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SUMÁRIO Editorial 04 Entrevista Director: J. M. Dias Miranda Coordenação: Marta Miranda Secretariado: Nazaré Almeida António Vilarinho 05 SAVE Guia do cliente SAVE 08 Análise de Anomalias/Defeitos da Construção 10 Redes de Gás 12 ITED - Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios 13 CEE - Certificação Energética de Edifícios 14 O Ruído dos Outros 16 Tel. 214 228 100 Fax 214 228 120 Águas e Saneamento 17 Propriedade: ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade NIPC: 500 140 022 Avaliação Métrica 20 Revisão: Lília Brandão Redacção e Administração: ISQ - Instituto Soldadura e Qualidade Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 33 TAGUSPARK - OEIRAS 2740 - 120 PORTO SALVO Concepção Gráfica: SAR, Publicidade Paginação: Alexandre Rodrigues - ISQ Patrícia Brito - ISQ Impressão: Britográfica, Artes Gráficas Lda. Quinta do Corujinho, Armazén 13 2685 Camarate Periodicidade: Trimestral Tiragem: 3 000 exemplares Depósito Legal: 36 587/90 ISSN: 0871-5742 Homo Aprehendis e-Learning - Estratégias para implementação 22 Edificações REN Gasodutos - O desafio 26 Indústria Concepção das funções de segurança associadas aos sistemas de comando das máquinas SRP/CS 27 I&D A opção nuclear deve ser discutida em Portugal sem mais demoras e sem preconceitos! 32 END Avanços Recentes na Inspecção por Métodos Não Destrutivos 35 Registo ICS: 108 273 Notícias ISQ 42 EDITORIAL SAVE – Serviço de Avaliação e Valorização de Edifícios A Área de Edificações, constituída aquando da reorganização do ISQ efectuada há 3 anos e dirigida a partir da Delegação Norte do ISQ, tem vindo a revelar uma dinâmica de inovação, desenvolvendo soluções capazes de dar resposta às solicitações de mercados cada vez mais exigentes. Dotada de uma equipa de Colaboradores altamente qualificados e com competências diversificadas, a Área de Edificações apresenta agora um novo Serviço especializado e para o qual concorrem igualmente as valências de outras áreas de actividade dentro do ISQ. O SAVE propõe-se aglutinar as competências adquiridas pelo ISQ ao longo da sua carreira de inspecções técnicas e de controlo de qualidade para realizar auditorias técnicas integradas à qualidade dos edifícios, abrangendo todos os aspectos que se consideram relevantes para a avaliação da condição dos imóveis: qualidade da construção, das infra-estruturas de electricidade, telecomunicações, água e gás, elevadores, sistemas de J. M. Dias Miranda Presidente do Conselho de Administração do ISQ AVAC, aquecimento, insonorização e eficiência energética. O Relatório SAVE proporciona aos potenciais compradores, vendedores e às outras entidades envolvidas no processo de compra e venda, o conhecimento dos elementos fundamentais em que possam alicerçar as suas decisões, com a confiança de um parecer emitido por uma entidade idónea e independente. Projecto desenvolvido a partir da Delegação Norte, mas de âmbito nacional, apresenta ainda a característica inovadora, dentro do ISQ, de congregar os esforços de equipas multidisciplinares, oriundas de várias T & Q 62-63 áreas de actividade e de diversas regiões do País. 4 ENTREVISTA António Vilarinho António Vilarinho: O sector da cons- A aquisição de uma habitação constitui para a larga maioria das famílias a compra mais significativa que alguma vez farão ao longo da vida e, atendendo às implicações financeiras associadas, melhor se compreendem os critérios de rigor e seriedade que cada vez mais devem presidir a esta decisão. Atentos a esta realidade e numa perspectiva de valorização das nossas competências internas, nomeadamente as de certificação da qualidade construtiva, alicerçadas na elevada credibilidade que a marca ISQ tem no mercado, entendemos que estavam reunidas as condições para aproveitar uma exce5 T & Q 62-63 Tecnologia & Qualidade: Gostaríamos que nos enquadrasse o cenário que esteve na génese da criação do SAVE© - Serviço de Avaliação e Valorização de Edifícios. trução civil debate-se desde há muito com um problema de credibilidade, quanto à qualidade da construção, constatando-se que quem adquire uma habitação é cada vez mais zeloso, exigindo garantias relativas à qualidade do bem adquirido, independentemente de se tratar de um edifício novo ou usado. Paralelamente, atendendo à enorme oferta do mercado, vender-se-á mais rapidamente qualquer imóvel que possa assegurar uma qualidade de construção mais elevada e, consequentemente, oferecer mais garantias. O mês de Outubro correspondeu ao lançamento oficial do ISQ SAVE Serviço de Avaliação e Valorização de Edifícios, pelo que se perfila como importante esta entrevista ao Engº. António Vilarinho, Director da Área de Edificações, no seio da qual nasceu este serviço. lente oportunidade de negócio. mográfico. TQ: Deduzimos, então, que se trata de um serviço inovador no panorama do imobiliário. Em que consiste efectivamente o SAVE? A análise de todos os elementos inspeccionados serão alvo de uma ponderação, a que chamamos avaliação métrica, que resultará na atribuição de uma classificação final, expressa numa escala de 1 a 5, a que correspondem atribuições qualitativas que vão desde o péssimo ao excelente. AV: O SAVE - Serviço de Avaliação e Valorização de Edifícios - entrega ao cliente o diagnóstico do estado real do seu imóvel, novo ou usado, sendo a metodologia aplicável tanto a fracções autónomas como a edifícios, vivendas, lojas, escritórios ou armazéns. Sendo um serviço prestado por uma equipa técnica do ISQ, altamente especializada, o SAVE visa detectar todo o tipo de patologias das principais infra-estruturas de um imóvel, desde os isolamentos térmicos e acústicos, instalações eléctricas e telefónicas, elevadores, canalizações de água e esgotos, gás e aquecimento, até aos acabamentos finais. O Relatório de Diagnóstico Imobiliário SAVE, que resulta da análise do ISQ, esclarece quanto a defeitos de construção e a forma de optimizar o planeamento das intervenções correctivas, reabilitação e manutenção das infra-estruturas, possibilitando validar trabalhos executados, comprovar o nível de conforto, bem como a qualidade dos imóveis e, até, valorizar os mesmos perante as Seguradoras e Entidades Bancárias. TQ: O diagnóstico SAVE é uma Certificação? T & Q 62-63 AV: No futuro poderá vir a ser uma Certificação, mas no momento actual não é, nem pretende ser. O diagnóstico SAVE conduz à elaboração de um documento técnico, de fácil leitura e compreensão por parte do Cliente, no qual são registadas todas as não conformidades detectadas, bem como todos os factores capazes de valorizar o edifício. O documento comporta a análise de todas as anomalias observadas, apontando medidas correctivas, acompanhadas por um amplo registo fotográfico e ter6 TQ: Qual a principal mais-valia associada à emissão de um diagnóstico SAVE? AV: Eleger a principal mais-valia de um diagnóstico SAVE não é tarefa fácil, porque conseguimos vislumbrar nele um conjunto alargado de mais-valias. No entanto, acreditamos que o facto de permitirmos aos potenciais compradores conhecer exactamente o que estão a adquirir e, aos vendedores, garantir a segurança de um parecer isento e credível que destaca do mercado o imóvel em venda, constitui um factor diferenciador não negligenciável. Diríamos, de forma mais sintética, que o diagnóstico SAVE garante o conforto da tomada de decisão associada à compra ou venda de um imóvel. TQ: O SAVE esgota-se apenas nos diagnósticos produzidos com objectivos associados à compra ou venda de imóveis? AV: Essa talvez seja a face mais visível do SAVE, mas este não se esgota apenas nesse domínio. Nos trabalhos associados à avaliação da pertinência do lançamento deste serviço, tivemos oportunidade de contactar com inúmeros players do mercado imobiliário, o que nos permitiu alargar significativamente o âmbito de actuação do SAVE. Foram identificados vários outros domínios de actuação, destacando-se, por exemplo, o serviço que pode ser assegurado às empresas de Administração de Condomínios, que passam a dispor da possibilidade de recorrerem a uma entidade credível e idónea, que deter- mine as efectivas patologias dos edifícios e, posteriormente, determine o modo de as eliminar, passando a ter, deste modo, uma ferramenta adequada no sentido de garantir a resolução dos problemas de construção e manutenção, de forma eficaz e com menos custos, nomeadamente os que decorrem de intervenções erradas. Os processos derivados de anomalias na construção e os consequentes litígios entre os construtores e os utilizadores crescem, de forma significativa, nos tribunais. Também às organizações de defesa do consumidor chegam, diariamente, inúmeras reclamações resultantes da deficiente qualidade de construção, pairando, no entanto, sobre toda esta questão, uma enorme impunidade, traduzida normalmente pelo arrastar das situações, até que a parte lesada e mais fraca acabe por desistir, optando por assumir as reparações ou, paradoxalmente, tentando ludibriar outro incauto. Neste contexto, o diagnóstico SAVE perfila-se como uma excelente forma de ajudar a derimir as questões associadas a litígios decorrentes de problemas de construção, de auxiliar decisões tecnico-judiciais, permitindo uma resolução mais célere de situações de diferendo entre compradores e construtores. Verifica-se que nos edifícios novos cada vez mais se recorre ao chamado comissionamento final de obra, que consiste em efectuar a recepção provisória da obra, visando detectar possíveis defeitos de construção atempadamente, domínio em que o diagnóstico SAVE, pelas características do serviço, se revela como a solução mais eficaz. Finalmente, também as entidades bancárias passam a ter disponível um serviço que lhes permite avaliar e valorizar o edifício sobre o qual irão realizar a operação de financiamento, com maiores garantias, bem como as entidades seguradoras, que passam a poder recorrer a uma importante fer- TQ: Pode-se afirmar que o SAVE é uma prestação de serviços transversal ao ISQ? AV: Sem qualquer dúvida. O facto de o serviço de diagnóstico comportar competências e recursos provindos de três, e em alguns casos mesmo de quatro Áreas diferentes do ISQ, determinou a necessidade do estabelecimento de parcerias e acordos internos que garantissem a qualidade de serviço pretendida e que, ao mesmo tempo, fosse executado pelos melhores especialistas, com um preço de venda ao público inferior ao somatório do preço de venda das diversas especialidades de per si. Aliás, o SAVE constitui um excelente exemplo de que é possível promover, no ISQ, o aproveitamento das inúmeras competências internas e disponibilizar, aos nossos Clientes, serviços integrados sem qualquer paralelo no mercado. TQ: Entende que este projecto pode vir a constituir o início de uma presença mais marcante do ISQ junto do público e clientes? AV: Não sendo um objectivo nuclear do projecto, a verdade é que efectivamente o SAVE congrega um conjunto de abordagens inéditas na organização, nomeadamente ao nível da comunicação, que acreditamos possam vir a contribuir para a mudança do paradigma comunicacional do ISQ. a principal forma de os clientes chegarem até nós. ras que se afirme como uma mais-valia para os segurados? Deste modo, a decisão de desenvolver o projecto alicerçado numa estratégia de e-Business determinou a contratação de uma empresa especializada na construção de web sites, com a qual foram desenvolvidos todos os conteúdos, atendendo a que um dos objectivos fundamentais desta estratégia determinava que a relação com os clientes e parceiros fosse estabelecida através do site, a começar pela solicitação de orçamentos, passando pela entrega dos relatórios, até ao pagamento final. AV: Em França, por exemplo, constata-se que os construtores são obrigados a manter em vigor um seguro de responsabilidade decenal actualizado, que não é mais do que um seguro que garante a reparação de danos, decorrentes da má construção, por um período de dez anos. Em Portugal, relativamente a esta matéria não existe rigorosamente nada, estando, por isso, os utilizadores expostos a situações de componente legal duvidosa. Estamos a trabalhar afincadamente na divulgação do serviço no imenso mundo que é o espaço da Internet, através da colocação de banners nos principais sites ligados ao imobiliário, sem descurar a publicidade na imprensa generalista e em revistas da especialidade. TQ: Aparentemente existiu uma vontade de assegurar ao projecto uma identidade muito própria. AV: Sim, essa foi uma consciência tida desde início. Sempre se assumiu que este seria um produto com marca própria, mas intimamente ligado ao ISQ. Assim, o SAVE é uma marca registada, tendo também viaturas com decoração própria e perfeitamente adequada aos fundamentos do projecto, na qual predominam o verde alusivo ao desenvolvimento sustentável e o cinzento do betão e do cimento da construção civil. TQ: Existe alguma abordagem estratégica que distinga este projecto de outros que o ISQ já tenha promovido? Para complementar a diferenciação e a identidade do serviço, foi ainda decidido promover a aquisição e disponibilização aos clientes de uma linha telefónica de apoio ao cliente directa, com o número 808 224 224. AV: Entendemos que existem várias diferenças, mas destacaríamos a decisão estratégica de eleger o canal de comunicação Internet como sendo TQ: Referiu a má qualidade da construção e também as companhias seguradoras. De que forma o SAVE pode prestar um serviço às segurado- Aquele seguro, independentemente do apuramento de responsabilidades, prevê o pagamento da totalidade dos trabalhos de reparação pelos intervenientes responsáveis. Esta é uma das alterações legislativas que parece pertinente e tem vindo a ser reclamada, existindo grandes expectativas relativamente à sua publicação sob a forma de diploma legal, pelo que, até à sua publicação, os nossos esforços centrar-se-ão na tentativa de estabelecimento de protocolos com as entidades seguradoras, por forma a que os edifícios ou fogos que sejam alvo de um diagnóstico SAVE, e caso as conclusões obtenham um determinado valor, possam beneficiar de uma diminuição do preço do prémio do seguro, uma vez que há uma real diminuição do risco de sinistro, decorrente da análise efectuada. TQ: Este projecto foi concebido e desenvolvido na Delegação Norte do ISQ. Pretende-se que tenha apenas dimensão regional? AV: Por uma questão de optimização de recursos e testes ao modelo foi conveniente desenhá-lo na esfera de influência da DN. No entanto, um dos nossos objectivos mais imediatos é conferir-lhe uma dimensão nacional, nomeadamente através da constituição de equipas na Sede em Oeiras e ainda no Pólo de Loulé, locais onde geograficamente a construção ainda mantém níveis de vitalidade interessantes. 