voz operaria - Memórias Reveladas
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voz operaria - Memórias Reveladas
U- AH tío x^.o. et-ij flcP-H/3,. L i . . . .. ORGAO CENTRAL VOZ OPERARIA Múmero X X X I I I — Novembro de 1967 DO PARTIDO COMUNISTA NCr. $ 0,10 BRASILEIRO Manifesto do Comitê Central do PCB Os 50 Anos da União Soviética Comprovam 0 Triunfo Mundial do Socialismo A classe operária! Aos dores! trabalha- A todos os lutadores pela paz mundial, pela liberdade, pela independência nacional e pelo progresso social! Aos comunistas nosso Partido! e aos amigos de A 7 de novembro próximo, os povos do mundo inteiro comemoram o 50." aniversário do triunfo da gloriosa Revolução Russa, que assinalou o inicio de uma nova época no desenvolvimento da sociedade humana — a época da passagem do capitalismo ao socialismo, a época 8o triunfo do marxismo-leninismo em escala mundial. Passados cinqüenta anos, já se pode avaliar em toda sua magnitude o alcance e as conseqüências da primeira revolução proletária triunfante, que acabou na Rússia com a dominação dos latifundiários e capitalistas e dos monopólios estrangeiros. Nem a invasão dos exércitos das potências imperialistas após a vitória, nem a criminosa sabotagem articulada contra a consolidação do poder revolucionário, nem ai agressão nazifascista durante a Segunda Guerra Mundial — nada Conseguiu impedir a construção vitpriosa do socialismo e seu avanço no sentido da criação das bases materiais da sociedade comunista, a nova sociedade que tem a missão histórica de "libertar todos os homens da desigualdade social, de todas as formas de opressão e exploração e dos horrores da guerra, e de garantir no mundo a Paz, o Trabalho, a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade e a Felicidade a todos os povos." les que pretenderam, durante anos seguidos, ocultar ou deturpar os fatos. dial. A poltica leninista de paz e de luta pela coexistência pacífica entre Estados de regimes sociais diferentes contribui decisivamente para salvaguardar a paz no mundo — é a serviço da paz mundial que está o crescente poderio dos povos soviéticos. classe, de opiniões filosóficas e sentimentos religiosos, unâmo-nos como democratas e patriotas para lutar juntos contra o regime militaNa União Soviética, como aconrista reacionário que nos oprime a tece com as demais nações socialisserviço do explorador estrangeiro, tas, foram liquidadas definitivamencontra a atual ditadura, pela conte as calamidades sociais que flagequista das liberdades democráticas lam todos os povos do mundo cae de um governo que as garanta, pitalista: as crises econômicas, a Intransigentemente fiel aos ensi- abrindo caminho para a completa inflação, a falta de trabalho, o namentos de Lênin, o Estado so- libertação de nosso povo da domianalfabetismo, a miséria, a fome. viético, ao mesmo tempo que não nação imperialista e para a liquiEm seus cinqüenta anos de luta e admite a intervenção nos assuntos dação do monopólio da propriedade construção, converteu-se a União internos de outros povos, apoia fir- da terra pelos latifundiários. Soviética em grande potência socia- memente todos os povos que lutam lista. pela liberdade e a independência Dirigimo-nos particularmente à nacional. Com seu apoio têm con- classe operária c a todos os trabaü s salários reais sobem continua- tado o povo heróico do Vietnam, lhadores, das cidades e do campo, mente: aumentaram de 6 1 % , entre para enfrentar a brutal e vergonho- concitandoKjs a que se organizem, 1954 e 1964. E' constante a dimi- sa agressão da maior potência imfortaleçam suas organizações e innuição dos preços dos artigos de perialista, e o valoroso povo de consumo popular. O aluguel de ca- Cuba, para construir vitoriosamen- tensifiquem as lutas em defesa de sa não excede a 4 ou 5% do sa- te o socialismo a menos de 200 qui- seus direitos e interesses. E' neceslário recebido pelo chefe de famí- lômetros do território norte-americano. (Continua na 2* página) lia. As condições de habitação melhoram cada vez mais: de 1958 a Torna-se cada vez mais claro pa1965, foram entregues ao povo cerra os povos de todo o mundo o ca de 80 milhões de residências contraste entre a política de paz novas. A assistência médica e farda União Soviética e a política macêutica é gratuita. O nível de reacionária e agressiva dos impevida média, que era de 32 anos rialistas, em primeiro lugar dos antes da Revolução, passou a 70 anos na atualidade. A jornada de imperialistas dos Estados Unidos. trabalho foi reduzida a 7 horas (6 Amigos e camaradas! horas, no subsolo e para menores de 18 anos). E já foi adotada a Para a classe operária e demais semana de cinco dias" de trabalho forças progressistas de nosso país, e dois de repouso. A instrução é estímulo saber gratuita. iOfo dos operários e 23% constitui poderoso dos camponeses possuem instrução que na dura luta que sustentamos média ou superior. Atualmente, são contra o opressor norte-americano e graduados 125 mil engenheiros. E a reação interna temos de nosso laa União Soviética já conta com do a gloriosa e invencível União mais de 400 mil cientistas. Soviética. i São estes alguns êxitos dos povos soviéticos, files confirmam as previsões dos fundadores do socialismo científico e fazem da União Soviética o foco luminoso para o A contribuição heróica dos povos qual se voltam todos os povos que soviéticos à vitória mundial sobre lutam contra a miséria e o atraso, o nazifascismo fêz ruir as calúnias contra a opressão imperialista e a dos porta-vozes do imperialismo e exploração dos latifundiários e cada reação contra o regime soviético. pitalistas, pelo progresso social, por E os êxitos dos povos soviéticos, um mundo livre da exploração do tanto no terreno do desenvolvimenhomem pelo homem. to econômico e social, como no âmbito das ciências, da técnica e da Mas os povos voltam-se para a cultura em geral, desmascararam a União Soviética também porque nepropaganda venenosa de todos aque- la vêem o baluarte da paz mun- Os comunistas do Brasil, que sei orgulham de sempre ter compreendido e avaliado com acerto o papel histórico do Estado soviético e de glorioso Partido Comunista da União Soviética, comemoram com júbilo a passagem do 50." aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro. E se dirigem ao povo brasileiro, conclamando-» à unidade e à ação, à luta pela liberdade, pela independência, pelo progresso social. Unâmo-nos todos, acima de divergências políticas, de posições de Bt/HJiWo •n-o-t»,fcSMÍi„x Manifesto doCC do PCB Mensagem do Comitê Central do PCB Sôbreo^ | 50° Aniversário da Revolução Russa Queridos camaradas: (Continuação da 1* página,) sário combater com firmeza e pôr abaixo a política salarial da ditadura, que procura descarregar exatamente sobre os ombros dos que trabalham, aumentando suas privações e sofrimentos, o peso das dificuldades que o pais atravessa, Dirigimo-nos a todas as pessoas amantes da paz, que avaliam os horrores de uma guerra termonuclear e- contra ela lutam, e apelamos para que juntos intensifiquemos em nosso país a luta contra uma Terceira Guerra Mundial, exigindo a cessação dos bombardeios americanos na República Democrática do Vietnam e a retirada das tropas invasoras do Vietnam do Sul. Com a nossa solidariedade ativa ao ; 3vo vietnamita, contribuiremos pL a apagar o mais perigoso foco de guerra mundial. Ao mesmo temp i, é indispensável que nos mantenhamos vigilantes em solidariedade ao povo cubano, que continua ameaçado de intervenção armada pelo governo dos Estados Unidos. Para todos nós, latino-americanos, defender a Revolução Cubana é lutar por nossa própria independência, é combater o inimigo comum e sua poltica de intervenção nos países da América Latina. Os cinqüenta anos do Estado Soviético comprovam o triunfo mundial do socialismo. O capitalismo está moribundo e seus estertores não poderão impedir a vitória dos povos que lutam pela emancipação nacional e social, pela conquista do novo mundo do comunismo, livre para todo o sempre da exploração do homem pelo homem. Salve a Grande Revolução Socialista de Outubro! Viva a unidade internacional do proletariado e dos povos do mundo inteiro! Outubro de 1967 O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro Os comunistas de todo o Brasil, certos de que traduzem os sentimentos d a classe operária e demais forças progressistas de nosso país, festejam com alegria e profunda emoção o 50.° aniversário d a Grande Revolução Socialista de Outubro e enviam felicitações as mais calorosas ao Partido Comunista d a União Soviética e,. por seu intermédio, aos povos soviéticos. Evocamos neste momento a figura gigantesca de Lênin e lembramos seus companheiros do glorioso Partido Bolchevique que levou o proletariado à vitória em 1917. Recordamos os gloriosos filhos do povo soviético que rechaçaram os intervencionistas imperialistas, seus irmãos que construíram a nova sociedade socialista e os mártires e heróis da grande epopéia d a .Guerra Pátria, que libertou a humanidade do nazifascismo. Os grandes êxitos dos povos soviéticos no terreno econômico e social, suas vitórias espetaculares no âmbito das ciências, d a técnica e d a cultura em geral, multiplicam nossas forças, elevam nosso ânimo combativo,. estimulam-nos para o comberte contra o opressor imperialista, contra os latifundiários e grandes capitalistas, p a r a a luta histórica de nosso povo pela paz mundial, pela independência, pelas liberdades e pelo progresso soclial. Saudámos com vivo entusiasmo a firmeza com que o Estado Soviético aplica a política leninista de paz e de luta pela coexistência pacífica entre Estados de regimes sociais diferentes, assim como o superior desinteresse com que nos seus cinqüenta anos de vida tem apoiado a a todos os povos que lutam contra os agressores imperialistas, pela liberdade e pelo progresso. i Os comunistas do Brasil, que se orgulham de terem sempre compreendido e avaliado com acerto o papel histórico do Estado Soviético e do Partido Comunista d a União Soviética, tudo continuarão fazendo para intensificar a luta do povo brasileiro em defesa da paz mundial, contra a política reacionária e agressiva dos círculos imperialistas, pela imediata liquidação dos focos de guerra, desenvolvendo para tanto a solidariedade ao heróico povo do Vietnam. Ao festejarmos a data histórica do triunfo d a Grande Revolução Socialista de Outubro, que assinala o início de uma nova época no desenvolvimento d a sociedade — a época do triunfo do marxismo-leninismo em escala mundial, estamos certos de q u e novos e decididos passos serão dados pelos comunistas de todo o mundo no sentido d a coesão e unidade do movimento comunista internacional, condição das mais importantes para que seja salvaguardada a paz mundial e acelerada a marcha dos povos no caminha do socialismo. Salve a Grande Revolução Socialista , de Outubro! Viva a solidariedade internacional f do prefetariade! Viva a União Soviética, baluarte da paz mundial! Pela unidade do movimento comunista internacional! Glória eterna ao grande Lênin! O COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO. Destituição do Comitê Estadual de São Paulo O Comitê Estadual de São Paulo aprovou, por maioria, uma resolução em que afirma não respeitar e nem reconhecer nenhuma das decisões tomadas pelo Comitê Central em sua última reunião. E' evidente que, com essa decisão, a maioria do Comitê Estadual de São Paulo viola, sob diversos aspectos, os Estatutos e assume uma atitude antipartidária, procurando impedir que as resoluções do Comitê Central sejam transmitidas à organização do Partido no Estado de São Paulo e levadas à prática. Diante desses fatos e de acordo com a autorização para que adote e aplique todas as medidas necessárias ao cumprimento das decisões tomadas pelo Comitê Central, a Comissão Eexcutiva resolve: b) Destituir o Comitê Estadual de São Paulo. Nomear uma comissão encarreg a d a de dirigir, temporariamente, a organização partidária no Estado de São Paulo, tendo em vista a normalização d a atividade do Partido no Estado e o cumprimento das Resoluções do Comitê Central. Suspender de seu cargo de membro do Comitê Central, até a próxima reunião, o camarada Toledo. Outubro de 1967 c) A Comissão Executiva do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro. I 8R. fit»Í,fJo X°>0. £5i, A c / H/3,0.3 Guevara: Exemplo de Lealdade e Abnegação À Causa da Libertação dos Povos A humanidade progressista e revolucionária lamenta a perda de «Che» Guevara. Argentino de origem, o heróico comandante guerrilheiro dedicou sua vida à luta pela libertação dos povos d a América Latina. Com a gloriosa revolução cubana — íoi um dos 84 integrantes do grupo que de desembarque do Granma — «Che» Guevara adquiriu projeção continental, como combatente corajoso e audaz, comandante hábil e experimentado, e teórico d a luta de guerrilhas nas condições do continente americano. .«Che» Guevara tombou lutando com bravura em defesa dos interesses do povo boliviano, contra a s forças reacionárias locais e seus amos, os imperialistas norte-americanos. Mas não morreu no campo de batalha. Foi covarde e friamente assassinado por oficiais bolivianos e seus conselheiros militares dos Estados Unidos. Esse crime desperta revolta e indignação. Ferido nas pernas e feito prisioneiro, «Che» Guevara foi assassinado vinte e quatro horas depois. Seu cadáver, exposto à curiosidade pública, apresentou ferimentos à b a l a n a garganta, nos pulmões e em pleno coração. Posteriormente, depois de ter a s mãos amputadas, o cadáver desapareceu, sendo negado à própria familia do morto. Aí está um retrato de corpo inteiro d a selvageria e d a bestialidade das forças armadas dos Estados Unidos e de seus serviçais latino-americanos. Acostumados a massacrar e assassinar friamente milhares de patriotas em todas a s partes do mundo, do Vietnam a São Domingos, da Indonésia aos «guetos» negros dos próprios Estados Unidos, essas forças do obscurantismo não se detêm diante do mais hediondo crime quando se trata de defender os interesses dos frustes e monopólios ianques e das oligarquias que lhes servem. Com razão Guevara proclamara serem os Estados Unidos «o grande inimigo do gênero humano». O exemplo de lealdade e abnegação à causa d a libertação dos povos, dado por Guevara, continuará vivo no coração, na memória e n a ação de milhões de outros combatentes pela libertação nacional e o socialismo. Contra o imperialismo norte-americano e seus agentes se unirão, sem dúvida, num processo que seguirá seu curso normal e atenderá às particularidades de cada país e à s tradições de cada povo, os combatentes d a s Américas. Isto representa uma garantia de que, cedo ou tarde, sejam quais forem os sacrifícios impostos aos povos, a revolução nacional-libertadora e o socialismo triunfarão. A luta contra o arrocho salarial é uma luta política MAURO Os governos dos países capitalistas são obrigados a intervir com maior vigor na economia e o Estado vai agindo cada vez mais diretamente a serviço dos patrões, transformando-se numa espécie de superpatrão. Em nosso país, com a instituição da ditadura militar reacionária e entreguista, esta forma adquiriu aspectos violentos. Sob a bandeira do combate à inflação, o governo descarrega em cima dos assalariados todo o peso das dificuldades que o país atravessa. Milhões de operários, empregados e servidores são as principais vtimas da política antiinflacionária da ditadura, que tem como cerne de seu plano econômico e financeiro impedir que os trabalhadores conquistem melhores reajustes salariais. Antes da abrilada de 64, os trabalhadores, gosando de maiores liberdades, obtinham, com lutas, melhores reajustes salariais, assim como outras vantagens, nos acordos negociados diretamente com o patronato. E. avançando nesse terreno, já conseguiam reajustes antecipados, objetivando resguardar seu salário real, seu poder aquisitivo. A mercadoria força de trabalho tinha então melhor curso e, assim, condições de melhor remuneração. Com o golpe de abril e as modificações arbitrárias que a ditadura introduziu na legislação do trabalho, os trabalhadores, ao reivindi- car reajustes salariais, chocam-se não apenas com o patronato, mas diretamente com o governo. E* o Estado -que, através