Untitled

Transcrição

Untitled
SUMÁRIO
Editorial
04
Entrevista
Director:
J. M. Dias Miranda
Coordenação:
Marta Miranda
Secretariado:
Nazaré Almeida
António Vilarinho
05
SAVE
Guia do cliente SAVE
08
Análise de Anomalias/Defeitos da Construção 10
Redes de Gás
12
ITED - Infra-estruturas de Telecomunicações
em Edifícios
13
CEE - Certificação Energética de Edifícios
14
O Ruído dos Outros
16
Tel. 214 228 100
Fax 214 228 120
Águas e Saneamento
17
Propriedade:
ISQ - Instituto de Soldadura e
Qualidade
NIPC: 500 140 022
Avaliação Métrica
20
Revisão:
Lília Brandão
Redacção e Administração:
ISQ - Instituto Soldadura e Qualidade
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 33
TAGUSPARK - OEIRAS
2740 - 120 PORTO SALVO
Concepção Gráfica:
SAR, Publicidade
Paginação:
Alexandre Rodrigues - ISQ
Patrícia Brito - ISQ
Impressão:
Britográfica, Artes Gráficas Lda.
Quinta do Corujinho, Armazén 13
2685 Camarate
Periodicidade: Trimestral
Tiragem: 3 000 exemplares
Depósito Legal: 36 587/90
ISSN: 0871-5742
Homo Aprehendis
e-Learning - Estratégias para implementação
22
Edificações
REN Gasodutos - O desafio
26
Indústria
Concepção das funções de segurança
associadas aos sistemas de comando
das máquinas SRP/CS
27
I&D
A opção nuclear deve ser discutida em Portugal
sem mais demoras e sem preconceitos!
32
END
Avanços Recentes na Inspecção por Métodos
Não Destrutivos
35
Registo ICS: 108 273
Notícias ISQ
42
EDITORIAL
SAVE – Serviço de Avaliação e
Valorização de Edifícios
A Área de Edificações, constituída aquando da reorganização do ISQ efectuada há 3 anos e dirigida a partir da Delegação Norte do ISQ, tem vindo
a revelar uma dinâmica de inovação, desenvolvendo soluções capazes de
dar resposta às solicitações de mercados cada vez mais exigentes.
Dotada de uma equipa de Colaboradores altamente qualificados e com
competências diversificadas, a Área de Edificações apresenta agora um
novo Serviço especializado e para o qual concorrem igualmente as valências de outras áreas de actividade dentro do ISQ.
O SAVE propõe-se aglutinar as competências adquiridas pelo ISQ ao longo
da sua carreira de inspecções técnicas e de controlo de qualidade para
realizar auditorias técnicas integradas à qualidade dos edifícios, abrangendo todos os aspectos que se consideram relevantes para a avaliação da
condição dos imóveis: qualidade da construção, das infra-estruturas de
electricidade, telecomunicações, água e gás, elevadores, sistemas de
J. M. Dias Miranda
Presidente do Conselho
de Administração do ISQ
AVAC, aquecimento, insonorização e eficiência energética.
O Relatório SAVE proporciona aos potenciais compradores, vendedores e
às outras entidades envolvidas no processo de compra e venda, o conhecimento dos elementos fundamentais em que possam alicerçar as suas
decisões, com a confiança de um parecer emitido por uma entidade
idónea e independente.
Projecto desenvolvido a partir da Delegação Norte, mas de âmbito
nacional, apresenta ainda a característica inovadora, dentro do ISQ, de
congregar os esforços de equipas multidisciplinares, oriundas de várias
T & Q 62-63
áreas de actividade e de diversas regiões do País.
4
ENTREVISTA
António Vilarinho
António Vilarinho: O sector da cons-
A aquisição de uma habitação constitui
para a larga maioria das famílias a
compra mais significativa que alguma
vez farão ao longo da vida e, atendendo
às implicações financeiras associadas,
melhor se compreendem os critérios
de rigor e seriedade que cada vez mais
devem presidir a esta decisão.
Atentos a esta realidade e numa perspectiva de valorização das nossas competências internas, nomeadamente as
de certificação da qualidade construtiva, alicerçadas na elevada credibilidade
que a marca ISQ tem no mercado,
entendemos que estavam reunidas as
condições para aproveitar uma exce5
T & Q 62-63
Tecnologia & Qualidade: Gostaríamos
que nos enquadrasse o cenário que
esteve na génese da criação do
SAVE© - Serviço de Avaliação e
Valorização de Edifícios.
trução civil debate-se desde há muito
com um problema de credibilidade,
quanto à qualidade da construção,
constatando-se que quem adquire uma
habitação é cada vez mais zeloso,
exigindo garantias relativas à qualidade
do bem adquirido, independentemente
de se tratar de um edifício novo ou
usado. Paralelamente, atendendo à
enorme oferta do mercado, vender-se-á mais rapidamente qualquer imóvel
que possa assegurar uma qualidade
de construção mais elevada e, consequentemente, oferecer mais garantias.
O mês de Outubro correspondeu ao
lançamento oficial do ISQ SAVE Serviço de Avaliação e Valorização de
Edifícios, pelo que se perfila como
importante esta entrevista ao Engº.
António Vilarinho, Director da Área de
Edificações, no seio da qual nasceu
este serviço.
lente oportunidade de negócio.
mográfico.
TQ: Deduzimos, então, que se trata de
um serviço inovador no panorama do
imobiliário. Em que consiste efectivamente o SAVE?
A análise de todos os elementos
inspeccionados serão alvo de uma
ponderação, a que chamamos avaliação métrica, que resultará na
atribuição de uma classificação final,
expressa numa escala de 1 a 5, a que
correspondem atribuições qualitativas
que vão desde o péssimo ao excelente.
AV: O SAVE - Serviço de Avaliação e
Valorização de Edifícios - entrega ao
cliente o diagnóstico do estado real do
seu imóvel, novo ou usado, sendo a
metodologia aplicável tanto a fracções
autónomas como a edifícios, vivendas,
lojas, escritórios ou armazéns.
Sendo um serviço prestado por uma
equipa técnica do ISQ, altamente especializada, o SAVE visa detectar todo o
tipo de patologias das principais infra-estruturas de um imóvel, desde os
isolamentos térmicos e acústicos,
instalações eléctricas e telefónicas,
elevadores, canalizações de água e
esgotos, gás e aquecimento, até aos
acabamentos finais.
O Relatório de Diagnóstico Imobiliário
SAVE, que resulta da análise do ISQ,
esclarece quanto a defeitos de construção e a forma de optimizar o
planeamento das intervenções correctivas, reabilitação e manutenção das
infra-estruturas, possibilitando validar
trabalhos executados, comprovar o
nível de conforto, bem como a qualidade dos imóveis e, até, valorizar os mesmos perante as Seguradoras e
Entidades Bancárias.
TQ: O diagnóstico SAVE é uma
Certificação?
T & Q 62-63
AV: No futuro poderá vir a ser uma
Certificação, mas no momento actual
não é, nem pretende ser.
O diagnóstico SAVE conduz à elaboração de um documento técnico, de
fácil leitura e compreensão por parte
do Cliente, no qual são registadas
todas as não conformidades detectadas, bem como todos os factores
capazes de valorizar o edifício. O documento comporta a análise de todas as
anomalias observadas, apontando
medidas correctivas, acompanhadas
por um amplo registo fotográfico e ter6
TQ: Qual a principal mais-valia associada à emissão de um diagnóstico
SAVE?
AV: Eleger a principal mais-valia de um
diagnóstico SAVE não é tarefa fácil,
porque conseguimos vislumbrar nele
um conjunto alargado de mais-valias.
No entanto, acreditamos que o facto
de permitirmos aos potenciais compradores conhecer exactamente o
que estão a adquirir e, aos vendedores, garantir a segurança de um
parecer isento e credível que destaca
do mercado o imóvel em venda, constitui um factor diferenciador não negligenciável.
Diríamos, de forma mais sintética, que
o diagnóstico SAVE garante o conforto
da tomada de decisão associada à
compra ou venda de um imóvel.
TQ: O SAVE esgota-se apenas nos
diagnósticos produzidos com objectivos associados à compra ou venda
de imóveis?
AV: Essa talvez seja a face mais visível
do SAVE, mas este não se esgota apenas nesse domínio.
Nos trabalhos associados à avaliação
da pertinência do lançamento deste
serviço, tivemos oportunidade de contactar com inúmeros players do mercado imobiliário, o que nos permitiu
alargar significativamente o âmbito de
actuação do SAVE. Foram identificados vários outros domínios de actuação, destacando-se, por exemplo, o
serviço que pode ser assegurado às
empresas de Administração de
Condomínios, que passam a dispor da
possibilidade de recorrerem a uma
entidade credível e idónea, que deter-
mine as efectivas patologias dos edifícios e, posteriormente, determine o
modo de as eliminar, passando a ter,
deste modo, uma ferramenta adequada no sentido de garantir a resolução
dos problemas de construção e
manutenção, de forma eficaz e com
menos custos, nomeadamente os que
decorrem de intervenções erradas.
Os processos derivados de anomalias
na construção e os consequentes litígios entre os construtores e os utilizadores crescem, de forma significativa, nos tribunais. Também às organizações de defesa do consumidor
chegam, diariamente, inúmeras reclamações resultantes da deficiente qualidade de construção, pairando, no
entanto, sobre toda esta questão, uma
enorme impunidade, traduzida normalmente pelo arrastar das situações,
até que a parte lesada e mais fraca
acabe por desistir, optando por
assumir as reparações ou, paradoxalmente, tentando ludibriar outro incauto.
Neste contexto, o diagnóstico SAVE
perfila-se como uma excelente forma
de ajudar a derimir as questões associadas a litígios decorrentes de problemas de construção, de auxiliar decisões tecnico-judiciais, permitindo uma
resolução mais célere de situações de
diferendo entre compradores e construtores.
Verifica-se que nos edifícios novos
cada vez mais se recorre ao chamado
comissionamento final de obra, que
consiste em efectuar a recepção provisória da obra, visando detectar possíveis defeitos de construção atempadamente, domínio em que o diagnóstico SAVE, pelas características
do serviço, se revela como a solução
mais eficaz.
Finalmente, também as entidades
bancárias passam a ter disponível um
serviço que lhes permite avaliar e valorizar o edifício sobre o qual irão
realizar a operação de financiamento,
com maiores garantias, bem como as
entidades seguradoras, que passam a
poder recorrer a uma importante fer-
TQ: Pode-se afirmar que o SAVE é uma
prestação de serviços transversal ao
ISQ?
AV: Sem qualquer dúvida. O facto de o
serviço de diagnóstico comportar
competências e recursos provindos de
três, e em alguns casos mesmo de
quatro Áreas diferentes do ISQ, determinou a necessidade do estabelecimento de parcerias e acordos internos que garantissem a qualidade de
serviço pretendida e que, ao mesmo
tempo, fosse executado pelos melhores especialistas, com um preço de
venda ao público inferior ao somatório
do preço de venda das diversas especialidades de per si.
Aliás, o SAVE constitui um excelente
exemplo de que é possível promover,
no ISQ, o aproveitamento das
inúmeras competências internas e
disponibilizar, aos nossos Clientes,
serviços integrados sem qualquer
paralelo no mercado.
TQ: Entende que este projecto pode vir
a constituir o início de uma presença
mais marcante do ISQ junto do público
e clientes?
AV: Não sendo um objectivo nuclear
do projecto, a verdade é que efectivamente o SAVE congrega um conjunto
de abordagens inéditas na organização, nomeadamente ao nível da comunicação, que acreditamos possam vir
a contribuir para a mudança do paradigma comunicacional do ISQ.
a principal forma de os clientes
chegarem até nós.
ras que se afirme como uma mais-valia para os segurados?
Deste modo, a decisão de desenvolver
o projecto alicerçado numa estratégia
de e-Business determinou a contratação de uma empresa especializada na construção de web sites, com a
qual foram desenvolvidos todos os conteúdos, atendendo a que um dos objectivos fundamentais desta estratégia
determinava que a relação com os
clientes e parceiros fosse estabelecida
através do site, a começar pela solicitação de orçamentos, passando pela
entrega dos relatórios, até ao pagamento final.
AV: Em França, por exemplo, constata-se que os construtores são obrigados
a manter em vigor um seguro de responsabilidade decenal actualizado, que
não é mais do que um seguro que
garante a reparação de danos, decorrentes da má construção, por um
período de dez anos. Em Portugal, relativamente a esta matéria não existe
rigorosamente nada, estando, por
isso, os utilizadores expostos a situações de componente legal duvidosa.
Estamos a trabalhar afincadamente
na divulgação do serviço no imenso
mundo que é o espaço da Internet,
através da colocação de banners nos
principais sites ligados ao imobiliário,
sem descurar a publicidade na imprensa generalista e em revistas da especialidade.
TQ: Aparentemente existiu uma vontade de assegurar ao projecto uma
identidade muito própria.
AV: Sim, essa foi uma consciência tida
desde início. Sempre se assumiu que
este seria um produto com marca
própria, mas intimamente ligado ao
ISQ.
Assim, o SAVE é uma marca registada,
tendo também viaturas com decoração própria e perfeitamente adequada aos fundamentos do projecto, na
qual predominam o verde alusivo ao
desenvolvimento sustentável e o
cinzento do betão e do cimento da
construção civil.
TQ: Existe alguma abordagem
estratégica que distinga este projecto
de outros que o ISQ já tenha promovido?
Para complementar a diferenciação e
a identidade do serviço, foi ainda decidido promover a aquisição e disponibilização aos clientes de uma linha telefónica de apoio ao cliente directa, com
o número 808 224 224.
AV: Entendemos que existem várias
diferenças, mas destacaríamos a
decisão estratégica de eleger o canal
de comunicação Internet como sendo
TQ: Referiu a má qualidade da construção e também as companhias
seguradoras. De que forma o SAVE
pode prestar um serviço às segurado-
Aquele seguro, independentemente do
apuramento de responsabilidades,
prevê o pagamento da totalidade dos
trabalhos de reparação pelos intervenientes responsáveis.
Esta é uma das alterações legislativas
que parece pertinente e tem vindo a
ser reclamada, existindo grandes
expectativas relativamente à sua publicação sob a forma de diploma legal,
pelo que, até à sua publicação, os nossos esforços centrar-se-ão na tentativa de estabelecimento de protocolos
com as entidades seguradoras, por
forma a que os edifícios ou fogos que
sejam alvo de um diagnóstico SAVE, e
caso as conclusões obtenham um
determinado valor, possam beneficiar
de uma diminuição do preço do prémio
do seguro, uma vez que há uma real
diminuição do risco de sinistro, decorrente da análise efectuada.
TQ: Este projecto foi concebido e
desenvolvido na Delegação Norte do
ISQ. Pretende-se que tenha apenas
dimensão regional?
AV: Por uma questão de optimização
de recursos e testes ao modelo foi
conveniente desenhá-lo na esfera de
influência da DN. No entanto, um dos
nossos objectivos mais imediatos é
conferir-lhe uma dimensão nacional,
nomeadamente através da constituição de equipas na Sede em Oeiras e
ainda no Pólo de Loulé, locais onde
geograficamente a construção ainda
mantém níveis de vitalidade interessantes.
7
T & Q 62-63
ramenta que lhes permitirá, de forma
mais nítida, avaliar o risco de sinistros,
decorrentes, por exemplo, da principal
causa de sinistros em edifícios - os
danos por água resultantes do rebentamento de tubagens.
