Acadêmico Roberto Antonio Carneiro

Transcrição

Acadêmico Roberto Antonio Carneiro
..............MEU ENCONTRO COM EDGAR ALAN POE................
Edgar Alan Poe,mestre da ficção de suspense e terror,nasceu em 1804 e
faleceu em 1849,há 160 anos ; morreu abandonado e solitário nas ruas
de Boston, com roupas que não eram suas,em “delirium tremens”,pelo
alcoolismo que o mantinha cativo por anos.Provavelmente portador de
sífilis e diabetes. Edgar Alan Poe,escritor ,poeta,romancista,,foi também
editor de jornal em New York. Filho se família” escocesa-irlandesa” cujo
pai era o ator David Poe e mãe a atriz Elizabeth Arnold Poe. Ao falecer
os pais,foi criado por Francis Alan e sua esposa.Francis Alan era um
mercador de tabaco com algum dinheiro na vida.Edgar levou uma vida
cheia de erros,viciado em jogo,perdeu tudo quer tinha em
jogatina.Tornou-se boêmio,porem conseguir por influencia do seus pais
adotivos,entrar para a Academia Militar de West Point,de onde foi
expulso por não ser obediente ás ordens dos superiores.Em New York
publicou seus primeiros ensaio;,era editor de um jornal novaiorquino de
importância.Escreveu em anos seguintes mais de 20 contos de terror e
fantasia.Importantes para citar :O gato preto”,!”O Corvo e “A senha e o
pendulo” contos estes,estes foram eternizados no cinema por atores tais
como Vincent Price,Peter Lorre,Boris Karlof,Bela Lugosi e John
Carradine. O escritor passou pequena parte de sua vivendo na cidade
natal de Baltimore,estado de Maryland,nos Estados Unidos.A literatura
fantástica fez com que seu nome ficasse para sempre marcado na
literatura mundial.Contos e mais contos sempre explorando a mente
humana em fantásticas viajens pelo sobrenatural........Nome muito
respeitado no meio literário mundial.....Edgar Alan Poe....
.............Estava visitando Baltimore,depois de ir de New York para
lá,saindo do aeroporto La Guardia e embarcando num turbo-helice ,no
qual tive que abaixar a cabeça,nos meus 1.8o de altura,para não bater a
cabeça no teto do avião. Eramos 12 passageiros .Cada seis sentados de
um lado e outro da aeronave,para não desequilibrar o peso,como pedia
uma aeromoça que mais parecia saída de um concurso de Pin-up girls ou
de Next Top Models, andando com a cabeça abaixada dentro da
aeronave . Em seguida a aeronave alçou vôo e balançava desde os
minutos de vôo até a cidade de Baltimore .Graças a Deus chegamos
ilesos em Baltimore. A ida de ônibus para o Hotel Grande Bristol no
centro da cidade,de quatro estrelas, que eu podia pagar com diária de 100
dólares,foi rápida e me aboletei num pequeno apartamento, limpo sem
frigobar,com televisão á cores de tamanho médio e sabonete mínimo no
banheiro, que tinha somente um par de toalhas. Saí rápido para
conhecer o museu de Alan Poe,pois era a minha fantasia conhecer a
figura em cera do escritor,que estava exposta naquele museu da
cidade.Tomei um taxi na porta do hotel dei o endereço ao taxista,escrito
num papel que trazia desde o Rio de Janeiro quando embarquei no
aeroporto Antonio Carlos Jobim.
......Eu tinha 23 anos,estudava Literatura,não fazia esportes e passava o
dia lendo escritos de ficção. Alan Poe era um dos meus favoritos e que eu
mais admirava. Eu era um verdadeiro “nerd”. Pensava que no futuro
poderia ser um escritor,não tão espetacular como Poe, de literatura
fantástica. No taxi bem conservado,com o relógio em meu pulso
marcando 6 horas da tarde acreditava que seria tarde para ir naquele dia
ao museu; me disseram no hotel que o museu ficava aberto até as 22
horas.O taxista,senhor de seus 60 anos,com vasta cabeleira e barba com
cavanhaque,era latino e vendo logo minha figura brasileira,moreno de
cabelos pretos, perguntou-me se falava espanhol . Eu respondi que
arranhava e falava um “portunhol”,que daria para ser de qualquer
maneira entendido.Espanhol eu aprendi no colegial em aulas
poucas,com um professor de origem basca,falando um espanhol
dialético.Falou-me, o taxista, que poderia me levar,primeiro a um
cemitério em bairro não muito longe Baltimore,onde estava sepultado o
escritor” baltimorense”:Edgar Alan Poe.. Eu sem titubear falei que seria
ótimo,pois teríamos tempo depois de ir até o museu.Conheceria o local
em que foi sepultado o escritor .Meio mórbido mas a caráter pelo
significado da pessoa que foi Alan Poe. O taxi rodou por uns 30
minutos,por ruas largas,depois estreitas e finalmente chegamos aos
portões de um antigo cemitério,que não deveria ser grande como o
cemitério municipal,mas provavelmente um cemitério particular,para
enterrar os grandes nomes da cidade. Assim pensei . Estava
escurecendo,com o céu com nuvens negras e plúmbeas, ameaçadoras. O
homem latino do taxi disse que esperaria uns 15 minutos para que eu
pudesse visitar o tumulo de Poe. Assim o fiz. Adentrei nos campos de
um exíguo cemitério e com os portões que dava passagem para o interior
deste,rangendo como se fossem os de um velho castelo medieval inglês.