7 T & Q 62-63 ramenta que lhes permitirá, de forma mais nítida, avaliar o risco de sinistros, decorrentes, por exemplo, da principal causa de sinistros em edifícios - os danos por água resultantes do rebentamento de tubagens. SAVE Ana Santos Guia do Cliente SAVE Comunicação Integração do SAVE no ISQ Num cenário em que a qualidade da construção nem sempre é a esperada e onde cada vez mais se exigem garantias por parte de quem compra, quem vende, quem promove, quem financia e, até mesmo, de quem segura um imóvel, o ISQ, atento a esta realidade e perante a lacuna existente no mercado, criou o SAVE - Serviço de Avaliação e Valorização de Edifícios. O ISQ é uma entidade privada e independente, constituída em 1965, oferecendo serviços nas áreas de inspecção, formação e consultoria técnica, apoiados em actividades de investigação e desenvolvimento e em laboratórios acreditados. Trata-se de um serviço inovador, desenvolvido no sector de Inovação do ISQ, inserido na Área de Edificações, e que visa fornecer garantias adicionais relativamente ao estado dos imóveis, permitindo que os negócios se possam revestir de maior transparência. Através deste projecto, o ISQ passa a disponibilizar um serviço de elevada valia técnica, alicerçado no seu experiente corpo técnico e com a idoneidade e a credibilidade que são apanágio dos seus 43 anos de existência. O que é o SAVE? O SAVE consiste num diagnóstico do estado real de conservação de imóveis, prestado por técnicos especializados e com uma vasta experiência. T & Q 62-63 Permite diagnosticar todo o tipo de anomalias/deficiências e as condições de segurança e funcionalidade das principais infra-estruturas de um imóvel ou edifício, desde os isolamentos térmicos e acústicos, instalações eléctricas e de telecomunicações, gás, ventilação, canalizações de água e esgotos, até aos acabamentos finais. A criação de parcerias com entidades públicas e privadas, bem como a diversificação das nossas actividades, traduz-se no compromisso de prestação de serviços de elevada qualidade. Pautamos a nossa acção pelo desenvolvimento contínuo de conhecimento e tecnologia, tendo em vista a apresentação das melhores soluções globais e integradas para satisfação das necessidades dos nossos parceiros e clientes. O SAVE resulta da aplicação dos conhecimentos técnicos de várias áreas de intervenção do ISQ, nomeadamente das áreas Gás, Telecomunicações, Electricidade, Águas e Esgotos, Ruído e Construção Civil. No conjunto, obtemos, através da transversalidade, uma flexibilidade e prestação únicas no mercado, oferecendo um serviço de excelência com a marca ISQ. Quais as vantagens de fazer um diagnóstico SAVE? As principais vantagens são a possibilidade de: Determinar os eventuais defeitos da construção e infra-estruturas Fundamentar a exigência de * Decreto-Lei n.º 67/2003 de 8 de Abril de 2003 8 reparação dos defeitos de construção (garantia < 5 anos)* Após contratar o SAVE o que acontece? cação do estado geral do imóvel e as razões das anomalias detectadas. Optimizar o planeamento das intervenções correctivas, de reabilitação e de manutenção Após a adjudicação do orçamento, é agendada uma data para a realização da inspecção de diagnóstico. O Relatório Comprovar o nível de conforto e qualidade dos imóveis Tornar os negócios mais transparentes e rentáveis Garantir a Compra/Venda de um produto mais credível e com uma avaliação real, diferenciando-se do mercado Valorizar os imóveis perante as Seguradoras e Entidades Bancárias Como solicitar um orçamento para o serviço SAVE? Como contratar o SAVE? Poderá solicitar um orçamento através do site www.isq.pt/save ou através do número directo 808 224 224. O orçamento ser-lhe-á enviado por e-mail, fax ou correio. O que é que o serviço diagnostica? O ISQ, através do SAVE, diagnostica as condições de Funcionalidade, Segurança, Qualidade e o Estado de Conservação das Infra-estruturas de Gás, Telecomunicações, Electricidade, Águas e Saneamento. Esse diagnóstico é ainda complementado com a verificação e análise das anomalias/deficiências existentes na construção (infiltrações, fissuração e humidade), verificação do estado de conservação dos elementos existentes, designadamente as peças sanitárias, os materiais de revestimento, elementos de vãos, carpintarias e serralharias, assim como por ensaios de medições acústicas para quantificação do isolamento sonoro. Após conclusão da auditoria técnica, será elaborado um relatório final interpretativo dos resultados, com indiTabela 1 Avaliação 5,00- 4,50 Estado de Excelente Conservação O Relatório SAVE é um documento no qual serão registadas todas as não conformidades detectadas, assim como todos os factores que possam valorizar o imóvel ou edifício. As anomalias observadas e a sua análise serão acompanhadas por registos fotográficos e termográficos. Após a análise de todos os elementos inspeccionados, estes serão alvo de uma avaliação métrica, que resultará numa Classificação Detalhada do Nível de Conservação do imóvel ou edifício. Esta classificação será expressa numa escala de 1 a 5, de acordo com requisitos pré-definidos (Tabela 1). E se eu tiver dúvidas? Para o esclarecimento pessoal, estaremos ao seu dispor diariamente no ISQ, das 9h às 13h e das 14h às 18h ou poderá contactar-nos através do nosso número directo 808 224 224, ou através do e-mail [email protected]. 4,50- 3,50 3,50- 2,50 2,50- 1,50 1,50- 1,00 Bom Médio Mau Péssimo T & Q 62-63 Validar os trabalhos executados para a recepção de obra 9 SAVE Nelson Rocha Luísa Tavares Análise de Anomalias/ Defeitos da Construção Um dos factores que origina actualmente uma maior procura de serviços técnicos de peritagem a imóveis prende-se com defeitos de construção durante o período de garantia do imóvel, nomeadamente anomalias relacionadas com a vertente estrutural, infiltrações de águas e humidades superficiais (nos elementos estruturais, revestimentos e acabamentos). Deste modo, e indo de encontro a estas preocupações, uma das componentes analisadas aquando do diagnóstico SAVE, é a vertente da construção civil, onde se inclui a verificação, levantamento e análise de anomalias aos seguintes níveis: Estado dos elementos estruturais Fissurações/Fendilhações Figura1 - Levantamento fotográfico e termográfico utilizando uma câmara termográfica gia, nomeadamente câmara termográfica, medidor de temperatura superficial e humidade relativa, bem como a equipamentos mais usuais, tais como o medidor/comparador de fissuras. tadas, complementada com a análise das possíveis proveniências das mesmas, podendo ainda ser incluída uma análise dos métodos de correcção e actuação. O diagnóstico referente à vertente da construção civil é terminado com a enumeração das anomalias detec- Este estudo está inserido no relatório SAVE apresentado ao cliente, sendo parte integrante deste. Humidades Infiltrações Eflorescências Abaulamentos/Desaprumos Funcionalidade de elementos (caixilharias, vãos interiores, armários embutidos, etc.) T & Q 62 Estado e adequação ao uso dos diversos materiais de revestimento O levantamento e diagnóstico das causas prováveis das anomalias detectadas são efectuados mediante inspecção visual, devidamente documentada por um registo fotográfico detalhado, e complementados com a realização de ensaios técnicos, recorrendo a equipamentos de alta tecnolo10 Figura 2 - Medição de fissura utilizando um fissurómetro. SAVE Sónia Pinto Redes de Gás No âmbito de um diagnóstico SAVE, as infra-estruturas de gás serão tratadas de acordo com a Legislação e Normas aplicáveis em vigor: Diagnóstico das partes visíveis da instalação Realização do ensaio de estanquidade, com equipamento adequado e devidamente calibrado Análise das condições de ventilação e exaustão dos produtos da combustão Realização da medição de Monóxido de Carbono (CO), quando o imóvel a auditar esteja a consumir gás Verificação das condições de funcionamento dos aparelhos a gás e do estado das respectivas ligações Elaboração do relatório de inspecção SAVE São inúmeras as inspecções efectuadas pelo ISQ, ao longo de mais de uma década, na área do Gás. A importância da sua realização traduz-se no facto de, em quase 40% dos casos, terem sido detectados defeitos críticos, conforme definido pela legislação, sendo os mais comuns: Fugas de gás Excesso do teor de monóxido de carbono Ligações aos aparelhos de gás, não conformes com as normas em vigor, e fora do prazo de validade T & Q 62-63 Estes defeitos, pela sua natureza ou localização, colocam em causa as condições de segurança da instalação de gás e, consequentemente, põem em risco a vida ou integridade de todos aqueles que usufruem da mesma. Simultaneamente, este tipo de defeitos leva ao corte imediato do fornecimento de gás pela empresa distribuidora. Em cerca de 35% das inspecções efectuadas pelo ISQ, verificou-se a existência de defeitos não críticos. Nesta situação, o cliente tem 90 dias para reparar os mesmos, sob pena de a empresa distribuidora de gás proceder ao corte de fornecimento, caso 12 a respectiva reparação não tenha ocorrido dentro deste prazo. O que nos propomos fazer é um diagnóstico de todo o estado da instalação de gás, por forma a que a aquisição ou transmissão de propriedade de um imóvel se torne num processo mais transparente, ficando o cliente na posse de uma informação clara e fidedigna no que concerne ao estado e conformidade com a legislação em vigor da sua instalação de gás. Caso se verifique essa necessidade, serão propostas medidas correctivas para que o cliente possa tornar a sua instalação de gás mais segura. No final, e de acordo com todos os pontos verificados, é emitido um Relatório de Inspecção SAVE. SAVE Nuno Couto ITED Infra-e estruturas de Telecomunicações em Edifícios Apesar das infra-estruturas de telecomunicações não ser uma das infra-estruturas primárias dos edifícios, assumem nos dias de hoje um papel preponderante no nosso quotidiano. A ligação a uma rede de informação, como a Internet, que nos permite o acesso a um alargado leque de conteúdos, é considerada como sendo de elevada importância para o bem estar de qualquer um de nós. De igual forma, a possibilidade de desfrutar de diversos programas culturais temáticos, de programas de informação ou pelo simples entretenimento através de canais televisivos, é vista como um sinónimo de conforto. Não menos importante é o desejo que temos, nos dias de hoje, de comunicar com outras pessoas que se encontram geograficamente longe. Todas estas necessidades que sentimos, de comunicar e de nos integrarmos numa comunidade de partilha, só podem ser satisfeitas através do uso das redes de telecomunicações que temos nos nossos lares. A evolução tecnológica dos últimos anos permitiu o aparecimento de um elevado conjunto de serviços disponibilizados pelos diversos operadores. No entanto, para que esses mesmos serviços cheguem com a devida qualidade aos diversos clientes, é necessário que as redes de telecomunicações tenham sido executadas correctamente e que estejam num bom estado de conservação. Ciente dessa importância, o serviço SAVE avalia em diversos parâmetros o desempenho das redes de telecomunicações das edificações. Pontos verificados As infra-estruturas de telecomunicações em edifícios podem ser divididas em duas partes: a rede de tubagens, e a rede de cablagem. A rede de cablagem é a rede respon- sável pela transmissão dos sinais eléctricos e é ela a parte activa da nossa infra-estrutura. Esta rede de cablagem, tipicamente, aparece de duas formas: uma que é a rede de pares de cobre, tradicionalmente destinada aos serviços de voz e de dados; e a outra é a rede de cabos coaxiais usualmente utilizados para a transmissão de serviços multimédia, como a televisão. A qualidade destas duas redes influencia directamente a qualidade dos serviços que chegam aos utilizadores, razão pela qual são alvos de verificação através da realização de ensaios com equipamentos de teste especificamente desenvolvidos para o efeito. Na Figura 4, pode-se ver a incorrecta interligação de cabos coaxiais, onde ao invés de se fazer uso de um derivador/repartidor da rede coaxial, foi utilizado um ligador usado nas instalações eléctricas. Por sua vez, a rede de tubagens tem como principal função a protecção física da rede de cablagens, de forma a garantir o seu bom estado de conservação ao longo do passar do tempo. Em simultâneo, é esta rede que fornece o espaço necessário para o alojamento dos diversos equipamentos de telecomunicações, assim como permite o acesso aos operadores, para poder passar os seus cabos até à rede privada dos clientes. Fig. 1 - Ensaio à rede coaxial Fig. 2 - Ensaio à rede de pares de cobre Por fim, é também verificada a rede de protecção da infra-estrutura de telecomunicações, dada a sua importância para escoar correntes indesejadas. Principais problemas detectados A maior parte dos problemas detectados deve-se ao facto das instalações já serem antigas, e já terem sofrido várias intervenções sem qualquer tipo de respeito pelas normas técnicas aplicáveis. Podemos ver, na Figura 3, o estado de uma caixa pertencente à coluna montante da rede de pares de cobre de um edifício. Para além da completa falta de arrumação, podemos ver a existência de cablagem da rede coaxial, que foi indevidamente passada por esta tubagem, atrofiando por completo a passagem de outras cablagens da infra-estrutura. Fig. 3 - Mistura de Tecnologias (pares de cobre/cabos coaxiais) Fig. 4 - Incorrecta conexão de cabos coaxiais 13 T & Q 62-63 Importância da inspecção à rede de telecomunicações SAVE João Reis CEE- Certificação Energética de Edifícios A Certificação Energética de Edifícios (CEE) é um dos Sectores Técnicos da Área de Edificações do ISQ. A principal actividade do sector de CEE é a realização de acções de Fiscalização, no âmbito do SCE - Sistema de Certificação Energética de Edifícios e Qualidade do Ar Interior, acções essas que se destinam a apoiar a ADENE – Agência para a Energia. Para fazer face a este trabalho, exigente e muito técnico, o Sector de CEE conta actualmente com um grupo de dez colaboradores, distribuídos pela Delegação Norte e Sede. Com uma formação base em Engenharia Mecânica, estes colaboradores são Peritos Qualificados nas áreas do RCCTE, RSECE – Energia e RSECE – Qualidade do Ar Interior. Para intervenções mais específicas, dois destes Técnicos têm também o Curso de Termógrafo Nível I. Os Edifícios, destinados a Serviços e/ou Habitação, são a área de intervenção do sector de CEE, mais especificamente, nas vertentes do consumo energético e conforto térmico dos mesmos. Em relação aos Edifícios Novos existem três formas distintas de intervenção, em função da fase em que se encontre a sua edificação. T & Q 62-63 A primeira fase é a de Projecto. Nesta fase, a intervenção terá como objectivos o cumprimento dos Regulamentos e, simultaneamente, a identificação de eventuais problemas de interligação entre as diferentes especialidades envolvidas. A segunda fase é a de acompanhamento de obra. Nesta fase, os objectivos prendem-se com a verificação do cumprimento dos projectos / cálculos iniciais. 