dointerior - Revista Náutica
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são paulo rio de janeiro minas gerais espírito Santo delícias do mar 8 novas formas de saborear vieiras em Angra dos Reis edição nº 12 | agosto/setembro 2015 | R$ 12,00 Mar do Interior A represa onde o tietê (quem diria?) vira um mar de águas doces... e limpas são Boa paulo t c o Show g r nvite at i Cad s astr e e vi site -se a nova cimitarra O que pensa o dono do estaleiro que não para de crescer. (e que está lançando agora o seu maior barco...) segredos do bom barco de alumínio Do material ao formato do casco, o que você deve saber antes de comprar um A ROTA MAIS CURTA ENTRE SONHAR E REALIZAR A 6 DE OUTUBRO Do SUP ao 80 pés, sua próxima paixão está aqui TRANSAMERICA EXPO CENTER O show dos maiores e melhores www.saopauloboatshow.com.br EVENTOS INTEGRADOS ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO APOIO PATROCÍNIO Índice NESTA EDIÇÃO... pág. 25 DIVULGAÇÃO ABVC INTERIOR POR JORGE DE SOUZA FOTOLIA As vieiras são tão deliciosas que, recentemente, ganharam até um festival gastronômico próprio, em Angra dos Reis. E fizeram tanto sucesso que entraram de vez no cardápio dos principais restaurantes da região, cada um com uma receita mais saborosa que a outra. Confira A CONCHA DOS DEUSES N o Brasil, elas são chamadas de vieiras. Na Itália, capasantas. Na Espanha, almejas. E nos países de língua inglesa, scallops. Mas o nome que, talvez, melhor traduza a sofisticação e o sabor suave do conteúdo destas conchinhas em forma de leque vem da França, país que entende de gastronomia como ninguém. Lá, as belas conchas com bordas simétricas e onduladas, mundialmente conhecidas como símbolo da Shell (que poderia ter escolhido qualquer concha como símbolo da marca, mas optou pela mais bonita de todas), são chamadas de coquilles Saint-Jacques, um nome tão gracioso quanto a próprio sabor delicado desta verdadeira iguaria do mar, que recentemente ganhou um festival gastronômico próprio, nos mais representativos restaurantes da baía de Ilha Grande — região onde as vieiras saem do mar direto para as mesas. Por conta do festival, em cerca de uma dezena de restaurantes da região de Angra dos Reis as vieiras viraram estrelas de novos pratos, que, dado o sucesso, seguirão sendo oferecidos nos cardápios regulares. É uma boa oportunidade de experimentar novas formas de saborear esta verdadeira delícia que vem do mar. DIVULGAÇÃO ÁGUA QUE NÃO ACABA MAIS Veleiro do recente Cruzeiro Fluvial TietêParaná desliza nas águas de Promissão: a represa tem mais de 100 quilômetros de extensão DELICADAS E DELICIOSAS As vieiras são tão saborosas que não são “comidas”: são “degustadas”. E, geralmente, usando a própria concha como “prato” NÁUTICA SUDESTE pág. 33 25 A represa de Promissão não é apenas o maior represamento do principal rio de São Pau lo. É, também, onde o rio mais mal falado do país vira um mar de águas doces — e limpas O MAR DO TIETÊ pág. 14 SORRINDO NA CRISE Tomas Freitag, com a primeira unidade da nova Cimitarra de 76 pés, que está sendo finalizada na nova fábrica da marca (abaixo): apesar da crise, a linha de produção não para pág. 46 COMO DEVE SER UM BOM BARC O DE ALUMÍNIO Com tantos fabricantes no mercado, nem sempre é fácil escolher um casco de alumínio realmente seguro. Mas algumas características ajudam muito FOTOS JORGE DE SOUZA NAVEGADOR SOLITÁRIO LUCIANO GUERRA A ÚLTIMA VIAGEM DO VELHO CADA VEZ MAIOR A história do argentino Victor Otaño, que depois de dez anos nas águas brasileiras com um barquinho que poucos se atreveriam a ir além de uma baía, voltou navegando para casa e lá embarcou em sua última viagem Ao inaugurar nova fábrica e prestes a entregar sua nova lancha de 76 pés, a Cimitarra deixa claro que se tornou uma grande marca e que mudou de patamar no mercado POR JORGE DE SOUZA pág. 43 SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS o ano passado, alguns poucos moradores de São Francisco do Sul e Jaguarão, este um pequeno município no extremo sul do Rio Grande do Sul, tiveram contato com um velejador bem alto, magro, muito educado e dono de uma invejável tranquilidade, que por ali passou a caminho de casa, na Argentina, com um barco difícil de acreditar para um percurso tão longo: um veleirinho Van de Stadt, de apenas 21 pés. Dentro dele, era preciso ser contorcionista para caber na cabine, que, de tão acanhada, mais parecia uma caverna. Tinha apenas uma cama, uma lâmpada, um fogareiro e garrafões plásticos de cinco litros, estocados com água dentro da cabine. Banheiro também não tinha. Mesmo assim, era a “casa” daquele agradável senhor argentino, de 73 anos, desde que ele deixara o seu país, dez anos antes, sem nenhum tostão no bolso, e seguiu, velejando, até a Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, onde passou a viver desde então, sozinho, a bordo daquele minúsculo barquinho. ESPÍRITO SANTO DELÍCIAS DO MAR 7 novas formas de saborear vieiras em Angra dos Reis Mar do InterIor A represa onde o TIETÊ (quem diria?) vira um mar de águas doces e limpas! A NOVA CIMITARRA SÁBIO E SOLITÁRIO Victor e o minúsculo Marangatu, de apenas 21 pés, que era casa, companhia e amigo: ele não precisava mais do que isso OS SEGREDOS DO BOM BARCO DE ALUMÍNIO Do material ao formato do casco, o que você deve saber antes de comprar um O ALUMÍNIO DEVE SER NAVAL CHAPAS DE BOA ESPESSURA TER CAVERNAS NA ESTRUTURA SOLDA É MELHOR DO QUE REBITES REBITES DE BOM ALUMÍNIO CASCO NÃO ESTREITO DEMAIS CONVÉM TER VINCOS NO CASCO FUNDO DE ACORDO COM O USO NÃO PRECISA SER PINTADO NEM LEVE NEM PESADO DEMAIS Nem todo alumínio é igual. É preciso que a sua liga seja naval. Ou seja, no caso de o barco bater em algo, o alumínio deve amassar (e até deformar!), mas não rachar, o que só se consegue com ligas especiais. Também é fundamental que a estrutura interna seja do mesmo material, não de alumínio convencional. A espessura do alumínio tem a ver com o tamanho do casco: quanto maior ele for, mais grossas devem ser as chapas. E o fundo deve ser, no mínimo, de 0,3 a 0,5 mm mais espesso que o costado, dependendo do tamanho do barco. Para cascos de cinco metros, boas chapas são as de 1,5 mm (fundo) e 1,2 mm (costado). Mesmo nos modelos bem pequenos, chapas com menos de 1,2 mm nem pensar. Todo barco precisa ter cavernas internas, porque são elas que dão estrutura ao casco. As cavernas devem ter a forma de “U” e subir até a ponta dos costados, além de também serem de alumínio naval. Quanto mais largo for o casco, mais cavernas ele deve ter e menor o espaço entre elas. Soldas praticamente não soltam, mas exigem chapas mais grossas (por conta do próprio processo de soldagem), o que eleva bastante o custo do casco. Por isso, são mais usadas em grandes barcos de serviço, de uso mais constante. Para pequenos barcos de lazer, rebites dão conta do recado. Rebites funcionam muito bem em barcos de lazer, desde que eles também sejam de alumínio naval de boa qualidade. Rebites de alumínio não confiável comprometem a segurança de qualquer barco. Pergunte sobre a especificação do alumínio antes de fechar negócio. Barcos estreitos têm menos estabilidade. A fórmula básica é a do “três por um”: três medidas de comprimento para uma de largura. Ou seja, barcos de cinco metros de comprimento devem ter cerca de 1,60 m de largura. Desconfie dos barcos finos demais, porque o preço, quase sempre, é dado pelo comprimento, sem considerar a largura do casco. Vincos e dobras nas chapas geram reforços e aumentam a resistência geral do casco. Mas não são obrigatórios. Contudo, barcos com cascos “lisos” requerem estrutura interna reforçada. Se não tiver nem uma coisa nem outra, escolha o de outro fabricante. O tipo de fundo de casco tem a ver diretamente com o local onde o barco irá navegar. Quanto mais agitadas forem as águas, maior deve ser o “V” do casco. Já barcos de pescadores devem ter o “V” menos acentuado, para aumentar a estabilidade quando estiverem parados. Fundos chatos só para águas bem tranquilas. Nos cascos de alumínio, a pintura é elemento apenas decorativo, já que eles não oxidam. Mas, se quiser um barco mais bonito, pergunte sobre como foi feito o processo de pintura. O ideal é que haja uma camada de tinta base (primer) e, pelo menos, três demãos. O peso do barco tem a ver, principalmente, com a espessura das chapas de alumínio. O ideal (tanto para o transporte terrestre quanto para a performance na água) é que ele seja o mais leve possível, mas não como consequência de economia no alumínio. É mil vezes preferível um barco mais pesado e seguro do que um leve não tão confiável. 