- Bio Organic
Transcrição
- Bio Organic
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL UNIDADE DE NOVO HAMBURGO CURSO DE ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS E BIOTECNOLOGIA GISELE PESSI LEGRAMANTI PROJETO FINAL ESTUDO DA VIABILIDADE DO TRATAMENTO DE UM EFLUENTE INDUSTRIAL COM ALTA CARGA ORGÂNICA, EM ESCALA LABORATORIAL, COM O USO DE UM INÓCULO COMERCIAL NOVO HAMBURGO 2008 GISELE PESSI LEGRAMANTI PROJETO FINAL Projeto Final apresentado como requisito parcial para Engenheira obtenção de do título Bioprocessos de e Biotecnologia na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Prof.ª Dr.ª Andréia Mara Rotta de Oliveira Orientadora Prof. Dr. Álvaro Meneguzzi Co-orientador NOVO HAMBURGO 2008 AGRADECIMENTOS Ao meu pai Clóvis, à minha mãe Neli, ao meu irmão André e demais familiares, pelo incentivo, apoio e amor que me dedicaram durante estes seis anos. Ao meu marido Daniel, pela confiança, incentivo e amor. Te amo muito. À minha orientadora, Profª. Drª. Andréia Mara Rotta de Oliveira, pela orientação e pelo apoio neste momento decisivo da minha formação, transmitindo seu conhecimento, colaborando assim para o meu crescimento profissional. Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Álvaro Meneguzzi, pela dedicação, tempo e paciência para me ajudar nos momentos que eu mais precisei, naqueles momentos onde eu achei que nada iria dar certo, ele me disse que eu era capaz e que eu iria conseguir. À Profª. Drª. Isabela Lagreca, por seu apoio e amizade. Á empresa Millenium Tecnologia Ambiental, em especial ao Eduardo, pelo apoio e motivação para a concretização da idéia deste trabalho. À empresa Econsulting, em especial ao Daniel, por sua amizade e pela ajuda na realização deste trabalho. À banca examinadora, por aceitar o convite para a avaliação deste trabalho. Aos meus colegas, que se tornaram meus amigos do coração e para sempre e que enfrentaram junto comigo as etapas da realização deste trabalho. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do meu sonho. Muito obrigado a todos. RESUMO Neste trabalho foi verificada a eficácia do tratamento de um efluente industrial, em escala ® laboratorial, através da técnica de bioaumentação, com o uso do inóculo comercial Enzilimp . O efluente testado é de uma indústria produtora de farinha para ração animal e possui elevada carga orgânica. Reservatórios foram adaptados como reatores para o teste de eficácia do tratamento do efluente industrial. Três destes reatores foram usados para o teste em triplicata, denominados de reatores 1, 2 e 3, e o quarto reator foi usado como controle, denominado de reator C, ou seja, sem a aplicação do inóculo. Os reatores funcionaram em forma de batelada, com um sistema de º termostatização para a manutenção da temperatura entre 25 e 30 C e não foram utilizadas agitação ® e aeração artificial. Nos reatores teste foi aplicado 20 g do inoculante comercial Enzilimp . Foram utilizados parâmetros de monitoramento físico-químico e microbiológico, tais como, demanda química de oxigênio (DQO), sólidos suspensos voláteis (SSV) e pH, e a contagem das unidades formadoras de colônias para o monitoramento das bactérias contidas no efluente, respectivamente. Obteve-se uma redução nos valores de DQO de até 67% para o reator teste e de até 44% para o reator controle. A maior redução de DQO do reator teste mostra que houve eficácia no sistema de ® tratamento utilizado, em escala laboratorial, com o uso do inoculante comercial Enzilimp na redução da matéria orgânica do efluente industrial. O parâmetro SSV mostrou uma diferença de redução significativa entre o reator teste e o reator controle, porém a redução ocorreu somente na primeira semana, não se mostrando um bom parâmetro de monitoramento. O pH do reator teste manteve-se dentro da faixa ótima de eficiência das bactérias, entre 6,5 e 7,5. Houve um decréscimo da contagem das unidades formadores de colônias (UFCs) juntamente com a redução da matéria orgânica. Palavras-chave: efluente, bioaumentação, matéria orgânica. ABSTRACT In this study it was verified the effectiveness of the treatment of an industrial effluent in laboratory level through the technique of bioaugmentation by using a commercial inoculant named ® Enzilimp . The effluent used comes from an industry that produces flour for animal feed and has high organic load. Tanks were adapted as reactors to test their effectiveness in the treatment of industrial effluent. Three of those reactors were used for testing in triplicate, known as reactors 1, 2 and 3, and a fourth reactor was used as control, called the C reactor in which was without inoculum. The reactors worked by batches using a system of thermostatization to maintain the temperature between 25 and 30°C on the reactors and it was not used artificial aeration and agitation. In reactors test were applied ® 20g of commercial inoculant Enzilimp . It was used physical, chemical and microbiological monitoring parameters such as chemical oxygen demand (COD), volatile suspended solids (VSS), pH and colony forming units counting to monitor of bacteria contained in the effluent. There was a reduction in the values of COD of up to 67% for the reactor test and by 44% for the reactor control. These values show ® that the treatment system used with the commercial inoculant Enzilimp in reducing organic matter of industrial effluent has been efficiency at a laboratory level. The parameter SSV showed a significant reduction between the test reactor and reactor control, but the reduction was only in the first week, not showing itself as a good monitoring parameter. The pH of the test reactor has remained within the range of optimum efficiency of bacteria, between 6.5 and 7.5. There was a decrease in the counting of colony forming units (CFUs) together with the reduction of organic matter. Key-words: effluent, bioaugmentation, organic matter. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 12 2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 15 2.1. Objetivo Geral:.............................................................................................................................. 15 2.2. Objetivos Específicos:................................................................................................................. 15 3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................... 16 3.1. Efluente Industrial ........................................................................................................................ 16 3.1.1. Definições e Características dos Efluentes Industriais ........................................................ 16 3.1.2. Efluente da Indústria de Farinha de Carne, Osso, Sangue e Sebo...................................... 18 3.2. Tipos de Sistemas de Tratamento Biológico ............................................................................ 19 3.2.1. Sistemas de Tratamentos Convencionais .............................................................................. 19 3.2.2. Técnicas Auxiliares ao Tratamento Biológico ....................................................................... 20 3.3. Biorremediação ............................................................................................................................ 22 3.3.1. Bioaumentação.......................................................................................................................... 23 3.3.1.1. Monitoramento Microbiológico no Processo de Bioaumentação..................................... 24 3.4. Bioaditivos Comerciais................................................................................................................ 26 3.5. Bactérias do Gênero Bacillus ..................................................................................................... 27 3.5.1. Bacillus subtilis ......................................................................................................................... 27 3.5.2. Bacillus licheniformis ............................................................................................................... 28 3.5.3. Bacillus polymyxa ..................................................................................................................... 29 4. METODOLOGIA ............................................................................................................................... 31 4.1. Sistema Utilizado para o Tratamento do Efluente Industrial em Escala Laboratorial .......... 31 ® 4.2. Aplicação do Inóculo Comercial Enzilimp ............................................................................... 32 4.3. Monitoramento do Efluente Industrial ....................................................................................... 33 4.3.1. Caracterização do Efluente ...................................................................................................... 34 4.3.1.1. Determinação Analítica dos Parâmetros Físico-químicos de Caracterização do Efluente ............................................................................................................................................................... 34 4.3.1.1.1. Demanda Química de Oxigênio (Colorimetria) ................................................................ 34 4.3.1.1.2. Sólidos Suspensos Voláteis (Gravimetria)....................................................................... 36 4.3.1.1.3. pH (Eletrometria) ................................................................................................................. 36 4.3.1.1.4. Nitrogênio (Titulometria) .................................................................................................... 36 4.3.1.1.5. Fósforo (Colorimetria) ........................................................................................................ 37 4.3.1.2. Determinação Microbiológica do Parâmetro Microbiológico de Caracterização do Efluente ................................................................................................................................................ 37 4.3.1.2.1. Unidades Formadoras de Colônias................................................................................... 37 4.3.2. Parâmetros Físico-químicos de Monitoramento.................................................................... 37 4.3.3. Parâmetro Microbiológico de Monitoramento........................................................................ 37 4.4. Programa de Amostragem .......................................................................................................... 38 4.5. Análise Estatística........................................................................................................................ 38 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................................... 39 5.1. Monitoramento do Efluente Industrial ....................................................................................... 39 5.1.1. Caracterização do Efluente ...................................................................................................... 39 5.1.2. Parâmetros Físico-químicos de Monitoramento.................................................................... 40 5.1.2.1. Demanda Química de Oxigênio (DQO)................................................................................. 40 5.1.2.2. Sólidos Suspensos Voláteis (SSV)....................................................................................... 42 5.1.2.3. pH............................................................................................................................................. 44 5.1.3. Parâmetro Microbiológico de Monitoramento........................................................................ 45 5.1.3.1. Contagem das Unidades Formadoras de Colônias (UFC) ................................................. 45 6. CONCLUSÕES ................................................................................................................................. 47 7. PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................................... 48 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 49 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fluxograma do processo de tratamento de efluentes de uma Indústria produtora de farinha para ração animal.................................................................................................................................. 18 Figura 2: Reatores teste (1, 2 e 3) e reator controle (C) ....................................................................... 32 Figura 3: Produto comercial diluído para inoculação nos reatores teste. ............................................. 