Referências - Faculdade PIO XII
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Referências - Faculdade PIO XII
12 Novembro/2013 Ano XI O Impacto da Resolução nº 13/2012 do Senado Federal no Sistema FUNDAP e suas Consequências nas Finanças dos Municípios da Grande Vitória Modelo Dinâmico de Fleuriet versus Modelo de Kanitz: Um Estudo Comparativo Aplicado em Empresas de Capital Aberto do Ramo de Energia A competência da Justiça do Trabalho para executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, inc. I, “a”, e inc. II, da CF/88 O Processo Sucessório em uma Empresa Familiar de Pequeno Porte A Internet como Ferramenta do Marketing Direto Avaliação da Mobilidade Urbana Relativa à Satisfação do Usuário do Transporte Coletivo no Trecho entre Campo Grande ao Centro de Vitória Controle de Qualidade das Folhas de Ginkgo biloba L. Comercializadas para Decocção e Infusão Prevalência de Parasitoses Intestinais em Crianças de uma Escola Pública em Cariacica – ES Prevalência da Osteoporose em Mulheres Atendidas em uma Clinica Particular em Vitoria, ES SAPIENTIA - A Revista Científica da Faculdade PIO XII Criada em 2001, a revista Sapientia possui como base de seu projeto editorial a multidisciplinaridade com publicações de colaboradores da Faculdade PIO XII e de outras universidades. Cada edição será divulgada em caráter anual abrangendo para publicação pesquisas de cunho teórico e aplicado nas áreas de conhecimento ligadas à Gestão, Ciências Administrativas, Contábeis, Biomédicas, Jurídicas e Econômicas. Nesse sentido, a revista Sapientia tem compromisso em ser uma ferramenta de construção, divulgação e difusão do conhecimento, sempre se pautando na excelência acadêmica. Reafirmando esse propósito, os editores assumem compromisso que a avaliação de cada trabalho será realizada por especialistas na referida área do conhecimento. Mantenedora Associação de Ensino Integrado e Organizado Universitário Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo; Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas; Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Presidente de Honra: Maria Thereza Villaschi Chibib Presidente: Cristiano Villaschi Chibib Diretor: Luciano Villaschi Chibib Conselho Editorial Prof. Marcelo Loyola Fraga (Ciências Administrativas) Prof. Rodrigo Moraes (Ciências Biomédicas) Prof. Rodrigo Pratte Santos (Ciências Biomédicas) Prof. Martha Maria Arçari Hand (Ciências Econômicas) Prof. Dorival Izidoro Ângelo (Ciências Contábeis) Prof. Gilvan Bastos Morandi (Ciências Jurídicas) Contato E-mail: [email protected] R454 Revista Sapientia da Faculdade PIO XII / Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo / Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas / Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo. n.12, (Novembro 2013). - Cariacica: Faculdade PIO XII. Anual ISSN 1679-2548 1. Produção científica. 2. Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo. 3. Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas. 4. Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo. CDD 015 Sumário O Impacto da Resolução nº 13/2012 do Senado Federal no Sistema FUNDAP e suas Consequências nas Finanças dos Municípios da Grande Vitória.................................................................................. 7 Modelo Dinâmico de Fleuriet versus Modelo de Kanitz: Um Estudo Comparativo Aplicado em Empresas de Capital Aberto do Ramo de Energia.............................................................................. 14 A competência da Justiça do Trabalho para executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, inc. I, “a”, e inc. II, da CF/88................................................................................................ 20 O Processo Sucessório em uma Empresa Familiar de Pequeno Porte................................................ 30 A Internet como Ferramenta do Marketing Direto............................................................................ 36 Avaliação da Mobilidade Urbana Relativa à Satisfação do Usuário do Transporte Coletivo no Trecho entre Campo Grande ao Centro de Vitória........................................................................................ 41 Controle de Qualidade das Folhas de Ginkgo biloba L. Comercializadas para Decocção e Infusão...... 45 Prevalência de Parasitoses Intestinais em Crianças de uma Escola Pública em Cariacica – ES............. 50 Prevalência da Osteoporose em Mulheres Atendidas em uma Clinica Particular em Vitoria, ES......... 54 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Junho 2013 Aceito em Setembro 2013 O Impacto da Resolução nº 13/2012 do Senado Federal no Sistema FUNDAP e suas Consequências nas Finanças dos Municípios da Grande Vitória Neusa Duque Zonta1, Zilanda Couto de Araújo1, Rogério Zanon Silveira2* 1 Discente da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, ES, Brasil 2 Docente convidado da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, ES, Brasil * [email protected] Resumo Este estudo teve por objetivo analisar o impacto nas finanças dos municípios da Grande Vitória em decorrência da redução das alíquotas de ICMS nas operações de importação, acarretando reflexos nas operações realizadas por meio do mecanismo FUNDAP. O trabalho aborda o funcionamento do mecanismo de incentivo às importações realizadas por meio de empresas sediadas no Espírito Santo, discorre sobre receita pública e sua repartição, e passa pelas mudanças trazidas pela Resolução nº 13/2012 SF, além de conceitos de incentivos fiscais e financeiros. Apresenta informações relativas à arrecadação no ano 2012 e estimativas para o ano de 2013, a partir das quais são estudados os impactos financeiros decorrentes das mudanças recentes no FUNDAP. Trata-se de um assunto que vem sendo muito debatido no Espírito Santo e motivo de preocupação principalmente para os municípios capixabas. Os resultados mostram que a queda na receita do FUNDAP acarreta impactos significativos para os municípios da Grande Vitória, mas de forma diferenciada, afetando com gravidade mais uns do que outros. Os números do ano de 2013 já mostram essa realidade. Ademais, ainda que não tenha sido constatado impacto nas atividades econômicas fundapianas, trata-se de uma possibilidade real, que ocorrendo, agravará ainda mais a situação atual. Palavras-chave: Resolução nº 13/2012; finanças; FUNDAP. Introdução O Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (FUNDAP) é um mecanismo de financiamento criado pela Lei 2.508 de 22 de maio de 1970 e regulamentado pelo decreto 163-N de 15 de julho de 1971. O Fundo foi criado com o intuito de incentivar as importações pelo porto de Vitória, incrementando a receita do Estado visto que sua arrecadação havia caído por consequência da crise cafeeira. O objetivo era diminuir a competição desigual com os entes mais desenvolvidos. Conforme o sitio do BANDES na internet, “O FUNDAP é um financiamento para apoio a empresas com sede no Espírito Santo que realizam operações de comércio exterior tributadas com ICMS no Estado”, ou seja, o que sustenta esse incentivo é o recolhimento do ICMS. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 158, inciso IV, determina que 25% do ICMS arrecadado pelo Estado deve ser repassado aos municípios com base no Índice de Participação dos Municípios (IPM), indicador que define o percentual que cada município tem direito na parcela da receita estadual de ICMS que deve ser repartida. A Resolução n° 13/2012 SF unifica a alíquota de ICMS em 4% nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados por determinado estado e que serão destinadas a outro estado. O principal objetivo dessa medida é inibir a guerra fiscal, inibindo a concessão de benefícios fiscais ou financeiros a empresas para que se instalem em determinado lugar do país. Tal medida acarreta impactos diretos no sistema FUNDAP e, por consequência, diminuição nas receitas tributária estadual. Nesse contexto se insere esta pesquisa, que tem como objetivo geral analisar o impacto da Resolução nº 13/2012 SF nas finanças dos municípios da Grande Vitória. Os objetivos específicos são: (i) Estimar o valor a ser arrecadado pelos municípios no ano 2013; (ii) Comparar a receita de ICMS decorrente do FUNDAP nos primeiros meses do ano de 2013, 7 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 com o ano de 2012; e, (iii) Projetar cenários decorrentes da mudança na alíquota do ICMS a partir do ano de 2013. Esse assunto vem tendo repercussão nacional, e para o Estado a previsível queda na receita gera incertezas e preocupações. Isso justifica e concede relevância ao estudo, que pode contribuir para elucidar pontos obscuros em discussão, como é o caso do problema que orienta esta pesquisa, que pode ser assim apresentado: em que medida a redução das receitas tributárias decorrentes do FUNDAP afetará as finanças dos municípios da Grande Vitória? Material e Métodos Este trabalho trata-se de uma pesquisa empírica aplicada, pois refere-se ao tratamento da “face empírica e fatual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual”.1 Essa abordagem de pesquisa oferece a “possibilidade que de maior concretude às argumentações e busca aproximar a prática da vida real ao referencial teórico ou ao arcabouço da legislação pertinente ao assunto sob exame. Tipos de metodologia utilizada A metodologia utilizada nesta pesquisa está classificada quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, foi uma pesquisa explicativa porque teve por objetivo analisar o impacto nas finanças dos municípios da Grande Vitória em decorrência da redução das alíquotas de ICMS nas operações de importação, acarretando reflexos nas operações realizadas por meio do mecanismo FUNDAP. Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, pela leitura de livros que abordam o assunto sob exame e; documental porque a coleta dos dados foi realizada por meio de documentos oficiais postados nos sites oficiais das prefeituras dos municípios da Grande Vitória.2 Universo e Amostra O universo da pesquisa foi constituída dos municípios que formam a Grande Vitória (Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória) e a amostra foi composta dos dados relativos a receita total e receita ICMS Fundap de cada município relativas ao ano de 2012 disponíveis nos sites oficiais respectivos e a projeções para 2013, tendo em vista a vigências da Resolução nº13/2012 do Senado Federal. 8 Coleta e tratamento dos dados Os dados foram coletados a partir das informações disponibilizadas nos sites oficiais das prefeituras objeto do estudo, e compilados em planilhas eletrônicas, agrupando-os sistematicamente de forma a propiciar seus tratamentos, oportunizar a análise e oferecer, pela conclusão, a resposta do problema de pesquisa. Resultados e Discussão Para analisar se houve alteração na receita do estado com relação ao ICMS FUNDAP foi feita uma estimativa de arrecadação para o ano 2013 com base nos dados apurados em 2012. Sabe-se que houve uma mudança na alíquota interestadual sobre importados que passou de 12% para 4% e que teoricamente em 2013 o Estado arrecadará menos 8 pontos percentuais em relação ao ano anterior, ou seja, uma queda de 66,66% relativa ao ICMS, e consequentemente uma redução na parcela destinada aos municípios. Os 25% do ICMS destinados aos municípios são rateados de acordo com IPM de cada município, sendo assim, os municípios com maior índice consequentemente receberão um pedaço maior da fatia. Analisando os dados apurados, percebe-se que três dos cinco municípios tiveram perdas. Mas como explicar a variação da arrecadação do ICMS FUNDAP de cada município? Para responder essa questão, basta analisar o IPM de cada município. No Quadro 1 é possível visualizar que os municípios que tiveram um IPM maior que o ano anterior a perda foi menor em comparação aos municípios que tiveram uma redução no IPM. Quadro 1. Índice de participação dos municípios (Fonte: SEFAZ-ES). Municípios 2012 2013 Cariacica Serra Viana Vila Velha Vitória 4,930% 12,407% 1,098% 6,784% 20,573% 5,697% 11,621% 1,263% 5,851% 19,958% Ganho/ Perda 0,767 % -0,786 % 0,165 % -0,933 % -0,615 % SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Tomando como base a projeção anual de ICMS FUNDAP, a perda no repasse total chegará ao patamar de R$ 160.726.081,42 em 2013. Com a redução da alíquota do ICMS FUNDAP para 4%, os municípios poderão arrecadar em 2013 o valor de R$ 76.750.683,68 contra R$ 237.476.765,11 em 2012. No primeiro trimestre de 2013, período em que entrou em vigência a Resolução SF 13/2012, dados divulgados pela SEFAZ/ES confirmam que, com exceção de janeiro, o valor da perda não foge muito do que foi estimado. O mês de janeiro ficou comprometido por sofrer influencia do mês anterior, mas a partir de fevereiro vemos que os números começam a se aproximar do esperado. Figura 1. Repasse ICMS FUNDAP em 2012. Figura 2. Projeção do Repasse ICMS FUNDAP em 2013. De acordo com Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (SINDIEX), as importações caíram em 23% nesse primeiro trimestre, apresentando uma diferença de US$ 53 milhões se comparado com o mesmo períododoanoanterior.ParaopresidentedoSINDIEXSeveriano Imperial, não é possível afirmar que esses números serão mantidos, mas concorda que o recolhimento do ICMS FUNDAP realizados em fevereiro e março são reflexos da nova regra. 9 Figura 3. ICMS FUNDAP no 1° Trimestre de 2013. Conforme números projetados, o Espírito Santo poderá ter uma perda de aproximadamente R$ 1,5 bilhão anualmente, refletindo diretamente nos cofres das prefeituras, fazendo com que os municípios percam capacidade de investimentos. Isso pode ser visto se analisarmos o quanto a receita do ICMS FUNDAP representa para cinco dos sete municípios da Grande Vitória: Cariacica, Viana, Vila Velha, Vitória e Serra. A parcela destinada aos municípios que em 2012 foi R$ 518.598.805,70, em 2013 poderá ser de aproximadamente R$ 172.900.841,82, perda de R$ 345.697.963,88. Para os municípios de Cariacica, Serra e Viana, em 2012 o ICMS FUNDAP representou 6,04%, 7,55% e 4,19% respectivamente em relação à receita total dos municípios. Se comparados com impostos como IPTU, ISS, ITBI equivale a pouco mais de 1/3 da soma dessas receitas e com o ICMS normal encontra-se quase a mesma representatividade, ficando acima apenas da receita de IPVA e taxas arrecadadas pelos municípios (Quadro 2). Nos municípios de Vila velha e Vitória, o ICMS FUNDAP representou 5,56% e 7,50% respectivamente em relação à receita total de cada município. Se comparado com valor arrecadado de impostos por esses municípios, equivale a quase 1/5 da soma e com relação ao ICMS normal essa equivalência passa a ser 1/3, continuando à frente apenas dos valores de IPVA e taxas. Vale ressaltar que nesses dois municípios não foi possível identificar quais recursos estão contidos no montante descriminado impostos. Analisando pelo lado da receita, é razoável avaliar que os municípios não teriam um choque muito alto e uma boa administração dos recursos pelo governo de cada município poderia compensar ou amenizar essa perda. Mas antes de entrar nessa interpretação, é prudente fazer uma análise com base nas despesas de quatro secretarias, que podem ser consideradas as mais importantes do município: Obras, Educação, Saúde e Segurança Pública. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Quadro 2. Receita Municipal/Receita ICMS FUNDAP (Fonte: Prefeituras Municipais). Município Receita total Receita ICMS Fundap % Cariacica R$ 423.533.896,73 R$ 25.566.921,12 Serra R$ 852.711.783,28 Viana Quadro 3. Cariacica/ ICMS FUNDAP versus Investimentos (Fonte: Prefeitura Municipal de Cariacica). Secretarias Valor investido % 6,04 SECRETARIA DE URBANISMO R$ 170.280.000,00 15,01 R$ 64.342.553,82 7,55 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO R$ 165.149.000,00 15,48 R$ 135.933.662,06 R$ 5.694.214,89 4,19 R$ 35.181.742,98 5,56 R$ 79.007.000,00 32,36 Vila Velha R$ 632.458.914,09 SECRETARIA DE SAÚDE Vitória R$ 1.422.980.818,64 R$ 106.691.332,30 7,50 SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA R$ 4.012.000,00 637,26 R$ 1.422.980.818,64 R$ 106.691.332,30 7,50 No município de Cariacica que até a presente data, a Prefeitura de Cariacica não havia disponibilizado os dados no Portal Transparência. Porém, dados da Lei Orçamentária Anual da Prefeitura de Cariacica para o ano 2012 mostram uma estimativa de gastos de R$ 418.448.000,00 para investimentos em obras, educação, saúde e segurança pública. Sendo assim, o ICMS FUNDAP teria uma participação de pouco mais de 6% no valor investido nestas secretarias. No montante total do investimento, o valor do ICMS FUNDAP não teve muita representatividade, porém fazendo uma análise individual de quanto esse recurso representaria para cada uma dessas áreas veremos a sua importância para o município. Para investir em obras e educação, por exemplo, o FUNDAP representaria o equivalente a 15% do valor investido. Este cenário muda quando se analisa a Secretaria de Saúde, onde este recurso poderia representar 32,36% do valor investido. O impacto maior seria na Secretaria de Segurança Pública, onde o ICMS FUNDAP poderia custear todo o investimento. O valor do repasse do ICMS FUNDAP foi 637,26% maior que o valor investido pela prefeitura. Em linhas gerais, o valor deste recurso pagaria todas as despesas desta secretaria e ainda poderia ser destinado a outros investimentos feitos pela prefeitura, ou até mesmo aumentar o valor investido nesta mesma secretaria (Quadro 3). Nota-se o impacto significativo que causaria na Secretaria de Obras e na Secretaria de Defesa Social. O valor do repasse do ICMS FUNDAP foi 168,04% e 608,24% respectivamente, maior que o valor investido pela prefeitura nas duas secretarias. Todo o valor investido nas duas secretarias poderia ser custeado pelo recurso do FUNDAP e ainda teria um saldo de recurso de R$ 15.473.551,61 para aumento nestes investimentos ou aplicação em outra secretaria (Quadro 4). 10 ICMS FUNDAP R$ 25.566.921,12 Quadro 4. Serra/ICMS FUNDAP versus Investimentos (Fonte: Prefeitura Municipal da Serra). ICMS FUNDAP R$ 64.342.553,82 Secretarias Valor investido % SECRETARIA DE OBRAS R$ 38.290.582,41 168,04 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO R$ 270.118.322,84 23,82 SECRETARIA DE SAÚDE R$ 169.696.276,43 37,92 SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL R$ 10.578.419,80 608,24 R$ 1.422.980.818,64 R$ 106.691.332,30 7,50 No município de Viana, em 2012, a prefeitura teve um gasto de pouco mais de R$ 77.700.000,00 onde o recurso do FUNDAP representou 13,65% desse valor. Metade de todo o valor investido em Obras poderia ser custeado pelo recurso do FUNDAP onde teve uma representação de 50,43% do valor investido. Na educação 12,85% do recurso investido na secretaria poderia ser derivado do FUNDAP. Na saúde este cenário seria mais significativo, onde 28,35% do valor investido nesta secretaria poderia ser recurso do FUNDAP (Quadro 5). Na Secretaria Municipal de Assistência Social, Renda e Cidadania, onde estão inclusos além de gastos com segurança pública, outros gastos com investimento no fundo da infância e adolescência, assistência geral, entre outros, o valor do repasse do ICMS FUNDAP foi 281,76%, maior que o investimento feito pela prefeitura. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Assim, o valor do FUNDAP poderia custear todo o valor investido nesta secretaria e ajudar em outros investimentos. No município de Vila Velha, em 2012 a prefeitura investiu pouco mais de R$ 264.000.000,00 e o recurso do FUNDAP representou 7,51% desse investimento. A Secretaria de Educação seria a que menos sentiria o impacto, já que 17,13% do valor investido em educação poderiam ser provenientes do FUNDAP. Por outro lado, a Secretaria de Obras teria um impacto extremamente significativo, visto que, 69,42% do investimento feito pela prefeitura nesta secretaria poderia ser advindo do FUNDAP. Nessa mesma linha, as Secretarias de Assistência Social e de Segurança Urbana sofreriam fortes baques de investimentos, pois o repasse do ICMS FUNDAP foi 735,41% e 994,00% maior que o valor investido pela prefeitura nestas secretarias (Quadro 6). Quadro 5. Viana/ICMS FUNDAP versus Investimentos (Fonte: Prefeitura Municipal de Viana). ICMS FUNDAP R$ 5.694.214,89 Secretarias Valor investido % SECRETARIA DE OBRAS R$ 11.291.358,16 50,43 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO R$ 44.327.986,29 12,85 SECRETARIA DE SAÚDE R$ 20.086.389,31 28,35 SEC. MUN. A. S. R. CIDADANIA R$ 2.020.919,38 R$ 1.422.980.818,64 R$ 106.691.332,30 ICMS FUNDAP R$ 35.181.742,98 7,50 Secretarias Valor investido % SECRETARIA DE OBRAS R$ 50.679.814,60 69,42 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO R$ 205.439.569,92 17,13 SECR. DE ASSISTÊNCIA SOCIAL R$ 4.783.947,71 735,41 SECRETARIA DE SEG. URBANA R$ 3.539.422,56 994,00 R$ 1.422.980.818,64 R$ 106.691.332,30 7,50 Fazendo uma análise geral, o município que apresentou o maior valor de perda foi Vitória, em seguida aparece o município da Serra e ocupando a terceira posição o município de Vila Velha (Quadro 8). Quadro 7. Vitória/ICMS FUNDAP versus Investimentos (Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória). ICMS FUNDAP 281,76 Na capital Vitória, em 2012, a prefeitura investiu R$ 792.936.793,99 onde o recurso do FUNDAP representou 7,43% de todo o valor investido pela prefeitura nas secretarias. A Secretaria de Educação seria a menos afetada, podendo ter 30,99% do valor investido proveniente do FUNDAP. Na Secretaria de Saúde, o recurso FUNDAP poderia representar 45,78% do valor investido. Na Secretaria de Obras, o recurso chegaria a 53,43% do valor investido. Na mesma tendência dos outros municípios, o recurso do FUNDAP seria suficiente para cobrir todo o investimento feito pela prefeitura na Secretaria de Segurança Urbana. A transferência deste recurso foi 668,37% maior que o valor gasto pela prefeitura (Quadro 7). 11 Quadro 6. Vila Velha/ICMS FUNDAP versus Investimentos (Fonte: Prefeitura Municipal de Vila Velha). R$ 106.691.332,30 Secretarias Valor investido % SECRETARIA DE OBRAS R$ 199.689.542,37 53,43 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO R$ 344.256.410,64 30,99 SECRETARIA DE SAÚDE R$ 233.027.963,17 45,78 SECRETARIA DE SEG. URBANA R$ 15.962.877,81 668,37 R$ 1.422.980.818,64 R$ 106.691.332,30 7,50 Como demonstram os resultados, os municípios que mais arrecadaram no ano passado são os que provavelmente terão os maiores valores em perda, que de acordo com a projeção ficará em torno de 28% a 32%, mas isso não significa que terão o maior impacto financeiro, uma vez que esses municípios são os que mais têm condições gerar riquezas por serem mais desenvolvidos concentrando o maior número de comércio e indústrias. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Quadro 8. Previsão de Perda por Município. Ano Cariacica Viana Vila Velha 2012 25.566.921,12 5.694.214,89 35.181.742,98 2013 9.850.160,96 2.183.737,63 10.116.428,25 Perda 15.716.760,16 3.510.477,25 25.065.314,72 % 38,527 % 38,350 % 28,755 % Ano Vitória Serra 2012 106.691.332,30 64.342.553,82 2013 34.507.550,01 20.092.806,83 Perda 72.183.782,29 44.249.747,00 % 32,343 % 31,228 % Cariacica e Viana, provavelmente, serão os mais prejudicados, suas perdas ficarão em torno 38% e o fato de ainda estarem em processo de desenvolvimento fará com que sejam os mais afetados. Após essa analise é possível verificar que em todos os municípios o recurso do FUNDAP tem uma importante participação nos investimentos, principalmente nos gastos com obras e segurança publica. De maneira geral, as interpretações apresentadas ajudam a mostrar a nova realidade dos municípios pesquisados a partir das mudanças nas alíquotas de ICMS nas operações de importação. Durante o processo de discussão, nota-se que os municípios ficam alijados das decisões que se dão num nível maior, mas especialmente na esfera federal. Nota-se, também, pouca preocupação por parte dos representantes municipais em se articularem de encontro a essas mudanças. Os números apresentados nesse estudo mostram um cenário preocupante para as administrações municipais na região metropolitana de Vitória, além de contribuírem, em termos de informações, a respeito de sua situação, servem de alerta para a necessidade de um maior engajamento dos municípios em debates no nível estadual e federal que os afetam. Em conclusão, o sistema FUNDAP é considerado um incentivo financeiro para apoio as empresas com sede no Espírito Santo que realizam operações de comércio exterior tributadas com ICMS no Estado. O ICMS é um imposto de competência estadual, mas por Lei os municípios tem direito a 25% do valor arrecadado. Em abril de 2012, foi aprovada pelo SF a Resolução 13/2012 que altera a alíquota do ICMS de 12% para 4% nas operações interestaduais de mercadorias e bens importados. Essa medida refletiu diretamente no sistema FUNDAP, uma vez que esse fundo tem como fonte alimentadora o ICMS gerado na importação. Esse contexto deu origem a esse estudo, e a partir de números reais e projetados foram feitas duas análise e foi possível avaliar em que medida os cinco municípios analisados poderão ser afetados. 