46 VERSÃO DIGITAL GRÁTIS! NÁUTICA SUDESTE Acesse www. nautica.com.br/ nauticasudeste e baixe, de graça, esta edição de NÁUTICA SUdeste 33 47 SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS SÃO PAULO ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS SÃO PAULO ESPÍRITO SANTO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO SÃO PAULO OS MACETES DO CORRICO O TIETÊ QUE NUNCA VOCÊ VIU Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim Edição 8 roteiro de verão, de Ubatuba a paraty E +Laje de Santos SIMULADORES NÁUTICOS As máquinas ensinam (de verdade!) a pilotar barcos Canal de 2GRÁTI S! Bertioga A ESC FEIP re-se Cadast e visite Rio O MELHOR PASSEIO DE ANGRA Um roteiro completo pelas praias e ilhas mais bonitas CORROSÃO NO BARCO Como combater este problemão Edição 9 Boat OS NOVOS BARCOS QUE O SALÃO MOSTROU MENSAGENS AO MAR O fascínio das mensagens em garrafas nunca acaba alcatrazes, ilha de caras E + O melhor passeio de Angra Colaboraram nesta edição: Haroldo J. Rodrigues (arte), Aldo Macedo (imagens), Maitê Ribeiro (revisão) Vice-Presidente Denise Godoy redação e administração Av. Brigadeiro Faria Lima, 1306, 5o andar, CEP 01451-001, São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000 publicidade OS RISCOS E PRAZERES DO CANAL QUE CRUZA O GUARUJÁ Show O LINDO ARQUIPÉLAGO PROIBIDO DO LITORAL PAULISTA Como se dar com os peixes mesmo durante os passeios ESPÍRITO SANTO EDIÇÃO Nº 11 | JUNHO/JULHO 2015 | R$ 12,00 AlcAtrAzes BÊ-Á-BÁ DA BOA ANCORAGEM MINAS GERAIS O casal que gastou meia vida construindo este barco EDIÇÃO Nº 10 | ABRIL/MAIO 2015 | R$ 12,00 T BOA RIO W SHO TES CONVI UbatUbaaParaty O que você precisa saber sobre âncoras, cabos e amarras RIO DE JANEIRO 25 ANOS DEPOIS... Como é a ilha que todo mundo inveja EDIÇÃO Nº 9 | FEVEREIRO/MARÇO 2015 | R$ 12,00 Roteiro de verão RIO DE JANEIRO ILHA DE CARAS LAJE DE SANTOS As surpresas que esta pedra esconde EDIÇÃO Nº 8 | DEZEMBRO/JANEIRO 2014/2015 | R$ 12,00 Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de DIRETOR DE REDAÇÃO Jorge de Souza [email protected] porque a anterior não comportaria o mais novo barco da casa: um quase iate, de 76 pés de comprimento, que está em fase final de construção e será apresentado no próximo São Paulo Boat Show, em outubro. Bem mais do que apenas mais um lançamento, já que lançar barcos com muita frequência sempre fez parte do DNA deste estaleiro, a nova 760 marca, de vez, a mudança de status da Cimitarra, uma marca que existe desde 1973, mas que, ao passar para as mãos do gaúcho Tomas Ko Freitag, 16 anos atrás, só fez crescer. De tamanho e relevância no mercado, como ele conta na entrevista a seguir. BAIXE TAMBÉM AS EDIÇÕES ANTERIORES de graça PRESIDENTE E EDITOR Ernani Paciornik Náutica Sudeste A NÁUTICA SUDESTE Diretora de publicidade Mariangela Bontempo [email protected] 6 POR JORGE DE SOUZA té pouco tempo atrás, a marca Cimitarra era quase sinônimo de barco barato, mas sem muito esmero. Os clientes gostavam, mas tinham certas ressalvas ao acabamento e falta de sofisticação dos modelos. Isso mudou radicalmente nos últimos cinco anos. Empurrada pela chegada dos grandes barcos importados ao país, que impuseram um novo padrão de exigência ao mercado, a Cimitarra não só enriqueceu o interior das suas lanchas como as fez crescer de tamanho. Como consequência, cresceu também a marca. E cresceu tanto que precisou até mudar de fábrica, NÁUTICA SUDESTE NÁUTICA SUDESTE 43 EDIÇÃO Nº 12 | AGOSTO/SETEMBRO 2015 | R$ 12,00 O que pensa o dono do estaleiro que não para de crescer. (e que está lançando agora o seu maior barco...) Seu nome era Victor Otaño e aquele barquinho era tudo o que ele tinha. Mesmo assim, Victor jamais reclamou da vida ou das necessidades que ela lhe impunha. Tampouco da idade já avançada e das limitações que isso traz, ainda mais no mar, no comando de um barco tão suscetível a tudo. Ultimamente, apenas comentava, discretamente, como sempre, certa saudade da família, das três filhas e dos netos, que não via desde que deixara a Argentina, no rastro de uma crise econômica que lhe tomara todo o (pouco) dinheiro que tinha. Por isso, naquela ocasião, Victor estava voltando para casa, devagarzinho, navegando com o seu barquinho, da mesma forma como quando partira. E parou em Jaguarão para se despedir de amigos que fizera por aqui. Uma despedida para sempre. Tão logo chegou à Argentina, Victor Otaño embarcou na sua derradeira viagem. Como se tivesse calculado direitinho o tempo para isso acontecer. Foi a última lição de vida de um humilde navegador, que só deixou amigos por onde passou. DIVULGAÇÃO N REPRESA DO BROA A praia do interior de São Paulo que poucos conhecem TESOURO DE ILHABELA O velho tesouro do Saco do Sombrio volta à tona Edição 10 UM CRUZEIRO NA ILHA GRANDE BOMBAS DE PORÃO Uma família descobre o enorme prazer de navegar ao redor da maior ilha do litoral do Rio O que você precisa saber para não ficar na mão Rio boat show 2015, um veleiro feito em casa E + Represa de Broa O ESCONDERIJO DOS GRANDES PEIXES O parcel no mar aberto de Ubatuba que enche os olhos de qualquer pescador oceânico Edição 11 canal de bertioga, simuladores E + Cruzeiro na Ilha Grande Gerente de Circulação Débora Madureira [email protected] Guilherme Rabelo [email protected] Leide Ortega [email protected] Thaís Macário [email protected] para anunciar [email protected] Tel. 11/2186-1022 executivos de contas Eduardo Santoro [email protected] Eduardo Saad [email protected] NÁUTICA SUDESTE é uma publicação da G.R. Um Editora Ltda. — ISSN 1413-1412. Agosto 2015. Jorn. resp: Denise Godoy (MTB 14037). Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Direitos reservados. MARKETING Renata Camargos [email protected] CTP, Impressão e Acabamento — PROL Gráfica FOTO DE CAPA: Divulgação ABVC Interior e Ricardo Rodrigues Aconteceu... Para comemorar a entrega de novas lanchas Focker na represa Xavantes, a tradicional marca convidou seus clientes para uma animada feijoada A represa Xavantes fica na divisa de São Paulo com o Paraná e é lindíssima para passeios de barco FOTOS DIVULGAÇÃO feijoada fibrafort novos barcos Acima, Ricardo Rossignoli, Gilberto Gutierrez, Talita Lourenço, casal Cawahisa, Wesley Carneiro e Thiago Fagundes, com Márcio Ferreira, da Fibrafort (à dir.). Ao lado, os barcos apresentados na linda represa A feijoada foi promovida pela autorizada Náutica Paraná com apoio da Mercury e do condomínio e marina Ilha Bela lanchas à disposição A Celmar, representante Schaefer no litoral norte de São Paulo, recebeu os clientes no ambiente tipicamente praiano da ilha A ideia foi permitir que os clientes testassem os barcos no mesmo ambiente onde eles serão usados FOTOS DIVULGAÇÃO Ilhabela Phantom Show A Celmar Boats colocou nas águas de Ilhabela a linha de lanchas Phantom, para os clientes testarem Aconteceu... FOTOS DIVULGAÇÃO A representante Volvo Penta em São Bernardo do Campo ganha um prédio inteiro A All Mar existe há mais de 15 anos e fica bem no caminho do Guarujá MEGApromoção ventura marine Em uma promoção inédita na internet, o estaleiro mineiro vendeu lanchas com até R$ 26 mil de desconto ótimos negócios Apenas dez unidades foram oferecidas na promoção relâmpago. A V265 (ao lado), que custa quase R$ 190 mil, foi vendida por pouco mais de R$ 160 mil DIVULGAÇÃO nova sede all mar clientes e amigos Marcos Ballarin (acima) recebeu clientes e amigos na nova sede, que ocupa um prédio de três andares em Rudge Ramos, no ABC paulista A promoção durou apenas quatro dias. Mas outras virão por aí divulgação abvc interior por jorge de souza ÁGUA QUE NÃO ACABA MAIS Veleiro do recente Cruzeiro Fluvial TietêParaná desliza nas águas de Promissão: a represa tem mais de 100 quilômetros de extensão A represa de Promissão não é apenas o maior represamento do principal rio de São Pau lo. É, também, onde o rio mais mal falado do país vira um mar de águas doces — e limpas O mar do Tietê promissão represa de Promissão costuma divulgação baobá A testemunhas da beleza Nos fins de tarde, uma grande bola alaranjada tinge de dourado as águas de Promissão. Um espetáculo que os participantes do cruzeiro pelo Tietê (abaixo) puderam admirar, no mês passado Promissão é tão grande que o sol se põe na água. É mais um espetáculo para os donos de barcos ser a principal atração da navegação que, todos os anos, um punhado de pequenos barcos faz pelo trecho mais sur- preendente do rio Tietê, onde o rio mais fazem a alegria das cidades ribeirinhas. E, segundo, porque, naquele trecho, o Tietê nem parece um rio. De tão largo, fruto do represamento de suas águas por duas barragens, ele lembra um pequeno mar de água doce, com margens distantes e, às vezes, até grandes ondas — razões pela quais a navegação é sempre empolgante. Foi o que os participantes daquele cruzeiro puderam sentir e que, quem quiser, também pode experimentar: basta fazer um passeio de barco na maior represa do rio mais mal falado do país e se surpreender com o que irá encontrar. 