33 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Análises físico-químicas de caracterização do efluente industrial........................................ 34 Tabela 2: Análises físico-químicas de monitoramento.......................................................................... 37 Tabela 3: Resultados da caracterização do efluente industrial. ........................................................... 39 Tabela 4: Valores da redução da DQO em % de acordo com os reatores e o período de amostragem. ............................................................................................................................................................... 40 Tabela 5: Valores (*) em % da DQO, do reator controle e reator teste. ............................................... 41 Tabela 6: Valores da redução dos SSV em % de acordo com os reatores e o período de amostragem. ............................................................................................................................................................... 42 Tabela 7: Valores (*) em % do SSV, do reator controle e reator teste. ................................................ 43 Tabela 8: Valores do pH de acordo com os reatores e o período de amostragem. ............................. 44 Tabela 9: Valores (*) da UFC, do reator controle e reator teste. .......................................................... 46 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Valores (%) de redução da DQO dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3. ........................... 40 Gráfico 2: Redução (%) da DQO durante as sete semanas de experimento, com os valores do reator controle e da média dos reatores teste................................................................................................. 41 Gráfico 3: Valores (%) de redução dos SSV dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3. .......................... 43 Gráfico 4: Redução (%) dos SSV durante as sete semanas de experimento, com os valores do reator controle e da média dos reatores teste da Tabela 6............................................................................. 43 Gráfico 5: Valores do pH dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3 e do reator controle. ........................ 44 Gráfico 6: Contagem das UFCs das sete semanas de experimento, partindo do efluente bruto. ....... 45 Gráfico 7: Relação entre os resultados da DQO e da UFC do reator teste.......................................... 46 LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária COT Carbono Orgânico Total CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO Demanda Química de Oxigênio ETE’s Estações de Tratamento de Efluentes FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento NA Nutriente Agar ONG’s Organizações não Governamentais OD Oxigênio Dissolvido PCR Reação em Cadeia pela Polimerase pH Potencial Hidrogeniônico SST Sólidos Suspensos Totais SSV Sólidos Suspensos Voláteis TDH Tempo de Detenção Hidráulica UFC Unidade Formadora de Colônia USDA Departamento de Agricultura dos EUA 1. INTRODUÇÃO Durante séculos, o homem atribuiu um valor equivocado à natureza, visando apenas o interesse econômico, fazendo com que este durante toda a sua história buscasse o desenvolvimento a qualquer custo, esquecendo-se de que a qualidade de vida está intimamente ligada à preservação dos recursos naturais. A década de 90 vem sendo designada como a “década ambiental” ou a “década verde”. Muitos esforços dos mais variados segmentos, tais como, Universidades, órgãos de controle ambiental, organizações não governamentais (ONG’s) e principalmente indústrias, têm sido direcionados no sentido de se encontrar um ponto de equilíbrio entre a atividade produtiva e a manutenção de um meio ambiente saudável, o chamado “desenvolvimento sustentado”. Grande parte das pesquisas é direcionada para o tratamento de efluentes, principalmente os industriais, no sentido de mitigar os impactos ambientais gerados sobre os recursos hídricos. O avanço tecnológico sobrecarregou o processo de autodepuração natural devido à quantidade de efluentes lançados nos corpos receptores serem superiores a capacidade depuradora da natureza. Desta forma o homem foi em busca de alternativas para minimizar a carga poluidora dos efluentes antes de lançá-los nos corpos d´água, surgindo assim as Estações de Tratamento de Efluentes – ETE’s. A proposta de tratamento de água residual nas ETE’s é remover os sólidos suspensos, compostos químicos dissolvidos, patógenos e outros organismos biológicos presentes, a fim de produzir um efluente que possa ser legalmente e seguramente descartado no meio ambiente. Para conseguir esta remoção é empregada uma variedade de processos químicos, físicos e biológicos. Em alguns casos de ETE’s, a qualidade ou a quantidade de efluentes mudou tanto que o tratamento usual já não é mais suficiente para atingir os resultados desejados, tornando-os ineficientes. Em outros casos, a capacidade dos sistemas de tratamento de efluentes se deteriora e as exigências da legislação ambiental tornaram-se mais rigorosas. Em ambos os casos, abordagens inovadoras de tratamento podem ser necessárias para permitir simultaneamente a satisfação das exigências ambientais e os objetivos financeiros das indústrias (Foster & Kramer, 1997). Além dos processos convencionais de tratamento biológico, tais como, lodos ativados, lagoas de estabilização, entre outros, atualmente deu-se o surgimento das chamadas “tecnologias inovativas de tratamento”, como a biodespoluição. Ela é considerada um avanço da biotecnologia, propiciando tecnologias de processo aplicadas ao tratamento de resíduos orgânicos, no estado sólido ou líquido, que terão suas propriedades físico-químicas alteradas, o que propicia sua adequação para o lançamento aos corpos receptores, respeitando a legislação vigente bem como a 13 sua adequação às normas de qualidade ambiental. A introdução de aditivos biológicos para melhorar o desempenho do tratamento de águas residuais é considerada uma técnica de biodespoluição e tem sido praticada desde o início dos anos 60. Na década de 70 foram desenvolvidos produtos microbianos objetivando a melhoria operacional e a eficiência dos processos de tratamento de efluentes. Apesar de o estudo da utilização de aditivos biológicos serem advindos desde a década de 60, não há hoje muitos trabalhos científicos que consolidem sua utilização nos sistemas de tratamento de efluentes. Por isso, há a necessidade de realizar testes para verificar a eficácia destes aditivos biológicos, mais conhecidos como bioaditivos. Assim, no presente trabalho foi estudado o tratamento de um efluente industrial com alta carga orgânica, em batelada e em escala laboratorial, com o uso de um bioaditivo comercial à base de um mix de bactérias do gênero Bacillus. O trabalho visa a eficácia do tratamento em pequena escala através da redução de parâmetros físico-químicos, tais como a demanda química de oxigênio, os sólidos suspensos voláteis e o pH. Também foi avaliado um método de monitoramento microbiológico, através de análises microbiológicas, para o controle da população de microorganismos presentes no efluente. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral: Verificar a eficácia do tratamento de um efluente industrial com alta carga orgânica, por ® batelada e em escala laboratorial, com o uso do inóculo comercial Enzilimp . 2.2. Objetivos Específicos: • Avaliar o uso de biorreatores, por batelada e em escala laboratorial, no tratamento de um efluente industrial; • Aplicar a técnica de bioaumento com o uso do inóculo comercial; • Caracterizar e tratar um efluente industrial decorrente do processo produtivo de uma indústria produtora de farinha para ração animal; • Monitorar o efluente industrial através de parâmetros físico-químicos e microbiológicos. 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Efluente Industrial 3.1.1. Definições e Características dos Efluentes Industriais De acordo com a Norma Brasileira - NBR 9800/1987, efluente industrial é o despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico (Pereira, 2001). Segundo a Resolução nº 128/2006 do Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONSEMA, efluente industrial é o despejo líquido resultante de qualquer atividade produtiva, oriunda prioritariamente de áreas de transformação de matérias primas em produtos acabados. Esta Resolução dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos, em função da vazão, para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul. O conhecimento da vazão e da composição do efluente líquido industrial possibilita a determinação das cargas de poluição e/ou contaminação, o que é fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor (Pereira, 2001). Por muito tempo não existiu a preocupação de caracterizar a geração de efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio ambiente. No entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental fazem com que algumas indústrias desenvolvam atividades para quantificar a vazão e determinar a composição dos resíduos líquidos industriais (Pereira, 2001). A poluição hídrica pode ser definida como qualquer alteração física, química ou biológica, capaz de ultrapassar os padrões estabelecidos para a classe, conforme o seu uso preponderante. Estas alterações da qualidade de um corpo hídrico são decorrentes do efluente líquido industrial que são variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria-prima utilizada, com a reutilização de água, entre outros. Dentre as determinações mais comuns para caracterizar a massa líquida estão as determinações físicas (temperatura, cor, odor, sabor, turbidez e sólidos), as químicas (pH, alcalinidade, teor de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e metais) e as biológicas (bactérias, protozoários, vírus, entre outros), podendo ser ainda, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico e com temperatura baixa ou elevada (Pereira, 2001). 17 Os sólidos são compostos por substâncias dissolvidas e em suspensão, de composição orgânica e ou inorgânica. Analiticamente são considerados como sólidos dissolvidos àquelas substâncias ou partículas com diâmetros inferiores a 1,2 µm e como sólidos em suspensão as que possuírem diâmetros superiores (Giordano, 2004). O pH indica o caráter ácido ou básico dos efluentes, sendo nos tratamentos de efluentes um parâmetro fundamental para o controle do processo (Giordano, 2004). Em sistemas de tratamento biológico o controle do pH é importante, pois a maioria das bactérias cresce melhor dentro de variações pequenas de pH sempre perto da neutralidade, entre pH 6,5 e 7,5 (Tortora et al., 2005). Uma das determinações mais realizadas é a da matéria orgânica total, que pode ser biodegradável ou não. Para quantificar as concentrações de matéria orgânica total e de matéria orgânica biodegradável são realizadas as determinações da demanda química de oxigênio (DQO) e da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (Pereira, 2001 & Aquino, 2003). A matéria orgânica está contida na fração de sólidos suspensos voláteis (SSV), mas normalmente é medida de forma indireta pela, DBO e DQO. A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para que os microorganismos biodegradem a matéria orgânica em um determinado número de dias. A DQO é a medida da quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica. A matéria orgânica, ao ser biodegradada nos corpos receptores, causa um decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido (OD) no meio hídrico, deteriorando a qualidade ou inviabilizando a vida aquática. A quantidade de matéria orgânica pode ser medida também como carbono orgânico total (COT) (Giordano, 2004). O nitrogênio e o fósforo são elementos presentes nos esgotos sanitários e nos efluentes industriais e são essenciais às diversas formas de vida, e seu excesso causa problemas devido à proliferação de plantas aquáticas nos corpos receptores. Nos esgotos sanitários são provenientes dos próprios excrementos humanos, mas atualmente têm fontes importantes nos produtos de limpeza doméstica e/ou industriais, tais como detergentes e amaciantes de roupas. Nos efluentes industriais podem ser originados de proteínas, aminoácidos, ácidos fosfóricos e seus derivados (Giordano, 2004). O nitrogênio é considerado um macro nutriente (nutriente necessário em grandes quantidades), além de ser nutriente limitante para o crescimento da comunidade microbiana. O fósforo encontra-se em águas naturais predominantemente na forma de fosfatos em solução, em partículas ou detritos (fósforo particulado orgânico ou inorgânico) (Martins, 2004). Sua importância associa-se principalmente ao fato de o mesmo ser um nutriente essencial para o crescimento e reprodução dos microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica e também ser um nutriente essencial para a vida de plantas e para o crescimento da biota aquática, e que, ao ser lançado em corpos aquáticos em concentrações elevadas, pode causar a superfertilização dos mesmos, caracterizando o processo de eutrofização (Naval et al., 2005). 