mobilidade - mdm - Converge Comunicações
Transcrição
mobilidade - mdm - Converge Comunicações
EMBRATEL ENTREVISTA: João Bruder – IDC Brasil MOBILIDADE - MDM MOBILIDADE - MDM Em entrevista, João Bruder, Coordenador de Telecomunicações da IDC Brasil relata os principais temas relacionados à Mobilidade Quais as principais tendências em mobilidade corporativa no Brasil? Quais as prioridades de investimento dos CIOs nessa área? João Bruder: Especificamente sobre planos de investimentos, em 2013 perguntamos a 300 CIOs no que eles iriam investir no ano seguinte. A soma dos que investiriam “muito” ou “médio” em consumerização chegou 51%. Isso significa uso de dispositivos para acessar aplicações corporativas. É um patamar bom diante de outras tecnologias. Há uma expectativa de investimento um pouco maior em PCs, que envolve desktops, notebooks e tablets. Mas está acima de muitas outras. Qual é a mensagem? É que, quando perguntamos ao CIO no que ele vai investir em TI, ele diz que será em dispositivos móveis. Não fizemos uma pergunta detalhando o que será investido em mobilidade, e sim no que será investido em geral, ou seja, em impressoras, servidores, redes ou dispositivos móveis. As opções de resposta foram “não vou investir”, “vou investir pouco”, “médio” e “muito”. Não tem detalhe dessas intenções. O que sabemos é que os investimentos serão majoritariamente em smartphones. Tablets ficam bem mais distantes. O fato de 51% dizerem que irão investir medianamente ou muito é um bom resultado. O investimento em si tem a ver com a aplicação que será usada no device. Nas suas perguntas seguintes, você menciona custo caro do device, mas isso é meio complexo, porque não existe caro ou barato, existe percepção de caro e barato. Um gasto de R$ 1 mil a R$ 1,5 em um smartphone é caro? Você tem de pensar sob a ótica da aplicação que estará nesse device. Se você quer que uma pessoa seja alcançável, para você falar com ela, de fato, um telefone simples, que custa muito mais barato, já resolve. Então, o smartphone parece caro. Mas quando se coloca isso sob um contexto de: “o smartphone vai permitir, automação de força de vendas, do time de campo”, quando se coloca um device que custa R$ 1 mil ou um tablet de R$ 3 mil no contexto de que ele vai fazer a operação ser mais eficiente, que vai diminuir o tempo de deslocamento, que o técnico conseguirá fazer 14 visitas por dia ao invés de 12, há um ganho de produtividade que paga muitas vezes o device. É com certeza o business case. A conta fecha. E o que é preciso para isso? É preciso mais conhecimento do mercado, sobre tudo. As empresas têm de conhecer melhor o ecossistema de aplicações móveis corporativas e quem pode ajudá-las, quais são os riscos, como minimizar esses riscos, o que fazer ou deixar de fazer com cada coisa. Quanto a essa questão de preço do dispositivo, como você vê a tendência de BYOD (sigla em inglês para “traga seu próprio dispositivo”), considerando que muitas empresas podem ver isso como alternativa para redução de custos de aquisição e manutenção de aparelhos? João Bruder: BYOD é uma coisa bacana que facilita e, ao meu ver, não tem vítimas. Teoricamente, se você escolhe seu dispositivo, você fica feliz porque teve o poder de escolha. Você o usa melhor porque está acostumado a usar aplicativos que seguem a mesma linha de raciocínio e de interação com o dispositivo. Você pode fazer as coisas mais rapidamente uma vez que sabe que, para responder e-mail, por exemplo, clica ali, aperta lá, seleciona ali. O seu dispositivo também tem a sua rede social, as suas mensagens. Você fica com ele por mais tempo, à noite e no fim de semana. Se algo no trabalho necessitar de sua atenção, sua reação será mais imediata, porque a chance de estar perto de seu telefone é maior do que de um telefone da empresa. Claro que quando o telefone é da empresa ela sempre pode, entre aspas, “mandar” que você fique com ele o tempo todo, mas há dificuldades aí. E não vejo como grande apelo o BYOD como estratégia de economia do custo do device em si. Porque a aplicação