16 Náutica Sudeste jorge de souza poluído do país em nada lembra o esgoto a céu aberto que atravessa a capital paulista. E este atrativo tem dois motivos. Primeiro, porque ali o Tietê já está limpíssimo, repleto de peixes e com praias fluviais que Náutica Sudeste 17 promissão N divulgação ABVC INTERIOR o último mês de julho, uma dúzia de pequenos barcos partiu da sede náutica do Bauru Tênis Clube, no interior de São Paulo, para um programa diferente: navegar, em grupo, até a maior represa do rio Tietê, cerca de 100 quilômetros rio abaixo. Foi a quinta edição do Cruzeiro Hidrovia Tietê-Paraná, promovido pelo entusiasta Paulo Fax, da Associação Brasileira de Velejadores de Cruzeiro – ABVC, que, como das vezes anteriores, mostrou o lado menos conhecido (e, por isso mesmo, mais surpreendente) do rio mais poluído do país — e onde o Tietê ainda é como sempre foi: incrivelmente limpo e cristalino. Mas, desta vez, em vez de varar o Tietê até o fim, como nas edições anteriores do cruzeiro, o roteiro se ateve ao trecho mais impactante do rio: o que vai de Barra Bonita à represa de Promissão, esta entre os municípios de Ibitinga e Adolfo, onde o Tietê — sem nenhum exagero — vira um marzão. Mas só acredita nisso quem o vê. Daí a surpresa que este já tradicional cruzeiro fluvial costuma gerar nos seus novos participantes. “Jamais imaginei que o Tietê pudesse ter uma água limpa assim, tampouco que ficasse desse tamanho”, admirou-se o velejador Roberto Rodrigues, que fez parte do grupo de 50 pessoas que aceitaram o convite para descobrir um “outro Tietê”. Na represa de Promissão (nome do município onde fica a barragem que dá forma ao gigantesco lago gerado pelo represamento do rio naquele trecho), a largura de uma margem a outra beira os cinco quilômetros. E o comprimento chega a 106 quilômetros, banhando, pelo caminho, nada menos que sete municípios e obrigando os barcos a navegar horas a fio. É água que não acaba mais. Nos dias de vento forte, o que ali acontece com relativa frequência, dada a largura desprotegida da represa, erguem-se ondas de dois metros de altura, que podem chegar a três, nas piores tempestades — algo tão difícil de acreditar quanto a própria transparência do Tietê naquele trecho. Quando isso acontece, até a travessia das balsas entre as cidades que ficam nas margens costuma ser interrompida. “Já passei sufoco por causa das ondas desta represa até na esquina de casa”, testemunha Renato Lopes, dono da principal marina de Promissão, a Baobá (há meia dúzia delas na região, o que, por si só, já dá uma ideia do tamanho da área que a represa ocupa). “Quando o vento entra de jeito, o negócio é correr para a margem e procurar abrigo, porque as ondas, além de altas, são curtas e não dá tempo de o barco sair de uma antes de cair na outra”, garante Renato, que conhece Promissão como poucos. “Já contei 22 braços que vão dar em rios que desaguam na represa, sem contar as baías, que, quando o nível das águas está baixo, viram praias.” 18 Náutica Sudeste Por causa do tamanho da represa, quando venta forte, surgem ondas de até dois metros fotos jorge de souza programa completo No alto, a travessia da eclusa que leva à represa, acima um bar flutuante e, ao lado, o Clube Náutico Jacarandá, que recepcionou os participantes do cruzeiro: o que não falta em Promissão são atrações na água para quem tem um barco Náutica Sudeste 19 divulgação abvc interior promissão O cruzeiro pelo Tietê até a represa reuniu uma dúzia de barcos. Ninguém se arrependeu O s próprios participantes do cruzeiro da ABVC tiveram uma boa amostra disso em um dos dias do cruzeiro, que, nesta edição, cumpriu um percurso de ida e volta entre Barra Bonita e Promissão, outra novidade no roteiro. Quando tentaram partir para um passeio nas redondezas do Clube Náutico Jacarancruzeiro da alegria dá, em Adolfo, cidade que, a exemplo de todas as A caminho outras, sempre recebeu os participantes do cruzeiro da represa, o cruzeiro foi de braços abertos e com muita festa, muitos tiveram parando de de retornar rapidamente, porque o forte vento contrácidade em cidade, nas rio ameaçava colocar em risco os barcos menores. “Em margens do Promissão, a navegação, às vezes, fica cheia de emoção”, Tietê. Em todas, garante um dos veteranos dos cruzeiros no Tietê, o alemão a passagem dos barcos era radicado no Brasil, Frank Sarnighausen, que, com o seu catamotivo de festa marã, já atravessou o rio praticamente inteiro dez vezes. “Aqui é o melhor trecho, porque nem parece um rio”. E não parece mesmo. Em Promissão, o Tietê fica tão largo que até o sol se põe dentro d’água, gerando mais um espetáculo. Os outros são as bucólicas paisagens das margens, formadas por plantações e verdes fazendas de gado, a travessia das barragens de Ibitinga e Promissão pelas eclusas, gigantescas caixas de concreto que agem como “elevadores de barcos”, subindo e descendo de acordo com o nível das águas do outro lado (uma experiência fascinante que poucos rios do país oferecem), as improváveis praias e bancos de areia, que, a princípio, ninguém em sã consciência pensaria em tomar banho num rio que é quase sinônimo de esgoto, e a inacreditável (especialmente para quem mora na cidade de São Paulo) pureza das águas. Quanto mais o rio mais poluído do país avança São Paulo adentro, mais transparente ele fica. Quando chega a Promissão, o Tietê é outro rio. Na pureza, na beleza e, principalmente, no tamanho. 20 Náutica Sudeste Adolfo sales novo horizonte sabino borborema pongaí Ibitinga ReprEsa de Promissão onde fica? A represa de Promissão, um dos vários represamentos do rio Tietê para gerar energia, fica, mais ou menos, na metade do curso do rio, entre os municípios de Ibitinga e Adolfo, a cerca de 400 quilômetros da capital, São Paulo, mas bem próximo a importantes cidades do interior paulista, como Catanduva e São José do Rio Preto. A represa banha nada menos que sete municípios da região, tem mais de 100 km de extensão e se ramifica em quase duas dúzias de braços, que penetram nos rios que nela desaguam. Em volume de água é o maior reservatório da hidrovia Tietê-Paraná, que ali mais parece um mar — de águas doces e incrivelmente limpas. promissão O próximo cruzeiro no rio Tietê só acontecerá em julho do ano que vem e, desde já, todos os donos de barcos, sejam eles a vela ou a motor, já que se trata de um cruzeiro para navegadores e não apenas velejadores, estão convidados (basta entrar em contato com o organizador do cruzeiro, Paulo Fax, pelo email [email protected]). Mas, quem não quiser esperar até lá ou preferir conhecer a represa de Promissão por conta própria, tem, pelo menos, duas boas opções. Uma é alugar um barco no Clube Náutico Jacarandá (tel. 17/3814-1249), no município de Adolfo, próximo a São José do Rio Preto, e de lá sair para passear. Outra, ainda melhor, é se hospedar na confortável pousada Baobá ( b a o b a p o u s a d a .co m . b r ; tel.17/3522-1400), que tem a melhor marina da região, na vizinha cidade de Sales, cujo pacote de fim de semana já inclui um passeio de lancha pela represa, já que ela fica na beira d’água. Também em Sales fica o Resort da Ilha (tel. 17/3265-9870), que também possui marina, mas não oferece barcos. Qualquer que seja a escolha, uma coisa é certa: Promissão é um passeio que sempre promete. hospedagem com passeio A confortável pousada Baobá (acima), fica na beira da represa e tem, também, a melhor marina da região (ao lado). Nos fins de semana, quem se hospeda ganha um passeio de barco 22 Náutica Sudeste O Meu Sonho é o maior barco da represa de Promissão. Mas o que mais impressiona nele é como ele foi feito: com muita sucata do ferro-velho de seu dono Q uinze anos atrás, durante uma pescaria no Pantanal, João Beluzo, dono de um ferro-velho em Bebedouro, cidade quase vizinha a Promissão, teve uma ideia: já que trabalhava com ferro, por que não construir um barco como aquelas chalanas pantaneiras? A ideia virou sonho e ele levou dez anos para conbarco pra cretizá-lo, à base de muito empenho lá de sólido e muita sucata reclicada nos depósiSeu João levou dez tos do seu ferro-velho. Desde então, anos construindo o o Meu Sonho, como o barco foi aprobarco, com muito priadamente batizado, virou a maior material reciclado, embarcação da região. São 24 metros já que ferro é o que não faltava no de comprimento por sete de largura, seu negócio. “Só