das leis 47254923 e decretos 13 e 17, institui o arrocho salarial e, com a lei 4330, proibe o direito do exercício de greve. O Estado dita, através do coronel Passarinho, que "os servidores federais não receberão em 1967 nenhum reajuste, que os reajustes salariais não podem ultrapassar a 13% e que anulará os acordos salariais dos bancários do Estado do Rio, de São Paulo e de Mato Grosso", porque os mesmos ultrapassaram os índices forjados e estabelecidos pelo Conselho Nacional de Política Salarial. Vemos, assim, que o Estado, ao mesmo tempo que permite a liberação dos preços, está confiscando os salários dos trabalhadores. Acentuase, em conseqüência, a queda do salário real. Vejamos os dados seguintes, divulgados pelo "Correio da Manhã" de 19-3-67: "Os 22 produtos alimentícios, que custavam 2370 minutos de trabalho em abril de 64, passaram, em março de 67, a custar 3350 minutos". Comprova-se, portanto, a queda do poder aquisitivo das massas. Todas as mercadorias tiveram, após o golpe de abril, seus preços praticamente liberados. E os preços subiram c continuam subindo. Mas a mercadoria força de trabalho foi rigidamente controlada BRITO pelo governo, que fixa os limites da elevação do seu preço, isto é, dos salários. E esses limites são sempre inferiores à elevação dos preços das demais mercadorias. Dai a grita crescente contra o arrocho salarial. E note-se que o esfomeamento dos trabalhadores é considerado a grande vitória da "revolução"! Ao defender furiosamente a política salarial do governo, assim afirmou, a 5-10-67, em editorial, o "Jornal do Brasil": "a liquidação desta política é enfraquecer a revolução na sua base vitoriosa". A movimentação contra o arrocho salarial ganha corpo. Com o término dos acordos salariais, vem tomando força a pressão dos trabalhadores sobre os Sindicatos. Federações e Confederações. A Convenção Nacional dos Bancários constituiu-se, com suas resoluções, num grito de alerta. Os bancários da Guanabara realizaram grande assembléia e colheram milhares de assinaturas em documento entregue ao governo. As Confederações Nacionais dos Trabalhadores trataram do assunto em diversas reuniões e entregaram ao governo um memorial contra o arrocho salarial. Foi convocado o Encontro^ Nacional dos Trabalhadores, para os dias 13 e 15, na Guanabara. Essa movimentação repercutiu nos órgãos legislativos e na imprensa, preocupando os Passarinhos e os João Wagner da CNTI. A Campanha que se inicia e as pequenas vitórias parciais já conseguidas na luta contra o arrocho salarial são fatos que demonstram a justeza das afirmações de nosso Partido de que é possível infligir derrotas à ditadura e romper a "legalidade" consentida quando, mesmo com todas as restrições e dificuldades, nos ligamos às massas e lutamos por suas reivindicações. Já antes de abril de 64, nós, os comunistas, subestimávamos as lutas salariais, porque partíamos de que as mesmas só tinham caráter econômico. Agora para fazer avançar o processo político, devemos nos convencer de que a luta salarial sofreu profundas modificações. Ao lutar por melhores salários, os trabalhadores chocam-se não apenas com o patronato, mas diretamente com a política da ditadura, com seus planos econômicos e financeiros, que são orientados pelo FMI e que favorecem os interesses do imperialismo e de seus sócios. Combatendo o conformismo e a descrença que a ditadura procura incutir nos trabalhadores e seus dirigentes, devemos colocar o centro de nossa atividade nos locais de trabalho nas cidades e no campo, fortalecendo ao mesmo tempo o nosso Partido c as entidades sindicais, que a ditadura tenta esvasiar transformando-as em órgãos assistenciais e de resreação. g&ANjrVo XVO.ESijAcP.M/i-.H IDÉIAS RUSSAS MONT1ERO Na reportagem de Adolfo Agorio sobre a Rússia existe um trecho sobremodo interessante relativo à questão sexual. Lénin, esse ôgre na opinião dos franceses, ainda há de dar o seu nome ao século como o maior reformador social de todos os tempos. Nenhuma criatura operou em maior escala, nem foi mais radical em suas idéias. Semeou como um deus, e até ao derradeiro momento de vida presidiu ao novo estado de equilíbrio social que implantou na Rússia. O tempo irá aos poucos corrigindo sua obra; a adaptação far-se-á; mas ninguém lhe tirará a glória de ter arquitetado o dia de amanhã. vinte séculos de helenismo e outros tantos de civilização cristã — isto é, de despotismo d o galo. Houve um formidável sacolejo de forças psicológicas adormecidas, vento que varreu e ventilou o ambiente, desde o lar às mais complexas formas de atividade coletiva. A mulher liberta-se da servidão conjugai. O s direitos dos dois cônjuges equiparam-se sob um severo regime de responsabilidade e deveres mütuos. A união livre, controlada pelo Estado, não significa a anarquia sexual que pintam os escribas anti-russos a serviço do cômodo status-quo capitalístico. Essa anarquia sexual existe sim, no regime burguês da mentira monogâmica sem divórcio, monstruoso M o loch que só funciona à custa do mais cruel lubrificante: a prostituição. O casamento na Rússia repousa O caudal de diatribes e infâmias unicamente no amor, e é mais duque os lesados esguicham sobre seu radouro que o alicerçado no dinome e difundem pelo mundo in- nheiro. Recorda Agório o assomteiro, passará, como passam os en- bro de um seu companheiro de viaxurros. Onde está hoje a massa for- gem ao verificar o número ínfimo midável de libelos impressos na de divórcios russos. N o entanto, se Grã-Bretanha contra o ôgre de é fácil casar, mais fácil ainda é diCórsega? Napoleão, no entanto, vorciar; para o primeiro ato basta purificado, brilha na história como o comparecimento dos dois intereso Perseu de uma Corgona: o di- sados perante o oficial civil; para o segundo basta o comparecimenreito divino. to de um. Ê assim que a humanidade camiA humanidade se divide em duas nha — napoleõnicamente, lenines- classes: os que possuem imaginacamente, aos sacões. A prudência, çãoção e os que a não possuem. O s tão preconizada pelo artritismo dos imaginativos idealizam e, como idemarqueses de Maricá, é virtude que alizam, raro alcançam a felicidade apenas conserva, como o vinagre — tanto o real é inimigo do ideal. conserva o pepino, mas nãb cria Vem daí que os imaginativos são coisa nenhuma. em regra infelizes no nosso regime sexual. N o que diz' respeito à mulher, Lénin aparece como o seu messias. N a Rússia não. Mine. de Bavary Libertou-a da escravidão domésti- não se suicida. Solta o primeiro ca, aboliu o preconceito da sua in- marido, inservível por insuficiência ferioridade, pô-la em situação de glandular (devia ser isto), e vai ocupar todos os cargos da repú- sucessivamente casando até enconblica, desde o comissariado do po- trar o eleito da sua fantasia. E v o até o juizado. O regime de acha, pois a s almas andam aos paigualdade dos sexos é perfeito, pois. res, a afinidade eletiva é um fato Lênin destruiu o formidável acer- e o tudo é que a sociedade não as vo de injustiças acumuladas em impeça de se reunirem. Solidariedade ao Vietnam E Defesa da Paz Mundial Realizou-se em julho último, em Estocolmo, a Conferência Mundial de Solidariedade ao Vietnam. Iniciativa da Sociedade Sueca de Paz e Arbitragem, teve o patrocínio de importantes organizações pacifistas mundiais, como a Confederação Internacional pelo Desarmamento e a Paz, o Escritório Internacional da Paz, o Conselho Mundial da Paz, o Movimento Internacional de Reconciliação e a Conferência Cristã pela Paz. Além dos patrocinadores, trabalharam na organização da Conferência a Liga Internacional de Mulheres pela Paz e a Liberdade, a Anistia Internacional, o Comitê In- ternacional de Consciência pelo Vietnam e cerca de 80 Comitês Nacionais de Paz do mundo inteiro. Entre as personalidades que participaram ativamente de seus trabalhos, destacamos o professor Gunna Mydal, alta expressão da cultura sueca, e o líder pacifista norte-americano, Prêmio Nobel da Paz, Martin Luther King. A Conferência obteve grande êxito. N o sentido organizativo, seu ponto alto foi a constituição de um Comitê de Continuação da Conferência de Estocolmo, que realizou sua primeira reunião em setembro último. Nessa reunião, entre outras resoluções, foi aprovado um pro- •— Por que motivo, disse uma dama russa a Agorio, havemos de trazer sapatos apertados, que nos magoem o pé, se trocando os podemos tê-los cômodos? Ora, o nosso coração nãb merece menos que o nosso pé, além de que as feridas nele abertas são de muito maior duração. Quem sofre com o regime russo é o homem. Perde a liberdade de borboletear de mulher em mulher, clandestinamente, qual um besouro luético, sem nenhuma conseqüência funestra para seu egoísmo. N ã o mais se regala com o sadismo de fazer mãe a uma virgem e largála à sua triste sorte, sob os olhares complacentes do status-quo. Sua responsabilidade torna-se absoluta. O código bolchevista, que n o fundo é a lógica reação do pobre espezinhado contra o rico prepotente, garante todos os direitos da maternidade. A s obrigações do homem não são neste caso para com a mulher, e 'sim para com a mãe. A o fundar as bases da família nova, quis Lênin poupar ao seu país o espetáculo degradante da mulher desamparada no seu transe mais nobre, convertida em máquina de aborto e infanticídios, escrava do regime social que faz dela um objeto de compra e venda, um semovente reduzido a campo de experiência dos monstruosos apetites e abomináveis paixões, não digo masculinas, mas homescas. A mulher trabalha livremente e possui igual ao homem a iniciativa no amor. Pode escolher à vontade. Nenhuma barreira se opõe aos impulsos do seu coração. Contribui para a manutenção da sociedade conjugai e assim afirma a sua independência e justifica os seus direitos. N ã b há na Rússia essa classe de mulheres que vivem em absoluto às costas do marido, qual ostras n o espeque. M a s difícil ainda é ver-se o contrário disso, como, por exemplo, o chopim da nossa organização atual. LOBATO O problema do celibato, conseqüentemente, desaparece. A solteirona o é por anomalia de temperamento, já que nada a impede de afrontar a experiência matrimonial. N o nosso regime, a cuja monstruosidade não atentamos porque o cão não atenta à coleira quando a recebe desde o nascer, milhões e milhões de pobres criaturas mirram no tormento da castidade à força, ao lado de outros milhões que se rebolcam nos prostíbulos, devoradas, umas, de histerismos vários e outras de variadíssimas sífilis, para que Monsieur Homais, de braço dado ao conselheiro Acácio, possa sentenciar gravemente: — "O casamento é uma instituição divina. N ã o lhe toqueml" Os homens e as mulheres na Rússia não se olham como inimigos, oscilantes entre o amor e o ódio, pólos da mesma exaltação sentimental; não enchem as folhas com o escândalo diário do seu engalfinhamento, de seus tiros de revólver, de suas facadas. Olham-se co mo companheiros, iguais nos d e t e res. E como apesar desta soberania de si mesmo, e desse culto reflexivo da própria responsabilidade diz Agorio que nada perderam do encanto feminino, é justo que fechemos os portos aos navios russos que trazem em barris tais idéias. . Viriam perturbar a deliciosa lambança sexual, leda e cega, em que vivemos, com um olho nos bismutos e outro nos macacos de Vornoff... 70. 0 Aniversário De Jeronimo A. Alvarez O proletariado e o povo argentinos comemoraram em outubro último o 70." aniversário de nascimento de Jeronimo Armedo Alvarez, secretário-geral do Partido Comunista da Argentina. grama de trabalho para o corrente Combativo e respeitado lutador ano, assinalando as seguintes datas revolucionário, o camarada Arnedo comemorativas: Alvarez goza, merecidamente, da estima e da admiração de milhões 21 de outubro — Dia de Solida- de seus compatriotas. riedade ao Vietnam; O nosso Partido, que sempre 10 de dezembro — Dia dos Di- manteve os mais estreitos laços frareitos do Homem; , ternais com o Partido irmão da Ar20 de dezembro <— Aniversário gentina, manifesta-se inteiramente de fundação da F N L do Vietnam. solidário com as manifestações de O Comitê de Continuação espe- carinho por motivo do 70.° aniverra que nessas datas as organiza- sário do camarada Alvarez. Em noções internacionais, por intermédio me de nosso Comitê Central, foi de suas filiadas, façam realizar as enviada ao camarada Arnedo Alvamais diversas manifestações de masrez e ao Partido Comunista da Arsas em defesa, da paz. gentina, mensagem de felicitações. V O Z O P E R A R I A - Novembro de 1967 _ página 4 &KH*jtíO AVO.B^ACp.ll/^y.S Reforçar Ideologicamente o Partido HÜ Para Enfrentar a Indisciplina e a Divisão Quando a luta de classes se aguça, como é atualmente o caso no Brasil, a dinâmica de sua ação repercute em cheio sobre as principais forças econômicas e políticas da sociedade, pondo-as em movimento contraditório. As fileiras de nosso Partido não ficam imunes à sua ação za, nos quais predominam concepções extremadas próprias à pequena burguesia radical. A r» 1 ~ J r- -.- r^ . 1 ,. p A . ^ o l u ç a o do Comitê Central ™ a U n l d a d f d o P a r t i d o , com T - P r ° P " e d a d e invoca como expllCaÇa ° P"" ° meSm° fenomen°' uma fundamentação teórica que vale a pena r e l e m b r a r : . . . " a maior participação de outras forças so• . . V ,. , , \ Bm ""'' P a r , l c u l a r d e a m P l o s se" tores da Pequena burguesia urbana, nas lutas antiimperialistas e democráticas aprofundou sua influência ideoiógica nessas Iutas. Essa influ. _ militante. No momento é essa uma tarefa vivificante da qual ninguém sição a maioria dos divergentes, pois se pode alheiar. entre eles predominam os desin,-,. , . . . „ . , . £• dentro do próprio Partido, ba- formados. os perplexos e os que se seados na sabedona coletiva, que apoiam em atitudes emocionais. encontraremos o alento necessário Aqueles que têm posição definida a essa luta. O bom senso partidário, e conseqüente de divergência e fraas concepções proletárias, são aves- cionismo, representam um grupo insignificante, comparado ao grosso sos as posições radicais e sem base, do Partido. Os êxitos que já vêm c 8 im aci ncia fren,e s E' falo notório, comprovado pela !J«*E" , P « * sendo conseguidos através do trabaexperiência do movimento comunisdificuldades, ao brilho superficial lho esclarecedor promovido pelo Coda ta ao longo de toda sua evolução, * atitudes espalhafatosas e ao mitê Central mostra o quanto é veque no auge dos processos demoaventuremsmo das soluções de derídica tal afirmação. cráticos e libertadores se produz um sespero, apontadas como heroísmo. No entanto, a modéstia revolucionáafluxo nas fileiras dos partidos opeAo travar a luta em defesa da ria, o trabalho paciente e organirários, num reconhecimento incisivo de que eles sao o elemento mais sezador objetivando o surgimento de unidade do Partido e da pureza de guro para a vitória de tais bandei- e n c i a s e e x e r c e u e s e e x e r c e s o b r e uma correlação de forças favoráveis nossa filosofia, não devemos nos coras. Em contrapartida, nos momen- o Partido. E encontrou no interior e o despertar das massas e sua ati- locar em atitude de proselitismo, tos de aguda luta de classes, pro- mesmo do Partido, entre militantes vização consciente não excluem, an- em que predominam os longos debaduz-se geralmente o fenômeno in- e dirigentes ideologicamente débeis, tes supõem, abnegação c coragem. tes retóricos (é para esse terreno verso. A luta de classes submete as campo fértil para se desenvolver", Devemos ainda recorrer às ricas que nos querem levar), mas sim fileiras do Partido a uma forte tenTais elementos teóricos, além de experiências de nosso passado re- cempreender que essa luta deve ser são ideológica. Não se trata somente necessários, nos capacitam a melhor cente, às lutas internas de 1955 e ligada à atividade partidária nordo abandono das posições de van- apreender as origens mais profunmal, que ela deve fundir-se com os 1960 com um sentido que, em alguarda da parte de certos dirigen- das das concepções estranhas ao marnosses esforços para impulsionar as guns aspectos, se assemelham às tes e militantes, mas sobretudo do xismo-leninismo e nos possibilitou lutas de nosso povo e tornar vitoatuais, quando concepções radicais riosa a orientação