18 3.1.2. Efluente da Indústria de Farinha de Carne, Osso, Sangue e Sebo Segundo estatística realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Estado do Rio Grande do Sul realizou um abate de 2 milhões de bovinos, 3 milhões de suínos e 770 milhões de frango no ano de 2005. A indústria de abate de animais, além de produzir seu principal produto que é a carne para consumo humano, também gera subprodutos decorrentes do processo, tais como ossos, sangue e gorduras. Esses subprodutos, também chamados de resíduos de abate, são totalmente aproveitados por empresas que os utilizam para fabricar produtos como a farinha de carne, osso, sangue e sebo, utilizada como matéria-prima para a produção de ração animal. Este tipo de processo produtivo possui alta taxa de poluição orgânica, entre outros poluentes, por isso essas indústrias devem possuir licenças junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), que é o órgão no Rio Grande do Sul responsável pelo licenciamento e fiscalização de empresas, que produzem resíduos que possam contaminar o meio ambiente. Sendo assim, toda a água utilizada no processo de produção deve ser submetida a um tratamento, a fim de que não cause prejuízos ao meio ambiente. Na figura 1 encontra-se o processo de tratamento de efluentes decorrente deste processo de produção, descrito por Kipper (2006). Figura 1: Fluxograma do processo de tratamento de efluentes de uma Indústria produtora de farinha para ração animal. 19 3.2. Tipos de Sistemas de Tratamento Biológico 3.2.1. Sistemas de Tratamentos Convencionais Nos sistemas de tratamento de efluentes convencionais, após o tratamento primário, que consiste no gradeamento, flotação e sedimentação, a maior parte da DBO remanescente no efluente está como matéria orgânica dissolvida. O tratamento secundário é predominantemente biológico e é projetado para remover a maioria dessa matéria orgânica e reduzir a DBO, através da oxidação da mesma até dióxido de carbono e água (Tortora et al., 2005). As bactérias constituem-se no grupo de maior presença e importância nos sistemas de tratamento biológico. Considerando-se que a principal função de um sistema de tratamento é a remoção da DBO, as bactérias heterotróficas são os principais agentes deste mecanismo. No entanto, além de desempenharem o papel de depuração da matéria orgânica, as bactérias possuem a propriedade de se aglomerar em unidades estruturais, como flocos, biofilmes ou grânulos (Von Sperling et al., 2001). Os sistemas de lagoas de oxidação, também denominadas lagoas ou tanques de estabilização, têm sido amplamente utilizados na prática de tratamento de águas residuárias em todo o Brasil. São observados resultados satisfatórios em termos da qualidade do efluente, sempre que o projeto é tecnicamente adequado e existe um mínimo de operação e manutenção. Como diz o próprio nome, o objetivo principal de lagoas de estabilização é estabilizar, ou seja, transformar em produtos mineralizados o material orgânico presente na água residuária a ser tratada. Para atingir este objetivo, utilizam-se processos de tratamento que se baseiam na atividade metabólica de microorganismos, particularmente bactérias e algas. As algas produzem oxigênio através da fotossíntese e este oxigênio pode ser usado por bactérias aeróbias para oxidar o material orgânico biodegradável. Alternativamente, na ausência de oxigênio, bactérias anaeróbias podem transformar o material orgânico em biogás, por meio do processo de digestão anaeróbia (Cavalcanti et al., 2001). O resultado do tratamento biológico, anaeróbio e aeróbio, é a redução drástica da concentração de material orgânico no decorrer do processo de tratamento, obtendo-se um efluente final com baixo valor de DBO. Todavia, o tempo de detenção do líquido, ou tempo de detenção hidráulica (TDH), necessário para que se complete o tratamento, é longo. Mesmo no Brasil, onde se tem as condições favoráveis do clima tropical (temperatura elevada e alta incidência de irradiação solar), necessita-se um mínimo de 20 a 30 dias. O longo tempo de detenção, necessário para a estabilização do material orgânico, tem uma vantagem indireta importante, o líquido permanece no sistema de lagoas por um período de tempo suficiente para que haja remoção completa dos ovos de helmintos e eficiência elevada de remoção de coliformes fecais, garantindo, automaticamente, um efluente final com boa qualidade microbiológica. Os sistemas convencionais de lagoas de estabilização podem produzir um efluente final com concentrações de DBO e sólidos suspensos 20 totais (SST) baixas e boa qualidade microbiológica, mas, para este bom desempenho, necessitam de um tempo de detenção longo e, consequentemente, de grandes volumes e áreas (Cavalcanti et al., 2001). Os sistemas de lodos ativados são amplamente utilizados, em nível mundial, para o tratamento de águas residuárias domésticas e industriais, em situações em que uma elevada qualidade do efluente é necessária e a disponibilidade de área é limitada. No entanto, o sistema de lodos ativados inclui um índice de mecanização superior ao de outros sistemas de tratamento, implicando uma operação mais sofisticada. Outras desvantagens são o consumo de energia elétrica para aeração e a maior produção de lodo. Até o presente, a maior aplicação do sistema de lodos ativados tem sido como tratamento direto de efluentes domésticos ou industriais. Mais recentemente, a opção de utilização do sistema de lodos ativados como pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios passou a ser pesquisada e utilizada, em função de inúmeras vantagens, principalmente associadas ao menor consumo de energia elétrica e à menor produção de lodo, mantendo-se qualidade do efluente comparável ao de um sistema de lodos ativados clássico (Von Sperling et al., 2001). O processo de lodos ativados é fundamentado no fornecimento de oxigênio (ar atmosférico ou oxigênio puro), para que os microorganismos biodegradem a matéria orgânica dissolvida e em suspensão, transformando-a em gás carbônico, água e flocos biológicos formados por microorganismos característicos do processo. Esta característica é utilizada para a separação da biomassa (flocos biológicos) dos efluentes tratados (fase líquida). Os flocos biológicos formados apresentam normalmente boa sedimentabilidade. Com a contínua alimentação do sistema pela entrada de efluentes (matéria orgânica), ocorre o crescimento do lodo biológico, sendo esse denominado de excesso de lodo. No caso de concentrações de lodo acima das previstas operacionalmente, o mesmo deve ser descartado. A eficiência do processo está relacionada com a relação de cargas orgânicas afluentes (diariamente), e a massa de microorganismos contida no reator (sólidos suspensos voláteis) (Giordano, 2004). Entre os inconvenientes do processo de lodos ativados está a operação menos simples, o consumo de energia elétrica, a produção de maior quantidade de lodo, o elevado teor de água do mesmo e a conseqüente necessidade de maiores digestores e maiores leitos de secagem de lodo (Imhoff, 1996). 3.2.2. Técnicas Auxiliares ao Tratamento Biológico As técnicas de biorremediação podem ser utilizadas, em alguns casos, como uma técnica auxiliar nos sistemas de tratamento biológicos, tais como as lagoas de estabilização e lodos ativados. Dentre as técnicas de biorremediação, pode-se citar a técnica de bioestimulação e bioaumentação. Esta última é considerada por Rosa (1995) como uma técnica capaz de alcançar 21 resultados que podem resolver alguns inconvenientes dos sistemas de tratamento por lodos ativados citados por Imhoff (1996). Estes inconvenientes podem ser melhorados através de um programa de bioaumentação, ou seja, introdução de microorganismos exógenos no sistema de tratamento, que segundo Rosa (1995) pode alcançar os seguintes resultados: eliminação do acúmulo de camadas de gordura; aumento da remoção de DBO e DQO; maximização do desempenho das ETE’s; controle do crescimento de bactérias filamentosas; controle da formação de espuma em tanques de aeração e digestores; redução da necessidade de aeração; aumento da digestão de sólidos; aumento da resistência a choques de carga tóxica e sobrecarga orgânica; ocorrência da biodegradação de compostos orgânicos recalcitrantes; controle dos níveis de nitrificação; melhora significativa da clarificação dos efluentes; eliminação dos depósitos e assoreamento de lodo; redução e eliminação da formação de odores; redução dos custos de manutenção e operação de ETE’s; e facilitar e ampliar a capacidade de bombeamento e de desaguamento. Outro sistema de tratamento biológico são os denominados “biorreatores”, “reatores bioquímicos”, ou ainda “reatores biológicos”, que são reatores químicos nos quais ocorre uma série de reações químicas catalisadas por “biocatalisadores”. Esses biocatalisadores podem ser enzimas ou células vivas (microbianas, animais ou vegetais). Com relação aos reatores com células vivas, pode-se afirmar que os mais amplamente conhecidos e com uso bastante difundido são os reatores com microorganismos. Estes reatores vêm sendo empregados desde a década de 1940 para a produção industrial de uma grande diversidade de produtos, tais como enzimas, antibióticos, vitaminas, ácidos orgânicos, solventes, ou ainda no tratamento de resíduos orgânicos industriais ou domésticos (Schmidell et al., 2001). Quando se pensa em executar um processo fermentativo, normalmente se imagina preparar certo meio de cultura que seja adequado à nutrição e desenvolvimento do microorganismo, bem como ao acúmulo do produto desejado; colocar este meio de cultura em um biorreator (fermentador); adicionar o microorganismo responsável pelo processo biológico (inocular) e aguardar que o processo ocorra. Após um determinado tempo de fermentação, imagina-se retirar o caldo fermentado do reator e executar as operações unitárias necessárias para a recuperação do produto. Essa descrição é típica de um processo descontínuo, ou descontínuo tradicional, que é também designado como processo em batelada (Schmidell et al., 2001). Um reator em batelada é aquele que não apresenta entrada e saída de vazão durante sua reação. Possuem fluxo intermitente, ou seja, após seu enchimento, fecham-se os registros de entrada e de saída, sendo assim, não há fluxo dentro do reator, por um determinado período (Von Sperling et al., 2001). Sistemas de reatores ou biorreatores podem ser utilizados juntamente com outras técnicas de tratamento, como por exemplo, a técnica de bioaumentação, onde sistemas de reatores com a 22 inoculação de microorganismos exógenos podem ser utilizados para o tratamento de resíduos orgânicos (Rodrigues et al., 2004). 3.3. Biorremediação A biorremediação é um processo no qual organismos vivos, normalmente plantas ou microorganismos, são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir (remediar) poluentes do ambiente. A remoção pode ser realizada no local (in situ) ou fora deste (ex situ) (Gaylarde et al, 2005). Geralmente, são as bactérias que possuem papel central na biorremediação, entretanto, outros microorganismos como fungos e protozoários também podem contribuir (Watanabe, 2001). Em 1988, os cientistas começaram a utilizar microrganismos para limpar poluentes e lixos tóxicos produzidos por vários processos industriais, utilizando, por exemplo, a capacidade de algumas bactérias de produzirem enzimas que convertem toxinas em substâncias menos nocivas (Tortora et al, 2005). Os processos biológicos de descontaminação, enquadrados na categoria de biorremediação, utilizam, geralmente, microorganismos do próprio ambiente, (autóctones/endógenos) ou introduzidos no ambiente (alóctones/exógenos), em estado nativo ou geneticamente modificados, encontrados em solos e em águas subterrâneas (Martins, 2004) com capacidade de biodegradar xenobióticos, resultando em produtos de degradação com estrutura menos recalcitrante em relação à molécula original, ou na mineralização do xenobiótico, produzindo compostos químicos simples, como: CO2, -2 -2 H2O, NH3, SO4 e PO4 (Gaylarde et al., 2005). A biorremediação pode se dar pela aplicação de um processo natural, a biodegradação, que é um processo biológico natural que consiste na capacidade de os organismos decomporem substâncias, como compostos químicos naturais ou sintéticos, usando-os como fonte de carbono, energia, nitrato, potássio, enxofre ou outros elementos necessários às suas células. A biodegradação pode ser dividida em três categorias: (a) mineralização, onde os compostos químicos orgânicos são transformados a compostos químicos inorgânicos como dióxido de carbono, água e amônia; (b) biotransformação, onde os compostos orgânicos são transformados em estruturas menores e (c) co-metabolismo, onde outro composto é metabolizado primeiramente ou simultaneamente a um composto específico (Martins, 2004). Os microorganismos nativos atuam muito lentamente na natureza para limpar os derramamentos tóxicos produzidos pelos seres humanos, mas os cientistas estão experimentando biofortificantes e outras técnicas para aumentar sua efetividade. Ao contrário de algumas formas de limpeza ambiental, em que as substâncias perigosas são removidas de um local apenas para serem jogadas em outro, a limpeza bacteriana elimina a substância tóxica e frequentemente devolve uma substância inofensiva ou útil ao ambiente (Tortora et al., 2005). 