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Pá g . 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 EXPANSÃO Cocamar inaugura sua unidade em Presidente Prudente (SP) Evento no último dia 21 contou com a presença de mais de 300 agropecuaristas do município e região, além de autoridades e outros convidados Em um evento realizado no último 21 no Restaurante Guaíba em Presidente Prudente (SP), com a participação de mais de 300 pecuaristas e agricultores do município e região, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial fez uma inauguração simbólica de sua unidade de atendimento na ci- dade, situada na Av. Coronel José Soares Marcondes, 4.862, onde começou a operar no dia 24. Na oportunidade, o presidente Luiz Lourenço, o vicepresidente José Fernandes Jardim Júnior e o superintendente de Negócios, José Cícero Aderaldo, fizeram uma Prestigiamento demonstra a boa receptividade dos produtores em relação a chegada da cooperativa “Estamos muito confiantes ao escolher Presidente Prudente como a porta de entrada de nosso projeto de expansão fora do Paraná. A Cocamar chega para apoiar os produtores, oferecendo produtos agropecuários de alta qualidade e a preços competitivos” LUIZ LOURENÇO, presidente da Cocamar J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 apresentação da cooperativa, que está completando 50 anos em 2013. Segundo Lourenço, Presidente Prudente foi escolhida para ser a porta de entrada do projeto de expansão da cooperativa no Estado de São Paulo. Com 54 unidades operacionais nas reuniões Norte e Noroeste do Paraná, onde atende cerca de 12 mil produtores associados e 25 mil clientes, a Cocamar está entre as principais organizações cooperativistas do país, com faturamento estimado em R$ 2,5 bilhões este ano. PRODUTOS - Sob a gerência de André Longen e uma equipe de dez colaboradores, a unidade opera na comercialização de insumos agropecuários - rações, produtos veterinários, fertilizantes, sementes, defensivos, madeira tratada, implementos, filtros, pneus e lubrificantes. A linha de néctares de frutas “Purity”, produzidos pela cooperativa, também integram o portfólio. “Queremos crescer em Presidente Prudente”, afirmou o presidente da Cocamar, que é reconhecido no país como um dos maiores defensores do sistema de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), o qual considera “uma revolução sustentável do agronegócio”. Ao evento do dia 21 compareceram o deputado estadual Ed Thomas, o secretário de Desenvolvimento Econômico Aristeu Santos Penalva de Oliveira, representantes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), coordenadores da Unoeste (instituição parceira da Cocamar), e outros. Entre os pecuaristas, alguns já tradicionais clientes da cooperativa, como Antonio Renato Prata, Laudério Leonardo Bottigeli e Henrico Cesar Volpon. “A presença da Cocamar em Presidente Prudente é uma conquista e todos podem estar certos que a sua história aqui será um grande sucesso” ARISTEU SANTOS PENALVA DE OLIVEIRA, secretário de Desenvolvimento Econômico do município “Nossos cumprimentos aos diretores da Cocamar por escolherem nossa cidade para sua incursão no Estado de São Paulo, um lugar de grande potencial. Vocês escolheram certo” ED THOMAS, deputado estadual “Sou cliente da Cocamar há muitos anos. Aliás, sou um propagandista da Cocamar e de seus produtos” ANTONIO RENATO PRATA, agropecuarista “Quem traz boas sementes para esta terra, só tem a colher. Ficamos muito contentes com a presença da Cocamar” LAUDÉRIO BOTTIGELI, empresário e agropecuarista Ao lado, a fechada da unidade, situada em local de fácil acesso na Avenida Coronel José Soares Marcondes, 4.862. Nas fotos acima, personalidades presentes ao evento e a equipe de colaboradores Jornal de Serviço Cocamar J unho 2013 - Pág. 4 mercado RETOMADA “Atender à demanda nutricional por alimentos projetada pela FAO é uma missão impossível.” ANTÔNIO LÍCIO, economista e consultor Em recente relatório, o USDA diminuiu um pouco a sua previsão para a produção mundial de soja, milho e trigo, mas os cortes que fez foram considerados tímidos e, segundo entendidos, não ameaçam a perspectiva de crescimento em relação à última safra (2012/13). Mais milho De acordo com o órgão, a produção mundial de milho pode chegar a 962,6 milhões de toneladas, uma redução de 0,34% ante a estimativa divulgada em maio. A projeção para os estoques finais também caiu, 1,8%, para 151,8 milhões de toneladas. Ainda assim, trata-se de um aumento de 11,4% na produção e de 22,1% nos estoques, quando comparados aos da safra anterior. REDUÇÃO - O USDA reduziu em 0,95%, a 355,7 milhões de toneladas, sua estimativa para a nova safra americana de milho. Ainda assim, o número indica um aumento de quase 30% ante a colheita anterior e 6,9% sobre a produção recorde de 2011/12. ESTOQUES - Os estoques americanos de milho somarão 49,52 milhões de toneladas ao fim da safra - 3% abaixo da estimativa de maio, mas 153% maiores que o volume remanescente da safra anterior. Menos soja O relatório do USDA foi praticamente neutro para a soja. De acordo com o USDA, o mundo deve colher 285,3 milhões de toneladas no próximo ciclo, apenas 200 mil a menos do que o previsto em maio. O volume representa, porém, um crescimento de 6,6% ante a safra anterior. CORTE - O USDA também reduziu, em 1,69%, para 73,69 milhões de toneladas, a projeção para os estoques finais mundiais da safra 2013/14. O corte deveu-se a um ajuste nos estoques remanescentes da safra passada, reduzidos em 1,93%. Apesar disso, o volume ainda representa uma alta de 20,4% ante o de 2012/13. 92,26 milhões de toneladas, é a projeção 85 para a produção americana. milhões de toneladas é quanto o Brasil deve produzir. Oferta ainda está aquém da demanda Com a oferta global de alimentos crescendo em níveis aquém da demanda, o papel de regular o consumo de alimentos para uma parcela relevante da população mundial será exercido pelos preços mais elevados. Esta é a perspectiva de Antonio Lício, economista e consultor do Fórum do Futuro, entidade ligada ao ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. “Atender à demanda nutricional por alimentos projetada pela FAO [a Agência para Agricultura e Alimentação da ONU] para essa década é uma missão impossível”, afirma Lício, referindose ao relatório em que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a FAO estimam que a produção global de alimentos teria de aumentar 20% até 2015 para atender à crescente demanda. O Brasil teria de contribuir com 40% desse crescimento, projetava o estudo em 2011. Volumes de grãos estão se recompondo no panorama internacional, o que arrefece os preços 183 milhões de hectares precisariam ser incorporados ao processo produtivo J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 5 AMPLIAR - Pelas contas do economista, o mundo precisaria ampliar a área plantada com os principais grãos – milho, arroz, trigo e soja – em 183 milhões de hectares até 2020 para satisfazer a demanda. Esse avanço contempla, ainda, um incremento de produtividade de 20%, conforme o modelo economométrico criado por Antonio Lício. A questão é que, na avaliação do economista, os 183 milhões de hectares não serão alcançados, e muito menos com um crescimento de produtividade da ordem de 20%, uma vez que a curva de incremento de produtividade vem se desacelerando nos últimos anos, segundo ele. A perspectiva esmiuçada por Lício também leva em conta um argumento histórico. “Nunca na história o mundo aumentou a área plantada com grãos em mais de 84 milhões de hectares em uma década”, diz. SALTO - No que diz respeito à produtividade, a estimativa feita por Lício não é consensual. Em suas projeções, o De- partamento de Agricultura dos EUA (USDA) prevê que a produtividade do milho no país saltará 20,3% entre as safras2011/12 e 2020/21, de 9,35 toneladas por hectare para 11,25 toneladas por hectare. Trata-se de um avanço significativo para uma agricultura como a americana, que já atingiu níveis de produtividade elevados. Para efeito de comparação, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que o Brasil colherá 4,9 toneladas por hectare de milho na atual afra, a 2012/13. POTENCIAL - Lício estima, ainda, que o Brasil tem potencial para ampliar a área plantada em até 56 milhões de hectares, mas apenas 20 milhões seriam acrescidos até 2020, dado o atual ritmo de ampliação da área plantada. Do potencial total, o economista diz que 20 milhões de hectares viriam do aumento do plantio da safra de inverno, 21 milhões de áreas que hoje são pastagens e apenas 6 milhões com a abertura de novas áreas. “Nunca na história o mundo aumentou a área plantada com grãos em mais de 84 milhões de hectares em uma década” Produtor tem mais recursos a juros controlados Ao todo, os produtores rurais terão R$ 136 bilhões para financiar o investimento, o custeio e a comercialização da produção agropecuária em 2013/ 2014, segundo prevê o Plano Agrícola e Pecuário anunciado pelo governo federal no início de junho. O aumento é de R$ 21 bilhões, ou 18%, em relação ao montante disponibilizado no ano anterior. O governo também ampliou a fatia dos recursos com juros controlados. A previsão é que R$ 115 bilhões sejam oferecidos com juros de, no máximo, 5,5% ao ano – estáveis em relação ao ano anterior. Trata-se de um acréscimo de R$ 22 bilhões, ou 34% em relação aos R$ 93 bilhões do último ano. Com isso, a participação dos financiamentos com juros controlados no Plano Safra cresceu de 80,7% para 85%. O Plano Safra também viu cresceu a fatia dos recursos para investimentos em máquinas, irrigação e armazenagem. A previsão é que sejam liberados R$ 38,4 bilhões para esse fim, R$ 10,1 bilhões ou 35,7% a mais do que no plano anterior. Se todo o dinheiro for empenhado, a participação do investimento no financiamento agrícola subirá de 24,6% para 28,2%. Em relação ao Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), o limite de financiamento passou de R$ 1 milhão para R$ 3 milhões por produtor ao ano. O total de recursos passou de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,5 bilhões. R$ 700 milhões foram reservados para o seguro rural, alta de 75% ante os R$ 400 milhões da safra passada Foram oferecidos R$ 38,4 bilhões para investimentos, 35,7% a mais que no plano anterior Pá g . 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Laranja/greening Eliminar as árvores doentes Eventos realizados pelo governo do Estado em Paranavaí e Londrina chamam atenção para o rápido avanço da enfermidade Região I Marly Aires - “Os citricultores paranaenses têm a chance de aprender com o erro dos outros.” A afirmação foi feita pelo pesquisador do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), Renato Bassaneze, durante reuniões técnicas promovidas pelo governo do Estado em Paranavaí e Londrina, nos dias 14 e 20 de junho. O tema foi a pre- venção ao greening, doença que afeta 2% dos pomares de laranja da região Noroeste do Paraná, mas supera os 6,91% no Estado de São Paulo. Citando dados de pesquisas realizadas pelo Fundecitrus por dois anos com vários tipos de “coquetéis” de nutrientes e podas em árvores afetadas pelo greening, Re- Controle regional em conjunto O pesquisador do Fundecitrus também abordou a importância do monitoramento da doença e do psilídeo no pomar e do controle regional feito pelos produtores de forma conjunta, prática já adotada pelos citricultores da região da Cocamar, com bons resultados. Sem um controle regional conjunto, o psilídeo, que migra constantemente e a longas distâncias, se desloca de um pomar para outro, encontrando áreas de refúgio e reinfestando os pomares, de forma mais rápida, demandando controles cada vez mais frequentes, aumentando os custos de produção. De acordo com o especialista, é preciso monitorar o desenvolvimento vegetativo da planta e a presença do inseto vetor usando principalmente as armadilhas adesivas, entre os vários recursos disponíveis, colocando-as a cada 500 metros na periferia do pomar. As armadilhas devem ser verificadas a cada sete dias e trocadas a cada 14 dias. “É fundamental treinar bem os inspetores”, orientou. nato disse que o resultado foi zero: nenhum programa nutricional aumentou a produção de citros nestas plantas ou eliminou a doença. “Não há forma de controlar ou matar a bactéria se já estiver instalada dentro da planta”, garante. Nos experimentos, segundo ele, ficou constatada a voracidade da doença: mesmo com um controle de 85% a 90% do psilídeo [o inseto que propaga o greening], a doença aumentou de 30% a 90% em 18 meses. Em outro experimento, o número de plantas doentes saltou em média de 2% de cada parcela para 8% em dois anos, mesmo com o controle do inseto. No bloco em que não se aplicou o inseticida, o aumento foi de 2% para 14%. Na avaliação da severidade, o avanço foi de 2% para 35%, ou seja: a doença saiu de um ramo e tomou cerca de um terço da planta. Os eventos foram promovidos pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), por meio da Adapar, Instituto Emater e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), com apoio das cooperativas Cocamar, Integrada e Cocari, empresa Citri, Sistema Faep e Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). “Coquetéis” não dão resultado Adotar os “coquetéis” de nutrientes, que virou moda entre produtores do Paraná e de São Paulo, ou apenas podar as plantas doentes não vai resolver o problema, alertou o engenheiro agrônomo e gerente de Produção Agrícola da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira. “A pesquisa mostra que quando aparece o sintoma na primeira folha, 100% das raízes já estão contaminadas e 40% delas já foram perdidas. Podar laranja só esconde os sintomas. É difícil para o produtor eliminar a planta imediatamente, mas se não fizer, vai inviabilizar a produção”, afirmou. Leandro ressaltou que foi justamente esse o programa adotado pelos citricultores no estado da Flórida (EUA), além do controle químico do psilídeo, inseto transmissor da bactéria que causa a doença. E lá, a doença já fugiu ao controle. A produção caiu 43% desde 2004, quando a enfermidade foi identificada, passando de 242 milhões de caixas para 138 milhões em 2013. Neste ano, a queda de frutos tem assustado. Normalmente fica entre 5% e 9%, devido às geadas ou furacões. Mas em 2013, mesmo sem aqueles problemas, a queda de frutos é de 18% em média, grande parte em função do greening. Há propriedades com 30% de queda e talhões que chegam a 90% de perdas. “Todos dizem que se fosse possível voltar atrás, a opção seria a erradicação das plantas doentes”, afirmou o gerente. A Cooperativa CPI, um dos poucos grupos nos Estados Unidos que adotaram a erradicação e manejo próximo ao da Cocamar, é que vem conseguindo conviver com o grenning. Das 110 mil plantas eliminadas, somente 400 das replantadas voltaram a apresentar o problema, o que mostra que o manejo está certo, ressaltou Leandro. “Os produtores precisam entender que estamos no caminho certo. O manejo adotado no Paraná deve se intensificar. Quem adotar medidas paliativas, em dois ou três anos vai ficar sem pomar”. Pá g . 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 café A estufa é uma boa Pequeno produtor de Terra Boa usa uma estrutura assim para secar café, mantendo-o protegido; a ideia ele trouxe de uma viagem que fez ao Norte do Estado pio de Terra Boa, a 50km de Maringá. Os Sanches não apenas conseguem sobreviver do café como são uma referência no assunto. O produtor José Aparecido, 50 anos, conta com a ajuda da esposa Márcia, de uma filha e da mãe para ajudá-lo a cuidar do cafezal, que é condu- zido com técnicas atuais. Eles possuem a propriedade desde 1982. Desde o ano passado, o café que antes ficava depositado num terreirão para a chamada “seca”, passa por um tanque e vai direto para uma estufa, onde a secagem é feita de forma tranquila e sem imprevistos. Em 2011, o café da família foi eleito o terceiro melhor no concurso Qualidade Café Paraná, organizado pelo governo do Estado, categoria pequena propriedade; em 2012, o produto ficou entre os cinco primeiros. Por três vezes, José Aparecido foi buscar o troféu de primeiro lugar no concurso de qualidade promovido pela Cocamar. (Colaboração: Marcelo Empinotti, gerente da Cocamar/Terra Boa) p Terra Boa I Rogério Recco Há cafeicultores que, em momentos de preços em queda, praticamente desistem do produto, optando por outros negócios. Mas há também os que, mesmo enfrentando um período adverso, não entregam os pontos. É o caso da família Sanches, dona de um sítio de seis hectares no municí- “O produtor José Aparecido Sanches maneja grãos de café: “A gente se vira do jeito que pode” Café sai quase de graça São 14 mil pés no total, dos quais apenas dois mil em produção este ano. O restante só vai dar colheita em 2014, ano de safra grande no Brasil, quando a família sonha alcançar a média de 35 sacas por hectare. Se o tempo ajudar e tudo correr bem, os Sanches calculam tirar da roça o equivalente a 210 sacas beneficiadas. Se fosse hoje, com a saca cotada a R$ 276,00, a família faturaria R$ 58 mil - média de R$ 4,8 mil ao longo de doze meses -, praticamente livres. O custo da cafeicultura se dilui porque é custeada por uma criação de suínos que eles mantêm no sítio. E também porque toda a mão de obra é familiar. Se dependessem de trabalhadores para a colheita e os serviços manuais, pelo menos 40% do lucro seriam comprometidos. “A gente se vira do jeito que pode”, diz José Aparecido, que trabalha também como pedreiro na cidade. Quando ele está fora, o cafezal fica por conta das mulheres. “A gente sempre gostou do café”, diz a esposa Márcia, que acha tempo, em companhia da sogra, para produzir pães caseiros e doces, vendidos sob encomenda. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 9 Curiosidade e técnicas simples José Aparecido Sanches se diz um produtor interessado em novidades que o ajudem a aprimorar-se. Segundo ele, para ter um cafezal produtivo é preciso investir em adubação correta, mantendo-o bem nutrido e com práticas culturais adequadas. O cafezal mais jovem, por exem- plo, ele conserva protegido do sol e da geada à sombra de arbustos de feijão guandu – leguminosa que mais tarde é incorporada ao solo. A colheita é feita derrubando os grãos na peneira ou em um pano, evitando o contato dos mesmos com o solo. A família mantém o café como a sua principal atividade: meta é obter média equivalente a 35 sacas beneficiadas por hectare em 2014 Cuidado especial é dedicado principalmente à fase de secagem dos grãos, que são levados para o terreiro e imersos em um tanque água, para separação dos chamados “boias” – mal granados ou já secos. Com isso, a família trabalha com três tipos de grãos colhidos: os maduros, os ainda verdes e os “boias”, que secam em separado e com manejos diferentes. O diferencial dos Sanches é que, diferente da grande maioria dos cafeicultores, eles utilizam uma estufa para secar os grãos. “Aqui a safra fica protegida da chuva, do sereno e dos animais”, afirma José Aparecido. A ideia ele trouxe de uma viagem a Cornélio Procópio. “Solução simples, barata e eficaz”, resume. Pá g . 1 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 integração O primeiro a acreditar na braquiária que o agropecuarista Paulo explica. Ele conhece o areRoberto Guerra Carvalho nito há mais de 30 anos, desistisse de um projeto dos quais quase a metade, ambicioso. Observando que 13, trabalhando com um a camada superficial de sistema inovador e sustenareia é sucedida por outra tável: a integração lavoura mais argilosa, ele percebeu e pecuária. que quando a água infiltra, passa rapidamente pela Preocupado com as conareia e escorre sobre a ar- sequências do manejo do Cafeara I Marly Aires – Às gila, podendo carregar solo que fazia no passado, margens do Rio Paranapa- areia. Por isso, o produtor Paulo lembra que estava nema, a propriedade de 811 entendeu que “era preciso em busca de soluções hectares, situada no muni- ter palha, cobertura para quando ouviu falar do tracípio de Cafeara, possui um segurar e proteger o solo”, balho com integração latipo de solo suscetível à erosão: o arenito caiuá. E, como qualquer outra na re“Era preciso ter palha, gião, é castigada por altas temperaturas no verão e o cobertura para segurar risco iminente de veranicos. e proteger o solo” O agropecuarista Paulo Roberto Guerra Carvalho saiu na frente, há 13 anos, quando foi orientado a utilizar braquiária ruzizienses para fazer integração lavoura e pecuária em solo do arenito caiuá O produtor insistiu na busca de uma solução Mas nada disso fez com voura e pecuária desenvolvido pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) desde 1996. E orgulha-se de ter sido o primeiro agropecuarista do Estado a fazer a integração a partir do cultivo de braquiária, seguindo as orientações do engenheiro agrônomo Sérgio José Alves, pesquisador daquela instituição. “O preparo convencional do solo é problemático. Chuvas acima de 60 milímetros em um dia ou mais de 20 dias de estiagem podem causar um estrago total sem o manejo correto do solo e essas duas situações fazem parte do histórico da fazenda”, cita. Cultivo de grãos e números que dizem tudo Atualmente a propriedade é um modelo em integração. O mesmo número de bovinos que antes colocava em toda a propriedade, é mantido em menos da metade da área, com a vantagem do agropecuarista produzir mais de 12 mil sacas de soja por ano, em média, e engordar o gado em um período em que normalmente faltariam pastagens, como o inverno. Os rebanho nelore vem sendo substituído pelo cruzamento industrial (Bonsmara e Angus), e os números falam por si: o intervalo de parto foi reduzido para menos de um ano, houve aumento da taxa de natalidade para 83% e a mortalidade caiu para 1,5%. A estação de monta é restrita a três meses, com inseminação artificial e indução do cio. Ele abate com menos de dois anos de idade, quando a media regional é de três anos e meio. A taxa de desfrute é de 30% em média, enquanto a do país é de 18%. Para Paulo, o produtor tem que integrar as duas atividades (pecuária e produção de soja) e manter o solo coberto o ano todo. “Não consigo imaginar uma propriedade no arenito sem integração. Lavoura e pecuária junto é um sistema que nunca dá prejuízo”, assegura. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 11 Busca constante por melhores resultados O produtor conta que está sempre fazendo adequações no sistema de integração, buscando o melhor resultado. Da área total, atualmente, 65% são ocupados com soja no verão e o restante com pasto. No inverno é tudo pasto. As áreas de soja e pastagem estão sempre em rotação. Cada duas colheitas de soja são intercaladas com 30 meses de pastagem. A partir desse ano começa a reduzir a área de soja, mantendo a pastagem por 42 meses, visando aumentar o nível de matéria orgânica no solo. “A produtividade de soja no arenito está diretamente ligada com a matéria orgânica colocada no solo”, afirma Paulo. Quando deixava pastagem por 30 meses, não adubava. Como vai aumentar para 42 meses, ele vai ter que adubar no segundo ano para garantir sustentação ao pasto, que produz em média 900 quilos de carne no primeiro ano da pastagem e 450 quilos no segundo, produtividade seis vezes maior que a média do país. “É preciso fazer um planejamento forrageiro para não explorar muito a braquiária no inverno, mas deixar formar palha para a soja, buscando sempre o equilíbrio entre a quantidade de boi e palha para o solo no sistema”, comenta. Por isso, no verão o produtor coloca de 3,5 a 4 unidades animal (UA) por hectare e no inverno de 1,7 a 2,5 UA/ha, fornecendo cana quando a estiagem é mais longa. Na área de pastagem fixa, Paulo opta por braquiária MG5, que tem boa digestibilidade e é mais tardia, produzindo pasto por mais tempo, o suficiente para que a braquiária ruzizienses chegue ao ponto, no inverno. Outras pastagens precoces param de crescer bem antes. A MG5 ainda possui de 12% a 14% de proteína, permitindo que os animais engordem de 650 a 700 gramas/dia. Paulo diz que a disposição dos piquetes de pastagem em formato de pizza, não funciona. Seus piquetes são quadrados, e ele explica que a preocupação é sempre com o controle de erosão. O produtor coloca em média de 1,7 a 2,5 UA por hectare no inverno Pá g . 