SAVE
Ana Santos
Guia do Cliente SAVE
Comunicação
Integração do SAVE no ISQ
Num cenário em que a qualidade da
construção nem sempre é a esperada
e onde cada vez mais se exigem garantias por parte de quem compra, quem
vende, quem promove, quem financia
e, até mesmo, de quem segura um
imóvel, o ISQ, atento a esta realidade e
perante a lacuna existente no mercado, criou o SAVE - Serviço de Avaliação
e Valorização de Edifícios.
O ISQ é uma entidade privada e independente, constituída em 1965, oferecendo serviços nas áreas de
inspecção, formação e consultoria técnica, apoiados em actividades de investigação e desenvolvimento e em laboratórios acreditados.
Trata-se de um serviço inovador,
desenvolvido no sector de Inovação do
ISQ, inserido na Área de Edificações, e
que visa fornecer garantias adicionais
relativamente ao estado dos imóveis,
permitindo que os negócios se possam
revestir de maior transparência.
Através deste projecto, o ISQ passa a
disponibilizar um serviço de elevada
valia técnica, alicerçado no seu experiente corpo técnico e com a idoneidade
e a credibilidade que são apanágio dos
seus 43 anos de existência.
O que é o SAVE?
O SAVE consiste num diagnóstico do
estado real de conservação de imóveis,
prestado por técnicos especializados e
com uma vasta experiência.
T & Q 62-63
Permite diagnosticar todo o tipo de
anomalias/deficiências e as condições
de segurança e funcionalidade das
principais infra-estruturas de um imóvel ou edifício, desde os isolamentos
térmicos e acústicos, instalações eléctricas e de telecomunicações, gás, ventilação, canalizações de água e esgotos, até aos acabamentos finais.
A criação de parcerias com entidades
públicas e privadas, bem como a diversificação das nossas actividades,
traduz-se no compromisso de
prestação de serviços de elevada qualidade.
Pautamos a nossa acção pelo desenvolvimento contínuo de conhecimento
e tecnologia, tendo em vista a apresentação das melhores soluções globais e
integradas para satisfação das necessidades dos nossos parceiros e
clientes.
O SAVE resulta da aplicação dos
conhecimentos técnicos de várias
áreas de intervenção do ISQ, nomeadamente das áreas Gás, Telecomunicações, Electricidade, Águas e Esgotos,
Ruído e Construção Civil. No conjunto,
obtemos, através da transversalidade,
uma flexibilidade e prestação únicas no
mercado, oferecendo um serviço de
excelência com a marca ISQ.
Quais as vantagens de fazer um
diagnóstico SAVE?
As principais vantagens são a possibilidade de:
Determinar os eventuais defeitos
da construção e infra-estruturas
Fundamentar a exigência de
* Decreto-Lei n.º 67/2003 de 8 de Abril de 2003
8
reparação dos defeitos de construção (garantia < 5 anos)*
Após contratar o SAVE o que
acontece?
cação do estado geral do imóvel e as
razões das anomalias detectadas.
Optimizar o planeamento das intervenções correctivas, de reabilitação e de manutenção
Após a adjudicação do orçamento, é
agendada uma data para a realização
da inspecção de diagnóstico.
O Relatório
Comprovar o nível de conforto e
qualidade dos imóveis
Tornar os negócios mais transparentes e rentáveis
Garantir a Compra/Venda de um
produto mais credível e com uma
avaliação real, diferenciando-se do
mercado
Valorizar os imóveis perante as
Seguradoras e Entidades
Bancárias
Como solicitar um orçamento
para o serviço SAVE? Como contratar o SAVE?
Poderá solicitar um orçamento através do site www.isq.pt/save ou através
do número directo 808 224 224.
O orçamento ser-lhe-á enviado por e-mail, fax ou correio.
O que é que o serviço diagnostica?
O ISQ, através do SAVE, diagnostica as
condições de Funcionalidade, Segurança, Qualidade e o Estado de Conservação das Infra-estruturas de Gás, Telecomunicações, Electricidade, Águas e
Saneamento.
Esse diagnóstico é ainda complementado com a verificação e análise das
anomalias/deficiências existentes na
construção (infiltrações, fissuração e
humidade), verificação do estado de
conservação dos elementos existentes, designadamente as peças sanitárias, os materiais de revestimento,
elementos de vãos, carpintarias e serralharias, assim como por ensaios de
medições acústicas para quantificação
do isolamento sonoro.
Após conclusão da auditoria técnica,
será elaborado um relatório final interpretativo dos resultados, com indiTabela 1
Avaliação
5,00- 4,50
Estado de
Excelente
Conservação
O Relatório SAVE é um documento no
qual serão registadas todas as não
conformidades detectadas, assim
como todos os factores que possam
valorizar o imóvel ou edifício. As anomalias observadas e a sua análise
serão acompanhadas por registos
fotográficos e termográficos.
Após a análise de todos os elementos
inspeccionados, estes serão alvo de
uma avaliação métrica, que resultará
numa Classificação Detalhada do Nível
de Conservação do imóvel ou edifício.
Esta classificação será expressa numa
escala de 1 a 5, de acordo com requisitos pré-definidos (Tabela 1).
E se eu tiver dúvidas?
Para o esclarecimento pessoal, estaremos ao seu dispor diariamente no ISQ,
das 9h às 13h e das 14h às 18h ou
poderá contactar-nos através do
nosso número directo 808 224 224,
ou através do e-mail [email protected].
4,50- 3,50
3,50- 2,50
2,50- 1,50
1,50- 1,00
Bom
Médio
Mau
Péssimo
T & Q 62-63
Validar os trabalhos executados
para a recepção de obra
9
SAVE
Nelson Rocha
Luísa Tavares
Análise de Anomalias/ Defeitos da Construção
Um dos factores que origina actualmente uma maior procura de serviços
técnicos de peritagem a imóveis
prende-se com defeitos de construção
durante o período de garantia do imóvel, nomeadamente anomalias relacionadas com a vertente estrutural,
infiltrações de águas e humidades
superficiais (nos elementos estruturais, revestimentos e acabamentos).
Deste modo, e indo de encontro a
estas preocupações, uma das componentes analisadas aquando do diagnóstico SAVE, é a vertente da construção
civil, onde se inclui a verificação, levantamento e análise de anomalias aos
seguintes níveis:
Estado dos elementos estruturais
Fissurações/Fendilhações
Figura1 - Levantamento fotográfico e termográfico utilizando uma câmara termográfica
gia, nomeadamente câmara termográfica, medidor de temperatura superficial e humidade relativa, bem como a
equipamentos mais usuais, tais como
o medidor/comparador de fissuras.
tadas, complementada com a análise
das possíveis proveniências das mesmas, podendo ainda ser incluída uma
análise dos métodos de correcção e
actuação.
O diagnóstico referente à vertente da
construção civil é terminado com a
enumeração das anomalias detec-
Este estudo está inserido no relatório
SAVE apresentado ao cliente, sendo
parte integrante deste.
Humidades
Infiltrações
Eflorescências
Abaulamentos/Desaprumos
Funcionalidade de elementos (caixilharias, vãos interiores, armários
embutidos, etc.)
T & Q 62
Estado e adequação ao uso dos
diversos materiais de revestimento
O levantamento e diagnóstico das
causas prováveis das anomalias detectadas são efectuados mediante
inspecção visual, devidamente documentada por um registo fotográfico
detalhado, e complementados com a
realização de ensaios técnicos, recorrendo a equipamentos de alta tecnolo10
Figura 2 - Medição de fissura utilizando um fissurómetro.
SAVE
Sónia Pinto
Redes de Gás
No âmbito de um diagnóstico SAVE, as
infra-estruturas de gás serão tratadas
de acordo com a Legislação e Normas
aplicáveis em vigor:
Diagnóstico das partes visíveis da
instalação
Realização do ensaio de
estanquidade, com equipamento
adequado e devidamente calibrado
Análise das condições de ventilação e exaustão dos produtos da
combustão
Realização da medição de
Monóxido de Carbono (CO), quando
o imóvel a auditar esteja a consumir gás
Verificação das condições de funcionamento dos aparelhos a gás e
do estado das respectivas ligações
Elaboração do relatório de
inspecção SAVE
São inúmeras as inspecções efectuadas pelo ISQ, ao longo de mais de uma
década, na área do Gás. A importância
da sua realização traduz-se no facto
de, em quase 40% dos casos, terem
sido detectados defeitos críticos, conforme definido pela legislação, sendo
os mais comuns:
Fugas de gás
Excesso do teor de monóxido de
carbono
Ligações aos aparelhos de gás, não
conformes com as normas em
vigor, e fora do prazo de validade
T & Q 62-63
Estes defeitos, pela sua natureza ou
localização, colocam em causa as
condições de segurança da instalação
de gás e, consequentemente, põem
em risco a vida ou integridade de todos
aqueles que usufruem da mesma.
Simultaneamente, este tipo de defeitos
leva ao corte imediato do fornecimento
de gás pela empresa distribuidora.
Em cerca de 35% das inspecções
efectuadas pelo ISQ, verificou-se a
existência de defeitos não críticos.
Nesta situação, o cliente tem 90 dias
para reparar os mesmos, sob pena de
a empresa distribuidora de gás proceder ao corte de fornecimento, caso
12
a respectiva reparação não tenha
ocorrido dentro deste prazo.
O que nos propomos fazer é um diagnóstico de todo o estado da instalação de gás, por forma a que a
aquisição ou transmissão de propriedade de um imóvel se torne num
processo mais transparente, ficando o
cliente na posse de uma informação
clara e fidedigna no que concerne ao
estado e conformidade com a legislação em vigor da sua instalação de
gás. Caso se verifique essa necessidade, serão propostas medidas correctivas para que o cliente possa tornar a
sua instalação de gás mais segura.
No final, e de acordo com todos os pontos verificados, é emitido um Relatório
de Inspecção SAVE.
SAVE
Nuno Couto
ITED
Infra-e
estruturas de Telecomunicações em Edifícios
Apesar das infra-estruturas de telecomunicações não ser uma das infra-estruturas primárias dos edifícios,
assumem nos dias de hoje um papel
preponderante no nosso quotidiano. A
ligação a uma rede de informação,
como a Internet, que nos permite o
acesso a um alargado leque de conteúdos, é considerada como sendo de elevada importância para o bem estar de
qualquer um de nós. De igual forma, a
possibilidade de desfrutar de diversos
programas culturais temáticos, de
programas de informação ou pelo simples entretenimento através de canais
televisivos, é vista como um sinónimo
de conforto.
Não menos importante é o desejo que
temos, nos dias de hoje, de comunicar
com outras pessoas que se encontram geograficamente longe. Todas
estas necessidades que sentimos, de
comunicar e de nos integrarmos numa
comunidade de partilha, só podem ser
satisfeitas através do uso das redes de
telecomunicações que temos nos nossos lares. A evolução tecnológica dos
últimos anos permitiu o aparecimento
de um elevado conjunto de serviços
disponibilizados pelos diversos operadores. No entanto, para que esses
mesmos serviços cheguem com a devida qualidade aos diversos clientes, é
necessário que as redes de telecomunicações tenham sido executadas correctamente e que estejam num bom
estado de conservação.
Ciente dessa importância, o serviço
SAVE avalia em diversos parâmetros o
desempenho das redes de telecomunicações das edificações.
Pontos verificados
As infra-estruturas de telecomunicações em edifícios podem ser divididas em duas partes: a rede de
tubagens, e a rede de cablagem.
A rede de cablagem é a rede respon-
sável pela transmissão dos sinais eléctricos e é ela a parte activa da nossa
infra-estrutura. Esta rede de cablagem,
tipicamente, aparece de duas formas:
uma que é a rede de pares de cobre,
tradicionalmente destinada aos
serviços de voz e de dados; e a outra é
a rede de cabos coaxiais usualmente
utilizados para a transmissão de
serviços multimédia, como a televisão.
A qualidade destas duas redes influencia directamente a qualidade dos
serviços que chegam aos utilizadores,
razão pela qual são alvos de verificação
através da realização de ensaios com
equipamentos de teste especificamente desenvolvidos para o efeito.
Na Figura 4, pode-se ver a incorrecta
interligação de cabos coaxiais, onde ao
invés de se fazer uso de um
derivador/repartidor da rede coaxial,
foi utilizado um ligador usado nas instalações eléctricas.
Por sua vez, a rede de tubagens tem
como principal função a protecção física da rede de cablagens, de forma a
garantir o seu bom estado de conservação ao longo do passar do tempo.
Em simultâneo, é esta rede que
fornece o espaço necessário para o
alojamento dos diversos equipamentos
de telecomunicações, assim como permite o acesso aos operadores, para
poder passar os seus cabos até à rede
privada dos clientes.
Fig. 1 - Ensaio à rede coaxial
Fig. 2 - Ensaio à rede de pares de cobre
Por fim, é também verificada a rede de
protecção da infra-estrutura de telecomunicações, dada a sua importância
para escoar correntes indesejadas.
Principais problemas detectados
A maior parte dos problemas detectados deve-se ao facto das instalações já
serem antigas, e já terem sofrido
várias intervenções sem qualquer tipo
de respeito pelas normas técnicas
aplicáveis. Podemos ver, na Figura 3, o
estado de uma caixa pertencente à coluna montante da rede de pares de
cobre de um edifício. Para além da
completa falta de arrumação, podemos ver a existência de cablagem da
rede coaxial, que foi indevidamente
passada por esta tubagem, atrofiando
por completo a passagem de outras
cablagens da infra-estrutura.
Fig. 3 - Mistura de Tecnologias (pares de
cobre/cabos coaxiais)
Fig. 4 - Incorrecta conexão de cabos coaxiais
13
T & Q 62-63
Importância da inspecção à rede
de telecomunicações
SAVE
João Reis
CEE- Certificação Energética de Edifícios
A Certificação Energética de Edifícios
(CEE) é um dos Sectores Técnicos da
Área de Edificações do ISQ.
A principal actividade do sector de CEE
é a realização de acções de Fiscalização, no âmbito do SCE - Sistema de
Certificação Energética de Edifícios e
Qualidade do Ar Interior, acções essas
que se destinam a apoiar a ADENE –
Agência para a Energia.
Para fazer face a este trabalho, exigente e muito técnico, o Sector de CEE
conta actualmente com um grupo de
dez colaboradores, distribuídos pela
Delegação Norte e Sede. Com uma formação base em Engenharia Mecânica,
estes colaboradores são Peritos Qualificados nas áreas do RCCTE, RSECE –
Energia e RSECE – Qualidade do Ar
Interior. Para intervenções mais específicas, dois destes Técnicos têm também o Curso de Termógrafo Nível I.
Os Edifícios, destinados a Serviços
e/ou Habitação, são a área de intervenção do sector de CEE, mais especificamente, nas vertentes do consumo
energético e conforto térmico dos
mesmos.
Em relação aos Edifícios Novos existem
três formas distintas de intervenção,
em função da fase em que se encontre
a sua edificação.
T & Q 62-63
A primeira fase é a de Projecto. Nesta
fase, a intervenção terá como objectivos o cumprimento dos Regulamentos e, simultaneamente, a identificação
de eventuais problemas de interligação
entre as diferentes especialidades
envolvidas.