que terá no seu business case é que vai dar o retorno. Tirar o custo do aparelho é somente um dos elementos da equação. Irá diminuir uma barreira de entrada, mas é apenas uma das barreiras. Uma empresa que não tem nada de mobilidade terá de contratar alguém para desenhar processos, outro para desenvolver aplicação móvel, e esse alguém pode ser de desenvolvimento interno ou via operadora, integrador, parceiro de rede, tanto faz. Ele vai por a mão no bolso para desenvolver a aplicação móvel, comprar servidores, storage, pagar consultoria, design gráfico etc. Não é a economia com devices que vai fazer a chave virar ou deixar de virar. Vejo BYOD como uma coisa a mais que as empresas permitem aos funcionários porque vai facilitar a vida deles. As empresas brasileiras avançaram no uso da mobilidade em prol dos processos de negócios? Ou ainda estão muito atrasadas em relação a mercados mais maduros? João Bruder: As duas coisas são verdade. Avançamos, sim, mas ainda estamos atrás de mercados mais maduros. A média de mobilidade é de um terço, ou seja, 29% têm um device móvel que usam para fins de trabalho. Estou falando de device pago pela empresa, em que a empresa paga a conta, isso não inclui o BYOD. Esse número varia entre as empresas. Perguntamos “quanto por cento da sua força de trabalho você mobiliza?”, e uma diz 15%, outra 40%, outra 25%. Na média, deu 29%. Então, praticamente um terço da força de trabalho já conta com mobilidade. É um patamar não desprezível, mas ainda tem muito chão pela frente. As empresas estão proativas em suas estratégias de mobilidade? Ou estão a reboque da explosão da mobilidade no País? Qual a importância do relacionamento com a operadora móvel no desenho das estratégias móveis das empresas? João Bruder: Acho que estão mais a reboque da mobilidade, não é algo que a empresa pensou. Acho que um grande driver disso são os aplicativos de pessoa física. Você anda na rua, no ônibus, no metrô e todos estão mexendo em algum aplicativo, o tempo todo. Quando as pessoas já têm e estão acostumadas com o device, fica mais fácil para o empresário pensar em como usar isso, no que a pessoa pode fazer em lugar de ficar usando joguinhos no dispositivo. Há todo um ambiente que favorece. Quando era menos comum o uso, a empresa encontrava resistência da força de trabalho quando dizia “agora temos uma política de mobilidade, darei a você um smartphone com aplicativo de automação de força de vendas para você visitar clientes e, conforme o contato vai dizendo o que quer, você já preenche quantidades, fecha o pedido, fatura, envia ordem para a fábrica e logística, checa pedidos, vê os últimos pedidos daquele cliente e o alerta caso tenha esquecido de comprar um item que ele sempre pede etc.” Mas como todo mundo já está acostumado a ter no celular e-mail, WhatsApp etc, você pode entrar com o discurso “vamos implementar uma política de colaboração corporativa, teremos um software de contatos e mensagens instantâneas, inclusive no celular, que funciona como o WhatsApp, só que com tais e tais diferenças”. Fica mais fácil a adoção. Então acho que, nesse sentido, as vendas de smartphones estão em ritmo skyrocket. A cada trimestre se vende mais do que no anterior. Facilitou o processo. Por que aplicações corporativas para plataformas móveis ainda não decolaram no Brasil? Qual o percentual de empresas que usam aplicações móveis além de internet e email? (como CRM, ERP, SFA etc). João Bruder: Sim, (o baixo uso) é uma realidade. O e-mail ainda é a porta de entrada e uma das aplicações mais usadas, assim como o acesso a internet. Porque são as mais fáceis. O e-mail já nasceu na nuvem, faz sentido ter isso em primeiro lugar. E as empresas têm muitos sistemas legados. Ela queria um sistema para ajudar a fazer a contabilidade, a gestão, um ERP, um CRM, um supply chain management. Tinha um sistema que a ajudava em alguma coisa e que ficava em um servidor no datacenter, no prédio da empresa (e quando a gente fala em datacenter já pensa em um grande prédio, mas às vezes são somente três racks em uma