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 opiniões “A orientação da Cocamar no sentido de parcelar sua comercialização, tem permitido ao produtor participar desses ganhos no momento” JOSÉ CÍCERO ADERALDO, superintendente de Negócios da Cocamar. A seu ver, se levar em conta a segurança em relação ao lucro, o agricultor pode fazer neste momento a venda de ao menos uma parcela de seu estoque que já tem um custo conhecido “Quando iniciamos o trabalho com o primeiro núcleo em Floresta, em 2005, o percentual de cooperadas em toda a cooperativa era de 6%. Atualmente elas são 13% e participam ativamente” CECÍLIA ADRIANA DA SILVA, coordenadora de Relação com o Cooperado, da Cocamar, falando sobre os núcleos femininos, que envolvem atualmente 620 participantes “Entre efeitos negativos e positivos, o produtor brasileiro deve ser beneficiado” GERALDO BARROS, professor da Esalq/USP, justificando que a alta do dólar vai se converter em negócios um pouco mais lucrativos no momento em que os valores dos produtos cotados na moeda dos EUA forem convertidos em real “Escolhemos Presidente Prudente como a porta de entrada de nossa expansão no Estado de São Paulo” LUIZ LOURENÇO, presidente da Cocamar, quando da inauguração da unidade no município, no dia 21/6 “O Brasil precisará aumentar investimento para ter potencial de crescimento” Henrique Meirelles afirmou que para o Brasil crescer de forma sustentável é necessário melhorar os gargalhos na infraestrutura. disse, ressaltando, no entanto, que o setor está, de fato, crescendo a produtividade e esta fazendo isso de forma consistente. “Pretendemos transformar o Paraná em um produtor expressivo de borracha natural, atraindo indústrias de beneficiamento e transformação que agreguem maior valor ao produto” NORBERTO ORTIGARA, secretário de Agricultura e do Abastecimento (Seab) do Estado do Paraná, ao anunciar a novidade na Expoingá 2013. Ele informou que o governo estadual vai subsidiar em 50% a aquisição de mudas aos produtores Jornal de Serviço Cocamar J unho 2013 - Pág. 14 geral Detalhe do movimentado est ande da Cocamar na Expoingá 2013, uma das mais impor tantes exposições agr opecuárias do Sul do País, r ealizada de 9 a 19 de maio no Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeir o, em Maringá Na Expoingá, a Cocamar promoveu evento em parceria com a Sociedade Rural de Maringá sobr e integração lavoura, pecuária e flores ta Presente na aber tura oficial da feira, o vice-presidente da República, Michel Temer, visia es tande do Centro Nacional de Pesquisa de Soja, da Embrapa, onde saboreia bebida a base de soja “Purity”, da Cocamar. Na foto, em diálogo com o pesquisador Amélio Dallagnol. Sicredi União PR homenageia Cocamar, durante a Expoingá, pela passagem de seus 50 anos. Na foto, a par tir da esquer da: José Fernandes Jardim Júnior, Divanir Higino da Silva e Luiz Lour enço, respectivamente vice-presidente, diretor-secretário e presidente da Cocamar, ao lado de Wellington Fer reira, presidente da cooperativa de crédito, e Wilson de Mat os Silva Filho, pr esidente da Sociedade Rural de Maringá J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 1 5 Governo do Estado vai subsidiar seringueira O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, vai subsidiar 50% do custo da muda de seringueira para incentivar o plantio nas regiões Norte e Noroeste, onde a espécie é recomendada e pode gerar mais renda para o produtor com a exploração do látex. O mercado para o produto está aquecido. Só a Sumitomo, empresa japonesa de pneus, que irá inaugurar em outubro próximo uma fábrica no município de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, precisará de 15 mil hectares de seringueira plantada para suprir a capacidade de produção da unidade. A indústria foi atraída para o Estado pelo programa Paraná Competitivo. PLANO - O Plano de Apoio ao Plantio da Seringueira foi anunciado pelo secretário Norberto Ortigara, durante a Expoingá em Maringá. A iniciativa tem parceria da Cocamar, que vai processar a matéria-prima e oferecer a borracha para as indústrias. “É uma boa alternativa de geração de renda e de desenvolvimento sustentável ao pequeno e médio produtor”, avalia Ortigara. No prazo de 10 a 12 anos, o projeto prevê o plantio de 35 mil hectares de seringueiras no Estado, para atender a demanda que está sendo gerada no Paraná e estados como São Paulo e Rio Grande do Sul. Há espaço ainda para exportação porque o mercado mundial está aberto para comprar a borracha. Na implantação da cultura, o produtor tem um custo avaliado em R$ 7 mil por hectare. Deste total, 50% correspondem ao investimento em mudas. Entre o 6º ou 7º ano a árvore entra em processo de produção, e quando atinge 10 anos passa a produzir de 600 a 800 gramas de látex, que proporciona uma renda média de R$ 1.100,00 por hectare/mês. A seringueira é explorada durante 10 meses do ano Pá g . 1 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 socioambiental Projeto Cultivar será ampliado para Rolândia Doze colaboradores contratados junto a APAE vão atuar na produção de mudas de eucalipto Região I Da Redação - Em 2006 foi criado em Maringá um dos mais importantes e premiados projetos de responsabilidade socioambiental da Cocamar, cujo objetivo é promover a inserção social e atender as necessidades ambientais. Surgiu de uma parceria entre a cooperativa, a APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Maringá e o IAP – Instituto Ambiental do Paraná, com a proposta de produzir de mudas nativas para a recuperação da mata ciliar. A ideia se encaixa com o modelo cooperativista, pois é mais uma forma de atender ao cooperado, auxiliando-se no reflorestamento de sua propriedade, atendendo corretamente a legislação. Outro ponto primordial é a possibilidade da utilização da mão de obra com deficiência intelectual, pois a APAE e a Cocamar viram nesta parceria, além da possibilidade da cooperativa atender a Lei de Cotas, uma oportunidade de as pessoas ingressarem no mercado formal de trabalho. Jaqueline Almagro Xander, 23, está no Projeto há 5 anos e conta que gosta do que faz. “Acho muito bom, é uma ótima iniciativa da Cocamar. Com meu salário já comprei celular, computador, fui para praia e ainda quero comprar um notebook e fazer vestibular para cursar Agronomia” – contou a colaboradora. Há dois anos o Cultivar tem o apoio da multinacional Bayer Cropscience, por meio do Projeto Integração, o que possibilita a aquisição de uniformes e novos materiais. E, também, conta com o serviço de uma assessoria técnica especializada, a Flora Londrina, melhorando gradativamente a qualidade da produção das mudas. Ainda em 2013, a iniciativa será ampliada para a cidade de Rolândia, onde mais 12 colaboradores foram contratados para a produção de mudas de eucalipto. Assim, além da preservação, haverá a possibilidade de geração de renda ao produtor. A ideia dessa expansão veio da necessidade de levar um projeto de responsabilidade social à Região III da Cocamar, pois sendo uma área nova da cooperativa, ainda não é contemplada com projetos assim. (Colaboração: Raquel Zavatin) Parceria com a APAE permitiu o ingresso de alunos da instituição no mercado de trabalho 2006 É o ano de fundação do projeto, que tem recebido vários prêmios Pá g . 1 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 mulheres Número de cooperadas subiu de 6% para 13% em oito anos Detalhe do encontro, que reuniu representantes de todas as regiões de atuação da cooperativa Cocamar sediou no dia 20, em Maringá, o Encontro Anual do Núcleo Feminino, com 480 participantes Maringá I Marly Aires - Cada vez mais inseridas na administração da propriedade rural e no dia a dia da Cocamar, as mulheres têm marcado presença em eventos técnicos da cooperativa, sendo os núcleos femininos os principais canais para estas atividades. O que antes era incomum, mulher em dia de campo, agora virou rotina. Interessadas, elas perguntam, buscam informações e, quando demandadas, mostram que estão preparadas para o desafio. CRESCIMENTO - “Só temos motivos a comemorar”, afirma a coordenadora de Relação com o Cooperado, Cecília Adriana da Silva, falando da crescente participação feminina na Cocamar. “Quando iniciamos o trabalho com o primeiro núcleo em Floresta [região de Maringá] em 2005, o percentual de cooperadas em toda a cooperativa era de 6%. Atualmente elas já somam 13% e participam ativamente”, destaca. Atual- mente, os 25 núcleos mantidos em toda a região envolvem mais de 620 participantes. No dia 20 de junho, cerca de 480 convidadas, entre cooperadas, esposas e filhas de produtores associados, participaram em Maringá, na Associação Cocamar, do Encontro Anual do Núcleo Feminino. O evento visa intensificar o relacionamento entre elas. HOMENAGEM - Ao ressaltar a importância da participação feminina na gestão da propriedade e nos eventos da cooperativa, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, citou como exemplo e prestou uma homenagem à cooperada Maria de Lourdes Piazon, de Sabáudia, região de Londrina. Exemplos de participação Começar a participar do núcleo feminino, em 2008, motivou a produtora Ângela Cristina Gomes, de Floresta, a ingressar como cooperada cerca de um ano após. Ela conta que ao se envolver mais com as atividades da propriedade, viu a necessidade de participar da cooperativa e de buscar conhecimento nos dias de campo. “Antes não entendia porque meu marido ia a tanto eventos da cooperativa e hoje participo de todos com ele”, afirma. Filha e esposa de cooperados, Giani Érica Gabriel Deganutti, de São Jorge do Ivaí, tinha se associado há cerca de quatro anos, mas reconhece que participava pouco. Foi a partir de seu envolvimento com o núcleo feminino local, há três anos, que passou a entender na prática o significado da palavra cooperação. “Agora entendo mais sobre os negócios na propriedade e, com meu marido, decidimos o que fazer”, diz a cooperada. Com o tema “Anos Dourados”, alusivo ao cinquentenário da Cocamar, o encontro contou com palestras, atividades de entretenimento, show e sorteio de brindes. Maria de Lourdes: homenagem Giani: motivação “Antes não entendia porque meu marido ia a tanto eventos da cooperativa e hoje participo de todos com ele” ÂNGELA CRISTINA GOMES, de Floresta Ângela: mais conhecimento J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 9 a imagem Não bastam as pragas e as doenças. Na agricultura, exposta ao humores do clima, cada dia pode ser uma história diferente e o produtor nunca está tranquilo. A lavoura vigorosa que hoje promete uma boa safra, amanhã pode estar no chão. “Passou um vento forte e tudo se perdeu”, lamenta José Rogério Volpato, de Ourizona. E que vento! Precavido, ele havia feito seguro, que vai cobrir pelo menos em parte o custo de produção. ponto de vista Investir é preciso Plano Safra prevê recursos a taxas subsidiadas para construção de armazéns O cultivo de milho no inverno nos legou uma condição, no mínimo, sem precedentes. O produtor rural fez sua parte, alcançou boas produtividades, aumentou a produção do cereal, mas não tem estrutura para armazená-la. Para complicar, a produção de inverno pode superar em 12% a de verão. As duas colheitas produzem um volume 45% maior que o consumo doméstico e cerca de 25 milhões de toneladas que “sobram”, não são exportadas (sem espaço de mercado). Logo, vão para armazéns, mas há um dado assustador: aproximadamente 35% da colheita de época não têm abrigo!! O Paraná precisa ampliar a sua capacidade de armazenamento em 30%. Os armazéns são básicos, imprescindíveis. Com o lançamento do Plano Safra 2013/2014, uma boa notícia: o governo federal foca no tema e também no médio produtor (com renda bruta anual agropecuária de até 800 mil reais). Os prazos podem chegar a até 15 anos, com taxas médias anuais de 5,5% ao ano. Nesse contexto, os agentes financeiros têm um papel fundamental, destinando de forma rápida e segura os recursos necessários. Em nosso município, na região norte do Paraná, já temos projetos encaminhados ao Banco do Brasil e outros em via de execução, para financiamentos de armazéns/ silos, voltados ao médio produtor. O crescimento da produção nacional lança enormes desafios ligados à eficiência dos portos,infraestrutura e lo- gística, fatores considerados problemáticos no País. Investir é preciso... mas sustentar-se no campo também é necessário!!! JOELSON LUIZ MARQUES Eng Agrôn.Unicampo/Sertanópolis (PR) Jornal de Serviço Cocamar J unho 2013 - Pág. 20 “Todos os anos trago minha família. É muito gostoso.” almanaque MARCOS BARANDAS, produtor Celebrando Santo Antônio há 60 anos Homenagem ao popular santo casamenteiro mantém a tradição de atrair grande número de participantes Ourizona I Cleber França Centenas de moradores de Ourizona e região, no Noroeste do Estado, participam todos os anos de uma festa em louvor a Santo Antônio, no salão da Capela Santo Antônio, situada na comunidade que leva o mesmo nome. A homenagem ao santo casamenteiro é repetida há 60 anos consecutivos, mas desta vez só se falou em São Pedro, que resolveu abrir as comportas do céu. Choveu praticamente o dia todo. Mesmo assim, ninguém arredou pé da programação, que começou com missa. Além de um churrasco, assado em espetos de bambu, os participantes sabore- aram leitoa e frango assados, nhoque de carne e frango, salada, arroz e doces. Tudo do bom e do melhor. Depois do almoço, uma dupla animou a festa, que teve até um leilão de gado. Os animais foram levados em um caminhão ano 1951, o mesmo desde as primeiras edições. Nos bastidores, cerca de 60 voluntários trabalham no preparo das comidas, o que deu uma semana de serviço. Toda a renda é revertida para a paróquia. “Apenas a cerveja e o refrigerante são comprados; o restante é tudo doado pela comunidade”, explicou um dos organizadores do evento, Gines Sanches Cavalcante. No dia que antecede a festa, a turma acorda por volta das 3 horas da madrugada pra dar conta de tudo. Para dona Maria Aparecida Cavalcante, 66 anos, não é nenhum sacrifício. “Ajudo a preparar nhoque e outros pratos já faz mais de 30 anos. É uma alegria contribuir para uma festa tão bonita e tão esperada”, disse, completando: “Espero que continue assim por muitos e muitos anos”. Se é bom para quem trabalha, imagine pra quem vai festar. O agricultor Marcos Barandas, 42 anos, diz que fica apetecido com a leitoa assada. “Todos os anos trago minha família, é muito gostoso.” Já Valdir Dalosse, 53 anos, filho de um dos pioneiros do município, conta que se sente feliz ao ver preservadas as raízes: “A festa é mais antiga que a própria cidade”. Foi ali que seu Antônio conheceu dona Laura Comemorar Santo Antônio começou por iniciativa dos pioneiros Manoel Nunes, Maria Martv Nunes, Vergilio Dalosse, Zilda Nunes e Antônio Nunes, no dia 13 de junho de 1953. Antônio Nunes, atualmente com 80 anos, lembra que mais de mil pessoas participaram. “Como naquele tempo era só café por aqui, muitas famílias moravam nos sítios”. Um toca discos animou o pessoal nas primeiras edições. “Como não tinha energia elétrica, um amigo nosso de Maringá trazia um gerador. Depois vieram os cantores e tocadores ao vivo”. Curiosamente, o santo casamenteiro agiu em favor de seu Antônio. Nessa primeira festa ele conheceu sua futura esposa, dona Laura Bastida, hoje com 79 anos. O santo casamenteiro começava a atuar na localidade. Eles têm quatro filhas: Maria de Lourdes, Sueli, Vera Lúcia e Elza. Todas casadas, deram nove netos aos pais. Diversas famílias participaram das primeiras festas, entre as quais Leite, Rosada, Costa, Sanches, Cavalcante, Bastida, Gazeta, Mulati, Mossato, Caruzo, Volpato, Crepaldi e Mantovani. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 1 receita Bolo três camadas Gisele, esposa do cooperado Antonio Marcos Molina, de Paranacity, aprendeu a receita com mãe. A original tinha mais ovo e um creme de suspiro, em vez de chantilly. Como nunca foi muito fã de ovo, mas gostava do bolo, fez pequenas adaptações até acertar a mão com essa delícia, que se tornou uma das sobremesas preferidas da família. INGREDIENTES Primeira camada • 4 ovos • 2 xícaras (chá) de açúcar • 1 xícara (chá) de leite • 1 colher (sopa) manteiga • 2 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 colher (sopa) de essência de baunilha • 1 colher (sopa) de fermento em pó Segunda camada • 3 xícaras (chá) de leite • 1 lata de leite condensado • 3 colheres (sopa) de amido de milho • 2 gemas (opcional) Terceira camada • 1 caixa (200 g) de creme tipo chantilly • 1 lata de pêssego em calda PREPARO Bata os ovos com o açúcar, da primeira camada, até ficar uma massa esbranquiçada. Ferva o leite com a manteiga e misture, ainda quente, de forma alternada com a farinha. Acrescente a essência de baunilha e o fermento. Asse por 40 minutos a 200ºC. Jogue toda a água do pêssego sobre o bolo ainda quente. Também pode esfarelar o bolo antes de molhar. Em uma panela, misture todos os ingredientes da segunda camada. Leve ao fogo baixo mexendo sem parar até o creme engrossar. Retire do fogo e jogue sobre o bolo. Faça o chantilly seguindo as instruções do fabricante, deixando-o bem consistente. Espere o bolo esfriar e cubra tudo com chantilly, decorando com o pêssego. Pode trocar por morango, chocolate, coco ou outra fruta. Cheia de histórias, a velha venda resiste Construída no início da década de 1960, era uma máquina de arroz. Depois, quando o arroz foi deixando de ser cultivado nas imediações, a estrutura perdeu sua função. A freguesia, que nos tempos do café era numerosa, também foi ficando escassa e Seu Luiz, o dono, já foi produtor de café o estabelecimento se tornou uma venda de beira de estrada, bem próximo a cidade de Terra Boa. Quem cuida de tudo é o seu Luiz, um ex-cafeicultor, que já foi cooperado da Cocamar. Homem receptivo e bom de prosa, que gosta de cultivar histórias, ele se recorda de épocas de grande movimento, em que o povo vivia nas propriedades ali vizinhas. A venda é repleta de uma memória tão valiosa quanto os muitos objetos antigos ali guardados e importantes para resgatar a história da agricultura paranaense. Pá g . 2 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 família do campo Os Rossi escreveram sua história em Floraí Atraídos pela oportunidade de fazerem um pé de meia no Paraná, eles não pensaram duas vezes em deixar o interior paulista, no início da década de 1960, mesmo com uma trinca de filhos pequenos Floraí I Marly Aires - Vários capões de mato ainda resistiam em Floraí, a 50km de Maringá, quando Antonio Rossi chegou ao município em 1961. Mas o que encantava era a “floresta” de café a perder de vista. Atraídos pela possibilidade de constituírem patrimônio, Antonio e a esposa Aurora, com cinco dos seus seis filhos, não pensaram duas vezes em partir para a nova terra. A filha mais velha tinha 12 anos e o mais novo era recém-nascido. “Disseram que eu não tinha juízo por trazer filhos pequenos para o interior do Paraná, e que aqui era lugar de pistoleiro e assassino”, lembra Antonio. Em Santa Cruz do Rio Pardo, região de Ourinhos, onde prestavam serviços como por- centeiros em lavoura de café, o cafezal minguava. “Aqui, a produção era três vezes maior”, afirma. Trabalhando como porcenteiros no sítio de um cunhado, Antonio e Aurora (falecida em 2007), tocavam sozinhos seis mil covas de café. E mesmo depois da compra dos seus primeiros 10 alqueires em 1972, continuaram nesse ritmo. “Era um tempo bom. Quem trabalhava duro, conseguia comprar terra. Hoje está muito mais difícil ganhar dinheiro”, comenta o produtor. O café foi mantido no sítio até a geada de 1975. Outras culturas vieram, a propriedade foi ampliada para 30 alqueires e Antonio ainda possui outros cinco, onde produz laranja. Parte da família reunida em uma festividade no sítio “Disseram que eu não tinha juízo por trazer filhos pequenos para o interior do Paraná, e que aqui era lugar de pistoleiro e assassino“ Antonio e Aurora, quando do casamento, no interior de São Paulo, onde trabalhavam como porcenteiros em lavouras de café A turma toda Dos seis filhos, os quatro homens - José Roberto, Oscar, Caetano e Paulo (este o único que nasceu no Paraná), continuam trabalhando com o pai e moram na mesma propriedade. Já Ana Maria e Joana Eliza casaram-se e seguiram seus destinos. Somando tudo, Antônio tem 16 netos e nove bisnetos. A rotina começava cedo A rotina do casal começava antes do sol nascer. Enquanto a esposa preparava a comida para o dia, o marido alimentava as criações de suínos, aves e gado e, ainda na madrugada, as vacas eram ordenhadas. Com a criançada, ambos desciam para a roça. Dona Aurora ia levando a cesta de comida na cabeça e, Antonio, as ferramentas de trabalho. Os menores dormiam ou brincavam debaixo dos cafés, enquanto os maiores tomavam conta ou ajudavam onde podiam. “Se alguém conseguia segurar uma enxada, já começava a capinar”, recorda-se o pai, que garante ele próprio ter começado a trabalhar aos seis anos. A esposa subia pouco antes de escurecer, para lavar a roupa na mina, dar banho na criançada e fazer a janta, assar pão, fazer queijo, linguiça e tudo o mais. Já o marido permanecia na labuta até quando conseguia enxergar alguma coisa. “Cansei de abanar café à luz do luar ou com o lampião ao lado”, conta. A mula “de 300 sacas” Uma mula adquirida pela família para puxar a carroça e ajudar no dia a dia não estava entre as mais bonitas, mas era boa como poucas. “Não tinha melhor para o trabalho”, diz Antonio Rossi. Esperta e dócil, ela aprendeu fácil o serviço e dispensava rédeas. O produtor só dava os comandos e o animal obedecia. “Na época, ela causa-va admiração na vizinhança e teve gente que chegou a oferecer 300 sacas de café, mas en- Bom de bola jeitei”, conta. Quando dona Aurora ia embora mais cedo com as crianças, subia com a carroça. Em casa, colocava a mula de volta no carreador e ela seguia sozinha até o cafezal, onde Antonio a aguardava. Um dia, distraído, o produtor deixou de segurar a mula no carreador e o animal passou direto, só indo parar na venda onde de vez em quando o dono ia conversar Apreciador de um jogo de futebol, Antonio Rossi não dispensava uma partida de futebol nos finais de semana, sendo também um bom jogador. Seu apelido em campo era “Jararaca”: era só a bola passar que ele dava o bote. Além disso, gostava muito de jogar bocha e baralho. “Essa era a nossa diversão. Também tinha baile todo final de semana, sempre em um sítio diferente”, recorda-se. Antônio Rossi e parte da família: trajetória é semelhante a de inúmeros outros produtores que, oriundos de várias regiões do país, ajudaram a desbravar o sertão paranaense J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 3 com amigos, cinco quilômetros adiante. A mula era também companheira na prestação de serviço a terceiros, ajudando a arruar café. Na época, o produtor desenvolveu um equipamento que acoplou à “vaca” - espécie de plaina usada para a arruação, que permitia fazer o serviço de três, cobrando mais por isso e tendo demanda de sobra, pela agilidade. Encavalado De cara com a onça Antonio lembra que gostava de caçar quando sobrava tempo, mas ser acossado por uma onça não foi das melhores experiências que já teve. Ele já havia observado muito rastro e escutado o miado da bichana, o que era até normal. Contudo, no dia que se viu frente a frente com a fera, quando trabalhava sozinho no cafezal, o coração saltou à boca. Ao ver a dita cuja sair do mato e avançar em sua direção, correu feito um doido por entre o cafezal, escondendo-se e despistando o animal. Depois, lembra que ficou vários dias bem assustado, colhendo o café “com um olho na nuca”. Em outra ocasião, enquanto trabalhava, escutou a algazarra dos cachorros e, quando foi espiar, acabou atropelado por um veado que escapulia por entre o cafezal. Na época em que ainda não contava com a mula, era nas costas mesmo que Antonio Rossi carregava as sacas “coronel”, de 120 litros de café. Um dia, pulando as perobas que ficavam jogadas “de atravessado” no meio do cafezal com uma saca com 100 litros de café nas costas, ele calculou errado a altura do tronco e ficou “encavalado”. “Não ia para frente, nem para trás. Tive que largar o saco, passar ele primeiro e depois pular”. Pá g . 2 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 registro O MEMORIAL COCAMAR 50 ANOS, a ser inaugurado quando da celebração do aniversário de cinco décadas da cooperativa, foi idealizado pelo muralista e artista plástico Antonio Rizzo e é fruto de parceria com o arquiteto Marcos Kenji. Natural de São José do Rio Preto (SP) e radicado em Maringá, Rizzo, de 51 anos, já fez parte da equipe do legendário muralista paranaense Poty Lazarotto e é autor de vários trabalhos na cidade - entre eles os murais da UniCesumar e do Tomazi Hotel –, diversos municípios do Paraná e de outros Estados. CONHECER O ACERVO COCAMAR, repleto de objetos e documentos que ajudam a contar a trajetória de 50 anos da cooperativa, é uma sugestão sempre bem acolhida por visitantes, estudantes e todos que desejam saber um pouco mais sobre a própria história da organização e da agricultura regional. Seu coordenador é o artista plástico Reynaldo Costa, nascido em São Sebastião do Paraíso (MG), pioneiro de Maringá (para onde foi trazido pela família em 1951) e desde meados da década de 70 integrante da equipe de colaboradores. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 5 ambiente De área degradada a modelo de conservação A recuperação da mata já vem de longa data. Há seis anos, o produtor iniciou um projeto para transformar a área em espaço de lazer e de conscientização à comunidade sobre importância de preservação da natureza Floraí I Marly Aires - O que antes era uma área degradada, com voçorocas a perder de vista, o produtor Lauro Fagan, morador em Floraí, a 50km de Maringá, transformou em um modelo de conservação, com matas recuperadas e uma trilha ecológica usada para conscientizar a comunidade sobre a importância de preservar a natureza. A voçoroca se formou numa época em que não se fazia curvas de nível e nenhum qualquer trabalho de conser- vação. Lauro conta que além do solo ser arenoso, a propriedade fica numa espécie de bacia, com água vindo de três lados. “A que vinha da estrada, formou a maior cratera. O DER {Departamento Estadual de Estradas de Rodagem} até fez barragem para conter a água, mas não aguentou”, conta. Depois que foram criadas as microbacias e construídas as curvas de nível é que o problema foi, enfim, resolvido. A recuperação da mata já vem de longa data, mas há Onze alqueires de mata Dos 53 alqueires da propriedade, 11 são ocupados com mata, parte nativa e parte recomposta, ao redor da nascente do ribeirão Paranhos, que deságua no Rio Ivaí. “Considerando só a produção de uma mina que existe aqui, podemos dizer que somos responsáveis pela eletricidade, gerada em Itaipu, correspon- dente a 112 lâmpadas de 12 watts”, afirma Lauro, que conta com o apoio da esposa Sileze e dos filhos, Rafael e Honório no cuidado com o meio ambiente. O trabalho ainda vai longe. Intercalando suas atividades com a produção de soja, milho, cana de açúcar e um seis anos começou o projeto de transformar a área em um espaço de contemplação da natureza, lazer e conscientização para a comunidade. Com tudo devidamente regularizado junto ao IAP, há um ano e meio teve início a organização da trilha ecológica. “Todos podem participar plantando flores e árvores frutíferas, vindo visitar. A única condição é preservar, desfrutar de tudo isso de forma sustentável”, ressalta o produtor. aviário, a família vai aos poucos aprimorando a trilha de 150 metros no meio da mata, onde é possível ver exemplares de árvores nativas como a peroba rosa e outras, e com sorte, alguns animais. duzindo cenas do dia a dia na época, em madeira. A trilha das borboletas e dos pássaros, com flores e árvores frutíferas, além de pontos com ração e água, levam até a cratera aberta pela erosão, que com o plantio de bambuzais e outras árvores, foi transformada em local aprazível. Na primeira estação foi feita uma homenagem aos pioneiros da região, repro- Os Fagan: solo arenoso facilitava a erosão, que foi contida e virou área aprazível Além de uma homenagem à Virgem Maria, de quem Lauro é devoto, na última estação há uma reprodução do rosário em tamanho gigante, com mais de 250 metros de comprimento. Neste foram montados cinco cenários reproduzindo a Paixão de Cristo, a Santa Ceia, o Primeiro Milagre, o Pentecostes e a Casa de Maria. Pá g . 