universidade federal de campina grande centro de humanidades
Transcrição
universidade federal de campina grande centro de humanidades
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO O LIVRO DIDÁTICO E O PROFESSOR EM AULAS DE COMPREENSÃO ORAL DE LÍNGUA INGLESA: PRODUTO OU PROCESSO? Mirelly Karolinny de Melo Meireles Campina Grande – PB, Agosto de 2013 Mirelly Karolinny de Melo Meireles O LIVRO DIDÁTICO E O PROFESSOR EM AULAS DE COMPREENSÃO ORAL DE LÍNGUA INGLESA: PRODUTO OU PROCESSO? Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da Universidade Federal de Campina Grande, em cumprimento aos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Linguagem e Ensino. Orientadora: Profa. Dra. Neide de Fátima Cesar da Cruz 2013 FOLHA DE APROVAÇÃO Banca Examinadora Profa. Dra. Neide de Fátima Cesar da Cruz – UFCG (Orientadora) Profa. Dra. Daniela Gomes de Araújo Nóbrega – UEPB (Examinadora) Profa. Dra. Josilene Pinheiro Mariz – UFCG (Examinadora) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho, ao meu Deus, pois sem Ele, jamais conseguiria esta conquista. Como também a todos que me incentivaram na realização deste Mestrado, e em especial a minha mãe e a minha avó, que nunca mediram esforços para eu estudar, desde os tempos de infância. AGRADECIMENTOS A Deus por me amparar em todos os momentos, me dar força para superar todas as dificuldades que vivenciei e me suprir em todas as minhas necessidades. À minha orientadora, Profa. Neide Cesar Cruz, por suas orientações, por acreditar em mim, me ensinar o que realmente é pesquisar - contribuindo para o meu crescimento profissional - por ser exemplo de profissional e de ser humano, além de fazer parte da minha vida e me dar força em momentos difíceis e angustiantes que vivenciei. Agradeço a Deus por tê-la colocado em minha vida. À minha mainha, Joana e à minha avó/ mãe, Raimunda, por serem dois exemplos de mulheres em minha vida e pelo amor e carinho que sempre me deram. Ao meu avô/pai Osório, pelo amor e pelo apoio em tudo que fiz. Ao meu irmão Dirlly, pela amizade e atenção sempre que preciso conversar. Ao meu noivo Manoel, por sempre estar ao meu lado e me encorajar nos momentos mais difíceis. Aos meus primos Ygo, Macelly, Adriana e Alberone, por estarem sempre ao meu lado. Às minhas tias Maria José e Maria de Jesus, pelo incentivo e por serem verdadeiras mães para mim. Às minhas amigas que fizeram parte desses momentos me ajudando e incentivando: Leila, Íris, Iza, Natália, Poliane, Elaine, Raruza, Renata e Wislane. A todos os meus professores de Mestrado – Edmilson Rafael, Marco Antônio, Sinara Branco e Aloísio – pelos ensinamentos. Aos meus colegas de Mestrado, em especial à Kaline, pela amizade, apoio, incentivo, palavras de esperança e pela força que sempre me deu nos momentos mais atribulados que vivi. A Josilene Pinheiro e Daniela Nóbrega, por terem lido atentamente o meu trabalho, durante a fase de Qualificação e pelas valiosas sugestões, as quais contribuíram para a finalização deste. À Profa. Vivian Monteiro e ao Prof. Normando, pelo apoio e pelos ensinamentos durante o meu estágio docência/ Bolsa REUNI. À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino da UFCG, em especial à Michelle, Roberto, Profas. Marta Nóbrega e Sinara Branco, pela prontidão para nos ajudar sempre que precisávamos. Às duas professoras que aceitaram participar da nossa pesquisa, permitindo a observação e gravação em áudio das suas aulas. LISTA DE ABREVIATURAS CO – Compreensão Oral LD – Livro Didático LE – Língua Estrangeira LI - Língua Inglesa LM – Língua Materna MD – Material Didático MP – Manual do Professor Pré-CO - Pré-Compreensão Oral Pós-CO - Pós-Compreensão Oral UFCG – Universidade Federal de Campina Grande LISTA DE ILUSTRAÇÕES (QUADROS, FIGURAS E TABELAS) LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Definições de CO entre as décadas de 70 e os anos 2000 ....................26 Quadro 02 – Vantagens e desvantagens dos LD no ensino de LI ...............................35 Quadro 03 – Atividades da fase de Pré-CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009)................................................................................................47 Quadro 04 – Atividades da fase de CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009) ...........................................................................................................49 Quadro 05 – Atividades da fase de Pós-CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009) ...............................................................................................51 Quadro 06 – Tipos de Atividades que visam ao desenvolvimento da CO segundo Rost (1990, apud POLACZEK, 2003) ...................................................................................53 Quadro 07 – Sumário dos dados das professoras participantes ..................................59 Quadro 08 - Categorias dos exercícios contidos nas Atividades de CO do LD............73 Quadro 09 – Formato da Atividade 01 .........................................................................76 Quadro 10 – Formato da Atividade 02 .........................................................................78 Quadro 11 – Foco dado pela professora A ao aplicar a Atividade 01 ..........................88 Quadro 12 – Foco dado pela professora B ao aplicar a Atividade 01...........................94 Quadro 13 – Formato da Atividade 01do LD e o foco dado pelas professoras A e B ..94 Quadro 14 – Comparativo das Sugestões de Aplicação da Atividade 01 pelo LD e o MP e a prática das Professoras A e B...........................................................................95 Quadro 15 – Foco dado pela Professora A ao aplicar a Atividade 02.........................101 Quadro 16 – Foco dado pela professora B ao aplicar a Atividade 02.........................105 Quadro 17 – Formato da Atividade 02 do LD e o foco dado pelas Professoras A e B..................................................................................................................................105 Quadro 18 – Comparação das Sugestões de Aplicação da Atividade 02 (dois) pelo LD e o MP e a prática das Professoras A e B...................................................................108 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Atividade 01.1 de CO do LD New Headway – Intermediate .....................68 Figura 02 – Atividade 01.2 de CO do LD New Headway – Intermediate .....................69 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Tabela elaborada pela Professora A ........................................................80 Tabela 02 – Tabela elaborada pela Professora A ........................................................97 LISTA DE NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO (baseadas em Dick Allwright,1990) T = Professora M1 = Aluno identificado M2 = Aluno identificado M3 = Aluno identificado M4 = Aluno identificado M5 = Aluno identificado M = Aluno não-identificado F1 = Aluna identificada F2 = Aluna identificada F3 = Aluna identificada F4 = Aluna identificada F5 = Aluna identificada F = Aluna não-identificada LLL = Vários alunos ao mesmo tempo LLL = Alunos em coro [ ] = Comentários X = Item incompreensível, provavelmente de uma palavra XX = Frase incompreensível ... = Pausas “ ” = Algo que foi lido, e não falado SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................14 CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..........................................................20 1.Compreensão Oral ..................................................................................................20 1.1 O que é Compreensão Oral? .................................................................................21 1.2 Qual é a importância de se ensinar Compreensão Oral?.......................................27 1.3 Compreensão Oral em Língua Inglesa: foco no produto ou no processo? ...........30 2. O Livro Didático de Língua Inglesa.......................................................................32 2.1 O Livro Didático e o Ensino de Língua Inglesa.......................................................33 2.2 O professor e o Livro Didático: que relação é essa? ..............................................35 2.3 Compreensão Oral nos Livros Didáticos de Língua Inglesa: que relação é essa?.............................................................................................................................38 2.4 Formato das atividades de Compreensão Oral nos Livros Didáticos de Língua Inglesa ..........................................................................................................................39 2.5 Tipologia das Atividades de Compreensão Oral ....................................................52 CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA .................................................................................55 2.1 Tipologia da Pesquisa...........................................................................................55 2.2 O Contexto da Pesquisa.......................................................................................58 2.3 Os participantes da pesquisa...............................................................................58 2.4 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados.........................................59 2.4.1 Gravações em áudio............................................................................................60 2.4.2 Notas de campo...................................................................................................60 2.4.3 Entrevistas ...........................................................................................................61 2.5 O Livro Didático.....................................................................................................63 CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................66 3.1 Atividades de CO do LD aplicadas pelas Professoras A e B............................67 3.1.1 Atividade 01..........................................................................................................67 3.1.2 Atividade 02..........................................................................................................71 3.2 Formato das Atividades de Compreensão Oral.................................................73 3.2.1 Atividade 01..........................................................................................................73 3.2.2 Atividade 02..........................................................................................................76 3.3 Foco adotado pelas professoras: foco no produto ou no processo?.............79 3.3.1 Atividade 01..........................................................................................................79 3.3.2 Atividade 02..........................................................................................................96 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................110 REFERÊNCIAS...........................................................................................................115 APÊNDICES................................................................................................................120 ANEXOS.....................................................................................................................131 RESUMO Esta pesquisa qualitativa de base etnográfica e bibliográfica (MOREIRA; CALEFFE, 2008; GIL, 2010; DE GRANDE, 2011) tem como objetivos específicos: (1) Verificar o formato que as atividades de Compreensão Oral (CO) de um livro didático (LD) de língua inglesa (LI) utilizado em um curso de Letras – habilitação Língua Inglesa - de uma universidade pública no município de Campina Grande/PB, apresenta; e (2) Identificar se o foco de ensino da CO, por dois professores – que aplicam tais atividades - é o produto ou o processo. No presente estudo, abordamos aspectos teóricos relacionados à CO (GUO; WILLS, 2008; CHEUNG, 2010; SATO, 2011; ELTAWILA, 2009; ROST, 2005; VANDERGRIFT, 2004; SARDINHA; MOTTER, 2008; EL-KOUMY, 2002; POLACZEC, 2003; FIELD, 1998; 2003; 2005; SANTOS, 2010; SHEERIN, 1987; GOH, 2003; RICHARDS, 1983; UR, 1984) e ao LD de LI (RAMOS, 2009; ALLWRIGHT, 1981; O’NEILL, 1982, 1993; CUNNINGSWORTH, 1984, 1995; SHELDON, 1987; HUTCHINSON; WATERS, 1987; HUTCHINSON; TORRES, 1994; GRAVES, 2000; RICHARDS, 1998, 2002; SOUSA, 2007; PINTO; PESSOA, 2009; UR, 1984, 1996; FIELD, op.cit.; ELTAWILA, op. cit.; GUO; WILLS, op. cit.). O contexto da nossa pesquisa é a disciplina de Língua Inglesa III, do curso de Letras/ habilitação Língua Inglesa, de uma universidade pública, no município de Campina Grande/PB, e os participantes são duas professoras. Os instrumentos utilizados na coleta de dados envolvem observação, notas de campo e gravação em áudio das aulas, além de entrevistas semi-estruturadas. Desse modo, analisamos duas atividade de CO (Atividades 01 e 02) presentes no LD (New Headway – Intermediate/ SOARS; SOARS, 1998) utilizado pelas participantes da pesquisa. Os resultados obtidos indicaram que o formato apresentado pela referida atividade é: i) Pré-CO; ii) CO; e iii) Pós-CO. E ao que refere ao foco de ensino da CO dado pelas professoras, constatamos que elas focalizaram, predominantemente, no produto. Palavras-chave: Linguística Aplicada, Compreensão Oral, Produto, Processo, Língua Inglesa, Livro Didático. 12 ABSTRACT This ethnographic and bibliographic qualitative research (MOREIRA; CALEFFE, 2008; GIL, 2010; DE GRANDE, 2011) has the following specific objectives: (1) to verify the format of Listening Comprehension (LC) activities presented by an English textbook used in Modern Languages (English) at a public University in Campina Grande (PB); and (2) to identify if the LC teaching focus, by the two professors – that apply the activities – is the product or the process. In this study, we approach theories related to the LC (GUO; WILLS, 2008; CHEUNG, 2010; SATO, 2011; ELTAWILA, 2009; ROST, 2005; VANDERGRIFT, 2004; SARDINHA; MOTTER, 2008; EL-KOUMY, 2002; POLACZEC, 2003;FIELD, 1998;2003;2005; SANTOS, 2010; SHEERIN, 1987; GOH, 2003; RICHARDS, 1983; UR, 1984) and to the English textbook (RAMOS, 2009; ALLWRIGHT, 1981; O’NEILL, 1982, 1993; CUNNINGSWORTH, 1984, 1995; SHELDON, 1987; HUTCHINSON; WATERS, 1987; HUTCHINSON; TORRES, 1994; GRAVES, 2000; RICHARDS, 1998, 2002; SOUSA, 2007; PINTO; PESSOA, 2009; UR, 1984, 1996; FIELD, op.cit.; ELTAWILA, op. cit.; GUO; WILLS, op. cit.). The context of our investigation is the English Language III subject, course of Modern Languages (English) at a public University in Campina Grande (PB), and the participants are 2 (two) professors. The instruments used for data collection involve observation, field notes and audio-recording of classes, besides the semi-structured interviews. So, we analyzed two listening activities (Activities 01 and 02) present in the textbook (New Headway – Intermediate/ SOARS; SOARS, 1998) used by the participants. The results indicated that the format presented by the activity is: i) Pre-LC; ii) LC; and iii) Post-LC. And related to the LC teaching focus, we concluded that they focused on the product. Keywords: Applied Linguistics, Listening Comprehension, Product, Process, English Language, Textbook. 13 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Ao fazer uma retrospectiva em relação ao ensino de línguas e, de forma mais específica, ao de Língua Inglesa (LI), Nunan (1989) e Flowerdew (1994, apud BOYD, 2005) afirmam que a história de tal ensino tinha como foco a habilidade de produção escrita, caracterizado por sentenças bem formadas e parágrafos bem estruturados, em oposição ao ensino de produção e compreensão oral, em que os enunciados são mais curtos e fragmentados, além de serem marcados por uma série de aspectos relacionados à pronúncia. No ensino de LI, nas décadas de 1940, 1950 e 1960, não se atribuía importância alguma à habilidade de Compreensão Oral (CO), sendo esta apenas trabalhada em exercícios de repetição, abordando a gramática e a pronúncia, além da imitação dos diálogos pelos aprendizes (MORLEY, 2003). Além disso, de acordo com o referido autor (op. cit.), as teorias de aprendizagem de LI atribuíam pouca importância à CO, e esta, juntamente com a leitura, eram consideradas habilidades passivas1, sendo assim, pouco valorizadas. As abordagens de ensino de línguas não reconheciam a necessidade de se ensinar CO; mas, houve mudanças a partir da abordagem áudio-lingual (NUNES, 1983), uma vez que foram usadas uma variedade de técnicas para desenvolver a habilidade de CO – de forma mais geral ou específica 1 Uma habilidade é considerada passiva quando um indivíduo apenas recebe a informação, mas não interage com esta, ou seja, ele não processa o que recebe. Portanto, a CO não é considerada como uma habilidade passiva, mas como uma habilidade ativa, uma vez que esta exige habilidades por parte do ouvinte como a decodificação, compreensão de vocabulário e da sintaxe, e a interpretação de aspectos suprasegmentais do discurso (entonação, acentuação, por exemplo) e a interação com o micro e macro contextos [YAGANG, 1993; HOWATT; DAKIN (1974, apud GUO; WILLS, 2008); VANDERGRIFT, 2004]. 14 (FLOWERDEW; MILLER, 2005, p. 20). Recentemente, tem crescido o interesse e a preocupação pelo ensino da referida habilidade, sendo influenciados por estudos feitos em aquisição de língua estrangeira (LE), em análise do discurso, na teoria do processo cognitivo e nas estratégias de língua dos aprendizes (Ibid., p.20). Mesmo com o crescente interesse pela CO, dentre as quatro habilidades linguísticas - produção oral e escrita e compreensão oral e escrita - esta é, historicamente, a habilidade mais negligenciada, esquecida e mal representada em aulas de LI, além de ser pouco ensinada (WHITE, 2006, p. 111; YANG, 2006, p. 2). Isto ocorre principalmente pela falta de preparo de professores de LI, inclusive em cursos de formação, visto que boa parte destes considera a CO como uma habilidade difícil de ser ensinada (CONSOLO, 2000) e, além disso, acredita-se que ao ensinar a produção oral, o aluno consequentemente desenvolverá a CO (CHEUNG, 2010). Além de tal problemática no que concerne ao ensino de CO em LI, outra questão tem repercutido bastante: as atividades e materiais que abordam a referida habilidade. Conforme Cheung (op. cit.), parece haver muito menos materiais de ensino de CO do que das outras habilidades linguísticas. Tal fato se justifica porque os processos de compreensão do texto oral continuam sendo pouco compreendidos e porque os professores, geralmente, assumem que os alunos desenvolverão, de alguma forma, a CO, uma vez que eles são ensinados a falar. A partir dos avanços no ensino da CO, as atividades e materiais que abordam tal habilidade também mudaram. Não obstante os progressos no ensino e nos materiais que tratam da CO, Field (1998) afirma que uma atividade convencional de CO, simplesmente adiciona um texto novo em LI na 15 vida do aluno, contribuindo pouco ou nada para melhorar a sua compreensão ou para sanar suas deficiências como ouvinte. O sucesso do aprendiz está em responder de forma correta às perguntas ou tarefas propostas, sendo este o foco do professor ao aplicar atividades de CO, não levando em consideração como o aluno atingiu (ou não) a compreensão do texto oral (FIELD, 2003; VANDERGRIFT, 2004). Desse modo, ao considerar apenas os acertos dos aprendizes, o professor apenas foca no produto da CO, e não no processo. Focalizar no produto e no processo da CO correspondem, respectivamente, com o que autores como Field (1998; 2003), Goh (2003) e Vandergrift (2004) denominam de testar e ensinar a CO; processamentos bottom-up/ ascendente e top-down/ descendente de compreensão (cf. p. 32). Ao se guiar pelo livro didático (LD), o professor tende a testar a CO devido às inadequações de formato que as atividades apresentam, preocupando-se apenas se o aprendiz respondeu de forma correta, não levando em consideração os erros, e consequentemente, não compreendendo os motivos pelos quais estes ocorreram e não os sanando, para que não venham a ocorrer numa atividade de CO futura (SHEERIN, 1987; FIELD, 1998). Tais questões abordadas anteriormente estão ligadas ao nosso interesse particular pelo ensino de CO em LI, que surgiu a partir da disciplina Compreensão Oral em Língua Inglesa, cursada durante a pós-graduação, no Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) – como aluna especial – na qual tivemos a oportunidade de realizar leituras acerca da temática e com isso, compreender a importância da CO para o ensino-aprendizagem de línguas. 16 Ao final da disciplina, produzimos um trabalho intitulado Compreensão Oral nos Manuais Didáticos de Língua Inglesa: Ensinam ou Testam? (MEIRELES, 2009) que objetivava investigar se as atividades contidas num LD de LI de um curso de línguas no município de Campina Grande/PB - nível intermediário - ensinam ou testam. Os resultados obtidos mostraram que boa parte – cerca de 80% - das atividades analisadas desse LD apenas testam a CO. A partir dos resultados do referido trabalho, decidimos continuar investigando o ensino da CO em LI, porém decidimos ir além do LD, analisando também os professores ao aplicarem as atividades de CO de um LD de LI. Desse modo, o presente estudo visa à investigação da prática de duas professoras de LI, no contexto de um curso de formação de professores de inglês, no que se refere ao ensino de CO em suas aulas utilizando um determinado LD. Os questionamentos que conduziram esta pesquisa surgiram a partir do nosso próprio interesse em investigar e buscar uma melhor compreensão sobre o real formato que as atividades de CO apresentam em LD de LI. Ademais, gostaríamos de verificar se as professoras, ao utilizarem os LD de LI em suas aulas, seguiriam o formato proposto por estes e, se teriam como foco de ensino o produto ou o processo. Assim, os objetivos desta pesquisa são: Objetivo Geral: Contribuir para uma melhor compreensão de como as atividades de CO são apresentadas por um LD e, como estas, são aplicadas por professores de LI. 17 Objetivos Específicos: 1. Verificar o formato que as atividades de CO de um LD de LI utilizado em um curso de Letras – habilitação Língua Inglesa - de uma universidade pública no município de Campina Grande/PB, apresenta; e 2. Identificar se o foco de ensino da CO, por duas professoras – que aplicam tais atividades - é o produto ou o processo. Este trabalho está organizado em 03 (três) capítulos. No primeiro capítulo, destinado à Fundamentação Teórica, trataremos de aspectos relacionados ao ensino de CO e ao LD de LI. No que concerne à CO, apresentaremos algumas definições ao longo das décadas, a importância de se ensinar tal habilidade e questões acerca de ensinar e testar a habilidade CO. Já em relação ao LD de LI, apresentaremos aspectos relacionados ao LD e ao ensino de LI; a relação entre o professor de LI e o LD; e, as atividades de CO nos LDs de LI, abordando, especificamente o foco no produto e no processo, o formato das atividades de CO ao longo dos anos e a tipologia dessas atividades. No segundo capítulo, descreveremos a Metodologia adotada na presente pesquisa. Assim, apresentaremos a tipologia da pesquisa, seu contexto, os participantes, os procedimentos e os instrumentos para a coleta de dados. No terceiro capítulo, abordaremos a Análise dos Dados, onde analisaremos as atividades de CO selecionadas do LD de LI e utilizadas por ambos os professores. Além disso, analisaremos a prática de ensino 18 apresentada pelos dois professores, verificando o foco dado às atividades de CO. Por fim, apresentaremos as nossas Considerações Finais que incluem: (1) os resultados da pesquisa; (2) as suas contribuições para a área de ensino-aprendizagem de LI; (3) as implicações para a formação docente em LI; (4) a limitação da pesquisa; e (5) as sugestões para futuras pesquisas. 19 CAPÍTULO 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA No presente capítulo, que se divide em duas seções, trataremos do embasamento teórico deste estudo. Na primeira, abordaremos questões relacionadas ao ensino da habilidade de CO; e, na segunda seção, apresentaremos aspectos relacionados ao LD de LI. A primeira seção é composta por subseções, que apresentam definições de CO, a importância de se ensinar tal habilidade e questões acerca do foco no produto ou no processo no ensino de CO. A segunda seção, também composta por subseções, apresenta aspectos referentes ao LD e ao ensino de LI; a relação entre o professor de LI e o LD; e as atividades de CO nos LD de LI, abordando, especificamente o foco no produto ou no processo, o formato e a tipologia dessas atividades. 1. A Compreensão Oral Foi descoberto que dentre as quatro habilidades, a habilidade mais frequentemente usada na vida de um adulto é a CO (42%), acompanhada pela produção oral (32%), leitura (15%) e escrita (11%) (FLOWERDEW, 1994). Celce-Murcia e Olshtain (2000) concordam com Flowerdew (op. cit.) e acreditam que é inquestionável que nós usamos a CO mais que qualquer outra habilidade. 20 Desse modo, a aprendizagem da língua depende da CO uma vez que a maioria dos aprendizes gasta mais tempo na CO de uma LE do que em qualquer outra habilidade, daí a sua maior importância no contexto de ensino de LE. A seguir, veremos algumas subseções que tratam de forma mais específica tal habilidade. 1.1 O que é Compreensão Oral? A CO é definida de forma diversa por diferentes teóricos e ao longo do tempo. Apresentamos então, as diversas definições dadas à habilidade de CO entre as décadas de 1970 e a atual: Década de 1970: O conceito de CO varia durante a década de 1970, uma vez que no início desta, a referida habilidade é considerada passiva (cf. p.14), uma vez que o ouvinte deve apenas ouvir a informação sem haver o processamento desta e, a ‘percepção’ dos sons, é tida como a base para a compreensão do texto oral. Chastain (1971, apud CHEUNG, 2010, p.4) afirma que “a CO é a capacidade de compreender o discurso nativo numa velocidade normal e em uma situação não estruturada.”2,3 Observamos que nesta definição de Chastain (op. cit.), ele considera apenas o contexto natural da situação, além de que ele não cita que o ouvinte deve interagir com a informação ouvida e processá-la, mas apenas compreender o discurso, ou seja, decodificar os sons ouvidos. 2 Todas as traduções deste trabalho são de minha responsabilidade e autoria. 3 […]listening comprehension as being able to understand native speech at normal speed in an unstructured situation. (CHASTAIN, 1971, apud CHEUNG, 2010, p.4). 21 Nesta definição de CO no início da década de 1970, a ‘percepção’ dos sons é considerada como a base para a compreensão do texto oral, sendo tal habilidade compreendida como passiva. Já nas definições de meados ao final da década de 1970, constatamos que a interpretação do que foi ouvido é levada em consideração. De acordo com Postovsky (1975, apud CHEUNG, 2010, p.4), “a CO varia em significado desde a discriminação dos sons à compreensão oral (i.e., a real compreensão da língua falada).”4 Verificamos que Postovsky (op.cit.) não considera a CO como uma habilidade meramente passiva, apesar dele não desconsiderar a ‘percepção’ dos sons como ponto inicial da compreensão do texto oral, ele também leva em consideração a compreensão real do que foi falado. Compreendemos então, que o teórico (op.cit.) percebe a importância de que a informação seja realmente compreendida pelo ouvinte. Década de 1980: Constatamos diferentes definições acerca da CO ao longo década de 1970, em que inicialmente, tal habilidade era considerada uma habilidade passiva e, depois já se atribui certa importância em compreender realmente o discurso oral. Percebemos que o mesmo ocorreu durante a década de 1980, visto que alguns teóricos apresentam conceitos distintos de CO, já que alguns definem a CO como uma habilidade passiva, e outros já a consideram como uma habilidade ativa. Goss (1982, apud CHEUNG, 2010, p. 4) conceitua a CO “como um processo de reter o que foi ouvido e organizar tal informação em unidades 4 Listening ranges in meaning from sound discrimination to aural comprehension (i.e., actual understanding of the spoken language). (POSTOVSKY, 1975, apud CHEUNG, 2010, p.4). 22 verbais as quais se possa atribuir significado.”5 Nesta definição de Goss (op. cit.), inferimos que a CO é definida como uma habilidade passiva, visto que é atribuída importância aos sons ouvidos, e não a interpretação e processamento destes. No entanto, Ronald e Roskelly (1985, apud GUO; WILLS, 2008, p.2) definem a CO como “um processo ativo que requer as habilidades de predizer, hipotetizar, checar, revisar e generalizar.”6 Neste conceito de CO dado por Ronald e Roskelly (op. cit.), a CO é definida como uma habilidade ativa, em que o ouvinte deve utilizar de algumas habilidades para processar e interpretar a informação recebida. Década de 1990: Diferentemente dos conceitos distintos atribuídos à CO nas décadas de 1970 e 1980, as definições de CO na década de 1990 apresentam-se semelhantes, pois tal habilidade é considerada como um processo realmente ativo e que outros aspectos também devem ser levados em consideração na compreensão de um texto oral, tais como o contexto e o objetivo do interlocutor durante a escuta. Brown (1994, p.235) afirma que A CO não se resume à mera recepção de símbolos audíveis por uma via de mão única. Num primeiro momento, num processo psicomotor, as ondas sonoras recebidas pelo ouvido são transmitidas através de impulsos nervosos para o cérebro. Uma série de mecanismos tanto cognitivos como afetivos é iniciada por um processo interativo quando o cérebro atua sobre 7 os impulsos nervosos recebidos. (BROWN, 1994, p.235) 5 […] listening is a process of taking what you hear and organizing it into verbal units to which you can apply meaning. (GOSS, 1982, apud CHEUNG, 2010, p. 4). 6 […] as an active process requiring the same skills of prediction, hypothesizing, checking, revising, and generalizing that writing and reading demand. (RONALD; ROSKELLY, 1985, apud GUO; WILLS, 2008, p.2). 