política do Parafloramento de concepções alheias à combatê-las com mais eficácia. Copequeno-burguesas e dogmáticas tentido. filosofia marxista-leninista, de vaci- mo deve ser travado esse combate? taram impor-te às nossas fileiras e lações causadas pelos entrechoques Em primeiro lugar, deve fugir a levar-nos por falsos caminhos. SouNas atuais circunstâncias, deveda sociedade em constante transfor- todo espontaneismo c ser alvo d e . , ,, • ., . _ . bemos entrenta-las, leva-las de ven- mos mais do que nunca capacitarmaçao c de manifestações eivadas de cuidadosa preparação, em toaos os . . . , , . , . ... „ cida, saímos airosamente da prova e nos de que a disciplina e a uniradicalismo ou, pelo contrário, de escalões, a iniciar-se pelo Comitê com um Partido enrijecido na luta. dade são requisitos indispensáveis à dependência. Central. Devemos nos preparar para travar existência e à atividade do Partido. O surgimento de tais contradições uma luta ideológica longa e difícil, Sujeito a grupos e à orientação diO fenômeno adquire aspecto mais ser encarado grave porque dele se apossa o ini- n a o Çomo u m a pois as dessa natureza não se resol- versas, êle será impotente para limigo de classe, cujo poderoso apare- c a t a s , r o f e V"1 se a b a t e s o b r e ° P a r " vem por decretos, não correspondem derar lutas de envergadura e presa u U C possa u lho de propaganda trata de apro- tido, " " " ' apesar " P " " 1 udo "mal " " 4que P" 6 8 " ,ini' a fenômenos casuais, passageiros e fácil da reação. c i a l m e n t e causar mas sim com um fundá-lo e de explorá-lo, em todos < ° locais, mas se relacionam com cornA luta pela aplicação da última os seus aspectos. Por acaso a gran- f e n o m e n o explicável que, se bem p l e x o s p r o b I e m a S ) a l g u n s d e contexResolução do Comitê Central é hoje ao fortaleci de imprensa, cuja técnica habitual t r a l a d o ' d e v e condaz" - tura internacional, que não- deixam inseparável da luta pela unidade consiste em ignorar-nos como força m e n t 0 0 r g a r U C O e l d e o l ° g ' c ° d ° *V- de ter reflexos entre nós e que ree a coesão do Partido. Aí está, tido. presentam um certo estímulo aos poltica atuante, não esteve há pousem dúvida, uma boa oportunidade A luta interna não pode ser en- e q u i v o c a d o s e a o í r a c ionismo. co tempo repleta de noticiário capara fazer de nosso Partido um inscarada como um atributo ou um lunioso e propositalmente confusioprivilégio da direção. Defender o E' necessário utilizar-se da argu- trumento político, não só capaz de nista a respeito da nossa luta interPartido, como organização revolu- mentação política, sem distribuir ad- repelir as concepções pseudo-revolucionãria do povo brasileiro e de jetivos o epítetos, não confundindo cionárias da pequena burguesia raAssim, não há por que se admirar seu proletariado, da indisciplina, do divergentes com divisionistas. Com dical, mas ainda capaz de derrotar que o nosso Partido seja palco de ai- fracionismo e da liquidação, é de- paciência, tato e argumentação, po- a ditadura e de implantar o sociaguns acontecimentos dessa nature- ver precípuo e sagrado de todo demos ganhar para uma justa po- lismo em nossa terra. Ceará: Latifundiário Mata Camponeses e Fica Impune CEARA (Do Correspondente) — O interior deste Estado foi palco, recentemente, de mais um crime de morte, praticado por filhos de um rico proprietário de terras contra dois pobres e indefesos camponeses. Tudo aconteceu no sítio Saco da Telha, a 12 quilômetros da cidade de Cedro, onde os indivíduos Carlos e Nilo, filhos do latifundiário Jucá Gomes de Araújo, mataram de emboscada o camponês José Modesto Cordeiro e seu filho, moradores das terras pertencentes àqueles senhores. ANTECEDENTES fevereiro de 1942, juntamente com o resto da família. Naquele ano, Aborino recebeu um pedaço de terra que nada produzia. Com o seu trabalho e a ajuda de toda a família, conseguiu amainar a terra, passando a produzir algodão, milhão e feijão. Depois de alguns anos, c em face da atividade sindical desenvolvida por Aborino entre os camponeses, o latifundiário passou a provocá-lo, jogando pedras sobre sua casa, espancando seus animais domésticos e lançando fezes dentro da cacimba de onde extraíam água para beber. Por fim, o latifundiário exigiu que Aborino abandonasse suas terras. As vtimas desse crime, José MoCom paciência e humildade, Abodesto Cordeiro, mais conhecido por Aborino. e seu filho de 22 anos, rino pediu que lhe fosse paga a viviam no sítio Saco da Telha desde indenização dos 25 anos de serviço, dentro da lei, e êle não faria questão em deixar a terra. Como o latifundiário Jucá Gomes desejasse ficar com tudo, sem lhe dar um centavo, Aborino procurou o dr. Vicente Cândido Neto, delegado Regional do Trabalho, que lhe garantiu que êle não podia ser expulso da terra sem receber a respectiva indenização. Mas ficou só nas palavras. Nenhuma providência adotou. MORTE E IMPUNIDADE Voltando ao sítio onde morava com sua família, o camponês José Modesto Cordeiro e seu filho foram barbaramente assassinados, numa emboscada preparada pelo latifundiário Jucá Gomes de Araújo, e executada pelos seus dois filhos. Isso ocorreu no dia 30 de maio último. A polícia de Cedro, sabedora do perverso homicídio, somente veio a prender os criminosos no dia 6 de julho. Um dos assassinos, Carlos Araújo, que é casado, passou apenas cinco dias na prisão, sendo solto por influência de políticos locais. O outro está próximo a sair. Enquanto isso, dona Maria Dolores, viúva de Aborino, foi expulsa da sua casa e da terra trabalhada pelo marido, com oito filhos menores, a mãe velha e o pai cego. Camponeses de várias regiões do Estado, através de suas organizações sindicais, estão a exigir punição para os perversos criminosos e indenização para a família das vítimas. VOZ OPERARIA — Novembro de 1967 — página 5 B&ANjfto xi.o.esíj/\cP. ^(ijp.t Representando de nosso nesto Cintra rência Revolução histórica Socialista seguir, damos venção do a publicada daquela íntegra interCin- no n.° 10 de 1967, de colô- desenvolvimento capitalista que, Ernesto Cintra parti- antigas no A Revolução c extremamente processo de li- imperialista, passam a u m desenvolvimento não- A da de em bertação do domínio Grande Ernesto camarada inclusive precário, examinada nacionais cresce, número econômico In- de Outubro. antiimperialistas, o nias, recen- da e democráticas, cular, Confe- "Revista na qual foi significação e Er- da pela dais Central camarada internacional, realizada ternacional", tra, Comitê o participou teórica temente a o Partido, capitalista, isto é, a u m desenvol- vimento que — com o apoio econômico-social dos paises do sistema Abriu Um Nov socialista mundial e sob a proteção revista. da solidariedade de combate do proletariado das grandes metrópoles caA Grande de Revolução Outubro abriu um Socialista ciclo pitalistas, novo na história da humanidade, a nova em nopólios sagem — ao luta abre contra os mo- caminho à pas- socialismo. Na História de época que vivemos, de transição do capitalismo ao Todo socialismo. esse últimos No curto anos prazo desde de então cinqüenta transcorrido, grandioso cinqüenta deixar avanço anos qualquer não dúvida dos pode sobre as o luminosas perspectivas que se abrem avanço da revolução socialista mun- à humanidade trabalhadora nas pró- dial foi verdadeiramente A pátria primeira grandioso. do proletária, do, a União Soviética, que permaneceu durante quase três décadas como único Estado socialista na face da Terra, enfrentou vitoriosa- mente nesse período o cerco capitalista, e m tempos tempos de guerra e de paz, construiu a em nova sociedade socialista, e avança agora na edificação da base técnico-mate- ximas décadas, e que já se podem antever, nos dias de hoje, quando se considera o acelerado agravamento, que se está verificando, de todo o complexo de contradições que tas em cheque pelas atividades sionistas assumem sua expressão mais e geral desenvolve mundial, o em capitalista sistema oposição mundial do homem pelo socialista ao de homem. leninista deste tempos, o sistema com Esses o culto à personalidade são Partido dar os fatores Comunista o seu decidido que levam Brasileiro apoio à a idéia de cipal de nossa época — a contradi- cia mundial ção entre os dois sistemas mundiais tas e operários, assim como a pron- opostos. tificar-se a colaborar, na medida de E ' essa realidade que explica o ameaçador aguçamento da agressividade do imperialismo norte-america- convocação ra, de limitadas para uma Conferên- dos partidos a comunis- possibilidades preparação mais ade- quada e eficaz possível dessa Conferência. talismo, que tenta deter e dar volta através Somos de opinião que, dentro do estrito respeite das mais brutais formas de repres- teresses do im- são, da instauração da surgimento de forças e de de regimes terror por toda de parte que realização tendo em aos superiores ditam da a in- necessidade Conferência, consideração Aqui embo- no, gendarme internacional do capiatrás ao processo histórico, colonial o de último. últimos Decompôs-se e ruiu, nos perialismo, sistema exploração ei- dirigentes chineses liderado por Mao Tse-Tung suas Desde há dois decênios surgiu e de no agravamento da contradição prin- rial da sociedade comunista. se grupo e que conduz a linha antimarxlsta- marcam, na atual situação do mundo, a crise geral do capitalismo do mas também a desejaríamos destacar que isso nos parece particularmente verdadeiro e m relação à política de E tanto mais ao princípio coexistência porque, e pacífica. nestes últi- mos tempos, certos círculos da frente geral antiimperialista, que aliás não perdem oportunidade para proclamar-se marxistas e que a si mesmos se rotulam de "verdadeiramen- mais de meia centena de novos Es- onde domina, da intervenção arma- urgência tados politicamente da, do genocídio, da ves questões postas na ordem-do-dia festando contra a linha leninista de pela coexistência independentes. da O movimento porâneo — comunista contem- fruto do Grande Outu- bro, fruto da comprovação prática, dada verdade do por essa lcninismo vitória, como da rialismo e rias — das revoluções proletá- estendeu-se a todos os rin- cões do mundo, constituindo-se em ' esclarecida e potente vanguarda do movimento operário internacional e de Mundial, uma da e Terceira imolação da humanidade no horror inaudito du- de enfrentarem-se própria as gra- vida, ela deverá con- vocar-se dentro do menor prazo pos- complexa novos nal, de gama caráter suscitados, mundial de seu de e pelas pelas classes e internacio- ver vitória das lutas de libertação lado, cionalista pelo socia- novas e, que seu dever proletário, e internaexpressão desabrochamento da cional. Ou, no mínimo, como versão posição mesma tese, que ela é simples e ex- independente movimento no seio comunista do mundial, mais adocicada clusivamente uma e sinuosa política dos posições pro- tem a ver somente libertação nacional, em campeão da viçais gramáticas consubstancia- tados e que, sendo assim, é grande causa humana da paz mun- da sua velha tática de de ramente dial, de todos os movimentos da povos oprimidos pela vêm adotando nas e táticas Declarações 57 e 60, estranha que com esses Esao intei- movimento — de cuja elaboração participou e que operário e de libertação nacional no livremente aprovou, tal como o fi- resto do mundo. so to zeram os demais partidos e nas melhores ação política A hegemonia do proletariado na a demagogia das das só podem ser enfrentados com êxi- tempo. com emprego combinação e questão gressistas e revolucionários de nos- pro- violência no princípios da dos Es- a burguesia imperialista e seus ser- dos e na- consciente, ao mesmo tempo, de sua tados socialistas, uma luta luta áo desenvolvimento guiar toda a sua atividade à basc da a nociva de comunista, se contra-revolucionária, ze, nosso Partido considera seu de- perspectivas formas negam-se apoiá-la na prática. Difunde-se, com problemas ulterior desenvolvimento outro, e mani- pleno próprio avanço da revolução lista pacífica se ao de um vêm reali- geral, de revolucionários'*, falsa, Até que a Conferência A te insistência, que esta é uma política sível. m a catástrofe termonuclear. desenvolvimen- to do marxismo na época do impe- provocação Guerra preparação condições organizada e pela crescen- tas e operários de todo o mundo. temente conjugada das grandes mas- revolução burguesa na época do im- sas, em âmbito mundial. E tal ação, perialismo — que surge como é tese claro, só pode lograr-se atiavés Fruto da generalização teórica da experiência viva do da ação comum esclarecida e corre- operário e comunista primeira ta dos partidos comunistas e operá- término da Segunda vez, sob a direção do Partido boi- rios, dial, chevique em século, e se realiza pela e nos limites de um só isto é, duma ação seus fundamentos elaborada como desen- aqueles podem movimento a Guerra princípios e precisam partir e do Mun- posições ser agora apro- das massas re- volvimento atual da teoria marxista- fundados, volucionadas da velha Rússia pa- leninista tados, desenvolvidos em suma, pre- ra de Outubro — país, a na marcha vitória verteu-se e m hegemonia nal do proletariado na ampla te das revoluções con- internacio- agrárias fren- antifeu- — questão vez, se apresenta que, por sua indissolüvelmente ligada ao fortalecimento possível e necessário da unidade e coesão do movimento comunista mundial, pos- Não pósito do teórica com Lênin, nos albores comunis- enriquecidos, complemen- cisamente porque foram e estão sendo no essencial confirmados pela nova prática acumulada nos últimos dez anos. é, naturalmente, determo-nos nosso pro- demoradamente aqui no exame dessa questão. Mas não nos podemos furtar ao dever de dizer algo nossa própria a respeito, fundado experiência mais na re- cente como Partido. E m nosso País tais teses são manejadas por certos líderes de grupos pequena-burguesia ultra-esquerdistas, desesperados ante nacionalistas radical, mais as ou da líderes menos dificuldades momentâneas ou as derrotas temporárias que inevitavelmente acompa- BR/W *ío Ai'0.Èsí ; ACP-4/3,p.V ie Outubro fo Ciclo Í Humanidade ao socialismo e que, como tal, ela concorre para facilitar a luta da classe operária e seus aliados pelo socialismo nas metrópolis capitalistas e a luta pela libertação nacional nos países dominados pelo imperialismo, e, em segundo lugar, cria condições favoráveis para a solidariedade e o apoio concreto, sob várias formas, da classe operária e dos trabalhadores em geral do mundo capitalista à construção econômico-social nos países do socialismo. nham o processo geral de avanço do movimento revolucionário mundial. Esses pseudo-marxistas usam aquelas teses como instrumento de sua real ideologia anticomunista, antisoviética, antiinternacionalista. Por trás de suas (rases altissonantes, ultra-revolucionárias, eles propugnam de (ato a linha reacionária do isolamento dos países socialistas em relação ao resto do mundo, a política aventureira que tenderia a desembocar numa batalha frontal entre o mundo socialista e o mundo capitalista em condições que seriam as mais desfavoráveis para o mundo socialista e para a classe operária internacional, uma conduta cujo fundo real é oportunista, pois significa, ante a incapacidade de fazer face à dificuldades da ação revolucionária no próprio país e de superá-las, pretender que os países socialistas "façam a revolução" nesta ou naquela parte do mundo, '"derrotem" assim o imperialismo, e "facilitem" por essa via a tais oportunistas chegarem ao poder nos seus países. . . Montados nessa concepção teórica falsa, cética, da perspectiva revolucionária, tais pessoas atacam a política de coexistência pacífica. Dentro da estreileza do seu horizonte idealista nacionalista-burguês, elas não podem vêr que, ao contrário, essa política, conduzida como luta permanente pela vigência dos princípios que a definem, é expressão viva da política internacional revolucionária da classe operária, na época da transição do capitalismo A política de coexistência tem como base a convicção cientificamente fundamentada de que, através da luta de classes em nossa época, o regime capitalista cederá e já começou a ceder o seu lugar histórico ao novo regime social, o socialismo, c de que as relações econômicas e sociais em geral entre os dois sistemas constituem uma necessidade objetiva que, pelos próprios imperativos do desenvolvimento histórico, servem essencialmente e em última análise ao avanço do regime novo, superior, o socialismo. Por outro lado, se, como igualmente ensinou Lênin, desenvolvendo a Marx e Engels, a condição para que a classe operária se forme e eduque como classe de vanguarda e conquiste o poder é lutar em todas as frentes da luta de classes, tomando posição concreta, ativa, diante de todas as classes e camadas sociais, relacionando-se, em suma, com o conjunto da vida social, em todos os seus múltiplos aspectos, e sobre eles agindo revolucionàriamente, então se compreende que a conquista do poder político por este ou aquele destacamento mais avançado do proletariado cria, por sua vez, uma situação qualitativamente nova e de imenso potencial para o prosseguimento daquela ação revolucionária multiforme, em primeiro lugar e principalmente para os destacamentos da classe operária que chegaram ao poder, mas também, e em decorrência disso, para o proletariado em seu conjunto, como classe, internacionalmente. 