14 Visto que qualquer obra é passível de sofrer algumas alterações, é vital que exista uma análise, crítica e construtiva, da evolução da mesma. Deste modo, compete ao sector de CEE, também, propor medidas que permitam ultrapassar as dificuldades encontradas, mantendo sempre o respeito pelos Regulamentos e o acordo da equipa projectista. A terceira e última fase é a da verificação final de obra. Esta intervenção tem por objectivo o levantamento técnico do que foi construído, comparando-o com o que foi projectado. O principal Regulamento que deve ser cumprido, no caso de construção de edifícios novos para Habitação, é o RCCTE – Regulamento das Caracterís- ticas de Comportamento Térmico de Edifícios (Dec. Lei n.º 80/06). Com este novo regulamento, que anulou o Dec. Lei n.º 40/90, a área da Térmica de Edifícios deu um grande passo, tendo sido potenciada através do SCE e da classificação energética dos respectivos edifícios. Relativamente aos edifícios novos destinados a Serviços, o principal Regulamento a ser cumprido é o RSECE – Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (Dec. Lei n.º 79/06). Este Decreto anulou o Dec. Lei n.º 118 /98 que, até então, era referência para a especialidade de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado). O Sector de Certificação Energética de Edifícios (CEE) intervém no âmbito da Consultoria Técnica, através de análises Regulamentares e Qualitativas, onde tem como objectivo potenciar uma melhor classificação energética e um menor consumo de energia. Em edifícios novos para Habitação, para além da parte térmica, são realizados diferentes estudos para outras especialidades, tais como: o solar térmico e a sua relação com a água quente sanitária, outras energias renováveis, a ventilação natural ou mecânica e o aquecimento central. Todas estas especialidades são responsáveis por fornecer elementos para o RCCTE, o que implica a necessidade de um conhecimento transversal dessas matérias e a utilização de softwares específicos. Quanto aos edifícios novos destinados a Serviços, para além da parte de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) e dos estudos para outras especialidades, referidos no parágrafo anterior, são também realizados estudos de iluminação, de con- sumo eléctrico dos principais componentes e a relação directa com a envolvente do edifício (parte térmica) e, para finalizar, a simulação dinâmica dos consumos energéticos, com a finalidade de fornecer elementos para o RSECE. Relativamente às intervenções de Consultoria Técnica do Sector de CEE em edifícios já existentes (não novos) poderão ser muito diversificadas, e estão directamente ligadas às solicitações que forem feitas. Damos como exemplos: Verificação do cumprimento de Regulamentos Análise de projecto das instalações / construções Diagnóstico para indicação da origem de determinados problemas e apresentação de soluções Estudos energéticos que potenciem uma diminuição dos consumos e um aumento do conforto SAVE Cristina Leão O Ruído dos Outros Actualmente vivemos o dia a dia a uma velocidade estonteante. Com o regresso a casa, no final do dia, desejamos alguns momentos de lazer e serenidade, mas a realidade é bem diferente do esperado. Não sendo este um problema recente, muito contribuímos para o seu agravamento quando optámos por decorações minimalistas, abandonando a velha alcatifa e os sumptuosos reposteiros. Ensaios que determinam o nível de isolamento sonoro de uma habitação podem ser a garantia de conforto acústico que tanto ansiamos, fazendo a diferença na decisão de compra de uma habitação. Cada vez mais deixamos de nos encantar pelos equipamentos e acabamentos ditos de luxo e valorizamos as condições de conforto na nossa habitação, recordando sempre que os verdadeiros problemas são aqueles que estão encobertos. A qualidade acústica dos edifícios, locais onde passamos a maior parte do nosso tempo, seja em actividades de lazer, trabalho ou simples repouso, não é um mero aspecto circunstancial! É uma necessidade intrínseca dos tempos modernos e da evolução da qualidade de vida de todos nós. T & Q 62-63 Na Tabela 1 estão exemplificados alguns dos ensaios aplicáveis a um edifício misto. O ISQ disponibiliza um conjunto de ensaios que determinam os níveis de isolamento acústico podendo, deste modo, garantir a avaliação da qualidade acústica do espaço/habitação que pretende adquirir. 16 Tabela 1 Âmbito Geral Parâmetros a ensaiar DnT,w Acústica de Edifícios – isolamento sonoro L’nT,w D2mnT,w Acústica de Edifícios – LAR, nT Equipamentos colectivos Normas a aplicar Legislação correspondente NP EN ISO 140-4 EN ISO 717-1 NP EN ISO 140-7 Portaria EN ISO 717-2 232/2008 de 11 de Março Decreto-Lei 96/08 de 09 NP EN ISO 140-5 de Junho EN ISO 717-1 ISO 16032:2004 Observações Ensaios de Determinação dos índices de isolamento sonoro a sons de condução aérea Ensaios de Determinação dos índices sonoro a sons de percussão Ensaios de isolamento sonoro a sons de condução aérea de fachadas Avaliação de Ruído particular de equipamentos colectivos do edifício Ricardo Bessa Águas e Saneamento O Despacho n.º 2339/2007 de 14 de Fevereiro aprovou um novo Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais para 2007-2013, conhecido como PEAASAR II. Este plano dá relevância aos impactos ambientais e à valorização dos recursos ambientais, o que por si só incentiva a reabilitação das redes mais antigas e o controlo das recentemente construídas. Relativamente à taxa de perda de água, e de acordo com o PEAASAR II, assume-se como objectivo para o ano de 2013 que a percentagem de perdas dos sistemas de distribuição seja inferior a 20%. Este valor ainda só foi alcançado por uma pequena percentagem de municípios. O concelho do Porto, por exemplo, tem uma taxa de perda de água de 50%, a mais elevada do grande Porto e mais elevada do que a média nacional, de 42%, que no entanto se encontra muito longe da média a atingir. O PEAASAR II propõe o combate e diminuição da taxa de ineficiência dos sistemas como a prioridade máxima para as entidades gestoras, uma vez que os custos desta ineficiência impedem as entidades gestoras de investir em outros sectores. No que diz respeito à qualidade da água, tem havido um esforço nacional no sentido de se realizarem todas as análises necessárias para aferir a qualidade da água. 17 T & Q 62 O sistema de distribuição de água para consumo sofreu nos últimos anos uma renovação sem paralelo. Os investimentos públicos e privados nesta área foram consideráveis, tendo os objectivos do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais - PEAASAR I (20002006) sido cumpridos na generalidade. A cobertura da rede de distribuição de água é neste momento superior a 95%, sendo de cerca de 80% a drenagem de águas residuais. T & Q 62 O valor médio de cobertura da rede de drenagem de águas residuais, a nível nacional, é de cerca de 73%, muito abaixo dos 90% estipulados pelo PEAASAR I como objectivo para 2006. Este panorama não é favorável, pois significa que uma grande percentagem da população nacional ainda não tem ligação à rede pública de esgotos, existindo casos de descargas ilegais, o que se vem a reflectir na deterioração da qualidade das águas superficiais ou subterrâneas. Serão necessários grandes investimentos para minimizar o atraso existente ao nível da rede de esgotos. 18 sidade das Concessionárias de Distribuição de Água avaliarem com maior rigor o estado de conservação das suas infra-estruturas de distribuição de água, podendo assim decidir com maior acuidade as soluções tecnica e economicamente mais adequadas a aplicar. O PEAASAR II apareceu no início de 2007, altura em que o ISQ já tinha feito a sua reestruturação por Áreas, entre elas a Área das Edificações, da qual faz parte o sector G.A.S. - Gás, Águas e Saneamento. Em 2000, o ISQ teve um repto, para aplicar o know-how adquirido nas redes de gás à construção de redes de água. Assim, criámos uma equipa dedicada às águas e saneamento com técnicos da área gás, para fazer acompanhamento de inspecção de construção de redes de água, tendencialmente em PE e Aço, para concessionárias junto à Grande Lisboa. Rapidamente fomos chamados a intervir na gestão de obras, avaliação funcional de instalações e supervisão de comissionamento em várias concessionárias. A Área de Edificações não ficou imune ao desafio que o novo Plano Estratégico das Águas apresenta e, reiterando o espírito inovador que tão bem a define, desenvolveu uma estratégia de expansão, a nível nacional, com o desenvolvimento das nossas actividades na Delegação Norte e no Pólo do Algarve e, a nível internacional, com uma participação em Cabo Verde. Esta expansão geográfica deixou-nos a sensação de que podíamos fazer mais, o que nos levou a novo estudo de mercado. Este estudo indicou-nos dois pontos críticos: Com o PEAASAR II, e indo de encontro ao cumprimento das metas de qualidade por este estipuladas, surge a neces- O consumo de água per capita tem, nos últimos anos, apresentado uma ligeira tendência de subida As fugas nas redes de distribuição (redes em baixa) têm um peso importante nos resultados das distribuidoras, estando estas obrigadas a uma eficiência de 80% (percentagem de água captada que é efectivamente utilizada e não perdida) No que diz respeito ao aumento de consumo per capita de água, o sector GAS alargou as competências adquiridas, ao nível da análise de projecto e de fiscalização das redes prediais edificadas, e sensibilizou os técnicos que vão estar na casa do cliente para a necessidade de promover a informação dos consumidores (cliente final), no sentido de diminuir o consumo de um recurso tão escasso, bem como de introduzirem em suas casas medidas que desincentivem o desperdício. No que diz respeito à falta de eficiência das redes de distribuição, pelo que nos foi possível verificar, esta tem origem na idade das tubagens, nas deficiências dos aparelhos de manobra e acessórios e em deficientes processos de instalação. O desconhecimento da localização dos pontos exactos de rotura bem como da sua contabilização , leva a que sejam ainda encontrados valores superiores a 35% de perda de água em determinadas distribuidoras. Oeste, Águas do Algarve e Veolia Águas de Valongo, em diversas actividades: Coordenação de Obras - Águas do Oeste Inspecção de Obras de Redes de Renovação da EPAL / DRA Inspecção de Obras de Novos Abastecimentos da EPAL / NVA Fiscalização de Redes Prediais da EPAL /NVA Transporte de Água da EPAL / DPO Inspecção de Obras de Saneamento da Águas do Algarve Assistência Técnica e Inspecção Integrada na Simarsul Análise de projecto de redes prediais na Veolia - Águas de Valongo Fiscalização da Construção de Reservatórios de Água na Veolia Águas de Valongo Assistência Técnica da Rede de 19 T & Q 62 O facto de as redes estarem enterradas a profundidades variáveis e de serem redes, na maior parte das instalações, malhadas, não torna fácil a detecção dos pontos de fuga. É possível saber que existe fuga pela medição dos caudais entrados e saídos nos troços, mas não a localização. Nesta área o GAS alargou as suas competências, tanto ao nível dos materiais das tubagens e acessórios (PP, PP corrugado, PVC, PE e Aço), como da gestão de projectos, não esquecendo a criação de uma equipa para detecção de fugas e análise do estado de conservação das condutas por inspecção vídeo. Neste momento o ISQ tem técnicos a colaborar com várias concessionárias, salientando-se a EPAL, Águas do SAVE Nelson Rocha Avaliação Métrica Todas as especialidades avaliadas num diagnóstico SAVE serão alvo de uma avaliação métrica, que ditará uma classificação detalhada ao nível de conservação do imóvel ou edifício. Tal classificação será expressa numa escala de 1 a 5, de acordo com as classificações patentes na Tabela 1. A obtenção dos valores acima referidos provém de uma ponderação atribuída a cada um dos "sub-temas" de uma determinada especialidade, tendo em conta a Segurança, Funcionalidade e Estado de Conservação de um determinado elemento/compartimento ou especialidade, sendo esta conferida pela respectiva média ponderada. Os valores atribuídos às anomalias detectadas seguem o seguinte critério: 1,0 - Anomalia Muito Grave 2,0 - Anomalia Grave 3,0 - Anomalia Média 4,0 - Anomalia Ligeira 5,0 - Sem anomalias Estado de Conservação O estado de conservação compromete imediatamente a funcionalidade e segurança O estado de conservação prejudica gravemente o aspecto visual Anomalia Grave Segurança A segurança está afectada, existindo perigo a médio prazo É necessária intervenção atempada (risco inferior a 30%) Funcionalidade A funcionalidade não está de acordo com as funções a que se destina A funcionalidade é reduzida (redução inferior a 50% da funcionalidade) Estado de Conservação O estado de conservação compromete a funcionalidade e segurança O estado de conservação compromete o aspecto visual Anomalia Média Anomalia Muito Grave Segurança A segurança está gravemente afectada, existindo necessidade de intervenção urgente Não cumpre as disposições legais aplicáveis Funcionalidade A funcionalidade é reduzida (redução inferior a 30% da funcionalidade) Segurança Prevê-se que a segurança possa estar em risco a médio prazo Existe risco de segurança, embora com repercussões residuais (risco inferior a 20%) Funcionalidade A funcionalidade já não se adapta completamente ao fim a que se destina (redução inferior a 70% da funcionalidade) Tabela 1 T & Q 62-63 Avaliação 5,00- 4,50 Estado de Excelente Conservação 20 4,50- 3,50 3,50- 2,50 2,50- 1,50 1,50- 1,00 Bom Médio Mau Péssimo Estado de Conservação O estado de conservação começa a dar sinais de comprometer a funcionalidade e segurança O estado de conservação compromete o aspecto visual, embora de forma não preocupante Anomalia Ligeira Sem Anomalia Segurança Sem risco relativamente à segurança Funcionalidade A funcionalidade adapta-se ao fim a que se destina (redução inferior a 95% da funcionalidade) Estado de Conservação Estado de conservação óptimo Após a ponderação de cada elemento analisado, e tendo em conta uma média ponderada, obtém-se uma parametrização para cada especialidade, de acordo com o Exemplo da Figura 1. Segurança Existem aspectos ligeiros a melhorar relativamente à segurança (risco inferior a 