“Tardive dyskinesia is caused by maladaptive synaptic plasticity: a
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“Tardive dyskinesia is caused by maladaptive synaptic plasticity: a
“Tardive dyskinesia is caused by maladaptive synaptic plasticity: a hypothesis”. James T. Teo, Mark J. Edwards, Kailash Bhatia. Mov Disord 27: 1205-15, 2012. A discinesia tardia (DT) é conceituada como uma condição caracterizada pelo aparecimento de distúrbios do movimento (geralmente coreiformes ou distônicos) em pacientes expostos a bloqueadores de receptores de dopamina (DA), principalmente os neurolépticos usados como antipsicóticos. Outras classes de drogas que podem causar DT: bloqueadores de canal de cálcio (como a cinarizina e a flunarizina) e as benzamidas (metoclopramida). Desde o seu reconhecimento a fisopatologia da DT tem sido amplamente investigada mas os mecanismos envolvidos ainda permanecem mal esclarecidos. Entre as hipóteses aventadas para explicar o aparecimento da DT a mais conhecida é a da hipersensibilidade dos receptores dopaminérgicos. De acordo com esta hipótese a DT estaria relacionada à hiperatividade dopaminérgica estriatal decorrente da denervação química produzida pelos bloqueio dos receptores dopaminérgicos (especialmente quando expostos a drogas com alta afinidade, como o haloperidol) , o que acarretaria aumento do número de receptores (principalmente de tipo D2) e de sua afinidade por DA. Experimentos com modelos animais corroboram esta hipótese mas estudos em humanos utilizando neuroimagem funcional e estudos pós-mortem não comprovam esta hipótese. Uma teoria alternativa é a da excitoxicidade decorrente do stress oxidativo provocado pela geração de radicais livres. O aumento excessivo da formação desses radicais seria consequente ao persistente aumento do turnover de DA relacionado ao bloqueio prolongado dos receptores. Conforme esta teoria o stress oxidativo levaria a um processo de degeneração de interneurônios estriatais. Entretanto, estudos de volumetria de núcleos da base não mostraram redução dessas estruturas em pacientes tratados com antipsicóticos e ensaios terapêuticos com agentes antioxidantes, especialmente com vitamina E, mostraram resultados contraditórios. Outros estudos sugerem que uma subpopulação de interneurônios GABAérgicos estriatais está afetada nos indivíduos que desenvolvem discinesia tardia. Estudos experimentais iniciais sugeriam redução da ácidoglutâmico dehidroxilase nos gânglios da base mas, em recente estudo de espectroscopia por ressonância, Tayoshi et al (2009) não comprovaram estas alterações. Na última década, avanços nos conhecimentos sobre a a complexa microcircuitaria dos interneurônios estriatais evidenciam que os parvialbumina interneurônios promovem uma forte inibição sobre os neurônios médioespinados do striatum regulando o equilíbrio entre as vias direta e indireta. Lesões seletivas desses interneurônios induzem discinesias, sugerindo seu envolvimento na DT (Gage et al, 2010). A participação de uma propensão genética para desenvolver DT tem sido sugerida por alguns estudos e os principais genes candidatos são os envolvidos na sinalização do receptor GABA, na sinalização mediada pelo cálcio e em vias de plasticidade sináptica. Entretanto, não há ainda dados definitivos nesta área. A plasticidade sináptica refere-se a aumento ou redução da transmissão sináptica em resposta a uma experiência prévia e pode se expressar por meio de alguns fenômenos fisiológicos, tais como potenciação de longo prazo, depressão de longo prazo, spike-timing-dependent plasticity (STDP), dentre outros. Nos neurônios estriatais médio-espinados das vias direta e indireta o mecanismo chave envolvido na plasticidade sináptica é a ativação do receptor NMDA (N-Metil D-Aspartato), ativado pelas aferências glutamatérgicas provenientes do córtex cerebral. Essas sinapses expressam fenômenos plásticos tais como os descritos acima e são moduladas por outros sistemas de neurotransmissão tais como: o dopaminérgico, o colinérgico e o GABAérgico. A plasticidade sináptica pode comportar-se como um fenômeno homeostático ou metaplástico (anormal, aberrante) dependendo das circunstâncias. O bloqueio crônico dos receptores dopaminérgicos no tratamento de doenças psiquiátricas, assim como a estimulação pulsátil dos mesmos proporcionada pela levodopa no tratamento da doença de Parkinson, são condições que podem induzir plasticidade sináptica anormal e levar ao aparecimento de transtornos do movimento como a DT ou as discinesias induzidas por levodopa. Egberto Reis Barbosa