7 Listening is not a one way street. It is not merely the process of a unidirectional receiving of audible symbols. One facet – the first step – of listening comprehension is the psychomotor process of receiving sound waves through the ear and transmitting nerve impulses to the brain. But that clearly is just the beginning of what is an interactive process as the brain acts on the 23 Através desta definição de CO, Brown (op.cit) explicita o processamento do texto oral recebido pelo cérebro, objetivando mostrar que a CO é uma habilidade ativa, que requer bastante esforço do ouvinte. Buck (1997, apud SATO, 2011, p.21) também define a referida habilidade de forma complexa e, que além do esforço do ouvinte para processar o texto oral, outros elementos e aspectos devem ser levados em consideração: A CO é vista como uma interação entre uma variedade de tipos de conhecimento: por um lado, conhecimento linguístico (lexical, sintático, semântico, discursivo, etc.) e não linguístico (situacional, relacionado ao conteúdo e conhecimento geral de mundo, etc.) e, por outro, por um sinal acústico indeterminado. A CO é um processo de inferência no qual o interlocutor constrói sentido por meio dessa interação; e a interpretação do texto é orientada e influenciada pelo contexto da situação e pelo propósito 8 do interlocutor para ouvir. (BUCK, 1997 apud SATO, 2011, p.21). No conceito de CO de Buck (op. cit.), constatamos a CO como uma habilidade ‘interativa’, uma vez que existe uma interação entre o ouvinte e a mensagem. Dentre as definições até aqui observadas, acreditamos que Buck (op. cit.) oferece a mais abrangente, visto que a CO é definida por este como uma interação entre vários conhecimentos linguísticos e não-linguísticos, além de um sinal acústico. Ademais, os interlocutores exercem um papel ativo na negociação de sentidos, sendo estes influenciados pelo contexto e a intenção de quem está ouvindo. impulses, bringing bear a number of different cognitive and affective mechanisms. (BROWN, 1994, p.235). 8 Listening comprehension is seen as an interaction between a variety of knowledge types on the one hand, both linguistic (lexical, syntactic, semantic, discourse, etc.) and non-linguistic (situational, content-related, and general world knowledge, etc.), and on the other hand an inherently indeterminate acoustic signal. Listening comprehension is an inferential process in which the listener constructs meaning through this interaction; and the interpretation of the text is guided and influenced by the context of situation and the listener’s purpose for listening. (BUCK, 1997 apud SATO, 2011, p.21). 24 Ano 2000: No ano 2000, as definições acerca da habilidade de CO são mais complexas em relação às outras décadas, uma vez que já se compreende a importância e complexidade desta habilidade. Helgesen (2003, apud ELTAWILA, 2009, p.7) conceitua a CO como “um processo ativo e uma habilidade receptiva. Ou seja, tal habilidade requer que a pessoa receba e compreenda a informação recebida.”9 Helgesen (op. cit.) enfatiza a questão da CO como uma habilidade ativa, em que o ouvinte além de receber a informação, deve compreendê-la. Rost (2005, p.503) concorda com Helgesen (op. cit.), ao definir a CO como um complexo processo cognitivo que permite a uma pessoa entender a língua oral. A CO engloba os aspectos receptivos, construtivos e interpretativos da cognição, que são utilizados em língua materna e 10 segunda língua. (ROST, 2005, p.503) Rost (op. cit.) concorda com Helgesen (op. cit.) no que se refere à complexidade da CO, além de que esta é uma habilidade ativa e receptiva. Ele ainda acrescenta que a CO envolve aspectos construtivos (construção e representação de significados) e interpretativos da cognição (negociação de sentido com o interlocutor e respostas e/ou criação de significado por meio de envolvimento, imaginação e empatia), já que o ouvinte, ao receber a informação, constrói significados e interpreta a mensagem. Vandergrift (2004, p. 29), ao definir a CO, adiciona outros aspectos considerados relevantes ao compreender um texto oral. Desse modo, ele conceitua a CO como sendo 9 […] an active process […] and a receptive skill. That is, it requires a person to receive and understand incoming information (input). (HELGESEN, 2003 apud ELTAWILA, 2007, p.7). 10 Listening refers to a complex cognitive process that allows a person to understand spoken language. Listening encompasses receptive, constructive, and interpretative aspects of cognition, which are utilized in both first language (L1) and second language (L2) listening. (ROST, 2005, p.503). 25 uma atividade complexa, uma vez que ouvintes têm que discriminar sons, entender vocabulário e estruturas gramaticais, interpretar palavras fortes e entonação; e por fim, reunir todos esses elementos e interpretá-los dentro 11 de um contexto imediato e sociocultural onde o enunciado foi pronunciado. (VANDERGRIFT, 2004, p.29). Vandergrift (op. cit.) concorda com outros teóricos citados anteriormente no que se refere à complexidade da CO e, mais especificamente com Buck (op. cit.), ao levar em consideração o contexto onde o enunciado foi emitido. O Quadro 01 (um) sumariza as definições atribuídas à habilidade de CO entre as décadas de 1970 e o ano 2000: Quadro 01 – Definições de CO entre as décadas de 1970 e o ano 2000 Fonte: Dados da Pesquisa DÉCADA DE 1970 DÉCADA DE 1980 DÉCADA DE 1990 ANO 2000 A CO como habilidade passiva, sendo definida como a capacidade de compreender o discurso nativo numa velocidade normal e em uma situação não estruturada. (CHASTAIN, 1971, apud CHEUNG, 2010, p.4). A CO como habilidade passiva,sendo considerada como um processo de reter o que foi ouvido e organizar tal informação em unidades verbais as quais se possa atribuir significado. (GOSS, 1982, apud CHEUNG, 2010, p. 4). A CO é definida como uma habilidade ativa; Tal habilidade não se resume à mera recepção de símbolos audíveis por uma via de mão única. (BROWN, 1994, p.235). A CO é definida como uma habilidade ativa e receptiva (HELGESEN, 2003 apud ELTAWILA, 2007, p.7). A CO como habilidade ativa, sendo definida como a discriminação dos sons à compreensão oral (i.e., a real compreensão da língua falada). (POSTOVSKY, 1975, apud CHEUNG, 2010, p.4). A CO como uma habilidade ativa, que requer as habilidades de predizer, hipotetizar, checar, revisar e generalizar. (RONALD; ROSKELLY, 1985, apud GUO; WILLS, 2008, p.2). A CO é definida como uma habilidade ‘interativa’, uma vez que existe uma interação do ouvinte com a mensagem. (BUCK, 1997 apud SATO, 2011, p.21). A CO envolve aspectos construtivos (construção e representação de significados) e interpretativos da cognição (negociação de sentido com o interlocutor e respostas e/ou criação de significado por meio de envolvimento,imaginação e empatia). (ROST, 2005, p.503). O ouvinte deve interpretar a informação recebida dentro de um contexto imediato e sociocultural onde o enunciado foi pronunciado.(VANDERGRIFT, 2004, p.29). Fonte: Dados da Pesquisa 11 […] a complex activity. Listeners must discriminate between sounds, understand vocabulary and grammatical structures, interpret stress and intonation, retain what was gathered in all of the above, and interpret it within the immediate as well as the larger socio-cultural context of the utterance. (VANDERGRIFT, 2004, p.29). 26 Dentre as diversas definições acerca da habilidade de CO apresentadas, adotamos para o presente trabalho as definições de Buck (1997 apud SATO, 2011), Vandergrift (2004) e Rost (2005). E com base nos conceitos destes teóricos, sumarizamos a definição de CO adotada como uma habilidade complexa, ativa, receptiva e interativa, em que há interação entre vários conhecimentos linguísticos e não-linguísticos, além de um sinal acústico indeterminado. Além disso, a compreensão do texto oral envolve aspectos receptivos, construtivos e interpretativos da cognição. Desse modo, o ouvinte deve discriminar os sons, compreender vocabulário e sintaxe, interpretar acentuação e entonação do emissor, além da mensagem como um todo. Ademais, o ouvinte é influenciado pelo contexto e a interação de quem está escutando. 1.2 Qual é a importância de se ensinar Compreensão Oral? Sardinha e Motter (2008) afirmam que uma das mais importantes contribuições para o desenvolvimento da habilidade de CO aparece na hipótese do input, uma das cinco hipóteses acerca do processo de aquisição de línguas elaboradas por Krashen e Terrel (1983, apud SARDINHA; MOTTER, op. cit.). Para os referidos autores, o input trata da amostra de linguagem a ser oferecida, especificamente, no presente trabalho, aos aprendizes de LI. Conforme Krashen e Terrel (op. cit.), o indivíduo deve receber input equivalente a i+1 - o que o aluno já domina é i, enquanto +1 será tudo o mais que for apresentado como nova amostra de linguagem. O contato do aluno com o insumo oral compreensível o leva a internalização da língua alvo e, dessa forma, a compreensão e interação entre os sujeitos, sendo função do professor fornecer o máximo de insumo oral a seus alunos. 27 Desse modo, a CO deveria ser a primeira habilidade a ser adquirida na aprendizagem de uma nova língua, já que a compreensão das palavras faladas é pré-requisito para falar, ler e escrever; assim, a compreensão precede a reprodução (CHEUNG, 2010). É de suma importância que no contexto de ensino de línguas, a referida habilidade não seja negligenciada, uma vez que é pré-requisito para a aquisição das outras habilidades. A aprendizagem de línguas depende da CO, uma vez que se fornece o insumo oral que serve como base para aquisição da língua e permite que os aprendizes interajam numa comunicação oral (CHEUNG, op. cit.). Um estudo conduzido por Wilt (1950) revelou que as pessoas passam 45% do tempo ouvindo, 30% falando, 16% lendo e 9% escrevendo. Esse estudo confirmou o que Rankin descobriu em 1928, que as pessoas passam 70% do seu tempo se comunicando e destes, três quartos eram gastos ouvindo e falando, reforçando assim, ainda mais a relevância da habilidade de CO na comunicação. Bulletin (1952, apud GUO; WILLS, 2008) também afirma que a CO é a habilidade linguística fundamental, sendo o meio pelo qual as pessoas adquirem boa parte de sua educação, informação, compreensão do mundo e das pessoas, ideais, senso de valores e apreciação. Daí a importância de que os alunos sejam ensinados a escutar efetivamente e criticamente. Existem muitas razões para se atribuir importância ao ensino da habilidade de CO para aprendizes de LE, como já mencionamos. Além das citadas anteriormente, El-Koumy (2002, p.63) aponta três aspectos importantes: (1) A CO é um requisito essencial para dar lugar à comunicação oral; (2) A referida habilidade, geralmente, influencia o desenvolvimento da leitura e escrita; e (3) Ela exerce um papel central no sucesso acadêmico, 28 uma vez que os alunos compreendem os professores e conferencistas através da CO. Rost (1990, apud POLACZEC, 2003) resume a importância da CO no processo de ensino-aprendizagem de uma LE da seguinte maneira: 1) A CO é vital numa sala de aula de línguas, uma vez que fornece insumo para o aprendiz. Sem a compreensão do insumo no nível adequado, qualquer tipo de aprendizado simplesmente não pode começar; 2) A língua falada autêntica representa um desafio para o aprendiz compreender a língua como os falantes nativos a utilizam; 3) Os exercícios de CO fornecem aos professores um meio para chamar a atenção dos aprendizes para as novas formas (vocabulário, gramática, novos padrões de interação) da língua. Percebemos, então, que é relevante ensinar a habilidade de CO em aulas de LE, uma vez que através desta podemos: 1) Internalizar a língua alvo, compreender e interagir com outros sujeitos; 2) Adquirir as outras habilidades (produção oral e escrita; compreensão escrita); 3) Adquirir educação, informação, compreensão do mundo e das pessoas, ideais, senso de valores e apreciação; e 4) Aprender vocabulário, gramática, novos padrões de interação da língua, dentre outros (através das atividades de CO). 29 1.3 Compreensão Oral em Língua Inglesa: foco no produto ou no processo? Nos últimos 10 (dez) anos, a CO pode ser cada vez mais observada em sala de aula (FIELD, 2003). Apesar de, no contexto formal de ensino, a CO ter obtido mais espaço, sua prática de ensino revela todo um caráter tradicional, visto que os professores estão interessados no resultado da CO, se está certo ou errado o que foi ouvido e não na CO em si; ou seja, eles se focam no produto e não no processo (FIELD, 1998). Desse modo, quando um aprendiz dá uma resposta correta, não há como saber o modo como ele chegou a essa resposta: será que ele compreendeu tudo o que foi ouvido ou apenas o necessário para responder tal questão? Ao focalizar no produto, o professor acaba ‘testando’ a CO, pois tem como objetivo apenas a constatação das respostas corretas, não levando em consideração como o aprendiz atingiu aquela resposta. Ao focalizar no processo, o professor ‘ensina’ a habilidade de CO, já que o mais importante é como o aluno chegou às respostas corretas ou incorretas (SHEERIN, 1987). Ao trabalhar uma atividade de CO, o professor deve inicialmente constatar os erros e acertos dos alunos e, após tal fase, debater como o aluno atingiu (ou não) a compreensão do texto oral (FIELD, 1998, 2003; VANDERGRIFT, 2004). Desse modo, alguns estudiosos como Sheerin (1987), Brown (1990), Rixon (1992) e Goh (2003) afirmam que a CO não deve ser simplesmente testada no contexto de sala de aula, mas que esta deve ser ensinada, ou seja, o professor deve preparar o aluno para escutar a mensagem, fornecendo material e tarefas adequadas e incluindo tarefas que objetivem tratar as dificuldades dos aprendizes após a verificação dos erros e acertos (SHEERIN, 1987). 30 Santos (2010) afirma que, para se trabalhar o processo de CO, inicialmente devemos focalizar no produto. Assim, após escutar o texto oral, o professor deve debater as respostas sobre os questionamentos feitos sobre o texto ouvido e perguntará quem respondeu certo ou errado. Até esse momento, há um foco no produto, uma vez que foram levadas em consideração apenas as respostas certas ou erradas. No entanto, é a partir desse momento que o professor levará os aprendizes a refletirem o porquê de ter havido erros, como foi que o aluno chegou àquela determinada resposta, se ele entendeu boa parte do que foi dito ou apenas fragmentos e se estes o ajudaram a chegar à resposta correta, dentre outros. Portanto, nesse segundo momento o foco é o processo, visto que os aprendizes são levados a refletir sobre o processo de CO. Apesar da CO ser considerada pelos aprendizes uma habilidade difícil, é na instituição de ensino que o aluno a aprenderá de forma sistematizada, sendo função do professor prover meios para que o aprendizado seja satisfatório, ainda que a maioria dos professores abordem a CO de maneira superficial ou estrutural, com um viés no produto, e não no processo (FIELD, 1998). Recentemente, a natureza da metodologia de ensino excessivamente voltada ao produto tem ganhado atenção (FIELD, 2005), sendo que uma metodologia mais sistemática para o ensino da habilidade de CO já tinha sido defendida (RICHARDS, 1983; UR, 1984; FIELD, 1998, 2003), já que muitos cursos de ensino de LI são fundamentados numa abordagem baseada no produto. Tais cursos geralmente envolvem o seguinte ciclo: os aprendizes ouvem um texto; eles respondem questões baseadas nesse texto; e o professor compartilha as respostas corretas (SIEGEL; HASWELL, 2010). O componente de ensino está ausente neste ciclo, havendo pouca ou nenhuma 31 oportunidade para os aprendizes desenvolverem as habilidades e estratégias existentes ao que concerne à CO, podendo ser entediante e não bem compreendido em determinados ambientes de ensino, como na universidade. Portanto, quanto aos posicionamentos em relação ao foco no produto ou no processo ao abordar a habilidade de CO em aulas de LI, adotamos para o presente trabalho as definições propostas por Field (1998; 2003), Vandergrift (2004) e Santos (2010). Assim, neste trabalho, sumarizamos as definições de focalizar no produto e focalizar no processo ao tratar da CO em aulas de LI : - Focalizar no produto ao abordar a habilidade de CO em aulas de LI significa testar a CO, ou seja, o mais importante é se as ‘respostas’ das atividades de CO estão corretas, não levando em consideração as respostas incorretas, e como o aprendiz chegou àquela resposta. - Focalizar no processo ao tratar da CO em aulas de LI significa ensinar a CO, ou seja, inicialmente, o professor foca-se no produto, ao constatar as respostas corretas e/ou incorretas; em seguida, é importante que detecte como aquela resposta foi alcançada (ou não), além de tentar sanar as principais dificuldades, para que estas não venham a ocorrer numa atividade de CO futura. 2. O Livro Didático de Língua Inglesa O LD exerce uma forte influência no cotidiano do ensino brasileiro (SOUSA, 2007). Em relação ao ensino de LI, isso não é diferente. Pinto e Pessoa (2009) concordam ao afirmar que, atualmente, o LD exerce um papel fundamental no campo educacional e, em especial, no processo de ensino/aprendizagem de línguas, por ele ser um referencial importante tanto 32 para o aprendiz – como um guia - quanto para o professor – como um direcionador dos conteúdos a serem seguidos, das aulas, dentre outros. A partir de uma pesquisa realizada com 170 professores, Sousa (op. cit.) constatou que a quase totalidade restringe sua fonte de informação ao LD em uso. A autora ainda afirma que as aulas consistem numa simples transmissão de conteúdos expostos no referido instrumento. Pinto e Pessoa (2009, p.79) afirmam que a importância do “LD é indiscutível, já que, não raro, estes correspondem à única fonte de consulta e de leitura dos professores e dos alunos.” 2.1 O Livro Didático e o Ensino de Língua Inglesa De acordo com Ramos (2009), nas últimas décadas (a partir da década de 1980), o LD tem sido alvo de discussões e tem desencadeado polêmicas em relação ao seu CUNNINGSWORTH, WATERS, 1987; uso 1984, (ALLWRIGHT, 1995; HUTCHINSON; SHELDON, TORRES, 1981; O’NEILL, 1987; 1994; 1982; HUTCHINSON; GRAVES, 2000; RICHARDS, 2002; entre outros), causando diversos olhares em relação aos seus papéis e funções. Conforme Diniz, Stradiotti e Scaramucci (2009, p. 265), O processo de ensino/aprendizagem de línguas – materna e estrangeira – tem sido, de uma maneira ou de outra, fortemente influenciado pelo livro didático (doravante LD). Em alguns casos – para não dizer na sua maioria – ele é o elemento central do curso, sendo raras às vezes em que o professor o subverte. Em outros casos, embora não seja seguido ‘fielmente’, serve como principal referencial do curso, tanto para o docente quanto para seus alunos. O LD acaba, assim, afetando – ou mesmo determinando – o planejamento, os objetivos da aprendizagem, as competências a serem priorizadas, os conteúdos a serem trabalhados e os tipos de atividades a serem propostas. (DINIZ; STRADIOTTI; SCARAMUCCI, 2009, p. 265). Concordamos com os autores citados anteriormente – Diniz, Stradiotti e Scaramucci (op. cit.) - uma vez que acreditamos que o LD exerce forte influência no ensino de LI, sendo este determinante em aulas de LI ou na 33 elaboração das mesmas. E esta influência do referido instrumento no ensino de LI, na nossa perspectiva, nem é vantajosa nem prejudicial. O grande problema é que, muitas vezes, o LD acaba sendo o único material utilizado. Desse modo, Sousa (2007, p.35) esclarece que: O problema maior é que, em geral, o LD não é utilizado como um dos instrumentos a serviço da aprendizagem e sim como um fim. Nesse caso, por melhor que seja o livro, ele não poderá se transformar num instrumento útil a serviço dos professores e alunos. (SOUSA, 2007, p.35) Assim, o LD em aulas de LI, acaba apresentando pontos positivos e negativos. Ur (1996) cita algumas vantagens e desvantagens deste no ensino de LI. As vantagens consistem em: i) proporcionar ao professor e ao aluno uma visão do processo ensino/ aprendizagem, para que possam saber o ponto de partida e até onde podem chegar; ii) ser planejado para desenvolver de forma gradativa, diferentes competências; iii) apresentar textos e tarefas, em geral, apropriados para o nível dos alunos; iv) ser barato; v) ser prático e conveniente; vi) poder funcionar como um guia para professores pouco experientes; e vii) dar autonomia ao aluno. Já como desvantagens, Ur (op. cit.) aponta que: i) cada aluno tem necessidades específicas e, geralmente, o livro não cobre a necessidade de todos; e, ii) pode limitar a criatividade do professor. Vejamos o Quadro 02 (dois) que sintetiza as vantagens e desvantagens dos LDs no ensino de LI: 34 Quadro 02 – Vantagens e desvantagens dos LD no ensino de LI VANTAGENS DESVANTAGENS O LD exerce papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem de línguas (SOUZA, 2007; PINTO; PESSOA, 2009), para que possam saber o ponto de partida e até onde podem chegar (UR, 1996). O LD, não raro, é a única fonte de consulta e de leitura dos professores e alunos. (SOUSA, op. cit.; PINTO; PESSOA, op. cit.). É planejado para desenvolver de forma gradativa, diferentes competências. (UR, op. cit.). Cada aluno tem necessidades específicas, e geralmente o livro não cobre a necessidade de todos. (UR, op. cit.). Apresenta textos e tarefas, em geral, apropriados para o nível dos alunos. (UR, op. cit.). É barato, prático e conveniente. (UR, op. cit.). Pode limitar a criatividade do professor. (UR, op. cit.). Pode funcionar como um guia para professores pouco experientes. (UR, op. cit.). Dá autonomia ao aluno. (UR, op. cit.). Fonte: Dados da Pesquisa Concordamos com as vantagens e desvantagens citadas pelos teóricos apresentadas no Quadro 2 (dois), pois apesar de o LD exercer um papel relevante no ensino de LI, de ser planejado para desenvolver gradativamente as competências, de ser apropriado ao nível dos alunos, de ser barato, prático e conveniente, de auxiliar os professores pouco experientes e de proporcionar autonomia ao aluno, este acaba se tornando a única fonte utilizada por professores, e consequentemente alunos, e dessa forma, acaba por não cobrir as necessidades de todos os alunos, além de limitar a criatividade do professor. 2.2 O professor e o livro didático: que relação é essa? Para a maioria dos professores, o LD atua como a fonte principal de ideias para o ensino (RICHARDS, 1998), facilitando o processo de decisão 35 sobre o quê e como ensinar. Richards (op. cit.) aponta que existe a crença de que o ensino só será bem sucedido se forem utilizados LD desenvolvidos por especialistas. De acordo com Cabral dos Santos (1993), o LD é o referencial-base para professores e alunos na construção do processo de ensinoaprendizagem de uma LE, principalmente no contexto brasileiro. Assim, tanto os alunos quanto os professores têm objetivos em relação à utilização do LD. D’ely e Mota (2004) afirmam que uma das questões mais importantes que os professores enfrentam diz respeito ao conteúdo a ser escolhido para lecionar em aulas de LI. Em paralelo a isso, outra questão relevante é a escolha, por parte do professor, do momento em que determinado conteúdo deve ser repassado ao aprendiz (SHARWOOD SMITH, 1993, p.165). Apesar de tais decisões, muitas vezes, não serem tomadas diretamente pelo professor, a relação professor-LD parece ser crucial (MASUHARA, 1998; BELL; GOWER, 1998; LITTLEJOHN, 1998; ELLIS, 1998 apud D’ELY; MOTA, 2004). Para Hutchinson e Torres (1994), a adoção de um LD para o professor implica em ter tanto um facilitador quanto um direcionador para o seu trabalho, promovendo auto-segurança e confiança. E para o aluno, o LD representa um guia que ajuda na organização da aprendizagem dentro e fora da sala de aula. Tanto para Hutchinson e Torres (op. cit.) quanto para O´Neill (1993) e Grant (1988), não se descarta a possibilidade de o professor fazer uso de sua flexibilidade, sua criatividade e liberdade de escolha para promover substituições e/ou adaptações, observando assim, que é preciso formar professores que sejam mais críticos em relação ao LD adotado, acreditando que este pode ser um agente de mudança, uma vez que professores podem 36 acrescentar outras atividades, transformando o material adotado e adaptando-o a seus objetivos. Grant (1988) e Ur (1996) concordam com os teóricos citados anteriormente (HUTCHINSON; TORRES, 1994; O’NEILL, 1993; GRANT, 1988), ao afirmarem que o LD de LE ajuda no controle da aula, estimulando a criação de novas atividades. No entanto, Ur (1996) afirma que o LD pode ser um agente inibidor da criatividade do professor, uma vez que o professor vê apenas o LD como fonte de ensino e acaba por não utilizar outros instrumentos de ensino que estão ao seu alcance. Desse modo, Grant (1988) e Ur (1996) consideram três possíveis formas de um professor usar um LD: 1) segui-lo fielmente; 2) não usá-lo de maneira alguma; e 3) usá-lo de maneira seletiva, não o seguindo sequencialmente. Ao propor como deve ser usado o referido instrumento, Ur (1996) afirma ser essencial uma visão crítica por parte do professor, estando ciente dos pontos negativos e dos positivos para que os positivos possam compensar os negativos. Assim, o professor deve fazer uso de outros elementos integrantes do conjunto de materiais didáticos (MD), não se limitando ao uso apenas do LD. Com base nas ideias apresentadas pelos teóricos, concordamos que o professor deve usar o LD de forma seletiva, sendo crítico para perceber o que é melhor para o seu grupo, atentando-se para o nível deste e o que melhor atende às necessidades mais peculiares dos aprendizes. 37 2.3 Compreensão Oral nos livros didáticos de língua inglesa: foco no produto ou no processo? As atividades de CO têm valorizado simulações de condições da ‘vida real’, que usuários ‘reais’ da língua operam (UR, 1984; UNDERWOOD, 1989). Logo, os textos com fins didáticos voltados para a CO passaram a ser extraídos de situações de uso ‘autênticas’, para que os alunos pudessem usar a língua seletivamente em tarefas que enfocassem o significado em vez da forma (UR, op. cit.; UNDERWOOD, op. cit.). Apesar dessa ‘evolução’ em relação às atividades de CO, Nunan (1999) afirma que nos LD de LI, tais atividades consistem em expor os aprendizes a uma variedade de materiais gravados em áudio, exclusivamente. E após a escuta deste material, solicitam aos aprendizes que respondam uma série de questionamentos os quais geralmente objetivam verificar a compreensão e a reconstruir o que eles ouviram (NUNAN, op. cit.). Field (2005) constatou que as atividades de CO contidas nos LD de LI visam apenas à prática de tal habilidade, no intuito de buscar alguma informação ou escutar apenas o essencial. Geralmente, o ensino da CO compreende uma série de testes, nos quais o CD de áudio é utilizado e os aprendizes escutarão e responderão tais atividades, sendo que o aluno é apenas bem-sucedido se as suas respostas estiverem corretas. Em atividades como esta, há um foco no produto e não no processo (FIELD, op. cit.), uma vez que apenas respostas corretas são importantes. Apesar das inúmeras mudanças ocorridas no tratamento da CO, as atividades que abordam tal habilidade continuam sendo previsíveis, tanto no formato quanto no conteúdo, visto que boa parte delas é composta por testes que focalizam no produto (BROWN, 1986; SHEERIN, 1987; FIELD, 1998). Assim, segundo Thomas (1982, apud SHEERIN, 1987, p. 126) 38 Muitas atividades de CO apenas testam, através de exercícios de predição, para encontrar informação específica ou captar o essencial, e ao serem examinados [tais LDs] descobrimos que eles apenas testam, 12 mas não ensinam. (THOMAS, 1982, apud SHEERIN, 1987, p. 126). Consideramos que se as atividades testam, elas têm como foco o produto, e não o processo (ensino). Assim, conforme as ideias de Field (1998), no ensino da CO, as respostas erradas deveriam ser consideradas mais importantes do que as corretas, ou seja, na perspectiva do processo, errar tem um papel relevante. No entanto, o professor, ao ser guiado pelo LD, também tende a não considerar tal aspecto. 2.4 Formato das atividades de Compreensão Oral nos livros didáticos de língua inglesa O formato que os LD apresentam as atividades de CO mudou ao longo das décadas. Vejamos alguns desses formatos a partir do final da década de 1960 e início da década de 1970 até o formato mais atual: Final da década de 1960 e início da década de 1970: As atividades que abordavam a CO apresentavam o seguinte formato (FIELD, 1998, p.110): Pré-ensino do vocabulário novo; Compreensão Oral extensiva perguntas sobre o contexto geral; Compreensão Oral intensiva perguntas mais específicas; Estudo do vocabulário e/ou pontos gramaticais; Prática de colocar a atividade de compreensão oral para os alunos escutarem, e depois para que eles repetissem. Após a repetição dos 12 [...] many listening comprehension courses to train listening skills such as prediction, listening for specific information, and listening for gist, all too often, when closely examined, the material is found to test rather than teach. (THOMAS, 1982 apud SHEERIN, 1987, p. 126). 39 aprendizes, eles escutam outra vez o texto para predizer e relembrar as 13 palavras escutadas. (FIELD, 1998, p.110). Nesse formato, verificamos que há uma atividade anterior à escuta do texto oral, denominada ‘Pré-ensino do vocabulário novo’, tendo como objetivo o trabalho com as palavras ‘novas’ que os aprendizes escutarão. Durante a prática de colocar o texto oral para que os alunos escutem, devem ser feitas perguntas gerais e específicas sobre o que foi escutado, estudar o vocabulário e a gramática, além da repetição do texto. Field (1998), no presente formato de atividade de CO, a vê como uma maneira de reforçar a língua, ou seja, há um caráter tradicional ao se trabalhar a referida habilidade, focando-se predominantemente no estudo de vocabulário e de gramática, além de atividades de repetição. Uma atividade convencional que aborda a CO simplesmente adiciona um texto novo em LI na vida do aluno, contribuindo pouco ou nada para melhorar a sua CO ou para sanar suas deficiências como ouvintes (FIELD, 1998). Verificamos que, no presente formato de atividade de CO, o sucesso do aprendiz está em responder de forma correta às perguntas ou tarefas propostas e em repetir o texto escutado, sendo o foco no resultado da CO, ou seja, há um foco no produto e não no processo (FIELD, op. cit.), pois não observamos tarefas que objetivem constatar os problemas dos alunos e as possíveis soluções. Década de 1990: Durante os últimos 30 anos, teoria e prática no ensino e na aprendizagem de LI mudaram de forma significativa (MORLEY, 2003). A partir 13 Pre-teaching of new vocabulary; extensive listening questions about general context; intensive listening detailed questions; examination of vocabulary and/or exponents of grammar; use of play and repeat/play and predict/ recall words. (FIELD, 1998, p.110). 