23 3.3.1. Bioaumentação A introdução de microorganismos alóctones no ambiente é um tipo de biorremediação conhecida como bioaumentação, que propicia um aumento da população microbiana degradadora, ou seja, auxilia os microorganismos nativos. Esta técnica tem por objetivo melhorar o potencial biodegradador de um ambiente contaminado, sendo os microorganismos introduzidos chamados de inoculantes ou bioaditivos (Gaylarde et al., 2005 & Macedo, 2000). Outro tipo de biorremediação é conhecido como bioestimulação, e consiste na adição de nutrientes e aceptores de elétrons com o objetivo de aumentar a atividade microbiana nativa ou a biodisponibilidade do poluente (Gaylarde et al., 2005). Lazzaretti et al. (2000) relatam em seu trabalho sobre a adição de microorganismos adquiridos no comércio em uma estação de tratamento de efluentes por lodo ativado de uma indústria de papel e celulose, a ocorrência de uma melhora na porcentagem de remoção da DQO observada no período com adição do produto de, em média 30%, correspondente em média a 1,4 toneladas por dia de DQO a menos no corpo receptor. Resultados semelhantes foram observados por Lazzaretti (1999), quando estudou a aplicação de bioaditivos para tratamento de efluentes por lodo ativado de uma indústria de pescado. Chin et al. (1996) utilizaram um produto bacteriano comercialmente disponível para o tratamento de esgotos. O produto continha bactérias dos gêneros Bacillus, Pseudomonas, Nitrosomonas, Nitrobacter, Cellulomonas, Aerobacter e Rhodopseudomonas. A técnica de bioaumentação utilizada para o estudo do tratamento de esgotos reduziu a acumulação de espuma e sólidos, as concentrações de DBO, DQO, detergente, e óleos e graxas na planta de tratamento de efluentes foram reduzidas e também os problemas com odores foram minimizados. A utilização de microrganismos promotores de degradação de resíduos orgânicos tem sido uma alternativa que deve ser considerada no sistema de tratamento de dejetos suínos. O emprego de inóculos neste sistema mostra-se eficiente na redução dos teores de DBO e DQO. O inóculo comercial promoveu uma redução de DBO de 68,5%, mostrando a eficiência do processo de bioaumento no tratamento desse tipo de resíduo (Rodrigues et al., 2004). Santiago et al. (2000) também observaram resultados positivos na nitrificação em lagoas aeradas por meio de inoculação constante de bactérias nitrificantes adquiridas no comércio, indicando a viabilidade de uso desta técnica. Schneider (1991) relatou a utilização de bactérias na redução da amônia em criações de suínos. Nesse caso, os tanques que receberam os dejetos foram tratados diariamente com as bactérias, trazendo, como conseqüência, redução do nitrogênio amoniacal (amônia) e, com isso, redução do odor, da população de moscas e da acumulação de sólidos. Outro estudo sobre utilização de microrganismos no tratamento de dejetos de suínos foi realizado na Inglaterra, onde se verificou que, depois de várias semanas de tratamento, o nível de amônia diminuiu em até 50%. Essa redução foi constante por vários meses, com tratamento diário contínuo (Isbizuka, 1997). 24 As diferentes estratégias visam aumentar a população microbiana criando condições ambientais propícias para o seu desenvolvimento. A medida corretiva a ser adotada depende de vários fatores, dentre eles os tipos de microorganismos presentes, as condições do local como: pH, umidade, quantidade de nitrogênio, potássio, fósforo, concentração e toxicidade dos contaminantes (Trindade, 2002 & Liebeg, 1999). Estes processos biotecnológicos de remediação têm sido intensamente pesquisados e recomendados pela comunidade científica atual como uma alternativa viável para o tratamento de ambientes contaminados, tais como águas superficiais, subterrâneas, e solos, além de resíduos e efluentes industriais em aterro ou áreas de contenção. Embora outras tecnologias que usam processos físicos e/ou químicos sejam também indicadas para descontaminar ambientes poluídos, o processo biológico de biorremediação é uma alternativa ecologicamente mais adequada e eficaz para o tratamento de ambientes contaminados com moléculas orgânicas de difícil degradação e metais tóxicos (Gaylarde et al., 2005). A eficiência da biorremediação depende da biota (microorganismos com enzimas capazes de degradar o contaminante), das propriedades do contaminante (o contaminante tem que estar biodisponível), das condições físico-químicas da água, tais como pH e temperatura adequados, da biodisponibilidade dos nutrientes necessários aos microorganismos, da presença de receptores de elétrons, da ausência de substâncias tóxicas aos microorganismos e de um grau de biodegradação maior do que o grau de migração da água. O monitoramento destes parâmetros permite avaliar e compreender a cinética microbiana mostrando a persistência dos compostos químicos no ambiente, como as respectivas concentrações em que estes podem estar sendo transportados a possíveis sítios de exposição ao homem e outras espécies (Martins, 2004). Outro fator importante para a sobrevivência dos microorganismos introduzidos no ambiente é o tempo necessário para o crescimento e aclimatização do inoculante. Esse tempo varia de acordo com o tipo e condições do ambiente em que ele será introduzido e das condições nutricionais (Limbergen et al., 1998). Em função da variedade de bactérias e enzimas associadas, que trabalham em simbiose, é necessário certo período para obtenção dos resultados almejados, pois o programa de bioaumentação procura atingir um estágio de equilíbrio entre a microbiota anteriormente presente nas amostras e os novos microorganismos adicionados (Macedo, 2000). 3.3.1.1. Monitoramento Microbiológico no Processo de Bioaumentação Embora as bases para a bioaumentação estejam bem enraizadas nas práticas microbiológicas de cultivo e seleção, existem muitas controvérsias entre microbiologistas e engenheiros sobre a necessidade de completar naturalmente populações com aditivos microbianos e a capacidade de acrescentar microorganismos para sobreviver nos sistemas de tratamento. Esta 25 controvérsia tem sido mais alimentada pela dificuldade de demonstrar a causa e efeito após a adição de um produto de bioaumentação (Bouchez et al., 2000). Apesar de produtos comerciais para a bioaumentação serem disponíveis hoje, há inúmeros relatos de fracasso da bioaumentação e a verdadeira eficácia do procedimento permanece altamente controversa. Uma das razões para isso é que o destino dos organismos inoculados e as reações do hospedeiro no ecossistema são muitas vezes pouco claros, devido à falta do acompanhamento de adequadas técnicas microbiológicas (Bouchez et al., 2000). Trindade (2002) e Liebeg (1999) afirmam que as técnicas de bioaumento que empregam a adição de microrganismos exógenos devem ser muito bem avaliadas, devido aos riscos ambientais que a inserção de um microrganismo não nativo em uma determinada região pode gerar. Stephenson & Stephenson (1999) comentam que investigações de bioaumentação em laboratório às vezes falham e em escala real mostram-se bem sucedidas, provavelmente devido à imposição de estado estacionário em escala laboratorial, pois a maioria dos produtos de bioaumentação exige um período de aclimatação antes de iniciar o trabalho. Para que a introdução de microrganismos para fins de biorremediação ocorra de forma adequada, é preciso, necessariamente, a adoção de práticas de monitoramento microbiológico voltadas para a detecção e/ou quantificação de microorganismos e/ou genes introduzidos no ambiente. Este tipo de prática pode visar diferentes objetivos, ligados direta ou indiretamente à atividade de degradação desejada, tais como, quantificar a população dos microorganismos de interesse; avaliar a disseminação de OGM’s e não OGM’s introduzidos no ambiente; e fornecer informações valiosas para avaliação de possíveis impactos ambientais da introdução ou do favorecimento de populações específicas, refletido em alterações na composição e estrutura de comunidades microbianas naturais do sítio. Uma boa maneira de controlar a população de microorganismos introduzidos no ambiente é quando o poluente é o único substrato para crescimento microbiano, a multiplicação das células terminará na presença de baixos níveis do mesmo (Gaylarde et al., 2005). Diferentes estratégias podem ser adotadas para a realização destes monitoramentos. Os métodos experimentais utilizados podem ser divididos, basicamente, em dois grandes grupos, de acordo com a abordagem que é empregada. São os métodos baseados em isolamento e cultivo e os métodos independentes de cultivo (Gaylarde et al., 2005). • Métodos baseados em isolamento e cultivo: o monitoramento é realizado utilizando-se protocolos convencionais de microbiologia, baseados no isolamento dos microorganismos na amostra ambiental e inoculação em meios de cultivo seletivos e/ou não-seletivos, avaliando os resultados através do crescimento de colônias em placas de Petri ou em ensaios de diluição utilizando tubos múltiplos, e; 26 • Métodos independentes de cultivo: o monitoramento de linhagens microbianas e/ou de grupos microbianos específicos na amostra é realizado através da análise de células e/ou ácidos nucléicos extraídos da amostra, utilizando-se sondas moleculares para genes determinados ou a amplificação destes por metodologias de PCR (Reação em Cadeia pela Polimerase). Dependendo da estratégia de biorremediação utilizada, do tipo de amostra e ambiente alvo, os métodos de cultivo podem ser facilmente empregados e fornecer parâmetros adequados para avaliação das populações de microorganismos biodegradadores e aspectos gerais das populações microbianas na amostra (Gaylarde et al., 2005). Conceição et al. (2003) descrevem uma prática de monitoramento microbiológico, método baseado em isolamento e cultivo, para a quantificação dos microrganismos heterotróficos para a avaliação do uso de produtos comerciais no processo de biodegradação de petróleo em solo. A prática foi baseada em método de isolamento e cultivo, obtendo-se como monitoramento a contagem das UFCs. Wattiau et al. (2001) descrevem uma técnica de PCR, método independente de cultivo, adequada para o acompanhamento de uma experiência de bioaumentação realizada com uma mistura de esporulados de bactérias do gênero Bacillus. Este teste, baseado em um método independente de cultivo, serviu como monitoramento para identificar as espécies do grupo dos Bacillus. O teste foi diretamente aplicável a uma única colônia e mostrou excelente especificidade. 3.4. Bioaditivos Comerciais Os bioaditivos para a bioaumentação são produtos biotecnológicos compostos por misturas de microrganismos, fungos ou bactérias saprófitas de ocorrência natural, não-patogênicas, além de enzimas e nutrientes necessários para uma ótima atividade degradativa desses microorganismos (Rosa, 1995). Diferentes produtos comercias estão disponíveis no mercado para o tratamento de efluentes domésticos e industriais. Eles utilizam à ação combinada de uma seleção de bactérias benéficas de origem natural, que se encontram normalmente no solo e na água. Selecionadas, cultivadas e submetidos à técnica de bioaumentação em laboratório, ou seja, introdução de microorganismos degradadores, sem alterações genéticas, esses microorganismos se transformam numa superpopulação que expulsa as bactérias nocivas e patogênicas provenientes da decomposição da matéria orgânica, repovoando os efluentes com bilhões de bactérias, que aceleram os processos de degradação (Macedo, 2000). Entre os microrganismos mais utilizados na composição destes bioaditivos comerciais estão os do gênero Bacillus sp. e Pseudomonas sp.. 27 ® O produto comercial Enzilimp , utilizado como inoculante comercial neste trabalho, é formado por um mix de bactérias do gênero Bacillus, de três espécies diferentes, Bacillus subtilis, Bacillus licheniformis e Bacillus polymyxa. 