2 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 produtividade Boas médias de soja em Primeiro de Maio Seguir todas as orientações técnicas recomendadas pela cooperativa fez toda a diferença, na opinião dos produtores Da região - Com média de 148 sacas por alqueire, a unidade da Cocamar em Primeiro de Maio fechou a safra 2012/13 com uma produtividade bem superior a dos anos anteriores, que girou em torno de 123 sacas por alqueire. Na área de ação da unidade são cultivados 19,8 mil hectares ou 8,182 mil alqueires. Segundo o engenheiro agrônomo Rodrigo Zanqueta, além do clima que favoreceu a lavoura e da boa terra que predomina na região, este ano os produtores investiram em tecnologia apostando nas boas perspectivas de mercado para o grão. PACOTE - Um exemplo foi o cooperado Carlos Bondezan, que colheu 170 sacas de soja de média em 52 alqueires que cultiva. “Mas teve lote que deu mais de 180 sacas”, conta. E para este resultado, segundo ele, pesou o uso de todo o pacote tecnológico recomendado pela Cocamar, desde as variedades escolhidas, VMax e Potência, passando pela aplicação de 500 quilos por alqueire de adubo diferenciado (07x36x06) até a adubação de cobertura e demais práticas. “O máximo que já tinha colhido era a média de 160 sacas por alqueire em 2011. Este ano foram 178 sacas”, come- mora o cooperado Valdemil Gusmão Parada, que cultiva 78 alqueires em Primeiro de Maio, na Fazenda Santa Leonilda. Para ele, seguir todas as recomendações técnicas da cooperativa foi fundamental. Além da variedade VMax e da adubação caprichada com 600 quilos por alqueire da formulação 02 x 20 x 18, o produtor destaca o tratamento completo de semente, o uso de produto enraizador e a adubação de cobertura, entre outros cuidados. Em Pitangueiras, pioneiro lembra os desafios Não foi a geada de 1975 que fez Nelson Cheron, de Pitangueiras, arrancar o cafezal e introduzir outras culturas em sua propriedade. Na verdade, a forte geada que obrigou inúmeros cafeicultores a erradicarem a lavoura, o pegou no meio do caminho. Conforme fazia a colheita, Nelson ia arrancando o cafezal quando chegou o frio cortante. Aí não teve nem como mudar de ideia. Nélson Cheron, na foto em lavoura de milho, diz que não teve dúvidas em largar o café e apostar na soja Até então, todos os 21 alqueires da família eram tomados pelo café, a única cultura que sabia lidar. Isso, entretanto, não o impediu de se lançar no desafio da mecanização de sua área. Por dois anos experimentou plantar algodão, mas foi na soja que encontrou sua vocação. Quando decidiu plantar, só conhecia o pé de soja e a sua fama de que seria a cultura do futuro. Na região, essa lavoura só começou a ganhar espaço a partir da década de 1980, conta o produtor. Conversando com outros agricultores e buscando a orientação de agrônomos, ele lembra que decidiu “entrar de sola” no cultivo da oleaginosa, comprando todo o maquinário necessário logo de cara, sendo um dos pioneiros no município. Já havia outros produtores que plantavam, mas eles não tinham maquinários e sofriam na hora da colheita, perdendo o ponto e a produtividade. Por isso, Nelson resolveu investir em uma co- A região foi uma das mais produtivas em toda a área de atuação da Cocamar lheitadeira, viabilizando seu pagamento com a prestação de serviço. Depois, comprou um caminhão no mesmo esquema, transportando sua safra e a de outros produtores. “Eu ganhava mais prestando serviço do que com a minha lavoura, porque a área era pequena. Naquela época, se a gente colhia 80 ou 90 sacas por alqueire, já era bom negócio”, recorda-se. Há 10 anos o produtor voltou a plantar café - 3 mil pés em meio alqueire -, mas seu negócio são os 30 alqueires de soja. Aos 66 anos, é ele quem planta, colhe e transporta, contando com a ajuda dos genros só nos períodos de pulverização. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 9 As cooperativas foram estimuladas pelo governo federal, por meio do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC) para organizarem a produção cafeeira, à época muito grande. Só o Paraná respondia por um quarto da safra mundial O pioneiro Jinroku Kubota conhece a região que futuramente seria Maringá em 1938, vindo de Jafa, uma localidade do município de Garça, no Estado de São Paulo. Ele desembarca em Apucarana e a viagem é completada a cavalo, pois não há estrada. Embora assustado com a mata fechada e o primitivismo do lugar, Jinroku fica admirado com a fertilidade das terras, próprias para o cultivo de café, e o tamanho das árvores. Em 1940, encorajado pela Companhia de Terras, ele resolve trazer a família e tomar posse de um lote de 20 alqueires no lugar onde hoje é a Venda Duzentos. Para isso, abre uma clareira e constrói um rancho com palmito rachado, sem janelas e de chão batido. Ali, os Kubota plantam café e progridem. Nessa mesma época, um padre alemão de nome Michael Emil Clement Scherer também já era dono de uma fazenda onde hoje é a Cidade Alta. Fugido do nazismo, ele se refugiou na mata brasileira, onde foi também um dos primeiros a investirem na cafeicultura, um negócio que marcou, em grande estilo, o início da atividade agrícola regional. No livro “Cocamar, sua história, sua gente”, escrito por Elpídio Serra em 1989, o pioneiro maringaense Edmundo Pereira Canto, que mais tarde viria a ser um dos fundadores e diretor da Cocamar, lembra que ainda no início da década de 50 “Maringá, que não tinha energia elétrica, era a cidade mais iluminada de toda a região. As queimadas mantinham os troncos das árvores acesos, ardendo em brasa durante dias e noites seguidas e por isso as noites de Maringá eram iluminadas. Quem passasse de avião sobre a cidade, tinha a impressão que estava sobrevoando uma grande fogueira”. Iniciando as safras, as cidades adquirem sua sustentação econômica e se classificam como “ricas” ou como “pobres” dependendo das condições das lavouras formadas em seus domínios. MUITO CAFÉ - No auge da cafeicultura, entre o final dos anos 1950 e começo da década seguinte, o Paraná lidera a produção nacional com praticamente metade de tudo que é cultivado no Brasil e um quarto do volume mundial. Dados do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC) indicam que o Estado produziu em 1959/60 quase 21 milhões de sacas das 44 milhões computadas pelo país. Mas é na década de 50 e no início da de 60 que a cafeicultura tem a sua maior fase de expansão no Paraná, quando a área chega a quintuplicar, passando dos quase 300 mil hectares em 1951 para 1,6 milhão de hectares em 1962. O principal motivo são os preços favoráveis que incentivam o aumento do plantio do café no Estado. O apogeu do café é na safra de 1961/62, quando o Paraná colhe cerca de 21,3 milhões de sacas de 60 quilos, 28% da safra mundial, a qual atingiu 76 milhões de sacas de 60 quilos. Volumes grandes demais depreciavam os preços do café e produtores ficavam endividados Cooperativas surgem para tentar organizar a produção A fundação de grande número de cooperativas de cafeicultores no Estado do Paraná e no país, no início da década de sessenta, resulta de medidas colocadas em prática pelo governo federal para ajustar a produção de café, na qual o Brasil é o líder mundial, a um novo panorama internacional. É uma época de expectativas e incertezas, cujos estoques são vultosos. O Brasil atravessa um período de grandes mudanças, com a transferência da capital federal para Brasília, a surpreendente renúncia do presidente Jânio Quadros e a sequência de fatos políticos que culminam com a dramática tomada do poder pelos militares em 1964. A fundação de cooperativas, reunindo ca- feicultores, é uma maneira de organizar o setor produtivo nas diversas regiões e fazer o processamento do produto, ao passo que, de acordo com a nova conjuntura, o Instituto Brasileiro do Café (IBC) passa a ser dotado de estruturas armazenadoras para o acondicionamento das safras nas zonas cafeeiras, principalmente no Paraná. Pretende-se que os grandes volumes a serem estocados, certamente por vários anos, tenham um padrão de qualidade razoável. Através de linhas de crédito disponibilizadas via Banco do Brasil, o governo estimula a criação e a estruturação de cooperativas, entidades que serviriam para proteger os cafeicultores da ação exploratória de intermediários, os quais detêm as informações de mercado e estabelecem, como querem, os preços do produto. Pá g . 3 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Foram várias reuniões Conta o advogado Edmundo Pereira Canto, um dos fundadores da Cocamar: a ideia da fundação da cooperativa foi amadurecendo e muitas reuniões aconteceram com a sua participação e a presença “de pelo menos mais vinte pessoas, todas ligadas à cafeicultura”. Os primeiros encontros nem tiveram registro em ata, providência que passou a ser tomada a partir do momento em que os planos já estavam suficientemente definidos e muitas providências preliminares mais ou menos estabelecidas. Promovem-se várias reuniões preliminares mas a primeira com caráter “oficial” para discutir a fundação da entidade é realizada no dia 27 de março de 1963, tendo como local a agência do Banco do Brasil, instalada na esquina das avenidas Duque de Caxias e XV de Novembro, no prédio denominado “João Tenório Cavalcanti”. Muitos produtores comparecem e o assunto evolui, do simples ato de fundação para o nome que a entidade deve ter, sendo também discutido o capital social necessário, pelo menos para o início das atividades da cooperativa. Essa primeira reunião para discutir a fundação e para as providências iniciais é presidida pelo cafeicultor Carlos Eduardo Bueno Neto, presidente da Associação Rural de Maringá e secretariada pelo também cafeicultor Luiz Alfredo. Está presente o gerente do Banco do Brasil, Milton Mendes. Participam 30 produtores. início, os mesmos das reuniões anteriores: agência do Banco do Brasil, 20 horas. No dia 14 de junho do mesmo ano, uma outra reunião é realizada para dar andamento às decisões iniciadas no Essa reunião tem, como novidade, mais gente particidia 27 de março. Na pauta dos trabalhos, a confirmação do nome da entidade, a subscrição das quotas-partes, a pando e querendo fazer parte da cooperativa. Compareeleição da diretoria provisória e a elaboração dos Estatu- cem 46 produtores de café, 16 a mais que nas reuniões anteriores. Considerando o interesse dos novos cafeicultos Sociais. tores, a lista de adesão ao capital social continua em Quanto ao nome, não há sugestão melhor e ele acaba aberto e com isso mais quotas são subscritas. Assim, o sendo mesmo Cooperativa de Cafeicultores de Maringá capital social, que estava em 4 milhões e 325 mil cruLtda, com a sigla Cocamar. No que se refere às quotas- zeiros, é elevado para 5 milhões e 744 mil cruzeiros, enpartes, fica decidido que cada associado, necessariamente quanto o total de quotas-partes adquiridas passa de produtor de café e proprietário da terra, pode subscrever 43.250 para 54.440. quantas quotas quiser, desde que nunca menos de cem quotas e nunca mais do que um terço do capital social es- Fundadores: Carlos Eduardo Bueno Neto (filho de Odwaldo Bueno Netto, que acabou assinando a ficha de nútabelecido, que é de um milhão de cruzeiros. mero 1), Edmundo Pereira Canto, José Geraldo da Costa Constituído o capital social, os sócios-fundadores passam Moreira, Domingos Salgueiro, Ivaldo Borges Horta, Hélio a discutir a composição da diretoria provisória, incumbida Moreira, Antonio Manetti, Guerino Venturoso Fiorio, Erde elaborar o primeiro Estatuto e de tomar as primeiras melindo Bolfer, José Amando Ribas, Josué Moraes, Walprovidências práticas e legais para o início do funciona- demar Gomes da Cunha, Augusto Pinto Pereira, Orlando mento da entidade. Os nomes indicados para a diretoria Alves Cyrino, Orélio Moreschi, Anatalino Boeira de provisória são os dos cafeicultores Arthur Braga Rodri- Souza, Mário Pedretti Tilio, Juan Saldana Garcia, Joaquim gues Pires, no cargo de diretor-presidente; Benedito Lara, Romero Fontes, Elias Izar, Benedito Lara, Joaquim de diretor-secretário; Joaquim Romero Fontes, Aloysio Gomes Araujo, Diogo Martins Esteves, Antonio Martos Peres, Carneiro e Luiz Alfredo, como membros do Conselho de Irineu Pozzobon, Luiz Alfredo, Ricarte Oliveiro de Freitas, Administração; Domingos Salgueiro, Ivaldo Borges Horta Aloysio Gomes Carneiro, Arthur Braga Rodrigues Pires, e Mario Pedretti Tilio, suplentes do Conselho de Adminis- José Alcindo Rittes, Ruy Itiberê da Cunha, Ney Infante tração; Edmundo Pereira Canto, Waldemar Gomes da Vieira, Affonso Lopes Alves, José Freitas Cayres Filho, Cunha e Irineu Pozzobon, membros do Conselho Fiscal. Hildebrando de Freitas Cayres, Manoel de Freitas Cayres, Pedro Valias de Rezende, Francisco Valias de Rezende A terceira e última reunião, para a discussão dos detal- Filho, Ângelo Dianese, Santo Pingo, Antonio Hubner, hes visando a fundação e a instalação da cooperativa é Bertholdo Hubner, Gustavo Hubner, Divino Bortolotto e convocada para o dia 17 de julho, tendo local e horário de Nercy Salermo Radominsku. A reunião definitiva, que constituiu a Cocamar, ocorreu no dia 17 de julho; acima, a primeira logomarca Pá g . 3 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Máquina emprestada foi a primeira sede Como instalações não havia, por algum tempo a Cocamar se estabelece na máquina de café pertencente a um de seus fundadores, Joaquim Romero Fontes, situada na rua Caramuru, 152, Maringá Velho. Adquirida em 1951, essa máquina é mantida em boas condições de conservação até 2009, no mesmo endereço, quando o próprio Fontes, na época com mais de 90 anos, decide doá-la ao Acervo Histórico da Cocamar. A participação de Fontes para a arrancada da cooperativa é das mais importantes. Além de ter emprestado sua estrutura sem qualquer custo, “apenas para a ideia não ficasse no papel”, como costumava dizer, ele pediu que vários parentes seus engrossassem a lista de fundadores e, de quebra, foi quem subscreveu o maior número de quotas-partes. Chamado de “Seu Neno”, Benedito Lara, o primeiro diretor-secretário, tinha 32 anos quando deixou o cartório de Valdomiro Planas, o primeiro de Maringá, para dedicar-se integralmente a sua função na cooperativa. Trabalhava nesse cartório desde 1954 e era um exímio datilógrafo. Paulista de Piracicaba, viveu por alguns anos em Marília com seus familiares antes da mudança para o Paraná. Foi dono de dois sítios de café: um em Campo Mourão, com 86 mil pés, e outro, com 22 mil cafeeiros, onde hoje é a Vila Esperança, em Maringá. Sobre o início da Cocamar, ele ressalta que a maioria dos produtores não tinha nenhuma informação sobre cooperativismo e acumulava dívidas: “Quase ninguém sabia para que servia uma cooperativa. Apenas que era Os primeiros funcionários O primeiro funcionário da Cocamar foi Denizart Mazalli Teske, indicado por Aloysio Gomes Carneiro e contratado por Benedito Lara. Coube a Teske organizar o escritório, inicialmente bastante modesto, nas instalações emprestadas pelo cooperado Joaquim Romero Fontes. Os primeiros auxiliares, que trabalharam ao lado de Denizar Teske, foram Dorival Teixeira de Castro (mais tarde empresário do setor de insumos agrícolas), Almerindo de Paulo Carvalho e Eduardo Hase, o “japonês” (que depois virou relojoeiro). Benedito Lara lembra detalhes dessa primeira turma: “O Denizart Teske tinha uns 35 anos, era um homem fino, educado, conciliador. Ele ensinou o pessoal a trabalhar. O Denizart era tão educado que, em Curitiba, chegou a ganhar um prêmio, pois, à mesa, sabia comer com muita elegância, bonito. Era tão correto e a diretoria tinha total confiança nele, chegando a assinar documentos em branco”. uma coisa boa para ele. O cafeicultor entregava a sua safra lá. A cooperativa comunicava o Banco do Brasil e, com esse café, o agricultor liquidava o que devia ao banco. Pagava sua dívida e renovava o financiamento que iria pagar com a safra do ano seguinte. Ou seja, muitos deles ficavam outra vez endividados e sem maiores perspectivas, pois os preços eram ruins. Ele sobrevivia com os outros cultivos menores na propriedade, Equipamentos rudimentares Funcionários em festividade no escritório da rua Caramuru Nessa época, além de uma máquina de escrever da marca Olivetti, Eduardo Hase se recorda que usou calculadora Facit e uma Burroughs para os registros diários. Pouco depois, o escritório foi servido de uma Divizuma, máquina elétrica utilizada para as quatro operações. Mas ele cita ainda o mimeógrafo – para fazer reproduções de cópias. Se por acaso datilografasse uma palavra ou letra incorreta, o único jeito era interromper o serviço e aplicar esmalte de unha para eliminar o erro na matriz. “Às vezes o esmalte demorava para secar” – acrescenta. Depois apareceu um tal stencil a álcool, mais prático que o mimeógrafo. Todas essas coisas, hoje em dia, escapam ao entendimento dos jovens contabilistas, mas eram os únicos recursos de que se dispunha no início dos anos 60. Novo endereço: um armazém próprio na Av. Prudente de Moraes J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 3 Benedito Lara lembra que a cooperativa prosperou e passou a contar com seu primeiro imóvel próprio: “Foi comprado um armazém de alvenaria de um italiano importante em Maringá, chamado Bruno Lessio. Nessa época havia muitos estrangeiros por aqui. Esse italiano construiu o armazém. Então, a cooperativa se mudou para lá, comprando também uma máquina nova de café. A administração instalou-se dentro desse armazém. Para isso foi levantada uma estrutura de madeira e os funcionários administrativos ficaram no mezanino. Era um local barulhento. Além da poeira que vinha da rua, tinha a poeira das máquinas. Quando fazia muito calor, era difícil de aguentar”. PROBLEMAS - Não demora para a diretoria começar a enfrentar dificuldades por desconhecer a dinâmica de funcionamento de uma entidade desse tipo e por não ter com quem discutir as muitas dúvidas que aparecem, considerando que na época são ainda bem poucas as cooperativas de produtores rurais no Paraná. Canto: “A diretoria era muito bem intencionada e, sem exceção, constituída de pessoas idôneas, que queriam o bem Isso não prejudica tanto a cooperativa no seu primeiro da cooperativa e de seu corpo associativo. Essas qualidaano de funcionamento. Mas no segundo – 1964 – passa a des foram importantes nos primeiros meses, mas seria atrapalhar bastante, na medida em que as operações da preciso muito mais no futuro, à medida que os desafios entidade vão aumentando. Afirma o sr. Edmundo Pereira iam surgindo”. O prédio foi comprado em 1964 Pá g . 3 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Crise é inevitável No decorrer de 1964, o pipocar de uma crise é inevitável, uma vez que não se fez a devida separação dos cafés entregues pelos associados. Quer dizer: sem levar em conta as diferenças de tipo ou de qualidade, que determinariam esta ou aquela renda para o café, toda a produção que chegava das lavouras dos associados era misturada. Consumada a mistura, não é mais possível remunerar o produtor conforme a qualidade do café que ele entregou, mas apenas de acordo com a média do padrão de qualidade de toda a produção entregue. A crise estoura durante o processo de comercialização da safra 1963/64, numa época em que os cafeicultores estão muito preocupados com os efeitos das geadas de 1963. O frio intenso havia prejudicado seriamente as lavouras e os produtores dependem justamente do dinheiro da comercialização do café entregue à cooperativa para quitar compromissos bancários e investir na recuperação dos cafeeiros danificados. O que a diretoria faz, no entanto, é suspender a comercialização da safra, incluindo novos recebimentos de café e pagamentos de cafés já entregues, alegando a necessidade de conferir os estoques, em função das muitas denúncias e irregularidades, consequência da mistura da produção armazenada. PROTESTOS - A providência adotada pela diretoria, embora devidamente justificada, faz com que ela perca o crédito junto aos associados. Os protestos se generalizam e a partir daí o Banco do Brasil e o Instituto Brasileiro do Café passam a acompanhar de perto o que ocorre na cooperativa. Com o agravamento da situação, a cooperativa passa a não ter meios para manter qualquer compromisso em dia, nem mesmo o pagamento de seus poucos funcionários. No auge de todas as dificuldades, um fato novo acontece: o Banco do Brasil alia-se ao IBC e decreta o que entrou na história como uma “intervenção branca”. Diretoria renuncia O então diretor-secretário Benedito Lara explica que José Alcindo Rittes, à época ligado ao IBC e um dos fundadores da cooperativa, articulou para que houvesse a renúncia da diretoria liderada por Arthur Braga Rodrigues Pires. Aloysio Gomes Carneiro, então diretor-gerente, admite que a sua saída “foi traumática”. Mas ele credita grande parte dos problemas a uma campanha orquestrada pela concorrência, formada por maquinistas de café e empresas multinacionais, que não queriam a presença de uma cooperativa. “Faziam muita oposição à cooperativa”, afirma. INTERVENÇÃO - Ao se oficializar a renúncia da diretoria da cooperativa, o IBC designa como interventor o membro do Conselho de Administração, Edmundo Pereira Canto. A escolha de Edmundo ocorre porque, além de associado e conselheiro, é experiente advogado, inclusive com mestrado em Direito feito nos Estados Unidos. Não obstante, seu sogro, Alfredo dos Santos, é o maior credor da cooperativa e move uma ação contra ela. SALVAR OU MORRER - O gerente do Banco do Brasil, Milton Mendes, convida dois profissionais de sua confiança e também do IBC para integrar o grupo, com o objetivo de analisarem a possibilidade de a estrutura seguir em frente ou ser liquidada. Ambos, muito jovens, atuavam como avaliadores para o BB: o engenheiro agrônomo José Cassiano Gomes dos Reis Júnior, de 28 anos, e o advogado Constâncio Pereira Dias, de 30. A saída dos diretores, embora acontecendo em setembro, só se consuma no dia 16 de outubro de 1965 quando 85 associados se reúnem em Assembleia Geral. Em seguida, são confirmados como diretores eleitos os mesmos nomes que compunham a junta. José Cassiano Gomes dos Reis Júnior assume o cargo de presidente; Constâncio Pereira Dias passa a exercer a função de diretor-gerente, e Edmundo Pereira Canto, é o diretor-secretário. Á esquerda, o primeiro presidente, Arthur Braga Rodrigues Pires, acima, o diretor-gerente, Aloysio Gomes Carneiro, em foto atual Cassiano e Constâncio: bom entendimento Segundo Cassiano, havia forte afinidade entre ele e Constâncio: “Formamos um grupo bom e homogêneo, não havia chefe e nenhum queria ser melhor que o outro”. E lembra que um acordo entre os três definiu logo, antes da Assembleia, que Cassiano ocuparia a presidência, por ter mais aptidão política, enquanto o diretor-gerente Constâncio responderia pelas áreas comercial e administrativa, com as quais melhor se identificava. O fato de os interventores serem eleitos diretores evita a perda de tempo com a transferência de comando da entidade, com entrosamentos e outras situações deste tipo. Todos estão adaptados à problemática da cooperativa e cientes das dificuldades que precisam ser enfrentadas. Por outro lado, entre o quadro associativo já há o consenso de que a recuperação é praticamente impossível, dado o alto volume das dívidas e o descrédito generalizado da entidade entre os cafeicultores de toda a região. INSISTIR - A diretoria tem em mãos a difícil tarefa de resolver o que fazer com a cooperativa, de decidir o seu destino. Mas enquanto não apagasse a “última luz no fim do túnel”, poderia haver esperança e por isso os diretores chegam ao consenso de que não devem tomar nenhuma decisão precipitada, embora contem com a autorização do quadro associativo para liquidar a sociedade, caso não haja uma solução. Diálogo franco com os cooperados J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 5 Paralelamente às medidas tomadas quando entrou, a diretoria adota um relacionamento franco e aberto com os cooperados. Afirmou, a propósito, Edmundo Pereira Canto: “A nossa postura não era esconder nada do associado. Informávamos a eles tudo o que sabíamos, sem esconder qualquer detalhe. Quando o associado não vinha até nós, íamos até ele mostrar todos os problemas que a cooperativa estava enfrentando e ouvir sugestões. Esse comportamento ajudou a reconquistar confiança na cooperativa, ajudou a despertar no associado a esperança de que nem tudo estava perdido”. Outra atitude fundamental para a sobrevivência da cooperativa é tomada por Cassiano e Constâncio: viajar ao Rio de Janeiro para uma visita ao principal credor, Alfredo dos Santos, sogro de Edmundo Pereira Canto. A ele, pedem um voto de confiança. Santos, que tem fazendas no Paraná e trabalha no ramo de hotéis no Rio, mostra-se sensível à argumentação de que se a entidade for liquidada, todos vão perder, e diz ter gostado de ver a vontade e a determinação demonstrada pelos novos diretores. Algum tempo antes, a diretoria havia convidado o então ministro da Agricultura, Hugo de Almeida Leme (que tinha sido professor do presidente José Cassiano na Esalq em Piracicaba), para uma visita a Maringá. Não demora e o ministro atende ao convite, chegando à cidade em meio a uma recepção calorosa, preparada pela Cocamar. A visita de Hugo Leme não apenas ajuda a fortalecer ainda mais a diretoria junto aos produtores e a comunidade, como facilita na abertura de algumas portas e leva a um homem de grande importância para a reviravolta econômica da entidade: o presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), José Pires de Almeida, diretamente subordinado ao ministro. Pires, por sinal amigo do pai de Cassiano, era um entu- apertada agenda do ministro. José Pires de Almeida entra em cena siasta do cooperativismo. Ele dizia que a dissolução da cooperativa, caso fosse efetivada, representaria “um desastre para o cooperativismo do norte do Paraná”. Pires promete realizar esforços junto aos órgãos federais, principalmente o BNCC, para tentar a liberação de recursos e assim resolver a situação. Cita que há ainda a possibilidade de a cooperativa ser ajudada pelo IBC, pois o instituto tem dinheiro para apoiar aquelas que quiserem diversificar seus negócios e depender menos da cafeicultura. Mas deixa claro: a única pessoa realmente em condições de ajudar é um dos homens mais poderosos do país: o ministro da Fazenda Roberto Campos. Por fim, Pires se compromete a pleitear uma audiência na COM O MINISTRO - Tempos depois, Pires cumpre o prometido, informando o dia e a hora do encontro tão esperado e decisivo para o futuro da cooperativa. Segundo Constâncio, o agendamento foi possível graças, também, ao empenho pessoal de José Agostinho Trigo Drumond Gonçalves, diretor da Companhia de Financiamento da Produção (CFP). Semanas seguiram-se com incontida ansiedade mas chega, enfim, o momento da audiência: José Cassiano e Constâncio, acompanhados do presidente do BNCC, são colocados frente a frente com o poderoso Roberto Campos. Os dirigentes expõem os problemas enfrentados pela cooperativa mas, logo depois, a conversa é interrom- Pires de Almeida surgiu como um “salvador da Pátria” para a cooperatiba pida por um chamado urgente, ao telefone, do presidente Castelo Branco. Quando Campos retorna à reunião, após alguns minutos, os problemas e os pleitos daquela pequena cooperativa de Maringá, representada pelos dois moços, são infinitamente menor que as grandes questões nacionais a que está acostumado e que certamente havia tratado com o presidente. Para abreviar o en- contro, ordena ao seu chefe de gabinete, Milcíades Mário Sá Freire de Souza, o Sá Freire, ali presente, que “providencie ajuda aos meninos”. Através de Sá Freire, revestido de toda a autoridade que lhe havia sido conferida pelo ministro Roberto Campos, a cooperativa tem acesso a um empréstimo de 300 milhões de cruzeiros junto ao IBC, Pá g . 