Um luxo de investimento

Transcrição

Um luxo de investimento
Um luxo de investimento
email
pdf
GQ Brasil / Online - -- - HOME - 14/09/2013
Visualizações: 0 | Canal: BRASIL PLURAL | Página:
Online | Seção: HOME
web
Um luxo de investimento
GQ Brasil - None - HOME - 14/09/2013
1- Carros: edições raras e valiosas
Na garagem de José Orlando Lobo, um Jaguar E-Type de 1965, avaliado em R$ 400 mil
(Foto: Beto Riginik)
O número crescente de milionários brasileiros(hoje são 165 mil donos de contas de
sete dígitos, ante 143 mil em 2007) colocou o país no mapa dos chamados
"investimentos emocionais" - ou seja, ativos que também são paixões do investidor. E os
carros raros, além de belas máquinas vintage, estão entre os bens que representam retorno
garantido ao comprador.
O melhor negócio é comprar veículos demarcas top,de séries numeradas. O valor de uma
Ferrari 250 GTO,modelo limitado (apenas 32 unidades) produzido entre 1962 e 1964, por
exemplo, pode chegar a R$ 16 milhões.Uma Ferrari nova custa hoje até R$ 2,9 milhões. "E
há modelos que valorizaram mais de dez vezes", diz o colecionador José Orlando Arrochela
Lobo.
No Brasil, ainda não há fundos de investimento específico para carros, como na Suíça, por
exemplo.Mas o aquecimento do mercado de veículos de luxo (Ferraris e Porsches raros
valorizaram 13,9%) indica que aplicar nesse ativo vale a pena. Desde que o carro seja
antigo. Se for zero quilômetro, mesmo que de marcas como Ferrari, não espere valorização
no curto prazo.
"Os investimentos emocionais são recomendados para pessoas que já têmao menos um
bom imóvel e aplicações em renda fixa e variável. Depois disso é que elas devem buscar
investimentos alternativos", afirma Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do
Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em São Paulo.
Quem se deu bem
José Orlando Lobo- Colecionador incorrigível, viu seus carros raros multiplicarem de valor. E
o hobby virou investimento.
Na manhã de 4 de maio, quem passou por um Fiat 147 prateado na Avenida Faria Lima, em
São Paulo, provavelmente não supôs que o condutor era José Orlando Arrochela Lobo, dono
de um dos maiores escritórios de advocacia do país, o Lobo & de Rizzo. Aos 53 anos, Lobo
tem coleção de 12 carros, iniciada com um Maverick V8. Depois vieram duas Ferraris (uma
355 e uma 456), dois Porsches (um Turbo e um Boxster S), um Jaguar E-Type de 1965,
uma
Lamborghini Countach, veículos às dezenas - mais de 50 ao longo da vida.
A paixão sempre foi a razão das compras, mas os carros se revelaram ótimo investimento.
A coleção valorizou 400% em dez anos. O mais caro é o Jaguar E-Type: R$ 400 mil. E um
Alfa Romeo GTV, de 1967, foi o que mais valorizou: 600% (vale R$ 140 mil). "Não se deve
pensar só no lucro. Quem faz isso não gosta de carros e o risco de investir mal é grande",
diz.
2- Vinhos: Petrus a peso de ouro
Acervo particular: alguns rótulos raros da adega de 20 mil garrafas de Junior Durski (Foto:
Beto Riginik)
Há três anos, logo após se aposentar como gestor de fundos de investimento, Alexandre
Zákia se deu de presente uma viagem a Bordeaux, no sudoeste da França. Descobriu ao
voltar que alguns vinhos da região passavam por valorização inédita e possuíam o que se
chama grau de investimento - características como capacidade de "apurar" na garrafa e
melhorar como tempo, ser produzido numa região pequena e tradicional, resultar de
boa safra, ser negociado em bolsa e ter recebido de críticos pontuação acima de 90 (numa
escala de 0 a 100).
Zákia verificou que essas garrafas começavam a se tornar objetos de desejo também pelo
retorno financeiro. Inspirado pela bolsa eletrônica de vinhos de Londres, a Liv-ex, Zákia
tratou de lançar o primeiro fundo desse tipo no Brasil: o BordeauxWineFund.
saiba mais O barato dos bens de luxo compartilhados o automóvel mais caro já leiloado Funciona assim: o fundo brasileiro, gerenciado por uma empresa também fundada por
Zákia, compra cotas de outro fundo que opera fora do Brasil (offshore) e é gerido pela
mesma empresa.
O fundo offshore, então, aplica os recursos na compra de caixas fechadas de garrafas
dos 24 tipos de vinhos que compõem o índex Liv-ex Fine Wine Investables, da bolsa Liv-ex.
Entre eles está o reverenciado Petrus, entre os mais caros dos Bordeaux, cujo lote de 12
garrafas teve lance mínimo de US$ 25 mil no último leilão da Sotheby's, em Nova York.
À medida que os vinhos do fundo offshore se valorizam, o mesmo ocorre com a cota
do fundo vendido a brasileiros. O conselho dos gestores é fazer o resgate da aplicação, em
dinheiro, cinco anos após o investimento. Na prática, porém, os melhores Bordeaux chegam
à maturidade de 20 a 30 anos depois de produzidos. Com essa idade atingemtambém o
auge da valorização financeira.
Ou seja: resista à tentação de impressionar amigos e mantenha seu vinho raro na adega.
Siga o exemplo do colecionador Ennio Federico, que comprou em Paris, em 1990, uma
garrafa de Château Le Pin 1983. Na verdade, ele viajara para comprar um caríssimo Petrus.
