Ensinando Para Transformar Vidas
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Ensinando Para Transformar Vidas
INTRODUÇÃO À DIDÁTICA Pr. Kenneth Eagleton Escola Teológica Batista Livre (ETBL) Campinas, SP 2007 2 Introdução à Didática Nota: Esta matéria é baseada no livro Ensinando Para Transformar Vidas, de Howard Hendricks, publicado pela Editora Betânia. 1ª Aula – O Professor Em uma situação de ensino/aprendizagem, existem dois personagens: o professor e os alunos. Esta primeira aula é focada no professor. Usamos o termo “professor”, mas não estamos falando exclusivamente de uma sala de aula (como EBD), inclui também situações de discipulado, grupos pequenos, devocionais, etc. Qualificações do Professor: 1 – Caráter – tem que ser um modelo, um exemplo 2 – Vida transformada 3 – Tem que ser um estudante, um estudioso. (usar figuras das pg. 20 e 21: direção da nossa energia mental, indagações, e sonhos para o amanhã) Tem que ter humildade para aprender, inclusive com seus próprios alunos. Um estudante ensinando outros estudantes. Não pode ter atitude de “sabe tudo”. Crescimento contínuo: “Quem pára de “crescer” hoje, pára de ensinar amanhã.” “Não podemos passar a outros aquilo que não possuímos.” 4 – Fiel aos compromissos 5 – Interesse real pelos alunos Crescimento: Uma Visão Mais Ampla – 2 Pe. 3:18; Lc. 2:52 O Aspecto Intelectual 1. Manter um disciplinado programa de leitura e estudo (pg. 26) 2. Fazer cursos de atualização (pg. 27) 3. Conhecer bem os alunos O Aspecto Físico Existe alguma área de sua vida física sobre a qual você não exerce pleno controle? 1. Seu dinheiro está sob controle? 2. E os bens materiais? 3. Emprego do tempo? 4. Vida sexual? 5. Vida mental? O que estamos colocando em nossa mente? 6. Forma de nos alimentar? 7. Exercício físico? 8. Descanso? O Aspecto Social 1. Tem amizades com pessoas não crentes? 2. Tem amizades com pessoas de outra faixa etária? A Responsabilidade do Ensino: O professor tem um poder de influência sobre a vida de seus alunos. Esta influência deve ser bem usada. Não usá-la seria uma omissão. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, muito mais será pedido Lc 12:48. Seremos julgados com mais rigor. Tg. 3:1 Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 3 Vida submetida a provas. (pg. 34) “...uma vida que não é submetida a provas, não vale a pena ser vivida.” “O que nos aprimora é a experiência que submetemos a avaliações.” “A maior ameaça ao desempenho de um bom professor é estar satisfeito com seu trabalho;” Tarefa para próxima aula: Como levar as pessoas a mudarem? O que induz as pessoas a fazer uma mudança? Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 4 2ª Aula – O Ensino “A maneira como os alunos aprendem deve determinar a maneira como ensinamos.” “...não basta dominarmos o conteúdo a ser ministrado; precisamos conhecer também aqueles a quem ensinamos”. “Nosso interesse principal... influenciá-los”. Ensinando para obter mudança de vida Porque ensinamos? Porque temos EBD, EBF, discipulado, estudos bíblicos, reunião de jovens, etc.? Não ensinamos somente para transmitir informações Ensinamos para obter mudança de vida. A Bíblia é um livro que transforma as pessoas. Ela tem ensinamentos que nos levam a uma transformação da mente (Rm. 12:1-2), do coração (motivações, desejos) e do comportamento. Isto é santificação. O professor tem que conquistar a confiança do aluno. Como é que um professor conquista a confiança do aluno? o Confiança no seu caráter (o que ele/ela diz, é o que faz), o Confiança no seu relacionamento (sabe que o professor não vai envergonhar o aluno, professor é justo, honesto e aberto) o Confiança nas palavras do professor. O aluno deve sentir uma necessidade de mudança. O aluno deve entender como pode mudar. O professor deve desafiar o aluno para fazer uma mudança. O mestre é um estimulador, motivador. O aprendiz é um investigador, o que