inovação - Armindo Sousa
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inovação - Armindo Sousa
Portugal Inovador Página Exclusiva 2 Portugal Inovador Página Exclusiva 3 Portugal Inovador Índice 6 Editorial 7 Zantia Jorge Aguiar fala de altos padrões de qualidade no sector da climatização e energias alternativas 40 Misericórdias Percursos de instituições de referência 44 Perspectivas do Direito e da Justiça em Portugal 48 Ensino 57 A indústria do Calçado Exemplos de qualidade e inovação Página Exclusiva 4 Portugal Inovador Página Exclusiva 5 Portugal Inovador Editorial Apoio a projectos regionais estruturantes Ao longo dos seus 41 anos de existência, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) tem vindo a desempenhar um papel de relevo no desenvolvimento regional do Norte de Portugal, contribuindo para a competitividade e coesão do território nacional, através do apoio a entidades públicas e privadas por meio de várias acções, entre as quais é de destacar, actualmente, o Programa Operacional Regional do Norte 2007/2013 (ON.2 – O Novo Norte). Este programa integrado no Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013 e no novo ciclo de fundos estruturais da União Europeia destinados a Portugal é financiado exclusivamente pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), e apresenta a mais relevante dotação financeira global dos programas operacionais regionais – 2,7 mil milhões de euros, representando 12,5 % do orçamento do QREN. Com este montante de fundo estrutural, estima-se viabilizar um investimento na Região do Norte de cerca de 4,25 mil milhões de euros. O ON.2 – O Novo Norte elege cinco prioridades estratégicas correspondentes aos seus eixos prioritários, aos quais se junta um eixo de natureza experimental, para assistência técnica e financeira à implementação do programa operacional. No âmbito do Eixo Prioritário I, existem, pela primeira vez, os sistemas de incentivo ao investimento de empresas, visando objectivos de “Qualificação e internacionalização de PME”, “Inovação” e “Investigação e Desenvolvimento Tecnológico”, de forma a criar e consolidar clusters emergentes e empresas de base tecnológica e promover a requalificação, inovação e reforço das cadeias de valor nos sectores de especialização ao nível regional. O financiamento destes Sistemas de Incentivo incluídos no PO Norte destina-se a pequenas empresas, enquanto o Programa Operacional “Factores de Competitividade” está direccionado para as médias e grandes empresas. As taxas de comparticipação das operações que venham a ser aprovadas serão fixadas e reguladas por normativos relacionados com as tipologias de projecto, critérios de selecção, e avaliação de mérito, podendo aplicar-se, em alguns casos, majorações. Se no ON – Operação Norte (2000/2006) a taxa máxima era de 75%, agora no ON.2 a comparticipação poderá atingir o limite de 85%. Numa altura em que não só as pessoas, mas também o tecido empresarial passam por grandes limitações, este tipo de financiamentos a par dos conferidos, por exemplo, directamente pelo QREN, permite às entidades dar seguimento às suas estratégias, colocar as localidades do interior no mapa do desenvolvimento, e puxar ao mesmo tempo pela economia nacional tanto ao nível das exportações, como do aumento da competitividade. Por isso é altura de arriscar, porque mais do que nunca os benefícios serão indubitavelmente maiores que os prejuízos, se é que estes poderão existir. Página Exclusiva 6 Portugal Inovador “A Zantia apresenta o que existe de mais inovador e disponível no mercado” A Zantia é uma empresa que se destaca no mercado nacional no sector da climatização e das energias alternativas. Há 11 anos a trabalhar com uma forte base de confiança e qualidade para com o fornecedor e cliente, a Zantia tem o objectivo de ser líder de mercado na sua área de acção, estando numa constante procura de altos padrões de qualidade. A internacionalização é agora o objectivo desta empresa de Viseu A Zantia é uma empresa sedeada em Mundão, Viseu, que surgiu há 11 anos com o objectivo de apresentar soluções na área da climatização e energias alternativas. Em conversa com a revista “Portugal Inovador”, Jorge Aguiar, director-geral, refere que, “a empresa tem vindo a crescer, paulatinamente, muito impulsionada pela procura do mercado e pelo sucesso que tem obtido dia após dia”. Missão da marca Com uma atitude diferenciadora, a Zantia distingue-se pela “presença directa junto dos clientes, pela diversidade de produtos e pela variedade de soluções em Página Exclusiva 7 Portugal Inovador climatização e energias alter- preocupa-se em identificar as empresa dispõe de um departa- nativas”. Presente em todo o necessidades do mercado, con- mento de pré-venda que presta mercado nacional através de tactar os melhores fabricantes apoio sempre que é necessário. uma forte rede de comerciais, de equipamentos e assim co- Dado que os produtos comer- “a Zantia oferece de uma forma locar no mercado nacional os cializados global aquilo que existe de mais mais inovadores produtos nas conhecimento técnico, a venda inovador disponível no sector”. áreas da climatização e das e a intalação são realizadas “A empresa oferece soluções de ener gias alternativas. por profissionais devidamente climatização com integridade e “Como empresa promovemos, qualificados, que garantem a credibilidade, de forma a maxi- frequentemente, acções de for- assistência pós-venda. mizar a criação sustentável de mação internas e externas para “A Zantia esforça-se por apre- valor, visando a satisfação das divulgar esses produtos junto sentar as várias soluções aos necessidades dos clientes, dos nossos colaboradores e seus instaladores para que o colaboradores e accionistas, junto do mercado, através dos seu trabalho seja facilitado, ge- através de uma relação de con- nossos instaladores. Dadas as rando-se assim um bom clima fiança e parceria, tendo como constantes lacunas na área da de parceria. Fazemos esse tra- alicerce a responsabilidade e formação, com o aparecimento balho por eles e estamos per- a excelência”, assegura a di- de novos produtos e com as manentemente atentos ao que recção. alterações que acontecem em surge no mercado, prestando termos de exigência, legisla- formação de pré-venda e pós- ção e alterações climatéricas, -venda”, refere o director-geral. os clien tes estão cada vez mais “No que diz respeito ao consumi- O mercado da Zantia está direc- atentos às alternativas que sur- dor final, como marca, já demos cionado, exclusivamente, para gem, “para isso precisam de provas de que vamos continuar grandes armazéns ou instala- toda a informação que está dis- a crescer no mercado. Somos dores. Assumindo-se como uma ponível e ainda do trabalho que uma marca única que garante marca fabricante que subcon- é feito durante o momento da toda a segurança e apoio ao trata toda a produção, a Zantia compra”, reforça Jorge Aguiar. clien te”, afirma. Marca de referência Com vista a apresentar as melhores soluções - personalizadas e adaptadas a cada caso, a exigem bastante Futuro na internacionalização A Zantia é uma empresa que se destaca no mercado nacional, por isso o desafio da internacionalização revelou-se natural. “Em termos de futuro, a internacionalização será um dos maiores desafios da empresa”, revela Jorge Aguiar. A empresa abriu, recentemente, uma filial em França – Zantia France – numa tentativa de internacionalizar a marca. “Estamos a iniciar-nos em França, que é um mercado bastante Página Exclusiva 8 Portugal Inovador o mercado espanhol, que é o mais lógico pela proximidade, ou eventualmente outros mercados mais a norte”, refere Jorge Aguiar. exigente, com restrições muito A empresa tem também o ob- elevadas. Estamos a esforçar- jectivo de analisar outros mer- nos ao máximo para conseguir cados. “Assim que estivermos ter o maior sucesso possível”, bem implementados no merca- afirma o director-geral. do francês, queremos analisar Página Exclusiva 9 Portugal Inovador Nasceu o vinho em Tetra Pak Prisma A Sarvinhos é um dos exemplos empresariais portugueses de inovação e investimento. A terceira geração da família quer elevar a empresa a novos patamares, preparando a apresentação de uma linha premium da embalagem Tetra Pak, de 250ml, com o formato Prisma. Resultado de um investimento superior a dois milhões de euros, em duas máquinas que vão produzir a nova roupagem do vinho corrente, a inovadora embalagem começa a ser comercializada já no próximo ano. Se, em tempos, Pedro Martins e Afonso Martins, sócios-fundadores da Sarvinhos, conseguiram colocar a empresa nos PALOP e no “mercado saudosista”, hoje o leme da empresa está nas mãos dos filhos de Pedro Martins: Luís Brogueira Martins e Pedro Brogueira Martins. O caminho pode ser longo e sinuoso, mas já está traçado. Página Exclusiva 10 Expansão e inovação são as directrizes. Abrir asas A empresa produtora e distribuidora de vinhos e aguardentes espera com este investimento em novas linhas de engarrafamento e embalamento, continuar a crescer anualmente cerca de 10%, média que tem consegui- do atingir desde 2006. A tentativa de abranger mais mercados prende-se com a consciência de que “os produtos tradicionais portugueses (vinho, azeite, cortiça e turismo) são aqueles que têm hipóteses de vingar no exterior. Estamos bem implantados no complicado mercado da China e começamos agora a desenvolver o espaço já conquistado no mercado da Polónia, através de um parceiro de confiança. Também já temos contactos nos EUA e na Nigéria”, revela Pedro Brogueira Martins. Quanto à badalada embalagem, o administrador responsável pelo mercado internacional exalta a segurança e a qualidade do novo sistema, assumindo o investimento realizado como uma aposta ganha: “Tivemos o reconhecimento internacional pela nossa aposta no sistema Tetra Pak Prisma e é algo que nos orgulhamos de apresentar”. Portugal Inovador Vedantes por medida Para a Hidromarinha não existem segredos na área dos vedantes. A empresa, que em oito anos se tornou uma referência no sector, possibilita aos seus clientes o fabrico no momento de vedantes não normalizados. O crescimento médio de 15% ao ano, augura um futuro auspicioso para a Hidromarinha. Criada em 2002, em função da política de expansão da Htubo, a Hidromarinha rapidamente conquistou o seu espaço no comércio de peças e acessórios para a indústria. Focada na tubagem para o mercado local e nos vedantes para o mercado nacional, a Hidromarinha dispõe de um elevado e diversificado stock para possibilitar uma rápida resposta ao cliente. As recentes instalações, na Marinha Grande, onde está sedeada desde 2007, são a base de opera- ções desta empresa com capacidade para produção de produtos não-normalizados. Através de uma política de adaptação do seu stock às necessidades do mercado nacional e do investimento numa máquina de produção de vedantes capacitou a empresa para novos domínios, ajudando a tornar se uma empresa de referência, na área dos vedantes. Evolução crescente mas actualmente somos uma empresa de referência”, assume Henrique Lisboa, um dos proprietários. O facto de disponibilizar um serviço de acompanhamento constante aos seus clientes faz da Hidromarinha um parceiro de excelência. Para fortalecer a relação com o cliente, a empresa investe, neste momento, no processo de certificação, de forma a que esteja concluído já no próximo ano. Na mesma linha, é reconhecida, por Henrique Lisboa, uma vontade de estar mais presente no norte do país: “O nosso projecto é tentar continuar a crescer, apostando cada vez mais na zona norte, onde ainda não temos o mesmo impacto que no sul e centro do país. Continuamos a munirmos de várias ferramentas, quer através do recrutamento de quadros superiores qualificados quer através da continua formação da nossa equipa, de forma a que possamos ajudar o cliente a encontrar soluções para os problemas que surgem”. Para além dos vedantes, a Hidromarinha dispõe de todo o tipo soluções hidráulicas, pneumática, transmissão e tubagem industrial: “Os primeiros três anos foram muito complicados. As empresas estavam servidas, habituadas a trabalhar com outras empresas. Foi difícil mostrar que erramos capazes de resolver os problemas, Página Exclusiva 11 Portugal Inovador Uma empresa bem construída Com um portefólio de obras (públicas e privadas) de relevo, a Tecnorém já conquistou o seu espaço a nível nacional. Neste momento encontra-se ligada à construção de sete complexos escolares, alguns dos quais com elaboração do projecto, em que vai recorrer ao know-how de 22 anos para concluir as obras no prazo estipulado, com a qualidade que lhe é característica. Para além da construção, a empresa revela uma preocupação social com a criação de uma unidade de saúde. Com sede no Moinho da Areia (Ourém), numas instalações de 14000m2 com armazéns e escritórios, a Tecnorém é, nos dias de hoje, muito mais que uma empresa. É um grupo de empresas com áreas distintas, onde todos trabalham segundo a mesma política de trabalho: dar uma garantia de satisfação ao cliente, superando as suas expectativas; cumprir a legislação; assegurar uma cultura de prevenção; optimizar recursos; planear bem as diferentes fases de obra; e valorizar o desenvolvimento de competências, são alguns dos pontos cruciais no grupo para que se alcance a tão almejada satisfação do cliente. O grupo Constituído por cinco empresas (Tecnorém, Imotecnorém, Cobaco, EnergiaHotel, TMG), o grupo actua em diversas áreas. A empresa-mãe, a Tecnorém, vocacionada para a concepção de obras públicas e privadas, surge como centro e foco de actividade. No entanto, recentemente, têm sido acrescentadas novas vertentes que dinamizaram o grupo e aumentaram o número de clientes. Desde a vocação para a área ambiental, com a construção de saneamento básico, passando pela saúde, através da TMG, com componente de lar tradicional e cuidados continuados, ou ainda pelas recentes energias Página Exclusiva 12 renováveis, através da ENERGIHOTEL, dedicada à climatização fotovoltaica e ventilação, o grupo demonstra a sua versatibilidade em diferentes nichos de mercado. Além do trabalho, Carlos Batista assume a vontade de fazer algo pelos outros. Com visitas periódicas à Guiné, Cabo Verde e Angola, o administrador da Tecnorém dá o seu contributo a projectos sociais: “Temos feito jantares de empresários e, conjuntamente com instituições religiosas, temos dado apoio a remodelações de hospitais, escolas, igrejas, entre outras”,. As ajudas, nos diversos países africanos, têm levado a convites governamentais para a Tecnorém fazer algo mais no país: “Estamos a desenvolver parcerias bancárias para fazer algo mais positivo, no entanto ainda não estamos interessados em ir para lá. Estas são apostas relacionadas com o fio condutor da empresa e que nos trazem a simpatia da população, mas também servem para desenvolver capacidades de jovens técnicos, engenheiros e directores de obra. Os jovens gostam de ir para fora, por isso também é importante para eles”, refere. Importância dos colaboradores Para o administrador Carlos Batista, a aposta em colaboradores com formação superior, com capacidades desenvolvidas, ou simplesmente com vontade de trabalhar, deve ser uma regra de ouro nas empresas: “Em todos os sectores há gente muito boa. Tivemos aqui jovens engenheiros Portugal Inovador Manter a evolução que se ofereceram para trabalhar sem ganhar nada! É claro que, quando se vê este tipo de vontade, se deve apostar nas pessoas e dar-lhes todas as condições para desenvolverem um bom trabalho”. Por outro lado, o administrador não hesita em assumir que deve existir polivalência laboral: “A pessoa deve ter o máximo de formação, mas não vejo nenhum inconveniente em que um técnico superior de segurança e higiene no trabalho saiba operar uma grua, ou que um licenciado em Engenharia Civil esteja disposto a armar ferro. Só demonstra conhecimento e competência técnica”, relembra. se tinham proposto a fazer. Por isso é que aconselho sempre os empresários, que enfrentam dificuldades, a preocupar-se com a redução dos custos internos das suas empresas, reformulando-as ou reduzindo as margens de lucro, de forma a não colocar em causa a sobrevivência da empresa”. O objectivo principal para este grupo, que cresceu 40% no ano passado, é continuar a evoluir nas diversas áreas. Carlos Batista assume que já tem alguns projectos pensados, no entanto, apesar de não revelar pormenores, o facto de esperar “crescer mais 30% até ao final do ano” indica a ambição da Tecnorém em reforçar o estatuto alcançado ao longo dos anos. Gestão ponderada Apesar de parecer, à primeira vista, um contra-senso, a Tecnorém tem consciência de que perde alguns concursos públicos não por falta de competência, mas por competir com empresas a viver sérias dificuldades: “Essas empresas concorrem aos concursos públicos com preços cada vez mais baixos. A Tecnorém já assumiu a execução de obras deixadas a meio porque as empresas que ganharam o concurso público, ficando à nossa frente, não conseguiram concluir o que Página Exclusiva 13 Portugal Inovador A empresa que perfura e perdura Vocacionada para as áreas de perfurações horizontais dirigidas, captação de água, sondagens geológicas, ensaios geotécnicos, construção civil, obras públicas e aluguer de máquinas, a empresa Sondagens do Oeste é uma pontência nacional no sector onde actua. Com 25 anos de existência e conhecida pela constante modernização e introdução de inovações tecnológicas, a empresa estuda agora a hipótese de internacionalização. cia, a empresa já conseguiu atingir cinco vezes o estatuto de PME Excelência, depois de ter participado em obras importantes, como a construção do primeiro gasoduto em solo português, que além de impulsionarem o investimento, proporcionaram a diversificação da actividade. No ano passado a empresa facturou nove milhões de euros e teve mesmo que recusar alguns trabalhos no estrangeiro para conseguir responder, com qualidade, a todas as solicitações de trabalho em Portugal. A Sondagens do Oeste apresenta hoje uma variedade de serviços única no sector, recorrendo sempre à mais moderna e fiável tecnologia, proveniente de países como Estados Unidos da América, Finlândia, França, Inglaterra, entre outros. Saber gerir As instalações da Sondagens do Oeste, com 2,5 hectares, transparecem a capacidade de resposta da empresa, mas nem sempre foi assim. Fundada em 1985, por Manuel Duarte, a empresa começou por de- Página Exclusiva 14 senvolver a sua actividade na área da pesquisa e captação de água, empregando seis colaboradores num pequeno armazém de 200m2. No entanto, a Sondagens do Oeste não permaneceria nessa condição por muito tempo. A visão e ousadia do proprietário levaram à compra de máquinas hidráulicas de perfuração subterrânea, algo inovador no distrito, que deram o primeiro passo naquele que seria um percurso de sucesso. Durante a sua existên- Quando se olha ao percurso da Sondagens do Oeste, Manuel Duarte parece ter uma aptidão natural para gerir a empresa. Desde cedo optou pela inovação, como base de crescimento da sua empresa, sendo que a evolução ditou que visse na subcontratação uma mais-valia imprescindível: “Com a conjuntura do país e uma política de prevenção, reduzimos margens e subcontratámos algumas empresas. Não se aumentam cargos, dividem-se responsabilidades, correm-se menos riscos e lucramos todos. Funcionamos assim nos últimos Portugal Inovador Filipe Duarte. Para já, obras como um ramal de um gasoduto para a Petrogal, (com 25 km, de Santo Tirso para Perafita, e com perfuração de 650m por baixo do Aeroporto Francisco Sá Carneiro) ou o ramal dos Emissários do Alvito, mantêm-se como o melhor cartão-de-visita de uma empresa que não pára de crescer, inovando de dia para dia. Ambiente saúdavel dez anos e temos tido bons resultados”, frisa o administrador. Parte da gestão passa por uma forte componente de formação a nível interno. Pela especificidade do sector, “não se pode ir buscar gente ao centro de emprego. Temos de formar as pessoas na empresa com pessoas da empresa. Esse trabalho não existe nos quadros legais, logo não conta para as estatísticas, mas é algo que acrescentamos às formações obrigatórias por lei e ao qual damos muita importância”, assume Filipe Duarte, filho do fundador da Sondagens do Oeste e que integrou, recentemente, a administração da empresa. A organização passa também pela certificação ambiental e de qualidade, que está a ser levada a cabo no presente ano, com previsão de conclusão até ao final de 2011. Manuel Duarte lamenta que “uma empresa que queira obter uma certificação tenha de lidar com custos elevados e uma burocracia excessiva. Perde-se tempo e recursos com uma coisa que devia ser imediata”. empresa, com Marrocos, Líbia e Argélia a surgiram como principal destino: “São países para os quais já tivemos propostas de trabalho, mas que tivemos de recusar porque exigiam muita mão-de-obra e isso implicava um desleixo no mercado nacional. Queremos avançar, mas com segurança e só por isso é que ainda não o fizemos”, explica Manuel Duarte. As obras pontuais da empresa em Espanha despertam a vontade de ir mais longe, mas para isso será necessário encontrar o parceiro correcto: “A nossa ida padece do apoio de alguma empresa com quem já tenhamos trabalhado e que nos dê algumas garantias”, afirma Apesar do crescimento constante, a Sondagens do Oeste mantém o bom ambiente entre todos os colaboradores: “Aqui na empresa não há doutores, nem engenheiros, há pessoas e são todas tratadas da mesma forma. Essa é a minha forma de ser”, confessa Manuel Duarte. A familiaridade entre todos, cria bom ambiente, torna o serviço mais fácil e aumenta produtividade e qualidade: “Não existe nenhuma empresa a fazer tudo o que fazemos e, mesmo assim, a Sondagens do Oeste não tem nenhum processo em tribunal. Em 25 anos é algo notável e do qual poucos colegas se podem gabar”, corrobora Filipe Duarte, que espera agora dar continuidade à história de sucesso da empresa. Projecto de internacionalização A Sondagens do Oeste está a reorganizar-se para que, num prazo de três a quatro anos, possa avançar com segurança para o processo de internacionalização. O mercado árabe é o mais apetecido pela Página Exclusiva 15 Portugal Inovador Rede reforçada de consultoria e gestão Gabriel Silva, Ricardo Jacinto e Cristina Trovão são os rostos de uma empresa inovadora, orientada para as necessidade do tecido empresarial na área da consultoria e gestão. Criada em 1991, a TGA – Consultores de Gestão, em Leiria, difere da concorrência pela crescente diversidade e qualidade dos serviços, orientada para melhoria da capacidade de gestão dos seus clientes através de um acompanhamento próximo, personalizado e inovador que gere resultados no curto prazo e sustente vantagens competitivas no futuro. Quando, em 1991, o professor universitário Gabriel Silva convida Ricardo Jacinto para iniciar a TGA, o objectivo principal estava bem definido: criar um conjunto de serviços que permitissem melhorar a capacidade de gestão do tecido empresarial e ser líder na consultoria em gestão. Serviços especializados Chamar à TGA empresa de consultoria e formação seria estar a passar ao lado de todo o conceito da empresa. A TGA é, acima de tudo, uma rede especializada Página Exclusiva 16 de consultoria e gestão, que abrange todo o país, apoiando empresas através da optimização de recursos, competências, know-how e uma diversidade de serviços inovadores, evidenciando e privilegiando sempre o trabalho em parceria e a concretização dos objectivos dos seus clientes. Uma rede de 40 consultores independentes, com elevada formação em diversas áreas (gestão, gestão financeira, estratégia, recursos humanos, marketing, etc…), está ao dispôr da TGA para, sob a sua orientação, lidar e solucionar os problemas de cada cliente, através do desenvolvimento e aplicação das melhores ferramentas de gestão. “A TGA actua, fundamentalmente, em quatro vertentes: Gestão Estratégica, ou seja, ajudando a preparar o futuro; Gestão Operacional, optimizando as condições actuais nas diferentes áreas funcionais (finanças, marketing, recursos humanos, produção/operações, qualidade); Sistemas de Informação, relacionado com contabilidade e finanças; e Formação/Acção, uma área que, apesar de só existir na TGA desde 2004, é a de maior crescimento nos últimos anos”, afirma Gabriel Silva. No fundo, mais que um serviço, a TGA mostra uma nova forma de as empresas atingirem os seus objectivos. Franco desenvolvimento A participação no programa Gerir com o IAPMEI entre 2004 e 2007 permitiu à TGA desenvolver métodos e práticas que foram reconhecidas como excelentes na consultoria às empresas. Esta experiência permitiu à TGA alargar o seu leque de clientes relevantes neste Portugal Inovador ma Cristina Trovão. A sócia-gerente acredita que a certificação em qualidade foi uma alavanca importante para o crescimento: “A certificação disciplinou-nos. A metodologia dos nossos serviços está toda documentada. Ao sistematizar o conhecimento, criámos um conjunto de regras e procedimentos que são uma garantia de todas as nossas acções”. Para o futuro, a empresa tem planos de transportar este mode lo de negócio para Moçambique, algo que poderá ajudar a cumprir com as expectativas de domínio: Catim (Porto), Nerlei (Leiria), Nervir (Vila Real) e Nera (Algarve). No último ano e meio, a TGA pode orgulhar-se de ter intervido na melhoria da capacidade de gestão “em cerca de duas centenas de empresas”, confir- crescimento de dois dígitos ao ano, nos próximos cinco anos face à facturação de 2009 - 500 mil euros. Página Exclusiva 17 Portugal Inovador O parceiro ideal das empresas Há 12 anos a actuar nas áreas de revenda de tabaco, produtos alimentares, bebidas, e ainda na comercialização de produtos através de máquinas (vending), a Leirivending é um nome bem conhecido da zona centro. Com cerca de 1100 clientes, de Coimbra a Torres Vedras, esta PME Líder certificada apresenta-se como o parceiro ideal para o mundo empresarial. A fundação da Leirivending remonta ao ano de 1998, aquando do falecimento de José António Marques e posterior entrada do filho, André Marques, na administração da empresa. O jovem, na altura com 19 anos, interrompe o seu curso de Marketing e Publicidade para se dedicar em pleno ao negócio do pai. A Leirivending ganha sangue novo e ideias novas, divergindo da simples comercialização de tabaco para áreas como a dis- Página Exclusiva 18 tribuição de produtos exclusivos e fornecimento, em regime de exploração, de máquinas de venda automática. Vending de proximidade Com toda a logística a ser controlada pela Leirivending, a grande aposta dos últimos anos tem recaído sobre as máquinas vending: “Temos feito algum desenvolvimento de produtos vending junto de alguns fornecedores, adaptando máquinas e produtos face ao que é mais procurado pelos consumidores. Falamos de produtos light, sandes vegetarianas, sopas, fruta, etc”, afirma André Marques. A certificação ISO 9001, obtida em 2004, atesta a qualidade da empresa e dá confiança aos clientes: “Fomos a primeira empresa de vending a ser certificada a nível nacional. Apesar de representar um investimento elevado, não abdicaremos de pontos-chave como a certificação e a implementação de medidas preventivas de controlo alimentar (HACCP)” e inovação de produtos, assegura o administrador. Neste momento a Leirivending mantém-se sólida, com uma estrutura de 29 pessoas, esperando no futuro aumentar a facturação anual, de 32 milhões de euros, através do alargamento da gama de produtos e raio de acção, mas também mantendo a contínua política de proximidade ao cliente. Portugal Inovador Entender o produto A centenária Carlos Baptista, Lda, é especialista nos produtos que comercializa. Ferragens, máquinas, ferramentas e equipamentos de jardim aliam-se à vertente da distribuição de gás para um serviço completo, caracterizado pelo acompanhamento personalizado e pela informação de qualidade ao cliente. Os habitantes de Pombal testemunharam a evolução gradual da Carlos Baptista. Quando, em 1982, Francisco Sousa adquire a empresa opta pela especialização. Deixou de ter um pouco de tudo (mercearia, mobiliário, drogaria, etc…) para se tornar uma autoridade em determinados segmentos. Hoje, faz concorrência às grandes superfícies pela qualidade reconhecida no atendimento. Mas nem sempre é fácil: “Apostamos muito no atendimento presencial. Normalmente quando se vende um produto há um aconselhamento. A díficuldade neste negócio é arranjar pessoas formadas ou dispostas a aprender”, aponta Francisco Santos, filho de Francisco Sousa. Marianella Santos, a filha que agora reparte a administração da empresa com o irmão, frisa que a Carlos Baptista deve muito aos seus funcionários: “Temos uma política de estabilidade. Sabemos que quanto mais tempo o funcionário estiver connosco melhor para ele e melhor para nós”. Continuar a crescer Esta PME Líder, que conseguiu aumentar as vendas em pleno ano de crise, planeia manter a estratégia empresarial desen- volvida ao longo de décadas: “Sempre trabalhei com seriedade e honestidade”, assume Francisco Sousa. Essa tarefa cabe agora aos dois filhos que esperam seguir as pisadas do pai: “Herdámos do meu pai a segurança de só dar um passo quando o anterior já está bem enraizado”. Os grandes projectos, para além da contínua fidelização do cliente, passam pelo alargamento dos segmentos já existentes na empresa. Página Exclusiva 19 Portugal Inovador Inovação na Cosmética Nacional A Sanosenses, especializada na importação e distribuição de produtos de cosmética, nasce no ano passado com representação exclusiva de marcas de qualidade reconhecida internacionalmente. Ao fim de um ano de actividade, o balanço é positivo, augurando um futuro próspero, onde cada vez mais portugueses reconhecerão os produtos da Sanosenses como garantia de qualidade e eficácia comprovadas. za personalizados), a Sanosenses fez questão de ter todos os seus produtos legalmente certificados. Formação contínua Criada em 2009, a marca Sanosenses rapidamente cumpre o objectivo de captar a atenção dos portugueses. As quatro marcas de referência mundial (Leonor Greyl, Cellulite Rx, Pure Altitude e Anne Semonin), escolhidas para trazer algo de novo ao mercado nacional, receberam a aceitação dos portugueses e começam a destronar alguns dos gigantes bem conhecidos da cosmética. Marcas de renome Para vingar no mundo da cosmética, a Sanosenses teve o cuidado de escolher linhas de produtos únicas, com um elevado nível de cosmeticidade e uma segurança e eficácia inigualáveis, de forma a fazer face às necessidades demonstradas pelos clientes mais exigentes. Página Exclusiva 20 Desde a Cellulite Rx (uma linha inovadora de cuidados anticelulíticos destinada a refirmar e tonificar o tecido, diminuindo e prevenindo o aparecimento de celulite), passando pela Leonor Greyl (uma linha de cuidados específicos para os cabelos que utiliza, há mais de 35 anos, os melhores e mais activos ingredientes de origem natural), pela Pure Altitude (pioneira nos cuidados Dermo-Cosméticos à base de plantas da montanha e da Edelweiss e possuidora de uma linha de cuidados Bio-Orgânica que está na vanguarda da Dermo-Cosmética vegetal), ou ainda pela Anne Semonin (precursora do conceito de cuidados de embelezamento “por medida” desde 1986, é considerada uma linha de produtos de luxo e requinte a nível internacional que se especializou em desenvolver cuidados de bele- Conquistar o seu espaço através da formação técnica especializada tem sido uma das grandes apostas da Sanosenses: “ A Sanosenses aposta numa formação técnica detalhada e qualificada, porque acreditamos que o sucesso das nossas representadas depende fortemente do conhecimento implementado’’, relembra Alexandra Freitas, jovem licenciada em Ciências Farmacêuticas e pós-gradudada em Ciências Dermocosméticas. Uma nova página Aos 32 anos de idade, as jovens farmacêuticas Alexandra Freitas e Margarida Freitas, unem-se num projecto que tem tanto de ousadia como de inovação. Gerado no seio da Propecuária, uma PME Líder com mais de 30 anos de know-how empresarial, o projecto Sanosenses surge como uma oportunidade de negócio, “mas também como uma marca de qualidade”, afirma o proprietário, Pedro Freitas. “A grande vantagem neste projecto é a capacidade de resposta. Seja a nível da veterinária ou da cosmética (no Portugal Inovador caso da Sanosenses), conseguimos garantir que a encomenda é entregue num prazo de 24h e sem rupturas de stock”. Tendo atingido uma facturação considerável entre Maio (data da sua criação) e Dezembro de 2009, a Sanosenses antevê a criação de mais postos de trabalho: “Temos consciência que é complicado vingar no mercado da cosmética, mas queremos uma representação mais forte. Estamos a entrar nas ilhas e no mercado externo e como tal, antevemos um crescimento sustentável nos próximos anos. É algo que pode levar o seu tempo, como aconteceu com a empresa mãe, mas passo a passo é possível”, conclui Pedro Freitas. Página Exclusiva 21 Portugal Inovador 8000 kg/hora de pet food A Rações Avenal, pioneira em Portugal na produção de alimento seco para cães e gatos, tem apostado na modernização tecnológica e qualidade da produção. Com grande capacidade de armazenagem e uma produção que pode atingir as oito toneladas de ração por hora, a Rações Avenal planeia, a curto prazo, uma inovação: uma melhoria ao nível das embalagens, tornando-as mais resistentes e seguras. Ao longo de meio século de exis tência, a Rações Avenal atravessou diversas fases, modernizações e inovações. Esperou até 2003 para se dedicar ao fabrico exclusivo de alimentos extrudidos para animais de companhia, concretamente, cães e gatos. Desde esse momento, a empre- Página Exclusiva 22 sa cresceu de uma forma constante, tendo registado, nos últimos cinco anos, crescimentos na ordem dos 17% por ano. Saber estar no mercado Com três marcas próprias (Avenal, Spike e Fluffy), a Rações Avenal consegue abranger todo o país, efectuando também vendas pontuais no concorrido mercado espanhol: “Queremos crescer em Espanha, ainda que estejamos mais focados em Portugal, onde temos 90% das nossas vendas. Aqui a competitividade também é muito forte porque, apesar de só exis- tirem duas fábricas de petfood no país, existem mais de 1000 marcas de ração para cão no mercado”, frisa Ulisses Mota. Para alcançar a barreira dos seis milhões de euros de facturação, no presente ano, a Rações Avenal tem apostado na formação (cerca de 200h/ano), no produto (com as novas embalagens e a perspectiva de criar uma nova marca), na quali dade (com inovadores instrumentos de análise, que asseguram o controlo de pontos críticos no processo produtivo) e no ambiente (sendo detentora dos licenciamentos industrial e ambiental). Esta PME Líder, que cumpre todos os requisitos para ser uma PME Excelência, prepara agora o processo de certificação, esperando a sua conclusão ainda em 2010: “É um processo que está a decorrer e que em breve estará concluído”, assegura Ulisses Mota. Mas os projectos não ficam por aqui, no primeiro trimestre de 2011, a Rações Avenal irá dar início à construção de uma nova unidade de produção com capacidade para 5000 toneladas por mês. Portugal Inovador Rigor no controlo orçamental A Cobrigás, em Colmeias (Leiria), tem apostado forte nas áreas dos pavimentos climatizados, sistema solares, canalizações de águas domésticas e industriais, executando ainda serviços nas áreas de aquecimento central, ar-condicionados, redes de incêndio e gás. Empenhada em manter a sua estrutura através de uma gestão rigorosa, a empresa conta com uma delegação no Algarve, para estar mais perto dos seus clientes. Muito antes de Artur Santos ser presidente da Junta de Freguesia de Colmeias, lugar que ocupa desde 2009, cria a Cobrigás. A empresa, que conta com 17 colaboradores e facturou no ano transacto um valor de 850 mil euros, tem inovado de forma constante desde o seu início, em 1994. Nos dias de hoje, a aposta na área das energias renováveis e pavimentos climatizados, com uma assistência técnica personalizada em todas as áreas da sua actividade, revelou-se uma aposta ganha, por parte da Cobrigás, e uma forma de contornar a conjuntura económica do país. Política de gestão Atento ao mercado, Artur Santos optou por prevenir-se com uma selecção rigorosa dos clientes: “Apostei fortemente no controlo orçamental da empresa. Ao contrário de alguns concorrentes nossos, não pretendemos trabalho a qualquer preço. As margens podem ser reduzidas ao mínimo, mas não entramos em loucuras. A empresa vive de lucros e não de prejuízos”, afirma. As palavras são fortes, mas são parte representativa da política de gestão existente na empresa: “É uma profissão de risco com uma responsabilidade social muito grande, por isso, não gosto de fazer trabalhos sob grande pressão. Isso obriga-nos a contratualizar pessoas sem experiência e eu prefiro trabalhar com pessoas que me dêem confiança”. O estatuto de PME Líder permite sonhar com um cenário de expansão para o mercado externo, no entanto Artur Santos mantém a confiança e a aposta em Portugal: “Temos uma equipa de sete pessoas a trabalhar no Algarve e nunca me vi fora do meu país. Provavelmente faltam as pessoas certas, mas nós temos tudo em Portugal para que os negócios possam funcionar”, finaliza. Página Exclusiva 23 Portugal Inovador Malhas que impulsionam o sector têxtil Contrariando estereótipos infundados, a Malhas Martos dá cartas no sector têxtil. A empresa sedeada em Alqueidão da Serra, freguesia do concelho de Porto de Mós, mostra ao país que é possível manter uma estrutura empresarial baseada na concepção e produção de malhas. A aposta na inovação tecnológica e numa metodologia de gestão regrada foram os pontos fulcrais de desenvolvimento desta PME Líder. Já há alguns anos que se houve falar na crise do sector têxtil, mas o que abrange realmente o sector têxtil? Estará condenado à extinção na sua totalidade? Carlos Marto e João Paulo Marto, que partilham a gestão da Malhas Martos com o pai e o tio, acreditam que é importante ter em atenção que “as malhas são um segmento que no sector têxtil, apresentam algumas particularidades: por exemplo, uma pequena empresa como esta, pode apresentar no mercado uma enorme diversidade de produtos, dado que pode transformar a matéria-prima nos mais variados tipos de malha, pois esta é tecida na própria empresa. Mas por outro lado o equipamento necessário à tecelagem da malha, que actualmente incorpora tecnologia de ponta, exige um investimento considerável, conhecimentos técnicos avançados e Página Exclusiva 24 recursos humanos especializados. São especificidades como estas que têm permitido a pequenas empresas continuar a laborar num mercado altamente competitivo como o actual ” explicam. Integrados na empresa há 14 anos, os dois licenciados em Gestão de Empresas, fizeram uso de todo o seu conhecimento teórico para dar um empurrão na empresa de família: “Quando chegamos, a empresa era completamente diferente. Enfrentava alguns problemas financeiros, dispunha de pouca tecnologia, as infra-estruturas físicas eram reduzidas, e operava com pouco mais de uma dezena de pessoas”. O desafio de reestruturação da empresa estava lançado. Exemplo de gestão A Malhas Martos tornou-se, em poucos anos, um exemplo de inovação. À pesquisa por novos mercados e clientes, seguiu-se um investimento na área da produção e da confecção, com a compra de novas máquinas. Mas o investimento não estaria completo sem uma renovação nas infra-estruturas, nomeadamente na ampliação da área de produção, armazenagem e escritórios, investimento este parcialmente apoiado com recurso a fundos comunitários provenientes do Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa (PEDIP). Foram também delineadas novas estratégias empresariais: “nos últimos anos tivemos que acelerar a parte comercial da empresa. Se antes nem era necessário, porque a procura era muita, neste momento é indispensável; foi por isto que nos últimos anos a procura de novos clientes foi uma prioridade e se começou a exportar para alguns países europeus”, considera Car- Portugal Inovador los Marto, responsável actual por esta área. Já no capítulo dos recursos humanos, a cargo de João Paulo Marto, foram contratados, nos últimos anos, elementos importantes que dinamizaram a empresa: “ Recrutamos pessoas de outras empresas que acrescentaram know-how e isso ajudou-nos muito. Contratámos também uma designer, uma vez que nas malhas há sempre algo de novo a inovar. A entrada de novos colaboradores permitiu-nos fazer mais coisas, com maior segurança e mais qualidade”, conclui. No total, foi gasto mais de um milhão de euros num processo de renovação que durou mais de uma década, mas que deu os seus frutos. A empresa factura anualmente 650 mil euros, produz uma média de 4000 peças por mês, que consegue escoar graças a salutares relações económicas de parceria com fornecedores, clientes e, até mesmo, com a banca: “A sucursal do BPI, em Porto de Mós, tem sido um parceiro muito importante no crescimento da Malhas Martos”, assegura Carlos Marto. Incentivo às empresas A Malhas Martos sente-se condicionada pela situação do país: “Deixou de existir uma classe média, que absorvia grande parte do produto de empresas como a nossa. As pessoas passaram a ter menos poder de compra e cabe ao Estado fazer algo para combater essa perda. Sem poder de compra para adquirir produto nacional, o mercado é ocupado por produtos estrangeiros que não são forçosamente de melhor qualidade ”, fazem questão de alertar. No entanto, deixam uma mensagem de esperança: “O sector têxtil não é um sector “pobre”, é como qualquer outro. É importante divulgar a existência de empresas que não adormeceram ao longo destes anos. Há quem invista e consiga continuar a competir neste mercado cada vez mais globalizado ”. Página Exclusiva 25 Portugal Inovador “Comecei do zero” A empresa A.Santos, na Benedita, comemora, este ano, três décadas de existência. Com um balanço muito positivo, a PME Líder, que opera no sector da electricidade, orgulha-se de apresentar um crescimento de 33% em 2009. Actualmente, tendo atingido o patamar dos 2.4 milhões de euros de facturação, a A.Santos sente-se preparada para dar o salto para o, ainda inexistente, Parque Industrial da Benedita. Na vida, atribuímos sempre maior valor às coisas que tivemos dificuldade em alcançar. Este é o sentimento de António Santos, o fundador e proprietário da A.Santos. Quando, aos 13 anos, começa a trabalhar como ajudante de electricista, dificilmente imaginaria que um dia teria uma empresa. Mas foi isso que aconteceu. Em 1980, depois de ter trabalhado quase 20 anos por conta de outrém, António Santos decide beneficiar dos contactos com alguns clientes para começar a trabalhar por conta própria. Funda a A.Santos e dá início a um percurso de dificuldades, ultrapassadas apenas pelo gosto e empenho aplicado em cada obra executada: “Come cei do zero. Cheguei a andar com mais dois empregados, escadote, caixa de ferramentas, tudo em cima de uma motorizada. Fazíamos todo o tipo de montagens de electricidade, mas trabalhávamos mais em fábricas, vivendas e prédios”, relembra. País iluminado Actualmente, a A.Santos cresceu de tal forma que dos primórdios da empresa restam apenas as pessoas e os valores. Tudo o resto ganhou uma dimensão considerável. Com dois armazéns, um em Pi nheiro (com 500m2, destinado ao material) e um na Benedita Página Exclusiva 26 (com 297m2 e loja de venda ao público), a empresa está preparada para responder ao sector público: “Trabalhamos há muitos anos com a DREL (Lisboa) e com a DREC (Coimbra). Felizmente, temos tido muito trabalho”, assume António Santos. Obras como a Escola Padre Cruz, inaugurada em Setembro, diversas escolas e creches em Manique (Sintra) e S. João da Talha, a Escola Secundária da Lourinhã, a Unidade de Serviços Continuados (Vila Franca de Xira), a orla costeira (Santa Cruz), as piscinas municipais (Carneca da Caparica), o Centro Comunitário Paroquial (Benedita), a Nobre Alimentação, S.A., jardins como o Parque da Cidade de Loures (Lisboa), o Jardim Rosa Bas- tos ou o Parque da Portela, são ape nas alguns dos exemplos da abrangência e capacidade de resposta da empresa. Trabalhar com o sector público dá alguma segurança, principalmente em obras de relevo, no entanto tem os seus riscos: “Temos muito dinheiro a receber das câmaras e isso acaba por asfixiar muitas empresas. Quando há prazos excessivamente dilatados torna-se complicado”, lamenta António Santos que, apesar de tudo, mantém a serenidade: “Apesar das coisas estarem muito más no país, eu não sou pessimista. Acredito apenas na necessidade de bons exemplos dos nossos chefes de Estado para que os empresários se sintam incentivados a fazer um bom trabalho”. Portugal Inovador penhada na certificação, sendo que a respeitante à qualidade estará concluída ainda este mês, à qual se seguirá a de segurança. Com o futuro bem encaminhado, António Santos deixa ainda no ar o sonho contido de passar o testemunho da empresa à segunda geração da família. À espera de luz verde… António Santos ambiciona a reu nião dos seus armazéns num mesmo espaço. Algo que até é possível, mas que obriga a deslocalizar a A.Santos para fora da Benedita: “Eu pretendia ter tudo em conjunto, só ainda não está consumado porque a Benedita ainda não tem um parque industrial. É algo de extrema necessidade e importância, não só para a indústria, mas também para o comércio, que é o meu caso. Só estou à espera que os políticos cumpram com o que prometeram”, relembra. Enquanto não há avanços nesta matéria, a A.Santos está em- Página Exclusiva 27 Portugal Inovador Crescimento assinalável A Falrui, sedeada na Nazaré, cimentou o seu sucesso em alicerces como a honestidade nas relações e seriedade nos compromissos. A empresa, que cresceu 23% em 2009, colocou a fasquia bem alta ao facturar 2.45 milhões de euros, em pleno ano de crise. Está agora entre as referências nacionais no sector do alumínio, distinguindo-se pela inovação, na área da tecnologia, e pela certificação, que garante a confiança de clientes e fornecedores. empresa passou de Lda para SA, e viu ser-lhe atribuída por duas vezes a distinção de PME Líder. Rui Gomes pode orgulhar-se do risco corrido. Hoje, a empresa é detentora de um espaço entre as empresas que, cumprindo a lei, alcançaram o sucesso. Inovação e formação As instalações da Falrui alojam, nos seus 1400m2, o know-how adquirido ao longo de 20 anos. Operando, desde a sua fundação, no sector da fabricação de caixilharia, a empresa é responsável por obras públicas como a remodelação da ESAD (Caldas da Rainha), a renovação do parque escolar em diversos concelhos do país, a colocação de inovadoras lâminas móveis na Praça de Touros do Redondo, bem como de inúmeras emprei- Página Exclusiva 28 tadas particulares, um pouco por todo o território nacional. Os pedidos de orçamento regulares revelam que Rui Gomes, fundador e gerente da Falrui, tem em mãos um negócio consistente. O empresário, que começou pelo patamar mais baixo de uma outra empresa do ramo, até se tornar sócio, resolve abandonar o promissor posto de trabalho e arriscar a criação da uma empresa em nome próprio: a FALRUI. Seis anos volvidos, a O lugar de gestor na anterior empresa proporcionara inúmeros contactos a Rui Gomes, que recorreu aos mesmos para alavancar a Falrui. “Inicialmente, tínhamos o mesmo tipo de mercado que temos hoje: a nível nacional, em obras públicas e particulares. Só fazemos caixilharia em alumínio sem nos colocarmos em variantes como o inox ou a serralharia em ferro. Por um lado, só queremos especializar-nos nesta área e, por outro, as instalações não têm espaço físico para essa diversificação”, revela. A especialização implica, por si só, uma busca constante por soluções e melhoramentos na qualidade do produto e serviço. A resposta foi a inovação: “A inovação, assim como a organização, tem um papel muito importante na empresa. Neste momento, temos um técnico de informática a tempo inteiro a desenvolver exclusivamente novos produtos para a empresa”. Mas para se inovar é preciso que exista quem saiba colocar pro- Portugal Inovador jectos em prática… Rui Gomes lamenta a ausência de formação adequada: “Começámos com menos de dez colaboradores e hoje somos 45. Infelizmente, é extremamente complicado encontrar pessoas formadas nesta área”. A formação dos colaboradores é levada a cabo pela própria Falrui, sendo os resultados alcançados com a prática. Certificação e concorrência A certificação dinamizou a empresa: “A partir de Fevereiro passou a ser obrigatória a implementação da marcação CE. Como o processo de certificação já englobava parte do controlo de produção em fábrica que a marcação CE exige, optei por antecipar-me e avançar para a certificação”, menciona Rui Gomes. No entanto, o investimento trouxe à Falrui alguns dissabores ao nível da concorrência: “Faço uma análise positiva comparativamente com as empresas da minha dimensão, mas quando se compara com micro ou pequenas empresas, algumas delas PME’s, o cenário piora. Existem algumas empresas que trabalham sem qualquer tipo de instalações licenciadas pelo Ministério da Economia e sem condições para os funcionários. Isso prejudica-nos, porque os custos de implantação das instalações são muito inferiores”. de crescimento desmesurado: “O objectivo actual na Falrui é estabilizar, consolidar e melhorar constantemente o serviço prestado ao cliente. Mesmo que mantenha a facturação actual já é muito positivo, tendo em conta o crescimento de 23% em 2009”, conclui. Crescimento constante O proprietário confessa que não esperava uma ascensão tão elevada da empresa, rejeitando uma hipotética ambição Página Exclusiva 29 Portugal Inovador Abastecer de norte a sul A VMF Petróleos é uma referência, já com 27 anos de experiência, no mercado de comercialização e distribuição de combustíveis e lubrificantes. Em paralelo com a distribuição e retalho, explora vários postos de combustíveis líquidos e gasosos em Casais Santa Teresa, Pataias e Boa Vista que brevemente serão alvo de obras de reestruturação. As melhorias fazem parte de uma renovação da imagem já posta em prática com a adopção de um novo logótipo melhorado e mais apelativo. Sendo uma PME Líder desde 2000, a VMF Petróleos há muito que definiu os parâmetros de uma gestão equilibrada: rigor, consistência e seriedade. Os valores da empresa, como a sua missão (baseada na fidelização de clientes, através da satisfação pelo serviço prestado, e na busca pelo crescimento nas energias renováveis e na