a que, multiplicados pelos seus três deescada de acesso ques, resultam em quase 400 m2 de tem mais de área a bordo — um verdadeiro terraço R$ 40 000,00 em sobre as águas da represa, de onde o aço inox”, ele diz, Meu Sonho nunca saiu. orgulhoso Mas o que mais impressiona no “barco do Seu João”, como ele é mais conhecido na região, não é nem o tamanho, mas sim a forma como ele foi construído — com muito material garimpado no negócio do seu proprietário, que também construiu o barco praticamente sozinho. E como ferro é o que não faltava no seu ferro-velho, o resultado foi um barco sem misérias nos materiais (só a escada de acesso tem “mais de R$ 40 000,00 em aço inox reclicado”, ele calcula), além de bem curioso em certos aspectos. Um deles é um sistema de “irrigação” em torno do casco, que, quando acionado, transforma o Meu Sonho em um barco-chafariz. “Tirei a ideia de um desenho na televisão”, diz Seu João. “Ficou divertido e ainda refresca quem está a bordo”. Outra curiosidade é a cozinha de dimensões quase industriais (e também inteira em aço inox) que equipa o único cômodo fechado do barco. “Gosto de comer um peixinho quando saio pra passear com a família”, explica. “Pena que isso não aconteça sempre”. Por essas e outras, Seu João resolveu colocar o Meu Sonho à venda. “Tenho outros sonhos para realizar”, diz. “Talvez até faça outro barco, com as ideias que fui tendo nesse.” Haja aço para materializar os sonhos do Seu João. fotos arquivo pessoal Então, veja aqui como navegar na represa fotos jorge de souza jorge de souza Quer conhecer também? Sonho feito de aço Ownership na medida do seu sonho. A Wind Charter oferece mais opções com maior flexibilidade para você ser proprietário de uma embarcação de luxo com todo o suporte e tranquilidade. BARCOS NOVOS JEANNEAU 50DS Ano 2012 - 2 anos a operar. Consulte! SUN ODISSEY 379 2015 SUN ODISSEY 469 2015 SUN ODISSEY 509 2015 SUN ODYSSEY 379 Ano 2012 - 3 anos a operar. Consulte! WIND 34 Ano 2013 - 4 anos a operar. Consulte! ENTRE EM CONTATO E DESCUBRA AS POSSIBILIDADES EXTRAORDINÁRIAS QUE RESERVAMOS PARA VOCÊ. [email protected] W I N D C H A R T E R . U M O C E A N O D E P O S S I B I L I D A D E S E S TÁ À S U A E S P E R A W I N D C H A R T E R . C O M . B R fotolia A CONCHA DOS DEUSES N o Brasil, elas são chamadas de vieiras. Na Itália, capasantas. Na Espanha, almejas. E nos países de língua inglesa, scallops. Mas o nome que, talvez, melhor traduza a sofisticação e o sabor suave do conteúdo destas conchinhas em forma de leque vem da França, país que entende de gastronomia como ninguém. Lá, as belas conchas com bordas simétricas e onduladas, mundialmente conhecidas como símbolo da Shell (que poderia ter escolhido qualquer concha como símbolo da marca, mas optou pela mais bonita de todas), são chamadas de coquilles Saint-Jacques, um nome tão gracioso quanto a próprio sabor delicado desta verdadeira iguaria do mar, que recentemente ganhou um festival gastronômico próprio, nos mais representativos restaurantes da baía de Ilha Grande — região onde as vieiras saem do mar direto para as mesas. Por conta do festival, em cerca de uma dezena de restaurantes da região de Angra dos Reis as vieiras viraram estrelas de novos pratos, que, dado o sucesso, seguirão sendo oferecidos nos cardápios regulares. É uma boa oportunidade de experimentar novas formas de saborear esta verdadeira delícia que vem do mar. delicadas e deliciosas As vieiras são tão saborosas que não são “comidas”: são “degustadas”. E, geralmente, usando a própria concha como “prato” divulgação NOVAS SUPER OFERTAS DO PROGRAMA DE OWNERSHIP WIND CHARTER. As vieiras são tão deliciosas que, recentemente, ganharam até um festival gastronômico próprio, em Angra dos Reis. E fizeram tanto sucesso que entraram de vez no cardápio dos principais restaurantes da região, cada um com uma receita mais saborosa que a outra. Confira Náutica Sudeste 25 vieiras Coquilles gratinadas 8vieiras em Angra maneiras de saborear As conchas são fervidas no vinho branco e, depois, o seu recheio ganha a companhia de um refogado de cebola bem picada, ervas, limão e queijo parmesão, que derrete no forno e faz os clientes do Canto das Canoas pedirem bis. O Festival Gastronômico de Vieiras da Baía de Ilha Grande aconteceu em julho, em 18 restaurantes da região de Angra dos Reis. O sucesso de algumas receitas foi tão grande que muitos deles decidiram incluir nos seus cardápios os pratos que criaram especialmente para o evento. Como estes aqui. Sorte de quem perdeu o evento, promovido pelo site navegueangra.com.br, porque, agora, poderá saborear (“degustar” seria a palavra mais correta, em se tratando de vieiras...) essas delícias o ano inteiro. Os pratos à base de vieiras não custam pouco, mas deixam lembranças para sempre. A carne tenra, de sabor suave, dessa linda conchinha — considerada a prima rica das ostras —, está entre os frutos do mar preferidos pelos grandes chefs e faz parte do primeiríssimo time de ingredientes da alta gastronomia. Mesmo as maiores conchas não rendem mais do que um pequeno anel carnudo, mas riquíssimo em benefícios para a saúde — sem falar no prazer do paladar. E elas nem engordam, porque são alimentos de baixa caloria e reduzido volume de gorduras. Quer mais algum motivo para experimentar? Aqui estão 8 deles. Coquilles flambadas Coquilles com ervas finas Nesta sugestão do Almirantado, no Saco do Céu, as vieiras são seladas no azeite, flambadas com conhaque ou vinho branco e enriquecidas com manteiga e creme de leite, antes de serem servidas, na própria concha, sobre tirinhas de alho poró. No curioso barco-bar do Jango, sempre ancorado na Praia do Dentista, as vieiras ganham o acompanhamento de ervas derretidas na manteiga. Comem-se as vieiras e, depois, também o molho, tão gostoso quanto. Spaghetti Chose de Loque No francês Chez Dominique, no Frade, as vieiras são douradas na manteiga e, junto com champignons, enriquecem um espaguete, que, como o próprio nome diz, “é uma coisa de louco”. Coquilles com creme de manga fotos divulgação Vieiras gratinadas Esta sugestão do Reis e Magos é simples, mas deliciosa: cada concha é preenchida com manteiga, ervas e parmesão ralado e vai ao forno por apenas três minutinhos, o bastante para dourar o queijo derretido. Quem gosta da fruta vai babar com esta invenção do Lagoa Verde, na Ilha Grande. As vieiras são cozidas no vapor e servidas acompanhadas de um creme de manga, que, sozinho, já dá água na boca. Estranho? Então, experimente. fotos divulgação Macarrão com coquilles Vieiras com ervas e alho Embora seja gratinado, este prato, do Náutilus, não leva queijo — só manteiga, ervas e alho ralado. Vai ao forno por exatos oito minutos (nem mais nem menos, para as vieiras não ficarem borrachudas) e arranca elogios até de quem não gosta de moluscos. 26 Náutica Sudeste Neste prato do Samburá, as vieiras são fritas no azeite, depois de temperadas com limão e pimenta-do-reino, e se misturam ao macarrão com tomatinhos-cereja, salsinha e manjericão. É tudo de bom. Náutica Sudeste 27 DO S L SA URO + J A D EM A R XS T 0 EN 2 EM vieiras 420 FULL R* DA RA DE % 50 DO LO VA T fotolia EN UMA IGUARIA PARA O ANO INTEIRO M Y CM MY divulgação Nas fazendas marinhas da baía de Ilha Grande, as vieiras produzem delícias de janeiro a janeiro C Todo luxo e sofisticação por muito menos que imagina. CY CMY K E mbora sejam consideradas iguarias, as vieiras (graças a Deus!) são relativamente comuns no litoral brasileiro e se adaptaram muito bem às criações em fazendas marinhas, como as que existem em certos pontos da baía de Ilha Grande. São dessas fazendas que saem as vieiras que abastecem os restaurantes da região, o que é uma garantia de alimento sempre fresco. E fresco mesmo, porque as vieiras são seres extremamente sensíveis, que não sobrevivem a mais do que alguns minutos fora d’água. Não raro, os músculos, que são praticamente a única parte comestível dessas conchas caprichosamente simétricas, com uma concha por cima e outra por baixo, vão para a panela ainda vivos e ali ficam apenas o tempo necessário para aquecer e ganhar certa consistência. Em seguida, nos pratos, 28 Náutica Sudeste ganham a companhia de ingredientes que apenas realçam — mas não anulam — o seu sabor naturalmente suave. Vieiras também são muito saudáveis. Pesquisas já mostraram que elas fazem especialmente bem ao coração, embora contenham certa dose de sal e colesterol. Mas suas porções naturalmente pequenas (como, aliás, tudo o que é precioso) se encarregam de evitar exageros. Nas fazendas marinhas, onde são criadas dentro de gaiolas chamadas de “lanternas”, as vieiras exigem acompanhamento