salinha, nada grandioso), e esse sistema foi escrito numa linguagem de programação que já não é mais atual e não tem mais tanta funcionalidade. Quando a empresa decide que quer isso no celular, o custo de desenvolvimento e de adaptação pode ficar caro. Então, trata-se de uma barreira a mais para vencer antes de adotar a mobilidade. Com o desenvolvimento de soluções em cloud, ou que utilizam um pedaço em cloud e outro on-premise, diminuem as barreiras de adoção de mobilidade. As grandes marcas de software já têm suas versões móveis, mas uma empresa que já havia investido na compra ou desenvolvimento do sistema, que pagou consultoria de implantação de um ERP que já está funcionando e que passou por trauma para colocar esses sistemas gigantescos para funcionar, essa empresa não vai querer mexer. “Está funcionando? Não chega perto”. Se alguém fala que quer usar no celular, a área de TI é resistente e diz que está bom do jeito que está. Até que o concorrente adota e começa a ter resultados melhores. Aí ele vê que precisa fazer algo. Antes, ter mobilidade era só um diferencial competitivo. Agora, não ter passa a ser um diferencial negativo. Planos de banda larga com mais velocidade e a preços mais competitivos ajudam a impulsionar a adoção de aplicações corporativas móveis? João Bruder: Concordo parcialmente com isso, porque o elemento custo sempre vai fazer parte. Em qualquer pesquisa que se faz, se o gestor de TI não falar de redução de custo ele está na rua. Então, ele tem de buscar essa redução e não pode falar “esse preço está bom, eu consigo lidar com ele”. Ele sempre tem de marcar que está preocupado com redução de custos. O papel das operadoras é superimportante, especialmente no sentido de evangelizar o mercado, porque tem muitas empresas que até gostariam de ter (mobilidade), mas não têm a mínima ideia de como fazer isso, de como chegar lá. Confunde-se muito estratégia de mobilidade com ter e-mail no celular. Você fala: “sou uma pessoa física, pago um pacote de R$ 50 por mês para ter internet e e-mail no celular, então porque minha empresa não faz isso?”. Porque ela tem de ligar com muito mais questões, como segurança, MDM etc. Mais importante do que isso, ela tem de lidar com qual aplicação vai colocar. O e-mail da empresa muitas vezes não está na nuvem e sim um “@nomedaempresa” que está no servidor, no datacenter da empresa. Então, como fazer isso? Preciso instalar alguma coisa que irá transformar esse e-mail do mundo físico para o mundo móvel? Existem middlewares, softwares que fazem isso, e que, às vezes, estão coligados com MDM. Mas tenho de instalar isso ou não? Quanto custa? Como vou pagar? Dúvidas do tipo “isso é para comer ou é para lavar o cabelo?”. Eu pago por servidor? Por megabyte transferido? Por conta de e-mail? Por dia? Como é isso? Quanto custa? As empresas estão sem saber como fazer, é um desafio para elas, não estão acostumadas com isso. Acho que uma maior participação das operadoras é quase que um reflexo da maturidade do mercado inserido pelo fator concorrência. Quando você tem menos competição, você pode se dar o luxo de não ser tão eficiente, não trabalhar tão bem, o luxo de tirar um pedido na sexta-feira e só colocar no sistema na segunda e faturar na terça. Agora, quando tem muita concorrência, você tem de aproveitar melhor os benefícios de escala, os benefícios de redução de tempo. Se na própria sexta-feira eu consigo processar o pedido, gerar conta, mandar o caminhão buscar e já dar uma ordem para a indústria, consigo ser mais eficiente, ter menos custo etc. Como empresa com 4G mais veloz do mundo, a Claro puxou o Brasil para cima em ranking de 16 países feito pela OpenSignal. Como avalia o impacto da evolução da rede móvel na mobilidade corporativa? João Bruder: Quanto mais velocidade disponível, mais fácil desenhar um case de negócio. Imagine um smartphone com tela pequena em que se faz um input de dados e se conta com dois botões, um para enviar e outro para cancelar. Após o envio de informações, vem a resposta “ok” ou “deu falha no campo tal”. É