área dos lubrificantes), a cultura (de dedicação, esmero e determinação), bem como a estratégia (comércio de combustíveis e lubrificantes através de diversos canais de distribuição, tendo em vista a rentabilidade e sustentabilidade) e a certificação (pela empresa ECI, através da norma ISO 9001, que assegura qualidade de serviços e produto), são os pilares determinados pela VMF Petróleos para manter uma estrutura sólida e capaz. Actualmente, a empresa actua a nível nacional, com um total de 25 trabalhadores, facturando anualmente um valor aproximado de 30 milhões de euros. A aposta no sector dos lubrificantes, que “é um gosto e um saber”, resultou em pleno: “No ano passado, o mercado dos lubrificantes baixou 24% e nós aumentámos as vendas 5%. Estamos entre os maiores e melhores revendedores de lubrificantes da marca Galp”, assegura o sócio-gerente, Amílcar Lagoa. A médio prazo, os clientes da empresa poderão recorrer a outro tipo de produtos e serviços. Em 2006, a empresa adquiriu uma propriedade, Página Exclusiva 30 destinada à exploração de energia eólica. O mote já está definido: “ Nós cedemos o terreno e eles fornecem os meios”. Para já é algo que está em estudo e a aguardar melhorias no mercado. Postos de abastecimento No capítulo dos postos de abastecimento, a VMF Petróleos analisa constantemente o mercado, de forma a evitar passos em falso: “No ano passado fecharam à volta de 200 postos em Portugal. Se quiséssemos poderíamos comprar um posto todos os meses, o problema é que há por aí muitos elefantes brancos. Postos que foram feitos sem estudos prévios de mercado e que vendem muito pouco”, analisa Amílcar Lagoa. Portugal Inovador Nesse sentido, a VMF Petróleos opta pela qualidade, planeando para o próximo ano a remodelação dos seus três postos de abastecimento. A prioridade recai sobre Casais de Sta. Teresa e Pataias, onde poderá surgir mais uma loja de venda ao público, tal como já acontece na Boa Vista. Sector exigente mo-nos com a concorrência desleal, pois sabemos que há vendas abaixo do preço de custo. Ora, isto é o desespero absoluto de alguns operadores. Temos também que lidar com a burocracia e morosidade das Câmaras. Se antigamente a legalização dos postos era feita pelo Ministério da Economia, actualmente a maioria passou para as Câmaras, que nem sempre estão a par da legislação”. O administrador da empresa lamenta que se mantenha “o excesso de burocracia e se peçam coisas sem sentido”. Com um plano anual de crescimento a atingir todos os objectivos esperados pela VMF Petróleos, Amílcar Lagoa não deixa de expressar alguma preocupação com o sector: “Além das dificuldades conhecidas, inerentes a este sector, depara- Página Exclusiva 31 Portugal Inovador Manjar dos deuses O restaurante Manjar do Marquês é uma das referências gastronómicas da zona centro. Inaugurado em 1986, o espaço com 700 lugares, distribuídos entre duas salas e um salão de eventos, continua a ser um dos pontos de peregrinação obrigatórios em Pombal. O famoso arroz de tomate do Manjar do Marquês é o ponto alto de um conjunto de especialidades que seduziram, e continuam a seduzir, clientes de todo o país. O Manjar do Marquês teve o seu início num pequeno snack-bar de um posto de abastecimento, na EN1. O sucesso das iguarias confeccionadas por Maria de Lurdes aliadas à simpatia do trato de Evangelista Nunes, fizeram com que o“bar Shell” se tornasse pequeno para tanta procura. As frequentes romarias ao arroz de tomate, aos carapaus de escabeche ou aos torresmos, faziam daquele espaço um ponto de paragem obrigatório, conhecido e comentado por todos. O casal procurou então presentear os clientes assíduos com uma maior comodidade nas suas refeições. Tenta aumentar o espaço mas, perante a recusa da Shell em avançar com obras compartilhadas nas instalações onde se encontravam, decide investir numa propriedade e construir um restaurante à imagem da procura. Nasce o Manjar do Marquês. Página Exclusiva 32 O espaço Projectado e imaginado pelo casal, o Manjar do Marquês é dono de um design acolhedor que tão bem caracteriza a filosofia do restaurante. Duas salas independentes, com 150 lugares cada, e um salão de eventos (para baptizados, casamentos, reuniões), capacitado para receber 400 pessoas, asseguram lugares para todos. À entrada, uma pequena loja com artesanato regional, de todo o país, recebe os clientes com elementos característicos de Portugal, num pormenor com o cunho pessoal de Maria de Lurdes. O atendimento personalizado e experiente garante a satisfação dos clientes: “Nós tínhamos um núcleo duro de pessoas no “bar Shell” que transitou para o Manjar do Marquês. Neste momento, a formação fica a nosso cargo, sendo que, preferencial- mente, optamos por pessoas inexperientes. Só têm que ter duas coisas: uma base sólida de educação e carácter. A partir daí trabalha-se a formação”, explica Paulo Graça, filho de Maria de Lurdes e Evangelista Nunes. Equipa que ganha, não se mexe Paulo Graça e Maria de Lurdes Graça, neste momento a gerir o Manjar do Marquês, confessam que os receios eram inevitáveis: “Assustava-nos a passagem de uma coisa muito pequena, onde toda a gente conhecia toda a gente, para uma dimensão destas. Foi um salto complicado porque sabíamos que íamos perder alguma da ligação que existia com os clientes, mas foi uma escolha que tivemos de assumir”. Medos iniciais à parte, o Manjar do Marquês manteve, no novo Portugal Inovador pressupõe a liberdade de escolha, com preços diversos. Nesse tipo de concorrência ou compensamos o preço que praticamos com elevada qualidade de serviço e produto, que penso ser o nosso caso, ou então perdemos clientes. Como não temos perdido, devemos ter qualidade”. Pro-actividade espaço, a razão pela qual se tornou conhecido nos primeiros anos. O arroz de tomate, filetes de pescada, pastéis de bacalhau, petingas de escabeche, torresmos, chamuças, polvo, mantiveram uma clientela fiel: “Temos clientes fixos, em particular ao fim-de-semana. Há uma passagem de geração em geração, uma relação familiar com clientes que vêm de todo o país”, diz o gerente. Actualmente, a capacidade de gestão do espaço requer outro tipo de cuidados: “É impossível tentarmos competir com restauração que pratica preços como 5 ou 6 euros. Ter um preço fixo onde as pessoas já sabem o que vão comer, tira o propósito de um restaurante. Um restaurante Face à actual conjuntura económica, torna-se imperativo encontrar soluções: “O grande desafio para mim, passa por atrair pessoas para jantar fora de um centro urbano. É algo complicado, mas não impossível.”, reitera Paulo Graça. O empresário espera assim manter o sucesso conquistado pelos pais, num restaurante que atravessa geração atrás de geração sem perder o charme tão característico que sempre o caracterizou. Página Exclusiva 33 Portugal Inovador De comer e chorar por mais Os pré-cozinhados produzidos pela empresa Ti Almerinda continuam a fazer as delícias de muitos portugueses. Pastéis de bacalhau, rissóis, almofadas, rolinhos, croquetes, pataniscas, entre outros seguem a mesma receita caseira criada há décadas atrás em Alfeizerão. A empresa familiar emprega 30 funcionários que, numa coordenação perfeita, executam 50 a 60 mil peças por dia, para satisfazer as necessidades de armazenistas em Portugal e no estrangeiro. Na sala de reuniões, numa grande foto da equipa, patrões e colaboradores relembram que na empresa Ti Almerinda opera uma grande família. Muito além da mera estratégia empresarial, e talvez pelo facto de estar sedeada num meio pequeno, onde os valores familiares e de coexistência ainda se mantêm como pilares da sociedade, a empresa tem nas relações pessoais uma robustez extra que faz a diferença. Nélia Pedro ajudou, desde muito cedo, a mãe a começar o seu negócio. Com apenas 12 anos, Página Exclusiva 34 muito antes da empresa ser criada, dava o seu melhor na cozinha para satisfazer um reduzido número de clientes a nível regional. Hoje, ao lado de Joaquim Pedro, o marido, partilha a responsabilidade de administrar um pequeno gigante na área dos pré-cozinhados. 50 a 60 mil peças por dia, a produção actual da Ti Almerinda, faz tremer a concorrência: “Às vezes as pessoas interrogam-se como é que uma empresa tão pequenina consegue facturar tanto. O segredo está na quali- dade do produto, na forma como é confeccionado e nas matérias-primas de 1ª qualidade que utilizamos”, revela Joaquim Pedro. Higiene e qualidade As reservas em relação a produtos congelados deixam de fazer sentido quando se conhece todo o processo de produção na Ti Almerinda. Um rigoroso controlo de qualidade e segurança alimentar, respeitando os critérios do reconhecido sistema Hazard Analysis and Critical Control Portugal Inovador Point (HACCP), é aplicado em todos os momentos, desde a selecção de fornecedores, à chegada das matérias-primas, passando pelo produto acabado e pela distribuição. Para assegurar a manutenção da qualidade, a Ti Almerinda aposta fortemente na formação dos seus trabalhadores, alguns deles com anos de casa e saber acumulado, bem como na ausência de conservantes: “Não usamos intensificadores de sabor, nem usamos conservantes, nem derivados de bacalhau. O custo pode ser maior, mas a qualidade também”, garante Nélia Pedro. Inovação e tecnologia Quando falamos de artes secu- lares, podemos imaginar dois cenários: estagnação na evolução ou uma grande divergência em relação ao passado. A Ti Almerinda optou pelo meio-termo. Se, por um lado, a ultracongelação dotou a empresa de uma capacidade de produção considerável, dando-lhe a possibilidade de trabalhar com a meia centena de armazenistas que actualmente recebem o seu produto, por outro, fez questão de se manter fiel à receita original que lhe trouxe o sucesso: “Claro que isto traz consigo a obrigatoriedade da existência de uma componente manual muito forte, pelo simples facto de algumas máquinas não se enquadrarem com o nosso tipo de massa. Comparado com a concorrência estamos a fazer um rissol maior a pesar menos”, explica Joaquim Pedro. No entanto, a par da ultracongelação (com a particularidade de manter odores, sabores e textura), a Ti Almerinda detém e vai manter os sistemas de informação e gestão que agilizam e optimizam a logística associada à empresa. Nova casa em mente O casal de administradores assume uma vontade de criar novas instalações, admitindo, por outro lado, ainda não ser o momento ideal: “Somos muito cautelosos porque temos receio da situação económica do país, mas em 2011 esperamos poder avançar com os projectos”, finalizam. Página Exclusiva 35 Portugal Inovador “O empresário tem de ter veia competitiva” A empresa Armindo Sousa - Metalúrgica, com este nome desde 2001, trabalha há 26 anos na área da metalúrgica e metalomecânica. Hoje é uma empresa certificada, com um crescimento de 23% em 2010, que aposta em alta tecnologia, em parcerias e na internacionalização. Armindo Sousa compete e vence, desde pequeno, no desporto e aqui, neste mundo empresarial. Quem sobe as escadas para o primeiro andar das instalações da empresa Armindo Sousa, em Vila Frescaínha, S. Pedro, Barcelos, depara-se com uma grande fotografia a preto e branco onde se vê um rapazinho em volta de máquinas numa unidade fabril. O rapaz chama-se Armindo, na altura (década de 70) com 12 anos, e a fábrica é do seu pai. Hoje, esse rapaz é já um homem experiente, com 47 anos, e dá passos certos, e grandes, à frente da empresa com o seu nome, tendo o apoio de uma equipa dinâmica (15 colaboradores) e de vários outros parceiros. Mas, como disse à “Portugal Inovador”, Armindo Sousa preocupa-se mais com o futuro do que com o passado. “O que está para trás já lá vai, já vencemos, para a frente é que interessa”, exclama o empresário. Mais do que as datas pretéritas, 2014 é uma data imPágina Exclusiva 36 portante para a empresa. Nessa altura, o objectivo é duplicar a facturação, continuar a alargar investimentos no mercado externo, e já contratou um doutorado em design industrial para criar novos produtos, segredos que serão revelados no momento certo. Para a construção desse futuro, Armindo Sousa considera que a certificação do Sistema de Gestão de Qualidade e a aquisição de um novo pavilhão, que aumentou o espaço da empresa para 2000 m2, foram dois passos indispensáveis. “A certificação foi um passo muito importante, passámos a trabalhar com grandes empresas, mostrámos que somos capazes, criámos bases e confiança”, sublinha o empresário. A sua empresa, que se apresenta pela “tecnologia, competência e rapidez” e que trata de cuidar da imagem, fabrica, repara e comercializa peças em pequenas e grandes dimensões com desenho técnico ou amostra, dispondo para este efeito de máquinas capazes de desenvolver CNC’s (Comandos Numéricos Computorizados), por exemplo. Esta equipa fabrica ainda máquinas encomendadas pelos clientes. E trabalha internacionalmente com clientes de vários sectores, desde a indústria automóvel à construção civil e maquinaria industrial. Recentemente, a empresa construiu e montou as máquinas da fábrica de gelo para barcos de Muros na Galiza. Trata-se de uma fábrica totalmente computorizada com desenvolvimento a nível tecnológico próprio desenvolvido pelo seu próprio laboratório I+D. A empresa prevê também na Galiza a instalação de mais três fábricas idênticas, assim como uma no País Vasco. E tem também contactos para instalação destes equipamentos fora da Comunidade Europeia, ainda em fase de negociação. Estabelecer parcerias Uma das políticas importantes da empresa Armindo Sousa é o estabelecimento de parcerias. Armindo Sousa considera que “no meio empresarial português são importantes as parcerias, porque sem elas não fazemos nada”. A sua empresa tem, neste momento, Portugal Inovador parcerias com um grupo de empresas europeias na área da automatização industrial que lhe dão uma mais-valia nos trabalhos ao nível de alta tecnologia. Também mantém parcerias com duas universidades portuguesas na área da Nanotecnologia onde está a desenvolver novos projectos com aplicações futuras de grande interesse comercial. Armindo Sousa tem igualmente parcerias nos domínios da electrónica e da comunicação. “Todos vamos crescer com estas parcerias entre empresas e universidades”, conclui o empresário. A lição do desporto Além de empresário, Armindo Sousa é também desportista. Foi durante muitos anos professor de judo, que praticou desde a adolescência, e agora, através do TEAM AS COMPETITION, é treinador dos filhos, Tiago Sousa, “Campeão Nacional 2010 F1”, e Rui Sousa, “Vice campeão Nacional”, que também participam em campeonatos europeus e mundiais de JetSki. Tiago e Rui são pilotos da Selecção Nacional e são Medalhas de Bronze no Campeonato da Europa 2010. Armindo Sousa e Tiago Sousa participaram na última prova do Campeonato do Mundo de JetSki nos dias 13, 14 e 15 de Outubro, em Liuzhou, na China. Tiago Sousa, inserido no programa de Alto Rendimento da Selecção Nacional Portuguesa, conquistou na China um excelente terceiro lugar na classe rainha do Jetski, a classe GP. O desporto também lhe ensina a ser empresário, a triunfar. “O empresário para ter sucesso tem de ter uma veia competitiva, tem que saber o que é competição, não pode ser igual, tem de ser melhor”, realça Armindo Sousa. E acrescenta: “Para ser melhor tenho que saber qual o caminho que quero escolher. O desporto e o trabalho fazem com que uma pessoa não pare e esteja sempre a pensar: ‘O que é que hei-de fazer? Como hei-de evoluir? Vou parar ou não vou parar?’”. O balanço dos vários “campeonatos” é bom: “Se olharmos para aquilo que se ganhou, ganhámos pouco, mas se virmos que temos um terreno onde já há plantas a nascer, vemos uma vitória”, sintetiza o gerente. No desporto e no universo empresarial, o rapaz da fotografia no cimo das escadas, que tirou e tira lições de tudo, não quer perder o comboio: “Como diz um amigo meu, quando passa o comboio ou se entra ou se fica”. Armindo Sousa entra. Não fica em terra. Página Exclusiva 37 Portugal Inovador Entrega ao minuto A NovaBraga surgiu em 2007 pelas mãos do jovem empreendedor Francisco Costa, como uma empresa que presta serviços de entregas e recolhas bidiárias de objectos de pequeno porte. mos duas entregas diárias, facto que não acontece com a maioria da concorrência e trabalhamos ao minuto”, garante Francisco Costa. Equipa experiente Francisco Costa entrou no negócio das entregas sem qualquer conhecimento de causa, foi um risco que tomou a determinado momento do seu percurso profissional e que, pelos resultados já obtidos, tem dado bons frutos. “Eu não tinha experiência neste tipo de serviços aliás, trabalhava numa área totalmente diferente, numa estação de serviços. A hipótese de criar a NovaBraga surgiu quando uma empresa da área faliu. Nessa altura, propus trabalho aos antigos funcionários, começámos a visitar os antigos clientes que aceitaram os nossos serviços e… arrisquei no negócio”, recorda o gerente. Apesar das dificuldades que surgiram, nomeadamente em 2008, com o início da crise económica, Página Exclusiva 38 aumento do preço das portagens, da gasolina, etc, foi difícil à NovaBraga manter-se no mercado. “Só com a força do trabalho de toda a equipa e com a ajuda da família e amigos, consegui engrenar o negócio e começar a crescer, sem nunca acumular dívidas”, refere. Neste momento, a NovaBraga procura evoluir e dar a conhecer os seus serviços às empresas regionais. Trabalhando na zona norte e centro do país, a empresa possui 18 viaturas (três suplentes), tem a capacidade de transportar cargas até 50Kg – trabalhando essencialmente com peças ligadas à indústria e às grandes marcas de automóveis. “Os nossos clientes são as grandes empresas, faze- Com a ajuda dos funcionários, Francisco Costa foi aprendendo a lidar com as situações do dia-a-dia, foi dando a cara pela empresa e resolvendo os problemas que surgiam. “Comecei a ganhar gosto e pulso ao negócio e as coisas começaram a andar sobre rodas”, refere orgulhoso. Dado o volume na procura dos serviços, a NovaBraga mudou recentemente de instalações, sendo uma empresa que se distingue pela qualidade e cumprimento dos seus compromissos. “Somos uma empresa credível no mercado, praticamos um serviço sem falhas. A meu ver não há nada melhor que um cliente satisfeito”. Questionado sobre a hipótese de a NovaBraga vir a expandir a sua área de acção a outras zonas do país, Francisco Costa é peremptório na resposta: “Queremos trabalhar apenas na zona norte e centro, porque é a única forma que temos de, no momento, manter a qualidade e a garantia das duas entregas diárias”, conclui. Portugal Inovador Página Exclusiva 39 Portugal Inovador 500 anos ao serviço da comunidade A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde está a comemorar 500 anos de existência. Com vista a fazer um balanço sobre este ano significativo e com a intenção de conhecer os objectivos de futuro da instituição, a revista “Portugal Inovador” esteve à conversa com Arlindo Maia, provedor da instituição. Aproveitando a comemoração dos 500 anos de história da Santa Misericórdia de Vila do Conde (SCMVC) a mesa que dirige actualmente a instituição aproveitou para reflectir sobre o seu percurso. “Pensando e refletindo sobre o passado, vendo e examinando o presente, poderemos lançar estratégias para o futuro”. Em conversa com a “Portugal Inovador” foram estas as primeiras palavras do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde, Arlindo Maia. Com 500 anos de história ao serviço da comunidade a Misericórdia de Vila do Conde está alicerçada em bases sólidas de funcionalidade e serviço que são postas em prática tendo como princípios as obras da Misericórdia. “Os últimos três anos foram difíceis para o nosso país. Num futuro próximo vamos continuar a sofrer consequências muito desagradáveis e a nossa Página Exclusiva 40 instituição entende que tem um papel fundamental na criação de um equilíbrio entre os grandes ricos e os pobres”, refere o provedor. Defensor do trabalho e da rentabilização dos meios, Arlindo Maia garante que a SCMVC tem desenvolvido um papel fundamental neste momento tão complicado. “Sou apologista de que não devemos andar sempre de mão estendida. Todos temos que preparar, gerir e produzir riqueza para depois aplicá-la no dia-a-dia”, salienta. “A situação está muito dificil, todos os dias surgem novos pobres a pedir esmolas, facto que praticamente já não existia!”, assegura o provedor. Uma instituição activa “As Instituições têm que procurar responder às necessidades que lhes são requeridas, foi assim que entrámos na área da saúde”, re- corda o provedor. Esta resposta na área da saúde, assim como a resposta social – através dos lares, infantários e creches – têm servido fielmente a população de Vila do Conde. Na saúde, “a pedido da própria população, abrimos os serviços de saúde ao sábado e ao domingo para corresponder às necessidades da classe trabalhadora. É importante que haja este entendimento entre a comunidade e a instituição”. A SCMVC tem desenvolvido um trabalho social amplamente reconhecido e com actividades bastante abrangentes que vão desde a doação de livros às famílias necessitadas até ao pagamento de contas de bens de consumo como água, gás, electricidade e oferta de bens alimentares aos mais necessitados. Para além dos cuidados de saúde e da área social, a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde criou uma empresa agrícola de inserção. Esta empresa dá trabalho a um determinado número de pessoas, seleccionadas pelo IEFP e que, com a colaboração do Estado, produz bens agrícolas - a maior parte deles adquiridos pela Misericórdia. Foi criado também um serviço de pastelaria, inserido nas estruturas da instituição, que funciona como “chamariz” da população vila-condense à estrutura social da Misericórdia. “É importante que a comunidade conviva com as pessoas que estão debaixo do nosso apoio. A pastelaria foi criada com Portugal Inovador 500 anos em livro Com a comemoração dos 500 anos de existência, a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde aproveitou o momento para reflectir sobre o seu passado, pesquisando toda a sua documentação com o objectivo de compor um livro com toda a história da instituição - livro que, segundo o provedor Arlindo Maia “vai ser publicado este ano”. este objectivo, mas também como forma de obter rendimentos”, explica o provedor. Ainda neste âmbito dinâmico e empreendedor, a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde adquiriu, recentemente, a “Estalagem do Brasão” - que faz agora parte do património da instituição. “Com isto, entendemos que podemos proporcionar aos turistas condições especiais. Temos excelentes condições de alojamento, numa zona nobre da cidade, para além de serviços de saúde permanentes que podem ser requisitados a qualquer hora”, evidencia Arlindo Maia. “Com um serviço de saúde de vanguarda”, o provedor pretende que os turistas venham a Portugal, nomeadamente a Vila do Conde, procurar cuidados médicos, dado que a instituição tem a possibilidade de dinamizar todo um processo de prestação de serviços, principalmente no caso de cirurgias e várias especialidades. “Temos também uma estrutura de apoio e internamento”, refere Arlindo Maia. É esta imagem de serviço de saúde de qualidade, numa cidade tranquila e com todo o conforto, que a Santa Casa da Misericórdia quer passar, através das campanhas que vai desenvolver no estrangeiro. “Estamos neste mo- mento a iniciar a publicidade dos nossos serviços no estrangeiro, para que os interessados venham a Vila do Conde realizar os seus tratamentos. Temos um apoio de rectaguarda muito bom e estamos convencidos de que vamos obter resultados bastante positivos, para assim podermos continuar a nossa missão de ajudar as famílias pobres”, sublinha Arlindo Maia. Página Exclusiva 41 Portugal Inovador Mais de um século a construir sorrisos Há 148 anos que existe a Santa Casa da Misericórdia de Fafe, nasceu com finalidade de dirigir e administrar o Hospital, mas entretanto houve a sua nacionalização. Alguns legados, como o Asilo Montenegro, o Lar de D. Joaquina Leite Lage e a construção onde se insere a Santa Casa, foram herdados. O grande obreiro da Misericórdia de Fafe foi o cónego Leite de Araújo. “Deu muito à Misericórdia”. Porto de abrigo A actual provedora da Santa Casa da Misericórdia de Fafe é Maria das Dores Ribeiro João. A trabalhar desde os 18 anos em Municípios como Fafe, Santo Tirso e Cabeceiras de Basto, etc., foi a convite do presidente da Assembleia-geral da Misericórdia que, há 30 meses, se tornou provedora desta Misericórdia. A Santa Casa tem dois infantários, quatro lares, apoio domiciliário e centro de dia para idosos - prestado apenas no Lar Cónego Leite de Araújo - apoio domiciliário a deficientes, ATL´s, um salão de estudos, uma sala de Página Exclusiva 42 fisioterapia para “não terem que se deslocar”, explica a provedora, uma sala de música e leitura, e, recentemente, foram colocadas portas corta-fogo. Em relação às crianças, estas têm creche e pré-primária, portanto “têm de ter sempre retaguarda familiar, pois não temos forma de ajudar todos, funcionamos como uma IPSS tendo sempre em conta a parte monetária. Temos muitas pessoas e temos que seguir as regras impostas pela Segurança Social. Em alguns casos, analisamos a situação familiar e, se for necessário, diminuímos o valor”. É com alguma mágoa que a provedora refere que “normalmente as famílias de classe média são as que mais trazem os idosos para os lares, enquanto que as mais pobres são as que fazem mais sacrifícios. Mas, aqui, não aceitamos nenhum idoso que não queira vir para o lar”. A Misericórdia de Fafe funciona como um porto de abrigo para muitos idosos, quase sempre com reformas pequenas, a Santa Casa assume os encargos com ajuda da Segurança Social “e com o apoio dos donativos que vamos recebendo”. A Misericórdia de Fafe tem um autocarro, três veículos de apoio domiciliário, um de enfermagem, uma carrinha, mais nove veículos de apoio e a carrinha da provedoria. Contam também com dois médicos, uma psicóloga, três enfermeiros, uma gerontóloga, uma assistente social, um professor de música para os idosos, “e estamos a pensar colocar um professor de educação física para dar aulas aos idosos e também às crianças”. Em entrevista à “Portugal Inovador”, a provedora mostrou carinho, dedicação, vontade de proporcionar a melhor qualidade de vida e de integração aos utentes da Misericórdia de Fafe. Prova disso, entre muitas Portugal Inovador outras actividades já realizadas, é ter feito o último dia das vindimas em conjunto com os idosos, “e sempre que há uma festa e os idosos queiram ir, nós transportamo-los”. Uma cabeleireira e um barbeiro trazem de novo o ideal de juventude e vaidade aos idosos dos lares da Santa Casa de Fafe. Apesar de ser uma carência do concelho que serve, a Misericórdia de Fafe ainda não conta com uma Unidade de Cuidados Continuados, pois para já a renovação de um dos lares onde pretendem construir quartos individuais ou duplos com wc privativo, wc´s para quem tem menos mobilidade, e a construção de um novo lar com capacidade para 40 idosos, revela-se um impedimento. Mesmo sem orçamento para a construção de uma UCC, aceitam pessoas que necessitem deste tipo de apoio, “leva-se ao médico, faz-se o tratamento, etc.”