12 A análise a partir da receita total, porém, parece não mostrar a gravidade das perdas para os municípios. Por isso, optou-se por estudar impactos em setores específicos importantes para a sociedade. Essa análise foi feita com base na despesa de cinco secretarias: obras, educação, saúde e segurança pública. Essas análises permitiram verificar a importância desse recurso para esses cinco municípios. Verificou-se que em quatro municípios a secretaria de obras seria uma das mais prejudicadas uma vez que essa receita chegou a representar de 50% a 100% de todo o valor investido. Nos cincos municípios esse recurso seria capaz de custear todo investimento em segurança. Nos investimentos em saúde e educação os percentuais encontrados também foram consideráveis. Trata-se de uma informação preocupante num momento em que a população cobra atendimento a necessidades públicas básicas em diversas áreas, sobretudo na saúde. O município de Cariacica, por exemplo, é um dos que mais sofrem com essa realidade, com uma rede de instalações de saúde precária. Um fato importante a destacar é que o sistema FUNDAP possui concentração significativa, ou seja, poucas e grandes empresas representam a quase totalidade da arrecadação tributária decorrente do sistema. Essas empresas possuem grandes instalações e mecanismos de logística e comercialização significativos, além de uma rede de relacionamento com outras empresas do Espírito Santo e de outros estados desenvolvida durante décadas. Esse e outros fatores, aliados à constatação de que ainda não houve queda significativa da atividade econômica de importação pelo Espírito Santo, pelo menos até o mês de abril de 2013, parecem reforçar a indicação de que a queda de atividade não deverá ser tão significativa. O sistema FUNDAP não acabou, mas os resultados demonstraram que a queda na receita de ICMS relativa ao sistema impactou significativamente as finanças dos municípios estudados acarretando, por consequência, impactos significativos na região metropolitana como um todo. Trata-se de uma realidade que deve ser levada em consideração, pois vivem na metrópole atualmente mais da metade dos mais de 3,5 milhões de habitantes do Espírito Santo. Com as mudanças nas regras do FUNDAP, as prefeituras serão obrigadas a cortar gastos e reduzir investimentos. A prefeitura que não tiver planejamento e não for prudente vai quebrar. Em resumo, o objetivo maior do governo com essa medida é acabar com a chamada guerra dos portos, com intuito de resguardar a indústria nacional e aumentar a competitividade dos produtos produzidos no país frente aos importados. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Por fim, o estudo parece refletir mudanças importantes que estão ocorrendo no Espírito Santo, que começa a deixar para trás a ideia de um Estado pobre e dependente de benefícios e incentivos, para um Novo Estado, que busque desenvolvimento por seus próprios recursos e com o esforço de sua população. Os mecanismos de incentivo ou de benefício financeiro como o FUNDAP parecem ter cumprido sua missão, abrindo espaço para uma nova agenda estadual e municipal. Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Folha Vitoria. 2012. Caos no trânsito: Mais de 500 mil veículos circulam pela Grande Vitória. [http://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/ mobilidadeurbana/2012/09/03/caos-no-transito-maisde-500-mil-veiculos-circulam-pela-grande-vitoria]. 2. Vergara SC 2005. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas. 3. Fraga ML 2009. Metodologia para Elaboração de Trabalhos Científicos, Fundo de Cultura: Rio de Janeiro. 4. ANTT. 2012. Agência Nacional De Transportes Terrestres. Minuta de Resolução. [www.antt.gov.br/ html/objects/_downloadblob.php?cod_blob=4255] 13 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Agosto 2013 Aceito em Outubro 2013 Modelo Dinâmico de Fleuriet versus Modelo de Kanitz: Um Estudo Comparativo Aplicado em Empresas de Capital Aberto do Ramo de Energia Fabrício Augusto Da Cunha1; Dorival Izidoro Angelo2* 1 Discente da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, ES, Brasil 2 Docente da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, ES, Brasil * [email protected] Resumo A contabilidade é participante ativa em todos os processos de uma organização, fornecendo dados e informações que revelam seu posicionamento financeiro em determinado período, os quais são utilizados por gestores para que estratégias possam ser traçadas visando à continuidade das atividades e de toda a organização. Partindo da necessidade de se explorar ferramentas adicionais para auxiliar no processo decisório, esta pesquisa testou dois conceituados modelos de indicadores de falência: o Modelo de Fleuriet, e o Modelo de Kanitz. Para garantir a imparcialidade do teste, foram utilizados demonstrativos contábeis de empresas do setor energético publicados no site da CVM, com a delimitação aplicada às dez primeiras colocadas no ranking das ‘Maiores & Melhores por Vendas em 2010’, divulgado pelo Portal EXAME.com, e os dados coletados dos demonstrativos contábeis dos anos de 2008, 2009 e 2010. Dessa forma, o objetivo da pesquisa foi verificar qual modelo de indicador de falência representaria com maior nitidez a situação financeira das empresas constantes do estudo. Após a coleta, os dados foram submetidos aos cálculos em cada modelo, com as especificidades e características desenvolvidas por seus idealizadores. Os resultados foram considerados individualmente, e submetido a uma análise comparativa, buscando pontos divergentes e convergentes. Assim, concluiu-se que o Modelo Dinâmico de Fleuriet foi o que atendeu ao objetivo principal da pesquisa, pois mostrou mais nitidamente a situação financeira das empresas deste estudo, revelando não somente a capacidade de pagamento de cada uma delas, mas de onde se originam os recursos utilizados para esse fim, e que muitas delas estavam em situação delicada e, algumas, em situação insatisfatória, muito ruim, péssima e de alto risco. Palavras-chave: Situação Financeira, Modelo Dinâmico de Fleuriet, Modelo de Kanitz, Capital de Giro, Índices de Liquidez. Introdução A contabilidade está diretamente envolvida em todos os processos de uma organização, fornecendo dados e informações por meio de demonstrações financeiras que revelam o posicionamento contábil de uma empresa em determinado período, dados esses que são utilizados por gestores e administradores para que estratégias possam ser traçadas visando à continuidade das atividades e, por conseguinte, de toda a organização. Tão antiga quanto à própria existência do patrimônio, a contabilidade, mesmo antes de ser considerada ciência, sempre se renovou, e muitos foram os que trabalharam buscando respostas para os inúmeros questionamentos contábeis que rodeiam as mentes daqueles que gerem negócios, introduzindo modificações na então Ciência Contábil, com a finalidade de apresentar resultados com maior transparência e mais segurança para gestores e investidores. Dentro desse contexto, e surgindo da urgente necessidade de alternativas que auxiliem no processo decisório, muitas pesquisas foram feitas utilizando os indicadores tradicionais de liquidez e rentabilidade. Destacaram-se, porém, aquelas que uniram os já tradicionais índices de liquidez e rentabilidade ao desejo pelo conhecimento do futuro, resultando nos índices de solvência, conhecidos como termômetros de falência. 14 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Com o intuito de encontrar a ferramenta contábil mais adequada para auxiliar no processo decisório, verificou-se a situação financeira das empresas de capital aberto do ramo de energia testando-se dois conhecidos modelos de solvência: o Modelo Dinâmico de Fleuriet e o Modelo de Kanitz, os quais foram comparados objetivando responder ao seguinte questionamento: “qual modelo representa com maior nitidez a situação financeira das empresas de capital aberto do ramo de energia?”. As empresas que constituem a amostragem deste estudo têm seus demonstrativos contábeis divulgados no site da CVM, e são as 10 primeiras empresas de energia classificadas no ranking das “Maiores & Melhores por Vendas em 2010”, pelo Portal EXAME.com, e os dados coletados estão compreendidos nas demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas nos anos de 2008, 2009 e 2010. O estudo contou com embasamento bibliográfico de especialistas, tanto na conceituação e aplicação dos modelos de Fleuriet e de Kanitz, para que todos os aspectos pudessem ser aproveitados, quanto da metodologia de pesquisa adotada, a fim de que toda a parte técnica da pesquisa pudesse ficar devidamente embasada. Os dados coletados foram submetidos aos cálculos inerentes aos dois modelos, em cada uma das dez empresas, de forma independente, para os três exercícios contábeis, para que cada método fosse analisado separadamente em várias realidades, a fim de identificar cada ponto distinto entre os dois métodos, e as possíveis discrepâncias entre eles. Dessa forma, foi possível visualizar, com o auxílio dos respectivos quadros, o desempenho de cada uma das empresas ao longo do período analisado, comparando, paralelamente, a evolução nos dois modelos estudados, percebendo-se simultaneamente os pontos convergentes e, principalmente, os divergentes. Por fim, foi concluído no estudo que, apesar de muitos pontos similares, o Modelo Dinâmico de Fleuriet foi o que retratou com maior nitidez a situação financeira das empresas, confirmando, então, a hipótese inicial do estudo e respondendo ao questionamento de pesquisa originalmente proposto. Material e Métodos A metodologia utilizada neste trabalho pode ser classificada como empírico-analítica aplicada,1 uma vez que procurou-se evidências reais do posicionamento financeiro das empresas brasileiras de capital aberto do ramo de energia em dois modelos de análise distintos: o Modelo Dinâmico de Fleuriet e o Modelo de Kanitz. 15 Tipos de metodologia utilizada Para alcançar o objetivo principal deste estudo, foram utilizados os tipos de pesquisa classificados quanto aos fins e quanto aos meios.2 Assim, quanto aos fins, poderá ser considerada como descritiva e explicativa, porque estão sendo descritas as características das empresas estudadas, assim como explicando a situação financeira de cada uma pelo dois métodos escolhidos para análise. Universo e Amostra Considerando-se que o universo é um determinado conjunto de elementos que possuem as características do objeto de estudo e, a amostra, a parte desse universo que será escolhida de acordo com algum critério,2 o universo desta pesquisa está constituído das empresas de capital aberto do ramo de energia que publicam suas demonstrações contábeis no site da CVM e , a amostra, está constituída das 10 primeiras colocadas no Ranking das “Maiores & Melhores por Vendas em 2010” divulgado pelo Portal EXAME.com.3 Coleta e tratamento dos dados Os dados foram coletados no site da CVM (www. cvm.gov.br)4, relativos aos demonstrativos contábeis/ financeiros das empresas pesquisas, referentes aos anos de 2008 a 2010, e tratados de forma quantitativa e tabulados de forma comparativa, visando à maior praticidade na análise, a fim de identificar a resposta para o problema de pesquisa.5,6 Primeiramente, os dados coletados foram alocados de forma a atender aos parâmetros para se efetuar os cálculos utilizando os dois modelos; em seguida, foi analisada a situação patrimonial de cada empresa pelos dois métodos adotados nesta pesquisa; por fim, foram evidenciadas as convergências e discordâncias entre os dois modelos analisando-os de forma comparativa. Resultados e Discussão Utilizando os dados das empresas constantes do estudo, foram realizados os cálculos de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos autores dos métodos utilizados, enquadrando-se, portanto, nas definições conceituais abordadas no estudo. Os dados apresentados seguem a ordenação de empresas, estabelecido no ranking das ‘Maiores & Melhores por Vendas em 2010’, divulgado pelo Portal EXAME.com, sendo SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 dispostos em Quadros, que mostram a variação anual dos indicadores de cada modelo, as quais trazem auxilio visual para o acompanhamento das análises de cada empresa estudada. Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás De acordo com os dados, a Petrobras encontra-se em um patamar de solidez financeira, oscilando apenas de excelente, em 2008, para sólida em 2009, o que se manteve em 2010. Apesar de manter expressivo saldo de tesouraria, o que a faz suportar a constante necessidade de capital de giro, e manter seu capital circulante líquido positivo, a empresa necessitou de considerável participação de recursos de terceiros para orquestrar suas operações, fazendo o saldo de necessidade de capital de giro sair de um patamar negativo para um saldo positivo que chega a ser quase metade de seu saldo de tesouraria. Quadro 1. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Petrobrás. Quadro 3. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Eletropaulo. Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 731.119 (654.379) 1.234.298 I Excelente 2009 271.937 (353.483) 625.420 I Excelente 2010 720.685 (771.194) 1.541.879 I Excelente Quadro 4. Resultado do Modelo de Kanitz para a Eletropaulo. Ano 2008 2009 2010 Fator de Insolvência 3,54 3,16 3,71 Cemig Distribuição S/A A empresa mostra crescimento acentuado de seu fator de insolvência, mostrando solidez em sua capacidade de quitação, partindo de 1,97 em 2008 chegando a 4,39 em 2010. De acordo com dados, a CEMIG apresenta uma situação delicada, variando de péssima, passando para muito ruim, chegando a apresentar-se insatisfatória em 2010. Apesar de mostrar recuperação dentro do período, elevando o capital circulante líquido e o saldo de tesouraria, que mesmo ainda negativo é maior em 2010 que no ano anterior, mostrou crescente utilização de capital de terceiros, fazendo a necessidade de capital de giro elevar-se em mais de 30 vezes em relação ao saldo do ano anterior, mostrando enorme dependência de recursos de terceiros. Quadro 2. Resultado do Modelo de Kanitz para a Petrobrás. Quadro 5. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Cemig. Ano CCL Ncg T Tipo Situação 2008 1.018 (1.300) 900 I Excelente 2009 18.644 5.002 13.643 II Sólida 2010 49.954 18.136 40.339 II Sólida Ano Fator de Insolvência 2008 1,97 2009 2,53 2010 4,39 Eletropaulo Metropolitana de São Paulo S.A. Os dados da empresa Eletropaulo mostram uma situação financeira excelente em todos os períodos analisados. O capital circulante líquido e o saldo de tesouraria foram positivos nos três anos, e a empresa não mostrou necessidade de capital de giro em qualquer deles. Houve uma pequena queda nos saldos de igual proporção nos períodos analisados, mas não mudou a classificação da empresa quanto a sua tipologia financeira. O fator de insolvência enquadra a empresa como solvente dentro do termômetro de Kanitz em todo o período analisado, estando ela acima de 3 em todos os anos. 16 Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 (62.808) 19.383 (82.191) IV Péssima 2009 (1.001.632) (24.670) (976.962) V Muito Ruim 2010 857.776 (144.443) III Insatisfatória 713.333 A empresa apresenta um fator de insolvência em processo de elevação, passando de 2,22 em 2008 para 3,79 em 2010, revelando saúde financeira para quitar suas obrigações. Quadro 6. Resultado do Modelo de Kanitz para a Cemig Ano 2008 2009 2010 Fator de Insolvência 2,22 2,32 3,79 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Ligth SESA Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL Apresentando a mesma tipologia de estrutura financeira, a Light SESA é classificada como sólida em todo o período analisado. Possui capital circulante líquido, necessidade de capital de giro e saldo de tesouraria positivos, mostrando que, mesmo necessitando temporariamente de capital de giro, o saldo de tesouraria suporta tais oscilações. Quadro 7. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Ligth SESA. Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 1.133.679 792.307 341.372 II Sólida 2009 960.087 600.201 359.886 II Sólida 2010 246.226 22.368 223.858 II Sólida A empresa apresenta fator de insolvência positivo em todo o período analisado. Há pequenas variações, partindo de 4,41 em 2008 para 3,65 em 2010, porém mantém-se solvente em todo o período. Quadro 8. Resultado do Modelo de Kanitz para a Ligth SESA. Ano 2008 2009 2010 Fator de Insolvência 4,41 4,66 3,65 Companhia Paranaense de Energia – COPEL Quadro 11. Resultado do Modelo de Fleuriet para a CPFL. Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 (469.569) (422.568) 2009 (92.578) (203.925) (47.001) V Muito Ruim 111.347 VI Alto Risco 2010 (490.684) (699.624) 208.940 VI Alto Risco O período analisado mostra que a empresa vem elevando sua capacidade de pagamento, saindo de uma situação de penumbra, para uma situação classificada como solvente, mostrando capacidade de quitar suas obrigações. Quadro 12. Resultado do Modelo de Kanitz para a CPFL. A COPEL apresenta ótima situação financeira, variando entre excelente e sólida dentro do período analisado. Apresenta capital circulante líquido e saldo de tesouraria positivo em todos os períodos analisados, e ausência de necessidade de capital de giro em 2008 e 2010. Em 2009 a empresa apresenta uma breve necessidade de capital de giro positivo, o que é suportado pela folga financeira apresentada pelo saldo de tesouraria. Quadro 9. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Copel. Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 1.577.979 (287.942) 1.865.921 I Excelente 2009 1.888.791 81.676 1.807.115 II Sólida 2010 1.620.989 (688.505) 2.309.494 I Excelente De acordo com os dados analisados, o fator de insolvência da empresa mantém uma média superior a 6 para o período analisado, mostrando que tem estabilidade financeira para honrar todos os compromissos assumidos pela organização. Quadro 10. Resultado do Modelo de Kanitz para a Copel. Ano 2008 2009 2010 Fator De Insolvência 6,18 6,92 5,97 17 A empresa apresenta os dois piores enquadramentos da tipologia financeira, passando de muito ruim em 2008 para alto risco em 2009 e permanecendo dessa forma em 2010. Essa situação fica evidenciada pela ausência de capital circulante líquido, o qual se encontra negativo, e pela necessidade de capital de giro negativo, revelando utilização dos recursos de curto prazo para cumprir com suas obrigações, fazendo com que a empresa converta seus ativos em disponibilidades para arcar com seus compromissos. Ano 2008 2009 2010 Fator de Insolvência -0,17 1,86 1,41 Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia – COELBA A COELBA apresenta uma variação negativa para o período analisado. Saindo de uma estrutura classificada como sólida, decaiu para a condição de insatisfatória, com saldo de tesouraria negativo, e necessidade de capital de giro positivo, revelando dependência de empréstimos para suprir a necessidade de capital de giro. Quadro 13. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Coelba. Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 185.941 15.744 170.197 II Sólida 2009 70.939 87.202 (16.263) III Insatisfatória 2010 159.785 263.540 (103.755) III Insatisfatória Para o período analisado, o fator de insolvência mostra certa estabilidade financeira para quitar suas obrigações, oscilando dentro do período, mas permanecendo acima de 3, longe da região de penumbra. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Quadro 14. Resultado do Modelo de Kanitz para a Coelba Quadro 18. Resultado do Modelo de Kanitz para a Comgás. Ano 2008 2009 2010 Ano 2008 2009 2010 Fator De Insolvência 3,64 3,49 3,57 Fator de Insolvência 0,77 1,36 1,16 Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF Oscilando entre as estruturas sólida e excelente, a empresa apresenta uma situação estável. Mantém um saldo positivo de tesouraria e de capital circulante líquido, o que a faz arcar com a necessidade de capital de giro temporária nos períodos de 2008 e 2010, o que não ocorre em 2009, quando a empresa manteve as mesmas variáveis positivas, conservando a necessidade de capital de giro negativa, dispensando capital de terceiros em suas operações. Quadro 15. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Chesf. Ano CCL NCG T 2008 583.724 109.504 474.220 2009 736.396 (42.610) 2010 1.223.251 32.759 Tipo Situação A empresa apresenta, em 2008 e 2009, situação financeira classificada como excelente, pois não houve necessidade de capital de giro, e seu capital circulante líquido é positivo, resultando em saldo de tesouraria positivo. Já em 2010 a empresa enquadrou-se na tipologia de alto risco, podendo significar risco de insolvência, o que pode ser explicado pela utilização de recursos disponíveis para quitar suas obrigações em detrimento do capital de terceiros, já que a necessidade de capital de giro permanece negativa. Quadro 19. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Elektro. II Sólida Ano CCL NCG T Tipo Situação 779.006 I Excelente 2008 725.527 (214.168) 139.695 I Excelente 1.190.492 II Sólida 2009 34.337 (185.446) 219.783 I Excelente 2010 (114.862) (141.518) 26.656 VI Alto Risco O fator de insolvência de Kanitz revela uma situação acima das expectativas para o período analisado, estando acima de 4 em todos os períodos, mostrando sólida capacidade de pagamento. Quadro 16. Resultado do Modelo de Kanitz para a Chesf. Ano 2008 2009 2010 Fator de Insolvência 4,94 5,41 7,21 Companhia de Gás de São Paulo – COMGÁS Conforme demonstrado, todos os períodos analisados enquadraram-se na tipologia muito ruim, apresentando capital circulante líquido, necessidade de capital de giro e saldo de tesouraria negativos, indicando corrosão dos recursos de curto prazo e, consequentemente, utilização do saldo de tesouraria para cumprir com suas obrigações. Quadro 17. Resultado do Modelo de Fleuriet para a Comgás. Ano CCL NCG T Tipo Situação 2008 (879.702) (342.517) (537.185) V Muito Ruim 2009 (417.173) (12.146) (405.027) V Muito Ruim 2010 (353.985) (156.903) (197.082) V Muito Ruim Para o período analisado, o fator de insolvência da empresa oscila próximo à zona de penumbra, partindo de zero em 2008, elevando-se em 2009 com um breve declínio em 2010. Contudo, sempre permaneceu acima de zero, mostrando-se solvente. 18 Elektro Eletricidade e Serviços S/A – ELEKTRO O fator de insolvência para o período analisado enquadra a empresa como solvente, não apresentando risco aparente de insolvência, encontrando-se distante da situação de penumbra. Quadro 20. Resultado do Modelo de Kanitz para a Elektro Ano 2008 2009 2010 Fator de Insolvência 3,27 3,58 3,09 Análise comparativa entre os dois métodos A similaridade entre os métodos se dá apenas por se tratarem de ferramentas que permitem identificar uma possível situação de insolvência. São ferramentas extremamente interessantes do ponto de vista financeiro, mas principalmente do ponto de vista contábil, pois utilizam dados extraídos das demonstrações contábeis partindo de abordagens diferenciadas, objetivando a mesma finalidade. No processo de análise, verificou-se que o Modelo Dinâmico de Fleuriet utiliza o resultado de três variáveis na determinação do tipo de situação financeira. Tal determinação não toma como base os índices de liquidez tradicionais, mas, por meio da redefinição do Balanço Patrimonial, relaciona entre si conjuntos de contas por similaridade, fazendo conhecida a situação financeira da organização por meio de confronto de saldos disponíveis e operacionais, conhecendo então a necessidade de capital de giro. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Dessa forma, o método revela se uma empresa tem ou não condições de quitar suas obrigações, e, caso esteja honrando seus compromissos, se esses têm sido quitados com recursos próprios ou de terceiros, ou ainda, se tal manutenção está ou não sendo vantajosa para a operacionalização da organização. O Modelo de Kanitz, por sua vez, indica a capacidade de uma empresa quitar suas obrigações baseado na identificação do Fator de Insolvência, que é obtido multiplicando-se os índices de liquidez tradicionais pelas variáveis criadas pelo professor Kanitz. Obtendo-se fatores maiores que zero, a empresa tem reduzidas chances de insolvência, fatores entre zero e -3 colocam a empresa em uma situação indefinida, e fatores inferiores a -3 revelam uma empresa com grandes chances de falência. Entretanto, apesar de tornar conhecida a capacidade de honrar seus compromissos, o Modelo de Kanitz não revela a situação financeira da organização, mas apenas se está quitando ou não suas obrigações, tornando imprescindível a utilização de análises adicionais para que a situação financeira de uma empresa seja conhecida em sua totalidade, como, por exemplo, indicadores de prazos médios, ou mesmo a análise individual de cada índice tradicional de liquidez. Dessa forma, a análise mostra discordância em quase todos os períodos analisados, pois Kanitz mostra Fator de Insolvência positivo para quase 100% das empresas do estudo, mas não mostra a origem do recurso utilizado para quitar as obrigações adquiridas pelas organizações, e o único caso em que o Fator de Insolvência é negativo, a situação é de penumbra, não podendo ser considerada como insolvente. Além disso, é importante destacar que, muitas dessas empresas consideradas como solventes pelo Modelo de Kanitz, estão com situação financeira classificada pelo Modelo de Fleuriet como: Insatisfatória, Péssima, Muito Ruim e Alto Risco, mostrando que, apesar de solventes, a situação financeira de tais empresas é no mínimo complicada. Considerando as empresas como organismos vivos, e que estão igualmente sujeitas a todas as variáveis possíveis, isto é, mesmas condições de mercado, mesmos problemas econômicos, mesmas crises e mesmos incentivos, como se pode explicar que, para um mesmo segmento operacional, há empresas equilibradas com patrimônio sólido, e outras caminhando rumo à falência em plena queda livre? Esse contexto originou este estudo, que explorou ferramentas adicionais para que, além de estudar e controlar o patrimônio, a contabilidade possa oferecer, também, respostas práticas para que decisões possam ser tomadas a tempo de salvar um negócio que viria a fracassar, ou de resguardar um patrimônio que poderia ser investido em uma empresa às portas da falência, oferecendo suporte diferenciado a seus usuários. 