3.5. Bactérias do Gênero Bacillus As bactérias do gênero Bacillus possuem como habitat natural o solo e a água, são grampositivas, não patogênicas e saprófitas. Tem a habilidade de dar forma a um endósporo, resistente, protetor, permitindo que o organismo tolere circunstâncias ambientais extremas (Nakano et al., 1998). A formação de endósporos aumenta a resistência aos fatores adversos, dessa forma, podem ser armazenados, como inoculantes, por um período mais longo, e possuem maior tempo de permanência no solo, além da facilidade de aplicação (Coelho, 2006). A maioria das espécies de Bacillus são quimioheterotróficas capazes de realizar respiração usando uma variedade de compostos orgânicos simples (açúcares, aminoácidos e ácidos orgânicos). Em alguns casos, também realizam a fermentação de hidratos de carbono em uma reação que produz tipicamente o glicerol. A maioria é mesófila, com temperatura ótima entre 25 e 45ºC, mas o gênero também contém um número de espécies termófilas com temperatura ótima acima de 65ºC. Podem ser aeróbias, facultativas ou anaeróbias (Todar, 2005). Devido às suas interessantes propriedades biológicas, as bactérias do gênero Bacillus são atraentes candidatas para inúmeras aplicações industriais. São simples de cultivar e secretam enzimas tais como proteases, amilases e celulases que são úteis para a limpeza de resíduos orgânicos. No âmbito de um projeto visando avaliar sua eficácia como aditivos para o biotratamento, combinando formulações feitas de vários esporulados de cepas de Bacillus e enzimas comerciais, é preciso procurar testes simples e eficientes para controlar os inoculados em águas residuais domésticas e industriais (Wattiau et al., 2001). 3.5.1. Bacillus subtilis Produtos formulados a partir de Bacillus subtilis vêm sendo utilizados desde 1983 nos EUA para o tratamento de sementes de amendoim, entre outras culturas, contra vários fitopatógenos. Um isolado de Bacillus subtilis foi utilizado para inoculação de mais de 2 milhões de hectares de diversas culturas em 1994. O produto é comercializado tanto para proteção das raízes quanto para estimular o desenvolvimento das plantas. A resistência dos metabólitos produzidos por Bacillus subtilis ao calor e a formação de endósporos altamente resistentes ao calor são características excelentes para o desenvolvimento comercial de formulações desta bactéria (Lazaretti & Bettiol, 1997). 28 Mendes et al. (2005) descrevem alguns casos de aplicação de lipases no tratamento de águas residuárias com elevados teores de lipídeos. Um complexo enzimático contendo hidrolases, como proteases, amilases, celulases e lipases, produzidas por Bacillus subtilis, foi testado em efluentes ricos em lipídeos. O pré-tratamento enzimático aumentou a remoção de DQO de 59% no controle para 78% no reator anaeróbio e reduziu os teores de lipídeos e sólidos de 47% para 70% e de 34% para 70%, respectivamente. Uma formulação composta por emulsificantes e enzimas protease, amilase, lipase, celulase e pectinase, para a separação de lipídeos de águas de lavagem de máquinas industriais, forma um complexo enzimático que é empregado na forma comercial ou em diferentes combinações. As espécies microbianas contidas nesse complexo enzimático são Bacillus subtilis, produtoras de protease e amilase, e Aspergillus niger, produtoras de lipase, celulase e pectinase. Segundo Bezerra et al. (2002) a amilase é uma das várias enzimas responsável pela degradação do amido, decompondo-o em resíduos de glicose. Estas enzimas são produzidas por diversos fungos, bactérias e vegetais. Dentre os microorganismos, descata-se o Bacillus subtlis por produzir enzimas termoestáveis que permitem a sacarificação em temperaturas elevadas, o que acelera o processo e minimiza a ação de possíveis contaminantes. Uma formulação pulverizada de bactérias/enzimas é usada para o tratamento de rejeitos orgânicos contidos em fossas sépticas, bueiros, latões de lixo e tubulações de esgotos por meio de digestão biológica. Essa formulação é composta por enzimas, estabilizantes e ativadores de enzimas, bactérias aeróbias e anaeróbias não patogênicas do gênero Bacillus, nutrientes, tampões, emulsificantes e agentes quelantes para a remoção de metais pesados (Mendes et al., 2005). Feitosa et al. (2003) citam o isolamento de cepas de Pseudomonas sp.; Bacillus sp.; Candida sp.; Rhodococcus sp. e Staphylococcus sp. de amostras de águas de esgoto, que degradaram óleos de oliva e de girassol. Beveridge et al. (1980) examinaram a captação de uma variedade de metais pela parede celular de Bacillus subtilis, modificada quimicamente pela adição de grupos ionizáveis, sendo constatada a complexação, a troca iônica e a precipitação de hidróxidos ou sais na parede celular. 3.5.2. Bacillus licheniformis É utilizado na indústria da biotecnologia para a fabricação de enzimas, antibióticos, produtos bioquímicos, entre outros. Esta espécie está intimamente relacionada com o Bacillus subtilis e é amplamente utilizada para grande escala de produção industrial de exoenzimas que podem secretar grandes quantidades de proteínas de até 20-25 g/L (Rey et al., 2004 & Veith et al., 2004). O Bacillus licheniformis é utilizado pela indústria para produzir proteases e amilases. Além de muitas outras aplicações, as proteases são necessárias em grandes quantidades, por exemplo, 29 como agentes de lavagem. Além disso, o Bacillus licheniformis é usado para fazer o antibiótico Bacitracin (Rey et al., 2004). Certos isolados de Bacillus licheniformis são capazes de realizar a desnitrificação e podem atenuar o efeito de fungos patógenos em milho, gramíneas e horticulturas. Devido à formação de endósporos, este organismo possui capacidade de sobreviver sob condições desfavoráveis do ambiente e pode melhorar o seu potencial como um agente de biocontrole natural (Rey et al., 2004). Sua temperatura ótima de crescimento está em torno de 50°C, embora possa sobreviver em temperaturas muito mais altas, sendo sua temperatura ótima para a secreção da enzima de 37°C. É bem adaptado em condições alcalinas, sendo seu pH ótimo entre 9 e 10 (Veith et al., 2004). Uma enzima foi usada primeiramente para melhorar a eficácia de um detergente de lavanderia em 1913 por um alemão nomeado Otto Rohm, da companhia química Rohm e Hass. A enzima foi derivada do pâncreas de animais. Agora as enzimas comerciais para esta finalidade são produzidas pelo Bacillus subtilis ou Bacillus licheniformis. Isto foi possível nas últimas duas décadas, devido aos rápidos avanços da tecnologia da enzimologia e da fermentação (Veith et al., 2004). Nos Estados Unidos, aproximadamente 50% dos detergentes líquidos, 25% dos detergentes em pó e quase todos os alvejantes contêm enzimas produzidas por bactérias do gênero Bacillus, especialmente Bacillus licheniformis, para ajudar na remoção das manchas que são difíceis de remover com o uso apenas dos surfactantes convencionais (Rey et al., 2004). O Bacillus licheniformis foi isolado do tubo digestivo de aves e foi utilizado para degradar queratina, utilizando penas como uma fonte primária de energia, carbono e enxofre. A bactéria foi isolada de um habitat anaeróbio, no entanto, mostrou máximo crescimento em condições aeróbias. Uma explicação para a presença desta espécie em um galinheiro pode ser que a bactéria é endógena ao tubo digestivo das aves (Williams et al., 1990). 3.5.3. Bacillus polymyxa Bacillus polymyxa é uma bactéria caracterizada por produzir 2,3-butanodiol e acetoína, produzindo também acetato de etila, etanol e diacetil, sendo fixadora de nitrogênio. Também é conhecida como Aerobacillus polymyxa, Granulobacter polymyxa, Clostridium polymyxa ou ainda Paenebacillus polymyxa (Costelli, 2005 & Luerce, 2002). É uma bactéria produtora de políssacarídeos extracelulares, excreta diferentes tipos de proteínas e ácidos orgânicos, tais como, ácido fórmico, oxálico e acético em seu meio de crescimento. O uso comercial deste organismo é conhecido na produção de proteinases, amilases, butanodiol e glicogênio. A estrutura da parede celular bacteriana desempenha um papel significativo na aderência aos substratos minerais (Sharma & Rao, 1999; Deo & Natarajan, 1997). 30 Estirpes bacterianas de Bacillus polymyxa foram isoladas de solo contaminado e mostraram rápida absorção de cobre. A rápida absorção pode ter sido devido à acumulação de íons metálicos na parede celular do B. polymyxa (Philip et al., 2000). Este microrganismo produz quantidades consideráveis de proteases extracelulares e também enzimas degradadoras de amido (Fogarty & Griffin, 1973). Entre as várias espécies de Bacillus, o Bacillus polymyxa é um interessante organismo do ponto de vista da sua utilidade na remoção de cálcio e ferro. Trata-se de uma espécie anaeróbia facultativa. Sob condições aeróbicas, oxida açúcares como a sacarose e forma polissacarídeos extracelulares. Os polissacarídeos são conhecidos por serem bons agentes quelantes para vários metais incluindo ferro e cálcio. Quando o oxigênio está presente em quantidades limitante, os açúcares são parcialmente oxidados através da via fermentativa à produção de ácidos orgânicos, como ácido acético e láctico. Além disso, o Bacillus polymyxa é um fixador de nitrogênio em condições anaeróbias e é conhecido também por reduzir ferro férrico a ferroso, e assim, facilitar a sua dissolução. Assim, pode-se esperar que o Bacillus polymyxa possa remover simultaneamente cálcio e ferro dos minérios (Anand et al, 1996). 4. METODOLOGIA Para a execução dos objetivos propostos foi levado em conta o período operacional dos reatores, de 11 de outubro a 01 de dezembro de 2007, bem como os resultados obtidos quantitativamente, através de observações realizadas em escala laboratorial. Os resultados quantitativos foram obtidos submetendo-se a amostra de efluente a um programa de amostragem e análises físico-químicas e microbiológicas destinadas à avaliação do tratamento do efluente industrial em batelada, com o uso do inóculo comercial. As atividades experimentais foram desenvolvidas na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS, Novo Hamburgo - RS. 4.1. Sistema Utilizado para o Tratamento do Efluente Industrial em Escala Laboratorial O efluente industrial utilizado no experimento foi cedido por uma indústria produtora de farinha de carne, osso, sangue e sebo, usadas como matéria prima para ração animal, escolhido por possuir elevada carga orgânica. As amostras para a execução do experimento foram retiradas, de uma única vez, da entrada da primeira lagoa de estabilização (lagoa anaeróbica) após passar pelo flotador para a retirada do excesso de gordura. Reservatórios foram adaptados como reatores para o teste de eficácia do tratamento do efluente industrial com aplicação do inoculo comercial. Os ensaios foram realizados em triplicata, utilizando-se para isso três reatores denominados de reator 1, reator 2 e reator 3, e um reator controle, denominado de reator C, ou seja, sem a aplicação do inóculo. Os reatores possuem a seguinte configuração: • Volume de 50 litros; • Material de PVC; • Abertura superior; • Sistema de termostatização para o controle de temperatura; • Sistema de tratamento em batelada. Os reatores foram configurados para que ocorresse entrada de oxigênio, tendo em vista que os microorganismos presentes no inoculo são anaeróbios facultativos. 