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PAGE PROGRAMA AVANÇADO DE GESTÃO PARA EXECUTIVOS 67ª EDIÇÃO CERTAMENTE O MAIS PRESTIGIADO E PROCURADO PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE EXECUTIVOS EM PORTUGAL INÍCIO: 13 DE MAIO DE 2016 DURAÇÃO: 195 HORAS “Os conhecimentos adquiridos ajudaram a formar uma visão mais abrangente dos desafios que se colocam hoje na gestão e despertou-me o interesse em aprofundar e explorar novas matérias.” INFORMAÇÕES E CANDIDATURAS: www.clsbe.lisboa.ucp.pt/executivos/page Patrícia Rodrigues Jorge Alcobia Tel.: 217 214 220 | 217 227 801 Banco Santander Totta - Diretor E-mail: [email protected] Católica Lisbon School of Business & Economics is ranked among the Best Business Schools in Europe. Consistently ranked the number one Business School in Portugal. Triple Crown Accredited. 2 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 SUMÁRIO & EDITORIAL 4 BREVES 12 EXPERIÊNCIA 2 8 N OVO S N E G Ó C I O S NOTÍCIA S, CURIOSIDADE S, SUGE STÕE S C Â M A R A M U N I C I PA L D A A M A D O R A MOÇO DE REC ADOS Cidades ver ticais, cidades inovadoras, c i d a d e s p a r a c o l o r i r. L e i a a l g u m a s n o t í c i a s e suges tões sobre o futuro e o presente das cidades Amad ora c r iou uma n ova ide n tida de n o final d e 2 01 4. U ma muda n ç a que tin ha c omo ob je tivo pa s s a r uma ima ge m ma is mode r n a , mais simpá tic a e ma is p os itiva da c ida de , n a op inião d a p re s ide n te da Câ ma ra M un ic ip a l d a Amad ora , Ca r la Tava re s Luí s Ca mp os c r iou um s e r v iç o d e re c a d o s p a ra a juda r a s p e s s oa s que e s t ã o a t ra b a lh a r e n e m s e mp re tê m te mp o p a ra a lg u m a s “ta re fa s ” diá r ia s 7 O P I N I ÃO ANTÓNIO C ABELEIR A 16 BASTIDORES O presidente da Câmara Municipal de Chaves explica como surgiu a eurocidade C h a v e s - Ve r í n e a s v a n t a g e n s d e s t a i d e i a para os cidadãos ARTICA O s “e nge n he iros - a r tis ta s ” da A r tic a c r ia ra m um map a in te ra tivo da c ida de de A l ma da q ue d á a c on he c e r a s r ua s e mble má tic a s , os e d ifício s his tór ic os , os mome n tos ma is marcantes e a s p e r s on a l ida de s da te r ra 8 MEET THE LEADER DIGIT O diretor-geral da Digit adora o Carnaval. Há 30 anos que participa na festa do maior Carnaval do País, segundo o próprio – o de Torres Vedras 10 ANÁLISE M I G U E L G O N Ç A LV E S O fundador da Spark Agency defende que uma qualquer cidade não precisa de ser Silicon Valley para conseguir criar valor Diretor Marco Souta Subdiretor Marco Souta Editora Mar ta de Sousa Fotografia Marko Rosalline e Ricardo Sequeira Design Deadinbeirute, Lda Publicidade [email protected] Impressão MX 3 - Ar tes Gráficas,Lda Parque Industrial Alto da Bela Vista Pavilhão 50, Sulim Park 2735-340 Cacém Sede de Redação Deadinbeirute, Lda Rua Conde Ferreira, Nr. 03, Sala 10 2804-521 Almada Tel. (+351) 21 603 06 72 [email protected] w w w.bonsnegocios.com.pt Propriedade e Sede GRENKE Renting, S. A . Av. D. João II, Lote 1.17.03 - 4ºA 1998-026 Lisboa Tel. 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Con he ç a al guns atore s n e s te p roc e s s o de c on s tr uç ã o cole tiva d e um p re s e n te e futuro me l hor , que contrib uem c om de s a fios , ide ia s e s oluç õe s p ara torna r a s c ida de s ma is in te l ige n te s A B on s Ne góc ios s e le c ion ou a lg u ns g u i a s de c ida de s que n os p a re c e m qu a s e li v ro s , a que le s que a p e te c e gua rda r n u m a e s t a nte , a p ós a v ia ge m 34 OLHARES DUS ARCHITECTS E s túdio de a rquite tos us a imp re s s ã o 3 D pa ra c r ia r fa c ha da de um e difí c io e m Am e s te rd ã o , n a H ola n da R ecuemos a Lisboa ou Porto em 1950. Agora observemos essas mesmas cidades hoje. Provavelmente temos a estranha sensação de estarmos em locais diferentes. Nas últimas décadas assistimos a uma evolução e crescimento quase exponencial dos grandes centros urbanos. Essa evolução está intrinsecamente ligada ao papel que desempenhamos na comunidade e intimamente relacionada com o desenvolvimento industrial e tecnológico. A relevância hoje dada à implementação de projetos que visam tornar as cidades cada vez mais eficientes e autossuficientes é uma janela aberta para o futuro. Cada vez mais, surge no topo das nossas prioridades enquanto gestores a apetência para a inovação, porque entendemos que essa é a melhor forma de estarmos preparados, de “apanharmos o comboio do desenvolvimento”. As cidades como organismos vivos prosperam com o sucesso das empresas e com o empenho social das mesmas. Grandes empresas, como a Google ou a Vodafone, dispõem já de departamentos dedicados à investigação e desenvolvimento de tecnologias que visam a melhoria das condições de vida nas cidades. Os nossos negócios não são diferentes, procuramos na comunidade necessidades que possam ser supridas com os bens ou serviços que fornecemos, perseguindo com isso a melhoria das condições de vida ou trabalho de quem os adquire ou procura. A famosa jornalista e urbanista teórica, Jane Jacobs, escreveu em 1961: “As cidades têm a capacidade de proporcionar algo para todos… somente e quando, são criadas por todos”. Nesse sentido, devemos ocupar o nosso lugar na comunidade e contribuir de forma ativa para a criação de mais e melhores condições para todos. De forma a dar a conhecer mais sobre este importante tema, neste número da Bons Negócios vamos abordar o que algumas empresas têm feito no desenvolvimento das cidades e qual o seu impacto nos nossos negócios e na nossa vida. Boas leituras e Bons Negócios, MARCO SOUTA SUBDIRETOR MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 3 BREVES NOTÍCIAS, CURIOSIDADES, SUGESTÕES PRIMEIRA CIDADE VERTICAL? A ideia é ambiciosa mas o estúdio AMBS Architects acredita que é possível. The Bride é o projeto mais recente desta equipa de arquitetos, designers e engenheiros, e pretende ser a primeira cidade vertical do mundo e também o arranha-céus mais alto do mundo. De acordo com um comunicado do estúdio, a torre mais alta do projeto terá 1152 metros e 241 andares! O projeto é composto por quatro torres de diferentes alturas, com espaço para escritórios, hotéis, centros comerciais, parques, jardins e até a sua própria rede ferroviária. The Bride será construída na cidade de Basra, no Iraque, uma localidade rica em petróleo e que está a tornar-se num dos maiores centros de negócios do mundo. Porquê uma torre destas no meio do deserto, pergunta o Business Insider: “simples – preservar a terra fértil que o rodeia, de acordo com os arquitetos”. F o n t e : w w w. s k y s c r a p e r c e n t e r . co m Burj Khalifa, Shanghai Tower, Shanghai Dubai 4 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 Makkah Royal Clock Tower, Meca 541,3 metros 601 metros 632 metros OS EDIFÍCIOS MAIS ALTOS DO MUNDO 828 metros A TECNOLOGIA AO SERVIÇO DO CIDADÃO One World Trade Center, Nova Iorque Precisa de renovar o Cartão de Cidadão mas não tem tempo a perder nas filas de espera? Good news! No ano passado, a Agência para a Modernização Administrativa criou uma aplicação para smartphone – batizada de Mapa do Cidadão – que lhe indica, em tempo real, em que número vai a senha atual, quantas pessoas faltam para serem atendidas e o tempo de espera da última senha. Ou seja, poderá ter uma ideia se vale a pena ou não deslocar-se ao local. Se sim, e a melhor parte desta tecnologia, a aplicação permite ainda tirar uma senha! O Mapa do Cidadão indica não só as Lojas do Cidadão mais próximas do utilizador, mas também de outros serviços públicos: repartições de finanças, conservatórias, centros de saúde, institutos de emprego, esquadras da PSP e GNR, por exemplo. O utilizador terá acesso à morada, horário, contactos e indicação do trajeto até ao local do serviço que procura. No total são mais de 5 mil serviços públicos listados na aplicação Mapa do Cidadão. www.mapadocidadao.pt BREVES NOTÍCIAS, CURIOSIDADES, SUGESTÕES CAPITAL DA INOVAÇÃO É CONHECIDA EM ABRIL Qual a cidade mais ativa do mundo? Barcelona, segundo a aplicação Human, que monitoriza a atividade física dos seus utilizadores. No passado mês de janeiro, a cidade espanhola ocupava o top das cidades mais ativas com uma atividade média diária de 69 minutos por utilizador. www.human.co Amesterdão, Berlim, Eindhoven, Glasgow, Milão, Oxford, Paris, Torino e Viena são as cidades finalistas ao prémio Capital Europeia da Inovação 2016. Na corrida estavam 36 cidades de 12 países que se candidataram ao prémio da Comissão Europeia, que tem como objetivo reconhecer as cidades que construíram o melhor “ecossistema de inovação”, conectando cidadãos, organizações públicas, meio académico e empresas. “As candidaturas ao prémio Capital Europeia da Inovação para este ano são realmente inspiradoras. As conquistas de cada uma das nove cidades finalistas são todas excecionais e vão encorajar outras a investir nos seus ecossistemas de inovação. Estas cidades pioneiras mostram quão brilhante o futuro poderá ser”, disse Carlos Moedas, Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação. A cidade vencedora é conhecida em abril e ganhará um prémio no valor de 950 mil euros destinado a melhorar as suas atividades inovadoras. O segundo e terceiro lugar recebem 100 mil e 50 mil euros, respetivamente, para promover ações de networking. Na primeira edição, em 2014, Barcelona foi a cidade vencedora do prémio Capital Europeia da Inovação. REDE SOCIAL SOBRE SMART CITIES CIDADES PARA COLORIR O s livros para colorir para adultos estão na moda. Já no ano passado foram um sucesso de vendas em todo o mundo. Tudo porque ajudam a descontrair e a diminuir o stress, dizem os seus adeptos. A conhecida marca Moleskine já tinha editado um livro do género, mas agora acaba de lançar outro totalmente dedicado às cidades. “The Wandering City: Colouring Book”, com ilustrações de Carlo by Moleskine Stanga, apresenta 50 ilustrações em 96 páginas para colorir. “Dei o título de Wandering City porque sou também arquiteto. Adoro cidades e paisagens urbanas. Adoro o frenesi e a energia das cidades. As minhas ilustrações tentam transmitir como uma cidade é um labirinto cheio de conexões entre as pessoas e as coisas”, diz o autor. O livro custa 18,50 euros. A empresa brasileira iCities lançou recentemente uma rede profissional para pessoas interessadas pelo tema smart cities. Uma espécie de LinkedIn, dizem. “A iCities Group é um ambiente seguro e exclusivo para troca de informações e experiências entre os profissionais do setor”, podemos ler no website da nova rede social. O objetivo é promover a troca de conhecimento, partilhar projetos inovadores, divulgar os últimos lançamentos tecnológicos, permitir a procura de ofertas de produtos e serviços, pesquisar por profissionais. E gerar negócios, na cidade para a cidade. www.icitiesgroup.com MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 5 Precisa de ajuda com a sua força de vendas? A FNACPRO TRATA DE TUDO! • Propomos o catálogo • Tratamos das Entregas • O pós Venda fica por nossa conta O P I N I ÃO A ntónio C abeleira D C h aves -V er í n , dois pa í ses num ú nico territó rio esde o início hoteleiro), aposT E X T O P O R P residente da C âmara M U N I C I PA L de C haves , da sua constamos na promoção A ntónio C abeleira t it uição, a territorial através Un ião Eu ropeia de várias realizaassumiu a coesão territorial, a redução das assimetrias e o ções e suportes, de forma a potenciar o crescimento do setor esbatimento das fronteiras como objetivos importantes na impleturístico. A este respeito, destaca-se a utilização de um dos mentação de ações e políticas. É também por esses motivos que, principais recursos, a água. Chaves-Verín possuem uma das ao longo das últimas décadas, os vários programas de cooperação maiores concentrações de águas hidrominerais da Europa, transfronteiriça foram configurando apoios, promovendo as pelo que não é de estranhar que sejamos conhecidos como relações de proximidade e a procura de soluções comuns para a “Eurocidade da Água” ou como um destino turístico termal. problemas e obstáculos similares com que os cidadãos e as Dispomos de uma plataforma digital, a qual, além de promover administrações se deparam nas áreas de fronteira. conjuntamente os nossos recursos endógenos, permite ao setor empresarial hoteleiro divulgar os seus estabelecimentos e serviços, O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Chavespossibilitando igualmente aos potenciais interessados reservar -Verín (AECT Chaves-Verín) surgiu com esse objetivo, o de diretamente o alojamento pretendido. criar uma sociedade de interesses comuns que culmine numa Este nosso destino comum demonstra como uma região que zona franca social sem a qual a cooperação, tal como a entendemos, não produzirá os efeitos desejados. Contribuir para integra dois países diferentes encontra nas complementario surgimento de vantagens competitivas, promover a criação de dades uma riqueza. Criámos uma marca aglutinadora e única: estruturas cooperantes, aproveitar as sinergias acrescentando “Chaves-Verín”, dois países num único território. valor, são objetivos que o AECT tentou e tenta prosseguir, através de uma política comum em diversas áreas, de que são Não podemos esquecer que a existência de fronteiras presidiu à lógica da planificação e administração do território. Seria exemplos: a cultura, o turismo e a sustentabilidade. excessivo esperar que, por um passe mágico, se transformasse Percorremos um caminho a partir da elaboração de uma agenda facilmente essa lógica, mesmo em espaços limitados de fronestratégica, que conta com várias realizações. Entre elas, a criação teira. Entendemos as dificuldades em implementar uma política do cartão de eurocidadão (permite o acesso dos cidadãos de própria, que responda aos desafios e às especificidades dos Chaves-Verín a serviços municipais, gratuitamente ou a preços territórios transfronteiriços, mas estamos conscientes que esse reduzidos), a implementação conjunta de várias iniciativas ou é o caminho. atividades e uma agenda de eventos comum. Também com Tendo em conta as atribuições e competências das duas Autaro objetivo de valorizar a fruição de parte dos nossos recursos, quias e do AECT Chaves-Verín, o alcance das metas traçadas construímos uma Ecovia que liga Chaves a Verín, bordejando só poderá ser plenamente atingido por nós através da impleo Rio Tâmega, que constitui um elemento estruturante do mentação de políticas inovadoras para as áreas transfronteinosso território. riças por parte dos governos nacionais e da União Europeia. Cientes que integramos uma região de baixa densidade populaO recente prémio RegioStar, que recebemos em Bruxelas pelo cional, mas com grandes atrativos/recursos e/ou singularidades reconhecimento do nosso trabalho, incentiva-nos a prosseguir (riqueza e diversidade em águas mineromedicinais, termalismo, e encoraja-nos a fazer cada vez melhor. património histórico, sociocultural, paisagístico, gastronómico, António Cabeleira Presidente da Câmara Municipal de Chaves Formado em Arquitetura Paisagista pela Universidade Técnica de Lisboa, António Cabeleira iniciou a sua carreira como Técnico Superior da Direção Geral de Ordenamento em 1984. Mais tarde, em 1996, assumiu a posição de chefe de divisão na Câmara Municipal de Ribeira de Pena. Em 2002, começou a trabalhar como vereador na Câmara Municipal de Chaves, onde é agora presidente, desde 2013. MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 7 MEET THE LEADER DIGIT 8 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 MEET THE LEADER DIGIT Paulo Gome s O diretor-geral da Digit, concessionário da Xerox que vende e aluga soluções da marca, adora o Carnaval. Há 30 anos que participa na festa do maior Carnaval do país, segundo o próprio – o de Torres Vedras. Diz-nos que são tradições que ganham cada vez mais adeptos vindos de outras localidades J melhores que no dia anterior”, defende. Paulo Gomes é firme com os seus colaboradores mas só porque acredita na sua equipa. “Gosto de lidar com pessoas. Comecei a trabalhar como técnico de informática mas depressa percebi que queria ser comercial, de andar na rua a visitar clientes. Hoje, muitas vezes, saio com os comerciais para os acompanhar nas suas reuniões. Gosto disso. E principalmente de ver os clientes satisfeitos. Sinto-me realizado quando um cliente tem o equipamento a funcionar em pleno. Quando os seus objetivos de redução de custos e de aumento de produtividade são alcançados”, revela. O mais importante de qualquer negócio é conseguir corresponder às expectativas de um cliente. Em cidades pequenas, como Caldas da Rainha, ainda mais. Porquê? “A vantagem das cidades pequenas é que se conhece toda a gente. O que também pode ser uma desvantagem. Se não trabalharmos bem oga futebol de salão com uns amigos uma vez por semana. Aos fins de semana, pela manhã, dá umas corridas para se manter em forma. Mas o seu “desporto” favorito é o outro: o Carnaval. Há 30 anos que é assim. “Vou todos os anos mascarado ao maior Carnaval do País, o de Torres Vedras. Não falho. São tradições que ganham cada vez mais adeptos vindos de outras localidades. Para mim, já é uma tradição”, confessa Paulo Gomes, diretor-geral da Digit. Mas o Carnaval são só três dias, como se costuma dizer, e durante o resto do ano o empresário dedica-se ao primeiro e “maior” desafio da sua vida: a Digit, a sua empresa, com sede nas Caldas da Rainha, que vende e aluga soluções Xerox, tais como multifuncionais, copiadoras, impressoras e software de gestão documental e accounting. “Sinto orgulho naquilo que consegui. O maior desafio “A vantagem das cidades pequenas é que se conhece na minha vida, até agora, foi toda a gente. O que também pode ser uma desvantagem. criar uma empresa e Se não trabalharmos bem corremos para o insucesso” implementar o nome da Xerox em vários concelhos. Somos consultados corremos para o insucesso. É como uma aldeia. És como referência no mercado”. A conquista, adianta reconhecido quando trabalhas bem. Mas quando o empresário, é fruto da sua “capacidade de trabalho”, erramos, toda a gente sabe rapidamente. Temos que o seu ponto forte enquanto profissional. Mas, além fazer tudo por tudo para fazer bem à primeira”. disso, acredita que uma boa gestão de equipa é É esse o foco do empresário, para o seu futuro, fazer fundamental para o sucesso. “Temos de ter as um bom trabalho desde o início. E as coisas até têm pessoas motivadas e com formação adequada para corrido bem. Este ano inauguraram a loja online da um excelente desempenho. Tenho a sorte de ter um Digit que já está a funcionar em pleno. bn team fantástico. Sou exigente. Gosto de saber como, porquê, tudo! Temos de tentar todos os dias sermos MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 9 ANÁLISE M iguel G onçalves As cidades fazem as empresas? Miguel Gonçalves, fundador da Spark Agency 10 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 P ara existir um ecossistema de empreendedorismo numa cidade é necessário começar por criar uma comunidade de suporte que lhe proporcione uma infraestrutura humana: estudantes, investigadores, professores, empresários e investidores, entre outros. A criação destes ecossistemas em Portugal tem vindo a tornar-se uma realidade crescente ao longo dos últimos anos e é hoje indiscutível que o trabalho iniciado, sobretudo de há 5 anos a esta parte, em cidades como Braga, Porto ou Lisboa começa a derivar os seus primeiros grandes resultados. Estes ecossistemas estão a desenhar inovação lucrativa, a criar novos negócios e a promover a criação ativa de postos de trabalho. Contrariamente a algumas perceções populares, uma qualquer cidade não precisa de ser Silicon Valley para conseguir criar valor. Boulder, uma pequena cidade no Colorado com pouco mais de 100 mil habitantes, pode ser uma boa referência para nós. Mantiveram a comunidade startup ativa, criaram condições para as empresas, atraíram investimento, especializaram-se em tecnologias críticas e ao longo dos últimos 20 anos tornaram-se um sistema rico e exemplar. Segundo o US Census Bureau, em 2011, o PIB da cidade foi de 18,9 mil milhões de dólares, parte devido à força do ecossistema de criação de startups. Em Startup Communities: Building an Entrepreneurial Ecosystem in Your City, Brad Feld documenta a estratégia, a dinâmica e a perspetiva de longo prazo necessária à criação de comunidades de empreendedores considerando como transferir know how e gerar sinergias de rede entre os diversos agentes, tendo como referência cerca de 20 anos de trabalho nesta cidade. O autor apresenta dados, ideias e considerações sobre como fazer crescer estas comunidades, tanto em amplitude como profundidade. Acima de tudo documenta como este processo deve integrar um conjunto alargado de agentes e não pode, nem deve, ser entendido como um objetivo de curto prazo onde as métricas de análise sejam, também elas, de curto prazo. Considerando um exemplo que muito me orgulha, Braga é hoje uma voz viva e a representação de uma ideia inquieta, atrevida e tudo o que um ecossistema de aceleração pode ser. A cidade está a fazer um incrível walk the talk e há muita gente diferente a fazer acontecer Braga! Estudantes, investigadores, professores, empresários e investidores convivem com frequência numa vasta tipologia de eventos e sinto que os próximos anos vão continuar a ser os de uma cidade inteligente que experimenta atrair smart money, construir empresas e exportar tecnologia. Dos materiais inteligentes, às células estaminais, do software ao machine learning, dos laboratórios de testes de hardware às meias biométricas que guardam dados na nuvem. Braga é a confirmação de que um grupo de pessoas, movido e mobilizador, pode, gradualmente, transportar para um conjunto cada vez mais alargado de pessoas e agentes, o DNA do crescimento. C M Y CM MY CY CMY K MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 11 EXPERIÊNCIA CÂMARA DA AMADORA A Câmara Municipal da Amadora criou uma nova identidade para a cidade no final de 2014. Uma mudança que tinha como objetivo passar uma imagem mais moderna, mais simpática, mais positiva. E, sobretudo, transmitir uma ideia de conectividade, profundidade e pluralidade. Três conceitos que definem a cidade, na opinião da presidente da Câmara, Carla Tavares “A NOVA marca foi um pontapé de saída para uma mudança. É uma forma de vender a cidade, de uma maneira mais positiva” Por que decidiram mudar a imagem da cidade da Amadora? As câmaras municipais têm normalmente uma imagem mais pesada. Utilizam muito um brasão, um símbolo mais institucional. Com a Câmara da Amadora não era diferente. Nós tínhamos um brasão mas também um logótipo para cada iniciativa ou serviço interno. Eram mais de 60 logos! Às tantas era uma confusão. Parecia que tínhamos um conjunto de Câmaras dentro da Câmara. Começámos, por isso, a procurar um caminho, a trabalhar numa marca que fosse utilizada pela Câmara da Amadora no seu todo. Procurámos criar uma nova imagem para comunicar com o exterior, para comunicar com a cidade, com os munícipes, uma identidade que tivesse um ar de modernidade. E de coerência que era uma coisa que não tínhamos. Claro que mantemos o brasão em algumas comunicações mais institucionais. Isso é obrigatório. Com o Governo, o Presidente da República e organismos de Estado. Mas em tudo o que é iniciativas da Câmara, que obrigam a uma divulgação, deixámos de ter um “comboio” vasto 12 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 de logos e identidades internas e passámos a assumir o “A” como uma marca da nossa cidade. Mais moderna, mais simpática, mais positiva. Era esse o único objetivo, o que queriam comunicar aos munícipes? Queríamos dar um ar de modernidade à instituição Câmara e à cidade. Como disse, o facto de termos cerca de 60 símbolos internos diferentes também era algo que queríamos mudar. Queríamos harmonizar. A Câmara é uni. É única. A iniciativa pode ser do departamento A ou B, mas não deixa de ser a Câmara que está a comunicar. Além disso, toda a identidade assenta em conceitos que nos parecem absolutamente relacionados com a Amadora: conectividade, profundidade, pluralidade. São três eixos que definem a cidade. Quais são as principais características, as mais-valias da Amadora? A pluralidade de pessoas é uma das grandes características. EXPERIÊNCIA CÂMARA DA AMADORA Temos 41 nacionalidades diferentes, num território com 24 km2. É o concelho mais pequeno da área metropolitana e um dos concelhos com maior densidade populacional do País. Temos 176 mil habitantes. E esta diversidade é desde logo a nossa riqueza, a nossa mais-valia. Amadora é uma cidade recente, tem 36 anos. Nasceu em 1979, fruto da separação com o concelho de Oeiras. E desde cedo foi uma cidade hospitaleira que acolheu diversas nacionalidades. Acredito que essa é a nossa grande diferença. Ou aquilo que nos pode diferenciar de outros municípios urbanos. Outra das mais-valias da cidade – e que este “A” também representa – são as acessibilidades na área metropolitana. Amadora é hoje “abraçada”, como costumamos dizer, por diferentes vias que passam ao lado da cidade. Por todas as grandes vias da área metropolitana - a CREL, CRIL, A5, IC 19, Nacional 117. Ao mesmo tempo isso é complementado com uma excelente rede de transportes: a ferrovia, que acaba por dividir a cidade ao meio, e a ligação do metropolitano na estação da Reboleira à linha de Sintra, já a partir de março. Amadora é também conhecida por ter um conjunto de bairros em que as condições de habitação e sociais nem sempre são as mais fáceis. Mas temos conseguido ao longo da nossa história mudar esse cenário. Sempre que há erradicação de um desses bairros, devolvemos o espaço público à cidade. Temos feito, por isso, um enorme investimento na criação de zonas de lazer e de estadia, que hoje são uma referência nesta zona metropolitana. Acredita que a mudança levou a que as pessoas olhassem para a Amadora como uma localidade para viver? Acho que não. Acho que não é a mudança de imagem que faz com que as pessoas fiquem na cidade ou venham para a cidade. Acho que não é a marca que define essa escolha. O que faz com que as pessoas escolham a Amadora é a qualidade de vida que se tem ou não na cidade. Esta mudança também foi boa para os negócios? Amadora é uma cidade empreendedora? Em algumas zonas da cidade já começamos a ter algum investimento empresarial. Aliás, basta olharmos para o eixo Nacional 117, que já é um território da Amadora, onde estão sedeadas algumas das maiores empresas que trabalham nas áreas tecnológicas. Falo da Siemens, da Nokia, da Indra, de um conjunto de empresas que são líderes e são uma referência nacional e europeia. Em alguns casos mundial. Neste momento, no eixo Nacional 117, estamos a formalizar a criação de um polo tecnológico para a cidade da Amadora. Estamos ainda a trabalhar no plano de urbanização Falagueira-Venda Nova, uma zona que faz fronteira com Lisboa, que tem um grande MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 13 EXPERIÊNCIA CÂMARA DA AMADORA potencial de atração de investimento. Tudo isto faz parte da nossa estratégia. Aliás, a criação da nova marca foi um primeiro passo para este último projeto, que tem vindo a desenvolver-se nos famosos terrenos da Quinta do Estado, no sentido de atrair também para a cidade investimento de excelência que possa dar continuidade a estas áreas de desenvolvimento de negócio que temos na Amadora. Então acredita que a nova marca tem contribuído para uma mudança na cidade... A nova marca foi um pontapé de saída para uma mudança. É uma forma de vender a cidade, de uma maneira mais positiva. Obviamente que não é só isto que atrai investimento, mas esta estratégia de uma marca de uma cidade mais moderna foi o primeiro passo. Acredita que existe uma certa competição entre cidades? Amadora é tão perto da capital. É difícil competir com Lisboa? Lisboa é Lisboa, tem características muito próprias. E acho que não temos de competir com a capital. Nem nunca tivemos essa preocupação. Lisboa tem os seus públicos, a sua atratividade que é muito particular. Os outros municípios também. São realidades todas elas diferentes. Se olharmos para Sintra, tem mais de 300 mil habitantes, mas tem um território maior que o da Amadora. Dez ou 20 vezes maior. Tem território urbano e território rural. Tem praia, tem costa. Por isso nem sequer dá para competir. Oeiras é a mesma coisa. Tem sensivelmente a mesma população, tem o dobro do nosso território. Basta ter frente rio, frente mar, para a realidade ser completamente diferente. Não sinto sinceramente que exista competição. Acredito sim, que as empresas cada vez mais procuram terrenos com preços acessíveis e boas acessibilidades. Como se costuma dizer o tempo é dinheiro e, por isso, quando alguém procura instalações para uma empresa preocupa-se em escolher uma cidade que tenha boas acessibilidades e que os seus trabalhadores circulem entre casa e trabalho com facilidade. E também que as suas mercadorias e os seus produtos saiam e entrem facilmente da cidade. Qualquer cidade tem coisas boas e coisas menos boas. O facto de só termos 24 km2 de área pode ser excelente. Nós fazemos presidências abertas a pé. Conseguimos visitar um conjunto de escolas a pé. No concelho de Sintra era impensável. E aqui isso é possível. O facto de sermos pequenos tem constrangimentos, com certeza que tem, é uma cidade muito povoada. Mas isso também permite que todos os atores (organizações, empresas, instituições) estejam próximos. É tudo já ali ao lado, 14 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 o que acaba por ser facilitador e permitir às pessoas criarem laços muito fortes. A Junta de Freguesia, o Comando da PSP, a Segurança Social é tudo perto. Poucos colegas presidentes de Câmara conseguem num “abraço”, como dizemos, agregar quase todos os organismos do Estado. E isso acaba por ser uma grande mais-valia. O município é por vezes visto como problemático. Uma das últimas campanhas da Câmara Municipal da Amadora quis acabar com esse estigma. E promover a diferença, a diversidade de culturas. Como correu a campanha Não Alimente o Rumor? A campanha tinha como objetivo desmistificar e combater preconceitos que existem relativamente a algumas comunidades. A campanha passou por um conjunto de ações em instituições e em escolas. E para isso, contámos com a ajuda de vários agentes “anti-rumor” que tinham como função mudar um pouco essa perceção das pessoas. Sabia que os melhores alunos nos quadros de valor e excelência das nossas escolas secundárias são pessoas que têm nacionalidade portuguesa mas que têm origem nos PALOP? Muitas vezes gera-se à volta destas comunidades, que têm uma forma de viver muito própria e diferente da nossa, um conjunto de estigmas e preconceitos que depois não correspondem à realidade. E agora pergunta: a Amadora tem problemas? Com certeza que sim, como tem qualquer grande cidade. Em todo o lado há gente boa, gente que trabalha, empenhada e muito esforçada, como há gente com mais problemas. Mais dificuldades de inserção na sociedade. Mas isso existe com qualquer etnia, com qualquer comunidade. A campanha durou 8 a 12 meses, mas continuamos com EXPERIÊNCIA CÂMARA DA AMADORA Quando alguém procura instalações para uma empresa preocupa-se em escolher uma cidade que tenha boas acessibilidades e que os seus trabalhadores circulem entre casa e trabalho com facilidade um conjunto de ações com o mesmo objetivo de desmistificar estas ideias pré-feitas. Com valores, com estudos da Universidade. Porque com estudos e com números é muito mais fácil combatermos alguns preconceitos que existem. Os colaboradores devem ser os embaixadores de uma empresa. Os cidadãos devem ser os embaixadores de uma cidade? Sem dúvida. Todos nós somos fazedores de opinião dos sítios onde vivemos. Dizemos aos outros se gostamos de viver numa cidade ou não, e porquê. com a banda desenhada, para que as pessoas percebam que a BD é uma mais-valia. Por isso, no final da CRIL, de Odivelas para a Amadora, há um muro em betão que foi intervencionando pela Câmara com imagens alusivas à BD. É a entrada na cidade, a cidade da banda desenhada. O que a Câmara Municipal da Amadora faz na cidade, pela cidade. Pode destacar algum projeto? Destaco o Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada. Que outras áreas merecem o investimento da Câmara? Educação, formação, reabilitação urbana. Amadora é uma cidade pequena e com zonas muito degradadas, e a erradicação dos bairros das barracas tem sido uma prioridade. Já tivemos uma realidade de cerca de 34 bairros degradados, com cerca de 26 mil pessoas a viver em barracas. Neste momento falta-nos nove bairros. A requalificação do espaço público também tem sido uma aposta. Continuamos a fazer investimento nesta área e na sua manutenção, porque tão importante quanto requalificar é ter a capacidade de manter. É um dos projetos mais conhecidos e emblemáticos da Amadora. Realiza-se há 26 anos. É um cartão-de-visita da cidade? É um dos nossos cartões-de-visita. Neste momento – tirando o festival Comic Con, que é muito diferente do nosso – não existe nenhum festival de BD no País. O Festival Internacional de Banda Desenhada é para os amantes desta arte uma referência. E aproveitando este sucesso, temos feito, no último ano e meio, uma enorme aposta na utilização das imagens de banda desenhada na reabilitação de espaço público, como forma de trazer a BD para fora de portas do festival. Temos imagens de BD em edifícios privados, edifícios de habitação, em túneis da cidade. Em bancos de jardim. O Centro de Saúde da Amadora é um exemplo. Queremos casar, no bom sentido, os munícipes A nova imagem foi lançada em setembro de 2014. Qual o balanço que faz até agora? Positivo, sem sombra de dúvida. De início tinha algum receio. Mudar é sempre um pouco difícil. E tinha receio que as pessoas achassem um investimento em vão. Mas foi tudo muito tranquilo e as pessoas receberam bem a nova imagem. Hoje as pessoas identificam o “A” como sendo da Câmara. Hoje as pessoas revêm-se muito neste “A”. Na entrada da Amadora temos um “A” gigante, e temos a palavra Amadora em letras gigantes. A população reagiu muito bem. Dizem: ‘Amadora está mais bonita. Tenho orgulho em ser da Amadora’. Este processo teve também um pouco o objetivo de aumentar a autoestima, de quem cá vive e de quem cá trabalha. Que se sintam bem. Que sintam que estão numa cidade acolhedora. Moderna. bn MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 15 BASTIDORES A rtica Um mapa interativo da cidade de Almada Contar a história de uma cidade não é fácil. Há sempre muito para dizer. Mas os “engenheiros-artistas” André Almeida e Guilherme Martins conseguiram. Os fundadores da Artica, uma empresa de computação criativa com sede no Madan Parque, foram desafiados pela Câmara Municipal de Almada para criarem um museu diferente e apelativo que revelasse todo o passado da cidade. “A Câmara tinha imensos conteúdos sobre Almada, em texto, vídeo e imagens, e não sabia ao certo o que fazer, como mostrar isso à comunidade. E foram ter connosco para resolver esse ‘problema’, para criar o Centro de Interpretação de Almada Velha (CIAV)”, adianta Guilherme Martins. O objetivo? Valorizar a memória e a identidade de uma zona que tem tanta história que muita gente desconhece. “Almada não é uma cidade metropolitana sem qualquer tipo de história”, defende André Almeida. A solução encontrada, pensada em equipa com o estúdio de arquitetos RPAR, foi criar um mapa da cidade de Almada, interativo, que permitisse às pessoas verem quais as ruas emblemáticas, os edifícios históricos, os momentos mais marcantes, as personalidades da terra. O mapa é projetado numa mesa gigante instalada no espaço principal do Centro e em cada canto está um tablet que permite a sua navegação. Cada aparelho tem uma cor diferente para que o utilizador saiba o que está a explorar. Por exemplo, quando seleciona uma rua, essa mesma rua aparece da cor do tablet que está a utilizar. “A navegação no mapa é feita através de tablets onde é possível conhecer a história de Almada através de seis itinerários, desde Cacilhas até à zona do Ginjal, Cristo Rei e Almada Nova. Esse é o ponto de partida, que depois se vai ramificando para edifícios, ruas, personalidades, eventos históricos e religiosos”, adianta Guilherme Martins. É também possível “saltar” estes itinerários e fazer uma pesquisa temática. Podemos pesquisar, por exemplo, por arquitetura e arqueologia, arte pública, património, associativismo e cidadania, entre outras áreas. A ideia aqui, e da Câmara, “é despertar o interesse das pessoas pela cidade e que saiam do museu para explorar Almada”. E por isso, André Almeida e Guilherme Martins, acreditam que o uso de tecnologia foi a melhor opção para tornar o museu atrativo para quem o visita, principalmente os jovens. “Ninguém vai a um museu para ler texto infinitamente. As pessoas cansam-se. Teria de haver um elemento que desse uma mais-valia a todos os conteúdos e, como tal, optámos por entrar aqui num universo meio digital meio físico que captasse a atenção das pessoas”, defende Guilherme Martins. Na sala principal do CIAV existe ainda um ecrã que passa vídeos de testemunhos de gente da cidade e três vitrines com objetos de outros tempos, numa evocação simbólica das atividades comerciais. E aqui, nestes elementos expositivos, também existe alguma interação. Aliás na sala toda, como explica André Almeida. “As luzes nas vitrines, quando nos aproximamos, acendem com uma cor diferente. As cores das luzes debaixo da mesa também vão alterando. Uma câmara de infravermelhos, no topo de uma das paredes da sala, deteta a presença de pessoas e automaticamente liga os tablets numa espécie de convite à sua utilização. Todo o espaço respira cor e movimento, criando uma harmonia, para tentar motivar o visitante a viver o ambiente e a ver os vários elementos no museu”. O Centro de Interpretação de Almada Velha está aberto de terça-feira a sábado. Além do mapa interativo, que pode ser visitado por qualquer pessoa de forma gratuita, o Centro acolhe workshops, atividades de serviços educativos, ações para famílias. Um detalhe curioso: as pessoas que vêm visitar o espaço oferecem-se para contribuir com mais informação, mais fotografias, mais um elemento ou outro que a Câmara não tenha registado. Mais histórias da cidade. De Almada. bn 16 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 BASTIDORES A rtica MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 17 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE 18 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE As smart cities não são algo do futuro. São bem reais. Em Portugal existem diferentes municípios com projetos tecnológicos inovadores que melhoram a vida do cidadão em centros urbanos. A vida de quem vive, trabalha ou visita as cidades. Conheça alguns atores neste processo de construção coletiva de um presente e futuro melhor, que contribuem com desafios, ideias e soluções para tornar as cidades mais inteligentes MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 19 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE C onhece a cidade de Hill Valley? Se é fã de cinema, provavelmente sim. Se não, fique a saber que se trata da cidade futurista do filme “Regresso ao Futuro”, idealizada por Bob Gale e Robert Zemeckis, os autores desta trilogia de ficção científica que estreou nos anos 80. No segundo filme, Marty McFly viaja 30 anos no tempo, de 1985 para 2015, para encontrar tudo muito mais tecnológico. Carros voadores, skates sem rodas. Ténis que se apertam sozinhos, roupas que se ajustam ao corpo e secam automaticamente. Ecrãs planos, videochamadas. Robots em restaurantes! Tudo o que Michael J. Fox viu na cidade parecia algo impensável de existir. Mas o dia em que a personagem interpretada pelo ator chegou a Hill Valley, 21 de outubro de 2015, aconteceu de verdade no ano passado e algumas das tecnologias previstas pelos autores do “Regresso ao Futuro” estavam certas. Outras nem tanto. Os carros voadores ainda não existem, mas os skates sem rodas estão mais perto de se tornar uma realidade. A marca de automóveis Lexus apresentou no ano passado um hoverboard que funciona através de tecnologia de levitação magnética, por exemplo. A Nike também criou uns ténis futuristas com atacadores automáticos, que devem estar à venda já a partir desta primavera, ainda que numa edição limitada. As chamadas de videoconferência, essas já são uma realidade. Os robots em restaurantes idem. A roupa que seca sozinha... bem, talvez daqui a 30 anos. Quem sabe. Tudo é possível. Uma coisa é certa: a vida das pessoas nas cidades está mais tecnológica. As cidades estão mais tecnológicas. Mais do que a cidade que Bob Gale e Robert Zemeckis imaginaram. E, por isso, o futuro das cidades, que por vezes se julga estar ainda longínquo, pode passar a presente de um momento para o outro. Wi-fi gratuito nos transportes públicos e na rua, aplicações que permitem pagar o estacionamento ou saber o lugar mais perto e disponível, guias da cidade para smartphone, quiosques com informações sobre trânsito em tempo real, rede de partilha de bicicletas elétricas, são apenas alguns projetos que já existem e transformam as cidades do mundo em centros urbanos mais inteligentes. Mais smart. “Smart cities são cidades inovadoras, sustentáveis, inclusivas, resilientes e conectadas. Orientadas para promover a criação de negócios e emprego, e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Utilizam a informação, o conhecimento e as tecnologias digitais para atingir objetivos sociais, económicos e ambientais e responder aos desafios urbanos do futuro”, aponta Catarina Selada, diretora da Unidade de Cidades da INTELI, entidade que coordena a RENER Living Lab – Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes criada há mais de dois anos. Atualmente a rede integra 46 municípios de norte a sul do País, incluindo as cidades de Águeda, Amadora, Aveiro, Bragança, Cascais, Guimarães, Matosinhos, Porto. No total, abrange 19% do território nacional e 45% da população, segundo informações da INTELI. As cidades mais smart não existem só nos filmes de ficção científica. São bem reais, ainda que a sua história ainda esteja um pouco no começo, pelo menos em Portugal. “As cidades portuguesas estão bastante sensibilizadas para o tema da inteligência urbana, o que se pode aferir 20 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE pelo número de manifestações de interesse que a INTELI tem vindo a receber para participar na RENER. E esta ambição não se encontra apenas nas grandes cidades, mas também em pequenos núcleos urbanos e até em áreas rurais. Apesar de grande parte dos municípios não apresentarem estratégias formalizadas de smart city, existem muitas cidades portuguesas que se encontram a implementar projetos de inovação urbana – alguns de forma pontual, outros mais integrada –, em áreas verticais como a iluminação pública, a mobilidade sustentável ou a governação e participação pública”, revela a responsável. Um dos objetivos principais da RENER é a partilha de boas práticas e experiências inovadoras, com vista à sua replicação noutros territórios, nacional ou internacional. Assim, no website da rede (www.rener.pt) são divulgadas diferentes soluções para as cidades do futuro, já implementadas pelos municípios integrantes da rede. Algumas dessas soluções foram distinguidas no ano passado com o selo “A Smart Project for Smart Cities”, insígnia criada pela própria INTELI que reconhece projetos associados “Smart cities são cidades inovadoras, sustentáveis, inclusivas, resilientes e conectadas. Orientadas para promover a criação de negócios e emprego, e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos” Catarina Selada, diretora da Unidade de Cidades da INTELI ao conceito de cidade inteligente em áreas como governação, energia, ambiente, mobilidade, inovação social, entre outras. O objetivo da iniciativa? “O selo pretende conferir notoriedade e visibilidade aos projetos nacionais, fomentando a partilha de boas práticas, a replicação de soluções e a valorização do conhecimento no mercado. Podem candidatar-se entidades diversas, isoladamente ou em parceria, como municípios, empresas, associações, universidades ou centros de I&D”, adianta Catarina Selada. A primeira edição realizou-se em fevereiro/março de 2015 e premiou seis projetos: ‘No paper’ (Vila Nova de Gaia), sistema de bike-sharing Agostinhas (Torres Vedras), Sistema de Gestão Inteligente de Resíduos (Cascais), SINGELU – Sistema de Iluminação Pública Inteligente (Águeda), Rede de Iluminação Pública (Guimarães) e Sistema de Gestão de Informação Ambiental (Matosinhos). As soluções a “prémio” pertenciam apenas a municípios integrantes da RENER, no entanto, o objetivo da INTELI é “a distinção evoluir para uma certificação de projetos de inteligência urbana, assim como pela internacionalização da iniciativa”. Além do website e do selo, a RENER partilha ainda as boas práticas em matéria de inovação urbana, com a presença dos MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 21 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE municípios, em eventos na área das smart cities. “Em 2015, uma delegação de presidentes de Câmara, Vereadores e outros representantes das autarquias participaram no “Smart City Expo World Congress”, onde tiveram oportunidade de contactar com mais de 400 expositores e conferências”. Evento que teve lugar em Barcelona, a cidade considerada mais inteligente de 2015, de acordo com um ranking da Juniper Research, consultora especialista na área de mobile e tecnologia digital. As razões? As suas iniciativas de uso de redes inteligentes, a gestão inteligente do tráfego e a iluminação pública inteligente, ao lado de aspetos como a capacidade tecnológica e de coesão social. A cidade espanhola é “um modelo de sucesso a ser seguido como exemplo”, dizem. “A dinâmica de transformação de uma cidade em smart city é muito mais um processo do que um fim em sim mesmo. Trata-se de um processo de construção coletiva do futuro onde colaboram os diversos atores urbanos, desde as políticas públicas à indústria, aos centros de conhecimento e aos cidadãos”. Aliás, os cidadãos são a peça fundamental neste jogo. “Uma smart city não se pode designar como tal sem o envolvimento dos cidadãos. O objetivo último das cidades inteligentes é melhorar a qualidade de vida dos que aí vivem e trabalham. Assim, o paradigma das smart cities advoga a participação dos munícipes no processo de definição de políticas públicas e na tomada de decisões sobre a vida urbana”. A diretora da Unidade de Cidades da INTELI dá como exemplo o projeto “Desafios Porto”, www.desafiosporto.pt, que em muito vai de encontro com este objetivo. Organizado pela Câmara Municipal do Porto, em parceria com o CEIIA, EDP, NOS e EY, o projeto era uma 22 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 espécie de competição que convidava “os cidadãos a proporem desafios para o desenvolvimento da cidade em quatro áreas: saúde e bem-estar, mobilidade e ambiente, cidade digital e energia. E que depois, em sequência, empresas da região, convidadas pelo município, podiam submeter soluções tecnológicas e inovadoras que resolvessem os desafios propostos”. O resultado? A Câmara Municipal do Porto recebeu 16 desafios dos cidadãos e mais de 100 propostas de empresas. No final, o município elegeu dez finalistas para as quatro áreas em concurso e as soluções vencedoras devem ser implementadas na cidade portuense até junho de 2016. Dois exemplos de propostas: GoGarage e pOw. A primeira trata-se de uma solução inteligente da empresa Junta Digital para resolver o problema de falta de estacionamento na cidade. Através de uma plataforma web pretende-se maximizar a utilização dos espaços disponíveis nos centros urbanos, permitindo a procura, seleção, reserva e aluguer de garagens em espaços privados. Já a solução pOw, da empresa U-concept, é uma solução para pagar os transportes públicos através do smartphone tornando mais fácil a compra de bilhetes através de uma plataforma online. E m Lisboa, a participação dos cidadãos também é considerada peça fundamental no processo de evolução da cidade. Como prova uma das últimas iniciativas da Junta de Freguesia da Estrela. No início de 2015, a autarquia lançou a aplicação GeoEstrela que permite aos cidadãos participarem na construção da sua comunidade. Como? Através da app, que funciona em qualquer laptop ou smartphone, uma pessoa T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE pode reportar em tempo real ocorrências, como buracos no passeio ou lixo na rua por exemplo, alertando os serviços da Junta para o problema e permitindo que estes ativem os meios necessários para o corrigir de forma mais rápida. A ideia aqui é aproximar a Junta da população, dando-lhes um papel mais ativo na freguesia e permitir que estes ajudem a detetar situações que prejudiquem a sua qualidade de vida na cidade. Para comunicar uma ocorrência basta fazer o registo na aplicação e enviar uma fotografia do que se pretende reportar. A Junta de Freguesia da Estrela depois encarrega-se da gestão dos “pedidos” e procede à sua resolução. No máximo em 36 horas, é esse o objetivo. Em casos de higiene urbana a resposta ao problema será de mais ou menos seis horas. “O recurso às novas tecnologias aumenta a rapidez de todo o processo, e reflete a preocupação da administração autárquica na eficácia dos seus serviços e no bem-estar dos cidadãos”, segundo a Junta de Freguesia da Estrela. Os resultados até à data são muito satisfatórios: nos primeiros doze meses foram registadas 6252 ocorrências e a média de problemas reportados com uma resolução célere foi de 85%. Mais: a aplicação ganhou um prémio de inovação atribuído pela IDC Portugal em 2015. Uma curiosidade? Um cidadão, morador num dos bairros pertencentes à Junta da Freguesia da Estrela, e um dos maiores utilizadores da GeoEstrela, passou a colaborador em outubro de 2015. “A tecnologia é usada como um facilitador para ligar e envolver os cidadãos e os governos. Esta deve servir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a sua felicidade na cidade. O bem-estar das pessoas acima de tudo” Álvaro de Oliveira, coordenador da Rede Human Smart Cities O empresário português Álvaro de Oliveira é um dos maiores defensores do envolvimento do cidadão na criação de uma smart city. Não acredita em cidades super tecnológicas, como a de Songdo na Coreia do Sul, mas defende o bom uso de boas tecnologias. “Sou atualmente coordenador da Rede Human Smart Cities. Acredito mais numa cidade onde o foco são as pessoas e não a tecnologia. Nas cidades inteligentes e humanas, a tecnologia é usada como um facilitador para ligar e envolver os cidadãos e os governos. Esta deve servir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a sua felicidade na cidade. MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 23 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE “Temos várias soluções para smart cites. Soluções reais, não soluções do futuro. Que resolvem problemas da realidade atual” Mário Peres, responsável de M2M/IoT da Vodafone Portugal O bem-estar das pessoas acima de tudo”, adianta o presidente da Alfamicro, empresa portuguesa responsável pelo projeto MyNeighbourhood, que pretende reinventar a relação entre os moradores dos bairros lisboetas através da tecnologia. O projeto foi lançado em 2013 no bairro da Mouraria e em breve será lançado no Parque das Nações. O objetivo mantém-se: recuperar o ambiente de bairro de antigamente. “A tecnologia aqui é o instrumento ideal. O MyNeighbourhood é uma plataforma que convida as pessoas a estabelecerem contacto num mundo online mas com o objetivo de se encontrarem cara a cara, para criarem uma vivência de bairro baseada na proximidade e na entreajuda, para criarem projetos, envolvendo parceiros e organizações, que dinamizem a atividade económica e a criação de emprego, que contribuam para o processo de construção da cidade”. Álvaro de Oliveira defende aqui a ideia de cocriação, de colaboração, de experimentação. Algo idêntico à ideia de “living lab”, metodologia já utilizada em diferentes cidades do mundo, incluindo portuguesas, e que já conta com uma associação com mais de 25 mil membros (www.openlivinglabs. eu). “Os living labs são laboratórios onde se identifica quais os problemas e necessidades dos cidadãos, empresas e governos 24 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE Hoje, mais de 50% da população mundial vive em áreas urbanas, um nível que deverá aumentar para 66% em 2050, segundo a Organização das Nações Unidas. para depois, juntos, cocriarem soluções inovadoras para esses mesmos problemas e que contribuam para o desenvolvimento económico e social do espaço urbano”. O empresário dá como exemplo o Lighting Living Lab, em Águeda, que tem como missão promover a inovação e desenvolver pesquisa em novas tecnologias e aplicações na área da iluminação, principalmente em iluminação inteligente e iluminação eco-sustentável. “A cidade de Águeda é pequena mas tem um dos melhores sistemas de gestão de iluminação do mundo, que vai ser replicado agora no Brasil. Sabia que a maior despesa de um município é a iluminação? E com esta tecnologia a poupança chega aos 90%”, diz o presidente da Alfamicro. O consumo de energia é um dos maiores problemas das cidades, à medida que estas crescem. Mas não só. O aumento da população também. Hoje, 54% da população mundial vive em áreas urbanas, nível que deverá aumentar para 66% em 2050, segundo a Organização das Nações Unidas. As alterações climáticas são outro cenário que coloca os meios urbanos em risco. “Para além de polos de inovação, criatividade e diversidade, as cidades são também palcos de problemas e desafios. Os números são conhecidos: as cidades contribuem em 60-80% para o consumo de energia e 75% das emissões de carbono, ao que acresce a geração de fenómenos de exclusão económica, social e espacial. Mais: 25% das cidades costeiras na Europa estão em risco devido às alterações climáticas. Por todas estas razões, importa repensar o modelo de gestão urbana, no sentido da inovação, sustentabilidade, inclusão e resiliência”, defende Catarina Selada da INTELI. A boa notícia? Não faltam empreendedores e empresas com ideias para resolver problemas urbanos e responder aos desafios do presente e do futuro das cidades. A Vodafone Portugal, por exemplo. A operadora de telecomunicações tem uma série de soluções “chave-na-mão” de gestão inteligente, que têm como base a tecnologia machine-to-machine, e que pretendem melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. De quem vive, trabalha, visita as cidades. “Temos várias soluções para smart cities. Soluções reais, não soluções do futuro. Que resolvem problemas da realidade atual. Uma delas é a smart parking, que tem como objetivo ajudar os municípios a controlarem e a gerirem os parqueamentos da via pública. Quando vamos estacionar o automóvel num parque de estacionamento MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 25 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE privado, num centro comercial, por exemplo, temos à entrada a indicação do número de lugares disponíveis. Com esta solução, o que a Vodafone pretende é alargar esta possibilidade à via pública, aos estacionamentos da via pública”, adianta Mário Peres, responsável pela equipa de desenvolvimento de soluções M2M/IoT da Vodafone Portugal. E quais as vantagens? “Além de ajudar os municípios a gerirem o estacionamento nas ruas, também pode melhorar o tráfego nas estradas das cidades, evitando assim que os cidadãos andem às voltas à procura de lugar. Está registado que uma das maiores dificuldades do cidadão é encontrar um lugar para o carro”. O responsável destaca ainda outras soluções da Vodafone: a smart couting que permite contabilizar as entradas num determinado espaço, “para evitar a sobrelotação e não colocar a vida das pessoas em perigo”; a smart lights que pretende ajudar na monitorização da iluminação pública evitando gastos desnecessários de energia, através da “redução da intensidade luminosa quando ainda não está totalmente escuro ou a variação da intensidade consoante a passagem de peões no local, por exemplo”; a smart buildings que tem como objetivo ajudar a gerir de forma eficiente os recursos elétricos dos edifícios, poupar energia e também consciencializar os utilizadores do seu consumo; e a smart traffic que permite identificar as avarias nos semáforos e informar os técnicos respetivos para que possam resolver a situação num espaço de tempo reduzido. Estas soluções são apenas alguns exemplos, no total são oito ferramentas de gestão para as cidades do futuro. E do presente. E estão disponíveis não só para os municípios, mas também para empresas privadas, garante o responsável da Vodafone Portugal. “Por exemplo, com a solução smart buildings, podemos ajudar edifícios grandes, 26 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 de grandes empresas, a pouparem mais na fatura energética. E também consciencializá-las para um melhor consumo”. A participação da Vodafone Portugal na construção de uma cidade mais smart também passa pelo apoio ao empreendedorismo urbano. A operadora, através do seu programa Vodafone Power Lab, que funciona dentro da sua incubadora de promoção à inovação e ao empreendedorismo na indústria das telecomunicações, organiza, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, um concurso que visa encontrar soluções tecnológicas que contribuam para melhorar a vida dos cidadãos na cidade, tornando-a mais inteligente. “A ideia deste concurso surgiu da junção de dois interesses, da Vodafone Portugal e da Câmara Municipal de Lisboa. Por um lado, a Câmara queria investir em aplicações e tecnologias que ajudassem quem visita, quem trabalha, quem estuda e quem vive na cidade de Lisboa. Por outro lado, a Vodafone Portugal tinha interesse em apoiar startups, de apoiar novas iniciativas tecnológicas para smart cities. E assim, em 2013, foi lançado o primeiro concurso, na altura denominado Lisbon Big Apps”, relembra Miguel Muñoz Duarte, um dos cofundadores do concurso e dono da iMatch, empresa de consultoria colaborativa, dedicada às áreas de inovação, marketing e vendas. “O concurso, antes denominado Big Apps, passou depois a designar-se Big Smart Cities para permitir que concorressem outros projetos T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE tecnológicos, outras ideias que não dependessem só de apps”, remata Francisco Viana, responsável do Vodafone Power Lab. A iniciativa já vai este ano para a sua quarta edição e o balanço é bastante positivo. “Recebemos no ano passado mais de 200 candidaturas nas diferentes categorias: smart energy, smart tourism, smart living e smart mobility. Foi o número mais alto de sempre. A qualidade dos projetos também é de destacar. Dos 20 finalistas, 16 conseguiram passar para o nosso programa de aceleração, de formação que dura sete semanas, e onde as startups têm acesso a mentoria, ajuda no lançamento das suas ideias e protótipos”, adianta Francisco Viana. O vencedor do terceiro concurso Big Smart Cities foi o projeto Lisboa Horizontal, que pretende ajudar os cidadãos amantes da bicicleta a circular na cidade sem esforço. “Trata-se de uma aplicação de mapas que inclui a tipografia das cidades de forma a criar rotas cicláveis, evitando assim as inclinações e os declives nos centros urbanos. São 700 km de rotas com inclinações inferiores a 4%, que é a percentagem que qualquer pessoa, que não esteja preparada, consegue suportar sem se esforçar. Na prática a aplicação consegue transformar qualquer cidade do mundo numa cidade horizontal”, avança o responsável do Vodafone Power Lab. Miguel Muñoz Duarte acredita que este projeto tem um potencial enorme: “esta tecnologia com base na tipografia pode ser bastante útil para as empresas de carros elétricos ou redes de bicicletas elétricas, porque subir uma rua inclinada consome muito mais energia”. “Qualquer cidade que não entre neste percurso de utilização de tecnologias vai certamente ter dificuldades. A tecnologia é uma ajuda, diria que fundamental. Não a tecnologia por si, mas o que a tecnologia pode fazer pelo cidadão” Mário Peres, responsável de M2M/IoT da Vodafone Portugal MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 27 T E M A D E C A PA AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE Ambos, destacam ainda outro projeto vencedor do concurso, na edição de 2014: a inviita. E do que se trata? De uma aplicação que permite gerar de forma automática tours personalizados em qualquer cidade do mundo, baseado no mood da pessoa. “Nós dizemos como nos sentimos e automaticamente a aplicação produz um roteiro com atividades para fazer na cidade. É no fundo um social and emotional tour maker”, diz o consultor da iMatch. Mas de que forma este tipo de aplicações tornam a cidade mais smart, melhoram a vida dos cidadãos? “Se olharmos para o primeiro exemplo, a Lisboa Horizontal, esta aplicação permite não só uma poupança ambiental relativamente ao consumo de combustível, uma vez que as pessoas usam mais as bicicletas como meio de transporte – que é um ponto importante para as cidades –, mas permite também os próprios cidadãos ganharem todos os benefícios que a bicicleta tem na saúde e no bem-estar”, defende o responsável do Vodafone Power Lab. Das 20 candidaturas apresentadas no último Big Smart Cities houve uma que chamou a atenção da Bons Negócios, a Rewind Cities, uma aplicação que nos faz regressar ao passado, mostrando como eram as cidades há uns anos, através de realidade aumentada. E se esta “máquina do tempo” mostrasse antes o futuro? Como poderia ser o futuro das cidades, revelando projetos e ideias para determinada comunidade? Bob Gale e Robert Zemeckis, autores da trilogia “Regresso ao Futuro”, achariam interessante com certeza. Nós também. E você? bn O mercado global de tecnologia para cidades inteligentes vai crescer de cerca de 7,9 mil milhões de euros, em 2014, para perto de 24,9 mil milhões de euros, em 2023, segundo as contas da Navigant Research. www.navigantresearch.com Se está a pensar internacionalizar o seu negócio, saiba quais são as três melhores cidades para o fazer, segundo o relatório “Cities of Opportunity 2014” da consultora PricewaterhouseCoopers. Os critérios de avaliação foram: capital intelectual, inovação, capacidade tecnológica, transportes, infraestruturas, sustentabilidade, economia, capacidade de fazer negócios, custo de vida, entre outros. Londres encontra-se em primeiro lugar pela primeira vez, ultrapassando Nova Iorque que estava no topo no ranking anterior. A capital britânica destaca-se pela sua capacidade tecnológica Nova Iorque surge em segundo lugar, mas não se destaca em nenhum dos critérios. No entanto, mostra um forte equilíbrio em todos eles Singapura apresenta-se como a cidade com maior capacidade para fazer negócio 28 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 NOVOS NEGÓCIOS MOÇO DE RECADOS O serviço do Moço de Recados custa 12,20 euros, sem IVA, por 45 minutos (serviço mínimo). Os valores são válidos para os concelhos de Lisboa e Oeiras. Para recados fora destes limites, os clientes devem pedir um orçamento. a tratar de outros problemas, imprevistos, tarefas da vida”, defende. A ideia surgiu a Luís Campos quando trabalhava como freelancer na área de publicidade e marketing. Como tinha muito tempo disponível, muitos amigos e familiares “cravavam-lhe” favores. “‘Olha, podes ir com o meu carro à oficina?’, era algo que pessoas próximas de mim me pediam. Constatei que havia aqui uma oportunidade de negócio. Estávamos em 2007. Mas criar um novo projeto implica alguma coragem e maturidade. Decidi esperar por uma melhor altura para lançar a ideia de negócio”, relembra o jovem de 35 anos. Esse momento chegou em 2011 quando se viu desempregado. “Como não havia muita oferta de trabalho, nem mesmo como freelancer, a alternativa que me sobrava era criar a minha própria oportunidade. Não queria emigrar, queria ficar por cá”. Trabalhou no projeto durante um tempo e avançou em 2012. Sem medos, ao volante da sua Vespa vintage, que restaurou para começar a fazer os recados dos seus futuros clientes. MOÇO DE RECADOS facilita a vida de quem tem pouco tempo Luís Campos criou um serviço de recados para ajudar as pessoas que estão a trabalhar e nem sempre têm tempo para algumas “tarefas” diárias N ão tem tempo para ir ao supermercado comprar o que lhe falta em casa? Não tem tempo de ir à lavandaria buscar a sua roupa? Não tem tempo para ir passear o seu cão à rua? Muitas vezes já deve ter desejado que um dia tivesse mais de 24 horas para conseguir fazer tudo isto depois do trabalho. Felizmente, já existe quem lhe possa dar uma ajuda: Luís Campos, mais conhecido como o Moço de Recados. O empreendedor português lançou em 2012 um serviço de recados com o objetivo de ajudar aqueles que não têm, precisamente, tempo para tratar de diferentes “tarefas” diárias. “O meu objetivo é vender tempo. Durante a semana as pessoas estão sempre a trabalhar e nem sempre têm tempo para tratar de diferentes assuntos das suas vidas durante o horário de trabalho. Quero aumentar a produtividade das pessoas no trabalho e também no lazer. Para que na hora de almoço, por exemplo, descansem, aproveitem o momento, ao invés de estarem Luís Campos faz todo o tipo de recados, desde que estejam dentro dos limites da legalidade. “Fazemos tudo aquilo que pode ser delegado a terceiros e que seja legal. A ideia é nunca deixar o cliente sem resposta”. No website www.mocoderecados.com podemos ver que existem várias categorias de recados, que foram aumentando com a solicitação dos clientes. “Começámos com a categoria ‘casa’, onde estavam incluídas as tarefas de ir às compras para o lar, pôr a roupa na lavandaria, comprar medicamentos, tratar dos animais (passear o cão, dar comida ao gato). A categoria ‘burocracias’ também foi uma das primeiras: íamos à segurança social, finanças, notários, consulados. Hoje já existem 10 categorias diferentes”, aponta o empreendedor. O responsável estabeleceu ainda parcerias com diferentes especialistas para poder ajudar os clientes quando surge algum imprevisto. Uma empresa de reparação de equipamentos informáticos e de comunicações e um mestre-de-obras, são dois exemplos. “Um cliente nosso quando tem um problema com a canalização da sua casa não perde tempo à procura, liga para o Moço de Recados. É o que me dizem. Daí ter estabelecido estas parcerias”, justifica. Mas Luís Campos não ficou por aqui: “também temos parcerias com a Fábrica dos Pastéis de Belém. As encomendas à marca são feitas pelo Moço de Recados. O mesmo acontece com os croissants da Pastelaria O Careca e a Frutalmeidas”. O recado mais surpreendente? “Ligaram-me a perguntar se tinha passaporte. Queriam que fosse entregar um adereço para uma filmagem ao Peru. Atendi o pedido, fui recolher o adereço, e atravessei o oceano. Acredito que o fizeram porque confiam no nosso serviço. Muitos clientes dizem-me: ‘para uma entrega simples ligo para um estafeta, para uma entrega importante ligo para o Moço de Recados’”, revela. Para este atendimento de confiança e personalizado, o empreendedor conta com uma equipa de cinco moços (em regime de freelancer) escolhidos a dedo. Luís Campos quer colaboradores que tenham os mesmos valores e visões. “O nosso sucesso também tem muito a ver com os moços que escolhemos. São eles que dão à cara, que se apresentam aos clientes”. bn MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 29 F I LT R O APPS 7 APPS PARA BEM VIAJAR Vai ter uma reunião importante esta semana com um cliente. Noutra cidade. E, por isso, há que planear e preparar bem a sua viagem para que nada falhe. A boa notícia? A tecnologia está ao seu serviço. Existem mil e uma aplicações diferentes que o ajudam a gerir melhor o seu dia a caminho de outra localidade. Aplicações de trânsito, aplicações de reserva de hotéis e restaurantes, aplicações de reserva de sala de reuniões. You name them… WA Z E Quantas vezes já stressou a caminho do seu emprego porque está atrasado devido ao trânsito nas ruas? Em viagens de trabalho, há que evitar esse stress e a perda de tempo. A aplicação Waze poderá aqui dar-lhe uma ajuda. A app é nada mais do que uma comunidade de condutores que partilham informações de trânsito em tempo real para que todos consigam obter as melhores rotas e as mais rápidas para chegarem até ao seu destino. As informações, apresentadas num mapa, podem ser de engarrafamentos, acidentes na estrada, polícia na rua, estradas cortadas, obras, por exemplo. Recentemente, a app da Google assinou uma parceria com a Brisa para que o mapa da Waze passe a icluir também informações de trânsito da empresa portuguesa. A aplicação está disponível para iOS, Android, Windows Phone. É gratuita. www.waze.com MAPS.ME Mesmo que conheça uma cidade, pode não conhecer todos os cantos da “casa”. Essa é a verdade. É impossível saber os nomes de todas as ruas que há por aí. Uma aplicação de mapas pode ser a solução. E uma app de mapas que funciona offline ainda melhor, uma vez que assim não gasta dados móveis do seu smartphone. Uma sugestão? A Maps.me, uma aplicação que possibilita o download de mapas que permite explorar a cidade e até fazer pesquisa por ruas. Mais: a aplicação ainda indica o trajeto de carro, com a informação do tempo e da distância em quilómetros. A aplicação tem mapas de mais de 340 países. Está disponível em iOS e Android. E é gratuita. www.maps.me 30 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 REGUS Se não tem um local para reunir com o seu cliente, saiba que já pode reservar uma sala através de uma aplicação para telemóvel. A Regus, empresa de soluções de espaço de trabalho flexíveis, permite alugar uma sala de reuniões por hora, meio dia ou dia inteiro num dos seus centros de negócios, através da app que criou para o efeito. A aplicação, batizada com o mesmo nome da empresa, funciona de forma muito simples. Depois do download, o utilizador poderá fazer uma pesquisa pelos centros da Regus mais próximos e reservar uma sala de reunião em poucos passos. Poderá ainda ver fotos do espaço e direções para chegar até ao local. A Regus tem sete centros em Lisboa e um no Porto. Segundo fonte da Regus em Portugal, as reservas podem ser feitas no própria dia. Mais: se reservar a sala através da app pode contar com um desconto de 10% sobre o valor do aluguer. www.regus.pt F I LT R O APPS T E L PA R K Interromper uma reunião porque tem de ir pagar o parquímetro não parece uma boa ideia. Felizmente, graças a uma aplicação, já não terá de passar por isto. A Telpark é uma app que permite pagar parquímetros e parques de estacionamento através do telemóvel. A grande vantagem? Não é necessário moedas, notas ou recibos de estacionamento, bastando apenas o registo na aplicação. Além disso, pode prolongar o tempo de estacionamento ou interrompê-lo. Ou seja, só paga o tempo que utiliza. A Telpark envia ainda alertas de fim de período e avisos por falta de pagamento. Os pagamentos podem ser feitos com cartão Visa, Mastercard ou MBNET. Um último detalhe: se não se lembrar onde estacionou o carro, nã se preocupe, a app tem a opção de localizar o véiculo. A Telpark está disponível para Android e iOS. A aplicação é gratuita. www.telpark.com H O T E LT O N I GH T A reunião durou mais do que esperava e já é tarde para voltar a casa. Se necessitar de reservar um hotel de última hora, a melhor aplicação para isso é a HotelTonight. A app, lançada em Portugal em 2014, permite reservar quartos de hotéis no próprio dia e com preços reduzidos. E todo o processo é muito simples. Depois de fazer o download da aplicação, basta pesquisar por cidade que de imediato aparece uma lista das ofertas disponíveis para o dia (ou dia seguinte ou fim de semana, se preferir). Depois de escolher o seu quarto, basta dar o seu nome, email e efetuar o pagamento (cartão de crédito ou PayPal). Atualmente a HotelTonight está disponível em sete cidades portuguesas. Funciona com o sistema iOS e Android e é gratuita. www.hoteltonight.com Z O M AT O Deve ser uma das plataformas mais utilizadas por foodies, amantes e viciados em boa comida. Por isso, acreditamos que é uma boa ferramenta de pesquisa se quiser saber qual o melhor restaurante para comer quando está fora da sua cidade. A aplicação permite pesquisar restaurantes por proximidade e tipo de comida, aceder aos menus, ver as fotos e opiniões dos utilizadores e, mais recentemente, fazer a reserva de uma mesa de forma gratuita e online. A Zomato tem informações sobre restaurantes da zona de Grande Lisboa, Porto e distrito de Setúbal. Disponibiliza informação sobre mais de 15 mil restaurantes em Portugal! A app está disponível para Android, iOS e Windows Phone e o download é gratuito. www.zomato.com V I VAG A S Se vai fazer a viagem de trabalho de carro, a aplicação VivaGas poderá interessar-lhe. Trata-se de uma aplicação que lhe indica os postos de abastecimento com o combustível mais barato e mais próximos de si. A app é muito fácil de usar, basta pesquisar o tipo de combustível e escolher a opção ‘mais barato’ ou ‘mais perto’. De imediato surge uma lista com os postos de abastecimento e os respetivos preços de combustível, tendo em conta a sua escolha. A pesquisa mais avançada permite encontrar não só combustíveis mas também filtrar por serviços adicionais, bem como por localidade. Além disso, a VivaGas ainda lhe faz o cálculo da rota até aos postos de abastecimento. A app é gratuita e está disponível em iOS e Android. www.appvivagas.com MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 31 32 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 F I LT R O GUIAS The best (book) ciTy guides! 1 2 3 4 Guias há muitos. Mas tentámos escolher alguns, daqueles que apetece guardar após a viagem. Veja a nossa seleção bn 1 THE MONOCLE TRAVEL GUIDES 2 A publicação sobre negócios, cultura e design Monocle é uma referência mundial. Portugal está no top 10 dos maiores mercados da revista britânica. Quem “a” conhece sabe bem que a Monocle além da revista também tem uma rádio, jornais, lojas e cafés. E guias de viagens também. Nestes livros poderá encontrar dicas dos melhores sítios para visitar, desde museus, restaurantes, bares e lojas, que possivelmente não encontrará noutros guias de viagens. LUXE CITY GUIDES Há doze anos esta marca mudou todo o conceito de guias de viagens. Apresentam-se como livros de bolso desdobráveis, em que apresentam o que fazer e até o que não fazer numa cidade. Não tem mapa, nem imagens, porque preferem ir diretos ao assunto e apostar no essencial: boa informação. A mais-valia dos guias Luxe? Existe uma aplicação para cada destino com informação atualizada mensalmente. Preço cerca de 13 euros www.monocle.com Preço cerca de 11 euros www.luxecityguides.com 1 2 3 4 CITIX60 A editora viction:ary é conhecida por ter uma “coleção” de livros com um design gráfico singular. Por isso, quando decidiu lançar guias de viagens não foi diferente. Os guias CITIx60 apostam assim numa imagem alternativa – a começar pela capa que se transforma num mapa! A importância do conteúdo não foi esquecida e convidaram 60 pessoas que vivem nas cidades e que conhecem os “cantos da casa” para partilharem 60 dicas sobre arquitetura, espaços de arte, lojas, mercados, restaurantes e entretenimento. Preço cerca de 11 euros 3 www.victionary.com 4 CRUMPLED CITY MAP é um mapa que se amachuca. Isso mesmo, leu bem. Estes mapas-guias não são uma novidade, já existem desde 2010, mas merecem aqui um lugar de destaque pelas suas características. Não se dobram, amachucam-se. São leves, feitos de um material resistente, e são 100% à prova de água. Inclui dicas de locais a visitar, claro. Perfeito para viajantes mais práticos. Preço 12 euros www.palomarweb.com MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 33 OLHARES D U S architects Edifícios com impressão 3D? Sim, já é uma realidade Estúdio de arquitetos usa impressão 3D para criar fachada de um edifício para a presidência do Conselho da União Europeia na Holanda C M Y cr é ditos da f oto : O ssip van D uivenbode CM MY CY CMY K Faz tempo que se fala em impressão 3D. A tecnologia é apontada como uma grande tendência que poderá contribuir para a evolução de uma sociedade. E no início deste ano tivemos mais uma prova desta realidade, a nível arquitetónico. O estúdio holandês DUS architects usou impressão 3D para criar a fachada de um edifício da presidência do Conselho da União Europeia, que este ano está nas mãos da Holanda até junho. A fachada do novo edifício, localizado na marina de Amesterdão, apresenta elementos impressos em 3D feitos de bioplástico que podem ser totalmente reciclados depois de os holandeses passarem a presidência para outro país. De acordo com informações 34 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016 dos arquitetos, parte da fachada do edifício foi inspirada nas velas dos barcos históricos que antes eram construídos na marina. E são estas que criam as alcovas que protegem os bancos impressos em 3D. O “padrão” dos bancos, com elementos de relevo de diferentes dimensões, retratam a variedade dos países da União Europeia. À noite, os bancos ficam iluminados. Porquê impressão 3D numa fachada de um edifício? “A presidência da União Europeia pediu um edifício que refletisse ‘o agora’. E esta fachada mostra as infinitas possibilidades da impressão 3D. É uma forma de criar objetos muito detalhados, ornamentados e originais. É, também, uma maneira muito eficaz para projetar edifícios ou partes de um edifício que se encaixam perfeitamente dentro do seu contexto envolvente. Acredito que a impressão 3D irá coexistir com outras técnicas de produção”, adianta fonte do estúdio de arquitetos à Bons Negócios. Os bancos foram produzidos numa impressora de tamanho XXL da 3D Print Canal House, um projeto da DUS architects e outros parceiros, em Amesterdão. Esta impressora gigante permite imprimir elementos até 2 x 2 x 3,5 metros. É a primeira vez no mundo que este tipo de impressões e desta dimensão estão a ser “mostradas num espaço de domínio público”, de acordo com os arquitetos. bn ANUNCIE NA BN ™ Faça chegar a sua marca e os seus produtos a um universo de 6000 empresas de forma qualificada e direcionada. Ser anunciante Bons Negócios é fazer um bom negócio. Contacte-nos: [email protected] / (+351) 21 603 06 72 / (+351) 96 806 41 98 A MOSTRAR-LHE O CAMINHO LOCALIZAÇÃO DE VIATURAS RELATÓRIOS GEO INFO DASHBOARD www.wavemaps.pt