diário, o que, em parte, justifica o seu preço, um tanto salgado. Mas, quando bem cuidadas, ficam prontas para o consumo após apenas oito meses e geram produção o ano inteiro. Mais um motivo para saborear os pratos do recém-terminado festival gastronômico da região de janeiro a janeiro. Aproveite. do mar para a mesa A região de Angra dos Reis tem várias fazendas marinhas que criam vieiras. De lá, elas saem, ainda vivas, para os restaurantes. Não existe melhor lugar para proválas ainda frescas Sede RJ - Iate Clube RJ Av. Pasteur, 333 Lj. 14 - Urca +55 (21) 3823-8181 Assistência Técnica Angra dos Reis +55 (24) 3365-3880 Loja Angra dos Reis Piratas - lj 148b +55 (24) 3365-3880 Showroom Angra dos Reis Verolme, Loja 10, +55 (24) 3361-2381 Representante exclusiva da PRESTIGE no Brasil com embarcações em pronta entrega. Loja Guarujá Marina Astúrias - Lj 01 Astúrias - SP +55 (13) 3354-2471 www.yachtcentergroup.com /yachtcentergroup /yachtcentergroup Sorrindo na crise Tomas Freitag, com a primeira unidade da nova Cimitarra de 76 pés, que está sendo finalizada na nova fábrica da marca (abaixo): apesar da crise, a linha de produção não para fotos jorge de souza cada vez maior Ao inaugurar nova fábrica e prestes a entregar sua nova lancha de 76 pés, a Cimitarra deixa claro que se tornou uma grande marca e que mudou de patamar no mercado A té pouco tempo atrás, a marca Cimitarra era quase sinônimo de barco barato, mas sem muito esmero. Os clientes gostavam, mas tinham certas ressalvas ao acabamento e falta de sofisticação dos modelos. Isso mudou radicalmente nos últimos cinco anos. Empurrada pela chegada dos grandes barcos importados ao país, que impuseram um novo padrão de exigência ao mercado, a Cimitarra não só enriqueceu o interior das suas lanchas como as fez crescer de tamanho. Como consequência, cresceu também a marca. E cresceu tanto que precisou até mudar de fábrica, por jorge de souza porque a anterior não comportaria o mais novo barco da casa: um quase iate, de 76 pés de comprimento, que está em fase final de construção e será apresentado no próximo São Paulo Boat Show, em outubro. Bem mais do que apenas mais um lançamento, já que lançar barcos com muita frequência sempre fez parte do DNA deste estaleiro, a nova 760 marca, de vez, a mudança de status da Cimitarra, uma marca que existe desde 1973, mas que, ao passar para as mãos do gaúcho Tomas Ko Freitag, 16 anos atrás, só fez crescer. De tamanho e relevância no mercado, como ele conta na entrevista a seguir. Náutica Sudeste 33 fotos jorge de souza cimitarra “A Cimitarra vai bem, obrigado” O que pensa o dono da marca, Tomas Freitag A nova fábrica é sinal que a Cimitarra continua crescendo, a despeito da crise no mercado náutico? Sim, mas com duas ressalvas. A primeira é que a nova fábrica foi uma necessidade, porque a nova lancha que estamos fazendo, de 76 pés de comprimento, que será lançada em outubro, no São Paulo Boat Show, não cabia, na altura, nos galpões que tínhamos antes. Já a segunda ressalva é que, sim, continuamos crescendo, mas obviamente não no mesmo ritmo de antes, embora estejamos com a nossa produção já vendida até setembro. De janeiro até agora, construímos 43 barcos, de um total de 90 que faremos este ano. É a mesma produção que tivemos no ano passado. Claro que não está ruim. Mas o problema é que, no passado, crescemos demais e muito rapidamente. E isso não é bom, porque você acaba se habituando a pro34 Náutica Sudeste duzir muito e perde eficiência no processo construtivo. Agora, estamos numa fase de ajustar os processos e diminuir custos. Quanto à queda na venda de barcos, ainda não sentimos. A Cimitarra vai bem, obrigado. Mas estamos preparados, caso isso aconteça. O que vocês pretendem fazer? O que sempre fizemos: lançar mais e mais novos barcos. Novidade sempre vende. A cada Boat Show, lançamos, pelo menos, um barco novo. Às vezes, mais de um. Agora, no São Paulo Boat Show, vamos lançar a 76 pés, que vai ser um estouro. Nisso, seguimos a mesma filosofia da Hyundai, que vive lançando carros novos. Nos salões náuticos, somos um dos estaleiros mais visitados, justamente porque sempre temos novidades. Nossos clientes nos visitam em busca disso. Querem isso. E ali mesmo decidem trocar de bar- “ De tempos para cá, investimos bastante em qualidade. Nossos barcos já não são os mesmos de antes” co. É uma ótima estratégia. Já a outra, que estamos praticando, há três ou quatro anos, é a melhora na qualidade e acabamento dos nossos barcos. Não que antes eles fossem ruins. Mas, com a vinda dos importados, mudaram as referências do mercado. Hoje, o comprador é bem mais exigente. E os nossos barcos não são os mesmos de antes. Por produzir barcos mais baratos e acessíveis, a Cimitarra sempre foi muito criticada pela concorrência. Isso persiste? Diminuiu muito, porque quem mais criticava os nossos barcos eram os representantes dos outros estaleiros, que, obviamente, só queriam vender os deles. Saíam por aí dizendo para os clientes que as nossas lanchas eram isso e aquilo e até criaram aquela série de apelidos pejorativos: “Cimitrinca”, “Cimitorra”, “Cimiracha” e por aí afora. Eles sequer deixavam os interessados experimentarem os nossos barcos, porque sabiam que, se eles fizessem isso, mudariam de ideia. Quem navega com uma Cimitarra, sente a diferença na hora. Mas isso começou a mudar quando passamos a investir em qualidade e acabamento interno e quando criamos uma rede de representantes — alguns deles, os mesmos que, até então, viviam falando mal da gente. Hoje, nossas lanchas disputam o mercado de igual para igual com as concorrentes. Mas com a diferença de que continuam custando menos. Como isso é possível? Entre outras coisas, limitando a nossa margem de lucro. Os estaleiros costumam trabalhar com margens acima dos 10%. Alguns, bem além disso. Mas nós não passamos de 5%. Ganhamos menos até do que os representantes que vendem os nossos barcos. Além disso, oferecemos o que chamamos de “compra inteligente”. Nela, damos ao cliente a opção de pagar menos por determinados equipamentos, já que são eles que costumam encarecer sobremaneira os barcos — ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a fibra de vidro, que dá forma e ta- novo endereço A nova fábrica, em Santa Cruz do Sul, no interior do Rio Grande do Sul. foi uma necessidade. Só nela caberia a nova lancha da marca manho aos cascos, é o item mais barato em qualquer barco. O cliente pode escolher se quer pagar R$ 1 mil ou R$ 10 mil por um equipamento de tipo e marca diferentes, mas que faz, basicamente, a mesma coisa. Em quase todos os outros estaleiros, ele não tem essa opção. Na Cimitarra, sim. Mas já fomos muito criticados por isso também. Como quando vocês ofereciam aparelhos de ar-refrigerado doméstico para as primeiras lanchas da marca? Sim. E este é um bom exemplo. Começamos a oferecer isso na primeira lancha que fizemos, a Cimitarra 27, que tinha uma cabine espetacular para o seu porte. Era um minibarco grande. Tinha sala com 1,80 m de altura, cozinha, banheiro, dois camarotes e... ar-refrigerado — coisa que não existia para barcos desse tamanho. Mas o cliente podia escolher se queria um aparelho convencional, igual ao que tinha em casa, ou como o dos outros barcos. A diferença é que o primeiro custava dez vezes menos, sem falar que poNáutica Sudeste 35 cimitarra A Cimitarra herdou parte da má fama do fabricante anterior da marca, que existiu até 1999. Por que, quando a comprou, você manteve o nome Cimitarra, já que passou a fazer barcos que não eram os mesmos de antes? Porque acho fantástico o trabalho de recuperação de uma marca. A história é repleta de casos bem-sucedidos desse tipo. Como Harley Davidson, Zara, Tramontina e as lojas Renner. Quando peguei a Cimitarra, ela não produzia mais do que três ou quatro unidades por ano. Hoje, faço quase 100 e já fiz bem mais do que isso. Em 16 anos, produzimos 1 470 lanchas. Ainda este ano, chegaremos a 1 500. Quanto vale uma empresa com este histórico? Mas, de certa forma, isso só foi possível porque o nome Cimitarra, bem ou mal, já era conhecido. Eu não precisei começar uma marca do zero, embora, talvez, tivesse dado menos trabalho e gerado menos críticas. a mais nova é, também, a maior de todas E m outubro, no São Paulo Boat Show, será apresentado o maior barco já fabricado pela Cimitarra: o modelo 760, de quase 24 metros de comprimento, cuja primeira unidade está em fase final de construção, no estaleiro da marca, na cidade gaúcha de Santa Cruz. O barco, pelo seu tamanho já quase classificado como um iate, usará sistema de propulsão Volvo IPS 1200, terá três ou quatro suítes, dependendo da