19 Dentre as muitas ferramentas de que dispõe a contabilidade, foram estudados dois importantes modelos de indicadores de solvência, o Modelo Dinâmico de Fleuriet e o Modelo de Kanitz. Ambos foram confrontados a fim de evidenciar aquele que mostra mais claramente a situação financeira das empresas contidas neste estudo, respondendo, então, ao problema de pesquisa, que versou sobre qual modelo representava com mais nitidez a situação financeira das empresas de capital aberto do ramo de energia. Depois de efetuados todos os cálculos, e feitas todas as análises, verificou-se que o modelo desenvolvido pelo Professor Kanitz revelou a capacidade de solvência das empresas estudadas, entretanto, não apontou a situação financeira dessas organizações, divergindo do objetivo principal desta pesquisa. Sendo assim, conclui-se que o Modelo Dinâmico de Fleuriet foi aquele que revelou com mais nitidez a situação financeira das empresas constantes deste estudo, atendendo, assim, ao problema de pesquisa proposto, confirmando, então, a hipótese inicial deste estudo, e contribuindo para que gestores, administradores e profissionais da área contábil possam contar com mais essa ferramenta no processo decisório. Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Martins GA 2000. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo:Atlas. 2. Vergara SC 2011. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas. 3. Exame 2011. Especial Maiores & Melhores: As 1000 maiores empresas do Brasil. São Paulo:Abril. 4. CVM 2012. Comissão de Valores Mobiliários. Dados cadastrais. [http://www.cvm.gov.br/indexpo.asp]. 5. Marion JC 2010. Análise das Demonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas. 6. Blanc G, Fleuriet M, Kehdy R 2003. O modelo Fleuriet. São Paulo: Elsevier. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Julho 2013 Aceito em Setembro 2013 A Competência da Justiça do Trabalho para Executar, de Ofício, as Contribuições Sociais Previstas no art. 195, inc. I, “a”, e inc. II, da CF/88 Leonardo Nunes Marques1, Mauro Carriço Nascimento2 1 Docente da Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas, ES, Brasil 2 Bacharel pela Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas, ES, Brasil Resumo A Emenda Constitucional de n. 20/98 atribuiu à Justiça do Trabalho a competência para executar, de ofício, as verbas previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir. Posteriormente, foram editadas a Emenda Constitucional n. 45/04 e as Leis n. 10.035/2000 e n. 11.457/2007, a primeira para dar nova redação à Emenda Constitucional n. 20/98 e as segundas normas para disciplinar as referidas Emendas. Nesse contexto, a Justiça do Trabalho passou a intimar, independentemente de manifestação das partes, a União Federal para compor a lide e realizar a cobrança judicial das verbas previdenciárias decorrentes da relação empregatícia reconhecida, diversamente do que ocorria anteriormente, quando a atuação da Justiça do Trabalho limitava-se ao reconhecimento do vínculo empregatício e a cobrança das verbas previdenciárias era realizada por iniciativa exclusiva do sujeito ativo da relação jurídica tributária. Desde então, muito se tem discutido acerca da validade das referidas Emendas Constitucionais, bem como das leis que as regulamentaram, frente aos comandos constitucionais e às normas tributárias então vigentes. Se, por um lado, observa-se parte da doutrina sustentando a constitucionalidade das regras editadas com o objetivo de ampliar a competência da Justiça do Trabalho, de outro, nota-se a adesão de juristas a entendimento em sentido diverso. O objetivo deste artigo, portanto, é apreciar a validade constitucional da outorga de competência, à Justiça do Trabalho, para executar de ofício as verbas previdenciárias oriundas das sentenças que proferir. Palavras-chave: Emendas Constitucionais n.s 20/98 e 45/04 – Justiça do Trabalho – contribuições sociais. Introdução Em 15 de dezembro de 1998, a Emenda Constitucional n. 20 inseriu o § 3º no art. 114, da CRFB/88, in verbis: Art. 114 – [...] § 3º - Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. Seu texto autorizou a Justiça do Trabalho a executar de ofício as contribuições sociais devidas pelos empregadores, sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos aos trabalhadores, com os devidos acréscimos legais. A justiça laboral experimentou nova modificação em sua competência, em 09 de dezembro de 1999, com a Emenda Constitucional n. 24, que extinguiu os membros classistas da Justiça do Trabalho. Após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Reforma do Judiciário foi parcialmente aprovada e promulgada pela Emenda Constitucional n. 45, em 08 de dezembro de 2004. O inciso VIII, do art. 114 da Lei Maior, por sua vez, passou a trazer a seguinte previsão: Art. 114 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 20 legais, decorrentes das sentenças que proferir. Em 25 de outubro de 2000, editou-se a Lei Ordinária n. 10.035, com o intuito de disciplinar a EC n. 20/98. Esta lei introduziu o parágrafo único do art. 876 da CLT, que recebeu nova redação com o advento da Lei Federal n. 11.457/2007, o qual ratificou a impulsão oficial já contida na EC n. 20/98: Art. 876 – [...] Parágrafo Único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. Verificou-se, portanto, uma ampliação significativa da competência da Justiça do Trabalho com a introdução das Emendas Constitucionais n.s 20/98 e 45/04, e das Leis n.s 10.035/00 e 11.457/07. O objetivo do artigo, por sua vez, é exatamente avaliar a validade constitucional das normas em questão. Material e Métodos Este artigo resultou de uma pesquisa exploratória descritiva, que se desenvolveu a partir de um estudo bibliográfico. Teve seu objetivo alcançado por meio de revisão de literatura, que abarcou os autores de Direito do Trabalho, Tributário e Constitucional brasileiros. Resultados e Discussão Competência tributária O estudo da competência tributária se faz altamente significativo, no presente caso, pois as verbas previdenciárias que passaram a ser executadas de ofício pela justiça especializada são uma espécie de tributo. Em matéria de competência tributária, há três prismas distintos que não devem ser confundidos. Um instituto é a competência para criar e legislar sobre o tributo. Outro é a competência para efetuar a cobrança do tributo. Um terceiro instituto, por sua vez, é a competência para decidir os conflitos que envolvem a matéria tributária. Portanto, para melhor compreensão do tema, deve-se classificar a competência tributária como gênero, do qual são espécies a competência legislativa tributária, a competência administrativa tributária e a competência judicial tributária. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Competência judicial tributária e as ECS 20/98 e 45/04 É cediço que a jurisdição é una e indivisível, porquanto se traduz em manifestação do poder estatal. Dada a ampla área de atuação do poder jurisdicional, este deve ser exercido por meio de órgãos distintos, objetivando atingir melhores resultados por meio da especialização, motivo pelo qual se criaram os critérios judiciais de competência. Dentre os critérios de fixação da competência (territorial, funcional, em razão do valor da causa, etc.), há aquele ligado à matéria, do qual decorre a noção de competência material. Esta permite identificar o órgão judicial que apreciará determinado processo, considerando-se a matéria objeto da lide. Assim, antes da EC n. 20/98, as verbas previdenciárias eram discutidas primeiramente na esfera administrativa, e, posteriormente, cobradas nas varas federais comuns. Até então, tratava-se de competência da Justiça Federal Comum, conforme previsto no art. 109, I, da CRFB/88. Com a edição da EC n. 20/98, atribuiu-se à Justiça Federal Especializada Trabalhista a competência para processar e julgar a exigência das contribuições sociais previstas no art. 195, II, “a”, e inc. II, da CF/88 envolvidas nas relações trabalhistas postas previamente sob sua apreciação. Nestes termos, a EC n. 20/98, no ponto em que transferiu da Justiça Federal Comum para a Justiça Federal Trabalhista, a função de processar a cobrança judicial das verbas previdenciárias, provenientes das sentenças proferidas pela Justiça do Trabalho, introduziu em nosso ordenamento jurídico nova regra de competência judicial tributária. A Execução das Contribuições Previdenciárias A Emenda Constitucional N. 20/98 A Emenda Constitucional n. 20/98 introduziu o parágrafo 3º, ao art. 114, da CRFB/88, com a seguinte redação: “Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir”. Com o advento da Emenda Constitucional n. 45/2004, este dispositivo legal passou a vigorar no inciso VIII, do art. 114 da CRFB/88, com a substituição do verbo executar pelo termo “processar e julgar a execução”. O Conteúdo da Norma Os termos contidos no dispositivo constitucional, objeto de estudo, merecem uma análise específica de sua denotação. Assim, importante se faz o emprego da hermenêutica 21 jurídica, para se obter uma compreensão mais vívida da intenção do legislador. Portanto, neste momento, utilizar-se-á uma interpretação literal/gramatical da regra sob apreciação. O termo “processar e julgar a execução” significa conduzir o processo expropriatório, com o consequente deslinde das questões que surgem em seu curso. Já o termo “de ofício” indica que a tarefa será desenvolvida sem provocação, sem que exista requerimento de alguma das partes. “Decorrer”, por sua vez, significa ter origem em, proceder, derivar. Assim, “decorrentes das sentenças que proferir” remete às contribuições oriundas das relações jurídicas laborais reconhecidas pelas sentenças exaradas pela Justiça do Trabalho. A análise isolada destes termos nos permite concluir que a edição da EC n. 20/98 visa a atribuir à Justiça do Trabalho a competência para praticar os atos tendentes ao início e à condução da fase de execução, independentemente de qualquer impulso das partes, dos créditos previdenciários decorrentes da incidência tributária sobre eventos que possuem natureza trabalhista e foram reconhecidos em sentença como ocorridos no mundo fenomênico. Leis Federais N. 10.035/00 e 11.457/07 Visando à regulamentação da execução de ofício das verbas previdenciárias prevista pela EC n.º 20/98, editou-se a Lei n. 10.035/00. Posteriormente, veio a lume a Lei n. 11.457/07, promovendo algumas complementações pontuais. Lei n. 10.035/00 A lei em epígrafe promoveu significativas inovações na CLT. Foram alvos destas inovações os artigos 831, 832, 876, 878, 879, 880, 884, 889 e 897. No que pertine ao presente estudo, foi incluído o parágrafo único, do art. 876, da CLT, ratificando o disposto na EC n. 20/98, quanto à execução de ofício das verbas previdenciárias, da seguinte forma: Art. 876 – [...] Parágrafo Único – Serão executados ex officio os créditos previdenciários devidos em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo. O art. 878-A, também incluído pela Lei em epígrafe, faculta ao empregador o pagamento imediato da parte que entender devida à Previdência Social. Porém, isto não prejudica as cobranças futuras de eventuais diferenças apuradas durante a execução. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 O art. 879 da CLT foi alterado por meio da inclusão dos §§ 1º-A, 1º-B, 3º e 4º, conforme disposto a seguir: Art. 879 – [...] § 1º-A – A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas. § 1º-B – As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. [...] § 3º - Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação por via postal do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por intermédio do órgão competente, para manifestação, no prazo de dez dias, sob pena de preclusão. § 4º - A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. O caput, do art. 880, da CLT, recebeu nova redação, incluindo a expressão: “incluídas as contribuições sociais devidas ao INSS”, para que estas sejam, também, pagas no prazo de 48 horas, sob pena de penhora, in verbis: Art. 880 – O juiz ou presidente do tribunal, requerida a execução, mandará expedir mandado de citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas, ou, em se tratando de pagamento em dinheiro, incluídas as contribuições sociais devidas ao INSS, para que pague em quarenta e oito horas, ou garanta a execução, sob pena de penhora. Alterou-se também o teor do § 4º, do art. 884 da CLT. Onde antes se lia “julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à liquidação”, agora se lê: “Julgarse-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à liquidação pelos credores trabalhista e previdenciário.” Os §§ 1º e 2º do art. 889-A da CLT, disciplinam, respectivamente, a hipótese de suspensão da execução das contribuições previdenciárias em caso de concessão de parcelamento do débito que lhes diz respeito pelo órgão previdenciário e a remessa mensal das cópias das guias pertinentes aos recolhimentos efetivados nos processos das citadas contribuições pelos órgãos trabalhistas e Previdência Social. Quanto ao § 3º do art. 897 da CLT, foi mantida a competência privativa e monocrática do Juízo na primeira fase executória. Já o § 8º do mesmo artigo, prestigiando a celeridade processual, determinou a formação de autos apartados a serem remetidos à instância superior, quando o 22 Agravo de Petição versar tão-somente sobre contribuições previdenciárias. Buscou-se, portanto, evitar delongas na execução do privilegiado crédito do empregado.1 Lei n. 11.457/07 Sete anos mais tarde, foi editada a Lei n. 11.457/07. Ao art. 832 da CLT, além da alteração no § 4º, foram incluídos os §§ 5º, 6º e 7º, tratando, respectivamente, da possibilidade de interposição de recurso por parte da União, no concernente aos tributos devidos em acordos que contenham parcela indenizatória; da segurança quanto aos créditos da União, caso seja celebrado acordo após o trânsito em julgado; e da possibilidade do Ministro de Estado da Fazenda, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União nas decisões homologatórias de acordos. Substituiu-se, também, no parágrafo único do art. 876, a expressão “créditos previdenciários”, por “contribuições sociais”. Este último, mais abrangente, aborda não apenas as verbas previdenciárias, mas também as contribuições sociais gerais, quais sejam, a contribuição ao salário-educação (art. 212, § 5º, CRFB/88) e as contribuições destinadas aos serviços sociais autônomos – sistema “S” – (art. 240, CRFB/88). No art. 879 da CLT, incluiu-se o § 5º, permitindo ao Ministro de Estado da Fazenda, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União se o valor total das verbas que integram o salário-de-contribuição, ocasionar perda de escala devido atuação do órgão judicial. Por fim, o diploma normativo em questão substituiu o termo “INSS” pela expressão “Secretaria da Receita Federal do Brasil”, na redação de diversos pontos da CLT. A mudança se fez necessária devido à alteração promovida pelo art. 16 da Lei 11.457/07, que tornou a União responsável pela cobrança das verbas previdenciárias. A Validade da Outorga de Competência Promovida pela EC N. 20/98 Alguns estudiosos do direito questionam a validade da outorga, à Justiça do Trabalho, da competência para executar de ofício as verbas previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir. A título exemplificativo, o doutrinador Sérgio Pinto Martins sustenta seu inconformismo acerca do tema, chamando de aberração jurídica a intervenção da União para executar um valor que não é título executivo judicial, pois a mesma não participou da fase de conhecimento.2 Há estudiosos, por sua vez, que entendem haver um desrespeito aos limites do poder constituinte derivado, estando a CRFB/88 impossibilitada de delegar tal competência arrecadatória ao Poder Judiciário, visto ser esta uma atribuição exclusiva do Poder Executivo. Há quem entenda, por outro lado, que a aludida outorga de competência ofende a tripartição dos SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 poderes. E a discussão segue com apontamentos que deságuam em desrespeito ao princípio do devido processo legal, nas feições princípio do contraditório e da ampla defesa na esfera administrativa. Constituição do Crédito Tributário e a Execução de Ofício das Contribuições Previdenciárias – A Violação ao Art. 146, Iii, “B”, da Cf/88 C/C Art. 142, do CTN e ART. 204, do CTN O art. 142, do CTN, estabelece categoricamente que o lançamento constitui o crédito tributário. Depreende-se desta afirmação que não há outra maneira de constituir o crédito tributário, a não ser pelo lançamento. Sabe-se também que o ato de lançar é exclusivo da autoridade administrativa, não podendo ser outorgado a outrem. Assim, o lançamento é o meio apto e adequado de formalização da relação jurídico-tributária. Atualmente, o STJ tem entendido, como demonstra a Súmula 436, que “a entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo o débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.” Logo, a declaração do contribuinte, no crivo dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, estaria substituindo o lançamento do crédito tributário, pois este, igualmente àquele, constituiria o crédito tributário. Desse modo, apenas duas formas de constituição do crédito tributário seriam admitidas em nosso ordenamento jurídico pelos tribunais: o lançamento e a declaração de débito do contribuinte. Da redação das Leis nºs 10.035/00 e 11.457/07, por sua vez, se extrai a noção de que é a contadoria, ou o próprio juiz, que, dando a última palavra sobre a liquidação do valor devido a título de contribuição previdenciária, quantificam o objeto e identificam os sujeitos da relação jurídica tributária, o que, em linhas gerais, trata-se de substituição das funções atribuídas ao ato administrativo de lançamento. Como se não bastasse, tais atos praticados pelo Poder Judiciário pretendem substituir a formalização do título executivo a ser objeto de satisfação, sem a prévia inscrição do débito em dívida ativa e a emissão da competente certidão de dívida ativa. Considerando-se que, nos termos das Leis n. 10.035/00 e 11.457/07, a formalização do crédito tributário fica a cargo da contadoria do juízo, percebese que a hipótese não se amolda às duas vias de constituição do crédito tributário antes mencionadas. De acordo com a sistemática prevista pelas Leis n. 10.035/00 e 11.457/07, a execução se fará sem que antes seja formalizada a obrigação de pagar o tributo, por meio do lançamento, ou por meio de declaração de débito do próprio sujeito passivo. Seguindo este raciocínio, verifica-se que as leis que regulamentaram a execução de ofício das verbas previdenciárias não previram a prática do lançamento. 23 É por este motivo que Alexandre Macedo Tavares e Marcus Vinícius Mendes entendem que a sentença trabalhista estaria constituindo o crédito tributário por meios alheios ao lançamento. Haveria, portanto, a substituição do lançamento pela sequência de atos que resultam na execução de ofício do débito previdenciário. Para os estudiosos mencionados, então, o ato constitutivo do crédito tributário seria a sentença trabalhista. Seguindo o caminho inverso, há aqueles que entendem que se trata de simples execução do tributo, sem prévia constituição do crédito tributário pelo lançamento ou por qualquer outro ato que o substitua, sem qualquer mácula de validade. Este é o entendimento de Sérgio Pinto Martins, o qual aduz que a Lei 10.035/00 apenas operacionaliza o processo de execução do crédito previdenciário, in verbis: A Lei nº 10.035 não é inconstitucional pelo fato de que somente lei complementar é que pode regular a constituição do crédito tributário (art. 145, III, b da Constituição). Lei complementar é o Código Tributário Nacional. A Lei nº 10.035 é lei ordinária e não complementar. Entretanto, a Lei nº 10.035 não está constituindo o crédito previdenciário, está operacionalizando como executar o valor devido no processo trabalhista pelo empregador à União, como o faz a Lei nº 6.830 para a execução fiscal. A CLT, no aspecto, não trata de direito material, mas de direito processual.2 O aludido doutrinador acrescenta, ainda, que a sentença trabalhista não representa fato gerador ou lançamento da contribuição da seguridade social. Além disso, o lançamento da contribuição previdenciária não poderia ser feito pelo Procurador da União, pois esta não é sua atribuição.2 Não obstante a EC n. 20/98 tenha permitido a execução de ofício das verbas previdenciárias das sentenças proferidas pela Justiça do Trabalho, a mesma não estabeleceu especificamente o procedimento a ser adotado no desempenho de tal tarefa. Houve apenas a outorga de competência judicial tributária e a previsão de que a execução seria processada de ofício. No texto normativo em questão, inexiste previsão de que o instituto do lançamento deveria ser substituído por outro ato ou procedimento. Por outro lado, as Leis Ordinárias, que disciplinam a Emenda Constitucional supracitada, foram responsáveis por estabelecer a supressão do lançamento e a sua substituição por uma sequência de atos judiciais que resultam na quantificação do crédito tributário, em clara afronta ao art. 142, do CTN. A leitura do art. 879, da CLT, mais especificamente dos seus § 1º-A, § 1º-B e § 3º, introduzidos pelas Leis SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 nº 10.035/00 e 11.457/07, evidenciam, no entanto, que ficou a cargo do magistrado ou da contadoria do juízo a competência para quantificar a relação jurídica tributária que será objeto da execução de ofício. A partir da formalização da relação jurídica trabalhista pela sentença transitada em julgado, a legislação ordinária em apreço autorizou à contadoria do juízo e ao próprio magistrado a formalizar a relação jurídica tributária, sem lançamento prévio, por meio da indicação dos sujeitos e da quantificação do seu objeto. A formalização da relação jurídica tributária por ato diverso do lançamento, por sua vez, apenas pode ser autorizada por lei complementar, conforme prevê o art. 146, III, “b”, da CRFB/88. Considerando que as Leis n. 10.035/00 e 11.457/07 não são Leis Complementares, verifica-se que não estão aptas a ensejar modificações na forma de acertamento da relação jurídica tributária, no que concerne à formalização do crédito tributário. Nesse diapasão, percebe-se que as aludidas Leis Ordinárias tutelaram algo que não foi objeto de deliberação pela EC n. 20/98, ou seja, a constituição do crédito tributário. Os ensinamentos do saudoso Ruy Barbosa Nogueira apontam para o entendimento de que é vedado ao Poder Judiciário operacionalizar o lançamento, podendo apenas intervir no controle de legalidade de tal ato, in verbis: O Poder Judiciário poderá ser chamado a intervir no controle de legalidade do procedimento de lançamento ou da lesão de direito, podendo anular no todo ou em parte o lançamento, mas na verdade ele não opera o lançamento que é ato privativo da administração.3 O lançamento é imprescindível para a formalização do crédito tributário, visto ser ele o responsável por sua constituição. Dessa forma, salvo disposição de Lei Complementar em sentido diverso, o ato administrativo em questão não pode ser substituído por uma sequência de atos judiciais. Como se viu, a EC nº 20/98 introduziu no ordenamento jurídico pátrio regra de competência judicial tributária. A norma não promoveu alterações nos procedimentos de formação da relação jurídica tributária. O que a EC fez foi determinar que o processamento e o julgamento da execução das verbas previdenciárias se faria de ofício. O que significa que, independentemente da provocação da União Federal, a execução das verbas previdenciárias seria impulsionada. Isso não implica, todavia, transferir para o Poder Judiciário a competência para a constituição do crédito tributário. Nesse sentido, os § 1º-A, § 1º-B e § 3º, do art. 879, da CLT, introduzidos pelas Leis nºs 10.035/00 e 11.457/07 são inconstitucionais por violação ao art. 146, inc. III, “b”, da CF/88 e afrontosos ao conteúdo do art. 142, do CTN. 24 Como se não bastasse, vale destacar que o Código Tributário Nacional estabelece requisito e procedimento próprio para a atribuição de liquidez e certeza ao crédito tributário executável. A esse respeito, vale mencionar que o art. 204, do CTN, determina que “(...) a dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída”. As Leis Ordinárias examinadas, todavia, ao pretenderem descrever atos judiciais responsáveis por atribuir liquidez e certeza ao crédito objeto da execução, trataram de matéria afeta à lei complementar (art. 146, inc. III, “b”, da CF/88) e já disciplinada pelo Código Tributário Nacional. Como cediço, toda execução deve ter como objeto um título executivo. No âmbito do Direito Tributário, é a certidão de dívida ativa que, atribuindo liquidez e certeza ao débito, cumpre esse papel. Considerando-se, todavia, que a normatização do tema foi atribuída pelo constituinte originário ao legislador complementar e a EC nº 20/98 não dispôs de modo diverso, as Leis ordinárias nºs 10.035/00 e 11.457/07 contêm, neste pormenor, normas inválidas. Limites do Poder Constituinte Reformador Tripartição dos poderes A Teoria da Separação dos Poderes (ou Tripartição dos Poderes do Estado) é a teoria da ciência política criada por Montesquieu, no livro “O Espírito das Leis”. Neste livro, Montesquieu analisou as relações que as leis têm com a natureza e os princípios de cada governo, desenvolvendo a teoria de governo que alimenta as idéias do constitucionalismo. Trata-se, em síntese, de distribuir a autoridade por meios legais, evitando-se o arbítrio e a violência.4 Montesquieu descreveu a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário e concluiu que só o poder pode frear o poder, no chamado “Sistema de Freios e Contrapesos” (Checks and Balances). Daí a necessidade de cada poder manter-se autônomo e constituído por diferentes grupos.4 Esta teoria foi adotada por grande parte dos Estados modernos, porém de maneira mais branda, conforme suas realidades sociais e históricas. Assim, atenuou-se a teoria que pregava a separação pura e absoluta dos poderes, para permitir maior interpenetração entre os mesmos. Então, além do exercício das funções que são típicas de determinado poder, este exerce também funções atípicas, ou seja, inerentes a outro poder.5 A esse respeito, Eduardo Fortunato Bim sustenta que a execução de ofício das verbas previdenciárias pela Justiça do Trabalho afronta o aludido princípio, pelos seguintes argumentos: SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 A competência da Justiça Laboral para executar as contribuições previdenciárias por si só não seria inconstitucional. Transferir, parcialmente, a atribuição de um órgão (Justiça Federal) a outro (Justiça Trabalhista) não implica de per si ofensa à tripartição de poderes, pois a competência continuaria no mesmo poder. O que não podemos aceitar, sob pena de comprometer esse princípio, é a execução de ofício das referidas contribuições, pois isso exige que o magistrado do trabalho apure (leia-se, lance) as referidas contribuições previdenciárias antes de executá-las, invadindo esfera reservada ao Executivo porque o lançamento é ato privativo da Administração.6 Os tributaristas Alexandre Macedo Tavares e Marcus Vinícius Mendes Mugnaini compartilham do mesmo entendimento. Para eles, a EC n. 20/98, ao determinar a execução de ofício das verbas previdenciárias, viola a cláusula pétrea de separação dos poderes, prevista no art. 60, § 4º, III, da CRFB/88. Defendem seu posicionamento, nos seguintes termos: Impõe-se destacar, à obviedade do ‘sistema de freios e contrapesos’ (checks and balances) que operacionalizam o postulado da tripartição das funções estatais, que o fato do Judiciário poder efetuar o controle externo do lançamento não significa que ele próprio possa concretizá-lo. Não compete ao magistrado lançar um tributo, a contrario sensu, cabe-lhe tão-somente controlar a legalidade do lançamento efetuado pela autoridade administrativa, anulando-o total ou parcialmente se for o caso.7 Explana Leonardo Mazzillo que tanto a EC n. 20/98, quanto as leis que a regulamentam, ofenderam ao Princípio da Tripartição dos Poderes, previsto no art. 2º da CRFB/88. Fez, portanto, que esta justiça especializada passasse a praticar atos típicos do Poder Executivo, promovendo desarmonia na separação dos poderes. Vejamos a explanação: Voltando-se os olhos, agora, para o caso em estudo, verifica-se, num primeiro momento, que a transferência de competência do Executivo para o Judiciário, autorizada pela indigitada Emenda Constitucional nº 20/1998, poderia levar o operador do direito à conclusão de que esta última esfera de Poder passaria a preponderar sobre a primeira, em prejuízo da harmonia que deve existir entre elas e dos desígnios encartados em nossa Lei Maior. 