0 primeiro e mais brilhante e fecundo exemplo histórico, nesse terreno, expressão viva do internacionalismo proletário, foi precisamente a posição assumida pelo Poder soviético na própria alvorada do seu surgimento, há cinqüenta anos atrás, ao dirigir-se ao proletariado e aos povos oprimidos do mundo, assim como a todos os governos, propondo o estabelecimento da paz imediata, sem anexação, como forma de pôr fim à sangueira da primeira guerra imperialista mundial. Desde então, eporque (oi em geral sempre adequadamente realizada, a política de coexistência teve um peso importante, muitas vezes decisivo, na evolução positiva da correlação mundial das forças de classe. Às vésperas da última guerra mundial, sua manifestação mais audaz foi a assinatura, pela União Soviética, do pacto de não-agressão e amizade com o Estado capitalista alemão sob o governo nazista. Quando, nesse aspecto, a poltica de coexistência foi negada, através da agressão nazista à União Soviética, ela se reafirmou em seguida, em nível mais alto, como aliança militar efetiva entre o Estado socialista e os Estados capitalistas da Inglaterra, Estados Unidos e outros. Essas posições táticas da União Soviética, assumidas estritamente no quadro da linha de coexistência pacífica e como cumprimento dessa linha, tiveram significação decisiva para todo o curso e o desfecho vitorioso da guerra dos povos em prol da liberdade, para salvar o mundo da dominação do terror nazista. A linha de coexistência pacífica entre Estados de diferente regime social é expressão da independência de classe do proletariado no poder, é uma forma particular da luta revolucionária de classe do proletariado mundial, na época de transição. Ela é inseparável da mais aguda vigilância de classe, do preparo ininterrupto da defesa contra a agressão imperialista, contra a guerra imperialista, e essa preparação abrange necessariamente o avanço da unidade internacional militante da classe operária, de sua mobilização e organização em todas as frentes da luta de classes, o avanço da luta de libertação nacional dos povos oprimidos e escravizados pelo imperialismo, o que, tudo, por sua vez, é facilitado pela política de coexistência pacífica. Nos países dominados pelo imperialismo, a luta pela reivindicação democrática e progressista do estabelecimento de relações com os países socialistas ou, se elas já foram estabelecidas, a luta pela sua manutenção, pela consolidação e crescente* ampliação dessas relações, é parte integrante inseparável da luta pela libertação nacional. Não é por outro motivo que o imperialismo norte-americano tudo tem feito, durante anos e anos, para impedir ou dificultar as relações dos países latino-americanos com os países do campo socialista, para isso apoiando-se nas camarilhas reacionários dominantes em nossos países. As forças democráticas, progressistas e revolucionárias do Brasil, todo o povo brasileiro, sentem como um profundo golpe na soberania pátria, nos interesses mais altos de sua luta libertadora, a rutura de relações com Cuba socialista, imposta pelo Departamento de Estado norte-americano através da ditadura militar reacionária e entreguista instaurada no Brasil em abril de 1964. Mas sentem, ao mesmo tempo, como poderoso estimulo ao prosseguimento de sua luta, o (ato de que o imperialismo norte-americano e seus agentes já não tiveram, entretanto, condições para impor a rutura de relações com a União Soviética e demais países socialistas europeus, e de que, ao contrário, essas relações, apesar da reação ditatorial, estão se ampliando no campo econômico, científico, cultural, artístico, etc. Na plataíorma que o Partido Comunista Brasileiro apresenta para a luta ombro a ombro de todas as forças patrióticas e populares de nosso País pela derrota da ditadura militar e a instauração de um governo democrático, (igura a reivindicação do povo brasileiro de que nosso País mantenha relações soberanas com todos os países. O conteúdo concreto mais imediato desse ponto da plataforma é o restabelecimento de relações com Cuba, estrela do socialismo nas terras da América. Camaradas. Seja-nos permitido concluir agradecendo à nossa qverida Revista Internacional o honroso convite endereçado ao Partido Comunista Brasileiro para participar desta alta reunião de estudo. O nosso Partido orgulha-se de ser íilho do Grande Outubro e considera que sua mais elevada e eletiva homenagem ao cinqüentenário que aqui comemoramos é o esforço que está desenvolvendo para. através do trabalho em curso do seu debate, dar mais um passo adiante na sua formação como vanguarda marxista-leninista do proletariado, no Brasil. BR AH, Rio XV 0.Esij t\cf. M/i/p.S A Revolução e a Revolução de Regis Debray SIMAO III — O CAUDILHO Para a revolução segundo Debray não há necessidade de partido. Um grupo guerrilheiro autônomo, que independente de qualquer classe ou agrupamento social definidos, lança-se à luta sob a chefia de um líder, enquadrado numa disciplina militar. A êle incorporamse os que aceitam previamente essa liderança pessoal e essa obediência de caserna. O s objetivos, o programa e todas as ações práticas da guerrilha são ditados por esse tipo particular de caudilho, que se apoia ou não, a seu critério, num estado-maior de chefes de segunda categoria. Esse corpo de comando, com a vitória da revolução, transforma-se no partido no poder. Ao povo cabe o papel de aderir a esse exército triunfante. "Em nenhum lugar — diz Debray — a guerrilha pretendeu formar um novo partido; ela visa, antes, apagar em seu seio todas as distinções de partidos ou de doutrinas entre os combatentes." ( . . . ) "Finalmente, o futuro exército do povo engendrará o partido"; ( . . . ) "no essencial, o partido é aquele pequeno exército". ( . . . ) "Em suma (cabe à guerrilha) romper toda dependência orgânica com os partidos políticos e colocar-se em lugar das vanguardas políticas falidas." ( . . . ) "A guerrilha não pode suportar nenhuma dualidade fundamental de funções ou podêres. Che Guevara compele à unidade, até o ponto de aspirar que os chefes militares ou políticos ( . . . ) sejam reunidos, se possível, numa só pessoa. Mas seja ela pessoal, como ocorreu com Fidel, ou colegiada, o importante é que a direção seja homogênea, política e militarmente." Nessa concepção militarizada e caudilhesca da revolução, não há tampouco lugar para uma teoria de organização. O caudilho se impõe ou não, por sua própria influência e ação pessoais; não precisa de teoria. A teoria, em tais casos, tem como função erigir certos critérios e princípios de organização que sejam aceitos por todo um grupo social, que ao mesmo tempo se subordinem e sirvam à consecução dos objetivos políticos desse grupo e se tornem obrigatórios para todos os membros do grupo. Ela permite então ao grupo organizar-se para a luta por seus objetivos, definir os direitos e deveres de cada um de seus membros, criar e destituir seus diversos escalões dirigentes e controlar a ação deles, para que esta ação atenda sempre aos seus interesses comuns. Nada disso é necessário, naturalmente, se a organização não se subordina a uma classe ou grupo social determinados, se é criada e dirigida por um ou alguns indivíduos, que impõem a ela suas concepções e objetivos próprios e obrigam-na a uma obediência de caráter militar. O fato de que esses caudilhos, ou candidatos a tal, se autonomeiem porta-vozes de todo o povo nada .altera, no caso; poderão inclusive chegar efetivamente a essa condição, em determinadas circunstâncias, mas continuarão sendo caudilhos, cuja organização se apoia n o povo, mas não é o próprio povo organizado. E por não sê-lo, e enquanto persistir em nSo-sêlo, estará condenada a afastar-se do povo, pois viverá na dependência dos interesses e concepções de classe dos caudilhos e não será dotada dos mecanismos de organização que a capacitem a ser, com fidelidade, reflexo e instrumento das aspirações e da luta desse povo que ela pretende representar. Enquanto descreve um sistema de direção para a guerrilha, Debray é coerente com sua concepção caudilhesca do processo revolucionário. Sua direção é autonomeada, imposta de cima para baixo, independente de qualquer controle externo, auto-suficiente. N ã o precisa de teoria, normas ou princípios de organização. "Os princípios n ã o servem aí para nada", diz êle. O s chefes decidem tudo. Mas êle não se limita a preconizar uma técnica de luta que imponha ao povo "este grupo (o guerrilheiro) de origem pequeno-burguesa como Direção Política". Quer também combater o principal obstáculo que encontra para impor essa hegemonia pequeno-burguesa ao movimento revolucionário no Continente: os partidos comunistas. Com esse fim, êle se perde numa discussão alongada sobre métodos de direção, na qual não poupa calúnias, impropérios e inverdades a propósito do movimento comunista. PARTIDO E DEMOCRACIA BONJARD1M nizações de bases, com a responsabilidade suprema de dirigir e orientar a vida de todo o partido, são elementos inseparáveis de uma organização que procura reunir e somar os combatentes mais ativos do povo e precisa ligar suas antenas ao sentimento e ã sabedoria, das mais amplas massas do povo em geral, e da classe operária em particular. A direção coletiva e centralizada, a subordinação dos órgãos de direção inferiores aos superiores, a obrigatoriedade do cumprimento das decisões tomadas coletivamente, a disciplina igual para todos os membros são, por outro lado, o meio de permitir que a vida diária do partido seja de fato dirigida por seu congresso, através do coletivo dirigente eleito por êle, e de possibilitar que a ação do partido em conjunto seja compatível com a natureza da luta a que êle se destina e tenha a necessária eficácia. Naturalmente, o mais perfeito e mais justo esquema de organização está sujeito a vícios e deformações pois quem põe em prática são homens viciados e deformados por séculos de tradição cultural em que a vaidade, a ambição pessoa, a hipocrisia e outros defeitos de caráter ganharam muito mais força que seus antônimos. Deles os homens não se desembaraçam com facilidade, mesmo quando dedicam toda a sua vida à construção de uma sociedade mais justa e mais humaUm partido comunista, orientado na. E o partido, uma organização pelos princípios d o marxismo-leni- consagrada à luta por uma revolunismo( nada tem de fato a ver com ção que, em última instância, fará o conceito pequeno-burguês da re- com que vigorem padrões éticos volução feita por um "punhado de mais corretos na vida social, sofre heróis", defendido por Debray. a influência da sociedade que o Parte de uma concepção radical- gera, e dos padrões éticos baixos mente oposta, na qual a revolução que nela têm campo livre. é feita pelas massas e é condicioViolações de todo tipo às nornada por toda uma série de fato- mas e princípios de organização de res objetivos e subjetivos. É o par- nosso Partido, estranhas às finalitido de urna classe determinada, o dades e ao espírito do Partido, mas proletariado, e tem como missão por enquanto inseparáveis da ação histórica constituir a vanguarda dos homens que o constituem, ocorrevolucionária dessa classe, educá- rem e continuarão ocorrendo, com la, organizá-la, prepará-la para a resultados nefastos para vida da revolução e conduzi-la c vitória na organização, posto que implicam revolução, juntamente com outras no amortecimento de seu espírito classes e camadas sociais que a ela revolucionário, em manifestações se aliam. Para cumprir essa missão tais como o carreirismo, o mandosua, o partido deve estar estreita- nismo.^o temor à responsabilidade mente vinculado à sua classe, pro- individual, o espírito de rotina, etc. cura nela os elementos mais ativos O melhor que se pode esperar, nese conscientes, fundar nela suas raí- se terreno, é que um dia o homem zes mais profundas. Deve êle pró- seja inteiramente expurgado de víprio organizar-se de modo a ga- cios e imperfeições de caráter; mas rantir que sua política e sua dire- ai, não haverá mais necessidade de ção reflitam o pensamento e os in- partido. Enquanto essa sociedade teresses da classe que êle repre- nova e harmonizada não vem, o que senta, e não os deste ou daquele se pode fazer é reprimir a manifesgrupo de pessoa. Isto é indispensá- tação dessas imperfeições humanas, vel para que êle seja efetivamente utilizando para isto as próprias nora encarnação do encontro do mo- mas e princípios de organização do vimento operário expontâneo com Partido, lutando pela sua vigência o movimento socialista consciente, plena, para que o conjunto do Parseja de fato o encontro fecundo da tido zele pela sua mais completa prática e da teoria revolucionárias. observância por parte de cada coO s princípios de organização co- munista, individualmente, e dos dimuns aos partidos comunistas vi- versos organismos nos diversos nísam assegurar que o partido aten- veis de direção. da à sua finalidade. O exercício da democracia interna é uma conEssa luta está se travando em todição imprescindível. A garantia do o movimento comunista interdo direito à opinião individual, do nacional, e em nosso Partido tamdireito de cada membro votar e bém. Particularmente após o X X ser votado para qualquer posto di- Congresso do P C U S , que questiorigente, do direito do conjunto do nou o condenou o que se veio a partido ã influência e acessos di- chamar de sistema do culto a perretos a o seu congresso nacional, sonalidade, cm cujas entranhas se eleito diretamente pelas suas orga- instaurou de forma generalizada a violação de algumas normas bási- cas da vida partidária, o movimento comunista em conjunto tem desenvolvido um esforço consirerável e frutífero para restaurar a democracia em seus seio, normalizar as, relações entremos comunistas e entre os diversos partidos e com isso ganhar vitalidade e representatividade. Nosso Partido, especialmente, empenha-se em corrigir os erros que marcaram fundamente sua existência, n o período citado, que influenciaram negativamente na formação de numerosos quadros e deixaram manchas difíceis de apagar em toda a sua atividade. Graças a esse esforço, pôde o Partido vencer as cadeias que o confinavam no âmbito estreito de uma seita doutrinária, para caminhar n o sentido de cumprir seu verdadeiro papel de partido político dirigente de massas, onde se juntam, se educam e se aprimoram os lutadores mais combativos e dedicados de nosso povo, onde o conhecimento mais avançado da sociedade se reúne à classe mais avançada da sociedade, para construir a sociedade mais avançada. Pode-se ficar mais ou menos satisfeito com os resultados desse esforço, mas não se pode duvidar que a luta pela observância dos princípios básicos de organização do Partido é o único meio de sanar as seqüelas dos erros passados, de repelir os vicios e deformações que cada comunista traz e continuará trazendo para o Partido e para ajustar a própria organização partidária às condições e exigências novas que se v ã o criando a cada dia. O pior que se poderia fazer, no caso, seria ceder às concepções militaristas de Debray. Aí se revela