. Mais uma vez, a provedora mostrou o seu carácter solidário. A Misericórdia de Fafe está “plenamente de acordo com a posição que tem vindo a ser assumida pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP)”. Na base desta afirmação, está a discórdia que se gerou devido a um decreto da CEP, que pretende passar para a Igreja a tutela destas instituições. A UMP diz que não aceita as alterações. idosos, ideia ambiciosa que se funde com o sonho de conseguir dar apoio nocturno, “mas luto com uma dificuldade. Arranjar funcionários com disponibilidade para tal”, refere. Quando deixar de ser provedora da Santa Casa da Misericórdia de Fafe, a entrevistada assume que quer “ir com a consciência tranquila de quem serviu e não se serviu”. Passo a passo Quanto ao edifício do hospital da Santa Casa, este ainda existe e está a funcionar em regime de ambulatório. É aqui que a provedora pretende “avançar para a construção de um hotel para Página Exclusiva 43 Portugal Inovador “A profissionalização da Federação Portuguesa de Futebol é crucial” Jerry Silva é um amante do desporto. Desde a paixão pelo futebol, até à formação em direito desportivo, o advogado continua a trabalhar em prol de um novo futuro para o desporto em Portugal. “O futebol é uma paixão inata.”. É assim que Jerry Silva começa a conversa com a revista “Portugal Inovador”. O actual advogado seguiu em termos académicos o curso de Direito, mantendo sempre presente a sua ligação ao desporto, como formador, perito da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), docente universitário, e Mestrado em Direito Desportivo. O futebol português Para o especialista em direito desportivo, Jerry Silva, “apesar de termos uma indústria de futebol que gera milhões, não temos uma estrutura regulamentada que permita sustentá-la. Há determinadas situações que não são Página Exclusiva 44 geridas de acordo com as exigências e complexidades inerentes por várias razões entre as quais a falta de profissionalização/especialização. Casos sempre surgiram e surgirão; agora com uma estrutura mais ajustada aos tempos actuais, o grau de previsão, de antecipação, de enquadramento e de decisão são muito maiores, mais céleres e mais eficazes. Enquanto não criarmos um “edifício jurídico”, pensado ao pormenor, mas claro, objectivo e prático, não alcançaremos um nível de excelência”. Plano de reestruturação desportiva Jerry Silva acredita que uma natural, indispensável, serena mas profunda alteração na organização do futebol nacional pode catapultar o sector a nível internacional, e trazer os sucessos desportivos que os portugueses tanto ambicionam. A criação de uma “estrutura regulamentar com regras substantivas e adjectivas perfeitamente definidas, com a inerente especificação de procedimentos referentes a cada órgão para que cada agente desportivo saiba exactamente a forma como há-de agir, recorrer, bem como os seus rumos e as suas responsabilidades, é essencial para limitar e posteriormente resolver os casos que possam surgir no futebol português”, refere Jerry Silva. O especialista defende criação de um Código do Futebol onde todos os regulamentos estejam devidamente enquadrados. “É o primeiro passo a evolução do futebol português”. Jerry Silva, fruto do seu percurso, tem uma visão muito concreta do panorama desportivo português. “Portugal tem condições para, entre 2018 a 2022, ser um sério candidato a vencer um campeonato internacional, se concretizada a estruturação regulamentar, assente na criação de gabinete de estudos jurídicos e desportivos, que sustente um desenvolvimento estratégico de médio/longo prazo.” O especialista acredita que “dentro da estrutura federativa tem de ser criado um departamento vocacionado para todas as questões que resultam do futebol. Pensar, definir, actuar, é imprescindível”, afirma. Portugal Inovador Neste desenvolvimento estratégico de médio a longo prazo Jerry Silva, a propósito do doping -financeiro, defende “a criação de um regime de fiscalização, muito similar ao que existe em França. Com a Direcção Nacional de Gestão de Controlo cria-se um a fiscalização das contas dos clubes profissionais, é feita por uma entidade externa, supervisionada pelo Governo, na qual cada um dos intervenientes na actividade profissional tem assento.” Ideias essenciais Jerry Silva defende, entre outras, algumas ideias fundamentais para o desenvolvimento estratégico do futebol nacional. Iniciação desportiva e o Centro Nacional de Treino: Dada a invasão de jogadores estrangeiros nos campeonatos nacionais de futebol - até mesmo nos escalões de formação - Jerry Silva aposta na iniciação desportiva coincidente com a iniciação escolar. “Se queremos ter, daqui a dez anos, uma plataforma de aumento de detecção de talentos, temos que ter uma base maior, a partir da iniciação desportiva. A coordenação com o desporto escolar alarga a base para 1,5 milhões de praticantes que já beneficiam das infra-estruturas das escolas e de treinadores especializados (professores de educação física)”, salienta. Depois da iniciação desportiva, assente no desporto escolar, nos clubes e no relacionamento entre escolas e clubes/academias de futebol, Jerry Silva aposta na criação de um Centro Nacional de Treino que coordene o desenvolvimento da formação desportiva, incluindo a vertente de alto rendimento. “Os investimentos devem ser, prioritariamente, canalizados para infraestruturas e meios humanos que privilegiem o desenvolvimento dos talentos e não unicamente a aquisição de talentos feitos”. Centro de Formação e Coligação Universitária: À semelhança do que já existe em França e em Espanha, Jerry Silva aponta para a criação de centros de formação desportiva, na vertente científica. “Por exemplo, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) tem um centro de formação desportiva e científica (a formação de agentes desportivos é feita sob a tutela da RFEF através da sua fundação) inclusive com uma forte componente universitária. Ou seja, a RFEF através da sua Fundação tem protocolos também com universidades que oferecem formação universitária”. Internacionalização da Federação Portuguesa de Futebol: O especialista defende ainda que a criação do centro de formação para jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes desportivos, será o sustento da implementação da internacionalização da FPF, abrindo as portas para a sua colocação nos mais diversos órgãos da FIFA e da UEFA. Comunicação desportiva: Numa indústria profissionalizada impõe-se a gestão eficiente da comunicação, essencialmente de dentro para fora, facto que, para o especialista, ainda não existe em Portugal. “A profissionalização da FPF é crucial, também, para liderar essa mudança. Defendo um modelo presidencialista, profissional, do qual resulte máxima competência e responsabilização. A profissionalização, com a inerente distribuição e imputação de responsabilidades, diminuirá custos”. Em termos de comunicação externa Jerry Silva acredita que a especialização da comunicação social desportiva será uma realidade irreversível. Centralização da gestão e marketing das marcas: O especialista em direito desportivo defende a gestão e marketing de forma concentrada, nomeadamente para o desenvolvimento de duas áreas: a marca futebol e o franchising. Será, também, necessário investir na vertente do merchandising, direitos de televisão e, como existe em outros países, em apostas online. “No país a marca futebol conquistou diversas vezes o titulo Europeu e Mundial. Nenhum outro sector da actividade logrou tal feito. Isto constitui uma mais-valia subavaliada”. Plano de Futuro Jerry Silva acredita que com diversas medidas, incluindo as acima expostas, o futebol português pode conquistar um futuro promissor. “Para estarmos nas fases finais da competição europeia ou mundial não precisamos de trabalhar mais, temos talento natural. Para vencer, precisamos de levar a efeito a reestruturação regulamentar, definir estratégias e assumir responsabilidades com determinação”, conclui. Página Exclusiva 45 Portugal Inovador A arte do bom, do justo e do possível Maria do Rosário Anjos e José Henriques Martins, da Sociedade de Advogados Anjos, Martins & Associados, criada em 2003, no Porto, falaram à “Portugal Inovador” sobre Direito da Educação e outras questões do Direito e da Justiça em Portugal. Falaram da velha arte do bom, do justo, e, hoje, também uma arte do possível. José Henriques Martins já tem mais de 20 anos de advocacia. Maria do Rosário Anjos, advogada e docente universitária, está neste momento a doutorar-se em Direito Administrativo, a desenvolver uma tese sobre Serviços de Interesse Económico Geral, uma área interdisciplinar que toca os Direitos Administrativo, da Concorrência e Comunitário. Tem, também, quase 20 anos como advogada. Há sete anos, fundaram a sociedade Anjos, Martins & Associados, que é composta por mais quatro advogados associados, dois dos quais resultam de uma parceria, recente, com a sociedade de Advogados Mello, Martins & Associados, com sede no Rio de Janeiro. A sociedade conta ainda com dois advogados estagiários. Quando decidiram criar a sociedade, houve um período de estudo em que ponderaram constituir uma sociedade mais alargada. Contudo, os dois advogados optaram por uma estrutura mais personalizada. Desejaram criar um “conceito de acompanhamento do cliente muito individualizado”, que lhes parece ser pouco “compatível com estruturas muito grandes”, explica Rosário Anjos. “Um cliente quando nos procura traz referências, recomendações e pretende ser acompanhado por um de nós, estabelecendo uma relação de confiança muito próxima”, assegura a advogada. “O nosso conceito aposta na qualidade do serviço prestado e não tanto no efeito proPágina Exclusiva 46 movido pela dimensão da sociedade”, acrescenta. Esta opção foi determinada, também, pela sensibilidade que puderam colher junto dos seus principais clientes. A aposta no crescimento do âmbito de acção da sociedade é perspectivada a partir de parcerias com outros escritórios ou sociedades de advogados. Direito da Educação Apesar de estudarem e integrarem no seu trabalho várias áreas do Direito, estes advogados têm duas áreas dominantes de actuação: o Direito Administrativo e o Direito Fiscal. Dentro da vasta área que o Direito Administrativo representa, a experiência profissional desenvolvida conduziu a uma especialização gradual no Direito da Educação, sendo reconhecidos a nível nacional nesta área específica. Trata-se de uma área pouco vulgar, embora a Faculdade de Direito de Lisboa disponha já de um Instituto do Direito da Educação, dedicado à investigação das questões jurídicas relacionadas com este novo ramo do direito, o que evidencia o interesse desta área jurídica. A importância do reconhecimento pelo Estado do ensino privado ou corporativo, as especificidades de regimes jurídicos em presença, os direitos e garantias das famílias poderem optar pela escola pública ou privada para a educação dos seus filhos, independentemente das suas condições financeiras, a questão da autonomia das universidades e institutos superiores politécnicos, as relações profissionais dos professores dos ensinos superior e não superior, são alguns dos problemas em que o Direito da Educação intervém. Têm por isso os advogados investido profissionalmente, ao nível académico e na prática da advocacia, neste domínio jurídico, que se tem revelado um desafio muito interessante. Mas a sociedade desenvolve, ainda, outras áreas do Direito, como o Direito do Trabalho, o Direito Administrativo geral, o Direito Fiscal e Penal Fiscal e, cada vez mais, o Direito Europeu. Portugal Inovador José H. Martins ressalva que os Tribunais estão saturados com imensos processos, não conseguem dar resposta aos inúmeros problemas que lhes colocam. Esta dificuldade é visível no que respeita às questões do Direito da Educação, onde “algumas matérias exigem uma especialização de tal ordem que os Juízes dos Tribunais Administrativos, assoberbados de processos para decidir, carecem do tempo e disponibilidade necessárias à investigação adequada a uma boa decisão”. Por outro lado, “as especificidades do sector do ensino exigem uma análise e entendimento próprios, pouco compatíveis com os parâmetros de análise tradicionais”, explica o advogado. Os litígios na área da Educação, onde se nota também uma proliferação legislativa e regulamentar avassaladora, deviam ser resolvidos, pelo menos numa primeira fase, através de tribunais arbitrais, “meios alternativos de resolução de litígios”. O advogado defende que “esta é uma área em que se devia apostar, colocando lado a lado árbitros escolhidos por cada uma das partes em litígio, que, entre si, escolhem um terceiro árbitro, submetendo-se voluntariamente à decisão que vier a ser proferida”. Estes árbitros “conhecem bem as instituições e ambiente universitário ou de escola, os problemas de gestão e funcionamento de uma instituição de ensino”. O advogado do século XXI Os advogados falaram ainda à “Por- tugal Inovador” sobre os grandes desafios do advogado do século XXI. Ser advogado exigirá cada vez mais estudo (valorização do estudo dos princípios filosóficos e éticos do Direito), investigação e espírito de sacrifício. Uma boa formação geral é fundamental para a especialização futura, consequência dos desafios que vão surgindo. E são muitos os que continuam a esperar o advogado de hoje, como no passado. O advogado foi sempre um “advogado resistente” às dificuldades de uma profissão que nunca foi fácil. José H. Martins salienta a necessidade do advogado do século XXI ser mais “especialista” do que “generalista”, pois “o Direito está a crescer e a sua complexidade é de tal ordem, que aquela velha ideia do advogado generalista, que tinha um escritório que tratava do divórcio, do pequeno crime, de tudo, já não faz sentido”. Refere, ainda, a necessidade de resistência do homem e da mulher do Direito. Frisa também que o advogado deve recuperar o estatuto e o reconhecimento social que tinha antigamente: “O advogado do século XXI deve ser um exemplo de cidadania”. Antes, “o advogado era alguém prestigiado, reconhecido e respeitado pela sociedade. O advogado do século XXI deve voltar a ser “um profissional reconhecido publicamente como o advogado de causas”, alguém que pugna pela “realização da justiça”, conclui. As referências Do tempo da Universidade Católica do Porto, ficam na memória alguns mestres, como Rogério Soares, Cordeiro Tavares ou Barbosa de Melo. A estes devem a “paixão” pelo Direito Administrativo e pelo gosto da defesa do cidadão contra o enorme poder da Administração. É uma luta desigual mas fascinante. Na advocacia há, claro, referências clássicas, mas citar nomes podia ser injusto para todos aqueles que exercem uma advocacia meritória, sem mediatismo, a dos pequenos/ grandes processos do cidadão comum. Têm menos visibilidade mas são grandes obreiros da justiça, garantem. O justo, o bom e o possível: o equilíbrio Continua válida, para ambos, a ideia de que “o direito é a arte do bom e do justo”. Mas, hoje, cada vez mais, a “arte do possível”. Este trinómio – justo, bom, possível – exige um certo equilíbrio: “Para a realização da justiça é necessário alcançar uma posição de equilíbrio, não há razões absolutas … ”, sublinha Rosário Anjos. “Mas é importante ponderar e decidir em tempo útil”, remata. Na opinião da advogada, “um autêntico Estado de Direito democrático tem que dar resposta às pessoas, deve garantir ao cidadão o justo anseio de Justiça em tempo útil, sem isso o cidadão duvidará, cada vez mais, do modelo de sociedade livre e democrática, que a nossa Constituição afirma garantir”. Página Exclusiva 47 Portugal Inovador Tradição aliada a uma Educação Inovadora Num terreno doado pelas famílias do vinho do Porto, na Foz do Douro, nasceu a Oporto British School em 1894, com o seu reitor, W.S.Picken, e com apenas 11 alunos. Rumo ao saber Credenciado em 2005 pelo CIS (Council of International Schools), organismo que certifica se os parâmetros de excelência estão a ser cumpridos, e se o currículo está a ser devidamente executado, o Colégio Inglês conta, actualmente, com 65 docentes e 445 alunos com idades compreendidas entre os 4 e os 18 anos. David Butcher, director pedagógico e professor de Educação Física e de História, é o mais novo direcPágina Exclusiva 48 tor na história do colégio. Embora jovem, o seu percurso é longo e conta com passagens pelo Reino Unido, Grécia, Brasil, Jordânia e agora Portugal, sempre ligado à educação. David Butcher reconhece ser cada vez mais difícil fazer parte deste Conselho das Escolas Internacionais, tendo em conta que o nível de exigência é maior à medida que a educação se transforma. “Muitas escolas estão a perder este estatuto,” afirma. Tendo em conta que a escola oferece o currículo britânico, onde as disciplinas são ministradas em inglês, sendo o mesmo currículo adaptado ao nosso país, desde que entram para a Oporto British School, os alunos têm a disciplina de português. Mais tarde, a partir da 3ª classe, passam a ter também História de Portugal e uma terceira língua. David Butcher defende que “quem está envolvido em educação internacional não pode parar. Para alunos entre os 14 e os 16 anos, há um programa (IGCSE – International General Certificate in Secondary Education) implementado pela Universidade de Cambridge a nível mundial, que lhes dá uma excelente base para o futuro. Há 16 anos, introduzimos o programa do Bacharelato Internacional (IB) que na altura foi muito ousado. É um curso de dois anos, 11º e 12º, que possibilita aos alunos concorrer não só a universidades portuguesas, como às melhores universidades mundiais, como John’s Hopkins, Cambridge, Oxford, entre outras”. As actividades extra-curriculares são também uma das grandes componentes do currículo britânico: desporto, música, arte, teatro, entre outras actividades leccionadas gratuitamente pelos professores, tornam-se uma mais-valia para a escola. O Colégio promove várias acções de solidariedade, não só em Portugal, mas também Portugal Inovador Página Exclusiva 49 Portugal Inovador No entanto, o que é muito importante registar é o facto de incutirmos nos nossos alunos a vontade de trazerem algo de volta a Portugal após as suas experiências individuais pelo mundo fora. Isso verifica-se com frequência quando antigos alunos vêm inscrever os seus filhos no OBS quando finalmente regressam a Portugal. É muito gratificante termos alunos de terceira geração e mais”. em conjunto com outras organizações internacionais, levando os seus alunos a outros continentes para contactarem directamente com outras realidades. Como a par da melhor educação estão sempre os melhores profissionais, o colégio consegue manter o nível de excelência através do recrutamento de bons professores. “O facto de contratarmos professores com muito boas qualificações e experiência a nível mundial reflecte-se nos resultados dos exames dos nossos alunos, que são excelentes”, justifica o director pedagógico. Porém, uma escola não se mantém apenas pela forma como lecciona os conteúdos programáticos. Um ambiente familiar e boas instalações são, sem dúvida, critérios também eles indispensáveis. Desta feita, “o Conselho de Administração tem um plano de Desenvolvimento de Capital que entretanto foi um pouco alterado devido a um donativo que tivemos de um antigo aluno. Daí termos construído um pavilhão desportivo antes do dito plano. A inauguração do ginásio polivalente contou com a presença de um membro da família real britânica, o Duque de Kent, que foi verdadeiramente bem recebido pela comunidade escolar. Ainda a pensar na melhoria das condições está em curso a construção o novo Página Exclusiva 50 Bloco da Secundária que vai ser um edifício destinado somente ao departamento secundário. Durante ano lectivo transacto comprámos o edifício anexo, acompanhando assim o crescimento natural do colégio, tanto a nível de alunos, como de staff”. Valores e tradição A Oporto British School incute valores de moral e ética, mas é importante frisar que, embora 80% da população seja composta por alunos portugueses, “tentamos incutir uma abertura de mentalidade internacional e os valores do currículo britânico. Somos uma escola com competências proeminentes, que mantém a tradição desde 1894 e que, sendo uma escola britânica, transmite o típico funcionamento de uma escola britânica. Horizontes do futuro Sendo a Oporto British School, a escola mais antiga da Europa Continental, procuram com muita proactividade “manter o currículo sempre actual; manter o número de alunos que temos; introduzir mais disciplinas no curso (este ano já introduzimos mais disciplinas a nível de informática e música) manter as instalações adequadas e manter a qualidade da educação na escola. Uma escola é tão boa quanto os resultados que obtiveram os alunos no ano lectivo transacto, para isso tenho que me assegurar que o currículo está a ser implementado na sala de aula”. Até aos dias de hoje o balanço é positivo, e proactividade é a palavra de ordem. Portugal Inovador Página Exclusiva 51 Portugal Inovador Agrupamento de Escolas de Pinheiro 25 Anos a Ensinar e a Aprender Educar rumo a um futuro de excelência. Esta Escola iniciou a sua missão há 25 anos, como Escola Preparatória de Pinheiro leccionando apenas o Ensino Preparatório. Ao longo destes 25 anos foi sofrendo profundas alterações em consonância com as reformas do sistema educativo, procurando dar a resposta ajustada às necessidades de cada época. A partir de 2001 constitui-se como Agrupamento de Escolas de Pinheiro com uma oferta educativa que abrange: Ensino pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, Cursos de Educação e Formação de Jovens, Ensino Secundário – Cursos Cientifico-Humanísticos e Ensino Profissional, Educação e Formação de Adultos e no ano de 2007 foi criado o Centro de Novas Oportunidades do Agrupamento de Escolas de Pinheiro. Página Exclusiva 52 Há 16 anos, que Maria Luísa Coelho lidera uma equipa que dirige os destinos do Agrupamento de Escolas de Pinheiro, servindo, actualmente, uma população de 2410, entre alunos e formandos. Relativamente ao parque escolar, este tem vindo a ser requalificado pela intervenção da Câmara Municipal de Penafiel, apesar de existirem, ainda, escolas do primeiro ciclo em edifícios com características centenárias. “Ao longo deste percurso a Câmara Municipal de Penafiel têm-se revelado um parceiro de excelência, manifestando sempre uma total disponibilidade, intervindo sempre com dinamismo e qualidade. A educação é uma das prioridades desta autarquia. Já no que toca às instalações da Escola Sede do Agrupamento, as mesmas são exíguas considerando-se mesmo, sobrelotadas”, como refere Luísa Coelho, a directora do Agrupamento de Escolas de Pinheiro. “A missão desta Escola alicerça-se no primado de valores que visam a moral e ética, a construção de uma escola de excelência, que aposta num trabalho pedagógico de sala de aula de grande qualidade onde cada aluno tem o seu espaço individual de aprendizagem. Este trabalho é completado por uma multiplicidade de actividades de enriquecimento, projectos e clubes (Clubes de teatro, de meteorologia e de francês, e os projectos Cientistas de Palmo e Meio, Desporto Escolar, Tuna Estudantil, Jornal Escolar, AEL (Aprender Experimentando em Laboratório, Empreendedorismo