A segunda fase é a de acompanhamento de obra. Nesta fase, os objectivos prendem-se com a verificação do
cumprimento dos projectos / cálculos
iniciais.
14
Visto que qualquer obra é passível de
sofrer algumas alterações, é vital que
exista uma análise, crítica e construtiva, da evolução da mesma. Deste
modo, compete ao sector de CEE, também, propor medidas que permitam
ultrapassar as dificuldades encontradas, mantendo sempre o respeito
pelos Regulamentos e o acordo da
equipa projectista.
A terceira e última fase é a da verificação final de obra. Esta intervenção tem
por objectivo o levantamento técnico
do que foi construído, comparando-o
com o que foi projectado.
O principal Regulamento que deve ser
cumprido, no caso de construção de
edifícios novos para Habitação, é o
RCCTE – Regulamento das Caracterís-
ticas de Comportamento Térmico de
Edifícios (Dec. Lei n.º 80/06). Com
este novo regulamento, que anulou o
Dec. Lei n.º 40/90, a área da Térmica
de Edifícios deu um grande passo,
tendo sido potenciada através do SCE
e da classificação energética dos respectivos edifícios.
Relativamente aos edifícios novos destinados a Serviços, o principal Regulamento a ser cumprido é o RSECE –
Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (Dec.
Lei n.º 79/06). Este Decreto anulou o
Dec. Lei n.º 118 /98 que, até então,
era referência para a especialidade de
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar
Condicionado).
O Sector de Certificação Energética de
Edifícios (CEE) intervém no âmbito da
Consultoria Técnica, através de análises Regulamentares e Qualitativas,
onde tem como objectivo potenciar
uma melhor classificação energética e
um menor consumo de energia.
Em edifícios novos para Habitação,
para além da parte térmica, são realizados diferentes estudos para outras
especialidades, tais como: o solar térmico e a sua relação com a água
quente sanitária, outras energias renováveis, a ventilação natural ou mecânica e o aquecimento central. Todas
estas especialidades são responsáveis
por fornecer elementos para o RCCTE,
o que implica a necessidade de um
conhecimento transversal dessas
matérias e a utilização de softwares
específicos.
Quanto aos edifícios novos destinados
a Serviços, para além da parte de
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar
Condicionado) e dos estudos para
outras especialidades, referidos no
parágrafo anterior, são também realizados estudos de iluminação, de con-
sumo eléctrico dos principais componentes e a relação directa com a envolvente do edifício (parte térmica) e, para
finalizar, a simulação dinâmica dos consumos energéticos, com a finalidade
de fornecer elementos para o RSECE.
Relativamente às intervenções de
Consultoria Técnica do Sector de CEE
em edifícios já existentes (não novos)
poderão ser muito diversificadas, e
estão directamente ligadas às solicitações que forem feitas. Damos como
exemplos:
Verificação do cumprimento de
Regulamentos
Análise de projecto das instalações
/ construções
Diagnóstico para indicação da
origem de determinados problemas e apresentação de soluções
Estudos energéticos que potenciem uma diminuição dos consumos e um aumento do conforto
SAVE
Cristina Leão
O Ruído dos Outros
Actualmente vivemos o dia a dia a uma
velocidade estonteante.
Com o regresso a casa, no final do dia,
desejamos alguns momentos de lazer
e serenidade, mas a realidade é bem
diferente do esperado.
Não sendo este um problema recente,
muito contribuímos para o seu agravamento quando optámos por decorações minimalistas, abandonando a
velha alcatifa e os sumptuosos reposteiros.
Ensaios que determinam o nível de isolamento sonoro de uma habitação
podem ser a garantia de conforto
acústico que tanto ansiamos, fazendo
a diferença na decisão de compra de
uma habitação. Cada vez mais deixamos de nos encantar pelos equipamentos e acabamentos ditos de luxo e valorizamos as condições de conforto na
nossa habitação, recordando sempre
que os verdadeiros problemas são
aqueles que estão encobertos.
A qualidade acústica dos edifícios,
locais onde passamos a maior parte do
nosso tempo, seja em actividades de
lazer, trabalho ou simples repouso, não
é um mero aspecto circunstancial! É
uma necessidade intrínseca dos tempos modernos e da evolução da qualidade de vida de todos nós.
T & Q 62-63
Na Tabela 1 estão exemplificados
alguns dos ensaios aplicáveis a um
edifício misto.
O ISQ disponibiliza um conjunto de
ensaios que determinam os níveis de
isolamento acústico podendo, deste
modo, garantir a avaliação da qualidade acústica do espaço/habitação que
pretende adquirir.
16
Tabela 1
Âmbito Geral
Parâmetros
a ensaiar
DnT,w
Acústica
de Edifícios –
isolamento
sonoro
L’nT,w
D2mnT,w
Acústica de
Edifícios –
LAR, nT
Equipamentos
colectivos
Normas a
aplicar
Legislação correspondente
NP EN ISO 140-4
EN ISO 717-1
NP EN ISO 140-7 Portaria
EN ISO 717-2
232/2008 de
11 de Março
Decreto-Lei
96/08 de 09
NP EN ISO 140-5 de Junho
EN ISO 717-1
ISO
16032:2004
Observações
Ensaios de
Determinação dos
índices de isolamento
sonoro a sons de condução aérea
Ensaios de
Determinação dos
índices sonoro a sons
de percussão
Ensaios de isolamento
sonoro a sons de condução aérea de
fachadas
Avaliação de Ruído
particular de equipamentos colectivos do
edifício
Ricardo Bessa
Águas e Saneamento
O Despacho n.º 2339/2007 de 14 de
Fevereiro aprovou um novo Plano
Estratégico de Abastecimento de Água
e de Saneamento de Águas Residuais
para 2007-2013, conhecido como
PEAASAR II. Este plano dá relevância
aos impactos ambientais e à valorização dos recursos ambientais, o que
por si só incentiva a reabilitação das
redes mais antigas e o controlo das
recentemente construídas.
Relativamente à taxa de perda de
água, e de acordo com o PEAASAR II,
assume-se como objectivo para o ano
de 2013 que a percentagem de perdas dos sistemas de distribuição seja
inferior a 20%. Este valor ainda só foi
alcançado por uma pequena percentagem de municípios. O concelho do
Porto, por exemplo, tem uma taxa de
perda de água de 50%, a mais elevada
do grande Porto e mais elevada do que
a média nacional, de 42%, que no
entanto se encontra muito longe da
média a atingir.
O PEAASAR II propõe o combate e
diminuição da taxa de ineficiência dos
sistemas como a prioridade máxima
para as entidades gestoras, uma vez
que os custos desta ineficiência impedem as entidades gestoras de investir
em outros sectores.
No que diz respeito à qualidade da
água, tem havido um esforço nacional
no sentido de se realizarem todas as
análises necessárias para aferir a qualidade da água.
17
T & Q 62
O sistema de distribuição de água para
consumo sofreu nos últimos anos uma
renovação sem paralelo. Os investimentos públicos e privados nesta área
foram consideráveis, tendo os objectivos do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de
Águas Residuais - PEAASAR I (20002006) sido cumpridos na generalidade. A cobertura da rede de distribuição de água é neste momento
superior a 95%, sendo de cerca de
80% a drenagem de águas residuais.
T & Q 62
O valor médio de cobertura da rede de
drenagem de águas residuais, a nível
nacional, é de cerca de 73%, muito
abaixo dos 90% estipulados pelo
PEAASAR I como objectivo para 2006.
Este panorama não é favorável, pois
significa que uma grande percentagem
da população nacional ainda não tem
ligação à rede pública de esgotos,
existindo casos de descargas ilegais, o
que se vem a reflectir na deterioração
da qualidade das águas superficiais ou
subterrâneas. Serão necessários
grandes investimentos para minimizar
o atraso existente ao nível da rede de
esgotos.
18
sidade das Concessionárias de
Distribuição de Água avaliarem com
maior rigor o estado de conservação
das suas infra-estruturas de distribuição de água, podendo assim
decidir com maior acuidade as
soluções tecnica e economicamente
mais adequadas a aplicar.
O PEAASAR II apareceu no início de
2007, altura em que o ISQ já tinha feito
a sua reestruturação por Áreas, entre
elas a Área das Edificações, da qual faz
parte o sector G.A.S. - Gás, Águas e
Saneamento.
Em 2000, o ISQ teve um repto, para
aplicar o know-how adquirido nas redes
de gás à construção de redes de água.
Assim, criámos uma equipa dedicada
às águas e saneamento com técnicos
da área gás, para fazer acompanhamento de inspecção de construção de
redes de água, tendencialmente em PE
e Aço, para concessionárias junto à
Grande Lisboa. Rapidamente fomos
chamados a intervir na gestão de
obras, avaliação funcional de instalações e supervisão de comissionamento em várias concessionárias.
A Área de Edificações não ficou imune
ao desafio que o novo Plano
Estratégico das Águas apresenta e,
reiterando o espírito inovador que tão
bem a define, desenvolveu uma
estratégia de expansão, a nível
nacional, com o desenvolvimento das
nossas actividades na Delegação
Norte e no Pólo do Algarve e, a nível
internacional, com uma participação
em Cabo Verde. Esta expansão geográfica deixou-nos a sensação de que
podíamos fazer mais, o que nos levou a
novo estudo de mercado. Este estudo
indicou-nos dois pontos críticos:
Com o PEAASAR II, e indo de encontro
ao cumprimento das metas de qualidade por este estipuladas, surge a neces-
O consumo de água per capita tem,
nos últimos anos, apresentado uma
ligeira tendência de subida
As fugas nas redes de distribuição
(redes em baixa) têm um peso
importante nos resultados das distribuidoras, estando estas obrigadas a uma eficiência de 80%
(percentagem de água captada que
é efectivamente utilizada e não perdida)
No que diz respeito ao aumento de
consumo per capita de água, o sector
GAS alargou as competências adquiridas, ao nível da análise de projecto e de
fiscalização das redes prediais edificadas, e sensibilizou os técnicos que
vão estar na casa do cliente para a
necessidade de promover a informação dos consumidores (cliente
final), no sentido de diminuir o consumo de um recurso tão escasso, bem
como de introduzirem em suas casas
medidas que desincentivem o desperdício.
No que diz respeito à falta de eficiência
das redes de distribuição, pelo que nos
foi possível verificar, esta tem origem
na idade das tubagens, nas deficiências dos aparelhos de manobra e
acessórios e em deficientes processos
de instalação. O desconhecimento da
localização dos pontos exactos de rotura bem como da sua contabilização ,
leva a que sejam ainda encontrados
valores superiores a 35% de perda de
água em determinadas distribuidoras.
Oeste, Águas do Algarve e Veolia Águas de Valongo, em diversas actividades:
Coordenação de Obras - Águas do
Oeste
Inspecção de Obras de Redes de
Renovação da EPAL / DRA
Inspecção de Obras de Novos
Abastecimentos da EPAL / NVA
Fiscalização de Redes Prediais da
EPAL /NVA
Transporte de Água da EPAL /
DPO
Inspecção de Obras de
Saneamento da Águas do Algarve
Assistência Técnica e Inspecção
Integrada na Simarsul
Análise de projecto de redes prediais na Veolia - Águas de Valongo
Fiscalização da Construção de
Reservatórios de Água na Veolia Águas de Valongo
Assistência Técnica da Rede de
19
T & Q 62
O facto de as redes estarem enterradas a profundidades variáveis e de
serem redes, na maior parte das
instalações, malhadas, não torna fácil
a detecção dos pontos de fuga. É possível saber que existe fuga pela
medição dos caudais entrados e saídos nos troços, mas não a localização.
Nesta área o GAS alargou as suas
competências, tanto ao nível dos materiais das tubagens e acessórios (PP,
PP corrugado, PVC, PE e Aço), como
da gestão de projectos, não esquecendo a criação de uma equipa para
detecção de fugas e análise do estado
de conservação das condutas por
inspecção vídeo.
Neste momento o ISQ tem técnicos a
colaborar com várias concessionárias,
salientando-se a EPAL, Águas do
SAVE
Nelson Rocha
Avaliação Métrica
Todas as especialidades avaliadas num
diagnóstico SAVE serão alvo de uma
avaliação métrica, que ditará uma classificação detalhada ao nível de conservação do imóvel ou edifício. Tal classificação será expressa numa escala de 1
a 5, de acordo com as classificações
patentes na Tabela 1.
A obtenção dos valores acima referidos provém de uma ponderação
atribuída a cada um dos "sub-temas"
de uma determinada especialidade,
tendo em conta a Segurança, Funcionalidade e Estado de Conservação de
um determinado elemento/compartimento ou especialidade, sendo esta
conferida pela respectiva média ponderada.
Os valores atribuídos às anomalias
detectadas seguem o seguinte critério:
1,0 - Anomalia Muito Grave
2,0 - Anomalia Grave
3,0 - Anomalia Média
4,0 - Anomalia Ligeira
5,0 - Sem anomalias
Estado de Conservação
O estado de conservação compromete imediatamente a funcionalidade e segurança
O estado de conservação prejudica
gravemente o aspecto visual
Anomalia Grave
Segurança
A segurança está afectada, existindo perigo a médio prazo
É necessária intervenção atempada (risco inferior a 30%)
Funcionalidade
A funcionalidade não está de acordo com as funções a que se destina
A funcionalidade é reduzida
(redução inferior a 50% da funcionalidade)
Estado de Conservação
O estado de conservação compromete a funcionalidade e segurança
O estado de conservação compromete o aspecto visual
Anomalia Média
Anomalia Muito Grave
Segurança
A segurança está gravemente afectada, existindo necessidade de
intervenção urgente
Não cumpre as disposições legais
aplicáveis
Funcionalidade
A funcionalidade é reduzida
(redução inferior a 30% da funcionalidade)
Segurança
Prevê-se que a segurança possa
estar em risco a médio prazo
Existe risco de segurança, embora
com repercussões residuais (risco
inferior a 20%)
Funcionalidade
A funcionalidade já não se adapta
completamente ao fim a que se
destina (redução inferior a 70% da
funcionalidade)
Tabela 1
T & Q 62-63
Avaliação
5,00- 4,50
Estado de
Excelente
Conservação
20
4,50- 3,50
3,50- 2,50
2,50- 1,50
1,50- 1,00
Bom
Médio
Mau
Péssimo
Estado de Conservação
O estado de conservação começa a
dar sinais de comprometer a funcionalidade e segurança
O estado de conservação compromete o aspecto visual, embora de
forma não preocupante
Anomalia Ligeira
Sem Anomalia
Segurança
Sem risco relativamente à segurança
Funcionalidade
A funcionalidade adapta-se ao fim a
que se destina (redução inferior a
95% da funcionalidade)
Estado de Conservação
Estado de conservação óptimo
Após a ponderação de cada elemento
analisado, e tendo em conta uma
média ponderada, obtém-se uma
parametrização para cada especialidade, de acordo com o Exemplo da
Figura 1.
Segurança
Existem aspectos ligeiros a melhorar relativamente à segurança
(risco inferior a 5%)
Funcionalidade
A funcionalidade já não se adapta
completamente ao fim a que se
destina (redução inferior a 85% da
funcionalidade)
Estado de Conservação
O estado de conservação compromete o aspecto visual, embora de
forma ligeira
Figura 1 - Exemplo relativo à parametrização da área de construção civil
(Relatório SAVE)
HOMO APREHENDIS
Margarida Nunes
e-L
Learning
Estratégias para implementação
A implementação do
e-Learning nas organizações não se pode resumir
à mudança do formato de
entrega dos conteúdos. A
introdução da tecnologia
ao serviço da actividade
formativa não caracteriza,
por si só, uma mudança
de paradigma. Uma
mudança de paradigma
pressupõe mudanças de
comportamento, conceitos, valores e acções,
bem como uma mobilização de todos os intervenientes no processo.