vontade do dono, e a altura da cabine chegará a impressionantes 2,80 metros na sala (pés-direitos generosos sempre foram uma das características dos barcos Cimitarra). Embora seja “ Novidade sempre vende. Por isso, lançamos tantos novos barcos. É uma das nossas estratégias” Além do custo-benefício, na sua opinião, quais são as outras características que diferenciam as lanchas Cimitarra? Uma delas é o tamanho. Nossas lanchas são sempre bem maiores do que os números que designam os modelos. Nossa 34 pés tem, por exemplo, 38 pés de comprimento e isso acontece em toda a linha, porque medimos nossos barcos pela linha d’água, não pelo real comprimento dos cascos. Como eu já uma completa novidade, três unidades já foram vendidas, antes mesmo de serem produzidas. No salão, a nova Cimitarra 760 será oferecida por cerca de R$ 6,8 milhões, o que é significativamente menos do que um barco importado do mesmo porte. “Investimos bastante para projetar e construir este barco, mas não temos pressa em recuperar o dinheiro”, diz Tomas, ao explicar o preço. “Mesmo no caso de um iate, seguimos fiéis à nossa linha de restringir a margem de lucro para poder oferecer um barco financeiramente competitivo”, diz o dono do estaleiro, cheio de orgulho da nova lancha da marca. disse, a fibra de vidro é o item que menos custa no processo de fabricação de um barco. Portanto, não há razão em economizá-la. Mas não cobramos a mais por isso. Ao contrário, nosso preço é sempre mais baixo, o que é outra característica da marca. De tempos para cá, passamos a ditar os preços dos barcos dos estaleiros concorrentes, porque eles tiveram que tentar se aproximar dos nossos. Já, no tamanho, simplesmente não há como comparar nossas lanchas com as outras. As mulheres, em especial, adoram as cabines dos nossos barcos, porque elas são altas e nada apertadas. Na nova 76 pés, a altura da sala chegará a 2,80 m. Não existe nada igual. Mesmo assim, recentemente, cresci alguns modelos em um metro de comprimento. Para ficarem ainda maiores? Nem tanto, mas sim por uma quest ão técnica. A maioria A nova linha das lanchas Cimitarra fotos divulgação De 36 a 76 quiser, a pessoa depois coloca. Eles custarão 20% menos. É a tal “compra inteligente”. jorge de souza dia trabalhar com um geradorzinho portátil, que custava menos ainda. Resultado? As vendas estouraram. A Cimitarra 27 vendeu mais de 400 unidades e, até hoje, é tão procurada no mercado de usados que ninguém acha uma para comprar. Um modelo de 2005 vale hoje mais do que um zero naquela época. Foi — e ainda é — um fenômeno. Foi, também, o alavancador do crescimento da nossa marca. Por causa disso, começaram a falar mal da gente. Diziam: “onde já se viu colocar um ar-refrigerado de casa num barco?” Mas, qual é o problema, se funciona perfeitamente? Por acaso, nas casas de praia, que também estão sujeitas a maresia e umidade, todos os aparelhos de ar-refrigerado são centrais ou especiais a ponto de custarem dez vezes mais? Por isso, não descarto a possibilidade de voltar a oferecer este tipo de recurso. Se a crise apertar, uma saída é oferecer alguns modelos de barcos, também, na versão básica, ou seja, com toda a instalação feita, mas nenhum acessório a bordo. Como fazem os fabricantes de automóveis. Se quase pronta Tomas, com a primeira unidade da nova Cimitarra 760: beleza, até quatro suítes e sala com 2,80 m de altura cIMITARRA 360 - É o antigo modelo de 34 pés, agora aumentado no casco. Custa a partir de R$ 480 mil. 36 Náutica Sudeste cIMITARRA 400 - É o modelo de 38 pés que também cresceu e ganhou nova divisão na cabine. cIMITARRA 440 - Tal qual os modelos menores, tem versões com targa, hard top, capota, fly ou minifly cIMITARRA 520 - O modelo de 50 pés também cresceu. Tem versões com fly, minifly e HT. cIMITARRA 560 - Lançado no Rio Boat Show, é o maior barco da marca. Mas só até o próximo salão. cIMITARRA 760 - A maior lancha da história da Cimitarra será lançada em outubro, em São Paulo. Náutica Sudeste 37 cimitarra dos clientes estava optando por motores e geradores mais potentes, o que aumentava sobremaneira o peso na popa dos barcos. Então, para que eles mantivessem a principal característica da marca, que não é o custo-benefício, nem o preço ou o tamanho dos cascos, mas sim a ótima navegação, resolvemos aumentar a flutuabilidade, ‘esticando’ um pouco mais os cascos. Ficou perfeito. E os clientes ainda ganharam mais espaço. vel. Nosso forte nunca foi a alta performance, o que se consegue apenas aumentando a cavalagem dos motores, mas sim a navegação uniforme, não importa qual seja a velocidade. Nossas lanchas planeiam fácil, não erguem a proa nas arrancadas e têm o mesmo comportamento tanto a 10 quanto a 25 nós. Mas alguns clientes queriam navegar rápido e resolvemos atendê-los. É mais fácil vender um barco para quem nunca teve ou mozart latorre Mas uma das características das Cimitarras não era justamente usar motores de baixa potência? Sim. E continua sendo. Nossos barcos sempre foram leves e ficaram ainda menos pesados depois que passamos a usar o método de infusão, em vez da tradicional laminação da fibra de vidro, nos cascos maiores. Por isso, não exigem motores potentes, o que também resulta em economia de combustí- “ A maior característica dos nossos barcos não é o preço acessível. É a qualidade da navegação 38 Náutica Sudeste fila para ver Nos Boat Shows, o estande da Cimitarra é sempre assim. “Tem a ver com o meu passado, quando eu era barrado nos salões náuticos”, diz Tomas. “As pessoas ajudam a divulgar os meus barcos”, explica convencer um cliente a mudar para um modelo maior? No nosso caso, fazer o cliente crescer o tamanho do barco, porque já temos uma boa clientela e ela é bem fiel à marca. Tem muita gente que já está na sua quarta ou quinta Cimitarra e não quer saber de outro barco. Ajuda muito nisso o fato de termos uma linha de modelos em escadinha, que vai subindo dos 36 até 76 pés. E, nos modelos menores, a diferença de preço entre eles é pequena, o que favorece a escalada. Por cerca de R$ 200 mil a mais, a pessoa passa de uma 36 pés para uma 40 pés e por aí vai. Para ajudar nesta caminhada, nós ainda garantimos aos clientes que a depreciação do barco deles será de apenas 10% no primeiro ano e 20% no segundo, quando o normal é o mercado depreciar uma lancha nova em quase 25% logo após o primeiro ano de uso. Ou seja, ele sabe que, se quiser trocar por outra Cimitarra, não perderá dinheiro. Já, no caso de um interessado em comprar o seu primeiro barco, sempre começo perguntando com qual frequência ele pretende usar a lancha. Se ele disser “pouco”, recomendo logo que o motor seja a diesel, porque barco com motor a gasolina parado muito tempo é aborrecimento na certa. Com motor diesel fica mais caro, mas ele não se arrepende. E vira cliente para sempre. Mas, de cada dez barcos que vendemos, sete são para já clientes. C M Y CM MY CY CMY K cimitarra “Entramos numa nova fase” A crise geral também está afetando a Cimitarra? Um pouco, claro que sim. Como em todos os estaleiros. Mas, com certeza, estamos sentindo menos do que a concorrência, porque nossas vendas continuam acontecendo. Sempre oferecemos barcos com preço justo e bom custo-benefício e isso tem ajudado. Mas a melhora da qualidade no acabamento dos nossos barcos é visível, e os têm tornado ainda mais atraentes para os compradores e mais competitivos no mercado. Os tempos são de tempestade na economia, mas quem sobreviver terá um futuro tranquilo. Este é o nosso caso. E esta segurança na marca os nossos clientes também sabem que têm. O preço mais baixo continua sendo o principal atra- tivo dos barcos Cimitarra? Principal, não. É um deles. A qualidade da navegação e, agora, o acabamento mais refinado, também entram nesta fórmula do sucesso da marca. Nossos barcos não são baratos. São justos no preço, porque sempre adotamos a postura de cortar as gorduras que engordam os lucros. No próximo São Paulo Boat Show, por exemplo, eles vão ser oferecidos pelos mesmos preços do salão do Rio, alguns até iguais ao Boat Show do ano passado, apesar dos aumentos nos custos. Não vamos sequer corrigir os valores, apesar do aumento do dólar e da inflação no período. São atitudes assim que tornam os nossos barcos mais acessíveis e atraentes para os bolsos dos compradores. Além deles terem qualidade. Tanto que Como explicar as filas que se formam nos salões para visitar os seus barcos? Porque também não adotamos a política antipática de selecionar, pela cara, as pessoas que poderão visitar os nossos barcos. Isso tem a ver com o meu passado. Antes de virar fabricante, eu visitava os salões náuticos. Só