outro aspecto profundamente reacionário dessa teoria que se pretende muito revolucionária. Embora a revolução que êle perconiza nada tenha a ver com a luta de classe, com o proletariado e com o partido comunista, Debray investe contra o partido e critica neste precisamente "a pletora de comissões, secretariado», congressos, conferências, reuniões e assembléias", ou seja, tudo aquilo que permite o exercício da democracia no partido. Para seu gosto, o partido devia subordinar-se ao caudilhismo, a uma disciplina ainda mais incompatível com a sua natureza do que a militar. Esta última,, de um modo ou de outro, é com efeito regulamentada por leis que não são feitas pelos militares e são teoricamente válidas para todos eles, enquanto o caudilho é a sua própria lei, é ao mesmo tempo autor e árbitro do cumprimento da lei. N ã o se inventaria método melhor para atiçar aquilo mesmo que se quer combater: a arbitrariedade, o mandonismo, o desencadeamento das ambições pessoais, o carreirismo. PARTIDO E DISCIPLINA Cada coisa em seu lugar. O centralismo democrático do partido nunca foi e jamais será empecilho ao cumprimento da disciplina militar, quando e onde esta e necessária. Ao contrário, a experiência tem mostrado que os comunistas são sempre os soldados mais disciplinados, quando integram um exército ou outra qualquer organização militar revolucionária, mes(Continua na 9* página) Bft AMftfOjPI-O- BUjALp.Ufapft A Revolução e a Revolução de Regis Debray (Conclusão da 8" pág.) mo nos casos em que tal organização não é dirigida pelo partido. Há aí uma distinção entre o soldado e o membro do partido, que Debray não enxerga, ou não quer enxergar. Enquanto soldado, o comunista se obriga e se limita a cumprir as ordens de seus comandantes; enquanto membro do partido, na organização partidária a que pertence, êle é igual a todos em direitos e deveres. Debray levanta outros pretextos para exercitar seu anticomunismo. Alguns são infantis. Alega por exemplo que "existe na América Latina um elo profundo entre biologia e ideologia", o que é um modo bizarro de dizer uma coisa certa — que a guerrilha exige juventude dos que a fazem <— e um disparate: é preciso ser jovem para ser revolucionário. Só não explica porque diabo o partido não pode ter jovens e não pode mandá-los à guerrilha, quando isto é necessário. Afirma também que "não se pode pretender formar quadros revolucionários nas escolas de formação teórica", o que convém à sua concepção praticista e obscurantista de revolução, mas é uma maneira de condenar a si próprio à inutilidade, pois êle não faz outra coisa senão tentar a elaboração de uma teoria para uso de revoducionários, e teoria se estuda em livros e escolas. Algumas alusões caluniosas que Debray dirige aos partidos comunistas, apresentandoos como dirigidos por gente acomodada, medrosa ou incapaz, tamrada. A própria reação se encarrega de desmenti-lo, ao evidenciar que vê nos comunistas seus inimigos mais temíveis, centralizando neles o fogo de sua repressão policial. Em toda a América Latina, contam-se aos milhares os militantes comunistas presos, perseguidos, condenados a duras penas de prisão por motivo de sua atividade patriótica e não, certamente, por estarem acomodados ao regime burguês. H á entretanto um argumento que Debray esgrima com certa aparência de verdade. Diz êle que o êxito da guerrilha exige a autonomia de sua direção, a fusão "na serra" da direção militar e política do movimento, já que a subordinação dos guerrilheiros a uma direção política externa envolve o perigo de queda parcial ou total dessa direção nas mãos da polícia e coloca-a na dependência de canais de comunicação sempre arriscados. M a s a verdade nisso é só aparente. O erro de Debray está outra vez em subordinar o político ao militar. Êle concebe a guerrilha como um fim, que se autojustifica e auto-satisfaz, enquanto, na verdade, e no caso específico, ela é instrumento de uma luta política, de um movimento democrático e de libertação nacional, constituído por todo um conjunto de classes sociais e correntes políticas, e deve por isso subordinar-se à direção unificada desse movimento, tal como as demais frentes de luta que a êle obedecem. Isto efetivamente acarreta problemas de comunicação e vigilância, mas a solução está em frente e resolver adequadamente esses problemas, e não em separar a guerrilha do movimento a que ela deve servir. I Debray repete o seu concerto de uma nota só — o exemplo cubano — para apoiar sua tese. De fato, no caso de Cuba a direção política e a direção militar do movimento contra Batista, na fase final e decisiva, se concentraram na Serra Maestra. Isto ocorreu, entretanto, não por qualquer exigência inerente à guerrilha, mas porque Fidel Castro, pessoalmente, conquistou uma posição de liderança política inconteste do movimento democrático e, na ocasião, se encontrava na Serra, dirigindo também a guerrilha. Para esse exemplo singular, entretanto, há toda uma série de precedentes que tornam caracterizada e generalizada a situação inversa. N a China, no Vietnam, na Argélia, e t c , para só falar dos movimentos democráticos e de libertação nacional, ocorreram e ocorrem lutas armadas dirigidas por frentes políticas — nas quais sempre o partido comunista é a força mais importante — cuja direção é distinta e subordinante do comando direto da corporação armada; isto não impede e, ao contrário, favorece o êxito da luta em que se empenha essa organização militar. A concepção pequeno-burguesa. aristocrática, subjetivista do processo revolucionário é assim, sempre, a mola mestra das teses de Debray, tanto na questão das formas de luta quanto no problema da direção da luta. E também neste último aspecto sua filiação ao blanquismo é evidente. " D o fato de que Blanqui" — diz Engels — "concebe toda revolução como uma reviravolta levada a cabo por uma pequena minoria de revolucionários decorre a necessidade da ditadura depois da vitória da insurreição, e ditadura, é claro, não de toda uma classe revolucionária, o proletariado, mas do pequeno grupo de pessoas que fizeram a revolução e que, por sua vez, já eram antes elas próprias submetidas à ditadura de uma ou algumas pessoas." Antes da vitória, a ditadura dos caudilhos; depois da vitória, a ditadura do "partido formado na guerrilha" — eis Debray, cem anos atrás. Trata-se assim de uma velha e batida canção, que Debray apresenta com ares de novidade. Êle não renova, repete; não avança, regride. PARTIDO E UNIDADE N ã o é com prazer que nós, comunistas, desviamos nossa atenção para a polêmica com outras forças patrióticas e democráticas. Nosso emepnho é pela unidade contra o inimigo comum. Partimos de que, para derrotar esses inimigos ferozes e poderosos que são os imperialistas e seus cúmplices, é imprescindível dedicar à luta contra eles todas as nossas energias, todos os esforços conjugados das diversas correntes que desejam a emancipação nacional e o progresso social. O desgosto é maior quando somos obrigados a criticar e censurar um combatente que está preso e ameaçado de pesadas penas, senão de morte, como é o caso atual de Regis Debray. A solidariedade que merece a sua condição de perseguido político se reforça ainda pela simpatia que desperta a sua demonstração de sinceridade, ao tentar ver, na prática, a validade de suas idéias. N ã o obstante as condições atuais da Bolívia serem favoráveis ao desenvolvimento da luta guerrilheira, segundo a apreciação do Partiro Comunista Boliviano e das diversas correntes patrióticas locais, essa atitude coerente de Debray possibilita a êle inclusive, aprender com essa grande mestra que é a prática, e compreender o .caráter arbitrário e subjetivista de seus esquemas continentais de revolução. Mas o debate é necessário, porque se trata aí da defesa de nosso Partido, como organização de luta imprescindível ao proletariado, e da colocação em termos justos da questão da unidade do movimento antiimperialista e democrático na América Latina. O s partidos comunistas têm demonstrado com fatos, através dos anos, no mundo inteiro, na América Latina e em nosso país, em particular, que vêem na unidade de todas as correntes patrióticas e democráticas um fator essencial para o êxito de sua luta comum. E combatem toda concepção excluisivista e monopolista dessa unidade, inclusive e em primeiro lugar as que ocorram entre suas próprias fileiras, na cabeça de elementos equivocados que vêem no Partido uma espécie de "concessionário da revolução", em qualquer etapa e quaisquer circunstâncias. Embora nos orientemos pelo princípio de que a revolução socialista forçosamente se desenvolve, para ter êxito, sob a hememonia do proletariado e sob a direção do partido revolucionário marxista-leninista, e embora lutemos para que essa hegemonia e essa direção se exerçam em processos revolucionários anteriores, a fim de que a revolução se desenvolva mais rapidamente e com maiores benefícios para os trabalhadores, não colocamos a hegemonia do proletariado e a direção do Partido como condições prévias, cuja aceitação impusesse mos a nossos aliados potenciais, para participarmos de um movimento identificado com os interêses do povo e da nação. Para nós, o curso dos acontecimentos e a vontade das massas é que decidirão qual o partido que tem efetivamente condições de assumir a direção da luta do povo. Demos já exemplos dramáticos de que compreendemos a possibilidade da ocorrência de movimentos de libertação nacional e democráticos dirigidos por outras forças políticas, e a necessidade de integrarnos a esses movimentos, mesmo quando são dirigidos por forças hostis ao partido comunista. Nossos camaradas egípcios, durante vários anos, apoiaram e defenderam o governo de Nasser contra a violência imperialista sob o peso da mais feroz e brutal repressão que o próprio Nasser dirigia contra eles. Em nosso pais mesmo, embora em condições menos críticas, temos exemplos semelhantes. Demos e sustentamos — para citar apenas dois casos — nosso apoio às candidatura de Lott, à Presidência da República, e de Brizola, ao governo do Rio Grande do Sul, apesar do repúdio público e calunioso que os candidatos opuseram ao nosso apoio. Um dos elementos da unidade, entretanto, é o respeito mútuo das diversas forças que se unem. O anticomunismo "de esquerda" só pre- judica o esforço comum. Se é possível a um movimento nacional e democrático vencer e chegar inclusive a medidas de caráter socialista sob a direção de forças não proletárias, a atitude de exclusão ou de hostilidade em relação aos comunistas não favorece essa vitória apenas favorece os inimigos imperialistas e reacionários. Debray procura servir a esse anticomunismo "de novo tipo". Para apoiar sua aspiração de que as massas "aceitem esse grupo de origem pequeno-burguesa como Direção Política", êle não só inventa um esquema revolucionário que possibilite a hegemonia pequenoburbuesa e para isso prescinda da ação organizada, consciente e objetivamente condicionada das próprias massas, como ainda abre uma campanha furiosa de calúnias e disparates contra os partidos comunistas e conclama abertamenee à cisão desses partidos. A defesa da unidade, da autonomia e da independência de nosso Partido, entre as diversas correntes nacionalistas e democráticas do pais e no movimento comunista internacional, é para nós, comunistas, um ponto de princípio, do qual não transigimos. Ações e atitude como a de Debray podem impressionar a alguns apressados ou imaturos, mas são rejeitadas pelo conjunto do Partido, por todos os verdadeiros comunistas. Nosso Partido não reconhece a ninguém o direito de distribuir cartas de valentia revolucionária. Sabemos e dizemos que a luta contra o imperialismo e, particularmente, contra a ditadura que atualmente infelicita a nação brasileira, exigirão de todo o povo e, em particular, de nós, comunistas, as mais duras provas, grandes privações, heroísmo e audácia revolucionária. N ã o brincamos de guerrilha, mas quando julgamos oportuna a adoção dessa ou outra forma de luta armada nos lançamos a ela, realmente, não ficamos em promessas e exaltações vazias. Desde que foi fundado nosso Partido esteve à frente de todas as lutas armadas em que, de um modo ou de outro, se envolveram os interesses do movimento progressista no país. Da única exceção, e maior luta armada de nossa história nacional recente, a Coluna Prestes, surgiu o líder que depois se tornou Secretário-Geral e glória de nosso Partido. Mas não cederemos ã aventura, não levaremos nosso movimento aos alçapões que lhe arma o inimigo. N ã o nos empolgaremos por concepções tiradas artificialmente de experiências alheias — e muito menos de experiências em que proporções de dezenas ou milhares contam nos acontecimentos. E m nosso vasto e complexo país os números começam a contar nas casas de centenas de milhares e de milhões. Em nosso pais gigantesco e franzino, opulento e miserável, moderno e atrasado, soberbo e oprimido, não há lugar para soluções fáceis e roupas feitas. O nosso próprio povo, e só êle, encontrará em si mesmo, em sua energia, em sua inventiva e seu espirito revolucionário, com o apoio e o estímulo dos outros povos, os meios e caminhos de sua libertação. Nós, comunistas, escolhemos ficar com o povo; à frente dele, mas sempre com êle onde êle estiver. fc*./Wj*i'0 XVo-ESi ; rtcP. t J/5 ; o. \u A Grande Revolução de Outubro E Sua Repercussão no Brasil A vitória da Revolução de Outubro teve uma repercussão profunda e muito diversificada na vida do povo brasileiro. Ela proporcionou a todas as forças políticas e sociais interessadas no desenvolvimento democrático e na emancipação do país um ponto de referência novo, indicador do caminho para a reconstrução da sociedade e a libertação nacional. Criou as condições para a extinção da forte influência anarquista que dominava no movimento operário e socialista. Estimulou a criarão do Partido marxista-leniniscriação uo 1 «iruuu muriuio ™IUIÜ» ta, vanguarda da classe operaria e principal organização dirigente da luta revolucionária de nosso pOTO. do novo regime e mesmo algumas declarações de Lênin e Trotski, atravês das quais os elementos nacionais progressistas poderiam discernir a verdade e manifestar-se a favor da revolução. Pavel, dirigiu ainda em 1917 uma série de cartas à imprensa burguesa em defesa da Revolução de Outubro. Em fevereiro de 1919, reuniu estas cartas em livro, sob o ütulo — "A Revolução Russa e a Imprensa . Outros escritores que tomaram, desde o início, o partido da revolução russa: Fábio Luz, José Oiticica, Evaristo de Morais, Domingos Ribeiro Filho, José Martins, Carlos Dias, ^ Antônio ^ ^Canelas,^ Afonso Schmidt, Edgard Leuenroth, Otávio Brandão (primeiro tradutor do ^Manifesto Comunista), Everardo Dias . . " _ _. (primeiro tradutor de Dez Dias que Abalaram o Mundo) ladrilheiros, imemarmoristas 5^— . , . , , , . , « „ , , , . ;industriários, „j„a„;;^^ oleiros, comerciários, metalúrgicos, eletricistas, chapeleiros, padeiros, empregados em farmácias e hospitais etc. O movimento durou vários dias e terminou vi^ ^Ao raador do fr 8 ^ mu^ado uma lei fixando ^ 8 n 0 r a s o dia de trabalho. Por ocasião das manifestações públicas no Rio de Janeiro, a 1." de maio de 1918, os trabalhadores canocas aprovaram por aclamação um documento no ^ qual manifestavam "a sua profunda simpatia pelo poA repressão a todos esses movi vo russo, neste momento em luta aberta e heróica contra o capita, , . r çao do governo jamais solucionou as questões. Foi hsmo . No 1." de maio de 1919, ^ 1 5 ^período 0 , 4 , ! ^ ,que ^ o proletariado conesse outra grande manifestação de masmeçou a compreender o papel poto qual sefoi dizia: "O proletariasas,noquando aprovado documenlítico que lhe cabia desempenhar __ Janeiro, J * • . U A reunido 1_» em 1~ t do do Rio1 de na vida nacional, e também foi massa na praça pública e solidánesse período que ficou patente a rio com as grandes demonstrações l^ík (^TíWlUlí^Tltíl incapacidade do anarquismo de se dos trabalhadores neste 1.