Ambiental, Educação para a Saúde e Viver a Escola) que permitem aos alunos adquirir e trabalhar competências na área das ciências, da literacia e das artes. Ligado à natureza e ao ambiente está o projecto EcoBrigada, cujo objectivo principal é a defesa do planeta Terra alertando os jovens para a adopção de atitudes de respeito pela natureza, como, por exemplo, na reciclagem de materiais e a recolha selectiva de lixos. Esta visão estratégica de educação intencionalmente implementada visa esbater as desigualdades sociais, já que os alunos, na sua maioria, são oriundos de estratos Portugal Inovador “estou a pensar lançar um livro”, adianta. Visão periférica sociais desfavorecidos, e para quem a escola ainda não sentida como uma instituição onde se podem formar cidadãos preparados para os desafios do século XXI.” De volta ao banco da escola “O Centro de Novas Oportunidades do Agrupamento de Escolas de Pinheiro tem razão de existir, para dar resposta à necessidade de formação da população adulta num concelho onde há dez anos, a maioria dos cidadãos possuía a escolaridade mínima e não possuía qualquer qualificação profissional. Tem sido um sucesso numa região onde não é fácil trazer as pessoas à escola. É um espaço de liberdade e de elevado crescimento pessoal e social”, explica a directora Maria Luísa Coelho. Tal como a directora do Agrupamento, a técnica de diagnóstico e encaminhamento do Centro de Novas Oportunidades, Joana Costa, fala da falta de escolaridade e oportunidades. “As pessoas recorrem aos Centros de Novas Oportunidades com o fim de concluírem o 9º ano, pois a certificação das empresas exige, que os seus trabalhadores possuam o 9º ano de escolaridade”. Os Centros de Novas Oportunidades foram uma forma de contrariar as lacunas do sistema educativo. As pessoas ganham uma nova auto-estima. Neste Centro, a equipa técnica e de formadores é bastante exigente”. A “Portugal Inovador” falou com duas ex-formandas: Elsa Martins e Zélia Ramos. Com 37 anos, Elsa Martins optou por, após o nascimento do filho, deixar a empresa têxtil onde trabalhava e “ainda bem que assim aconteceu, pois pude fazer o curso e mudar completamente a minha vida profissional”, afirma a ex-formanda de um curso de EFA ministrado na Escola Básica e Secundária de Pinheiro. “De costureira passei a trabalhar em animação infantil. A ajuda familiar é muito importante”, garante. “O futuro passa por seguir para a faculdade na mesma área.” Já Zélia Ramos, de 43 anos, tem uma história diferente. Funcionária nesta escola, foi por incentivo da directora deste Agrupamento que decidiu fazer o RVCC. “Aceitei logo, nem pensei duas vezes. Só depois de estarmos envolvidos é que vemos as dificuldades, mas nunca devemos andar para trás, mas sim para a frente. Estou feliz por ter concluído o 12º ano”, mais, A directora, Maria Luísa Coelho refere que as reduzidas taxas de insucesso e abandono escolares explicam-se com a existência de uma oferta educativa em rede, a nível concelhio que permite aos alunos um leque muito diversificado de opções, motivando-os quer a permanecerem na escola, quer a prosseguirem os seus estudos. É de realçar, ainda, que, no último ano, a taxa de sucesso dos alunos que terminaram o ensino secundário profissional foi de 100%. “São resultados que nos orgulham e que só foram possíveis de alcançar com o trabalho profícuo e dedicado das equipas pedagógicas, o forte empenho dos alunos envolvidos e de uma boa organização escolar”. E a Directora conclui com o desejo de uma profissional que acredita que “o futuro dos nossos alunos passará pelo seu sucesso académico, pessoal e profissional. Que esta Escola lhes tenha permitido estruturar-se como pessoas de bem, em que o ser, o saber estar, o saber fazer e o saber ser se fundam em cada um como uma força capaz de despertar a ambição do conhecimento, um espírito empreendedor, o respeito pelas liberdades individuais tão necessário à construção de uma sociedade mais justa, porque mais igualitária onde todos se sintam realizados e, por isso, felizes. Página Exclusiva 53 Portugal Inovador Uma história com futuro A Nautilus, sedeada em Foz do Sousa, e com uma unidade de produção em Castelo de Paiva, inaugurada em Junho, um investimento de 5 milhões de euros, produz e comercializa mobiliário escolar para os ensinos superior e não superior com alta tecnologia incorporada. A Nautilus já conquistou por três vezes o maior prémio mundial para inovação em tecnologias para educação. Nautilus Volume de Negócio: 12 milhões de euros Mercado externo: Representa entre 20 e 30% da facturação Crescimento: Cerca de 50% ao ano Investimento em I+D: 500 mil euros anuais Colaboradores: Cerca de 80; Era uma vez um professor de inglês que escrevia no quadro com giz branco “one, two, three, four, five, six”. Era uma vez vários alunos que copiavam para os seus cadernos pautados “one, two…”. Começa assim esta história, no passado. No presente e no futuro, a história é outra: o professor e os alunos têm computadores, quadros interactivos e mesas interactivas, para ensinarem e aprenderem o inglês, o português e a matemática… Ora, há uma empresa portuguesa, reconhecida internacionalmente, que está a construir esta história. Chama-se Nautilus, e ela própria tem uma história intensa: era uma antiga empresa de mobiliário, conhecida por uma linha inspirada na náutica, mas que não naufragou. Renasceu e tornou-se uma empresa de futuro e vencedora com o desenvolvimento de tecnologia educativa. Hoje, está presente, além de Portugal, onde participou em 80% da renovação Página Exclusiva 54 do Parque Escolar, em Espanha, França, Itália e Reino Unido. A Nautilus ganhou três vezes o WorldDidac Award, com um júri liderado pelo presidente do MIT: em 2006, pela Mesa Interactiva Uninet; em 2008, pela Estação Interactiva Netboard; e em 2010, pela Estação Interactiva Netboard 2.1.. Estes prémios são um reconhecimento internacional e uma “motivação extra para continuar a trabalhar”, segundo o CEO da empresa, Vítor Barbosa. Além de premiado, este equipamento está certificado por laboratórios e homologado pelo Ministério da Educação. 30% com formação superior Investimento em formação: 100 mil euros anuais Surpreender É este o objectivo principal da Nautilus: surpreender. “A Nautilus quer ser reconhecida no âmbito do mercado europeu como uma empresa inovadora que apresenta soluções que vão ao encontro das necessidades dos clientes”, diz o administrador. “Tentamos antecipar essas necessidades, surpreender os clientes pela positiva”, vinca Vítor Barbosa. Assim, a Nautilus foi inovadora Portugal Inovador Página Exclusiva 55 Portugal Inovador história com a aposta em produtos surpreendentes, alguns já em desenvolvimento, mas que ainda não podem ser revelados. Dicionário de Vítor Barbosa 43 anos, engenheiro mecânico, administrador da Nautilus. desde logo pela incorporação de tecnologias no mobiliário escolar, antecipando o Plano Tecnológico da Educação, e pela utilização de materiais recicláveis. A sua linha de cadeiras Ergos, com quase 1 milhão de unidades vendidas na Europa, é exemplo dessa inovação através da injecção assistida por gás, utilizada na indústria automóvel. Ao nível da I+D, a Nautilus estabelece ainda parcerias com universidades. Em Maio de 2010, a empresa promoveu, com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, um concurso de I+D. Foram premiados dois projectos de alunos de pós-graduação que estão já em execução. No âmbito do QREN, a Nautilus recebe incentivos à inovação e internacionalização. O CEO da empresa considera importante também que a Nautilus esteja integrada na rede PME Inovação da Cotec pois permite-lhe contactos que doutra forma seriam difíceis de estabelecer. Melhorar a educação No entanto, não basta inovar nos materiais. É preciso conhecer a realidade educativa. “Toda esta tecnologia só resulta em ligação com outras componentes importantes: os conteúdos – é preciso Página Exclusiva 56 prepará-los para serem usados com estes recursos – e a formação dos professores”, sublinha Vítor Barbosa. A equipa da Nautilus está apostada na inovação dos equipamentos produzidos e na integração da tecnologia, mas sobretudo na procura de soluções pedagógicas adequadas e eficientes que envolvam todos os elementos da sala aula (professores, alunos, educadores) com o objectivo último de banir o insucesso escolar das nossas escolas. Para a Nautilus, todos devem “tirar proveito na aula do ensino interactivo, de uma forma colaborativa de trabalhar”. Os professores devem receber formação na utilização deste equipamento. Quanto aos alunos, aceitam bem estas inovações, havendo uma melhoria do aproveitamento e sucesso educativos com esta tecnologia: “Os alunos aderem a esta realidade desde o início, e em termos de motivação, de atenção e empenho há grandes resultados, como confirmam estudos de países como a Inglaterra, Finlândia e Canadá”, indica Vítor Barbosa. O objectivo de tudo isto é criar ferramentas que permitam ao professor alcançar o objectivo primordial: “transmitir os conhecimentos para os alunos com eficácia”. A Nautilus continuará a participar activamente na escrita desta Empresário: Cada vez mais para se ser empresário tem que se ser inovador, na forma como gere os recursos materiais, humanos e financeiros. Engenharia: Perdeu o rumo de um conceito inicial, devia estar muito ligada à invenção e à inovação. Escola: Local onde se preparam as crianças para serem os homens de amanhã. Futuro: É aquilo que nós construímos no dia-a-dia. Inovação: Antecipar as necessidades das pessoas, surpreendê-las pela positiva. Nautilus: Pode ter várias interpretações. Mas esperemos que não tenha a conotação de submarino que pode ir ao fundo. Olhamos mais Nautilus como um foguetão que vai sempre a subir. Pessoa: Recurso mais importante em tudo isto. Portugal: Um país à espera de uma oportunidade. Portugal Inovador Saltos Altos Numa época de grande concorrência internacional, nomeadamente vinda dos mercados asiáticos, os industriais portugueses tiveram que melhorar as suas condições de trabalho, apostar na inovação, no equipamento e na formação dos seus colaboradores. Foi com o intuito de formar profissionais capazes e empreendedores que, em 1995, foi inaugurado o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado (CFPIC). Este Centro proporciona formação técnica aos seus formandos, tendo como principal objectivo responder às carências da indústria em termos de formação profissional, utilizando para o efeito meios formativos e equipamentos de vanguarda na área do calçado. Com uma nova mentalidade virada para a globalização do mercado, têm surgido várias marcas portuguesas que, com novas políticas de marketing e propaganda externa, conseguem chegar, cada vez mais, aos grandes mercados internacionais. Ainda no passado mês de Setembro, oito empresas portuguesas de calçado apresentaram as suas propostas na maior feira de calçado do mundo, em Milão. Este acontecimento veio comprovar a inversão na queda das exportações. Em declarações à comunicação social, o presidente da Associação dos Industriais de Calçado (APICCAPS) refere que, “a expectativa dos empresários é grande tendo em conta que acontece no momento em que as exportações retomaram o crescimento e em que o volume de encomendas está também a aumentar”. A indústria do calçado em Portugal está em franca expansão e recomenda-se pela qualidade, inovação e sentido estético que apresenta. Esse facto muito se deve a uma nova geração de industriais portugueses que vêem na internacionalização das suas marcas uma porta aberta para o sucesso. Pé ante pé a indústria do calçado desenvolveu-se em Portugal chegando a atingir patamares de qualidade reconhecidos internacionalmente. Apesar das “disputas” pela nomeação, são duas as grandes regiões nacionais que se dedicam a esta arte - São João da Madeira (distrito de Aveiro) e Felgueiras (distrito do Porto). Elsa C. Santos Página Exclusiva 57 Portugal Inovador “Know-how de conforto e mão-de-obra” A Cindicalfe, empresa de calçado sedeada em Pedorinho, Castelo de Paiva é uma empresa familiar fundada por José Domingos, director-geral, e pela esposa em 1997. Foi em S. João da Madeira que um dia José Domingos, um dos maiores produtores de calçado em Portugal nasceu. Desde tenra idade, quando “acabei a escola e como era dos mais velhos da família, tive logo de ir trabalhar. Fui para a indústria dos sapatos e aos 14 anos fiz algumas formações. Primeiro no Centro de Formação Profissional de Calçado, como técnico de calçado, mais tarde como encarregado geral, depois como modelador, etc, sempre em regime pós-laboral. Já naquele tempo recebia convites para fazer estágios e estive na Alemanha duas vezes para esse efeito”. O director-geral da Cindicalfe formou-se no conforto do calçado, “não é fácil dar conforto e dar moda, mas é esta a área em que nos formamos e em que trabalhamos todos os dias. São duas coisas que estão sempre ligadas”. Muitas horas de trabalho, muita Página Exclusiva 58 luta e muito empreendedorismo foram necessários para chegar ao patamar onde se encontra a empresa. “A grande aposta, depois do conforto, foi formar todos os que trabalham connosco desde o corte à costura”. A contar com 58 colaboradores e “com o trabalho de uma empresa nacional de costura, que tem mais de 100 colaboradores” a Cindicalfe “tenta dar-lhes todo o conforto”. Conforto esse que se traduz, por exemplo, num acordo com um banco para prestar todos os serviços necesssários e todas as terças-feiras à tarde está presente um médico para qalquer problema de saúde que estes tenham. No início, as linhas de produção eram compostas por máquinas manuais. José Domingos, directorgeral, optou “por comprar máquinas electrónicas, onde a informática veio modificar todo o nosso sistema. Temos apostado em toda a tecnologia de que o mercado dispõe. Os investimentos fazem parte dos resultados operacionais da empresa, logo, quem não se actualizar fica para trás”. Flex & Go e Doutor Flex A Flex & Go, marca criada pela Cindicalfe, nasceu em 2002. “Numa primeira fase, criámos um know-how de conforto e mão-de-obra qualificada com marcas de conforto. Numa segunda fase, Portugal Inovador onde se faz a montagem do sapato, a ideia de criar uma marca já tinha nascido. E foi juntamente com um cliente grego que criámos a Flex & Go”. A qualidade desta nova marca “passa de boca em boca” e é a sustentabilidade desta empresa. “Recentemente, desenvolvemos modelos de calçado soft que constituem as nossas marcas low cost. Sendo esta indústria sazonal, temos que ter uma marca para ocupar produções”. Há dois anos a abertura de uma loja-piloto da Flex & Go serviu para “venda e também para ouvir os nossos clientes relativamente ao nosso produto. Qualquer sapato especifico que a pessoa precise, seja por ter joanetes ou outro problema, nós fazemos o sapato à medida. Aliás, estamos a pensar comprar um scaner, que permita fazer uma cópia da forma do pé da maneira mais fidedigna possível”. Outra aposta foi a criação da mar- ca Doctor Flex. Um calçado mais especifico de venda em farmácias, mas “ainda não conseguimos trabalhar muito esta marca. Temos a produção ocupada com a Flex & Go. A nossa ideia agora é trabalhar mais na Doctor Flex. Temos uma dinâmica de produção muito forte. Preparámos esta fábrica para produzir 350 pares de sapatos por dia. Com o passar do tempo, passou para 600 e agora temos necessidade e mercado para fazer 1500 pares por dia”. A apostar no mercado internacional, a Cindicalfe está neste momento a desenvolver os prototipos para a feira de Garda (Itália), onde irá apresentar a coleção de Inverno 2011. Nova Zelandia, Hong Kong, Espanha e Itália representam 90% das vendas. Calçado do Futuro Uma segunda linha de montagem vais ser criada “para que toda a produção seja feita na Cindicalfe. Vamos também aumentar o número de colaboradores”. Desta forma, o sonho de conseguir dar tanta atenção à Doctor Flex como à Flex & Go vai ser possível. Quanto à matéria-prima usada, a sua escolha é muito importante. “Não usamos materiais duros, pois não vao permitir flexibilidade, todos os materiais têm que ser suficientemente absorventes. Não usamos pele sintética, apenas natural”, afirma José Domingos “Queremos fazer sapatos cada vez mais ecológicos e quem sabe até recicláveis. Isto passa por educar as pessoas. Sempre fizemos a separação dos resíduos”. O director-geral da Cindicalfe explica que não têm a ilusão de dominar o mundo do calçado. “A ideia é manter a estabilidade cá dentro (Portugal) fazendo o nosso sapato com cerca de 99% de fabrico português, e posicionarmo-nos no mercado da melhor forma para solucionar os problemas dos nossos clientes. Pretendemos também manter o crescimento de 30% de facturação anual e vamos desenvolver um show room maior”. Quanto àqueles que vendem os sapatos da empresa Cindicalfe, quer seja Flex & Go, Doctor Flex, ou as marcas mais softs, “queremos que continuem a apostar no nosso sapato e a vendê-lo”, afirma José Domingos, lembrando sempre que “o essencial é que o cliente final se sinta bem”. Página Exclusiva 59 Portugal Inovador A elegância a seus pés A revista “Portugal Inovador” teve a oportunidade de visitar as recentes instalações da fábrica de calçado Zarco, criadas em 2008, em São João da Madeira. Sendo esta uma das mais avançadas indústrias do calçado em Portugal, fomos conhecer os segredos desta marca de sucesso. A Zarco é uma empresa nacional presente na indústria do calçado desde 1942. Hoje liderada por Carlos Santos, a Zarco apresenta-se como uma marca portuguesa de referência no calçado masculino a nível internacional. O segmento a que se dirige não lhe permite ter uma elevada quota de venda no mercado nacional; a empresa aposta na sofisticação, elegância e tradição na confecção dos seus produtos, aliando as aperfeiçoadas técnicas manuais, adquiridas através de décadas de trabalho, com tecnologias de ponta. É com todo este saber e requinte que a marca Carlos Santos tem conquistado, com muito trabalho e dedicação, um lugar de destaque nos mais restritos mercados internacionais. Falamos de exigentes nichos de mercado como o francês, alemão, belga, holandês, japonês, entre outros. A Zarco tem uma equipa de 107 Página Exclusiva 60 profissionais que – maioritariamente - acompanha a empresa há largos anos, contribuindo para a preservação de um saber, de um know-how, de décadas de trabalho na área. Para acompanhar as tendências internacionais e manter-se ao nível do que melhor se faz na indústria do calçado, o departamento de design da Zarco conta com a colaboração de estilistas internacionais e com a coordenação do gabinete de modelação da empresa, apoiando-se ainda na sensibilidade de Carlos Santos e Armando Santos que tão bem conhecem os mercados. A dedicação de Carlos Santos Carlos Santos é um grande conhecedor da indústria do calçado, tendo já 40 anos de trabalho na área. “Iniciei-me nesta indústria bastante cedo, com cerca de 15 anos e aprendi muito com o meu supe- rior (antigo sócio), que me passou todos os seus princípios profissionais e humanos”, recorda o actual gerente da empresa. Ambicioso por natureza, Carlos Santos continuou essa paixão, procurando conhecer novos caminhos na área e acompanhando as inovações internacionais, sempre com o objectivo de dar continuidade à Zarco. “Sempre tive vontade de fazer mais e melhor, daí ter aceite o desafio de “continuar o percurso de sucesso da Zarco”, existente desde 1942. “Desde que me integrei na empresa, dediquei-me ainda com maior paixão e empenho ao seu desenvolvimento”, revela. Foi fruto desta entrega e dedicação que, “decidi associar-me à empresa”. Aos olhos dos filhos, Carlos Santos é um Líder. Um percurso de destaque Actualmente, a Zarco está representada no mercado internacional, através de três grandes marcas de calçado masculino: MackJames, Star Label e, a referência, Carlos Santos. A empresa comprova o requinte do seu trabalho, com a criação de colecções modernas, sofisticadas e de extremo bom gosto no pormenor. Algo conseguido apenas por um capital humano de valor acrescentado que encara a profissão como uma arte. A arte do calçado. Mantendo um percurso de evolução e inovação “a dada altura decidimos atingir um patamar superior, Portugal Inovador dem apreender novas formas de actuar nos mercados. E só é possível vencer quando se tem a possibilidade de competir!” – reforça Ana Santos. adoptando o sistema GoodYear – um dos métodos mais antigos e artesanais para a produção do sapato mais complexo de construção (produção) do mundo que exige bastante formação do pessoal”, explica o administrador. “Este rigor e cuidado no tratamento das peças permite-nos estar num segmento de mercado considerado de luxo e com reconhecimento internacional”, afirma Carlos Santos. Recordando os tempos em que entrou na empresa, Carlos Santos revela que já nessa altura a Zarco trabalhava muito para exportação. “Apenas dei seguimento ao trabalho que vinha sendo realizado. Esta actividade exige um grande empenho e dedicação, temos que estar sempre à procura de mais conhecimento, principalmente na área comercial, para se chegar a esse ponto de grande notoriedade”, salienta o administrador. “Toda a equipa continua a acordar com grande ânimo e empenho. Uma empresa que abraça uma arte destas não pode adormecer”, reforça Carlos Santos. Uma empresa de sucesso A Zarco é uma marca que se distingue no mercado nacional e internacional. Não estando preocupada com as grandes escalas de produtividade, a empresa cria edições limitadas que garantem ao cliente um objecto de alto nível e exclusividade. “Somos uma empresa com cabeça tronco e membros, todos os dias procuramos alcançar um nível mais elevado, daí termos conquistado este estatuto”, assegura Carlos Santos. É com o desejo de continuar a manter a Zarco como uma empresa familiar de sucesso que Carlos Santos integrou, na sua equipa de trabalho, Armando Santos – responsável pelo departamento comercial, actuando em todos os mercados internacionais e Ana Santos – responsável pelo departamento de Recursos Humanos, dedicando-se no entanto, tal como o pai, a todas as áreas da empresa. Com grandes planos de futuro, a empresa está inserida num projecto a dois anos no âmbito do QREN – cuja responsabilidade e acção passa por Ana Santos com o apoio do CTCP - que lhe vai permitir reforçar e evoluir todo o trabalho que tem vindo a ser realizado em termos de inovação e internacionalização. “O grande objectivo do projecto é o reforço do processo de internacionalização das marcas próprias Mackjames, Carlos Santos e Star Label. A competitividade é vista pela empresa como uma mais-valia através da qual se poPágina Exclusiva 61 Portugal Inovador Nome de código: inovação Há 34 anos que o grupo Sozé, sedeado em Rande, Felgueiras, trabalha na área do calçado. Dez anos depois da sua fundação, criou a Codizo, uma das marcas do grupo e hoje o nome da sua principal unidade industrial. Há oito anos avançou a internacionalização com uma marca jovem, hoje o seu grande projecto: a DKODE. José Sampaio fundou a empresa-mãe Sozé, que hoje trata da área da comercialização, há mais de três décadas. Mais tarde nasceu a Codizo, e em 2002 a DKODE. Hoje, o grupo tem entre 800 e 1000 clientes e cresce 5 a 10% ao ano. 90% das vendas da DKODE são para o exterior. A DKODE participa em feiras internacionais, em Barcelona, Paris, Dusseldorf, e Milão, onde recentemente, e pela segunda vez consecutiva, ganhou o 1.