25 Na prática, contudo, o desequilíbrio que se verifica é em sentido diametralmente oposto, porquanto essa outorga de competências à Justiça do Trabalho parece ter-lhe trazido menos “poderes” do que encargos burocráticos e funções de escritório, originalmente atribuídas, em boa parte das circunstâncias, aos funcionários do baixo escalão do INSS. [...] As inovações trazidas pela Emenda Constitucional nº 20/1998 e pela Lei nº 10.035/2002 fazem muito pior do que simplesmente desequilibrar e desarmonizar os “Poderes” da República; elas promovem verdadeira subjugação de um “Poder” em relação a outro, apagando a nítida e bem definida linha que até então os separava, em frontal ofensa aos princípios que, não por acaso, encabeçam nosso Texto Constitucional.8 A despeito da sapiência dos doutrinadores citados, entende-se que a Emenda Constitucional sob análise não está maculada pelo vício da inconstitucionalidade. Conforme mencionado anteriormente, a teoria da tripartição dos poderes não foi empregada pelos Estados modernos com separação pura e absoluta dos poderes. Houve uma adequação à realidade de cada Estado, para permitir melhor eficiência e maior interação entre os poderes. Nesse sentido, ainda que a EC nº 20/989 houvesse outorgado competência de lançamento para o Poder Judiciário, a norma examinada não padeceria de inconstitucionalidade. É perfeitamente aceitável que a Justiça do Trabalho adote procedimentos que impliquem na formalização do crédito tributário sem implicar ofensa à tripartição dos poderes, desde que este procedimento seja previsto em Lei Complementar. Relembre-se, no entanto, que a determinação de processamento de ofício da execução das verbas previdenciárias pelo Poder Judiciário não se seguiu de disposição no sentido de autorizar a autoridade judiciária a promover a constituição do crédito tributário. A EC n. 20/98 somente estabeleceu que o Poder Judiciário impulsionasse de ofício a execução das verbas previdenciárias, sem a substituição ou anulação da participação do Poder Executivo. Eventual exagero está contido nas Leis n. 10.035/00 e 11.457/07, o que não reflete em ofensa ao princípio ora analisado, tampouco ecoa na inconstitucionalidade da EC n. 20/98. Devido processo legal, contraditório e ampla defesa O devido processo legal é um dos princípios mais comezinhos do ordenamento jurídico brasileiro. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Encontra-se positivado no art. 5º, LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.” Este princípio é de fundamental importância, tanto no processo judicial, quanto no processo administrativo de controle de legalidade do lançamento. A este respeito, merecem menção as palavras de Bianca Del Pilar de Souza Lara: É imprescindível que o administrado tenha amplo acesso a todas as peças e documentos do processo, para que possa de fato defender-se contra a pretensão de crédito da Administração Pública, formalizada em seu desfavor, bem como deve-se assegurar ao mesmo a produção de provas necessárias à comprovação de suas alegações, a fim de que seja perseguida a verdade real.9 Então, considerando-se o alcance do princípio do devido processo legal e suas inapeláveis vertentes – de índole substancial e processual – alguns autores chegaram à conclusão de que a EC n. 20/98 e suas leis regulamentadoras (n.10.035/00 e 11.457/07), não passam pelo crivo de conformação da ordem jurídicoconstitucional vigente, no concernente à execução de ofício das contribuições à seguridade social. Alexandre Tavares e Marcus Mugnaini sustentam, a propósito, que: [...] vez que em total desapego ao postulado ao devido processo legal, nossos parlamentares, ao aprovarem a EC 20/98 e a lei regulamentadora (Lei 10.035/00) da execução de ofício de contribuições à seguridade social, acabaram patrocinando: a) a dispensa da iniciativa da parte (nemo judex sine actore) para a instauração da execução de um crédito desnubladamente tributário; b) a instauração de uma fase executória de natureza mista, isto é, de créditos originariamente distintos e inconfundíveis (trabalhista e tributário); c) anômala execução de crédito tributário não liquidado e acertado pela autoridade fazendária, isto é, não regularmente constituído mediante o ato jurídico vinculado e obrigatório do lançamento, e; d) a instauração de um executivo fiscal sem o apropriado título pertencente à espécie (certidão de dívida ativa).10 O advogado Leonardo Mazzillo também entende que há ofensa ao princípio do devido processo legal, pois para que haja cobrança de determinado tributo se faz necessário o lançamento com a notificação do devedor para apresentação de defesa na esfera administrativa. 26 Nesse sentido é o seguinte questionamento trazido pelo referido autor, em artigo publicado que trata do assunto: De fato, se antes do contribuinte ser privado de parcela de seus bens, por meio de penhora, depósito ou meio afim, não existe sequer “processo” tratando do mérito da exigência fiscal, que se pode dizer então de um “processo legal” ou, mais ainda, de um “devido processo legal”?11 Segundo Eduardo Sabbag, o contraditório é o procedimento no qual tudo o que de relevante é praticado no processo por uma das partes deve ser do conhecimento da parte contrária. Já a ampla defesa permite que as partes aleguem tudo aquilo que for útil na defesa da pretensão posta em juízo.12 Destarte, o contraditório está intimamente ligado ao direito de resposta, decorrente da bilateralidade do processo. Enquanto a ampla defesa, adstringe-se ao direito de produção de teses e provas, observando-se a boa fé e a lealdade processual. Ao caso em tela, salta aos olhos que a ausência de lançamento resulta na inexistência de certidão de dívida ativa e de revisão da legalidade do ato de constituição do crédito tributário na via administrativa. Assim, restam prejudicados o contraditório e a ampla defesa na esfera administrativa. Ressalte-se que as sentenças proferidas na Justiça do Trabalho, reconhecem apenas a existência da relação jurídica de natureza trabalhista. Isso significa que ela somente dá fundamento à formalização da relação jurídica de natureza trabalhista. A relação jurídica de natureza tributária demanda constituição pelo ato administrativo de lançamento. E o ordenamento constitucional garante ao contribuinte o direito de submeter a análise da validade do ato à própria Administração Pública. Sendo assim, dotar a cobrança previdenciária de presunção de liquidez e certeza sem antes franquear ao contribuinte, que sequer declarou a existência do débito, a possibilidade de questionamento administrativo, sem dúvida representa cerceamento de seu direito de defesa. A cobrança das verbas previdenciárias, como observado, é realizada nos próprios autos da reclamação trabalhista, sem prévio lançamento pela autoridade competente ou trâmite processual administrativo que justifique o valor apontado como devido. Ainda que se possa argumentar que ao contribuinte restaria a possibilidade de discutir a exigibilidade do crédito tributário na via judicial, mesmo assim seria inegável que as leis examinadas lhe retiraram a possibilidade de exercício de um direito constitucionalmente garantido (devido processo legal administrativo) e condicionaram o questionamento da exigência à privação patrimonial inerente à via da execução judicial. Dessa forma, é possível chegar à ilação de que a referida cobrança, na condição como é realizada, afronta os princípios do devido processo legal, nas vertentes princípio do contraditório e da ampla SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 defesa, gerando prejuízos formais e materiais que são suportados injustamente pelo contribuinte. Isso não significa, contudo, a inconstitucionalidade da EC n. 20/98, haja vista que nela não está contido o procedimento, que especificamente se aponta como inválido. Vale registrar, por fim, que a mácula de inconstitucionalidade não afeta a EC nº 20/98, nos termos da redação que lhe foi atribuída pelo legislador derivado. Isto porque o diploma normativo se limitou a prever o sistema da “execução de ofício”, sem estabelecer procedimentos específicos para tanto. As leis ns.10.035/00 e 11.457/07, todavia, no desempenho da tarefa de operacionalizar o que supostamente foi autorizado pela EC nº 20/98, incorreram em grave inconstitucionalidade. A conclusão a que se chega a partir do estudo implementado nestas poucas páginas é a de que a Emenda Constitucional n. 20/98 e a Emenda Constitucional n. 45/04, no que concerne à outorga, à Justiça do Trabalho, da competência para processar e julgar, de ofício, as verbas previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir, não padecem do vício da inconstitucionalidade. As Leis Ordinárias n.s 10.035/00 e 11.457/07, no entanto, constituem normas inválidas por violação ao art. 146, inc. III, “b”, da CF/88, art. 142 e 204, do CTN, e ao princípio do devido processo legal (contraditório e ampla defesa). Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Koffler J. 2008. Educação ou lavagem cerebral? Escola sem Partido [http://www.escolasempartido.org /?id=38,1,article,2,214,sid,1,ch]. 2. Oecd. 2009. The PISA 2009 profiles by country/ economy. Comparativo de desempenho estudantil entre vários países [http://stats.oecd.org/PISA2009Profiles]. 3. Ferrari M. 2008. Platão, o primeiro pedagogo. Nova Escola. [http://revistaescola.abril.com.br/historia/ pratica-pedagogica/primeiro-pedagogo-423209.shtml]. 4. Ferrari M. 2008. Martinho Lutero, o autor do conceito de educação útil. Nova Escola [http:// revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/ autor-conceito-educacao-util-423139.shtml]. 5. Gaertner R. 2004. 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Fraga2 1 Discente da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, ES, Brasil 2 Docente da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, ES, Brasil Resumo A sucessão é um dos principais tópicos abordados por estudos sobre empresas familiares. Existe um grande interesse nessa área, pois a mortalidade é um dos principais problemas que afetam estas empresas, sendo que um dos fatores podem ser questões relacionadas à sucessão. Esta pesquisa objetiva analisar como ocorre o processo sucessório em uma empresa familiar no ramo de confecções de roupas femininas. Portanto, os procedimentos metodológicos que norteiam a pesquisa, partem de um estudo de caso de um processo sucessório em andamento. O tratamento e a análise dos dados coletados são apresentados pelos preceitos da análise do conteúdo, tratandose de uma análise qualitativa das pesquisadoras com relação a estes dados. As categorias pesquisadas que emergiram da coleta e receberam tratamento foram: empresa familiar e processo sucessório. Os resultados mostram que está havendo certo preparo antes da sucessão e, em muitos casos, até como a literatura recomenda. Dessa forma, e em certos aspectos, esta preparação vem favorecendo o processo sucessório, principalmente, por três aspectos: a perspectiva favorável do sucessor, imagem e confiança no futuro sucessor e a liderança préassumida pelo herdeiro. Palavras-chave: Empresa familiar; processo sucessório. Introdução As empresas familiares representam uma grande parcela no meio empresarial, tanto no Brasil quanto nos demais países. Segundo Trevisane Júnior1 90% dos grupos privados são controlados por membros familiares. Portanto, as empresas familiares fazem parte da estrutura para sustentação da economia. Em geral, a grande maioria das organizações começaram suas atividades como empresas familiares, sendo conduzidos pelo fundador, filhos, netos, ou em outras palavras, pelos membros familiares. Dados revelam que “30% das empresas familiares sobrevivem à segunda geração, e apenas 5% passam para a terceira geração”.2 Quando se trata de empresas familiares é importante que exista por parte do fundador, a preocupação quanto ao preparo do futuro gestor e é preciso muita cautela e algumas decisões que determinarão uma nova fase da empresa. Ao descrever gestão familiar é difícil não abordar a questão de envolvimento de sentimentos pessoais e profissionais. Dentro desse contexto fica implícito como vida profissional e vida familiar se misturam, mesmo quando as empresas familiares fazem uma definição clara de papéis. Como a sucessão se torna inevitável e de alto risco em função do fator mudança entre gerações o gestor, ao planejar a sucessão, deve compreender se o trabalho merece ser continuado e que seu patrimônio pode desaparecer rapidamente se seu destino não estiver bem planejado. Sendo assim, esse planejamento sucessório não pode ser visto como uma questão à parte da empresa, discutido apenas em situações especiais ou emergenciais. Esse assunto deve estar integrado e envolvido no cotidiano, para que todos tenham consciência de que um dia essa sucessão irá ocorrer. Não tendo planejamento, realização de estratégias e falta de preparação dos seus sucessores a durabilidade do negócio após a sucessão acaba sendo curta, gerando o insucesso para os negócios da família. Dentro desse contexto, formulou-se o seguinte problema de pesquisa: Quais fatores que podem contribuir para reduzir os problemas causados no processo sucessório em uma empresa familiar de pequeno porte? 30 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Diante disso, o objetivo principal da pesquisa é verificar as características, os conflitos e dificuldades na sucessão e identificar quais fatores que podem contribuir para reduzir os problemas causados no processo sucessório em uma empresa familiar de pequeno porte de segmento varejista. O tema dessa pesquisa é relevante, pois por serem grandes geradoras de emprego e renda, e, por isso, ajudarem na promoção do desenvolvimento econômico do País, as pequenas empresas devem, assim como organização em geral, prepararem-se de maneira adequada para o processo sucessório, pois, caso contrário, a sobrevivência do negócio estará ameaçada. Para permitir que a pesquisa se aproxime o máximo possível da realidade, optou-se por utilizar o caso de uma empresa a TK Confecções Ltda. (para preservar a identidade da empresa foi utilizado nome fictício), empresa de pequeno porte e que atualmente passa pelo processo sucessório. O problema da sucessão familiar faz parte da rotina da maioria das empresas no Brasil, sendo que muitas delas não dão a importância necessária e acabam passando o poder para uma pessoa não qualificada e que não consegue dar continuidade nos negócios. Daí, a relevância e importância deste trabalho ao se propor a analisar quais os fatores que podem contribuir para a redução de tais problemas causados no processo sucessório. Para atingir o objetivo proposto, foi utilizada pesquisa do tipo bibliográfica com embasamento teórico em autores que abordam o referido tema. Por ter sido elaborado um questionário e aplicado diretamente para a fundadora e os sucessores, considerou-se a presente pesquisa também como descritiva. Como a pesquisa está circunscrita à TK Confecções Ltda., utilizou-se o estudo de caso e, inclusive, como uma das autoras fez parte do quadro de funcionários da empresa, exercendo o cargo de gerência, a pesquisa pode ser considerada também como participativa. Os dados foram tratados de forma qualitativa, permitindo assim a ampliação do conhecimento no assunto. Este trabalho está dividido em partes. Além dessa introdução, a parte seguinte abordará o conceito de empresa familiar e suas principais características, sendo embasado por meio de autores renomados como Leone, Donnelley, Lea, Moreira Júnior, Bernhoeft e outros. A seguir, é feita uma abordagem teórica a respeito do processo sucessório e as formas de se amenizar os impactos na sucessão. Depois apresenta-se a metodologia da pesquisa, tratando-se de como foi realizada a análise do estudo apresentado, as ferramentas e os métodos utilizados para a obtenção de informação e um histórico da empresa pesquisada. Nos resultados são feitas as análises dos dados apresentando os resultados obtidos. E por fim, encontrase no final dos resultados e discussão a conclusão e 31 sugestões para a empresa e novas pesquisas, na qual enfatiza os fatores que facilitam o processo sucessório nas empresas familiares. O objetivo dessa pesquisa foi abordar sobre o processo sucessório na Empresa TK Confecções que é uma empresa familiar de pequeno porte, que se encontra com o seu primeiro processo de sucessão em andamento. Material e Métodos De acordo com Fraga3: A metodologia, ao mesmo tempo em que mostra os melhores caminhos para se fazer uma pesquisa e chegar a soluções eficazes, também transforma o pesquisador em agente de transformação da sociedade no momento em que se cria uma visão crítica problematizante da realidade. A fim de produzir novo conhecimento, corrigir ou integrar conhecimentos pré-existentes, tem-se que método é um conjunto de regras básicas que mostra o caminho a ser percorrido para o alcance do objetivo proposto. Na concepção de Vergara4 “pesquisa metodológica é o estudo que se refere a instrumentos de captação ou de manipulação da realidade. Está, portanto, associada a caminhos, formas, maneiras, procedimentos para atingir determinado fim”. Quanto à metodologia empregada trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que consiste na revisão da literatura acadêmica para classificação e análise dos dados, pois segundo Beuren5 esse tipo de pesquisa tem por objetivo: abrange todo referencial já tornado público em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses, entre outros. Por meio dessas bibliografias reúnem-se conhecimentos sobre a temática pesquisada. Utilizou-se pesquisa descritiva, Gil6 destaca que essa pesquisa tem como pressuposto buscar as respostas por meio de questionários e observação da organização. Trata-se também, de um estudo de caso, Gil7, salienta que: O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamento considerado. Além disso, a pesquisa pode ser considerada participativa. Seguindo essa linha de raciocínio Gil7 ressalta que a pesquisa participativa se caracteriza pelo envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo, visto que uma das autoras foi integrante do quadro gerencial da empresa. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Como forma de tratamento de dados, utilizou-se a pesquisa qualitativa que propicia uma visão amplificada sobre o problema de estudo. De acordo com Richardson8: os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais. Histórico da empresa pesquisada TK CONFECÇÕES LTDA A empresa TK CONFECÇÕES LTDA de pequeno porte atua no ramo de indústria e comércio na confecção de roupas femininas, contando com um quadro de mais de 31 funcionários divididos em uma fábrica e cinco lojas espalhadas na Grande Vitória. A partir das dificuldades e necessidade de aliviar a perda de um ente querido em 1989 à fundadora mais quatro irmãs decidiram abrir um negócio, a primeira loja chamada Canto da Praia LTDA, dando início a uma nova e longa trajetória. Em 2006 a sociedade entre as irmãs foi desfeita, surgindo assim a TK CONFECÇÕES quando a fundadora, como Diretora Geral sendo a sucedida, junto com os seus dois filhos, um o Gerente de Produção e RH e outro como Gerente Administrativo e Financeiro, sendo os seus sucessores, resolveu continuar com o negócio. Com um negócio bem sucedido no ramo de moda a TK CONFECÇÕES tem como missão operar de forma a atender os clientes de maneira personalizada, garantindo a fidelização e a captação de novos clientes. O objetivo é prestar os serviços com total qualidade e dedicação, tornando-se referência no ramo de confecção de roupas femininas, seguindo esse objetivo conseguiram abrir mais quatro lojas sendo uma em Cariacica, três em Vila Velha e uma na Serra. A sucessão será transmitida para os dois filhos, que já atuam a sete anos, estando inteirados sobre os processos da empresa, pois tomam a frente das decisões relacionadas aos serviços. Para a fundadora as vantagens de uma empresa ser familiar é ter como características a agilidade no processo decisório, flexibilidade de passar informações aos demais setores e o comprometimento total ao trabalho, por estar envolvendo o nome de sua empresa-família. Como desvantagens, a fundadora citou os problemas advindos das relações familiares que envolvem sentimentos próprios, emoções, interesses individuais, a falta de planejamento, a dissolução da empresa por falta de diálogo e entendimentos, e a convivência contínua no trabalho nos momentos familiares pessoais. Para a fundadora, os fatores que facilitam o processo sucessório na empresa, apesar da mesma ainda estar passando por esse processo, é a capacidade de separar 32 os interesses pessoais, familiares e empresariais, ter ética profissional e pessoal e ter bom relacionamento com funcionários, clientes e parceiros, incluindo também um planejamento. Análise dos dados Neste capítulo serão analisados os resultados da pesquisa de campo realizado em uma Empresa Familiar. A empresa do ramo de indústria e comércio em estudo, foi fundada em 1989, por sua atual Diretora Geral, no estado do Espírito Santo, mais especificamente na região Sul da capital do estado, hoje contando com mais de 31 colaboradores. Suas lojas situam-se nos maiores polos de comércio do estado. A empresa escolhida para a execução da pesquisa encontrase no primeiro processo de sucessão. O momento mais importante para a definição da continuidade de uma empresa é o processo de sucessão, porém não se pode prever como este mesmo ocorrerá. Não é prudente supor que todo o processo de sucessão seja igual, pois cada empresa possui suas regras, cada caso é um caso e cada proprietário possui uma maneira diferente de gestão. A regra seguida pela empresa é que seus sucessores têm que ter vocação e interesse pelo ramo de confecções de roupas, visto que ambos têm esse interesse, pois desde cedo acompanham de perto toda a trajetória da empresa. Resultados e Discussão No estudo de caso realizado foi observado que os dois filhos serão os seus futuros sucessores, tendo uma boa concepção de negócio para que assim possam dar continuidade ao que vem sendo feito até agora. Integram a estrutura organizacional da empresa a Diretora Geral e os sucessores que ocupam os cargos de Gerente de Produção/RH e Gerente Administrativo/Financeiro. Esses dados encontram-se compilados no Quadro 1, e são apresentados na sequência: Quadro 1: Perfil dos Entrevistados Dados Demográficos Entrevistado 1 Entrevistado 2 Entrevistado 3 Cargo Diretora Geral Gerente de Produção/ RH Gerente Administrativo/ Financeiro Sexo Feminino Feminino Masculino Idade 50 30 26 Tempo de empresa Mais de 20 anos 6 a 10 anos 6 a 10 anos Formação Ensino Fundamental Ens.Sup.Administração Incompleto Ens.Sup.Administração Incompleto SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 A partir do Quadro 1, identificou-se os perfis dos 03 entrevistados: tempo