40 da década de 1970, a CO deixou de ser considerada uma área negligenciada e foi ganhando uma considerável atenção, uma vez que programas instrucionais expandiram seu foco para incluir tal habilidade (MORLEY, op. cit.). A partir dos avanços no ensino da CO, as atividades e materiais que abordam a referida habilidade também mudaram. De acordo com Field (1998, p.110), houve algumas modificações no formato das atividades que abordavam a CO na década de 1960 e o referido formato proposto na década de 1990 foi o seguinte: Pré-compreensão oral (no intuito de contextualizar e motivar); Compreensão Oral extensiva questões para estabelecer a situação; Perguntas ou tarefas pré-elaboradas; Compreensão Oral extensiva; Revisão das perguntas ou tarefas; Inferência do vocabulário novo/ estudo da linguagem funcional. 1998, p. 110). 14 (FIELD, Ao observar o novo formato das atividades que abordam a CO, verificamos certas semelhanças e diferenças, se comparada ao formato proposto na década de 1960. Nesse ‘novo’ formato, ainda se prioriza o ensino de vocabulário e o da gramática (FIELD, 1998). Constatamos também, uma atividade que antecede a escuta do texto oral – Pré-Compreensão Oral - no intuito de contextualizar e motivar o aprendiz, facilitando a escuta do texto oral. 14 Pre-listening (for context and motivation); exetnsive listening questions to establish the situation; pre-set questions or pre-set task; extensive listening; review of questions or task; inferring new vocabulary/examination of functional language. (FIELD,1998, p.110). 41 No referido formato, não observamos atividades de repetição, se comparado ao formato anterior. Porém, verificamos a presença de ‘perguntas ou tarefas pré-elaboradas’ que podem ser um meio de constatação das dificuldades dos alunos e de sanar tais dificuldades. Assim, consideramos que este formato de atividade de CO evoluiu em relação ao proposto anteriormente. Ano 2000: Field (2005, p.245) sugere um novo formato de atividades de CO, considerado por ele como o ‘formato ideal’. E este é composto por 3 (três) fases: (1) Pré-Compreensão Oral (Pré-CO); (2) Compreensão Oral (CO); e (3) Pós-Compreensão Oral (Pós-CO). A seguir, definiremos cada fase e exemplificaremos atividades para cada uma citada anteriormente – segundo Field (2005): (1) Pré-CO: é a fase que precede a compreensão do texto oral propriamente dito. A referida fase é considerada como primordial para uma boa CO e ela engloba atividades que objetivam “estabelecer o contexto para motivar” (FIELD, 2005, p.245)15; (2) CO: é a fase onde o aprendiz escutará o texto oral e fará anotações para resolver as atividades. Estas objetivam a “CO extensiva (acompanhada por questões dentro de um contexto, atitude), tarefas e questões pré-elaboradas, CO intensiva e a verificação das respostas” (Ibid.)16; e 15 Pre-listening Set context: Create motivation. (FIELD, 2005, p.245). 16 Listening Extensive listening (followed by questions on context, attitude); Pre-set task/ Preset questions; Intensive listening; Checking answers. (FIELD, 2005, p.245). 42 (3) Pós-CO: é a fase após a escuta do texto oral. As atividades desta fase objetivam a “verificação da linguagem funcional e inferência do significado do vocabulário” (Ibid.).17 As ideias de Guo e Wills (2008, pp.8-9) estão em conformidade com as de Field (2005), no que se refere ao formato das atividades de CO. Vejamos: (1) Pré-CO: é a fase que objetiva preparar o aprendiz para a compreensão do texto oral de várias maneiras, além de contextualizar o assunto tratado no trecho a ser escutado. Desse modo, durante esta fase o professor deve: Definir um propósito ou decidir para quê os aprendizes escutarão; Decidir se o conhecimento linguístico ou de mundo é necessário; Determinar se vai entrar no texto a partir do top down (compreensão do significado geral) ou a partir do bottom up (foco nas palavras e frases); Fazer com que os alunos fiquem cientes do tipo de texto que eles escutarão, o papel que eles exercerão, e o propósito pelo qual eles escutarão; e Proporcionar oportunidades para o trabalho em grupo ou colaborativo e as 18 atividades de discussão em sala. (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9). (2) CO: é a fase em que as atividades propostas se relacionam diretamente com o texto escutado e os alunos as fazem durante ou imediatamente após a compreensão do texto oral. 17 Post-listening Examining functional language; Inferring vocabulary meaning. (FIELD, 2005, p.245). 18 • Set a purpose or decide in advance what to listen for; • Decide if more linguistic or background knowledge is needed; • Determine whether to enter the text from the top down (attend to the overall meaning) or from the bottom up (focus on the words and phrases); • Make students aware of the type of text they will be listening to, the role they will play, and the purpose for which they will be listening; • Provide opportunities for group or collaborative work and for background reading or class discussion activities. (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9). 43 Esses pontos devem ser levados em consideração ao se planejar atividades de CO (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9): Decidir o que é ou não é importante compreender; Usar a predição para encorajar os alunos a monitorarem sua compreensão enquanto escutam; Usar perguntas para focar a atenção do aluno nos elementos determinantes do texto para a compreensão do todo; Organizar atividades para guiar os ouvintes durante o texto. Combinar atividades globais como compreender a ideia principal, tópico, etc.,e; Dar um retorno assim que possível. Encorajar os alunos a examinar como e 19 o porquê das suas respostas incorretas. (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9). (3) Pós-CO: é a fase em que as atividades estão sujeitas às questões de memória, uma vez que, conforme as ideias de Loftus (1975, apud ROST, 1990), os estágios interpolados entre vivenciar um evento e recordá-lo, inevitavelmente, distorcem a memória sobre esse evento. Assim, o resultado do desempenho neste tipo de atividade também não pode ser considerado uma evidência direta daquilo que de fato foi compreendido pelo ouvinte (LOFTUS, op. cit.). Desse modo, nessa fase, o professor deve: Pedir que os alunos comparem suas anotações e discutam o que eles compreenderam em pares ou grupos pequenos; Encorajar os alunos a responder o que eles escutaram. Por exemplo, quando possível fazer questões como: “Você concorda?” E encorajar o debate; 19 • Decide what is and is not important to understand; • Use predicting to encourage students to monitor their comprehension as they listen; • Use questions to focus students' attention on the elements of the text crucial to comprehension of the whole; • Organize activities to guide listeners through the text. Combine global activities such as getting the main idea, topic,etc; • Give an immediate feedback whenever possible. Encourage students to examine how or why their responses were incorrect. (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9). 44 Pedir que os pares escrevam um sumário dos pontos principais. Em seguida, fazer com que eles comparem seus sumários e checar se eles cobriram todos os pontos principais; Avaliar compreensão em uma atividade ou área particular; Decidir se as estratégias usadas eram apropriadas para o propósito e 20 para a atividade. Modificar as estratégias, se necessário. (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9). Como Guo e Wills (2008), Eltawila (2009, pp.13-14) também concorda com as ideias de Field (2005). Vejamos: (1) Pré- CO: é a fase que prepara o aluno para a prática de CO através de atividades que ativam o conhecimento prévio, para fazer predições e revisar vocabulário-chave. Portanto, nessa fase as atividades objetivam: Introduzir o tópico antes dos alunos escutarem; Apresentar o vocabulário novo; e Expor questões-guia . (ELTAWILA, 2009, pp.13-14). 21 (2) CO: é a fase que focaliza a compreensão através de atividades que requerem CO seletiva, predição, sequenciamento, etc. Além disso, a presente fase é dividida em estágios: Primeiro estágio: primeira CO Os alunos escutam para captar apenas a ideia principal e responder às questões-guia. 20 • Tell students to compare their notes and discuss what they understood in pairs or small groups; • Encourage students to respond to what they heard. For example, where possible ask questions like “Do you agree?” And encourage debate; • Tell pairs to write a summary of the main points. Then have them compare their summaries and check if they covered all the main points; • Evaluate comprehension in a particular task or area; • Decide if the strategies used were appropriate for the purpose and for the task, modify strategies if necessary. (GUO; WILLS, 2008, pp.8-9). 21 Introduce the topic before the students listen; Present new vocabulary; Give guiding questions. (ELTAWILA, 2009, pp.13-14). 45 Segundo estágio: segunda CO Os alunos escutam no intuito de compreender informação detalhada. Terceiro estágio: terceira CO - Os alunos respondem às questões; - O professor: para o áudio e repete por partes; verifica os itens de compreensão e de vocabulário; pede que os alunos escrevam o vocabulário que não compreenderam e os encoraja a compreender pelo contexto; pede aos alunos que façam previsões do que escutarão; e pede aos alunos que façam anotações enquanto 22 escutam. (ELTAWILA, 2009, pp.13-14). (3) Pós-CO: é a fase que envolve tipicamente uma resposta à compreensão e pode haver a necessidade da opinião dos alunos sobre o tópico. Vejamos: - O professor: pede que os alunos encenem um diálogo; - Coloca os alunos em grupo e pede que eles discutam as questões sobre a CO; - Pede que os alunos escrevam uma redação sobre o tópico relacionado ao texto oral; - Pede que os alunos façam questionamentos uns aos outros sobre o que eles escutaram; e - Faz questionamentos pessoais aos alunos sobre o tópico da atividade de CO. 22 1. First listening: students listen for main idea only, to answer the guiding questions; 2. Second listening: students listen for details; 3. Third listening: students answer questions. Stop the cassette and play a phrase part of a dialogue over again; Check comprehension of vocabulary items; Ask students to write down the vocabulary items they don´t understand and encourage them to guess the meaning from context; Ask students to guess what they are going to hear next (prediction); Ask students to take down notes while they are listening. (ELTAWILA, 2009, pp.13-14). 46 - Os alunos: escrevem suas respostas; e - Iniciam um debate sobre o tópico da atividade de CO. pp.13-14). 23 (ELTAWILA, 2009, Assim, vejamos os: i) Quadro 03 (três), que sumariza as sugestões de atividades de Pré-CO dadas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009); ii) Quadro 04 (quatro), correspondentes ao resumo das atividades de CO propostas pelos três teóricos citados anteriormente; e, iii) Quadro 05 (cinco), que sintetiza as atividades de Pós-CO. Quadro 03 – Atividades da fase de Pré-CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009) FIELD (2005) GUO; WILLS (2008) ELTAWILA (2009) - Estabelecer o contexto para motivar. - Definir um propósito ou decidir para quê os aprendizes escutarão; - Introdução do tópico antes dos alunos escutarem; -Decidir se o conhecimento linguístico ou de mundo é necessário; - Determinar se vai entrar no texto a partir do top down (compreensão do significado geral) ou a partir do bottom up (foco nas palavras e frases); Apresentação vocabulário novo; do - Exposição de questõesguia. - Fazer com que os alunos fiquem cientes do tipo de texto que eles escutarão, o papel que eles exercerão, e o propósito pelo qual eles escutarão; - Proporcionar oportunidades para o trabalho em grupo ou colaborativo e as atividades de discussão em sala. Fonte: Dados da Pesquisa 23 Put students in groups and have them discuss the questions on the listening; Students then put their answers in writing; Hold a debate about an issue related to the listening topic; Have students write a composition on a topic related to the listening text; Ask students to ask each other questions about the topic they have listened to; Ask students personal questions related to the listening topic. (ELTAWILA, 2009, pp.1314). Have students role-play a dialogue; 47 Observando o Quadro 03 (três), que corresponde as atividades de Pré-CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009), podemos constatar que Field (2005) propõe que, na presente fase, a atividade seja desenvolvida para contextualizar o tópico e com isso, motivar o aprendiz a escutar o texto. Eltawila (2009), assim como Field (2005), sugere a contextualização da atividade através da introdução do tópico antes que os aprendizes escutem o texto. Além disso, o referido teórico também propõe que o vocabulário seja trabalhado nesta fase e que sejam expostas questões-guia para que os alunos se orientem ao escutar o texto. Guo e Wills (2008), assim como os dois outros teóricos citados anteriormente, apontam para a contextualização através da consciência dos aprendizes acerca do tipo de texto que eles escutarão, o papel que eles exercerão e o propósito pelo qual eles escutarão. Ademais, para que os aprendizes se guiem na compreensão do texto oral, Guo e Wills (2008) sugerem que se decida para quê eles escutarão, se o conhecimento linguístico ou de mundo é necessário e determinar se vai entrar no texto através da compreensão geral ou se focaliza em palavras ou frases. Eles propõem também que sejam proporcionadas as atividades em grupo ou colaborativo e as discussões em sala. Concordamos com os referidos teóricos no que concerne às atividades que devem ser realizadas na fase de Pré-CO, e sumarizamos estas como: i) Atividades de Contextualização; ii) Atividades Guia; e iii) Atividades Colaborativas. Vejamos o Quadro 04 (quatro), que se refere as atividades da fase de CO propostas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009): 48 Quadro 04 – Atividades da fase de CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009) FIELD (2005) GUO; WILLS (2008) CO extensiva (acompanhada por questões dentro de um contexto, atitude); - Decidir o que é ou não é importante compreender; - Tarefas e questões pré-elaboradas; - Usar a predição para encorajar os alunos a monitorarem sua compreensão enquanto escutam; ELTAWILA (2009) * Primeiro estágio: primeira CO Os alunos escutam para captar apenas a ideia principal e responder às questões-guia. - CO intensiva; -Verificação respostas. das - Usar questões para focar a atenção do aluno nos elementos cruciais do texto para a compreensão do todo; * Segundo estágio: segunda CO Os alunos escutam no intuito de compreender informação detalhada. - Organizar atividades para guiar os ouvintes durante o texto. Combinar atividades globais como compreender a ideia principal, tópico, etc.; - Dar um retorno assim que possível. Encorajar os alunos a examinar como e o porquê das suas respostas incorretas. * Terceiro estágio: terceira CO - Os alunos respondem às questões; - O professor para o áudio e repete por partes; - Verificação dos itens de compreensão e de vocabulário; - Pedir que os alunos escrevam o vocabulário que não compreenderam e os encorajar a compreender pelo contexto; - Pedir aos alunos que façam previsões do que escutarão; - Pedir aos alunos que façam anotações enquanto escutam. Fonte: Dados da Pesquisa 49 Na fase de CO, constatamos que os três teóricos concordam quanto a uma CO extensiva, ou seja, o aprendiz é orientado através de questões-guia ao escutar o texto. Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009) também estão de acordo quanto a CO intensiva, i.e., o aluno escuta no intuito de captar informação mais detalhada/ específica do texto oral. Quanto à verificação das respostas, Field (2005) apenas sugere que esta seja realizada. Guo e Wills (2008) apontam que se deve motivar os alunos para examinar como e o porquê das suas respostas incorretas. E Eltawila (2009) propõe que sejam verificados os itens de compreensão e vocabulário, além de solicitar que os aprendizes anotem o vocabulário não compreendido e sejam encorajados a inferir pelo contexto. Estamos de acordo com Guo e Wills (2008) no que concerne à verificação das respostas, já que os autores sugerem uma reflexão acerca das respostas incorretas dadas pelos aprendizes. Verificamos então, que nesse tipo de atividade, há um foco no processo, i.e., inicialmente há a constatação dos erros e acertos e após esta, uma reflexão acerca das respostas incorretas (SANTOS, 2010). Apesar de Field (1998; 2003) defender que haja um foco no processo ao abordar a habilidade de CO em aulas de LI, o autor não sugere nenhum tipo de atividade em que o focalize, mas apenas no produto, uma vez que ele sugere apenas a verificação das respostas. Desse modo, as atividades da fase de CO podem ser resumidas: i) CO extensiva; ii) CO intensiva; iii) Verificação das respostas; iv) Reflexão acerca das respostas. 50 Vejamos o Quadro 05 (cinco), que corresponde às atividades da fase de Pós-CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009): Quadro 05 – Atividades da fase de Pós-CO sugeridas por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009) FIELD (2005) GUO; WILLS (2008) ELTAWILA (2009) - Verificação da linguagem funcional; e - Pedir que os alunos comparem suas anotações e discutam em pares ou grupos pequenos o que eles compreenderam; - Pedir que os alunos encenem um diálogo; - Inferência do significado do vocabulário. - Encorajar os alunos a responder o que eles escutaram. Por exemplo, quando possível fazer questões como: “Você concorda?” E encorajar o debate; - Pedir que os pares escrevam um sumário dos pontos principais. Em seguida, fazer com que eles comparem seus sumários e checar se eles cobriram todos os pontos principais; - Avaliar compreensão em uma atividade ou área particular; - Decidir se as estratégias usadas eram apropriadas para o propósito e para a atividade. Modificar as estratégias, se necessário. - Colocar os alunos em grupo e pedir que eles discutam as questões sobre a CO; - Os alunos escrevem suas respostas; - Início de um debate sobre o tópico da atividade de CO; - Pedir que os alunos escrevam uma redação sobre o tópico relacionado ao texto oral; - Pedir que os alunos façam questionamentos uns aos outros sobre o que eles escutaram; - Fazer questionamentos pessoais aos alunos sobre o tópico da atividade de CO. Fonte: Dados da Pesquisa Na fase de Pós-CO, Field (2005) aponta que os aprendizes devem inferir o significado do vocabulário. Quanto à verificação da linguagem funcional, verificamos que os três teóricos concordam em relação a esse ponto, visto que eles sugerem atividades como a encenação de um diálogo 51 (ELTAWILA, 2009), por exemplo, ou a discussão com os alunos sobre o que eles escutaram (GUO; WILLS, 2008). Nesta fase, constatamos também a presença de atividades colaborativas defendidas por Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009). Além disso, observamos uma atividade de avaliação da atividade de CO proposta por Guo e Wills (2008), ao afirmarem que o professor deve decidir se as estratégias usadas eram apropriadas para o propósito e para a atividade. Desse modo, as atividades da fase de Pós-CO podem ser sumarizadas como: i) Verificação da linguagem funcional; ii) Atividades colaborativas; e iii) Avaliação da atividade de CO. Concordamos com os referidos teóricos quanto às atividades propostas na Pós-CO. 2.5 Tipologia das atividades de Compreensão Oral Considerando-se que há diferentes tipos de atividades, destacamos as atividades que visam ao desenvolvimento da CO, vejamos o Quadro 06 (seis), com diferentes tipos de Atividades de CO, de acordo com Rost (1990, apud POLACZEK, 2003): 52 Quadro 06 – Tipos de Atividades que visam o desenvolvimento da CO segundo Rost (1990, apud POLACZEK, 2003) TIPOS DE ATIVIDADES QUE VISAM O DESENVOLVIMENTO DA CO DEFINIÇÃO Abertas - São tarefas de resumos livres; - Tarefa com o nível de dificuldade nãoespecífica. - Tarefas que apresentam alternativas (testes de múltipla escolha); Fechadas - Este tipo de tarefa apresenta nível de dificuldade fixa. On-line - São as tomadas de notas durante a compreensão do texto oral; - Podem fornecer evidências de como os alunos enfocam a informação durante a audição. On-line fechadas - São mais fáceis de serem interpretadas do que as tomadas de notas porque forçam o ouvinte a executar estratégias de relação em tempo real; - Tarefas de completar uma tabela/lacuna ao invés de simplesmente escutar. - São tarefas que requerem respostas logo após a audição; Retrospectivas - Os ouvintes utilizam processos cognitivos para formar uma representação mental de um texto; - Qualquer representação construída pode ser tanto redutiva (o ouvinte pode não reter na memória uma representação verbatim por mais de alguns segundos) quanto aditiva ao texto (o ouvinte precisa trazer informação prévia e suposições para construir uma representação coerente). Representações verbatim - É preciso lembrar-se de específica (nomes, números). Representações proposicionais - São aquelas que representam a essência do texto, isto é, o ouvinte precisa selecionar a informação de um texto e reduzir a informação para uma generalização que pode ser modificada mais tarde. Fonte: Dados da Pesquisa 53 terminologia Geralmente, tais atividades que visam o desenvolvimento da CO são aplicadas em meios com discursos não-colaborativos, que são definidos por Rost (1990, apud POLACZEK, 2003) como as situações de uso da linguagem em que o ouvinte não pode interagir com o falante. Como exemplo de discurso não-colaborativo, temos o contexto do presente trabalho, que consiste em uma sala de aula em que as professoras colocam o CD de áudio para os alunos escutarem e, em seguida, os aprendizes executam determinadas atividades. Nesse caso, o aprendiz não tem como interagir de forma real com o emissor do texto oral, mas apenas através de atividades acerca do texto escutado e com o professor. Desse modo, adotaremos a referida ‘tipologia’ para categorizarmos as atividades analisadas no presente estudo. No próximo capítulo, descreveremos a Metodologia da presente pesquisa. 54 CAPÍTULO 2 METODOLOGIA No presente capítulo, apresentaremos os procedimentos metodológicos que foram utilizados para a coleta de dados da nossa pesquisa a fim de alcançarmos os objetivos propostos, que são: i) verificar o formato que as atividades de CO de um LD de LI utilizado em um curso de Letras – habilitação Língua Inglesa - de uma universidade pública no município de Campina Grande/PB, apresenta; e, ii) identificar se o foco de ensino da CO, pelas duas professoras – que aplicam tais atividades - é o produto ou o processo. Assim, dividiremos este capítulo em 04 (quatro) seções: (1) Tipologia da pesquisa; (2) O contexto em que o presente estudo foi realizado; (3) Os participantes envolvidos; e, (4) Os procedimentos e Instrumentos para coletar os dados. 2.1 Tipologia da pesquisa A presente pesquisa é caracterizada por ser de base etnográfica e bibliográfica, além de se nortear pelo paradigma qualitativo-interpretativista. De acordo com Gil (2010, p.40), a pesquisa etnográfica teve origem na Antropologia, sendo esta utilizada originalmente para descrever elementos de uma determinada cultura e baseada em informações coletadas através do trabalho de campo. Assim, o objetivo desses primeiros pesquisadores que utilizaram a pesquisa etnográfica 55 era compartilhar as experiências vivenciadas pelos indivíduos estudados de maneira mais natural possível (MOREIRA; CALEFFE, 2008). No que concerne à pesquisa etnográfica aplicada a Educação, Moreira e Caleffe (2008, p.86) afirmam que o objetivo desta é “descrever, analisar e interpretar uma faceta ou segmento da vida social de um grupo e como isso se relaciona com a educação”. Além disso, conforme as idéias de Gil (2010), os principais meios de coleta de dados utilizados pelo pesquisador, nesse tipo de pesquisa, são a observação e a entrevista. Desse modo, a presente pesquisa é considerada como etnográfica uma vez que iremos descrever, analisar e interpretar dados observados em um contexto específico – duas turmas de um curso de Letras/ habilitação Língua Inglesa, de uma universidade pública no município de Campina Grande/PB. Ademais, utilizamos procedimentos de coleta de dados relativos à pesquisa do tipo etnográfica, como a observação, as notas de campo, as áudio gravações e as entrevistas. A pesquisa bibliográfica, por sua vez, é desenvolvida através de material previamente elaborado (MOREIRA; CALEFFE, 2008). Segundo Carvalho (2004), as fontes utilizadas na pesquisa bibliográfica consistem em toda base de conhecimento fixada materialmente e suscetível de ser utilizado para consulta, estudo ou prova. Uma das fontes utilizadas nesse tipo de pesquisa são os livros, sendo estes classificados em: livros de leitura corrente (de divulgação e vulgarização) e livros de consulta ou de referência (como os dicionários, enciclopédias, anuários e almanaques) (CARVALHO, op. cit.). Portanto, nos detalharemos nos livros de leitura corrente, do tipo divulgação/ obras didáticas. E conforme o autor supracitado, as obras didáticas dirigem-se ao 56 público escolar e obedecem aos programas oficiais de estudo e ao nível dos cursos a que querem servir. Assim, utilizaremos uma obra didática, que consiste em um livro de leitura corrente, por se tratar de um LD. Portanto, nosso estudo caracteriza-se como sendo uma pesquisa bibliográfica, uma vez que analisaremos atividades de CO propostas por um LD de LI, aplicadas na disciplina de Língua Inglesa III de um curso de Letras/ habilitação Língua Inglesa. Para Denzin e Lincoln (2006, apud DE GRANDE, 2011, p. 14), a pesquisa qualitativa ressalta “a natureza socialmente construída da realidade, a íntima relação entre o pesquisador e o que é estudado, e as limitações situacionais que influenciam a investigação”. Além disso, as características da pesquisa qualitativa envolvem, muitas vezes, a possibilidade e o desafio de lidar com uma grande variedade de dados de diferentes naturezas (DE GRANDE, 2011). Denzin e Lincoln (op. cit.) afirmam que a pesquisa qualitativainterpretativista apresenta as seguintes características: i) o privilégio da abordagem naturalista, i.e., o estudo dos cenários naturais, e não criados para fins de pesquisa; ii) a interpretação dos fenômenos conforme os significados que as pessoas lhes conferem; iii) a geração e o uso de uma variedade de materiais empíricos; e iv) a utilização de uma ampla variedade de práticas interpretativistas interligadas. Portanto, o presente estudo caracteriza-se como sendo de base etnográfica, bibliográfico e qualitativo-interpretativista, já que objetivamos interpretar os dados observados e coletados em um contexto específico, real e natural – a sala de aula – além de utilizar procedimentos de coleta de dados 57 característicos da pesquisa etnográfica, como a observação e áudio gravação das aulas, notas de campo e entrevistas. E também analisaremos uma obra didática – o LD. 2.2 O contexto da pesquisa Os dados que compõem o corpus de análise foram coletados em uma universidade pública no município de Campina Grande/PB, no curso de Letras/ habilitação Língua Inglesa, na disciplina de Língua Inglesa III, durante o ano de 2011. A escolha por um curso de formação de professores de Língua Inglesa se justifica pelo fato de entendermos que é nesse curso que todas as habilidades linguísticas – compreensão oral e escrita e produção oral e escrita – são abordadas, no intuito de formar profissionais aptos a trabalharem com as referidas habilidades. Além disso, temos o interesse em realizar pesquisa na área de formação de professores de LI, no intuito de contribuir para a prática de professores e futuros professores de LI. Quanto à escolha pela disciplina de Língua Inglesa III, esta se deu por três motivos: i) a referida disciplina contempla, de forma específica, as quatro habilidades linguísticas; ii) a permissão das duas professoras para a gravação em áudio das aulas; e iii) o único nível que encontramos professores distintos utilizando o mesmo LD. 2.3 Os participantes da pesquisa Duas professoras participaram da pesquisa e serão referidos como Professora A e Professora B, já que ambas as participantes são do sexo feminino. 58 A Professora A é graduada em Licenciatura Plena em Letras/ habilitação Língua Inglesa, especialista em Psicopedagogia e mestre em Linguagem e Ensino pela UFCG. Leciona língua inglesa há cerca de dezoito anos. Porém, há seis anos em curso de formação de professores de LI. Já a Professora B é graduada em Licenciatura Plena em Letras – habilitação Língua Inglesa – pela UFCG e leciona LI há cerca de 12 anos, mas há apenas dois anos leciona em curso de formação de professores de língua inglesa. Vejamos o Quadro 07 (sete) abaixo, que sintetiza os dados das professoras participantes da pesquisa: Quadro 07 – Sumário dos dados das professoras participantes FORMAÇÃO TEMPO DE EXPERIÊNCIA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL EM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PROFESSORA A Mestrado Dezoito anos Seis anos PROFESSORA B Graduação Doze anos Dois anos Fonte: Dados da Pesquisa 2.4 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de dados Para coletar os dados deste estudo, foram utilizados os seguintes instrumentos: i) gravações em áudio das aulas das duas professoras descritas anteriormente; ii) notas de campo das aulas observadas e áudio gravadas; e iii) entrevistas semi-estruturadas com as professoras ao final do semestre. Cada instrumento utilizado será descrito a seguir. 