T & Q 62
A sua organização está preparada
para a realidade virtual em programas
de formação e desenvolvimento?
Muitas organizações limitam a problemática da formação ao fornecimento
de cursos, maioritariamente em salas
22
de formação, no formato presencial.
Os indicadores de desempenho que utilizam são o número de horas dispendidas na actividade formativa, a quantidade de conteúdos administrados e o
número de pessoas formadas. A implementação do e-Learning neste contex-
to não se pode resumir à mudança do
formato de entrega dos conteúdos,
devendo ser acompanhada de
mudanças no comportamento de
quem adere a estas soluções pedagógicas.
A introdução da tecnologia ao serviço
da actividade formativa não caracteriza, por si só, uma mudança de paradigma. Uma mudança de paradigma pressupõe mudanças de comportamento,
conceitos, valores e acções, bem como
uma mobilização de todos os intervenientes no processo. A tecnologia é um
complemento auxiliar e sinérgico, pelo
que é um meio e não um fim.
O e-Learning representa uma mudança de paradigma em relação à formação convencional, presencial.
Existem diferenças em todas as etapas que constituem essas duas modalidades, tanto a nível formal como a
nível de conteúdo e de exigências.
Existe, também, uma mudança de
papéis no formando e no formador:
enquanto o primeiro vê aumentada a
sua responsabilidade sobre a aprendizagem, sendo-lhe exigida uma postura mais activa, o segundo passa a ser
um facilitador, devendo garantir
condições para atingir os seus objectivos.
A necessidade de definição de
uma estratégia
A adesão ao e-Learning implica a
definição de uma estratégia de implementação cujo foco seja a preparação
das pessoas para esta nova realidade.
A simples exposição a um estímulo
pode não surtir efeitos nas pessoas
que a ele são expostas.
Eboli (2001) afirma que as promessas
da tecnologia aplicada à educação/
formação, permitindo que as pessoas
aprendam mais, melhor e de uma
forma mais rápida, tornando-se mais
competentes, são tão sedutoras que
muitas vezes se tornam um fim em si
mesmas e não um recurso.
Esta autora apresenta algumas
questões que coloca como aspectos-chave a verificar antes da adesão ao e-Learning, no sentido de aferir se a
organização está preparada para a
realidade virtual em programas de formação e desenvolvimento e qual a
estratégia a adoptar:
O número de pessoas a serem formadas é expressivo?
As pessoas estão
geograficamente?
dispersas
Há necessidade de deslocações e
custos com estadas para acesso à
formação?
Os recursos responsáveis pela formação vêem a aprendizagem a distância como uma ameaça ao
próprio trabalho ou como uma
oportunidade de crescimento?
Qual a percepção que têm da tecnologia as chefias e a direcção da
organização?
A preparação para o e-Learning
Para que o e-Learning se traduza em
benefícios para a organização, é
necessário proceder a uma cuidada
análise do contexto e planeamento da
estratégia.
Paralelamente, é necessário identificar
as barreiras que a organização precisa
de superar para implementar a sua
solução de e-Learning. Neste âmbito,
Hall (2001) realça três aspectos que
deverão ser tidos em conta:
Identificar as dimensões a considerar: Gestão de Topo, Stakeholders,
Conteúdo, Tecnologia e Formandos
Identificar os factores promotores
e as barreiras para cada uma das
dimensões
Considerar as estratégias de implementação, definindo uma estratégia para o e-Learning alinhada com
a visão, negócio, recursos e objectivos da organização
Qual a relação das pessoas com os
computadores e a tecnologia?
O desenvolvimento da estratégia
Qual a tipologia dos conteúdos a
administrar (domínio cognitivo,
comportamental ou psicomotor)?
Existem recursos tecnológicos na
organização?
Existem vários caminhos para traçar a
estratégia de implementação do e-Learning na organização, devendo
estes ser correlacionados com a experiência que a mesma tem neste
domínio. Todos estes caminhos devem
23
T & Q 62
No modelo de ensino convencional, a
aquisição do conhecimento realiza-se
através da transmissão. Caracteriza-se pela ênfase atribuída à figura do formador, como fonte de informação. É
ele quem determina o nível e ritmo da
sessão de formação, os conteúdos e a
metodologia e a avaliação. A comunicação é unilateral: as tarefas de aprendizagem são padronizadas, sem terem
em consideração as diferenças individuais. Os formandos têm de trabalhar
ao mesmo ritmo, repetir as mesmas
informações e adquirir os mesmos
conhecimentos, executando somente
as actividades e tarefas propostas. Ou
seja, o conhecimento é reproduzido e
não construído.
ser sustentados numa metodologia
que passe pela análise, concepção,
desenvolvimento, implementação e avaliação de todo o projecto.
A selecção do conteúdo e da tecnologia
São vários os operadores no mercado
de e-Conteúdos, devendo partir da
organização a selecção do fornecedor,
tendo presente a sua necessidade.
Esta necessidade pode ser restrita ao
desenvolvimento de objectos de aprendizagem com suporte em conteúdos de
que a organização dispõe internamente
ou ao aperfeiçoamento técnico do
próprio conteúdo para posterior elaboração dos objectos de aprendizagem.
Outra hipótese é a aquisição de cursos
disponíveis no mercado, que ofereçam
resposta às necessidades formativas,
sem custos adicionais de desenvolvimento, só de licenciamento.
No que se refere à tecnologia, a organização deve auscultar se se justifica
adquirir um Sistema de Gestão da
Formação ou se o aluguer do mesmo
dá resposta à necessidade de controlo
da actividade formativa.
A "venda" do e-Learning na organização
A simples exposição a novas ferramentas para aprendizagem e actualização
de conhecimentos pode não ser a
solução para a utilização do e-Learning.
T & Q 62-63
Para que um programa neste âmbito
tenha sucesso, é fundamental que seja
assumido pela Gestão de Topo e aceite
pelos Colaboradores (Utilizadores
Finais). A implementação do e-Learning
deve ser acompanhada de um Plano de
Comunicação estratégico, envolvendo
todos os intervenientes no mesmo.
A mensuração dos resultados
Existem vários modelos para mensuração dos resultados da implemen24
tação da estratégia de e-Learning. Não
pretendendo expor um modelo, importa realçar que é importante a organização avaliar o impacto da estratégia de
e-Learning assumida, nomeadamente
ao nível dos resultados da aprendizagem, da velocidade da aprendizagem e
da evolução manifestada pelos
Colaboradores com a aplicação dos
conhecimentos adquiridos.
Mais do que a redução de custos, a
aposta no e-Learning deve ter em
conta dois importantes factores com
impacto no ROI: a eficiência e a velocidade. A eficiência da resposta formativa está vinculada ao facto de o formando poder aprender o que necessita,
quando necessita e na altura em que
tem maior disponibilidade mental para
o fazer.
Em relação à velocidade, o e-Learning
permite fornecer respostas flexíveis,
just-in-time, facilmente controladas
através do LMS (Learning Management Systems), a necessidades continuamente emergentes nos actuais
contextos organizacionais. Paralelamente, o LMS facilita a exportação do
conhecimento organizacional, fazendo
crescer o valor intangível do e-Learning.
Desta forma, o tradicional conceito de
ROI, tendencialmente focado na
redução de custos (mais facilmente
quantificável), passa a focar-se na criação de valor, ou seja, o retorno do
investimento em aspectos como a
melhoria do nível da organização, o
posicionamento face à concorrência e
o desenvolvimento da capacidade de
inovação e de resposta rápida às
imposições do mercado.
A sua organização está pronta
para o e-Learning?
Deixo-vos com esta questão... A
questão a que todos os que desejam
aderir ao e-Learning devem conseguir
responder...
O e-Learning é muito mais do que a utilização das tecnologias de informação
e comunicação na actividade formativa.
Preparar o terreno para a implementação da estratégia de e-Learning adequada à sua organização é o primeiro
obstáculo com que se vai deparar,
obstáculo esse que deve ser transformado em desafio.
Ao assumir que a sua estratégia formativa passa pelo e-Learning, inicie o seu
projecto ponderando os seguintes
aspectos:
O que procuro?
Ter a noção exacta das necessidades da organização.
Qual o tipo de fornecedor de que preciso?
Preciso de um fornecedor de conteúdos?
Preciso de um fornecedor que
desenvolva os objectos de aprendizagem?
Preciso de um fornecedor com uma
grande capacidade de resposta?
Preciso de um fornecedor com
soluções/ abordagens flexíveis?
Preciso de um Sistema de Gestão
da Formação?
Tenho um Sistema de Gestão da
Formação e só preciso de consultoria para o desenvolvimento de conteúdos e manutenção do sistema?
Onde posso encontrar o que preciso?
O mercado do e-Learning em
Portugal é um mercado em crescimento, constituído por diversos
operadores com abordagens distintas no que se refere ao foco da
solução pedagógica. Confronte a
oferta com aquilo de que necessita
e não resuma a sua opção ao que
lhe apresentam, pois a "melhor"
solução para a generalidade das
organizações pode não ser a mais
eficaz para o seu caso específico.
EDIFICAÇÕES
Estêvão Leal
REN Gasodutos
O DESAFIO
Desde 1993, o ISQ tem vindo a participar com grande envolvimento nas
infra-estruturas de gás natural em
Portugal.
É com bastante regozijo que podemos
dizer que o ISQ se encontra presente
de forma transversal em vários projectos ligados ao gás natural, com particular destaque para o contributo dado
ao nível do Gasoduto Nacional,
Armazenagem Subterrânea, Unidades
Autónomas de Regaseificação de Gás
Natural, Estações de Compressão de
Gás Natural e das Redes de
Distribuição e Utilização.
Ao longo destes 15 anos de envolvimento com a indústria do gás, em
Portugal, tem vindo a ser solicitado ao
ISQ um maior grau de participação
dentro da cadeia de valor, quer ao nível
do desenvolvimento, quer ao nível de
construção das infra-estruturas.
O Gasoduto Nacional é sem dúvida um
projecto emblemático e exemplar a
nível nacional, no qual o ISQ se orgulha
de ter tido participação activa.
Inicialmente o ISQ começou por
prestar trabalhos de 3ª parte (certificação) para a Transgás.
Com a evolução dos projectos da rede
de transporte de gás natural em
Portugal e com o maior envolvimento
de diversos técnicos do ISQ na construção da mesma, foi-nos sendo solicitada maior participação, com um grau
de responsabilidade cada vez maior.
T & Q 62
Com a mudança de filosofia do sector
Energético em Portugal em 2007 e
com o aparecimento da REN Gasodutos, pertença da Rede Energética
Nacional, mais uma vez foi feito um
novo desafio ao ISQ para uma nova
forma de colaboração nos novos projectos que vão ter lugar no próximo
biénio.
Assim, o ISQ envolveu-se com a REN
Gasodutos ao nível das seguintes espe26
cialidades:
Consultoria de Engenharia
Revisão de Especificações
Envolvimento ao Nível da Operação
de Gasodutos
Verificação de Materiais e
Equipamentos durante a sua
construção
Chefia de Projectos
Direcção de Obra
Inspecção / Fiscalização de obras,
em todas as vertentes
De salientar que, durante 2008, o ISQ
iniciou este projecto com 4 elementos,
tendo neste momento uma equipa de
cerca de 19 pessoas que se distribuem pelas diferentes especialidades referidas.
Tem sido um percurso evolutivo e complexo que redefiniu completamente o
paradigma dos serviços prestados,
que passaram da simples inspecção
de qualidade, segundo normas
Internacionais e Europeias bem como
da legislação aplicável ao sector, para
patamares onde impera a Gestão de
Projectos e Direcção de Obra associados a todo o know-how existente no ISQ
ao nível tecnológico de construção
mecânica e soldadura.
Apesar de ser um projecto que se
encontra no início, em que as
primeiras obras se encontram na fase
de conclusão, é possível desde já afirmar que tem sido um sucesso o acompanhamento das mesmas.
No gasoduto para a Ar Líquido, em
Estarreja, o ISQ esteve envolvido nas
actividades de:
Chefe de Projecto:
- Luís Figueiredo (ISQ)
Director de Obra:
- Manuel Neves (ISQ)
Inspecção/Fiscalização:
- Jorge Castro (ISQ)
- Abel Martins (ISQ)
Inspecção da Intervenção em
Carga:
- Maria João Vaz (ISQ)
- Tiago David (ISQ)
Responsável pela operação do
Gasoduto :
- Rodrigo Cunha (ISQ)
Com estes projectos da REN Gasodutos, mais uma vez o ISQ, e o departamento de G.Á.S. começam a preparar-se para novos desafios que se adivinham, bem como para a internacionalização que pretende iniciar já em
2009.
INDÚSTRIA
José Gomes Ferreira
Concepção das funções de segurança associadas
aos sistemas de comando das máquinas SRP/CS
1. Estratégia de segurança
Com este artigo pretendo
abordar, de uma forma
genérica, os princípios de
concepção de cinco estruturas de SRP/CS que
cobrem requisitos específicos em condições de
falha, assim como o cálculo dos níveis de fiabilidade
de cada uma dessas
estruturas, recorrendo
para tal à metodologia
das normas EN 954 / ISO
13849, por serem as
mais divulgadas e de
maior aplicação pelas
PME na concepção e fabricação de máquinas.
a) Do conjunto de situações potencialmente perigosas por:
Gravidade das consequências
Probabilidade de ocorrência
b) Do comportamento do sistema:
Modo de avarias
Sequências e/ou coincidências de
eventos e situações perigosas
c) Dos sistemas de manutenção e
exploração:
Políticas de manutenção
Factores humanos
Para isso, o fabricante deverá identificar e avaliar todos os riscos que
podem existir na sua máquina, com o
objectivo de:
Eliminar ou reduzir os riscos
1.1. Avaliação de Riscos
A avaliação de riscos de uma máquina
é realizada de acordo com a norma EN
ISO 12100-1 e compõe-se das seguintes fases:
a) Determinação dos limites da
máquina devendo-se especificar:
Layout
Características da(s) máquina(s)
Parâmetros funcionais
Uso previsto
b) Identificação dos fenómenos
perigosos:
Pretende-se identificar quais os fenómenos perigosos existentes numa
máquina (e as respectivas causas),
ao longo do seu ciclo de vida, considerando os casos previsíveis de utilização.
b.1 - Funcionamento normal:
Modos de comando
Modos de alimentação e movimentação de materiais (carga/descarga)
b.2 - Funcionamento deficiente:
Falha de componentes ou dos circuitos (hardware, software)
Perturbações
externas
(eg:
choques, vibrações, campos electromagnéticos)
Perturbação na alimentação de
energia, etc.
Figura 1 – Diagrama de avaliação de
riscos de acordo com a norma EN ISO
12100-1
b.3 - Mau uso previsível:
Comportamento anormal previsível
(negligência)
Comportamento reflexo em caso de
mau funcionamento, de falha, etc.