º Prémio de Inovação, Categoria de Senhora. Esta marca está ainda presente nas melhores lojas de França, Alemanha, Holanda e Canadá, por exemplo. Há também um crescente peso da DKODE no mercado nacional, que representa cerca de 10% das suas vendas, distribuídas por mais de 100 pontos de venda em Portugal, nomeadamente o El Corte Inglês, Agostini, Marques Soares, Living Light e sapatarias Valise, entre outros. Página Exclusiva 62 A Sozé já estava habituada a trabalhar com grandes marcas como a ECCO, a Clarks, a Façonnable e a Timberland, quando decidiu aproveitar o know-how aí adquirido para criar uma marca própria, solução necessária face aos desafios da globalização e da ascensão dos mercados emergentes, como diz o CEO da empresa Vasco Sampaio. O nome da jovem DKODE traduz esse desejo da empresa mudar e se internacionalizar: foi criado a partir de um jogo de palavras com Codizo e código (vocábulo muito ligado a esta era digital e tecnológica), além de ser inspirado numa palavra da língua global, o inglês: “decode” (“descodificar”). E o que é que a Sozé descodificou? A empresa descodificou duas coisas: inovação e globalização. “A empresa descobriu que tem que ser inovadora, percebeu que sabe tudo e pouco sabe, que todos os dias tira lições. E que para perdurar neste negócio com uma concorrência tão global e forte só com esta mentalidade é que dos 34 anos haverá de passar para 68 e por aí fora”, afirma o director-geral. A Sozé sente a necessidade de se reinventar sempre. Na primeira década do século XXI, reajustou-se em termos de recursos humanos, investindo nos departamentos de Marketing, Estilismo e Técnico, e criando uma rede de agentes comerciais na Europa. “Nós passámos a ser pró-activos em relação ao mercado. Passámos a apresentar as nossas soluções, tendências únicas. Temos hoje um grupo de estilistas portugueses e não portugueses a desenhar para a colecção”, sublinha Vasco Sampaio. Isto é também um remédio contra a crise: “A empresa quer contrariar a crise exactamente com novas soluções, com soluções de design inovador, que são um antídoto usado para contrariar a crise e uma certa aura depressiva que paira na cabeça das pessoas”. Cor e diferença A DKODE é uma marca “colorida”, como define Vasco Sampaio, destinada a uma mulher cosmopolita, madura e exigente, a “uma mulher que se quer diferenciar, mas que busca também uma base de conforto extremamente sólida”. Esta é uma marca que até já é copiada, o que para Vasco Sampaio Portugal Inovador significa que apresenta “inovação e assertividade nas tendências” e que está na vanguarda. Uma vez que é uma empresa que inova e se internacionaliza, a empresa tem recebido apoios do QREN. “Vemos o QREN como vimos os fundos comunitários, como uma forma de alavancar as empresas que já têm estratégia e as suas necessidades encontradas”, frisa o CEO da Sozé. “O QREN é bem-vindo porque apoia iniciativas inovadoras”, acrescenta. No futuro, a empresa quer admitir mão-de-obra qualificada ao nível de corte e costura, que escasseia em Portugal, apesar da taxa de desemprego altíssima, como releva Vasco Sampaio. A Sozé tenciona ainda alargar a gama de produtos à marroquinaria e criar uma linha de calçado de homem até 2012, para além de, paulati- namente, criar uma marca de “total look”. Está ainda em aberto a possibilidade de abertura de lojas próprias. “A nossa estratégia passa por ambição, mas também por uma enorme consolidação, alicerçada em mais valor, em resultados, em internacionalização”, sintetiza Vasco Sampaio. A Sozé, mantendo um crescimento sustentado e os pés assentes na terra, não deixará, no futuro, de se reinventar continuamente. Página Exclusiva 63 Portugal Inovador Sandália Eco É no alto da terra onde se pensa ter nascido D. Afonso Henriques, Guimarães, que a Globotrilha, empresa pequenina, mas com grande vontade de se afirmar no mercado ao inovar, vençe cada passo como um gigante. Pai e filho são as pessoas que dão alma ao negócio do fabrico e comercialização de componentes de calçado. Manuel Gonçalves Oliveira, pai de Pedro Oliveira, é o gerente desta empresa. A experiência adquirida no desenvolvimento e fabricação de solas para calçado e calçado, em empresas de prestígio internacional, factores essenciais para despoletar um projecto ambicioso com estas características Amiga do ambiente Em Junho de 2008 surgiu a Globotrilha. É uma empresa que comercializa componentes de calçado, tais como “solas de sapatos para os comerciantes de calçado”. A trabalhar com as melhores marcas do mundo a nível de sapatos, o acolhimento e acompanhamento do cliente é muito Página Exclusiva 64 importante. “O cliente estrangeiro vem à Globotrilha e começa por desenvolver comigo o projecto de raiz que é a sola. Daqui vai à fabrica dos sapatos e desenvolve o restante projecto. O sapato final”. A ideia de inovar e sensibilizar a sociedade para cuidar do ambiente fez com que o director da empresa fizesse mais qualquer coisa. “Surgiu a ideia do sapato 100% biodegradável. Uma sandália só nossa, um modelo inovador em termos de material e design, exclusivo e registado, e uma marca patenteada pela Globotrilha, a Sunflower”. Tem um desgaste normal, como o calçado que não é biodegradável, e passível de se poder mudar a cor da tira que sustenta o peito do pé. Ao fim de quatro meses, este modelo totalmente biodegradável é capaz de se decompor totalmente em condições deplorativas de oxigénio, na presença de microrganismos e humidade”. A sustentabilidade do sapato A Sunflower revelou-se uma ideia com um potencial enorme que agora serve de exemplo e apoio ao desenvolvimento de solas para sapatos com estas mais-valias. “Leva uma quantidade bastante grande de resíduos de couro. Antes queimava-se os restos de couro e o tecido dos sapatos. Uma ideia diferente que levou a uma parceria com a Universidade do Minho que traz mais sustentabilidade e apoio à empresa. Agora, a universidade transforma esses resíduos em pó e eu incorporo nas nossas solas. Ao fim Portugal Inovador e ao cabo são três ideias centrais: a inovação, a biodegrabilidade e a incorporação de resíduos reciclados”. Sendo a sola a sustentabilidade do sapato, pois, “uma boa sola é 50% do sapato vendido” o design da sola é fundamental para criar o sapato que o cliente idealiza. Caminhar para o futuro Um projecto ambicioso é o que Manuel Gonçalves Oliveira tem em mãos neste momento. A estratégia futura da empresa passa por alargar a gama de produtos. “É um sapato extremamente confortável, com o mesmo material da Sunflower e com cortiça. Esta também degradável e natural”. Quanto ao equipamento, este foi alterado de forma a conseguir obter a melhor rentabilidade dos componentes de calçado criados. Ambiciona manter-se em contacto com o mercado externo que significa cerca de 90% das vendas. “Após concluir a sola, esta é enviada para o cliente português que, depois de finalizar o sapato, envia para o seu fornecedor estrangeiro. Aqui entram os 90% de exportação da nossa sola. Contudo, ressalva Manuel Gonçalves Oliveira, “nós também exportamos directamente, principalmente agora com a Sunflower que sai da Globotrilha pronta a ir para o pé do cliente”. Uma empresa com garra, com um potencial que pode ser despoletado de uma forma imensa, como “se despoletam os projectos das multinacionais”. Página Exclusiva 65 Portugal Inovador A dar cartas com marca própria A Qualishoe, de Vila do Conde, segue a política que faz com que a indústria de calçado tenha sucesso hoje: a criação de marca própria. Criou duas: a Aces of London, dirigida para essencialmente para mulher, e a Nevermind, vocacionada para um nicho específico, os góticos. Com isto, factura cerca de 2,5 milhões de euros anuais. Pedro Cunha, 42 anos, trabalha há 26 anos no ramo do calçado. Em 1996, decidiu criar a Qualishoe, que está inserida no grupo Adventure Book/ Sleek, com grande tradição há três gerações no sector do calçado. Os nomes das marcas, Aces of London, nome inspirado nas cartas de jogo e com uma imagem urbana, e Nevermind, dizem já que a empresa quer afirmar-se internacionalmente. A empresa comercializa para várias lojas no mercado externo, sendo a Alemanha o mercado mais forte. É constante a participação da Qualishoe em feiras internacionais, como a LondonEdge, dedicada ao gótico, a Riva del Garda, Italmoda, GDS e a Micam. A Nevermind, é uma marca direc- Página Exclusiva 66 cionada para os “punks”, góticos e “rockers”, tem “uma carteira de clientes interessante”, nas palavras de Pedro Cunha. Já marca presença em vários mercados, destacando-se o europeu. A qualidade dos seus produtos, com solas em borracha e pele de boa qualidade, marca a diferença para fazer frente à concorrência dos países asiáticos. Diversificar Uma das vantagens da empresa é trabalhar com várias fábricas que lhe permite ter uma colecção mais completa, com vários tipos de produtos. A Qualishoe procura “fazer um produto bom, com bom preço, dentro das tendências de mercado”, frisa Pedro Cunha. “Temos de estar sempre um passo à frente para conseguirmos impor-nos no mercado”, adianta. O serviço de apoio ao cliente é outra mais-valia: “Temos uma pessoa só para fazer telefonemas aos clientes e o serviço pós-venda”, diz Pedro. A aposta em marca própria, como explica o gestor, implica um trabalho de controlo de todo o processo desde o desenvolvimento das colecções, comercialização, processamento das encomendas, passando pela produção, até ao momento pós-venda. No futuro, a empresa quer vincar a sua presença noutros mercados além do alemão, e consolidar-se, através da participação em feiras, na Suíça, Áustria, França e Itália. E, como sempre, continuará também a apostar no trabalho com estilistas para a criação de modelos próprios. Tudo para a Qualishoe manter a qualidade do nome, afirmar-se no mercado global e vencer a(s) crise(s): “Hoje é muito importante termos um produto correcto, com um preço correcto, cumprir com os prazos de entrega e manter uma boa qualidade, além do bom serviço ao cliente”, defende Pedro Cunha. “É muito difícil ganhar clientes novos, mas podemos perdê-los em dois tempos”, conclui. Portugal Inovador Pode parecer complicado, para uma PME, apanhar o grande comboio da inovação, rumo à sustentabilidade, mas existe no mercado um sem-número de opções que ajudam o empresário a obter o bilhete para a grande viagem. Neste pequeno país à beira mar plantado, os obstáculos ao sucesso de uma PME são muitos. Desde a badalada conjuntura actual, à definição de uma estratégia empresarial, passando pelo crédito mal-parado ou pela dificuldade em cumprir a exigente legislação em vigor, o empresário tem de ter pulso firme e ter a certeza do que quer para a sua empresa. Não se resignar ao convencional e instituído, criando, pelo contrário, novas soluções. O comboio da inovação passa todos os dias, a todas as horas e tem bilhetes a preços acessíveis para os empresários. Porque não fazer a viagem? A sustentabilidade da sua empresa está a curtos quilómetros de distância. Entre, sente-se e disfrute da viagem! Planear a viagem De início, pense em arranjar algum financiamento para a viagem. Até à sustentabilidade é um longo percurso que não precisa, necessariamente, de ser financiado na totalidade pela empresa. O Quadro de Referência Estratégico Nacional dá uma ajuda na compra do bilhete, basta para isso apresentar uma proposta inovadora nas áreas da indústria, comércio, serviços, turismo, energia, transportes e logística ou construção. Projectos como o investimento tecnológico ou a criação de sinergias entre empresas são reconhecidos como relevantes e mais susceptíveis de receberem apoio. Embarque e viaje Prepare-se neste momento para a grande travessia. O percurso vai ser sinuoso, com dificuldades constantes que apenas compensarão com a chegada à terra prometida da sustentabilidade. A inovação é o meio. Qualifique a sua empresa, aplique ideias e dê asas aos seus projectos. Aproveite o tempo de viagem para criar um gabinete de I&D na sua empresa. Lembre-se que produtos criados por quem deles precisa e por quem melhor os conhece têm maior probabilidade de vingar no mundo empresarial. A viagem é longa e terá de parar várias vezes nos apeadeiros para organizar ideias, estudar o mercado e procurar o que está em falta na oferta da sua empresa. Abra o leque, não se limite ao convencional e chegará mais rápido ao destino. Chegada ao destino Terminou a viagem para os audazes que até aqui chegaram. A conquista do mercado, pela surpresa, é agora uma realidade. Os números aumentam, o prestígio não lhe fica atrás e todo o esforço financeiro e de logística compensa finalmente. A inovação deu origem à tão esperada sustentabilidade e trouxe um bónus: abriu novos mercados. Agora, congratule-se pela aposta na inovação e benefície de todas as vantagens que daí surgiram. Não caia no erro de estagnar no tempo… Ainda há tempo para inovar, e o tempo é hoje. Faça de novo as malas, arranje apoios, tire o bilhete, e faça-se de novo à estrada! Próximo destino: internacionalização! Tomé Nunes Página Exclusiva 67 Portugal Inovador Crescer para ajudar A Mobilitec investe na proximidade com as pessoas com necessidades especiais que recorrem aos seus serviços. Tudo o que ganha é para investir nos apoios materiais, técnicos e sociais a estas pessoas. De 3 mil euros anuais de facturação no primeiro ano, a empresa cresceu para mais de 2 milhões de euros em 2010. “Fazer a diferença” é o seu lema. Apoio físico e social A Mobilitec, sedeada na Maia, perto do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, dedica-se à comercialização de material ortopédico e hospitalar. Oferece aos clientes produtos de várias marcas de gama baixa, média e alta (alta porque significa maior qualidade e autonomia, mas não luxo), mas também dá apoio técnico e assistência social e psicológica. A empresa dispõe de um centro logístico na Maia onde armazena o stock, presta assistência técnica, e efectua as tarefas de gestão, além das duas delegações comerciais: na Maia e em Lisboa para venda e assistência ao cliente. Esta empresa começou quando, em 2002, Helena Vitorino e Manuel Ribeiro saíram da fábrica onde trabalhavam e abriram a sua própria empresa, apresentando um projecto, que na altura rondou os 100 mil euros, ao Instituto de Emprego e Formação Profissional. Mais tarde, Página Exclusiva 68 Helena e Manuel receberam também apoio do projecto MODCOM (Modernização do Comércio) do IAPMEI para alargarem o negócio. De lá para cá, a empresa cresce, passando de três colaboradores no início para 24 actualmente, alguns dos quais com deficiência motora. E recebe muita atenção da comunicação social como empresa empreendedora e inovadora, apesar de não obter apoios e reconhecimento do Estado. A Mobilitec escolhe os melhores produtos e investe cerca de dez mil euros por ano em formação aos seus técnicos em Portugal e no estrangeiro. Dispõe também de equipamentos de demonstração e de um gabinete de terapia ocupacional com técnicos especializados que validam todo o processo de venda desde a fase de avaliação das necessidades do cliente até à disponibilização e entrega da ajuda técnica. Mas a Mobilitec não se limita a vender o produto. Além de dar garantia de satisfação ao cliente, que poderá receber o dinheiro se não ficar satisfeito com o serviço, a empresa faz todo um acompanhamento das pessoas com deficiência, desde a avaliação das suas reais necessidades até à reinserção social e profissional. Dispõe mesmo de um Gabinete de Acção Social. A empresa foi pioneira neste meio a disponibilizar este tipo de serviços (terapeutas ocupacionais e assistentes sociais). As pessoas com mobilidade reduzida carecem, sim, de apoios do Estado. “Na Europa as ajudas técnicas são dadas pelo Estado, mas, nisto, Portugal é um pouco terceiro-mundista. Muitas vezes, não é o Governo que é responsável por não dar, mas são as pessoas que não sabem exigir os seus direitos”, frisa Manuel Ribeiro. “Muitas destas pessoas com deficiência vivem no limiar da pobreza e são até por vezes exploradas pelas televisões e até instituições de caridade à procura de protagonismo”, denuncia o gerente da empresa. Aplicar a lei para ajudar “amigos” Além do objectivo comercial, há aqui uma preocupação social, até porque muitas vezes o pagamento do equipamento que vendem che- Portugal Inovador ga tarde. O que move esta equipa é aplicar a lei a favor da vida destas pessoas, que se tornam suas amigas, nas palavras de Manuel Ribeiro. Move-os o futuro destas pessoas que, após a queda e a destruição, se levantam e sonham. Porque nunca desistem de viver. “Isto é o que me marca mais: fazer algo de positivo para alguém melhorar a sua vida”, diz a responsável comercial, Helena Vitorino, que muitas vezes se esquece que é responsável “comercial”. Apesar das dificuldades que enfrentam, lutando contra a deficiência e as faltas de apoios e outros tipos de barreiras (físicas e psicológicas), Helena Vitorino sente-se orgulhosa do trabalho que realiza: “Ainda há pouco tempo fomos ao Algarve e um cliente, tetraplégico, mostrou-nos a sua casa que está a ser construída. São estas coisas que nos dão satisfação e força para o futuro”. “O nosso único objectivo é orientar e esclarecer as pessoas que vêm ter connosco”, sintetiza Sílvia Silva, directora administrativa e financeira. No futuro, a Mobilitec tenciona expandir-se além-fronteiras. Tem já previsto um projecto de expansão para Espanha em 2011. E quer fazer história. “Estamos cá para deixar marca e deixar história, apostando numa área desapoiada em Portugal”, conclui Manuel Ribeiro. A equipa considera-se empreendedora por dar a estas pessoas “a dignidade que elas merecem para viver”. Hoje são essas pessoas, amanhã podemos ser nós a lutar por esta dignidade. Página Exclusiva 69 Portugal Inovador “Vendemos soluções” A Bombas Wilo – Salmson Portugal Sistemas Hidráulicos, Lda é a filial portuguesa do grupo multinacional alemão Wilo, que possui fábricas na Europa e Ásia e filiais um pouco por todo o mundo. Situada no centro da cidade do Porto e com escritório em Lisboa, a empresa tem ao dispor sistemas de bombagem para aquecimento, abastecimento de águas e tratamento de águas residuais. Inicialmente com o nome de Bonneville Oliveira, a empresa criada em 1991, tinha apenas capitais nacionais e começou por ser representante de uma marca italiana, passando em 1994 a representar a Salmson, marca do grupo Wilo. Passado algum tempo, a Wilo demonstrou interesse em criar uma estrutura pertencente ao próprio grupo em Portugal, e depois de chegar a acordo com os sócios de então, adquiriu a empresa, em vez de criar uma filial de raiz no nosso país. Na altura a empresa manteve o nome, mas como o grupo detinha duas marcas, foi feita a aposta na Wilo, e em 2004 o nome foi alterado para Bombas Wilo – Salmson Portugal Sistemas Hidráulicos, Lda. Ao longo destes anos, o grupo Wilo tem mesmo crescido significativamente devido a esta aposta na implantação de várias filiais pelo mundo inteiro que o faz ter cerca de 6000 funPágina Exclusiva 70 cionários - e na forte dinamização das mesmas, tendo em vista o seu desenvolvimento. Gama vasta O director comercial ibérico do grupo Wilo, Paulo Fernandes, bem como todo o seu staff, considera que a multinacional vende soluções dentro da sua área de actuação que são os sistemas hidráulicos. A gama de produtos do grupo inclui bombas para AVAC que podem entrar, por exemplo, no processo de fabrico da caldeiras, e outras de maiores dimensões aplicadas só no momento da instalação. Os clientes da Bombas Wilo e do próprio grupo são, por isso, os instaladores e fabricantes, ou então distribuidores que fornecem os primeiros. Em termos de aplicação dos produtos, a empresa apresenta soluções de aquecimento, abastecimento de águas e tratamento de águas residuais destinadas a quatro áreas bem definidas: os edifícios residenciais e os edifícios de prestação de serviços, para os quais, de acordo com Paulo Fernandes, têm “desde a bomba para fazer a circulação da água quente, a recirculação das águas quentes sanitárias, passando pela bomba para o poço ou furo que por vezes as pessoas têm em casa, até à bomba e sistemas para pressurizar as redes internas de, por exemplo hotéis e hospitais, e outras para encaminhar as águas residuais; o abastecimento e distribuição de água, tanto ao nível da pressurização como das águas residuais ao nível municipal; e a área industrial que requer soluções mais específicas. “Na indústria e também no abastecimento de águas municipais, as soluções têm de ser variadas porque o líquido pode não conter apenas água, e nós temos a flexibilidade exigida para alterar os materiais do equipamento. Por exemplo, se temos uma bomba em ferro fundido a trabalhar com águas residuais, e estas forem agressivas para o material temos outras opções, ou revestimentos adequados, para que o tempo de vida útil do equipamento possa ser prolongado”, explica Paulo Fernandes. Eficiência garantida A gama de produtos é assim bastante variada, mas o que de Portugal Inovador facto distingue os equipamentos da Bombas Wilo dos da concorrência é a sua eficiência. “Nós temos uma série de programas de desenvolvimento de novos produtos, tendo em conta a eficiência para que os equipamentos poupem o máximo de recursos possível, antecipando a entrada em vigor da directiva europeia Ecodesign que regulará o nível de eficiência dos produtos. Em relação às bombas de aquecimento, temos um produto único no mercado, a Wilo-Stratos-Pico, que permite a nível residencial, segundo um estudo alemão independente, uma poupança energética de até 90% em relação a uma bomba standard. A ideia é que a bomba tem de consumir a energia que é necessária em determinado momento para o conforto das instalações, e havendo esta adaptação quase instantânea conseguimos uma optimização de funcionamento em relação a bombas mais antigas sem regulação electrónica que trabalhavam quase sempre no mesmo registo. Além disso, a eficiência passa também pelos custos de manutenção”, conta Paulo Fernandes. Além da comercialização, a empresa presta assistência técnica no local da instalação e nas suas instalações, tanto de prevenção como para tratar de alguma avaria. O grupo tem, aliás, investido muito nesta área em todas as suas filiais. Página Exclusiva 71 Portugal Inovador “O cliente é que manda” A Metalva – Sociedade de Construções Metálicas de Valongo, Lda, desde Maio sedeada em Gandra, Paredes, iniciou o seu percurso de sucesso em 1987, muito devido à aposta na manutenção que realiza nas maiores empresas industriais do país. Com certificação de qualidade, um requisito cada vez mais exigido pelos clientes, a Metalva fabrica estruturas soldadas metálicas, em ferro e aço inoxidável, de pavilhões, escritórios, Página Exclusiva 72 pisos elevados, coberturas, realiza a montagem e também a manutenção (reparação e substituição de peças) desses produtos e de outros dos mesmo materiais. A manutenção dos guindastes do porto de Leixões, da cobertura das instalações da Siderurgia Nacional e de postos de abastecimento da Petrogal, bem como a produção de estruturas para essas entidades, são alguns exemplos de trabalhos da empresa. Quando questionado sobre os factores que têm contribuído para a afirmação da empresa no mercado, o fundador e gerente da Metalva, Manuel Meireles, prefere que sejam os clientes a referi-los, embora saliente que “é um óptimo indicador e um bom retorno o facto de pagarem a factura, e voltarem a solicitar-nos. Não temos vendedores na rua, o que nos faz vender é o nosso trabalho. O cliente tem de ficar satisfeito, ele é que manda na nossa empresa”. No futuro, a Metalva pretende manter a sua posição no mercado nacional, não estando nos seus planos a internacionalização, no entanto existe uma empresa que lhe adquire produtos para comercializar em Marrocos e França, e já recebeu vários convites para trabalhar em Angola, Moçambique e no Congo. Portugal Inovador Grupo empreendedor e diligente O grupo Silgueirense, criado em 1999 por José Henriques e Nazaré Henriques, proprietários do grupo, compreende três empresas: a Silgueirense Construções, Lda a Silgueirense Máquinas e Ferramentas, Lda., e a Silgueirense Granitos, Lda. O grupo Câmaras municipais, juntas de freguesia e diversas empresas são alguns dos clientes que constam do vasto currículo da Silgueirense Construções. A Silgueirense Construções. foi fundada em 1999 em Viseu e é “a mãe da Silgueirense Máquinas e Ferramentas e da Silgueirense Granitos”. Por sua vez, a Silgueirense Máquinas e Ferramentas, situada em Tondela, foi criada em 2006. Esta destina-se a vender “material de construção civil, máquinas, andaimes, etc., dentro e fora do país”. A última empresa do grupo a ser criada foi a Silgueirense Granitos, em Penalva do Castelo em 2007, que se dedica “à extracção, exploração e transformação de granitos, onde os granitos são para nosso consumo e para fornecer a Silgueirense Construções. Além disso, exportamos também para França, Alemanha, Itália, etc.”, explicou José Henriques. Actualmente, a empresa trabalha em Portugal e Europa. História de sucesso Foi numa altura em que a construção civil estava em voga, que a primeira empresa do grupo foi criada por um casal jovem e empreendedor com dois propósitos. Primeiro “para benefício da minha vida e da vida de quem emprego; em segundo, porque as três empresas chamam-se uma à outra. Se a Silgueirense Construções tinha 100 clientes, hoje tem 200. Tudo porque chamou clientes para a Silgueirense Máquinas e Ferramentas, e para a Silgueirense Granitos, e vice-versa”. O império que é hoje o grupo Silgueirense foi “obtido com muito sacrifício. Posso dizer que a Silgueirense Construções foi fundada por mim e pela minha esposa, Nazaré Henriques, apesar do início da actividade ter sido cá em Portugal, trabalhei 11 anos na Alemanha. Contudo, em 1999 arrancou em Portugal e na Alemanha. Cheguei a ter na Alemanha 179 empregados e 36 em Portugal”. Concorrência? Não existe! O grupo presta vários tipos de serviços. Desde a “construção civil; saneamentos; construção de muros; pavimentações, embora o nosso forte seja calçadas, daí ter feito sentido criar a Silgueirense Máquinas e Ferramentas e a Silgueirense Granitos, pois a Silgueirense Construções compra um grande número de máquinas e granitos. Essa foi a minha maneira de ver o mercado onde me lancei.” Mercado este que faz com que hoje contem com uma frota de 74 veículos que circulam por terras de Portugal. Durante esta entrevista, José Página Exclusiva 73 Portugal Inovador Henriques revelou ter carisma e sentido prático e eficiente no que à concepção de novos horizontes diz respeito. Embora o futuro seja ainda uma incógnita, pois apenas “Deus é que sabe”, o proprietário do grupo Silgueirense, levantou um pouco o véu e referiu existir um projecto que ambiciona para o futuro e fez questão de evidenciar que nunca teve receio de se lançar fosse ao que fosse. “Durante a noite eu penso, e no outro dia eu já estou a apostar. Acredito plenamente nos meus negócios. Costuma-se dizer que quem tem medo compra um cão. Esta é a minha maneira de ver as coisas. Temos de ser positivos e não negativos, e aquilo que eu digo a mim próprio, aos meus clientes, funcionários