32 Um sistema elétrico de aquecedores e termostato foram instalados dentro dos reatores para a manutenção do equilíbrio da temperatura em 25 a 30ºC, temperatura ambiente e dentro da faixa de crescimento das bactérias mesófilas contidas no inoculo comercial. O sistema em forma de batelada, ou seja, sistema descontínuo sem entrada e saída de vazão foi escolhido devido ao objetivo de testar a eficácia do tratamento do efluente em pequena escala (escala laboratorial) onde o inóculo possa ser testado antes de ser aplicado em escala real. Os reatores em batelada montados para o experimento são observados na Figura 2. Figura 2: Reatores teste (1, 2 e 3) e reator controle (C) 4.2. Aplicação do Inóculo Comercial Enzilimp ® ® O produto comercial Enzilimp utilizado no experimento foi disponibilizado pela empresa Millenium Tecnologia Ambiental Ltda., localizada na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. Este inóculo é formado por cepas de bactérias Bacillus subtilis, licheniformis e polimyxa 7 maior que 8,3x10 unidades formadoras de colônias (UFC) por grama, estabilizante cloreto de sódio 0,19 g e farelo de cereais para completar um grama. Dispersos em farelo de cereais, os microorganismos ficam em estado vegetativo, sendo ativados com água (25 a 35ºC). As cepas selecionadas foram submetidas a testes minuciosos no Brasil e exterior, sendo aprovadas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e pelos Ministérios da Agricultura e Saúde do Brasil. ® O produto Enzilimp é registrado e certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Millenium Tecnologia Ambiental, 2007; IBAMA, 2007 e ANVISA, 2007). Através da técnica de bioaumentação ele é usado em efluentes de indústrias de doces, conservas, laticínios, abatedouros, frigoríficos e curtumes, criações aquáticas, avicultura, 33 suinocultura, agricultura, pecuária confinada, compostagem e saneamento básico (Millenium Tecnologia Ambiental, 2007). Devido á complexidade das muitas variáveis que interagem nos sistemas, não existe uma fórmula matemática segura para determinar a quantidade exata de produto a ser usada, por isso é necessário estudar os parâmetros de cada caso e ajustar as doses ao desempenho de cada sistema. Sendo assim, para a determinação da quantidade inicial de inoculo, levou-se em consideração o estudo de caracterização da amostra, Tabela 1, e as orientações fornecidas pelo fabricante, obtendo-se uma massa inicial de inóculo de 20 g, os quais foram diluídos em meio litro de água e meio litro de efluente bruto, esta solução permaneceu em repouso durante uma hora antes da aplicação Figura 3. Figura 3: Produto comercial diluído para inoculação nos reatores teste. O inóculo foi aplicado uniformemente nos reatores teste. Alguns cuidados importantes foram seguidos, tais como, cuidar para que a água usada na mistura esteja entre 20 e 30ºC para evitar o choque térmico e não usar recipientes com resíduos de medicamentos, venenos, cal hidratada, cloro e afins. Para um melhor resultado, antes da aplicação do inóculo, foi preciso observar alguns aspectos: o pH do sistema deve estar entre 6,5 e 7,5, faixa em que os microorganismos têm sua máxima eficiência; acompanhar a DQO de entrada, este índice mostra a eficiência da remoção ou º transformação da matéria orgânica; controlar a temperatura do efluente, pois abaixo de 15 C a atividade microbiana é muito lenta e pode até paralisar. 4.3. Monitoramento do Efluente Industrial Para o monitoramento do experimento foram realizadas análises físico-químicas, realizadas pelo laboratório da empresa Econsulting Projetos e Consultoria Ambiental, Viamão/RS, e 34 microbiológicas, realizadas no laboratório de biotecnologia da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Novo Hamburgo/RS. 4.3.1. Caracterização do Efluente O efluente industrial (efluente bruto) foi caracterizado através de análises físico-químicas realizadas de acordo com os procedimentos descritos no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (American Public Health Association, 1992), conforme listadas na Tabela 1. O efluente bruto também foi caracterizado pela contagem das UFCs. Tabela 1: Análises físico-químicas de caracterização do efluente industrial. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS METODOLOGIA Demanda Química de Oxigênio (DQO) Colorimetria – Dicromato de Potássio Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) Gravimetria Potencial Hidrogeniônico (pH) Eletrometria Nitrogênio Total (NT) Titulometria Fósforo Total (PT) Colorimetria – Cloreto Estanhoso PARÂMETRO MICROBIOLÓGICO METODOLOGIA Contagem das Unidades Formadoras de Crescimento das Colônias em Placas de Petri Colônias (UFCs) Estas análises de caracterização do efluente foram necessárias para o acompanhamento posterior das transformações do efluente e a conseqüente verificação da eficácia do tratamento deste efluente em escala laboratorial com o uso do inóculo comercial. 4.3.1.1. Determinação Analítica dos Parâmetros Físico-químicos de Caracterização do Efluente 4.3.1.1.1. Demanda Química de Oxigênio (Colorimetria) A determinação do conteúdo de matéria orgânica é um a das características mais importantes no estudo das águas residuais e naturais. A análise de matéria orgânica em água e esgoto pode ser classificada em dois tipos gerais de medidas: aquelas que quantificam uma quantidade de matéria orgânica agregada compreendendo constituintes orgânicos com uma característica comum e aquelas que quantificam compostos orgânicos individuais. Vários métodos têm sido desenvolvidos para a determinação do conteúdo de matéria orgânica, entre eles aquele que nos permite determinar a demanda química de oxigênio (DQO), ou seja, quantidade de oxigênio consumido por diversos compostos orgânicos através de uma oxidação química. 35 Na análise da DQO, o oxigênio necessário para oxidar a matéria orgânica contida na água e possível de ser oxidada, é medido utilizando-se um composto fortemente oxidante como, por exemplo, o dicromato de potássio em meio fortemente ácido, oxidando até mesmo a matéria orgânica mais resistente à oxidação, convertendo-a em dióxido de carbono e água. Durante o processo de oxidação química, quaisquer sais inorgânicos presentes são também convertidos para as formas oxidadas. O resultado da DQO é especificado em mg/L de oxigênio que seria consumido equivalente à quantidade de oxidante requerido. Sob as condições fortemente oxidantes na análise da DQO, a maioria dos compostos orgânicos fornece de 95 à 100 % do oxigênio teórico consumido, mesmo para moléculas aromáticas mais estáveis, tais como benzeno e tolueno. Portanto, a demanda química de oxigênio (DQO) indica a quantidade de oxigênio que seria consumido através de reações químicas de oxidação de diversos compostos orgânicos presentes, sem a intervenção de microrganismos, indicando de maneira indireta a quantidade de matéria orgânica presente no líquido. A determinação da DQO é muito mais simples e rápida que a DBO, sendo assim a determinação da DQO cresce em importância, principalmente no caso de controles de efluentes ou de estações de tratamento. Pelo fato de ser uma oxidação química, na DQO todo o material existente no efluente (biodegradável ou não) é oxidado. Dessa forma os resultados de DQO são maiores ou iguais aos resultados da DBO. Para certos resíduos é possível estabelecer uma relação empírica entre estes dois parâmetros. O ensaio da DQO se emprega tanto para águas naturais como residuárias industriais e municipais, possuindo como vantagem a rapidez e simplicidade na determinação: aproximadamente 3 horas para a DQO e no mínimo 5 dias para a DBO. Além dessas vantagens, a DQO pode ser empregada em casos onde não se pode determinar DBO com a exatidão necessária, como por exemplo, quando da presença de compostos tóxicos para os microrganismos. O teste de DQO tornase bastante importante para os estudos de corpos d’água, resíduos industriais e controle de esgotos sanitários. O método de digestão do dicromato trata-se de uma reação de oxidação em meio fortemente ácido e elevada temperatura na presença de um catalisador (o sulfato de prata). É usado o dicromato 6+ de potássio (cromo na forma de Cr ) devido a sua forte capacidade oxidante, facilidade de manipulação e aplicabilidade, além de ser um padrão primário. A utilização de um catalisador, como o sulfato de prata, é necessária para tornar possível a oxidação de compostos alifáticos de cadeia reta. Após a oxidação da matéria orgânica presente, a DQO é obtida diretamente (mg O2/L) no espectrofotômetro DR2000, através de uma curva padrão inserida no laboratório. 36 4.3.1.1.2. Sólidos Suspensos Voláteis (Gravimetria) Sólidos em suspensão são os que têm partículas superiores a 1 µm. São definidos como em solução para análise, os sólidos em solução verdadeira e os em estado coloidal ambos com partículas inferiores a 1 µm. Na prática os sólidos suspensos são aqueles possíveis de serem retidos em análise de laboratório por uma filtração. São, pois, todos os sólidos em estado grosseiro. O resíduo obtido na determinação de sólidos suspensos totais é submetido à ignição a 500 ± 50 °C. O material restante representa sólidos suspensos fixos. A determinação dos sólidos suspensos voláteis é obtida por diferença entre os valores de sólidos suspensos totais e sólidos suspensos fixos. Na manipulação da amostra e ignição da mesma não esquecer de usar luvas de amianto. Esperar a estabilização da temperatura antes de se iniciar a pesagem. Sólidos Suspensos Fixos (mg/L) = (P2 − P )x1000000 V (mL ) Onde: P = Peso (g) do cadinho de Gooch com papel filtro. P2 = Peso (g) do cadinho de Gooch com papel filtro e resíduo após ignição. Sólidos Suspensos Voláteis (mg/L) = Sólidos Suspensos Totais - Sólidos Suspensos Fixos 4.3.1.1.3. pH (Eletrometria) O pH é utilizado como parâmetro de monitoramento de controle devido sua importância em relação à máxima eficiência de crescimento desenvolvida pelas bactérias em sistemas em que o pH está na faixa da neutralidade, entre 6,5 e 7,5. O pH será determinado pelo método eletrométrico, com o auxílio do pHmetro Microprocessor Bench-top HI 8417, Hanna Instruments. Onde o princípio do método baseia-se na determinação da concentração hidrogeniônica (pH). 4.3.1.1.4. Nitrogênio (Titulometria) Para a determinação do nitrogênio deve-se fazer primeiramente uma destilação através do destilador de KJEDAHL, para depois realizar a determinação do nitrogênio através de titulometria com ácido sulfúrico (H2SO4) 0,02N. Reagentes Utilizados: * NaOH 18N, destilação transforma todo o N da amostra em NH3; * H3BO3 0,2%, indicador para ser colocado para receber o NH3 proveniente da destilação; * H2SO4 0,02N, titulação do NH3. 37 Fórmula utilizada para calcular N: N (%) = 0,28 x V, onde V é o volume gasto de H2SO4 0,02N para neutralizar a amostra que contém amônia. 4.3.1.1.5. Fósforo (Colorimetria) Tomar 5 mL da amostra, adicionar vanadato ou molibdato para reagir com o P, após ler em fotocolorímetro no comprimento de onde de 420 nm. 4.3.1.2. Determinação Microbiológica do Parâmetro Microbiológico de Caracterização do Efluente 4.3.1.2.1. Unidades Formadoras de Colônias -1 -6 Foram realizadas diluições decimais de 10 a 10 , usando-se água esterilizada. Alíquotas de 0,1 mL de cada diluição foram transferidas para placas de Petri contendo meio nutriente agar (NA) e espalhadas com o auxílio da alça de Drigalski (Tortora et al., 2005 & Coelho, 2006). Este º experimento foi realizado em duplicata. A contagem das colônias foi feita após incubação a 37 C por 48 horas em contador de colônias, preferencialmente em placas com 25 a 250 unidades formadoras de colônias (Junior et al., 2006). 4.3.2. Parâmetros Físico-químicos de Monitoramento As análises físico-químicas realizadas para o monitoramento do experimento seguiram a mesma metodologia das análises utilizadas para a caracterização do efluente e encontram-se na, Tabela 2. Tabela 2: Análises físico-químicas de monitoramento. PARÂMETROS METODOLOGIA Demanda Química de Oxigênio (DQO) Titulometria Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) Gravimetria Potencial Hidrogeniônico (pH) Potenciometria 4.3.3. Parâmetro Microbiológico de Monitoramento Para o monitoramento dos microorganismos (quantificação dos microorganismos contidos no efluente) foi realizada a contagem das unidades formadoras de colônias (UFCs) (Conceição et al., 2003). Este foi o método utilizado para a avaliação de uma prática de monitoramento microbiológico 38 voltada para a detecção e/ou quantificação de microorganismos contidos no ambiente conforme recomendado por Gaylarde et al. (2005). A análise microbiológica realizada para o monitoramento do efluente foi a mesma utilizada como parâmetro microbiológico de caracterização do efluente, ou seja, a contagem das unidades formadoras de colônias, seguindo a mesma metodologia. 4.4. Programa de Amostragem Semanalmente uma alíquota de 500 mL de amostra foi coletada de cada reator para a realização das análises físico-químicas e microbiológicas usadas para o monitoramento do efluente. Ao final do experimento foi retirado um total de 28 amostras (7 semanas de experimento X 4 reatores) para as análises de monitoramento de controle, físico-químicas e microbiológicas. 4.5. Análise Estatística Fez-se análise de variância com o objetivo de verificar o efeito do tratamento entre o reator controle, sem a introdução do inóculo, e o reator teste, com introdução de inóculo. Para isso, utilizouse o teste de Tukey, realizado pelo programa Origin. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. Monitoramento do Efluente Industrial 5.1.1. Caracterização do Efluente Os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas realizadas para a caracterização do efluente industrial (efluente bruto) encontram-se na Tabela 3. Tabela 3: Resultados da caracterização do efluente industrial. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS RESULTADOS DQO 24516 mg/L SSV 5150 mg/L pH 7,03 NT 1387 mg/L PT 18 mg/L PARÂMETRO MICROBIOLÓGICO RESULTADO UFC 40x10 UFC/mL 6 Pode-se observar através do resultado da DQO que o efluente industrial possui elevada carga orgânica, comprovando sua escolha para a realização deste trabalho. O alto índice de SSV também confirma a elevada carga orgânica. O pH, parâmetro importante para a sobrevivência das bactérias introduzidas no efluente, está dentro da variação onde a maioria das bactérias cresce melhor, ou seja, perto da neutralidade, entre pH 6,5 e 7,5. Alguns autores recomendam que a relação DQO:N:P deve ser de 100:5:1 para suprir as necessidades das bactérias aeróbias (Mc Kinney, 1962 & Santaella et al. 1997). Outros recomendam a relação de 100:5:2 (Metcalf & Eddy, 1991; Ponezi et al., 2005). Observa-se através da caracterização do efluente que os parâmetros de DQO, N e P do efluente estudado possui uma relação para DQO:N:P de 100:5,7:0,072. A proporção DQO e nitrogênio está boa (100:5,7) mas o fósforo está em falta (100:0,072), 140 vezes menos que o necessário para a proporção 100:1. A falta de fósforo neste efluente pode acarretar uma baixa eficiência do tratamento proposto, pois não há uma correta relação entre os nutrientes necessários para o tratamento biológico. 40 5.1.2. Parâmetros Físico-químicos de Monitoramento 5.1.2.1. Demanda Química de Oxigênio (DQO) Os valores de redução da DQO para o reator controle e para os reatores teste são mostrados na Tabela 4. No Gráfico 1 é possível observar os valores de redução da DQO dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3. Devido ao ensaio com o reator teste ser realizado em triplicata, fez-se uma média dos valores de redução da DQO dos reatores 1, 2 e 3. No Gráfico 1 também é possível observar os valores de redução da DQO entre o reator controle e a média dos reatores teste. O resultado da análise estatística realizada através do teste de Tukey é apresentado na Tabela 5. Tabela 4: Valores da redução da DQO em % de acordo com os reatores e o período de amostragem. Período de Amostragem 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª Reatores semana semana semana semana semana semana semana Controle 11,18 24,30 39,06 38,53 42,43 39,00 44,15 21,05 48,30 53,70 61,35 63,56 66,05 66,75 32,53 19,00 47,45 57,44 51,13 57,48 59,75 27,64 30,57 44,62 50,14 57,44 57,75 64,42 27,19 32,62 48,58 56,31 57,38 60,64 63,64 Reator Teste 1 Reator Teste 2 Reator Teste 3 Média dos Reatores Teste Reator Teste 1 Reator Teste 2 1/ 07 29 /1 22 /1 1/ 07 1/ 07 15 /1 1/ 07 08 /1 1/ 07 01 /1 0/ 07 25 /1 0/ 07 80 70 60 50 40 30 20 10 0 18 /1 % DQO Reator Teste 3 Gráfico 1: Valores (%) de redução da DQO dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3. 41 Reator Controle 29 /1 1/ 0 7 7 22 /1 1/ 0 15 /1 1/ 0 7 7 08 /1 1/ 0 7 01 /1 1/ 0 25 /1 0/ 0 18 /1 0/ 0 7 80 70 60 50 40 30 20 10 0 7 % DQO Reator Teste Gráfico 2: Redução (%) da DQO durante as sete semanas de experimento, com os valores do reator controle e da média dos reatores teste. É possível observar pelos dados obtidos que, desde a primeira semana, já houve uma redução nos valores da DQO do reator teste e também do reator controle. Os reatores mostraram o mesmo comportamento de decréscimo, mostrando uma maior eficiência de redução durante as três primeiras semanas. O reator teste obteve uma redução de até 67% da DQO. O reator controle obteve redução da DQO de até 44%. Através da redução de 44% da DQO do reator controle foi possível observar que com a introdução do inoculante comercial, a redução do teor de matéria orgânica para este efluente nestas condições de trabalho, mostrou-se satisfatória, pois o reator teste, com inoculante, mostrou maior remoção de matéria orgânica do que o reator controle, sem inoculante. Tabela 5: Valores (*) em % da DQO, do reator controle e reator teste. Parâmetro de Monitoramento DQO Reator Controle a 34,09 Reator Teste b 49,48 * médias dos valores de redução das sete semanas de experimento. Médias seguidas da mesma letra não apresentam diferença estatística entre si. Tukey 5%. Médias seguidas de letras diferentes apresentam diferença estatística entre si. Tukey 5%. 42 5.1.2.2. Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) Os valores de redução do SSV para o reator controle e para os reatores teste são mostrados na Tabela 6. No Gráfico 3 é possível observar os valores de redução dos SSV dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3. Devido ao ensaio com o reator teste ser realizado em triplicata, fez-se uma média dos valores de redução da DQO dos reatores 1, 2 e 3. No Gráfico 4 também é possível observar os valores de redução da DQO entre o reator controle e a média dos reatores teste.Através deste parâmetro também é possível observar a remoção da matéria orgânica, porém tanto o reator controle como os reatores teste, mostraram um comportamento similar na redução dos valores da DQO. Observa-se pelo Gráfico 4 um grande decaimento do valor do SSV tanto para o reator teste quanto para o reator controle, durante a primeira semana, a partir daí mantendo-se constante até o final do experimento. O reator teste obteve uma redução maior de SSV do que o reator controle, de aproximadamente 73%, contra aproximadamente 68% do reator controle. Apesar de estatisticamente haver uma diferença significativa entre a redução de SSV do reator controle e do reator teste (Tabela 7), este parâmetro não foi considerado um bom parâmetro de monitoramento para demonstrar a viabilidade do tratamento proposto por este trabalho, pois o decréscimo dos valores ocorreu somente durante a primeira semana de ensaio, mantendo-se praticamente constantes até o final do experimento. Tabela 6: Valores da redução dos SSV em % de acordo com os reatores e o período de amostragem. Período de Amostragem 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª Reatores semana semana semana semana semana semana semana Controle 62,77 67,00 72,50 63,60 65,26 70,64 71,73 58,25 78,64 72,17 66,02 71,81 73,50 74,83 67,96 72,81 64,39 64,39 73,42 77,69 77,42 81,55 73,94 73,46 74,12 71,63 75,59 78,19 69,25 75,13 70,00 68,18 72,29 75,59 76,81 Reator Teste 1 Reator Teste 2 Reator Teste 3 Média dos Reatores Teste 43 Reator 1 7 29 /1 1/ 0 22 /1 15 /1 Reator 2 1/ 0 7 7 1/ 0 7 1/ 0 08 /1 1/ 0 01 /1 0/ 0 25 /1 0/ 0 18 /1 7 7 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 7 % SSV Reator 3 Gráfico 3: Valores (%) de redução dos SSV dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3. Reator Controle 7 29 /1 1/ 0 1/ 0 22 /1 15 /1 1/ 0 7 7 7 1/ 0 08 /1 1/ 0 01 /1 0/ 0 25 /1 0/ 0 18 /1 7 7 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 7 % SSV Reator Teste Gráfico 4: Redução (%) dos SSV durante as sete semanas de experimento, com os valores do reator controle e da média dos reatores teste da Tabela 6. Tabela 7: Valores (*) em % do SSV, do reator controle e reator teste. Parâmetro de Monitoramento SSV Reator Controle a 67,64 * médias dos valores de redução das sete semanas de experimento. Reatores Teste b 72,87 44 Médias seguidas da mesma letra não apresentam diferença estatística entre si. Tukey 5%. Médias seguidas de letras diferentes apresentam diferença estatística entre si. Tukey 5%. 5.1.2.3. pH Os valores do pH para o reator controle e para os reatores teste são mostrados na Tabela 8. No Gráfico 5 é possível observar os valores do pH dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3, e do reator controle durante as sete semanas de experimento. Através do Gráfico 5 é possível observar que a ação do inoculante comercial mostrou-se satisfatória para o reator teste na estabilidade do pH do efluente dentro da faixa ótima de eficiência das bactérias entre pH 6,5 e 7,5. O pH do reator controle ficou acima da faixa ótima de eficiência de pH das bactérias já na primeira semana de experimento. Tabela 8: Valores do pH de acordo com os reatores e o período de amostragem. Período de Amostragem 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª Reatores semana semana semana semana semana semana semana Controle 7,72 8,05 8,24 8,30 8,69 8,53 8,22 7,46 7,89 7,69 7,87 7,45 7,43 7,69 7,17 7,75 8,16 7,85 7,26 8,25 8,12 7,12 7,31 8,15 7,49 7,75 7,49 7,33 Reator Teste 1 Reator Teste 2 Reator Teste 3 pH 9 8,5 8 pH 7,5 7 6,5 6 5,5 5 ato Reator 1 Reator 2 Reator 3 Reator Controle Gráfico 5: Valores do pH dos três reatores teste, reator 1, 2 e 3 e do reator controle. 45 5.1.3. Parâmetro Microbiológico de Monitoramento 5.1.3.1. Contagem das Unidades Formadoras de Colônias (UFC) Pode-se observar através da contagem das UFCs (Gráfico 6) que houve um decréscimo similar das colônias de bactérias tanto do reator teste como do reator controle desde a primeira semana de experimento, ou seja, houve uma redução de colônias juntamente com a remoção da matéria orgânica, verificada pela comparação entre os valores da DQO e da UFC durante as sete semanas de experimento (Gráfico 7). A redução da matéria orgânica juntamente com a redução das UFCs mostra que com a escassez de alimento ocorre uma redução de colônias (morte) das bactérias presentes no efluente. A análise estatística (Tabela 9) mostra que não houve diferença significativa entre a contagem das colônias do reator controle e do reator teste, isso demonstra que tanto as colônias de bactérias do reator controle (bactérias nativas) quanto as colônias de bactérias do reator teste (bactérias exógenas e bactérias nativas) diminuem juntamente com a redução da matéria orgânica. Com esta constatação é possível responder a um dos questionamentos levantados por Gaylarde et al. (2005), sobre a eliminação dos microorganismos introduzidos no ambiente depois que eles terminam o seu trabalho. Através da contagem das unidades formadoras de colônias foi possível testar uma técnica de monitoramento microbiológico para os microorganismos contidos no efluente, tanto para os microorganismos nativos (reator controle) como para os microorganismos introduzidos no efluente (reator teste). UFC 100.000.000 10.000.000 UFC/mL 1.000.000 100.000 10.000 1.000 100 10 BR U TO 20 /1 0/ 07 27 /1 0/ 07 03 /1 1/ 07 10 /1 1/ 07 17 /1 1/ 07 24 /1 1/ 07 01 /1 2/ 07 1 Reator Controle Reator Teste Gráfico 6: Contagem das UFCs das sete semanas de experimento, partindo do efluente bruto. 46 25.000 100.000.000 10.000.000 1.000.000 100.000 10.000 1.000 100 10 1 DQO (mg/L) 20.000 15.000 10.000 5.000 7ª 6ª 5ª 4ª 3ª 2ª 1ª BR U TO 0 semanas DQO UFC Gráfico 7: Relação entre os resultados da DQO e da UFC do reator teste. Tabela 9: Valores (*) da UFC, do reator controle e reator teste. Parâmetro Monitoramento UFC Reator Controle Reator Teste 3a 31x10 3a 50x10 * médias dos valores das sete semanas de experimento. Médias seguidas da mesma letra não apresentam diferença entre si. Tukey 5%. Médias seguidas de letra diferentes apresentam diferença estatística entre si. Tukey 5%. UFC/mL DQO x UFC 6. CONCLUSÕES O reator teste, com inoculante, obteve uma redução de DQO maior que a redução do reator controle, sem inoculante, comprovando a eficácia do sistema de tratamento utilizado com o uso do ® inoculante comercial Enzilimp na redução da matéria orgânica para o efluente industrial testado. O SSV mostrou diferença significativa na remoção da matéria orgânica entre o reator teste e o reator controle, porém não foi um bom parâmetro para demonstrar a viabilidade do tratamento proposto por este trabalho, pois sua redução ocorreu somente durante a primeira semana de ensaio, mantendo-se praticamente constante até o final do experimento. O tratamento com a aplicação do inoculante comercial mostrou-se eficaz para a manutenção do pH dentro da faixa ótima de eficiência das bactérias. Através da contagem das unidades formadoras de colônias foi possível testar uma técnica de monitoramento microbiológico para os microorganismos contidos no efluente, tanto para os microorganismos nativos como para os microorganismos exógenos introduzidos no efluente através da técnica de bioaumentação com o uso do inoculo comercial. Esta técnica de monitoramento mostrou-se eficaz, pois através dela foi possível supor-se que os microorganismos contidos no efluente vão sendo eliminados com o término dos nutrientes, ou seja, com a degradação da matéria orgânica. 7. PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS Através das análises de caracterização do efluente industrial foi possível observar que a relação de DQO e fósforo não corresponderam às relações sugeridas nas bibliografias. Para isso, sugere-se o ajuste de fósforo do efluente para que todos os nutrientes estejam nas proporções exatas, e assim o tratamento possa ocorrer de maneira mais eficiente. Os valores de redução da DQO mostram que sua maior redução ocorreu durante as três primeiras semanas de experimento, sendo assim, sugere-se que seja feita uma renovação da aplicação de inoculante após a terceira semana de experimento. Testou-se somente uma quantidade de massa de inóculo, sendo assim, sugere-se que diferentes quantidades tanto para menos quanto para mais da quantidade que foi utilizada neste trabalho, sejam testadas. Sugere-se também que seja fornecido aos reatores, um sistema de aeração artificial para que as bactérias aeróbias tenham uma maior eficiência, e um sistema de agitação para que ocorra a homogeneização do inoculante e para que não ocorra a formação de uma zona de anaerobiose. A utilização de bioaditivos comerciais pode trazer vantagens para as estações de tratamento de efluentes, tais como, redução da necessidade de aeração, eliminação dos depósitos e assoreamento de lodo, redução dos custos de manutenção e operação de ETE’s, entre outras. Através de trabalhos em plantas de tratamento reais, será possível a obtenção da relação custobenefício do uso de bioaditivos comerciais. Sendo assim, sugere-se, através da realização de um tratamento em planta real, um levantamento das vantagens obtidas com o uso deste inoculante comercial nos sistemas de tratamento de efluentes industriais. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANAND, P.; Modak, J. M.; Natarajan, K. A. Biobeneficiation of bauxite using Bacillus polymyxa: calcium and iron removal. Internacional Journal Mineral Processing, vol. 48, p. 51-60, 1996. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, Standard Methods for the examination of water and wastewater. Washington: 18 ed., APHA, 1992. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: www.anvisa.gov.br, acesso em 26 de outubro de 2007. AQUINO, S. F., Caracterização da DQO Efluente de Sistemas de Tratamento Biológico, Engenharia Sanitária e Ambiental, vol. 8, n. 3, jul/set, p. 135-144, 2003. BEVERIDGE, T. J.; Murray, R. G. E., Sites of metal deposition in the cell wall of Bacillus subtilis. Journal Bacteriology, v. 141, p. 876-887, 1980. BEZERRA, R. P.; Borba, F. K. S. L.; Moreira, K. A. M.; Filho, J. L. L. ; Porto, A. L. F.; Chaves, A. C., Extração Líquido-Líquido da Amilase Produzida pelo Bacillus subtilis no Sistema de Duas Fases Aquosas. Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular SBBq, 2002. Disponível em: www.sbbq.org.br, acesso em 10 de outubro de 2007. BOUCHEZ, T.; Patureau, D.; Dabert, P.; Wagner, M.; Delgenès, J.P.; Moletta, R., Successful and unsuccessful bioaugmentation experiments monitored by fluorescent in situ hybridization. Water Science and Technology, vol. 41, n. 12, p. 61–68, 2000. CAVALCANTI, P. F. F.; Van Haandel, A.; Kato, M. T.; Von Sperling, M.; Luduvice, M. L.; Monteggia, L. O., Pós-Tratamento de Efluentes Anaeróbios por Lagoas de Polimento. Programa em Saneamento Básico (PROSAB) em torno do tema "Pós-tratamento de Efluentes de Reatores Anaeróbios", cap. 3, 2001. COELHO, L. F., Interação de Pseudomonas spp. e de Bacillus spp. com Diferentes Rizosferas, Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico, 71 p., Campinas, SP, 2006. Chin, K. K.; Ong, S. L.; Poh, L. H.; Kway, H. L., Wastewater treatment with bacterial augmentation. Water Science & Technology, vol. 33, n. 8, p. 17- 22, 1996. 50 CONCEIÇÃO, D. E.; Rizzo, A. C. de L.; Cunha, C. D., Avaliação do uso de produtos comerciais no processo de biodegradação de petróleo em solo. Centro de Tecnologia Mineral, 2003. Disponível em: www.cetem.gov.br/, acesso em 02 de novembro de 2007. CONSEMA, Conselho Estadual do Meio Ambiente, Resolução nº 128/2006. COSTELLI, M. C., Cultivo de Bacillus polymyxa para a Produção de Acetoína: Influência do pH e do Tempo de Cultivo do Inóculo. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. 91 p., 2005. DEO, N. e Natarajan, K. A., Interaction of Bacillus polymyxa with some oxide minerals with reference to mineral beneficiation and environmental control. Minerals Engineering, vol. 10, n. 12, p. 1339-1354, 1997. FEITOSA, J.; Pimentel , I. C.; Beux, M. R.; Dalke, C. R.; Pastro, F. Z.; Talamini, A., Isolamento de Microorganismos Degradadores de Compostos Lipídicos de Origem Vegetal em Amostras de Águas da Barragem do Rio Passaúna-Araucária, PR. B.CEPPA, Curitiba, v. 21, n. 1, jan/jun, 2003. FOGARTY, W. M. & GRIFFIN, P. J., Production and Purification of the Metalloprotease of Bacillus polymyxa. Applied Microbiology, vol. 26, n. 2, p. 185-190, 1973. FOSTER, M. H. & KRAMER, T. L., Bioaugmentation offers solution to treatment plant deficiencies. Pulp & Paper, vol. 75, p. 95, maio, 1997. GAYLARDE, C. C.; Bellinaso, M. de L. B.; Manfio, G. P., Aspectos Biológicos e Técnicos da Biorremediação de Xenobióticos. Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, n. 34, p. 3643, jan/jun, 2005. GIORDANO, G., Tratamento e Controle de Efluentes Industriais, 2004. Disponível em: www.ufmt.br/esa/Modulo_II_Efluentes_Industriais/Apost_EI_2004_1ABES_Mato_Grosso_UFMT2.pdf ,acesso em 23 de agosto de 2007. IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Disponível em: www.ibama.gov.br, acesso 26 de outubro de 2007. IMHOFF, K. R., IMHOFF, K., Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo: Ed. Edgar Blücher, 1996. 51 ISBIZUKA, M.M., A biotecnologia no tratamento de dejetos de suínos. Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, n. 3. p. 16-17, 1997. KIPPER, C., Estudo da degradação Microbiológica de Proteínas em Efluente Industrial, Trabalho de Conclusão de Curso, Química Industrial, Centro Universitário UNIVATES, 2006. JÚNIOR, O. D. R.; Vidal-Martins, A.M.C.; Salotti, B.M.; Bürger, K.P.; Cardozo, M.V.; Cortez, A.L.L., Estudo das Características Microbiológicas do Leite UAT ao Longo de seu Processamento. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v. 73, n. 1, p. 27-32, jan./mar., 2006. LAZZARETTI, E., Utilização de microrganismos em estações de tratamento de efluentes – bioaumento: uma opção para plantas de lodo ativado. Revista Meio Ambiente Industrial, vol. 18, pág. 81-83, 1999. LAZZARETTI, E.; Campos, A. F.; Nogueira, J. C. B., Efeito da Adição de microrganismos (Bioaumento) em uma Estação de Tratamento de Efluentes por Lodo Ativado em uma Indústria de Papel e Celulose. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, Porto Alegre, 2000. Disponível em: www.ciplima.org.pe/sanitaria/xxvii_con/tema01/i050.pdf, acesso em 10 de setembro de 2007. LAZZARETTI, E. & BETTIOL, W., Tratamento de Sementes de Arroz, Trigo, Feijão e Soja com um Produto Formulado à Base de Células e de Metabólitos de Bacillus subtilis, Scientia Agricola, vol. 54, n. 1-2, Piracicaba, 1997. LIEBEG, E. W. e CUTRIGHT, T. J. “The investigation of Enhanced Biorremediation thought the Adidition of Macro and Micro Nutrients in PAH Contaminated Soil”. International Biodeteriation & Biodegradation, vol. 44, p. 55-64, 1999. LIMBERGEN, H. V.;. Top, E. M.; Verstraete, W., Bioaugmentation in activated sludge: current features and future perspectives. Applied Microbiology and Biotechnology, vol.50, n. 1, julho, 1998. LUERCE, R. de F., Produção de Acetoína por Bacillus polymyxa. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. 83 p., 2002. MACEDO, J. A. B., Programa de Bioaumentação (Bioaugmentation), uma Tecnologia Avançada para Tratamento de Efluentes de Lacticínios. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, n. 315, p. 47-52, jul/ago, 2000. MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Estatísticas Pecuária, 2005. Disponível em: www.agricultura.gov.br/, acesso em 15 de outubro de 2007. 52 MARTINS, B. A. D., Avaliação da Cinética de Biodegradação do Etanol em Concentrações Mínimas Necessárias dos Nutrientes Nitrogênio e Fósforo. Dissertação de mestrado. Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, 96 p., março, 2004. Mc. KINNEY, R.E., Microbiology for sanitary engineers. Mc Graw Hill Book, USA: Company, p. 293, 1962. MENDES, A. A. M.; Castro, H. F. de C.; Pereira, E. B.; Júnior, A. F., Aplicação de Lipases no Tratamento de Águas Residuárias com Elevados Teores de Lipídeos. Química Nova, vol. 28, n 2, p. 296-305, 2005. METCALF & EDDY. Wastewater Engineering: treatment, disposal, reuse. 3ª Ed. New York: Mcgraw Hill, p. 83, 1991. Millenium Tecnologia Ambiental. Disponível em: www.enzilimp.com.br, acesso em 25 de setembro de 2007. NAKANO, M. M.; Zuber, P., Anaerobic Growth af a “Strict Aerobe” (Bacillus Subtilis). Annual Review of Microbiology, vol. 52, p. 165-190, outubro, 1998. NAVAL, L. P.; Couto, T. C., Estudo da Remoção de Fósforo em Efluentes Provenientes de Sistemas Anaeróbios para Tratamento de Águas Residuárias Utilizando Cal. 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2005. Disponível em: www.bvsde.paho.org/bvsacd/abes23/II-086.pdf, acesso em 20 de outubro de 2007. PEREIRA, J. A. R., Geração de Resíduos Industriais e Controle Ambiental. Revista Saber v. 3, p. 121–139, janeiro/dezembro 2001. PHILIP, L.; Yengar, L.; Venkobachar, C., Site of Interaction of Copper on Bacillus Polymyxa. Water, Air, and Soil Pollution, vol. 119, p. 11–21, 2000. PONEZI, A. N.; Duarte, M. C. T.; Filho, B. C.; Figueiredo, R. F., Análise da Biodegradação dos Componentes do Óleo Cítrico por CG/EM e Análise da População Microbiana de um Reator de Lodo Ativado no Tratamento de Água Residuária de uma Indústria Cítrica. Engenharia Sanitária Ambiental, vol.10, n. 4, p. 278-284, out/dez, 2005. REY, M. W.; Ramaiya, P.; Nelson, B. A.; Brody-Karpin, S. D.; Zaretsky, E. J.; Tang, M.; Leon, A. L.; Xiang, H.; Gusti, V.; Clausen, G.; Olsen, P. B.; Rasmussen, M. D. Andersen, J. T.; Jorgensen, P. L.; Larsen, T. S.; Sorokin, A.; Bolotin, A.; Lapidus, A.; Galleron, N.; Ehrlich, S. D.; Berka, R. M., 53 Complete genome sequence of the industrial bacterium Bacillus licheniformis and comparisons with closely related Bacillus species. Genome Biology, vol. 5, 2004. RODRIGUES, L.S.; Silva, I.J.; Oliveira, P.R.; Campos, C.M.M., Silva, F.L., Avaliação in vitro da eficiência de inóculos no tratamento anaeróbio de efluentes líquidos de suinocultura. Periódico Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, vol.56, n. 5, p. 647-652, 2004. ROSA, J., Programa de Bioaumentação para Aplicação em Processos Biológicos de Tratamento de Águas e Resíduos Orgânicos em Geral. Revista Nacional da Carne, n. 223, p. 4850, setembro, 1995. SANTAELLA, S. T.; Campos, J. R.; Linares, I. L., Remoção de Cor em Águas para Abastecimento Empregando Fungos Decompositores. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES. Trabalhos técnicos, p.11, Rio de Janeiro, 1997. SANTIAGO, V. M. J.; Coelho, E. B. A; Almeida, J. H.C.; Santanna, L. M. M., O biodisco como gerador de inoculo de bactérias nitrificantes e sua aplicação em lagoas aeradas. Anais do IX Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Porto Seguro, BA, 2000. SCHMIDELL, W., Lima, U. de A., Aquarone, E., Borzani, W., Biotecnologia Industrial, vol. 2, Ed. Edgard Blucher Ltda, 2001. SCHNEIDER, D.R., Bioaumento: uma solução natural para problemas não naturais. Revista Nacional da Carne, n. 176, p. 57-59, 1991. SHARMA, P.K. & RAO, K. H., Role of a heterothophic Paenibacillus polymyxa bacteria in the bioflotation of some sulfide minerals. Minerals & Metallurgical Processing. 14, 4, p. 35, 1999. STEPHENSON, D. & Stephenson, T., Bioaugmentation for enhancing biological wastewater treatment. Biotechnology Advances, vol.10, p. 549-559, 1992. TODAR, K., “The Genus Bacillus”. University of Wisconsin-Madison Department of Bacteriology, 2005. Disponível em: www.textbookofbacteriology.net, acesso em 08 de setembro de 2007. TORTORA, G. J.; Funke, B. R.; Case, C. L., Microbiologia, Ed. Artimed, 8ª edição, 2005. TRINDADE, J. V. O., Avaliação das técnicas de bioaumentação e bioestimulação no processo de biorremediação de solo contaminado por hidrocarbonetos de petróleo. Tese de mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, 127 p., Rio de Janeiro, 2002. 54 VEITH, B.; Herzberg, C.; Steckel, S.; Feesche, J.; Maurer, K. H.; Ehrenreich, P.; Bäumer, S.; Henne, A.; Liesegang, H.; Merkl, R.; Ehrenreich, A.; Gottschalk, G., The Complete Genome Sequence of Bacillus licheniformis DSM13, an Organism with Great Industrial Potential. Journal of Molecular Microbiology and Biotechnology, n. 7 p. 204–211, 2004. VON SPERLING, M.; Van Haandel, A. C.; Jordão, E. P.; Campos, J. R.; Cybis, L. F.; Aisse, M.; Sobrinho, P. A., Pós-Tratamento de Efluentes de Reatores Anaeróbios por Lodos Ativados. Programa em Saneamento Básico (PROSAB) em torno do tema "Pós-tratamento de Efluentes de Reatores Anaeróbios", cap. 5, 2001. WATANABE, K., Microorganisms relevant to bioremediation. Current Opinion in Biotechnology, vol. 12, p. 237-41, junho, 2001. WATTIAU, P.; Renard, M. E.; Ledent, P.; Debois, V.; Blackman, G., Agathos, S. N., A PCR test to identify Bacillus subtilis and closely related species and its application to the monitoring of wastewater biotreatment. Applied Microbiology and Biotechnology, vol.56, n. 5-6, setembro, 2001. WILLIAMS, C.M.; Richter, C. S.; Mackenzie, J. M.; Shih, J. C. H., Isolation, Identification, and Characterization of a Feather-Degrading Bacterium. Applied and Environmental Microbiology, vol. 56, n. 6, p. 1509 -1515, 1990.