Comportamento resultante da aplicação da “lei do menor esforço”
27
T & Q 62-63
A crescente automação
industrial das últimas
décadas veio colocar à
indústria novos desafios,
nomeadamente na concepção das funções de
segurança associadas aos
sistemas de comando das
máquinas, os denominados SRP/CS - Safety-related part of a control
system.
As máquinas devem estar aptas a
cumprir a função a que se destinam
nas condições previstas pelo fabricante
e sem expor os utilizadores a riscos de
acidente. A segurança duma máquina
é, pois, função:
Tomar medidas de protecção contra os riscos que não podem ser
eliminados
Informar os utilizadores dos riscos
residuais
c) Medidas de prevenção do risco:
Prevenção intrínseca
• Funções de segurança associada
aos sistemas de comando
• Fiabilidade das funções de segurança
• Segurança passiva
Medidas de Protecção
• Protectores
• Dispositivos de protecção
Medidas de informação, formação e
organização
• Instruções de utilização
• Informação sobre os riscos residuais
• Procedimentos de Segurança:
- Modos de trabalho
- Consignação dos equipamentos
- Utilização de EPI
• Qualificação dos operadores
• Manutenção de condição
de concepção e tem por finalidade:
a) Evitar ou reduzir os fenómenos
perigosos, mediante:
Prevenção do risco mecânico
Princípio da acção mecânica positiva de um órgão sobre um outro
Princípios ergonómicos
Princípios de concepção de sistemas de comando
Prevenção do risco eléctrico
b) Limitar a exposição de pessoas aos
fenómenos perigosos, pela redução da
necessidade de intervenção do operador nas zonas perigosas, através de:
Fiabilidade do equipamento
Mecanização das operações de
carga / descarga
2. Princípios de concepção de sistemas de comando
1.2. Prevenção intrínseca
A prevenção intrínseca consiste em
adoptar medidas de segurança na fase
A estrutura do circuito do sistema de
comando deve assegurar basicamente
Tabela 1 - Requisitos de Segurança por categoria de Comando
Requisitos/Categorias
B
T & Q 62-63
Regras de arte
Sim
Componentes
N/Requerido
comprovados
Princípios de Segurança N/Requerido
Vigilância ou verificação
N/Requerido
Perda da função segurança em caso de
defeito único
Possível
Detecção de defeito
único
Nenhum
Perda da função
segurança por
acumulação de defeitos
Possível
1
2
3
4
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Manual Automática S/Vigilância C/vigilância
Periódica a Intervalos contínua
contínua
Possível se
não detectaPossível
Não
Não
da entre
intervalos
Antes da
Manual a Automático Possível parpróxima
intervalos a intervalos cialmente
solicitação
Possível
Possível
Possível
Figura 2 - Categorias de sistema de comando de acordo com a norma EN 954-1
28
Não
que:
a) Um defeito acidental no circuito de
comando não produza:
Impossibilidade de parar os elementos móveis
Neutralização das protecções dos
elementos móveis
b) Uma variação ou interrupção de
energia não produza:
Arranque intempestivo dos elementos móveis
Movimentos incontrolados de
órgãos
Perda de sujeição de peças
As ordens de paragem tenham prioridade sobre as ordens de arranque
Na concepção dos sistemas de comando devemos ter em consideração as
seguintes técnicas:
Arranque intempestivo: Deve ser evitado o arranque intempestivo de uma
máquina, quando é realimentada após
uma interrupção de energia, se daí
puder resultar algum risco.
Fiabilidade dos componentes: Os componentes das funções de segurança
devem ser capazes de suportar as perturbações e constrangimentos em certas condições e durante um dado período de tempo sem avaria na função
requerida.
Duplicação/redundância dos componentes “críticos”: Permite a utilização
de componentes não intrinsecamente
seguros para a realização de uma
função de segurança, com a condição
de que em caso de falha de um componente, um outro (ou outros) possa(m)
continuar a assegurar esta função,
garantido assim o nível de segurança
requerido.
Vigilância automática: A vigilância
automática tem por efeito desencadear uma acção de segurança, se
diminuir a aptidão de um componente
para desempenhar a sua função e/ou
se as condições do processo forem
modificadas de tal forma que provoquem um risco. As acções de segurança podem ser:
A paragem do processo perigoso
Evitar novo arranque após a
primeira paragem posterior à falha
do componente
A activação de um alarme
Redundância + auto-controlo: A associação destas duas técnicas assegura,
ao mesmo tempo, a disponibilidade e a
segurança da máquina:
Com o auto-controlo, um primeiro
defeito é detectado obrigatoriamente a partir do fim do ciclo, o que
impede a reactivação de um novo
ciclo
A redundância faz com que sobre o
primeiro defeito, o funcionamento
não seja interrompido e a função
segurança seja mantida
3. Norma EN 954 - 1
4. Norma EN ISO 13849-1
A norma EN 954 - 1 é baseada em 5
categorias de sistemas de comando,
obtidas através de uma matriz de classificação dos riscos (de I a V) versus
categorias de comando (B a 4).
4.1. Estrutura (Figura 3)
A classificação dos riscos é função dos
seguintes parâmetros: S: Gravidade da
lesão; F: Frequência de exposição; P:
Possibilidade de evitar o dano (Fig.2).
Para cada categoria de comando
podemos sintetizar requisitos de segurança como especificado na Tabela 1.
4.2. Determinação do nível de
fiabilidade requerido (PLr)
O nível de fiabilidade requerido (PLr)
obtém-se através de uma matriz de
risco (Fig. 4) onde os parâmetros de
avaliação do risco (gravidade da lesão,
frequência e duração da exposição e
possibilidade de reduzir o risco) não se
modificam em relação aos da Norma
EN 954-1.
Na matriz de risco da Norma ISO
13849-1, os parâmetros de risco já
não se traduzem em categorias de
comando (EN 954-1), mas em níveis de
fiabilidade (PL).
A Tabela 2 indica-nos os níveis de fiabilidade PL, expressos com a probabilidade de falha grave por hora - PFHd.
4.3 – Determinação do nível de
fiabilidade (PL)
Na determinação do nível de fiabilidade
do sistema de segurança há que ter
em conta os seguintes aspectos:
Estrutura da SRP/CS
(MTTFd) - “tempo médio até uma
Figura 3 - Estrutura da norma ISO 13849-1
falha perigosa” - dependente da categoria
(DC) - “cobertura de diagnóstico” - a
partir da categoria 2
(CCF) - “Gestão das falhas por
causas comuns” - a partir da categoria 2
4.3.1 – Estrutura da SRP/CS
Para facilitar a quantificação do PL, a
norma proporciona um método simplificado baseado na definição de cinco
estruturas de SRP/CS já conhecidas,
estabelecidas e comprovadas das
várias categorias de comando que se
aplicam na norma EN 954-1, que
Tabela 2 - Níveis de Fiabilidade
Figura 4 - Matriz de risco da Norma EN ISO 13849-1
a
b
c
d
e
Probabilidade média
de falhas por hora 1/h
10-5 a 10-4
3 x 10-6 a 10-5
10-6 a 3 x 10-6
10-7 a 10-6
10-8 a 10-7
T & Q 62-63
PL
29
norma só se têm em conta as avarias
com um componente perigoso.
Para o cálculo MTTFd temos a conside-
qualidade de detecção de defeitos, ou a
eficácia das medidas para detectar as
falhas num SRP/CS.
rar duas distribuições diferentes de
vida útil:
a) Distribuição exponencial - típica dos
componentes electrónicos.
A norma apresenta uma tabela de
medidas comprovadas para detecção
de defeitos com os correspondentes
valores DC expressos em percentagens.
O cálculo do MTTFd é obtido, somando
os valores de MTTFdi individuais dos
componentes do SRP/CS.
Com esses valores estima-se a cobertura de diagnóstico média - DCavg (que
reflecte a qualidade da detecção de
defeitos de todas as partes de cada
canal) mediante a seguinte fórmula:
Figura 5 - Desenho de uma SRP/CS
A soma compara-se com os valores da
Tabela 3 para indicar a qualidade da
segurança de um canal individual de
um SRP/CS.
Através da correspondência do DCavg
na Tabela 4 obtém-se o nível de cobertura de diagnóstico dum SRP/CS.
b) Distribuição Weibull - típica de componentes afectados por desgaste.
Para os componentes afectados por
desgaste, como por exemplo os dispositivos electromecânicos, pneumáticos,
óleo-hidráulicos e mecânicos, tem de se
converter o valor do MTTFd através do
Figura 6 - Diagrama de blocos
cálculo do valor B10d.
cobrem critérios de desenho e comportamentos específicos em condições de
falha. As Figuras 5 e 6 são um exemplo de um resguardo de segurança
com encravamento de uma máquina,
cuja função de segurança é parar o
órgão perigoso quando se abre o resguardo.
O fabricante proporciona o valor B10d
para o componente (valor em ciclos de
funcionamento, em que estatisticamente 10% das amostras analisadas
são falhas perigosas).
4.3.2 - Cálculo do MTTFd
As SRP/CS conservam sempre um
potencial de falha residual de efeito
crítico para a seguranca (o potencial de
falha por coincidência de falhas
perigosas). Daí haver necessidade de
controlar o risco residual, ou seja, de
reduzi-lo a um nível aceitável.
T & Q 62-63
O MTTFd é um indicador de qualidade
que se refere à fiabilidade dos componentes e dispositivos de segurança de
uma SRP/CS.
Este valor equivale a uma espécie de
índice de capacidade do ciclo funcional,
que valoriza a aceitabilidade da função
de segurança segundo o método
Weibull.
O valor B10d converte-se no MTTFd
tendo em conta as condições da aplicação (duração do uso e a solicitação
média da função de segurança do componente correspondente).
A CCF aplica-se só em estruturas de 2
canais a partir da categoria 2, posto
que está destinado a prevenir falhas
numa SRP/CS, com uma causa e um
efeito comuns.
Estas falhas podem produzir a activação de um modo de falha crítico em
ambos os canais ao mesmo tempo, por
Tabela 3 - MTTFd
Denominação
MTTFd
Intervalo MTTFd
Baixo
3 anosMTTFd< 10anos
Médio
10 anosMTTFd< 30anos
Alto
30 anosMTTFd< 100anos
Tabela 4 - Cobertura de diagnóstico (DC)
da SRP/CS
nop: Média de ciclos de funcionamento por ano
O MTTFd é uma medida estatística que
4.3.3 – Cobertura de diagnóstico
(DC)
representa o tempo de funcionamento
sem avarias previsto por ano. Na
A Cobertura de diagnóstico (DC) é a
30
4.3.4 - Gestão de falhas por causa
comum (CCF)
Denominação da
DC
Nenhum
Intervalo DC
Baixo
60% DC < 90%
Médio
90% DC < 99%
Alto
99% DC
DC < 60%
exemplo, como consequência de um
relâmpago (sobre tensão), afectando
as saídas de semicondutores redundantes e produzindo como resultado a
incapacidade de ambos os canais se
abrirem ou fecharem. A forma mais
fácil de analisar as medidas de prevenção de falhas CCF é a aplicação da
Tabela 5 , cujo objectivo é atingir os 65
pontos como mínimo.
4.3.5 – Procedimento simplificado
de cálculo do PL
A Tabela 6 e/ou a Figura 7 permite-nos obter graficamente o valor do nível
de fiabilidade (PL) e compará-lo com o
nível de fiabilidade requerido (PLr) obtido através da matriz de risco descrito
no ponto 4.2.
5. Conclusões
Tabela 5 - Gestão de falhas por causa comum (CCF)
Medidas de prevenção de falhas por causa comum (CCF)
Separação das vias de sinal
15 pontos
Diversificação
20 pontos
Protecção ante sobre tensões ou sobrepressão
15 pontos
Componentes comprovados
5 pontos
FMEA (análise de modos e efeitos de falha)
5 pontos
Competência/ formação do desenhador
5 pontos
Compatibilidade electromagnética
25 pontos
Temperatura, humidade, choques, vibrações, etc.
10 pontos
Tabela 6 - Relação entre categorias DC, MTTFd e PL
Categoria
DCavg
B
1
2
2
3
3
4
nenhum
nenhum
baixo
médio
baixo
médio
alto
MTTFd
Baixo
a
*
a
b
b
c
*
Médio
b
*
b
c
c
d
*
Alto
*
c
c
d
d
d
e
A norma ISO 13849 - 1 é um precioso
auxiliar para o projectista de máquinas,
no estabelecimento de uma estratégia
de segurança coerente e integrada na
concepção das funções de segurança
associadas aos sistemas de comando
das máquinas, e surge da necessidade
de colmatar algumas das limitações
apontadas à EN 954 - 1, nomeadamente, o facto de o seu enfoque determinístico e risco residual ser idêntico
para todas as categorias de comando,
independentemente do grau de risco
associado. Por sua vez, a norma EN ISO
13849-1 baseia-se em aspectos determinísticos e probabilísticos, substituindo as categorias de comando por níveis
de fiabilidade, mas mantendo as cinco
estruturas de SRP/CS que se aplicavam na norma EN 954-1.
Referências
EN ISO 12100 - 1 – Segurança de
máquinas - Análise de riscos.
ISO/FDIS 13849- 1: 2006
Segurança de máquinas – Funções
de segurança associadas aos sistemas de comando das máquinas SRP/CS, Parte 1: Princípios gerais
para o desenho.
T & Q 62-
EN 954 - 1: 1997- 06: Segurança de
máquinas – Categorias de comando.
Figura 7 - Relação entre categorias DC, MTTFd e PL
31
I&D
Dias Lopes
A opção nuclear deve ser discutida em Portugal
sem mais demoras e sem preconceitos!
Ao falar da Energia Nuclear em
Portugal, convinha começar por fazer
uma breve abordagem histórica deste
tema que não tem tido um espaço de
discussão séria no universo Português
e que, por isso, é desconhecido das
gerações com menos de 50 anos. De
facto, esta forma de Energia há muito
que é estudada em Portugal e pena é
que as valências criadas ao longo de
muitos anos se tenham perdido,
porque o tema se tornou tabu durante
cerca de três décadas.
Na velha Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa, faziam-se estudos teóricos sobre o Nuclear, conduzidos pela Professora Branca Edmée
Marques, que fora Assistente de Marie
Curie no Laboratório Curie do Instituto
de Radioquímica em Paris, durante
três anos, onde demonstrou uma
capacidade excepcional para a experimentação nestes domínios e onde fez
o seu doutoramento em 1935 (dois
anos após a morte de Marie Curie).
T & Q 62-63
Regressada a Portugal, forma na
Faculdade de Ciências o Laboratório
de Radioquímica que se tornaria, mais
tarde, no Centro de Estudos de
Radioquímica da Comissão de Energia
Nuclear, órgão de que foi Directora até
ser jubilada. A Professora Branca
Edmée Marques soube rodear-se de
uma excelente equipa, que continuou,
durante muitos anos, o trabalho deixado pelo exemplo desta grande mulher
que parece ter nascido fora do tempo,
pelo menos em Portugal.
A Professora Branca Edmée Marques,
apesar de ter feito o doutoramento
vinte anos antes, passou por todos os
degraus da carreira académica e só
veio a tornar-se Professora Catedrática em 1954. A sua nomeação
acabou por ser oficializada apenas em
1966, aquando da abertura de uma
vaga. Minha Professora nos anos
sessenta - mais precisamente em
1967, um ano após a nomeação como
32
Professora Catedrática -, recordo-a
como uma pessoa de hábitos espartanos, que chegava todos os dias de
eléctrico e era uma referência para
toda a gente e, sobretudo, para o
corpo docente e discente da velha
Faculdade. No Laboratório por ela criado, no Departamento de Química, fazia
experimentação em processos e, no
Programa de Química Inorgânica de
então, ensinava aos alunos como é que
se extraía Urânio do minério que abunda no nosso país, pois fomos durante
anos exportadores desta fonte de produção energética.