3 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 No caminho do algodão A diretoria da Cocamar conta em 1967, ainda que indiretamente, com a ajuda do clima para achar uma saída e reverter a situação da cooperativa. O governo federal, por meio do Gerca, financiava a erradicação e a renovação das lavouras, através do plantio de um pé de café para cada três eliminados. E, por causa da geada de 1966, o IBC lança um programa de financiamento de máquinas de beneficiamento de algodão, visando a diversificar a economia das regiões cafeeiras e torná-la menos vulnerável às intempéries. Examinando a possibilidade de financiar os equipamentos, a diretoria conclui que os mesmos eram muito caros e podem representar um pesado ônus. Porém, conversando com Paulo Carneiro Ribeiro, diretor do IBC, Cassiano, Constâncio e Luiz Alfredo – cooperado que substituiu a Edmundo Pereira Canto na função de diretor-secretário, são estimulados a entrar nesse setor. Porém, em vez de comprar máquinas novas, a solução é bem mais simples e barata: adquirir uma estrutura usada, conforme sugeriu Primo Artiolli, o gerente operacional e também um expert em beneficiamento. Pires ajuda mais uma vez Precisando de dinheiro para a empreitada, os diretores não têm outra alternativa senão recorrer novamente a José Pires de Almeida, que ainda preside o BNCC. Desta vez, Cassiano e Constâncio viajam acompanhados de Artiolli. Na reunião, os dirigentes expõem a possibilidade e também o pedido de um financiamento, mas percebem que há uma certa resistência por parte de Pires, o qual, por fim, indaga: “alguém na cooperativa entende de algodão?” Constâncio, então, pede a Primo Artiolli que mostre a carteira de trabalho trazida propositalmente, comprovando ao presidente do BNCC a sua larga experiência no ramo. Ele havia trabalhado 20 anos como gerente da Esteve e mais 7 na gerência da Volkart, na época as maiores compradoras de algodão do país. Com um pouco de ajuda, certamente, a Cocamar poderia trabalhar com algodão sem maiores dificuldades. O presidente do BNCC coloca à disposição da Cocamar um crédito de 230 milhões de cruzeiros, a prazo curto, com o fim específico de a cooperativa adquirir uma máquina de algodão. Com tal quantia de dinheiro, a máquina teria mesmo que ser de segunda mão, pois uma nova custa em torno de 900 milhões de cruzeiros. A compra de uma velha máquina Com o dinheiro na mão, resta à diretoria encontrar a máquina de algodão, o que é tarefa difícil. O Brasil ainda não fabrica esses equipamentos, há muitas dificuldades de importação, e não se imagina como encontrar alguém disposto a vender máquina usada. Mas a máquina teria que ser encontrada e dentro do tempo mais curto possível, considerando que o financiamento havia saído e o prazo de pagamento já está correndo. Começa, então, uma verdadeira peregrinação para encontrar a máquina. Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, onde tem máquina funcionando lá está alguém em nome da Cocamar para tentar negociar a dita cuja. Até que na cidade de Inhumas, em Goiás, uma é encontrada pelo gerente operacional Primo Artiolli. DEU CERTO - A máquina adquirida no final de 1967 começa a funcionar no início de 1968. Na metade do ano, com a ajuda do Banco do Brasil, os tempos parecem estar melhorando em todos os sentidos. Principalmente porque os associados, antes distantes e receosos, agora já voltam a confiar. O ano de 1968 termina com muito otimismo, justificado pela boa rentabilidade proporcionada pela máquina. O trabalho é árduo e a equipe do gerente Primo Artiolli trabalha dia e noite para dar conta de tanto algodão que chega na cooperativa. Os tem- Estrutura entrou em operação em 1968 pos são realmente outros. Em 1969, o otimismo é ainda maior, confirmando que o caminho da recuperação havia sido descoberto. Na agricultura, o algodão é cultivado cada vez mais e os agricultores também conseguem altos lucros, compensando a pouca rentabilidade financeira proporcionada pelo café. Na nova fase, inaugurada com a máquina de beneficiamento de algodão, a Cocamar não deixa de trabalhar com o café. Apenas procurou dividir as atenções entre dois setores, um em ascensão e outro bastante decadente, mas em torno do qual muitos associados continuam ligados em razão, principalmente, dos elevados investimentos que fizeram ao longo dos anos, constituídos de terreiro, tulha, colônias de empregados e outras benfeitorias. É uma estrutura que havia sido construída com dificuldades, usando recursos próprios, e que não pode ser abandonada de uma hora para outra. Solidária com a situação dos associados produtores de café, a cooperativa não pretendia deixar essa atividade e voltar-se exclusivamente para o algodão, embora esse produto representasse sua base econômica. É preciso continuar trabalhando com café, sempre torcendo para que algum fato novo venha melhorar a situação dos produtores, por sinal bastante crítica. “Menina dos olhos” O algodão passa a ser considerado “a menina dos olhos” da cooperativa. A diretoria, respirando aliviada, sem a pressão dos credores, já tem condições de pensar em adequar as instalações. Afinal, o tempo permite que o velho projeto de construir uma sede para a cooperativa seja retirado da gaveta. A administração, afinal, ainda funciona na parte superior do armazém onde está a máquina de café. O barulho da máquina e a poeira dificultam muito os trabalhos administrativos e é preciso pensar seriamente nisso. Nesse ano de 1971 são dados os primeiros passos para a construção da sede administrativa da Cocamar. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 7 O ministro vem e faz um alerta Em 1971, o ministro da Agricultura, Cirne Lima, vem a Maringá participar da inauguração da segunda máquina de algodão. Na cidade, a Cocamar prepara uma recepção calorosa ao ministro, organizando um jantar no Maringá Clube. No Rio Grande do Sul os diretores da Cocamar são orientados a conversar com Fernando Craidy, um engenheiro civil de Porto Alegre, especializado em projetos de armazéns graneleiros. Craidy acaba contratado para projetar e acompanhar a obra, executada pela empresa Pila Guarita. PENSAR NO FUTURO - Nessa oportuniAs obras do graneleiro, iniciadas em dade o ministro faz um alerta aos diremeados de 1971, são concluídas a tores da cooperativa. Diz ele que o tempo de receber a safra colhida no algodão é um bom negócio, mas se deve início de 1972. A construção funciona pensar um pouco além. Sua preocupaO armazém grameleiro, 1º como elemento catalizador, na definição é que, empolgada com o produto, a do Paraná com fundo em V ção de uma nova alternativa econôcooperativa não se aperceba de uma mica aos produtores rurais, conforme outra alternativa econômica que poderia entrar para valer a qualquer momento no Norte do Paraná: registrou no livro de Elpídio Serra, na década de 1980, a soja. A propósito disso, o ex-presidente Cassiano lembrou: o então diretor Oswaldo de Moraes Corrêa: “O ministro elogiou a iniciativa de termos construído duas usinas de beneficiamento de algodão, mas sugeriu que co- “O graneleiro e todo o restante da estrutura que a Cocameçássemos a pensar seriamente na soja, até àquela altura mar implantou para trabalhar com soja, entusiasmou a cultivada em pequenas quantidades no Estado, mas cuja todos. Os agricultores já estavam desanimados com o café tendência era dominar grandes áreas em um período rela- e torciam por uma nova alternativa de lavouras e aderitivamente curto. O medo do ministro era que a soja, assim ram maciçamente ao plantio de soja, aproveitando a esque entrasse no Paraná, caísse nas mãos das empresas trutura montada pela cooperativa e todos os mecanismos multinacionais e aí as cooperativas estariam privadas de paralelos, principalmente de comercialização, que foram criados”. uma extraordinária base de sustentação”. Pá g . 3 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Só homens Nessa época, são ainda poucos funcionários no escritório, todos homens. Além do gerente geral Primo Celeste Artioli, do contador Leodi Castanheira, do chefe de pessoal Nelson Sillas de Souza e dele próprio, estão lá o chefe de escritório João Bezerra da Silva, o caixa Messias Gomes Fuentes, o arquivista José Antonio e um profissional de agronomia chamado Roberto Pedrini. Uma das primeiras mulheres a ser admitida para o quadro de funcionários foi Rosa Maria Marques de Souza, no dia 6 de março de 1972, poucos meses antes da inauguração da nova sede. Contratada pelo contador João Bezerra da Silva, ela lembra que participou de um teste seletivo e se destaca, principalmente, em razão da bonita caligrafia. Conta: “Só trabalhavam homens, até então, na cooperativa. O prédio da nova sede estava em fase final de acabamento e fui encaminhada para fazer o preenchimento de nota fiscal no antigo escritório, em cima da máquina, no armazém. Como tinha uma letra bonita, era a pessoa para a função certa. Ficava o tempo todo preenchendo nota fiscal”. Rosa se recorda que trabalhavam ali, entre outros, os engenheiros agrônomos José Roberto Gomes e Osmar Fernandes Dias – este último, recém-formado, ficou pouco tempo e estava de saída, vislumbrando novas perspectivas profissionais. A área técnica conta, ainda, com o engenheiro agrônomo Aury Ribas Santos. As estruturas armazenadoras de grãos estavam situadas em meio aos cafezais João Bezerra está subordinado ao gerente geral Primo Artioli, que tem Luiz Lourenço como auxiliar na parte comercial. Lourenço havia sido admitido a 1º de janeiro de 1972, como auxiliar operacional. O primeiro agrônomo vem lidar com sementes Vindo de Adamantina (SP), o engenheiro agrônomo José Roberto Gomes é contratado em agosto de 1971 para um período de três meses de experiência, sendo efetivado em outubro. Quando isto acontece, está havendo uma reunião entre a diretoria e cooperados, na sede, e ele é apresentado aos presentes: “Nessa reunião é que a cooperativa foi autorizada a construir o primeiro armazém graneleiro”. Cocamar decide ingressar no recebimento de grãos, construindo para isso um armazém graneleiro, investe também na instalação de uma estrutura própria para a produção de sementes. Naquela época, não se pretendia ficar na dependência do insumo trazido do Rio Grande do Sul. Entre os poucos fornecedores por aqui, ainda em pequena escala, estão os produtores Conselvan e Brunetta. Segundo ele, o laboratório de análise de Gomes, chegou a Maringá em 1968 e, sementes da Cocamar é o primeiro a ser no início de 1971, o presidente Cassiano credenciado na região norte do Estado. o convida para organizar a produção de Por falta de outro lugar, fica provisoriasementes na cooperativa e implantar um mente no interior do prédio onde funsetor de assistência técnica aos produto- ciona o escritório e a balança do futuro res. Gomes chama atenção para um fato armazém graneleiro. Ali, faz o controle que nem sempre é lembrado: quando a de qualidade. A nova sede Nesse mesmo ano de 1972, o ministro Cirne Lima, considerado um grande incentivador da cooperativa, participa no mês de maio da inauguração da nova sede, construída em dois pavimentos e com instalações amplas, no próprio terreno onde a administração está instalada desde meados da última década, só que agora de frente para a Avenida Prudente de Moraes. José Cassiano deixa a presidência Quando da presença do ministro Cirne Lima em Maringá, este insinua a vontade de contar com o dinamismo do presidente José Cassiano em sua equipe. À época, José Cassiano aproveita para indicar ao ministro os préstimos de um homem de grande capacidade e conhecimento que, sem dúvida, seria de grande utilidade ao Ministério: ninguém menos que o ex-presidente do BNCC, o bom amigo José Pires de Almeida. Colocado em contato com Cirne Lima, Pires torna-se seu secretário particular. Não muito tempo depois, seria a vez de José Cassiano seguir para Brasília. Durante uma assembleia na cooperativa, ele comunica aos associados seu afastamento definitivo: vai assumir a presidência da Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento), cargo no qual permanece por cerca de um ano e meio. José Cassiano deixa a presidência da Cibrazem em 1973, acompanhando a saída de Cirne Lima, do Ministério da Agricultura: “Ele divergiu de Antonio Delfim Netto, então poderoso ministro da Fazenda, rompendo em seguida como presidente Médici, fato inédito no regime militar”. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 9 José Cassiano deixa a presidência para comandar a Cibrazem em Brasília, sendo sucessido por Constâncio Pereira Dias (ao lado) Pá g . 4 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Diversificar os negócios, a estratégia para crescer Cooperativa se fortaleceu com o algodão e decidiu apostar também nas culturas mecanizadas de grãos, ainda incipientes no norte e noroeste do Paraná. Como tudo aconteceu muito rápido, isto acelerou também um projeto extremamente audacioso para a época: a industrialização Com a saída de José Cassiano em 1971, o cargo de presidente foi ocupado por Constâncio Pereira Dias, até então diretor-gerente, o qual, por sua vez, deixou sua função para Luiz Alfredo. Aberta, então, a vaga deixada por Alfredo, o cargo de diretor-secretário foi preenchido por Oswaldo de Moraes Corrêa, antigo integrante do Conselho de Administração. Constâncio, logo no início, falava em ampliar propostas para a diversificação das atividades dos produtores da região e também dos próprios negócios da cooperativa. A entidade havia se estruturado com unidade armazenadora em Maringá mas o objetivo era construir outros graneleiros pela região. Afinal, as primeiras safras já haviam tomado toda a capacidade de armazenamento. Luiz Lourenço se recorda que entre 1973 e 1974, quando ele já era gerente geral, a Cocamar começou a debutar no mercado de exportação de soja. O problema, segundo Lourenço, é que ninguém na cooperativa sabia fazer os cálculos referentes aos custos, como as taxas incidentes, Funrural, despesas com fretes, despachantes etc. “A batata quente passou para vários gerentes e chegou às minhas mãos. Como eu sempre tive familiaridade com números, acabei assumindo essa função.” Ao aprofundar-se nessa área comercial, que exigia muito conhecimento e especialização, ele acabou indo naturalmente para a gerência comercial, uma área que precisava ser estruturada para garantir o devido suporte à cooperativa que, agora, teria que aprender a lidar com a Bolsa de Chicago e o mundo. A soja impulsionou ainda mais o crescimento da cooperativa Democratizar a informação, que só poucos tinham acesso Lourenço explica que, sem saber, a Cocamar estava contribuindo naquele momento para democratizar a informação referente ao mercado de produtos agrícolas na região. Para isso, importara um equipamento chamado “Stock Máster” e conseguia, por meio dele, acessar as cotações da oleaginosa em Chicago – que serviam de base para a elaboração dos preços do produto na cooperativa. Até então, observa, as informações eram guardadas a sete chaves pelas multinacionais. Para ele, “a democratização da informação foi uma das grandes conquistas do cooperativismo” e aconteceu, segundo ele, numa época em que as comunicações ainda eram precárias na região, sendo difícil completar uma ligação interurbana. “Só depois é que apareceu o telex e outros meios, para facilitar o acesso a informação”, conta. A formação da área técnica J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 4 1 O departamento técnico da Cocamar foi instalado em 1975 e o seu primeiro gerente o engenheiro agrônomo José Assumpção Filho. Faziam parte da primeira equipe técnica da cooperativa, entre outros profissionais, os engenheiros agrônomos José Roberto Gomes, José Carlos Menon e Aury Ribas Santos. Pouco depois, a equipe seria acrescida dos engenheiros agrônomos Ramael Lázaro Luiz, Marino Hideo Akabane e Gerson Kato. O técnico agrícola Luiz Carlos Lollis está, também, entre os primeiros em sua categoria, ao lado de José Augusto Corrêa da Silva, Antonio Roberto de Souza (o “Betinho”), Joaquim de Almeida e Carlos Alberto da Silva Bianchi. A essa equipe, entre outros profissionais, se juntaria no ano de 1978 o recém-formado engenheiro agrônomo Paulo Fernando Figueiredo Santos e Marchese. Genro do cooperado Eduardo Figueiredo Lima, ele passou a prestar assistência técnica aos produtores de café. Os mosqueteiros Um time formado por quatro aguerridos técnicos agrícolas merece um lugar especial na história da cooperativa. Em vez de o agricultor ir atrás de orientação técnica, o que não era seu costume fazer, esses profissionais é que iam de propriedade em propriedade, ao encalço do produtor, enfrentando toda a sorte de obstáculos e até perigos para executar o seu trabalho e divulgar o cooperativismo. Foi uma novidade experimentada, na raça, pelos cobaias José Augusto Corrêa da Silva, Antonio Roberto de Souza (o “Betinho”), Joaquim de Almeida e Carlos Alberto da Silva Bianchi. Ao implantar o inédito sistema de assistência técnica no campo, a Cocamar não imaginava o quanto difícil seria chegar até os cooperados, em seus sítios. Para isso, dividiu a região em quatro áreas, ficando uma para cada técnico. O problema não era só enfrentar estradas intransitáveis por causa do barro, da intensa poeira ou dos buracos. Quando eles deixavam seus veículos para percorrer sofríveis carreadores a pé, estavam sujeitos a tudo: desde cachorros ferozes a bois e bodes prontos para o ataque. Sem falar da hostilidade de muitos agricultores, parte dos quais não entendia a diferença entre a cooperativa e uma empresa cerealista. Os primeiros entrepostos A diretoria começou a planejar a implantação dos primeiros entrepostos e, pela primeira vez na nova fase, discutiu a viabilidade de uma indústria. O produto a ser industrializado não poderia ser outro: soja, a base na sustentação da cooperativa. A primeira unidade da Cocamar fora de Maringá foi instalada no município de Paiçandu, vizinho a Maringá. Ocupava as instalações que pertenciam ao Instituto Brasileiro do Café (IBC). Mais parecia um depósito, segundo alguns, com 31.824 metros quadrados. O primeiro responsável, Jamil Jaloto, permaneceu um tempo na função, confiada depois ao português José Maria Leal Pessoa Paula Soares, um profissional especializado em armazenagem e conservação de grãos, que havia chegado de Moçambique um ano antes. José Maria assumiu a gerência dessa unidade, ficando Jamil Jaloto na subgerência. A cooperativa começou a implantar unidades na região; acima, a primeira, na avenida Colombo Depois de Maringá e Paiçandu, a cooperativa passou a contar com instalações próprias para o recebimento da produção em outros municípios da região. Os de São Jorge do Ivaí e Jussara ficaram prontos com 1976 com capacidade, respectivamente, para 33 mil e 12 mil toneladas. Em 1977, mais dois: Doutor Camargo e Floresta, para 25 mil toneladas cada. Nessa época, a Cocamar compreendia 22 municípios, com um total de 541.399 hectares. Eram cerca de 4,5 mil cooperados e setenta por cento das propriedades tinham entre 12 e 24 hectares. Os municípios integrantes da região da cooperativa: Atalaia, Cianorte, Cruzeiro do Sul, Doutor Camargo, Floraí, Inajá, Indianópolis, Ivatuba, Japurá, Jussara, Mandaguaçu, Maringá, Nova Esperança, Ourizona, Paiçandu, Paranacity, Presidente Castelo Branco, São Jorge do Ivaí, São Tomé, Terra Boa e Uniflor. Até o final de 1977 a capacidade de armazenagem chegaria a 332.150 toneladas. Pá g . 4 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Em 1975, a pior geada do século Na manhã daquele fatídico 18 de julho de 1975, sem nenhum secretário ou assessor a acompanhá-lo, o governador Jaime Canet Júnior entra pela porta da frente na sede da Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda., na Av. Prudente de Moraes, em Maringá, onde um grupo de produtores conversava sobre a geada. Eles sabiam que o estrago tinha sido grande, mas poucos ainda conseguiam perceber, pelo menos até aquele momento, a dimensão do desastre e do que ele representaria para a economia do Estado. No balcão, onde trabalhava na liquidação de safras, Maria Ester Marques Brito lembra que o governador apresentou-se aos produtores e só depois foi reconhecido pelos funcionários. Ela conta: “Ele chegou e disse: ‘sou o governador do Estado e também cafeicultor’. Ele tinha lavoura em Bela Vista do Paraíso. Todo mundo ficou surpreso. Quando avisaram um diretor que o governador estava no saguão da cooperativa, ele não acreditou. Mas foi conferir e comprovou: era mesmo o governador”. Foi um ano em que as baixas temperaturas encantaram os curitibanos com a neve, mas a geada assombrou os cafeicultores. O emblemático ano de 1975 foi um divisor de águas na economia estadual com o advento da devastadora geada negra. Era o golpe de misericórdia para uma atividade cujo ciclo dava sinais claros de esgotamento. Ao mesmo tempo, a destruição dos cafezais, que começaram a ser erradicados e a minguar em todas as regiões, representou o sinal verde para o avanço em definitivo das lavouras mecanizadas de grãos, puxadas pela soja. Ninguém esperava tanto A soja deu um susto na Cocamar. A cooperativa estruturava-se para receber o grão, sabia que as lavouras dessa cultura iriam expandir-se nos anos seguintes mas ninguém tinha uma noção exata acerca da velocidade com que as coisas aconteceriam. Rosa Maria Marques de Souza, que começou em 1972 preenchendo notas fiscais, passou para o setor fiscal e tornou-se mais tarde uma profissional polivalente, conta: “No ano em que a grande geada arruinou os cafezais, muita gente plantou soja em toda a região e a gente só foi perceber isto quando os caminhões começaram a chegar, no início do ano seguinte. Vinha caminhão de todo lado, mesmo de municípios distantes, formando enormes filas. Foi um estouro, ninguém esperava tanto. Foi um rebuliço. Não havia funcionários suficientes, todos precisavam trabalhar dia e noite. Funcionários de outras áreas foram chamados a colaborar, inclusive aos sábados e domingos”. Com armazéns para grãos, ficou mais fácil reagir Como a Cocamar tinha saído na frente ao construir armazéns graneleiros para acondicionar essas safras, os produtores se sentiram encorajados a substituir o cultivo perene do café por plantios temporários, que ofereciam maior possibilidade de sucesso. Com um detalhe: “o” soja, como alguns agricultores preferiam chamar, despontava como uma cultura de liquidez sem igual, cuja expansão contínua da oferta fazia frente a uma demanda internacional crescente. Não fazia mais sentido, portanto, que a cafeicultura continuasse ocupando terras tão nobres e valiosas. Dessa forma, a soja e o trigo, que demandavam pouca mão de obra, espalharam-se e tomaram conta das superfícies mais férteis, as famosas terras roxas, enquanto o algodão foi migrando do norte para ficar mais perto dos cafezais, que faziam da região noroeste o seu reduto, Produtores faziam longas filas para entregar a safra, mas valia a pena onde a disponibilidade de trabalhadores ainda era farta. Luiz Lourenço lembra que a soja acabou deslocando o café e algodão. A soja, segundo ele, foi a “redenção da agricultura”, pela sua praticidade e também pela liquidez. Já o cultivo do algodão era bastante complexo, exigindo principalmente um controle permanente de pragas e doenças, sem falar da grande dependência de mão de obra. E a cafeicultura foi, em seu início, uma atividade exploratória: “O café sugou o solo e não houve reposição de nutrientes, os agricultores faziam um manejo errado, nem sequer adubavam”. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 4 3 Região ganha estruturas para algodão A soja era o caminho, mas não se poderia descuidar das culturas com as quais a cooperativa trabalhava tradicionalmente, caso do algodão, que tinha assumido um papel de grande importância em seu faturamento, e do café. Mesmo com a redução gradativa dos cafezais, a atividade ainda se mantinha em algumas regiões, sendo a principal fonte de renda de muitas propriedades. Em dezembro de 1975, a Cocamar passa a contar com os préstimos daquele que foi um de seus colaboradores mais queridos e populares: João da Costa Patrão. Profundo conhecedor de algodão, ele atuou A Cocamar fortaleceu ainda mais sua atuação no recebimento e beneficiamento de algosão por 25 anos na Esteve Irmãos e dedicaria outros 25 a serviço cooperativa. Expandindo sua operação na área, a Cocamar implanta uma unidade de beneficiamento em Cianorte, ocupando instalações que haviam sido abandonadas pela Sanbra. Outros municípios da área de atuação da cooperativa também foram recebendo unidades de beneficiamento: Paranacity e Iporã. Pá g . 4 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 A industrialização, uma ideia arrojada A ideia de implantar uma indústria de óleo e farelo de soja começou a ser trabalhada em 1974. Foi durante uma reunião da diretoria que o assunto entrou em discussão e começou a ganhar corpo. No mesmo ano, no dia 27 de setembro, a diretoria convocou uma Assembleia Geral Extrordinária de associados para decidir sobre a implantação da indústria, que viria inaugurar uma nova fase da cooperativa, em que deixaria de apenas repassar produtos “in natura” recebidos dos associados e começaria a industrializar a produção agrícola a ela entregue. A Cocamar estava sendo a primeira cooperativa do Paraná a entrar na era do esmagamento de soja e os diretores não tinham, pelo menos em nível de Estado, com quem trocar ideias ou discutir planos e programas. Esse pioneirismo, de certa forma, contribuiu para retardar o andamento das negociações visando o início das obras. Sendo a implantação da indústria aprovada em 1974, só em 1977 é que os trabalhos tiveram início para que a indústria começasse a funcionar em outubro de 1978, em sua fase experimental, e em 1979 a todo vapor. ÓLEO E FARELO - Mas em 1979, com o advento da indústria, quando a cooperativa, além de soja em grão, começou a debutar no concorrido mercado internacional ao oferecer, também, óleo bruto e farelo de soja, foi preciso sofisticar ainda mais o departamento comercial, para fazer frente a essa nova demanda. Foi nessa época que Luiz Lourenço passou de gerente geral ao cargo de diretor adjunto, sendo a área comercial uma de suas principais atribuições. Quando a Cocamar começou a aumentar o recebimento de soja e a industrializar o produto, a área comercial Pires e Paolinelli Segundo deixou registrado Constâncio Pereira Dias, nesta fase, mais uma vez José Pires de Almeida, então secretário do ministro Alysson Paolinelli, conseguiu deste último que usasse a força de seu ministério para obter um financiamento do programa de agroindústria. “Foram precisos também, nessa hora, a colaboração de Reinaldo Dias de Moraes Silva e Fernando Craidy. O primeiro através de sua empresa Ateai – com o projeto agroindustrial, e o segundo executando a obra.” As condições de financiamento representaram para a Cocamar, na época, o que poderia ser considerado um excelente negócio, como já se disse. Algumas condições do contrato: juros baixos, pré-fixados, sem correção monetária; alguns anos de carência e muitos anos de prazo para pagar. Conforme afirmou Oswaldo Corrêa: “no final, com a inflação alta, as prestações não cobriam o preço de um pneu de trator”. ficou ainda mais importante para a cooperativa, pois lidava com milhões de dólares em um único dia. Os negócios eram feitos por telefone e telex, mas a Cocamar montou um departamento bastante sofisticado para a época e parecia coisa de outro mundo Detalhe da construção da indústria de óleo e farelo de soja J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 4 5 De cara, um problema Problemas iniciais eram inevitáveis, mas, apesar deles a indústria entrou em funcionamento e quando tudo parecia bem, que estava dando certo, um fato inesperado acabou acontecendo: o governo federal baixou instrução proibindo o consumo de derivado de petróleo na produção de vapor industrial. O país enfrentava sérias dificuldades na importação de petróleo e para diminuir o consumo interno procurou direcionar o uso de combustível para a movimentação da frota de veículos e para o atendimento a alguns setores que não pudessem contar com alguma fonte energética alternativa. As indústrias, de um modo geral, podiam dispor de fontes alternativas e, portanto, estavam impedidas de continuarem consumindo derivado de petróleo. A Cocamar foi então obrigada a abandonar suas caldeiras de poucos meses de uso, acionadas a BPF (óleo combustível) e encomendar novas caldeiras para a queima da lenha. Indústria recebe ampliação No final de 1980, mais depressa do que havia previsto, a Cocamar se vê obrigada a ampliar a capacidade de processamento de sua fábrica, de 1.100 para 1.600 toneladas de soja/dia. Nesse ano, foram processados 255,6 mil toneladas, 29% a mais que em 1979. A indústria estava indo tão bem, descortinando novos mercados para a cooperativa, que a diretoria se animou a apostar na expansão do parque industrial. Surgiria, então, em 1980, a segunda planta, ao lado da primeira, e igualmente para fabricação de óleo comestível, mas processando caroço de algodão, girassol e amendoim. Pá g . 4 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Incorporação de cooperativas A estrutura de armazenagem, no que refere à sua distribuição regional, levou em conta, num primeiro plano, o espaço pioneiro de atuação da cooperativa, ou seja, aquele em que ela se manteve desde a fundação, em 1963; num segundo plano, levou em conta dois outros espaços, incorporados a partir de sua consolidação como empresa cooperativa, entre o final da década de 70 e o início da de 80. Em 1979, a Cocamar foi solicitada a anexar cooperativas que estavam à beira da liquidação. Os primeiros contatos, nesse sentido, foram mantidos tendo em vista a incorporação da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores – Coac, que atuava na região de Umuarama. Não deram certo. Pouco tempo depois, uma nova oportunidade, com a Cooperativa Regional de Perola (Coopérola), que atuava nos municípios de Pérola, Altônia, São Jorge do Patrocínio, Iporã, Francisco Alves e Xambrê, no extremo noroeste do Estado. Desta vez, o resultado foi positivo e a Cocamar ampliou, pela primeira vez, seu espaço de atuação exclusiva. Absorveria também, em 1982, a Cooperativa Agrária de Cafeicultores (Coaca), de Paranavaí. Outra conquista, a fiação Por outro lado, o esforço desencadeado em várias frentes para derrubar a proibição federal e implantar no Paraná a primeira fiação de algodão de uma cooperativa, surtira efeito. No dia 17 de outubro de 1981, Constâncio, ao lado dos demais diretores, presidiu uma solenidade para o lançamento da pedra fundamental no parque industrial, à qual participaram autoridades e convidados. A fiação, com projeto de viabilidade devidamente aprovado, teria capacidade para absorver 30% da produção de algodão dos cooperados, produzindo fios cardados para os mercados nacional e internacional. No dia 22 de outubro, data em que foi concluída a construção civil, o presidente mandou organizar outra solenidade, para a qual foram convidadas várias lideranças e autoridades. Nesse dia, Constâncio fez questão de homenagear as pessoas que ajudaram a cooperativa nesse empreendimento: o governador Ney Braga, o presidente do Banco Central, José Kleber Leite Castro, o presidente do Banco do Brasil, Aléssio Vaz Primo, o presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Mário Saporite, o secretário estadual de Indústria e Comércio, Fernando Fontana, e o prefeito municipal João Paulino Vieira Filho. No extremo noroeste, o apoio a produtores de café (foto) e algodão Enfim, na era do computador O crescimento da cooperativa impunha mudanças nos sistemas de controles, mas os avanços tecnológicos, em matéria de administração, ainda eram tímidos. Passar parte do serviço para o computador representou uma grande comodidade para os funcionários e também segurança para a organização, conforme detalha Rubens Jacinto da Silva, o Rubinho, chefe contábil que foi responsável por essa transição: “Nos finais de ano, quando era preciso pagar rateio aos cooperados, a gente gastava vários dias para preencher uma infinidade de cheques, coisa de 2 mil a 3 mil”. Pá g . 4 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Quadro associativo cresce rápido No ano que comemora seu 20º aniversário de fundação, a cooperativa registra o ingresso de seu cooperado de número 20.000, aliás, uma cooperada: Mara Rúbia Zandonadi, moradora em Maringá. O crescimento do quadro associativo é vertiginoso, lembrando que em 31 de dezembro de 1982 o número totalizava 13.995. Em 1983, a Cocamar mantinha a posição de cooperativa singular com maior quadro associativo do Paraná, conquistada ainda em 1981, quando tinha fechado o ano com 10.092 associados. INDÚSTRIAS - O forte crescimento da Cocamar durante a década de 70 é, mesmo, impressionante. De frágil cooperativa no final dos anos 60, ela transforma-se em uma grande organização econômica em pouco mais de dez anos e com muito combustível, ainda para continuar expandindo-se. Isto, tanto em número de produtores associados quanto na área industrial. tempo depois, chega enfim às prateleiras dos supermercados de Maringá e região. Em 1983, o parque industrial já conta com duas unidades de produção de óleos (uma de soja e outra de caroço de algodão), uma fiação de algodão, uma usina-piloto de álcool anidro e uma estrutura para refino e desodorização acoplada a uma área de envase com fabricação própria de frascos em PVC biorientado. Claro que com o grande avanço das culturas mecanizadas, sobra pouco espaço para a cafeicultura na região, mas esta ainda resiste em especial nos minifúndios dos municípios de Altônia, Iporã, Pérola e São Jorge do Patrocínio. O óleo com a marca Cocamar começa a ser consumido primeiramente pelos cooperados e funcionários, com as vendas, restritas aos entrepostos da cooperativa. Pouco Grandes volumes de algodão seguiam para os entrepostos, funcionando em Paranavaí, Paranacity e Cianorte, sem contar os da região de Umuarama. No “Fundão”, muita pujança Devido a sua localização geográfica, no extremo-noroeste do Estado, a região incorporada pela Cocamar junto a Coopérola, que inclui os municípios de Iporã, Altônia, Pérola e São Jorge do Patrocínio, é por muitos chamada de “Fundão”. Em 1983, ao assumir a gerência da unidade de Altônia, José Eduardo Bassan, na cooperativa desde 1976, lembra que ficou bem impressionado com o que encontrou. “Era um modelo bem sucedido de ocupação da terra”, conta, explicando que a grande maioria dos proprietários rurais residia com suas famílias em áreas pequenas, de 7 alqueires em média. A cada 100 metros havia um carreador que levava a um novo lote e todos viviam bem, invariavelmente com uma Brasília ou um Passat na garagem, símbolos locais de prosperidade na época. Nas manhãs de sábado, dia reservado para as compras, a cidade se enchia de carros, caminhões e carroças. Independente dos altos e baixos da cafeicultura, essa atividade ainda era muito forte na economia de Altônia e região, fazendo dali o seu principal reduto no Estado. Por alguns anos as assembléias da cooperativa foram realizadas no Ginásio de esportes Chico Neto Cocamar faz os primeiros experimentos com biodiesel O engenheiro Germano Ottmann, o segundo gerente industrial da Cocamar, ocupou essa função entre 1979 e 1983. Ele conta que na segunda indústria, em que se produzia óleo de caroço de algodão, lidavase com uma indesejável quantidade de borra resultante do refino desse óleo. O que fazer com a substância era um desafio que acabou suscitando uma ideia arrojada: por que não aproveitá-la como matéria-prima para a produção de biodiesel? Há alguns anos, ao estimular o cultivo de eucalipto para substituir o óleo BPF utilizado nas caldeiras de seu parque industrial, a Cocamar demonstrava interesse em buscar alternativas para substituir o produto importado, e que fossem menos poluentes. Nesse sentido, o biodiesel obtido a partir da borra de óleo de caroço de algodão e também de óleo de soja refinado poderia ser interessante. ‘‘O biodiesel tem fluidez mais leve que o diesel. Com biodiesel, o motor tem durabilidade quatro vezes maior do que com o uso de diesel’’, afirmou na época o químico Richard Fontana. Além disso, não havia necessidade de troca de lubrificante. Pá g . 5 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Parque Industrial vira um canteiro de obras Com indústrias, instalações e estruturas de apoio sendo levantadas rapidamente ou ampliadas, o Parque Industrial chegava ao ano de 1984 repleto de obras. Um novo armazém graneleiro estava sendo instalado para 52 mil toneladas, um armazém sementeiro para comportar 4.500 sacas era erguido, implantava-se um novo conjunto com seis armazéns para café e a própria máquina de café era ampliada. Por outro lado, estava pronto o projeto da fiação de seda, que teria 3.600 metros quadrados de área construída, incluindo setores de meadeiras, fiandeiras, tinturaria e outras áreas de apoio, depósitos, salas sanitárias etc. Não bastasse, a Cocamar anunciava a construção de uma segunda fiação de algodão, anexa à primeira, para mais 2,7 mil toneladas/ano, elevando assim a sua capacidade para 6 mil toneladas/ano. Tudo isso sem falar, ainda, do envase de óleo em sistema de PVC biorientado, conforme já mencionado antes, com a construção de um espaço de 3.600 metros quadrados para comportar as máquinas. E, também, de várias outras obras e melhorias nos entrepostos. A estrutura de refino, desodorização e envase de óleos vegetais foi inaugurada no dia 10 de maio de 1985, com capacidade inicial para 60 mil garrafas de 900 ml, utilizando, como já dito, uma tecnologia francesa ainda desconhecida no Brasil. Ao ingressar no setor da seda, cooperativa contemplou do recebimento à industrialização Projeto Laranja é lançado Com a presença do secretário estadual da Agricultura, Claus Germer, um evento de âmbito regional reúne lideranças na tarde do dia 29 de junho de 1984 no Country Club de Maringá, para o lançamento do Projeto Laranja. A iniciativa do governo do Estado, com apoio de prefeitos de diversos municípios da região noroeste e a participação da Cocamar, tem o objetivo de questionar as barreiras impostas pela Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico (Canecc). Segundo elas, o noroeste, que lutava pela viabilização de novas alternativas para fortalecer a sua economia, estava impedido de fazer o plantio de pomares comerciais de laranja, o que soava como “um absurdo” para as lideranças. Nessa época, o Paraná precisava comprar de outros Estados nada menos que 96,4% das frutas que consumia, a maior parte delas do gênero cítrico. Remover tais dificuldades, portanto, era um novo desafio que contava com o empenho da Cocamar. Durante o lançamento, o presidente Constâncio Pereira Dias declarou que cooperativa poderia incentivar essa cultura entre os produtores e, inclusive, instalar uma indústria para processamento da matéria-prima. No ano seguinte, esse evento ganharia dimensões ainda maiores. Intitulado “Novo Noroeste”, teve a Cocamar entre suas principais articuladoras, reunindo no Country Club mais de 100 prefeitos de municípios polarizados por Maringá, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama. Era a terceira edição consecutiva de um movimento que, em 1983, havia sido iniciado pela agência de Maringá do Banco No- J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 5 1 roeste, cujo gerente era Nélson Gaburo. Desta vez, o que se reivindicava era liberdade para o Estado plantar pomares comerciais de laranja e, com eles, ensejar novas perspectivas para uma região em visível empobrecimento; recursos para a renovação de cafezais, tentando-se recuperar uma cultura em declínio e, ao mesmo tempo, assegurar opção de renda a um grande número de produtores que tentava se manter na atividade; por fim, apoio também à sericicultura, um setor agora abraçado pela Cocamar, considerado importantíssimo para a fixação, ao campo, de inúmeros pequenos proprietários. Cocamar chamou para si o empreendimento e contou com apoio do governo do Estado Pá g . 5 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Os primeiros passos Eram 514 pés de tangerina ponkan, 2.427 de laranja pêra e 383 de limão tahiti: o primeiro pomar experimental de frutas cítricas implantado no Paraná estava localizado em 15 hectares da Fazenda Cocamar em Iguatemi, município de Maringá. A iniciativa contou com o apoio da Secretaria da Agricultura e o projeto vinha sendo desenvolvido desde meados de 1985. Para isso, foi necessário que os vizinhos em um raio de até 1,5 quilômetro das margens da área utilizada pela Cocamar erradicassem toda e qualquer árvore cítrica. Até então, há mais de 20 anos o Paraná estava impedido de plantar frutas cítricas em pomares comerciais, em nome do combate ao cancro cítrico. Há pouco tempo, o Estado tinha vencido uma luta de vários anos para a liberação de suas áreas, mas para que essa liberação fosse definitiva, sem restrições, era necessário que ficasse suficientemente provado que a doença não constituiria empecilho. Quando do “Projeto Laranja”, a Cocamar havia se comprometido a participar da luta pela liberação do noroeste do Paraná para a citricultura, e daria todo o respaldo necessário. Após trinta anos, a reconquista Depois de trinta anos impedido por uma legislação do Ministério da Agricultura, o Paraná tinha finalmente a chance de produzir laranja. A oportunidade, aliás, havia surgido três anos antes, com a mudança na legislação que impedia o Estado de efetuar o plantio por ser portador do cancro cítrico. A lei determinava que a cada foco de cancro detectado fosse interditado todo o município. Pressões de lideranças paranaenses, somadas ao aparecimento de focos da doença, resultaram na modificação do artigo por parte do Ministério da Agricultura, fazendo com que somente as propriedades infectadas fossem in- Microbacias terditadas e não mais o município todo. Foi o início do Projeto Laranja que viabilizou a citricultura na região noroeste, como uma opção de diversificação. O projeto de citricultura do Paraná era considerado de porte médio por Edilberto José Alves, diretor técnico da Cocamar e coordenador estadual do programa. A meta era produzir 20 milhões de caixas (48,8 kg por caixa) destinadas à produção de suco e outras 2 milhões de caixas para comercialização “in natura”. No longo prazo, 30 mil hectares deveriam ser ocupados por pomares. Produtores apostaram no projeto implantando pomares de laranja na região noroeste A região da Cocamar está entre as primeiras, no Estado, a implementar o programa de microbacias hidrográficas, a partir de 1985, que deixou para trás o flagelo da erosão, até essa época um grande problema da agricultura paranaense. Em 1985, uma das primeiras bacias hidrográficas do Paraná é viabilizada no município de Paiçandu, vizinho a Maringá, onde havia grandes valas causadas por erosão. A iniciativa da Acarpa local conta com o apoio da Cocamar e da antiga cooperativa Sul Brasil. O município de Ivatuba, na região de Maringá, se tornou referência internacional Até o final daquela década, Ivatuba, também na região da Cocamar, seria considerado um município modelo em relação a essa prática sustentável, no país. Foi o primeiro a fechar toda a área municipal com microbacias, sendo uma referência para técnicos e produtores de outras regiões do Estado e do país. Oswaldo sucede Constâncio Constâncio Pereira Dias, que participou de todas as diretorias da Cocamar desde 1965, sendo desde 1971 o diretor-presidente, pede seu afastamento em caráter irrevogável no início de julho de 1986. Seu sucessor, Oswaldo de Moraes Corrêa, havia ocupado cargo na cooperativa, pela primeira vez, em 1969, quando integrou o Conselho Fiscal. Já no ano seguinte, foi eleito diretorsecretário, ocupando desde então cargo em todas as diretorias. Nos últimos anos, era o diretor de Comunicações e Serviços Sociais. Constâncio deixava a cooperativa com tranquili- A cooperativa surgiu como um braço financeiro J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 5 3 dade, em um momento em que a organização estava sólida e organizada, embora vivendo um momento conturbado, considerando que sua missão chegara ao fim. Pouco tempo depois, ele transferia residência para sua cidade natal, Guaranésia (MG), ficando mais perto de seus negócios. Com a saúde fragilizada, Constâncio deixa o comando para Oswaldo de Moraes Corrêa Fundada a Credimar Fundada em 1986 pela Cocamar, entrava em fase de operações regulares a Credimar – Cooperativa de Crédito Rural de Maringá Ltda [que no futuro seria a Sicredi União PR, uma das maiores em seu setor no país]. Tratava-se praticamente, segundo o diretor de produção da Cocamar, Edilberto José Alves, de um banco rural, cuja finalidade principal era reter no setor pelo menos um pouco mais dos recursos gerados no campo. “Tradicionalmente a agricultura transfere ao sistema financeiro quase todas as riquezas que gera, e o que é pior: depois depois retoma esses mesmos recursos a custos elevados”, dizia Edilberto, que exercia a função de diretor-secretário daquela cooperativa. Pá g . 5 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 A comemoração dos 25 anos Em 1988, nas festividades comemorativas aos 25 anos da Cocamar, foi prestada uma homenagem a um grupo de associados pioneiros, formado por Odwaldo Bueno Netto, Joaquim Romero Fontes, Luiz Alfredo. - Ivaldo Borges Horta, Irineu Pozzobon, Ermelindo Bolfer, Anatalino Boeira de Souza, Carlos Eduardo Bueno Netto, José Armando Ribas, Josué Moraes e Orlando Alves Cyrino. Funcionários também foram homenageados: Abel Pereira de Campos (admitido em 1971, maquinista em Doutor Camargo), Romildo Carvalho Vanderlei (admitido em 1971, titular da Liquidação de Safras), José Antônio Bassan (de 1971, separador de tulhas na máquina de algodão), Enzo Palandri (italiano de Florença, onde nasceu em 9/11/19. Formado em Topografia, foi admitido em 1971 e respondia pela assessoria de Projetos), José Roberto Gomes (agrônomo admitido em 1971, ocupava a gerência geral noroeste), Arlindo Cechella (de 1972, foi o primeiro motorista da Cocamar), Antonio Jorge dos Santos (ingressou em 1972, era chefe de padronização de algodão), Rosa Maria Marques de Souza (de 1972, era assistente tributária na Assessoria Jurídica), Rubens Jacinto da Silva (admitido em 1972, respondia pela gerência administrativa da Unidade Maringá), Lourenço Gonçalves (de 1972, era assistente de operação), Oswaldo da Silva Santos (admitido em 1968, era chefe de produção e manutenção na Dixon [estrutura arrendada pela cooperativa]), Aparecido de Oliveira (admitido em 1972, tirador de amostras), Jonas Moureira (ingressou em 1968, respondia pela manutenção e operação da máquina de algodão), Vandenir Nogueira de Matos (de 1972, atuava na escrituração fiscal), José Lustoza de Alencar (de 1967, tendo ocupado várias funções no setor operacional) e José Joaquim da Silva (admitido em 1967 na função de balanceiro). • Associados: 25.000 • Colaboradores: 4.000 • Produtos: soja, milho, trigo, algodão, café, feijão, arroz, mamona, girassol, casulos de seda, farinha de mandioca e aveia. Injeção do envase produzia milhões de tampas O setor de injeção da unidade de envasamento de óleo da Cocamar produzia, em meados de 1987, 2 milhões de tampas e 2 milhões de sobretampas por mês. Equipamentos automáticos transformavam o polietileno (derivado do petróleo) por meio do processo de injeção, moldados na forma definitiva. Segundo o gerente da fábrica, Érico Amorim Alves, a tampa exibia um dispositivo prático para se retirar a sobretampa. E esta permitia a vedação do vasilhame durante o consumo, sem necessidade de furar o frasco, a exemplo do que acontecia com a lata. O óleo de soja Cocamar já estava presente em 80% dos pontos de venda da região. O primeiro encontro de mulheres cooperativistas Apesar do dia chuvoso, 500 participantes foram registrados no 1º Encontro Feminino organizado pela Cocamar, no mês de dezembro de 1987. Pronunciando-se na oportunidade, o gerente regional João da Costa Patrão disse que “a mulher rural ocupa uma posição de vital importância no sen- tido de oferecer suporte ao desenvolvimento de suas famílias, e seu interesse em participar das realizações da cooperativa, demonstra que procura uma evolução, um melhoramento”. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 5 5 Construindo o equivalente Transcocamar profissionaliza o setor de transportes a um alqueire por ano O Departamento de Projetos e Obras da Cocamar era o termômetro do crescimento da cooperativa. Responsável por todas as edificações, do projeto à execução, construía uma média anual de 20 mil a 25 mil metros quadrados. As unidades industriais, os entrepostos, os armazéns graneleiros estavam entre as principais obras realizadas. A partir do início de 1989, com a fundação da Transcocamar Transportes Ltda., a Cocamar passou a contar com uma empresa própria para os serviços de transportes, levando sua produção industrializada para os diversos destinos e, ao mesmo tempo, fazendo o transbordo, para Maringá, das safras entregues pelos agriculto- res nos entrepostos. Até então, a frota própria da cooperativa era composta de 63 veículos, que atendiam apenas 40% da demanda da cooperativa. O restante era preenchido por transportadoras locais. Em breve, a Transcocamar absorveria também a frota de veículos pequenos usados pelos colaboradores da Cocamar. Enfim, o café “Cocamar” A cooperativa investiu na implantação de um torrador para ter, ainda em 1989, o café em pó “Cocamar”. O investimento era uma complementação do complexo café: o produto era exportado, fornecido às torrefações e agora, finalmente, ia chegar aos consumidores da região. O torrefador estava sendo implantado numa área de 700 metros quadrados dentro do parque industrial. Pá g . 5 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 Renovação no Conselho de Administração leva Lourenço à presidência O momento do país não era bom, com uma sucessão de planos econômicos mal-sucedidos, que prejudicavam as finanças e impediam o planejamento de empresas de todos os tamanhos. A inflação sempre voltava com força, após as medidas de combate, desafiando o governo. Com sua estrutura, a Cocamar necessitava de um grande projeto de reestruturação para se adequar aos novos tempos, sob pena de entrar em dificuldades. A Cocamar tinha duas chapas para con- correr ao Conselho de Administração na eleição de dezembro de 1989. Uma, “União com Segurança”, liderada pelo então presidente Oswaldo de Moraes Corrêa, e outra, “Renovação com Segurança”, pelo diretor de comercialização Luiz Lourenço. No dia da Assembleia Geral Ordinária, realizada a 23 de dezembro, 4.123 cooperados se dirigem ao local, o amplo armazém sementeiro da cooperativa em Maringá. Os representantes de ambas as alas haviam firmado acordo no sentido de que a eleição acontecesse por voto secreto – uma novidade na história da cooperativa. Animados pelo fato de poderem escolher livremente a chapa de sua preferência. O pleito começou por volta das 15:30h e o resultado foi conhecido duas horas depois: Luiz Lourenço é eleito presidente com 3.087 votos, o equivalente a 77% do total. Ele sucede a Oswaldo de Moraes Corrêa, no cargo desde 1986, tornando-se o quinto comandante da cooperativa. A diretoria passou a ser composta também por Edilberto José Alves e João Cardnes Marques. Em síntese, cinco compromissos foram assumidos pelo novo Conselho de Administração junto aos produtores: 1) Com o cooperativismo – praticar a igualdade na utilização da estrutura, dos recursos financeiros e serviços; 2) Com o objetivo principal – promover prioritariamente o melhor resultado econômico-social ao produtor; 3) Com a estabilidade – manter a estrutura sólida e bem estruturada para proporcionar maior segurança aos seus associados e às regiões; 4) Com a confiança – trabalhar de modo ético, profissional e transparente; 5) Com o desenvolvimento – evitar o comodismo e com responsabilidade, dedicação e competência, promover o desenvolvimento econômico e social de seus associados e de sua região, na busca de diversificação de atividades. Entre as principais propostas da nova administração, reorganizar o quadro social, de maneira a aproximar e integrar os cooperados e a cooperativa; a realização de reuniões pré-assembleia nas cidades onde há entrepostos, para que se tenha mais tempo de debater os assuntos; redução do número de diretorias de sete para três; desburocratizar, simplificar e racionalizar a estrutura administrativa; estruturar a administração por produto – criando divisões responsáveis para cada atividade; adotar o profissionalismo na administração, orçamento para todos os atos, planejar investimentos e, por fim, promover uma reforma estatutária para contemplar as mudanças. Detalhe da assembléia histórica ocorrida no final de 1989; embaixo, os diretores com o secretário de Agricultura Osmar Dias A reestruturação administrativa J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 5 7 Ao assumir, a nova diretoria colocou em prática um plano de austeridade e começou a cumprir suas promessas de campanha, visando a reconduzir a Cocamar a uma realidade mais adequada para suportar os tempos de dificuldades enfrentados pela economia nacional. Os cargos na diretoria foram reduzidos de sete para três; houve redução do número de funcionários, enxugamento de gerências e departamentos e iniciado um amplo trabalho de profissionalização das equipes; o quadro de cooperados começou a passar por um rigoroso processo de selecionamento, visando a premiar a qualidade da participação. “Aqueles cooperados não atuantes e que vêm somente gerando custos para a cooperativa, serão convidados a regularizar sua situação. Já os associados devedores, que não cumpriram com seus compromissos nos prazos estabelecidos, estão sendo executados e excluídos sumariamente da sociedade”, comentou Luiz Lourenço, acrescentando: “dentro dos objetivos que norteiam o espírito cooperativista, os produtores atuantes e participativos, fiéis ao sistema, terão, a partir de agora, um tratamento digno que privilegie sua dedicação”. Em pauta, a terceirização de serviços Era dado início em 1991 a um intenso processo de terceirização de serviços na Cocamar, com o objetivo de desvincular a cooperativa de atividades que não estavam ligadas ao seu objetivo. O primeiro departamento a ser terceirizado foi o da área de transportes rodoviários, que se tornou autônomo, com a já criada Transcocamar. Também os setores de zeladoria foram terceirizados e a programação para 1992 previa ampliar o leque. O gerente Político Social, José Fernandes Jardim Júnior, explicou que essa iniciativa deixaria a estrutura da cooperativa mais leve “para atender melhor ao quadro de associados”. Pá g . 5 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Governador assume e vem à Cocamar Pouco mais de 24 horas depois de tomar posse no Palácio Iguaçu, em Curitiba, o governador Roberto Requião vem a Maringá onde, em solenidade realizada na Associação Cocamar, reconduz ao cargo de secretário da Agricultura e do Abastecimento, o engenheiro agrônomo Osmar Dias. O evento, considerado “inédito” pelo próprio secretário, que ocupou a mesma pasta durante o governo anterior, chefiado pelo seu irmão Álvaro Dias, foi prestigiado por aproximadamente 2 mil convidados, entre dirigentes de cooperativas e caravanas de agricultores de todo o Estado. Cooperativa divulga superadensamento de café entre cooperados A Cocamar é a primeira cooperativa do Paraná a divulgar o sistema de adensamento e superadensamento de café. E, sem perda de tempo, pleiteava recursos junto às autoridades, em março de 1992, para viabilizar o plantio de pequenas áreas de café com esse sistema na sua região de abrangência. A cooperativa descobrira propriedades com cultivo adensado e superadensado em Ribeirão Claro e Cambará, no Paraná, e promovia visitas de cooperados de regiões onde a atividade estava acabando. Na fazenda Santa Júlia, de Luiz Marcos Suplicy Haffers, considerada a principal referência, os visitantes viram cafezais produzindo dez vezes mais que a média paranaense, que mal chegava às oito sacas beneficiadas por hectare. Haffers tinha 140 hectares, dos quais 20 pelo sistema adensado. Desses, cinco estavam em plena produção aos 3,5 anos de plantio. Era nessa pequena área que o agricultor provava o gosto suave de um negócio que muitos julgavam esgotado. Com 8,4 mil plantas por hectare, a lavoura plantada no espaçamento de 1,20m x 1,0m, chegava à inacreditável média de 60 sacas beneficiadas por hectare em 1991. Mas no ano seguinte, a carga dos pés indicava não menos que 100 sacas/hectare – um espanto para muitos cafeicultores tradicionais. “Meu primeiro conselho, como cafeicultor, é deixar de lado o cálculo por mil pés e partir para valores em hectares”, pontuou o proprietário. O café voltava a ser uma opção econômica graças ao novo sistema de produção J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 5 9 Trazida pela Cocamar, canola é cultivada na região Oleaginosa bastante conhecida na Argentina e outros países da América do Norte até então, a canola despontava como uma interessante novidade para o período de inverno de 1992 na região da Cocamar. O Estado teria cerca de 3 mil hectares plantados com essa cultura de origem canadense, cujas sementes foram introduzidas no Brasil, vindas do país vizinho. A ideia de trazer a nova opção de cutivo ao Estado partia da Cocamar, que esperava semear 800 hectares, pelo menos, em sua área de ação. Não havia nenhum tipo de financiamento para a cultura, mas a cooperativa criou uma linha especial para apoiar os produtores, abrindo créditos destinados à aquisição dos insumos. A canola apresentava vantagens sobre o trigo: o preço de 160 dólares a tonelada, superior aos 140 dólares daquele cereal. CONHECER – Meses antes, uma equipe de técnicos da cooperativa tinha ido à Argentina para ver de perto a canola, uma cultura derivada da colza. Detalhe: os grãos de canola apresentavam 40% de teor de óleo – simplesmente o dobro da soja. ÓLEO – A Cocamar tinha tanta certeza do êxito em relação ao cultivo de canola na região, que investia em esforços para colocar a cooperativa na disputa por uma faixa do mercado de óleo. No Brasil havia, ainda, apenas uma marca lançada pela Olvebra. A estratégia da cooperativa para ingressar nesse segmento ainda em 1992 era a mesma do concorrente: apresentar o produto como o mais saudável para o consumo humano. O óleo da Cocamar, cujo nome seria Suavit, era o único produzido no Brasil – visto que o produto da Olvebra provinha da Argentina. Produto era recebido e industrializado pela cooperativa Pá g . 6 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 30 anos e grandes desafios pela frente Ao completar três décadas de existência em 1993, a Cocamar contava com 10.040 produtores cooperados, atuando no recebimento de soja, milho, trigo, café, canola, algodão, casulos do bicho-da-seda, arroz, feijão, triticale, girassol, aveia, amendoim em casca, cana-de-açúcar, mandioca para fécula, laranja e leite “in natura”. tuado na PR-317, que abriga a fiação de seda e várias estruturas de apoio. O clima é festivo, também, ante o recebimento de uma safra recorde de soja, de 322 mil toneladas. São 38 entrepostos, 3.118 funcionários e um parque industrial com várias unidades: extração de óleo e farelo de soja, extração de óleo e torta de algodão, refinaria de óleo de soja, envase de óleo refinado de soja, indústria de fios de algodão, indústria de fios de seda, torrefação e moagem de café, destilaria de álcool e fecularia de mandioca. Com capacidade para armazenar 725 mil toneladas de grãos, a cooperativa apresenta faturamento de US$ 204,8 milhões em 1992, dos quais US$ 32,8 milhões oriundos de exportação. Como parte da programação de aniversário, a diretoria inaugura o Parque Industrial “Constâncio Pereira Dias”, si- Na indústria, embalagem pet toma o lugar do PVC O gerente da fábrica de óleo da Cocamar, engenheiro mecânico Bassim Chamseddine, justificava que a utilização de embalagens de polietileno tareftalato (PET) expandia-se rapidamente pelo mundo. Segundo ele, o sistema de latas e PVC (plástico) somente era comum, ainda, nos países da América Latina, lembrando que foi a Cocamar, no início dos anos oitenta, que introduziu o envasamento em PVC no Brasil, a partir de tecnologia francesa. Falando da substituição do PVC pelo PET, que era uma tendência natural, Bassim explicou que ambos os produtos eram derivados do petróleo. A unidade de envasamento de óleos da cooperativa, em operação desde 1982, tinha capacidade para 150 mil embalagens/dia. Pomares de laranja avançam A expectativa da Citrocoop Citros Concentrados (empresa formada por Cocamar e Copagra) é de que a safra de laranja de 1993 totalize 530 mil caixas, multiplicando por cinco a quantidade obtida em 1992. É a segunda produção comercial dos pomares da região noroeste. A região, aliás, vive uma nova fase com a consolidação da citricultura, apresentada como uma das melhores opções para a diversificação das propriedades. A entrada no segmento da cana Depois de absorver a estrutura da Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Cana de São Tomé (Coamto), a Cocamar partia firme para o plantio da safra que seria colhida a partir de maio de 1993. A previsão era plantar, até o final de 1992, cerca de 1,5 mil hectares na região de São Tomé, município localizado a 70km de Maringá. A destilaria da Coamto, parada há dois anos, seria reformulada para produzir 30 milhões de litros de álcool em 1993. A decisão de incorporar aquela cooperativa havia sido ratificada pelos associados em assembleia no mês de junho de 1992. Inaugurado o “packing house” O projeto Citrocoop completava mais uma etapa com a inauguração, em agosto de 1992, do “packing house”, uma unidade de recepção e preparo de frutas “in natura”. Na oportunidade, os diretores da Cocamar, Edilberto José Alves, e João Cardnes Marques, o presidente da Copagra (a outra cooperativa associada ao projeto), Olivier Grendene, e o prefeito de Paranavaí, Rubens Felippe, recepcionam o secretário Osmar Dias. Essa unidade passa a receber toda a produção de laranjas para efetuar o processo de preparo, que consta de classificação, lavagem e polimento das frutas antes de acondicioná-las em embalagens comerciais – colocadas no mercado com a marca “Avaí”. Lourenço alerta: é o fim do algodão Ao tomar conhecimento do plano safra que acabava de ser anunciado pelo governo, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, reagiu. Ele diz a jornalistas que o produtor de algodão é a grande vítima do descaso das autoridades, que autorizavam a livre importação do similar estrangeiro, criando um quadro de concorrência interna na qual ele não tem a menor chance. “O produto importado, que tem subsídios na origem, chega às indústrias em condições tais que aviltam o mercado do algodão para o produtor brasileiro, tornando inviável a exploração da cultura”. Lourenço queixa-se diretamente ao ministro da Agricultura, Barros Munhoz, mas a responsabilidade é atribuída ao ministro da Indústria, Comércio e Turismo, o paranaense José Eduardo de Andrade Vieira, que estaria trabalhando em defesa do segmento industrial têxtil – o único beneficiado com as importações. Diante de tal cenário, o momento da cotonicultura é especialmente crítico no Paraná, o principal produtor nacional. Na safra 1991/92, tinham sido cultivados 704,4 mil hectares, área que encolheu para 363 mil hectares no período seguinte e caiu mais ainda no ciclo 1993/94, para menos de 300 mil. A expectativa é que 400 mil trabalhadores fiquem sem função. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 6 1 Pá g . 6 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 “Suavit” vence O empresário Aparecido Silva Machado, de Maringá, vence o concurso para a escolha do nome do óleo de canola a ser produzido pela Cocamar. Sua sugestão, “Suavit”, foi eleita entre mais de 20 mil participações. O óleo chegaria depois aos supermercados, fazendo sucesso. É o primeiro com matéria prima produzida no país. Alternativas regionais O 1º Encontro de Diversificação e Novas Tecnologias para o Noroeste do Paraná, em Cianorte, no mês de maio, reúne 650 produtores. A iniciativa da Cocamar apresenta propostas que, em síntese, oferecem opções para pequenas propriedades, caso do café cultivado em sistema superadensado. Um dos palestrantes mais aguardados é o cafeicultor Luiz Haffers, dono da Fazenda Jamaica em Ribeirão Claro (PR), considerada uma referência nesse novo modelo. Celular, novidade para o campo A Cocamar tem sua história ligada ao vôlei, com a revelação de grandes craques, como Giba (foto) e Ricardinho O gerente regional da Telepar em Maringá, Darcy Pedro Thomas, anuncia a boa nova: a partir de julho (1993) o sistema de telefonia celular começa a funcionar na região de Maringá. Para isso, uma antena ligada a satélite, com alcance para captar e transmitir num raio de 20 quilômetros, vai cobrir a cidade e as imediações. O produtor Eizo Kuroda é um dos primeiros a adquirir um aparelho celular: “O fixo já não dava conta”, anima-se. Antecipar compras, uma nova mentalidade ao cooperado Embora pudesse parecer muito cedo para se pensar sobre a próxima safra de verão, o presidente Luiz Lourenço orienta cooperados para que utilizem recursos obtidos com a boa safra para antecipar a compra de seus insumos. O objetivo é criar uma nova mentalidade, de maneira a depender menos de bancos e de outras modalidades de financiamento, como o “troca-troca” (em que o produtor retira insumos na cooperativa para pagar com a produção). Lourenço argumenta: os custos dos financiamentos bancários “são insuportáveis”. Vôlei campeão A Cocamar/Cyanamid vence o Frigorífico Chapecó por 3 a 0, em Maringá, e fica com o titulo da Copa Sul de Clubes, organizado pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Participaram também do torneio a Sogipa e a Frangosul, ambas do Rio Grande do Sul. Ainda em 1993, o time conquista a Copa Brasil de Clubes Campeões disputada em São Luis (MA). A equipe, que inicia preparativos para a temporada 1994/95, anuncia reforços: Paulão, meio de rede titular da seleção brasileira e um dos titulares do time na conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona. A resposta da torcida é o ginásio Chico Neto lotado. O vôlei vira mania na cidade. Além dele, chegam Douglas, Giba e Ricardinho, sendo que os dois últimos jogadores vão figurar, no futuro, entre os melhores do mundo. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 6 3 Plano Real: muita expectativa e grandes estragos na agricultura No ano de 1994 o governo do presidente Itamar Franco consegue, enfim, organizar e implementar um programa de estabilização econômica com resultados duradouros, iniciado oficialmente no dia 27 de fevereiro. A Medida Provisória 434 institui a Unidade Real de Valor (URV), estabelecendo regras de conversão e uso de valores monetários, iniciando a desindexação da economia e determinando o lançamento de uma nova moeda, o Real. Bom para o país, que dava um basta nos períodos turbulentos e de desordem de sua economia, o Plano Real revela uma face sinistra, em que a agricultura sofre o maior encargo. É ela que vai pagar a conta nesse primeiro ano, transformando-se em uma espécie de “âncora verde”. Entende-se por “âncora verde” a decisiva contribuição dos preços dos alimentos no controle dos índices inflacionários. Ou seja, o governo se apoia na atividade agropecuária para baixar os preços reais dos alimentos. No entanto, apesar da grande importância que a agropecuária exerce na implantação do Plano Real, o setor é duplamente esbulhado, pois suas dívidas continuam a ser corrigidas por meio da TR, a Taxa Referencial, que faz um enorme estrago em curto período de tempo, levando muitos produtores à insolvência. INSOLVÊNCIA - No mês de outubro, a Folha de Londrina publica artigo assinado pelo jornalista Oswaldo Petrin que elucida bem a situação: “Há um ano o pagamento de uma parcela do financiamento equivalia a 500 sacas de milho. Hoje, segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a mesma parcela tem valor proporcional a 1.100 sacas do mesmo produto. Apesar da estabilização da economia, em programas como o Finame Rural, uma linha de crédito operada pelo BNDES para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas, foi mantida a correção monetária pela TR (Taxa Referencial), acrescida de juros que chegam a 12% ao ano, o que configura um descasamento entre o crédito e os preços dos produtos agrícolas”. Em seu artigo, o jornalista alerta para ‘o risco de uma nova onda de insolvência no setor rural, uma vez que com os preços mínimos fixos e correção monetária em vigor, muitos agricultores não terão como honrar as dívidas’. O maior problema está nos contratos assinados antes de junho de 1993 em que o tomador foi prejudicado devido à correção da TR plena e não pró-rata. Isto significa que, por exemplo, o agricultor que tomou seu dinheiro emprestado em 28 de abril de 1993, em vez de seu débito ser corrigido desta data até o final do mês em 2,5%, foi atualizado com a TR plena do mês: 28,22%. Apesar do BNDES assumir o compromisso de estornar ou devolver a diferença entre a TR pró-rata e a TR plena cobrada indevidamente, nada disso foi feito, ficando o campo com os prejuízos agravados pelo descasamento provocado pelo Plano Real. O produtor está desnorteado e, apesar da gritaria geral do setor, o governo parece surdo. É a transição do mandato do presidente Itamar Franco para Fernando Henrique Cardoso. Para complicar ainda mais, o governo libera apenas uma pequena parte dos recursos da ordem de R$ 5,6 bilhões que prometera para a safra de verão 1994/95. Desse total, cerca de 18%, o equivalente a R$ 1 bilhão, seriam do Paraná. Nesse mesmo ano, segundo a Ocepar, 40 mil produtores paranaenses deixariam a atividade. A dívida do campo, segundo a entidade, já chegava a R$ 7 bilhões e não havia solução à vista. Pá g . 6 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Uma demonstração de prestígio Um evento dos mais importantes da história da cooperativa aconteceu no dia 19 de abril de 1996, em Maringá, quando a diretoria reuniu autoridades, ex-governadores, ex-ministros, ex-dirigentes e personalidades que, ao longo de seus 33 anos, emprestaram-lhe decisiva contribuição. Era um jantar na Associação Cocamar para lembrar os 33 anos da cooperativa. O presidente Luiz Lourenço, ao lado dos ex-presidentes José Cassiano Gomes dos Reis Júnior (1965-1971) e Constâncio Pereira Dias (1971-1986), recepcionaram os ex-governadores Ney Braga (também ex-ministro da Agricultura), José Richa, José Hosken de Novaes, Octávio Cesário, Jayme Canet Júnior e Álvaro Dias, os ex-ministros Ivo Arzua (Agricultura) e Roberto Costa de Abreu Sodré (Relações Exteriores e também exgovernador de São Paulo), senador Osmar Dias, os deputados federais Ricardo Barros e Valdomiro Megger, os deputados estaduais Marcos Alves e Joel Coimbra, prefeito de Maringá Said Felício Ferreira, ex-prefeitos Adriano José Valente e João Paulino Vieira Filho), presidente da Faep, Ágide Meneguette, presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, presidente do Senar/PR, Luiz Antônio Fayet, presidente da Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim), Hélio Costa Curta, presidente do Sindicato Rural de Maringá, Anníbal Bianchini da Rocha, entre outros. Marcante, também, foi a presença do ex-presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), José Pires de Almeida, que teve um papel decisivo, em várias oportunidades nos anos 1960, evitando a dissolução da cooperativa e oferecendo alternativas ao desenvolvimento de várias áreas. “Esse foi um acontecimento inesquecível na história da Cocamar” LUIZ LOURENÇO Envase de óleos A Cocamar negocia com a Engepack Embalagens S/A., da Bahia, a terceirização do setor de envasamento de óleos vegetais, que começaria a ser feito em embalagens PET para derivados de canola e soja. A Engepack se comprometeu a investir US$ 5 milhões para instalar uma moderna unidade. Primeiro módulo da indústria de sucos é inaugurado A Citrocoop inaugura no dia 16 de setembro em Paranavaí, o primeiro módulo de sua fábrica de sucos concentrados. A unidade foi construída para absorver a produção de laranja da região noroeste paranaense. O governador do Estado, Mário Pereira, presidiu a solenidade, que reuniu cerca de 500 convidados, entre autoridades, lideranças e produtores. Antes da inauguração, o ex-governador Alvaro Dias e o ex-secretário da Agricultura, Osmar Fernandes Dias, tinham visitado a indústria. Poucas semanas depois, a Cocamar anunciava o embarque do primeiro lote de exportação de suco para a Europa. A partir da esquerda: João Paulino Vieira Filho (ex-prefeito de Maringá), José Osken de Novaes (ex-governador), senadores Osmar Dias e Álvaro Dias, Anníbal Bianchini da Rocha (ex-diretor da Cocamar e ex-secretário estadual da Agricultura), Roberto Costa Abreu Sodré (ex-governador de São Paulo e ex-ministro das Relações Exteriores), Constâncio Pereira Dias (ex-presidente da Cocamar), Jayme Canet Júnior (ex-governador do Paraná), Ney Braga (ex-governador do Paraná e ex-ministro da Agricultura), Ricardo Barros (então prefeito de Maringá), Luiz Lourenço (presidente da Cocamar), Ivo Arzua (ex-ministro da Agricultura), Octávio Cesário Pereira Neto (ex-governador do Paraná), Oripes Rodrigues Gomes (ex-presidente da Cocari), José Cassiano Gomes dos Reis Júnior, ex-presidente da Cocamar e ex-secretário estadual da Agricultura), José Richa (ex-governador), Adriano José Valente (ex-prefeito de Maringá), Said Felício Ferreira (ex-prefeito de Maringá) e José Pires de Almeida (ex-presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo-BNCC) Purity Nessa época, a Cocamar introduzia no mercado o óleo de soja “Purity”, marca idealizada pelo então gerente da divisão comercial, Nelson Sillas de Souza. “Um produto diferenciado em relação aos óleos já conhecidos”, explica o então assessor da área comercial, Roberto Kaminski. Era lançado, também, um café em versão cappuccino. Pesquisa do Instituto Bonilha, de Curitiba, apontava a Cocamar, em outubro de 1996, como a sexta marca mais lembrada do Paraná, só atrás de Volvo, Copel, Prosdócimo, Bamerindus e Viação Garcia. Em suas unidades industriais, a cooperativa produzia 35 mil caixas/dia de óleos de soja e canola, 130 toneladas/dia de óleo bruto de caroço de algodão, 1,250 quilos/dia de fios de algodão, 600 quilos/dia de fios de seda, 36 milhões de litros de álcool/ano, 9,7 mil toneladas de fécula de mandioca/ano e proporcionava 1.934 postos de trabalho. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 6 5 Pá g . 6 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Região de Umuarama, a nova fronteira da soja Nos 32 municípios que integram a Amerios (Associação dos Municípios do Vale do Piquiri), importante região do noroeste paranaense, um dado alarmante vinha tirando o sono das autoridades. Por causa da pecuária extensiva e da falta de manejo adequado, já havia pelo menos 1 milhão de hectares em estado de degradação. O empobrecimento da terra era consequência natural de décadas seguidas que marcaram a atividade pecuária na região, conduzida, em sua maior parte, com baixo profissionalismo, resultando em bai- xa ocupação. Mas como reverter essa situação? A solução, segundo o prefeito de Umuarama, Fernando Scanavaca, estava na necessidade de promover uma verdadeira revolução no campo. Em lugar de pastagens improdutivas e à mercê da erosão, ele queria ver lavouras de soja, cultivadas segundo um apropriado padrão tecnológico – o mesmo que viabiliza a cultura nos cerrados. O secretário de Agricultura do município, Edson Assis Bastos (in memoriam), avisava: “não estamos delirando” e, segundo ele, o primeiro pas- so era viabilizar o arrendamento das terras. Interessados não faltariam, mas o problema estava em convencer os pecuaristas. REVOLUÇÃO - Sem imaginar, o prefeito estava mesmo começando uma revolução na agropecuária, que hoje tem nome e está consolidada: integração lavoura, pecuária e floresta. Um modelo sustentável e avançado, visto atualmente como a solução para o Brasil multiplicar a produção de alimentos a partir do aproveitamento de pastagens degradadas. O pioneirismo das autoridades de Umuarama, considerado até então um “delírio” ou “loucura” por muita gente, encantou de imediato a Cocamar, que enxergou aí uma grande oportunidade para o combalido noroeste do Paraná e para o seu próprio fortalecimento. Nos anos seguintes, como veremos ao longo desse livro, a cooperativa investiria em estruturas para apoiar os produtores e seria uma parceira de primeira hora do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) no desenvolvimento de pesquisas. Alianças estratégicas na industrialização Com as alianças e acordos operacionais no setor de oleaginosas, o Parque Industrial operaria com 100% de sua capacidade instalada em 1998. Nessa área, uma das principais parcerias foi com a Coamo, para a qual passou a industrializar soja, visando a extração de óleo de- gomado e farelo, refino e envase, além da compra de caroço de algodão e sementes, e uso do seu terminal portuário em Paranaguá, para o embarque de farelo de soja e outros itens. Para a Cocari, a Cocamar prestou serviços na industrialização de soja e, para a Cotrefal, refino e envase de óleo degomado de soja, mesmo trabalho que executava para a Camil. Com a Caramuru, atuou na troca de óleos especiais, fornecendo óleo de canola em troca do similar de milho. Com a Inpal, fez o processamento de mandioca com fornecimento de fécula e, com A Cocamar viu na integração lavourapecuária uma forma de fortalecer a economia da região noroeste e desde 1997 passou a apoiá-la com prioridade a Engepack, produção de embalagens PET para óleos. Com a Toepfer, fornecimento de farelo de soja para exportação, caracterizando uma linha de crédito rotativo, e com a Cargill e a ADM, pagamentos antecipados na aquisição de soja e trigo. Fábrica opera com capacidade total J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 6 7 A fábrica de óleos vegetais da Cocamar teve sua capacidade de esmagamento ampliada em 50%, passando de 1.500 para 2.250 toneladas/dia, o que foi necessário diante do aumento do recebimento de soja e da parceria realizada para a prestação de serviços com várias cooperativas e empresas. A indústria trabalhava à plena carga, situação diferente de alguns anos, quando a ociosidade chegava a 40%. 20 ANOS – O Parque Industrial, que começou a ser construído em meados da década de 1970 e teve a sua primeira unidade – a fábrica de óleo e farelo de soja – inaugurada em 1979, completava duas décadas. A linha de produtos ao varejo era formada por 5 tipos de óleos de grande aceitação, dos quais dois de soja: o tradicional “Cocamar” e “Purity”. Os outros três – derivados de canola, girassol e milho, todos com a marca “Suavit”. A esses óleos somavam-se, nas gôndolas, os cafés “Maringá” e “Cocamar”, o cappuccino “Cocamar” e o álcool “Cocamar”. TECNOLOGIA – De acordo com o gerente industrial Sidney Leal, a Cocamar nunca descuidou do processo de modernização de suas indústrias, lembrando que a automatização e o constante aperfeiçoamento estão pre- sentes em todos os setores. Esses fatores, ligados à ocupação máxima de sua estrutura, faz da fábrica de óleo um modelo em produtividade. Em 1994, segundo Leal, eram 500 funcionários, ao passo que em 1998, mesmo com a ampliação da capacidade de esmagamento de 1.500 para 2.250 toneladas de soja/dia, o efetivo não passava de 180 trabalhadores. Cocamar priorizou o varejo e suas indústrias prestavam serviço para outras cooperativas e empresas Pá g . 6 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Suco recebe selo do mercado solidário No apagar das luzes de 1998, o suco concentrado e congelado produzido pela Paraná Citrus, empresa da Cocamar em Paranavaí, foi selecionado pela organização não governamental europeia Fairtrade Labelling Organization International (Flo), que atua no mercado solidário internacional. A partir de então, o produto vendido ao consumidor europeu receberia um selo de garantia de qualidade e também que o processo de produção não envolvia mão de obra infantil. Por conta disso, para cada tonelada de suco comprado pela Ong, havia um prêmio de US$ 100 dólares para ser convertido à realização de projetos sociais, envolvendo trabalhadores e suas famílias. CERTIFICAÇÃO – A qualidade do suco, a propósito, passaria a ser comprovada pela conquista da certificação internacional de qualidade ISSO 9001, outorgada pela empresa alemã Gesellschast Zur Zertifizienung. O melhor ano O ano de 2001 terminava como o melhor da história da Cocamar até então, registrando um volume recorde de 440 mil toneladas de soja (contra 330 mil do ano anterior) – das quais 15% oriundas da região do arenito – e um faturamento de R$ 602 milhões, 28% acima dos R$ 482 milhões do ano anterior. O recebimento de soja em grão, de 440 mil toneladas, vinha também em escala crescente na comparação com os anos anteriores, e o esmagamento do produto no parque industrial da cooperativa saltava de 421 mil toneladas em 2000 para 541 mil em 2001 – um avanço de 29%. O crescimento se observava, ainda, nas vendas de varejo e insumos agropecuários, de R$ 141 milhões no último ano para R$ 170 milhões em 2001. * em milhões de reais J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 6 9 A denominação passa a ser Cocamar Cooperativa Agroindustrial Assembleia Geral Extraordinária realizada no mês de outubro de 2002 autorizou a mudança da denominação de Cocamar Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá Ltda., para Cocamar Cooperativa Agroindustrial. A alteração era necessária, segundo o então superintendente administrativo e financeiro, Divanir Higino da Silva, para eliminar dificuldades impostas às sociedades limitadas pela legislação de alguns Estados. “A Cocamar está em expansão e isto vinha sendo um obstáculo. Não somos mais uma cooperativa que vende seus produtos apenas para a região, o nosso foco agora é o Brasil, acrescentou. Era a segunda mudança de nome em pouco menos de 20 anos. O primeiro, ao ser fundada em 1963, era Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda, sigla Cocamar”. Chegar logo a R$ 1 bilhão O Grupo Cocamar chegava ao final de 2002 com R$ 775 milhões de faturamento – 29% a mais que os R$ 602 milhões do ano anterior. O objetivo agora era crescer mais 25% e atingir a almejada marca de R$ 1 bilhão. Nesse ano, a cooperativa havia recepcionado 463 mil toneladas de soja, 5% a mais que as 440 mil toneladas de 2001 – e pelo menos 10% dessa quantidade eram provenientes dos solos arenosos do noroeste. Por outro lado, mostrando que investir no varejo tinha sido um bom negócio, as vendas desse setor totalizavam R$ 133 milhões, 56% a mais que os R$ 85 milhões de um ano antes. Pá g . 7 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Presidente inaugura as novas indústrias Cumprindo promessa feita aos dirigentes da Cocamar quando ainda era candidato, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve em Maringá no dia 12 de abril de 2003 especialmente para inaugurar as novas indústrias da cooperativa. Era a terceira visita de Lula à Cocamar em menos de um ano. Ao lado de três ministros (Roberto Rodrigues, da Agricultura, Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), e José Graziano da Silva (da Segurança Alimentar e Combate à Fome), ele agradeceu a atenção com que foi recebido nas vezes anteriores e reafirmou o compromisso de promover o desenvolvimento do cooperativismo no País. Durante a solenidade, o presidente começou seu discurso falando da Cocamar. Ele lembrou que havia estado na cooperativa duas vezes em 2002: “Fomos tratados pela diretoria de uma forma muito digna”, enfatizando que tudo o que aprendeu sobre cooperativismo, foi na Cocamar. Após os pronunciamentos, foi feito no próprio palanque o descerramento da placa que marcou a inauguração das fábricas. Em seguida, o presidente e o governador puxaram a fila de autoridades em direção às fábricas. No caminho, Lula avistou quatro caminhões com doações feitas pelas cooperatias Cocamar, Coamo, Cooperval e Copagra para o Programa Fome Zero. Depois de percorrer as instalações do novo conjunto industrial, o presidente saiu para a rua onde estava sendo aguardado pelos veículos oficiais. Fugindo do protocolo, dirigiu-se a um ponto de ônibus quase em frente para cumprimentar e abraçar algumas pessoas. Finalmente, na Avenida Constâncio Pereira Dias, Lula cumpriu a parte final da visita à Cocamar, plantando um ipê-roxo. Por volta das 13h, retornou ao Aeroporto Regional, onde embarcou rumo a Londrina para visitar a Exposição da cidade. Presidente Lula visitou a Cocamar em quatro oportunidades “O campo é o maior negócio do País” J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 7 1 Ao assumir o Ministério da Agricultura, o cooperativista Roberto Rodrigues declarou que “o campo é o maior negócio do País”, responsável por 21% do PIB, 40% das exportações, 25% da produção e 37% dos empregos gerados em território nacional. Rodrigues lembrou que, na década anterior, o agronegócio foi submetido a uma tripla colisão: estabilização, falência das políticas públicas e abertura comercial. “A crise foi brutal e destruiu a renda no campo, levando a uma enorme exclusão social. Mas também exigiu a modernização. Não tínhamos conhecimento das verdadeiras forças que se moviam na direção da oferta e procura dos alimentos. Essa é a grande diferença de hoje em relação aos outros tempos”, disse o ministro que, por várias vezes, visitou a Cocamar. Falando sobre a cooperativa, Rodrigues salientou: “A Cocamar tem uma atuação que transcende a região. Na região ela é mais do que conhecida, ela é a locomotiva do cluster da localidade”. Por sua vez, em seu discurso de posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância do setor agropecuário e prometeu incrementar a agricultura familiar e o cooperativismo, sem descuidar do vigoroso apoio à pecuária e à agricultura empresarial, à agroindústria e ao agronegócio. Rodrigues: “a Cocamar tem uma atuação que transcende a região” Pá g . 7 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Varejo cresce e aparece O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, recebeu homenagem na feira supermercadista Apras 2004, justificada pelo forte crescimento da cooperativa na área de varejo. No evento foram apresentados as novas embalagens dos óleos de soja, milho, girassol e canola, produzidos com as marcas Cocamar, Purity e Suavit. A propósito, as vendas de óleo de soja e bebidas à base de soja surpreendiam no interior paulista, segundo a 32ª pesquisa nacional sobre reconhecimento de marca, realizada pela revista Supermercado Moderno, o que era confirmado pela empresa de pesquisa ACNielsen. A cooperativa começava a fazer história, também, com participação assídua na maior feira do setor no país, a APAS, sempre no mês de maio em São Paulo. E, em 2005, pela primeira vez, contou com um estande na feira de Anuga, na Alemanha. Prêmio importante A Cocamar foi o grande destaque do Prêmio OCB 2005, realizado pelo segundo ano pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e revista Globo Rural. A cooperativa venceu em três das oito categorias da premiação, considerada a mais importante do setor no país: responsabilidade social, meio ambiente e marketing. A Cocamar figurava também na lista das 5 empresas “Grandes Líderes do Sul” do setor agropecuário, segundo estudo feito pela revista Amanhã, de Porto Alegre. Considerando as 200 maiores, ocupava a 51ª posição. LOURENÇO – Em 2006, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, foi homenageado pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), com a láurea Honra ao Mérito, concedido anualmente a representantes de destaque do setor industrial paranaense. A propósito, no mês de dezembro, o jornal Valor Econômico incluiu o nome do presidente da Cocamar entre os que estavam sendo cogitados para assumir o Ministério da Agricultura, em lugar de Roberto Rodrigues. “Foi uma surpresa”, reagiu Lourenço, que descartou qualquer possibilidade de aceitar o cargo. No início de 2007, ele proferiu palestra sobre o tema “biocombustível” na Harvard Business School em Boston (EUA), uma das mais importantes universidades em todo o mundo. A Cocamar participa desde 2004 da APAS em São Paulo “Escola no Campo” Em parceria com a Syngenta, foi realizada em 2005 a primeira edição do projeto “Escola no Campo”, iniciativa que atingiu 1.086 alunos de 11 a 12 anos, de dez estabelecimentos de ensino, situados em seis municípios da região da cooperativa. Objetivo é conscientizar sobre práticas de preservação do meio ambiente e para que conheçam o sistema cooperativista. MULHERES – Cooperadas e esposas de produtores associados da Cocamar em Floresta, região de Maringá, se mobilizaram e promoveram em julho de 2005 o primeiro Encontro de Mulheres Rurais, evento que contou com o apoio da cooperativa, por meio do gerente José Eduardo Bassan. Essa iniciativa fez surgir núcleos femininos em praticamente toda a região, voltados a debater assuntos relacionados ao agronegócio e ao cooperativismo. Uma das principais marcas do Estado J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 7 3 A revista econômica Expressão, que circula nos três Estados do Sul, divulgou de abril de 2003 o resultado de uma pesquisa Top Of Mind, realizada no final de fevereiro com 2.001 entrevistados, em que a Cocamar aparecia isolada como a principal marca do Paraná. A Cocamar detinha 9% das citações, contra 6% da segunda colocada, a Copel, e 5% da terceira, a Coca-Cola. Abordadas na rua, as pessoas eram inquiridas sobre o que consideravam ser a principal grande marca paranaense. O resultado tirava a liderança da Copel, há anos no primeiro lugar do ranking estadual. BILHÃO – Em 2003 a Cocamar alcançou uma marca histórica: o faturamento de R$ 1 bilhão, registrando crescimento de 29% sobre o montante do ano anterior. No ano seguinte, foram R$ 1,154 bilhão, 15% a mais. A visita de Ziraldo O consagrado cartunista e escritor Ziraldo, autor de personagens infantis como Menino Maluquinho e a Turma do Pererê, visitou a Cocamar em maio de 2003, atendendo convite feito pela cooperativa. Ele conheceu as novas fábricas, a Unidade Maringá e a fiação de seda. “Sou fascinado pelo cooperativismo”, declarou. Para Prêmio Nobel, século 21 será da agricultura brasileira No início de 2004 em Umuarama, onde visitou a estação experimental do Iapar, o cientista Norman Borlaug, considerado uma das lendas da agronomia mundial, disse que nos próximos 30 anos uma nova revolução estará em curso na agricultura do planeta. Segundo ele, se o século 20 foi fundamental para a lavoura norte-americana, o século 21 terá importância crucial para a inserção do Brasil na economia mundial a partir de agricultura. Norman Borlaug afirmou que o Brasil terá papel central não apenas na produção de alimentos mas, sobretudo, na disseminação de tecnologia capaz de aprimorar e ampliar um legado do próprio Borlaug. Pai da chamada “revolução verde”, o cientista ganhou em 1970 o Prêmio Nobel da Paz. Pá g . 7 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 “Integração, o grande diferencial” O ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, disse a uma plateia formada por cerca de 700 agricultores e pecuaristas, no mês de maio de 2007 em Maringá, durante a Expoingá, que a integração lavoura, pecuária e floresta desponta “como o grande diferencial” de competitividade do agronegócio brasileiro. Segundo ele, esse é o instrumento que vai fazer com que a agropecuária do país seja imbatível no cenário internacional. Paolinelli esteve na Expoingá a convite da Cocamar. Para ele, houve uma grande evolução do setor agropecuário desde a época em que foi ministro, mas a integração foi apontada “como o caminho natural e definitivo” para fazer do Brasil a maior potência agrícola do planeta. Consórcio milho e braquiária é difundido entre cooperados Uma tecnologia que já dava o que falar. Na região da Cocamar, eram várias as experiências de produtores que, orientados pela cooperativa, começavam a fazer o consórcio de milho de inverno com capim braquiária, com resultados surpreendentes. Por esse sistema, o milho é semeado normalmente e, 15 dias após a emergência, a pastagem é semeada com uma plantadeira adaptada ou com a adubação de cobertura. O objetivo é que, na colheita do milho, a outra cultura tenha começado a se desenvolver, o que adianta o tempo de cultivo e possibilita a cobertura do solo para protegê-lo com palhada durante o verão. Além disso, a braquiária serve de alimento para o gado no inverno, suprindo o pecuarista numa época em que normalmente há falta de pastos. A Cocamar propunha o consórcio como uma das estratégias de integração lavoura, pecuária e floresta, de forma a produzir grãos e carne de forma sustentável. Esse trabalho tinha o acompanhamento técnico de Gessi Ceccon, especialista da Embrapa Gado de Corte, sediada em Campo Grande (MS). Paolinelli: “Brasil, potência agrícola” Um capim a serviço da natureza Em uma região onde, nos meses quentes, a temperatura do solo exposto ao sol pode chegar a 60 graus centígrados, não há agricultura que aguente. O calor forte, somado a períodos de estiagens, ocasiona quebras de produtividade que, segundo os técnicos, poderiam ser menores com uma boa cobertura de solo. Ou, em linguagem simples, fazer apenas o que a própria natureza pede. Afinal, solo desprotegido é também um campo aberto para outro tipo de problema: a erosão. A “vestimenta” do solo atende pelo nome de capim braquiária. Para o especialista em solos da Universidade Estadual de Maringá, Cássio Tormena, “a braquiária é um recurso excepcional”. O capim braquiária viabiliza a integração J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 7 5 Cooperado valoriza a segurança oferecida pela cooperativa A segurança proporcionada pela Cocamar foi, no final de 2009, o benefício mais valorizado por 88% dos cooperados. Este sentimento foi evidenciado durante a realização de entrevistas com 240 produtores na sede e nas unidades, quando foi possível fazer uma amostragem sobre a opinião deles em relação a vários pontos no relacionamento com a cooperativa. Depois da segurança, o item mais citado foi a qualidade do atendimento prestado pelos colaboradores, com 51%, e as orientações que eles recebem para a condução de seus negócios, com 25%. Em seguida, rateio (23%), estruturas (21%) e crédito (7%). O levantamento é realizado periodicamente e faz parte da política da administração. Para o presidente Luiz Lourenço, a segurança é fundamental para que o cooperado seja participativo e, segundo ele, o índice de 88%, que considera elevado, “mais do que demonstrar o grau de confiabilidade, espelha também o nível de satisfação dos produtores com a sua cooperativa”. Confiança e segurança na cooperativa é um dos pontos fortes na relação com os cooperados Pá g . 7 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Uma usina de cogeração própria de energia elétrica No mês de setembro de 2009 a Cocamar colocou em funcionamento uma unidade de cogeração de energia elétrica, com capacidade para 13 megawatts, podendo atender toda a demanda do parque industrial. Além de fornecer energia elétrica, vai atuar também na produção de vapor – 85 toneladas/hora, a uma temperatura de 520ºC. A unidade foi projetado para consumir 240 mil toneladas/ano de bagaço de cana, uma matériaprima adquirida de usinas da região. A usina custou R$ 36 milhões, sendo 90% desses recursos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 10% de recursos próprios. Enquanto em outras regiões brasileiras projetos de construção de unidades termelétricas contemplam abastecimento a base de carvão, gás ou óleo BPF (derivado de petróleo), a cooperativa deu preferência por uma fonte renovável. Para o consultor da ATA (Ativos Técnicos e Ambientais), Rafael Molina, “a iniciativa da Cocamar de gerar a sua própria energia a partir de fontes renováveis, demonstra sua preocupação em minimizar o impacto de suas atividades ao meio ambiente, e segue o caminho de grandes empresas de todo o mundo ao diminuir a dependência em relação aos combustíveis fósseis”. Trata-se de uma estrutura estratégica para a Cocamar, cuja intensidade do fornecimento vai depender do custo da energia adquirida da rede oficial. É uma forma, também, de evitar que o parque industrial sofra paralisações em razão de blecautes e apagões – um problema que tem preocupado o segmento industrial em razão das deficiências de infraestrutura no País. A usina de cogeração de energia consome bagaço de cana e é estratégica Citrix, um prêmio mundial para a Cocamar A mais importante premiação da história da Cocamar, o Citrix, oferecido pela companhia do mesmo nome – líder mundial em tecnologia de informação - era obtida no dia 21 de maio de 2008 em Houston, nos Estados Unidos – e correspondeu à conquista de uma Copa do Mundo. Selecionada entre 42 “cases” de países de vários continentes, a cooperativa foi vencendo etapas seletivas até chegar a uma grande final, quando concorreu com duas gigantes norte-americanas. A revelação do ganhador, diante de 4 mil pessoas, lembrou uma festa do Oscar. Essa história surpreendente começou quando, no segundo semestre de 2007, a Cocamar investiu R$ 800 mil na compra de 400 aplicativos para aperfeiçoar e tornar mais ágil o sistema de informações referentes ao recebimento das safras. A implantação dos novos sistemas se deu entre o final de 2007 e início de 2008, totalizando 45 dias. Mas o que parecia ser algo corriqueiro para a cooperativa, encantou a Citrix: primeiro, pela rapidez da implantação; segundo, por ser uma cooperativa de produtores rurais; terceiro, pelas características de uso dos computadores (em meio a um ambiente hostil, com poeira, calor e vibração, o que é mortal para outros tipos de equipamentos); e, quarto, os benefícios gerados com o uso dos produtos. Era o fim da problemática manutenção, sem falar da fluidez das informações, o que contribuiu para reduzir as filas de caminhões. A Citrix ficou tão empolgada com a história que procurou a Cocamar para que esse “case” da cooperativa fosse inscrito no prêmio internacional. Logo em seguida, uma produtora de vídeo dos Estados Unidos veio a Maringá especialmente para fazer um filme sobre a cooperativa. O resultado do vencedor aconteceu durante um congresso programático em que os participantes viram os filmes, avaliaram os “cases” e deram os seus votos. UDTs difundem novos conhecimentos J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 7 7 Os resultados obtidos na região do arenito demonstram a oportunidade de integrar lavoura e pecuária. A introdução do cultivo de grãos recupera o pasto e o capim plantado no inverno favorece a cultura de verão Dia de campo na UDT em Floresta, no início de 2013 ao deixar a cobertura de palha no solo. Para levar mais informações aos produtores sobre a integração e outras culturas, a Cocamar implantou Unidades de Difusão Tecnológicas (UDTs) em Iporã (próximo a Umuarama) e Guairaçá (na região de Umuarama). Sem contar que, desde 2006, mantém uma área na Fazenda Flor Roxa, de propriedade da família Vellini, em Jardim Olinda (na área de ação da unidade de Paranacity). E sem considerar, ainda, a UDT em Floresta (próximo a Maringá), especificamente para trabalhos direcionados ao latossolo, onde acontecem desde 2010 os Dias de Campo de Verão e de Inverno. Pá g . 