5%) Funcionalidade A funcionalidade já não se adapta completamente ao fim a que se destina (redução inferior a 85% da funcionalidade) Estado de Conservação O estado de conservação compromete o aspecto visual, embora de forma ligeira Figura 1 - Exemplo relativo à parametrização da área de construção civil (Relatório SAVE) HOMO APREHENDIS Margarida Nunes e-L Learning Estratégias para implementação A implementação do e-Learning nas organizações não se pode resumir à mudança do formato de entrega dos conteúdos. A introdução da tecnologia ao serviço da actividade formativa não caracteriza, por si só, uma mudança de paradigma. Uma mudança de paradigma pressupõe mudanças de comportamento, conceitos, valores e acções, bem como uma mobilização de todos os intervenientes no processo. T & Q 62 A sua organização está preparada para a realidade virtual em programas de formação e desenvolvimento? Muitas organizações limitam a problemática da formação ao fornecimento de cursos, maioritariamente em salas 22 de formação, no formato presencial. Os indicadores de desempenho que utilizam são o número de horas dispendidas na actividade formativa, a quantidade de conteúdos administrados e o número de pessoas formadas. A implementação do e-Learning neste contex- to não se pode resumir à mudança do formato de entrega dos conteúdos, devendo ser acompanhada de mudanças no comportamento de quem adere a estas soluções pedagógicas. A introdução da tecnologia ao serviço da actividade formativa não caracteriza, por si só, uma mudança de paradigma. Uma mudança de paradigma pressupõe mudanças de comportamento, conceitos, valores e acções, bem como uma mobilização de todos os intervenientes no processo. A tecnologia é um complemento auxiliar e sinérgico, pelo que é um meio e não um fim. O e-Learning representa uma mudança de paradigma em relação à formação convencional, presencial. Existem diferenças em todas as etapas que constituem essas duas modalidades, tanto a nível formal como a nível de conteúdo e de exigências. Existe, também, uma mudança de papéis no formando e no formador: enquanto o primeiro vê aumentada a sua responsabilidade sobre a aprendizagem, sendo-lhe exigida uma postura mais activa, o segundo passa a ser um facilitador, devendo garantir condições para atingir os seus objectivos. A necessidade de definição de uma estratégia A adesão ao e-Learning implica a definição de uma estratégia de implementação cujo foco seja a preparação das pessoas para esta nova realidade. A simples exposição a um estímulo pode não surtir efeitos nas pessoas que a ele são expostas. Eboli (2001) afirma que as promessas da tecnologia aplicada à educação/ formação, permitindo que as pessoas aprendam mais, melhor e de uma forma mais rápida, tornando-se mais competentes, são tão sedutoras que muitas vezes se tornam um fim em si mesmas e não um recurso. Esta autora apresenta algumas questões que coloca como aspectos-chave a verificar antes da adesão ao e-Learning, no sentido de aferir se a organização está preparada para a realidade virtual em programas de formação e desenvolvimento e qual a estratégia a adoptar: O número de pessoas a serem formadas é expressivo? As pessoas estão geograficamente? dispersas Há necessidade de deslocações e custos com estadas para acesso à formação? Os recursos responsáveis pela formação vêem a aprendizagem a distância como uma ameaça ao próprio trabalho ou como uma oportunidade de crescimento? Qual a percepção que têm da tecnologia as chefias e a direcção da organização? A preparação para o e-Learning Para que o e-Learning se traduza em benefícios para a organização, é necessário proceder a uma cuidada análise do contexto e planeamento da estratégia. Paralelamente, é necessário identificar as barreiras que a organização precisa de superar para implementar a sua solução de e-Learning. Neste âmbito, Hall (2001) realça três aspectos que deverão ser tidos em conta: Identificar as dimensões a considerar: Gestão de Topo, Stakeholders, Conteúdo, Tecnologia e Formandos Identificar os factores promotores e as barreiras para cada uma das dimensões Considerar as estratégias de implementação, definindo uma estratégia para o e-Learning alinhada com a visão, negócio, recursos e objectivos da organização Qual a relação das pessoas com os computadores e a tecnologia? O desenvolvimento da estratégia Qual a tipologia dos conteúdos a administrar (domínio cognitivo, comportamental ou psicomotor)? Existem recursos tecnológicos na organização? Existem vários caminhos para traçar a estratégia de implementação do e-Learning na organização, devendo estes ser correlacionados com a experiência que a mesma tem neste domínio. Todos estes caminhos devem 23 T & Q 62 No modelo de ensino convencional, a aquisição do conhecimento realiza-se através da transmissão. Caracteriza-se pela ênfase atribuída à figura do formador, como fonte de informação. É ele quem determina o nível e ritmo da sessão de formação, os conteúdos e a metodologia e a avaliação. A comunicação é unilateral: as tarefas de aprendizagem são padronizadas, sem terem em consideração as diferenças individuais. Os formandos têm de trabalhar ao mesmo ritmo, repetir as mesmas informações e adquirir os mesmos conhecimentos, executando somente as actividades e tarefas propostas. Ou seja, o conhecimento é reproduzido e não construído. ser sustentados numa metodologia que passe pela análise, concepção, desenvolvimento, implementação e avaliação de todo o projecto. A selecção do conteúdo e da tecnologia São vários os operadores no mercado de e-Conteúdos, devendo partir da organização a selecção do fornecedor, tendo presente a sua necessidade. Esta necessidade pode ser restrita ao desenvolvimento de objectos de aprendizagem com suporte em conteúdos de que a organização dispõe internamente ou ao aperfeiçoamento técnico do próprio conteúdo para posterior elaboração dos objectos de aprendizagem. Outra hipótese é a aquisição de cursos disponíveis no mercado, que ofereçam resposta às necessidades formativas, sem custos adicionais de desenvolvimento, só de licenciamento. No que se refere à tecnologia, a organização deve auscultar se se justifica adquirir um Sistema de Gestão da Formação ou se o aluguer do mesmo dá resposta à necessidade de controlo da actividade formativa. A "venda" do e-Learning na organização A simples exposição a novas ferramentas para aprendizagem e actualização de conhecimentos pode não ser a solução para a utilização do e-Learning. T & Q 62-63 Para que um programa neste âmbito tenha sucesso, é fundamental que seja assumido pela Gestão de Topo e aceite pelos Colaboradores (Utilizadores Finais). A implementação do e-Learning deve ser acompanhada de um Plano de Comunicação estratégico, envolvendo todos os intervenientes no mesmo. A mensuração dos resultados Existem vários modelos para mensuração dos resultados da implemen24 tação da estratégia de e-Learning. Não pretendendo expor um modelo, importa realçar que é importante a organização avaliar o impacto da estratégia de e-Learning assumida, nomeadamente ao nível dos resultados da aprendizagem, da velocidade da aprendizagem e da evolução manifestada pelos Colaboradores com a aplicação dos conhecimentos adquiridos. Mais do que a redução de custos, a aposta no e-Learning deve ter em conta dois importantes factores com impacto no ROI: a eficiência e a velocidade. A eficiência da resposta formativa está vinculada ao facto de o formando poder aprender o que necessita, quando necessita e na altura em que tem maior disponibilidade mental para o fazer. Em relação à velocidade, o e-Learning permite fornecer respostas flexíveis, just-in-time, facilmente controladas através do LMS (Learning Management Systems), a necessidades continuamente emergentes nos actuais contextos organizacionais. Paralelamente, o LMS facilita a exportação do conhecimento organizacional, fazendo crescer o valor intangível do e-Learning. Desta forma, o tradicional conceito de ROI, tendencialmente focado na redução de custos (mais facilmente quantificável), passa a focar-se na criação de valor, ou seja, o retorno do investimento em aspectos como a melhoria do nível da organização, o posicionamento face à concorrência e o desenvolvimento da capacidade de inovação e de resposta rápida às imposições do mercado. A sua organização está pronta para o e-Learning? Deixo-vos com esta questão... A questão a que todos os que desejam aderir ao e-Learning devem conseguir responder... O e-Learning é muito mais do que a utilização das tecnologias de informação e comunicação na actividade formativa. Preparar o terreno para a implementação da estratégia de e-Learning adequada à sua organização é o primeiro obstáculo com que se vai deparar, obstáculo esse que deve ser transformado em desafio. Ao assumir que a sua estratégia formativa passa pelo e-Learning, inicie o seu projecto ponderando os seguintes aspectos: O que procuro? Ter a noção exacta das necessidades da organização. Qual o tipo de fornecedor de que preciso? Preciso de um fornecedor de conteúdos? Preciso de um fornecedor que desenvolva os objectos de aprendizagem? Preciso de um fornecedor com uma grande capacidade de resposta? Preciso de um fornecedor com soluções/ abordagens flexíveis? Preciso de um Sistema de Gestão da Formação? Tenho um Sistema de Gestão da Formação e só preciso de consultoria para o desenvolvimento de conteúdos e manutenção do sistema? Onde posso encontrar o que preciso? O mercado do e-Learning em Portugal é um mercado em crescimento, constituído por diversos operadores com abordagens distintas no que se refere ao foco da solução pedagógica. Confronte a oferta com aquilo de que necessita e não resuma a sua opção ao que lhe apresentam, pois a "melhor" solução para a generalidade das organizações pode não ser a mais eficaz para o seu caso específico. EDIFICAÇÕES Estêvão Leal REN Gasodutos O DESAFIO Desde 1993, o ISQ tem vindo a participar com grande envolvimento nas infra-estruturas de gás natural em Portugal. É com bastante regozijo que podemos dizer que o ISQ se encontra presente de forma transversal em vários projectos ligados ao gás natural, com particular destaque para o contributo dado ao nível do Gasoduto Nacional, Armazenagem Subterrânea, Unidades Autónomas de Regaseificação de Gás Natural, Estações de Compressão de Gás Natural e das Redes de Distribuição e Utilização. Ao longo destes 15 anos de envolvimento com a indústria do gás, em Portugal, tem vindo a ser solicitado ao ISQ um maior grau de participação dentro da cadeia de valor, quer ao nível do desenvolvimento, quer ao nível de construção das infra-estruturas. O Gasoduto Nacional é sem dúvida um projecto emblemático e exemplar a nível nacional, no qual o ISQ se orgulha de ter tido participação activa. Inicialmente o ISQ começou por prestar trabalhos de 3ª parte (certificação) para a Transgás. Com a evolução dos projectos da rede de transporte de gás natural em Portugal e com o maior envolvimento de diversos técnicos do ISQ na construção da mesma, foi-nos sendo solicitada maior participação, com um grau de responsabilidade cada vez maior. T & Q 62 Com a mudança de filosofia do sector Energético em Portugal em 2007 e com o aparecimento da REN Gasodutos, pertença da Rede Energética Nacional, mais uma vez foi feito um novo desafio ao ISQ para uma nova forma de colaboração nos novos projectos que vão ter lugar no próximo biénio. Assim, o ISQ envolveu-se com a REN Gasodutos ao nível das seguintes espe26 cialidades: Consultoria de Engenharia Revisão de Especificações Envolvimento ao Nível da Operação de Gasodutos Verificação de Materiais e Equipamentos durante a sua construção Chefia de Projectos Direcção de Obra Inspecção / Fiscalização de obras, em todas as vertentes De salientar que, durante 2008, o ISQ iniciou este projecto com 4 elementos, tendo neste momento uma equipa de cerca de 19 pessoas que se distribuem pelas diferentes especialidades referidas. Tem sido um percurso evolutivo e complexo que redefiniu completamente o paradigma dos serviços prestados, que passaram da simples inspecção de qualidade, segundo normas Internacionais e Europeias bem como da legislação aplicável ao sector, para patamares onde impera a Gestão de Projectos e Direcção de Obra associados a todo o know-how existente no ISQ ao nível tecnológico de construção mecânica e soldadura. Apesar de ser um projecto que se encontra no início, em que as primeiras obras se encontram na fase de conclusão, é possível desde já afirmar que tem sido um sucesso o acompanhamento das mesmas. No gasoduto para a Ar Líquido, em Estarreja, o ISQ esteve envolvido nas actividades de: Chefe de Projecto: - Luís Figueiredo (ISQ) Director de Obra: - Manuel Neves (ISQ) Inspecção/Fiscalização: - Jorge Castro (ISQ) - Abel Martins (ISQ) Inspecção da Intervenção em Carga: - Maria João Vaz (ISQ) - Tiago David (ISQ) Responsável pela operação do Gasoduto : - Rodrigo Cunha (ISQ) Com estes projectos da REN Gasodutos, mais uma vez o ISQ, e o departamento de G.