TÍTULO DO RESUMO
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TÍTULO DO RESUMO
Patricia Bronislawski (PET-Letras - UNICENTRO), Mariana Sbaraini Cordeiro (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Humanas, Letras e Artes/Guarapuava - Paraná Tradução; visibilidade do tradutor; Tom Sawyer; estudos da Tradução. !" Ao traduzir uma obra literária, o tradutor deve optar por deixar o texto fluente na língua-alvo - tradução domesticadora, segundo Venuti (1996) - ou preservar os aspectos estrangeiros presentes no texto original (tradução estrangeirizadora). Para identificar as escolhas usadas por tradutores brasileiros, compara-se obra The adventures of Tom Sawyer, de Mark Twain, e as versões de Monteiro Lobato (1980) e de Duda Machado (2004). #$ "% &'" A tradução é a passagem de um texto de uma língua fonte para uma línguaalvo. A definição é simples, mas esse contexto gera muitas discussões, pois nem sempre é possível traduzir fielmente um texto – o que gera um mito de que o texto traduzido é sempre inferior ao original. Segundo Lefevere, existem duas concepções populares sobre a tradução que diminuem sua real importância: a obra deve ser lida no original, se não existem perdas; o autor é visto como um gênio intocável, e, por isso, nada no seu texto pode/deve ser alterado (RODRIGUES, 2000). A discussão sobre traduzibilidade se amplia quando o texto passa a ser visto como uma estrutura dinâmica, em que o significado é construído através do contexto e do sentido de cada uma das palavras. O texto também não é mais visto como uma estrutura isolada, mas é vinculado a aspectos culturais e ideológicos. Algumas situações exigem a interferência do tradutor (que possui poder de decisão e transformação) e a escolha de uma entre várias alternativas de tradução apropriadas. Segundo a Teoria da Invisibilidade do tradutor (Venuti, 1996), ele deve escolher entre uma versão fluída, conhecida como domesticadora em que seu papel é invisível e se aproxima das características textuais e culturais da língua alvo – preferida pelo mercado editorial – ou deixar que o texto pareça estrangeiro, deixando visíveis as características do autor original e do tradutor (conhecida como tradução estrangeirizadora). Nesse processo existe uma grande influência Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 da ideologia, do contexto e do mercado editorial, que, na maior parte das vezes, determina o que e como será traduzido. Com base na Teoria da Invisibilidade, este trabalho objetiva analisar a estratégia usada por dois tradutores brasileiros – Monteiro Lobato e Duda Machado – para traduzir as falas do personagem Injun Joe, do livro The Adventures of Tom Sawyer, de Mark Twain. As falas originais do personagem apresentam algumas gírias, expressões, aspectos culturais e traços de oralidade que não possuem correspondentes diretos em português. Diante disso, questiona-se: o tradutor deve adaptá-las para o padrão culto? Deve substituir as expressões originais para expressões de seu país? $ ( ( )$"%" Para identificar as estratégias de tradução usadas por autores brasileiros, traça-se uma análise comparativa da obra The adventures of Tom Sawyer, de Mark Twain, e as versões de Monteiro Lobato (1980) (primeira tradução publicada em 1971) e Duda Machado (2004). As falas do índio Injun Joe são o foco principal, pois nelas são encontradas gírias, regionalismos e características específicas da fala que nem sempre podem ser traduzidas fielmente. $ %" ( '" A obra The Adventures of Tom Sawyer é de grande importância na literatura norte-americana, principalmente devido a sua capacidade de descrever cenas cotidianas de vilarejos à margem do rio Mississipi, comuns na infância do autor, Mark Twain. Essa ligação com o cotidiano é facilmente percebida nas falas dos personagens, que poucas vezes utilizam a linguagem culta. É possível perceber, por meio das representações, aspectos culturais desse contexto como o papel social do negro e do índio, os métodos educativos, a religião, os costumes. Ao traduzir essa obra para o português, o tradutor precisa optar por manter as características estrangeiras para o leitor brasileiro, na chamada tradução estrangeirizadora, ou adaptá-las à cultura local, na chamada tradução domesticadora. Injun Joe, o personagem analisado neste trabalho, é um índio que busca vingança de todos aqueles que o trataram mal. É possível perceber aspectos culturais em sua fala que não correspondem à cultura brasileira, como quando Joe exclama "No! by the great sachem, no!" (TWAIN, 1903, p. 247). Sachem é um termo que se refere aos chefes indígenas norteamericanos, sem correspondente direto ao contexto brasileiro. Monteiro Lobato, em sua versão, preserva o termo - porém sem explicar seu contexto cultural: "Não, pelo grande Sachem, não!" (TWAIN, 1980, p. 114), enquanto Duda Machado substitui a palavra por termos conhecidos dos leitores brasileiros: "Não, por todos os meus antepassados, não." (TWAIN, 2004, p. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 162). Essas escolhas, vistas por meio da Teoria da Invisibilidade de Venuti, mostram a tendência de um tradutor a utilizar a tradução estrangeirizadora, e outro, a domesticadora. Outro exemplo das escolhas dos tradutores é para traduzir o termo pard (maneira informal de chamar um companheiro, parceiro, sócio), na fala de Joe: “Pard, there’s thousands of dollars here,” (TWAIN, 1903, p. 246). Enquanto Duda Machado traduz como “Parceiro, aqui tem milhares de dólares” (TWAIN, 2004, p. 162), Lobato modifica o vocativo por um vocábulo que representa relações culturais tipicamente brasileiras: “Compadre, há milhares de dólares aqui!” (TWAIN, 1980, p. 114). É necessário destacar que as traduções correspondem a períodos diferentes tanto para a literatura quanto para a tradução no Brasil – o que influencia o estilo de escrita e vários vocábulos usados pelos tradutores. *"# + Alguns elementos nas falas de Injun Joe não possuem correspondente direto em português – o que exige uma interferência do tradutor, ou para causar o estranhamento comum nas traduções estrangeirizadoras ou para um texto mais fluido, como na domesticadora. Analisando as traduções, é possível perceber que, apesar de tratarem da mesma história, possuem algumas características diferentes, que refletem o estilo de escrita do tradutor e o contexto da tradução. Os dois textos, de maneiras distintas, procuram aproximar a história de Twain ao leitor, evitando expressões estranhas ou que quebrem a fluidez do texto. Alguns aspectos nos dois textos são diferentes do texto original, como a forma de linguagem usada nas falas. Nos textos em português, não existem referências à linguagem falada, que normalmente apresenta coloquialismos, expressões e desvios da norma padrão, pois o texto todo está na norma culta da gramática. , -# ( BERMAN, Antoine. A Tradução e a letra, ou O albergue do longínquo. Tradução: Marie-Hélène Catherine Torres, Mauri Furlan, Andréia Guerrini. Rio de Janeiro: 7letras/PGET, 2007. BOHUNOVSKY, Ruth . A (im)possibilidade da 'invisibilidade' do tradutor e da sua 'fidelidade': por um diálogo entre a teoria e a prática. 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