e fornecedores é que não podemos pensar na crise. Existe a crise, mas não podemos pensar nela”. Ideologia que tenta seguir à risca, e que lhe dá garantias de não ter concorrência. Pelo menos, não à altura do grupo empreendedor que é o grupo Silgueirense. “Em boa hora o diga, mas eu não tenho concorrência. Perante a Silgueirense Construções, Silgueirense Máquinas e Ferramentas Página Exclusiva 74 e Silgueirense Granitos, é com muito orgulho que digo que não tenho medo da concorrência. Baú do futuro Embora existam projectos traçados para o futuro, por enquanto estão ainda dentro do baú, no segredo dos Deuses… Mesmo que se trate ainda de um segredo profissional, José Henriques garante que “vai ser uma grande surpresa para o distrito de Viseu. É um bom futuro que não existe aqui. É uma obra de arte que trouxe de fora… Ideias tenho eu, e esta ideia espero que seja para breve. Onze anos ao serviço da construção, o proprietário faz questão de agradecer a si próprio, “à minha esposa e à Alemanha, que foi onde ganhei o meu di nheiro para poder inves tir no nosso país.” Por último, mas não menos importante, José Henriques frisa o motivo pelo qual o grupo Silgueirense deve ser prioritário na mente de quem procura os serviços de construção que estes prestam. Antes de mais, “principalmente pela qualidade e rapidez dos nossos serviços. E porquê? Porque eu, como proprietário das empresas, sou uma pessoa que acordo todos os dias às 6h e vou dormir à 1h. Trabalho para que nada corra algum risco. É por este motivo que eu digo que não temo a concorrência”. Portugal Inovador Página Exclusiva 75 Portugal Inovador A força da qualidade A Vimeork é uma jovem empresa de Viseu que trabalha na área da serralharia civil. Apesar de bastante recente (2007) esta empresa está a dar cartas no mercado francês A história da Vimeork é idêntica à de muitas outras empresas espalhadas pelo país. “Eu já trabalhava noutra empresa da mesma área de negócios que acabou por fechar. Como este tinha sido o meu primeiro trabalho, agarrei a oportunidade e dei continuidade à empresa, aproveitando o facto de já conhecer os operários e os clientes”, refere em conversa à revista” Portugal Inovador” Hugo Oliveira, gerente da empresa. A Vimeork começou a sua actividade em 2007, na cidade de Viseu. É uma serralharia civil que trabalha em três vertentes: caixilharia de alumínio (janelas, portas…), estruturas em ferro (gradeamentos) e, finalmente, estruturas em inox (elementos de decoração…). Com todas as dificuldades inerentes ao início de um novo negócio e dada a conjuntura económica, a empresa foi consolidando a sua posição no mercado. “Como a nossa actividade está muito ligada ao sector da construção civil, começamos desde cedo a sofrer com os reflexos da crise”, relembra o gerente. Com muita vonta de vingar e apoiados pelos clientes, o trabalho nunca faltou a esta empresa viseense. Neste momento, a Vimeork está a investir em maqui- Página Exclusiva 76 naria, viaturas e outros materias de apoio de forma a fortalecer ainda mais o trabalho. Mercado Internacional Com uma produção de cerca de 80% para empresas, a Vimeork começou em 2008 a trabalhar para o mercado externo. “Como já referi a o sector da construção civil em Portugal baixou bastante a produção, por isso começamos a trabalhar para o mercado francês, principalmente através da exportação de caixilharia de alumínio”, refere Hugo Oliveira. Segundo o gerente “há alguma diferença de preço entre o produto português e o francês, facto que aliado à procura de muitos emigrantes portugueses que trabalham em França na área da construção civil”, aumentou o sucesso internacional da empresa. Neste momento cerca de 70% da facturação da Vimeork é para feita em França. “O mercado francês é muito bom, mas tem duas grandes exigências: uma delas é a qualidade e a outra é o cumprimento de prazos. Posso diz que um dos meus actuais grandes contactos foi realizado por acaso, porque o cliente teve acesso à qualidade e ao cuidado do nosso trabalho”, refere orgulhoso o gerente. Com um produto de grande qualidade e uma boa relação qualidade/ preço, Hugo Oliveira pretende “continuar a apostar no mercado francês e aumentar a produção, mas de forma sustentada”. Portugal Inovador Peças que perduram INTEMPORAL é o nome de duas Lojas no Porto e em Matosinhos, que têm ao dispor de quem as procura joalharia e relojoaria de marcas internacionais e de fabrico nacional. Oferece ainda relógios e complementos mais acessíveis, peças de prata para adorno pessoal e de casa. Artigos que seguem as tendências da moda, mas com um toque clássico, para homem e mulher de qualquer idade. Joaquim Novais, gerente da Intemporal, já trabalha no ramo desde 1979, tendo começado muito novo num escritório de fabrico e comercialização de joalharia durante cerca de 6 anos. Enveredou a seguir pela parte comercial, trabalhando como funcionário de balcão, neste sector, 18 anos. Nesse período, a ideia do empresário sempre foi a de iniciar o seu próprio negócio e, em 2003, ano em que completou 40 anos de idade, abriu uma pequena loja na Rua 31 de Janeiro no Porto. Pensou ser um excelente local devido à dinamização da Baixa provocada pelo facto de a cidade ter sido capital europeia da cultura. “As coisas correram bem logo desde o início, devido a alguma agilidade comercial da minha parte, bem como ao apoio desinteressado de pessoas amigas , as quais ajudaram e muito a publicitar o estabelecimento”, conta Joaquim Novais. Contudo, aquele era um espaço demasiado pequeno, onde Joaquim Novais não podia acolher as pessoas com a conveniência desejada, nem apresentar grandes marcas internacionais. Então, em 2005 abriu outra loja em Matosinhos, zona nobre e em crescimento, pois a Boavista, outra zona rica em lojas de charme, não era muito viável, dado que existiam outras empresas muito fortes deste sector, com as quais não havia a necessidade de colidir. Em 2007, a loja da Baixa passou a funcionar numas instalações bem maiores na Rua Júlio Dinis (junto à Rotunda da Boavista), de forma também a poder disponibilizar produtos para os mais jovens, nomeadamente complementos dos relógios de marcas moda conhecidas, já que no entender de Joaquim Novais, “os clientes de hoje poderão ser os de amanhã”. “Não abrimos as lojas com a força actual. Este é um sector onde a necessidade de investimento é enorme e constante, para além das compras serem feitas por antecipação, não sabendo se vamos vender”, explica. Por isso, para estar actualizado, agradar aos clientes e rentabilizar o negócio ao máximo, Joaquim Novais tenta beber um pouco dos mercados internacionais, deslocando-se frequentemente a feiras no estrangeiro. Para todos os gostos As peças de joalharia feitas à medida ou segundo ideias de Joaquim Novais, e fabricadas em Portugal, são concebidas por joalheiros do Porto. No seu entender só se deveria dar este nome a peças em metais e pedras preciosas. Essas Página Exclusiva 77 Portugal Inovador não são assim tão inacessíveis, pois ao serem os seus parceiros a fabricá-las, existe somente um intermediário, e desse modo o preço será muito mais condizente com o valor real da peça. A Intemporal ainda não tem a sua própria oficina, pois necessitaria de um espaço próprio certificado e um registo na Contrastaria de marca fabricante. No entanto, os seus parceiros locais correspondem em tudo ao seu projecto, sendo que neste momento apenas está licenciada para fazer importação, podendo igualmente distribuir esse produto. As peças importadas feitas por encomenda vêm geralmente de Espanha e Itália, sem marca, sendo depois legalizadas com a marca da Intemporal. Além dessas, a empresa também importa peças de marcas conceituadas destes países. Contudo, a oferta da Intemporal não fica por aqui, existindo igualmente relógios de várias marcas, esferográficas e peças de decoração. Na loja da Rua Júlio Página Exclusiva 78 Dinis é prestado ainda o serviço de relojoeiro a toda e qualquer marca de relógios. Um serviço que, no entender de Joaquim Novais, “é raro encontrar neste tipo de estabelecimentos”. Clientes de várias origens A Intemporal tem já uma carteira de clientes quase todos fidelizados, e alguns deles estrangeiros que nem moram em Portugal, porque a empresa tem, como refere Joaquim Novais, “uma forma diferente de estar no mercado, que preza a relação humana com o cliente, sem uma postura agressiva de vendas”. Uma questão a que o gerente dá muita atenção e que passa pelo envio de postais personalizados de aniversário e datas festivas. Crescer como marca O futuro não passa por abrir mais lojas, pois, de acordo com Joaquim Novais, “este é um sec- tor onde o aconselhamento é bastante necessário e em que os clientes prezam muito o contacto com o proprietário, apesar das pessoas nos procurarem independentemente disso”. No entanto, o gerente da Intemporal sente a necessidade de estar presente, e verifica que não se pode desdobrar mais ainda. Criar uma loja com as características das suas num centro comercial não passa pela cabeça de Joaquim Novais, pois o atendimento deixaria de ser tão personalizado como pretende, devido à grande afluência de público que perturbaria muitas vezes uma conversa relaxada e de proximidade. Deste modo, os planos para os próximos tempos passam pela conquista da representação de outras marcas internacionais, e pela afirmação da marca no mercado, além da homologação desta associada ao slogan «Momentos de Sempre». Ainda no que toca a novidades, em breve a Intemporal comemorará o seu sétimo aniversário e colocará à disposição dos clientes, durante um determinado período, expositores ainda mais completos. Portugal Inovador Construção transversal A Compactismo – Decorações e Construções, Lda, criada em 2000, dedica-se não só à concepção, remodelação e recuperação de espaços interiores de habitações, escritórios e estabelecimentos comerciais dos mais diversos sectores, mas também à remodelação ou construção de base de edifícios e moradias. A empresa tem-se destacado desde o início devido à rápida execução das obras e à seriedade para com os clientes, que lhe garante a sua fidelização. A elevada capacidade técnica e a larga experiência da sua equipa de profissionais fazem com que a Compactismo esteja preparada para responder a todo o tipo de necessidades do seu principal mercado, o da construção de espaços interiores, executando projectos quer de espaços comerciais, como de estabelecimentos de pronto-a-vestir, calçado, telecomunicações e alimentação, quer de escritórios e habitações. No entanto, se ao início esta era apenas a sua actividade, o crescimento subjacente e a procura mais alargada por parte dos clientes levou a que a empresa, actualmente, também remodele ou construa edifícios e moradias de raiz. Neste momento, a Compactismo está a trabalhar em 12 obras, entre elas a construção de mais um restaurante McDonald´s em Braga, contando já no seu portfólio com outros estabelecimentos da cadeia norte-americana, delegações do BES em várias cidades e as clínicas Foz e de Gaia, entre outros. Ainda este ano, e de acordo com o sócio-gerente Joaquim Gonçalves, “a empresa começará a trabalhar em Angola e no início do próximo ano em Moçambique, onde irá abrir filiais e trabalhará com parceiros locais”. Página Exclusiva 79 Portugal Inovador Zona segura José Manuel, Mário e Marco querem trazer para a segurança privada no Porto a força da diferença. É isto que desejam, de dia e sobretudo numa noite nem sempre terna. Os três conversaram com a “Portugal Inovador” sobre o estado da segurança privada e os seus objectivos. A segurança privada em Portugal No dia 15 de Outubro, começou a equipa da Safezone, sedeada numa casa nova na Rua do Bonjardim, ao Marquês, a dar os primeiros passos na segurança privada, mas já com uma experiência e um conhecimento de anos noutras empresas. A Safezone serve, durante o dia, essencialmente empresas de construção, escritórios e empresas de condomínio, em paralelo com o serviço prestado às chamadas casas de diversão nocturna. A equipa conhece bem o terreno que vai pisar. José Manuel é o mais experiente dos três sócios fundadores, um segurança muito requisitado em Portugal: “Este homem dava um livro, uma enciclopédia, mas acho que vocês não têm tempo para isso”, disse-nos Marco Monteiro. O que querem trazer de novo os homens da Safezone? “Duas coisas”, responde Marco Monteiro, “trazer qualidade à segurança Página Exclusiva 80 diurna e profissionalidade à segurança nocturna, coisa que existe muito pouco na cidade do Porto”, onde a ilegalidade, o amadorismo e a precariedade laboral imperam. A Safezone quer também fazer a diferença na vestimenta usada: substituiu as cores habituais pelo azul claro. “Decidimos ser diferentes em tudo, fugir da regra, do habitual, porque as pessoas já estavam habituadas aos cinzentos, pretos e vermelhos”, salienta Marco. A equipa quer ser, sobretudo, credível e competente. Marco confessa-se um “idealista-romântico”, mas tenciona aplicar essa postura de credibilidade: “Acho que as pessoas podem estar nesta vida e neste negócio direitos, trabalhar legalmente. Isto pode não ser compatível com a vida real, mas enquanto eu acreditar nisto vou continuar”, diz com a sua voz firme e rigorosa. Marco Monteiro afirma que a legislação sobre segurança privada em Portugal é “uma grande legislação, bastante completa”. Para o nosso entrevistado, é necessário apenas uma mudança de mentalidades relativamente ao papel do segurança, assim como é crucial que se pratique mais a lei e que a polícia e os seguranças privados interajam e se ajudem mutuamente: “Isto não é uma concorrência desleal, os seguranças precisam dos polícias e os polícias dos seguranças”, frisa Marco Monteiro. O próprio Estado de Direito e a liberdade precisam dos seguranças, que estão subordinados ao Ministério da Administração Interna. O que é um bom segurança? Um bom segurança não vale só pelo físico, ou pela noção errada de que “sabe bater”. Aliás, calma e paciência são duas palavras que deve ter sempre na cabeça. Marco Monteiro explica que um vigilante é “um homem educado, inteligente”, bom falante. É um “relações-públicas”. E tem autoridade sem ter autoritarismo. “Queremos para a nossa equipa um homem de respeito, que se vê, até pelo falar, que é uma pessoa educada”, acentua Marco. Um segurança, sobretudo nos serviços da noite, deve transpirar respeito. Os três sócios estiveram durante o mês de Outubro a seleccionar pessoal que responda a estes Portugal Inovador requisitos. E contrataram uma empresa externa para dar legalmente 150 horas de formação a cada vigilante. Sem tempos livres A vida de segurança é uma vida que exige uma entrega e dedicação muito fortes. A palavra a quem sabe, Marco Monteiro: “Costumo dizer que não é qualquer homem ou qualquer mulher que vai para esses espaços de diversão nocturna como segurança; tem que se escolher as pessoas a dedo, porque é uma profissão muito complicada”. Os seguranças, a quem Marco pede que sejam altamente profissionais, pois estão sozinhos a dar a cara por uma empresa, devem também ser bem remunerados e usufruir de contratos de trabalho, uma vez que isto favorecerá a qualidade do seu trabalho. O segurança José Manuel não responde a qualquer pedido: exige das casas de diversão boa remuneração (que traduz respeito), dignidade, e respeito pela lei, porque também se empenha bastante. Não é por acaso que José Manuel se sente orgulhoso: “Tenho a idade que tenho e cheguei até aqui, criei um bom nome porque faço um serviço de qualidade”. É sintomática do trabalho destes homens a resposta que nos dão sobre o que fazem nos tempos livres: “Estamos a abrir uma empresa. Onde é que há tempos livres? Neste momento não há tempos livres.” Que o sucesso os segure na zona. Página Exclusiva 81 Portugal Inovador Ilha do tesouro A empresa Tesouros Perdidos, sedeada em S. Mamede de Infesta, e com lojas em quase todo o país, dedica-se à compra e venda de ouro. A Tesouros Perdidos, criada em 2004, com mais de 200 colaboradores com formação adequada, compra ouro em segunda mão, recicla-o e comercializa-o em barra, no país e estrangeiro, sendo a Bélgica o principal mercado de exportação e as bolsas, como a de Antuérpia, um dos principais clientes. A empresa investirá, em breve, na abertura de mais sete lojas, três só no Grande Porto. Além de ouro, esta empresa também tem para venda prata e jóias preciosas, algumas de valor incalculável. A Tesouros Perdidos trabalha em colaboração com os chamados afinadores de ouro que avaliam o toque do metal precioso e o tornam fino para se criarem as barras. Há aqui também um rigoroso controlo dos objectos adquiridos, com um envio permanente dos mapas das compras para a Polícia Judiciária, onde se detectam possíveis peças roubadas. Aposta ganha As incertezas dos mercados levam a uma aposta no ouro por parte de várias pessoas. Este mundo está em expansão, é uma ilha do tesouro num mercado em crise de confiança. “As pessoas apostam no ouro porque não têm confiança na bolsa. O ouro é um bem sempre seguro. Quem investiu em ouro Página Exclusiva 82 teve um lucro à volta de 60% nos últimos dois anos”, sustenta Manuel Reis, gerente desta empresa. O negócio do ouro é também em Portugal o “negócio do momento”, diz Manuel Reis. A publicidade nos jornais é cada vez mais intensa e agressiva. Mas, segundo Reis, o sector está a ficar sobrecarregado, estando a entrar “pessoas que não percebem nada de ouro”. Segredo: honestidade A Tesouros Perdidos tem bom nome no mercado. “Procuramos fazer tudo com seriedade, cumprindo a lei”, afirma Manuel Reis. “O nome conta muito hoje e quem não se portar bem neste negócio não está nele muito tempo”, acres- centa. “Acima de tudo tem de haver honestidade. Muitos contratos com os nossos clientes e fornecedores são feitos informalmente”, conclui o líder da empresa. “Este é um negócio sem grandes segredos. O maior segredo disto é a honestidade. Quem tiver honestidade faz vida, quem não a tiver fica pelo caminho. Neste negócio, não há hipótese de enganar. Como isto funciona em circuito fechado, alguém pode enganar uma vez, mas não engana mais, porque toda a gente fica a saber”, remata Manuel Reis. Manuel Reis sente-se contente com o seu trabalho: “Estou a fazer aquilo de que gosto. E quando fazemos aquilo de que gostamos já não é mau”, confessa. Portugal Inovador Saber ouvir os pacientes O médico-dentista e nutricionista João Almeida Ribeiro dá o nome a um consultório em Resende e a uma clínica dentária no centro de Matosinhos criados em 1999 e em 2003, respectivamente, e que têm vindo a crescer a olhos vistos. A disponibilidade, empenho, simpatia e o atendimento são os factores pelos quais os profissionais que ali trabalham se tentam diferenciar. Depois de ter criado o seu próprio consultório em Resende, onde trabalha sozinho, e de ter exercido numa clínica em Matosinhos, logo após a conclusão da licenciatura em Medicina Dentária, João Almeida Ribeiro decidiu estabelecer-se por conta própria nesta última. No princípio eram apenas três médicos-dentistas e uma assistente e, actualmente, são já seis e mais quatro assistentes. Um crescimento que, no entender de João Almeida Ribeiro, se tem devido “a uma dedicação extrema à profissão, até com prejuízo da vida familiar, a par da constante actualização técnica, de forma a prestar o melhor serviço possível”. Resposta total Todos os médicos-dentistas que trabalham na Clínica de Matosinhos são generalistas, embora alguns já possuam especializações e outros as estejam a frequentar. Deste modo, ali são prestados todos os tipos de consultas de Medicina Dentária, existindo um médico-dentista encarregado da área da Ortodontia, uma colega que se ocupa dos trabalhos de Endodontia, o director clínico João Almeida Ribeiro que faz reabilitação oral, abrangendo a Implantologia e a Cirurgia Oral, enquanto os restantes três se dedicam a tarefas generalistas, sendo que dois deles executam também serviços de Implantologia, e de Dentisteria, respectivamente. Apesar da mudança de instala- ções em 2009 e de uma remodelação do espaço onde anteriormente funcionava a clínica, o investimento não tem sido muito avultado. Na verdade e, de acordo com João Almeida Ribeiro, “o maior investimento tem sido mesmo nos cursos que os profissionais têm frequentado”. Vasto rol de utentes Quando questionado sobre os tipos de consultas mais procurados, João Almeida Ribeiro revela que hoje em dia, “já existe por parte das pessoas uma procura muito grande da clínica por motivos estéticos, embora o número de consultas de reabilitação oral seja o mais significativo a par das consultas de urgência para aliviar a dor”. Neste momento, o número de utentes da clínica já ultrapassa os 3000, para o que muito contribuem as convenções com seguros de saúde de entidades como a Médis, Multicare, Advancecare, PT, Caixa Geral de Depósitos, SAMS Quadros e Dentired. A clínica aderiu também aos cheques-dentista, mas João Almeida Ribeiro queixaPágina Exclusiva 83 Portugal Inovador -se que “o trabalho é muito, comparado com o retorno que recebem do Estado”. Preços abaixo da média No que diz respeito aos preços praticados, João Almeida Ribeiro refere que esses “são semelhantes aos habitualmente praticados no Porto e em Matosinhos, estando até abaixo da média”. A primeira consulta tem um custo de 50 euros, onde poderá ser feita qualquer intervenção incluindo exames de radiologia, sem que o cliente tenha de pagar mais por isso. contudo a maior preocupação do médico-dentista é estar o mais actualizado possível, tentando prestar todos os serviços mais recentes que surgirem na área da Medicina Dentária, ser muito profissional e honesto, mostrar boa disposição e saber ouvir os clientes, e sobretudo não magoar ninguém. “O que maior satisfação me dá é tratar um paciente e ele no final dizer que não sentiu nada. Isso faz com que as pessoas voltem”, conta João Almeida Ribeiro. Mesmo a concorrência das clínicas das faculdades não preocupa muito o médico-dentista, pois pensa que “ é um tipo de atendimento diferente”. Preocupação reside no profissionalismo “Ser diferente A forte e crescente concorrência é para melhor” um problema que, no entender de João Almeida Ribeiro, deve preocupar os profissionais da classe, Página Exclusiva 84 Nos tempos que se avizinham o objectivo será manter o número de utentes, e se possível aumentá- -lo, não sendo necessário para tal, acrescentar mais elementos ao corpo clínico, porque, como explica João Almeida Ribeiro, “o actual poderá dar cobertura ainda a mais pacientes”. A par desse objectivo a ideia será continuar a seguir o lema do director clínico: “Tentar ser diferente para melhor, de maneira a que as pessoas encontrem algo de novo quando vierem cá e saiam daqui satisfeitas”. Portugal Inovador A arte de bem viver Quiroprática – centra-se na localização, redução e correcção de irritações do sistema nervoso – está disponível há cerca de um ano, no Porto, na Clínica Óptima Quiroprática. Shelly Childers, médica e directora desta clínica, trabalha lá há um mês. Shelly Childers foi personal trainer, o que lhe exigiu um estudo intensivo sobre nutrição e suplementos alimentares. Especializada em pediatria e gravidez, é também certificada na técnica de Webster, desde 2008, e “graduada em Quiroprática pela escola Palmer de Qiroprática”. Com apenas 25 anos, a médica da clínica, já passou por Marrocos, Arizona e pelo Brasil onde divulgou a mensagem da Quiroprática. “A experiência e paixão pelo que faço trouxeram-me a Portugal”. Terapia alternativa A Quiroprática assenta no facto de que “todos os seres vivos têm a capacidade inata para controlar e regular a sua fisiologia interna, seja a sua capacidade de adaptação ou a sua capacidade de cura. A coluna vertebral é como uma casa ou uma protecção da espinal medula e dos nervos. O cérebro transmite mensagens através dos nervos para todo o corpo. Uma subluxação vertebral, – quando os ossos de uma articulação da coluna vertebral estão desalinhados – que pode ser provocada por preocupações, stress, pessimismo, ansiedade, má postura, acidentes, falta de exercício, uma dieta pobre, tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, traumas no nascimento, etc., vai fazer com que estas mensagens não sejam bem transmitidas”. Sem recorrer a cirurgias, nem a medicamentos, apenas com as mãos, a médica consegue rectificar a subluxação vertebral. Certificada na técnica de Webster que ajuda a restaurar o equilíbrio pélvico, Shelly Shilders ajuda também no parto e pós-parto enquanto a criança precisar. Osteoporose, esclerose, Parkinson, autismo, hiperactividade e ciática são algumas das doenças que podem encontrar melhorias com a prática da Quiroprática. Depois ou antes da intervenção médica, a terapeuta, Fionnoula Craft, faz a massagem que complementa o serviço médico. Quanto aos que recorrem a esta técnica, estes “vêm de todo lado, principalmente da região norte”. A Óptima Quiroprática disponibiliza uma vasta panóplia de serviços. “Nutrição, shiatsu, reflexologia, workshops, aulas de nutrição, de culinária e de yoga, é o que podemos oferecer”. A grande sessão de abertura da Óptima Quiroprática decorrerá no dia 13 de Novembro, das 15h00 às 18h00. Página Exclusiva 85 Portugal Inovador Recuperar vida Aqui, no SAE, em Espinho, recuperam-se vidas. Recupera-se a casa, a cidade, o