preciso voltar e consertar, isso gasta uma banda. Você consegue fazer aplicações que são mais simples, do tipo “está tudo certo” ou “ faltou preencher a data no campo tal”. Agora, se a largura de banda é maior, como, por exemplo, a permitida pela 4G, pode-se ter um tablet em vez de uma tela pequena, e aí é possível ter acesso ao ERP. Ou seja, 48 informações diferentes irão trafegar para o tablet, que soma, divide, faz a precificação e fornece o resultado. Ou seja, o usuário não está simplesmente fazendo uma consulta, e sim acessando um banco de dados e obtendo um resultado correlacional. Isso é muito mais valioso, e é preciso largura de banda para fazer isso. Resumindo: largura de banda permite aplicações mais ricas, complexas e avançadas, ou seja, você tem um desenho de ROI mais definido. E com certeza isso pode impulsionar o segmento de aplicações móveis. Pode comentar como o avanço da mobilidade e da convergência tecnológica e a evolução das redes móveis estão impactando/revolucionando áreas como SFA (Sales Force Automation), FFA (Field Force Automation) e PACS – Picture Archiving & Communication Systems (coleta, gerenciamento e acesso de imagens)? João Bruder: Genericamente, com redução e aumento da eficiência. Eles andam juntos. Vou dar um exemplo de um vendedor. Ele consegue preencher o pedido na rua, submeter e gerar uma fatura, invoice, ordem de produção e tudo o mais. Ele está sendo mais rápido, consegue atender ao cliente mais rapidamente entregando em menos tempo. Logo, irá receber em menos dias. Outro caso: ele vende 15 toneladas de um insumo industrial, mas no estoque só tem 12 toneladas. No modelo antigo, ele teria de voltar para a empresa, preencher cadastro, verificar se tinha a quantidade requerida, se não, voltar ao cliente e perguntar se ele aceita só as 12 disponíveis etc. Isso poderia levar semanas. Hoje, isso tudo é solucionado na hora, o que significa ganho de eficiência. A redução de custo está atrelada ao ganho de eficiência, mas também em você poder fazer mais. Por exemplo, um time de campo que faz manutenção de elevadores realiza serviço técnico caro, altamente especializado. Normalmente as pessoas, por razões óbvias, têm uma tolerância muito baixa quanto a ficar sem ele. O técnico vai a um prédio às 7h da manhã e clica em um botão dando o trabalho por terminado às 8h15. Isso aparece no tablet dele, equipado com GPS. Ele sabe onde está, qual o prédio mais próximo a ser atendido e qual o trabalho que tem de fazer lá. Se for um 4G, pode ter acesso a especificação do elevador, datasheet, fotos de sistemas parecidos, estatísticas dos últimos 40 chamados daquele prédio, histórico de outros elevadores do mesmo modelo e idade etc. Quer dizer, o técnico vai chegar ao prédio antes e mais preparado para resolver o problema, e tende a demorar menos tempo lá. Ele vai poder fazer 16 visitas ao invés de 12. Além do que, se ele quiser parar em padaria para tomar café, vai ficar lá só o tempo necessário, porque a empresa vai saber. Esse tipo de controle de gestão é facilitado A IDC tem algum tipo pesquisa de mercado desses segmentos no País? João Bruder: Não. Temos alguma coisa do estudo Investment Priorities Wireless, que a Embratel comprou, não exclusivamente, no ano passado. O estudo mostra quantas empresas já têm essas siglas aqui no Brasil (SFA, FFA, CRM, ERP etc). Não quero abrir os dados porque é uma informação de detalhe do estudo. Mas posso dizer que, enquanto o email é encontrado em praticamente todas as empresas, aplicações como essas (CRM, ERP, SFA etc) estão entre 10% e 20% das empresas pesquisadas. Quais os principais riscos de uma empresa ignorar o fato de que o uso de dispositivos pessoais no trabalho (consumerização/BYOD) ocorrem à sua revelia? João Bruder: Sobre consumerização e BYOD: consumerização é conceito mais amplo, envolve também software e hardware não pessoal. Antigamente, havia, por exemplo, soluções de vídeo para colaboração, que eram grandes e caras. Somente empresas de muito grande porte podiam ter isso. E o Skype todo mundo tem de graça em um