age. “Não se avalia a eficiência de um professor pelo que ele faz, mas com base no que seus alunos fazem”. A Tensão Os quatro níveis básicos do aprendizado de Abraham Maslow: Ignorância inconsciente: não sabemos, e não sabemos que não sabemos; Ignorância consciente: sabemos que não sabemos; Conhecimento consciente: temos sempre em mente um conhecimento adquirido; Conhecimento inconsciente: o conhecimento passa a ser automático (como aprender a andar de bicicleta ou dirigir um carro). Quando ensinamos precisamos levar o aluno a passar de um patamar para o outro. A tensão é necessária para nos fazer passar de um patamar ao outro. “A tensão é um requisito indispensável ao processo.” Deve ser dosada: nem excessiva, nem fraca. Pouca tensão gera desinteresse. Muita tensão gera desânimo e frustração. Três Metas Básicas 1. Ensinar os outros a pensar. Modificar só a conduta do aluno não é suficiente, não é permanente. Modificações permanentes exigem modificação na maneira de pensar. Ensinar outra pessoa a pensar pressupõe que o professor sabe pensar. 2. Ensinar os outros a aprender. Formar aprendizes que reproduzirão o processo de aprender pelo resto da vida. Aprender é um processo contínuo. Devemos direcionar o aluno para que ele aprenda pela própria descoberta. Tudo que ele aprender por si mesmo terá mais valor e se tornará parte de si mesmo. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 5 3. Ensinar os outros a trabalhar. Nossa tarefa é levar as pessoas a pensar por si mesmas, a ser disciplinadas e a agir com deliberação própria. “Devemos nos empenhar mais em questionar respostas do que em responder perguntas.” “É melhor que os alunos saiam da classe coçando a cabeça, cheios de perguntas sobre as quais tenham que pensar e conversar”. Habilidades Básicas Ler – a leitura nos abre novos horizontes, nos dá experiências que não poderíamos adquirir de outra forma. Escrever – devemos dar a oportunidade aos nossos alunos de se expressarem por escrito Ouvir – o bom professor é aquele que antes de tudo é um bom ouvinte Falar – é falando que se aprende a falar. Um Alicerce Chamado Insucesso O insucesso é um fator obrigatório do processo de aprendizado. Aprendemos lições importantes com o nosso insucesso. Não devemos desistir. Os discípulos: Foram mandados 2 a 2 exercitarem o que estavam aprendendo com Jesus (Mc 6:7, 12, 13). Voltaram e estavam eufóricos com os resultados (v. 30). Mas depois se depararam com um caso que não conseguiram resolver (menino endemoninhado que o jogava no fogo – Mt. 17:15, 16). Foi uma oportunidade para aprenderem mais uma lição (alguns casos só se resolve com jejum e oração – v.19-21). Tarefa para próxima aula: Para cada um dos sentidos (audição, visão, tato, paladar e olfato), faça uma lista de métodos de ensino que podem ser usados na sala de aula. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 6 3ª Aula – A Atividade “Quanto maior o nível de envolvimento no processo de aprendizagem, maior o volume de conteúdo apreendido.” Nossa tarefa: não é deslumbrar, é causar impacto; não é convencê-los, é transformá-los. Envolvimento máximo – máxima aprendizagem: Se ensinar fosse somente dizer tudo que alguém precisa saber, o ensino seria relativamente fácil. Como pais, temos a experiência de falar as coisas para nossos filhos, sem que eles ajam de acordo. Muitas vezes lhes repetimos com freqüência as mesmas coisas. “...quanto maior o nível de envolvimento no processo de aprendizagem, maior o volume do conteúdo apreendido.” “Aprende mais quem participa mais.” “Nunca percamos de vista nosso objetivo. É ele que irá determinar o produto final.” Estilos de Aprendizado Podemos reter até 10% do que ouvimos (esta porcentagem só é potencial). Ouvir + ver = retemos até 50%. Ouvir + ver + fazer = retemos até 90%. Existem diferentes maneiras de se aprender alguma coisa. Nem todas as pessoas aprendem da mesma maneira. Aprendizado