o ensino de genética mendeliana na educação básica
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o ensino de genética mendeliana na educação básica
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 O ENSINO DE GENÉTICA MENDELIANA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA UTILIZANDO EXPERIMENTOS CONTROLADOS EM DROSOPHILA MELANOGASTER Vanessa Perpétua Garcia Santana Reis (UEFS/Instituto de Educação Gastão Guimarães, Feira de Santana, BA) Ana Lúcia Albuquerque Pereira Costa Amarante (Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, Feira de Santana, BA) Susie Vieira de Oliveira (UEFS, Departamento de Ciências Biológicas) Maria da Conceição Lago Careiro (UEFS/Instituto de Educação Gastão Guimarães, Feira de Santana, BA) Karine Brandão Oliveira Rios (UEFS, Estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas) Claudia de Alencar Serra e Sepúlveda (UEFS, Departamento de Educação) RESUMO Este artigo tem como objetivo apresentar uma seqüência didática sobre ensino de genética na Educação Básica e seu processo de construção. Esta inovação tem como foco o ensino do monoibridismo, tendo como estratégia didática a condução de experimentos controlados em Drosophila melanogaster. A abordagem metodológica adotada é o design research, que pode ser entendida como o estudo sistemático do planejamento, da implementação, da avaliação e da manutenção de intervenções educacionais inovadoras como soluções para problemas da prática educacional. A sequência está estruturada em quatro momentos e terá como critério de validação interna um teste aplicado antes e depois da realização do experimento bem como da discussão dos resultados obtidos. PALAVRAS-CHAVE Dificuldades no ensino de genética, research, mosca-da-fruta sequência didática, monoibridismo, design 7286 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 INTRODUÇÃO A genética é uma área da biologia que traz respostas a algumas questões fundamentais sobre a vida, que os estudantes freqüentemente trazem para a sala de aula. Estas questões em sua grande maioria dizem respeito à transmissão e ao desenvolvimento das características, trazendo à tona conceitos e processos ligados à hereditariedade. Uma das razões para a importância da genética reside no fato de que, na hierarquia dos fenômenos biológicos, ela atua num nível que permite fazer a ponte entre os níveis biológicos que se ocupam dos organismos e do níveis bioquímicos, que tratam de fenômenos moleculares. Não só por esta razão, ela contribui para a unificação da biologia, mas também por mostrar que os processos genéticos presentes nas diversas espécies apresentam grande similaridade, apesar da grande diversidade da vida (MAYR, 1998). O ensino de genética se reveste de importância pelo fato de que uma série de tópicos da biologia toma como base os conceitos de herança e o entendimento do fluxo gênico, como é o caso do estudo da evolução e da diversidade dos seres vivos (JIMENÉZ ALEXANDRE, 1992; BANET; AYUSO, 2003). A relevância social e econômica da genética, com todas as implicações tecnológicas, sociais e éticas envolvidas em sua produção, e sua importância na estrutura conceitual das ciências biológicas, são alguns dos fatores que fazem com que o ensino de seus conceitos e modelos explicativos tenha sido um dos tópicos mais investigados pelos pesquisadores que se dedicam ao ensino de biologia ( LEWIS; WOOD-ROBINSON, 2000; BANET ;AYUSO, 2003). Com a mesma veemência que se ressalta a importância do ensino da genética, tem sido também destacada a abrangência das dificuldades no ensino e aprendizagem desta área do conhecimento biológico (STEWART, 1983; BANET; AYUSO, 2003). Uma vasta literatura aponta uma série destas dificuldades, dentre elas, a abordagem fragmentada dos conteúdos de genética, freqüente nos currículos e nos livros didáticos (CANTIELLO; TRIVELATO, 2001; MARBACH, 2001; SILVEIRA; AMABIS, 2003; CHATTOPADHYAY, 2005), a qual desfavorece a compreensão da relação estabelecida entre conteúdos centrais, como entre DNA e cromossomos, ou entre meiose e leis de Mendel. 7287 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Outra dificuldade se refere à resolução de problemas, classicamente trabalhados na educação básica para promover a apropriação dos conteúdos de genética pelos estudantes, que, por vezes, conseguem resolver problemas relativos a este campo do conhecimento de modo algorítmico, sem de fato compreender os conceitos envolvidos. (THOMSON; STEWART, 2003; BANET; AYUSO, 2003; AZNAR; IBANEZ, 2005). As dificuldades envolvidas com a resolução de problemas estão também relacionadas ao nível de habilidade matemática e capacidade analítica necessária para lidar com problemas de genética com sucesso. O excesso de vocabulário utilizado no conhecimento escolar de genética é outra fonte de dificuldades, somando-se a já destacada falta de articulação dos conteúdos (RODRÍGUEZ, 1995; BAHAR et al., 1999). Diante do exposto, e considerando a importância da compreensão acerca das relações entre conceitos em genética, como por exemplo a compreensão da segregação cromossômica na meiose e sua relação com as proporções observadas em cruzamentos mendelianos, como um dos desafios mais comumente relatados por professores, tanto do ensino médio, como no ensino superior (MARILIA; NETO, 2005; FALA et al., 2010), e baseado na literatura acima apontada, bem como na prática docente dos professores envolvidos nesta proposta, apostamos no investimento da produção de uma sequência didática, que tem como mote a condução de experimentos controlados, utilizando-se a Drosophila melanogaster como organismo modelo em cruzamentos monoíbridos. A Drosofila melanogaster é popularmente conhecida como a mosca das frutas, e são organismos amplamente utilizados pelos geneticistas, graças às inúmeras vantagens que apresentam, como ciclo de vida curto, grande número de descendentes por cruzamento, cultivo simples e de baixo custo, número haplóide de cromossomos pequeno (n=4), ausência de eventos de permuta nos machos, existência de cromossomos politênicos e grande número de mutações já identificadas e analisadas. Esta mosca além de ser amplamente utilizada em pesquisas, também pode ser um recurso didático de grande valia, tanto no Ensino Superior quanto na Educação Básica. De maneira eficiente e econômica, os professores podem abordar aspectos relacionados à reprodução, aos ciclos de desenvolvimento e os diversos padrões de herança, pelo desenvolvimento de habilidades de observação, registro e associação entre análise de resultados obtidos e elaboração de conclusões (SEPEL; LORETO, 2010). 7288 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Estas facilidades na manipulação destes organismos e potencial pedagógico de sua utilização como modelo são algumas das razões que levaram a apostarmos na realização de experimentos controlados em Drosophila melanogaster em sala de aula de Biologia. Ressaltamos que a proposta de construção e desenvolvimento da sequência didática apresentada se dá no âmbito da dinâmica de um grupo colaborativo engajado na prática social de pesquisa em ensino de ciências e biologia situada na escola. O grupo é composto pesquisadores da área de ensino, filosofia e história das ciências, professores da educação básica atuantes no Ensino Médio de Biologia e Química e no Ensino Fundamental de Ciências, de escolas públicas do Estado da Bahia e alunos de pósgraduação desta mesma área de conhecimento. O grupo se reúne presencialmente uma vez por mês para decidir coletivamente questões relativas ao planejamento e à execução de investigações realizadas em cada escola, focadas em inovações educacionais, mas também para estudar e discutir a literatura acerca da natureza da pesquisa docente, inovação educacional, metodologia da pesquisa educacional. Além destas reuniões mensais, são realizadas reuniões com sub-grupos nos NUPECs (Núcleo de Pesquisa em Ensino de Ciências) das escolas, com o objetivo de tratar de aspectos mais específicos do trabalho pedagógico e da condução das investigações pelos professores. E mantém ainda uma comunicação virtual por meio da participação em uma comunidade virtual de prática, a Comprática, e por meio de troca de mensagens por e-mail de grupo (EL-HANI et al, 2011). Assim, este artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de sequência didática sobre ensino de genética na Educação Básica e seu processo de construção, que tem foco no monoibridismo, tendo como estratégia didática a condução de experimentos controlados em Drosophila melanogaster. PROPOSTA METODOLÓGICA DE CONSTRUÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA Adotamos como abordagem metodológica o design research, que pode ser entendida como o estudo sistemático do planejamento, da implementação, da avaliação e da manutenção de intervenções educacionais inovadoras como soluções para problemas da prática educacional (BAUMGARTNER et al. 2003; PLOMP,2009). O processo de investigação de inovações educacionais por design research pode 7289 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 ser descrito, de modo geral, em termos da realização cíclica de três fases: pesquisa preliminar, fase de prototipagem e fase avaliativa. Na primeira fase, a revisão de literatura em ensino de ciências e os conhecimentos oriundos dos estudos teóricos em genética proverão uma estrutura conceitual, a qual em diálogo com o saber experiencial (TARDIF, 2007) dos professores da educação básica, orientará a elaboração de protótipos de intervenções pedagógicas para serem aplicadas em salas de aula reais. Esta fase dá lugar a ciclos de pequenas investigações em que estes protótipos de intervenções são aplicadas, testadas empiricamente e aperfeiçoadas. Por fim, na terceira fase, é feita uma avaliação somativa, de modo a concluir se as intervenções propostas atingiram as expectativas planejadas. Esta fase também resulta em recomendações e diretrizes para o aprimoramento da intervenção. Ao longo destas três fases, o grupo de pesquisa deve realizar reflexões e documentação sistemática, que levarão à produção de princípios de design e construtos teóricos relativos à área do estudo. Os princípios de design podem desempenhar o papel de generalizações situadas (SIMONS et al (2003, p. 359) , construtos teóricos a serem utilizados por outros professores no planejamento e na aplicação de novas práticas educativas. A sequência didática proposta encontra-se em fase de planejamento do primeiro protótipo de aplicação, tendo por orientação os princípios de design que nortearam a construção da mesma. Esses princípios foram planejados a partir da literatura utilizada para a construção da sequência e da experiência dos docentes envolvidos. Desta forma, os princípios de design incorporados à construção da sequência didática foram: (1) introduzir o conceito de herança biológica por meio de uma abordagem contextual, pautada na história e filosofia da ciência para promover uma compreensão de hereditariedade como fenômeno biológico; (2) utilizar experimentos controlados com Drosophyla melanogaster com os objetivos de promover a aproximação dos alunos com processo de produção de conhecimento científico e contribuir para a motivação e engajamento dos estudantes no ensino de genética; (3) promover a compreensão da relação entre segregação cromossômica na meiose e a primeira Lei de Mendel (4) construir um processo cooperativo de aprendizagem, à luz da teoria sócio-interacionista de aprendizagem de Vigostky (2001). Nesta perspectiva, a sequência didática em questão tem como objetivos pedagógicos: (a) discutir a hereditariedade como um fenômeno digno de investigação, 7290 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 que tem repercussões sociais, culturais e científicas; (b) conhecer a construção histórica do conceito de herança biológica; (c) promover um caráter motivacional no ensino da genética, pela prática na execução de experimentos controlados utilizando drosófilas, permitindo a aproximação dos alunos ao processo de produção de conhecimento científico; (d) propiciar a compreensão da relação entre a segregação cromossômica e as proporções mendelianas esperadas; (e) promover a compreensão de que as proporções mendelianas podem ser modificadas em função do tipo de herança e propiciar a compreensão do papel da meiose na produção de variabilidade genética. No processo de construção e validação da sequência didática empregamos critérios de justificação a priori e de validação a posteriori ou empírica (MÉHEUT, 2005; NASCIMENTO; GUIMARÃES; EL-HANI, 2009). Os critérios de justificação a priori incluem três dimensões: 1) uma dimensão epistemológica, de acordo com a qual a sequência didática é justificada no que concerne aos conteúdos a serem aprendidos, aos problemas que eles podem resolver e à sua gênese histórica; 2) uma dimensão psicocognitiva, na qual a justificação ocorre mediante a consideração das características cognitivas dos estudantes; e 3) uma dimensão didática, que analisa as restrições do próprio funcionamento da instituição de ensino (programas, cronogramas etc.). Os critérios de validação a posteriori , por sua vez, consideram duas dimensões diferentes, mas complementares: uma validação externa e comparativa – em que os resultados da inovação educacional é comparada com outra intervenção educacional desenhada para os mesmos fins – e uma validação interna realizada através da análise dos efeitos da sequência didática em relação aos seus objetivos, por exemplo, comparando-se as vias de aprendizagem que os estudantes efetivamente desenvolveram através da sequência didática com vias de aprendizagem esperadas, identificadas com base no planejamento pedagógico. No caso da sequência em questão, empregaremos apenas o critério de validação interna, numa abordagem própria de estudos de desenvolvimento. Para obter dados para esta validação interna será usado um instrumento de pesquisa aplicado antes (pré-teste) e depois da realização do experimento com as drosófilas (pós-teste), e a filmagem de interações discursivas entre professora e alunos e alunos entre si, ao longo das aluas da sequencia, especialmente aquelas relativas a apresentação, realização e discussão do experimento. 