Á.S. começam a preparar-se para novos desafios que se adivinham, bem como para a internacionalização que pretende iniciar já em 2009. INDÚSTRIA José Gomes Ferreira Concepção das funções de segurança associadas aos sistemas de comando das máquinas SRP/CS 1. Estratégia de segurança Com este artigo pretendo abordar, de uma forma genérica, os princípios de concepção de cinco estruturas de SRP/CS que cobrem requisitos específicos em condições de falha, assim como o cálculo dos níveis de fiabilidade de cada uma dessas estruturas, recorrendo para tal à metodologia das normas EN 954 / ISO 13849, por serem as mais divulgadas e de maior aplicação pelas PME na concepção e fabricação de máquinas. a) Do conjunto de situações potencialmente perigosas por: Gravidade das consequências Probabilidade de ocorrência b) Do comportamento do sistema: Modo de avarias Sequências e/ou coincidências de eventos e situações perigosas c) Dos sistemas de manutenção e exploração: Políticas de manutenção Factores humanos Para isso, o fabricante deverá identificar e avaliar todos os riscos que podem existir na sua máquina, com o objectivo de: Eliminar ou reduzir os riscos 1.1. Avaliação de Riscos A avaliação de riscos de uma máquina é realizada de acordo com a norma EN ISO 12100-1 e compõe-se das seguintes fases: a) Determinação dos limites da máquina devendo-se especificar: Layout Características da(s) máquina(s) Parâmetros funcionais Uso previsto b) Identificação dos fenómenos perigosos: Pretende-se identificar quais os fenómenos perigosos existentes numa máquina (e as respectivas causas), ao longo do seu ciclo de vida, considerando os casos previsíveis de utilização. b.1 - Funcionamento normal: Modos de comando Modos de alimentação e movimentação de materiais (carga/descarga) b.2 - Funcionamento deficiente: Falha de componentes ou dos circuitos (hardware, software) Perturbações externas (eg: choques, vibrações, campos electromagnéticos) Perturbação na alimentação de energia, etc. Figura 1 – Diagrama de avaliação de riscos de acordo com a norma EN ISO 12100-1 b.3 - Mau uso previsível: Comportamento anormal previsível (negligência) Comportamento reflexo em caso de mau funcionamento, de falha, etc. Comportamento resultante da aplicação da “lei do menor esforço” 27 T & Q 62-63 A crescente automação industrial das últimas décadas veio colocar à indústria novos desafios, nomeadamente na concepção das funções de segurança associadas aos sistemas de comando das máquinas, os denominados SRP/CS - Safety-related part of a control system. As máquinas devem estar aptas a cumprir a função a que se destinam nas condições previstas pelo fabricante e sem expor os utilizadores a riscos de acidente. A segurança duma máquina é, pois, função: Tomar medidas de protecção contra os riscos que não podem ser eliminados Informar os utilizadores dos riscos residuais c) Medidas de prevenção do risco: Prevenção intrínseca • Funções de segurança associada aos sistemas de comando • Fiabilidade das funções de segurança • Segurança passiva Medidas de Protecção • Protectores • Dispositivos de protecção Medidas de informação, formação e organização • Instruções de utilização • Informação sobre os riscos residuais • Procedimentos de Segurança: - Modos de trabalho - Consignação dos equipamentos - Utilização de EPI • Qualificação dos operadores • Manutenção de condição de concepção e tem por finalidade: a) Evitar ou reduzir os fenómenos perigosos, mediante: Prevenção do risco mecânico Princípio da acção mecânica positiva de um órgão sobre um outro Princípios ergonómicos Princípios de concepção de sistemas de comando Prevenção do risco eléctrico b) Limitar a exposição de pessoas aos fenómenos perigosos, pela redução da necessidade de intervenção do operador nas zonas perigosas, através de: Fiabilidade do equipamento Mecanização das operações de carga / descarga 2. Princípios de concepção de sistemas de comando 1.2. Prevenção intrínseca A prevenção intrínseca consiste em adoptar medidas de segurança na fase A estrutura do circuito do sistema de comando deve assegurar basicamente Tabela 1 - Requisitos de Segurança por categoria de Comando Requisitos/Categorias B T & Q 62-63 Regras de arte Sim Componentes N/Requerido comprovados Princípios de Segurança N/Requerido Vigilância ou verificação N/Requerido Perda da função segurança em caso de defeito único Possível Detecção de defeito único Nenhum Perda da função segurança por acumulação de defeitos Possível 1 2 3 4 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Manual Automática S/Vigilância C/vigilância Periódica a Intervalos contínua contínua Possível se não detectaPossível Não Não da entre intervalos Antes da Manual a Automático Possível parpróxima intervalos a intervalos cialmente solicitação Possível Possível Possível Figura 2 - Categorias de sistema de comando de acordo com a norma EN 954-1 28 Não que: a) Um defeito acidental no circuito de comando não produza: Impossibilidade de parar os elementos móveis Neutralização das protecções dos elementos móveis b) Uma variação ou interrupção de energia não produza: Arranque intempestivo dos elementos móveis Movimentos incontrolados de órgãos Perda de sujeição de peças As ordens de paragem tenham prioridade sobre as ordens de arranque Na concepção dos sistemas de comando devemos ter em consideração as seguintes técnicas: Arranque intempestivo: Deve ser evitado o arranque intempestivo de uma máquina, quando é realimentada após uma interrupção de energia, se daí puder resultar algum risco. Fiabilidade dos componentes: Os componentes das funções de segurança devem ser capazes de suportar as perturbações e constrangimentos em certas condições e durante um dado período de tempo sem avaria na função requerida. Duplicação/redundância dos componentes “críticos”: Permite a utilização de componentes não intrinsecamente seguros para a realização de uma função de segurança, com a condição de que em caso de falha de um componente, um outro (ou outros) possa(m) continuar a assegurar esta função, garantido assim o nível de segurança requerido. Vigilância automática: A vigilância automática tem por efeito desencadear uma acção de segurança, se diminuir a aptidão de um componente para desempenhar a sua função e/ou se as condições do processo forem modificadas de tal forma que provoquem um risco. As acções de segurança podem ser: A paragem do processo perigoso Evitar novo arranque após a primeira paragem posterior à falha do componente A activação de um alarme Redundância + auto-controlo: A associação destas duas técnicas assegura, ao mesmo tempo, a disponibilidade e a segurança da máquina: Com o auto-controlo, um primeiro defeito é detectado obrigatoriamente a partir do fim do ciclo, o que impede a reactivação de um novo ciclo A redundância faz com que sobre o primeiro defeito, o funcionamento não seja interrompido e a função segurança seja mantida 3. Norma EN 954 - 1 4. Norma EN ISO 13849-1 A norma EN 954 - 1 é baseada em 5 categorias de sistemas de comando, obtidas através de uma matriz de classificação dos riscos (de I a V) versus categorias de comando (B a 4). 4.1. Estrutura (Figura 3) A classificação dos riscos é função dos seguintes parâmetros: S: Gravidade da lesão; F: Frequência de exposição; P: Possibilidade de evitar o dano (Fig.2). Para cada categoria de comando podemos sintetizar requisitos de segurança como especificado na Tabela 1. 4.2. Determinação do nível de fiabilidade requerido (PLr) O nível de fiabilidade requerido (PLr) obtém-se através de uma matriz de risco (Fig. 4) onde os parâmetros de avaliação do risco (gravidade da lesão, frequência e duração da exposição e possibilidade de reduzir o risco) não se modificam em relação aos da Norma EN 954-1. Na matriz de risco da Norma ISO 13849-1, os parâmetros de risco já não se traduzem em categorias de comando (EN 954-1), mas em níveis de fiabilidade (PL). A Tabela 2 indica-nos os níveis de fiabilidade PL, expressos com a probabilidade de falha grave por hora - PFHd. 4.3 – Determinação do nível de fiabilidade (PL) Na determinação do nível de fiabilidade do sistema de segurança há que ter em conta os seguintes aspectos: Estrutura da SRP/CS (MTTFd) - “tempo médio até uma Figura 3 - Estrutura da norma ISO 13849-1 falha perigosa” - dependente da categoria (DC) - “cobertura de diagnóstico” - a partir da categoria 2 (CCF) - “Gestão das falhas por causas comuns” - a partir da categoria 2 4.3.1 – Estrutura da SRP/CS Para facilitar a quantificação do PL, a norma proporciona um método simplificado baseado na definição de cinco estruturas de SRP/CS já conhecidas, estabelecidas e comprovadas das várias categorias de comando que se aplicam na norma EN 954-1, que Tabela 2 - Níveis de Fiabilidade Figura 4 - Matriz de risco da Norma EN ISO 13849-1 a b c d e Probabilidade média de falhas por hora 1/h 10-5 a 10-4 3 x 10-6 a 10-5 10-6 a 3 x 10-6 10-7 a 10-6 10-8 a 10-7 T & Q 62-63 PL 29 norma só se têm em conta as avarias com um componente perigoso. Para o cálculo MTTFd temos a conside- qualidade de detecção de defeitos, ou a eficácia das medidas para detectar as falhas num SRP/CS. rar duas distribuições diferentes de vida útil: a) Distribuição exponencial - típica dos componentes electrónicos. A norma apresenta uma tabela de medidas comprovadas para detecção de defeitos com os correspondentes valores DC expressos em percentagens. O cálculo do MTTFd é obtido, somando os valores de MTTFdi individuais dos componentes do SRP/CS. Com esses valores estima-se a cobertura de diagnóstico média - DCavg (que reflecte a qualidade da detecção de defeitos de todas as partes de cada canal) mediante a seguinte fórmula: Figura 5 - Desenho de uma SRP/CS A soma compara-se com os valores da Tabela 3 para indicar a qualidade da segurança de um canal individual de um SRP/CS. Através da correspondência do DCavg na Tabela 4 obtém-se o nível de cobertura de diagnóstico dum SRP/CS. b) Distribuição Weibull - típica de componentes afectados por desgaste. Para os componentes afectados por desgaste, como por exemplo os dispositivos electromecânicos, pneumáticos, óleo-hidráulicos e mecânicos, tem de se converter o valor do MTTFd através do Figura 6 - Diagrama de blocos cálculo do valor B10d. cobrem critérios de desenho e comportamentos específicos em condições de falha. As Figuras 5 e 6 são um exemplo de um resguardo de segurança com encravamento de uma máquina, cuja função de segurança é parar o órgão perigoso quando se abre o resguardo. O fabricante proporciona o valor B10d para o componente (valor em ciclos de funcionamento, em que estatisticamente 10% das amostras analisadas são falhas perigosas). 4.3.2 - Cálculo do MTTFd As SRP/CS conservam sempre um potencial de falha residual de efeito crítico para a seguranca (o potencial de falha por coincidência de falhas perigosas). Daí haver necessidade de controlar o risco residual, ou seja, de reduzi-lo a um nível aceitável. T & Q 62-63 O MTTFd é um indicador de qualidade que se refere à fiabilidade dos componentes e dispositivos de segurança de uma SRP/CS. Este valor equivale a uma espécie de índice de capacidade do ciclo funcional, que valoriza a aceitabilidade da função de segurança segundo o método Weibull. O valor B10d converte-se no MTTFd tendo em conta as condições da aplicação (duração do uso e a solicitação média da função de segurança do componente correspondente). A CCF aplica-se só em estruturas de 2 canais a partir da categoria 2, posto que está destinado a prevenir falhas numa SRP/CS, com uma causa e um efeito comuns. Estas falhas podem produzir a activação de um modo de falha crítico em ambos os canais ao mesmo tempo, por Tabela 3 - MTTFd Denominação MTTFd Intervalo MTTFd Baixo 3 anosMTTFd< 10anos Médio 10 anosMTTFd< 30anos Alto 30 anosMTTFd< 100anos Tabela 4 - Cobertura de diagnóstico (DC) da SRP/CS nop: Média de ciclos de funcionamento por ano O MTTFd é uma medida estatística que 4.3.3 – Cobertura de diagnóstico (DC) representa o tempo de funcionamento sem avarias previsto por ano. Na A Cobertura de diagnóstico (DC) é a 30 4.3.4 - Gestão de falhas por causa comum (CCF) Denominação da DC Nenhum Intervalo DC Baixo 60% DC < 90% Médio 90% DC < 99% Alto 99% DC DC < 60% exemplo, como consequência de um relâmpago (sobre tensão), afectando as saídas de semicondutores redundantes e produzindo como resultado a incapacidade de ambos os canais se abrirem ou fecharem. A forma mais fácil de analisar as medidas de prevenção de falhas CCF é a aplicação da Tabela 5 , cujo objectivo é atingir os 65 pontos como mínimo. 4.3.5 – Procedimento simplificado de cálculo do PL A Tabela 6 e/ou a Figura 7 permite-nos obter graficamente o valor do nível de fiabilidade (PL) e compará-lo com o nível de fiabilidade requerido (PLr) obtido através da matriz de risco descrito no ponto 4.2. 5. Conclusões Tabela 5 - Gestão de falhas por causa comum (CCF) Medidas de prevenção de falhas por causa comum (CCF) Separação das vias de sinal 15 pontos Diversificação 20 pontos Protecção ante sobre tensões ou sobrepressão 15 pontos Componentes comprovados 5 pontos FMEA (análise de modos e efeitos de falha) 5 pontos Competência/ formação do desenhador 5 pontos Compatibilidade electromagnética 25 pontos Temperatura, humidade, choques, vibrações, etc. 10 pontos Tabela 6 - Relação entre categorias DC, MTTFd e PL Categoria DCavg B 1 2 2 3 3 4 nenhum nenhum baixo médio baixo médio alto MTTFd Baixo a * a b b c * Médio b * b c c d * Alto * c c d d d e A norma ISO 13849 - 1 é um precioso auxiliar para o projectista de máquinas, no estabelecimento de uma estratégia de segurança coerente e integrada na concepção das funções de segurança associadas aos sistemas de comando das máquinas, e surge da necessidade de colmatar algumas das limitações apontadas à EN 954 - 1, nomeadamente, o facto de o seu enfoque determinístico e risco residual ser idêntico para todas as categorias de comando, independentemente do grau de risco associado. Por sua vez, a norma EN ISO 13849-1 baseia-se em aspectos determinísticos e probabilísticos, substituindo as categorias de comando por níveis de fiabilidade, mas mantendo as cinco estruturas de SRP/CS que se aplicavam na norma EN 954-1. Referências EN ISO 12100 - 1 – Segurança de máquinas - Análise de riscos. ISO/FDIS 13849- 1: 2006 Segurança de máquinas – Funções de segurança associadas aos sistemas de comando das máquinas SRP/CS, Parte 1: Princípios gerais para o desenho. T & Q 62- EN 954 - 1: 1997- 06: Segurança de máquinas – Categorias de comando. Figura 7 - Relação entre categorias DC, MTTFd e PL 31 I&D Dias Lopes A opção nuclear deve ser discutida em Portugal sem mais demoras e sem preconceitos! Ao falar da Energia Nuclear em Portugal, convinha começar por fazer uma breve abordagem histórica deste tema que não tem tido um espaço de discussão séria no universo Português e que, por isso, é desconhecido das gerações com menos de 50 anos. De facto, esta forma de Energia há muito que é estudada em Portugal e pena é que as valências criadas ao longo de muitos anos se tenham perdido, porque o tema se tornou tabu durante cerca de três décadas. Na velha Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, faziam-se estudos teóricos sobre o Nuclear, conduzidos pela Professora Branca Edmée Marques, que fora Assistente de Marie Curie no Laboratório Curie do Instituto de Radioquímica em Paris, durante três anos, onde demonstrou uma capacidade excepcional para a experimentação nestes domínios e onde fez o seu doutoramento em 1935 (dois anos após a morte de Marie Curie). T & Q 62-63 Regressada a Portugal, forma na Faculdade de Ciências o Laboratório de Radioquímica que se tornaria, mais tarde, no Centro de Estudos de Radioquímica da Comissão de Energia Nuclear, órgão de que foi Directora até ser jubilada. A Professora Branca Edmée Marques soube rodear-se de uma excelente equipa, que continuou, durante muitos anos, o trabalho deixado pelo exemplo desta grande mulher que parece ter nascido fora do tempo, pelo menos em Portugal. A Professora Branca Edmée Marques, apesar de ter feito o doutoramento vinte anos antes, passou por todos os degraus da carreira académica e só veio a tornar-se Professora Catedrática em 1954. A sua nomeação acabou por ser oficializada apenas em 1966, aquando da abertura de uma vaga. Minha Professora nos anos sessenta - mais precisamente em 1967, um ano após a nomeação como 32 Professora Catedrática -, recordo-a