que, como não tinha cara de milionário, até porque não sou um deles, era barrado. Hoje faço justamente o contrário: convido os menos privilegiados, porque sei que eles ficarão tão impressionados que sairão falando 40 Náutica Sudeste divulgação O diretor comercial da Cimitarra, Marçal Martins, explica por que a marca está cada vez mais forte estamos começando a exportá-los, agora até para a Flórida. A própria fábrica continuará vendendo os barcos que faz? De certa forma sim, mas não mais diretamente, como antes. Estamos criando uma rede de revendas oficiais da marca, como a própria Universo Náutico, de São Paulo, que eu também toco, e elas passarão a atender aos clientes de outras regiões. No São Paulo Boat Show, os novos representantes já estarão atuando. Mas claro que a fábrica continuará atendendo e conversando com os clientes sempre que eles desejarem, porque a proximidade de contato sempre foi outro diferencial da nossa marca. Até nisso somos um estaleiro acessível. maravilhas. E quem sabe se alguém os escuta, se interessa e compra? É assim que uma marca “entra” na cabeça das pessoas. Pela emoção. Eles viram nossos garotos-propaganda. E se, um dia, tiverem dinheiro, lembrarão do nome Cimitarra. Desde garoto eu sonho em ter um Mercedes Benz conversível, por causa de um carro que vi na infância. Um dia, eu consigo. Mas fabricantes de “iates”, como a maioria das pessoas chamam as lanchas maiores, não são todos milionários? O que representa o lançamento de uma lancha de 76 pés para a marca Cimitarra? Significa o início de uma nova fase, embora, por enquanto, não estejamos pensando em passar deste tamanho, porque o investimento para construir um barco deste porte é bem grande. Mas é uma prova incontestável da capacidade e do crescimento da marca. Tanto que vamos mudar o nome do estaleiro para Cimitarra Yachts. Mesmo antes de ser lançada, a nova 76 pés já tem três unidades vendidas, todas para quem já tem uma Cimitarra. Aliás, 60% das nossas vendas são para já clientes, o que mostra o grau de satisfação deles. Estamos empolgados. Apesar da crise lá fora. Alguns, talvez, sim. Eu não, com certeza (rindo). Até porque invisto tudo o que ganho na própria fábrica. Meus barquinhos particulares são uma velha Magnum americana, com mais de 30 anos de uso, e uma lanchinha Leopard dos anos 70. Só agora estou fazendo uma Cimitarra para mim. As outras que fiz para usar, acabei vendendo para algum cliente que não queria esperar. Trabalho duro, mas não tenho do que reclamar. Meu prazer é ver a Cimitarra se tornar cada vez mais conhecida. navegador solitário A história do argentino Victor Otaño, que depois de dez anos nas águas brasileiras com um barquinho que poucos se atreveriam a ir além de uma baía, voltou navegando para casa e lá embarcou em sua última viagem por jorge de souza N o ano passado, alguns poucos moradores de São Francisco do Sul e Jaguarão, este um pequeno município no extremo sul do Rio Grande do Sul, tiveram contato com um velejador bem alto, magro, muito educado e dono de uma invejável tranquilidade, que por ali passou a caminho de casa, na Argentina, com um barco difícil de acreditar para um percurso tão longo: um veleirinho Van de Stadt, de apenas 21 pés. Dentro dele, era preciso ser contorcionista para caber na cabine, que, de tão acanhada, mais parecia uma caverna. Tinha apenas uma cama, uma lâmpada, um fogareiro e garrafões plásticos de cinco litros, estocados com água dentro da cabine. Banheiro também não tinha. Mesmo assim, era a “casa” daquele agradável senhor argentino, de 73 anos, desde que ele deixara o seu país, dez anos antes, sem nenhum tostão no bolso, e seguiu, velejando, até a Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, onde passou a viver desde então, sozinho, a bordo daquele minúsculo barquinho. Seu nome era Victor Otaño e aquele barquinho era tudo o que ele tinha. Mesmo assim, Victor jamais reclamou da vida ou das necessidades que ela lhe impunha. Tampouco da idade já avançada e das limitações que isso traz, ainda mais no mar, no comando de um barco tão suscetível a tudo. Ultimamente, apenas comentava, discretamente, como sempre, certa saudade da família, das três filhas e dos netos, que não via desde que deixara a Argentina, no rastro de uma crise econômica que lhe tomara todo o (pouco) dinheiro que tinha. Por isso, naquela ocasião, Victor estava voltando para casa, devagarzinho, navegando com o seu barquinho, da mesma forma como quando partira. E parou em Jaguarão para se despedir de amigos que fizera por aqui. Uma despedida para sempre. Tão logo chegou à Argentina, Victor Otaño embarcou na sua derradeira viagem. Como se tivesse calculado direitinho o tempo para isso acontecer. Foi a última lição de vida de um humilde navegador, que só deixou amigos por onde passou. sábio e solitário Victor e o minúsculo Marangatu, de apenas 21 pés, que era casa, companhia e amigo: ele não precisava mais do que isso Náutica Sudeste 43 luciano guerra A última viagem do velho A lém da educação e tranquilidade ao falar, mesmo com as limitações que outro idioma traz, o que mais impressionava as pessoas que conheceram Victor Otaño (não muitas, é verdade, porque ele era, acima de tudo, discreto) era o tamanho diminuto do seu barco. E de onde tinha vindo com ele: a Argentina. Era um casquinho com pouco mais de três palmos de altura, com o qual praticamente ninguém se arriscaria a ir além de uma represa. Mas Victor não pensava assim. “Navegar tem a ver com meteorologia, não com o tamanho do barco”, costumava dizer. “É mais importante ser um bom meteorologista do que um grande navegador. Quem parte na hora certa, vai onde quiser”. E ele ia. Às vezes, bem longe. Foi assim que Victor veio da Argentina até o litoral do Rio de Janeiro, numa travessia que chegou a ter trechos de 13 dias seguidos no mar aberto de Santa Catarina — durante os quais ele só reclamou das calmarias, o que, em suas sábias palavras, se resolvia dormindo. Do mesmo jeito, dez anos depois, voltou para casa, para dar o último suspiro na mesma cidade onde morara: a montanhosa San Martin de los Andes, quase vizinha a Bariloche, que, como se sabe, nem mar tem. Victor partiu de lá empurrado por uma das tantas crises econômicas argentinas, que lhe tirou o único negócio que tinha, uma vendinha. Pegou, então, os trocados que lhe restaram, comprou comida, rebocou o seu barquinho, o Marangatu (“boa pessoa”, em guarani) até Buenos Aires, baixou-o no rio da Prata e tomou o rumo do Brasil. Não tinha planos. Queria apenas viver melhor do que antes e não precisava de muito para isso. Estava acostumado a viver sem nada no bolso. Na Ilha Grande, onde fincou âncora por quase uma década, quando não conseguia bicos de trabalho em outros barcos, passava dias comendo apenas jacas, que catava no Ele era discreto e vivia sozinho, no seu barquinho. Mas só gerou amigos por onde passou 44 Náutica Sudeste Luciano guerra navegador solitário vida simples A cabine do Marangatu era tão acanhada que Victor mal cabia dentro do barco. Mas, para ele, bastava mato. Não pedia nada a ninguém. Não reclamava. Jamais incomodava os outros com as limitações da sua vida solitária naquele barquinho, onde mal cabia os seus quase dois metros de altura. Vivia bem dessa forma. Mesmo, muitas vezes, não tendo nem o que comer a bordo do Marangatu. — Qualquer dia, volto para casa — dizia, quando lhe perguntavam sobre os planos futuros. Quando decidiu que era a hora, no início do ano passado, partiu sem avisar ninguém. Não queria incomodar. Da Ilha Grande, Victor iniciou o longo caminho de volta para casa sem pressa alguma. Foi velejando quando o mar permitia e parando quando encontrava um bom abrigo para o seu barquinho. Quando chegou a Florianópolis, pensou em desistir da travessia e voltar para a Argentina de ônibus. Mas não tinha dinheiro para a passagem. — Venda o barco — alguém sugeriu. Foi uma das poucas vezes em que se mostrou ofendido. “Não se vende um amigo”, teria respondido. E voltou para o mar, com sua casquinha de noz. Meses depois, chegou ao Uruguai, onde deixou o Marangatu na segurança do trapiche de um velho amigo, pegou o ferry boat que atravessa para a Argentina e foi rever a família, que não via desde que havia partido. Voltaria em seguida, quando encontrasse um jeito de levar o barco de volta às montanhas de San Martin de los Andes, onde pretendia voltar a passear pelos lagos, agora na companhia dos netos. Não deu tempo. Quando chegou lá, Victor deitou para descansar e nunca mais acordou. Morreu dormindo, naquele tipo de morte que, se fosse possível escolher, todos gostariam de ter. Foi discreto até nisso. Mas deixou como