59 2.4.1 Gravações em áudio Foram gravadas em áudio 28 (vinte e oito) aulas das duas professoras da disciplina de Língua Inglesa III, sendo que 16 (dezesseis) delas foram ministradas pela Professora A, e 12 (doze), pela Professora B. Cada aula teve a duração média de uma hora e quinze minutos, no turno diurno, ministrada pela Professora A, e de uma hora no turno noturno, ministrada pela Professora B. As aulas eram ministradas duas vezes por semana, nas segundas e quartas. Desse modo, foram gravadas aproximadamente 20 (vinte) horas/aula da Professora A, e 12 (doze) horas/aula da Professora B, totalizando 32 (trinta e duas) horas/aula. As aulas foram registradas por um gravador digital Sony ICD-PX720 de 1GB. Após a áudio-gravação das aulas, identificamos aquelas em que a habilidade de CO foi abordada. Em seguida, selecionamos para transcrição as gravações que incluíam atividades de CO semelhantes, aplicadas por ambas as professoras, que totalizaram 06 (seis). Portanto, transcrevemos para a nossa análise a aplicação de 04 (quatro) atividades de CO, 2 (duas) de cada professora participante (ver Anexo D). 2.4.2 Notas de campo Sanjek (1990) e Davies (1999) apud Malighetti (2004, p.111) afirmam que as “notas de campo são textos elaborados para produzir um relatório cotidiano da vida social que se observa e de que se participa.” Ainda segundo os autores supracitados, tais textos, necessariamente parciais, constituem uma primeira fonte de dados para uma análise posterior. As notas de campo da nossa pesquisa foram utilizadas durante a gravação e a observação das aulas, no intuito de auxiliar nas transcrições das 60 aulas, como algumas anotações feitas pelo professor no quadro, algumas reações não-verbais do professor ao aplicar as atividades de CO, dentre outras. Desse modo, as notas de campo foram relevantes para compreendermos melhor alguns detalhes ao transcrevermos os dados. 2.4.3 Entrevistas Hitchcock e Hughes (1995) afirmam que as informações contidas nas entrevistas podem ser analisadas por quem está diretamente envolvido na pesquisa e por aqueles que têm apenas um mínimo de envolvimento. Segundo Moreira e Caleffe (2008), as entrevistas mais comuns utilizadas na pesquisa em pequena escala são três: i) entrevista estruturada, em que as perguntas e respostas são estruturadas, ou seja, são fixas, não havendo a flexibilidade de mudar; ii) entrevista não-estruturada, porque não tem um modelo com perguntas fixas; e iii) entrevista semi-estruturada, que corresponde a um meio-termo entre a entrevista estruturada e nãoestruturada. Nos deteremos neste último tipo de entrevista – semi-estruturada – visto que a utilizamos no presente trabalho. A entrevista semi-estruturada caracteriza-se como um “guia previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista, mantendo um elevado grau de flexibilidade na exploração das questões” (COSTA; ROCHA; ACÚRCIO, 2005, p.8). Na entrevista semi-estruturada parte-se de um protocolo que inclui temas a serem discutidos, que não são introduzidos na mesma ordem e nem se espera que os entrevistados sejam limitados nas suas respostas e nem respondam a tudo da mesma maneira (MOREIRA; CALEFFE, 2008). Assim, o 61 entrevistador é livre para permitir que o entrevistado desenvolva as respostas da maneira que ele quiser. Ao final do semestre e após a transcrição das aulas, realizamos entrevistas semi-estruturadas com as duas professoras participantes da pesquisa, a fim de esclarecermos alguns questionamentos referentes à formação destas, ao uso do LD de LI, ao ensino de CO e as aulas em que as atividades de CO propostas pelo LD foram aplicadas (ver Apêndice B – Roteiro de Entrevistas). Conforme as ideias de Cançado (1994), a utilização de três instrumentos de coleta de dados – gravações em áudio, notas de campo e entrevistas – permite conferir maior confiabilidade a pesquisa através da triangulação dos dados. A triangulação dos dados é “o processo em que dados de diferentes naturezas a partir de um mesmo contexto de pesquisa são intercruzados, comparados e relacionados” (DE GRANDE, 2011, p.15). Já para Erickson (2001, p.14), a triangulação ocorre na medida em que a análise vai sendo realizada e as intuições acerca de padrões desenvolvidos com base em notas de campo são cruzadas e confirmadas em relação a dados de entrevista e documentos, o que leva a uma evidência mais forte do que seria possível se esta viesse apenas de uma fonte de informação. (ERICKSON, 2001, p.14). Denzin e Lincoln (2006, apud DE GRANDE, 2011) abordam a triangulação de dados a partir de Flick (2004), como uma alternativa para a validação da pesquisa, estratégia que acrescenta rigor, complexidade, riqueza e profundidade as investigações, visto que são utilizados diferentes instrumentos de coleta de dados. A fim de conferir maior precisão ao nosso estudo, triangularemos os dados da presente pesquisa. 62 2.5 O Livro Didático O LD utilizado na universidade em que a coleta foi realizada, uma universidade pública no município de campina Grande/PB, nas disciplinas de Língua Inglesa I à Língua Inglesa VI é o New HeadWay, dos autores Liz & John Soars, publicado pela Oxford University Press em 1998. O nível do referido LD usado na disciplina de Língua Inglesa III é o Intermediário (Intermediate), composto por 12 (doze) unidades. Seis, dessas doze unidades, devem ser ministradas na referida disciplina. No entanto, por questões de tempo, ambas as professoras participantes da pesquisa não conseguiram finalizar as seis primeiras unidades do LD em questão. A Professora A finalizou a Unidade 05 (cinco) e a Professora B a Unidade 04 (quatro). As professoras aplicaram, em comum, 03 (três) atividades de CO do LD. E, destas, duas foram selecionadas para análise no presente trabalho e se referem a: i) Atividade 01 pertencente à Unidade 2; e, ii) Atividade 02 pertencente à Unidade 4 (ver os critérios de seleção na Análise dos Dados – item 3.1, p. 67). Uma unidade, geralmente, é padronizada e segue basicamente uma mesma sequência, sendo iniciada por uma determinada temática que norteia toda a unidade. E o LD apresenta as seguintes seções: Gramática, Vocabulário, O Inglês do dia-a-dia, Leitura, Produção Oral, Compreensão Oral e Produção Escrita24. Cada seção será descrita a seguir: 24 Grammar, Vocabulary, Everyday English, Reading, Speaking, Listening e Writing. 63 - Gramática25: Esta seção visa expor e apresentar atividades sobre os tópicos gramaticais, além de apresentar as principais regras de forma e uso da gramática estudada na unidade; - Vocabulário26: Nesta seção, o aluno terá a oportunidade de praticar de forma mais aprofundada, através de exercícios de escrita, o novo vocabulário apresentado na unidade; - Inglês do dia-a-dia27: Nesta seção, o aluno terá a oportunidade de conhecer e utilizar estruturas específicas para determinadas atividades, como atender um telefone e fazer comprar em um shopping center. - Leitura/ Produção Oral/ Compreensão Oral/ Produção escrita28: Estas seções apresentam uma gama de atividades que envolvem as quatro habilidades em conjunto. As atividades variam de lição para lição. Além disso, tais seções apresentam subseções. Geralmente, duas habilidades são trabalhadas em uma mesma atividade, como a subseção Compreensão Oral e Produção Oral29. Todas as unidades do livro trazem atividades que envolvem a habilidade de CO. Neste capítulo, a metodologia da presente pesquisa foi descrita, e desse modo, conhecemos a tipologia da pesquisa, o contexto em que esta foi realizada, as professoras participantes, os procedimentos e os instrumentos 25 Grammar. 26 Vocabulary. 27 Everyday English. 28 Reading/ Speaking/ Listening/ Writing. 29 Listening and Speaking. 64 utilizados para coletar os dados. No próximo capítulo, exporemos a análise dos dados. 65 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo, apresentaremos a análise dos dados que será dividida em 03 (três) partes. Na primeira, descreveremos as atividades de CO aplicadas pelas professoras e a categorizaremos. Na segunda parte, mostraremos a análise dos dados que respondem ao nosso primeiro objetivo específico, que é: (1) Verificar o formato que as atividades de CO de um LD de LI utilizado em um curso de Letras – habilitação Língua Inglesa - de uma universidade pública no município de Campina Grande/PB, apresenta. Para tal análise, nos basearemos nas teorias de formato das atividades de CO de Field (2005, p.45), Guo e Wills (2008, pp.8-9) e Eltawila (pp. 13-14) (cf. pp. 39-52). E na terceira parte, exporemos a análise dos dados que responde ao segundo objetivo específico do presente trabalho: (2) identificar se o foco de ensino da CO, pelas duas professoras - que aplicam tais atividades - é o produto ou o processo, baseada nas teorias de ensino de CO de Field (1998; 2003), Vandergrift (2004) e Santos (2010) (cf. pp.30-32). Pelo fato de haver trechos muito extensos, apresentaremos na análise apenas partes desses trechos e faremos referência ao Anexo D (Transcrições das aulas em que as Atividades de CO do LD são aplicadas pelas Professoras A e B), onde as atividades estão transcritas por completo. 66 3.1 Atividades de CO do LD aplicadas pelas Professoras A e B No presente estudo, serão analisadas 02 (duas) atividades de CO do LD em questão e que foram aplicadas pelas duas professoras. A fim de selecionarmos tais atividades, estabelecemos 03 (três) critérios: (1) as atividades teriam que ter sido aplicadas por ambas as professoras participantes da pesquisa; (2) as atividades precisariam corresponder as categorias propostas por Rost (1990, apud POLACZEK, 2003), para caracterização das atividades que visam o desenvolvimento da CO (ver Fundamentação Teórica, pp. 52-54); e (3) as falas gravadas das professoras teriam que estar claras, com um mínimo de trechos inaudíveis, para que as transcrições pudessem ser completas. Inicialmente, descreveremos cada atividade, baseada nos enunciados presentes em cada exercício do LD (ver Anexo A) e no Manual do Professor (MP) (ver Anexo B). A seguir, categorizaremos os exercícios das referidas atividades. 3.1.1 Atividade 01 A atividade 01 (ver Anexo A1) tem como propósito a CO de textos sobre três personagens – Mary, Jenny, Thomas – que praticam diferentes tipos de esportes. Após a compreensão do texto oral, deve-se preencher a tabela com as devidas informações sobre os personagens e sugere-se que o aprendiz faça anotações durante a CO (ver Figuras 01 e 02). Antes da escuta do texto oral de tal atividade, no enunciado do exercício 01 (um), pede-se que os aprendizes listem esportes e atividades de lazer que eles conhecem e, eles podem utilizar uma imagem contida na atividade para auxiliá-los. No MP, sugere-se que o professor inicie discutindo 67 sobre os esportes e atividades de lazer e que ele faça anotações no quadro e, depois peça aos alunos que se agrupem em duplas ou trios e façam anotações. No exercício 02 (dois), requere-se que os aprendizes completem as lacunas com os verbos Play, Go ou Do. No MP, sugere-se que esta atividade seja realizada em duplas e, que ao final desta o professor cheque as respostas dadas pelos aprendizes. E, no exercício 03 (três), os aprendizes devem utilizar os esportes da lista que eles elaboraram no exercício 01 (um) para completar uma tabela que indique o esporte, o substantivo que denomina o praticante de tal esporte, o lugar onde se pratica e os equipamentos e as roupas usadas para praticá-lo. Eles podem utilizar o dicionário para auxiliar na execução desta. No MP, sugere-se que o professor limite o tempo e, que seria interessante, os aprendizes mostrarem os esportes escolhidos (ver Figura 01). Figura 01 – Atividade 01.1 de CO do LD New Headway - Intermediate Fonte: SOARS, J. ; SOARS, L. New Headway Upper-intermediate. Oxford: Oxford University Press, 1998, p. 21. 68 O exercício 04 (quatro) corresponde à compreensão do texto oral no intuito de completar uma tabela com determinadas informações sobre os personagens. No MP, sugere-se que o professor introduza a atividade mostrando a imagem e pré-ensine o vocabulário necessário para a escuta do texto e, em seguida, coloque o CD de áudio para que os aprendizes escutem e façam anotações. E, no exercício 05 (cinco), solicita-se que os aprendizes questionem e respondam determinadas perguntas - semelhantes às contidas na tabela do exercício 04 (quatro) -, uns aos outros. O MP aponta que o professor deve entrevistar um aprendiz como exemplo para os demais, pedir que eles trabalhem em duplas e, ao final das entrevistas, um aprendiz deve apresentar ao grupo as informações colhidas do seu colega (ver Figura 02). Figura 02 – Atividade 01.2 de CO do LD New Headway - Intermediate Fonte: SOARS, J. ; SOARS, L. New Headway Upper-intermediate. Oxford: Oxford University Press, 1998, p. 21. 69 Observando a Atividade 01, podemos constatar que os tipos de exercícios de CO contidas nela, de acordo com a classificação de ‘Tipologia das Atividades de CO’ de Rost (1990, apud POLACZEK, 2003) (cf. p. 52-54), são: i) ‘Abertas’, já que estas correspondem a “tarefas de resumos livres” (ROST, 1990, apud POLACZEK, 2003, p.27) e, tal categorização se enquadra nos exercícios 01 (um) e 05 (cinco), já que estes objetivam apenas a discussão de tópicos e questionamentos, apresentando um nível de dificuldade não-específica; ii) ‘On-line’, já que é proposto no enunciado do exercício 04 (quatro) e no MP que os ouvintes façam anotações enquanto escutam; iii) ‘On-line fechadas’, uma vez que o “ouvinte tem que enfocar a tarefa de completar uma tabela/lacuna ao invés de simplesmente ouvir” (Ibid.). Constatamos tal categorização nos exercícios 02 (dois), 03 (três) e 04 (quatro), uma vez que solicita-se ao aprendiz que complete lacunas com determinados verbos, uma tabela com esportes e algumas características e uma tabela com informações escutadas sobre 03 (três) personagens, respectivamente; e iv) ‘Representações verbatim’, visto que objetiva que o ouvinte escute terminologias específicas, como o tipo de esportes que eles praticam, presentes no exercício 04 (quatro). Através da descrição e categorização da Atividade 01, inferimos que o viés desta é o produto e, não o processo, uma vez que não observamos no LD e nem no MP, sugestões para que o professor reflita com os aprendizes acerca da CO, a constatação dos erros e acertos e o trabalho com os erros. Observamos que é sugerido, em alguns exercícios – exercícios 02 (dois) e 03 (três) - ao professor que apenas cheque as respostas. 70 3.1.2 Atividade 02 A Atividade 02 (ver Anexo A2) objetiva a CO de monólogos de três personagens – Sumie, Kate, Lucas – sobre a recepção de visitas em seus lares durante uma refeição. O aprendiz deverá completar a tabela com informações acerca da refeição que o personagem oferecerá a suas visitas, bem como o dia e a hora, os preparativos, os presentes e as bebidas. Tal atividade compreende 04 (quatro) exercícios. O exercício 01 (um) apresenta questões que devem ser feitas oralmente aos aprendizes e estão relacionadas com a temática da unidade. No MP (ver Anexo B2), propõe-se que tais questionamentos sejam trabalhados em grupos compostos por três ou quatro aprendizes e, após as discussões, as respostas sejam expostas para todo o grupo. Já o exercício 02 (dois) corresponde à compreensão do texto oral e ao preenchimento da tabela com as informações escutadas. Verificamos que o MP sugere que o professor trabalhe com determinado vocabulário no intuito de ajudar a CO durante a escuta do texto oral. Além disso, propõe-se que o professor coloque o texto para os aprendizes escutarem duas vezes e que, durante essa segunda escuta, ele pause para que os aprendizes façam anotações. O exercício 03 (três) solicita que os aprendizes trabalhem em pequenos grupos e comparem as informações escutadas e anotadas. O MP propõe que o professor monitore tais grupos e os auxiliem. Finalmente, o exercício 04 (quatro) apresenta algumas questões relacionadas à temática da unidade para serem discutidas oralmente. O MP sugere que tais questões também 71 sejam trabalhadas em pequenos grupos e depois expostas para toda a classe. Analisando a descrição dos exercícios da Atividade 02, constatamos que eles podem ser categorizados como: i) ‘Abertas’, correspondente ao exercício 01 (um), que visa a discussão de determinadas questões; ii) ‘Online’, presente no MP do exercício 02 (dois), que sugere fazer anotações enquanto escuta; iii) ‘On-line fechadas’, já que o objetivo da atividade é que o aprendiz ouça e complete a tabela; e, iv) ‘Representações verbatim’, visto que objetiva que o aprendiz escute terminologias específicas, como o tipo de presentes e/ou comidas/ bebidas oferecidos em tal refeição. Através da descrição da Atividade 02 (dois), não verificamos exercícios que contemplem a reflexão sobre os erros ou os problemas que os aprendizes enfrentaram ao executar tal atividade. Nos exercícios 01 (um) e 04 (quatro) são sugeridos que as respostas sejam apenas expostas a todo o grupo, mas não se propõe um trabalho mais detalhado com tais respostas. Assim como a Atividade 01 (um), constatamos que a perspectiva desta é o produto, já que não há propostas de se trabalhar com as respostas (in)corretas. O Quadro 08 (oito) resume as categorias das atividades encontradas nos exercícios de CO do LD New Headway - Intermediate: 72 Quadro 08 – Categorias dos exercícios contidos nas Atividades de CO do LD ATIVIDADES DE CO DO LD Atividade 01 CATEGORIAS Abertas On-line On-line fechada Representações verbatim Atividade 02 Abertas On-line On-line fechada Representações verbatim Fonte: Dados da Pesquisa 3.2 Formato das Atividades de CO Para verificarmos o formato que as duas atividades de CO do LD selecionado apresenta, adotaremos como referência o formato proposto por Field (2005, p.245), Guo e Wills (2008, p. 8-9) e Eltawila (2009, p. 13-14) – Pré-CO, CO e Pós-CO - uma vez que consideramos que o formato proposto por esses autores é o mais atual e atende aos propósitos da presente pesquisa (cf. p. 39-52). 3.2.1 Atividade 01: Esta atividade está inserida em uma seção do LD denominada de Vocabulário e Compreensão Oral30 (ver Anexo A1) e tem como temática ‘Esporte e Lazer’31. 30 Vocabulary and Listening. 31 ‘Sport and leisure’. (SOARS; SOARS, 1998, p.20). 73 Para o desenvolvimento de tal atividade, é solicitado, no exercício 01 (um), que os aprendizes façam uma lista com esportes e atividades de lazer. Eles também podem usar a imagem como auxílio na elaboração de tal lista. No segundo exercício da presente atividade, os alunos devem completar as lacunas com os verbos Play, Go ou Do, conforme o esporte. E no terceiro, os aprendizes devem escolher alguns dos esportes ou atividades de lazer da lista feita por eles e completar uma tabela. Além disso, sugere-se que os alunos utilizem o dicionário para encontrar as palavras novas que eles necessitam. Após essa primeira parte da Atividade 01, os alunos escutam três personagens – Mary, Jenny e Thomas –, conversando sobre o esporte ou a atividade que eles gostam e, os aprendizes devem tomar notas para completar uma segunda tabela com determinadas informações, como o esporte ou a atividade sobre o qual os personagens estão conversando, a frequência e onde a praticam, que equipamento e roupas precisam e se eles são bons na execução do esporte ou da atividade. Na última parte desta atividade, os aprendizes devem perguntar e responder questões a um colega, utilizando as estruturas vistas no item anterior: ‘Quais esportes você pratica?/ Qual é a frequência...?/Onde...?/ Qual equipamento... ?/ Você é bom em... ?’32. Através da descrição desta atividade, constatamos que a mesma apresenta um formato composto por três fases, como proposto por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009): (1) Pré-CO; (2) CO; e (3) PósCO. 32 ‘What sports do you play?/ How often... ?/ Where... ?/ What equipment... ?/ Are you good at... ?’ (SOARS; SOARS, 1998, p.20). 74 Verificamos que a fase de Pré-CO corresponde àquela em que é solicitado ao aprendiz que elabore uma lista com esportes ou atividades de lazer, complete lacunas com os verbos Play, Do ou Go e complete uma tabela, com auxílio do dicionário, acerca dos esportes ou atividades listadas por eles. Classificamos esta parte da Atividade 01 como Pré-CO, visto que esta precede a compreensão do texto oral propriamente dito (FIELD, 2005). Além disso, constatamos que é apresentado o vocabulário novo e introduzido o tópico – Esporte e atividades de lazer – antes de os alunos escutarem o áudio (ELTAWILA, 2009). A CO corresponde à fase na qual o aprendiz ouve o texto oral e faz anotações para resolver as atividades e questionamentos (FIELD, 2005). Desse modo, esta fase corresponde à compreensão do texto oral, a anotações e ao preenchimento de uma segunda tabela com determinadas informações sobre três personagens. Assim, identificamos uma CO intensiva, já que os aprendizes ouvem no intuito de captar informação detalhada e fazem uso dos questionamentos apresentados na atividade para guiar a compreensão do texto oral (FIELD, 2005; GUO; WILLS, 2008; ELTAWILA, 2009). A fase de Pós-CO é realizada após a escuta do texto oral e da realização das atividades (FIELD, 2005). Nessa fase da Atividade 01, o aluno deve elaborar e responder questionamentos utilizando as estruturas propostas na atividade de CO. Constatamos que este tipo de atividade se refere à verificação da linguagem funcional, visto que os alunos elaborarão 75 um diálogo no intuito de utilizar as novas estruturas (FIELD, 2005; GUO; WILLS, 2008; ELTAWILA, 2009). O Quadro 09 (nove), a seguir, resume o formato verificado na Atividade 01 do LD analisado: Quadro 09 – Formato da Atividade 01 PRÉ-CO Listar esportes atividades de lazer; CO ou PÓS-CO - Interagir com um colega utilizando as estruturas presentes na fase de CO, para fazer perguntas e dar respostas. - Ouvir o texto; - Tomar notas; e - Completar lacunas com os verbos play, do ou go; e - Completar a tabela. - Completar tabela com auxílio do dicionário e a partir da lista elaborada. Fonte: Dados da Pesquisa 3.2.2 Atividade 02: Esta atividade está inserida em uma seção do LD denominada de Compreensão Oral e Produção Oral33 (ver Anexo A2) e tem como temática ‘Venha conhecer o meu lar!’34(SOARS;SOARS, 1998, p.36). No exercício 01 (um) os aprendizes devem responder a alguns questionamentos pessoais, como ‘Você já foi convidado para a casa de alguém em um país estrangeiro? Quando? Por quê? Foi diferente?’35(SOARS;SOARS, 1998, p.36). No exercício 02 (dois), os alunos escutarão três pessoas – Sumie de Nagano/Japão; Kate de Bristol/ Inglaterra; Lucas de Porto Alegre/ Brasil - 33 Listening and Speaking. 34 ‘Come round to my place!’ (SOARS; SOARS, 1998, p.36). 35 ‘Have you ever been a guest in someone´s home in a foreign country? When? Why? What was different?’ (SOARS;SOARS, 1998, p.36). 76 conversando sobre a recepção de visitas em suas casas para uma refeição. Os aprendizes deverão escutar e completar uma tabela com determinadas informações, como: se a ocasião é formal ou informal; a hora do dia da refeição; as preparações; os presentes e as comidas e bebidas da refeição. No exercício 03 (três), os aprendizes deverão trabalhar em pequenos grupos e comparar as informações que eles escutaram e completaram a tabela. E, no exercício 04 (quatro), há alguns questionamentos pessoais sobre a recepção de visitas em lares brasileiros e, de forma mais específica, nos lares dos aprendizes. Tais questionamentos devem ser discutidos oralmente com todo o grupo. Através da descrição desta atividade, constatamos que a mesma apresenta um formato composto por três fases, como proposto por Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009): (1) Pré-CO; (2) CO; e (3) PósCO. Verificamos que a fase de Pré-CO corresponde àquela em que é solicitado ao aprendiz que responda a alguns questionamentos pessoais relacionados à temática da unidade, uma vez que esta fase antecede a escuta do texto oral propriamente dito. Além disso, ela objetiva estabelecer o contexto para motivar (FIELD, 2005) através da introdução do tópico antes dos alunos escutarem o texto oral (ELTAWILA, 2009), além de proporcionar aos aprendizes o trabalho com atividades de discussão em sala (GUO; WILLS, 2008). A fase de CO corresponde àquela em que o aprendiz escutará o texto oral e completará a tabela com determinadas informações sobre os três personagens – Sumie, Kate e Lucas. Nesse exercício, também observamos 77 uma CO intensiva, já que os aprendizes ouvem no intuito de captar informação detalhada (FIELD, 2005; GUO; WILLS, 2008; ELTAWILA, 2009). Compreendemos que a fase de Pós-CO é realizada após a escuta do texto oral. Desse modo, constatamos que os exercícios presentes na referida fase são os exercícios 03 (três) – trabalho em grupo e a comparação das informações escutadas – e 04 (quatro) – discussão em grupo sobre a recepção de visitas. Verificamos que os objetivos dos exercícios presentes em tal fase estão em conformidade com as ideias de Field (2005), Guo e Wills (2008) e Eltawila (2009), já que é solicitado aos aprendizes que trabalhem em grupos e comparem informações, que o tópico da atividade de CO seja debatido e que sejam feitos questionamentos pessoais aos aprendizes sobre tal tópico. O Quadro 10 (dez), a seguir, sintetiza o formato verificado na Atividade 02 do LD analisado: Quadro 10 – Formato da Atividade 02 PRÉ-CO CO -Responder questionamentos pessoais relacionados com a temática da unidade – Recepção de visitas em seus lares. - Escutar o texto;e - Completar a tabela. PÓS-CO - Trabalhar em grupo e comparar as informações escutadas; Discutir alguns questionamentos em grupo relacionados com a temática da unidade – Recepção de visitas em seus lares. Fonte: Dados da Pesquisa 78 3.3 Foco adotado pelas Professoras: produto ou processo? A fim de apresentarmos a análise dos dados para verificarmos se as professoras focalizam o produto ou o processo, seguiremos o formato que a Atividades 01 e 02 apresentam, como mostrado nos itens 3.2.1 e 3.2.2: PréCO, CO e Pós-CO. 3.3.1 Atividade 01: Apresentaremos a transcrição de trechos da aula em que a Professora A aplica a referida atividade e, em seguida, apresentaremos os trechos da aula da Professora B. Professora A Pré-CO: Inicialmente, a professora faz um aquecimento para apresentar a temática da unidade, questionando os alunos acerca dos esportes que eles conhecem, gostam e praticam. Vejamos o trecho da transcrição correspondente: 1. T : well...hmmm...do you like sports? Do you like to practice sports in your free time? 2. M1: yeeesss… 3. LLL: heeeeee…[os alunos riem] N...vai aí N...! 4. T: what do you do? What do you do in your free time? 5. F: vôleibol 6. M1: I play volleyball! 7. T: do you play volleyball? Are you a good volleyball player? 8. M1: great! (ver Anexo D1) A partir do referido trecho transcrito, podemos apontar que a Professora A utilizou perguntas diretas – Linhas 1 (um) e 7 (sete) – fazendo com que os 79 aprendizes respondessem de forma curta. Consideramos que, a partir do uso de perguntas diretas, a professora tem como foco as respostas dadas pelo aprendiz. Através de uma resposta dada pelo aprendiz – Linha 6 (seis) – a professora repete tal resposta em forma de pergunta. Compreendemos que a professora utilizou a Estratégia de Conexão36, através da repetição da fala do aprendiz, para dar um retorno positivo a este em relação a sua resposta, reforçando a ideia de que a perspectiva dela são as respostas corretas. Após tais questionamentos e discussões acerca da temática, a professora elabora no quadro a seguinte tabela: Tabela 01 – Tabela elaborada pela Professora A SPORT/ ACTIVITY EQUIPMENT AND CLOTHES Go snowboarding Play football Do aerobics Go skiing Fonte: Dados da Pesquisa A Professora A prossegue a aula, após elaborar a tabela. 9. T: ok! So.....if I asked N... to write on the board some sport or activity that he likes I suppose he would put here [apontando para a tabela] “play volleyball”, right N…? ok! But besides volleyball there are some other activities. Actually, there are great places for these activities, ok? But, hmmm…..do you know snowboarding? 10. F1: yes. 11. T: yeah? Do you know this sport? yeah? Have you ever practiced? [todos riem] 12. F1: ohhh…no! (ver Anexo D1) 36 Estratégia de Conexão é quando há a repetição da voz dos aprendizes pelo professor a fim de enfatizar a resposta correta. 80 Nesse trecho, também observamos que a professora continua utilizando perguntas diretas – Linhas 9 (nove) e 11 (onze). Além disso, verificamos que ela elabora tal tabela no intuito de facilitar a compreensão do texto oral antecipando o vocabulário novo e, assim, facilitando a execução da atividade. Confirmamos esse dado durante a entrevista: T: Eu acho que meu objetivo maior com essa questão de vocabulário é [...] baixar a ansiedade pra que eles possam compreender e aí, ter um resultado mais satisfatório [...] eu acho que é importante como uma forma de preparação pra atividade. Depois dos questionamentos acerca dos esportes apresentados na tabela, ela distribui recortes de papel para os alunos com o nome das roupas e equipamentos utilizados nesses esportes, e os alunos devem ir até o quadro e preencher a tabela, como mostra o trecho a seguir: 13. T: so...hmmm...in order to practice this activity...hmmm...there are some specific equipment and clothes that they use, ok? I will distribute some slips of paper with some of these equipments and you have to decide with your friends to which sport they belong to, ok? For example…hmmm…shorts and socks. Do they belong to snowboarding, football, aerobics or skiing? Discuss with your friends, ok? I´ll give you the slips of paper! (ver Anexo D1) Assim, eles completam a tabela e, após todo o preenchimento desta, a professora corrige e discute com eles, vejamos: 14. T: ok!...ok! so, guys…let´s read all of these answers, ok? Hmmmm…according to your friends, in order to go snowboarding, we need the “snowboard”, the equipment. But we also use “boots”, do you understand boots? 15. LLL: yes! 16. T: “helmet”, to protect your head, ok? “goggles”, it means some kind of glasses that we use to protect our eyes, ok? 17. M: já sei já! 18. T: “waterproof jackets and trousers”. Do you understand waterproof? 19. M2: a prova d’água. 20. T: water…do you understand water? 21. M2: a prova d’água. 22. T: waterproof, ok? Jacket, to protect. And trousers, calças, ok? We can use jeans, but we…they use specific trousers for this activity. Any questions about this vocabulary? 