foram desenvolvidas para adultos mas são frequentemente extrapoladas para crianças mais velhas e adolescentes – – – – Instrumentos de Avaliação X Questionários X Escalas de Dor, História clínica, Exame físico incluindo exame neurológico, Propedêutica armada....(nem sempre se justificam!) – Na prática medicações de primeira linha incluem analgésicos opióides, amitriptilina e gabapentina. Dor Neuropática & Oncologia Pediátrica Medicina Baseada em Evidências • Reabilitação e terapias integrativas devem fazer parte do tratamento integral na criança com Dor – e variam conforme as necessidades de cada criança • terapias físicas: massagem, estimulação nervosa transcutânea, posicionamento de conforto, toque • reabilitação: fisioterapia, terapia ocupacional • terapias comportamentais: hipnose, imagens, respiração profunda • técnicas de distração • uso de programas para smart-phone/ aplicativos para tablet • acupressão • acupuntura • aromaterapia Pontos Chave • O estudo da dor neuropática de forma sistemática na infância é raro. • A Dor Neuropática em crianças com câncer é comum, sub-reconhecida e sub-tratada. • Há falta de bons estudos epidemiológicos para determinar a incidência, evolução, e estratégias de tratamento. • Possível justificativa para a falta de pesquisas na área: muitas das condições mais comuns de dor neuropática em adultos são raras em crianças. • Lacuna de incentivo financeiro em pesquisa em Pediatria. • Não há Recomendações Baseadas em Evidências para o tratamento da Dor Neuropática na criança com câncer. Possibilidades Analgésicas INTERDISCIPLINARIDADE D O R Anestésicos- uso local / sistêmico Capsaicina Betabloqueadores via oral Oxigênio inalatório Bifosfonatos vias oral e venosa Clonazepam via oral, Midazolam Técnicas de medidas físicas Distração Acupuntura... Cirurgias Analgesia Espinhal Estimulação Medular Analgésicos Opióides Potentes Analgésicos Opióides Fracos Terapias Cognitiva e Comportamental Medicamentos Auxiliares Fisioterapia Terapia Ocupacional Analgésicos Comuns Exercícios
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