herança uma legião de amigos, tanto na Ilha Grande quanto em todos os portos por onde passou. TRAGA A FAMÍLIA E OS AMIGOS PARA UM AMBIENTE AGRADÁVEL! A Marina Imperial convida você a conhecer a mais nova infra-estrutura náutica de Caraguatatuba. • 6.000mts. de área coberta • Recebemos embarcações de até 60 pés • Rampa larga com baixo declive • Estacionamento próprio • Segurança monitorada 24 horas • Bar e Restaurante • Churrasqueira e Forno a lenha • Vestiário completo de alto padrão MARINA IMPERIAL www.marinaimperial.com.br [email protected] (12) 3887-2637 (12) 99741-2189 Av. José Herculano, 7311 - Porto Novo - Caraguatatuba - SP COMO DEVE SER UM BOM BARC O DE ALUMÍNIO divulgação Com tantos fabricantes no mercado, nem sempre é fácil escolher um casco de alumínio realmente seguro. Mas algumas características ajudam muito 46 O ALUMÍNIO DEVE SER NAVAL CHAPAS DE BOA ESPESSURA TER CAVERNAS na estrutura SOLDA É MELHOR DO QUE REBITES REBITES DE BOM ALUMÍNIO CASCO NÃO ESTREITO DEMAIS CONVÉM TER VINCOS NO CASCO FUNDO DE ACORDO COM O USO NÃO PRECISA SER PINTADO NEM LEVE NEM PESADO DEMAIS Nem todo alumínio é igual. É preciso que a sua liga seja naval. Ou seja, no caso de o barco bater em algo, o alumínio deve amassar (e até deformar!), mas não rachar, o que só se consegue com ligas especiais. Também é fundamental que a estrutura interna seja do mesmo material, não de alumínio convencional. A espessura do alumínio tem a ver com o tamanho do casco: quanto maior ele for, mais grossas devem ser as chapas. E o fundo deve ser, no mínimo, de 0,3 a 0,5 mm mais espesso que o costado, dependendo do tamanho do barco. Para cascos de cinco metros, boas chapas são as de 1,5 mm (fundo) e 1,2 mm (costado). Mesmo nos modelos bem pequenos, chapas com menos de 1,2 mm nem pensar. Todo barco precisa ter cavernas internas, porque são elas que dão estrutura ao casco. As cavernas devem ter a forma de “U” e subir até a ponta dos costados, além de também serem de alumínio naval. Quanto mais largo for o casco, mais cavernas ele deve ter e menor o espaço entre elas. Soldas praticamente não soltam, mas exigem chapas mais grossas (por conta do próprio processo de soldagem), o que eleva bastante o custo do casco. Por isso, são mais usadas em grandes barcos de serviço, de uso mais constante. Para pequenos barcos de lazer, rebites dão conta do recado. Rebites funcionam muito bem em barcos de lazer, desde que eles também sejam de alumínio naval de boa qualidade. Rebites de alumínio não confiável comprometem a segurança de qualquer barco. Pergunte sobre a especificação do alumínio antes de fechar negócio. Barcos estreitos têm menos estabilidade. A fórmula básica é a do “três por um”: três medidas de comprimento para uma de largura. Ou seja, barcos de cinco metros de comprimento devem ter cerca de 1,60 m de largura. Desconfie dos barcos finos demais, porque o preço, quase sempre, é dado pelo comprimento, sem considerar a largura do casco. Vincos e dobras nas chapas geram reforços e aumentam a resistência geral do casco. Mas não são obrigatórios. Contudo, barcos com cascos “lisos” requerem estrutura interna reforçada. Se não tiver nem uma coisa nem outra, escolha o de outro fabricante. O tipo de fundo de casco tem a ver diretamente com o local onde o barco irá navegar. Quanto mais agitadas forem as águas, maior deve ser o “V” do casco. Já barcos de pescadores devem ter o “V” menos acentuado, para aumentar a estabilidade quando estiverem parados. Fundos chatos só para águas bem tranquilas. Nos cascos de alumínio, a pintura é elemento apenas decorativo, já que eles não oxidam. Mas, se quiser um barco mais bonito, pergunte sobre como foi feito o processo de pintura. O ideal é que haja uma camada de tinta base (primer) e, pelo menos, três demãos. O peso do barco tem a ver, principalmente, com a espessura das chapas de alumínio. O ideal (tanto para o transporte terrestre quanto para a performance na água) é que ele seja o mais leve possível, mas não como consequência de economia no alumínio. É mil vezes preferível um barco mais pesado e seguro do que um leve não tão confiável. Náutica Sudeste Náutica Sudeste 47 classificados NOVOS E SEMINOVOS LANCHAS NOVOS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS PreSTige 420 Bruce Farr 40. 1987. Motor Yanmar 39 hp. Hélice, radio VHF, sanitário , bússola, bússola e conversor de 12v para 110 V e 220 V R$ 260 mil. Tel. 11/98182.5539 - Giba Intermarine Excalibur 39. 1998. 2 Volvo 260 hp cada. R$ 200 mil, estado novo, pouco uso, completo, com bote inflável. Tel. 51/8124-5499— Jochen Lancha Real 34 Class. 2006. Mercruiser 220 hp. Guincho elétrico, som, gps, carreta de encalhe. R$ 380 mil. Tel. 11/97207.2740 — Marcos Thomazzoni Lagoon 450. 2012. 04 suítes + cabine com beliche para 2 marinheiros com banheiro completo. R$ 2.200.000,00 Tel. 24/99217.2222 - Roberto Luiz Triton 280. 2008. Mercuiser 230 hp diesel. Motor com 120 horas de uso. R$ 180 mil. Tel. 71/3261-7539 — Jayme Cimitarra 340. 2012 . 2 motores 2.8 220HP Diesel. Flap, boiler, ar-condicionado, bote Zaffir. R$ 459 mil. Tel. 11/119443-7229 — Luciano Comfort V 300. 2015. 01 motor PreSTige 620 PRONTA - ENTREGA PRONTA - ENTREGA Mares Cat 54. 1998. Motor Cat 3406. R$ 900 mil. Ampla praça de popa com coock top, pia, caixa de gelo Tel. 21/99159-4285 - Fabio Solara 310. 2012. Mercury 320 hp, gerador, antena sky e guincho. R$ 400 mil. 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Soa como um incidente raro, mas cerca de 10 000 petréis e albatrozes morrem deste jeito, por ano, só na costa Sul e Sudeste do Brasil. É um problema sério, que afeta de maneira fatal uma das espécies de aves mais ameaçadas do planeta. Mas a solução é relativamente simples. Basta os pescadores obedecerem a três princípios, que, inclusive, são leis: só soltar as linhas à noite, quando as aves geralmente não voam, colocar os pesos mais próximos aos anzóis, para que eles afundem mais rápido, e usar toreline nos barcos.” 2 iniciativas em favor da preservação de uma espécie marinha do país: os albatrozes e petréis, aves de hábitos oceânicos, raramente vistas no litoral, e que são vítimas de uma situação ainda menos óbvia para um bicho que voa: os anzóis dos pescadores, como ela conta, nesta rápida conversa. O que é toreline? “É uma espécie de fita colorida, lançada na água junto com a linha. Sua função é afugentar as aves, feito um espantalho, até que os anzóis afundem e fiquem a salvo dos albatrozes e dos petréis. Algo simples, mas bem eficaz, até para os próprios pescadores, porque essas aves são ótimas “roubadoras” de iscas. Desde que a utilização do toreline nos barcos de pesca de alto-mar virou lei, os pescadores têm colaborado e os barcos são fiscalizados. Aliás, por mais contraditório que possa parecer, os pescadores são os maiores aliados do nosso projeto, pois só eles, com medidas assim, podem ajudar a preservar a espécie. Eles são a solução. Não o problema. Até porque a pesca precisa existir. Cabe a nós criarmos uma convivência harmoniosa entre aves e pescadores, especialmente nas regiões mais críticas, como Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e a costa de Santa Catarina, onde também as aves sabem que têm mais peixe.” 3 Onde é mais fácil ver um albatroz? “Não é muito fácil, porque os grandes albatrozes, os chamados “viageiros”, são aves oceânicas, que não costumam frequentar a costa. Mas, de vez quando, alguns indivíduos se aproximam um pouco mais do litoral, seguindo os barcos de pesca. No Brasil, eles frequentam especialmente o mar das regiões Sul e Sudeste, chegando até o Espírito Santo. São aves magníficas, que fazem longas travessias oceânicas nas baixas latitudes e chegam a ter 3,5 metros da ponta de uma asa a outra. Os navegantes as admiram, porque elas vivem onde só existe água e dizem que traz boa sorte. Mas, como são aves pouco vistas, nós tratamos de divulgar a importância da espécie tanto para os pescadores quanto para as crianças, por meio de programas de visitações a escolas. Nosso projeto ajuda tanto a preservar quanto a popularizar um animal que poucos conhecem, justamente porque é raro. Magnificamente raro de ser ver.” GT 35 Náutica sudeste GT 44 GT 49 fly Agora você encontra toda a linha Beneteau na Marina Porto Yachts. Marina Porto Yachts Concessionária Beneteau Av. Alm. Tamandaré, 304 Ilhabela Gunnar Möller 50 GT 40 [email protected] [12] 997.144.626 - ID 55*7*59237 SP-BRASIL Marcos Möller [email protected] [12] 974.034.565 - ID 35*19*73346 Luiz Sayeg [email protected] Náutica sudeste 51 [12] 981.257.525 - ID 55*90*117671 TWO WAYS TO CONQUER THE WORLD. 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