7 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 O incentivo à mecanização do café Plantar e conduzir café como antigamente não é mais possível. Nas últimas duas décadas, mudou-se o modelo de cultivo para o adensado e foi apresentada uma série de práticas e manejos para garantir mais produtividade e qualidade aos grãos, como poda periódica, adubação equilibrada, cobertura verde, colheita no pano e um efetivo controle de pragas e doenças. Mas as novidades não param. Tecnologias consagradas em outras atividades, como a mecanização e a irrigação, tornaram-se uma tendência irreversível para o setor, segundo os especialistas. A produtividade de 30 sacas beneficiadas por hectare, tida como uma boa média, pode saltar para 60 com a irrigação e demais tecnologias. Por outro lado, além de escassa, a mão de obra é cara: representa praticamente metade do custo de produção. O caminho é o uso de máquinas em todas as etapas do processo produtivo, o que permite ao produtor ampliar sua lavoura e reduzir custos. Em 2010, pela primeira vez, a Cocamar trouxe de Minas Gerais uma máquina colhedora de café para uma demonstração junto aos produtores do noroeste do Estado. E promoveu uma viagem com cafeicultores e técnicos para as principais regiões produtoras de Minas, a fim de conhecerem de perto uma cafeicultura mantida em condições mais modernas. Mecanizar lavouras tem a orientação da cooperativa PAPS, para aumentar a produtividade da soja Para incentivar a melhoria da rentabilidade dos produtores de soja, a Cocamar implantou na safra 2009/10 o PAPS (Programa de Aumento de Produtividade de Soja), realizando experimentos em pequenas áreas de propriedades de cooperados, na região. A proposta é aprimorar o nível tecnológico e produzir mais, a partir de iniciativas como adubação com base em análise de solo, tratamento de sementes para o controle de pragas iniciais e melhora do enraizamento, além de aplicação de micronutrientes, manejo de solo correto e controle da densidade das plantas. Operações como a aplicação de herbicidas e fungicidas têm o acompanhamento de técnicos da cooperativa. A dosagem e o horário são definidos com base na infestação e nas condições climáticas. “Ainda somos muito acanhados”, afirma o pesquisador Antonio Luiz Fancelli, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). Fancelli observa que os produtores brasileiros evoluíram bastante nos últimos anos, “mas ainda tem muito chão para crescer”. Para o pesquisador, o importante não é o tamanho das vagens e nem o número delas por planta, mas a quantidade de vagens por área. Para isso a receita, segundo ele, é equilibrar genética, nutrição e manejo. “O solo precisa ser saudável”, acrescenta Fancelli, frisando que a soja não dispensa nitrogênio. Ele chama atenção para a qualidade e o tratamento da semente, a regulagem da máquina usada para semear e a velocidade com que a semeadura é feita. “No Paraná, o Paraná semeia muito rápido, até parece que está apostando corrida com o vizinho”, brinca. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 7 9 Na Cocamar, presidente exalta o cooperativismo No dia 23 de setembro de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva esteve pela quarta vez na Cocamar, sendo duas como chefe do governo. Depois de reunir-se com dirigentes de cooperativas , ele participou de almoço organizado pelo Partido dos Trabalhadores na Associação Cocamar, com a presença de 300 convidados. Lula tinha vindo a Maringá para cumprir alguns compromissos e quis passar pela cooperativa a qual já havia visitado duas vezes no final de 2002, às vésperas de ser eleito presidente da República, e em abril do ano seguinte, para inaugurar um conjunto de indústrias, acompanhado de quatro ministros. Nessas ocasiões, ele percorreu o parque industrial e, por duas vezes, discursou aos cooperados. Em sua visita, Lula exaltou as realizações do cooperativismo, os progressos conquistados pela agricultura em seu governo e afirmou que a busca pelo mercado externo diversificou as exportações. Disse muito mais: “Nunca na história deste país um presidente visitou tantas vezes uma cooperativa”, lembrando ensinamentos do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues: “a cooperativa tem que nascer debaixo para cima. Não adianta impor. Precisa de gente comprometida, senão pode não dar certo. No nosso governo, a gente incentivou muito”. Em outro trecho: “Quando a gente ocupa um cargo público ou está na vitrine, que nem o Neymar, só leva canelada. Todo mundo gosta de bater”. E mais: “Pra mim não tem que dividir agricultura familiar e agronegócio. É tudo a mesma coisa. O Brasil precisa das duas”. Pá g . 8 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 A Cocamar ingressa em 24 municípios do norte do Paraná A partir de julho de 2010, e de uma só vez, a Cocamar passou a manter atendimento em 24 municípios do norte do Paraná, praticamente dobrando em tamanho a sua área de atuação, que compreendia basicamente o noroeste, sua área tradicional, onde conta com uma rede de 30 unidades. Esse avanço foi possível com a efetivação de arrendamento, por 15 anos, das estruturas operacionais da cooperativa Corol, de Rolândia, que tornou públicas suas dificuldades financeiras. Para referendar a decisão, a diretoria da Cocamar buscou a autorização dos associados, promovendo 19 reuniões preliminares e uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) durante o mês de junho. Nessas oportunidades, o assunto foi debatido e apresentado um painel com informações básicas da Cocamar e da Corol, demonstrando que ambas apresentavam afinidade histórica e sinergia visando uma possível fusão. Na safra de verão 2009/10, a Cocamar já havia garantido o fornecimento de insumos aos cooperados daquela cooperativa e, em seguida, adquiriu toda a safra de soja entregue por seus produtores. Segundo o vice-presidente José Fernandes Jardim Júnior, estar presente no norte do Estado “é uma oportunidade para crescer”. Os municípios são: Rolândia, Pitangueiras, Sabáudia, Apucarana, Jaguapitã, Alvorada do Sul, Primeiro de Maio, Bela Vista do Paraíso, Londrina, Warta (município de Londrina), Serrinha (município de Londrina), Cambé, Arapongas, Rancho Alegre, Primeiro de Maio, Sertanópolis, Tamarana, Sertaneja, Assaí, Santa Cecília do Pavão, São Jerônimo da Serra, Congoinhas, São Sebastião da Amoreira, Santa Mariana e Carlópolis. Uma linha de suplemento mineral próprio Desde 2007, quando começou a produzir em Maringá a própria linha de suplementos minerais, a Cocamar vem conquistando espaço no mercado regional, conforme pontua o coordenador comercial de Insumos, Clóvis Aparecido Domingues. Ao lado do zootecnista Joel Murakami, ele credita o sucesso do produto a uma série de fatores, come- çando pela qualidade das matérias primas, que provêm de fontes credenciadas. kami, é o fato de a Cocamar poder fazer a rastreabilidade do produto pelo número de lote. “Isto proporciona segurança”, Um dos diferenciais im- acentua o zootecnista, ciportantes, segundo Mura- tando ainda que o fosfato A cooperativa expandiu fortemente sua atuação se apresenta na forma microgranulada, ou seja, com vantagem em relação ao similar em pó que, ao ser depositado no cocho, pode perder-se com o vento. Faturamento passa de R$ 2 bilhões Um ano melhor que o outro para a Cocamar. Em 2011, a cooperativa continuou batendo recordes, a começar pelo faturamento, que saiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 2,010 bilhões, um crescimento de 25%. O recebimento de produtos, que em 2010 já havia sido o maior de todos os tempos, continuou se superando. Com soja, foram 950 mil toneladas, enquanto as entregas de milho totalizaram 510 mil e, de laranja, 6,8 milhões de caixas. De café foram 290 mil sacas beneficadas e, trigo, 65 mil toneladas. Para o presidente Luiz Lourenço, o crescimento é consequência da própria realidade da Cocamar, que recebe 70% das safras em sua região tradicional (um dos índices mais altos do cooperativismo estadual), o que, a seu ver, permite medir a confiança dos cooperados. “Estamos crescendo de forma sustentável, com os pés no chão e absoluta segurança”, comentou o presidente. Cooperativa recebe 70% da safra regional de soja, no noroeste J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 8 1 Pá g . 8 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 Capacidade é de quase 1 milhão de toneladas Com a conclusão de oito novos silos metálicos verticais no parque industrial, a capacidade de armazenagem de grãos da cooperativa passou a ser de quase 1 milhão de toneladas. Os novos silos, construídos ao lado de outros oito idênticos, têm espaço total para 48 mil toneladas, aproximadamente 100 mil sacas. O gerente de Operações Wilson Roberto Matera informa que foram construídos R$ 8 milhões na construção dos novos silos. “Com a entrega dessas estruturas, a Cocamar aumenta sua capacidade de armazenagem, agiliza o recebimento e a segregação (separação) dos produtos”, destaca. Segundo Matera, como os silos são independentes, isto facilita muito a armazenagem. Para se ter ideia, a separação de milho por tipo ficou bem mais simples. Só o sistema de armazenagem do parque industrial tem capacidade para 345 mil toneladas. Se incluídas todas as unidades na região noroeste, o número sobe para 680 mil toneladas. Com as 270 mil da região de Londrina, o total chea a 950 mil toneladas. Um plano logístico para crescer A Cocamar passou por uma reformulação em seus processos logísticos entre 2010 e 2011 com a implantação do projeto PDL (Plano Diretor Logístico). As mudanças prepararam a cooperativa para a conquista de melhores resultados e uma estrutura competitiva. Uma das melhorias mais importantes diz respeito à redução das filas de caminhões em vias públicas próximas aos principais acessos da Cocamar. A diminuição foi possível com a otimização e o aumento da eficiência dos processos, assim como com a criação de um centro de triagem de mercadorias e de dois pontos de movimentação de cargas. Foi construído um pátio de triagem de veículos pesados, deslocando o trânsito para uma região de baixa mo- vimentação pública. Por outro lado, foram criados dois pontos de movimentação de cargas, separadas entre varejo e commodities. TRÁFEGO INTENSO – Em época de colheita de grãos, cerca de mil caminhões trafegam por dia, em média, no parque industrial da Cocamar. Só de cooperados do município e também os veículos da Transcocamar (que fazem o transbordo para Maringá da produção depositada nas unidades operacionais), são 600 caminhões. O movimento fica ainda mais intenso com o vai e vem de 70 caminhões, em média, transportando produtos de varejo, e de 80 que circulam com farelo de soja. A esse número são acrescidos outros 100 que carregam produtos diversos, como café, polpas de frutas, bagaço de cana para suprir a unidade de cogeração e insumos. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 8 3 Reuniões periódicas asseguram transparência Em reuniões regulares de prestação de contas e para a tomada de decisões estratégicas com os produtores, realizadas em seus municípios, eles são informados sobre os números referentes ao des- empenho da cooperativa, entre vários outros assuntos, e têm a oportunidade de dialogar diretamente com a diretoria, tirando dúvidas e fazendo seus comentários. A transparência, a participação democrática e a abertura para que todos os cooperados possam pronunciar-se livremente, são princípios da prática cooperativista adotados com prioridade na Cocamar. Os produtores têm, também, a oportunidade de emitir suas opiniões em pesquisas que são promovidas regularmente nos entrepostos, analisando-se, por exemplo, a qualidade do atendimento a eles oferecido. Cada opinião recolhida é analisada criteriosamente. Com isso, o produtor se sente mais tranquilo, seguro e valorizado em seu relacionamento com a organização da qual, como cooperado, é dono. Pá g . 8 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 A TV Cooperado traz mais informações Associados se habituaram ao conteúdo de informações veiculadas em aparelhos de televisão instalados nos entrepostos da cooperativa. É a TV Cooperado, que democratiza a informação e permite ao produtor acompanhar, em tempo real, cada movimento das bolsas internacionais, a variação do câmbio, a previsão meteorológica, enfim. Até algumas décadas, a grande maioria deles simplesmente desconhecia a existência das bolsas de Chicago, Nova York e BM&F, o que fazia com que a informação sobre a realidade do mercado fosse um privilégio de empresas mercantis. A TV Cooperado se consolida, assim, como uma preciosa fonte de informações ao produtor que tem seus negócios com a Cocamar. Entre as mais inovadoras Portal amplia facilidades e cooperado até vende a safra pelo celular No final de 2011, a estratégia agressiva da Cocamar em trazer para dentro de casa inovações constantes na área de tecnologia de informação (TI), rendeu à cooperativa um grande salto no ranking das 100 empresas mais inovadoras do país, segundo a revista especializada InformationWeek de setembro daquele ano. A escalada foi radical: a Cocamar saiu da 123ª posição em 2010 para o 37ª lugar em 2011, integrando um grupo seleto de conglomerados do qual participam Petrobras, Rhodia, Votorantim, Grupo Abril, Yara Brasil, Ford Motor, Coca-Cola e outros. Se considerado apenas o segmento agropecuário, a Cocamar aparecia entre as três primeiras, abaixo apenas de Citrovita e Tortuga. O portal Cocamar passou a oferecer ainda mais informações aos cooperados que se habituaram a consultar suas contas pela internet. Com isso, eles deixaram de se deslocar pessoalmente até a unidade, economizando tempo e dinheiro. O portal oferece dados mais completos, incluindo diversas outras opções de consulta, como o detalhamento da conta-corrente, vizualização das notas fiscais, entregas e fixações, e o resumo de toda a movimentação finan- ceira, que pode ser utilizada na declaração do imposto de renda. No final de 2011, começou a ser oferecido um novo serviço aos cooperados: o uso do aparelho celular para autorizar a fixação de um produto. O objetivo, oferecer a facilidade de o produtor, sem precisar ir até a cooperativa, aproveitar uma boa oportunidade e concretizar a venda por meio de seu aparelho celular. A inédita mistura café e bebida à base de soja Durante a APAS 2011 – a maior feira do segmento supermercadista o país – a Cocamar apresentou uma novidade em matéria de produtos de varejo: uma linha de cafés adicionados a bebida à base de soja, prontos para beber. Com a marca Talento, bebidas premium incluíam o produto torrado e moído envasado a vácuo, um gourmet e três sabores de cappuccinos (café com leite, tradicional e com canela). Em outra frente, as marcas Purity e Talento se associaram para a concepção de três variedades de bebidas quentes, prontas para o consumo e vendidas em embalagens cartonadas, sendo que a inovação está na mistura de soja e café (sabores café com soja, cappuccino tradicional com soja e cappuccino com canela e soja). Para completar, os cafés Cocamar e Maringá ganharam novas embalagens, ressaltando a cor vermelha para o produto extra-forte e o amarelo para o tradicional. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 8 5 Cocamar se une a empresas para apoiar integração A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) firmou no final de novembro de 2011 uma parceria com o Banco do Brasil, Bunge, John Deere, Syngenta e Cocamar para divulgar as tecnologias desenvolvidas para integração entre lavoura, pecuária e floresta. A solenidade de assinatura da parceria público privada foi realizada no Ministério da Agricultura, em Brasília. Na oportunidade, o então presidente da Embrapa, Pedro Arraes, afirmou que outras empresas poderão se incorporar à Rede de Fomento da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF), que conta com recursos delas para realizar ações como demonstrações de campo e formação de profissionais destinados à prestação de assistência técnica aos produtores. Arraes disse que, utilizando a tecnologia, “o Brasil pode duplicar a produção de grãos e carnes sem derrubar nenhuma árvore”. SURPRESA – Foi mais do que os participantes esperavam. Um dia de campo sobre integração lavoura, pecuária e floresta promovido pela Cocamar e parceiros na Fazenda Santa Felicidade em Maria Helena (PR), região de Umuarama, surpreendeu pelo que se viu. Com 150 alqueires, a propriedade é considerada um referencial de sucesso, mantendo produção de soja no verão, pastagem com capim braquiária no inverno, plantio de euca- lipto em áreas fracas e produção leiteira. Na safra de verão 2010/11, foram obtidas 142 sacas de soja por alqueire e, no inverno, durante três meses, os pastos suportaram 10 cabeças de gado por alqueire, registrando-se um quilo de engorda por cabeça, em média, por dia. Ganhos assim não são comuns para a realidade do noroeste do Paraná. Segundo a própria Cocamar, a média de produtividade das lavouras de soja nos últimos cinco anos, dos cooperados de sua região, ficou em 115 sacas/alqueire. Na safra 2010/11, para quem alcançou esse volume, o custo estimado girou entre 55 e 60 sacas/alqueire. Por sua vez, o cenário típico da região aponta para perdas no inverno, com o gado passando fome, o que se vê principalmente quando os pastos são prejudicados por secas e geadas. “Investimos desde o início de 2000 em integração lavoura e pecuária”, afirmou o proprietário da fazenda, Antonio César Pacheco Formighieri, médico-veterinário. Segundo ele, as terras da propriedade estavam degradadas e o retorno era incipiente. Com o acompanhamento técnico da Cocamar, o produtor disse que investiu em experimentações “até achar o caminho”. Luiz Lourenço, presidente da Cocamar e diretor da Abag (Associação Brasileira de Agronegócios), é um dos principais defensores do sistema de integração lavoura, pecuária e floresta, no País Pá g . 8 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 3 “Quem faz integração não quebra nunca” O pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Sérgio José Alves, garante: mesmo se houver clima ruim, como o registrado no ciclo 2011/12, o produtor não enfrenta o risco de quebrar. Diferente do que acontece quando ele opta, por exemplo, apenas por soja ou boi. Alves destaca: as terras do arenito caiuá, no noroeste paranaense, são apropriadas para a integração. Além de mecanizáveis, são mais baratas que as de outras regiões e apresentam alto potencial de produtividade. As limitações seriam, principalmente, a baixa fertilidade natural e o alto risco de erosão, desafios que podem ser superados com o uso de práticas adequadas. “Integrar é um bom negócio, pois estamos falando de produtos de alta demanda, caso da soja e da carne, sem falar de outros que podem ser adicoionados a esse sistema, como lenha, madeira, leite, café e seringueira”, afirma. “As metas da integração lavoura, pecuária e floresta para um futuro próximo no Paraná, segundo Alves, são atingir uma média de produtividade de 50 sacas por hectare, consolidar uma produção de bovinos com abate em tempo inferior a dois anos e incluir outras atividades. “É a produção de comida de forma sustentável”, salienta. Segundo ele, um experimento desenvolvido pelo Iapar em sua estação no município de Xambrê, perto de Umuarama, alcançou em 2011 uma produtividade de soja de 45,8 sacas por hectare e um ganho de peso diário de 800 gramas por bovino. “Estamos conseguindo produzir de dez a 15 arrobas por hectare”, afirma. O pesquisador observa que nenhuma vez a integração deu prejuízo, mas houve ano em que proporcionou alta lucratividade. 2012, o Ano Internacional Incentivar a agricultura de precisão das Cooperativas Consagrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Cooperativas, 2012 foi um difusor do sistema pelo mundo, onde congrega mais de um bilhão de pessoas em mais de 100 países, segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional. Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, “os olhares estiveram voltados para essa alternativa socioeconômica que se sustenta na união e na valorização do capital humano”. Segundo ele, “é um reconhecimento que ressalta o papel que o segmento tem na geração de trabalho e renda e, consequentemente, na redução da pobreza”. A Cocamar começou a desenvolver em sua região uma série de ações com o objetivo de estimular os produtores a conhecerem mais sobre os benefícios oferecidos pela agricultura de precisão. A cooperativa possui um projeto em andamento nessa área desde 2007 e pretende intensificá-lo entre seus cooperados. Para isso, entre outras medidas, foi contratado o especialista Fabrício Pinheiro Pouv, coordenador de pesquisa da Fundação ABC, de Castro (PR), para ser seu consultor, e selecionou 28 cooperados em cujas proprieda- des vai fazer a aplicação de toda a tecnologia. Segundo o agrônomo Leonardo Kami, do departamento de Produção Agrícola e coordenador desse trabalho, embora a tecnologia esteja disponível, a grande maioria dos produtores da região ainda não a utiliza. “Estamos bastante atrasados, por exemplo, relação aos agricultores da vizinha Argentina, onde a agricultura de precisão se encontra bastante difundida”, diz. J u n h o 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 8 7 Cocamar sedia Fórum Nacional da Abag Com mais de 500 participantes, entre lideranças, autoridades, pesquisadores e produtores, o 23º Fórum “Integração Lavoura, Pecuária e Floresta” aconteceu no dia 18 de maio de 2012 em Maringá, no recinto da 40ª Expoingá. A iniciativa da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a Cocamar foi mais uma etapa no esforço para a disseminação do sistema que é apontado como o futuro da agropecuária no país. O pesquisador da Embrapa, João Klutchoski, conhecido como “João K”, deu o tom do evento ao afirmar: “Quando o mundo precisar de mais alimentos, informe ao Brasil com dois anos de antecedência. Somos o único país preparado com tecnologia e grande estoque de terras para ampliar a produção de forma sustentável”. Ele se referiu à integração, lavoura e floresta, um modelo que transforma a fazenda em uma “fábrica de comida”, como definiu, com atividades o ano inteiro. A produção de soja no inverno se integra à pecuária de corte no inverno utilizando um elemento em comum: o cultivo de capim braquiária, que possui dupla aptidão. Tanto serve para alimentar o gado na época fria – em que há falta de pastagens – quanto, após ser dessecado, se transformar em um verdadeiro cobertor de palha no verão, mantendo o solo em condições propícias para o desenvolvimento da soja. Segundo ele, um dos grandes negócios do Brasil é fazer “pecuária verde”. “Somos um país quase continental e temos 100 milhões de hectares de pastagens ruins. Mas não vemos isto como um problema e, sim, como uma grande oportunidade”, ressaltou. Detalhe do evento, que reuniu mais de 500 participantes Pá g . 8 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 3 A nova linha de néctares “Bem Caseiro” Sabe aquele saboroso suco de laranja caseiro, espremido na hora, que você certamente se acostumou a tomar desde criança? A Cocamar apresentou um produto assim no 28º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados, a Apas 2012, em São Paulo. É a nova linha “Bem Caseiro”. Com a marca Purity e envasado em embalagem cartonada de 1 litro, o néctar de laranja foi concebido para manter o sabor natural e o seu conteúdo inclui até mesmo os “gominhos” de quando se espreme a fruta. Embaixo, parte da linha de varejo da cooperativa, que é comercializada em vários estados. Solidariedade abre a programação dos 50 anos A edição do Solidariedade Futebol Clube 2012, com partidas da seleção brasileira de masters em Rolândia e Maringá, no início de dezembro, abriu oficialmente a programação comemorativa dos 50 anos da Cocamar. Os jogos movimentaram milhares de pessoas e renderam 6 toneladas de alimentos para entidades assistenciais. Foi também o encerramento da Campanha Solidária, que totalizou R$ 2 milhões em do- ações. A festividade foi completada com a realização da Copa Cocamar em Maringá, ao qual participaram 3 mil cooperados e familiares – dos quais 850 competidores, arrecadando 15 mil litros de leite. Cinco famílias de cooperados, representando cada qual uma década, participaram da montagem de um painel com a logo dos 50 anos - idealizada por Reynaldo Costa. “Época” põe a Cocamar entre as melhores Na primeira edição do Anuário Negócios 360º, publicado em setembro pela Revista Época, da Editora Globo, que analisou as 200 melhores empresas do país, a Cocamar apareceu na 65ª posição – sendo a melhor classificada do segmento de cooperativas. O levantamento foi assinado pela Fundação Dom Cabral, considerada uma das melhores escolas de negócios do Brasil. A Cocamar ficou também em 1º lugar no item “Visão de Futuro” e 2º em Recursos Humanos, no setor do agronegócio.
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