° de maio, t » M lTXi/T l l l l C l l l v F manter à frente de um movimento envia uma saudação especial aos revolucionário. proletariados russo, húngaro, germâ' . nico e protesta solenemente contra I l r ) í * l * í l 1*1 f ) Nessa época, começaram a orqualquer intervenção militar burmr ganizar-se os primeiros grupos coguesa tendo por fim atacar a obra influência «• da «revolução passo inicial para a criaSob Através de sua imprensa, as cias- revolucionária tão auspiciosamente "JV,U a• »""">='":"» » T « » ^ - » -munistas, 7""U«£" ses dominantes brasileiras manifes- encetada na Rússia", russa, intensificou-se o movimento Çao do PCtí. operário brasileiro, embora sob a taram uma atitude de reserva e de franca hostilidade às novas fôrAlguns periódicos, característica- orientação dos anarquistas, conse ças que assumiam o poder na Rús- mente anarquistas, publicaram ar- guindo algumas vitórias como mesia. Para a imprensa burguesa, a tigos e documentos sobre a Revo- lhoria de condições de trabalho, direvolução russa era uma "estranha lução. O semanário "Spartacus", do m i n uição da jornada e aumento de revolução". Essa mesma imprensa Ri 0 de Janeiro, publicou em agosto salários, revelava uma oposição aos ""líderes de 1919 "A mensagem aos trabaN o mesmo ano de maximalistas", como eram chama- lhadores americanos" e, alguns me1917, violenta Em 1919, já havia surgido um dos Lênin, Trotski e outros. Refe- ses mais tarde, outro trabalho de 6 r e v e . a b a l o u .° ^ t a d o d e S S o P a u l ° "Partido Comunista", denominação foi a primeira greve geral de imprópria p o r q n e t conforme A s t r o . ria-se comumente a Lênin como Lênin *A democracia burguesa "ridículo agitador". Era favorável a e a democracia proletária". O órgão a m b , t o estadual- Os grevistas che- j u d o Pe re ira, "tratava-se na realiKerensky, considerando uma traição da Federação dos Trabalhadores de f aram a t o m a r c o n t a d a cidade de dade de uma organização tipicaao pacto de Londres a assinatura da Pernambuco, "A Hora Social", em ? a o P a l d o e ° governo se manifestou mente anarquista, e a sua denomipaz de Brest-Litovsy. "Resta aos novembro de 1919 publicou o texto '"eapaz de dominar o movimento, n a ç ã o d e "parado comunista" era aliados a esperança de que os par- da primeira Constituição Soviética. d e n a d a valendo o estado de sitio u m p u r o r e fl e X o, nos meios operátidários de Kerensky reapareçam Em São Paulo, o semanário em lín- decretado pelo governo federal para r i o s brasileiros, da poderosa influoportunamente, evitando à Rússia a gua italiana "Alba Rossa" estam- t o d o ° P aIS ência exercida pela revolução promaior das desgraças, a paz sepa- pou, em sua edição de 1." de maio D L letária triunfante na Rússia, que h m 1918 n rada", dizia o "Diário Popular", de de 1919, um artigo de Lênin sobre < ,° • * * houve uma s c s a b i a d L r i g i d a ^ ^ COmunistas rande r eve São Paulo, do dia 4-12-1917. a pa* de Brest-Litovski e um apelo & &, * • operários têxteis, d a q u e i e ^ 0 qae n5„ „ sabia de Máximo Gorki aos trabalhadores c o m a a d e s a o d e dlv ersos sindica- a o c e r t o f QS c o m u n i s t a s e A imprensa burguesa acreditava d e t ò d o s M p a í s e s tos A greve alastrou-se pelas ei- „ a c h a v a m a { r e n t e ^ revolução ou pretendia fazer acreditar que uades circunvizinhas Este movi- r u s s a e r a m m a n d s t a s , n 5 o a n a r . aquela era uma situação anormal mento, durante o qual houve cho- q u istas" e passageira, que o povo russo não quês violentos e mortes de lado a aceitaria a orientação de Lênin e lado deveria estender-se a outros 0 Congresso de fundaca0 do PCB outros, porque estavam destinados Estados, e alguns de seus lideres ( o i n o ü c i a d o *Movi. U revista a cair. "Mesmo abstendo-nos de convisavam a tomada do poder pela m e n t(K Comunista, n." 7, de junho tar com a provável reação popular classe operaria, para o que elabo- d e i 9 2 2 . O Congresso reuniu-se a contra Lênin e seu bando, não é raram o chamado programa maxi- 25, 26 e 27 de março de 1922. verossímel que o pretenso governo Foram numerosos os intelectuais malista de governo . ^ H a v i a u r g ê n c i a n a org anização do rnsso consiga ultrapassar a etapa de da época que se manifestaram vio• _ r . partido e m " T ^ da * J -ao simples armistício . No mesmo co- lentamente contra a revolução rust-m bao Paulo, no mesmo 1918, J „ i y r „ J. 1 » • 1 r . . ... UTV. • • n 1 n T«. . y ..... . , . , ' . ' a o IV Congresso da Internacional mentano, dizia o Diano Popular sa. Porem, numerosos intelectuais o proletariaao prosseguiu em sua d e M o s c o u „ 0 ^.^ deveriam fazerde 6-12-1917: "Embora francamen- progressistas revelaram seu entusias- luta contra a burguesia capitalista, s e representar os romunistas do te colocada no caminho da traição, mo e suas simpatias pelo grande nacional e estrangeira. Houve gre- J}rasil" lê-se na citada revi eles conseguiram escalar o poder acontecimento do século. ves em fábricas de tecidos, na Light, Logo após a sua fundação, o baseando-se em princípios e teorias, e principalmente entre os ferroviá- Partido Comunista Brasileiro foi leagora são obrigados a pôr em práLima Barreto, o maior deles, rios da São Paulo Railway. galmente registrado como sociedade rica sob pena de perderem toda a grande jornalista e romancista, sencivil. A fundação do PCB passou sua influência sobre as massas po- sível ao drama do Brasil, foi varias Em greves, Pernambuco verificaram-se um dos maioressocial entusiastas da Kedestacando-se a da j.«v.orn»v,i^„ ™.s„ ;_™„=« » ... — . «. • 1 . x .. . despercebida, então, na imprensa pulares. T voluçao de Outubro, chegando a es- TUnião Cosmopolita, que reunia os ! , „ „ „ „ , . . __ . ... 3 „c j j • . L n. J 1 T. 1 rr, Burguesa e nas correntes majontacrever: Sena capaz de deixar-me trabamadores da Pernambuco Tran- r i a s d a . SJ i m 5 o do afij. matar para implantar aqui o regime way, que tomou grandes proporções. m a ç a Q posteriormente, como prinmarxista . Nos_ seus artigos ded.caE m p r i n c í p i o s d e junho de 1919, cipal organização revolucionária do dos a revolução russa atualmente i r r o m uma e v e n o ^^ de aís e rtido diri te da classe reunidos no livro Bagatelas , vibra, c i . -• D ,. va com Lênin, tendo escrito a seu ^ndes de Salvador, Bahia, trans- operaria viria constituir-se numa respeito: "Este é o grande homem formando-se posteriormente em gre- prova marcante e definitiva da indo nosso tempo, que preside com V e geral com a adesão de emprega- fluência que a luta dos revolucioApesar de que todoseo fazia bloqueio e des- * - a u a c , a u m a . í 1 8 ™ * r a n s o r - dos em hotéis, cafés, pedreiros, restaurantes, russos exerceu sobre a vida virtuamento ao noticiácarroceiros, choferes, car- nários de nosso povo. rio referente à grande revolução de Na falta de uma imprensa opeoutubro, saíram na própria impren- rária, o nosso querido Astrogildo V O Z OPERARIA — Novembro de 1967 — página 10 sa burguesa os planos de governo Pereira, sob o pseudônimo de Alex Influência Opinião Das Classes Dominantes Fundação Do Partido Opinião dos Intelectuais Opinião Dos Trabalhadores BR AN, mo x«*-o. es, AcP. ^fa p.U Contradições no Desenvolvimento Econômico de Pernambuco ANDRÉ Pernambuco atravessa ura dos piores. períodos da sua história, mergulhado numa crise que está levando ao desespero as massas trabalhadoras. Se é geral, em todo o país, o desemprego, os baixos salários, o alto custo de vida etc, em conseqüência da política seguida pela ditadura, Pernambuco não poderia ser uma exceção. Ao contrário, aqui esses fenômenos tomam caráter mais agudo, em virtude de vivermos numa área mergulhada, permanentemente, no atraso econõmico e social. Há, no nodeste, prrincipalmente em Pernambuco, um franco desenvolvimento industrial. Mas, como se processa esse desenvolvimento? Quem dél? se beneficia? Estas são as questões que se colocam nas bôcas e nas cabeças de todos que viyem nesta sofrida região. A Igreja, através de seus bispos, já denunciou as injustiças provocadas por êss,e desenvolvimento unilateíal. A Ação Católica Operária ( A C O ) , ligada ao clero, denunciou-o em manifesto de enorme repercursão, chamando-o de "Nordeste, desenvolvimento sem Justi?a • ' d Surgem em Pernambuco novas e novas unidades industriais, enquanto uma série de outras industrias se modernizam e se ampliam, com a ^ 0 0 W ™ ajuda da S U D E N E . Dito isso, têmse a impressão que se amplia o mercado de força de trabalho. Porem isso não se dá. Essa é uma das grandes contradições do desenvol.vimento que se processa em Pernambuco: Cresce o número de unidades industriais, paralelamente aumente o desemprego. As unidades industriais criadas não absorvem a mão-de-obra disponível. A crescente instalação de unidades fabris é acompanhada de uma crescente marginalização social das massas trabalhadoras. Isso, em virtude do desnível existente e da tecnologia utilizada pelos setores empresar i a j s e a m ão-de-obra de que disp o m o s . £ s s e processo de desenvolvimento não tem condições de abranger, direta nem indiretamente, a nova fôrça-de-trabalho decorr e n t e do próprio crescimento do Estado, do êxodo rural que se eleva de ano para ano e da emigração d o s Estados vizinhos. Essa polític a seguia pela S U D E N E tem contribuido para acelerar o processo de desemprego. Ao contrário do q u e se quer fazer crer, essa política não visa melhorar as condições de vida das populações pernambucanas, mas atender aos interesses a burguesia e de grupos econõmic o s norte-americanos, Pl*PÇfiQ I * v o V O Políticos no •-% • l I f f f t f i T Q 3>l /^•i i . . . . Cálculos responsáveis fixam em r , ,nn , . . cerca de 500 o numero de pátrio, „ „ tas paraguaios presos nas masmorras da ditadura Stroessner, não obstante os constantes desmentidos do ditador. Entre as centenas das vit; m „. ™_ „„ „ „ . • -íunias que se encontram nos car• • . • • ••, . ceres da mais sanguinária ditadura . . . . j c i .•• • da America do Sul, estão os dinpentes do Partido Comunista Pa, » .- • \M j raguaio. camaradas Antônio Maidano! Júlio Rojas e Alfredo Alcorta, vivendo a maioria na mais absoNosincomunicabilidade. últimos dias do mês de julho luta o jornal católico COMUNIDAD, que se edita em Assunção publicou uma carta dos presos polt.cos d.ng.da a l-onvencao Constituinte, agrupamene .... ... . , , o político consUtuido por parlamentares e pessoas de confiança do governo para legitimar a perpetui3 , • V . 6 J . dade do ditador no poder que, entre j • UT\ J on'ras coisas, denuncia: Desde o , ,. mes de marco deste. ano estamos v , ., . , , . submetulos a regime de completa incomun.cabil.dade, pr.vados mclus.ve de mantermos contato com nose no,vas * e s p o s a s - Mhos):maes • E mais adiante frisam os compaqúôncia paraguaios das torturas nheiros quee da em prolonconsegada permanência em calabouços herméticos, verdadeiro panteão para 09 vivos, necessitamos urgente de assistência médica, pois é evidente o desgaste de nossa saúde". As conseqüências dessa política a v j S t a de todas aquelas pessoas que visitem o Recife. Cresce o número de pedintes e de crianças abandonadas e desasjustadas. A. fome, a nudez, as doenças endêmicas e a mortalidade infantil adquirem caráter mais agudo. Esse é um dos resultados práticos da ditadura de entreguistas e de traidores da pátria, em relação a Pernambuco e ao nordeste, em geral. Enquanto isso, através da S U D E N E e do Banco do Nordeste, qrupos empresariais nacionais e v '. a K . . . , estranqeiros, pelas mais deversas ""*" a"-' • f » formas, recebem grandes e vana„ ™? . <-\ 1 d .o s ... «cent.vosC do governo. 0Qual5 5 T*UVF° % £)T° ^ . P "3 d f 1 2 ' 5 % a 2 0 %. d o t Ca P lta l. n e C e S ' sano a empreendimento, poderá re, . . _r , ceber o restante das mãos do go. , . noa/ verno, da seguinte forma: 25% ' 7 .. IA e ?" correspondem aos artigos 34 e 18, capital proviniente da arrecasob forma de financiamento, com , - facilidades j . . . • j C/w dtais a a d o , m O S de d pagamento e rend ; 5 0que % « ° P '° ? lhes dão caráter de doação e ainda mais, o financiamento do capital esta de 9iro- d e n t r o da ^ e s s a outrQ con. « » • itraste. Este consiste entre a p o i dar e 3 C Í 0 n á r i a e anti-social i n s t i t u i c a o , hoje prãticamen"• , , . . te dominada por grupos estrangei. .•', ". r , ,° ros. de um lado; de outro lado a . .. . .... . .,_ existência, em seu seio, de um . , numeroso grupo de técnicos, ecodiversos nQmistas funcionârios de ^ tQ fissiona, de „„„ nacionalista e acentuado patriótico, cujas energias estão £ \ a d a s f m v j r t u d f fc c a r á t e r treguista e antioperário do govêry fc ^ S U D E N E Esse caráter contraditório, antisocial, que se imprime ao desenvolvimento no nordeste está acumulando um potencial enorme de Con- SANTANA flitos sociais que começam a estou- liberais, artezães, enfim, esse imenrar num ou noutro lugar. Por exem- so contingente que costumanos chaplo, no setor da indústria têxtil, nos mar de camada médias urbanas. três últimos anos se assinalou uma A desinflação, em nome da qual grave crise com redução de jorna- a ditadura há mais de três anos da de trabalho, eliminação de tur- vem impondo sacrifícios inauditos nos de trabalho, demissões em mas- ao nosso povo. é um blefe. A insas, congelamento de salário, não flação prossegue e prosseguirá porpagamento do Décimo Terceiro Sa- que o mal é de estrutura e este lário, e até redução pura e simples não foi nem será tocada por essa de salários. N a Fábrica de Maca- camarilha que está no poder. xeira, do grupo Othon Bezerra de Diante disso não é difícil preverMelo, uma das maiores do Estado, se um aguçamento geral das lutes no decorrer de um mês foram jo- sociais em Pernambuco. Há, porgados na rua cerca de 700 operá- tanto, um amplo campo para atuarios, com indenizações feitas na ção das forças políticas que lutam base de 40 e 50 por cento, pagas à contra a ditadura, contra o impeprestação (a longo prazo). A ale- rialismo e por um novo poder efegação da companhia era a crise do tivamente democrático. setor por falta de mercado e de financiamento. Recentemente, esse mesmo grupo passou a receber ajuda da S U D E N E , o estoque de tecido foi vendido e a o que se fala grandes e vantojosas encomendas foram recebidas, mas as demissões continuam, principalmente dos operários mais antigos, como uma decorrência da lei do Fundo de Garantia e da automatização da f á - D _ _ _ , , _ . . __.- -.-»• :• • •'' brica. rorque e como elevemos Ê nesta empresa precisamente ' onde os operários têm demonstra# do com atos, o seu descontenta- f f l f l & t f l l l l * f| mento. desde os operários têm de- v v l l D U U 1 X \f monstrado com atos, o seu descon- --^ . . — tentamento, desde os primeiros me- f £ 1 1 * 1 1 0 0 RO* a ses de 1966 quando realizaram um movimento de pressão para receber (Continuação da 12* página) o Décimo Terceiro mês correspondente a o ano anterior. Grande rpar. , . . . , , ... . seio do proletariado urbano e rute deles se concentraram no escntório, com revezamento. Foram inú- ral tem que ser feito o mais sigiteis as ameaças da gerência, de losamente possível, pois é a raiz da chamar a polícia e o IV Exército. revolução que se crava no próprio O movimento foi imediatamente vi- sustentáculo do inimigo de classe, torioso. Desde então, o desconten- as empresas capitalistas. Este tanto tamento dos têxteis daquelas em- pode ser feito de dentro como de presas se evidencia de várias ma- fora para dentro, mobilizando quaneiras, inclusive com uma parali- dros, organizações e órgãos dirigenzação parcial contra a redução de tes e todo o seu aparelho de prosalário, também coroada dê êxito. paganda, de material e de ação para este objetivo. Conclusão: A necessidade de Esse desenvolvimento anti-social construir o Partido no seio dos está aguçando um o u t o fenômeno trabalhadores emana da necessida— os ambulantes do Recife. São de de conduzir o proletariado na crea de 15 mil os vendedores amluta para desempenhar a sua tarebulantes das ruas da capital perfa histórica, de classe emergente nambucana, vitimas do desemprego nova, revolucionária e conseqüente; e do subdesenvolvimento da região. provém da necessidade de poder N o curto período do governo Miestabelecer as alianças de classes guel Arraes, quando as forças pobásicas e secundárias e da conquislíticas progressistas e populares ta da hegemonia no processo de exerciam certa influência no aparelibertação nacional e social em conlho de Estado, esse problema era fronto com a burguesia conciliadotratado através do diálogo entre ra e vacilante e a pequena burguesindicatos da corporação e homens sia aventureira, foquista e anarquisdo governo, quer do Estado, quer ta. Os caminhos e os meios para do município doRecife. Atualmeno êxito deste objetivo consistem em te, para atender certos grupos do derrotar política, ideológica e orcomércio, o o-efeito Augusto Lugânicamente os conceitos e métodos cena. seguindo a nerma geral da fracionistas e liquidacionistas, reviditadura, reprime com violência os sionistas « anarquistas oriundos da ambulantes. Daí os freqüentes chopressão ideológica imperialista, das quei entre esses vendedores e a classes dominantes decadentes e dos policia e o "rapa" da Prefeitura setores radicais pequeno-burgueses; do Recife.