como uma pessoa de hábitos espartanos, que chegava todos os dias de eléctrico e era uma referência para toda a gente e, sobretudo, para o corpo docente e discente da velha Faculdade. No Laboratório por ela criado, no Departamento de Química, fazia experimentação em processos e, no Programa de Química Inorgânica de então, ensinava aos alunos como é que se extraía Urânio do minério que abunda no nosso país, pois fomos durante anos exportadores desta fonte de produção energética. Ao tempo, era intenção do Governo prosseguir os estudos nesta área, de modo a instalar uma Central Nuclear que produzisse Energia a custos mais baixos. Na área Científica, por exemplo, o Professor Veiga Simão fez o seu Doutoramento na Área Nuclear. Há poucos anos houve uma reconversão do que restou do LFEN, entretanto transformado em INETI. Esta reconversão não contemplou a valência Nuclear, que se transformou no ITN Instituto de Tecnologia Nuclear, embora com competências mais reduzidas, relativamente aos anos sessenta. Há que recordar as valências criadas antes, o retrocesso dos anos setenta e o posterior abandono da Opção Nuclear. Na SOREFAME e na MAGUE, no final dos anos sessenta e início dos anos setenta, foram criadas estruturas para o projecto e construção de equipamentos ligados ao nuclear. Tive a oportunidade de, em 1972, quando comecei a trabalhar na SOREFAME como jovem engenheiro, estudar muitos dos documentos desses projectos. Não quero ser pretensioso ao abordar este tema, pois não era mais do que um dos cerca de quatrocentos quadros superiores que então aí trabalhavam (e, no meu caso, tinha acabado de sair da Universidade), mas deu-me a possibilidade de pelo menos me aperceber que era possível fazer algo que, na altura, estava no topo da tecnologia e do conhecimento. As áreas da Engenharia da Qualidade tiveram, nesses anos, um avanço significativo em Portugal. A SOREFAME e a MAGUE investiram, nos seus Quadros, em Projecto e em meios de fabricação, valores substanciais que permitiriam uma aquisição e transferência de Tecnologia ao nível do que se fazia nos Países que já detinham essa Tecnologia. Mas nem tudo se perdeu nessa altura, pois a SOREFAME fabricou parte dos equipamentos para o Programa Nuclear Francês (e.g., Caixas de Escape e Corpos de Baixa Pressão, onde foi necessário inovar ao nível dos processos de fabricação). Anos antes, a SOREFAME tinha fabricado e montado uma grande parte da Ponte sobre o Tejo em Lisboa (na primeira metade dos anos sessenta). A OPÇÃO DO NUCLEAR Nos anos setenta, Portugal detinha recursos naturais (Urânio e processos de enriquecimento), conhecimento e capacidade produtiva, em toda a cadeia de valor - desde a Física Nuclear, iniciada cerca de quarenta anos antes pela Professora Branca Edmée Marques e continuada pela sua equipa de Investigação, à capacidade de Produção instalada na SOREFAME e na MAGUE -, sendo, por isso, capaz de encarar a opção Nuclear, cujos custos de produção de energia são, ainda hoje, mais baixos, mesmo tendo em conta o problema dos resíduos. No entanto, e por razões conjunturais, este projecto foi abandonado há cerca de trinta anos. Os restantes países Europeus investiram e continuam a investir nesta forma de Energia, tendo Portugal ficado para trás, optando pelos investimentos nos recursos fósseis, mesmo já depois da crise do Petróleo de 1973 - que viria a repetir-se no início dos anos oitenta - e que fazia antever uma crise energética a médio prazo. A questão da segurança das Instalações de Produção de Energia Nuclear não impediu o investimento maciço da Europa Ocidental e dos Países do Leste Europeu. Se sobrepusermos um mapa das Instalações em serviço ainda hoje sobre o mapa da Europa, pode-se verificar que a nossa vizinha Espanha tem duas Centrais a cerca de 50 km de Madrid e, em França, onde a densidade destas Instalações é bastante maior, a maioria encontra-se relativamente próxima dos centros consumidores. Portugal importou, durante décadas, energia de França - onde o Nuclear é dominante e onde havia excedentes de produção. Será que todos esses países são suicidas, ao instalar nas seus limites territoriais Centrais Nucleares? Seria, no mínimo, irrealista, pensar que os diversos Países são irresponsáveis. O problema, muitas vezes enunciado, é o de que a construção de centrais Nucleares deveria ser feita no litoral, para permitir a instalação dos sistemas de arrefecimento do vapor vindo das turbinas, mas que se tratam de zonas geologicamente de alto risco. Contudo, o arrefecimento pode ser feito através de torres comuns, em Centrais Térmicas, com grande parte dessa água a operar em circuito fechado. Hoje, quando a opção Nuclear se torna cada vez mais uma necessidade, não só para produzir Energia Eléctrica, mas também para obter hidrogénio a baixo custo, tão necessário para preencher o hiato de outras formas de energia que representam cerca de 75% do consumo total, seria necessário começar do zero e, se não houver cuidado em criar uma fileira (se a opção passar por uma fracção Nuclear de 20 ou 25%), à semelhança do que se está a fazer com a Energia Eólica, poder-se-á perder mais uma oportunidade, como muitas outras. A UE anunciou, através do respectivo Comissário Europeu para a Energia, Andris Pielbalgs, que os Países membros devem pelo menos discutir esta 33 T & Q 62-63 Paralelamente, o Governo de então forma, em Junho de 1954, a Junta de Energia Nuclear (JEN) e, logo de seguida, em 1955, cria o LFEN - Laboratório de Física e Energia Nuclear. O primeiro Reactor Nuclear (ainda hoje activo, foi recentemente objecto de uma obra de manutenção para permitir a continuidade do seu funcionamento) entrou em actividade em 1961 (a obra fora adjudicada em 1957) e atingiu a potência máxima de 1 MW, em 1963. opção nas suas estratégias de produção de energia, por forma a diminuir as emissões de CO2 e a dependência de Países e mercados de alto risco. Se Portugal não o fizer, será mais uma vez um País adiado nas soluções que deve tomar, com o devido tempo, e os exemplos são muitos, como o Alqueva, o Novo Aeroporto de Lisboa, as Plataformas Logísticas como o Eixo Sines - Beja, a rede Ferroviária, ou, mesmo, repensar o Projecto de Foz Côa. Há muitos interesses pessoais e privados, escondidos nos chamados espíritos "verdes" e, se tivermos de esperar pela Quarta Geração do Nuclear (ITER), que ainda vai demorar pelo menos mais quarenta anos até ser comercializada, vamos pagar bem caro o atraso sucessivo de resoluções adiadas, sem ao menos fazermos uma discussão séria deste problema, facto que nos fará recuar até níveis de desenvolvimento dos mais baixos da OCDE e que irá seguramente hipotecar o futuro das novas gerações, que tanto têm sofrido ultimamente com o desemprego ou a precariedade, sem objectivos de vida definidos. mente uma reacção negativa da população e será, no mínimo, considerada demagógica. ENERGIAS RENOVÁVEIS Se o Governo não quer, por motivos políticos ou financeiros, iniciar esta discussão, deverá deixar liberdade aos privados para o fazer e não deverá obstruir soluções que se venham a colocar, a curto prazo, acautelando que os estudos de impacto ambiental, ou outros, venham a ser realizados por entidades terceiras (não Nacionais), pois o nosso sistema actual não é suficientemente independente para o fazer. Portugal tem investido, e bem, nas chamadas Energias Renováveis e deverá fazê-lo até ao limite considerado rentável, i.e., tendo em conta que o apoio Estatal terá um fim. A aposta nesta fileira, sobretudo a do Grupo EDP, foi estrategicamente bem pensada, dando a Portugal a possibilidade de criar valor e conhecimento. Ainda existem muitas outras fontes por explorar, mas terão de, mais cedo ou mais tarde, se posicionarem com as alternativas existentes. Não se pode, em Portugal, deixar de utilizar os meios de transporte particulares, pois qualquer transformação que se opere neste sector demora, seguramente, mais de dez anos. Qualquer transformação de fundo que se pretenda no modelo de transportes usado actualmente pelos Portugueses, ou seja, o automóvel privado, terá inevitavel- A União Europeia está pronta a iniciar esta discussão e o mínimo que devemos fazer é participar nela, pois os nossos recursos em energia são reduzidos e totalmente dependentes de outros Países. E, ironia do destino, Portugal foi no passado exportador de Urânio e possui ainda reservas para fazer face ao potencial consumo. pub britográfica END Liliana Silva Pedro Barros Luísa Quintino Rosa Miranda Avanços Recentes na Inspecção por Métodos Não Destrutivos Neste artigo apresenta-se o estado de arte destas técnicas, as vantagens e inconvenientes que cada uma apresenta, bem como exemplos de aplicações industriais. Palavras-Chave: Ultra-sons; Transdutor Acústico Electromagnético - EMAT; Ondas Guiadas - GW; Tempo de Percurso da Onda Difractada - ToFD; Phased Array - PA. BREVE NOTA HISTÓRICA Como ensaio não destrutivo e com o objectivo de verificar a integridade de materiais, a aplicação dos ultra-sons data de 1929, quando Solokov e Mulhauser utilizaram a técnica de transmissão para a detecção de defeitos. A grande revolução dos Ensaios Não Destrutivos (END) e a sua indiscutível importância como ferramenta de produção ocorreu durante a 2ª Guerra Mundial, como resultado do elevado número de fracturas do tipo frágil dos navios Liberty, levando à necessidade de testar e melhorar as propriedades dos materiais. Esta exigência resultou numa vasta aplicação dos métodos existentes até então e impulsionou o aparecimento de novas técnicas. É nesta altura que ocorre também o desenvolvimento dos ultra-sons, quan- do, em 1940, Firestone desenvolve um equipamento que já se baseava na reflexão de impulsos. Desde então, o crescimento não tem parado, observando-se a utilização de: ondas transversais, ondas superficiais, ensaios de imersão, ensaios com registo, ToFD, Phased Array, etc.. Actualmente, os ultra-sons, como ensaio não destrutivo, são aplicados com o objectivo de detectar descontinuidades existentes no interior das peças, o que constitui uma das características que tornam este método bastante vantajoso, quando comparado com outras técnicas baseadas em diferentes princípios físicos. AS TÉCNICAS AVANÇADAS 1.Transdutor Acústico Electromagnético - EMAT Tradicionalmente, a técnica de Ultra-sons utiliza um transdutor piezoeléctrico para gerar ondas ultra-sonoras no material a ensaiar. É aplicada uma corrente eléctrica ao cristal piezoeléctrico, que é convertida em impulsos mecânicos. Para transmitir este impulso mecânico à peça, é necessário um elemento acoplante, tal como água, óleo, glicerina, etc.. A necessidade do acoplante pode, em alguns casos, inviabilizar a aplicação desta técnica. A técnica de Transdutor Acústico Electromagnético - EMAT apresenta distintas vantagens, permitindo gerar ultra-sons sem necessitar de estar em contacto com a superfície do material e sem elemento acoplante, através da interacção entre o campo magnético e as correntes de Eddy, que são induzidas no material [1] por meio de um íman e de uma bobine (Figura 1). A excitação acústica electromagnética dos Ultra-sons pode ocorrer através de dois princípios físicos: a indução de forças de Lorentz e o efeito Magnetoestrictivo, ou a combinação de ambos os elementos [2]. Figura 1 - Ultra-sons utilizando um transdutor piezoeléctrico versus o transdutor acústico electromagnético O Transdutor Acústico Electromagnético é composto essencialmente por dois elementos fundamentais: o elemento magnético (íman) e uma bobine condutora. No transdutor acústico electromagnético, segundo a indução de forças de Lorentz - EMAT Lorentz, a bobine, quando sujeita a uma corrente eléctrica alternada, produz correntes de Eddy na superfície do material. Por sua vez, o elemento magnético permanente produz um campo magnético. A interacção entre o campo magnético estático e as correntes de Eddy sujeita o material a forças de Lorentz, que oscilam com a mesma frequência e direcção das correntes de Eddy. As forças de Lorentz provocam colisões na rede cristalina, produzindo ondas ultra-sonoras que se propagam em direcções opostas, no material a ensaiar. A Magnetoestricção é um fenómeno que ocorre apenas em materiais ferromagnéticos e consiste na deformação da estrutura cristalina do material quando sujeito a um campo magnético. É com base neste fenómeno que opera o EMAT Magnetoestrictivo. O transdutor é composto por uma bobine circular que, quando sujeita a uma corrente eléctrica alternada, gera um campo magnético dinâmico, e por 35 T & Q 62-63 As crescentes exigências, tanto na produção como na manutenção, têm colocado desafios no sentido de desenvolver técnicas de inspecção não destrutiva cada vez mais rápidas e fiáveis. De entre estas, as técnicas de Ultra-sons têm sofrido desenvolvimentos significativos com a emergência de novas técnicas, como, por exemplo: ElectroMagnetic Acustic Transducer - EMAT, Guided Waves - GW, Time of Flight DiffractionToFD e Phased Array - PA. um íman permanente que, por sua vez, produz um campo magnético estático. A interacção entre ambos resulta numa distorção atómica do material, ocorrendo a conversão da energia eléctrica em energia mecânica [3]. A Figura 2 esquematiza a produção de ondas Ultra-sonoras através de: a) Forças de Lorentz e b) Efeito Magnetoestrictivo. A técnica de EMAT, além de apresentar a vantagem de não usar acoplante, não necessita de limpeza superficial significativa e apresenta-se como uma alternativa eficaz aos ultra-sons convencionais aplicados manualmente, cujo processo se torna moroso e inviável em inspecções de grande extensão. Com o EMAT é possível uma maior velocidade de ensaio, bem como uma amostragem de resultados significativamente superior, possibilitando, em muitas aplicações, um controlo de 100% da superfície a inspeccionar. O design do transdutor, especificamente da bobine, e a direcção do campo magnético, permitem gerar diferentes tipos de ondas: longitudinais, transversais, Rayleigh, superficiais, etc., conferindo grande versatilidade à técnica e, consequentemente, diversificando as aplicações possíveis. T & Q 62 T O EMAT é também conhecido como uma técnica de não contacto. Segundo o seu princípio de funcionamento, as ondas ultra-sonoras são geradas no próprio componente e não no transdutor, permitindo que a inspecção seja feita sem necessidade de um perfeito acoplamento sonda-componente. A aplicação em ambientes hostis, a temperaturas e pressões extremas, conferem a esta técnica uma vantagem comparativamente aos ultra-sons convencionais. A saturação magnética no componente a inspeccionar resulta numa diminuição da amplitude do sinal obtido, o que explica a fraca sensibilidade e a baixa eficiência na detecção