81 23. LLL: no! (ver Anexo D1) Ao observar este trecho, identificamos nas linhas 14 (quatorze), 16 (dezesseis) e 22 (vinte e dois) que ao corrigir o exercício, a Professora A apenas cita as respostas corretas, sem discuti-las, demonstrando, mais uma vez que este é o seu foco. Após a resolução do exercício anterior – exercício 03 (três) -, a professora aplica o exercício 02 (dois), em que os alunos devem completar com os verbos Play, Go e Do. Ela executa esse exercício discutindo o porquê de usar tais verbos com determinados esportes: 24. T: hmmm…yeah, but this is your favorite. So, as we can see there are many sports and activities that you usually do in your free time. In number two there´s an exercise that you have to complete with the verbs “play, go or do”, ok? I´m not going to give you any kind of information, I just want you to find the gap according to your background knowledge. Which verb I´m going to use with each of these sports? “Play, go or do”. Some of them are already written here on the board, but try to imagine the other appropriate verb, OK? Try to do that! The verb we have here, “go snowboarding”, OK? Just to complete. “Go”, have you ever done this? “Go snowboarding.” The first we have on the board. The second: “aerobics”. 25. LLL: Do! 26. T: The verb “do”. Very good! “Volleyball”! 27. LLL: Play! 28. T: Play. “Fishing”. 29. LLL: Go! 30. T: Goo…I go fishing. (ver Anexo D1) Nesse trecho, a professora continua focando as respostas e podemos observar que ela utiliza a Estratégia de Conexão nas linhas 26 (vinte e seis), 28 (vinte e oito) e 30 (trinta), reforçando as respostas corretas dadas pelos aprendizes, além da utilização de Very good! (Linha 26), como um retorno positivo. 82 Constatamos, então, que nesta primeira parte da Atividade 01 (um), a professora: i) discutiu a temática geral com os aprendizes através de questionamentos; ii) aplicou o exercício 03 (três), que corresponde ao preenchimento de uma tabela com as roupas e os equipamentos utilizados ao praticar determinados esportes, trabalhando, dessa forma, o vocabulário novo; e, iii) executou o exercício 02 (dois), que objetiva completar lacunas antes dos esportes com os verbos Play, Go ou Do e, assim, trabalhou itens gramaticais. Verificamos que a Professora A, durante esta parte inicial da Atividade 01, estabeleceu o contexto para motivar os aprendizes (FIELD, 2005) através da introdução do tópico, utilizando questões-guia e a inserção de vocabulário novo (ELTAWILA, 2009), além de trabalhar gramática. Desse modo, no exercício 02 (dois), a Professora A discutiu com os aprendizes as respostas corretas e, depois, explicou o uso dos verbos Play, Go ou Do antes de determinados esportes. No exercício 03 (três), ao corrigir as respostas dadas pelos alunos, ela perguntou se eles conheciam o significado de determinados vocábulos e, quando eles não conheciam, ela explicava. Compreendemos que, ao aplicar a Atividade 01, durante a fase de PréCO, a Professora A utilizou perguntas diretas e a Estratégia de Conexão, apenas focalizando as respostas corretas dadas pelos aprendizes, não considerando se eles apresentaram dificuldades na execução desta. Consideramos, então, que na fase de Pré-CO, ao aplicar a Atividade 01, a professora teve como foco o produto, visto que foram levadas em consideração apenas as respostas 83 corretas (FIELD, 1998, 2003; VANDERGRIFT, 2004; SANTOS, 2010), além de não ter sido debatido como o aprendiz conseguiu (ou não) responder tais atividades. Sugerimos que, em exercícios como estes, presentes na fase de PréCO, ao corrigi-los, o professor deve constatar, inicialmente, os acertos e erros dos aprendizes. Em seguida, deve compreender o porquê dos erros e tentar sanar as dificuldades dos alunos através de exercícios apropriados, que objetivem discutir os problemas dos alunos, no que concerne à CO, para que estes não venham a ocorrer numa atividade de CO futura. CO: Na fase de CO, a Professora A, inicialmente, divide a turma em grupos e depois discute como cada questionamento da Figura 01 (cf. p. 68) deve ser respondido, antecipando, desse modo, futuros problemas dos aprendizes relacionados à compreensão de tais questionamentos. Vejamos: 31. T: Ok, so what kind of answer can you have? Give me an example of answer. 32. M2: Once a week. 33. T: Once a week. What else? 34. F2: Twice a week. 35. T: Twice a week. 36. F2: Three times… 37. T: Three times…everyday! Ok? Every weekend. So, it depends on the point if you know that frequency. These are possible answers, ok? Number three: “Where do they do it?” Where, so that kind of answer can you find? (ver Anexo D1) Através do trecho apresentado, verificamos que a professora utiliza uma estratégia ao comentar como cada pergunta deve ser respondida corretamente, para que os aprendizes focalizem em tais respostas ao escutar o texto. 84 Após a explicação, a professora coloca o CD para que os aprendizes escutem o áudio duas vezes: i) a primeira vez, ela coloca o áudio sobre os três personagens sem interrupção e pede que eles discutam em grupos o que ouviram; ii) na segunda vez, ela pausa o CD, após a fala de cada personagem, para que o aprendiz ouça a informação específica e logo escreva a resposta no LD; e, por fim iii) ela mostra as respostas do exercício. Ao ser questionada, durante a entrevista, sobre a importância de se colocar o áudio mais de uma vez para que os aprendizes escutem, ela afirma: T: [...] essas práticas, na minha cabeça, elas favorecem a compreensão [...] fazendo com que o aluno se sinta mais preparado [...]eu, professora, creio que eles tenham condições de serem mais bem-sucedidos nesse tipo de atividade. Vejamos o trecho transcrito: 38. T: Ok. Now, we´re talking about Mary. Are you ready to comment on her activity? 39. F2: É uma senhora de idade… 40. T: In English, of course! 41. [Todos riem] 42. F2: She has… 43. T: It´s a lady! Did you understand her age? 44. M: Hã? Age? 45. T: How old is she? 46. M: Yeah. Ela disse… 47. T: No! She said... 48. M: She said she´s eighty five. 49. T: Oh, she´s eighty five, yeah, eighty five. No problem, this is not our focus. The question is: which sport does she do? 50. F2: Aerobics. 51. M: Aerobics. 52. T: Aerobics, ok? But Neto has a good strategy... 53. M1: I listen! 54. M2: Eu sei…a figura! 55. T: Ok, ok! 56. [...] 57. T: Ok! The next question is: how often does she do aerobics? 58. LLL: Once a week. 59. T: Once a week. Very good! Very good! Very good! Once a week [a professora A copia no quadro] she said every Thursday morning? 60. M: Ok! 61. T: Ok! Yeah! Ok! Once a week, this is the answer. Once a week. The next question: where does she do that? 62. F: O lugar? 85 63. T: Yeah! where? The place! 64. M2: At the local old people´s day center. (ver Anexo D1) A Professora A utiliza a Estratégia de Compreensão para que os aprendizes entendam o questionamento feito por ela – Linhas 43 – 45 (quarenta e três a quarenta e cinco) – quando ela questiona a idade da senhora utilizando a palavra age (Linha 43) e eles não compreendem e, ela utiliza uma expressão que eles conhecem – How old is she? (Linha 45 [quarenta e cinco]). Outro exemplo de tal estratégia pode ser observado no final da linha 61 (sessenta e um), quando ela questiona os aprendizes sobre o local onde a personagem pratica determinado esporte e, a aluna, na linha 62 (sessenta e dois), utilizando a língua materna (LM), questiona O lugar?. A professora, na linha 63 (sessenta e três), questiona utilizando outro vocábulo – The place – para que a aprendiz compreenda e reforça a busca pela resposta certa. Além disso, verificamos, nesse trecho transcrito, a presença da Estratégia de Conexão, utilizada pela professora nas Linhas 48 (quarenta e oito) e 49 (quarenta e nove); 50-52 (cinquenta a cinquenta e dois); 58 (cinquenta e oito), 59 (cinquenta e nove) e 61 (sessenta e um), ao repetir a fala do aprendiz no intuito de dar um retorno a este. Verificamos também, o uso de algumas expressões como o Very good! – três vezes – na Linha 59 (cinquenta e nove), reforçando a ideia do retorno positivo ao aprendiz. A partir da correção do referido exercício, presente na fase de CO, constatamos que a Professora A, ao discutir as respostas com os alunos, verificava apenas as respostas corretas. Percebemos ainda que apenas alguns aprendizes respondiam, logo não observamos qualquer atitude em 86 relação aos outros. Será que todos responderam de forma correta? Será que todos entenderam? Compreendemos que, assim como na fase de Pré-CO, a Professora A focalizou o produto, visto que ela utilizou algumas estratégias durante a aplicação do exercício de CO – Estratégias de compreensão e conexão – que enfatizam a busca pela resposta correta. Não observamos que ela tenha verificado se algum aluno apresentou dificuldades na escuta do texto ou na execução do exercício. Para focalizar o processo, ela poderia ter buscado, principalmente, conhecer os aprendizes que não conseguiram escutar com sucesso o texto, e, consequentemente, erraram ou não conseguiram responder o exercício. Através desse levantamento, ela poderia buscar outras estratégias, tais como o trabalho com outras atividades de CO semelhantes às que eles apresentaram dificuldades, sanando diretamente o problema de compreensão verificado. Pós-CO: Na fase de Pós-CO, a Professora A aplicou um exercício diferente do solicitado no LD, uma vez que apenas refletiu com os alunos sobre a evolução que eles tiveram no que se refere à compreensão do texto oral, fazendo com que eles analisassem as suas performances durante a execução da Atividade 01 e uma atividade de CO aplicada anteriormente. Vejamos: 65. T: If you compare the first listening with this, this listening. What do you think about? What did…Did you remember the first conversation they were talking at the same time and it was hard for you to…hmm…to separate information. 66. F3: Yeah! 67. T: That´s right! That´s right! But do you think, did you notice any kind of improvement in your listening? 68. LLL: Yeah! 87 69. T: Yeah? 70. M: So-so. 71. T: so-so? Ok! I suggest that as a XXX. The first time, just listen without looking, ok? Second time, you can listen and read. And then, XXX, ok? Hmmm…the listening can only be developed, if you put in practice everyday…listening to songs, watching movies, talking to your friends, listening to X, ok? doubts? 72. LLL: No! (ver Anexo D1) No presente exercício aplicado pela Professora A, durante a fase de Pós-CO, verificamos algumas estratégias que ela já havia utilizado nos exercícios das fases anteriores, como o uso de perguntas diretas – Linhas 65 (sessenta e cinco), 67 (sessenta e sete) e 71 (setenta e um) – e a Estratégia de Conexão - Linhas 70 (setenta) e 71 (setenta e um) – que tendem a focalizar as respostas corretas. Foi possível constatar que o viés da Professora A durante tal exercício, na fase de Pós-CO, foi o produto, visto que os aprendizes não discutiram com ela acerca de tal assunto e deram respostas curtas aos seus questionamentos. Inferimos que, ao tentar refletir com os aprendizes sobre as suas próprias práticas e experiências, ela tentou focalizar o processo, mas não obteve êxito devido às estratégias utilizadas por ela para a realização de tal exercício. O Quadro 11 (onze), a seguir, sumariza o foco dado pela Professora A ao aplicar a Atividade 01: Quadro 11 – Foco dado pela Professora A ao aplicar a Atividade 01 FORMATO DE APLICAÇÃO DA ATIVIDADE FOCO Pré-CO Produto CO Produto Pós-CO Produto Fonte: Dados da Pesquisa 88 Professora B Apresentaremos a transcrição de trechos da aula em que a Professora B aplica a Atividade 01 de CO. Assim como a análise da aplicação da referida atividade pela Professora A, esta será dividida nas três fases que a compõem, como mostrado no item 3.2.1: (1) Pré-CO; (2) CO; e (3) Pós-CO. Pré-CO: A professora questiona os alunos sobre quais esportes eles observam na figura do exercício 01 (um) do LD (ver Anexo A1): 73. T: On Page twenty...we can see different kinds of sports, ok? Which sports can you see? 74. [os alunos ficam em silêncio] 75. T: So...tell me the sports! 76. M1: Volleyball. 77. M2: Basketball. 78. T: Ok! Volleyball…basketball… 79. F: Golfe! 80. T: Golf…ok! (ver Anexo D2) No trecho transcrito anteriormente, verificamos que a Professora B utiliza a Estratégia de Conexão – Linhas 78 (setenta e oito) e 80 (oitenta) – através da repetição das respostas dos aprendizes, objetivando o retorno positivo a estes quanto às respostas corretas dadas. Após essa introdução da temática Esportes e Lazer, a Professora B pede para que os alunos executem o exercício 02 (dois), que corresponde ao preenchimento de lacunas com os verbos Play, Do e Go antes de determinados esportes ou atividades. Ela explica o uso de tais verbos e, depois dos alunos executarem a atividade, ela corrige: 81. T: So...the first “snowboarding”. 82. LLL: Go. 89 83. T: Go snowboarding…ok? why? 84. LLL: I-N-G. 85. M: XXX I-N-G. 86. T: Ok… “aerobics”. 87. LLL: Do! 88. T: Ok! Do aerobics… “volleyball”! 89. LLL: Play! 90. T: Yes! Play volleyball! “Fishing”. 91. LLL: Go. (ver Anexo D2) Neste segundo trecho, observamos que a professora não aborda a estratégia que o aprendiz utilizou para desenvolver a resposta, uma vez que apenas a resposta certa é interessante. Contatamos tal afirmação através das respostas dadas aos questionamentos da professora – Linhas 82 (oitenta e dois), 87 (oitenta e sete), 89 (oitenta e nove) e 91 (noventa e um) – pois ela não indaga se algum aprendiz não conseguiu realizar tal exercício, atentando apenas para as respostas corretas. Na presente fase, a Pré-CO, a professora pediu que os alunos citassem quais esportes ou atividades eles observaram na figura, introduzindo, desse modo, o tópico a ser estudado: Esportes e Lazer. Além disso, ela pediu que os alunos executassem o exercício 02 (dois), que objetiva completar as lacunas antes dos esportes com os verbos Play, Go ou Do. Antes de os alunos realizarem o referido exercício, a professora explicou como usar os verbos Play, Go ou Do antes de esportes ou atividades. Durante a correção, a Professora B cita o esporte e os alunos respondem com os verbos, exceto no primeiro esporte “snowboarding”, que ela questiona o porquê deles terem usado o verbo Go. Verificamos que a Professora B estabeleceu o contexto para motivar os alunos (FIELD, 2005) através da introdução do tópico com questões acerca de quais esportes os aprendizes observavam na figura e a inserção de 90 gramática e vocabulário novo, com a resolução do exercício 02 (dois) (ELTAWILA, 2009). Portanto, a professora apenas conferiu as respostas corretas com os aprendizes - exceto com “snowboarding”, visto que ela questionou o porquê não levando em consideração como eles conseguiram responder de forma (in)correta tais questões, além de ter desconsiderado os alunos que não conseguiram responder ou responderam incorretamente. Na fase de Pré-CO, a Professora B teve como foco o produto, visto que o mais importante foram as ‘respostas’ corretas dos exercícios, não levando em consideração as respostas incorretas, e como o aprendiz chegou àquela resposta (FIELD, 1998; 2003; VANDERGRIFT, 2004; SANTOS, 2010). Com isso, não utilizou exercícios ou estratégias para sanar tais problemas, como observado nas transcrições (ver Anexo D2) e nas notas de campo. CO: Na presente fase, inicialmente, a professora explica o contexto da atividade. Após a explicação geral sobre o que os alunos escutariam e como eles fariam a referida atividade, a professora colocou o áudio para que os alunos escutassem duas vezes, sendo que a primeira é para que eles apenas escutassem a temática geral; e, a segunda vez, para que eles escutassem e completassem a tabela sobre os personagens. Após a segunda escuta do texto, a professora discutiu com os alunos as respostas que completariam de forma correta a tabela. Vejamos: 92. [ Ela coloca o áudio de todo o texto pela primeira vez] 93. T: Ok? 94. M2: Ok! 95. M: No! 96. T: I´m going to put again…and you have to complete the chart, ok? 97. Ela coloca o áudio de todo o texto pela segunda vez] 91 98. T: Ok? “Which sport or activity are they talking about?” 99. [ Todos falam ao mesmo tempo] 100. T: Ok! 101. F: Mary...XXX aerobics. 102. T: Yes…Mary is talking about aerobics. 103. M: XXX 104. M2: Jenny is talking about ski. 105. T: Yes. Jenny is talking about skiing. And…Thomas? 106. LLL: Football. 107. T: Yes…football! And… “How often do they do it?” 108. M: XXX 109. F: No! 110. M2: Mary…once a week? 111. T: Once a week. XXX And Jenny? 112. M2: Once or twice a year. 113. T: Yes! Once or twice a year! Thomas…and Thomas? 114. F: Friday…X 115. M1: Twice a week. 116. T: Ok! Twice a week! And…so… “Where do they do it?” (ver Anexo D2) Verificamos que, assim como na fase de Pré-CO, a Professora B utiliza a Estratégia de Conexão – Linhas 102 (cento e dois), 105 (cento e cinco), 107 (cento e sete), 111 (cento e onze), 113 (cento e treze) e 116 (cento e dezesseis) – e, com isso, inferimos que ela reforça a resposta correta do aprendiz. Percebemos também que a prática da referida professora está de acordo com o que sugere Eltawila (2009) em relação ao áudio duas vezes para que os alunos escutem, sendo a primeira para captar a ideia geral e a segunda para ouvir informação específica e executar o exercício. Ademais, a Professora B utiliza as questões pré-elaboradas e sugeridas pelo LD e, ao final da segunda escuta, ela verifica as respostas (FIELD, 2005). Assim como a Professora A, ela também não encoraja os aprendizes a compreenderem como e o porquê das respostas incorretas (GUO; WILLS, 2008). Observamos tal fato quando alguns dos alunos a respondem e ela fala yes! ou ok! – Linhas 100 (cem), 113 (cento e treze) e 116 (cento e dezesseis) 92 – e, imediatamente, faz outro questionamento, não atentando para prováveis aprendizes que não obtiveram sucesso na execução de tal exercício. Desse modo, durante a correção, ela faz os questionamentos presentes na Figura 01 (cf. p.68) e alguns dos alunos respondem. Constatamos que a Professora B apenas verifica as respostas corretas dadas pelos aprendizes. Além disso, não observamos a professora tratar de respostas incorretas ou indagar os alunos acerca de dificuldades que eles tiveram ao executar o referido exercício de CO. Na fase de CO, assim como na Pré-CO, a Professora B focaliza o produto, já que apenas trata dos acertos – Linhas 102 (cento e dois), 105 (cento e cinco), 107 (cento e sete), 111 (cento e onze) e 116 (cento e dezesseis), não constatando se houve erros durante a execução de tal exercício, além de não sanar tais problemas para que estes não viessem a ocorrer numa atividade de CO futura. Acreditamos que, durante a correção do exercício, ela poderia questionar acerca das dificuldades que eles tiveram para escutar o texto oral e para responder tal exercício. Através dos problemas constatados, ela poderia sugerir estratégias de CO, como também aplicar outros exercícios para trabalhar as dificuldades constatadas. Pós-CO: Na presente fase a professora não seguiu o formato proposto pelo LD, visto que ela não realizou atividade alguma após a fase de CO. Vejamos o Quadro 12 (doze), que sintetiza o foco dado pela Professora B durante a aplicação da Atividade 01 (um), que contém, como mostrado no item 3.2.1, 03 (três) fases: 93 Quadro 12 – Foco dado pela professora B ao aplicar a Atividade 01 FORMATO DE APLICAÇÃO DA FOCO ATIVIDADE Pré-CO Produto CO Produto Pós-CO A Professora A não realizou a referida fase. Fonte: Dados da Pesquisa O Quadro 13 (treze), a seguir, mostra o formato da Atividade 01 (um) proposto pelo LD, além de comparar o foco dado pelas Professoras A e B e os formatos seguidos por estas: Quadro 13 – Formato da Atividade 01 do LD e o foco dado pelas Professoras AeB Formato proposto pelo LD Pré-Compreensão Oral Compreensão Oral Pós-Compreensão Oral Foco dado Professora A Foco dado pela Professora B Produto Produto Produto Produto Produto Não apresentou esta fase Fonte: Dados da Pesquisa O quadro 13 (treze) mostra que durante as fases de Pré-CO e CO, ambas as professoras tiveram como foco o produto. Durante a fase de Pós-CO, apesar de a Professora A ter realizado um exercício diferente do proposto pelo LD, identificamos que o foco dado foi no produto. E a Professora B, não realizou exercício algum durante esta última fase. O Quadro 14 (quatorze) compara as sugestões de execução da Atividade 01 (um) pelo LD e o MP e como as Professoras A e B a aplicaram: 94 Quadro 14 – Comparativo das Sugestões de Aplicação da Atividade 01 pelo LD e o MP e a prática das Professoras A e B FASES DA SUGESTÕES DE APLICAÇÃO PRÁTICA DA PRÁTICA DA ATIVIDADE PELO LD E O MP PROFESSORA A PROFESSORA B - Listar esportes ou atividades de lazer; - Discussão da temática da unidade com os aprendizes através de questionamentos; - Introdução do tópico a ser estudado através de questionamentos sobre os esportes contidos na figura; - Completar lacunas com verbos Play, Do ou Go; e Pré-CO os - Completar tabela com auxílio do dicionário e a partir da lista elaborada. - Preenchimento de uma tabela com as roupas e os equipamentos utilizados ao praticar determinados esportes, trabalhando dessa forma, o vocabulário novo; e - Completar lacunas antes dos esportes com os verbos Play, Go ou Do. - Completar lacunas antes dos esportes com os verbos Play, Go ou Do. - Ouvir o texto; CO - Tomar notas; e - Completar a tabela. - Discussão das prováveis respostas para os questionamentos presentes na tabela que os aprendizes devem completar após a escuta do texto; - Explicação acerca do modo de execução do exercício; - Escuta do texto (duas vezes); - Completar a tabela; - Escuta do texto (duas vezes); - Corrigir as respostas. - Completar a tabela; - Corrigir as respostas. Pós-CO - Interagir com um colega utilizando as estruturas presentes na fase de CO, para fazer perguntas e dar respostas. - Reflexão sobre a prática dos aprendizes como ouvintes. - Fase não realizada. Fonte: Dados da Pesquisa Ao observar o Quadro 14 (quatorze), verificamos que as Professoras A e B não seguiram todas as sugestões do LD e do MP para a aplicação da Atividade 01. E, quando questionadas, durante a entrevista, se elas liam e seguiam o MP, elas responderam o seguinte: TA: Leio...leio...eu acho que até pra puder entender o que o material realmente pretende, né? Então, é importante pra se situar [...] Objetivos que 95 eu vejo que são mais viáveis aí eu adapto a atividade pra poder atender às necessidades de cada grupo. TB: Li...li...não todo porque como eu já tinha trabalhado com o New Headway quando eu trabalhei na UFCG, então já conheci...de uma maneira mais...um scanning mais que um skimming. [...] é só como um guia mesmo, mas eu não sigo fielmente não. Verificamos que ambas as professoras leem o MP, porém, conforme o trecho mostrado, elas não o seguem fielmente – conforme visto no Quadro 14 (quatorze). No item 3.1.1 (cf. p. 67-70), verificamos que a Atividade 01 tem como perspectiva o produto e, mesmo não seguindo o LD e o MP fielmente, ambas as professoras também apresentaram o mesmo viés durante a aplicação de tal atividade. 3.3.2 Atividade 02: Apresentaremos a transcrição de trechos da aula em que a Professora A aplica tal atividade e, em seguida, apresentaremos os trechos da aula da Professora B. Professora A Pré-CO: A professora inicia fazendo um aquecimento para apresentar a temática da unidade – Visite o meu lugar!37 - questionando os alunos acerca das refeições que eles fazem durante o dia e distribuindo pirulitos. Vejamos a transcrição do texto correspondente: 117. T: yeah? Ok…hmm…what are the three meals we usually do during the day? 118. F: É…breakfast. 119. T: Breakfast. 120. F: Lunch. 121. M1: Lunch. 122. T: Lunch. 37 Come round to my place! (SOARS; SOARS, 1998, p. 36). 96 123. 124. F: Dinner. T: And dinner! I supposed you have three snacks all day long… (ver Anexo D3) No trecho transcrito, observamos que a professora faz um questionamento – Linha 117 (cento e dezessete) – e, ao passo em que os aprendizes respondem, a professora repete as respostas deles – Linhas 119 (cento e dezenove), 122 (cento e vinte e dois) e 123 (cento e vinte e três). Assim, compreendemos que a professora utilizou a Estratégia de Conexão, objetivando dar um retorno positivo aos aprendizes. E, depois dos questionamentos iniciais, a professora elabora no quadro a seguinte tabela: Tabela 02 – Tabela elaborada pela Professora A JAPANESE MEALS BRITISH MEALS BRAZILIAN MEALS Fonte: Dados da Pesquisa A Professora A prossegue a aula, após elaborar a tabela. 125. T: Oh! Ok...tell me some...tell me some Japanese food, you know. 126. M1: Sushi. 127. T: What else? 128. M1: Sashimi... 129. F: Rice. 130. T: Rice... 131. [Todos falam ao mesmo tempo] 132. T: Ok!Ok!... British food. Some British food. 133. M: Potato. 134. T: Potatoes. 135. F: Fish. 136. T: Fish. They eat a lot of fish. That´s right! What about Brazilian meal? 137. M1: Picado. (ver Anexo D3) Nesse trecho, observamos que a professora continua utilizando a Estratégia de Conexão – Linhas 130 (cento e trinta), 134 (cento e trinta e 97 quatro) e 136 (cento e trinta e seis). Além disso, constatamos que ela elabora tal tabela – assim como na Atividade 01 (cf. p. 80) - no intuito de facilitar a CO do texto, através da antecipação do vocabulário novo e, desse modo, facilitar a execução da atividade. Após essa breve discussão sobre as comidas típicas do Japão, Inglaterra e Brasil, ela distribui recortes de papel para os alunos com o nome de algumas comidas típicas dos referidos países e os alunos devem pegar 02 (dois) destes recortes para preencher a tabela: Eles completam a tabela e, após o preenchimento desta, a professora corrige e discute com eles, vejamos: 138. T: Ok! Ok! Let´s see! Although they X, but they like this kind of food! Ok! They eat sushi, they eat tempura, it´s a kind of fried vegetables, ok? Rice, it´s the main, the main X order. Hmmm…sukiyaki…it´s a hot beer, it´s like…é como um fusil, certo? Alguma coisa assim. And spaghetti. You say: Spaghetti? Spaghetti...but you know…they serve this kind of food for foreigners…for…when they are X, they also serve pasta, ok? They also eat pasta. It´s not X, but they also like to eat pasta, ok? And X spaghetti. British meal! Of course, they drink wine. What do you understand by Potluck lunch? No idea? 139. LLL: No! (ver Anexo D3) Observando o trecho transcrito, percebemos na linha 138 (cento e trinta e oito) que, ao corrigir o exercício, a Professora A apenas cita as respostas corretas, sem discuti-las, demonstrando, mais uma vez, que o seu foco está nas respostas certas. Verificamos que, durante a fase de Pré-CO da Atividade 02, a professora: i) discutiu a temática geral com os aprendizes através de questionamentos; ii) elaborou uma tabela sobre as comidas típicas do Japão, Inglaterra e Brasil e solicitou que os aprendizes a preenchessem, abordando dessa forma, o vocabulário novo; e, iii) corrigiu o exercício. 98 Entendemos que, durante a aplicação da Atividade 02 na fase de PréCO, a professora utilizou a Estratégia de Conexão, focalizando as respostas certas dadas pelos aprendizes, não considerando se eles erraram e o porquê dos erros. Ademais, durante a correção do exercício, ela não fez questionamentos aos aprendizes acerca das dificuldades que estes poderiam ter ao executá-lo e apenas citou as respostas certas. Desse modo, inferimos que a professora teve como perspectiva o produto, já que apenas as respostas corretas foram enfatizadas. Sugerimos que, em exercícios semelhantes a estes, aplicados pela professora B na fase de Pré-CO, as respostas sejam realmente discutidas com os aprendizes e que o professor atente-se a estas, principalmente às respostas incorretas. E, através desta constatação, sugerimos que se deve trabalhar, principalmente, com os erros, buscando e ensinando estratégias aos aprendizes para que, estes possam compreender tais erros e, com isso, tais dificuldades possam ser identificadas e sanadas. CO: A Professora A pede que os aprendizes abram o LD e explica que eles escutarão três personagens de nacionalidades distintas – Sumie (Japão), Kate (Inglaterra) e Lucas (Brasil) – e completarão uma tabela com as seguintes informações: se o texto é formal ou informal, a hora, as preparações, os presentes e a comida/ bebida. Após a explicação do exercício, a professora coloca o CD para que eles escutem o áudio sobre cada personagem duas vezes: i) a primeira vez ela coloca o CD para que eles escutem o texto sobre cada personagem sem interrupção; ii) na segunda vez, ela pausa o CD, após a fala de cada 99 personagem, para que o aprendiz ouça a informação específica e logo escreva a resposta no LD; e, iii) ela mostra as respostas do exercício. Vejamos o trecho transcrito: 140. T: Ok! Is this formal or informal, Brazilian barbecue? 141. M: Informal. 142. T: Totally informal, ok? Day or time, usually… 143. F4: Weekend. 144. T: é diferente daqui. Em Porto Alegre. 145. M1: Friday or Saturday. 146. F4: Saturday night. 147. T: Friday or Saturday night? People say: ‘no, it´s Saturday or Sunday in the afternoon!’ But there, they have churrasco at night, you know that in Porto Alegre, they eat a lot of meat, right? É…vocês viram no Globo Repórter, brasileiras, nordestinas fazendo churrasco no Alasca? Alguém chegou a ver isso? (ver Anexo D3) Como observado durante a fase de Pré-CO, verificamos no trecho transcrito a Estratégia de Conexão, utilizada pela professora nas Linhas 142 (cento e quarenta e dois) e 147 (cento e quarenta e sete), ao repetir a resposta do aprendiz no intuito de dar um retorno positivo a este, enfatizando a questão da resposta correta. Compreendemos que a Professora A, durante a fase de CO, continuou focalizando o produto, uma vez que ela utilizou a Estratégia de Conexão, que entendemos ser uma maneira de enfatizar as respostas certas. Além disso, durante a correção do exercício, não questionou se algum aprendiz apresentou dificuldades ou cometeu erros ao respondê-lo, considerando, desse modo, apenas os acertos. Pós-CO: A fase de Pós-CO foi sucinta, visto que a professora apenas questionou se a Atividade 02 foi difícil e o grau de dificuldade que os alunos tiveram ao escutar diferentes personagens, com diferentes sotaques. Vejamos: 100 148. 149. 150. 151. 152. 153. 154. T: [...] Ok! How was this listening? Was it difficult? M1: No! M2: No! T: among them, who was the most difficult to understand? F: Kate. T: Kate, the British girl? Yeah! What about the easiest? F: O brasileiro [risos]. (ver Anexo D3) Nessa breve discussão feita pela Professora A durante a fase de PósCO, constatamos a Estratégia de Conexão (Linha 153) - que ela já havia utilizado nos exercícios das fases anteriores - como também o uso de perguntas diretas – Linhas 148 (cento e quarenta e oito), 151 (cento e cinquenta e um) e 153 (cento e cinquenta e três) – que tendem a focalizar as respostas corretas. Constatamos que o viés da Professora A durante tal exercício, na fase de Pós-CO, foi o produto, visto que os aprendizes apenas deram respostas curtas aos seus questionamentos, não discutindo com ela sobre os problemas que tiveram nem a busca por prováveis soluções. O Quadro 15 (quinze), a seguir, sumariza o foco dado pela Professora A ao aplicar a Atividade 02: Quadro 15 – Foco dado pela Professora A ao aplicar a Atividade 02 FORMATO DE APLICAÇÃO DA FOCO ATIVIDADE Pré-CO Produto CO Produto Pós-CO Produto Fonte: Dados da Pesquisa 101 Professora B Exporemos a transcrição de trechos da aula em que a Professora B aplica a Atividade 02 de CO. Pré-CO: A Professora B inicia tal atividade questionando os aprendizes acerca das nacionalidades. Depois ela pede que eles, em duplas, executem um exercício – da página 36 (trinta e seis) (ver Anexo A2) – que tem como objetivo relacionar palavras que indicam nacionalidade de uma coluna – Coluna A – com sentenças sobre os povos de tais países – Coluna B. Após a realização do exercício, no intuito de corrigi-lo, a professora coloca um CD de áudio para que os aprendizes apenas escutem e confiram as respostas. Em seguida, ela não questiona se eles apresentaram problemas ao resolver o exercício, mas apenas explica outro tópico, não discutindo as respostas do exercício. Vejamos: 155. T: Ok! Let´s listen for... 156. [Ela toca para os alunos conferirem as respostas] 157. T: Ok? 158. LLL: Yeah! 159. T: Ok. So, talking about ‘Escócia’, I want you to say the differences between Scottish…and Scot. (ver Anexo D4) No trecho apresentado, observamos que a Professora B utiliza a estratégia de perguntas diretas – Linha 157 (cento e cinquenta e sete) – ao questionar os aprendizes se eles conferiram as respostas corretas. Após a resposta positiva dos alunos, na correção do exercício, ela inicia a explicação de outro tópico. Em seguida, ela pede que os aprendizes, em duplas, 102 escolham 5 (cinco) das 10 (dez) nacionalidades e escrevam uma sentença. Após a elaboração das sentenças, ela pede que cada dupla diga uma sentença: 160. 161. 162. 163. 164. 165. M: The Mexican…é assim? T: The Mexican, ok! M: The Mexican love to use big hats. [risos] [Todos riem] T: So...the Mexican love to use big hats. Ok! M: They love hot food, food with peppers. (ver Anexo D4) Neste segundo trecho, constatamos que a professora utiliza a Estratégia de Conexão – Linhas 161(cento e sessenta e um) e 164 (cento e sessenta e quatro) – e, compreendemos que ela faz uso de tal estratégia para dar um retorno positivo aos aprendizes, focalizando na resposta certa. Confirmamos isto também através do uso do Ok! – Linha 164 (cento e sessenta e quatro) – para reafirmar que realmente a resposta está correta. Durante a fase de Pré-CO, a Professora B inicia citando alguns países e suas nacionalidades, introduzindo o tópico e o vocabulário novo (FIELD, 2005; ELTAWILA, 2009). Ela também pediu que os aprendizes relacionassem colunas acerca das nacionalidades e que elaborassem sentenças utilizando tais nacionalidades. Durante a correção destes exercícios aplicados por ela durante a fase de Pré-CO, ela utiliza as estratégias das perguntas diretas e de conexão e, desse modo, entendemos que ela teve como foco apenas as respostas corretas, não levando em consideração como o aprendiz chegou (ou não) àquela determinada resposta, ou seja, a Professora B focalizou o produto. CO: 103 Inicialmente, a professora explica o contexto da atividade. Após tal explicação, ela coloca o áudio para que os alunos escutem duas vezes, sendo a primeira para escutar o contexto geral; e, a segunda vez, para que eles escutem e completem a tabela sobre os personagens. Após a segunda escuta do texto, ela pede que os aprendizes olhem a transcrição do texto na página 124 (cento e vinte e quatro) (ver Anexo C2) para verificar as respostas e se eles escutam a informação correta. Vejamos: 166. T: Ok! So...we have three…we have people from three nationalities. So…and you´re going to listen what are they talking about inviting people to eat at their houses, ok? The topic of the conversation is going to be about “inviting people to their houses” for a meal, ok? For breakfast, for lunch, for dinner…inviting people to come to their houses to have a meal, right? Pay attention! 167. [Ela toca a primeira vez todo o texto] 168. T: Ok? So, I know that you´re… 169. M2: Mas ele falou ‘barbecue’ and ‘churrasco’... 170. [todos discutem ao mesmo tempo] 171. T: Yes! Barbecue, churrasco, ok? I´m going to put again…in order you complete the chart…ok? 172. [Ela toca a segunda vez o texto todo] 173. T: hmmm...ok? hmm...ok…on page a hundred twenty four, a hundred twenty four…you can read the transcription in order to verify the answers…and to verify if you took the correct information, ok? On page…a hundred twenty four, ok? We do not have more time, but…on page a hundred twenty four, you can read the…a…transcriptions… (ver Anexo D4) Constatamos que a Professora B utiliza a Estratégia de Conexão – Linha 171 (cento e setenta e um) – e, desse modo, compreendemos que ela reforça a resposta correta dita pelo aprendiz. Além disso, devido ao tempo, ela não corrige o exercício e apenas sugere que eles olhem a transcrição do texto para verificar se completaram a tabela com as respostas corretas. Percebemos que, durante a fase de CO, a professora também tem como foco o produto, uma vez que a perspectiva adotada por ela durante a aplicação do referido exercício está apenas nas respostas certas, não considerando os problemas que os aprendizes apresentaram ao realizá-la. 104 Sugerimos que num exercício como este, ela poderia fazer a correção em sala de aula, juntamente com os aprendizes, no intuito de constatar os erros e acertos e, a partir daí, trabalhar as dificuldades apresentadas por eles. Pós-CO: Na presente fase, a professora não seguiu o formato proposto pelo LD, visto que ela não realizou atividade alguma após a fase de CO. Vejamos o Quadro 16 (dezesseis), que sintetiza o foco dado pela Professora B durante a aplicação da Atividade 02: Quadro 16 – Foco dado pela professora B ao aplicar a Atividade 02 FORMATO DE APLICAÇÃO DA FOCO ATIVIDADE Pré-CO Produto CO Produto Pós-CO A Professora A não realizou a referida fase. Fonte: Dados da Pesquisa A seguir, o Quadro 17 (dezessete) mostra o formato da Atividade 02 proposto pelo LD, além de comparar o foco dado pelas Professoras A e B e os formatos seguidos por estas: Quadro 17 – Formato da Atividade 02 do LD e o foco dado pelas Professoras AeB Formato proposto pelo LD Pré-Compreensão Oral Compreensão Oral Pós-Compreensão Oral Foco dado Professora A Foco dado pela Professora B Produto Produto Produto Produto Produto Não apresentou esta fase Fonte: Dados da Pesquisa 105 O quadro 17 (dezessete) mostra que durante as 03 (três) fases - PréCO, CO e Pós-CO – a Professora A teve como foco o produto. E a Professora B, nas duas primeiras fases também teve como foco o produto e, na fase de Pós-CO, ela não realizou exercício algum. Constatamos que, nas duas atividades – Atividades 01 (um) e 02 (dois) – as professoras tiveram como foco, predominantemente, o produto, ou seja, elas apenas testaram a habilidade de CO e não a ensinaram. Durante a entrevista, ao serem questionadas sobre a definição de ensinar a CO, elas responderam: TA: Eu acho que ensinar CO é...esclarecer para o seu aluno que ouvir não é simplesmente um ato aleatório [...] um ato involuntário [...] Eu preciso ter um foco, eu tenho objetivos [...] eu tenho que saber que tem fases...que eu posso fazer uso de estratégias [...]eu acho que objetivo é a palavra-chave no ensino de CO. TB: É...ensinar o aluno a ouvir...ouvir não é...ouvir...ele já ouve naturalmente! Mas...primeiro, eles precisam saber o que eles vão escutar...assim...tudo pra mim volta pra estratégias [...]eu não sei definir o que seria ensinar CO. Observamos que a definição de ensinar CO da Professora A se relaciona às estratégias e a escutar com objetivo. E, a Professora B inicia relacionando o ensino da habilidade de CO à estratégias, porém finaliza o seu discurso não sabendo definir o que seria ensinar tal habilidade. Através das definições das Professoras A e B acerca do que seja Ensinar a CO/ Focalizar o Processo, compreendemos que mesmo o MP e o LD tendo como foco o produto (cf. p. 67-73) e as professoras não os seguindo (cf. p.95-96/ 108-109), elas acabaram tendo a mesma perspectiva ao aplicarem as Atividades 01 e 02. Talvez, um dos motivos que justifica a prática delas na aplicação de tais atividades seja a ausência de suporte teórico acerca do que seja Ensinar a CO/ Focalizar o Processo. 106 Entendemos então que, tais lacunas, relacionadas ao aporte teórico ao que concerne à habilidade de CO, poderiam estar relacionadas à formação destas e, que, possivelmente, elas não tiveram suporte suficiente para tratar a CO na perspectiva do processo. Durante a entrevista, ao questionarmos sobre uma relação da formação destas com a prática, relacionada à habilidade de CO, elas responderam: TA: [...] eu tive uma formação específica sobre como trabalhar CO ...em Prática Pedagógica II, é...um dos momentos do curso era a prática com as quatro habilidades, né...então a gente lia bastante sobre isso, técnicas, estratégias, né...entender as dificuldades [...] TB: na faculdade a gente não teve nenhuma disciplina específica, né? A gente...a gente...é...em linguística aplicada, via as metodologias de ensino e acabava trabalhando...a professora fez seminários e tal [...] No treinamento que eu falei da outra escola, sim...a gente...a gente...é...como é que a gente pode trabalhar o listening? Aí tinha algumas atividades propostas, né? Como é que a gente vai trabalhar o writing, reading? E assim ia...mas não foi uma coisa só de listening. Verificamos que, durante a formação de ambas, elas afirmaram ter estudado sobre a habilidade de CO, mas percebemos que não houve uma disciplina específica, sendo que a referida habilidade foi trabalhada em disciplinas que tratavam das metodologias de ensino. A Professora B afirma ter passado por um treinamento em uma escola que ela lecionou, porém foi trabalhado apenas como trabalhar a CO, mas parece não ter havido suporte teórico para isso. Compreendemos, então, que durante a formação das professorasparticipantes da presente pesquisa, não houve um trabalho efetivo com a habilidade de CO, e que envolvesse tanto aspectos teóricos quanto práticos. Durante as aplicações das Atividades 01 (um) e 02 (dois), ambas as professoras focalizaram, predominantemente, no produto, e não no processo. Tal fato pode ter certa relação com a formação que elas tiveram no que concerne ao ensino da CO. 107 Por fim, vejamos o Quadro 18 (dezoito) que compara as sugestões de execução da Atividade 02 pelo LD e o MP e como as Professoras A e B a aplicaram: Quadro 18 – Comparação das Sugestões de Aplicação da Atividade 02 (dois) pelo LD e o MP e a prática das Professoras A e B FASES DA SUGESTÕES DE APLICAÇÃO PRÁTICA DA PRÁTICA DA ATIVIDADE PELO LD E O MP PROFESSORA A PROFESSORA B Responder questionamentos pessoais relacionados com a temática da unidade – Recepção de visitas em seus lares. Discussão da temática da unidade com os aprendizes através de questionamentos; - Introdução do tópico a ser estudado através de questionamentos sobre os países e nacionalidades; - Preenchimento de uma tabela sobre as comidas típicas do Japão, Inglaterra e Brasil, trabalhando dessa forma, o vocabulário novo; e - Relacionar colunas acerca das nacionalidades; e Pré-CO Correção exercício. - Escutar o texto; e CO - Completar a tabela. - Trabalhar em grupo e comparar as informações escutadas; e Pós-CO - Discutir alguns questionamentos em grupo relacionados com a temática da unidade – Recepção de visitas em seus lares. Elaboração de sentenças utilizando tais nacionalidades. do - Explicação acerca do modo de execução do exercício; - Explicação acerca do modo de execução do exercício; - Escuta do (duas vezes); - Escuta do texto (duas vezes); texto - Completar a tabela; - Completar a tabela; Correção respostas. Solicita que os aprendizes verifiquem a transcrição dos textos ouvidos e corrijam. das - Reflexão sobre a prática dos aprendizes como ouvintes. Fonte: Dados da Pesquisa 108 - Fase não realizada. Ao observar o Quadro 18 (dezoito), verificamos que as Professoras A e B não seguiram todas as sugestões do LD e do MP para a aplicação da Atividade 02 e, mesmo não os seguindo, ao aplicarem tal atividade, ambas apresentaram como perspectiva o produto (cf. pp.105-106). No presente capítulo, expusemos a nossa análise dos dados. Em seguida, no próximo capítulo, mostraremos as nossas considerações finais a respeito desta pesquisa. 109 CONSIDERAÇÕES FINAIS Exporemos nossas considerações finais em 05 (cinco) partes. Na primeira parte, mostraremos os resultados da nossa pesquisa; na segunda, exporemos as contribuições desse estudo para a área de ensino de LI; na terceira parte, apresentaremos algumas implicações para a formação docente em LI; na quarta, mostraremos a limitação da presente pesquisa; e, na quinta parte, apresentaremos algumas sugestões para futuras pesquisas. 1. Resultados da pesquisa Dois objetivos conduziram o presente estudo: (1) verificar o formato que as atividades de CO de um LD de LI utilizado em um curso de Letras – habilitação Língua Inglesa - de uma universidade pública no município de Campina Grande/PB, apresenta; e (2) identificar se o foco de ensino da CO, por duas professoras – que aplicam tais atividades - é o produto ou o processo. Os participantes desta pesquisa foram duas professoras da disciplina de Língua Inglesa III, de uma universidade pública no município de Campina Grande/ PB, do curso de Letras – habilitação Língua Inglesa. Tencionando responder ao nosso primeiro objetivo, adotamos como referência o formato proposto por Field (2005, p.245), Guo e Wills (2008, p. 89) e Eltawila (2009, p. 13-14) e, desse modo, constatamos que as Atividades 01 (um) e 02 (dois) estão em conformidade com o formato sugerido pelos teóricos supracitados, uma vez que estas apresentam as fases de Pré-CO, CO e Pós-CO. 110 A fim de respondermos ao nosso segundo objetivo, analisamos as aulas das professoras conforme o formato apresentado pela atividade. Como o formato de ambas apresentavam as três fases – Pré-CO, CO e Pós-CO – a análise das aulas de ambas as professoras seguiram este mesmo formato. Desse modo, verificamos se as professoras focalizavam o produto ou o processo em cada fase citada anteriormente. Constatamos que a Professora A seguiu o formato proposto pelo LD, apesar de verificarmos que ela não fez exatamente o que os exercícios sugeriam. Desse modo, ao seguir o formato proposto pelo LD, a Professora A, durante as três fases – Pré-CO, CO e Pós-CO – em ambas as atividades, teve como foco o produto. A Professora B não seguiu o formato proposto pelo LD, uma vez que ela não aplicou nenhum exercício durante a fase de Pós-CO, nas duas atividades. E, durante as fases de Pré-CO e CO, assim como a Professora A, ela focalizou o produto. 2. Contribuição da pesquisa Uma das contribuições da nossa pesquisa será para a área de ensino de LI, visto que este estudo objetiva uma melhor compreensão de como são aplicadas atividades de CO em LI com o uso do LD por duas professoras, já que o professor de LI precisa explorar instrumentos capazes de auxiliá-lo no desenvolvimento das habilidades pretendidas por seus alunos (POLACZEK, 2003). 3. Implicações para a formação docente em LI 111 A partir dos resultados e das reflexões feitas acerca da nossa pesquisa, verificamos que esta traz algumas implicações para a formação de professores de LI, no que se refere à compreensão de como a formação das professoras contribuiu para a prática de ensino da CO. Em relação à formação da Professora A, contatamos que ela é mestre e que leciona há cerca de 18 (dezoito) anos, sendo 6 (seis) em curso de formação de professores. Verificamos que, durante a aplicação das duas atividades de CO, ela focalizou o produto. E, durante a entrevista, compreendemos que, durante a sua formação, ela estudou a habilidade de CO numa disciplina não específica. Entendemos que a Professora A tem uma vasta experiência profissional, além de ser mestre na área. Portanto, ela não focalizou o processo em suas aulas. Consideramos que isso pode ter ocorrido pelo fato dela não ter tido durante a sua formação, suporte teórico e prático suficientes para isto. No que concerne à formação da Professora B, ela era graduada, lecionava há cerca de 12 (doze) anos, sendo 2 (dois) em curso de formação de professores. Em relação a sua formação e prática de ensino, ela afirma que foi importante para a sua prática, apesar de não ter havido uma disciplina específica que abordasse a habilidade de CO. A Professora B também tem uma vasta experiência profissional, apesar de lecionar há apenas 02 (dois) anos em curso de formação de professores. E ela não possui nenhuma especialização na área. Diante dos dados coletados e analisados e das respostas delas para a entrevista realizada, constatamos que 112 durante a graduação ela também não teve uma disciplina específica que abordasse a habilidade de CO. Compreendemos, então, que durante a formação desta, também não houve um trabalho efetivo com a habilidade de CO e que envolvesse tanto aspectos teóricos quanto práticos. Com isso, durante a aplicação das atividades, ela focalizou, predominantemente, o produto, além de não ter executado exercício algum na fase de Pós-CO. Desse modo, entendemos a importância de haver uma disciplina específica para a habilidade de CO e que fosse dividida em duas partes – teórica e prática – para que os aprendizes tivessem um real suporte e que não ficassem receosos ao trabalhar com tal habilidade em suas aulas. Portanto, essa pode ter sido apenas uma das razões que tais professoras não aplicaram tais atividades focalizando o processo, mas pode haver outros motivos que justifiquem tal prática e, como exemplo, podemos citar a questão da carga horária insuficiente para trabalhar com todas as habilidades. 4. Limitação da pesquisa Nosso trabalho apresentou uma limitação específica, que corresponde ao número limitado de participantes, visto que apenas duas professoras participaram da pesquisa. Acreditamos que quanto maior o número de participantes, maior o número de atividades, e consequentemente, aulas. 113 5. Sugestões para futuras pesquisas A partir da coleta e análise dos dados, surgiram novas inquietações que não foram contempladas nos nossos objetivos e, se enquadram neste trabalho como sugestões para futuras pesquisas, tais como: Compreender como os cursos de formação de professores estão preparando os futuros professores de LI, no que se refere ao ensino da CO; Investigar as relações existentes entre a prática do professor - no que concerne à formação docente em LI e ao ensino da CO - e os problemas existentes na aprendizagem dos aprendizes, como ouvintes e como futuros professores de LI; e Mapear os principais problemas enfrentados pelos futuros professores de LI, em relação à habilidade de CO. Concluímos, então, que a habilidade de CO deve ser abordada de forma mais ampla tanto em contextos de curso de formação de professores, quanto em contextos de ensino regular ou em cursos de idiomas, uma vez que a CO é bastante relevante para a aprendizagem de uma LE. 114 REFERÊNCIAS ALLWRIGHT, D. The Death of a method. In: PLENARY PAPER FOR THE SGAV CONFERENCE, 1990, Ottawa. SGAV Conference Ottawa: Carleton University, 1990. ALLWRIGHT, R.L. What do we want teaching materials for? ELT Journal, v.36, n.1, p. 5-18, 1981. BOYD, F. A. Critical Listening, In: ASOCIACIÓN NACIONAL UNIVERSITARIA DE PROFESSORES DE INGLÉS, A.C. – ANUPI, 2005, New York. ANUPI New York: Columbia University, 2005, p. 1-12. BROWN, G. Investigating listening comprehension in context. Applied Linguistics, v. 7, n.3, p. 284-302, 1986. ____________. Listening to spoken English. 2. ed. London: Longman, 1990. 178 p. BROWN, H. D. Teaching by principles: an interactive approach to language pedagogy. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall Regents, 1994. 467p. CABRAL DOS SANTOS, J.B. Diferenças individuais do professor de língua estrangeira não-nativo: a atuação na sala de aula. Letras e Letras, v. 9, n.1, p. 43-59, 1993. CANÇADO, M. Um estudo da pesquisa etnográfica em sala de aula. Trabalhos de Línguística Aplicada, n.23, p. 55-69, jan/jun. 1994. CARVALHO, A. de S. Metodologia da entrevista: uma abordagem fenomenológica. Rio de Janeiro: Agir, 2004.93 pg. CELCE-MURCIA, M; OLSHTAIN, E. Discourse and language teaching: a guide for language teachers. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. 279 p. CHEUNG, Y. K. The Importance of Teaching Listening in the EFL Classroom. 2010. Disponível em: < http://www.eric.ed.gov/PDFS/ED512082.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2011. CONSOLO, D. A. Teachers’ action and students’ oral participation in classroom interaction. In: HALL, J.K.; VERPLAETSE, L. S. (Org.) Second and Foreign Language Learning Through Classroom Interaction. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2000. p. 91-107. COSTA, C.; ROCHA, G.; ACÚRCIO, M. A Entrevista. DEFCUL, Metodologia da Investigação, 2005. CUNNINGSWORTH, A. Evaluating and selecting EFL teaching materials. Londres: Heineman, 1984.104 p. _______________. Choosing your coursebook. Londres: Heineman, 1995.160 p. DE GRANDE, P. B. O pesquisador interpretativo e a postura ética em pesquisas em Linguística Aplicada. Eletras,v. 23, n.23, p. 11-27, dez. 2011. D’ELY, R.C.S.F; MOTA, M.B. A teoria, o livro didático e o professor: uma análise da implementação de tarefas orais em LE. Linguagem & Ensino, v. 7, n. 2, p. 65-98, 2004. 115 DINIZ, L.R.A.; STRADIOTTI, L.M.; SCARAMUCCI, M.V.R. Uma análise de livros didáticos de Português para estrangeiros. In: DIAS, R.; CRISTOVÃO, V. L. L. (Org.) O livro didático de língua estrangeira: múltiplas perspectivas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009. p.265-304. EL- KOUMY, A. A. Teaching English as a foreign language: A comprehensive approach. Cairo, Egypt: Dar Al-Nashr for Universities, 2002. 175 p. ELTAWILA, M. The Neglect of Listening Activities Among Egyptian Preparatory School EFL Teachers. 2009. 46 f. Dissertação (Master of Arts in Teaching) - Tanta University, Tanta, Egypt, 2009. ERICKSON, F. Prefácio. In: COX, M. I. P.; ASSIS-PETERSON, A. A. Cenas de sala de aula. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001. 272 p. FIELD, J. Skills and Strategies: towards a new methodology for listening. ELT Journal, v. 52, n. 2, p. 110-118, 1998. _________ . Promoting perception: lexical segmentation in L2 listening. ELT Journal, v. 57, n.4, p. 325-333, 2003. _________ . Methodology in Language Teaching: an analogy of current practice by Jack Richards and Willy Renandya. NY: Cambridge University Press, 2005. FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Trad. Sandra Netz. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. FLOWERDEW, J. Academic Listening: Cambridge University Press, 1994. 316 p. Research Perspectives. Cambridge: FLOWERDEW , J.; MILLER , L. Second language listening: Theory and practice. Cambridge: Cambridge Language Education, 2005. 223 p. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. 200 p. GOH, C. Ensino da compreensão oral em aulas de idiomas. Trad. Rosana Sakugawa Ramos Cruz Gouveia. São Paulo: Special Book Services Livraria, 2003. 103 p. GRANT, N. Making the Best of your textbook. Londres, Nova Iorque: Longman, 1988. GRAVES, K. Designing Language courses: a guide for teachers. Boston: Heinle & Heinle Publishers, 2000. 320 p. GUO, N.; WILLS, R. An Investigation of Factors Influencing English Listening Comprehension and Possible Measures for Improvement. 2008. Disponível em: <http://www.4shared.com/office/z4bmGdeU/an_investigation_of_factors_in.html>. Acesso em: 24 nov. 2011. HITCHCOCK, G.; HUGHES, D. Research and the Teacher: A Qualitative Introduction to School-Based Research. New York: RoutledgeFalmer, 1995. 370 p. HUTCHINSON, T.; TORRES, E. The textbook as an agent of change. ELT Journal, v.48, n. 4,p. 315-328, 1994. HUTCHINSON, T.; WATERS, A. English for Specific Purposes. Cambridge: CUP, 1987. 183 p. 116 MALIGHETTI, R. Etnografia e trabalho de campo - autor, autoridade e autorização de discursos. Caderno Pós Ciências Sociais, v. 1, n. 1, p. 109-122, jan./ jul. 2004. MEIRELES, M. K. M. Compreensão Oral nos Manuais Didáticos de Língua Inglesa: Ensinam ou Testam? In: SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE LÍNGUAS, 2009, Campina Grande/PB. Anais. Campina Grande: Realize, 2009. MOREIRA, H.; CALEFFE, L. G. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. 248 p. MORLEY, J. Aural comprehension instruction: Principles and practices. In: CELCEMURCIA, M. (Ed). Teaching English as a second or a foreign language. USA: Heinle & Heinle, 2003. p. 69-85. NUNAN, D. Designing tasks for the communicative classroom. New York: CUP, 1989. _________. Second Language teaching and learning. Boston: Heinle & Heinle, 1999. 330 p. NUNES, Z. A. A. Listening comprehension: are you really training your students or just testing them? In: V ENPULI, 1983, São Paulo. Anais Vol. II. São Paulo: PUC, 1983. p. 641-645. O´NEILL, R. Why use textbooks? ELT Journal, v. 36, n. 2, p. 104-111, 1982. __________. Are textbooks syptoms of a disease? Mary Glasgow Magazines, v. 14, n.1, p. 11-13, 1993. PINTO, A. P.; PESSOA, K. N. Gêneros Textuais: Professor, aluno e o livro didático de língua inglesa nas práticas sociais. In: DIAS, R.; CRISTOVÃO, V. L. L. (Org.). O livro didático de língua estrangeira: múltiplas perspectivas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009. p.79-97. POLACZEK, M. Compreensão oral em língua estrangeira: aspectos psicolingüísticos, fatores fonético-fonológicos e questões de ensino aprendizagem. 2003. 138 f. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003. RAMOS, R. C. G. O Livro Didático de Língua Inglesa para o ensino fundamental e médio: papéis, avaliação e potencialidades. In: DIAS, R.; CRISTOVÃO, V. L. L. (Org.) O livro didático de língua estrangeira: múltiplas perspectivas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009. p.173-198. RICHARDS, J. Listening comprehension: approach, design, procedure. TESOL Quarterly v.17, p. 39-219, 1983. RICHARDS, J.C. Critérios para a avaliação de materiais didáticos. Tópicos em preparação e avaliação de materiais didáticos: no contexto presencial e a distância. Disciplina oferecida no programa de Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem – PUCSP, (Mimeo), 1998. ______________. The role of textbooks in a language program. São Paulo: New Routes, 2002. RIXON, S. Developing listening skills. Hong Kong: Macmillan Publishers LTDA, 1992. 117 ROST, M. Listening in language learning. New York: Longman, 1990. 278 p. _________. L2 Listening. In: ELI, H. (Ed.). Handbook of research in second language teaching and learning. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates Inc, 2005.p. 503-527. SANTOS, S. M. S. Compreensão oral em língua inglesa e conhecimento metacognitivo de professores em formação inicial. 2010. 214f. Dissertação ( Mestrado em Linguagem e Ensino) - Unidade Acadêmica de Letras, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande/PB, 2010. SARDINHA, L.; MOTTER, R. M. B. Compreensão do discurso oral em língua inglesa. 2008. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1942-8.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2011. SATO, E. T. N. A Compreensão Oral nos Cadernos de Língua Estrangeira Moderna – Inglês Do Estado De São Paulo. 2011. 137f. Dissertação (PósGraduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas – Instituto de Estudos da Linguagem) Universidade Estadual de Campinas, Campinas/ SP, 2011. SHARWOOD SMITH, M. Input Enhancement in Instructed SLA. SLA, v. 15, p. 165179, 1993. SHEERIN, S. Listening Comprehension: teaching or testing? ELT Journal, v.41, n.2, p. 126-131, 1987. SHELDOM, L. (ed.) ELT textbooks and materials: problems in evaluation and development. ELT documents. Londres: Modern English Publications in association with the British Council, 1987. 126 p. SIEGEL, J.; HASWELL, C. G. University Listening Classes: less product, more process. Polyglossia, v. 19, p. 27-37, out. 2010. SOARS, J.; SOARS, L. New Headway Upper-intermediate. Oxford: Oxford University Press, 1998. 159 p. SOUSA, L. F. Um novo olhar sobre o ensino de vocabulário. In: PAIVA, V. L. M. O. (Org.). Práticas de Ensino e Aprendizagem de Inglês com Foco na Autonomia. 2.ed. Campinas: Pontes Editores, 2007, p. 51-82. UNDERWOOD, M. Teaching Listening. London: Longman, 1989. UR, P. Teaching Listening Comprehension. Cambridge: Cambridge University Press, 1984. 173 p. __________. A course in language teaching: practice and theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. 142 p. VANDERGRIFT, L. Learning to listen or listening to learn. Annual Review of Applied Linguistics, v. 24, p. 3-25, mai. 2004. WHITE, G. Teaching listening: Time for a change in methodology. In: JUAN, E. U.; FLOR, A. M. (Eds.). Current trends in the development and teaching of the four language skills. Berlin, DEU: Walter de Gruyter & Co.Kg Publishers, 2006. p. 111135. 118 WILT, M. E. A study of teacher awareness of listening as a factor in elementary education. Journal of Educational Research, v. 43, n.8, p. 626-636, abr.1950. YANG, C. The Dominant listening strategy of low-proficiency level learners of Mandarin Chinese: Bottom-up processing or top-down Processing. 2006. Doutorado, Center for Language Studies, Brigham Young University, 2006. Disponível em: <http://contentdm.lib.byu.edu/ETD/image/etd1221.pdf>. Acesso em: 07 out. 2011. YAGANG, F. Listening: problems and solutions. English Teaching Forum, v.31, n. 1, p. 16 – 19, 1993. 119 APÊNDICES 120 APÊNDICE A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Eu, ____________________________________________________________, __________________ (nacionalidade), ________ (anos), ______________ (estado civil) e R.G. n.______________________, estou sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa que tem como foco a formação do professor de Língua Inglesa. As aulas de Lingua Inglesa III, disciplina a qual estou matriculado(a), serão acompanhadas pela pesquisadora Mirelly Karolinny de Melo Meireles, através de gravações em áudio, observações e notas de campo. Fui esclarecido(a), antes da coleta de dados, de que não terei despesas na minha participação e que o beneficio do estudo será o conhecimento a ser construído acerca da formação do professor de Língua Inglesa. Os resultados da pesquisa serão socializados no meio acadêmico pela pesquisadora que preservara minha identificação. Apenas a pesquisadora e sua orientadora poderão identificar os meus dados. Fui também informado(a) de que posso me recusar a participar da pesquisa ou retirar meu consentimento em qualquer fase em que a mesma se encontre, e não serei penalizado(a) nem prejudicado(a) por essa atitude. Tenho conhecimento de que a pesquisadora Mirelly Karolinny de Melo Meireles, cujo e-mail e telefone são respectivamente, [email protected] e (83)8812-1276, estará a minha disposição para que a qualquer momento eu entre em contato com a mesma para tirar possíveis dúvidas quanto a pesquisa e/ou minha participação. Declaro que autorizo a divulgação dos dados que fornecerei, e que recebi copia deste termo de consentimento livre e esclarecido. Portanto, de forma livre e esclarecida, evidencio meu consentimento em participar da pesquisa de Mirelly Karolinny de Melo Meireles. Campina Grande, ____ de __________ de ____. ____________________________________________________ Nome do participante ____________________________________________________ Assinatura do participante ___________________________________________________ Assinatura da pesquisadora ___________________________________________________ Assinatura da orientadora 121 APÊNDICE B – Roteiro de Entrevistas Roteiro para Entrevista – Professora A PARTE I – O professor como aprendiz, sua formação e Ensino de Compreensão Oral (CO): 1) Há quanto tempo leciona Inglês? 2) Sempre lecionou em cursos de formação de professores de Língua Inglesa? E há quanto tempo leciona nestes? 3) Qual é a sua formação? 4) Você estudou CO? Como? Onde? 5) Como você pratica a CO? 6) Você tem dificuldades, como ouvinte? 7) Você acha que a sua formação contribui para a sua prática? Como? 8) E como a sua formação contribui para a abordagem da habilidade de CO em suas aulas? 9) Você considera a CO como uma habilidade difícil de ser trabalhada? Justifique. 10) A CO deve ser ensinada? Por quê? 11) E o que é ensinar a CO? 12) Você tem consciência de como a CO deve ser trabalhada? 13) Qual é a importância da CO em relação às demais habilidades? 14) Qual é o papel do professor no ensino da CO? 15) Como o professor e alunos podem construir esse conhecimento de forma conjunta? PARTE II – O Livro Didático (LD), o Manual de Ensino (ME) e o Ensino de CO: 1) O que representa o LD para você? 2) Quais elementos você considera importante ao adotar um LD de LI? 3) Quem adotou o LD utilizado em suas aulas da disciplina de Língua Inglesa III? 4) Quais as vantagens e desvantagens ao adotar um LD? 5) Por qual razão o LD em questão foi escolhido? 122 6) Você vê algum ponto positivo ou negativo nos LDs de LI? Qual (is)? 7) E em relação ao New Headway – Intermediate? 8) Quais as características que um LD deve ter para ser considerado ótimo? 9) Você lê o ME? 10) Qual é a contribuição do ME em suas aulas? 11) Você segue o ME? 12) O que você faz caso encontre atividades no LD que você não simpatize ou ache irrelevante? 13) Você trabalha a CO exclusivamente utilizando o LD? Por quê? 14) Cite as vantagens e desvantagens das atividades de CO trazidas no livro New Headway – Intermediate? 15) Você acha que tais atividades são adequadas à turma? (Caso não seja: como você faz para adequá-las?) 16) Você pensa que o LD e o ME lhe auxiliam no ensino da CO? Como? PARTE III – Aulas de CO: 1) Em todas as aulas que você trabalhou CO, percebi que antes da atividade que aborde a referida habilidade, você faz um aquecimento relacionando a temática do exercício com a realidade do aluno. Qual é a relevância de tal ação para o ensino de CO? Vejamos alguns trechos: TRECHO I: T well.....hmmm.....do you like sports? Do you like to practice sports in your free time? M1 yeeesss….. LLL heeeeee…..[os alunos riem] N...vai aí N...! T what do you do? What do you do in your free time? F vôleibol M1 I play volleyball! T do you play volleyball? Are you a good volleyball player? 123 M1 great! [todos começam a rir e falar ao mesmo tempo] F fala a verdade! M1 so good.....so good..... [todos falam ao mesmo tempo] T it means that only N... is a sport guy here! Ohhh…..do you like sports? [ela direciona o questionamento aos outros alunos] M2 football! T oh! football? X do you always practice this activity? Oh…..ok, ok! Well…..N…talked about volleyball, ok? The sport he likes at all… M1 and at all, i´m a nice player! TRECHO II: T well...hmmm...do you like stories? F yes! M yes! T yeah? yeah? Do you know any english story but short that you can share now? Something that happen with you, maybe… M1 I know! 2) Além disso, nesse mesmo momento (aquecimento), você trabalha todo o vocabulário que o aluno vai utilizar na atividade de CO. Justifique. TRECHO I – O professor A copia a tabela no quadro apenas com a parte de ESPORTE/ ATIVIDADE preenchida. Depois, a turma é dividida em 6 (seis) grupos com 3 (três) alunos e distribui para cada grupo pedaços de papel contendo os EQUIPAMENTOS/ ROUPAS que são usados para praticar os esportes/ atividades especificados na atividade. Em seguida, o professor pede que o grupo discuta e preencha a tabela exposta no quadro: 124 SPORT/ ACTIVITY EQUIPMENT AND CLOTHES Go snowboarding Boots/helmet/goggles/snowboard/waterproof jackets and trousers Play football Shirt/ shorts/ socks/ football/ football boots/ shin pads/ team tracksuit Do aerobics Loose-fitting clothes/ trainers Go skiing Skis/ boots/ poles/ gloves/ ski suit TRECHO II – O professor A copia a tabela no quadro apenas com a primeira linha preenchida (REFEIÇÕES JAPONESAS/ BRITÂNICAS/ BRASILEIRAS). No centro da sala, são colocadas tiras de papel preenchidas com exemplos de refeições Japonesas/ Britânicas/ Brasileiras. Pede-se que cada aluno pegue duas tiras e depois preencha a tabela: JAPANESE MEALS BRITISH MEALS BRAZILIAN MEALS Chinese food Wine Hamburgers Sushi Potluck lunch Hot dog Tempura Tea Sausage Rice Potato salad Pork Sukiyaki Beans Spaghetti Barbecue Beer Chicken Coffee Steaks Beef 3) Em todas as atividades de CO, você preferiu que os alunos trabalhassem em grupo, por quê? 125 4) Em suas aulas de CO, você põe o áudio para o aluno escutar no mínimo duas vezes: a primeira, para que eles escutem o tema geral do texto; e a segunda, para que eles se foquem em informações mais específicas, para responder as atividades. Qual é a importância disso? 5) Percebi que após a segunda escuta, você vai debatendo as respostas com os alunos. Apesar de você em conjunto com os alunos obterem informações extras do texto e discuti-las, você sempre ressalta para os discentes que o foco é a questão X. Assim, você considera mais importante que os alunos escutem apenas informações específicas e não o texto todo? Justifique. TRECHO I: T OK. Now, we´re talking about Mary. Are you ready to comment on her activity? F2 È uma senhora de idade… T In english, of course! F2 She has… T It´s a lady! Did you understand her age? M hã? age? T how old is she? M yeah! Ela disse… T No! She Said... F2 escutei não! M she said she´s eighty five. T oh, she´s eighty five, yeah, eighty five. No problem, this is not our focus. The question is: which sport does she do? 6) Ao final das atividades de CO, você geralmente questiona aos seus alunos se tal atividade foi fácil ou difícil, e pede para que eles reflitam sobre a sua evolução na compreensão de textos orais. Por que você acha tais reflexões importantes? 7) Verifiquei que você não segue o manual de ensino ao trabalhar atividades de CO. Qual seria o motivo? 126 8) Ao final de cada unidade temática, você pede para que os alunos avaliem o seu desempenho em sala de aula. Na primeira avaliação, percebi que dois alunos citaram que evoluíram na habilidade de CO. Vejamos: “Aprendi a escutar com objetivo...” “... a compreensão oral melhorou muito.” Para você, o que seria escutar com objetivo? E o que você atribui a essa grande melhoria na CO? 9) Você acha que esse grupo evoluiu na habilidade de CO? Justifique. PARTE IV – Algumas considerações: 1) Conforme a sua definição do que seja ensinar CO e todas as considerações feitas em relação às suas aulas, você acha que você ensina CO? Por quê? 2) Você teria mais alguma consideração a fazer em relação à temática abordada? 127 Roteiro para Entrevista – Professora B PARTE I - Formação e Ensino de Compreensão Oral (CO): 1) Há quanto tempo leciona Inglês? 2) Sempre lecionou em cursos de formação de professores de Língua Inglesa? E há quanto tempo leciona nestes? 3) Qual é a sua formação? 4) Você estudou CO? Como ? Onde? 5) Me fale da sua experiência como ouvinte. 6) Como você pratica a CO? 7) Você tem dificuldades em tal habilidade? 8) Você acha que a sua formação contribui para a sua prática? Como? 9) E como a sua formação contribui para a abordagem da habilidade de CO em suas aulas? 10) Você considera a CO como uma habilidade difícil de ser trabalhada? Justifique. 11) A CO deve ser ensinada? Por quê? 12) E o que é ensinar a CO? 13) Você tem consciência de como a CO deve ser trabalhada? 14) Qual é a importância da CO em relação às demais habilidades? 15) Qual é o papel do professor no ensino da CO? 16) Como o professor e alunos podem construir esse conhecimento de forma conjunta? PARTE II – O Livro Didático (LD), o Manual de Ensino (ME) e o Ensino de CO: 1) O que representa o LD para você? 2) Quais elementos você considera importante ao adotar um LD de LI? 3) Quem adotou o LD utilizado em suas aulas da disciplina de Língua Inglesa III? 4) Quais as vantagens e desvantagens ao adotar um LD? 5) Por qual razão o LD em questão foi escolhido? 6) Você vê algum ponto positivo ou negativo nos LDs de LI? Qual (is)? 7) E em relação ao New Headway – Intermediate? 128 8) Quais as características que um LD deve ter para ser considerado ótimo? 9) Você lê o ME? 10) Qual é a contribuição do ME em suas aulas? 11) Você segue o ME? 12) O que você faz caso encontre atividades no LD que você não simpatize ou ache irrelevante? 13) Você trabalha a CO exclusivamente utilizando o LD? Por quê? 14) Cite as vantagens e desvantagens das atividades de CO trazidas no livro New Headway – Intermediate? 15) Você acha que tais atividades são adequadas à turma? (Caso não seja: como você faz para adequá-las?) 16) Você pensa que o LD e o ME lhe auxiliam no ensino da CO? Como? PARTE III – Aulas de CO: 1) Geralmente nas aulas em que você trabalhou a CO, percebi que antes da atividade que aborde a referida habilidade, você faz um aquecimento relacionando a temática do exercício com a realidade do aluno. Qual é a relevância de tal ação para o ensino de CO? Vejamos o seguinte trecho: TRECHO I: T you remember when you were a teenager, did you have a …..problems with your parents? Didn´t you have any problems because you wanted to go out and your parents didn´t like you to go? 2) Percebi que nas atividades de CO, você trabalha o vocabulário novo na atividade de CO propriamente dita. Você acha relevante que o aluno conheça o vocabulário desconhecido na atividade de CO propriamente dita? Justifique. 3) Em uma das atividades de CO (atividade II – p.23), ao perceber que os alunos não conseguiram compreender bem após a primeira escuta, você sugere que eles escutarão trecho por trecho, e você parará, no 129 intuito de que eles possam conseguir colher mais informações. Qual é a relevância de tal ação para o ensino de CO? 4) Em relação à mesma atividade, pude perceber que eles continuaram com dificuldades. Assim, você pede para que eles abram os livros na transcrição do texto, visto que o aparelho de som também não estava funcionando. Você acha que assim os ensinou a compreender um texto oralmente? 5) Em todas as atividades de CO, você preferiu que os alunos trabalhassem em grupo, por quê? 6) Em suas aulas de CO, você põe o áudio para o aluno escutar duas/três vezes: a primeira, para que eles escutem o tema geral do texto; a segunda, para que eles se foquem em informações mais específicas; e a terceira, para que eles resolvam algumas de suas dúvidas. Qual é a importância disso? 7) Além disso, ao final da atividade de CO, você geralmente mostra a transcrição da atividade para o aluno. Por quê? 8) Verifiquei que você não segue o manual de ensino ao trabalhar atividades de CO. Qual seria o motivo? 9) Você acha que esse grupo evoluiu na habilidade de CO? Justifique. PARTE IV – Algumas considerações: 1) Conforme a sua definição do que seja ensinar CO e todas as considerações feitas em relação às suas aulas, você acha que você ensina CO? Por quê? 2) Você teria mais alguma consideração a fazer em relação à temática abordada? 130 ANEXOS 131 ANEXO A – Atividades de CO do LD aplicadas pelas Professoras A e B 132 ANEXO A1 Atividade 01 133 Atividade 01 ANEXO A2 Atividade 02 134 ANEXO A2 Atividade 02 135 ANEXO B – Manual do Professor 136 ANEXO B1 Atividade 01 137 ANEXO B2 Atividade 02 138 ANEXO C – Transcrições dos textos ouvidos das Atividades de CO do LD 139 ANEXO D – Transcrições das aulas em que as Atividades de CO do LD são aplicadas pelas Professoras A e B 140 ANEXO D1 PROFESSORA A – Aplicação da Atividade 01 Duração da aula: 59’18’’ Trecho transcrito: 50’29” [os alunos conversam enquanto a professora aguarda a chegada dos outros alunos] T : well.....hmmm.....do you like sports? Do you like to practice sports in your free time? M1: yeeesss….. LLL: heeeeee…..[os alunos riem] N...vai aí N...! T: what do you do? What do you do in your free time? F: vôleibol M1: I play volleyball! T: do you play volleyball? Are you a good volleyball player? M1: great! [todos começam a rir e falar ao mesmo tempo] F: fala a verdade! M1: so good.....so good..... [todos falam ao mesmo tempo] T: it means that only N... is a sport guy here! Ohhh…..do you like sports? [ela direciona o questionamento aos outros alunos] 141 M2: football! T: oh! football? X do you always practice this activity? Oh…..ok, ok! Well…..N…talked about volleyball, ok? The sport he likes at all… M1: and at all, i´m a nice player! T:…a very nice player! A that´s why you´re a X, right? But there are some other sports that i´m gonna put on the board, ok? Let´s take a look! Tell us if you know these sports here! These activities…..[os alunos conversam enquanto a professor escreve no quadro a tabela abaixo] SPORT/ ACTIVITY EQUIPMENT AND CLOTHES Go snowboarding Play football Do aerobics Go skiing T: ok! So.....if i asked N... to write on the board some sport or activity that he likes I supposed he would put here [apontando para o quadro] “paly volleyball”, right N…? ok! But besides volleyball there are some other activities. Actually, there are great places for these activities, ok? But, hmmm…..do you know snowboarding? F1: yes. T: yeah? Do you know this sport? yeah? Have you ever practiced? [todos riem] F1: ohhh……no! 142 T: ok! Snowboarding is like football… [todos falam ao mesmo tempo] M2: yes! T: ...is a Sport only for boys, ok?girls can play too. You know that there is a difference between football and soccer. But sometimes we can use them as synonyms, ok?so, here i´m not talking about American football, i´m talking about the football we play here. Do you like soccer? M: yes… F: yeah… M: yes…..I play! [todos falam ao mesmo tempo] T: really? [todos falam ao mesmo tempo] M1: I don´t like! T: Oh my God! F: I hate! T: you don´t like it? M1: I don´t play football, just volleyball! Verdade! T: Do aerobics. Do you like? F1: yes. 143 T: don´t you like? Don´t you like aerobics? [direciona para os outros alunos] M1: more or less. M: yeah! F: yeah! M: it´s good! T: and go skiing? M: yes! F: yes! LLL: yes! T: where do you go? LLL: nas dunas. T: where XXX with this sport? M2: leve pras Dunas de Natal. T: that´s right. And there´s a name for this sport. Do you know thw name? M2: no. T: do you know the name they use? They call it skibunda. M2: ah é….. T: do you know that? Yeah! Yeah! [todos falam ao mesmo tempo] 144 T: so.....hmmm.....in order to practice this activity.....hmmm.....there are some specific equipment and clothes that they use, ok? I will distribute some slips of paper with some of these equipments and you have to decide with your friends to which sport they belong to, ok? For example…..hmmm…..shorts and socks. Do they belong to snowboarding, football, aerobics or skiing? Discuss with your friends, ok? I´ll give you the slips of paper! LLL: ok! T: and as soon as you decide, you come and write this on the board [apontando para o pedaço de papel], ok? [ela inicia a distribuição das tiras de papel] T: so.....this is for you, girls.....this is for you.....everybody here will take part.....and you in the back..... [todos riem] T: take the vocap…..hmmm…..the vocabulary, ok? try to understand all of them. As soon as you decide, come to the board and XXX, ok? M1: pra colocar os equipamentos? T: XXX come here and write on the board! [todos conversam e fazem a atividade] T: ok, another group! [eles conversam para decidir quem será o próximo grupo. Assim, eles vão ao quadro e preenchem a tabela escrita pela professora] [todos falam ao mesmo tempo] 145 T: ok!.....ok! so, guys…..let´s read all of these answers, ok? Hmmmm…..according to your friends, in order to go snowboarding, we need the “snowboard”, the equipment. But we also use “boots”, do you understand boots? LLL: yes! T: “helmet”, to protect your head, ok? “goggles”, it means some kind of glasses that we use to protect our eyes, ok? M: já sei já! T: “waterproof jackets and trousers”. Do you understand waterproof? M2: a prova d’água. T: water…..do you understand water? M2: a prova d’água. T: waterproof, ok? Jacket, to protect. And trousers, calças, ok? We can use jeans, but we…..they use specific trousers for this activity. Any questions about this vocabulary? LLL: no! T: no?.....to play football we need…..”shirt”…..ok? the shirt. “shorts”, ok? “socks”. Do you understand socks? F: yes. T: do you wear a pair of socks today? LLL: yes. T: ok. “football boots”, the appropriate shoes, they call football boots. “shin pads”, hmm….. it means tornozeleira, it´s a kind of protection. And “team tracksuit”, it´s the uniform, the complete uniform of a player, of a…..football player or another player, ok? 146 LLL: humhum. T: in order to do aerobics, people usually have loose-fitting clothes, ok? Although some girls use very tight clothes, the most appropriate, the loose-fitting clothes, XXX “trainer”, “trainers”, tennis shoes, ok? We can use sneakers, trainers…..and “music”! have you ever done aerobics without music? So, I usually say they usually select some pop songs and very excited kinds of songs, right? And to go skiing, a kind of sport we usually play in Campina Grande, we need the “ski”, the equipment; “boots”, “poles”, ok? To do that movement, a kind of a…..XXX “gloves”, to protect the very cold XXX and the “ski suit”, the comple…, the complete uniform they use for this kind of activity, ok? Any questions? LLL: no. [a tabela foi completa e ficou da seguinte maneira:] SPORT/ ACTIVITY EQUIPMENT AND CLOTHES Go snowboarding Boots/helmet/goggles/snowboard/waterproof jackets and trousers Play football Shirt/ shorts/ socks/ football/ football boots/ shin pads/ team tracksuit Do aerobics Loose-fitting clothes/ trainers Go skiing Skis/ boots/ poles/ gloves/ ski suit T: nothing about vocabulary? no? ok! So, now please, open your books to page twenty. Open your books to page twenty. Twenty! M2: professora, a senhora sabe que horas começa a palestra? 147 T: XXX ok, so…..what´s your favorite sport XXX, ok? Look at the picture [apontando para o livro]. In my coloured book! Look! Can you see? [todos riem] T: hmmm…..yeah, but this is your favorite. So, as we can see there are many sports and activities that you usually do in your free time. In number two there´s an exercise that you have to complete with the verbs “play, go or do”, ok? I´m not going to give you any kind of information, I just want you to find the gap according to your background knowledge. Which verb I´m going to use with each of these sports? “Play, go or do”. Some of them are already written here on the board, but try to imagine the other appropriate verb, OK? Try to do that! The verb we have here, “go snowboarding”, OK? Just to complete. “Go”, have you ever done this? “Go snowboarding.” The first we have on the board. The second: “aerobics”. LLL: Do! T: The verb “do”. Very good! “Volleyball”! LLL: Play! T: Play. “Fishing”. LLL: Go! T: Goo…I go fishing. Do you like going fishing? Yes or no baby? F: Yeah! T: Yeah! I fish a lot of fish, OK? I think I´m not that X. “Golf”! LLL: Play! T: “Jogging”. 148 F: Go! T: Go, go jogging, OK? In the morning, some people, they go jogging around Açude Velho. Go jogging, understand? F1: Ahhh… F: Ah! É… T: Go jogging…in Parque da Criança, Açude Velho, in many places here in Campina Grande. “Basketball”! LLL: Play! T: Play. “Football”! LLL: Play! T: “Yoga”! LLL: Do! T: Do… Very good! Mountain Bike…biking. LLL: Go?!? T: Go! Go? With a question mark? [Todos riem] T: So, how can you explain to your students the use of Play, Go and Do with sports and activities? F2: Play with…sports that use ball. T: Ok! Yeah, that´s it! We use Play with sports that use balls and usually when they are gone in team, ok? In the team. Very good! Very good! Go and Do? 149 F: XXX T: Ok. Take a look at the words that in which we use Go: “snowboarding, fishing, jogging, mountain biking”. [Todos discutem, riem e falam ao mesmo tempo] F: Fazer jogging, fazer... T: Well, what do these words have in common? “snowboarding, fishing, jogging” and “mountain biking”. LLL: ING! F: I-N-G! T: I-N-G, OK? So, every time we´re talking about sports or activities, and the sport ends with I-N-G,the verb will be?... LLL: Go! T: Go! In the other cases, we use Do, Ok? F: ahhh…. T: So we can say Play for sports…ah…those with that play with a ball or work in a team. Do…Go! For activities that end in I-N-G. And Do for the other exercises. So, do aerobics, do yoga, the examples we have here in the book, ok? F: OK! T: Number three, I simplify the exercise we write here, OK? Actually, in the book we have more columns, but I just put X. but if you want to take notes in your book and complete the first column with this and then complete the last column of the book with X, OK? Just the first and the last column. Exercise number two, we did, Ok? “Go 150 snowboarding, do aerobics”…now, you have to do number three, ok? You complete the first column with sport and the last column with equipment and clothes, ok? Did you understand? F2: Yeah. T: Ok, everybody? I just put columns one and four. I didn´t put columns number two and three, ok? F2: Ahh… [Eles copiam no quadro] T: You may put the meaning...you may put the meaning about the words you don´t know, ok?...sorry guys, here I said shin pads XXX caneleira…caneleira, ok? Something they put here as a kind of protection. [Apontando para a perna]. yeah? F: Como? T: Caneleira. M2: Professora!...Pro-fes-sou-ra! [com um sotaque estrangeiro] [Todos riem] T: ok! M2: É...XXX T: No, you can use X, or you just can use X, ok? XXX [Eles copiam no quadro] T: ok? LLL: No! No! No! 151 [Após cerca de 2 (dois) minutos] T: Ok? [Ninguém responde] T: Hmmm…Now, I want you to work in groups, ok? We just will have a listening exercise and I want three groups of four students. So, stand up and sit in a circle with your friends in groups of four, ok? [Eles formam os grupos] T: Ok? Well…as you can see here on page twenty one, we have activity four, ok? F: OK! T: And the track is “Listen to three people talking about a sport or activity they enjoy and take notes”. We have three people talking about their, their activities they like: “Mary, Jenny” and “Thomas”, Ok? For each of them, you have to answer the following questions: “Which sport or activity are they talking about?” So, in the first part here, [ela aponta para a primeira linha da tabela] you Just put the activity or the Sport they like. Second question: “How often do they do it?” What does it mean ‘How often’? M: XXX T: Ok, so what kind of answer can you have? Give me an example of answer. M2: Once a week. T: Once a week. What else? F2: Twice a week. T: Twice a week. F2: Three times… 152 T: Three times…everyday! Ok? Every weekend. So, it depends on the point if you know that frequency. These are possible answers, ok? Number three: “Where do they do it?” Where, so that kind of answer can you find? F2: What? T: The place XXX, Ok? where? F2: Camp. M2: camp. T: The camp, ok? So, pay attention to the activity and depends on the activity. You will associate to the places. Some sports, I can play at home, some other sports I can go to another place, ok? Question number four: “What equipment and clothes do they need?” So, maybe some of these words here [apontando para a tabela desenhada no quadro – Tabela I] Will be the answer. So, pay attention the words they say and find XXX, ok? The last question is: “Are they good at it?” This is the question. What will be the answer? Are they good at this sport? M: He or she plays well. T: He or she plays well. Very good! Yes, noo…not so much, ok? So, it depends, it depends on the X. Since you are working in groups, pay attention! This is not a discursive topic, you have kind of background. Data you have here on the board to help you. I suggest that while you´re listening you focus on each question. Since you are in groups, you can divide the activity. João will be response for Mary, Ivanúbia will be responsible for Jenny and Larissa will be responsible for Thomas. I think that if you divide your topic now, it will XXX your comprehension and then you can talk about that, ok? So, I play the first time and you listen to everything and take some notes. Then, you´ll discuss. And I play the second time, ok? Relax and X, ok? 153 [Todos riem] T: Can we start? LLL: É…yes! T: Yes? yes? Can we start now? Yes! Let´s begin!ok!ok! Negotiate your job. [Todos riem e falam ao mesmo tempo] [Eles negociam] T: Right, Neto? Do they help you? M1: Yeah! T: Very good! Very good! This is an strategy, ok? Well, can we start the listening now?...yes or no? LLL: Yes! T: Ok! Yes, everybody? LLL: Yes! [Ela coloca o CD de áudio pela primeira vez] [Após a compreensão do texto oral da primeira personagem] T: They´re talking about Mary. Let´s listen to Jenny, ok? [Após a compreensão do texto oral do segundo personagem] T: Ok? Now the last one… [Após a compreensão do texto oral do terceiro personagem] T: Now, I´ll give you some minutes to discuss with your friends... 154 [Os alunos discutem] T: Ok, let´s start discussing… [Eles continuam discutindo] [A professora passa de grupo em grupo para verificar se eles estão discutindo] T: Ok, ok. Let´s listen again! Are you ready to listen again now? yeah? F: Yes. T: ok…Remember! … You don´t have to focus everything they did, but just on this specific information. So, XXX fous on the activity, where they do, how often they do, equipment they need… [Ela coloca o CD de áudio pela segunda vez] [Após a compreensão do texto oral do primeiro personagem] T: Ok. Now, we´re talking about Mary. Are you ready to comment on her activity? F2: É uma senhora de idade… T: In English, of course! [Todos riem] F2: She has… T: It´s a lady! Did you understand her age? M: Hã? Age? T: How old is she? M: Yeah. Ela disse… 155 T: No! She Said... M: She Said she´s eighty five. T: Oh, she´s eighty five, yeah, eighty five. No problem, this is not our focus. The question is: which sport does she do? F2: Aerobics. M: Aerobics. T: Aerobics, ok? But Neto hás a good strategy... M1: I listen! M2: Eu sei…a figura! T: Ok, ok! [Todos riem] T: You may say, you may say: T1, this is not important! Yes, it is! When I listen to something, if I have some picture to associate it´s much better to understand. So, the pictures XXX aerobics, football, skiing. So, he didn´t have to worry about the first question because it has already done. Very good strategy, man! [Todos riem] T: Ok! The next question is: how often does she do aerobics? LLL: Once a week. T: Once a week. Very good! Very good! Very good! Once a week [a professor copia no quadro] she Said every Thursday morning? M: Ok! 156 T: Ok! Yeah! Ok! Once a week, this is the answer. Once a week. The next question: where does she do that? F: O lugar? T: Yeah! where? The place! M2: At the local old people´s day center. T: Yeah…the local…local old people´s day centre. Here, we call…I don´t know if you have this information, but we say they have ‘Grupo da Terceira Idade’. So, they can practice some sports there, ok? So, the answer could…the answer is local old…old people´s…day center…grupo da Terceira idade. Local old people´s day center you know that in British, they do not use CENTER, like this [ela escreve no quadro a palavra CENTER], they write CENTRE [ela escreve no quadro CENTRE], ok? In British English, they write like this [ela aponta para a palavra CENTRE]…hmmm…what the equipment and clothes does she use? M1: Trainers! T: Trainers. You said trainers…what else? M1: Music. T: Music. Something they need. and? F: Loose-fitting clothes. T: Loose-fitting clothes, ok? F2: I listened ‘shoes’. T: Shoes? Comfortable shoes, that´s right! You said that! Hmmm…yeah, she said comfortable shoes or trainers, because you know that not all tennis shoes are 157 appropriate for do aerobics, some of them are not recommended, for example…there´s someone here?...[Ela procura um tênis] Look! [Ela aponta para um tênis] I think it´s beautiful, but this is not appropriate for aerobics, ok? But the one she´s wearing or the one he´s wearing, they´re comfortable for X. that´s why we call comfortable trainers or comfortable shoes, ok? Hmmm…is she good at aerobics? LLL: Quite good. T: Quite good, ok? Quite good…she knows that she´s not so bad, she said: “I´m the oldest”. Quite good, ok? She can do almost of the exercises. This is wonderful! I have no ability doing aerobics…ok, now let´s listen about Jenny! F3: Não vai dizer os equipments não, professora? T: Ok, I´ve ever done the equipments, I put here. F3: ah, ok! T: Ok! Can we listen about Jenny now? M: yes! T: Neto, what does he do? M1: Go skiing. T: You see? It was a prediction. M1: Yeah. [Todos riem] T: Jenny! [Ela coloca o CD de áudio pela segunda vez – segundo personagem] 158 T: So, we know that Jenny goes skiing. But how often does she do that? LLL: Once or twice… T: Once or twice… LLL: … a year! T: a year! Ok! Once or twice a year [Ela escreve no quadro]. And when she goes, she does that for two weeks, ok? This is extra information, ok? You X once or twice a year …where does she go? LLL: France, Italy or Australia. T: France, Italy or Austria, ok! France…[Ela copia no quadro]. M2: Italy. T: Italy and... M2: Austria. T: Austria. Well, she travels to London, but XXX M2: She lives in London. T: She lives in London, that´s it. So, when she travels, she goes to France, Italy and Austria; that´s the places she goes skiing…what equipment she told that she needs? F3: Ski. T: Ski. M2: Ski poles. T: Ski poles. 159 M2: Boots. T: boots. F3: Bots. M2: hmmm… T: Pay attention! ok? We do not pronounce this…letter. We don´t say /X/, ok? Like this word /X/. how do we pronounce it? Ok! And the last question: is she good at skiing? M2: Very good! T: Very good! Did you listen that? M2: Yes! T: Very good!...Let´s listen to Thomas now? [Ela coloca o CD de áudio pela segunda vez – terceiro personagem] T: Ok! What does He play? LLL: Football! T: Football…hmmm…how often does he play? LLL: Twice a week. T: Twice a week. Could you identify the day? M2: Friday evenings. F: Friday mornings. T: Friday evenings and… F: Sunday Morning. 160 T: Sunday mornings! ok? So, he plays football on Friday evenings and Sunday mornings. But the most important information is twice a week. Ok! Very good! Hmm…where…does he play football? LLL: Football pitch! T: Ok…foo…football…pitch! [Ela escreve no quadro] Ok, football pitch! F: O que é pitch? T: It´s campo, so they also use pitch. F: Eu entendi ‘beach’! T: Beach?!? [Todos riem] T: Ok, ok! In this case, it will be problematic. ok? Here, in this case, he said ‘football pitch’, ok? The place that Thomas plays football. What about the clothes and the equipment? F1: Shorts! T: Shorts! M2: Socks. T: Socks! M2: Team tracksuit! T: Team tracksuit! M2: Football shoes. T: Football shoes! 161 F1: I listen ‘trainers’… T: Trainers? Yeah! He mentions trainers also. And he talks about equipment, right? Shin pads for protection! Did you listen to that? Shin pads for protection. Answer! Did you listen his lucky number? F: yeah! Seven! T: Seven! Extra information. He said “seven is my lucky number”, the number he uses on his shirt. Ok, what about the last question? Is he good at it? F: Fantastic! T: He´s fantastic?!? He talks about the team, because football is a collective sport. What about the team? M2: Very good… T: It´s very good, ok? He says: “taking part that counts, maybe he´s right, but do you know what I think? I think it´s just fantastic when we win”. Ok? XXX he´s fantastic, of course, but the team is very good! He said that almost all the X to the team is cool, ok? This is the reality! Did you complete everything about…about Mary, Jenny and Thomas? yeah? How do you evaluate your performance in this listening activity? How do you evaluate your performance?... was it good, bad, not very good? M1: Great! T: Great?!? Ok! Great! What else? M: X T: Why? Make your comment…remember the first listening we did, I think two weeks ago, three weeks ago, remember that? 162 LLL: Yes! T: If you compare the first listening with this, this listening. What do you think about? What did…Did you remember the first conversation they were talking at the same time and it was hard for you to…hmm…to separate information. F3: Yeah! T: That´s right! That´s right! But do you think, did you notice any kind of improvement in your listening? LLL: Yeah! T: Yeah? M: So-so. T: so-so? Ok! I suggest that as a XXX. The first time, just listen without looking, ok? Second time, you can listen and read. And then, XXX, ok? Hmmm…the listening can only be developed, if you put in practice everyday…listening to songs, watching movies, talking to your friends, listening to X, ok? doubts? LLL: No! 163 ANEXO D2 PROFESSORA B – Aplicação da Atividade 01 Duração da aula: 55’08’’ Trecho transcrito: 34’55” T: On Page twenty...we can see different kinds of sports, ok? Which sports can you see? [os alunos ficam em silêncio] T: So...tell me the sports! M1: Volleyball. M2: Basketball. T: Ok! Volleyball…basketball… F: Golfe! T: Golf…ok! Now… in question number two, you have to write Play, Go or Do, ok? We generally use Play with sports practiced in team…and that use balls, ok? LLL: Ok! T: We use…hmm…Go with sports or activities that ends with I-N-G, ok? LLL: Yeah! Yes! M: Ok! T: And…Do with the others, ok?!? 164 LLL: Yes! T: Ok…so…do the exercises two! [ os alunos fazem a atividade ] [ uma aluno canta e os outros riem ] T: Ok! [ todos falam ao mesmo tempo] T: So...the first “snowboarding”. LLL: Go. T: Go snowboarding…ok? why? LLL: I-N-G. M: XXX I-N-G. T: Ok… “aerobics”. LLL: Do! T: Ok! Do aerobics… “volleyball”! LLL: Play! T: Yes! Play volleyball! “Fishing”. LLL: Go. T: Ok. Go fishing… “Golf”! LLL: Play! T: “Jogging”. 165 LLL: Go. M: Go. T: Ok!...Ok. “Basketball”. LLL: Play! T: “Football”. LLL: Play. T: “Yoga”. LLL: Do. T: “Mountain biking”. LLL: Go! T: Ok. Good!...XXX on page twenty one…we have three people…three people talking about a sport or activity they enjoy, ok? M2: Mary, Jenny and Thomas. T: Yes. Mary, Jenny and Thomas…so…you´re going to listen what they´re talkin’ about the sports or activities they enjoy, ok? And then…you have to complete the chart. So…first you just listen, and in the second time, you complete the chart, ok? M: Ok! F: Ok! T: Pay attention! [ Ela coloca o CD de áudio pela primeira vez - todo o texto] 166 T: Ok? M2: Ok! M: No! T: I´m going to put again…and you have to complete the chart, ok? [ Ela coloca o Cd de áudio pela segunda vez - todo o texto] T: Ok? “Which sport or activity are they talking about?” [ Todos falam ao mesmo tempo] T: Ok! F: Mary...XXX aerobics. T: Yes…Mary is talking about aerobics. M: XXX M2: Jenny is talking about ski. T: Yes. Jenny is talking about skiing. And…Thomas? LLL: Football. T: Yes…football! And… “How often do they do it?” M: XXX F: No! M2: Mary…once a week? T: Once a week. XXX And Jenny? M2: Once or twice a year. 167 T: Yes! Once or twice a year! Thomas…and Thomas? F: Friday…X M1: Twice a week. T: Ok! Twice a week! And…so… “Where do they do it?” [ Todos falam ao mesmo tempo] T: First...X Mary! LLL: No! T: No?!? M2: Health club…[ risos] T: No! At the local old people´s day centre…ok? M: Ok! T: And…Jenny? LLL: No… M2: No, teacher! T: Jenny goes to ski resorts in Europe… M2: Ahhh…XXX [Todos riem] T: Ok! And Thomas? Where does he play football? F: At school? T: At his school´s football pitch. And… “Are they good at it?” 168 M2: M…the equipment and clothes…the question before. T: Oh…Ok! Sorry… “What equipment and clothes do they need?” [Todos falam ao mesmo tempo] LLL: XXX T: Ok. Mary needs...loose-fitting clothes and...comfortable shoes or...trainers, ok? [Ela escreve no quadro] T: Jenny needs...skis, ski poles, boots...X And…Thomas…hmm…shorts, socks, football boots, shin pads… [Ela escreve no quadro] [Todos falam ao mesmo tempo] T: Ok! And... “Are they good at it?” LLL: Yes?!? T: Yes! Ok… 169 ANEXO D3 PROFESSORA A – Aplicação da Atividade 02 Duração da aula: 89’ 15’’ Trecho transcrito: 47’00’’ [a professora inicia a aula falando sobre verbos modais e fez uma atividade sobre o referido tópico] T: So, winners they deserve prizes, do you agree? M2: ehhhhh!!! T: Ok! Very good! [a professora distribui doces com a turma] T: Ok, now...hmmm...when you have...hmmm…lollipops…do you know lollipops? M2: Yes! T: Yeah? F2: ah! Tá... T: Lollipop, ok? Lollipop…ok? Do you like it? LLL: Yes! T: Yes? If you eat it before having lunch, can you have lunch well? F: No. T: No? You X your lunch time. M1: yes. T: yeah? Ok…hmm…what are the three meals we usually do during the day? F: É…breakfast. T: Breakfast. F: Lunch. M1: Lunch. T: Lunch. 170 F: Dinner. T: And dinner! I supposed you have three snacks all day long… M2: No! [risos] T: I mean…XXX É a pessoa que passa o dia fazendo refeição, all Day long, ok? So...é...tem gente que diz que só faz duas refeições por dia, que começa de manhã e vai até a noite...so...we have breakfast, lunch... F: eu como demais! T: Não tem quem diga, né? [risos] so, people! I know, depends a loto n the person, ok? But usually, people have breakfast in the morning…people have breakfast in the morning. At midday, they have lunch…and people at three or four o´clock in the afternoon…have a snack, ok? X, some cookies…and at night, they have dinner. Do you agree with that? F: yes!!! T: I know that some people have…I remember when I was reading your text about routine, some people, they don´t have breakfast, they don´t like to eat in the morning, but they just have a…have a…a snack, here at college, a popcorn… F: [risos] T: and they have lunch, ok? But, the point is…depending on the country, people they have different kinds of meal, they have different kinds of meal and different kinds of food, ok? So, let me put here. [ela copia no quadro] JAPANESE MEALS BRITISH MEALS BRAZILIAN MEALS T: Japanese meal. Do you like Japanese food? M: Yes! T: yeah! You know, I´ve never tried…I would like to go, but my husband doesn´t like…so, for me, to go alone… M1: I go with you! T: Ahhh…[risos] very good! Then, I have in another country…British meal, meal…do you know what British people usually eat? Most of their food is related with potato…they put potato in everything. And the last one, I supposed that everybody know I supposed…hmmm…Brazilian Meal! 171 F: hmmm… [Todos falam ao mesmo tempo] T: Por favor, não me peçam pra X, tá? Não me peçam! [Todos falam ao mesmo tempo] M2: Buchada, picado, dobradinha... T: Oh! Ok...tell me some...tell me some Japanese food, you know. M1: Sushi. What else? M1: Sashimi... F: Rice. T: Rice... [Todos falam ao mesmo tempo] T: Ok!Ok!... British food. Some British food. M: Potato. T: Potatoes. F: Fish. T: Fish. They eat a lot of fish. That´s right! What about Brazilian meal? M1: Picado. F: Churrasco. T: How do you say Churrasco? F1: barbecue. T: barbecue! Ok...Barbecue... M1: Barbecue. T: barbecue…right? You may use…you may use…Ok! You may use the word ‘barbecue’ to the party, where people eat meat…and also the meat! Ok…barbecue or…hmm…the meat from cow, the meat from pig, the meat from chicken, ok? What´s your favorite? F: Meat from cow! T: I know you... [Todos falam ao mesmo tempo] 172 T: Ok! Ok! People! Hmmm…here, there are some slips of paper with some typical food…Japanese meal, British meal and Brazilian meal, ok? I want you to stand up and pick up two slips of paper. [os alunos se levantam e cada um pega duas tiras de papel] T: Now! Hmm... I want to know if you know the meaning of all these foods? Do you know the meaning? Please...come to the board and write the word in the appropriate column. Eu sei que algumas palavras vão caber em mais de uma coluna, mas vocês escolhem uma e coloca, ok? [todos falam ao mesmo tempo] [eles se levantam e vão preenchendo a tabela] JAPANESE MEALS BRITISH MEALS BRAZILIAN MEALS Chinese food Wine Hamburgers Sushi Potluck lunch Hot dog Tempura Tea Beer Rice Potato Sausage Sukiyaki salad Coffee spaghetti Pork Steaks Beans Beef barbecue T: Ok! Ok! Let´s see! Although they X, but they like this kind of food! Ok! They eat sushi, they eat tempura, it´s a kind of fried vegetables, ok? Rice, it´s the main, the main X order. Hmmm…sukiyaki…it´s a hot beer, it´s like…é como um fusil, certo? Alguma coisa assim. And spaghetti. You say: Spaghetti? Spaghetti...but you know…they serve this kind of food for foreigners…for…when they are X, they also serve pasta, ok? They also eat pasta. It´s not X, but they also like to eat pasta, ok? And X spaghetti. British meal! Of course, they drink wine. What do you understand by Potluck lunch? No idea? LLL: No! T: I´m sure everybody here have already participated in a Potluck, Potluck Lunch. For example, in my family is... my family is very big, very, very big! So, when we are in Christmas or Easter Time. Everybody that goes to my mother´s house, take a dish: one take the rice, one take the meat, one take the spaghetti, ok? So, we have no idea 173 about what people are going to bring, we just say: ‘you bring the salty things, you bring the sweet things’. And they bring what they can. ok? It´s very…a very economic way of having X. F: And everybody carry the food. T: Yes. So, we say Potluck, because it is a surprise…Ok!Ok! That´s right! So the people can also do a Potluck dinner, the people they do Potluck lunch, ok?...Tea, a British meal; barbecue, you know, British they eat barbecue, but meat in England is very expensive. Very, very, very! F: really? T: So...so...this is much more common here in Brazil… F: Ah!... T: tem uma aluna minha da noite, disse que morou um ano na Inglaterra, na casa de um amigo, e um certo dia, eles foram pra um jantar na casa de Britãnicos. E aí, na hora de servirem o jantar, não era um Potluck, Potluck dinner...era um jantar servido pela família. Aí, ela foi e colocou um pedaço de bife inteiro, no prato dela. E aí o amigo dela começou a cutucá-la: ‘Não é pra comer isso tudo, parte um pedaço e coloque o resto lá’. Aí ela disse: ‘O quê? Eu já acho esse pedaço pouco e ainda ter que partir ao meio?’. É porque a carne é um artigo de luxo, quando eles servem assim, geralmente é numa quantidade menor e tal...[risos]. Aí ela foi depois no mercado. Por isso, que o peixe e frango é muito mais barato. Então, não é a questão de comer muita carne, é a questão do custo mesmo. Enquanto aqui um pedaço de bife geralmente é a entrada, lá...aí sabem o que eles comem mais? Potato. É aquela salada, daquela batata na maionese, é bem muito, né? Enche, é calórica e dá uma sensação de saciedade. Mas eu prefiro carne [risos]. [todos riem] [todos falam ao mesmo tempo] T: so, they have barbecue there, but it´s not common, because it´s expensive! And potato salad. Brazilian meals are very eclectic, we put everything on the table. You see? Se você for olhar num almoço de família como esse, você olha, você não acredita, porque tem todo tipo de coisa, todo tipo de comida, de todos os lugares e todo mundo gosta, né? M1: E é ótimo! T: Exatamente! So, hamburgers, hot dogs, they are American dishes, ok? But we eat. Sausage, molho. Pork, the meat from pig. Beans. Rice and beans, the perfect combination! Beer… M2: Oh!! 174 T: some people like to drink! Chicken. Coffee, brazilian´s coffee is the best! You know that! Steak, file. Beef. Beef is a false cognate. But beef é a carne de vaca, é a carne bovina. F4: E é? T: carne suína e carne bovina. F4: What´s the meaning of sausage? T: Molho…na verdade, we say Brazilian sausage. Do you, you usually go to have lunch or dinner at someone´s house? Or would you like to go? LLL: No! T: No? Nobody invited you? LLL: No! T: Oh, my Gosh! Or do you invite people to have lunch or dinner in your house? M2: Yeah! T: Do you invite? And…hmm…do you think they need to bring something to your X, when they are X, when they go to your house to have dinner? M2: Sometimes. T: sometimes! Depends on the person, right? M2: porque tem gente que é abusada. T: Yeah! The kind of people… [Todos falam ao mesmo tempo] T: Ok, please! Open your books to page thirty six, please! Page thirty six…page thirty six! ok? F4: Thirty six?!? T: Yeah! Thirty six. Student´s book! So, on page thirty six, we have “Listening and Speaking”, ok? “Come round to my place!” so…hmm… “you will hear three people talking about inviting guests home for a meal. Listen and complete the chart.” Ok? The people are Sumie from Japan, Kate from England and Lucas from Brazil, Porto Alegre, ok? First of all, you have to understand the day or time they…hmm…invite someone to go to their houses. The next part is to take notes about the preparations. What do they do in order to organize that? And, you know, sometimes, when you go to a friend’s house, you may give him or her a present, a gift, ok? Try to understand what they are saying. And the last part is about the food and the drink they will have in this place. Oh…let me put here! 175 T: formal or informal? É bom responder em uma folha a parte. Formal or Informal? Day Time. Preparations. Gifts. Food and Drink. So, try to understand, ok? The first person Who is going to talk is the girl from Japan. Then, the person from England. And the last is Lucas, the Brazilian man, ok? Let´s pay attention and try to listen. [ela coloca a primeira vez o texto I] F2: ela tá gaguejando? Parece que é gaga. Tá com uma batata na boca? [todos riem] T: Ok. [risos] Yeah! That´s it, ok? [risos] so, we have to consider she is learning English and her speaking is properly, ok? I know, she has a very strong accent, né? O sotaque dela ainda é muito forte, isso modifica um pouco o Inglês que a gente tá acostumado a ouvir. F2: Mas é formal ou informal? T: So, let´s listen again! Ok! So, let´s listen Sumie again! Ela não tá gaguejando não, gente! [todos riem] [ela coloca pela segunda vez o Texto I] T: Ok! Now, about Sumie…what you could listen, is it a formal or a informal situation? LLL: Formal. T: Formal. Ok! It´s a formal situation. But why? F4: She starts... M1: Because of the preparations. T: yeah! All the preparations. So, it´s not a…an informal situation, ok? F4: are you talking about the language? T: No, no, about the situation, ok? F4: humhum. T: So, formal. Hmmm…and what is the day or time in which they invited people to X? M2: seven o´clock in the evening at the weekend. T: Ok. Seven o´clock in the evening at the weekend, ok? So, probably, when you go to Japan, don´t worry, because they´re not going to invite you to have dinner during the week, at the weekend, ok? Repeat! F: no, no! 176 T: Ok, so seven o´clock in the evening at the weekend. Preparations. What kind of preparations do they have do? F4: They clean...they clean the entrance hall. T: Yeah. F4: And she says that they spray with some water. T: Water. Yeah! They spray water and clean the garden. So, the house should be perfect. That´s why we notice, that they are…they care about the moment. Ok? It´s not in an informal way, but they organize, they tidy the front entrance. Toda a entrada da casa, eles limpam como forma de deixar claro aos visitantes: “Olha, a gente XXX” Ok! The gifts! Do they give gifts? LLL: Yes! T: Yeah! Eles têm uma coisa muito interessante, os Japoneses. Assim, eles não gostam de reconhecer o que fazem. Quanto eles fazem um prato maravilhoso, é hilário isso, a mulher sempre coloca a comida na mesa e diz: ‘olha não tá muito bom’... é como se fosse uma falsa modéstia, aí o outro vai e diz: ‘Ah! Tá uma delícia!’. M1: XXX T: É, eles têm isso...é uma característica do povo da Paraíba. As mulheres mais submissas e os homens mais X. Ok! So, they usually give small gifts, ok? They usually give small gifts. What about the food or drink? What did you listen? F: Tempura. T: Tempura. F4: They make Japanese meals to Japanese guests. T: To the foreigners, to the foreigners, ok? So, they prepare Japanese food. F4: I listened the contrary. T: Ok! So, to foreigners they serve sushi, tempura, sukiyaki. But for people from Japan?... LLL: spaghetti. M1: steak. F4: steak. T: steak. Yeah! Steak. Did you listen that? And Chinese food, sometimes, OK? Não é que eles comem sushi, sashimi lá todo dia, eles XXX, até porque, de um modo geral, eles apreciam. Eles gostam mais X, ok? Questions about the situation in Japan? M2: No. 177 T: No, everybody? LLL: No! T: No. now, let´s listen about Kate, OK? Don´t forget XXX [ela coloca pela primeira vez – Texto II] T: Ok? Would you like to listen about Kate again? F4: yes. T: yeah? M1: no. T: No?!? let´s listen again. [ela coloca pela segunda vez – Texto II] T: Ok! So, people, what about the kind of meeting? Is it formal or informal? LLL: Informal. T: Informal, Ok? Informal! Let´s take a look at the next part! Day and time. M1: At noon. T: at noon! Ok! And what is going to be the meal? M1: Lunch. T: Lunch! Because it´s at noon, midday, ok? What about the preparations? M2: Outside the garden. T: outside the garden. So, you see how informal it is. Well, what do they have to do? It is the host. What do they have to do at home? F2: they cook. T: do they have to do the meal? F4: You have to bring. It´s a Potluck lunch! T: Yeah! Ok! It´s a Potluck lunch! So, this is the host…a anfitriã. She just prepares the table. Knives, forks, cups, ok? But the other will bring the food. Eu…no context de refeição, é porque é muito informal, nem combina com um jantar formal, já pensou? Jantar formal, aí os convidados trazem o jantar de casa. Por isso que se trata de uma situação informal. Ok! Hmmm...and the drinks? The drinks are responsibility of the host. E a bebida geralmente fica por conta da gente. The gifts? M1: wine. 178 T: wine. Ok? Flowers. Flowers, sometimes they bring. What about the food and drinks? Did you listen? M1: Salad. T: Salad. Vegetable. What else? People! Think it is a surprise, ok? Because it´s Potluck. Na verdade, você nunca sabe ao certo o que é que vai ter de prato num almoço como esse. Cada um traz o seu, você diz: ‘Traga um prato salgado’, mas o que cada um vai trazer...então, não é à toa que é comum você encontrar numa mesa, aí tem: porco, frango, peixe e carne vermelha. Por quê? Porque as pessoas trazem o que querem, o que podem, o que tem em casa, vale até um R.O. [risos]. [todos riem] M2: Ou R.A. T: R.A. ? como é que é? M2: Resto de almoço. T: ah...é resto de almoço. Eu não sei cozinhar. Mas, tem gente que transforma em pratos ótimos. [todos falam ao mesmo tempo] T: Ok! Questions about this meal? F: The gifts. M1: wine. T: Wine or flowers. Wine or flowers…let´s listen to Lucas! The Brazilian guy. [ela coloca pela primeira vez – Texto III] T: Ok! Was it difficult to understand Lucas? LLL: No! T: He is Brazilian and you know the kind of food…let´s listen again! [ela coloca pela segunda vez – Texto III] T: Ok! Is this formal or informal, Brazilian barbecue? M: Informal. T: Totally informal, ok? Day or time, usually… F4: Weekend. T: é diferente daqui. Em Porto Alegre. M1: Friday or Saturday. 179 F4: Saturday night. T: Friday or Saturday night? People say: ‘no, it´s Saturday or Sunday in the afternoon!’ But there, they have churrasco at night, you know that in Porto Alegre, they eat a lot of meat, right? É…vocês viram no Globo Repórter, brasileiras, nordestinas fazendo churrasco no Alasca? Alguém chegou a ver isso? LLL: Não! T: Brasileiras, nordestinas, foram para o Alasca, casaram. Aí, elas lá, dançando e comendo carne, aí elas diziam: ‘Ah! Meu filho, aqui é bom demais’, de forma bem nordestina [risos]. [todos riem] T: uma era de Natal, a outra de Pernambuco. No Alasca. Ok. So, they have barbecue on Friday or Saturday night…at night. So, they arrive at eight and stay until… F4: midnight! T: Imagine, depois de comer muita carne e ir dormir? F4: Af! T: Ok! Preparations! F4: X T: they don´t need to prepare anything. Ok! Gift! F4: Bottle of wine or… M1: Bottle of wine or dessert. T: dessert. This is my favorite part! Ok! Do you know dessert? F: No! T: chocolate cake or a wonderful ice cream…é sobremesa! The best part! F2: Como se diz? T: dessert! Ok! The best part…the best…ok…what about food or drink? F4: meat, sausage… T: we say ‘Brazilian sausage’… F4: chicken. T: chicken, pork, beef…what else? F: Potato salad. 180 T: Potato salad! Aqui tem dois ingredientes que ele não menciona. Ele não mencionou farofa e X [risos]. [todos riem] T: He says rice and drink coffee, expresso…it´s a kind of coffee, prepared in a fast way. F4: I didn´t know that people drink coffee at a Churrasco. I think people drink beer or cachaça… T: É porque, eles, lá, fazem uso do café após a refeição. E lá, é frio! Ok! How was this listening? Was it difficult? M1: No! M2: No! T: among them, who was the most difficult to understand? F: Kate. T: Kate, the British girl? Yeah! What about the easiest? F: O brasileiro [risos]. [todos riem] 181 ANEXO D4 PROFESSORA B – Aplicação da Atividade 02 Duração da aula: 60’ 02’’ Trecho transcrito: 36’36’’ T: We´re talking about habits and people from other countries. What words we use to X nationalities? For example, people from Japan, what do we call them? M: Japanese. M: Japanese. F: Japanese. T: Japanese people. We can say the Japanese, right? What about people from Brazil? M: Brazilian. T: We say “I´m Brazilian”. When we talk about people from Brazil, we can say the ?... M1: Brazilian people. T: The Brazilian people or the Brazilian, ok? So, on page thirty six we have vocabulary, nationality words. “Match a line in A with a line in B”. so, the first column on the left, here on page thirty six, on the X here, you have the nationality words, and in the other line, we have some sentences about the people. You have to match the nationalities, the nationalities to the sentences that…hmmm…you have to choose the nationalities. For example, if we say, if we have a sentence, and the people are the Brazilian…ta-rara-rá…aí tem lá várias frases e tem ‘like to dance samba’, so ‘the Brazilians like to dance samba’. The nationalities, ok? 182 [Os alunos fazem a atividade e discutem em dupla] T: In english! [eles continuam fazendo a atividade] T: In english! [todos falam ao mesmo tempo] [a professora passa de dupla em dupla observando] T: Ok! Did you finish? F: No, no! [Eles continuam fazendo a atividade] T: Ok! Let´s listen for... [Ela toca para os alunos conferirem as respostas] T: Ok? LLL: Yeah! T: Ok. So, talking about ‘Escócia’, I want you to say the differences between Scottish…and Scot. [Ela copia no quadro] [Todos falam ao mesmo tempo] M2: Um seria ‘escocês’ idioma e...Nação e idioma, seria? T: Nationality is Scotland. [Todos falam ao mesmo tempo] 183 M: Scottish é o idioma. Scot é a ... M2: Scotland, when we are talking about the country and we can say…Scotland. T: The place is Scotland. M2: The place…yeah! No! My God! T: Look here! ‘The Scots’… ‘The Scots’… I use ‘the Scots’ to refer to what? [Todos permanecem em silêncio] T: The people from... M2: Scotland! T: Scotland. Ok! What about Scottish? M2: The language! T: X. When do we use this? [Todos falam ao mesmo tempo] T: This is a noun, guys [ela aponta para a palavra ‘Scots’]. This is a noun... M: ‘Scot’ é o povo... T: You can say ‘I´m from Scotland. I´m Scottish’ and the people, ‘The Scots’, ok? So, I´m Brazilian, I´m Braz…I´m from Brazil, I´m Brazilian. I´m from Scotland, I´m Scottish, ok? But if you want to refer to people from Scotland, you say ‘The Scots’. You can say ‘The Brazilians’, ‘The Italians’, ok? Do you understand? The Japanese, the Chinese. I cannot say the Scottish, I have to say ‘the Scots’. M1: does is happen just with Scotland? 184 T: No! Finnish, with Finland. I´m from Finland, I´m Finnish and we refer to people from Finland as ‘the Finns’. ok? M2: But there is a rule about this? Example: Scotland, Scottish…Scots. There is a rule? T: I don´t know! M2: Only with these words? T: I don´t know any other, but I´m not going to say it´s a rule because there are only two…ok? But look at the X here: Chinese, British, French and Japanese, ok? They don´t… the Italians…the…Canadians, right? We have Canadians, ok? But we say the Japanese…we say ‘I´m from Japan. I´m Japanese’ and ‘the Japanese’, no –s, ok? The French, no –s…I don´t say ‘the Frenches’…but I say in Portuguese: os Brasileiros, os Franceses, os Japoneses. Não terminam em –s, mas...now, we have X here, I want you to be in pairs: you two, you two, you two…you two, C… and S…, M…and D…you´re going to choose…five countries and you´re the…a…nationality and the sentence, ok? Just five! You have many! M: Five? T: There are ten, right? But you´re going to choose five. [eles fazem a atividade] T: so... [todos falam ao mesmo tempo] [ela passa de dupla em dupla, tirando as dúvidas] T: hmm...Inglaterra é país, certo? Great Britain... 185 going to write M2: país de Gales...é uma ilha... [Todos falam ao mesmo tempo] T: E aí o Reino Unido junta com a Irlanda... M2: Reino Unido, Irlanda, país de Gales, Escócia e Inglaterra... T: Inglaterra é outra X, tá? Toda aquela ilha que cobre a Irlanda, Inglaterra, Reino Unido...e País de Gales...Escócia seria Great Britain. XXX certo? So, let´s...let´s read the sentences! Hmm…L…! F: Ok! I choose Sweden. T: Sweden? So...people from… F: Swiss… T: hmmm…é… [todos falam ao mesmo tempo] T: C...and S...! C...and S…, read your sentence! C…and S… M: Hmmm…the German… T: The German, what? M: XXX T: The German XXX I…and R…! M: The Mexican…é assim? T: The Mexican, ok! M: The Mexican Love to use big hats. [risos] 186 [Todos riem] T: So...the Mexican love to use big hats. Ok! M: They love hot food, food with peppers. T: A…P… and K… F: Scotland. T: The Scots… F: The Scots… [todos falam ao mesmo tempo] T: E..and J...! F: The Mexican...XXX T: ok! So, we talked a lot about nationalities and in the next page, we have some…not in next page! The other side…here! ok? We have a Picture of some people…hmmm…the copy is bad! They are talking, ok? And you have to complete the X about the conversation they´re having here, ok? We have three people, from three different countries… M2: Lucas, Porto Alegre, Brasil. T: Ok! So...we have three…we have people from three nationalities. So…and you´re going to listen what are they talking about inviting people to eat at their houses, ok? The topic of the conversation is going to be about “inviting people to their houses” for a meal, ok? For breakfast, for lunch, for dinner…inviting people to come to their houses to have a meal, right? Pay attention! [Ela toca a primeira vez todo o texto] 187 T: Ok? So, I know that you´re… M2: Mas ele falou ‘barbecue’ and ‘churrasco’... [todos discutem ao mesmo tempo] T: Yes! Barbecue, churrasco, ok? I´m going to put again…in order you complete the chart…ok? [Ela toca a segunda vez o texto todo] T: hmmm...ok? hmm...ok…on page a hundred twenty four, a hundred twenty four…you can read the transcription in order to verify the answers…and to verify if you took the correct information, ok? On page…a hundred twenty four, ok? We do not have more time, but…on page a hundred twenty four, you can read the…a…transcriptions… 188 189