-Os ambulantes defendem e defender o Partido, a sua unio sagrndo direito à vida e ao gadade, apoiados no centralismo e na nh^1 honesto do pão para suas fademocracia. mílias. Os métodos para garantir o êxito Referimo-nos apenas a têxteis e desta tarefa são: a planificação, o ambulantes especificamente. Mas, a controle sistemático, a mobilização verdade é que há uma imensa mas- e justa distribuição das forças do sa de descontente^ que não Partido. do-~ quadros a fim de derse resume, apenas, a operários e rotar a repressão da ditadura e forpequenos comerciantes. Ela envol- talecer o Partido com o objetivo de ve servidores públicos federais, es- que seja cumprida a missão lii-tótaduais e municipais, profissionais rica que lhe é destinada. BR /VWjA'0 XT-O. ESí,ACP.M(i J p.l>. Porque e como devemos Construir o Partido no Seio do Proletariado Na atualidade, a estrutura do proletariado brasileiro se estende a começar de os operários fabris, de construção, dos transportes e comunicações, das minas e da produção energética — que expressam o cerne da classe, por assim dizer — até os comerciários, funcionários e o pessoal assalariado no setor cultural. Esta estratificação contribui para a falta de hemogeneidade em suas fileiras e leva a tentativa de o pessoal do setor terciário a se sobreporem ao núcleo fabril na liderança da classe. 0 1 empregados urbanos e rurais devem estar atingindo a cifra de mais de dez milhões de pessoas. Representam u m peso específico de valor inestimável no cómputo da população e m geral, e da economicamente ativa em particular. ral fundamentalmente apoiados nesta classe, os objetivos programéticos do Partido terão maior probabilidade de êxitos. Esta é outra razão porque é imprescindível que o Partido seja construído no seio da classe operária. Na política do Partido desempenha papel decisivo a estratégia e a tática das alianças de classes e camadas. O proletariado, por ser uma classe inconciliável com os seus exploradores e incompatível com o golpismo e aventureirismo burguês e pequeno-burguês, é o que mais se apresta para justas alianças. A partir do primórdio de seu surgimento nutre suas fileiras com homens vindos do campo; tende sempre a se aliar com o campesinato. Esta representa a frente única fundamental na política do Partido. Tal O proletariado é a classe emer- aliança fortalece o proletariado. Segente na sociedade brasileira, em cunda também ao Partido. detrimento das classes arcaicas em descenso que tendem a desaparecer Na dinâmica do desenvolvimento juntamente com as estruturas em industrial e cultural e ante a exdecadência. O proletariado é a clas- plosão dos centros demográficos, se que se acha ligada à grande pro- emergem com ímpeto as camadas dução de valores; à revolução in- médias urbanas e a , burguesia nadustrial e tecnológica de nossa épo- cional. Estas disputam a liderança ca. E' a classe mais revolucioná- do processo, tanto com as classes ria que a^pjra 'à libertação nacio- arcaicas, decadentes, sustentadas pelo nal e social. Afirma Lênin: "Só imperialismo, como ainda a disputam uma classe determinada, a saber: com o proletariado. Esta disputa se os operários urbanos e e m geral os desenvolve objetivamente na estraoperários industriais das fábricas e tificação do proletariado e se refleoficinas, está em condições de dite nas fileiras do Partido. A perigir toda a massa de trabalhadores quena burguesia tenta impor ao proe exploradores, na l u t a . . . " . letariado a sua ideologia, a sua política e os seus métodos. O golpisO Partido só pode desempenhar mo e o foquismo — duas faces da seu papel de vanguarda, isto é, de mesma moeda — constituem refleorientador e dirigente revolucioná- xos destes atritos que atuam no rio das massas se tiver as suas prin- terreno político, ideológico e orgâcipais bases estruturadas e em ação nico do Partido. Uma condição esno . seio do proletariado, em suas sencial para que o Partido realigrandes concentrações empresariais. ze justas alianças de classe, sem Esta constitui uma das razões por- conciliar com a burguesia nem se que devemos construir o Partido no prosternar ante a pequena burgueseio da classe operária. Construído sia é construir fortes bases no meio nestas condições, o PCUS foi aque- do proletariado. le que dirigiu a revolução e que comemora este mês os 50 anos de socialismo A vitorioso. tática tido, e a estratégia exigem que se do Par- construa o Partido no seio da classe mais conseqüente. 0 principal elemento tá- tico do Partido é ligar-se às massas, e exercer dirigi-las. social as Nenhum expressa massas letariado. classe influência do outro tão povo em estas estrato autenticamente como Liderando operária sobre o pro- parcelas qualquer da local de trabalho ou de vivência das massas, o Partido tem as condições ade- quadas para a função de das grandes dirigente massas. O principal elemento da estratégia do Partido é conduzir com êxitos as massas na atual etapa histórica de libertação para alcançar socialismo. O proletariado mente meta é a classe revolucionária de libertação é a o exatacuja liquidação da exploração do homem pelo homem. Baseando a nossa política ge- U m dos instrumentos decisivos para construir u m Partido de ação, dirigente das grandes massas entre o proletariado é a justa linha política. Uma política marxista-leninista que se estriba no princípio marxista-Ieninista do papel das massas na revolução; e não no grupo de heróis; uma política que considera revolucionária a classe de proletários — de acordo com Marx e Engels — e não os setores radicais da pequena burguesia. Uma política que prenuncia a função de vanguarda revolucionária do partido da classe operária e não o foco de grupo isolado das massas do país; uma política que parte do estado real do processo histórico do país, considerando as respectivas etapas e fases e não de acordo com os desejos da pressa pequeno-burguesa que tende a omitir etapas, a aventuras e divisões entre as forças que se opõem à ditadura, principalmente da classe operária e das esquerdas. A política do Partido — que não permite o isolamento do proletariado, que possibilita a sua unidade e o estabelecimento de alianças com as forças fundamentais e conjecturais e a conquista da hegemonia — é aquela cujas linhas gerais foram plasmadas no V Congresso. Atualmente ela prossegue em elaboração para o V I Congresso. Esta política e a ação política de massas e seus êxitos estimulam a construção do Partido; e derrotarão por fim as conciliações e capitulações diante da pequena burguesia é propicia as condições para que o proletariado possa desempenhar seu papel histórico na sociedade brasileira. Este é o instrumento fundamental para que seja construído o Partido nas fileiras do proletariado, a curto e a longo prazo. Um outro instrumento para a construção do Partido entre o proletariado é a clareza de objetiva, neste sentido, no âmbito nacional, estadual, municipal, distrital e local. A dinâmica da luta de classes exige plano e controle sistemático de sua execução, considerando os inimigos que o proletariado enfrenta e que desejam a sua divisão e destruição, que hoje se estende a certas camadas pequeno-burguesas e forças políticas de esquerda; a luta ideológica e a defesa da unidade da classe operária e do Partido assum e m proporções muito maiores do que em qualquer outra época histórica. Sem u m plano multifacético e u m controle sistemático é muito difícil, e talvez impossível, construir o Partido nas empresas. Esta tarefa de mais alto sentido revolucionário não pode ser considerada como sendo de algumas pessoas, de uma frente do Partido ou de u m organismo. E' u m objetivo essencial, permanente e integral, portanto, de todo o Partido, de todos os organismos e órgãos dirigentes do Partido. Somente um trabalho coordenado global dos militantes pode levar a bom êxito este empreendimento. Os militantes e a massa de quadros do Partido demonstraram ao longo de nossa história que somos capazes de vencer todas as tentativas divisionistas e liquidacionistas do Partido, tanto as que vêm de fora ou de dentro. A reconstrução do Partido após o golpe de abril e a derrota dos esquerdistas que tentaram arrastar o Partido para aventuras golpistas e os que tentaram desmoralizá-lo, indicam a existência em todos os escalões de u m núcleo de quadros conscientes do processo de luta interna e do amadurecimento do Partido. Unificadas a vontade e a ação dos quadros e militantes, a tarefa da construção do Partido no seio do proletariado conta com todas as probabilidades de êxitos a curto e a longo prazo. mento nas empresas constitue u m elo decisivo n o momento. U m Partido forte nas empresas fornece elementos para melhores êxitos na aplicação integral do centralismo democrático. Daí a importância de uma distribuição adequada das forças do Partido com vistas para este objetivo. Neste sentido, a distribuição dos quadros tem uma importância de realce. Os quadros são a grande arma com a qual o Partido conta para sua defesa, construção e fortalecimento. Quando se considera tão importante a construção do Partido na empresa, bem como n u m distrito ou município, e para lá se destacam quadros, é u m sintoma que há compreensão na prática do significado do papel do proletariado na revolução e do Partido como vanguarda da classe revolucionária. O trabalho da construção de bases partidárias entre o proletariado urbano e rural não é viável se se deseja realizá-lo de sopetão, de golpe. As concepções golpistas pequenoburgueses se insinuaram n o decorrer do processo histórico da formação do Partido. Estas ainda se manifestaram na interpretação e aplicação da linha do V Congresso, como entrave à luta ideológica contra os remanescentes das concepções oriundas do sistema do culto à personalidade. Não são recentes estes traços ideológicos estranhos ao proletariado e à sua teoria marxista-Ieninista. Estas concepções golpistas da pressa e do radicalismo pequeno-burguês tiveram curso florescente principalmente na época da vigência do sistema do culto. da personalidade e das linhas políticas dogmáticas e sectárias. N o terreno orgânico se manifestaram na pressa em construir bases nas empresas e ainda na maior pressa de acioná-las e pô-las a descoberto, possibilitando assim ao inimigo a sua liquidação. Aquelas concepções o desligamento dros operários da sencadeamento de lutas Esta tarefa exige uma justa disdas organismos Todas as forças, dos órgãos dirigentes tarefas do do e Partido. Partido são necessárias e úteis. Contudo, a cada elos momento que existem arrastam a os do Partido o corrente. seu quade- prematuras repercussão segundo as necessidades da orientação radical golpista, a vaidade pequeno-burguesa tismo e o baluar- coxo. Uma condição imprescindível para alcançar êxitos neste empreendimento consiste concepções em tanto espon\aneistas mente derrotar ideológicas teoria foquista como históricas renovadoras, golpistas e atual- estribadas antioperária partido, segundo as estranhas, e a qual quem na antifaz a revolução é o comunista, o herói e não as massas. chamados Na defesa e no fortalecimento da construção de produção, o desligadas das massas, como as de liquidacionistas, tribuição determinaram prematuro enraiza- O trabalho revolucionário de erigir poderosas bases proletárias (Continua na 11* p á g i n a ) no 6K AW,RÍo XI- D. £$ij AtP.^/jjp.tf V Nota Política da Comissão Executiva Suplemento Especial de "VOZ OPERÁRIA* 1967 - E.R AN, Cio x°l• o • Esí, ACP. H fi i 1. Acentua-se o descontentamento popular e já se verificam, com maior freqüência, manifestações de resistência e oposição à ditadura. A classe operária, apesar dos enormes obstáculos criados ao desenvolvimento da atividade sindical pela constante intervenção dos agentes policiais e do Ministério do Trabalho, formula suas reivindic içõe», protesta contra o "Fundo de Garan'i%", manifesta-se disposta a lutar contra a política salarial da ditadura e começa, nos principais centros industriais, a unir suas forças para a ação. Os trabalhadores do campo iniciam a reorganização dos seus sindicatos e procuram resistir ao nã-j cumprimento das leis trabalhistas por parte dos fazendeiros, já tendo havido greves de longa duração na indústria canavieira do Nordeste, ao mesmo tempo que surgem algamas lutas de posseiros. Os servidores públicos reorganizam suas forças, dispostos a lutar contra a penúria em que se cocuntram. Cresce a combatividade dos estudantes que lutam contra o acordo MEC-USAlD e enfrentam com firmeza a brutal repressão policial. São cada vez mais numerosas as manifestações patrióticas contra o opressor imperialista, cresce o ódio popular aos assassinos do povo vietnamita, sendo queimadas, em diversos lugares, bandeiras dos Estados Unidos e vaiado, em Brasília, o Embaixador dos Estados Unidos. Amplos setores da população, tendo à frente intelectuais, jornalistas e personalidades de destaque, inclusive sacerdotes católicos, tomam posição contra a legislação reacionária da ditadura, reclamam sua revogação, assim como a anistia geral, o término dos IPMs e a liberdade para os presos e perseguidos políticos. 2 . Com a posse do sr. Costa e Silva na presidência da República tentaram, porém, as forças reacionárias que usurpam o Poder — militares traidores e outros agentes do imperialismo — ampliar a base social da ditadura, anunciando mudanças na política econômico-financeira, a pacificação do país e medidas no sentido da democratização do regime. O sr. Costa e Silva, cuja candidatura foi imposta pelos setores mais reacionários das Forças Armadas, assumiu, por sua vez, compromissos com diversos setores da burguesia. Ampliou, assim, a base política do governo, do qual participam representantes daqueles setores —• como o sr. Magalhães Pinto e outros — que se haviam afastado do governo Castelo Branco, embora tivessem participado ativamente do golpe de 64 e defendam o atual regime, que lhes permite a crescente exploração dos trabalhadores. Para favorecer aos mesmos setores das classes dominantes, certas mudanças foram introduzidas na política da ditadura. Foi criticada a política econômico-financeira do sr. Roberto Campos, a qual, como se diz no "Programa de Diretrizes Básicas" do atual governo, "não logrou alcançar o resultado desejado, seja quanto à retomada do desenvolvimento, seja quanto à contenção da inflação". Alterou-se a fundamentação da política externa, que se apoiava na doutrina da inevitabilidade da guerra mundial e na descarada subordinação ao governo dos Estados Unidos, a fim de melhor mascarar a subordinação do Brasil ao opressor norte-americano. Tudo isso contribui para criar um clima de expectativa em mudanças favoráveis ao povo, o qual chegou a influenciar setores das camadas médias e mesmo da classe operária e paralisou praticamente a oposição burguesa. 