auditivo – aprendendo através da audição (palestra, rádio, fita K-7 ou CD). Aprendizado visual – aprendendo através da vista (figuras, fotos, gráficos, tabelas, filme). Aprendizado cinestético – aprendizado através do movimento (se envolve fisicamente com o que está sendo aprendido, participando, criando com as mãos, movimentação, tocando nas coisas, etc.) Uma destas maneiras é geralmente predominante nas pessoas. Qual é a implicação disto para a nossa maneira de ensinar? É necessário usarmos uma variedade de instrumentos para atendermos a todos os alunos. Quais são os métodos de ensino que podemos usar na sala de aula para aumentar a retenção dos nossos alunos? Envolver todos os sentidos: Audição | Visão | Tato | Gosto | Olfato Palestra Figuras, ilustrações, fotos, transparências, gráficos, tabelas, projeções de filme ou video-projetor (datashow) Objetos Contar estórias Discussões em grupos pequenos Discussão em classe Teatro Deixar o aluno dar alguma aula ou parte dela (exercício, estágio, aprendizado prático) Pesquisa e trabalhos escritos Leituras Aluno relata experiências Trabalhos manuais Música Recitação em grupo Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 7 Jesus disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”. O que Jesus quis dizer com isto? Toda vez que vemos a palavra ouvir no NT, podemos ligar a ela a palavra fazer. “E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica...” – Mt. 7:26 “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” – Lc. 6:46 Ou parem de me chamar Senhor, ou façam o que eu vos mando! “...em educação cristã, o fator principal não é ter conhecimento, é obedecer agindo.” Atividade Significativa Para se obter o máximo de aprendizagem é preciso o máximo de envolvimento. Portanto, precisamos envolver o aluno, fazê-lo participar. Tipos de atividades que podem fazer sentido para o aluno: 1. Atividades que forneçam orientação, sem imposição. Atividades que dêem ao aluno uma certa liberdade de criatividade, espontaneidade, de seguir os seus interesses, de desenvolver a sua curiosidade. Às vezes precisamos deixar que os alunos cometam erros ou se atrapalhem. É uma forma de aprender. 2. Atividades que dêem ênfase à função e à aplicação na prática. Atividades nas quais o aluno utiliza na prática o que acabou de aprender. Aprende, põe em prática; aprende mais um pouco e põe em prática – em incrementos. Isto é diferente de despejar toda matéria de uma só vez. Jesus agiu assim no seu ensino. Ele nem chegou a dar tudo aos discípulos de uma só vez. “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;” Jo. 16:1213a. 3. Atividades com objetivo definido. Nada de atividade só pela atividade. Nada se simples entretenimento ou “encher linguiça”. 4. Atividades que além de estarem relacionadas com o produto final estejam relacionadas também com o processo. Os alunos não devem saber apenas em que crêem, mas por que o crêem. Devem aprender a pensar; não serem somente robôs. Qual é o raciocínio, ou as razões, que nos levam a fazer o que fazemos ou não fazer o que proibimos. 5. Atividades associadas a situações em que se vejam obrigadas a solucionar problemas. É necessário que as atividades estejam relacionadas com o dia-a-dia do aluno. A aprendizagem é um processo. Os discípulos passaram por um processo na sua aprendizagem. Temos que aprender certas lições e colocá-las em prática antes de estarmos prontos para enfrentar outras situações. A multiplicação do que aprendemos é também importante. Tarefa para próxima aula: Quais são os fatores que mais contribuem para que você se identifique com um professor, pregador ou orador? Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 8 4ª Aula – A Comunicação “Para que haja comunicação é necessário que se estabeleçam pontes de comunicação entre o comunicador e o receptor.” Estabelecer Pontes de Ligação “Para que possamos comunicar algo a alguém precisamos antes estabelecer pontos em comum com ele. E quanto maior for o número de pontos comuns, maior também será a probabilidade de uma boa comunicação”. Em falando com a mulher samaritana, Jesus derrubou todas as barreiras existentes – racial, religiosa, sexual, social e moral – com a finalidade de criar uma base para comunicar-se com ela. E essa é também a nossa tarefa. É o processo de estabelecer pontes de ligação entre nós e outros. O Uso de Aberturas (anzol) A abertura é um plano para atrair a atenção do aluno, facilitar a sua cooperação, criar um desejo de saber mais e apresentar o assunto da lição. Pode ser: Um objeto; Uma pergunta tipo: “você concorda com a afirmação...?”; Uma estória (experiência) pessoal ou de outra pessoa; Uma ilustração / foto; Um artigo de jornal ou revista; Um esquete; Um vídeo clip; Qualquer coisa que chame atenção (e seja de bom gosto). Mas tem que ter relação direta com a lição. Pensamento, Sentimento, Ação Toda comunicação possui três componentes básicos: intelecto, emoção e vontade; em outras palavras, pensamento, sentimento e ação. Então tudo que eu quiser comunicar a outrem gira em torno de algo que conheço, algo que sinto, algo que pratico. É como se eu fosse um vendedor; a diferença é que estou vendendo idéias, conceitos, e não mercadorias, objetos. A maioria dos crentes se limita a transmitir a mensagem apenas intelectualmente. A comunicação eficiente sempre deve ter um ingrediente emocional – o fator sentimento, o entusiasmo. Mas é uma emoção controlada. Emocionalismo é emoção descontrolada, e deve ser temido. Na comunicação, este emocionalismo leva a uma manipulação emocional. Estamos ensinando a verdade mais fascinante do mundo – a verdade eterna – mas ao paladar do ouvinte é como se estivéssemos lhe dando “comida de hospital”. Outra atitude que teremos também, se sentirmos profundamente a mensagem que transmitimos, será sorrir vez por outra. Também deixamos que a verdade modifique a nossa conduta. Lemos em 2 Cor. 5:17 que quem está em Cristo é nova criatura. Entendemos que isso significa o início de um novo processo de crescimento. Áreas de modificação: lar, vida profissional, etc. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 9 Aquilo que somos é muito mais importante do que o que dizemos ou fazemos. Parece que Deus sempre opera por meio da encarnação. Ele gosta de apresentar suas verdades personificadas. Devemos responder às seguintes perguntas: O que é que sei e desejo que esses alunos saibam também? O que sinto, e desejo que eles sintam também? O que estou fazendo e quero que eles façam? Colocando em Palavras Traduzir em palavras esse pensamento-sentimento-ação. A comunicação deve ser: verbal (oral ou escrita), e não-verbal (os atos e a linguagem corporal). Temos que mostrar coerência nas duas formas. É como um avião, nenhuma das 2 asas é mais importante que a outra. Para se ensinar é preciso buscar um equilíbrio entre o conteúdo e sua comunicação, entre os fatos e a forma, entre o que ensinamos e a maneira como o ensinamos. Aprimorando a Comunicação 1. A preparação é o mais importante passo que damos para assegurar o sucesso de nossa comunicação. Primeiramente, preparar a introdução: deve ser interessante e ir direto ao ponto. É preciso também saber concluir. Infelizmente, a conclusão da mensagem é o que menos se prepara. É preciso incluir uma aplicação. Devemos introduzir no corpo da mensagem, muitas ilustrações (e recursos visuais também, que devem ser utilizados sempre que possível). Temos que criá-las nós mesmos, com base na experiência de vida de nossos ouvintes ou alunos. Precisamos relacionar nosso ensino à vida deles. Um bom comunicador deve estar sempre atento para captar o que outros querem comunicar-lhe. Expressam-se com a linguagem que usam naturalmente. 