Ao tempo, era intenção do Governo
prosseguir os estudos nesta área, de
modo a instalar uma Central Nuclear
que produzisse Energia a custos mais
baixos. Na área Científica, por exemplo,
o Professor Veiga Simão fez o seu
Doutoramento na Área Nuclear.
Há poucos anos houve uma reconversão do que restou do LFEN, entretanto
transformado em INETI. Esta reconversão não contemplou a valência
Nuclear, que se transformou no ITN Instituto de Tecnologia Nuclear, embora com competências mais reduzidas,
relativamente aos anos sessenta. Há
que recordar as valências criadas
antes, o retrocesso dos anos setenta e
o posterior abandono da Opção
Nuclear.
Na SOREFAME e na MAGUE, no final
dos anos sessenta e início dos anos
setenta, foram criadas estruturas
para o projecto e construção de
equipamentos ligados ao nuclear. Tive
a oportunidade de, em 1972, quando
comecei a trabalhar na SOREFAME
como jovem engenheiro, estudar
muitos dos documentos desses projectos. Não quero ser pretensioso ao
abordar este tema, pois não era mais
do que um dos cerca de quatrocentos
quadros superiores que então aí trabalhavam (e, no meu caso, tinha
acabado de sair da Universidade), mas
deu-me a possibilidade de pelo menos
me aperceber que era possível fazer
algo que, na altura, estava no topo da
tecnologia e do conhecimento.
As áreas da Engenharia da Qualidade
tiveram, nesses anos, um avanço significativo em Portugal. A SOREFAME e a
MAGUE investiram, nos seus Quadros,
em Projecto e em meios de fabricação,
valores substanciais que permitiriam
uma aquisição e transferência de
Tecnologia ao nível do que se fazia nos
Países que já detinham essa
Tecnologia.
Mas nem tudo se perdeu nessa altura,
pois a SOREFAME fabricou parte dos
equipamentos para o Programa
Nuclear Francês (e.g., Caixas de
Escape e Corpos de Baixa Pressão,
onde foi necessário inovar ao nível dos
processos de fabricação). Anos antes,
a SOREFAME tinha fabricado e montado uma grande parte da Ponte sobre
o Tejo em Lisboa (na primeira metade
dos anos sessenta).
A OPÇÃO DO NUCLEAR
Nos anos setenta, Portugal detinha
recursos naturais (Urânio e processos
de enriquecimento), conhecimento e
capacidade produtiva, em toda a
cadeia de valor - desde a Física
Nuclear, iniciada cerca de quarenta
anos antes pela Professora Branca
Edmée Marques e continuada pela
sua equipa de Investigação, à capacidade de Produção instalada na SOREFAME e na MAGUE -, sendo, por isso,
capaz de encarar a opção Nuclear,
cujos custos de produção de energia
são, ainda hoje, mais baixos, mesmo
tendo em conta o problema dos resíduos. No entanto, e por razões conjunturais, este projecto foi abandonado há
cerca de trinta anos.
Os restantes países Europeus investiram e continuam a investir nesta
forma de Energia, tendo Portugal ficado para trás, optando pelos investimentos nos recursos fósseis, mesmo
já depois da crise do Petróleo de
1973 - que viria a repetir-se no início
dos anos oitenta - e que fazia antever
uma crise energética a médio prazo.
A
questão
da
segurança
das
Instalações de Produção de Energia
Nuclear não impediu o investimento
maciço da Europa Ocidental e dos
Países do Leste Europeu. Se sobrepusermos um mapa das Instalações
em serviço ainda hoje sobre o mapa da
Europa, pode-se verificar que a nossa
vizinha Espanha tem duas Centrais a
cerca de 50 km de Madrid e, em
França, onde a densidade destas
Instalações é bastante maior, a maioria encontra-se relativamente próxima
dos centros consumidores. Portugal
importou, durante décadas, energia de
França - onde o Nuclear é dominante e
onde havia excedentes de produção.
Será que todos esses países são suicidas, ao instalar nas seus limites territoriais Centrais Nucleares? Seria, no
mínimo, irrealista, pensar que os diversos Países são irresponsáveis. O problema, muitas vezes enunciado, é o de
que a construção de centrais
Nucleares deveria ser feita no litoral,
para permitir a instalação dos sistemas de arrefecimento do vapor
vindo das turbinas, mas que se tratam
de zonas geologicamente de alto risco.
Contudo, o arrefecimento pode ser
feito através de torres comuns, em
Centrais Térmicas, com grande parte
dessa água a operar em circuito fechado.
Hoje, quando a opção Nuclear se torna
cada vez mais uma necessidade, não
só para produzir Energia Eléctrica,
mas também para obter hidrogénio a
baixo custo, tão necessário para
preencher o hiato de outras formas de
energia que representam cerca de
75% do consumo total, seria
necessário começar do zero e, se não
houver cuidado em criar uma fileira (se
a opção passar por uma fracção
Nuclear de 20 ou 25%), à semelhança
do que se está a fazer com a Energia
Eólica, poder-se-á perder mais uma
oportunidade, como muitas outras.
A UE anunciou, através do respectivo
Comissário Europeu para a Energia,
Andris Pielbalgs, que os Países membros devem pelo menos discutir esta
33
T & Q 62-63
Paralelamente, o Governo de então
forma, em Junho de 1954, a Junta de
Energia Nuclear (JEN) e, logo de seguida, em 1955, cria o LFEN - Laboratório
de Física e Energia Nuclear. O primeiro
Reactor Nuclear (ainda hoje activo, foi
recentemente objecto de uma obra de
manutenção para permitir a continuidade do seu funcionamento)
entrou em actividade em 1961 (a obra
fora adjudicada em 1957) e atingiu a
potência máxima de 1 MW, em 1963.
opção nas suas estratégias de produção de energia, por forma a diminuir
as emissões de CO2 e a dependência
de Países e mercados de alto risco.
Se Portugal não o fizer, será mais uma
vez um País adiado nas soluções que
deve tomar, com o devido tempo, e os
exemplos são muitos, como o Alqueva,
o Novo Aeroporto de Lisboa, as
Plataformas Logísticas como o Eixo
Sines - Beja, a rede Ferroviária, ou,
mesmo, repensar o Projecto de Foz
Côa.
Há muitos interesses pessoais e privados, escondidos nos chamados espíritos "verdes" e, se tivermos de esperar
pela Quarta Geração do Nuclear
(ITER), que ainda vai demorar pelo
menos mais quarenta anos até ser
comercializada, vamos pagar bem
caro o atraso sucessivo de resoluções
adiadas, sem ao menos fazermos uma
discussão séria deste problema, facto
que nos fará recuar até níveis de
desenvolvimento dos mais baixos da
OCDE e que irá seguramente hipotecar
o futuro das novas gerações, que
tanto têm sofrido ultimamente com o
desemprego ou a precariedade, sem
objectivos de vida definidos.
mente uma reacção negativa da população e será, no mínimo, considerada
demagógica.
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Se o Governo não quer, por motivos
políticos ou financeiros, iniciar esta discussão, deverá deixar liberdade aos
privados para o fazer e não deverá
obstruir soluções que se venham a
colocar, a curto prazo, acautelando
que os estudos de impacto ambiental,
ou outros, venham a ser realizados por
entidades terceiras (não Nacionais),
pois o nosso sistema actual não é suficientemente independente para o
fazer.
Portugal tem investido, e bem, nas
chamadas Energias Renováveis e deverá fazê-lo até ao limite considerado rentável, i.e., tendo em conta que o apoio
Estatal terá um fim. A aposta nesta
fileira, sobretudo a do Grupo EDP, foi
estrategicamente bem pensada,
dando a Portugal a possibilidade de
criar valor e conhecimento.
Ainda existem muitas outras fontes
por explorar, mas terão de, mais cedo
ou mais tarde, se posicionarem com
as alternativas existentes. Não se
pode, em Portugal, deixar de utilizar os
meios de transporte particulares, pois
qualquer transformação que se opere
neste sector demora, seguramente,
mais de dez anos. Qualquer transformação de fundo que se pretenda no
modelo de transportes usado actualmente pelos Portugueses, ou seja, o
automóvel privado, terá inevitavel-
A União Europeia está pronta a iniciar
esta discussão e o mínimo que devemos fazer é participar nela, pois os
nossos recursos em energia são
reduzidos e totalmente dependentes
de outros Países.
E, ironia do destino, Portugal foi no passado exportador de Urânio e possui
ainda reservas para fazer face ao
potencial consumo.
pub britográfica
END
Liliana Silva
Pedro Barros
Luísa Quintino
Rosa Miranda
Avanços Recentes na Inspecção por
Métodos Não Destrutivos
Neste artigo apresenta-se o estado de
arte destas técnicas, as vantagens e
inconvenientes que cada uma apresenta, bem como exemplos de aplicações
industriais.
Palavras-Chave: Ultra-sons; Transdutor
Acústico Electromagnético - EMAT;
Ondas Guiadas - GW; Tempo de
Percurso da Onda Difractada - ToFD;
Phased Array - PA.
BREVE NOTA HISTÓRICA
Como ensaio não destrutivo e com o
objectivo de verificar a integridade de
materiais, a aplicação dos ultra-sons
data de 1929, quando Solokov e
Mulhauser utilizaram a técnica de
transmissão para a detecção de
defeitos.
A grande revolução dos Ensaios Não
Destrutivos (END) e a sua indiscutível
importância como ferramenta de produção ocorreu durante a 2ª Guerra
Mundial, como resultado do elevado
número de fracturas do tipo frágil dos
navios Liberty, levando à necessidade
de testar e melhorar as propriedades
dos materiais.
Esta exigência resultou numa vasta aplicação dos métodos existentes até
então e impulsionou o aparecimento de
novas técnicas.
É nesta altura que ocorre também o
desenvolvimento dos ultra-sons, quan-
do, em 1940, Firestone desenvolve um
equipamento que já se baseava na
reflexão de impulsos. Desde então, o
crescimento não tem parado, observando-se a utilização de: ondas transversais, ondas superficiais, ensaios de
imersão, ensaios com registo, ToFD,
Phased Array, etc..
Actualmente, os ultra-sons, como
ensaio não destrutivo, são aplicados
com o objectivo de detectar descontinuidades existentes no interior das
peças, o que constitui uma das características que tornam este método bastante vantajoso, quando comparado
com outras técnicas baseadas em
diferentes princípios físicos.
AS TÉCNICAS AVANÇADAS
1.Transdutor Acústico
Electromagnético - EMAT
Tradicionalmente, a técnica de Ultra-sons utiliza um transdutor piezoeléctrico para gerar ondas ultra-sonoras no
material a ensaiar. É aplicada uma corrente eléctrica ao cristal piezoeléctrico,
que é convertida em impulsos mecânicos. Para transmitir este impulso
mecânico à peça, é necessário um elemento acoplante, tal como água, óleo,
glicerina, etc.. A necessidade do
acoplante pode, em alguns casos, inviabilizar a aplicação desta técnica. A técnica de Transdutor Acústico Electromagnético - EMAT apresenta distintas vantagens, permitindo gerar ultra-sons
sem necessitar de estar em contacto
com a superfície do material e sem elemento acoplante, através da interacção
entre o campo magnético e as correntes de Eddy, que são induzidas no
material [1] por meio de um íman e de
uma bobine (Figura 1).
A excitação acústica electromagnética
dos Ultra-sons pode ocorrer através de
dois princípios físicos: a indução de
forças de Lorentz e o efeito
Magnetoestrictivo, ou a combinação de
ambos os elementos [2].
Figura 1 - Ultra-sons utilizando um transdutor piezoeléctrico versus o transdutor
acústico electromagnético
O Transdutor Acústico Electromagnético é composto essencialmente por dois
elementos fundamentais: o elemento
magnético (íman) e uma bobine condutora.
No transdutor acústico electromagnético, segundo a indução de forças de
Lorentz - EMAT Lorentz, a bobine, quando sujeita a uma corrente eléctrica
alternada, produz correntes de Eddy na
superfície do material. Por sua vez, o
elemento magnético permanente produz um campo magnético. A interacção
entre o campo magnético estático e as
correntes de Eddy sujeita o material a
forças de Lorentz, que oscilam com a
mesma frequência e direcção das correntes de Eddy.
As forças de Lorentz provocam colisões
na rede cristalina, produzindo ondas
ultra-sonoras que se propagam em
direcções opostas, no material a ensaiar.
A Magnetoestricção é um fenómeno
que ocorre apenas em materiais ferromagnéticos e consiste na deformação
da estrutura cristalina do material
quando sujeito a um campo magnético.
É com base neste fenómeno que opera
o EMAT Magnetoestrictivo.
O transdutor é composto por uma
bobine circular que, quando sujeita a
uma corrente eléctrica alternada, gera
um campo magnético dinâmico, e por
35
T & Q 62-63
As crescentes exigências, tanto na produção como na manutenção, têm colocado desafios no sentido de desenvolver
técnicas de inspecção não destrutiva
cada vez mais rápidas e fiáveis. De
entre estas, as técnicas de Ultra-sons
têm sofrido desenvolvimentos significativos com a emergência de novas técnicas, como, por exemplo: ElectroMagnetic Acustic Transducer - EMAT, Guided
Waves - GW, Time of Flight DiffractionToFD e Phased Array - PA.
um íman permanente que, por sua vez,
produz um campo magnético estático.
A interacção entre ambos resulta numa
distorção atómica do material, ocorrendo a conversão da energia eléctrica em
energia mecânica [3].
A Figura 2 esquematiza a produção de
ondas Ultra-sonoras através de: a)
Forças de Lorentz e b) Efeito
Magnetoestrictivo.
A técnica de EMAT, além de apresentar
a vantagem de não usar acoplante, não
necessita de limpeza superficial significativa e apresenta-se como uma alternativa eficaz aos ultra-sons convencionais aplicados manualmente, cujo
processo se torna moroso e inviável em
inspecções de grande extensão. Com o
EMAT é possível uma maior velocidade
de ensaio, bem como uma amostragem
de resultados significativamente superior, possibilitando, em muitas aplicações, um controlo de 100% da superfície a inspeccionar.
O design do transdutor, especificamente da bobine, e a direcção do
campo magnético, permitem gerar
diferentes tipos de ondas: longitudinais,
transversais, Rayleigh, superficiais, etc.,
conferindo grande versatilidade à técnica e, consequentemente, diversificando
as aplicações possíveis.
T & Q 62 T
O EMAT é também conhecido como
uma técnica de não contacto. Segundo
o seu princípio de funcionamento, as
ondas ultra-sonoras são geradas no
próprio componente e não no transdutor, permitindo que a inspecção seja
feita sem necessidade de um perfeito
acoplamento sonda-componente.
A aplicação em ambientes hostis, a
temperaturas e pressões extremas,
conferem a esta técnica uma vantagem
comparativamente aos ultra-sons convencionais.
