VAGINOSE BACTERIANA E TRICOMONÍASE
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VAGINOSE BACTERIANA E TRICOMONÍASE
TROCANDO IDÉIAS XX 16 e 17 de junho de 2016 Windsor Flórida Hotel - Rio de Janeiro - RJ Susana Aidé Profª Adjunto de Ginecologia Universidade Federal Fluminense Hospital Universitário Antônio Pedro Vagina normal Vaginose bacteriana bactérias endógenas facultativas e anaeróbicas em equilíbrio, bactérias aeróbias e predomínio de lactobacilos produtores ácido lático e peróxido de hidrogênio substituição dos lactobacilos pelos não produtores de ácido lático e peróxido de hidrogênio (elevação do pH) Sobel JD, Barbiere RL, Eckler K, 2016 produção de ácido lático a partir do glicogêniopH 3,8-4,5 Inibição da produção patogênica bacteriana proliferação das bactérias endógenas facultativas e anaeróbias (Gardnerella) e produção de succinato produção aumentada de enzimas proteolíticas (carboxilase) que quebram peptídeos em aminas (trimetilamina, putrescina e cadaverina) Vaginose bacteriana pH mais alcalino (>4,5), quantidade diminuída de lactobacilos produtores de ácido lático e peróxido de hidrogênio, proliferação de Gardnerella vaginalis, espécie Prevotella, espécie Porphyromonas, espécie Peptostreptococcos, e espécie Mobiluncus, espécie Bacterioides, Mycoplasma hominis , Ureoplasma urealyticum e outros anaeróbios Grampositivos Formação de biofilme, aumento do transudato vaginal e da descamação células epiteliais. Não há resposta inflamatória (leucócitos-PMN) Sobel JD, Barbiere RL, Eckler K, 2016 VAGINOSE BACTERIANA- Fatores de risco Causa mais comum de infecção vaginal na idade reprodutiva (40%-50%) (Joesoef M & Schimid G, 2001; Morris M et al, 2001; Tolosa JE et al, 2006) Fatores de risco: • História prévia de VB • Presença de outras DST (HSV-2) • Hábitos de higiene (reservatório anal) • Múltiplos parceiros sexuais • Novo parceiro sexual/ parceiro fixo • Não uso de condom • Mulheres que fazem sexo com mulheres É raro em mulheres virgens (Ferthers KA, et al, 2009) Atividade sexual como fator de risco (Fethers KA et al, 2008 revisão sistemática e metaánálise) • Duchas vaginais Bradshaw et al, 2006; Giraldo et al, 2007; Fethers et al, 2008; Hay, 2009; Marrazzo et al, • Tabagismo 2009; Klebanoff et al, 2010; Sobel JD, Barbiere RL, Eckler K, 2016 VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) 50%-75% são assintomáticas Corrimento vaginal branco acinzentado, fluido, microbolhas pH > 4,5 Teste das aminas positivo Presença de “clue cells” ou células pista ao exame microscópico (exame a fresco, Gram) Sobel JD, Barbiere RL, Eckler K, 2016 VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) Corrimento vaginal VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) pH > 4,5 VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) Teste das aminas positivo (sensibilidade 75%-80%, especificidade 60%-70%) VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) Presença de “clue cells” ou células pista ao exame microscópico VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) Presença de “clue cells” ou células pista ao exame microscópico (exame a fresco- sensibilidade 70%-90%) Células epiteliais normais Células pista VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Critérios de Amsel, 1983) Presença de “clue cells” ou células pista ao exame microscópico (coloração pelo Gram-sensibilidade 60%100% padrão ouro). Células epiteliais normais Células pista VAGINOSE BACTERIANA- TRATAMENTO (Justificativas) Alívio dos sintomas Evitar as complicações infecciosas pós operatórias (aborto e histerectomia) (ensaios clínicos: Penney GC et al, 1998; Larsson Pg et al 2000, 2002; Miller Let al 2004, Crowley T et al, 2001) Reduz a aquisição de outras infecções (DST, HIV) Tratar o parceiro não oferece benefícios para prevenir a recorrência (Mehta SD, 2012) CDC, 2015; Sobel JD, Barbiere RL, Eckler K, 2016 SÓ as pacientes sintomáticas... SCHWEBKE JR, 2000 Alguns especialistas Todas as pacientes... VAGINOSE BACTERIANA- Tratamento Regime recomendado (não gestantes) Metronidazol • Comprimido 500 mg, VO , 2 x / dia, por 