2. Apresentação. Enunciar, isto é, falar com clareza. Volume da voz. É bom falar alto, principalmente no início de cada aula. Devemos variar o tom e o andamento. Fatores Responsáveis Pela Distração Fatores internos – não podemos controlar: falta de sono, preocupações, etc. Fatores externos – temperatura do ambiente, material não arrumado, etc. “Feedback” ou “Retorno” da Classe Vamos buscar a resposta, isto é, procurar saber o que os alunos aprenderam, como estão se sentindo, o que estão fazendo. Estão entendendo? Pedir-lhes que expliquem com suas próprias palavras como podem aplicar a lição aprendida em sua esfera de vida. “Alguém tem alguma pergunta?” Tarefa para próxima aula: As atitudes, emoções e disposição de ânimo dos alunos afetam a maneira de ensinar do professor? De que forma? Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 10 5ª Aula – Ensinando com o Coração “O ensino que realmente causa impacto em quem o recebe não é o que passa de uma mente para outra, mas de um coração para outro.” Dt. 6:4-6 – A palavra “coração” para os Hebreus englobava a totalidade do ser: intelecto, emoção e vontade. A transferência de conhecimento de intelecto para intelecto é relativamente fácil. Mais difícil é fazer o trajeto coração coração, mas mais compensador. A essência da comunicação, segundo Sócrates, se resume em caráter, o modo em que o professor desperta emoções e sentimentos, e o conteúdo programático. Caráter: O nosso jeito de ser é mais importante do que o que dizemos ou fazemos já que determina o que dizemos ou fazemos. É necessário que confiem em nós. A credibilidade é o maior atributo que o professor possui para sua comunicação. Tome cuidado para não perdê-la. Depois de perdida, é difícil de reconquistar. Nossa afetividade: O modo como o professor desperta as emoções e sentimentos de seus alunos. São as emoções que afinal determinam o rumo de nossos atos. Isso é a chave para a motivação. Quando o aluno sente que o professor o ama, dispõe-se a fazer tudo que ele quiser que faça. Jesus demonstrou amor e compaixão; por isso seus discípulos o seguiam. Conteúdo programático: Professores e oradores precisam de um conteúdo programático. Deus personificou sua mensagem através da encarnação. É exatamente isso que temos de fazer. O Processo Ensino – Aprendizagem Ensinar é levar alguém a aprender. O processo ensino-aprendizagem: algo conjugado, ligado por hífen. Os dois termos são inseparáveis. Se o aluno não aprende, isso significa que nós não ensinamos. A eficiência de nosso ensino não se avalia com base naquilo que o professor faz, mas no que o aluno faz, em decorrência de nossa prática didática. Aprender é modificar-se. O processo de transformação é mais do que exterior, mas interior: “pela renovação da vossa mente”. É interessante notar como pessoas que se dizem crentes absorveram toda a filosofia do mundo. Esse contato constante com a mentalidade mundana acaba por nos comprimir dentro dos moldes dela. Exemplo da gelatina tomando a forma do molde. Raramente vemos o conhecimento ser associado à responsabilidade. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 11 Onde Começa a Aprendizagem Toda aprendizagem começa ao nível da emoção. Atitudes positivas e negativas dos alunos; É preciso mostrar interesse nos alunos; É preciso estabelecer com os alunos um relacionamento genuíno, uma comunicação de alma para alma, para que possam “entrar” plenamente no assunto que estamos lecionando. Isto só se consegue com o “coração”. Não Esquecer os Fatos Alguns dizem: “Aquilo em que a gente crê não tem muita importância. O importante mesmo é o modo como se crê”. Isto não é verdade, pois o conteúdo da nossa fé vai determinar o modo em que vamos agir. “O Senhor está mais interessado em que nós compreendamos a sua Palavra do que nós mesmos.” Por isso precisamos estudá-la. 1 Coríntios 15 nos aponta para 4 fatos essenciais: Cristo morreu, foi sepultado, ressuscitou, e depois apareceu a alguns discípulos. Só ocorre o aprendizado, e, portanto, só ocorre o ensino