de cada um na empresa e sua formação. Observou-se que nenhum deles concluiu o curso superior em Administração, situação em que permitiriam uma melhor visão empreendedora. É importante ressaltar se a opção de entrar na empresa foi dos sucessores ou foi influenciada por alguém, se atentando aos dados fornecidos pelos entrevistados, analisou-se: a ideia de trabalhar na empresa foi-me incutida desde pequeno (Entrevistado 2) a opção foi inteiramente minha (Entrevistado 3). Ao verificar a questão acima, juntamente com as respostas, podemos analisar que o interesse de entrar para os negócios da família foram totalmente distintos: quando era miúdo ouvia falar (Entrevistado 2) quando deixei de estudar e necessitei de arranjar emprego (Entrevistado 3). Pode-se perceber que quando questionados sobre se é fundamental transmissão de conhecimento do negócio entre membros da família, há um consenso entre os entrevistados, pois todos acham fundamental que os negócios sejam compreendidos entre todos, principalmente os sucessores. Quanto às dificuldades encontradas no processo sucessório, os entrevistados demonstraram claramente que recusam a ideia de morte da fundadora, podendo inviabilizar o processo, pois o fato de adiá-lo pode causar problemas irremediáveis. Foi unânime, também, a resposta sobre a possibilidade da quebra de hábitos e rotinas após o processo sucessório que estão se adequando. Isso pode causar descontinuidade na estrutura de funcionamento da empresa. Já quanto aos itens disputa de poder entre membros da família e imagem negativa do processo sucessório, houve divergências, deixando claro que o diálogo e a internalização sobre a necessidade de se obter um processo sucessório bem sucedido, devem ser intensificados, pois dois dentre os três entrevistados que participam diretamente desse processo demonstraram preocupação quanto a isso, inclusive com relação à percepção dos empregados quanto ao processo sucessório. Segundo Bernhoeft e Gallo9 buscar a realização pessoal e profissional como forma de agregar valor ao patrimônio não recebido, precisa não apenas da compreensão de herdeiros, mas também de uma efetiva ação que valorize o seu futuro como pessoa. Deixar as emoções de lado na hora do planejamento de sucessão é muito importante para a continuidade do negócio. Outro ponto que deve ser considerado, se os sucessores têm o interesse nos negócios da família, isso também foi percebido no estudo, pois os futuros sucessores estão focados na empresa. Sabe-se que um dos grandes problemas na hora da sucessão é a falta de “talento e vocação, e estes não 33 são transmitidos por via hereditária”10. No caso desta empresa, os sucessores mostraram ter essas qualidades, e já vêm se preparando há tempo, já que acompanham a gestão de sua sucedida (mãe) o tempo todo, mesmo não podendo tomar nenhuma decisão sozinhos. Lodi10 afirma que a sucessão é um processo de transferência de poder que leva um longo tempo, pois mesmo passando o poder para os sucessores o fundador ainda se sente ligado com os negócios da família. Morris e colaboradores11 apontam quatro fatores no processo sucessório que devem ser observados: a) desenvolvimento dos herdeiros; b) relacionamento do fundador com os herdeiros; c) confiança; d) planejamento de processo sucessório. Dentro desse contexto pedimos para a fundadora da empresa falar um pouco sobre esses fatores, e foi dito o seguinte: • Desenvolvimento dos herdeiros – de acordo com a fundadora existem dois herdeiros os quais foram escolhidos para a sucessão, pois possuem um bom desenvolvimento dentro da organização, demonstrando total interesse diante do crescimento da empresa, tomando à frente de tudo, mesmo não podendo tomar decisões totalmente sozinhos, mas sempre são próativos e com uma visão sistêmica. • Relacionamento do fundador com o herdeiro – a fundadora da empresa diz ter um ótimo relacionamento com seus filhos, e isso vem se mostrando no dia a dia de trabalho, onde ela pode acompanhar os procedimentos de seus filhos podendo assim estar corrigindo os seus erros e elogiando os acertos. • Confiança – esse aspecto também foi positivo para os herdeiros, pois a mãe confia plenamente nos filhos, considerando-os como o seu braço direito na empresa. • Planejamento do processo sucessório – o planejamento está indo muito bem, pois todos, tanto a gestora quanto os sucessores estão cooperando de maneiras exemplares para que a empresa continue rentável conforme foi durante toda a sua existência. É importante ressaltar que para uma empresa ter o processo sucessório com êxito, não é necessário somente o tempo de casa, pois atualmente, as mudanças ocorrem com muita rapidez em todos os setores que envolvem uma organização. Isto sem dúvida é reflexo da globalização, que força as empresas a se estruturarem melhor e atuarem com mais profissionalismo, se quiserem continuar ativas e competitivas no mercado.9 A capacitação dos sucessores é fundamental para que a sucessão sofra o menor impacto possível. Primeiramente os sucessores devem se profissionalizar na área que irão atuar para o efetivo momento, pois a formação universitária se torna necessária. Assim, ao entrar na empresa os profissionais terão a responsabilidade de assumir o cargo e que o mesmo seja compatível com sua instrução.10 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Como já foi dito, na empresa, isso é um fator dificultador por não terem concluído o seu curso superior. Ao entrar na questão se os problemas familiares interferem com o bom funcionamento da empresa, os entrevistados 1 e 2, responderam que “sempre, quando os problemas familiares não são resolvidos eles transpassam as esferas da família afetando a empresa”, já o entrevistado 3, tem uma visão diferente responde “quase sempre, pois consegue separar o pessoal dos negócios”. Por ser uma empresa familiar, o tema empresa é frequentemente abordado em casa. Percebeu-se isso através das respostas dadas pelos três entrevistados, pois ambos responderam “sim frequentemente, e já tentaram não levar a empresa para o seu âmbito familiar”. Mas é difícil, pois há certos assuntos que a sucedida e os sucessores só conseguem discuti-los em casa ou em outros locais fora da empresa. Após análise da questão acima, as respostas não foram muito diferentes para a questão se a sucedida e os sucessores conseguem separar os assuntos da empresa e os problemas familiares. Os entrevistados 1 e 2 responderam “nunca e que não é fácil por envolver diversos fatores como, vínculos afetivos, o que acaba influenciando no comportamento, relacionamento e nas tomadas de decisões da empresa”, e o entrevistado 3, como dito “consegue separar o pessoal dos negócios”, por isso sua resposta foi “quase sempre”. Com relação às áreas de maior importância no processo de sucessão, as respostas foram totalmente distintas, o que levou ao interesse de se saber um pouco mais sobre essas divergências de opiniões. Começou-se com o entrevistado 1, onde sua resposta foi “Organização e Gestão”, que fala “que é necessário que o fundador (gestor) saiba lidar desde o começo com a organização para que quando ocorrer, o processo de sucessão, seja tranquila e sem muitos conflitos”. O entrevistado 2 disse que a área mais importante seria a área de “Estratégia Empresarial”, pois é “de suma importância para o mundo dos negócios, através dela as tomadas de decisões serão mais acertadas”. Para o entrevistado 3, a área “EconômicoFinanceiro”, é de maior importância no processo de sucessão, “pois atua nessa área e pretende melhorar os resultados e aumentar o patrimônio da empresa”. Quando perguntado aos entrevistados quais os itens que consideram mais importantes num processo de sucessão, obtiveram-se as seguintes respostas: Elaborar um plano de sucessão. (Entrevistado 1,2 e 3) Estudar outros casos bem sucedidos. (Entrevistado 1 e 3) Consultar informação relevante sobre o tema. (Entrevistado 2 e 3) Debater o assunto na família. (Entrevistado 1) Estudar conselhos de figura relevante na família ou na sociedade. (Entrevistado 2) 34 Observou-se que a visão obtida pelos os 3 entrevistados não fogem muito do contexto um do outro, visto que “ambos estão preocupados não só em si, mas também com a continuidade dos negócios da família”, por isso procuram uma análise mais profunda sobre a sucessão e também sobre alguns casos bem sucedidos para assim, poderem se espelhar e seguirem com sua geração sem traumas ou insucesso. Ao analisar sobre o objetivo mais evidente para se amenizar os impactos na organização, “todos os entrevistados acham importante que os colaboradores sintam confiança no processo de sucessão”, assim os colaboradores não se sentem tão desnorteados quando a sucessão realmente ocorrer. Verificou-se que a maioria das perguntas, os entrevistados tiveram respostas uniformes, isso indica que o processo de sucessão poderá ser facilitado, por terem uma linha de raciocínio compatível. Nota-se, ainda, que o planejamento da sucessão está sendo analisado e estudado com antecedência. Para Casillas e colaboradores12 “quanto mais cedo o dono começar a planejar, maiores serão as probabilidades de sucesso”. Em síntese, foram feitas buscas em pesquisas bibliográficas e questionários, fundamentos para se analisar maneiras de reduzir os impactos desse processo, para a mesma, garantir a sua continuidade através de uma sucessão bem planejada. Visualizando problemas futuros que possam ocorrer no processo de sucessão, a fundadora já vem tendo todo um preparo inserindo os dois filhos que serão seus sucessores nos negócios da família para que assim, quando o poder for realmente passado não ocorram tantas dificuldades para seguirem com a empresa. Ao desenvolver a pesquisa foram encontrados alguns fatores para se amenizar os impactos decorrentes da sucessão familiar, sendo eles: um bom planejamento com antecedência, diálogo entre os membros da empresa, preparação dos sucessores para receberem o poder e a liderança da empresa. Os resultados mostram que foram mínimas as dificuldades enfrentadas até agora, pois a empresa vem seguindo esses fatores propostos desde o princípio, tendo um diálogo aberto e franco entre ambas as partes, onde discutem sobre a sucessão, planejando assim, um processo sem conflitos ou traumas. Sendo assim, ao finalizar o processo e ocorrer a tão esperada transferência de poder, tanto a empresa quanto a família não serão tão afetados. Observou-se durante a pesquisa que a fundadora tem total confiança em seus sucessores, esse fator é primordial na hora desta escolha, ou seja, a confiança vem acima de tudo, pois o sucessor é quem tomará a frente do negócio assim que for passada a empresa para eles. É importante ressaltar que a sucedida e os sucessores estão envolvidos para que os impactos sejam amenizados e que a sucessão seja com êxito. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Vergara SC. 2005. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6ed São Paulo:Atlas. 2. Gil AC. 2002. Como elaborar projeto de pesquisa. 4ed São Paulo:Atlas. 3. Martins GA. 1994. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2ed São Paulo: Atlas. 4. Fraga ML. 2009. Metodologia para Elaboração de Trabalhos Científicos. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura. 35 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Agosto 2013 Aceito em Outubro 2013 A Internet como Ferramenta do Marketing Direto Magda Kuster Kiefer1, Marcelo L. Fraga2 1 Bacharel pela Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas, ES, Brasil 2 Docente da Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas, ES, Brasil Resumo O tema deste trabalho foi escolhido em função das grandes mudanças que a internet pode trazer à forma de pessoas e empresas se relacionarem e de fazerem negócios. Nesse contexto, este estudo busca uma melhor compreensão da internet como ferramenta do marketing direto, através do estudo de caso da empresa Ybera Cosméticos. Verificando que o setor de perfumaria e cosméticos cresceu muito no Brasil nos últimos anos e que a expectativa é que esse cenário positivo continue gerando emprego e renda, e fazendo com que o Brasil se destaque mais ainda no cenário mundial, avançou-se para a análise do papel do marketing direto. Observou-se que esta modalidade de marketing permite um contato direto com seu público alvo e favorece um relacionamento duradouro, podendo ser considerada uma vantagem competitiva, tratou-se então de analisar a utilização da internet como ferramenta do Marketing direto na empresa Ybera. A internet como ferramenta do marketing direto trouxe o que faltava para que a comunicação se fortalecesse e se tornasse mais atrativa, evitando desperdícios. A principal característica do marketing direto é a informação. Os avanços tecnológicos ocorridos nas últimas décadas podem ser facilmente capturados e administrados. Hoje é possível criar bancos de dados, conhecendo individualmente os consumidores, usuários e clientes potenciais, para aí então, agir sobre eles. A internet trouxe de volta o contato direto, só que agora, sem a necessidade da presença física, o contato é direto, só que com muitos e ao mesmo tempo. Realizouse então uma pesquisa exploratória e descritiva, através de pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo informal com os diretores da empresa durante todo o ano de 2012, analisando os dados individualmente e tratando-os qualitativamente. Através da elaboração da matriz SWOT, observou-se que a mesma tem papel fundamental na definição das estratégias e planos de ação na empresa. Com base nela foi possível elaborar um plano de ação com objetivo de fortalecer as vendas diretas, a fim de equilibrar e melhorar o desempenho no mercado, buscando melhorar seus processos internos, investimentos, relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores, se valendo de suas forças e oportunidades para controlar as fraquezas e minimizar as ameaças. Verificou-se que inicialmente, a Ybera utilizava a Internet mais como uma ferramenta auxiliar do que um meio de venda direta. Após profundas reformulações e investimentos, ocorridas após o ano de 2010, esta situação começou a mudar. Embora ao final da pesquisa tenha se verificado a inviabilidade operacional e financeira em curto prazo, a presente pesquisa deixa claro, que mediante crescimento da empresa do da utilização do marketing direto esta situação tende se reverter em médio e longo prazo. Palavras-chave: internet, ferramenta, marketing. Introdução O mundo globalizado e marcado pela concorrência e competição acirradas já teve em seu passado empresas com orgulho em manter relacionamentos especiais e duradouros com seus clientes, o que os mantinham fiéis a elas. Alguns consumidores recebiam um tratamento individual e personalizado, com tratamento por nome; Sabiase onde residiam, que tipos de produtos consumiam e quando necessitavam dos mesmos. Sabia-se também como queriam que esses produtos chegassem até eles, e como costumavam pagar as suas contas. Tudo isto era registrado na memória dos empresários. 36 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Com os avanços tecnológicos ocorridos nas últimas décadas todos estes dados foram facilmente capturados e administrados. Hoje é possível formar bancos de dados com informações importantes sobre os consumidores, fornecedores, usuários, clientes potenciais. Essa possibilidade proporcionada pela informática trouxe de volta o contato direto, só que agora, independente da presença física. É possível comunicar-se com muitos e instantaneamente em qualquer parte do planeta através da internet. O presente trabalho teve como objetivo promover e consolidar o conhecimento da internet como ferramenta do marketing direto, ressaltando a importância de sua aplicabilidade e a ampliação da inserção da internet no aumento da atratividade das empresas no mercado. Pesquisas no Brasil e no mundo, mostram que um número considerável de empresas do setor de cosméticos têm aderido à comercialização através das vendas diretas. Feita uma análise do segmento de cosméticos pretendese demonstrar através do case Ybera Cosmetical Group como a empresa tem se beneficiado da internet como ferramenta do marketing direto. Material e Métodos O presente estudo de caso desenvolveu-se a partir de uma pesquisa exploratória, proporcionando uma maior familiaridade do leitor com o problema, e descritiva, onde os dados foram analisados e registrados sem a interferência do pesquisador e sem o uso de técnicas padronizadas para coleta de dados, como questionários. Os dados foram obtidos através de pesquisa bibliográfica em livros, dissertações, teses, artigos, revistas, jornais e internet, documental através de relatórios internos, pesquisas internas, comunicados internos e site da empresa, e pesquisa de campo informal com os diretores da empresa através de perguntas abertas, durante todo o ano de 2012 em reuniões periódicas. Todos os dados foram analisados individualmente e tratados qualitativamente. Resultados e Discussão A empresa Ybera Cosméticos situada na Avenida Arthur Haese, nº 774, bairro vale das Palmas, Marechal Floriano, ES, possui uma história de formação curiosa, de muita persistência e superação. É um exemplo de empresa de origem familiar que superou barreiras, vindo a se firmar como uma referência na fabricação e comercialização de produtos capilares profissionais. Assim como muitos brasileiros empreendedores na busca do sonho do próprio negócio e de melhores condições de vida, os jovens Johnathan Areal Alves e Sauana Lanes de Oliveira somam suas economias 37 juntamente com seus pais, irmãos, irmãs e investem na abertura de uma pequena empresa familiar em Nova Friburgo, RJ. Com conhecimento na área de salões de beleza e já atuando como distribuidor de produtos cosméticos, o primeiro passo dos sócios rumo a profissionalização de sua empresa foi participar em 2005 de um dos principais congressos internacionais de cosméticos, a Hair Brasil. No entanto, com pouco planejamento e sem qualquer estudo de mercado e viabilidade econômica, optaram por investir suas economias em máquinas de pintar unhas. Antes mesmo de inaugurar seu negócio, iniciaram-se os gastos com contratos de locação, reforma da loja, contratação de funcionários e divulgação do serviço. O movimento decepcionante logo em sua inauguração levou os jovens empresários a contrair dívidas. Porém os jovens empresários superaram esta fase ruim e passaram a produzir artesanalmente henna para sobrancelha. Além de oferecer o produto, o diferencial eram os cursos oferecidos aos clientes a fim de ensinálos a manusear o produto. Verificando o bom retorno financeiro que este produto lhes trazia, encerram de vez o projeto da máquina de pintar unhas e focaram na produção das hennas, revertendo a situação financeira do casal e quitando as dívidas adquiridas. Visando o sucesso das escovas progressivas no Brasil, utilizando o conhecimento prático em salões de beleza e os conhecimentos básicos nas fórmulas dos produtos, surgiu a primeira escova progressiva a base de chocolate do Brasil. As primeiras remessas foram feitas no fogão de casa, e os primeiros clientes foram aqueles para quem que já vendiam os kits de henna para sobrancelhas. O produto foi batizado com o nome de Chocolizze, que foi um grande sucesso e continua sendo produzido. Depois que o produto tornou-se conhecido entre os salões, foi necessário contratar vendedores e distribuidores. A capacidade produtiva tornou-se insuficiente para a demanda. Em 2007 foi criada a fábrica com capacidade produtiva de 3 toneladas ao mês. Com necessidade de expandir novamente a capacidade produtiva, transferiram a fábrica para o município de Marechal Floriano, ES, onde foi adquirido um imóvel e contratados funcionários para a área administrativa e de produção e a capacidade produtiva passou para 1tonelada por dia. Em outubro de 2010 foi lançado a Botulínica Capilar, tratamento símbolo de inovação no mercado de cosméticos profissionais, que promete o rejuvenescimento dos fios de cabelo que sofrem mudanças e agressões com o decorrer do tempo. Este produto veio em substituição ao Chocolizzi, que estava perdendo sua participação nas vendas da empresa. O lançamento foi um sucesso e superou as vendas do Chocolizzi abrindo as portas para mais clientes. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Para o ano de 2013 a inovação será o lançamento de uma linha de coloração, que tem como diferencial pigmentos um milhão de vezes menores do que os produzidos atualmente, o que fará com que o fio de cabelo absorva melhor o pigmento, prolongando o efeito desejado da coloração. Atualmente a Ybera Professional possui mais de 70 distribuidores em todos os estados brasileiros, sendo que o estado do Rio de Janeiro é responsável por cerca de 35% do total da vendas nacionais. Comercializa para 09 países, como Guatemala, Venezuela, Argentina, Peru e Chile. E existem mais 27 países que estão em fase de regularização para exportação. Hoje a empresa conta com a colaboração de 30 (trinta) funcionários e também com assessorias e consultorias na área jurídica, marketing, imprensa e financeira. Sua linha de produção e comercialização possui 15 (quinze) produtos destinados aos salões de beleza pertencentes à linha profissional e outros 07 (sete) que podem ser usados em casa, denominados linha de manutenção de tratamento. Suas vendas são direcionadas para distribuidores de cosméticos. Todo o processo de pesquisa, desenvolvimento e criação dos produtos é realizado na própria empresa, por profissionais qualificados e com a supervisão dos diretores. O objetivo das pesquisas é alcançar êxito diante os seus consumidores, procurando prever quais as expectativas do mercado em relação a seus produtos, estudando a aceitação dos produtos existentes, e a partir daí lançar um novo produto. Além do laboratório para análise e desenvolvimento a empresa possui um centro técnico onde são realizados exaustivos testes nos produtos antes da comercialização e também ministrados cursos para os distribuidores. Todooprocessodeaprovaçãoecompradasmatérias-primas e embalagens é submetido a um rigoroso processo de análise de qualidade e são realizadas através do setor responsável, a fim de se trabalhar com estoque reduzido de matéria-prima e um estoque mínimo de produto acabado Dispõe-se ainda de máquinas e equipamentos, além de estrutura física, que possibilitam o processo de produção, envase, rotulagem, embalamento e empacotamento dos produtos acabados, que uma vez produzidos são remetidos aos depósitos de onde são remetidos aos distribuidores. É realizada uma vez por ano, uma convenção em local escolhido pela empresa, onde são reunidos todos os distribuidores para apresentação dos lançamentos e a demonstração dos produtos. Esta convenção também é o momento para renovação de contratos, definição de áreas de atuação, atualizações cadastrais e um momento para estreitar o relacionamento entre a empresa e seus parceiros. Além da produção própria a empresa também terceiriza produtos para as empresas Gaboni Cosméticos, Hoka Natural e Beltrat que realizam compras mensais. Com intuito de atingir um bom desempenho da 38 equipe de vendedores é desenvolvido um programa motivacional através do pagamento de salário e comissões de 1% sobre as vendas. A empresa dispõe de três promotores de vendas, que na verdade são profissionais técnicos admitidos, treinados e capacitados pela empresa que trabalham em parceria com os distribuidores, realizando eventos e demonstrando na prática a eficácia e os benefícios dos produtos e divulgando a marca Ybera em todo o território nacional e no exterior. O setor comercial é composto de três vendedores internos que trabalham somente na sede da empresa realizando vendas através de telefone, e internet e estão sempre em contato com os distribuidores verificando a necessidade de compra. O transporte dos produtos aos distribuidores é terceirizado e as despesas com fretes são pagas pelo destinatário, a fim de reduzir os custos dos distribuidores e manter o produto em condições de qualidade satisfatórias durante o transporte. Com a estruturação da empresa, Johnathan entende que planejamento e inovação são indispensáveis para o sucesso de seus produtos. A empresa tem investido consideravelmente em marketing, tendo como principais veículos de comunicação as revistas Caras e Cabelo e Cia; a loja on-line; e a página no facebook. Procura sempre participar dos eventos de cosmético profissional, patrocinando muitos deles juntamente com marcas famosas como a Loreal e a Wella. Para Johnatan, não basta produzir um produto de qualidade, é necessário investimento em marketing para vencer a concorrência e, sobretudo superar a preferência dos consumidores brasileiros por produtos internacionais, e segundo ele cita, nada melhor do que a internet para ajudar a alcançar esse objetivo. O maior objetivo da Ybera Professional além de preparar e investir na capacidade técnica de seus funcionários e no ambiente de trabalho é usar a internet como uma ferramenta de marketing para chegar até seus clientes de uma forma mais rápida, eficiente e com menos custos. Inicialmente a loja on-line e o facebook eram utilizados apenas como ferramentas a fim de promover a comunicação, a interatividade e manter o relacionamento com os clientes. Eram vistos como ferramentas auxiliares e não como um canal de venda direta. Apesar de ser uma ferramenta utilizada há pouco mais de um ano, as vendas feitas pela internet na loja on-line são responsáveis por 20% do faturamento mensal da empresa e o objetivo é que em 2013 esse percentual chegue a 40%. Como jovem já ambientado à era das tecnologias e aceitando a internet como uma poderosa ferramenta do marketing direto, e de olho nas principais tendências do mercado, Johnathan contratou empresas especializadas para melhorar e atualizar periodicamente seu site, SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 administrar a pagina oficial da Ybera no facebook e também administrar a loja on-line. O objetivo é criar no site da empresa um espaço confiável e de fácil compreensão na qual os distribuidores possam se sentir seguros para realizar suas compras e pagamentos, não precisando se deslocar até a fábrica, enfrentando trânsito, dependendo da resposta de um e-mail ou de contato por telefone com os vendedores internos. Disponibilizar tanto para os distribuidores como para os profissionais de salões cursos on-line minimizando os gastos com treinamentos e deslocamentos gerados nos treinamentos. Enfim, a finalidade é reduzir custos, agilizar o atendimento, aumentar as vendas e conseqüentemente aumentar a lucratividade tanto para a empresa quanto para o distribuidor. Outro forte desejo de Johnathan é aumentar a rede de contatos através do facebook, conhecendo melhor os salões de beleza, sua localização, sua capacidade de compra para assim identificar e manter fiéis os clientes potenciais. Utilizar o facebook como canal de resposta para os novos produtos, obter opinião sobre os lançamentos, as tendências de mercado, as necessidades do consumidor final, para quem sabe um dia eliminar o papel importante que o distribuidor tem hoje para a Ybera e realizar todas as vendas através da internet; “É o meu maior sonho...” afirma Johnathan, ciente de que ainda tem um longo caminho a percorrer e de que é necessário muito investimento e um aperfeiçoamento constante. O sócio enxerga o mercado de cosméticos como promissor, e acredita que este mercado continuará crescendo e com ele as vendas de sua empresa. Além das boas expectativas de crescimento para o mercado nacional, já que empresa espera um crescimento de mais 400% nas vendas para o ano de 2013. Pretende-se até o ano de 2014 aumentar para 60 (sessenta) o número de países importadores e assim fazer com que 60% de seu faturamento advenha da comercialização internacional. Esta visão otimista do mercado vem acompanhada de muito planejamento e da consciência da necessidade de uma nova expansão da capacidade produtiva. Análise Swot A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para realizar Análise de Cenário ou Análise de Ambiente, utilizada como base para gestão e planejamento estratégico das organizações. No geral é um sistema simples que serve para verificar ou posicionar a empresa em determinado ambiente e pode ser utilizada para qualquer análise de cenário, para criar um blog ou para gerir uma multinacional.1 O termo SWOT é uma sigla do idioma inglês. Significa um anagrama de Forças (Strengths), que são as vantagens internas das organizações em relação 39 às empresas concorrentes. Fraquezas (Weaknesses) que são as desvantagens internas da organização em relação ás organizações concorrentes. Oportunidades (Opportunities), que são aspectos positivos da organização com potencial para fazer crescer a vantagem competitiva da mesma. E Ameaças (Thereats), que são aspectos negativos da organização com potencial de comprometer a vantagem competitiva da mesma.1 A Análise é dividida em duas partes: o ambiente externo à organização (oportunidades e ameaças) e o ambiente interno à organização (forças e fraquezas). O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes, uma vez que já é o resultado das estratégias já definidas por eles. Sendo que visualizando um ponto forte, deve-se ressalta-lo ainda mais, percebendo um ponto fraco deve-se agir para controla-lo ou minimizar o seu efeito. Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da organização, e apesar de não ser possível controla-lo pode-se monitora-lo, a fim de aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças.1 Assim, a análise SWOT, é um instrumento que permite fazer a análise precisa da situação de uma organização, e permite definir as decisões estratégicas a serem tomadas no presente e no futuro; A capacidade de promover um confronto entre as variáveis externas e internas facilita a geração de alternativas de escolhas, bem como de possíveis linhas de ação.1 Realizada a fase de análise, deve-se estabelecer um conjunto de objetivos e metas, priorizando alavancas e problemas e atenuando as forças prejudiciais à organização. Cada objetivo deve ser fragmentado em metas, preferencialmente anuais, facilitando o acompanhamento e possibilitando correções de rumo; A elaboração do diagnóstico estratégico da organização deve levar à formulação de objetivos estratégicos para a entidade.1 Com base nos resultados obtidos no presente estudo, realizou-se a seguinte “Análise Ambiental” da Ybera: Como forças da empresa analisada, podemos destacar: O Foco na inovação de produtos com altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento; Alto nível de qualidade dos produtos principais do negócio; Preços que se encontram entre os mais baixos do mercado; Localização estratégica dentro do país, devido proximidade com portos, facilitando exportações; E a disponibilidade de várias fontes distintas de abastecimento de matéria-prima. Dentre as fraquezas, pode-se citar: A necessidade contínua de investimentos em marketing, pesquisa e desenvolvimento para atrair e reter os consumidores (que a empresa normalmente não faz); A necessidade de gerar um ambiente de confiança para assegurar a fidelização dos clientes; A dependência das empresas de transporte para a distribuição do produto; E a importante distância dos centros de consumo. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Já as oportunidades são: O crescimento do mercado de cosméticos no Brasil; As inovações no segmento de cosméticos, aproveitando o sucesso da linha Botulínica Capilar no mercado brasileiro; E o ingresso na linha de cosméticos voltada para alisamentos e relaxamentos capilares, pois é um mercado em crescimento e de inovações sempre bem recebidas; Crescimento do marketing direto, devido à necessidade cada vez maior das empresas de divulgar e vender seus produtos no mundo virtual; Difusão cada vez maior de produtos e serviços através da internet e redes sociais; Nas possíveis ameaças identificamos as seguintes situações: Alto nível de exposição às flutuações da economia e da política brasileira, já que o consumo de seus produtos está relacionado ao poder de compra dos consumidores; Inovações da concorrência. Possibilidade de ingresso de novos concorrentes, frente à possibilidade de mudanças nas condições econômicas; Problemas com órgãos reguladores tais como ANVISA, que prejudiquem a produção; E a possibilidade de aumento dos preços das matérias-primas. O estudo constatou através do referencial teórico que a matriz SWOT tem papel fundamental na definição das estratégias e planos de ação nas empresas. Na Ybera, foi identificado que se utiliza a SWOT como ferramenta dentro de seu planejamento estratégico, de maneira a orientar todos os setores da empresa e seus respectivos gestores, analisando pontos a serem melhorados e explorando seus pontos fortes. Foi possível elaborar um plano de ação com objetivo de fortalecer as vendas diretas, a fim de equilibrar e melhorar o desempenho no mercado, buscando melhorar seus processos internos, investimentos, relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores, se valendo de suas forças e oportunidades para controlar as fraquezas e minimizar as ameaças. Em conclusão, no presente trabalho pretendeu-se apresentar através da evolução e crescimento de uma empresa no setor de cosméticos denominada Ybera Cosméticos, as mudanças que ocorrem constantemente no mercado de cosméticos no Brasil e no mundo, que fazem com que os clientes e consumidores sejam mais exigentes e seletivos na busca por maior qualidade de produtos e serviços e maior integração com as tecnologias existentes. O objetivo do trabalho foi promover o conhecimento da internet como ferramenta do marketing direto, demonstrar sua importância e aplicabilidade, iniciandose com um estudo do cenário do mercado de cosméticos no Brasil e no mundo, um estudo sobre o marketing direto e por fim o estudo de caso. A partir de uma análise mais apurada do setor dos cosméticos, verificou-se que se trata de um ramo muito competitivo, com muitas estratégias de peque¬no e grande porte para vencer os concorrentes. O resultado da pesquisa apresentou também o enaltecimento do mercado de uma indústria que demonstra 40 crescimento contínuo e forte no país, representando, assim, fortes perspectivas para empreendedores locais. Ficou comprovado que as estratégias de marketing direto não pertencem apenas às grandes corporações, sendo possível sua adaptação a qualquer empresa, independentemente do porte ou segmento de atuação. Com base nas visitas, entrevistas e documentos obtidos junto à organização, pode-se considerar que no caso da Ybera, a utilização da Internet como canal de vendas diretas, está se aproximando do que o mercado exige. Como conseqüência, esta empresa já começou a perceber os benefícios e contribuições, relacionados à operação de comércio eletrônico e utilização da Internet como canal de venda direta ao consumidor. Está iniciando a exploração das características desse tipo de transação, como, comunicação, interatividade e alcance, buscando criar e manter relacionamentos com os seus clientes. Inicialmente, a Ybera utilizava a Internet mais como uma ferramenta auxiliar do que um meio de venda direta. Após profundas reformulações e investimentos, ocorridas após o ano de 2010, esta situação começou a mudar. O conjunto de estratégias e ações de marketing propostas apresenta foco no relacionamento com os clientes atuais e na posterior captação de novos clientes para elevar o faturamento da empresa. Em um novo momento, inclusive, a empresa poderá desenvolver uma pesquisa junto a não clientes, ampliando o conhecimento de todo o mercado de atuação. Porém, é de grande importância que cada ação proposta possua acompanhamento individual, buscando mensurar, principalmente, o índice de retorno sobre o investimento. No comparativo efetuado entre a situação atual e a projeção de resultados com a implantação do programa de marketing direto, é evidente a constatação de inviabilidade operacional e financeira imediata, uma vez que a empresa ainda não possui infra-estrutura suficiente para atender a demanda ocasionada pelas vendas diretas ao salões de beleza e não teria condições de realizar no momento investimentos como por exemplo contratação de mais funcionários e investimento em publicidade e propaganda, no entanto, deixa claro, tendo em vista o elevado crescimento da empresa, que esta situação tende a mudar em médio prazo. Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Daychouw M. 2007. 40 Ferramentas e técnicas de gerenciamento. Brasport [http://books.google.com.br] SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Junho 2013 Aceito em Agosto 2013 Avaliação da Mobilidade Urbana Relativa à Satisfação do Usuário do Transporte Coletivo no Trecho entre Campo Grande ao Centro de Vitória Vanderlei Monfardin1*, Jakson Pancier1, Raphael P. Santos1, Richard Moreira2 1 Discente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil 2 Docente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil *[email protected] Resumo O estudo teve como objetivo avaliar a mobilidade urbana relativa à satisfação do público usuário do transporte coletivo no trecho entre Campo Grande e o Centro Vitória que, na maioria das vezes, é prejudicada com os constantes engarrafamentos e atrasos. No estudo aborda-se a historia do transporte coletivo no Brasil e no estado do Espirito do Santo e a importância em incentivar o seu uso por todas as classes sociais, hoje o sistema de transporte coletivo é feito exclusivamente por meio de ônibus. A pesquisa de campo foi realizada com usuários do transporte publico do trajeto Campo Grande ao Centro de Vitória que responderam um questionário com seis perguntas fechadas, as respostas mostraram a insatisfação dos usuários com as condições do transporte coletivo, os resultados foram tabulados e transformados em gráficos. Concluísse com o estudo que o transporte coletivo é a principal ferramenta para a mobilidade urbana sendo de suma importância investimentos e inovações. Para facilitar o entendimento do leitor, o trabalho apresenta-se, começando com uma introdução abordando um breve esclarecimento e aspectos conceituais sobre o tema, a delimitação do estudo, problemática, hipótese e relevância para o desenvolvimento da pesquisa. Em segundo o referencial teórico com o desenvolvimento do tema. Terceiro a metodologia da pesquisa, o tipo de pesquisa, a coleta dos dados e como eles foram tratados, com a tabulação dos resultados onde evidência percepção dos usuários, por fim as conclusões em que os pesquisadores chegaram com o estudo realizado. Palavras-chave: Transporte coletivo; mobilidade urbana Introdução Nos últimos cinco anos, a Grande Vitória teve um aumento de aproximadamente 70% no número de veículos. Estimase que a frota seja bem maior que 1,5 milhão de carros. Segundo dados do Detran, em 2008, 400.827 automóveis e motocicletas rodavam pelas ruas da Grande Vitória. Em junho de 2012, a frota chegou a 535.846 veículos. Essa quantidade é quase a metade dos veículos de todo o Estado, que, no mesmo mês, passava de 1,1 milhão. Nesse ritmo, em pouco tempo, Vitória pode ficar igual às Grandes Metrópoles, como São Paulo, onde as pessoas ficam horas presas no trânsito.1 Aborda-se nesta pesquisa a história do transporte coletivo no Brasil e no Espírito Santo do seu início até os dias atuais, questões de mobilidade urbana com vias que não acompanharam o crescimento da população, a situação do trânsito que não foi projetada para o número de veículos que circulam atualmente e alguns projetos e medidas adotadas para minimizar os impactos do aumento na frota de veículos no estado, para isso utilizou uma pesquisa de campo para saber um pouco mais da percepção dos usuários do transporte coletivo atual, avaliando o tempo perdido no trânsito diariamente e suas opiniões para a melhora da fluidez do trânsito. Foram abordadas algumas hipóteses para a resposta ao problema pesquisado, como a melhora do transporte coletivo e incentivar a população a utilizarem diminuindo drasticamente o numero de veículos nas estradas, o rodízio de placas nos horários de pico, como já utilizado em São Paulo. 41 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 A falta de investimentos em planejamentos e infraestrutura agrava ainda mais a situação, deixando o trânsito cada vez mais lento, afetando negativamente os que dependem de transitar por esse percurso, os principais afetados são os usuários de transporte coletivo. Diante do exposto, surgi o seguinte questionamento: Até que ponto pode-se melhorar o fluxo rodoviário do percurso de Campo Grande ao Centro de Vitória na visão dos usuários que utilizam o transporte coletivo? Possíveis soluções como a ampliação do sistema de transporte coletivo, criar novas alternativas de transporte público, a redução no numero de paradas para embarque e desembarque e a utilização do sistema de rodízio de placas em horários de pico, o que daria maior fluidez do tráfego e mais opções de percurso para os usuários. A relevância do estudo está diretamente ligada à qualidade de vida da população que é prejudicada com os constantes engarrafamentos, atrasos e aborrecimentos para ir e vir por esse percurso, em que os trabalhadores que dependem do transporte coletivo, frequentemente, chegam atrasados em seu local de trabalho devido aos congestionamentos no trecho referente à delimitação do estudo em questão. Dessa forma, o presente estudo esteve focado na pesquisa de campo relativa ao fluxo do tráfego de veículos que corresponde ao trajeto Campo Grande x Centro de Vitória na visão dos usuários de transporte coletivo de Cariacica (ES), com intuito de estudar e conhecer as dificuldades e as propostas relacionadas ao tema. Material e Métodos A pesquisa foi classificada como exploratória tendo vista a escassez de conteúdo sobre o tema pesquisado. Um questionário com 06 (seis) perguntas foi elaborado para conhecer a opinião dos usuários de transporte coletivo do trecho Campo Grande ao Centro de Vitória, foram entrevistadas 50 (cinquenta) pessoas entre jovens e adultos que utilizam diariamente o transporte coletivo no trecho pesquisado. O estudo foi delimitado no trecho compreendido entre Campo Grande e o Centro de Vitória onde existe um intenso fluxo rodoviário principalmente nos horários entre 07 (sete) e 09 (nove) da manhã e entre as 17 (dezessete) e 19 (dezenove) horas. Quanto aos fins à pesquisa é exploratória; Vergara2 afirma que a investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. E é qualitativa, pois seus atributos levam consideração à qualidade dos serviços prestados. Quanto aos meios a pesquisa é de campo e bibliográfica. Pesquisa de campo porque é realizada onde ocorre determinado fenômeno. E pesquisa bibliográfica, pois a pesquisa utiliza-se de materiais acessíveis ao público em geral, que são: livros, periódicos, jornais, internet. 42 A coleta de dados foi realizada sob forma de pesquisa bibliográfica e pesquisa nos organismos objetos deste. Pesquisa bibliográfica, porque foi realizada na literatura que trata do assunto. Para a pesquisa nos organismos será utilizado um ou mais questionários pré-estruturados sobre o assunto. Segundo Fraga3 o questionário é constituído de diversas questões e é apresentado ao respondente por escrito. O questionário pode ser aberto (não estruturado) ou fechado (estruturado). Fraga3 ainda ressalta [...] no fechado, o respondente faz escolha, ou pondera, diante das alternativas apresentadas, não há liberdade para que ele expresse sua opinião. Os dados foram tratados de forma qualitativa e apresentados em forma de gráficos, para identificar o que realmente é viável para o sistema. Ou seja, a eficiência do fluxo no trafego exposto onde se pôde comprovar a insatisfação dos usuários. Resultados e Discussão Após a realização de levantamentos de dados entre os usuários de transporte coletivo do trajeto pesquisado, observa-se a insatisfação de quem depende desse serviço e das condições atuais do trânsito enfrentado diariamente. Foram entrevistados 50 pessoas, e os resultados foram tabulados e apresentados em formato de gráficos. A percepção da maioria dos usuários em relação ao transporte coletivo foi insatisfatória (64%) com ônibus sempre lotados, com mais passageiros em pé do que sentados (Figura 1). Figura 1. Representação da avaliação do transporte coletivo da Grande Vitória. Segundo a minuta de resolução da ANTT de 2012 Art. 9º § 2º e 3º para efeito de cálculo da quantidade máxima de passageiros em pé, deve ser considerada uma ocupação máxima de cinco passageiros por metro quadrado.4 Não devem ser consideradas áreas disponíveis para o transporte de passageiros em pé as relacionadas a seguir: I - toda a área do piso do ônibus cuja inclinação exceda 8% e degraus de escadas; II - a área de todas as partes não acessíveis a um passageiro em pé; III - a área de qualquer parte em que a altura livre SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 desde o piso do ônibus seja inferior a 195 cm, situado acima e atrás do eixo traseiro, em qualquer uma das situações anteriores, desconsiderados os balaústres fixados no teto; IV - o espaço situado 30 cm à frente de qualquer assento; V - qualquer área não excluída pelas disposições anteriores, na qual não seja possível inserir um retângulo de 40 cm x 30 cm, em projeção horizontal; VI - qualquer área que não pertença a um corredor, considerando-se para tanto, toda e qualquer área de acesso ou circulação que não tenha interferência da área necessária para a movimentação das folhas da(s) porta(s) de acesso e dos equipamentos destinados à acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; VII - a área à frente de um plano vertical, passando ao longo do centro da superfície do assento do motorista, na sua posição mais recuada, e ao longo do centro do espelho retrovisor externo montado no lado oposto do ônibus; VIII - a área reservada para cadeira de rodas e cão-guia. Já em relação aos horários de utilização dos transportes coletivos, os horários com maior concentração de usuários de transporte coletivo entre os entrevistados são entre as 06 e às 09 da manhã, a mesma faixa de horário em que ocorrem os engarrafamentos nas vias de acesso do trajeto pesquisado (Figura 2). Baseado nas entrevistas de campo, podemos observar que o pensamento 96% dos entrevistados imagina que a implantação de faixas exclusivas para ônibus melhorarão e agilizarão o transporte coletivo na cidade (Figura 4). Figura 4. Representação sobre a criação de faixas exclusivas para ônibus. A percepção dos usuários é que o estimulo ao uso do transporte coletivo melhorará o fluxo do trânsito no trajeto pesquisado, mas, entretanto, para isso precisa haver um aumento no numero dos coletivos em circulação e uma melhora na qualidade dos serviços prestados, só assim a parte da população que utiliza veículos próprios por sua comodidade abririam mão para fazer uso do transporte coletivo (Figura 5). Figura 2. Representação dos horários de utilização do transporte coletivo. Quando os entrevistados foram questionados sobre o tempo do percurso, a maior disse que leva de 20 a 50 minutos para chegar ao seu destino, um tempo longo se levarmos em conta que o trajeto pesquisado de Campo Grande ao Centro de Vitória tem no máximo 10 km baseados na saída do terminal de Campo Grande até o final da Avenida Princesa Isabel em Vitória (Figura 3). Figura 3. Representação do tempo médio do percurso realizado. 43 Figura 5. Representação sobre o incentivo do uso do transporte coletivo para a melhoria do trânsito. Na Figura 6, a porcentagem que respondeu “outras alternativas além do ônibus” corresponde a três pessoas, suas sugestões foram: • Metro, mais viadutos e a redução de semáforos para o trânsito fluir com mais rapidez; • A redução no número de pontos de parada dos coletivos; • A ampliação da segunda ponte. Para a maioria dos entrevistados as construções de alças de acesso ajudariam o trânsito a fluir melhor e assim melhorando também o transporte coletivo. Foram levantadas também outras sugestões além SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 das opções pré-estabelecidas no questionário como a redução de pontos de paradas alegando-se que alguns são muito próximos uns dos outros. Figura 6. Representação sobre as alternativas viáveis para a melhoria do transporte coletivo na Grande Vitória. Após a observação, percepção e análise, o conjunto do que foi mencionado proporcionam que os pesquisadores concluem que nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que a consolidação das estruturas promove a alavancagem dos procedimentos normalmente adotados em busca de uma melhor adequação do transporte coletivo em conjunto com a mobilidade urbana cada vez mais caótica na região metropolitana da Grande Vitória. No entanto, deve-se enfatizar que o entendimento das metas propostas através dos órgãos competentes que gerenciam o transporte coletivo, deve priorizar um processo de reformulação e modernização do sistema de transporte público em conjunto com os órgãos responsáveis pelo planejamento de tráfego urbano através de investimentos em projetos que atendam a demanda da mobilidade urbana. Neste sentido, a percepção das dificuldades faz parte de um processo de gerenciamento do sistema que corresponde às necessidades. Evidentemente, a determinação clara de objetivos não pode mais se dissociar dos conhecimentos estratégicos que devem ser direcionados a eficiência do transporte coletivo em conjunto com a mobilidade urbana para atingir a excelência. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre se a adoção de políticas centralizadoras como a manutenção de um único sistema de transporte coletivo, realizado exclusivamente por ônibus e, assim, obstaculiza a apreciação da importância da geração de transportes coletivos alternativos impactando de forma substancial na agilidade quanto ao deslocamento dos usuários do sistema. Não obstante, o acompanhamento das políticas de mobilidade urbana oferece uma interessante oportunidade para verificação do levantamento das variáveis envolvidas. É importante questionar o quanto se estende o alcance e a importância do planejamento a fim de viabilizar melhorias no sistema de tráfego e transporte coletivo urbano. Assim mesmo, vislumbra-se o surgimento de alternativas de transporte como o retorno do sistema de transporte aquaviário, que até os tempos atuais não foi justificada a sua extinção. Certamente, melhoraria substancialmente a mobilidade aqui discutida. 44 O desafiador cenário que se apresenta quanto ao fluxo intenso no trecho pesquisado, demonstra a necessidade de reformulação e modernização a curto ou médio prazo. Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como a consolidação das estruturas de trafego e transporte coletivo não podem mais se dissociar das tendências de crescimento da população usuária do sistema. Pode-se sugerir algumas alternativas, se bem planejadas a fim de amenizar o problema em tela como redução de paradas para embarque e desembarque de passageiros que os coletivos realizam durante o trajeto, otimizando o tempo de viajem, assim como uma reformulação das vias e criação de corredores exclusivos para transportes coletivos afim de desafogar o transito e diminuir os congestionamentos e como já citado, a criação de transportes alternativos e a adoção de rodízio de placas em horários de picos como já utilizados em São Paulo. Acima de tudo, é fundamental ressaltar que, como o estudo do assunto é extremamente vasto e de interesse de toda a população, faz-se relevante à investigação através de novas pesquisas e estudos sobre o tema e dessa forma contribuir com a qualidade de vida da população usuária de transportes coletivos. Por fim, com o objetivo de identificar possíveis formas para dar maior fluidez no trafego pesquisado, a conclusão dos pesquisadores foi que a falta de investimentos na malha rodoviária e sua dependência de 100% para o percurso, aliada a uma única forma de transporte coletivo colocaram os usuários em uma situação critica, o transporte coletivo é a principal ferramenta para a mobilidade urbana sendo de suma importância investimentos e inovações explorando ao máximo a geografia de cada região, onde, por exemplo, poderíamos utilizar o sistema rodoviário e aquaviário em conjunto como já existiu no passado. Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Folha Vitoria. 2012. Caos no trânsito: Mais de 500 mil veículos circulam pela Grande Vitória. [http://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/ mobilidadeurbana/2012/09/03/caos-no-transito-maisde-500-mil-veiculos-circulam-pela-grande-vitoria]. 2. Vergara SC 2005. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas. 3. Fraga ML 2009. Metodologia para Elaboração de Trabalhos Científicos, Fundo de Cultura: Rio de Janeiro. 4. ANTT. 2012. Agência Nacional De Transportes Terrestres. Minuta de Resolução. [www.antt.gov.br/ html/objects/_downloadblob.php?cod_blob=4255]. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Agosto 2013 Aceito em Outubro 2013 Controle de Qualidade das Folhas de Ginkgo biloba L. Comercializadas para Decocção e Infusão RomanitaC.Moschen1*,ChristianeC.Pereira1, JairoP.Oliveira2,AdilsonR.Prado3,4 1Departamento de Farmácia – UNESC, Colatina-ES. 2Departamento de Morfologia - CCS / UFES, Vitória - ES 3Pós-graduação em Engenharia Elétrica - Labtel - UFES 4Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, Serra – ES *[email protected] Resumo As plantas medicinais são amplamente conhecidas e utilizadas em todo o mundo. Ao contrário do que se pensa e por ter um conhecimento empírico muito difundido, os produtos de origem vegetal podem sim trazer prejuízos à saúde se usados indiscriminadamente. Desta forma, surge o controle de qualidade que busca a segurança e a garantia da eficácia desses medicamentos. O controle de qualidade de fitoterápicos foi desenvolvido neste trabalho utilizando-se três amostras de folhas secas de Ginkgo biloba L. adquiridas no comércio de Colatina e Vitória – ES. Foram realizados testes de Cromatografia em Camada Delgada (CCD), para verificar a autenticidade e a eficiência das substâncias nelas contidas, e, por se tratar de um método confiável e preciso, pôde auxiliar na confirmação de substâncias que estão presentes nesta planta em comparação com o descrito na literatura. Foi realizada também a análise macroscópica da amostra, o que mostrou não haverem outros componentes senão as folhas de Ginkgo. Testes para o teor de umidade e de cinzas totais mostraram que as amostras encontravamse dentro da conformidade exigida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e os testes microbiológicos constataram a ausência de microrganismos patogênicos e presença de microrganismos viáveis, porém dentro dos limites aceitáveis pela legislação vigente. Palavras-chave: Fitoterápicos, controle de qualidade, Ginkgo biloba L. Introdução O Ginkgo biloba é um dos mais famosos fitoterápicos do mercado mundial, seu processo de produção é extremamente complexo e custoso, o que torna este extrato alvo comum de adulteração. Os extratos de Ginkgo biloba foram introduzidos na medicina em 1965, através das pesquisas do médico-farmacêutico alemão Willmar Schwabe. Há uma quantidade enorme de fontes bibliográficas que descrevem a investigação científica relacionada com o efeito do Ginkgo biloba e foram documentadas várias atividades farmacológicas do extrato de suas folhas e/ou de seus componentes, que incluem seu efeito sobre a conduta, o aprendizado, a memória, a atividade cardiovascular, e seu efeito sobre a circulação sanguínea e sua atividade antioxidante.1 Os efeitos farmacológicos do extrato do Ginkgo biloba e seus componentes são amplamente descritos, dados estes que comprovam evidências e apóiam o uso clínico moderno do extrato padronizado da folha de Ginkgo biloba. Os princípios ativos mais importantes do extrato de Ginkgo biloba incluem os glicosídeos de flavonóides e as lactonas terpênicas. Foi descrito que ele realiza uma atividade polivalente, é provável que a atividade combinada de vários de seus componentes seja responsável por seu efeito.1 Desde a aplicação de compressas das folhas, a ingestão de chás, tinturas, extratos espessos e secos, até a incorporação de produtos otimizados na obtenção de formas farmacêuticas sólidas, esse vegetal é um dos exemplos mais consistentes do aprimoramento do conceito de produto fitoterápico e de estratégia terapêutica.2 Na comercialização de plantas medicinais, como é o caso do Ginkgo biloba, o conhecimento popular pode gerar erros na identificação da planta e, ainda, não se pode descartar a possibilidade de adulterações, interações de plantas 45 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 com medicamentos alopáticos e reações alérgicas e tóxicas. Para a garantia da qualidade do produto final, é essencial que se faça análise e controle de matériaprima, embalagem e formulação farmacêutica, além de estudos de estabilidade.3,4 Comerciantes e usuários de plantas divulgam seus usos medicinais muitas vezes sem nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas. Às vezes o uso medicinal destas plantas é bem diferente do uso popular.3 A qualidade dos produtos à base de plantas medicinais, comercializados no Brasil, é cada vez mais preocupante. Pesquisas científicas têm apontado a presença de diversas irregularidades que comprometem a eficácia do princípio ativo e põem em risco a saúde do consumidor. Uma das justificativas seria a de as indústrias responsáveis pela fabricação desses produtos serem basicamente constituídas por empresas de pequeno porte que funcionam de modo precário.5 Assim como os medicamentos sintéticos, a qualidade da matéria prima vegetal é de extrema importância para a qualidade do produto final. No caso dos fitoterápicos, os insumos vegetais são geralmente de fácil análise, mas os extratos e formas farmacêuticas derivadas requerem análises mais apuradas, pois devem garantir que a ação biológica e a segurança na utilização sejam constantes e devem ter sua autenticidade comprovada através da análise de sua composição química, aspectos botânicos, fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos.6,7 O controle de qualidade na manipulação do fitoterápico assegura que os produtos manipulados estejam de acordo com as boas práticas de manipulação, tendo em vista o aumento da procura e consumo dessa espécie de medicamento. Fraudes e adulterações de produtos vegetais são frequentes e ocorrem por diversos fatores, como por exemplo, a falta de conhecimento dos produtores, distribuidores e deficiência na fiscalização. A finalidade desse estudo foi avaliar se a matéria-prima vegetal encontrada em farmácias, lojas de produtos naturais e mercados atendem às especificações de qualidade descritos na literatura e demonstrar a importância deste controle. Material e Métodos A escolha do material vegetal utilizado neste trabalho se deu por uma pesquisa qualitativa e quantitativa através de um questionário, que foi respondido pelos farmacêuticos das farmácias de manipulação de ColatinaES. Com esse questionário, foi levantado os fitoterápicos mais comercializados nas farmácias de manipulação na cidade de Colatina e Vitória-ES. Através do resultado do questionário, adquiriram-se amostras de 3 (três) fabricantes de folhas de Ginkgo biloba L. em farmácia, lojas de produtos naturais e mercados da cidade de 46 Colatina-ES, conforme pode ser observado na figura 1. Em seguida, foram realizados testes de cromatografia em camada delgada (CCD) com o objetivo de identificação de constituintes químicos, teor de umidade e teor de cinzas, detecção de falsificação e adulteração, além de testes microbiológicos. Também foi feita uma análise das informações contidas nas embalagens para verificação se estavam de acordo com a Portaria nº 6/MS/SNVS, de 31 de janeiro de 1995,8 quanto às informações contidas na rotulagem, embalagem e bulas. Figura 1. Folhas secas de Ginkgo biloba L. na forma em que são comercializadas. Para a preparação da amostra a ser analisada, reduziu-se o material vegetal em partículas de tamanho homogêneo através de trituração. Para a obtenção do extrato foi utilizada a amostra vegetal obtida como descrito anteriormente. A preparação das amostras para a CCD consistiu na pesagem de 1,0 g destas amostras A, B e C, adicionou-se 10 ml de metanol e a mistura foi deixada sob refluxo em Soxlet por 30 minutos a 65°C. Obteve-se um líquido claro que foi evaporado em banhomaria a 60°C até secura e depois resuspendido em 2 ml de metanol, utilizando-se, então, 10µL deste material final para aplicação na CCD.9 Na CCD, a fase estacionária consistiu em placa de vidro 10x10 cm com uma camada de 25 mm de sílica gel 60 com indicador fluorescente UV254 da marca alemã Macherey-Nagel. Foram preparadas três placas para a analise dos extratos, sendo usado três fases móveis diferentes para a detecção dos vários flavonoides que são encontrados no Ginkgo biloba L., sendo para cada placa as seguintes fases móveis: Placa 1: a primeira mistura composta de acetato de etila/ácido acético glacial/ácido fórmico/água (100:11:11:26); Placa 2: a segunda mistura composta por clorofórmio/acetona/ ácido fórmico (75:16,5:8,5); Placa 3: a terceira mistura composta de tolueno/acetona (70:30). Em três cubas de vidro previamente saturadas com as misturas citadas anteriormente, foi feita a corrida para glicosídeos flavonoides e visualizou-se sob luz UV de 365nm.9 A análise de perda por secagem consistiu na pesagem de 1,0 g de cada uma das amostras pulverizadas em uma placa de petri previamente seca e tarada, levou-se em SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 estufa a 100-105 °C por 2h. A pesagem foi realizada e então, o material foi novamente colocado em estufa, sendo feitas mais duas pesagens, somando-se 3h e 4h a partir do início do procedimento. É interessante ressaltar que tal procedimento foi realizado em triplicata.10 A determinação do teor de cinzas consistiu no aquecimento ao rubro de um cadinho de porcelana durante 30 minutos em forno mufla. Esfriou-se em dessecador e pesou-se. Acrescentou-se ao cadinho 1,0 g da amostra pulverizada e foi feito seu espalhamento uniformemente no fundo do mesmo (procedimento realizado em triplicata). Secou-se em estufa durante 1h a 100-105 ± 5 °C e após este procedimento levou-se ao forno mufla aumentando a temperatura gradativamente, sendo 30 minutos em 200 °C, 60 minutos a 400 °C e 90 minutos a 600 ± 25 °C. O material foi esfriado em dessecador e pesado. O procedimento foi repetido a 600 ± 25 °C até massa constante, deixando-se esfriar em dessecador a cada incineração. 10 Para a pesquisa de bactérias aeróbias, foi utilizado o meio de cultura Agar Contagem de Placas (Agar métodos padrão), que é um meio de cultura ótimo para crescimento de Escherichia coli, Lactobacillus casei, Staphylococcus aureus entre outros, mas infelizmente não inibe o crescimento de fungos e leveduras. Por esse motivo, foi realizado o método de semeadura por profundidade, para tentar diminuir o crescimento destes microrganismos e confirmar se a contagem feita havia sido somente de bactérias ou se possivelmente havia fungos. Resultados e Discussão Na cromatografia em camada delgada (CCD) foram detectadas nitidamente em todas as amostras manchas reveladas em fonte luminosa UV de 365 nm e foram calculados seus respectivos Rf’s (coeficiente de retenção) para a identificação das mesmas. O agente revelador utilizado foi o cloreto de alumínio a 1% em etanol que é um agente revelador para flavonóides em geral. Isso ajudou a destacar as manchas encontradas nas amostras que foram corridas com três tipos de fases móveis diferentes, o que indicou a presença dos vários flavonóides que a literatura descreve conter no Ginkgo biloba L., conforme mostrado na figura 2 abaixo. De acordo com Hildebert, 9 uma mancha amarelo-laranja com Rf superior a 0,75 indica presença de agliconas flavonol e biflavonóides.9 Os Rf ’s das manchas reveladas para a placa 1 podem ser observados na Tabela 1. 47 Figura 2. Revelação em lâmpada de UV a 365 nm das Placas: (A) Placa 1, (B) Placa 2 e (C) Placa 3, em todos os casos contendo as amostras de estrato rotuladas por A, B e C. A Tabelas 2 e 3 a seguir mostram os dados obtidos para as demais placas, é interessante ressaltar que para as outras placas foram calculados diferentes valores de Rf, já que o processo de eluição com as outras misturas foram mais eficientes. Desse modo é possível verificar uma considerável variação de cores ao logo de todo caminho da fase móvel. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Tabela 1. Cálculos dos Rf’s das manchas reveladas na placa 1. Amostra A (Rf) Amostra B (Rf) Amostra C (Rf) Cálculo Resultado Cálculo Resultado Cálculo Resultado 5,5/6,7 0,8 5,5/6,7 0,8 5,45/6,7 0,8 A tabelas 2 e 3 a seguir mostram os dados obtidos para as demais placas, é interessante ressaltar que para as outras placas foram calculados diferentes valores de Rf, já que o processo de eluição com as outras misturas foram mais eficientes. Desse modo é possível verificar uma considerável variação de cores ao logo de todo caminho da fase móvel. Tabela 2. Cálculos dos Rf’s das manchas reveladas na placa 2. Amostra A (Rf) Cálculo Amostra B (Rf) Amostra C (Rf) ResultaResultaResultaCálculo Cálculo do do do 1/6,8 0,14 1/6,8 0,14 1/6,8 0,14 1,3/6,8 0,19 1,3/6,8 0,19 1,3/6,8 0,19 2,5/6,8 0,36 2,4/6,8 0,35 2/6,8 0,29 3,4/6,8 0,5 3,3/6,8 0,48 2,5/6,8 0,36 4/6,8 0,58 3,8/6,8 0,55 3,9/6,8 0,57 4,4/6,8 0,64 4,2/6,8 0,61 4,1/6,8 0,60 5,2/6,8 0,76 5/6,8 0,73 4,6/6,8 0,67 5,8/6,8 0,85 5,7/6,8 0,83 5,4/6,8 0,79 6,1/6,8 0,98 6,1/6,8 0,98 5,9/6,8 0,86 - - - - 6,2/6,8 0,91 Através dos Rf’s calculados, constatou-se a presença de várias substâncias, de acordo com Hildebert (1996). Estes autores afirmam que os Rf’s entre 0,25 e 0,4, com manchas nas cores amareloverde/laranja, indicam presença de rutina, quercetina, kaempferol e isorhamnetin-3-O-(2”-6”-di-O-L-rhamnopyranosyl)- -D-glucopyanoside. Os Rf’s de 0,45 a 0,49, apresentando cores verde-amarelo, indicam narcissin, isorhamntin-rutinoside. Rf’s na faixa de 0,5, com coloração azul claro fluorescente, indicam ácido 6-hydroxikynurenic kaempferol, quercentina3-O-(6”’-trans-p- coumaroyl-4”-glucosyl)- rhamnoside. Os Rf’s de 0,6, de cor laranja-amarelo, indicam quercitrina e os Rf’s acima de 0,6 e até 0,75, na cor verde-amarelo, indicam isoquercitrina e astragalin, dihydrokaempeferol-7-O-glucoseide. Já os Rf’s de 0,75 ou maiores, de coloração amarela-laranja, indicam preseça de agliconas flavonol e biflavonóides.9 48 Tabela 3. Cálculos dos Rf’s das manchas reveladas em luz UV na placa 3. Amostra A (Rf) Amostra B (Rf) Amostra C (Rf) Cálculo Resultado Cálculo Resultado Cálculo Resultado 0,5/7,1 0,07 0,4/7,1 0,05 0,5/7,1 0,06 0,9/7,1 0,12 0,7/7,1 0,09 0,8/7,1 0,10 1,2/7,1 0,16 1,1/7,1 0,15 1,1/7,1 0,15 1,6/7,1 0,22 1,5/7,1 0,21 1,5/7,1 0,20 2,1/7,1 0,29 1,9/7,1 0,26 1,9/7,1 0,26 2,6/7,1 0,36 2,5/7,1 0,34 2,4/7,1 0,33 3,5/7,1 0,49 3,3/7,1 0,46 3,3/7,1 0,46 3,8/7,1 0,53 3,6/7,1 0,51 3,7/7,1 0,51 4,6/7,1 0,65 4,7/7,1 0,66 4,6/7,1 0,64 5,6/7,1 0,78 5,6/7,1 0,78 5,6/7,1 0,78 6,5/7,1 0,91 6,5/7,1 0,91 6,4/7,1 0,90 Não se quantifica compostos químicos pelo método de CCD e, em se tratando de matéria-prima em forma de folhas, possivelmente cada amostra apresentaria valores diferentes, pois somente o extrato seco padronizado EGb 761 contém uma quantidade conhecida de princípio ativo, que a RDC 89/2004 diz que deve conter no mínimo 24% de ginkgoflavonóides e 6% de terpenóides 11. Em estudo feito por Bara,12 foi pesquisado o teor do princípio ativo contido no extrato seco de várias matériasprimas vegetais e foi encontrada uma amostra de Ginkgo biloba que possuía um teor de princípio ativo muito abaixo, o que levou à dedução de que a amostra se tratava do pó da planta e não do extrato. Isso mostrou a importância do uso do extrato seco padronizado para que se tenha um resultado eficiente e confiável, pois em outra forma como, por exemplo, o pó das folhas desta planta poderia conter ácido ginkgólico e por se tratar de uma substância alergênica não tem o uso recomendado. Nos extratos secos, sua concentração deve ser menor que 5 ppm. Para a análise de perda por secagem, todas as amostras mostraram-se dentro do ideal aceito que é de até 11% de umidade pela recomendação da OMS, sendo que a amostra A apresentou uma média de 6,43%, a amostra B de 5,82% e a amostra C de 6,02%. Em material vegetal, o baixo teor de umidade é importante, por se tratarem de amostras de folhas secas que não passaram por nenhum processo senão a secagem. A diminuição da atividade de água diminui também a possibilidade do crescimento de microrganismos e a deterioração a amostra.10 No ensaio para determinar o teor de cinzas, todas as amostras apresentaram resultados satisfatórios dentro do exigido pela OMS para folhas secas de Ginkgo biloba L. de SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 no máximo 11%. A amostra A apresentou uma média de 9,22%, a amostra B de 10,97% e a amostra C de 10,76%. Este ensaio se fez importante pois através dele, seria possível detectar contaminantes inorgânicos não voláteis como pedras, cimento, pedaços de cerâmica e areia que é o mais comum entre outros se estivessem presentes 10. Na análise microbiológica, a monografia da OMS informa os limites aceitos para os microrganismos pesquisados na folha do Ginkgo biloba L. e foram obtidos os seguintes resultados, conforme pode ser observado na Tabela 4. Tabela 4. Resultados das análises microbiológicas.8 Microrganismos *Limites aceitáveis Resultado Amostra A Resultado Amostra B Resultado Amostra C Bactérias aeróbias <107 UFC/g 15x10-3 UFC/g 3x10-2 UFC/g 7x10-3 UFC/g Fungos <105 UFC/g <105 UFC/g Ausente <105 UFC/g Escherichiacoli <102 UFC/g Ausente Ausente Ausente Salmonella Ausência Ausente Ausente Ausente A Tabela 4 apresenta os resultados das análises microbiológicas das amostras A, B e C de Ginkgo biloba L. e, como pode ser observado, todas as amostras encontraram-se dentro da quantidade de colônias aceitas. A amostra B trazia em sua embalagem a informação de “produto esterilizado” e provavelmente por esse motivo o crescimento de microrganismo foi praticamente nulo. Estudos microbiológicos de fitoterápicos presentes na literatura demonstram que a quantidade de microrganismos encontrados nestes produtos raramente ultrapassa os valores aceitos de contaminação, o que está de acordo com os resultados encontrados no presente estudo. Isso foi demonstrado nos estudos de Andrade,13 em que foram feitas análises de matériasprimas e formulações farmacêuticas magistrais que incluíam o Ginkgo biloba na forma de extrato seco, cápsulas e folhas secas para chás. Porém, não se pode descartar a possibilidade deste tipo de contaminação, por se tratarem de materiais vegetais e seu cultivo, coleta e manipulação nem sempre serem feitos de forma higiênica, motivo pelo qual é necessário que seja efetuado o controle microbiológico destes produtos. Vários estudos pesquisam a qualidade e quantidade dos flavonóides encontrados no Ginkgo biloba L., mostrando a importância deste componente para a ação terapêutica desta planta, porém fica claro que o extrato seco deve ser a matéria-prima utilizada nas formulações deste fitoterápico. O grande problema de se consumir produtos como os chás das folhas dos vegetais é que não se sabe a quantidade do princípio ativo presente no produto, o que gera a possibilidade de ocorrência de reações adversas, como intoxicações, ou, ainda, o produto pode não apresentar o resultado esperado. O ideal é que os pacientes consumam produtos fitoterápicos que tenham seu extrato padronizado. O objetivo do controle de qualidade é que o produto 49 atenda adequadamente o seu consumidor não gerando riscos para sua saúde e, ao mesmo tempo, trazendo benefícios para o mesmo, de acordo com as normas disponíveis na literatura. Isso se aplica aos fitoterápicos, sendo essas análises de extrema importância para a garantia de que um produto bom e eficiente seja colocado no mercado. Dessa forma, observou-se através dos testes realizados neste trabalho que as três amostras de Ginkgo biloba L. analizadas encontravam-se dentro dos limites esperados para os testes quantitativos. No caso da cromatografia em camada delgada, apesar de o método ser qualitativo, se mostrou importante por apresentar resultados que indicaram a presença dos flavonóides característicos do Ginkgo biloba L., de acordo com as descrições das literaturas pesquisadas. Referências 1.BarnesJ,AndersonLA,PhillipsonJD2005.Plantasmedicinales: guía para los profesionales de la salud. Barcelona:Pharma Editores. 2. SIimões CMO et al 1999. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Florianópolis:UFSC; Porto Alegre: Ed. da UFRGS. 3. Veiga Junior VF, Pinto AC, Maciel MAM 2005. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova 28: 519-528. 4. 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Bara MT, Cirilo HN, Oliveira V 2004. Determinação de ginkgoflavonóides por Cromatografia líquida de alta eficiência em matérias-primaseprodutosacabados.RevistaEletrônicadeFarmácia1. 12. Bara MTF, Ribeiro PAM, Arantes MCB, Amorim LLSS, Paula JR 2006. Determinação do teor de princípios ativos em matérias-primas vegetais. Revista Brasileira de Farmacognosia 16:211-215. 13. Andrade FRO 2011. Análise microbiológica de matérias primas e formulações farmacêuticas magistrais. Revista Eletrônica de Farmácia 2 [www.revistas.ufg.br/ index.php/REF/article/ download/1960/1928]. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Agosto 2013 Aceito em Outubro 2013 Prevalência de Parasitoses Intestinais em Crianças de uma Escola Pública em Cariacica – ES Itamara L. Lopes¹, Tamiris Zani1, Fabrícia V. S. Borges2* 1 Discente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil 2 Docente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil *[email protected] Resumo As parasitoses constituem um tipo de endoparasitismo, onde estão intimamente relacionadas às condições sanitárias e representam importante problema de saúde pública nos países subdesenvolvidos, onde são endêmicas, contribuindo para problemas econômicos e sociais. Este estudo tem por objetivo identificar as principais parasitoses intestinais em crianças de 3 a 7 anos em uma escola pública do estado do Espírito Santo, avaliando os determinantes sócios educativos que influenciam no desenvolvimento destas parasitoses intestinais em crianças, classificando de acordo com a idade. A investigação transversal foi realizada com crianças de uma creche municipal, em Cariacica-ES. Das 44 amostras analisadas 50% foram positivas. A prevalência foi de protozoários, como a Giardia lamblia com 23% e Entamoeba histolytica com 16%, seguido do helminto Enterobius vermiculares (7%). Apesar de haver saneamento básico na população estudada foi possível observar a presença de parasitoses intestinais que está relacionado à deficiência de higienização e orientação por parte dos indivíduos. Palavras-chave: parasitoses intestinais; prevalência; exame parasitológico; saneamento básico. Introdução As parasitoses constituem um tipo de endoparasitismo, onde estão intimamente relacionadas às condições sanitárias e representam importante problema de saúde pública nos países subdesenvolvidos, onde são endêmicas, contribuindo para problemas econômicos e sociais.1 O desconhecimento de princípios de higiene pessoal e de cuidados na preparação dos alimentos facilita a infecção e predispõe a reinfecção em áreas endêmicas.2 Quando se trata de saneamento básico, um dos parâmetros muito utilizados para avaliar as condições de vida da população é a realização de inquéritos coproparasitológicos e a alta prevalência desses parasitos indica a necessidade de adoção de medidas de saneamento básico para a população.3 As crianças são as mais acometidas, possuindo a maior prevalência de parasitas intestinais levando a déficit nutricional e do crescimento pôndero-estatural.1 Estudo realizado no Brasil (1988) revelou prevalência parasitária de 55,3% em crianças, sendo que a maior parte destes eram poliparasitada.4 A sintomatologia é bastante variável. Diarreia, desnutrição, anorexia e dor abdominal, irritabilidade, distúrbios do sono, vômitos são consequências leves de parasitoses intestinais.2,4 O que mais dificulta a implementação de ações de controle, além do custo financeiro e das medidas técnicas, é a falta de projetos de educação sanitária com a integração da comunidade.5 Devido ao exposto, este estudo tem por objetivo identificar as principais parasitoses intestinais em crianças de 3 a 7 anos em uma escola pública do estado do Espírito Santo, avaliando os determinantes sócios educativos que influenciam no desenvolvimento destas parasitoses intestinais em crianças, classificando de acordo com a idade. 