7 dias • Gel vaginal 0,75%, (5g) 1 x / dia, por 5 dias Clindamicina • Creme vaginal 2%, (5g) por 7 dias Índice cura 70%-80% Controle de cura 21-30 dias após início do tto, FDA CDC, 2015 VAGINOSE BACTERIANA- Tratamento Regime alternativo (não gestantes) Clindamicina • Comprimido 300 mg, VO, 2x / dia, por 7 dias • Óvulos vaginais 100 mg, 1 x/ dia, por 3 dias Tinidazol • Comprimido 2g, VO, diário, por 2 dias • Comprimido 1g, VO, diário, por 5 dias Secnidazol Comprimido 1g, 2 comp, VO, dose única CDC, 2015; Sobel, 2013; Bohbot JM et al, 2010: ensaio clínico sec x metro VAGINOSE BACTERIANA- Recorrência Índice recorrência: 30% nos primeiros 3 meses após o tratamento e > 50% em 1 ano. Causas: • Falta de erradicação da (90%) Gardnerella vaginalis e • • • • Atopobium vaginae (biofilme vaginal) Resistência do Mycoplasma hominis e do Mobiluncus ao metronidazol e à clindamicina creme vaginal Demora no restabelecimento da flora lactobacilar vaginal normal O reto age como reservatório de agentes associados à VB Falta de adesão ao tratamento CDC, 2010; Sobel, 2010 VAGINOSE BACTERIANA- Tratamento (Recorrência) CDC, 2015: esquema terapêutico diferente da abordagem primária Sobel, 2010: • metronidazol comprimido 500 mg, VO, por 10-14 dias ou metronidazol gel vaginal 0,75%, 1 x / dia, por 10 dias • clindamicina comprimido 300 mg, VO, 2 x / dia ou clindamicina creme vaginal 2%, 1 x / dia, por 7 dias* > 3 episódios em 1 ano: manutenção da cura clínica: metronidazol gel 0,75%, 2 x/ semana, por 3- 6 meses Sobel, 2006: metronidazol gel 0.75% ou nitroimidazólico oral por 7-10 dias. Metronidazol gel 0.75% 2X/sem 3-6 meses. Recorrência de 25% supressão vs 59% placebo VAGINOSE BACTERIANA- Alternativas de Tratamento (Recorrência) Cápsulas vaginais ou orais probióticas com Lactobacillus sp de forma isolada ou combinada* ( Falagas M et al, 2005; Senok AC, 2009; Ya W et al, 2010; Thulkar et al, 2010 mtz gel concomitante probiótico) Lactobacillus rhamnosus GR-1 e Lactobacillus reuteri RC por 30 dias seguido por 7 dias de metronidazol Acidificantes vaginais não têm papel no tratamento da VB (Bradshaw et al, 2013) Ácido bórico com ação no biofilme vaginal Metronidazol ou tinidazol 500 mg por 7 dias, seguido por ácido bórico cápsulas gelatinosas 600 mg por 21 dias e manutenção com metronidazol gel vaginal 0,75%, 2 X/ sem por 2-3 meses (Reichman et al, 2009 no CDC, 2015) CDC, 2015: METRONIDAZOL 2g + FLUCONAZOL 150 mg/MÊS. Objetivo: reduzir incidência de VB e promover a colonização com a flora vaginal normal. III CONGRESSO LATINOAMERICANO DE PATOLOGIA VULVOVAGINAL 7 - 8/ Outubro /2016 Rio de Janeiro - Brasil !!! ! ! A D A G I OBR VAGINOSE BACTERIANA- Tratamento Parceiro não é recomendado. Justificativas: Não há evidências de redução das recidivas Não é considerada uma DST Entretanto, embora os ensaios clínicos sejam limitados, estudos parecem mostrar que o uso de preservativo ou abstinência sexual diminuem as recorrências CDC, 2010; Sobel, 2010 Boric Acid Addition to Suppressive Antimicrobial Therapy for Recurrent Bacterial Vaginosis Reichman et al. Sexually Transmitted Diseases 36 (11), 2009 Estudo não controlado, não randomizado, de pacientes com VB recorrente. Objetivo: avaliar o uso de agentes nitroimodazólicos orais associados ao ácido bórico vaginal e manutenção com metronidazol gel vaginal 0,75% nos casos de VBR Metronidazol ou tinidazol 500 mg por 7 dias, seguido por ácido bórico cápsulas gelatinosas 600 mg por 21 dias e manutenção com metronidazol gel vaginal 0,75%, 2 X/ sem por 2-3 meses Boric Acid Addition to Suppressive Antimicrobial Therapy for Recurrent Bacterial Vaginosis Reichman et al. Sexually Transmitted Diseases 36 (11), 2009 Ácido bórico com ação no biofilme vaginal Pode ser uma alternativa de regime de tratamento na VBR Efficacy of vaginal probiotic capsules for recurrent bacterial vaginosis: a double-blind, randomized, placebo-controlled study Ya W, Reifer C, Miller LE. Am J Obstet Gynecol 2010;203:120.e1-6. Estudo clínico, prospectivo, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo Objetivo: avaliar a eficácia das