Edgar Allan Poe Póstumo
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Edgar Allan Poe Póstumo
Edgar Allan Poe Póstumo A produção literária que marcou, indelevelmente, a vida de Edgar Allan Poe, foi, sem dúvida, o extraordinário e enigmático poema O CORVO (The Raven), publicado, pela primeira vez, em 29 de janeiro de 1845. O CORVO está ligado a Allan Poe, como OS LUSÍADAS, a Camões; A DIVINA COMÉDIA, a Dante; AS FLORES DO MAL, a Baudelaire; A ENEIDA, a Virgílio; a ILÍADA e a ODISSÉIA, a Homero É um poema longamente trabalhado. Afirma a propósito, Oscar Mendes em “Edgar A. Poe – Ficção Completa, Poesia e Ensaio” (Aguilar Editora, 1965): “Há provas de que levou uns quatro anos com a fatídica ave empoleirada na mente, como empoleirada estava no busto de Minerva que figura no poema”. O CORVA, com o passar do tempo, foi traduzido para vários idiomas: Em português, as traduções avultam, destacando-se a de Machado de Assis e a de Fernando Pessoa, bem como a de Gondim da Fonseca, que procurou preservar a métrica do original inglês. Aos quarenta anos de idade (1849) Edgar A. Poe desencarna em estado deplorável , presa do álcool, na cidade de Baltimore, após vários dias de delírio. Eis como ele próprio relata o seu trespasse, através da faculdade mediúnica do jornalista JORGE RIZZINI, conservando o seu prodigioso talento para o grotesco e para o horrível: “Ah, o testemunho singular! Chegou o tempo e vou-lhes Dar, Embora ecoem na minh’alma estes gemidos cruciais. Agora, sim, vejo melhor; é mês de outubro em Baltimore E estou enfermo, bem pior. De uma taberna infame saio E na calçada gemo e caio; ergo-me, tonto e, enfim, desmaio! Foi um desmaio ou talvez mais? Não sei. Terrível pesadelo. Alguém penteia o seu cabelo, Enquanto diz: ‘Não percam tempo, é fazer já os funerais’. E soluçante dá-me um beijo e só, então, perplexo, vejo um longo e fúnebre cortejo a acompanhar o meu caixão. Ponho-me em pé. Esta visão, sim, certamente, é uma ilusão. Uma ilusão e nada mais”. O título do poema de autoria do Espírito Edgar Allan Poe, transmitido mediante o concurso mediúnico de Rizzini, é MEU TESTEMUNHO, e integra o livro, ANTOLOGIA DO MAIS ALÉM, edição da FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO – FEESP. Em MEU TESTEMUNHO, Allan Poe reporta-se ao seu imortal poema O CORVO. E na esfera imponderável, no mundo dos Espíritos, a ave agoureira lhe diz, “a dar risada: Não te abandono nunca mais!” Sobre o poema psicografado por Jorge Rizzini, o poeta Walter José Faé observou que o “poema de Além-sepultura, atribuído a Edgar Allan Poe, é uma peça tecnicamente perfeita, de elaboração dificílima e somente um poeta consumado poderia tê-la transmitido como está”. E acrescenta: “Ao invés de noves rimas (incluindo-se as internas) como aconteceu em O CORVO, Allan Poe no poema de além-túmulo esmerou-se ainda mais na distribuição homofônica, elevando para dez as rimas”.