PC custando R$ 1 mil reais. Este é um exemplo de consumerização. Coisa que só tinha na empresa e, agora, tem para pessoa física também. O BYOD é uma parte da consumerização. As pessoas têm em mãos um dispositivo avançado com capacidade de processamento rápido, memória, tela grande, câmera boa, GPS etc. Então, é o caminho inverso, ou seja, as pessoas querendo usar dispositivos pessoais para fins corporativos. “A empresa me deu um telefone simples, só para mandar SMS, sendo que eu tenho no meu bolso um iPhone que me permite fazer um monte de coisa, então prefiro usar o meu telefone e, se eu puder, vou propor à empresa usá-lo, em lugar do aparelho que me deu.” A minha percepção é que as empresas estão correndo atrás para se adequar ao BYOD. Considero que as empresas brasileiras estão correndo muitos riscos nessa área. Elas estão fazendo, basicamente, duas coisas: uma, não permitindo o BYOD, sendo que as pessoas estão se conectando mesmo sem poder. E outra, permitem o BYOD, mas não colocam o dispositivo na plataforma de MDM. As duas coisas representam risco, sendo que na primeira situação o risco é maior. Quando você proíbe e o pessoal se conecta mesmo assim, a parte visível do iceberg é que a rede wireless ficará sobrecarregada. A empresa oferece wi-fi para clientes, por exemplo, mas eles não conseguem se conectar ou enfrentam lentidão porque todos os funcionários estão com seus smartphones conectados. Quanto à instalação de aplicativos corporativos, é menos grave, porque se a empresa não tem uma política, não vai ser o BYOD que vai forçá-la a ter. Quer dizer, o BYOD não vai conseguir acessar aquele sistema legado em plataforma já meio antiga, mantido no servidor em datacenter próprio da empresa, porque tal sistema não está preparado para ser móvel. Então a empresa não vai ter problema com isso. A empresa terá problema quando sua plataforma, configurada para meia dúzia, permite acesso de 60, por exemplo. Ela tem de gerenciar o risco dos 54 a mais. Quando você permite que o seu funcionário traga o seu dispositivo pessoal e acesse a rede corporativa, você é responsável. Se o empregado perde o aparelho pessoal, a empresa não tem de comprar outro. Mas, e a informação corporativa que estava no aparelho? Se cair em mãos erradas a empresa pode ter problemas. Para não correr esse risco, ela tem de ter uma plataforma de MDM e colocar o device do funcionário na mesma para gerenciar o dispositivo. Por exemplo: um funcionário trouxe para a empresa um dispositivo pessoal com o qual tira fotos do filho e recebe e-mails da empresa. Se ele esquece o telefone no táxi, a empresa pode usar o recurso de apagar tudo remotamente, inclusive as fotos? Pode, mas tem de fazer um contrato em que o funcionário autoriza o apagamento. Esse cuidado é necessário. É preciso ter uma política de mobilidade, e não apenas comprar o MDM. É preciso levar em consideração tudo o que pode acontecer, para que fique combinado com o funcionário coisas como “se você quer acessar o e-mail da empresa, saiba que pode, mas nossa política determina que: 1) se você perder o aparelho o problema é seu; 2) o plano de dados quem paga é você; 3) a empresa pode mudar as regras a qualquer momento; 4) se você perder o aparelho vamos bloquear e apagar tudo, inclusive conteúdo pessoal; 5) não pode usar o aparelho se estiver fora do país” etc. O Brasil é líder na América Latina em vários aspectos relacionados com a mobilidade e outras tendências de TI, mas está atrás de outros países da região no que concerne a implantação de políticas e plataformas de gerenciamento de dispositivos pessoais usados para o trabalho (MDM, na sigla em inglês). Por que isso ocorre? João Bruder: O atraso é uma questão de maturidade, pura e simplesmente. O percentual de BYOD (funcionários conectados por meio de MDM) de 2012 foi menor que 2011. O que ocorreu é que muitas empresas estavam deixando à vontade, permitindo que todo funcionário que trouxesse seu dispositivo pudesse se conectar à rede. Mas começaram a ter problemas por razões diversas, como aparelho perdido, por exemplo, e pisaram no freio enquanto desenvolviam uma política de mobilidade. Por isso a estatística diminuiu em 2012, mas em 2013 voltou a subir. Acreditamos que entramos novamente em um ciclo de crescimento. Comente sobre os principais recursos disponíveis em uma ferramenta/software de MDM, e sobre como podem beneficiar as empresas usuárias em termos de custos, privacidade, segurança de dados, produtividade, questões trabalhistas etc. João Bruder: As plataformas de MDM podem ter horários previamente definidos. Por exemplo, o telefone do funcionário pode se conectar à rede da empresa no período entre 9h e 18h. Acho que o principal benefício é o “erase” remoto, ou seja, apagar tudo que está dentro do aparelho, porque as informações das empresas são o que há de mais valioso. Imagine um e-mail de um diretor de vendas para seu presidente, encaminhando leads do próximo trimestre, caindo nas mãos de um concorrente. O quão valioso é isso? O device em si tem um custo, mas é barato pode-se comprar outro se perdido. Já a perda da informação pode levar a um problema muito maior. Acerca do recurso de contêineres (compartimentos no device que separam ambiente corporativo do ambiente pessoal), que contam com segurança, criptografia, não sei se é suficiente para garantir a segurança da informação, do ponto de vista técnico, mas acredito que sim. O contêiner permite o uso do dispositivo sem que o usuário misture uma coisa com a outra, até sem querer. Por exemplo, se você copia para a área de trabalho um pedaço do e-mail do seu chefe e depois tenta colar esse texto no WhatsApp, em conversa com uma pessoa da sua rede pessoal, o software não deixa, avisa que não pode. Agora, se você copia esse pedaço de e-mail do chefe para colar no instant messaging corporativo da empresa, aí sim, o software permite, porque você não está furando o véu entre mundo pessoal e corporativo. Se o usuário perde o dispositivo, o contêiner dificulta o acesso a essas informações. Não sei se é algo inquebrável, mas dificulta. Se você perde um aparelho e quem achou não o conecta à internet, ou tira o chip, não será possível apagar as informações remotamente. Então tem de ter a informação lá criptografada, para impedir o acesso aos dados. Questões de segurança e gerenciamento de dispositivos são apontadas em pesquisa da IDC como principais motivos das empresas para não incluir mais aparelhos móveis pessoais em suas plataformas de MDM. Pode comentar essa aparente contradição, considerando que essas plataformas focam justamente a segurança e gestão de aparelhos e que o fenômeno BYOD ocorre independentemente da vontade dos gestores das empresas? João Bruder: Ninguém realmente entende essa contradição. Mas segurança é um inibidor para qualquer coisa. Fazemos muitas pesquisas, sobre muitos assuntos, e sempre aparece a segurança como um medo do gestor. Se tenho uma coisa no computador, dentro de uma sala, dentro da empresa, colocá-lo em um celular que estará passeando pela cidade tem risco de segurança. Então, aponto a segurança como motivo para não fazer isso. Não quer dizer que é uma desculpa, mas é uma justifica sempre plausível. Mas, de fato, é uma questão: as pessoas alegam questões de segurança para não usar uma solução (o MDM) que é destinada justamente a minimizar os riscos de segurança. Isso mostra um desconhecimento do mercado. As empresas ainda não entendem o mundo de mobilidade corporativa. Todo mundo entende de voz móvel. Agora, controle de dados é outra conversa. Avalie o novo papel exigido das operadoras, de não apenas fornecer serviços de voz, dados e internet, mas também ajudar as empresas com o gerenciamento de dispositivos móveis e com os custos de telecom. João Bruder: Acho que elas têm um papel importante, sim. Considerando o mercado de mobilidade como um todo, não somente no tocante às telcos, quem mais estiver disposto a empurrar as empresas, a ajudá-las com soluções de mobilidade, será bem-vindo. Nesse sentido, as operadoras têm uma posição de destaque, porque já têm relacionamento com os clientes, e não só