cápsulas vaginais probióticas na prevenção da VB recorrente Houve redução da recorrência da VB e da G. vaginalis pelos 11 meses após o uso das cápsulas, em mulheres com história de VB recorrente (metronidazol) Houve adequado restabelecimento da flora de Lactobacillus inibindo ou destruindo as bactérias patogênicas (evitando a recorrência) Efficacy and safety of vitamin C vaginal tablets in the treatment of non-specific vaginitis. A randomised, double blind, placebocontrolled study Petersen and Magnani, 2004 p=0,02 p=0,02 p=0,06 p=0,03 p=0,04 p=0,01 p=0,02 Petersen and Magnani, 2004 Efficacy and safety of vitamin C vaginal tablets in the treatment of nonspecific vaginitis. A randomised, double blind, placebo-controlled study Petersen and Magnani, 2004 Confirma eficácia e segurança da vitamina C no tratamento da VB Modificação da flora vaginal, redução das bactérias, desaparecimento das “clue cells”, aumento dos lactobacilos Parece ter efeito no pH vaginal e na flora bacteriana anormal VAGINOSE BACTERIANA Recorrência (outras alternativas) Associação de ácido bórico cápsulas gelatinosas 600 mg/ dia, por 21 dias Probiótico oral Lactobacillus rhamnosus GR -1 e Lactobacillus reuteri RC-14, por 30 dias Agentes acidificantes não tem papel na BV aguda ou crônica Duchas são contra-indicadas UptoDate, Sobel, 2010 VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO Mulheres que fazem sexo com mulheres: Parceiras devem ser rastreadas, diagnosticadas e tratadas UptoDate, Sobel, 2010 VAGINOSE BACTERIANA- Diagnóstico (Escore de Nugent) pelo Gram Padrão ouro para o diagnóstico de VB: sensibilidade de 60%-100 Escore Lactobacillus sp Gardnerella/ Bacterioides Bacilos curvos Mobiluncus 0 ++++ negativo negativo 1 +++ + + ou ++ 2 ++ ++ ++ ou +++ 3 + +++ 4 negativo ++++ neg = zero; + = < 1/ campo; ++ = 1-4; +++ = 5-30; ++++ = 30 ou mais VB = escore > 7; Intermediário = escore 4-6; Normal = escore 0-3 Vaginose bacteriana – Diagnóstico diferencial VB Vaginite atrófica Vaginite inflamatória descamativa Tricomoníase odor + - - + Ph > 4,5 + + + + Sinais inflamação /dispareunia _ + + + Células parabasais _ + + - PMN _ + + + tricomonas - - - + Diagnóstico diferencial Sobel JD, Barbiere RL, Eckler K, 2016 VAGINOSE BACTERIANA- Complicações DIP ( VB: fator causal ou fator de risco?) Aumenta o risco de aquisição de DST (ex. HIV, N. Gonorrhoea, C. trachomatis, HSV-2) Infecções pós-operatório (aborto, parto, endometrite pós- cesariana, celulite pós-HTA) Parto prematuro, coriamnionite, rotura prematura das membranas rastreio e tratamento VB sintomática e assintomática de gestantes de alto risco (Brocklehurst et al, 2013 meta-análise 21 estudos, 7.847 grávidas com VB sintomáticas e assintomáticas, não reduziram significativamente a chance de parto prematuro antes de 37 semanas. As gestantes de alto risco podem se CDC, 2015 VAGINOSE BACTERIANA- Tratamento Regime recomendado (gestantes sintomáticas) Metronidazol • Comprimido 500 mg, VO , 2 x / dia, por 7 dias • Comprimido 250 mg, VO, 3 x / dia, por 7 dias Clindamicina • Comprimido 300 mg, VO, 2 x / dia, por 7 dias Caro-Patón T et al, 1997: meta-análise não encontrou nenhuma relação entre a exposição ao metronidazol durante o primeiro trimestre de gravidez e teratogenicidade e efeitos mutagênicos. CDC, 2015: não desencoraja o uso de metronidazol no primeiro trimestre de gestação. CDC, 2015 Meta-análise atualizada em 2007: Leitich H & Kiss H: Objetivo: avaliar a VB como fator de risco para resultados adversos na gestação. Critérios: estudos de coorte, ensaios clínicos, caso-controle com gestantes < 37 semanas com membramas aminióticas íntegras assintomáticas para VB (30.518 gestantes em 32 estudos) Diagnóstico da VB: critérios clínicos e resultados do Gram Resultados: risco de parto prematuro (OR: 2,16, 95%: 1,56-3,00) sintomas de trabalho de parto prematuro (OR: 2,38, 95%: 1,02-5,58) risco de abortos tardios (OR: 6,32, 95%: 3,65-10,94) infecção materna (OR: 2,53, 95%: 1,26-5,08) infecção neonatal e mortalidade perinatal sem resultados significativos
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