A saturação magnética no componente
a inspeccionar resulta numa diminuição
da amplitude do sinal obtido, o que explica a fraca sensibilidade e a baixa eficiência na detecção dos defeitos. A necessidade de equipamento electrónico
especial e a dependência do tipo de
material a inspeccionar, impõem a esta
técnica restrições que limitam a sua
aplicabilidade e constituem aspectos
importantes para futuros desenvolvimentos.
No que respeita às aplicações, o EMAT
Lorentz tem como finalidade detectar
defeitos do tipo fissuras e corrosão por
picadas - pitting. O EMAT Magnetoestrictivo é, maioritariamente, aplicado na avaliação e dimensionamento da
perda de espessura das paredes dos
tubos de caldeira, por fenómenos de
corrosão e/ou erosão.
É sobre a aplicação do EMAT
Magnetoestrictivo que recaem os mais
recentes desenvolvimentos. Tal como o
ISQ, outras instituições [3] têm-se
debruçado no desenvolvimento da aplicação do EMAT Magnetoestrictivo no
controlo de tubagens em caldeiras. A
tubagem utilizada nas caldeiras vai, ao
longo do tempo de serviço, desenvolvendo uma camada de óxido superficial que
reveste as suas superfícies interna e
externa. Tradicionalmente, esta cama-
Figura 2 - Esquema de produção das ondas ultrasonora
36
da necessita de ser removida de modo
a acoplar convenientemente a sonda,
nos ultra-sons convencionais. A sua difícil remoção torna o processo moroso e,
em consequência, raramente a superfície total dos tubos é inspeccionada.
Com a técnica EMAT Magnetoestrictivo, a presença da camada superficial é
vantajosa para o operador, pois actua
como um elemento activo do EMAT,
usada como forma de propagação/geração dos ultra-sons no componente, evitando o processo de remoção
da camada superficial.
A camada de óxido de ferro é alinhada
ao longo do campo magnético estático,
gerado pelo íman permanente. Por sua
vez, o campo magnético dinâmico
induzido pela bobine provoca a sua
tracção e compressão, ao mesmo
tempo que o transdutor é pulsado pela
corrente eléctrica alternada, produzindo ondas transversais incidentes normalmente à superfície dos tubos, como
se mostra na Figura 3.
O EMAT possui a vantagem de não
necessitar de estar em contacto com a
superfície a inspeccionar, podendo
estar afastado desta, uma vez que o
som continua a propagar-se normalmente à superfície. Isto significa também que o mesmo transdutor pode ser
usado para diferentes diâmetros de
tubagens, sendo independente o seu
posicionamento e a área de contacto,
continuando o som a propagar-se perpendicularmente ao diâmetro do tubo e
eliminando, assim, a necessidade de
múltiplos transdutores para diferentes
diâmetros.
consideráveis em ambas as direcções.
Figura 3 - Inspecção dos tubos de
caldeira
A técnica EMAT tem-se apresentado
como uma alternativa aos ultra-sons
convencionais no controlo de tubos de
caldeira, principalmente por apresentar
consideráveis vantagens em termos de
custos e benefícios técnicos. A flexibilidade deste sistema é mais um ponto a
favor, podendo, conforme a necessidade, ser aplicado através de uma busca
rápida de um valor mínimo da espessura do tubo, sem registo gráfico,
através de uma aquisição de dados
ponto a ponto, com registo gráfico que
representa o perfil da perda de espessura da parede do tubo ou, ainda,
através do mapeamento da perda de
espessura dos tubos que permite obter
uma vista global de toda a caldeira.
Os transdutores emitem ondas longitudinais que, ao encontrarem as paredes
da tubagem, sofrem conversão de
modo, passando a propagar-se ao longo
do tubo ondas longitudinais e transversais. Parte da interferência causada
pelas ondas longitudinais e transversais
é destrutiva e a parte construtiva origina a propagação ao longo do tubo de
uma onda do tipo Lamb (Figura 4).
As ondas guiadas, ao encontrarem uma
superfície de separação de dois meios
com características acústicas diferentes, como seja a superfície de uma
descontinuidade, sofrem reflexão.
Quando detectada, essa reflexão permite posicionar e localizar a descontinuidade na linha de tubagem, como se
esquematiza na Figura 5.
Maioritariamente aplicada à inspecção
de tubagem de elevado comprimento, e
contrariamente aos ultra-sons convencionais, a técnica de Guided Waves permite a detecção de corrosão interna e
externa de tubagens, sem necessidade
de fluido acoplante, nem preparação
superficial, além da necessária para a
colocação do anel, permitindo a
inspecção de 100% da linha.
Tipicamente, é possível, através de uma
única aquisição, a inspecção de cerca
de 25m em ambas as direcções, que
em condições ideais poderá atingir os
100m. Os resultados obtidos com a
técnica de Guided Waves permitem
saber a posição e severidade da indicação, além de permitirem diferenciar
entre indicações concentradas (mais
críticas) e indicações com extensão circunferencial. Quando comparada com
os ultra-sons convencionais, esta técnica possui uma maior velocidade de
inspecção, resultando numa redução
nos custos de inspecção e de programas de manutenção [4].
Como técnica muito recente, enfrenta
ainda a necessidade de desenvolvimentos, no que se refere à sensibilidade aos
defeitos consecutivos. O alcance da
inspecção depende das condições da
linha de tubagem, especificamente do
conteúdo da mesma, do tipo de isolamento e da existência de suportes de
soldadura que reduzem significativa-
2.Guided Waves
A corrosão nas tubagens é um dos
maiores problemas enfrentados pela
indústria petrolífera e outras correlacionadas. A inspecção de grandes
estruturas com os métodos de ultra-sons convencionais é um processo
moroso e extremamente dispendioso.
Considerando que uma parte destas
estruturas se encontra enterrada ou
isolada, o processo convencional torna-se de difícil aplicabilidade.
Figura 4 - Princípio de propagação das ondas guiadas
Esta técnica consiste na colocação de
um anel de transdutores numa linha de
tubagem, que geram, simultaneamente,
ondas longitudinais e torsionais que se
propagam axialmente ao longo da
parede do tubo, percorrendo distâncias
T & Q 62 T
A recente técnica de Guided Waves Ondas Guiadas, tem sido aplicada na
inspecção rápida de longos comprimentos de linhas de tubagem, sendo a principal característica desta técnica a
capacidade de inspeccionar um grande
comprimento de linha, a partir de uma
localização remota, evitando a necessidade do acesso directo a toda a área
de inspecção.
Figura 5 - Propagação das ondas guidas na parede de um tubo
37
mente a propagação da onda sonora e
torna a interpretação dos resultados
pouco fiável. A relativamente baixa sensibilidade a defeitos longitudinais, a
fraca resolução entre defeitos consecutivos, a não detecção de corrosão
abaixo de 5% da perda de material na
secção transversal do tubo e as geometrias complexas, constituem as principais limitações na precisão desta técnica.
Contudo, a capacidade de inspeccionar
linhas em locais de difícil acesso ou
mesmo inacessíveis, torna esta técnica
fortemente aplicável na inspecção das
linhas de tubagem nas refinarias, centrais eléctricas e petroquímicas [5-7].
Devido aos resultados obtidos com a
aplicação desta técnica, têm sido feitos
desenvolvimentos com vista a aplicações específicas. A mais recente
baseia-se na aplicação das Guided
Waves para detecção de defeitos em
tubos de permutadores de calor [7].
Esta variante das Guided Waves apresenta-se como uma ferramenta importante na avaliação destes componentes, pois minimiza a necessidade de
limpeza dos mesmos, resultando numa
redução de custos associados à técnica.
A Figura 6 apresenta esquematicamente a aplicação da técnica de Guided
Waves a tubos de permutadores de
calor.
Neste teste, é inserida uma sonda de
configuração especial no interior dos
tubos do permutador de calor, de modo
a gerar ondas guiadas que se
propagam ao longo do tubo sem a
necessidade de fluido acoplante. Ao
encontrarem alterações na secção
Figura 6 - Esquema do princípio da inspecção de Guided Waves em tubos de permutadores de calor
transversal do tubo, as Guided Waves
são reflectidas e esses sinais são detectados pela sonda e processados em
representação A-Scan. A grande vantagem da utilização desta técnica em
tubos de permutadores de calor é a
rapidez na identificação dos tubos sem
defeitos, a reduzida limpeza necessária,
diminuindo o tempo de paragem do permutador e, consequentemente, os custos associados à inspecção [7].
3.ToFD - Time of Flight Diffraction
A técnica baseada no Tempo de
Percurso da Onda Difractada (Time of
Flight Diffraction - ToFD) prosperou no
âmbito dos END, devido à falta de precisão no dimensionamento dos defeitos,
apresentada pelas técnicas convencionais de eco-pulsado. A técnica ToFD
foi desenvolvida pelo Dr. Maurice Silk
em 1970 [8] com o objectivo de
melhorar a detecção, precisão no
dimensionamento e localização dos
defeitos [9].
O ToFD baseia-se na medição do tempo
de percurso das ondas difractadas
pelas extremidades do defeito, de modo
a determinar a sua profundidade no
material. Nesta técnica é utilizado um
conjunto de duas sondas, funcionando
um transdutor como emissor e outro
como receptor, mantendo entre ambos
uma distância fixa. Devido a este posicionamento e à configuração emissão-recepção, são gerados três sinais: o
primeiro - a onda lateral causada pela
propagação do som entre o transdutor
emissor e o receptor e que se propaga
à superfície do material; o segundo sinal
corresponde ao primeiro eco de fundo
causado pela reflexão directa da onda
longitudinal; e o terceiro sinal corresponde ao eco de fundo da onda transversal, originado pela conversão de
modo na superfície oposta. Quando
existe um defeito, o sinal aparece na
linha base de tempos, entre a onda lateral e o eco de fundo da onda longitudinal.
T & Q 62 T
Na Figura 7 está representado o sinal
típico na inspecção ToFD.
Figura 7 - Representação D-Scan, na inspecção de uma soldadura com chanfro em X de
acordo com o software TDScan.
38
Quando o impulso sonoro incide num
defeito, ocorre difracção da energia nas
extremidades da descontinuidade, adicionalmente à reflexão normal. Esta
difracção surge segundo uma vasta
gama de ângulos, o que permite ser
Medir a amplitude dos sinais reflectidos, como método de dimensionamento
dos defeitos, é um processo pouco eficiente, uma vez que a amplitude do sinal
é fortemente dependente da orientação
do defeito. Contrariamente aos ultra-sons convencionais, a técnica ToFD
apresenta-se como uma técnica de elevada precisão no dimensionamento e
localização das descontinuidades. Em
vez da amplitude, o ToFD utiliza o tempo
de percurso do feixe sonoro para determinar a posição da descontinuidade. A
profundidade do defeito é calculada
através de simples trigonometria,
conhecendo o tempo de percurso da
onda longitudinal e a distância entre
sondas, e é uma das vantagens da aplicação desta técnica.
Figura 8- Disposição das sondas na técnica ToFD
Uma vez que não recai na energia
reflectida pelos defeitos, o ToFD é independente da amplitude do sinal e, consequentemente, não é susceptível às
condições da superfície e do acoplante,
como nos ultra-sons convencionais. O
ToFD apresenta a vantagem de ser altamente sensível aos vários tipos de
defeitos, incluindo pequenas descontinuidades como porosidades, independentemente da sua orientação relativamente ao ângulo nominal da sonda e
com elevada precisão no dimensionamento. Além das vantagens já apresentadas, a aplicação da técnica ToFD permite uma elevada velocidade de
inspecção com visualização dos dados
em tempo real e é aceite, segundo a
norma ASME code case 2235, como
alternativa à Radiografia Industrial, na
inspecção de soldaduras em reservatórios de pressão [12].
Contudo, apesar da elevada sensibilidade aos defeitos, a técnica ToFD apresenta limitações na detecção de
defeitos localizados nas superfícies
interna e externa, devido à existência de
zonas mortas da onda lateral e do eco
de fundo, que podem ocultar as descontinuidades. A interpretação dos resultados apresenta-se, em alguns casos, de
difícil análise, sendo necessário um
operador experiente. A difícil aplicabilidade em geometrias complexas e em
materiais que apresentam anisotropia
acústica, como é o caso dos aços inoxidáveis, associado ao baixo nível sinal-ruído, conferem à técnica limitações a
ter em consideração.
O ToFD é, actualmente, uma das técnicas de END mais utilizadas no controlo
de soldaduras, tanto na construção
como na manutenção, com o objectivo
de detecção e dimensionamento de
defeitos [12, 13].
Figura 9 - Disposição das sondas na aplicação conjunta da técnica ToFD e Phased
Array simultaneamente
Figura 10 - Precisão na detecção
De modo a ultrapassar as limitações e
compreender as necessidades de um
mercado cada vez mais exigente, tem
sido desenvolvida a aplicação da técnica
ToFD simultaneamente com a mais
recente técnica de Phased Array [14-17]. Obviamente, como técnica de
ultra-sons, o Phased Array apresenta
as mesmas limitações que o ToFD,
embora a sua principal vantagem seja a
capacidade de focalizar o feixe sonoro
num determinado ponto ou a uma
determinada profundidade, aumentando assim a probabilidade de detecção e
a precisão no dimensionamento.
A aplicação da combinação ToFD/Phased Array na inspecção de soldaduras
em tubos de elevado diâmetro [17]
demonstrou um aumento na probabilidade de detecção e dimensionamento.
Como se mostra na Figura 9, nesta aplicação as sondas ToFD são colocadas
junto às sondas Phased Array.
A Figura 10 evidencia uma maior probabilidade na detecção dos defeitos aplicando a combinação ToFD/Phased
Array [14 - 17].
Além disso, enquanto o ToFD apresenta
uma excelente precisão no dimensionamento da altura dos defeitos, o Phased
Array proporciona a localização e distribuição dos defeitos, necessárias para
a caracterização dos mesmos. Esta
combinação demonstrou uma redução
no tempo de sondagem, maior precisão
no dimensionamento e probabilidade de
detecção dos defeitos próxima de
100% [18].
Phased Array
A maioria das técnicas de Ultra-sons
convencionais usam sondas com um
único cristal e feixes divergentes.
Apenas em alguns casos se utilizam
sondas de dois cristais ou sondas de
um cristal mas com lentes focalizadas,
de modo a reduzir a zona morta da
sonda e aumentar a resolução na
detecção dos defeitos [19, 20]. Em
ambos os casos, o campo ultra-sonoro
propaga-se ao longo do meio com apenas um ângulo de refracção. Um único
ângulo de varrimento limita a capacidade de detecção e dimensionamento
dos defeitos (Figura 11).
A técnica Phased Array diferencia-se
dos Ultra-sons convencionais na forma
39
T & Q 62 T
detectada pela sonda, apesar da fraca
amplitude do sinal [11].
como é gerada a onda ultra-sonora.
Assumindo que o monocristal convencional é cortado em vários elementos e
que cada elemento tem uma largura
superior ao seu comprimento, cada um
desses pequenos cristais é excitado
individualmente com um tempo diferente, controlado electronicamente,
considerando como uma fonte linear de
Figura 11 - Ultra-sons utilizando um
único ângulo de refracção versus sonda
de multi-elementos
Figura 12 - Disposição posicional dos
cristais na técnica de Phased Array
Figura 13 - Aplicação das Leis de Atraso
de modo a focalizar o feixe num dado
ponto
T & Q 62 T
Figura 14 - Tipos de Focalização
ondas cilíndricas. As frentes de onda
desse conjunto acústico vão interferir
construtivamente e gerar uma frente
de onda.
