Colaboração: um passo além da cadeia de suprimentos
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Colaboração: um passo além da cadeia de suprimentos
opiniao.qxp 1/3/2008 2:52 PM Page 104 Divulgação OPINIÃO Colaboração: um passo além da cadeia de suprimentos Denise Bortoluzzi I magine sua empresa sendo administrada de forma automática, com base em regras de negócios previamente estabelecidas entre clientes, fornecedores e parceiros. Imagine essa integração totalmente transparente e segura, com informações gerenciadas e colocadas à disposição de todos nessa cadeia de valor em tempo real. Sonho? Não, isso é realidade! Sistemas colaborativos de gestão da cadeia de suprimentos suportados pela tecnologia da informação já existem. Para colaborar com os parceiros de negócios, as empresas precisam de ferramentas que analisem e gerenciem um grande volume de transações, separando literalmente as informações que agregam valor ao negócio e alertando os usuários sobre os problemas iminentes. Assim, é possível liberar os gestores da cadeia de suprimentos do processo operacional e manter o foco nas questões estratégicas da empresa. O aumento da concorrência implica melhorar as relações de longo prazo entre compradores e vendedores. Os integrantes da rede de fornecedores automotivos estão se integrando em extranets que melhoram o fluxo da informação e auxiliam nos intercâmbios de produtos e informações entre fabricantes e fornece104 - Revista Tecnologística - Novembro/2007 dores. Tanto para a empresa quanto para seus inúmeros parceiros, a colaboração vai além da simples troca ou publicação de informações, pois possibilita diversos avanços na gestão empresarial e uma melhoria visível na integração entre os gestores envolvidos no negócio, bem como a maior compreensão dos diferentes processos. A indústria está mudando mais rapidamente do que nunca. Vendas de produtos mais baixas do que o esperado, altos custos de material e concorrência mais acirrada são apenas alguns dos fatores que levaram diversas grandes empresas à falência, mas que, ao mesmo tempo, motivaram outras companhias a aumentar sua flexibilidade e aprimorar seus produtos e serviços, de modo a tirar proveito das novas tecnologias. Nesse processo, muitas delas estão aumentando seus lucros e participação de mercado. Tecnologicamente, o sistema colaborativo possibilita ao gestor acompanhar seus parceiros em tempo real, a cada etapa do ciclo de produção, desde a programação da fabricação até a chegada dos materiais de diversos fornecedores. Tudo ocorre harmonicamente graças à integração das informações disponibilizadas pelas diferentes empresas envolvidas. O sucesso ocorre porque as empresas se propuseram a compartilhar informações em soluções que não têm restrição de plataformas tecnológicas, o que causa a redução nos custos operacionais de logística e a melhoria da produtividade. E, como o desejo de toda empresa é ganhar mais agilidade, alguns casos de sucessos evidenciam claramente que a colaboração trouxe a diminuição de gastos logísticos e um relacionamento mais sólido com os fornecedores envolvidos nos processos comerciais. Esses sistemas já não têm mais custos proibitivos e não demandam investimentos em aquisição de equipamentos e software. Já existem soluções disponíveis no mercado sendo ofertadas na modalidade pay-per-use, ou seja, você paga conforme o uso, acompanhando o volume dos negócios da sua empresa. A indústria automobilística foi uma das pioneiras na criação de redes de comunicação para acompanhar em tempo real todo o processo de montagem dos carros. Antes da fabricação de cada veículo, cada fornecedor recebe a informação e se programa para fazer a entrega dentro do prazo. Um bom exemplo de caso de sucesso no automotivo é a implantação de uma solução de colaboração em empresas como Volkswagen, opiniao.qxp 1/3/2008 2:52 PM Page 105 Delphi, Faurecia, Grammer, Randon, Seeber Fastplas e TRW, entre outras, que estão revolucionando suas relações com fornecedores e clientes a partir da adoção de práticas colaborativas que resultaram na otimização de recursos e na diminuição do tempo gasto em diversas atividades. A Volkswagen do Brasil, por meio de suas cinco fábricas, tem um dos mais bem-sucedidos exemplos, que permitiu às unidades de produção estabelecer um padrão de relacionamento com 460 fornecedores. A linha de produção tem um relacionamento complexo com estes fornecedores e a colaboração possibilitou automatizar etapas do processo, tais como a programação de entrega, o envio de pedidos e o cronograma de entregas. O resultado positivo obtido nas unidades transformou-se em modelo a ser replicado em outras linhas de produção, bem como por seus inúmeros parceiros comerciais. A TRW, uma das principais fornecedoras da Volkswagen para sistemas de segurança para veículos, viu na colaboração a saída para obter maior competitividade dentro do concorrido setor automotivo. O avanço comercial da empresa ocorreu com a integração de suas três fábricas brasileiras, juntamente com sua comunidade de 130 parceiros de negócios, além da automatização de processos, realizados em menor tempo, com maior controle e a agilização da entrega de produtos e de transporte de mercadorias. A Seeber FastPlas foi bem-sucedida ao otimizar sua produção de peças para o setor automotivo, desde a liberação de material até o processo de integração com mais de 20 fornecedores. Hoje, as transações comerciais são executadas através de um adaptador conectado diretamente