3 . O sr. Costa e Silva representa, no entanto, as mesmas forças do golpe de abril e tem por tarefa, na presidência da República, consolidar o regime imposto à nação e que fêz do Brasil, ponto de apoio principal da política reacionária e agressiva dos imperialistas dos Estados Unidos na América Latina. Seu governo, como o de seu antecessor, é uma ditadura militar, reacionária e entreguista, que imprime ao desenvolvimento da economia nacional um curso favorável aos interesses dos monopólios norte-americanos, dos latifundiários e dos grandes capitalistas, à custa da crescente exploração das massas trabalhadoras e da espoliação das riquezas nacionais. • BR />N ; Kío %<\0. Tem sido esta efetivamente a orientação de seu governo em todos os terrenos. E" êle o defensor intransigente da nova Constituição fascistizante, que afasta o povo da vida política, liquida na prática as garantias individuais, anula as conquistas sociais dos trabalhadores, acaba com a autonomia estadual e munieipal, atribui podêres absolutos ao presidente da República e reduz o Poder Legislativo ao papel subalterno de mero registrador das decisões do Executivo. Ao mesmo tempo, utiliza-se da legislação reacionária para dar cobertura legal a violências policiais e ao arbítrio dos encarregados dos IPMs, para encarcerar trabalhadores, estudantes, intelectuais e sacerdotes. Mobiliza milhares de policiais contra um Congresso de estudantes. Além da famigerada Lei de Segurança, volta aos Atos Institucionais da ditadura para perseguir jornalistas e democratas em geral. Prende dirigentes sindicais que levantam as reivindicações dos trabalhadores e, apesar das promessas demagógicas do ministro do Trabalho, intervém no movimento sindical e procura subordiná-lo aos interesses da ditadura e dos patrões. No terreno da política econômieo-financeira dá continuidade à orientação ditada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o chamado "Programa de Diretrizes Básicas", procura, de fato, favorecer a determinados setores das classes dominantes. Afirmando que a inflação é na presente conjuntura uma "inflação de custos", arrola uma série de medidas que facultem maiores lucros para os grandes empresários brasileiros e os monopólios imperialistas. E' mantida, porém a poltica salarial de brutal redução do salário real instituída pelo sr. Roberto Campos, política que, além de antisocial, é economicamente nociva ao desenvolvimento do país. Ao mesmo tempo que anuncia a "reversão à tendência à estatização", o que constitui uma ameaça às empresas estatais, como a Petrobrás, o governo intensifica sua intervenção na economia do país em benefício dos patrões e contra a classe operária, reduzindo por lei seus salários, restringindo o direito de greve, dificultando sua organização, procurando, enfim, impedir que a classe operária lute em defesa de seus interesses. No terreno da poltica externa, prossegue, no essencial, a crescente submissão do Brasil, no campo internacional, à orientação ditada pelo Departamento de Estado do governo de Washington. E' o que -c passa E5Í, A C r \ H/àjp.té na ONU, como se verificou recentemente ao ser debatido em sua Assembléia Extraordinária o conflito no Oriente Médio. E igualmente na OEA, onde apoia as medidas propostas pelo governo da Venezuela, que visam a novas e maiores provocações contra Cuba. Como, diante da repulsa continental, não foi possível contar na OEA com os votos necessários à constituição da chamada Força Interamericana de Paz (FIP) — organização militar permanente de repressão ao movimento democrático e de libertação nacional dos povos latino-americanos —, trata a ditadura brasileira de entenderse com os "gorilas" da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e do Peru para porem suas respectivas Forcas Armadas em condições de atuarem coletivamente, intervindo em qualquer país da América Latina, segundo os preceitos da "doutrina Johnson". de intervenção armada e punitiva para salvaguardar a "ordem" a a estabilidade de governes reacionário? e pró-imperialistas. 4. Em gritantes contrastas com a linguagem demagógica do ST. Costa e Silva, que levanta como lema de seu govêrao a "meta homem", ou seja, a promessa d* bem-estar para o povo e de elevação do nível de vida dos trabalhadores, a política da ditadura orienta-se em benefício de um punhado de latifundiários e grandes capitalistas, bem como dos monopólios norte-americanos, oontra os interesses da imensa maioria da população. Agravam-se seriamente as condições de vida das massas trabalhadoras. Entre 1965 e 67, os salários reais da classe operária caíram em mais de 40%, já que os reajustes salariais foram calculados com base num "resíduo inflacionário" sempre muito inferior ao efetivo encarecimento do custo da vida. O salário mínimo teve até agora, a partir de 1964, o aumento aproximadamente de 150%, enquanto os preços dos gêneros de primeira necessidade subiram em mais de 250%. Instrumentos coercitivos, como as leis 4.725 e 4.903 e os decretosleis 15 e 17, facultam à ditadura colocarse acima da Justiça do Trabalho e limitar os reajustamentos salariais, liquidando por completo a liberdade de contrato de trabalho entre patrões e operários. O nível de vida das massas foi ainda agravado com o aumento geral de impostos e taxas, de tarifas dos serviços públicos, dos transportes urbanos e com as modificações introduzidas na lei do inquilinato, que contribuem BR Wj K<0 XT-O. e«>i',Acp.4/3 ; p /,£ para agravar o problema da habitação para as grandes massas urbanas. No campo, a situação é ainda mais séria. Além do desemprego e das perseguições, os fazendeiros violam sistematicamente a legislação trabalhista e os preceitos mais elementares do Estatuto do Trabalhador Rural relativo ao salário mínimo, descanso semanal remunerado, férias, aviso prévio, indenização por dispensa do trabalho, etc. Se, em São Paulo, o que se vê é o trabalhador maltrapilho, como reconhece um ex-presidente da reacionária Associação Rural Brasileira, em declaração ao "Correio da Manhã" (3-6-67), no interior do Nordeste são multidões famintas que invadem cidades e povoados em busca de alimentos. Como se diz no Memorial da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco, "com a revolução (quer dizer, B golpe de 1964), os trabalhadores perderam de fato o salário e a terra". Acentua-se o processo de pauperização das camadas médias urbanas, sendo cada vez maiores as dificuldades que enfrentam os estudantes e de crescentes privações a situação dos servidores públicos e de amplos setores de profissionais liberais. Os professores, por exemplo, são levados a movimentos grevistas e a demonstrações de protesto, em Minas Gerais, no Ceará e noutros Estados, para conseguir receber seus vencimentos, que os governantes deixam de pagar por meses seguidos. Amplos setores da pequena e média burguesia industrial o comercial são literalmente esmagados economicamente pelo processo de concentração de capital e da renda, que decorre da dominação imperialista • é acelerado pela política econômico-financeira do governo. A ditadura se opõe, assim, aos interesses da esmagadora maioria da nação. Apesar de toda a legislação reacionária em vigor e dos esforços demagógicos que acompanharam a troca de marechais na presidência da República, não conseguiram os generais golpistas e demais agentes do imperialismo a tão desejada e proclamada tranqüilidade política. Torna-se evidente a intromissão direta na vida política do pais dos setores mais reacionários das Forças Armadas, que querem continuar tutelando a nação. Aumentam as contradições dentro do próprio governo, cuja instabilidade se acentua. 5. O povo não pode, no entanto, alimentar ilusões no atual governo ou em mudanças que possam ser favoráveis à democracia e aos interesses dos trabalhadores, que decorram de simples troca de homens no Poder. Os trabalhadores não podem também iludir-se com as promessas do governo e dos patrões. Só através da luta poderão conquistar maior participação na distribuição da renda nacional, pois não serão as esmolas dos exploradores ou os programas e as leis da ditadura que elevarão salários e vencimentos ou poderão melhorar o nível de vida das massas explorada?. Os interesses da nação exigem a derrota da ditadura e a substituição do atual regime por outro efetivamente democrático, que permita às forças patrióticas, democráticas e progressistas impor sua vontade à minoria reacionária e entreguista, abrindo caminho para a solução revolucionaria des problemas brasileiros. O êxito da luta contra a ditadura dependerá fundamentalmente da unidade de ação das amplas forças que são por ela prejudicadas, as quais, como assinalámos, compreendem os operários, os camponeses, os empregados, os estudantes, os professores e os profissionais liberais, os pequenos e médios industriais e comerciantes e demais camadas da burguesia nacional e outros setores das classes dominantes objetivamente prejudicados pela crescente dominação imperialista e pela poltica da ditadura. O movimento de resistência, de oposição e luta ao regime fascistizante pode, assim, adquirir enorme amplitude. A frente única das forças antiditatoriais será formada no curso de ações concretas pelas liberdades democráticas, pelos interesses imediatos dos trabalhadores e de povo em geral, em defesa da soberania nacional, pelo desenvolvimento econômico independente do país. Tendo como elo central a luta pelas liberdades democráticas, as ações de massas devem também orientar-se no sentido de exigir a revogação da legislação reacionária e da Constituição fascistizante, a concessão de anistia geral e liberdade para todos os presos e perseguidos políticos. As lutas dos trabalhadores das cidades e do campo por suas reivindicações econômicas, pela elevação de salários, contra a carestia da vida e contra a política salarial da ditadura tem, nas atuais condições de nosso país, objetivamente, um caráter político. Mas, para que possam efetivamente contribuir para a derrota da ditadura é • indispensável que sejam organizadas e conscientemente dirigidas. Cabe aos comunistas a tarefa decisiva de organizar os trabalhadores nos locais de trabalho, de impulsionar suas lutas e de transformar as ações espontâneas, que já se iniciam, em lutas conscientes pelas suas reivindicações imediatas, desde as mais elementares, em lutas pela derrota da ditadura. Ao mesmo tempo, é indispensável participar ativamente da vida sindical, lutando pela liberdade e autonomia dos sindicatos, contra o pagamento do imposto sindical, contra o atestado de ideologia, pela livre eleição de suas diretorias. For piores que sejam as condições a que foram reduzidos os sindicatos, é através deles que será possível desenvolver e consolidar a unidade de ação da classe•iperária. A organização dós trabalhadores nas empresas facilitará sua mobilização para atuar nos sindicatos, criando assim condições para derrotar os policiais e provocadores infiltrados no movimento sindical e transformar os sindicatos em instrumento de luta em defesa dos interesses dos trabalhadores. Os trabalhadores do campo, em particular os assalariados agrícolas e os camponeses pobres, à medida que se unem e lutam contra a crescente exploração, iniciam a reorganização de seus sindicatos, fechados pela reação golpista, que tentou liquidá-los. E' indispensável estimular essa atividade, sendo um dever dos operários urbanos dar a maior assistência e ajuda aos seus irmãos do campo, tanto no terreno da organização sindical como no da solidariedade às suas lutas. Na luta contra o atual regime desempenham importante papel as camadas médias urbanas, em particular os intelectuais, diretamente interessados no progresso cultural do país, assim como a juventude estudantil, que já tem, pela sua combatividade, uma posição de destaque na luta contra o imperialismo norte-americano e contra a ditadura. Ao mesmo tempo que defendem a UNE e demais entidades perseguidas pela reação, devem os estudantes buscar outras formas de organização que lhes permitam maior participação nas lutas por seus interesses específicos e pelas liberdades democráticas, bem como formas de luta que facilitem a unidade com a classe operária, com os camponeses e demais forças democráticas e populares. 8 * AM,Hio X^-O.-Es^ACp.q^p.l}- 6. A minoria reacionária ainda consegue manter a ditadura e levar à prática sua política contra o povo e a nação, porque as forças operárias, populares e democráticas se acham desorganizadas e desunidas. Organizadas e unidas, as massas trabalhadoras, através da ação, poderão conquistar a legalidade de fato, poderão obrigar a minoria reacionária a recuar, terão condições para enfrentar com êxito a violência da ditadura e acabarão por derrotá-la. Isto exige que, sem deixar de utilizar todas as formas legais de luta, as forças populares não se limitem nas ações de massas aos marcos das leis impostas pelo atual regime. Desde que correspondam à situação concreta e ao nível de consciência das massas e contem efetivamente com a participação das massas, as lutas contra a ditadura são sempre justas, quaisquer que sejam as formas que tomem. s Será a organização das massas que impulsionará a unidade das forças políticas, das correntes democráticas e progressistas. Os comunistas dirigem-se muito especialmente às forças de esquerda, que compreendem a necessidade de transformações revolucionárias e por elas lutam, e as conclamam a unidade de ação em defesa das reivindicações e dos direitos dos trabalhadores e do povo, contra a ditadura, a fim de constituírem, juntamente com o Partido Comunista, o núcleo firme e conseqüente da ampla frente das forças antiditatoriais. Apelando para a unidade de todos os patriotas e democratas em torno de uma ampla plataforma comum, que represente os interesses comuns e seja, através do mais amplo e livre diálogo, coletivamente elaborada, os comunistas combatem ao mesmo tempo a tendência à passividade, a ficar de braços cruzados à espera das ações espontâneas, e a tendência a ações aventureiras, que não levam em conta a situação concreta e o nível de consciência das massas e que, por isso, delas se separam e dão armas a reação. A unidade das forças políticas contrárias à ditadura e ao atual regime é possível, mas não poderá resultar apenas dos entendimentos de cúpula. Deve ser conquistada na ação, entre o povo. r 7. A luta contra o atual regime é inseparável da luta contra o opressor estrangeiro, o imperialismo norte-americano, que é o inimigo principal de nosso povo. E' indispensável, no momento atual, intensificar BR AM, Rio K<\-0- a luta contra a criminosa guerra no Vietnam, exigindo que cessem os bombardeios da República Democrática do Vietnam e que as tropas do imperialismo e de seus asseclas retirem-se do território do Vietnam do Sul, e desenvolvendo em nosso pais um amplo movimento de solidariedade ao heróico povo vietnamita. Ao mesmo tempo, é necessário intensificar a luta em defesa da paz mundial, apoiando a política de paz e coexistência pacifica da União Soviética, em especial sua firme posição ao lado dos povo árabes, contra a agressão dos imperialistas e seus agentes do Estada, de Israel, pela completa eliminação das conseqüências da agressão. Devemos saudar o vigoroso movimento contra a guerra de amplos setores democráticos e progressistas dos Estados Unidos e dar especial destaque e todo nosso apoio ao heróico movimento das populações negras daquele pais contra a miséria e as discriminações raciais de que são vítimas. K* também necessário intensificar a solidariedade ao povo cubano e a todos os patriotas que em diversos países do Continente lutam sob as mais diversas formas, inclusive de armas na mão, contra o imperialismo norte-americano, pela libertação nacional e o progresso social. O apoio ao ESijACp. Hf$) povo boliviano exige, neste momento, lutar contra a agressão militar dos Estados Unidos e, muito particularmente, a participação do governo brasileiro nessa agressão. Precisamos denunciar as diversas manifestações da dominação imperialista em nosso' país, intensificar a luta contra a OEA, contra a participação na FIP, desmascarar o conteúdo reacionário da "ajuda" americana, da "Aliança para o Progresso" e do pretenso mercado comum latino-americano, e exigir a saída do país dos inúmeros espiões e agentes norte-americanos e de suas diversas organizações, como os chamados corpos da paz e outros. A luta contra o imperialismo é inseparável da luta contra seus agentes e sustentáculos internos, em particular os latifundiários, e por uma reforma agrária radical. Ao lutar contra a ditadura, os comunistas esforçam-se por ganhar as grandes massas para a luta pela" vitória da revolução nacional e democrática, pelo triunfo do socialismo em nosso país. Agosto de 1967. A Comissão Executiva do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro.