jogos cooperativos na educação física - Labrinjo

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jogos cooperativos na educação física - Labrinjo
III Congreso Estatal y I Iberoamericano de Actividades Físicas Cooperativas.
Gijón (Asturias). 30 de junio al 3 de julio de 2003
JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA:
UMA PROPOSTA LÚDICA PARA A PAZ
Marcos Teodorico Pinheiro da Almeida
Universidade Federal do Ceará – UFC
Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Faculdade de Educação
Fortaleza Ceará (Brasil)
RESUMEN:
Este trabalho tem como objetivo principal responder uma pergunta: como podemos construir
um mundo melhor através dos jogos cooperativos nas aulas de educação física? Nossa idéia é de
refletir com os leitores novas propostas educativas possíveis dentro de uma perspectiva para a criação de
uma “cultura da paz”. Tentaremos apresentar e compartilhar neste artigo que é possível a fusão entre os
princípios norteadores da educação para paz com as características especificas da área de educação física
utilizando como interlocutor os jogos cooperativos. Dentro desta perspectiva poderá nascer uma nova
concepção de educação física! Uma educação física que será denominada pelos estudiosos de educação
física para a paz. A proposta educativa apresentada neste artigo terá como principal aliado os jogos
cooperativos nas suas mais diversas possibilidades teóricas e práticas.
INTRODUÇÃO
Gostaria de iniciar nosso artigo compartilhando com todos um sentimento e uma
proposta para a paz apresentada por um grande estudioso e um operário da paz, o
Chanceler da Universidade da Paz em Porto Rico o professor Robert Muller, que em seu
belíssimo livro “O Nascimento de uma Civilização Global” coloca um pequeno texto
que exprime o desejo de todos nós que procuramos e lutamos para que o nosso planeta
terra seja um planeta cheio de paz, alegria, amor, esperança e cooperação. Ele fala sobre
a nova gênese de um planeta, ele escreve:
“E Deus viu que todas as nações da Terra, negras e brancas, pobres e ricas, do Norte e do
Sul, do Oriente e do Ocidente, de todos os credos, enviavam seus emissários a um grande
edifício de cristal às margens do rio do Sol Nascente, na ilha de Manhattam, para juntos
estudarem, juntos pensarem e juntos cuidarem do mundo e de todos os seus povos”.
E Deus disse: “Isso é bom.”
E esse foi o primeiro dia da Nova Era da Terra.
E Deus viu que os soldados da paz separavam os combatentes de nações em guerra, que as
diferenças eram resolvidas pela negociação e pela razão e não pelas armas, e que os
líderes das nações encontravam-se, trocavam idéias e uniam seus corações, suas mentes,
suas almas e suas forças para o benefício de toda humanidade.
E Deus disse: “Isso é bom.”
E esse foi o segundo dia do Planeta da Paz.
E Deus viu que os seres humanos amavam a totalidade da criação, as estrelas e o sol, o dia
e a noite, o ar e os oceanos, a terra e as águas, os peixes e as aves, as flores e as plantas e
todos os seus irmãos e irmãs humanos.
E Deus disse: “Isso é bom.”
E esse foi o terceiro dia do Planeta da Felicidade.
Marcos Teodorico Pinheiro da Almeida: “Jogos cooperativos na educaçâo física: Uma
proposta ludica para paz”
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E Deus viu que os seres humanos eliminavam a fome, a doença, a ignorância e o
sofrimento em todo o globo, proporcionando a cada pessoa humana uma vida decente
consciente e feliz, reduzindo a avidez, a força e a riqueza de uns poucos.
E Deus disse: “Isso é bom”
E esse foi o quarto dia do Planeta da Justiça.
E Deus viu que os seres humanos viviam em harmonia com seu planeta e em paz uns com
os outros, gerenciando seus recursos com sabedoria, evitando o desperdício, refreando os
excessos, substituindo o ódio pelo amor, a avidez pelo contentamento, a arrogância pela
humildade, a divisão pela cooperação e a suspeita pela compreensão.
E Deus disse: “Isso é bom.”
E esse foi o quinto dia do Planeta de Ouro.
E Deus viu que as nações destruíam suas armas, suas bombas, seus mísseis, seus navios e
aviões de guerra, desativando suas bases e desmobilizando seus exércitos, mantendo
apenas policiais da paz para proteger os bons dos maus e os normais dos insanos.
E Deus disse: “Isso é bom”
E esse foi o sexto dia do Planeta da Razão.
E Deus viu que os seres humanos restauravam Deus e a pessoa humana como Alfa e
Ômega, reduzindo instituições, crenças, políticas, governos e todas as entidades humanas
a simples servidores de Deus e dos povos. E Deus os viu adotar como lei suprema:
‘Amarás ao Deus do Universo com todo teu coração, com toda tua alma, com toda tua
mente e com todas as tuas forças. Amarás teu belo e miraculoso planeta e o tratarás com
infinito cuidado. Amarás teus irmãos e irmãs humanos como amas a ti mesmo. Não há
mandamentos maiores que estes.’
E Deus disse: “Isso é bom”
E esse foi o sétimo dia do Planeta de Deus.”
A nossa motivação para escrever sobre esse tema surgiu de uma simples
pergunta: “como podemos construir um mundo melhor através dos jogos cooperativos
nas aulas de educação física?”. Buscando respostas a esta pergunta, encontramos várias
experiências já realizadas e defendidas por diversos estudiosos e pesquisadores como
Robert Muller, ele recebeu um prêmio da UNESCO de Educação para Paz em 1989,
onde em seu livro já citado, ele apresenta uma proposta de EDUCAÇÃO PARA A PAZ
defendendo um sonho de todos nós que é através da educação para paz construir um
mundo melhor para viver dentro uma sociedade mais justa. Um outro colaborador
importante é Carlos Velázquez Callado, Coordinador Del Colectivo de Innovación
Educativa y Pedagógica – La Peonza, ele apresenta em um dos seus trabalhos uma
proposta de uma EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PAZ: UMA PROPOSTA POSSÍVEL.
Esta experiência proposta por ele vai orientar todo o nosso raciocínio escrito neste
artigo.
Segundo Carlos Velázquez Callado quando falamos sobre PAZ sonhamos com
uma cultura da paz para referir-se a uma nova forma de entender o mundo em que
vivemos, essa cultura da paz tem como referência a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que se “caracteriza pelo respeito a vida e a dignidade de cada pessoa,
despreza a violência em todas as suas formas, na defesa a um conjunto de valores como
a liberdade, o respeito, a cooperação, a comunicação e o dialogo e rejeita ativamente
outros valores como a injustiça, a intolerância, a competição, o racismo e o fanatismo de
qualquer espécie”. Carlos Velázquez Callado acredita e aposta “por uma diversidade
cultura e o interculturalismo como meio de enriquecimento comum, além disso, a
cultura da paz deseja um desenvolvimento que leve em conta a importância de todas as
formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta”. Para ele “o mais
importante é buscar coletivamente um modo de viver e de se relacionar que contribua na
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construção de um mundo mais justo, solidário e melhor em beneficio de toda a
humanidade”.
Atualmente a cultura da paz vem sendo refletida dentro de uma perspectiva
educativa de uma proposta de Educação para a Paz. O professor Carlos Velázquez
Callado defini educação para a paz “como um processo continuo de conscientização das
pessoas e da sociedade, esta tomada de consciência tem inicio na concepção positiva da
paz e das formas adequadas e criativas no tratamento dos conflitos, é nesta perspectiva
que nova cultura da paz começa a nascer, essa nova cultura terá como eixo norteador o
equilíbrio entre três elementos fundamentais”. Partindo deste conceito se faz necessário
buscar uma a harmonização do ser humano consigo mesmo, com os outros e com a
natureza (meio ambiente). As propostas apresentadas pelos colaboradores citados
anteriormente é de fazer uma fusão entre os princípios norteadores da educação para paz
com as características especificas da área de educação física, e propor uma nova
concepção de educação física. Uma educação física que eles denominam de
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A PAZ.
A nossa proposta é de utilizar alguns princípios dos jogos cooperativos que
julgamos importantes dentro das aulas de educação física para a paz buscando integrar
os elementos básicos da área de educação física que poderiam ser interagidos com as
concepções globais da educação para a paz. Tentaremos a longo do trabalho incorpora
tanto a definição da educação para paz como os três eixos de intervenção originados por
ela. Nossa idéia é de tentar fazer com que as aulas de educação física possam ser
orientadas pelos seus próprios princípios e pelas suas próprias convicções com
autonomia e criticidade. Apresentaremos abaixo os princípios1 norteadores dos jogos
cooperativos que podem orientar a nossa prática nas aulas de educação física.
1. Do Regionalismo – os jogos cooperativos resgata o conhecimento e as
experiências do grupo de participantes, propondo a recriação das diferentes
atividades. Também associa e re-integra o que é regional ao “UNI-VERSAL”,
manifestando a consciência de que há muitas partes mas um só TODO.
2. Da Co-educação – nos jogos cooperativos os professores de educação física, os
recreadores, os pais tem o papel de facilitador, incentivando a construção
conjunta das regras e estruturas dos jogos, brincadeiras e brinquedos
cooperativos. Além disso, crianças, adolescentes, adultos e terceira idade trocam
informações que auxiliam no processo de autoconhecimento, transformação e
integração social.
3. Da Emancipação - cada ser humano envolvido com o jogo cooperativo é
motivado a expressar-se com espontaneidade, liberdade e responsabilidade. O
exercício da autonomia é promovido pela tomada de consciência e ação criativa
que, transformam o jogo, a brincadeira e os brinquedos e as atitudes neles
representadas.
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Estes princípios foram criados tendo como referência a nova proposta do esporte educacional do
Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto/INDESP e a Universidade de Pernambuco/UPEESEF em 1996.
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4. Da Participação – no jogo cooperativo todos participam sendo respeitados em
suas individualidades. As diferenças de habilidade, sexo, raça, cultura, religião,
posição social etc., são considerados como pequenas pontes que servem para
ligar e re-unir uns com os outros. Todos são estimulados a serem indivíduos
criativos e transformadores.
5. Da Totalidade – o jogo cooperativo busca despertar e resgatar a cooperação em
três níveis interdependentes: consigo mesmo – com os outros – com o ambiente.
Neste sentido, o jogo cooperativo é um processo dinâmico de percepção e
vivência da íntima relação entre parte-todo, micro-macro e individual-grupal.
POR QUE O USO DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Somos um resultado de uma sociedade na qual nos ensinou desde pequeno
valorizar comportamentos construtivos e destrutivos. Sempre recebemos estímulos e
reforços para fazer ou não fazer certas coisas. Nós seres humanos podemos optar ou
assumir os distintos comportamentos. Temos a possibilidade de enriquecer ou destruir,
não só a si mesmo, como o outro e também o ambiente em que se encontra. Podemos
ser agressivos ou não, podemos ser competitivos ou cooperativos sem deixar de sermos
competente, podemos ser felizes ou tristes, otimistas ou pessimistas, amar ou odiar etc.
O comportamento que cada um de nós vamos assumir na vida vai esta diretamente
ligado a base cultural de valores estabelecidas por cada sociedade, comunidade ou
família. Segundo a antropóloga Margaret Mead os indivíduos não são competitivos por
natureza ou não nascem competitivos, eles aprende socialmente ou são determinadas
socialmente, comportamentos competitivos e cooperativos ou construtivos ou
destrutivos.
Todas as realizações humanas são o resultado da cooperação em todos os
campos do esforço humano como: na política, na educação, na comunicação, nas artes,
na ciência, na religião, na economia etc. Acreditamos que quanto maior a nossa
cooperação, maior será o nosso sucesso. Quanto menor a nossa cooperação, maior será a
nossa tensão, dor, sofrimento e fracasso. Por isso é importante estudar essa lei da
cooperação e aplicá-la em nossa vida. Em uma pesquisa desenvolvida por Erich Fromm
em1973, analisou trinta culturas primitivas e as classificou com base na agressividade e
no pacifismo. Nesse estudo, o autor identificou 2 conjuntos de culturas distintas.
a) Sociedade orientada para a vida:
q Mínimo de hostilidade, violência ou crueldade;
q Ausência ou pequena ocorrência de punição rigorosa, crime e guerra;
q Crianças tratadas com amor e bondade;
q Mulheres geralmente consideradas iguais aos homens;
q Há pouca competição, cobiça, inveja, individualismo ou exploração;
q Existe muita cooperação;
q Prevalece atmosfera de confiança, auto-estima e bom humor.
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b) Sociedades mais destrutiva:
q Violência interpessoal, destrutividade, agressividade, malícia e crueldade
(dentro da tribo ou contra os de fora);
q Atmosfera geral é de hostilidade, medo e tensão;
q Há excesso de competição;
q Ênfase na propriedade privada;
q Hierarquias são rígidas e o comportamento é belicoso.
De acordo com Erich Fromm existem sociedades pacificas e cooperativas e
também existem sociedades destrutivas e competitivas. Não podemos inferir que existe
uma natureza humana possível, mas podemos tentar dizer que existem possibilidades
humanas. Nós tanto podemos cooperar ou competir isso vai depender de nossa natureza
de possibilidades. Acreditamos que estas duas naturezas coexistem dentro de cada um
de nós, e o prevalecimento de uma sobre a outra vai depender de nossa vontade,
discernimento, atitude pessoal e coletiva e de assumirmos nossa escolha, mesmo que ela
seja: a) não escolher ou b) se deixar escolher por outros.
O jogo cooperativo é um conjunto de experiências lúdicas que possibilita todos
os envolvidos de avaliar, compartilhar, refletir sobre nossa relação com nós mesmos e
com os outros. A idéia básica da proposta pelo jogo cooperativo é de permitir uma
mudança de sentimentos e de entrarmos em contato intimo com as nossas emoções para
potencializar as Habilidades Humanas Básicas como: o amor, a alegria, a criatividade, a
confiança, o respeito, a responsabilidade, a liberdade, a autonomia, a paciência, a
humildade etc.
Os jogos cooperativos tem também como proposta tentar diminuir as
manifestações de agressividade nos jogos, estimulando atitudes de sensibilização,
cooperação, comunicação e solidariedade. Os jogos cooperativos busca facilitar o
encontro consigo mesmo, com os outros e com a natureza na tentativa de promover a
integração do todo, onde sempre a meta coletiva prevalecerá sobre a meta individual.
No jogo cooperativo os participantes jogam com os outros e não contra os outros, jogam
para superar os desafios, os conflitos e os obstáculos encontrados e não superar o outro
individuo ou coletivo.
A inclusão do jogo cooperativo nas aulas de educação física para promover a paz
deve buscar a participação de todos sem excluir ninguém, independente de sua raça,
classe social, religião, competências motrizes, habilidades pessoais etc., sempre dentro
de um clima prazeroso, cordial, amigo e feliz onde a meta do professor e dos alunos
estarão centradas na união da soma das suas competências individuais na busca de
resultados que tragam benefícios para todos. Nesta proposta visamos a participação de
todos para alcançar um objetivo comum, onde a motivação não é o ganhar ou o perder,
a motivação está centrada na participação. Neste sentido, a proposta educativa tem
como interesse principal o processo e não o resultado. Quando a proposta é centrada
no processo, permiti ao professor e aos alunos perceberem os aspectos individuais e
coletivos utilizados para se alcançar as metas que são realizadas com a contribuição de
todos. O jogo cooperativo na educação física tem também como proposta estimular as
seguintes potencialidades dos envolvidos nas aulas. Como apresentaremos no quadro 1.
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Quadro 1
A COOPERAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESTIMULA A:
Paz
Solidariedade
Responsabilidade
Liberdade
Tolerância
Diálogo
Amizade
Respeito
Alegria
Competência
Motriz
Cooperação
Autosuperação
Criatividade
Motriz
Saúde
Auto-estima
De acordo com Torkom Saraydarian existem três categorias de seres humanos
no qual podemos identificar:
1. Aqueles que vivem para fazer a felicidade deles à custa de outros.
2. Aqueles que vivem para fazer seus partidos ou nações felizes à custa de
outros.
3. Aqueles que vivem para servir os outros e ajudar a tornar as pessoas
saudáveis, felizes, prósperas e criativas.
As pessoas que fazem parte do primeiro grupo lentamente terminam suas vidas
com infelicidade, aflições e remorsos. O segundo grupo aumenta a dor e o sofrimento da
humanidade, mas aquelas que integram o grupo três apreciam a vida, a saúde, a
felicidade, a prosperidade, a luz e a paz no MUNDO. Existe ainda um quarto grupo de
seres humanos que são diferentes dos grupos citados anteriormente. São as pessoas com
energia negativa que controlam a humanidade através do ódio, do medo, da raiva, do
ciúme, da difamação, da maldade, da competição etc. Quando aprendemos o verdadeiro
sentido e significado da COOPERAÇÃO formamos uma consciência grupal,
começamos assim a perceber que NÓS fazemos parte de um mundo maior e que
estamos interligados com toda a humanidade, com a natureza e o cosmos.
Para este mesmo autor existem dois tipos de cooperação:
1. É a cooperação pelo próprio interesse.
2. E a cooperação pelo interesse do todo.
A nossa proposta de jogos cooperativos como um conteúdo nas aulas de
educação física oferece aos alunos a possibilidade de uma consciência grupal onde visa
uma cooperação para o sucesso de todos. O objetivo principal das aulas é de
potencializar o jogo não competitivo. A proposta educativa que defendemos é por um
homem que não considere a competência social e individual como sua motivação
primordial. Sabemos que isto é difícil dentro de um contexto social tão individualista,
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emergencial e competitivo como o que vivemos na atualidade, mas a nossa tarefa
educativa é oferecer condições e instrumentalizar nossos alunos para que tenham um
desenvolvimento equilibrado e harmonioso, sendo este um trabalho desafiador e
apaixonante.
É importante fazermos críticas às atividades competitivas existentes nas aulas de
educação física com segurança e conhecimento e, principalmente, mostrar, refletir e
analisar junto com os alunos o verdadeiro objetivo do jogo cooperativo. Devemos
compartilhar com os nossos alunos jogos de caráter cooperativo e mostrar para eles que
participar do jogo é muito mais importante do que o seu resultado final, os jogos
cooperativos são ferramentas que os professores de educação física tem em suas mãos
para ajudar no desenvolvimento dos seus alunos e na construção de um mundo melhor.
Com os jogos cooperativos2 nas aulas de educação física: a) o aluno jogará pelo
prazer de jogar, não para conseguir necessariamente um prêmio, uma vitória, se
estimularmos atividades não competitivas, reforçaremos nos alunos a participação e não
o fato de conseguir um prêmio; b) o aluno se divertirá sem o temor de não alcançar os
objetivos desejados, onde em sua grande maioria só são conseguidos por uns poucos; c)
a participação de todos os alunos, será favorecida os mais capazes e os menos capazes,
aqueles que sempre ganham e aqueles que sempre perdem. Esses jogos servirão para
estimular o aumento da auto-estima fazendo desaparecer o medo do fracasso; d) os
participantes se verão como companheiros de jogo, com relações de igualdades, não
como inimigos os quais devem superar e não existirá a necessidade “de passar por cima
dos demais” para poder jogar ou vencer, e) o aluno tentará superar a si mesmo e não
superar os demais, desta maneira ele conhecerá suas próprias aptidões pelo próprio
esforço e não por comparações com os demais; f) se vivenciará uma atividade coletiva e
conjunta, e não individualizada, sem centrar em nenhum aluno ou grupo, mas sim
jogando todos juntos estimulando um valor básico humano a solidariedade; g) todas os
alunos terão um papel importante para desenvolver, todos serão protagonistas do jogo.
A rotulação de bons e maus será mínima até deixar de existir no grupo.
O texto abaixo mostra claramente o desejo e a necessidade de uma proposta de
jogos cooperativos na sociedade atual e principalmente dentro das aulas de educação
física, este texto foi escrito por Rosalba Gómez e tem um grande valor literário, ele foi
publicado em Bases, periódico do Movimiento 69, da Universidade Central de
Venezuela, em 1989.
“Como criança, quando brincava com meus primos, aprendi muitas coisas: o menor, o
mais lento ou o mais fraco de nós seria sempre o último, que t eria de procurar os outros no
“esconde-esconde” e que receberia mais boladas no jogo de “caçador”; o mais vivo o mais
esperto de nossos amiguinhos terminaria sempre sendo o primeiro; aquele que chegasse
por último ao objetivo seria “burro”, o objeto de todas as zombarias; o mais forte, mais
atento e o maior de nós estabeleceria as regras do jogo... Sobretudo, aprendi que era
importante ganhar e que perder poderia por a perder toda a diversão. Mas ganhar nem
sempre era divertido; significava inveja, revanches e tristezas, porque a alegria de ganhar
costuma ser solitária, não compartilhada. Hoje, dou-me conta de que com esses jogos
infantis aprendia, ou reforçava, os valores dessa sociedade injusta em que vivemos: a
competição, o egoísmo, o individualismo, a agressão. Brincando reproduzíamos o
esquema de ganhadores e perdedores, manipuladores e manipulados, opressores e
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ACED, Rosa Guitart. 101 Juegos: juegos no competitivos. Barcelona – Espanha: Editorial GRAÓ,1997.
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oprimidos. Desde então nos acostumamos a ver a alegria e o triunfo de alguns poucos é
possível somente com a tristeza e a derrota de muitos. Qu e tal então se jogássemos
reinventando os jogos, superando o medo do ridículo, fixando-nos no prazer e na alegria,
antes do que em quem ganha ou perde, permitindo a participação de todos, para superar
com engenhosidade o desafio, porque é importante que todos nós alcancemos a meta.”
O VALOR EDUCATIVO DOS JOGOS COOPERATIVOS
“A competição constrói muros entre as pessoas,
a cooperação constrói pontes.” (TIMOR LESTE, Autor desconhecido)
Cooperação significa agir em conjunto com outro para resolver um problema ou
alcançar um objetivo comum. Ela situa-se no pólo oposto da competição, na qual cada
um tenta atingir um objetivo pessoal melhor do que o outro.
É comum ver pessoas defendendo a competição como um elemento importante
na educação das crianças, sob o pretexto de que assim ficariam melhor preparadas para
viverem num mundo competitivo como o nosso. Porém, a verdade é que a competição
diminui a auto-estima e aumenta o medo de falhar, reduzindo a expressão de
capacidades e o desenvolvimento da criança. Ela promove a comparação entre as
pessoas e acaba por favorecer a exclusão baseada em poucos critérios. Um ambiente
competitivo aumenta a tensão e a frustração e pode desencadear comportamentos
agressivos.
Em contraste, as atividades cooperativas aumentam a segurança nas capacidades
pessoais e contribuem para o desenvolvimento do sentido de pertencer a um grupo.
Nestas atividades ninguém perde, ninguém é isolado ou rejeitado porque falhou. Num
sistema de cooperação, para além da satisfação e alegria vivenciadas, cada uma das
partes e o todo ganham, em conseqüência da ajuda. Em diversas atividades o resultado
alcançado pelo grupo é melhor do que a soma dos resultados pessoais obtidos numa
situação de competição.
Muitos dos desequilíbrios presentes na nossa sociedade decorrem de uma
percepção de separação e não de interdependência face ao exterior. Através do sistema
educativo, as crianças e os jovens interiorizam a separação entre o mundo humano e o
mundo natural. O afastamento face ao que nos rodeia estende-se na relação com o outro,
em virtude da extrema valorização do individualismo, do emergencial3 e do
egocentrismo que nos conduz ao extremo da competição para alcançar o sucesso no
mercado de trabalho e até mesmo na vida pessoal.
O caminho da competição poderá nos conduzir à beira de um abismo. Por que
neste jogo o objetivo de cada um é obter o máximo de lucro/bens materiais em curto
prazo, e às vezes está escolha pode levar a um desequilíbrio de proporções planetárias.
Apesar de tanto valorizarmos a razão, continuamos a trilhar o caminho da
irracionalidade, comprometendo desta forma a nossa permanência no planeta. Para
ajudar a transformar o modo como o homem atual se relaciona com o mundo, é
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As pessoas que se preocupam só com o aqui e o agora, e esquecem do amanhã e do futuro dele e do
planeta.
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fundamental que a educação seja capaz de atuar no nível da relação interpessoal, pois
isso reflete a forma como cada um se percebe e atua diante do mundo.
Os jogos cooperativos, ao promoverem um tipo de relação com o outro baseado
na não competição, mas antes na capacidade de cooperar, poderá constituir um valioso
instrumento na formação para cidadania e de educação para PAZ. Em lugar de um
modelo competitivo onde apresenta uma situação em que o indivíduo está contra o
outro, e em competição com o outro e com o mundo, neste sentido, os jogos
cooperativos ajuda a desenvolver uma relação com o exterior baseado no respeito e no
agir com o outro em benefício de um objetivo coletivo.
A ARTE DA COOPERAÇÃO4
A cooperação é uma arte que pode ser desenvolvida ou estimulada quando as
forças, habilidades e atitudes de cada criança receberem atenção e forem praticadas. A
capacidade das crianças cooperar melhoram rapidamente com a vivência freqüente de
atividades que estimulam o desenvolvimento nas cinco áreas citadas no quadro 2.
Quadro 2
CRIANÇAS
Habilidades Físicas:
q Falar
q Ouvir
q Observar
q Coordenar
q Es crever
Qualidades Pessoais:
q Alegria
q Compreensão
q Discrição
q Entusiasmo
q Sinceridade
Atitude com Relação
aos Outros:
q Respeito
q Apreciação
q Paciência
q Positivismo
q Apoio
Habilidades
Interpessoais:
q Encorajar
q Explicar
q Entender
q Retribuir
q Ajudar
Habilidades
Intelectuais:
q Imaginar
q Perguntar
q Concentrar
q Decidir
q Adivinhar
OS MÉTODOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
De um modo global, a aprendizagem cooperativa faz referência a um conjunto
de métodos de organização de trabalho em que os alunos ou jogadores participam de
forma interdependente e coordenada, realizando atividades de caráter educativo,
habitualmente planejadas e proposta pelo professor. Quando falamos em aprendizagem
cooperativa estamos nos referindo aos métodos de aprendizagem de cooperação através
4
Este material foi retirado da apostila Cooperação na Sala de Aula – idades entre 5 a 18 anos. Um
pacote para professores – edição piloto. Este trabalho faz parte do projeto Cooperação Global par um
Mundo Melhor que é uma iniciativa dos Mensageiros da Paz dedicada às Nações Unidas e acontecendo
em mais de 80 paises. É um projeto apolítico e sem fins lucrativos envolvendo famílias, escolas,
universidades, hospitais, locais de trabalho, reunindo grupos de indivíduos cooperativos para a criação de
idéias para um mundo melhor. Depois de criar uma visão de um mundo melhor, todos os participantes,
sejam eles escolares ou políticos, doam sua visão para o Banco de Cooperação Global. O projeto, que está
sendo dirigido por Comitês Consultivos Locais e Nacionais em cada país, foi lançado na Casa dos Lordes
em Londres, em 21 de abril de 1988, por crianças, celebridades e membros do Parlamento, com
lançamentos nacionais simultâneos no mundo inteiro. Todas as visões e ações doadas serão apresentadas
ao Secretário Geral das Nações Unidas.
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dos jogos cooperativos que permitam aos participantes potencializar as seguintes
características:
q
q
q
q
q
q
q
q
q
Satisfação dos Participantes
Autoconceito Positivo
Atribuição Interna
Comunicação
Criatividade
Competência Motriz
Aceitação dos Companheiros
Convivência Intercultural
Pro-social e Pro-ativo
Em todos os métodos apresentados anteriormente, os alunos ou jogadores
trabalham para aprender e são co-responsáveis das aprendizagens de seus colegas. Na
maioria dos procedimentos de aprendizagem cooperativa reúnem várias características
comuns (COLL & COLOMINA, 1990; DIAZ – AGUADO, 1996; CASTELLÓ, 1998)
como:
q
q
q
q
q
q
Divide-se a classe em vários grupos, com freqüência heterogênea enquanto a
sua composição;
Os grupos se mantém estáveis ao longo de um período de tempo;
Pode haver uma divisão de papeis dentro do grupo, porem este feito não
leva, necessariamente, uma diferença de status entre os participantes, que só
mantém um elevado grau de igualdade;
Anima os alunos a colaborar com os companheiros em um processo de
aprendizagem;
As contribuições individuais estão coordenadas entre si para completar a
ação grupal;
Os resultados do processo, que são conseqüência da participação de todos e
cada um dos alunos, se atribuem ao grupo.
Para SLAVIN (1992), existem três conceitos comuns nos diferentes métodos de
aprendizagem cooperativa na educação:
1. Recompensas Grupais: quando os resultados alcançados são compartilhados
com todos os envolvidos.
2. Responsabilidade Individual: quando cada um dos participantes envolvido é
responsável pelo sucesso ou insucesso dos resultados alcançados pelo grupo.
3. Igualdade de oportunidades: quando os envolvidos são todos protagonistas
principais da ação coletiva.
Com os métodos de aprendizagens nos jogos cooperativos ninguém perde,
ninguém é excluído ou isolado por causa de alguma deficiência de qualquer ordem ou
porque cometeu um erro, dentro de uma aprendizagem cooperativa todos ganham e
todos participam, onde o elemento fundamental é compartilhar mutuamente o
sentimento de responsabilidade social, de respeito, de fraternidade e de solidariedade
dentro de um contexto lúdico e prazeroso. Este tipo de sentimento leva as pessoas a
perceber a interdependência existente entre tudo e todos.
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CONDUTAS E LINHAS DE ATUAÇÃO PARA UMA EDUCAÇÃO FÍSICA DE
PAZ
Para Carlos Velázquez Callado “o principal objetivo da educação física para paz
como já mencionamos, é trazer as contribuições da educação física a um projeto comum
para uma educação para paz, mas com fazer isso?” Uma proposta possível foi
apresentada por Carlos Velázquez Callado onde focalizou em sua proposta diferentes
eixos de intervenções da educação para paz planejando um conjunto de conteúdos
prioritários que julgou importante e necessário para favorecer o desenvolvimento
pessoal, social, natural e motriz do aluno na aula de educação física. De acordo com ele
é fundamental que o docente de educação física coloque concretamente estes conteúdos
em seu planejamento nas aulas de educação física. Apresentaremos em seguida o
programa citado pelo o autor e suas sugestões de como poderia ser distribuído os
conteúdos e os programas de ações para cada eixo.
A) No eixo pessoal: conteúdos e programa de ação
1. Melhorar a auto-estima: objetivo é favorecer que o aluno desde o primeiro
momento perceba por si mesmo os aspectos positivos de personalidade, suas
capacidades, suas potencialidades e principalmente que perceba que suas
virtudes são maiores em: número e qualidade do que os aspectos negativos.
2. Conhecimento e aceitação de si mesmo: nossa idéia é que o aluno faça uma
reflexão sobre seus atos, tentar entender porque reage de uma determinada
maneira as determinadas situações, um outro aspecto é de oferecer instrumentos
para que perceba suas habilidades e limitações e tente superar suas dificuldades
e principalmente se aceitar como é.
3. Autonomia para tomar decisões e assumir as decisões tomadas: trata-se de
discutir entre os alunos a responsabilidade em suas ações. Para isso é
fundamental que o(s) aluno(s): em primeiro lugar, confiar nele(s) e em sua(s)
possibilidade(s) e em segundo lugar, planejar uma série de ações orientadas para
que seja o próprio aluno ou o grupo que se encarregue de tomar as decisões e
que se responsabilize pelas suas decisões tomadas. Só poderemos favorecer a
autonomia e a responsabilidade quando o professor reconhecer que as aulas
completamente dirigidas onde os alunos sempre fazem o que o professor manda,
como diz o professor e quando diz o professor, fica muito difícil.
B) No eixo social: conteúdos e programa de ação
1. Aperfeiçoar as relações interpessoais: em nosso ponto de vista o
relacionamento interpessoal estabelecidos entre os alunos (meninas e meninos)
condiciona a aprendizagem tanto ou mais que outros aspectos no qual
estabelecemos com fundamentais como a didática, os conteúdos, as
metodologias aplicadas etc. Se queremos que nossas alunos desenvolva o
máximo suas potencialidades, é fundamental que nas aulas de educação física se
crie um clima agradável para todos.
2. Aceitação do outro: tão importante de ser aceitado dentro de um grupo é aceitar
os demais ou o outro independente de sua raça, sexo, classe social, religião etc.
Um dos objetivos prioritários nas nossas aulas de educação física é de eliminar
de qualquer jeito a discriminação que exista ou possa existir dentro do grupo.
Marcos Teodorico Pinheiro da Almeida: “Jogos cooperativos na educaçâo física: Uma
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Gijón (Asturias). 30 de junio al 3 de julio de 2003
Usaremos como estratégias três aspectos: as relações entre meninas e meninos,
as relações entre alunos de culturas minoritárias e o de cultura predominante, e
as relações entre os grupos de meninas e meninos que apresentam alguma
deficiência motriz, mental etc.
3. Resolução de conflitos por vias não violentas: parte-se da idéia de que o
conflito é algo natural e que, por se mesmo, não é negativo se bem orientado. O
negativo é recorrer a violência seja qual for ela, para impor nosso próprio
critério. Uma resolução não violenta de conflitos requer uma exposição do nosso
ponto de sobre o problema, escutar a visão do outra pessoa e alcançar um acordo
que seja bom para ambos ou para um coletivo.
4. Conhecimento e valorização de outras culturas: em um processo de
convivência sem violência requer aceitar outros pontos de vista, porque existem
outras formas de ver as coisas. Neste sentido é importante conhecermos nossa
própria história e cultura para valorizar nosso patrimônio cultural. Mas isso não
será desculpas para cair no etnocentrismo e pensar que nossa cultura é a melhor
e a única possível. Quando compartilhamos informações sobre outras culturas,
percebemos com os nossos alunos que as semelhanças entre as diversas culturas
são maiores que as suas diferenças. Pó isso devemos oferecer condições e
oportunidades que os alunos possam comparar e buscar pontos de coincidências
em nossa própria cultura e em outras culturas (povos, nações etc).
C) No eixo natural (meio ambiente): conteúdos e programa de ação
1. Respeito e preservação da natureza: a educação para paz não se resume
somente nas relações humanas, mas também na relação do homem com o meio
ambiente em que nós vivemos e nos desenvolvemos. É dentro da família, na
sociedade e na escola que devemos proporcionar aos nossos alunos e filhos uma
série de experiências e informações acerca do meio ambiente e a sua importância
para a sobrevivência de todos os seres. Nossos alunos tem que entender que
preservar do meio ambiente é preservar a espécie humana.
COMPARTILHAR O CONHECIMENTO:
COMUNIDADE E COM O MUNDO
COM
A
ESCOLA,
COM
A
Uma das características que definem a educação para a paz é de ser uma
proposta de ação-reflexão-ação. É uma educação de ação porque esta presente o
posicionamento critico do professor, sua posição diante da construção do conhecimento
e os seus valores pessoais que orientam um modelo de comportamento, um outro
aspecto é a educação para a ação porque busca uma continuidade das propostas
trabalhadas dentro da escola e os seus efeitos na vida do aluno e da sociedade. Sabemos
que é muito difícil promover situações de intercâmbio da escola com a sociedade, mas
podemos e temos a obrigação de criar meios e propostas para favorecer este
intercâmbio. Em nosso caso as aulas de educação física pode ser utilizada como um
instrumento da escola para favorecer esta integração. Vamos colocar algumas sugestões
apresentadas na proposta do professor Carlos Velázquez Calllado entre outras que
podem ser desenvolvidas para facilitar este intercâmbio nas aulas de educação física
para paz dentro da escola.
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Resgate dos jogos tradicionais e populares;
Criar um museu do brinquedo tradicional e popular;
Danças, rondas e cirandas do mundo;
Olimpíadas cooperativas escolares e intercolegial;
Aulas abertas com a participação dos pais;
Correio da paz intercolegial;
Brincar cooperativamente junto a natureza;
Compartilhar as experiências lúdicas dos macros jogos cooperativos;
Implantação de espaços lúdicos (Ex: brinquedoteca) onde possibilite
condição para resolução de conflitos através dos jogos e brinquedos.
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NOS JOGOS COOPERATIVOS 5
As atividades cooperativas é de fácil aplicação e principalmente dentro do
contexto familiar. Ë na família que a criança começa a vivenciar as primeiras atitudes
cooperativas. A família é uma unidade dentro da qual os membros tem o direito de
expressar suas necessidades, seus anseios, seus desejos, suas potencialidades, seus
conflitos, seus problemas, suas inseguranças e principalmente de exercer
responsabilidades coletivas baseadas em suas habilidades individuais. Agir de maneira
cooperativa exige dos s pais muito esforço e dedicação do que se eles agissem de
maneira autoritária, permissiva e centralizadora. Agir de maneira cooperativa trará uma
maior unidade dentro da família, amor, amizade, alegria e paz. Estes resultados serão
vistos não só dentro da família mas em todos os espaços (dentro da escola e nos seus
relacionamentos sociais) onde as crianças se sintam valorizadas e felizes.
Para que nossos filhos não pratiquem atitudes violentas, eles devem viver dentro
de um ambiente que valorize, pratique e compartilhe atitudes não violentas.
Apresentaremos algumas dicas sugeridas pela autora do livro Parenting for Peace and
Justice de Kathleen e Jim McGinnis, de como criar um ambiente que favoreça a não
violência.
1. Sempre faça comentários positivos quando estiver falando de um parente ou
com um parente. Ou pelo menos os comentários positivos devem ser em
maior número do que os comentários negativos;
2. Os membros da família devem demonstrar afeto uns pelos outros;
3. Os membros da família devem ter tempo para si mesmo e para família como
um todo;
4. Invente atividades para toda a família;
5. Guarde fotos, vídeos, lembranças, desenhos etc. que representem os grandes
momentos familiares ocorridos durante a vida de vocês;
6. programe para que os momentos domésticos (como: almoçar, jantar, assistir
televisão etc.) ou sociais (como: aniversários, cinemas, teatro, festivais,
supermercado etc.) sejam feitas em conjunto.
5
Este tema faz parte do Capitulo 4 do livro Educando para Paz de Josephine Kuntz e Jeannine Sacco,
com a colaboração de Fabienne Lopez, Brasília, 1991, p. 11 - 14.
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No caso de duas crianças entrem em conflitos os autores sugerem que o conflito
deve ser resolvido da seguinte forma:
1. Não se envolva no conflito. Adote uma atitude neutra. Intervenha somente
caso alguém esteja machucado ou suas necessidades não estão sendo
respeitadas (por exemplo: você precisa de silêncio para se concentrar no seu
trabalho.)
2. Se você deve interferir, faça-o de maneira que sejam as crianças que
resolvam o conflito e não você;
3. Caso seja necessário, separe as crianças para que os ânimos possam se
acalmar. Uma vez as emoções sob controle, reúna as crianças para que elas
possam resolver o problema;
4. Caso as crianças não consigam resolver sozinhos o problema, traga-o para a
reunião familiar semanal.
DICAS E SUGESTÕES PARA
DESENVOLVER A COOPERAÇÃO
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OS
PAIS
E
PROFESSORES
PARA
Antes de começar uma sessão de jogos cooperativos convém que as pessoas
se conheçam mutuamente para criar um ambiente mais familiar. Os jogos de
apresentação podem constituir um bom instrumento para criar esse ambiente
favorável.
Nunca compare o desempenho de uma criança (ou jovem) com o de uma
outra para a motivar a fazer melhor. O seu foco deve ser a concretização de
um objetivo valioso, em lugar do “fazer melhor do que qualquer outra
pessoa”.
A comparação é uma parte natural no processo de crescimento e na avaliação
das capacidades de alguém. Porém, a avaliação não precisa de ser
competitiva. O sucesso de uma pessoa não precisa de depender do insucesso
de outra, pelo contrário, poderá motivá-la a ser bem sucedida também;
Sem querer, os pais podem alimentar a competição, não pela comparação,
mas por reforçarem os resultados em vez dos esforços feitos. Para alguns
pais, o esforço não é suficiente; só o sucesso merece o seu amor. Dê maior
ênfase ao esforço do que ao resultado alcançado. Não se pretende que o ser
humano seja uma máquina eficiente, mas que desenvolva plenamente o que
de mais nobre existe em si;
Grande parte da aprendizagem da criança é feita por imitação. Se quisermos
ensinar a tolerância, a aceitação e o reconhecimento do valor da diferença, o
respeito pelo outro, a solidariedade, a justiça e outros aspectos fundamentais
a uma cultura de paz, o mais importante é a nossa conduta diária constituir
um modelo vivo do que queremos ensinar;
Estabeleça condições que lhe pareçam desafiantes mas não demasiado
frustrantes. Permita que as crianças possam alterar as regras, de forma a
adaptar os jogos a um nível de dificuldade que dê mais prazer. Regras
inflexíveis são a imagem de marca dos jogos competitivos. Tais regras
colocam sempre as crianças mais dotadas em vantagem e frustram as que
têm um ritmo de desenvolvimento mais lento;
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Nos jogos cooperativos a atividade é mais efetiva se o professor intervir
apenas o necessário. É importante que as crianças aprendam a partilhar o
poder voluntariamente. Depois de explicar a atividade, o professor deve
retirar-se do papel de liderança;
Na nossa cultura aprende-se que para ganhar é necessário estar em conflito.
Alguém tem de perder. Em muitos casos há apenas um vencedor. Nestas
condições, até ganhar torna-se desconfortável e insatisfatório;
Por vezes é difícil distinguir encorajamento de pressão. O que pensamos ser
encorajamento pode tornar-se pressão, se reagirmos com desapontamento ou
hostilidade à falha ou insucesso da criança;
Poucas coisas são mais dolorosas do que ser excluído de um grupo. Quando
tal acontece, falhar fica associado a rejeição;
O medo de falhar corrói o espírito aventuroso que prevalece nas crianças
jovens, fechando-as a novas experiências e desafios;
As crianças (os jovens) que trabalham cooperativamente mais facilmente
vêem as outras como parceiros e assumem comportamentos de ajudar;
O exacerbar da competição reduz o gosto que a criança (o jovem) sente por
ter conseguido realizar uma tarefa, pois ela fica demasiado preocupada com
o desempenho dos outros;
A competição enfraquece a generosidade porque quando as pessoas estão
focalizadas no vencer, geralmente não dão e não ajudam.
No final dos jogos cooperativos deve haver um espaço para todos dialogarem
sobre a experiência, fazendo o confronto entre estratégias competitivas e
cooperativas. O que se ganha e o que se perde em cada uma delas?
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO AUTOR
Nosso desafio neste trabalho foi de responder a uma pergunta como podemos
construir um mundo melhor através dos jogos cooperativos nas aulas de educação
física? Esperamos que esta pergunta tenha sido respondida para vocês.
Sim,
acreditamos que é possível educar para paz mesmo nas piores condições de vida. Basta
acreditar que cada um é instrumento de transformação humana e que a cooperação é um
direito, uma necessidade básica para a sobrevivência do planeta, ela é uma esperança
humana rica e complexa. Todos nós somos atores desta transformação. Temos que
começar de algum lugar e porque não começar dentro das aulas de educação física, foi
dentro desta perspectiva que este documento foi produzido.
Para nós nada melhor que a vivência do jogo cooperativo na educação física, na
família, na escola, na rua, na empresa, na praça, enfim em todo espaço possível, vem
contribuir para que este planeta possa ser um planeta melhor do que ele é para se viver,
nós pais, educadores e sociedade somos construtores de utopias fundamentais para o
“caminhar” dos nossos filhos para a vida. Fernando Birri coloca o seguinte sobre a
utopia, “a utopia está no horizonte; me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a
alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar.”
Nunca podemos esquecer que os problemas não impedem ninguém de ser feliz e
de lutar pelo mundo melhor para se viver, faça com que a felicidade seja construída
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todos os dias. A felicidade não é algo que você vai conquistar fora de você... A
felicidade é algo que vive dentro de nós, em nosso coração. A felicidade é um estado de
espírito, a felicidade é a oportunidade que você cria para ser o ator principal de sua
autocriação.
Permitimo-nos sonhar com um mundo futuro em que todos os direitos humanos
sejam respeitados. Os nossos sonhos são muito diferentes, mas podemos ter muitos
temas comuns. Sonhar é fundamental, se queremos construir um mundo melhor:
Sonhando, entendemos o que realmente queremos, esses sonhos podem se tornar nosso
ideal e mudar nossa maneira de viver e de construir um mundo de paz. A visão de um
mundo melhor é compartilhada por muitos em nosso planeta terra.
Sonhar para nós é vida, se temos vida temos esperança e se temos esperança
podemos ultrapassar a barreira do infinito. Para nós um professor é um eterno
pesquisador, um professor é um eterno aprendiz, um professor é um eterno
transformador e finalmente um professor é eterno apaixonado por sua profissão.
Em nossa analise final, queremos que a única competição dentro da educação
física que teremos que competir seja própria competição.
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Para contactar con el autor: [email protected]
ÍNDICE DE
COMUNICACIONES
Marcos Teodorico Pinheiro da Almeida: “Jogos cooperativos na educaçâo física: Uma
proposta ludica para paz”
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