7291 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA A sequência didática é estruturada em 4 momentos: 1) introdução ao conceito de herança e sua construção histórica; 2) apresentação do trabalho de Gregor Mendel, sua história e contribuição para a compreensão da hereditariedade através dos experimentos com ervilhas; discussão da meiose como mecanismo gerador da variabilidade genética relacionado à formação de gametas; 3) experimentação controlada em Drosophila melanogaster; 4) análise e discussão dos resultados obtidos nos cruzamentos realizados nos experimentos. No primeiro momento, é feito um levantamento das concepções alternativas dos alunos sobre herança biológica através de análise, realizada pelos alunos, de expressões populares, imagens, charges e cenários que mostrem relação com concepções de hereditariedade. Após esse levantamento, há apresentação formal, através de aula expositiva dialogada, sobre a construção histórica do conceito de herança com apresentação das principais ideias desse conceito: Pângenese, Preformacionismo, Herança por mistura x Herança particulada. No segundo momento, é feita a apresentação do trabalho de Gregor Mendel, utilizando-se duas atividades. Na primeira atividade é oferecido aos estudantes um conjunto de textos sobre os fatos importantes da vida de Mendel, o método empregado em seus experimentos com ervilhas e suas contribuições para a compreensão do conceito de hereditariedade. Os textos são lidos e discutidos em grupos pequenos e, em seguida, faz-se uma discussão geral para toda a turma. A segunda atividade é proposta com o objetivo de proporcionar um melhor entendimento dos cruzamentos monoíbridos feitos por Mendel em seus experimentos com as ervilhas. Essa atividade é realizada com botões de pressão em cores diferentes e simulam a formação de gametas e os resultados dos cruzamentos monoíbridos desses gametas. As simulações são feitas por grupos pequenos de alunos e, em seguida, os resultados são discutidos por toda a turma. 7292 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 O terceiro momento é dedicado à montagem do experimento controlado em Drosophyla melanogaster, organismo modelo em cruzamentos monoíbridos, como estratégia facilitadora da aprendizagem da genética mendeliana. Os alunos, nesse momento, tem a oportunidade de conhecer o organismo, o seu ciclo de desenvolvimento, bem como reconhecer as principais características que permitem fazer a distinção entre macho e fêmea, e entre os tipos selvagem e mutantes das moscas. Esta atividade deverá ser feita em grupos pequenos, com o professor e colaboradores auxiliando os alunos na tarefa. A escola terá a colaboração direta do Laboratório de Drosófilas da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) nesta etapa da sequência, que oferecerá todo o material necessário para a montagem dos experimentos, assim como todo o suporte para o acompanhamento dos mesmos. Para as escolas que não dispuserem de laboratório onde ficarão mantidas as moscas, durante o experimento, é dada a possibilidade aos professores de levarem seus alunos para o laboratório na universidade. Após a realização dos experimentos, no quarto momento, é feita a análise e discussão dos resultados obtidos nos cruzamentos feitos com as drosófilas, comparando os valores esperados de acordo com as proporções mendelianas e os valores observados no experimento em si. A análise dos resultados também proporciona a discussão da meiose como mecanismo gerador da variabilidade genética, relacionado à formação de gametas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a construção e posterior aplicação da sequência didática para o ensino de genética, descrita neste trabalho, os envolvidos diretamente na produção, bem como o grupo colaborativo, anteriormente mencionado, têm uma grande expectativa nesta inovação educacional, tendo em vista a crença no potencial desta proposta como estratégia motivadora e facilitadora da aprendizagem nesta área. A perspectiva é de que três escolas do Município de Feira de Santana, Ba, apliquem a sequência neste ano letivo de 2014, caracterizando investigações em que estes protótipos de intervenções serão aplicadas, testadas empiricamente e aperfeiçoadas, e isso permitirá fazer uma avaliação da estratégia em contextos diferentes, caracterizando assim o primeiro protótipo. Esta avaliação levará em conta o 7293 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 relato de experiência dos professores envolvidos na aplicação como um importante elemento, que resultará em recomendações e diretrizes para o aprimoramento da intervenção. REFERÊNCIAS BAHAR, J., JOHNSTONE, A.H., HANSELL, H. Revisiting Learning Difficulties in Biology. Journal of Biological Education, v.33, p.84-86, 1999. BANET, E.; AYUSO, G. E. Teaching of Biological Inheritance and Evolution of Living Beings in Secondary School. 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