relacionamento comercial, de enviar fatura, mas também conhecem as compras dos clientes, o seu parque, e conseguem deduzir quais as dificuldades pelas quais estão passando. Acho que, para as operadoras, é uma oportunidade vender esse tipo de serviço, uma vez que existe demanda e as empresas não sabem de quem comprar. Justamente por haver essa falta de informações no mercado, da qual já falei, as empresas não sabem em quem confiar, não têm muito parâmetro de comparação. Quando a operadora, que a empresa conhece teoricamente, e em quem confia para provimento de comunicação, diz “eu gerencio isso para você”, trata-se de um tópico correlato às telecomunicações em si, e a operadora tem toda a expertise em cobrar por uso, o que é especialmente aderente para esse tipo de necessidade. A empresa não vai ter de comprar um servidor ou aplicação, não vai ter de contratar alguém para fazer a gestão dessa aplicação. Ele paga uma quantidade “x” por mês para a operadora e esta faz o caso. É uma oportunidade muito boa para as operadoras. Comente os principais drivers do mercado de M2M (machine to machine) no Brasil e as expectativas de crescimento da demanda dessas ferramentas nos próximos anos. João Bruder: Acompanhamos esse mercado no Brasil, mas com menos detalhe, apenas qualitativamente. Esclarecendo, a máquina de cartão de crédito conta como M2M para a Anatel. Entretanto, é questionável se essa máquina pode ser considerada M2M, porque há intervenção humana. Um exemplo de M2M é a máquina da coca-cola que avisa a quantidade de latas em estoque ou uma etiqueta inteligente em camisas em uma loja. No momento em que a camisa passa diante do leitor do caixa, o sistema avisa que o estoquista tem de repor o produto. Além do segmento de cartão de crédito, o segundo mercado de M2M é o monitoramento de veículos. A tecnologia envia desde informação de localização do veículo via GPS até dados sobre velocidade do carro, freadas bruscas, tempo que ficou parado etc. Tem muita perspectiva de crescimento do M2M, especialmente em aplicações distribuídas, quando as coisas estão distantes umas das outras. A tecnologia pode ser aplicada em muita coisa e em praticamente todos os segmentos, mas ninguém sabe exatamente qual vai ser a killer aplication, ou seja, o que vai de fato ganhar os holofotes. Nas estratégias de mobilidade das empresas, qual a vantagem de adquirir dispositivos móveis e soluções diretamente das operadoras, que vêm aumentando seus portfólios de TI? João Bruder: A resposta está na pergunta. As operadoras estão aumentando o seu portfólio de soluções, então é possível ter menos pontos de contato para resolver as mesmas questões. Agora, se isso vai ser bom para o cliente ou não, só os clientes e o tempo dirão. Então, se as empresas vão de fato começar a comprar mais serviços desse provedor, é uma incógnita. As perspectivas são positivas, mas não se sabe o quanto. As operadoras têm as suas fortalezas, e são fortalezas de fato, que devem ser levadas em consideração. Outras informações e/ou avaliações que o Sr. queira acrescentar sobre o cenário atual de mobilidade corporativa no Brasil. João Bruder: Estamos numa fase de evolução tecnológica, e a mobilidade é um pilar muito visto. Todos têm celular, os aparelhos são muito bons, com muitas funções, capacidade de processamento e interface gráfica muito rica. Muitas empresas podem se beneficiar de processos móveis. Acho que um grande salto de eficiência acontecerá com as empresas porque, virtualmente, qualquer processo pode ser melhorado. E muitos são melhorados quando você insere mobilidade. Mas acho que existe uma falta de conhecimento dessas aplicações, de como ser eficiente. Todo mundo quer ser mais eficiente, produzir mais com menos. Todos estão preocupados com controle e redução de custos, e aplicação móvel é um elemento que pode ajudar nisso. E é bom que as operadoras estejam querendo bater nessa tecla, para vender mais e ter a possibilidade de ajudar as empresas que, de fato, não sabem como fazer isso e precisam de bons exemplos, que faltam no Brasil.