dos defeitos. A necessidade de equipamento electrónico especial e a dependência do tipo de material a inspeccionar, impõem a esta técnica restrições que limitam a sua aplicabilidade e constituem aspectos importantes para futuros desenvolvimentos. No que respeita às aplicações, o EMAT Lorentz tem como finalidade detectar defeitos do tipo fissuras e corrosão por picadas - pitting. O EMAT Magnetoestrictivo é, maioritariamente, aplicado na avaliação e dimensionamento da perda de espessura das paredes dos tubos de caldeira, por fenómenos de corrosão e/ou erosão. É sobre a aplicação do EMAT Magnetoestrictivo que recaem os mais recentes desenvolvimentos. Tal como o ISQ, outras instituições [3] têm-se debruçado no desenvolvimento da aplicação do EMAT Magnetoestrictivo no controlo de tubagens em caldeiras. A tubagem utilizada nas caldeiras vai, ao longo do tempo de serviço, desenvolvendo uma camada de óxido superficial que reveste as suas superfícies interna e externa. Tradicionalmente, esta cama- Figura 2 - Esquema de produção das ondas ultrasonora 36 da necessita de ser removida de modo a acoplar convenientemente a sonda, nos ultra-sons convencionais. A sua difícil remoção torna o processo moroso e, em consequência, raramente a superfície total dos tubos é inspeccionada. Com a técnica EMAT Magnetoestrictivo, a presença da camada superficial é vantajosa para o operador, pois actua como um elemento activo do EMAT, usada como forma de propagação/geração dos ultra-sons no componente, evitando o processo de remoção da camada superficial. A camada de óxido de ferro é alinhada ao longo do campo magnético estático, gerado pelo íman permanente. Por sua vez, o campo magnético dinâmico induzido pela bobine provoca a sua tracção e compressão, ao mesmo tempo que o transdutor é pulsado pela corrente eléctrica alternada, produzindo ondas transversais incidentes normalmente à superfície dos tubos, como se mostra na Figura 3. O EMAT possui a vantagem de não necessitar de estar em contacto com a superfície a inspeccionar, podendo estar afastado desta, uma vez que o som continua a propagar-se normalmente à superfície. Isto significa também que o mesmo transdutor pode ser usado para diferentes diâmetros de tubagens, sendo independente o seu posicionamento e a área de contacto, continuando o som a propagar-se perpendicularmente ao diâmetro do tubo e eliminando, assim, a necessidade de múltiplos transdutores para diferentes diâmetros. consideráveis em ambas as direcções. Figura 3 - Inspecção dos tubos de caldeira A técnica EMAT tem-se apresentado como uma alternativa aos ultra-sons convencionais no controlo de tubos de caldeira, principalmente por apresentar consideráveis vantagens em termos de custos e benefícios técnicos. A flexibilidade deste sistema é mais um ponto a favor, podendo, conforme a necessidade, ser aplicado através de uma busca rápida de um valor mínimo da espessura do tubo, sem registo gráfico, através de uma aquisição de dados ponto a ponto, com registo gráfico que representa o perfil da perda de espessura da parede do tubo ou, ainda, através do mapeamento da perda de espessura dos tubos que permite obter uma vista global de toda a caldeira. Os transdutores emitem ondas longitudinais que, ao encontrarem as paredes da tubagem, sofrem conversão de modo, passando a propagar-se ao longo do tubo ondas longitudinais e transversais. Parte da interferência causada pelas ondas longitudinais e transversais é destrutiva e a parte construtiva origina a propagação ao longo do tubo de uma onda do tipo Lamb (Figura 4). As ondas guiadas, ao encontrarem uma superfície de separação de dois meios com características acústicas diferentes, como seja a superfície de uma descontinuidade, sofrem reflexão. Quando detectada, essa reflexão permite posicionar e localizar a descontinuidade na linha de tubagem, como se esquematiza na Figura 5. Maioritariamente aplicada à inspecção de tubagem de elevado comprimento, e contrariamente aos ultra-sons convencionais, a técnica de Guided Waves permite a detecção de corrosão interna e externa de tubagens, sem necessidade de fluido acoplante, nem preparação superficial, além da necessária para a colocação do anel, permitindo a inspecção de 100% da linha. Tipicamente, é possível, através de uma única aquisição, a inspecção de cerca de 25m em ambas as direcções, que em condições ideais poderá atingir os 100m. Os resultados obtidos com a técnica de Guided Waves permitem saber a posição e severidade da indicação, além de permitirem diferenciar entre indicações concentradas (mais críticas) e indicações com extensão circunferencial. Quando comparada com os ultra-sons convencionais, esta técnica possui uma maior velocidade de inspecção, resultando numa redução nos custos de inspecção e de programas de manutenção [4]. Como técnica muito recente, enfrenta ainda a necessidade de desenvolvimentos, no que se refere à sensibilidade aos defeitos consecutivos. O alcance da inspecção depende das condições da linha de tubagem, especificamente do conteúdo da mesma, do tipo de isolamento e da existência de suportes de soldadura que reduzem significativa- 2.Guided Waves A corrosão nas tubagens é um dos maiores problemas enfrentados pela indústria petrolífera e outras correlacionadas. A inspecção de grandes estruturas com os métodos de ultra-sons convencionais é um processo moroso e extremamente dispendioso. Considerando que uma parte destas estruturas se encontra enterrada ou isolada, o processo convencional torna-se de difícil aplicabilidade. Figura 4 - Princípio de propagação das ondas guiadas Esta técnica consiste na colocação de um anel de transdutores numa linha de tubagem, que geram, simultaneamente, ondas longitudinais e torsionais que se propagam axialmente ao longo da parede do tubo, percorrendo distâncias T & Q 62 T A recente técnica de Guided Waves Ondas Guiadas, tem sido aplicada na inspecção rápida de longos comprimentos de linhas de tubagem, sendo a principal característica desta técnica a capacidade de inspeccionar um grande comprimento de linha, a partir de uma localização remota, evitando a necessidade do acesso directo a toda a área de inspecção. Figura 5 - Propagação das ondas guidas na parede de um tubo 37 mente a propagação da onda sonora e torna a interpretação dos resultados pouco fiável. A relativamente baixa sensibilidade a defeitos longitudinais, a fraca resolução entre defeitos consecutivos, a não detecção de corrosão abaixo de 5% da perda de material na secção transversal do tubo e as geometrias complexas, constituem as principais limitações na precisão desta técnica. Contudo, a capacidade de inspeccionar linhas em locais de difícil acesso ou mesmo inacessíveis, torna esta técnica fortemente aplicável na inspecção das linhas de tubagem nas refinarias, centrais eléctricas e petroquímicas [5-7]. Devido aos resultados obtidos com a aplicação desta técnica, têm sido feitos desenvolvimentos com vista a aplicações específicas. A mais recente baseia-se na aplicação das Guided Waves para detecção de defeitos em tubos de permutadores de calor [7]. Esta variante das Guided Waves apresenta-se como uma ferramenta importante na avaliação destes componentes, pois minimiza a necessidade de limpeza dos mesmos, resultando numa redução de custos associados à técnica. A Figura 6 apresenta esquematicamente a aplicação da técnica de Guided Waves a tubos de permutadores de calor. Neste teste, é inserida uma sonda de configuração especial no interior dos tubos do permutador de calor, de modo a gerar ondas guiadas que se propagam ao longo do tubo sem a necessidade de fluido acoplante. Ao encontrarem alterações na secção Figura 6 - Esquema do princípio da inspecção de Guided Waves em tubos de permutadores de calor transversal do tubo, as Guided Waves são reflectidas e esses sinais são detectados pela sonda e processados em representação A-Scan. A grande vantagem da utilização desta técnica em tubos de permutadores de calor é a rapidez na identificação dos tubos sem defeitos, a reduzida limpeza necessária, diminuindo o tempo de paragem do permutador e, consequentemente, os custos associados à inspecção [7]. 3.ToFD - Time of Flight Diffraction A técnica baseada no Tempo de Percurso da Onda Difractada (Time of Flight Diffraction - ToFD) prosperou no âmbito dos END, devido à falta de precisão no dimensionamento dos defeitos, apresentada pelas técnicas convencionais de eco-pulsado. A técnica ToFD foi desenvolvida pelo Dr. Maurice Silk em 1970 [8] com o objectivo de melhorar a detecção, precisão no dimensionamento e localização dos defeitos [9]. O ToFD baseia-se na medição do tempo de percurso das ondas difractadas pelas extremidades do defeito, de modo a determinar a sua profundidade no material. Nesta técnica é utilizado um conjunto de duas sondas, funcionando um transdutor como emissor e outro como receptor, mantendo entre ambos uma distância fixa. Devido a este posicionamento e à configuração emissão-recepção, são gerados três sinais: o primeiro - a onda lateral causada pela propagação do som entre o transdutor emissor e o receptor e que se propaga à superfície do material; o segundo sinal corresponde ao primeiro eco de fundo causado pela reflexão directa da onda longitudinal; e o terceiro sinal corresponde ao eco de fundo da onda transversal, originado pela conversão de modo na superfície oposta. Quando existe um defeito, o sinal aparece na linha base de tempos, entre a onda lateral e o eco de fundo da onda longitudinal. T & Q 62 T Na Figura 7 está representado o sinal típico na inspecção ToFD. Figura 7 - Representação D-Scan, na inspecção de uma soldadura com chanfro em X de acordo com o software TDScan. 38 Quando o impulso sonoro incide num defeito, ocorre difracção da energia nas extremidades da descontinuidade, adicionalmente à reflexão normal. Esta difracção surge segundo uma vasta gama de ângulos, o que permite ser Medir a amplitude dos sinais reflectidos, como método de dimensionamento dos defeitos, é um processo pouco eficiente, uma vez que a amplitude do sinal é fortemente dependente da orientação do defeito. Contrariamente aos ultra-sons convencionais, a técnica ToFD apresenta-se como uma técnica de elevada precisão no dimensionamento e localização das descontinuidades. Em vez da amplitude, o ToFD utiliza o tempo de percurso do feixe sonoro para determinar a posição da descontinuidade. A profundidade do defeito é calculada através de simples trigonometria, conhecendo o tempo de percurso da onda longitudinal e a distância entre sondas, e é uma das vantagens da aplicação desta técnica. Figura 8- Disposição das sondas na técnica ToFD Uma vez que não recai na energia reflectida pelos defeitos, o ToFD é independente da amplitude do sinal e, consequentemente, não é susceptível às condições da superfície e do acoplante, como nos ultra-sons convencionais. O ToFD apresenta a vantagem de ser altamente sensível aos vários tipos de defeitos, incluindo pequenas descontinuidades como porosidades, independentemente da sua orientação relativamente ao ângulo nominal da sonda e com elevada precisão no dimensionamento. Além das vantagens já apresentadas, a aplicação da técnica ToFD permite uma elevada velocidade de inspecção com visualização dos dados em tempo real e é aceite, segundo a norma ASME code case 2235, como alternativa à Radiografia Industrial, na inspecção de soldaduras em reservatórios de pressão [12]. Contudo, apesar da elevada sensibilidade aos defeitos, a técnica ToFD apresenta limitações na detecção de defeitos localizados nas superfícies interna e externa, devido à existência de zonas mortas da onda lateral e do eco de fundo, que podem ocultar as descontinuidades. A interpretação dos resultados apresenta-se, em alguns casos, de difícil análise, sendo necessário um operador experiente. A difícil aplicabilidade em geometrias complexas e em materiais que apresentam anisotropia acústica, como é o caso dos aços inoxidáveis, associado ao baixo nível sinal-ruído, conferem à técnica limitações a ter em consideração. O ToFD é, actualmente, uma das técnicas de END mais utilizadas no controlo de soldaduras, tanto na construção como na manutenção, com o objectivo de detecção e dimensionamento de defeitos [12, 13]. Figura 9 - Disposição das sondas na aplicação conjunta da técnica ToFD e Phased Array simultaneamente Figura 10 - Precisão na detecção De modo a ultrapassar as limitações e compreender as necessidades de um mercado cada vez mais exigente, tem sido desenvolvida a aplicação da técnica ToFD simultaneamente com a mais recente técnica de Phased Array [14-17]. Obviamente, como técnica de ultra-sons, o Phased Array apresenta as mesmas limitações que o ToFD, embora a sua principal vantagem seja a capacidade de focalizar o feixe sonoro num determinado ponto ou a uma determinada profundidade, aumentando assim a probabilidade de detecção e a precisão no dimensionamento. A aplicação da combinação ToFD/Phased Array na inspecção de soldaduras em tubos de elevado diâmetro [17] demonstrou um aumento na probabilidade de detecção e dimensionamento. Como se mostra na Figura 9, nesta aplicação as sondas ToFD são colocadas junto às sondas Phased Array. A Figura 10 evidencia uma maior probabilidade na detecção dos defeitos aplicando a combinação ToFD/Phased Array [14 - 17]. Além disso, enquanto o ToFD apresenta uma excelente precisão no dimensionamento da altura dos defeitos, o Phased Array proporciona a localização e distribuição dos defeitos, necessárias para a caracterização dos mesmos. Esta combinação demonstrou uma redução no tempo de sondagem, maior precisão no dimensionamento e probabilidade de detecção dos defeitos próxima de 100% [18]. Phased Array A maioria das técnicas de Ultra-sons convencionais usam sondas com um único cristal e feixes divergentes. Apenas em alguns casos se utilizam sondas de dois cristais ou sondas de um cristal mas com lentes focalizadas, de modo a reduzir a zona morta da sonda e aumentar a resolução na detecção dos defeitos [19, 20]. Em ambos os casos, o campo ultra-sonoro propaga-se ao longo do meio com apenas um ângulo de refracção. Um único ângulo de varrimento limita a capacidade de detecção e dimensionamento dos defeitos (Figura 11). A técnica Phased Array diferencia-se dos Ultra-sons convencionais na forma 39 T & Q 62 T detectada pela sonda, apesar da fraca amplitude do sinal [11]. como é gerada a onda ultra-sonora. Assumindo que o monocristal convencional é cortado em vários elementos e que cada elemento tem uma largura superior ao seu comprimento, cada um desses pequenos cristais é excitado individualmente com um tempo diferente, controlado electronicamente, considerando como uma fonte linear de Figura 11 - Ultra-sons utilizando um único ângulo de refracção versus sonda de multi-elementos Figura 12 - Disposição posicional dos cristais na técnica de Phased Array Figura 13 - Aplicação das Leis de Atraso de modo a focalizar o feixe num dado ponto T & Q 62 T Figura 14 - Tipos de Focalização ondas cilíndricas. As frentes de onda desse conjunto acústico vão interferir construtivamente e gerar uma frente de onda. O conceito do Phased Array consiste na utilização de transdutores constituídos por multi-elementos com a capacidade de direccionar e focalizar o feixe sonoro, sendo possíveis múltiplos ângulos focalizados num ponto ou numa zona, a partir de um único transdutor [21]. Este transdutor pode apresentar diferentes formas (Figura 12). O Phased Array tem a capacidade de excitar sequencialmente os elementos ou grupo de elementos em diferentes intervalos de tempo conhecidos como 'delays' ou atrasos. A excitação dos impulsos desfasados no tempo propaga-se segundo uma frente de onda na direcção desejada no material [20-22]. A utilização de software apropriado permite definir ângulos e/ou pontos focais, designados por Leis de Atraso (Delay Laws) ou Leis Focais (Focal Laws). O facto de se excitar individualmente cada transdutor permite gerar, dentro de certos limites, com uma mesma sonda, diferentes ângulos, diferentes pontos focais, diferentes aberturas de feixe e aumentar ou diminuir o campo próximo. Desta forma pode-se, numa mesma inspecção, utilizar ferramentas que não estão disponíveis no controlo tradicional, como sejam a alteração do ponto focal e/ou do ângulo de incidência do som no componente. A Figura 14 apresenta os diferentes tipos de focalização possíveis na técnica Phased Array. Aplicando diferentes leis de atraso em cada ciclo, é possível que o feixe sonoro varra uma série de ângulos - designado Figura 15- Varrimento electrónico, Sectorial e focalização do feixe 40 por Varrimento Sectorial (Sectorial scanning) - ou através da utilização de um único ângulo, mas ao longo de todo o comprimento do transdutor - designado por Varrimento Electrónico (Electronic scanning) [19-24], (Figura 15). A conjugação de todos estes aspectos do Phased Array permite controlar electronicamente o Campo Sonoro. O Phased Array tem a vantagem de apresentar os resultados em tempo real e segundo diversas representações, como A-Scan, B-Scan, C-Scan, D-Scan e a particular S-Scan, única do Phased Array. A representação S-Scan (Sectorial ou azimutal scan) consiste na representação 2D de todos os A-Scan, corrigidos no tempo e segundo o ângulo de refracção, permitindo visualizar a posição real das descontinuidades. A possibilidade de visualização constitui uma mais valia na correcta detecção e localização das descontinuidades [23, 24]. Outra vantagem face aos ultra-sons convencionais, consiste nas ferramentas de simulação desenvolvidas para aplicação desta técnica. O software CIVA® - Software de simulação para ensaios não destrutivos, permite simular todo o processo de inspecção, desde a definição dos parâmetros de inspecção, à modelação do feixe sonoro e zona varrida pelo mesmo, bem como a computação das Leis de Atraso [23] e as respostas dos possíveis defeitos detectados, antes de ser aplicado em obra. Este software constitui uma ferramenta importante na aplicabilidade do método, permitindo uma maior compreensão dos sinais obtidos em campo. A conjugação da grande quantidade de dados adquiridos a elevadas velocidades de inspecção com a capacidade de, com apenas uma sonda, produzir diferentes ângulos, confere à técnica maior precisão na detecção e uma maior produtividade relativamente aos ultra-sons convencionais. O Phased Array é um método de ultra-sons que necessita de operadores qualificados e experientes. Como técnica recente, apresenta ainda um défice de normalização na aplicação da própria técnica. Inevitavelmente, são necessários desenvolvimentos, com vista a potenciais novas aplicações. Figura 16 - ITER sua aplicabilidade na inspecção de geometrias complexas (Fig.17). CONCLUSÃO Figura 17 - Simulação efectuada no controlo das soldaduras por Phased Array A capacidade de detectar pequenos defeitos lineares e/ou inclusões volumétricas confere à técnica uma enorme possibilidade de aplicações. Essencialmente aplicada no controlo de soldaduras em tubagens, reservatórios de pressão ou tanques de armazenagem, o Phased Array tem comprovado uma elevada eficiência e fiabilidade de resultados, bem como uma elevada capacidade na detecção de descontinuidades. Recentemente, o ISQ desenvolveu um estudo preliminar na aplicação do Phased Array no controlo das soldaduras do reservatório de pressão do reactor do projecto ITER [24]. O ITER é um projecto de I&D internacional que consiste no desenvolvimento de um reactor para produção de Energia baseado na fusão nuclear (Fig.16). O estudo realizado pretendeu definir as tarefas necessárias ao desenvolvimento de um procedimento automático no controlo das soldaduras em aço inoxidável que compõem o reservatório de pressão. Nas simulações efectuadas, o Phased Array apresentou uma elevada capacidade na detecção dos defeitos internos neste tipo de soldadura, com uma espessura de 60mm, bem como a O Controlo Não Destrutivo tornou-se um instrumento vital na engenharia moderna, contribuindo significativamente para um aumento da segurança e fiabilidade e, consequentemente, convergindo para uma redução dos custos de produção e manutenção. Nos últimos anos tem-se assistido a um crescente desenvolvimento de técnicas baseadas em princípios físicos já conhecidos e utilizados no controlo não destrutivo convencional. Os avanços informáticos registados nos últimos anos no desenvolvimento de software de apoio às técnicas, bem como o desenvolvimento de simuladores, têm impulsionado esta área importante da engenharia que, ao longo dos anos, tem sido continuamente melhorada, com o objectivo de aumentar a eficiência da inspecção, conjuntamente com a fiabilidade, maior rapidez e menor custo. Paralelamente, têm sido desenvolvidos métodos e equipamentos, particularmente sondas, que reduzem as limitações conhecidas dos ultra-sons convencionais, nomeadamente na localização e dimensionamento de defeitos, bem como em materiais difíceis de inspeccionar como os aços inox austeníticos. As técnicas apresentadas e discutidas neste artigo estão em franco desenvolvimento e apresentam um forte potencial de inserção industrial. 1 PARK, Ik, KIM, Yong, LEE, Jin-Hyuk - Non-Contact evaluation of thickness reduction of plates and pipes using EMAT-generated guided wave; IV Conferencia Panamericana de END, Buenos Aires Outubro 2007, pág. 1-7. 2 G.J. Nakoneczny et. al; - Application of EPRI/B&W developed EMAT systems for assessing boiler tubes"; Int. Conference on Life Management and Life Extension of Power Plant, Xi'an, P.R. China, Maio 2000, pág. 1-3. 3 BOYNARD, César, LOPES, Eduardo, ESTANISLAU, Sandra - Tecnologia EMAT ao serviço da inspecção em Tubos de Caldeira. Revista Tecnologia & Qualidade Série III, Nº 56, ISQ, Abril/Junho 2006, pág. 7-10. 4 DEMMA, A; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC. B.- Testing of Buried Pipelines Using Guided Waves; 3rd MENDT Middle East Nondestructive Testing Conference & Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-7 5 VOGT, T; ALLEYNE, D;. PAVLAKOVIC, B.- Application of Guided Wave Technology to Tube Inspection; 9th European Conference on Non-Destructive Testing, Working paper No. Th.3.1.5, Berlin, Novembro 2006, pág 1-8. 6 DEMMA, A; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC. B.- Testing of Buried Pipelines Using Guided Waves; 3rd MENDT Middle East Nondestructive Testing Conference & Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-7. 7 VOGT,T; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC, B.- Application of Guided Wave Technology to Tube Inspection; 9th European Conference on Non-Destructive Testing, Working paper No. Th.3.1.5, Berlin, Novembro 2006, pág 1-8. 8 CHARLESWORTH, J. P., TEMPLE, J. A. - Engineering Applications of Ultrasonic Time-of-Flight Diffraction, Second Edition. Ed. Research Studies Press Ltd, 2001, ISBN 0 86380 239 7, pág. 2-10. 9 SHITOLE, N., ZAHRAN, O. NUAIMY, W. - Combining fuzzy logic and neural networks in classification of weld defects using ultrasonic time-of-flight diffraction; 45th Annual British Conference on NDT, Insight Vol 49 No 2, Fevereiro 2007, pág. 74-97. 10 AGR Field Operations, United Kingdom 11 MARTINEZ-OÑA, Rafael, VIGGIANIELLO, Sylvain, BLEUZE, Alexandre - On Qualification of TOFD Technique for Austenitic Stainless Steel Welds Inspection; 9th European Conference on Non-Destructive Testing, Working paper No. Tu.2.3.3, Berlin, Novembro 2006, pág 1-7. 12 SUBBARATNAM, R; VENKATRAMAN, B; RAJ, B - Time of Flight Diffraction - An Alternative to Radiography Examination of Thick Walled Stainless Steel Weldments; 12th A-PCNDT 2006 - Asia-Pacific Conference on NDT, New Zealand, Novembro. 2006, pág. 1-7. 13 SHIROSHITA, S.; YOKONO, Y. - A Flaw Sizing Technique for Austenitic Stainless Steel Welds using Creeping Wave Probe; 12th A-PCNDT 2006 - Asia-Pacific Conference on NDT, New Zealand, Novembro 2006, pág. 1-8. 14 Quimby, R. - Practical limitations of TOFD on power station main steam pipework; Insight Vol 48 No 9, NDT in Power Generation, Setembro 2006, pág. 559-563. 15 Development of Advanced Ultrasonic Inspection System for High Energy Steam Piping; Principal Research Results, Janeiro 2006, pág. 12,13. 16 Moles, M., Labbé, S. - Ultrasonic Inspection of Pressure Vessel Construction Welds using Phased Array; 3rd MENDT - Middle East Nondestructive Testing Conference & Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-17. 17 Fukutomi, H., Lin, S. and Nitta, A. - Ultrasonic examination of type IV cracking in high energy steam piping using ToFD and Phased Array techniques; Central Research Institute of Electric Power Industry, Tokyo, Japan, 2006, pág. 1-8. 18 Penso, J., Owen, R. and Oka, M. - ToFD Automatic Ultrasonic Testing for condition Monitoring of Coke Drums - Simultaneous Acquisition and Analysis for the Flaw Propagation Monitoring by Phased Array and ToFD; 2003 ASME Pressure Vessels & Piping Conference, pág. 1-8. 19 R/D Tech - Basic Concepts of Phased Array Ultrasonic Technology. R/D Tech Guideline; Agosto 2004, pág 6-19. 20 R/D Tech - Main Concepts of Phased Array Ultrasonic Technology. R/D Tech Guideline; Agosto 2004, pág. 528. 21 NEL, Mark - Ultrasonic Phased Arrays: An Insight into an Emerging Technology; Proc. National Seminar on NonDestructive Evaluation Dezembro, 2006, Hyderabad, pág. 1-4. 22 REINERSMANN, Jörg - Phased Array technology for standard ultrasonic testing; 3rd MENDT - Middle East Nondestructive Testing Conference & Exhibition, 2005, pág. 1-8. 23 LE BER, L, ROY, BENOIST, P., - Ultrasonic Phased Array inspection modeling with CIVA: reconstruction and simulation of data, M2M - CEA, France, pág. 2-7. 24 MOLES, M.; FORTIER, G. - Phased Array for Pipelines Girth Weld Inspection; IV Conferencia Panamericana de END, Buenos Aires, Outubro 2007, pág. 1-9. 41 T & Q 62 T Referências Nova Delegação em Loulé Dia das Edificações Foram inauguradas as novas instalações da Delegação do ISQ em Loulé, no passado dia 13 de Novembro. A cerimónia de inauguração contou com a presença de vários colaboradores e da Administração do ISQ. Decorridos três anos sobre a constituição da Área de Edificações, perfilou-se como fundamental efectuar o balanço da experiência vivida e, paralelamente, projectar uma estratégia futura. Seminários ISQ Segurança Industial - Directiva ATEX Nos dias 16 e 30 de Setembro, no ISQ - Grijó, e no dia 28 de Outubro, no ISQ – Oeiras, realizaram-se os seminários sobre a temática “Segurança Industrial - Directiva ATEX”. Estes eventos contaram com a presença de 104 participantes, entre os quais representantes de empresas de vários sectores da indústria e de organismos públicos de referência nas áreas da Segurança e do Ambiente, nomeadamente, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e a Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAOT). Estes seminários visaram sensibilizar o público para a necessidade de dar resposta à implementação do Decreto-Lei nº. 236/2003 de 30 de Setembro - Transposição da Directiva 1999/92/CE de 16 de Dezembro -, que estabe-lece as regras de protecção dos trabalhadores contra os riscos de exposição a atmosferas explosivas, assim como divulgar a actividade do ISQ neste domínio. T & Q 62 T Na primeira parte deste evento foram abordados os requisitos que as empresas terão de cumprir para dar resposta à legislação, seguindo-se a apresentação de alguns exemplos práticos de aplicação. Foram explicitadas a abordagem, metodologia e as ferramentas adoptadas pelo ISQ, bem como as medidas de prevenção e protecção a implementar, por forma a minimizar o risco de explosão. Atendendo ao interesse demonstrado por esta temática, é objectivo do ISQ levar a cabo iniciativas semelhantes, alargando-as a outros potenciais interessados. 42 O Dia das Edificações, evento que decorreu no passado dia 11 de Novembro e contou com um elevado número de participantes, constituiu um espaço aberto para o conhecimento desta Área de actividade, permitindo a divulgação do conjunto de serviços actualmente disponibilizados junto dos Convidados – Clientes, Organizações e Instituições Públicas e Privadas, Empresas participadas pelo ISQ, outras Áreas do ISQ. Após o enquadramento efectuado pela Administração do ISQ, o Director da Área, Eng.º António Vilarinho, fez uma introdução genérica da actividade das Edificações, que precedeu as apresentações feitas por cada um dos responsáveis dos diversos serviços nela englobados: Gás, Águas e Saneamento - Análise de Projectos e Redes de Utilização - Redes de Distribuição e Águas e Saneamento - Redes de Transporte e Trabalhos Especializados; Núcleo de Inspecções a Instalações Eléctricas e de Telecomunicações - Análise de Projectos e Inspecções Eléctricas Certificação de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios; Certificação Energética e Inovação. No âmbito do desenvolvimento estratégico que se pretende no futuro, foi dado especial ênfase ao tema “A Qualidade e Gestão de Processos”, dando a conhecer um modelo conceptual de Gestão de Processos aliada à Qualidade, modelo que se reputa como determinante para uma eficaz gestão, potenciando o crescimento da área de uma forma equilibrada e sustentada e que, decerto, criará alicerces sólidos para que as Edificações avancem de forma consistente para a internacionalização, alinhando desta forma com a estratégia de crescimento além fronteiras do ISQ. No final do dia, os participantes confraternizaram, festejando o Dia de S. Martinho.