trabalho, o amor. Há custos, não se nega. Mas há ainda exemplos e conselhos gratuitos, histórias que não se pagam, sorrisos. E vida. Rui – chamemos-lhe assim – estava com a vida “desfeita num oito”. Perdera tudo. Tudo o que importa. Estava contra tudo, revoltado. Perdera o emprego, perdera a mulher que amava. Os tribunais bateram-lhe à porta. Quase perdera os pais: a sua confiança. Tudo. Sabemos o que é tudo. “Chegou aqui no fundo do poço, com uma depressão enorme, muito débil, não conseguia articular uma frase em condições, manter um diálogo, isolava-se”. E tudo isto demorou mais do que este parágrafo, que termina já, tentamos resumi-lo com as nossas palavras, poucas para a vida do Rui. Hoje, o Rui é outro. Trabalha numa fábrica conceituada. Tem uma casa, sabemos o que é uma casa, onde vive com a companheira, que reconquistou, sabemos o que é o amor. “Ele tinha alguma dificuldade em pedir ajuda e confiar, conseguimos Página Exclusiva 86 manter uma relação de confiança com ele que se mantém até hoje”. Sofreu ainda um revés: um tumor no pâncreas. Mas deu ele, desta feita, confiança à família. Partilha já alegrias, também. Continua. É uma vida, recuperada. Sabemos o que é uma vida. São histórias como a do Rui, contada por Margarida Monteiro, assistente social e terapeuta do SAE, e aqui muito resumida e pontuada, que passam pelo Serviço de Aconselhamento de Espinho. Nem todas podem ter um final como a do Rui, mas quase todas têm-no. Entramos O SAE é um centro, criado em 1998, por Luís Gonzaga, adicto em recuperação, já falecido, e inspirador da equipa que cá trabalha, com o objectivo de tratar e recuperar pessoas com dependência química, alcoolismo ou outras dependên- cias, adições. “É um desespero horrível viver nos meandros deste mundo de dependência”, diz-nos Margarida. Sabemos? A bela Espinho foi escolhida por ser cidade, mas também por estar perto do mar, ser pacata e aprazível. Luís Gonzaga quis “fazer uma coisa diferente, pois as comunidades terapêuticas em Portugal eram sítios fechados, localizados em zonas isoladas, e ele tinha o sonho de fazer um centro citadino”, onde o adicto não fosse mais estigmatizado e marginalizado do que já é e se inserisse na comunidade, não fugindo à realidade. O SAE aplica o modelo Minnesota, criado nesta cidade norteamericana depois da chamada Lei Seca, “modelo espiritual que serve a qualquer pessoa, crente ou não”, explica Margarida Monteiro. Trata-se de 12 passos para a recuperação de dependentes, baseados numa estrutura de confiança, vontade, auto-análise, com um processo de anamnese (recordar a história familiar e de vida, oralmente e através da escrita), com o objectivo da reinserção social. Estes passos do Minnesota são acompanhados por um conselheiro, que tradicionalmente é um adicto em recuperação, com experiência, mas também por um assistente social, um psicólogo, um psiquiatra, e três monitores, que constituem a equipa do SAE. O médico psiquiatra do SAE, Rui Moreira, acredita no modelo Minne- Portugal Inovador sota enquanto abordagem holística, orientada para a abstinência completa, que trata o dependente no seu todo e não apenas na sua componente física. O SAE, certificado pelo Ministério da Saúde, aplica vários programas de tratamento, consoante o caso do doente, e dispõe de um centro de dia, mas também de residência, onde alguns adictos podem morar. O centro aconselha ainda os adic- tos a frequentarem as reuniões de Narcóticos e Alcoólicos Anónimos, momentos importantes no processo de recuperação. “O objectivo é que a pessoa saia daqui com capacidade para perceber a doença (crónica) que tem, o que fazer para lidar com ela de forma construtiva, e ter uma vida perfeitamente normal”, resume a terapeuta. No futuro, Margarida Monteiro sonha “ter, além deste centro, uma casa rural, porque as pessoas não são todas iguais: há quem goste da cidade, mas há pessoas que preferem o silêncio, um ambiente recatado, a natureza”. cadas, em direcção à rua. Há uma cidade lá fora, onde Rui trabalha e ama. Há o mar de Espinho perto. Há uma vida que não acaba. E haverá mais. Amanhã será outro dia. Continua. Tudo. Saímos Depois da entrevista com Margarida Monteiro, visitamos a casa, tiramos fotos. E descemos as es- Página Exclusiva 87 Portugal Inovador Um novo amanhã As Casas de Santiago – Entre Pontes, Lda são um centro de reabilitação situado em Belmonte que através de um aperfeiçoamento do Modelo Minnesota, com provas dadas em todo o mundo, trata praticamente todos os tipos de dependências. Após três meses, são poucos os que voltam a desviar-se do melhor caminho, e mesmo esses não têm dúvidas em voltar à comunidade. Modelo transversal A instituição, inaugurada em 2006 e edificada com a ideia de ser um espaço de tratamento numa quinta sossegada e prazenteira da Beira Baixa, é o resultado da determinação da sua fundadora e directora Alexandra Tracana que teve de ultrapassar várias dificuldades relacionadas com questões burocráticas e preconceito das entidades políticas até fazer arrancar o Centro. Com um projecto alternativo ao modelo de intervenção Minnesota implementado em vários centros do país, e que, no entender de Alexandra Tracana, “se estrangula a ele próprio devido à sua enorme rigidez”, as Casas de Santiago pertencem à Associação Europeia do Tratamento da Adicção, EATA, desde 2007, e receberam a certificação de qualidade da APCER no passado dia 21 de Outubro, sendo a primeira entidade privada do género em Portugal a consegui-la, o que “foi o culminar de todo um Página Exclusiva 88 esforço que é gratificante quando significa conseguir a abstinência e a integração social de alguém”. Tratar e encaminhar Porque o sucesso destes tratamentos passa também por devolver as pessoas a uma vida normal, sendo que para isso o centro disponibiliza programas de apoio à reinserção como a procura activa de emprego e a procura de alojamento, quando necessário, em cooperação com os centros de emprego, centros de formação, e empresas. Estas parcerias estendem-se também às juntas de freguesia, autarquias, centros de saúde e hospitais, permitindo estas últimas elaborar um processo clínico ao final da primeira semana, fornecer meios complementares de diagnóstico e consultas médicas, de maneira a conciliar a reabilitação psicológica e física. Nas Casas de Santiago, a equipa clínica é constituída por terapeutas, neuropsicólogos, psiquiatras que aplicam uma variante personalizada do método Minnesota destinada a tratar quase todo o tipo de adicções: álcool, drogas, desordens alimentares, co-dependência, auto-medicação, sobreendividamento e compra compulsiva, porque, como explica Alexandra Tracana, “não se é dependente devido à substância ou ao comportamento em si”, por isso, o que se pretende ali tratar “é a relação patológica que se estabelece com essa substância ou comportamento, que é igual com todos eles”. O Modelo Minnesota, trazido para Portugal há mais de 20 anos, é o de maior sucesso em todo o mundo, e de acordo com Alexandra Tracana “é sobretudo um modelo de mudança, de querer um novo modo de vida. Numa primeira fase o Modelo acaba por criar uma vontade de mudar, apesar de o utente não saber o quê, nem como, contudo depois ele vai perceber o que deve fazer. É um modelo oportuno em termos de respostas de psicoterapia conferidas por quem de competência. E porque a ajuda entre adictos é relevante, temos também na nossa equipa técnicos em fase de recuperação, o que acaba por facilitar a aproximação entre a comunidade e a identificação de processos”. Na prática, o Modelo Portugal Inovador comunidade. “Isto comprova que essas pessoas, embora sabendo que algo falhou, verificam que a responsabilidade da recaída é sua e não da nossa instituição”, constata. No futuro a formação Minnesota, aplicado nas Casas de Santiago com os devidos ajustes, e com a duração de três meses, consiste em terapias individuais, de grupo, palestras, actividades de outdoor, desporto orientado, de forma que o utente perceba que “recuperar é ganhar, pois só entra em recuperação quem vir ganhos”, sublinha a directora. Estas acções são complementadas, por exemplo, com serviços de mediação familiar, pós-tratamento e apoio à gestão financeira. Um virar de página real Desde 2008, as Casas de Santiago têm todas as suas vagas preenchidas, albergando 20 utentes que despendem uma mensalidade de 2200 euros, um valor que Alexandra Tracana considera ser “o mais baixo dos centros que utilizam o método Minnesota”. Mas, o que mais satisfaz a directora é o facto não só de que apenas 30% dos ali tratados recaem, mas também que desse número, 21% regressam à No entanto, a ideia não é ficar por aqui, e um dos objectivos agora é obter a acreditação do bastante avançado método inglês que permitirá tornar as Casas de Santiago num centro-escola, começando a formar técnicos de aconselhamento, já que essa profissão não é reconhecida no nosso país. Página Exclusiva 89 Portugal Inovador O empresário Manuel Teixeira Gomes (1860-1941) No ano em que se comemoram o centenário da República Portuguesa e os 150 anos do nascimento de Teixeira Gomes, Presidente da República, a “Portugal Inovador” recorda a sua faceta de empresário antes de entrar na vida política activa. Jorge Sampaio já enalteceu o seu cosmopolitismo. Manuel Teixeira Gomes nasceu a 27 de Maio de 1860, em Portimão, Algarve, e morreu em Bougie, na Argélia, a 18 de Outubro de 1941. Ficou para a história como um importante político da Primeira República, onde chegou a ser embaixador em Londres e Madrid e Presidente da República entre 1923 e 1925. Teixeira Gomes é também um nome relevante da literatura portuguesa, reconhecido por Agosto Azul, Inventário de Junho, Gente Singular, Maria Adelaide, Sabina Freire e as famosas Novelas Eróticas. Em jovem, Manuel Teixeira Gomes estuda em Portimão e Coimbra. Matricula-se no curso de Medicina, do qual desistirá. Vive em Lisboa. Cumpre o serviço militar. E, depois, instala-se no Porto. Nesta cidade, frequenta os círculos republicanos, convive com Basílio Teles e Sampaio Bruno, leva uma vida de boémia e escreve em jornais, como O Primeiro de Janeiro. Continuará a escrever até ao fim da vida, vivendo entre a política, as viagens e a literatura. O negócio dos figos do Algarve O que pouca gente saberá é que Manuel Teixeira Gomes, entre os 30 e 50 anos, dedicou-se também à actividade empresarial, seguindo os negócios da família na área dos frutos secos, viajando para estudar mercados com vista à exportação. Importa dizer, antes do mais, que a indústria e comércio do figo eram actividades de enorme importância no Algarve e em Lisboa, no século XIX e inícios do século XX, com distribuição nacional e exportação. Um autor da época, Simões da Cunha, escreve: “Ninguém ignora que a produção de figo representa inegavelmente a maior verba da riqueza do Algarve. A aceitação que, hoje mesmo, este produto tem nos mercados de Inglaterra, Holanda, Bélgica, Alemanha, França e Brasil demonstra não só a vastidão deste comércio, como as grandes proporções de um desenvolvimento.” “Fiz-me negociante, ganhei bastante dinheiro” Com 30 anos, Teixeira Gomes acatou a decisão do pai, José Libânio Gomes, para que fosse gerir os negócios no Norte da Europa. Desde 1845 que o pai trabalhava no ramo dos frutos secos algarvios, com fama e sucesso. Graça Mateus Ventura descreve-o, no livro Manuel Teixeira Gomes – Ofício de Viver, como um “negociante multifacetado e empreendedor”que acumulou “assinalável fortuna reconhecida pelos seus parceiros estrangeiros”, relacionando-se com grandes diplomatas e banqueiros. Um holandês dirá Página Exclusiva 90 Portugal Inovador ao filho que José Libânio é “um proprietário opulento, de crédito inabalável no seu país”. Em 1851, na Exposição Internacional de Londres, Libânio recebeu uma medalha pela qualidade dos seus produtos. Em 1855, ganha outro prémio na Exposição Internacional de Paris. Em 1894, fará parte da Comissão da Secção Portuguesa da Exposição Universal de Antuérpia. Em 1891, cria a sociedade denominada Sindicato de Exportadores de Figos do Algarve e por essa altura entrega ao filho Manuel a gestão dos negócios no estrangeiro. Teixeira Gomes aproveitou para viajar e se cultivar, mas não descurou os negócios, procurando novos clientes para o pai ou para si, quando a sociedade se dissolve. Passava um período na Europa para negociar e outro em Portimão para prestar contas e assistir à Campanha do Figo (colheita, seca e embalagem). “Fiz-me negociante, ganhei bastante dinheiro e durante quase vinte anos viajei, passando em Portugal poucos meses. Montei a vida de forma que na região compreendida pelo norte da França, a Bélgica e a Holanda, onde vendia os produtos do Algarve, levava quatro ou cinco meses; ia a casa liquidar contas, e depois nos cinco ou seis meses restantes, livre e despreocupado, metia-me no Mediterrâneo, cujas costas visitei por assim dizer passo a passo”, conta Teixeira Gomes em entrevista a Norberto Lopes. Em 1911, abandonará, então, este trabalho, mas deixa instruções ao irmão, José, que continuará a gerir o negócio familiar: “É indubitável que o ponto principal deste negócio consiste na boa qualidade e preparação do figo”, escreve numa carta ao irmão, dando indicações precisas sobre os cuidados a ter no transporte do produto: “Os figos devem ser bem espalmados e postos nas ceiras de modo que nunca fiquem soltos, assentando um em cima dos outros” de uma maneira especial. Cosmopolita Deixando os negócios, Teixeira Gomes viverá então uma intensa actividade de político e escritor, terminando os seus dias em Bougie, na Argélia, sendo os seus restos mortais trasladados, em 1950, para Portugal. Foi sempre recordado e admirado por outros presidentes, como Jorge Sampaio, que o homenageou, na Argélia, com a inauguração de um busto e de uma escola com o seu nome, aquando da última visita ao estrangeiro enquanto Presidente da República, em 2006. “Os ideais de Manuel Teixeira Gomes continuam válidos para o nosso tempo, pois actuais continuam a ser o seu cosmopolitismo, o seu sentido de convivência enriquecedora entre culturas e civilizações, a sua devoção à paz como bem essencial para a Humanidade”, disse na altura Sampaio. Nelson Bandeira Desenho de Alberto Péssimo Bibliografia: Manuel Teixeira Gomes – Fotobiografia, de Manuel Canaveira, 2006; O Exilado de Bougie, de Norberto Lopes, 1942; Manuel Teixeira Gomes – Ofício de Viver, de M.ª da Graça Mateus Ventura, 2010. Página Exclusiva 91 Portugal Inovador Página Exclusiva 92 Portugal Inovador Talento com sabor a mar Começou quase por brincadeira, mas hoje já é conhecido em todo o país. O restaurante Noélia e Jerónimo é hoje uma referência e paragem obrigatória para quem passa por Cabanas, em Tavira. É em Cabanas de Tavira, na marginal, com vista para a Ria Formosa, que fica um restaurante denominado Noélia e Jerónimo, mas mais conhecido pelo nome da autora dos deliciosos pratos - a Noélia. A fama dos pratos preparados por esta mulher de trato simples já não está contida em Tavira. Talvez por isso encontremos uma clientela habitual e até conhecida do grande público, como Vitorino, Margarida Marinho e Ruy de Carvalho. Com 39 anos, Noélia começou neste espaço enquanto empregada, tinha apenas 14 anos. Quis o destino que casasse com “o filho do patrão”, como conta. Na altura, o casal decide transformar a então pastelaria em pizzaria, até que ”comecei a fazer umas coisinhas”. Os petiscos preparados por Noélia começaram a estar presentes e as pizzas começaram a ficar para segundo plano. Entretanto, o espaço, que já tinha sido pastelaria e depois pizzaria, passa a restaurante. O melhor restaurante de Cabanas Além das vistas para a ria, aqui pode-se ver também a essência de uma cozinha de bom gosto, temperada com carinho. “Gosto muito do que faço”. E é bem notório quando se saboreia qualquer uma das iguarias. “Eu vivo para isto”, afirma Noélia. É difícil falar de todos os pratos à disposição, no fundo, são quase todos especialidades. Nesta carta extensa, sobressaem os espinhaços de atum de cebolada ou de caldeirada com batata-doce, a raia de alhada ou à francesa, as pataniscas de polvo com arroz de coentros, o arroz cremoso de ga- roupa com amêijoas, o lingueirão com batata-doce, arroz de lingueirão, a tapa de boquerones à espanhola, os famosos filetes de peixe-galo com arroz de coentros, biqueirões fritos com migas de tomate, a açorda de conquilhas, entre muitos outros. O melhor é mesmo ir até lá e degustar algumas destas sugestões. Uma cozinha ancorada em produtos frescos, no peixe e marisco da nossa costa. É a própria Noélia que, numa base diária, faz as compras para o restaurante: “Escolho tudo a dedo”. Mas se alguns pensam que o segredo do sucesso reside somente no talento de Noélia enquanto maestrina daquela cozinha, há que divulgar mais um ingrediente – a simpatia da anfitriã. “Adoro falar com as pessoas. As pessoas quando vão comer fora têm que ser felizes, têm que ser bem tratadas”, sublinha Noélia, referindo que, acima de tudo, “temos que fazer os outros felizes”. Página Exclusiva 93 Portugal Inovador Página Exclusiva 94 Portugal Inovador Qualidade e requinte É no coração do Vale de Ave, em Vila Nova de Famalicão que, com conclusão prevista para Agosto/Dezembro de 2012, o Hotel Rural da Azenha começa a ganhar o seu carácter imponente. Agricultura, desporto, parque exterior, hotel, restauração, cultura, lazer... tudo separado, mas tudo em perfeita sinergia. O Hotel Rural da Azenha vai contar com uma pista de manutenção à volta da Quinta; SPA com sauna, jacuzzi, piscina interior, sala de massagens; cabeleireiro; um campo de futebol apto para receber equipas de futebol; uma piscina natural “transformada de um tanque, mas mantendo um pouco o que é o tanque antigo existente nas quintas”, explica, João Monteiro, administrador do Hotel Rural da Azenha; salão de eventos; salão de jogos; uma sala de apoio para dar “aos menos afortunados comida e uma palavra de carinho, é uma parte feita com muito gosto”; uma sala que vende produtos típicos da região e garagem privativa com serviço personalizado para cerca de 50 carros. Uma vinha imensa vai dar origem ao vinho que é tratado de forma artesanal criando assim o nectar dos Deuses com máxima qualidade. Integrado no Instituto de Turismo de Portugal, o Hotel Rural da Azenha tem também parcerias com a Escola Agrícola de Santo Tirso, a Universidade Católica, a Escola de Hotelaria do Porto e de Viana do Castelo. Uma semana por mês a possibilidade de praticar uma actividade no exterior ou interior, de interagirem com a agricultura, é uma mais-valia para a atractividade, ruralismo e serenidade que o Hotel pretende transmitir. “Vamos ser um hotel que prima pela qualidade. As pessoas vão poder desfrutar daquilo que é bom na nossa região”, salienta João Monteiro, em entrevista à “Portugal Inovador”. Para o futuro a médio longo prazo, a missão está em “dar a conhecer o que é o nosso povo... ser um pólo de atracção, dinamismo, força de vontade e garra”, finaliza o administrador do Hotel. Página Exclusiva 95 Portugal Inovador Filosofia de negócio Dar o máximo de qualidade ao mínimo de preço possível é a filosofia de negócio de Ivo Couto e Cristina Pereira, sócios-gerentes dos três restaurantes “Papa Misto”. Foi no E’Leclerc de Lordelo Guimarães que surgiu o primeiro restaurante Papa Misto “a convite de um amigo que desistiu do negócio antes de fazermos a sociedade. Surgiu de uma brincadeira que se tornou muito séria. Aprendemos muito com os erros e hoje temos o que temos”, explica a sócio-gerente, Cristina Pereira. Mesmo sem experiência no ramo da hotelaria, começaram a trabalhar no “sentido de vencer”. Foram surgindo novos convites para outros locais e foram “saltando em busca de uma carreira futura”. Ferrara Plaza, em Paços de Ferreira, foi o investimen- Página Exclusiva 96 to seguinte. Daqui, “foi sempre a crescer e com preços competitivos”. Não tardava a surgir outro convite e o negócio já dava frutos de um bom investimento. Cada vez mais perto do umbigo do Porto, o terceiro Papa Misto aparece no Centro Comercial Vivacci, na Maia. Com “um passo de cada vez, chegámos ao Porto Gran Plaza”. Tudo graças a objectivos bem firmes, pois “começámos num negócio de aldeia, mas a nossa ambição sempre foi bem maior!”, exclama Ivo Couto. Uma imensa panóplia de refeições é o que os clientes dos restaurantes Papa Misto podem encontrar. Desde as “refeições caseiras, à tradicional comida portuguesa, por exemplo o arroz de pato, o bacalhau à lagareiro, o bacalhau à Zé do pipo, ao fast food. Refeições estas que estão disponibilizadas em serviço de self service, “onde o cliente tem possibilidade de escolher pelo menos cinco pratos”, e serviço de mesa. Ao todo, os restaurantes Papa Misto têm 34 funcionários, os cozinheiros mais competentes e as tecnologias mais actuais. Para o futuro, “convites não faltam. Queremos respirar e crescer e depois, sim, avançar para novos projectos. “Interessamo-nos muito pelos clientes. Todos os dias têm alimentos frescos, pois queremos o máximo de qualidade ao mínimo de preço possível”. Portugal Inovador Soluções Integradas de Hotelaria A Solidotel dedica-se à comercialização de equipamentos hoteleiros, incluindo a sua implantação e montagem. Fernando Ribeiro, sócio da Solidotel, garante não existirem clientes, mas sim investidores. Solucionar e certificar Com o intuito de sair da província, a Solidotel tornou-se numa “empresa que vai às lutas todas, aos projectos todos, mas olhando sempre para o investidor como alguém que está ali e que tem de ser acompanhado do ponto de vista técnico com as melhores soluções para aquilo que pretende”, assegura Fernando Ribeiro, sócio da Solidotel. A Solidotel destaca-se pela diferença, afinal, “não avançamos para mais uma empresa de equipamentos hoteleiros, mas para uma empresa que competisse em pé de igualdade junto dos grandes projectos nacionais e não como mais alguém que vai fazer um fornecimento de material hoteleiro”, explica. Foi de uma forma gradual e sustentada que a empresa se desenvolveu no mercado. Começou com um escritório de representação e hoje já possui o maior showroom de equipamentos de hotelaria, sobretudo em termos de soluções para que “o investidor chegue e perceba porquê que o equipamento tem o preço que tem e qual a sua funcionalidade”. Com garra, a Solidotel envolve-se em trabalhos a nível nacional e internacional não fazendo distinção do mercado, “onde houver trabalho nós vamos”. “A nossa casa trabalha com investidores e não clientes. Um cliente é alguém que vem comprar algo e eu tenho que lhe vender a qualquer custo, mas, se eu lido com um investidor, que tem um projecto, tem capital ou não, mas tem uma ideia de negócio, então aí eu tenho que ser o seu conselheiro. Resumindo, numa primeira fase, a nossa empresa tem que ser mais de consultadoria do investidor e depois, sim, fazer o fornecimento de equipamentos”, sustenta Fernando Ribeiro. A empresa tem soluções desde “a armazenagem, frigorífica ou não, a transformação e confecção de alimentos, a distribuição, a parte de lavandaria, e em função das necessidades fazemos alteração de equipamentos”. É aqui que entra a Solidotel Inovação que procura disponibilizar equipamentos de vanguarda e soluções tecnologicamente mais evoluídas, que resolvam necessidades muito específicas. Os produtos comercializados pela Solidotel obedecem às normas europeias de Certificação de Segurança Eléctrica; Certificação de Segurança Alimentar; Certificação Energética; Certificação de Poluição Sonora. Uma empresa certificada que engloba uma equipa de profissionais de áreas tão distintas como a refrigeração, material de queima, turismo, marketing, economia e até engenharia alimentar, mecânica e electrónica. Pastelarias, restaurantes/snack-bares, IPSS, cozinhas industriais, residências-sénior, superfícies comerciais, entre outras, são algumas das valências do vasto Página Exclusiva 97 Portugal Inovador portefólio da empresa. Na área de refeições ao domicílio têm um produto inovador e único. Este assegura o transporte da alimentação até ao utente, garantindo a temperatura do alimento, a quantidade certa, e a facilidade de transporte e de limpeza. Fiscalização preventiva A Solidotel garante um serviço pós-venda de duas maneiras: assistência durante o período de ga- Página Exclusiva 98 rantia, que é de “dois anos e não de um ano como a generalidade do mercado”; e através do projecto SIM (Sistema Integrado de Manutenção). “Sempre que o cliente precisa de alguma intervenção, nós vamos. Fazemos também algo que ninguém faz a prevenção. Ou seja, quer o cliente nos contacte ou não, ao fim de 30, 90, 180 e 365 dias, fazemos uma revisão geral gratuita aos equipamentos. Ainda no pós-venda, temos um stock de acessórios tremendo que impede que tenhamos de esperar que venha algo do fabricante. O SIM faz uma auditoria aos equipamentos que o cliente tem, sugere algumas correcções que possam melhorar a sua eficiência. Assim surge o Ecotek, projecto que vem criar soluções para a hotelaria com vista à sustentabilidade ambiental. Novas oportunidades de negócio fazem parte do futuro, pois “Portugal ainda tem muito por descobrir na área de investimento das IPSS, hotelaria, etc.”, finaliza Fernando Ribeiro. Portugal Inovador Página Exclusiva 99
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