ao ERP da empresa. Outras que tiveram diver- sos ganhos foram as empresas do grupo Randon – Jost, Master e Suspensys –, que integraram oito OEMs e 59 fornecedores e transportadores, automatizando o recebimento de pedidos, integrados diretamente no ERP, e a entrada de aproximadamente mil itens diários, antes executados manualmente. No automotivo, grandes indústrias estão revolucionando suas relações com fornecedores e clientes através de práticas colaborativas A linha de produção de assentos para veículos da Grammer tornou-se mais ágil após a implantação da solução de colaboração, que conecta 11 clientes para os pedidos de material, e do processo de ASN, unificando a tecnologia para comunicar-se com seus parceiros comerciais. Na Faurecia, as unidades de Camaçari (BA) e Quatro Barras (PR) executam de forma integrada a liberação de material para sua malha de fornecedores. Em todas as empresas citadas acima os processos implantados de forma colaborativa – como os de compras, reposição automática de estoques, abastecimento e distribuição, gerenciamento de itens críticos e transportes, entre outros – são monitorados com alertas de exceções, aliados a funções gerenciais que permitem transparência das informações a todos os integrantes da cadeia. Contudo, o ganho mais significativo está na melhoria dos processos e na re- dução de custos, facilmente comprovados por meio de indicadores de performance. Hoje, uma solução de e-Collaboration apresenta diversas funcionalidades eletrônicas que motivam o avanço do comércio eletrônico, em fases distintas. Um módulo específico, por exemplo, gerencia todo o processo de compras e negociações online, da requisição até o recebimento, para evitar atrasos nas entregas ou falta de mercadorias. O monitoramento dos estoques é tarefa de um sistema de inventário que gerencia a distribuição dos estoques conforme as características de cada pedido. Transações financeiras entre os clientes e parceiros de negócios são administradas por um módulo específico, responsável por todo o processo de pagamento e cobrança. O setor de vendas tem mais agilidade com os módulos de vendas e suprimentos, que gerenciam todas as vendas realizadas pela internet e o ciclo de pedidos, com base nos acordos de negócios que prevêem aumento no número de compras em quantidades menores. O módulo de entrega e recebimento de mercadorias programa todo o processo de entrada e saída de produtos para evitar custos adicionais com devoluções e agrega imensos ganhos operacionais. Para que o gestor administre as informações entre cliente e fornecedor, ele tem em seu computador um catálogo eletrônico que traz inteligência à relação entre a empresa e sua cadeia de suprimentos, adequando as informações de todos os pedidos às regras de negócios estabelecidas. Com todas as informações, a linha de produção funciona de maneira otimizada, graças ao sistema de manufatura que faz a integração das informações da linha de produção, juntamente com todo o material neNovembro/2007 - Revista Tecnologística - 105 opiniao.qxp 1/3/2008 2:52 PM Page 106 OPINIÃO cessário na fábrica, controlando qualquer irregularidade no processo de abastecimento. Ciclo virtuoso Quanto mais longa for uma cadeia de negócios, mais custos agregados recairão sobre o produto que chega ao consumidor final. Ao reduzir estes gastos dentro da cadeia de negócios, surge a possibilidade de aumentar a lucratividade das empresas e reduzir os preços ao consumidor final. Com isto, aumentar o giro das mercadorias em toda a cadeia de negócios resultará em mais empregos e, por conseqüência, num PIB maior, formando um ciclo virtuoso de crescimento de toda a atividade econômica industrial e comercial. Nos próximos anos, poderemos assistir a uma verdadeira revolução nas negociações entre as empresas, com a tecnologia da informação, em especial a internet, oferecendo soluções fantásticas para os negócios. As empresas estarão interligadas entre si como se fossem uma só. Espe- Aumentar o giro de mercadorias na cadeia resultará em mais empregos e maior PIB, formando um círculo virtuoso de crescimento ra-se que 80% do volume de negócios B2B sejam feitos diretamente, empresa a empresa, e 20% por meio dos marketplaces. Porém, para que todo este avanço comercial ocorra, existem alguns desafios às novas empresas que desejam aderir às melhores práticas comerciais. A lição essencial é a mudança de paradigmas estabelecidos há décadas e inseridos na cultura corporativa. Cada ponto da cadeia colaborativa terá que compartilhar informações antes utilizadas somente por suas equipes internas, e que agora serão conhecidas por seus parceiros. Nesta fase, os diversos gestores e departamentos da empresa terão que desenvolver novos processos corporativos, a fim de possibilitar maior volume de negócios e horizontes mais amplos de avanço no seu ramo de atuação. O futuro nas relações de negócios entre as empresas é, sem dúvida, a colaboração na gestão da cadeia de suprimentos que, mais do que administrar transações, visa alcançar resultados e reduzir custos, e ajuda a eliminar ineficiências, agregando valor aos negócios e consolidando relações de longo prazo, pois o princípio básico da colaboração é a relação “ganha-ganha” entre todos os envolvidos. Denise Bortoluzzi é responsável pelo desenvolvimento de projetos de Colaboração na Linha de Negócios para o setor automotivo da T-Systems do Brasil Tel: (11) 2184-8422 [email protected]
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