Mas, ao descobrir que o Le Pin era produzido na mesma região (Pomerol) e que a garrafa
custava US$100,mudou de ideia e apostou nomais barato. Em 2000, a vendeu num leilão
no Brasil por R$ 2,5 mil - valorizou, simplesmente, 2.500%em dez anos.
Quem se deu bem
Junior Durski - O chef de cozinha trocou a vodca pelo vinho e hoje possui uma das adegas
mais respeitadas do país.
Quando se tornou chef de cozinha, em 2000, e abriu o restaurante Durski em Curitiba, o
paranaense Luiz Renato Durski Junior, como todo bom polaco, gostava mesmo era
de vodca. Até que foi apresentado, pelo sogro, ao mundo dos vinhos.
Gostou tanto que decidiu conhecer regiões produtoras da bebida na Europa. A partir de
2006, montou no restaurante uma adega que hoje tem 20 mil garrafas de 2,6 mil rótulos, e
conquistou várias vezes o prêmio de melhor carta de vinhos do país. Apesar disso, resiste
em vender certas garrafas - trata a adega como acervo particular. "Mais que negociante,
sou colecionador. Outro dia abri um Château d'Yquem de 1944. Foi sublime", diz.
Para se ter uma ideia, um lote de Château d'Yquem mais jovem, de 1990, foi vendido na
Christie's por US$ 2.662. E a adega toda, pensa em vendê-la? Primeiro, diz que vai "beber
tudo antes de morrer". Depois, racionaliza: "Vai ficar para minhas filhas".
3- Obras de arte: visita ao próprio acervo
Bicicleta de Jarbas Lopes e quadros de Luiz Zerbini: parte da coleção de Fabio Szwarcwald
(Foto: Beto Riginik)
Apesar do sucesso de investir em objetos de desejo como carros e vinhos raros, é no
mundo da arte contemporânea que reside o maior destaque entre os ativos emocionais
no Brasil.
Há três anos, o segmento aparece nos relatórios do banco de investimentos Merrill Lynch
como o segundo a receber o maior volume das aplicações passionais: em média, 23% dos
recursos. No mercado global, aparece atrás dos investimentos em luxos colecionáveis, itens
como carros e barcos. Logo depois, com 22%, aparece a categoria composta por joias,
pedras preciosas e relógios.
O primeiro fundo de arte do Brasil, o Brazil Golden Art (BGA), surgiu há dois anos com
dupla missão: montar uma coleção da nova arte contemporânea brasileira e converter o
cenário atual em rendimento para seus cotistas.
Criado pelos amigos Heitor Reis, fundador do banco Brasil Plural , e Rodolfo Riechert, exdiretor do Museu de Arte Moderna da Bahia, o BGA captou R$ 40 milhões de 70
investidores. Desse total, 60% já foi aplicado em 700 obras de 180 artistas.Entre eles estão
medalhões como Beatriz Milhazes e Adriana Varejão e artistas em ascensão como Henrique
Oliveira, Eduardo Berliner e Mariana Palma.
Mas os cotistas não interferem na escolha das obras. E essa é a diferença essencial entre
comprar peças numa galeria por conta própria e possuir cota do BGA. O banco garante aos
investidores outros benefícios: eles podem visitar o acervo quando quiserem, Reis os
procura regularmente, envia relatórios de valorização e fornece orientação sobre compras
particulares de obras. Uma vez por ano, eles podem apresentar a coleção a amigos,em
exposições fechadas. A última foi em dezembro, no Museu Brasileiro da Escultura
(MuBE),em SãoPaulo.
Os colecionadores já começam a sonha com a bolada que levarão quando chegar a etapa do
desinvestimento, no fim de 2014. Entre as opções está a venda da coleção ou parte dela
para museus. Até agora, o acervo do BGA valorizou 150%, segundo Reis. O artista
Henrique Oliveira, de 40 anos, é exemplo disso. Em 2006, uma obra dele valia R$ 7 mil.
Hoje, elas custamentre R$ 100 mil e R$ 150 mil - valorização acima de 1.300%.
Quem se deu bem
Fabio Szwarcwald - De tanto dar dicas a interessados em investir em arte, passou
a patrocinar artistas e a vender obras.
Há dez anos, nada indicava ao executivo financeiro Fabio Szwarcwald que ele se tornaria
colecionador de arte. Menos ainda que influenciaria amigos e colegas. O divisor de
águas veio ao comprar um apartamento, em cujas paredes pendurou quadros, em vez dos
habituais pôsteres. Hoje, aos 40 anos, Szwarcwald tem mais de 350 obras. E, quando se
desfaz de peças, sempre tem lucro.
Um conjunto de duas fotografias feitas por Geraldo de Barros, adquirido por R$ 12 mil em
2006, por exemplo, foi vendido em 2012 por R$ 28 mil, e uma pintura de Mariana Palma,
comprada por R$ 22 mil, hoje vale R$ 120 mil. A coleção representa 35% de seus ativos.
Tantos conselhos a amigos ainda lhe inspiraram a criar um projeto, o Simbiose na Arte
(patrocínio de três artistas por trimestre, para produção de dez obras). Com o sócio
Franklin Pedroso, vende pacotes de obras por até R$ 30 mil. O projeto já está na quarta
edição.
window.onload
=
function(){jQuery(".foto.componente_materia
a.lightbox").lightBox
({path: "/media/edgcore/plugins/lightbox/",txtOf: "de",txtImage: "Imagem"});};