depois que houver mudanças na mente, na emoção e na vontade do indivíduo. Causemos Impacto Como aplicar na prática, na sala de aula: 1. Conhecer bem os alunos; 2. Conquistar o direito de ser ouvido – ter credibilidade; 3. Se dispor a nos mostrar vulneráveis perante nossos alunos. Tarefa para próxima aula: O que é que motiva você a aprender alguma coisa? (Não estou falando em fazer um curso por ser obrigatório – isto seria motivação para fazer o curso, mas não para aprender). O Uso de Perguntas: Por que devemos usar perguntas durante a aula? O uso de perguntas estimula a participação dos alunos; Quando o aluno descobre a resposta por si mesmo, ele se lembra melhor (retêm melhor). Quando o aluno descobre a resposta por si mesmo, aumenta a sua confiança e auto-estima. Que tipo de perguntas devemos fazer? Perguntas de observação – não faça perguntas que visam detalhes sem importância. Concentre-se em buscar respostas que contém dados importantes. Perguntas de interpretação (porque...? o que significa...? como...?) – perguntas que visam saber se o aluno entendeu o significado ou a importância da lição. Perguntas de aplicação (Existe algum paralelo com os nossos dias? Como podemos colocar isto em prática hoje? O que você pode fazer?). Reforce as respostas corretas. Não critique as respostas erradas; isto pode desencorajar o aluno a participar da próxima vez. Se a resposta for errada, pergunte novamente de outra forma ou pergunte à classe se alguém tem outra resposta. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 12 6ª Aula – A Motivação “O ensino será mais eficiente quando o aluno se encontrar adequadamente motivado.” Levar uma “caixa dos segredos da motivação” – conteúdo: diploma da faculdade, foto de aeromodelismo, ponto-cruz, brinco que um dos meninos fez, pedras, etc. Promover a motivação está relacionado com curiosidade, senso de propriedade, de utilidade, de atender a necessidades, desafios, reconhecimento social e aceitação por parte de outros. O maior problema que ocorre hoje em educação é a falta de motivação para os alunos, de algo que os desperte e os estimule à ação. O QM (quociente de motivação) é bem mais importante que seu QI. Existem alunos inteligentes que não encontram nada que os atraia, nada em que queiram aplicar suas energias e habilidades. Não se sentem motivados a se dedicar à coisa alguma. “O ensino será mais eficiente quando o aluno se encontrar adequadamente motivado.” Motivações inadequadas: Oferecer prêmios. o Fazer uma coisa certa não garante necessariamente que os resultados serão bons. o É possível que as tarefas executadas não dêem os resultados objetivados. o Tudo é determinado pelas razões que produzem a motivação. O sentimento de culpa. Motivação negativa. O uso da mentira (intencional ou não). o Vamos parar de ficar prometendo aquilo que o cristianismo não promete, que a Bíblia não promete (riqueza, prosperidade, saúde perfeita, ausência de problemas e desafios na vida). Para se Motivar: Ter Consciência das Próprias Deficiências Motivação em 2 níveis: Extrínseca (externa) – nosso objetivo quando aplicamos a extrínseca é ativar a intrínseca. Intrínseca (motivação interior – mais importante) – Rm. 12:1 – com base nas misericórdias de Deus, devemos apresentar os nossos corpos como sacrifício vivo. Só depois que entendemos o que Cristo fez por nós é que podemos nos entregar completamente a ele. Muitos pais e professores pensam que sua meta primordial é formar bem a criança, tornandoa bem educada. Mas na verdade sua missão é formar um bom homem ou mulher, isto é, fazer do seu filho ou aluno, um adulto automotivado, interiormente capacitado para a vida. Precisamos levar os alunos a se tornarem automotivados, isto é, a fazerem o que têm de fazer não porque recebem ordem para isso, ou porque alguém os obriga, mas porque querem. Um dos melhores modos de despertar isso no aluno é torná-lo ciente de suas dificuldades e lacunas. Uma das principais preocupações que devemos ter no ensino é expor os alunos a situações práticas da vida. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 13 A Boa Aprendizagem Uma forma de motivar os alunos é estruturar corretamente a experiência de aprendizagem. A aprendizagem se dá em 4 etapas: 1. exposição – quanto mais exposição, melhor a compreensão; 2. demonstração – apresentando exemplos práticos; 3. prática – situação controlada; 4. prática – sem supervisão; Outro bom método de ensino é dar tarefa que contém uma responsabilidade. O Interesse Pessoal Os únicos que se interessam pela leitura de um testamento são aqueles que são potencialmente beneficiários do testamento. Quando o aluno consegue enxergar-se dentro daquilo que ensinamos, quando ele sente que é beneficiário do testamento bíblico, que tudo diz respeito a ele, seu nível de motivação será bem mais elevado. Nem todos serão motivados ao mesmo tempo, nem da mesma forma, e nem com o mesmo professor. O momento certo é de importância crucial para a motivação e o aprendizado. É por isso que temos que aproveitar as perguntas e a demonstração de interesse do aluno. Nem todo mundo irá aprender conosco. Por isso a importância do corpo de Cristo. Motivação Criativa: Deus usa diversos métodos para motivar os homens. Nós também precisamos ser criativos e variar as técnicas empregadas. Precisamos também permitir que os nossos alunos sejam criativos. Quem está motivado se torna um agente de mudanças em outros. Tarefa para próxima aula: Quais tipos de tarefa para casa você gosta, e quais você não gosta? Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 14 O Uso de Estórias Porque contar estórias? O uso de estórias prende a atenção dos alunos. O uso de estórias facilita a retenção do conteúdo – a estória será uma das coisas mais lembradas da aula. O uso de estórias envolve a parte emocional do aluno além do intelectual. As partes de uma história: Introdução (lugar, personagens, o ambiente, etc.). O enredo da história (use muita ação e suspense, humor, obstáculos a serem conquistados, escolhas a serem feitas). O clímax (o ponto mais crítico da estória, o acontecimento ou a decisão que muda o destino da estória). A conclusão (dar uma conclusão a cada um dos personagens principais, mostrar a verdade ou qualidade que está sendo ilustrada). Como usar histórias: Pode-se usar estórias da Bíblia, estórias da vida real (suas ou de outras pessoas), ou estórias inventadas. Pode-se usar estórias bíblicas como o objeto principal do estudo. Pode-se usar estórias como anzol para chamar atenção. Pode-se usar estórias como ilustração. O que não se deve fazer: Não use voz monótona, sem entusiasmo, de volume muito baixo; Não fique gaguejando, recomeçando a estória; Não demonstre despreparo; Não fique olhando para o chão ou para o teto; Não conte estórias muito compridas ou muito complicadas. O que se deve fazer: Preparar o cenário da estória descrevendo todos os sentidos possíveis: visual, sons, cheiros, tato, gosto. Quanto mais sentidos estiverem envolvidos, mais os alunos se colocam dentro da estória. Fazer pausa em momentos oportunos para criar suspense; Mude frequentemente o tom de voz de acordo com o andamento da estória; Comunique interesse por expressões corporais; Coloque-se no lugar do personagem da estória; use linguagem na primeira pessoa; Olhe nos olhos dos alunos enquanto conta a estória; Adapte a sua estória à idade dos alunos (linguagem, comprimento, etc.). Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 15 0 anos. Canticos, estórias simples (de uma sentença) usando os dedos Sugestão de estórias bíblicas Jesus abençoando as crianças 1 ano. Figuras do que ela reconhece; estórias com capítulos curtinhos e intervalo O menino Jesus; Moisés quando bebê 2 anos. Conversas sobre observações: estrelas, trovão, o escuro, as flôres, etc. O menino Samuel 3 anos. Respondendo perguntas com estórias; repetição do vocabulário A ovelha perdida Faixa etária Características da estória 0-3 anos Pré-escolar: 4-5 anos Estórias com ritmo, rima e repetição. Falar de objetos e lugares conhecidos: animais de estimação, brinquedos, objetos, herois. Linguagem concreta (não abstrata), enredo simples sem muitos personagens. Usar os nomes dos animais e seus sons (a vaca faz "muuuu") Primário: 6-8 anos Usar fatos, lendas, folclore e fantasia. Usar A Travessia do Mar Vermelho; os milagres da Bíblia. Usar histórias onde A Cura de Naamã; O uma pessoa ajudou a outra. Usar histórias Casamento de Caná; de pessoas de outras culturas. Animais Alimentação dos 5.000; O falar do meio onde vivem e seus hábitos. Resgate de Pedro Junior (préadolescente): 911 anos Usar histórias de heroismo, ação, aventura, perigo, coragem. Falar de pessoas reais que conquistaram coisas concretas. Usar cronologia, biografia e geografia. Animais - falar dos cuidados com eles e de sua procriação. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Peregrinação no Deserto; O Tabernáculo; A Vida de Daví, Daniel, Sansão, Ester, Rute; As Viagens do Apóstolo Paulo. Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 16 7ª Aula – A Preparação Prévia “O processo ensino-aprendizagem é mais eficiente se tanto o professor como o aluno estiverem previamente bem preparados.” Quando os alunos chegam para a aula sem se preparar, eles chegam “frios”. O despertar do interesse dos alunos tem que ser antecipado para que quando chegarem à sala de aula já venham com a mente em ação. Quando a aula terminar, deverão se sentir motivados a continuar estudando o texto, ou sozinhos, ou em companhia de outros. Tarefas Proveitosas A lei da preparação prévia constitui a base para se dar tarefas para casa. Muitas vezes o professor chega para a sala de aula preparado e entusiasmado, mas os alunos chegam sem nada. O valor da tarefa para casa – três vantagens: 1. A tarefa coloca o pensamento em movimento. É uma espécie de “aquecimento mental”. 2. O aluno passa a ter um ponto de partida. É a base sobre a qual o professor pode “edificar” a lição. O aluno já percebe as dificuldades, formula questões e vê como ela se aplica em sua vida. 3. O aluno aprende a estudar a Bíblia independentemente. O aluno cria o hábito de não apenas ouvir o ensino da Palavra mas de estudá-la ele mesmo. Características de uma tarefa bem elaborada: 1. Bastante criativa e com um objetivo definido (isto leva tempo). 2. Leva o aluno a pensar – contém mais questionamentos do que respostas. 3. Tarefas plausíveis. Não adianta dar tarefa acima da capacidade do aluno. Estudos têm demonstrado um fato muito interessante: existe uma relação inversamente proporcional entre a previsibilidade de nossos atos e o impacto que podemos causar. Quanto maior for essa previsibilidade, menor o impacto que causamos. Lutando Contra o Silêncio Quanto aos alunos que têm receio de participar da aula, temos que fazer duas coisas: 1. Insistir para que participem; 2. assim que o fizerem, demonstrar satisfação pela participação deles. A única pergunta “boba” é aquela que não é feita. Perguntas não são motivo de riso ou de gozação, mas de serem levados a sério. Perguntas Difíceis O professor precisa admitir que não tem uma resposta, mas que irá procurá-la. Como Controlar os Monopolizadores Três etapas: 1. Manifestar apreço pela contribuição da pessoa. 2. Pedir ao aluno que ajude a envolver os outros na discussão. 3. Dirigir uma pergunta a esta pessoa. Pode ser a primeira vez que alguém tenha lhe dirigido uma pergunta. A Importância de Fazer Anotações Anotações ajudam na participação da pessoa – ela se envolve. Proporciona uma oportunidade para a pessoa fazer revisão dos conceitos. Introdução à Didática Maio/Junho 2007 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton
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