Em quatro fileiras,bem arranjadas e enumeradas, de túmulos brancos e
jazigos escuros, dei de cara com uma pessoa, não sabendo de onde havia
emergido,um homem não muito velho ,trajando uma roupa toda
negra,cabelos caindo nos ombros e exibindo uma cabeleira de brancura
alva, entremeada de fios cinzentos. O homem de aparência
circunspecta,que me pareceu um guarda-túmulos do cemitério,disse-me
em uma voz respeitosa e ao mesmo tempo baixa: “ Viestes para honrar
os mortos ou para satisfazer sua curiosidade?” .Perguntou-me e eu
respondi num inglês meio atravessado:que lá estava para honrar o
escritor Edgar Alan Poe,figura que respeitava e que sempre lia e amava
seus contos fantásticos. O homem disse-me então .”Estou
satisfeito.Quero que você leve em seguida e leia cuidadosamente depois ,
estas paginas que tenho para você,Ronaldo”,(Como sabia meu primeiro
nome?) Tremi um pouco,mas peguei avidamente o calhamaço de
papeis,que me parecia um manuscrito muito velho,das mãos crispadas e
esquálidas daquele homem. Notei olhando bem que este homem fátuo
tinha feições rugosas e magreza cadavérica.Olhos profundos repousando
em grandes olheiras de cor marrom. Continuei com medo ,arrepios
corriam por todo meu corpo,mas pensei o que poderia alguém me fazer
de mal,num pequeno cemitério sem nenhuma viva alma passante?
Somente estava eu e os jazigos perpétuos naquele instante em que
visitava a cidade repouso eterno os mortos. Havia lá fora e bem perto o
taxista latino me esperando,que eu poderia gritar e chamar por socorro a
qualquer instante,se fosse necessário,ou se fosse atacado. Espero que os
mortos não se levantem e me aprisionasse com suas mãos esqueléticas.
Peguei atabalhoadamente e sem pensar duas vezes, as folhas de papel
escritas á tinta e a mão,penso que com caneta de pena metálica;
observei rapidamente,lendo de soslaio, que no título em inglês estava
escrito:”A visita mórbida de Ronaldo Farias ao meu túmulo”,em duas
folhas legíveis e bem escritas .No fim da ultima folha, no pé desta, havia
uma sigla assinada:” E.A.P.”. Voltei-me rapidamente,tremendo dos pés
á cabeça e vislumbrei ,ao apagar das ultimas luzes do dia e da tarde,em
um cemitério em que somente havia algumas velas fulgurando, que a
figura fantasmagórica se afastava lentamente como se flutuasse no ar.
Estaria empurrada talvez por criaturas fantásticas,vampiros talvez ou
motos vivos; suas vestes negras esmaecidas pelo tempo e um pouco
rasgadas maltrapilhas mesmo.Tinha pousado calmamente,mas
gralhando em altos tons, em seu ombro magro um grande,belo , luzidio
nas suas penas ,um negro” corvo”.........”Desisti de ir ao museu,voltei
correndo e tremendo para o taxi, que me pareceu por uns breves
instantes,um coche negro com dois corcéis mais negros que o breu. A
volta até o hotel,pois desisti do museu,foi rápida e eu fiquei em
silêncio,pensativo o tempo todo.Alinhavei de maneira pressurosa ,no
quarto do hotel,com os dentes ainda batendo de emoção, o conto que
havia recebido das mãos esquálidas e que falava sobre minha visita ao
túmulo do escritor. Tive noção que sabia dentro de minha alma, que
havia recebido de suas mãos ,de Edgar Alan Poe,um daqueles que seriam
um dos meus primeiros contos de ficção, que fez sucesso,anos mais tarde
quando passei a escrever,mais e mais. Das mãos do espectro do próprio
Edgar Alan Poe recebi o texto para meu primeiro conto de ficção. Nisto
eu acredito. A minha estada em Baltimore estava completa,podia voltar
ao Brasil cheio de uma alegria medrosa, por vislumbrar meu futuro
como contista de terror. Era o que eu mais desejava........................
Mini-conto de ficção. Roberto Carneiro- 2009-
“Inspirar num contista famoso como Poe , faz abrir nossa alma para
conhecer as fatos que por ventura existam no mundo sobrenatural”