O conceito do Phased Array consiste na
utilização de transdutores constituídos
por multi-elementos com a capacidade
de direccionar e focalizar o feixe sonoro,
sendo possíveis múltiplos ângulos focalizados num ponto ou numa zona, a partir de um único transdutor [21]. Este
transdutor pode apresentar diferentes
formas (Figura 12).
O Phased Array tem a capacidade de
excitar sequencialmente os elementos
ou grupo de elementos em diferentes
intervalos de tempo conhecidos como
'delays' ou atrasos. A excitação dos
impulsos desfasados no tempo propaga-se segundo uma frente de onda na
direcção desejada no material [20-22].
A utilização de software apropriado permite definir ângulos e/ou pontos focais,
designados por Leis de Atraso (Delay
Laws) ou Leis Focais (Focal Laws).
O facto de se excitar individualmente
cada transdutor permite gerar, dentro
de certos limites, com uma mesma
sonda, diferentes ângulos, diferentes
pontos focais, diferentes aberturas de
feixe e aumentar ou diminuir o campo
próximo. Desta forma pode-se, numa
mesma inspecção, utilizar ferramentas
que não estão disponíveis no controlo
tradicional, como sejam a alteração do
ponto focal e/ou do ângulo de incidência do som no componente. A Figura 14
apresenta os diferentes tipos de focalização possíveis na técnica Phased
Array.
Aplicando diferentes leis de atraso em
cada ciclo, é possível que o feixe sonoro
varra uma série de ângulos - designado
Figura 15- Varrimento electrónico, Sectorial e focalização do feixe
40
por Varrimento Sectorial (Sectorial
scanning) - ou através da utilização de
um único ângulo, mas ao longo de todo
o comprimento do transdutor - designado por Varrimento Electrónico
(Electronic scanning) [19-24], (Figura
15). A conjugação de todos estes
aspectos do Phased Array permite controlar electronicamente o Campo
Sonoro.
O Phased Array tem a vantagem de
apresentar os resultados em tempo
real e segundo diversas representações, como A-Scan, B-Scan, C-Scan,
D-Scan e a particular S-Scan, única do
Phased Array. A representação S-Scan
(Sectorial ou azimutal scan) consiste na
representação 2D de todos os A-Scan,
corrigidos no tempo e segundo o ângulo de refracção, permitindo visualizar a
posição real das descontinuidades. A
possibilidade de visualização constitui
uma mais valia na correcta detecção e
localização das descontinuidades [23,
24].
Outra vantagem face aos ultra-sons
convencionais, consiste nas ferramentas de simulação desenvolvidas para
aplicação desta técnica. O software
CIVA® - Software de simulação para
ensaios não destrutivos, permite simular todo o processo de inspecção, desde
a definição dos parâmetros de
inspecção, à modelação do feixe sonoro
e zona varrida pelo mesmo, bem como
a computação das Leis de Atraso [23] e
as respostas dos possíveis defeitos
detectados, antes de ser aplicado em
obra. Este software constitui uma ferramenta importante na aplicabilidade do
método, permitindo uma maior compreensão dos sinais obtidos em campo.
A conjugação da grande quantidade de
dados adquiridos a elevadas velocidades de inspecção com a capacidade
de, com apenas uma sonda, produzir
diferentes ângulos, confere à técnica
maior precisão na detecção e uma
maior produtividade relativamente aos
ultra-sons convencionais.
O Phased Array é um método de ultra-sons que necessita de operadores
qualificados e experientes. Como técnica recente, apresenta ainda um défice
de normalização na aplicação da
própria técnica. Inevitavelmente, são
necessários desenvolvimentos, com
vista a potenciais novas aplicações.
Figura 16 - ITER
sua aplicabilidade na inspecção de
geometrias complexas (Fig.17).
CONCLUSÃO
Figura 17 - Simulação efectuada no controlo das soldaduras por Phased Array
A capacidade de detectar pequenos
defeitos lineares e/ou inclusões
volumétricas confere à técnica uma
enorme possibilidade de aplicações.
Essencialmente aplicada no controlo de
soldaduras em tubagens, reservatórios
de pressão ou tanques de armazenagem, o Phased Array tem comprovado uma elevada eficiência e fiabilidade
de resultados, bem como uma elevada
capacidade na detecção de descontinuidades. Recentemente, o ISQ desenvolveu um estudo preliminar na aplicação do Phased Array no controlo das
soldaduras do reservatório de pressão
do reactor do projecto ITER [24]. O ITER
é um projecto de I&D internacional que
consiste no desenvolvimento de um
reactor para produção de Energia
baseado na fusão nuclear (Fig.16).
O estudo realizado pretendeu definir as
tarefas necessárias ao desenvolvimento de um procedimento automático no
controlo das soldaduras em aço inoxidável que compõem o reservatório de
pressão. Nas simulações efectuadas, o
Phased Array apresentou uma elevada
capacidade na detecção dos defeitos
internos neste tipo de soldadura, com
uma espessura de 60mm, bem como a
O Controlo Não Destrutivo tornou-se um
instrumento vital na engenharia moderna, contribuindo significativamente para
um aumento da segurança e fiabilidade
e, consequentemente, convergindo
para uma redução dos custos de produção e manutenção.
Nos últimos anos tem-se assistido a um
crescente desenvolvimento de técnicas
baseadas em princípios físicos já conhecidos e utilizados no controlo não
destrutivo convencional. Os avanços
informáticos registados nos últimos
anos no desenvolvimento de software
de apoio às técnicas, bem como o
desenvolvimento de simuladores, têm
impulsionado esta área importante da
engenharia que, ao longo dos anos, tem
sido continuamente melhorada, com o
objectivo de aumentar a eficiência da
inspecção, conjuntamente com a fiabilidade, maior rapidez e menor custo.
Paralelamente, têm sido desenvolvidos
métodos e equipamentos, particularmente sondas, que reduzem as limitações conhecidas dos ultra-sons convencionais, nomeadamente na localização e dimensionamento de defeitos,
bem como em materiais difíceis de
inspeccionar como os aços inox
austeníticos.
As técnicas apresentadas e discutidas
neste artigo estão em franco desenvolvimento e apresentam um forte
potencial de inserção industrial.
1 PARK, Ik, KIM, Yong, LEE, Jin-Hyuk - Non-Contact evaluation of thickness reduction of
plates and pipes using EMAT-generated guided wave; IV
Conferencia Panamericana de END, Buenos Aires Outubro 2007, pág. 1-7.
2 G.J. Nakoneczny et. al; - Application of EPRI/B&W developed EMAT systems for assessing boiler tubes"; Int.
Conference on Life Management and Life Extension of
Power Plant, Xi'an, P.R. China, Maio 2000, pág. 1-3.
3 BOYNARD, César, LOPES, Eduardo, ESTANISLAU, Sandra
- Tecnologia EMAT ao serviço da inspecção em Tubos de
Caldeira. Revista Tecnologia & Qualidade Série III, Nº 56,
ISQ, Abril/Junho 2006, pág. 7-10.
4 DEMMA, A; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC. B.- Testing of
Buried Pipelines Using Guided Waves; 3rd MENDT Middle East Nondestructive Testing Conference &
Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-7
5 VOGT, T; ALLEYNE, D;. PAVLAKOVIC, B.- Application of
Guided Wave Technology to Tube Inspection; 9th
European Conference on Non-Destructive Testing,
Working paper No. Th.3.1.5, Berlin, Novembro 2006,
pág 1-8.
6 DEMMA, A; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC. B.- Testing of
Buried Pipelines Using Guided Waves; 3rd MENDT Middle East Nondestructive Testing Conference &
Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-7.
7 VOGT,T; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC, B.- Application of
Guided Wave Technology to Tube Inspection; 9th
European Conference on Non-Destructive Testing,
Working paper No. Th.3.1.5, Berlin, Novembro 2006,
pág 1-8.
8 CHARLESWORTH, J. P., TEMPLE, J. A. - Engineering
Applications of Ultrasonic Time-of-Flight Diffraction,
Second Edition. Ed. Research Studies Press Ltd, 2001,
ISBN 0 86380 239 7, pág. 2-10.
9 SHITOLE, N., ZAHRAN, O. NUAIMY, W. - Combining fuzzy
logic and neural networks in classification of weld defects
using ultrasonic time-of-flight diffraction; 45th Annual
British Conference on NDT, Insight Vol 49 No 2,
Fevereiro 2007, pág. 74-97.
10 AGR Field Operations, United Kingdom
11 MARTINEZ-OÑA, Rafael, VIGGIANIELLO, Sylvain, BLEUZE,
Alexandre - On Qualification of TOFD Technique for
Austenitic Stainless Steel Welds Inspection; 9th
European Conference on Non-Destructive Testing,
Working paper No. Tu.2.3.3, Berlin, Novembro 2006,
pág 1-7.
12 SUBBARATNAM, R; VENKATRAMAN, B; RAJ, B - Time of
Flight Diffraction - An Alternative to Radiography
Examination of Thick Walled Stainless Steel Weldments;
12th A-PCNDT 2006 - Asia-Pacific Conference on NDT,
New Zealand, Novembro. 2006, pág. 1-7.
13 SHIROSHITA, S.; YOKONO, Y. - A Flaw Sizing Technique for
Austenitic Stainless Steel Welds using Creeping Wave
Probe; 12th A-PCNDT 2006 - Asia-Pacific Conference on
NDT, New Zealand, Novembro 2006, pág. 1-8.
14 Quimby, R. - Practical limitations of TOFD on power station main steam pipework; Insight Vol 48 No 9, NDT in
Power Generation, Setembro 2006, pág. 559-563.
15 Development of Advanced Ultrasonic Inspection System
for High Energy Steam Piping; Principal Research
Results, Janeiro 2006, pág. 12,13.
16 Moles, M., Labbé, S. - Ultrasonic Inspection of Pressure
Vessel Construction Welds using Phased Array; 3rd
MENDT - Middle East Nondestructive Testing Conference
& Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-17.
17 Fukutomi, H., Lin, S. and Nitta, A. - Ultrasonic examination
of type IV cracking in high energy steam piping using
ToFD and Phased Array techniques; Central Research
Institute of Electric Power Industry, Tokyo, Japan, 2006,
pág. 1-8.
18 Penso, J., Owen, R. and Oka, M. - ToFD Automatic
Ultrasonic Testing for condition Monitoring of Coke
Drums - Simultaneous Acquisition and Analysis for the
Flaw Propagation Monitoring by Phased Array and ToFD;
2003 ASME Pressure Vessels & Piping Conference, pág.
1-8.
19 R/D Tech - Basic Concepts of Phased Array Ultrasonic
Technology. R/D Tech Guideline; Agosto 2004, pág 6-19.
20 R/D Tech - Main Concepts of Phased Array Ultrasonic
Technology. R/D Tech Guideline; Agosto 2004, pág. 528.
21 NEL, Mark - Ultrasonic Phased Arrays: An Insight into an
Emerging Technology; Proc. National Seminar on NonDestructive Evaluation Dezembro, 2006, Hyderabad, pág.
1-4.
22 REINERSMANN, Jörg - Phased Array technology for standard ultrasonic testing; 3rd MENDT - Middle East
Nondestructive Testing Conference & Exhibition, 2005,
pág. 1-8.
23 LE BER, L, ROY, BENOIST, P., - Ultrasonic Phased Array
inspection modeling with CIVA: reconstruction and simulation of data, M2M - CEA, France, pág. 2-7.
24 MOLES, M.; FORTIER, G. - Phased Array for Pipelines Girth
Weld Inspection; IV Conferencia Panamericana de END,
Buenos Aires, Outubro 2007, pág. 1-9.
41
T & Q 62 T
Referências
Nova Delegação em Loulé
Dia das Edificações
Foram inauguradas as novas instalações da
Delegação do ISQ em Loulé, no passado dia 13 de
Novembro. A cerimónia de inauguração contou com
a presença de vários colaboradores e da
Administração do ISQ.
Decorridos três anos sobre a constituição da Área de Edificações, perfilou-se como fundamental efectuar o balanço da experiência vivida e,
paralelamente, projectar uma estratégia futura.
Seminários ISQ
Segurança Industial - Directiva ATEX
Nos dias 16 e 30 de Setembro, no ISQ - Grijó, e no dia 28
de Outubro, no ISQ – Oeiras, realizaram-se os seminários
sobre a temática “Segurança Industrial - Directiva ATEX”.
Estes eventos contaram com a presença de 104 participantes, entre os quais representantes de empresas de
vários sectores da indústria e de organismos públicos de
referência nas áreas da Segurança e do Ambiente,
nomeadamente, a Autoridade para as Condições de
Trabalho (ACT) e a Inspecção-Geral do Ambiente e do
Ordenamento do Território (IGAOT).
Estes seminários visaram sensibilizar o público para a
necessidade de dar resposta à implementação do Decreto-Lei nº. 236/2003 de 30 de Setembro - Transposição
da Directiva 1999/92/CE de 16 de Dezembro -, que
estabe-lece as regras de protecção dos trabalhadores
contra os riscos de exposição a atmosferas explosivas,
assim como divulgar a actividade do ISQ neste domínio.
T & Q 62 T
Na primeira parte deste evento foram abordados os requisitos que as empresas terão de cumprir para dar resposta à legislação, seguindo-se a apresentação de alguns
exemplos práticos de aplicação. Foram explicitadas a abordagem, metodologia e as ferramentas adoptadas pelo ISQ,
bem como as medidas de prevenção e protecção a implementar, por forma a minimizar o risco de explosão.
Atendendo ao interesse demonstrado por esta temática, é
objectivo do ISQ levar a cabo iniciativas semelhantes,
alargando-as a outros potenciais interessados.
42
O Dia das Edificações, evento que decorreu no passado dia 11 de
Novembro e contou com um elevado número de participantes, constituiu um espaço aberto para o conhecimento desta Área de actividade,
permitindo a divulgação do conjunto de serviços actualmente disponibilizados junto dos Convidados – Clientes, Organizações e Instituições
Públicas e Privadas, Empresas participadas pelo ISQ, outras Áreas do
ISQ.
Após o enquadramento efectuado pela Administração do ISQ, o Director
da Área, Eng.º António Vilarinho, fez uma introdução genérica da actividade das Edificações, que precedeu as apresentações feitas por cada
um dos responsáveis dos diversos serviços nela englobados: Gás, Águas
e Saneamento - Análise de Projectos e Redes de Utilização - Redes de
Distribuição e Águas e Saneamento - Redes de Transporte e Trabalhos
Especializados; Núcleo de Inspecções a Instalações Eléctricas e de
Telecomunicações - Análise de Projectos e Inspecções Eléctricas Certificação de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios;
Certificação Energética e Inovação.
No âmbito do desenvolvimento estratégico que se pretende no futuro, foi
dado especial ênfase ao tema “A Qualidade e Gestão de Processos”,
dando a conhecer um modelo conceptual de Gestão de Processos aliada
à Qualidade, modelo que se reputa como determinante para uma eficaz
gestão, potenciando o crescimento da área de uma forma equilibrada e
sustentada e que, decerto, criará alicerces sólidos para que as
Edificações avancem de forma consistente para a internacionalização,
alinhando desta forma com a estratégia de crescimento além fronteiras
do ISQ.
No final do dia, os participantes confraternizaram, festejando o Dia de S.
Martinho.