50 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Material e Métodos Estudo de caráter epidemiológico realizado no mês de maio de 2013, em uma Creche Municipal de Cariacica – ES, sendo realizada no turno matutino com 44 alunos de ambos os sexos com idade entre 3 a 7 anos. Houve realização de palestra aos pais ou responsáveis com o intuito de informar a forma correta de coletar as amostras de fezes, identificação, além de obter autorização para a participação da pesquisa, pois o estudo envolve indivíduos incapazes de responder por si próprio. Juntamente foram entregues frascos estéreis com espátula para a coleta, contendo conservante líquido MIF (mercúrio + iodo + formol) e um questionário sócio-educativo. Um prazo de quatro dias foi estipulado para o recolhimento das amostras, no mesmo turno. Os pais ou responsáveis foram informados a coletar três amostras de fezes e colocá-las no mesmo pote. As amostras foram enviadas diretamente ao Laboratório-escola da faculdade de Ciências Biomédicas do Estado do Espírito Santo – PIO XII, em Cariacica, na qual foi disponibilizada para a realização das análises. O método de escolha para o processamento das amostras foi o método de Hoffman, método melhor empregado para pesquisa de helmintos e protozoários. Para a técnica de Hoffman, foram utilizados dois cálices para cada amostra. No primeiro foi colocada de 3 a 5 g de amostra misturada com um pouco de água para ser diluída com ajuda do bastão, após, filtrada com gases para um novo cálice completando com água até a borda do cálice. Após sedimentação de uma hora, o sobrenadante foi desprezado e no sedimento foi adicionada água novamente até a borda do cálice e sedimentada por mais uma hora. Decorrente do fim do procedimento, com ajuda de canudo, houve a retirada do sedimento da amostra e colocada em lâminas e lamínulas e analisadas ao microscópio nas objetivas de 10X e 40X. Os dados analisados foram tabulados com a programação do Microsoft Office Excel 2007. Resultados Das 44 amostras analisadas foram obtidos, 22 (50%) com resultado negativo para parasitose intestinal e 22 (50%) com resultado positivo (parasitadas), sendo que, 19 (43%) apresentaram quadro de positivos uniparasitadas e 3 (7%) de positivos multiparasitadas (Figura 1). 51 Figura 1. Comparação entre as amostras negativas, positivas uniparasitadas e multiparasitadas. Das 22 amostras positivas foram encontrados 16 (36%) de parasitas da classe de protozoários e 6 (14%) na classe de helmintos (Figura 2). Figura 2. Prevalência geral de protozoários e helmintos nas amostras positivas. Nas amostras positivas foram encontrados os seguintes parasitas: Entamoeba histolytica com visualização em 7 amostras (16%); Entamoeba coli em 2 amostras (5%); Giardia lamblia em 10 amostras (23%); Enterobius vermiculares em 3 amostras (6,82%); Ascaris lumbricoides em 1 amostra (2%); Taenia sp em 1 amostra (2%) e Ancilostomideo sp em 1 amostra (2%) (Figura 3). Figura 3. Prevalência de parasitos intestinais encontrados nas amostras analisadas. De acordo com a faixa etária os resultados apresentaramse da seguinte forma: das 44 amostras analisadas, 18 alunos da faixa etária de 3-4 anos, 5 (28%) apresentaram protozoários, 2 (11%) helmintos e 11 (61%) negativos; dentre os 10 alunos de 4-5 anos, obtiveram 3 (30%) protozoários, 2 helmintos (20%) e 5 (50%) negativos; dos 14 alunos de 5-6 anos foram encontrados 7 (50%) protozoários, 2 (14%) helmintos e 5 (36%) negativos; no 1 aluno da faixa de 6-7 anos, os resultados foram 0 de protozoários, 0 (0%) de helmintos SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 e 1 (100%) negativo; já no único aluno pertencente a faixa etária de 7-8 anos, foi encontrado 1 (100%) protozoários, 0 (0%) helmintos e 0 (0%) negativos (Tabela 1). Tabela 1. Faixa etária dos alunos pesquisados. Faixa Etária (anos) População n 3-4 N de indivíduos parasitados n % 18 7 16 4-5 10 5 11 5-6 14 9 20 6-7 1 0 0 7-8 1 1 2 Discussão Tabela 2. Dados do questionário sócio-educativo. Modo de lavar as mãos * % % A 21 48 22 50 B 1 2 0 0 C 0 0 0 0 Total 22 50 22 50 Nunca 0 0 0 0 1 ou 2 vezes/mês 8 18 8 18 3 vezes/mês 7 16 7 16 Mais vezes/mês 7 16 6 14 às vezes 0 0 1 2 Total 22 50 22 50 A 13 30 12 27 B 6 14 4 9 C 2 5 1 2 D 1 2 5 11 Total 22 50 22 50 Sim 4 9 18 41 Não 2 5 20 45 Total 6 14 38 86 Sim 12 27 10 23 Não 9 20 13 30 Total 21 48 23 52 Sim 1 2 21 48 Não 3 7 19 43 Total 4 9 40 91 Cortar as unhas Lavar alimentos ** Já teve infecção Brinca na areia Medicação *A=Lavar entre os dedos e embaixo das unhas com água e sabão; B=Lavar apenas a palma da mão com água, sem sabão; C=Lavar apenas a palma da mão com sabão, sem água; **A=Água Corrente; B=Água e vinagre; C=Água e sabão; D=Água Sanitária. 52 O questionário sócio-educativo abaixo demonstra uma comparação entre os indivíduos parasitados e não parasitados em relação a moradia, renda, saneamento, lavagem de mãos e alimentos, automedicação, hábitos de higienização em geral, entre outros (Tabela 2). Aprevalênciadasparasitosesintestinaisdependeessencialmente do grau de exposição da criança às formas infectantes dos parasitos e outros fatores ditos determinantes intermediários, como as condições de moradia e de saneamento também condicionantes desta situação. As práticas educativas, quando bem aplicadas, levam as pessoas a adquirirem os conhecimentos para a prevenção e a redução das enteroparasitoses.6 Nas análises dos resultados obtidos de 44 amostras, 50% apresentaram-se infectados por um ou mais parasitas, correspondente a metade da população estudada, o que pode ser ocasionado às classes sociais mais baixas, com precárias condições sanitárias, maus hábitos de higiene, em situação de desnutrição e em locais de aglomerações tais como creches, escolas, asilos e orfanatos, pela facilidade de contaminação e disseminação.7 Assim, os índices encontrados nesse trabalho coincidem com os dados da maioria dos estudos recentes encontrados na literatura ao se avaliar os diferentes aspectos abordados. Em estudo realizado no laboratório da UFPel, o valor de testes positivos para os parasitos intestinais foi de 39,8%,8 um pouco menor comparado com este estudo. Outros estudos realizados com alunos provenientes de escolas públicas de outras cidades do Brasil, o qual aponta a prevalência de parasitoses em Natal (RN, Brasil) de 76,0%, em Salvador (BA, Brasil) de 66,1% e em alunos de Seropédica (RJ, Brasil) de 33,88%.3 A prevalência de infecções causadas por protozoários neste trabalho destaca-se a Giardia lamblia que atinge 22,73% dos indivíduos estudados e Entamoeba histolytica acometendo 15,91%, sendo que estes parasitas são os principais causadores dos casos de poliparasitismo, representando 6,82%. Em países em desenvolvimento, a infecção por Giardia lamblia é a causa mais comum de diarréia em crianças, sendo mais frequentemente encontrada em regiões de clima temperado com prevalência de 4% a 30%.9 No estudo de Lodo,10 o protozoário Giardia lambia foi responsável por 14,90% do índice de infecção. No atual estudo a prevalência de Giardia lamblia foi de 22,73%, apresentando uma maior prevalência em relação aos outros estudos, o que indica necessidade de medidas de cuidado com água que é ingerida e utilizada com os alimentos, uma vez que é a principal via de transmissão. A Entamoeba coli e a Entamoeba histolytica, podem servir como bons indicadores das condições sóciosanitárias e da contaminação fecal a que os indivíduos estão expostos. Sendo que no presente estudo o resultado de Entamoeba histolytica (15,91%) foi menor quando comparado com outros estudos (21,5%).11 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Em um estudo descrito por Melo,9 realizado em uma creche da rede pública de ensino localizada na periferia do município de Guarapuava-PR, com alunos de 4 a 6 anos, a sua prevalência de parasitoses intestinais obtida foi de 31,7%, sendo que as espécies de parasitos intestinais mais encontradas foram Ascaris lumbricoides com prevalência de 4,5% e Entamoeba coli com 13,6%. Comparando com o presente estudo pode-se observar que houve uma menor prevalência desses parasitas o qual aponta 2,27% para Ascaris lumbricoides e 4,55% para Entamoeba coli. A presença de parasitas da família Ancilostomidae (ancilostomídeos) vem ao encontro dos relatos da literatura, embora estes não sejam os principais causadores de parasitoses em crianças.12 Isso pôde ser confirmado no atual estudo no qual demonstrou a prevalência de 2,27% de Ancilostomideo sp na amostragem estudada. Em pesquisa descrita por Oro,11 consta que Santos-Júnior, Silva e Santos verificaram a presença de Ancilostomideo sp em 6,9% das crianças pesquisadas.5 Nas diferentes faixas etárias estudadas, as parasitoses foram mais frequentes em crianças de cinco a seis anos. Vale ressaltar que, a partir de seis anos há uma grande queda nas infecções parasitarias. Os resultados de vários estudos apontam para correlação entre as condições de saneamento básico e parasitoses intestinais.7 No entanto, os resultados encontrados de alguns fatores de risco epidemiológicos no questionário, como saneamento básico, moradia, não demonstraram uma associação com os dados constados no questionário, no qual 47,73% dos indivíduos parasitados possuem saneamento e 50,0% dos parasitados possuem moradia. A higiene pessoal, como lavagem das mãos antes das refeições e após ir ao banheiro e como lavá-las, cortar as unhas, andar calçado, brinca na areia, dentre outras medidas básicas, e renda salarial, são necessárias para uma boa saúde. Esses fatores são importantes na redução dos riscos de infestação por parasitos entre as crianças.7 Porém, na análise dos dados do questionário pode ser observado que não houve uma associação entre a positividade das amostras com as medidas de higiene o qual aponta 50,0% dos indivíduos parasitados lavam as mãos, 27,27% brincam na areia, 18,18% dos indivíduos cortam as unhas uma a duas vezes por mês e a renda familiar em 25% dos indivíduos encontra-se de um a dois salários mínimos. Apesar de haver saneamento básico na população estudada foi possível observar a presença de parasitoses intestinais que está relacionado à deficiência de higienização e orientação por parte dos indivíduos. A educação higiênico-sanitária deveria ser pauta das aulas em escolas e tema de palestras para pais e responsáveis, com o intuito de que ensinem as crianças e evitem a contaminação e as possíveis reincidências destas parasitoses. Assim, com o intuito de trazer ao conhecimento de interessados no assunto e com base no que já se vem pesquisando sobre as parasitoses intestinais humanas, esse 53 estudo vem para reforçar a idéia da necessidade de maiores investimentos em prevenção de saúde, saneamento básico e melhor infra-estrutura, servindo assim, como base e orientação para pesquisas acadêmicas futuras. Agradecimentos À Faculdade PIO XII pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Zochio LB, Chaves PC, Monteiro CP, Fontolan OL, Dalpino D. 2006. Prevalência de Parasitas Intestinais em Crianças do Centro de Convivência Infantil e da EMEI Venâncio Ramalho Guedes de Azevedo do Instituto “Lauro de Souza Lima” (ILSL). Bauru/SP. Newslab. 2. Andrade EC, Leite ICG, Rodrigues VO, Cesca MG 2010. Parasitoses Intestinais: Uma revisão sobre seus aspectos sociais, epidemiológicos, Clínicos e Terapêuticos. Revista APS 13:231-240. 3. Castro AZ, Viana JDC, Penedo AA, Donatele DM 2004. 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SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Agosto 2013 Aceito em Outubro 2013 Prevalência da Osteoporose em Mulheres Atendidas em uma Clínica Particular em Vitória, ES Mabli L. Ferreira1, Thaís A. Jacinto1, Fabiana V. Simões2* 1 Discente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil 2 Docente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil *[email protected] Resumo Com o progresso dos aspectos preventivos da medicina neste século trouxe um aumento significativo na sobrevida humana. A proporção de idosos no Brasil subiu de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009, compondo hoje um contingente acima de 22 milhões de pessoas. Nesta faixa etária há uma grande incidência de fraturas relacionadas a perda de massa óssea fazendo com que a osteoporose seja uma das principais patologias associada ao envelhecimento. A osteoporose é uma doença crônica e progressiva, caracterizada pela diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. Essas alterações levam ao aumento da fragilidade óssea e com isso um maio risco para fraturas. Dentre os interesses pela osteoporose, podemos destacar o desenvolvimento de um método de diagnóstico que possibilitou a quantificação da massa óssea, a Densitometria Óssea, um exame considerado adequado e preciso sendo o melhor método disponível para determinar e existência do risco e iniciar um tratamento preventivo, ele utiliza a absorciometria de energia dupla de raio X e mede partes centrais do esqueleto (coluna e fêmur). As complicações decorrentes das fraturas osteoporóticas, sobretudo do fêmur, podem causar perda da qualidade de vida e, até mesmo, da própria vida, com um custo muito elevado, tornando imprescindíveis o seu conhecimento e sua prevenção. O objetivo do presente estudo foi identificar a prevalência da osteoporose em mulheres atendidas na Grande Vitória no período de agosto a dezembro de 2012 e relacionar os seus fatores de risco. Foram avaliadas 695 pacientes, a prevalência foi de 37%. Os achados destacaram a prevalência da osteoporose e osteopenia consideravelmente altas, principalmente em pacientes com a idade alta e etnia branca. Assim podemos concluir o quanto é necessários estudos desse segmento, para que se possa obter dados e o perfil dessa doença que atinge milhares de idosos e que gera altos custos para a saúde pública, além da qualidade de vida desses indivíduos. Palavras-chave: osteoporose, prevalência, densitometria óssea Introdução A osteoporose é uma doença crônica e progressiva, caracterizada pela diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. Essas alterações levam ao aumento da fragilidade óssea e com isso um maior risco para fraturas.1 De acordo com Mendes,2 a perda da massa óssea aumenta com a idade, em mulheres pós-menopausa quando deixam de secretar hormônios, fatores genéticos atuam nas variações da massa óssea dos grupos raciais e concentrações farmacológicas elevadas conduzem à inibição da formação óssea. Com o progresso dos aspectos preventivos da medicina neste século trouxe um aumento significativo na sobrevida humana.3 A proporção de idosos no Brasil subiu de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009, compondo hoje um contingente acima de 22 milhões de pessoas,4 com isso há uma grande incidência de fraturas relacionadas à perda de massa óssea fazendo com que a osteoporose seja uma das principais patologias associada ao envelhecimento. As complicações decorrentes das fraturas osteoporóticas, sobretudo do fêmur, podem causar perda da 54 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 qualidade de vida e, até mesmo, da própria vida, com um custo muito elevado, tornando imprescindíveis o seu conhecimento e sua prevenção. Em diversos estudos, a taxa de ocorrência da osteoporose chega a 40% em mulheres com 70 anos ou mais,5 no Brasil o conhecimento da epidemiologia da osteoporose e da fragilidade óssea é pequena, mas em alguns estudos realizados no período de 1994 à 2009, a taxa de ocorrência foi de 33%6 e em um estudo onde foram recrutados mulheres de Vitória e Vila Velha, a taxa também foi de 33%.7 Os tratamentos disponíveis para a osteoporose podem conservar a massa óssea, mas não conseguem restaurar o osso osteoporótico até a normalidade,2 ou seja, a osteoporose não tem cura. Assim o seu tratamento é voltado para não haver progressão da doença, mantendo uma boa qualidade de vida ao idoso. Hoje, dispomos do conhecimento de medidas preventivas, como o uso de suplementos e de várias drogas aprovadas para terapia preventiva,8 uma dieta enriquecida em cálcio e hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos. A Organização Mundial da Saúde em 1994 definiu a osteoporose em pessoas que apresentem densidade mineral óssea menor que 2,5 desvios-padrões da densidade média local para um adulto jovem9 que é avaliada através do exame de densitometria óssea, um exame considerado adequado e preciso sendo o melhor método disponível para determinar e existência do risco e iniciar um tratamento preventivo,5 ele utiliza a absorciometria de energia dupla de raio X e mede partes centrais do esqueleto (coluna e fêmur).9 No Brasil, os gastos com o tratamento e a assistência no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2010 foram de aproximadamente R$ 81 milhões para a atenção ao paciente portador de osteoporose e vítima de quedas e fraturas.10,11 Em um estudo feito em Unidades Básicas de Saúde em Cianorte, Paraná mostrou que não há educação permanente para os profissionais da saúde sobre a osteoporose, além dos exames de densitometria não serem feitos nas unidades,12 isso pode levar muitas vezes a um tratamento equivocado e consequentemente a uma maior degradação óssea e futuramente uma piora da qualidade de vida do paciente. Além da falta de grandes estudos epidemiológicos que pudesse caracterizar a amostra nacional desses pacientes, vivemos também a falta de conhecimento, melhor dizendo, a confusão com outras doenças reumáticas e osteometabólicas como a osteopenia, a artrite, a artrose, entre outros, o que dificulta o diagnóstico correto e consequentemente o tratamento, mesmo que preventivo. O objetivo desta pesquisa foi identificar a prevalência da osteoporose em mulheres atendidas em uma clinica particular de Vitória, Espírito Santo. 55 Material e Métodos O presente estudo foi realizado a partir da análise de banco de dados de pacientes participantes de um centro de pesquisa da Grande Vitória avaliadas no período de Agosto a Dezembro de 2012. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) sob o parecer de número 302.649. Com intuito de diminuir os viézes do estudo, foram estabelecidos como critérios de inclusão: mulheres entre 60 a 80 anos de idade, pós-menopausadas, submetidas ao exame de densitometria óssea. Foram excluídos os casos de dados incompletos e/ou que não contemplaram os critérios de inclusão. É importante mencionar que os dados foram realizados pela mesma equipe, fortificando a qualidade e a exatidão da técnica utilizada, diminuindo desta forma ainda mais possível causas de erro nos resultados. As densitometrias realizadas no próprio centro de pesquisa, estão em consonância com as Posições Oficiais SBDens 2006, padronizando seus resultados. As densitometrias foram realizadas no aparelho modelo Prodigy Advance, Lunar versão 13.60 da marca GE. Os resultados foram dispostos em gráficos e tabelas pelo Microsoft Office Excel 2007 e a análise estatística pelo programa BioEstat 5.0. O intervalo de confiança foi constituído com 95% de confiança e o valor de p foi de 0,05. Resultados Foram analisadas 695 pacientes atendidas em uma clínica da Grande Vitória durante o período de Agosto à Dezembro de 2012 (Tabela 1). Entre as pacientes, 257 (37%) tinham acima de -2,5 desvios padrão em seus laudos de densitometria independente da região analisada (colo, coluna e fêmur), sendo consideradas osteoporóticas, 333 (48%) tinham entre -1,0 e -2,4 desvio padrão em seus laudos, sendo consideradas osteopênicas e 105 (15%) estavam com seus laudos normais (Figura 1). Tabela 1. Características das 695 pacientes atendidas no período de agosto e dezembro de 2012. Idade 68,8 ± 5,49 anos IMC 28,2 ± 3,99 kg/m2 Etnia Branca 665 (96%) Negra 29(4%) Asiática 1(0%) SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Figura 1. Distribuição dos resultados de densitometria das pacientes atendidas em agosto à dezembro de 2012. Entre as pacientes osteoporóticas, 65 (25%) tinham idade entre 60 e 65 anos, 68 (26%) tinham idade entre 66 e 70 anos, 71 (28%) tinham idade entre 71 e 75 anos, e 53 (21%) tinham idade entre 76 e 80 anos (Figura 2). Já entre as pacientes osteopênicas, 101 (30%) tinham idade entre 60 e 65 anos, 100 (30%) tinham idade entre 66 e 70 anos, 89 (27%) tinham idade entre 71 e 75 anos, e 43 (13%) tinham idade entre 76 e 80 anos (Figura 3). Figura 4. Etnia das pacientes osteoporóticas atendidas no período de agosto a dezembro de 2012. Tabela 2. Características das variáveis de idade, IMC e etnia das pacientes atendidas no período de agosto a dezembro de 2012. Osteoporose Casos Idade IMC Etnia 257 (37%) 70,1 ± 5,6 anos 26,9 ± 5,3 kg/m2 Branca: 229 Negra: 27 Asiática: 1 Osteopenia 333 (48%) 68,7 ± 5,3 anos 28,3 ± 5,5 kg/m2 Branca: 332 Negra: 1 Asiática: 0 Normal 105 (15%) 66 ± 4,6 anos 31,4 ± 5,4 kg/m2 Branca: 104 Negra: 1 Asiática: 0 Discussão Figura 2 e 3. Idades das pacientes osteoporóticas e osteopênicas atendidas em agosto à dezembro de 2012 Entre as pacientes osteoporóticas, 229 eram da etnia branca, 27 eram da etnia negra e apenas 1 era da etnia asiática (Figura 4). Também nessas pacientes, 55% tinham alguma fratura vertebral, seja leve, moderada ou severa. A média do Índice de Massa Corporal das osteoporóticas foi de 26,9 Kg/m2. 56 A prevalência da osteoporose e osteopenia foram consideradas alta no estudo, este resultado também é encontrado em estudos realizados em outras capitais do Brasil,7,13,14,15,16 apesar de ainda não haver dados epidemiológicos oficiais sobre a osteoporose no Brasil. De acordo Horovitz e colaboradores,17 algumas projeções e levantamentos isolados estimam que a osteoporose acomete cerca de 20% das mulheres brasileiras acima de 50 anos. Considerando que a Organização Mundial da saúde estabelece como limite cronológico de 65 anos para o inicio da velhice quando em países desenvolvidos e 60 anos para países em desenvolvimento.18 Quanto maior a sobrevida da mulher, maior as chances de se desenvolver a osteoporose,19 é o que podemos observar em nosso estudo, onde as mulheres sem a presença da doença tinham a idade media de 66 anos, enquanto as mulheres diagnosticadas osteoporóticas SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 tinham a idade media de 70 anos. Corroborando com nossos resultados, outros estudos destaca a idade alta como um dos maiores fatores para a osteoporose.5 De acordo com o Consenso Brasileiro de Osteoporose de 2002, as raças asiáticas e caucásicas são grandes fatores para o desenvolvimento da osteoporose, no entanto de acordo com FaizalCury e Zacchello 16 alguns estudos encontraram a prevalência de osteoporose de 40,4% e 53,3% para mulheres negras e brancas, respectivamente, considerando que a etnia não deve ser critério de exclusão para rastreamento da osteoporose, em nosso estudo dentre o grupo de osteoporóticas a prevalência de mulheres brancas foi de 89%, entretanto apenas 29 pacientes negras foram inclusas no presente estudo, devido ao banco de dados e critérios de inclusão, e entre essas, 27 apresentaram osteoporose, o que podemos considerar também de nossos dados uma alta prevalência em mulheres negras. As fraturas vertebrais constituem as complicações comuns da osteoporose, porém são as menos estudadas, e os dados sobre sua ocorrência são escassos e limitados.20 Constata-se que a metade das fraturas de fêmur por osteoporose evoluem para incapacitação parcial ou total, cerca de 20 a 30% dos indivíduos com fratura de colo do fêmur por osteoporose apresentam alterações circulatórias, respiratórias e tromboembólicas, resultando em morte dentro do dois primeiros anos após a fratura.17 Em nosso estudo a presença de fratura vertebral seja ela leve, moderada ou severa chegou a 55% das pacientes osteoporóticas, apesar de poucas serem as informações encontradas a esse respeito, o a prevalência de fratura vertebral foi alta, corroborando com nossos resultados mais uma vez. O Índice de Massa Corporal é considerado pelo Consenso Brasileiro de Osteoporose (2002) como um dos menores fatores para a osteoporose, de acordo com a Organização Mundial de Saúde pessoas que possuem entre 18,50 e 24,99 IMC estão com o peso normal, acima disso ou abaixo são consideradas respectivamente, sobrepeso a obeso e subpeso. Estudos revelam que mulheres que apresentam IMC baixo têm maiores chances de ter osteoporose,16 pois o peso corporal interage com os hormônios gonadais na manutenção da massa óssea, protegendo contras os efeitos adversos da deficiência estrogênica do esqueleto, 17 o que não foi verificado em nosso estudo. De acordo com nossos resultados, 3% de pacientes com osteoporose apresentavam IMC abaixo do peso. 57 Contudo, é importante frisar que este estudo teve apenas acesso aos laudos densitométricos, outros fatores podem ser considerados riscos para a prevalência da osteoporose. Diversos estudos têm mostrado correlação entre a menarca precoce e os altos valores de densidade mineral óssea, a idade à menopausa também tem sido positivamente relacionada com a densidade óssea. 17 Outro fator com grande relevância é o hábito alimentar, uma vez que o leite e derivados, devido ao conteúdo de cálcio, e as frutas hortaliças são promotores da saúde óssea,21 portanto a baixa ingestão destes pode influenciar na prevalência da osteoporose. De acordo com Bandeira e Carvalho,20 o exercício físico também exerce um importante efeito na saúde óssea do individuo idoso, a caminhada representa a atividade mais comum entre eles, e o efeito de tal prática tem se relacionado com redução no risco de fraturas do fêmur. Os usos de alguns medicamentos também podem levar a osteoporose, como é o caso dos glicocorticoides, estudos mostram que o uso destes mesmos quando usado em baixas doses por via oral potencialmente pode aumentar o risco de fraturas. 22 O uso do tabaco e álcool também pode ser considerado como possíveis fatores de risco. O efeito do álcool sobre a função osteoplástica está vinculado às disfunções hepáticas, como esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose, ocasionada pelo consumo exagerado, enquanto a ação do tabagismo está relacionada ao efeito inibidor direto do tabaco nos osteoblastos e à menopausa mais precoce entre as mulheres fumantes. 13 Em conclusão, informações ainda não conhecidas da sociedade que vive na Grande Vitória foram inicialmente descritas neste estudo, e os achados destacaram a prevalência da osteoporose e osteopenia consideravelmente altas, principalmente em pacientes com a idade alta e etnia branca. Assim podemos concluir o quanto é necessários estudos desse segmento, para que se possa obter dados e o perfil dessa doença que atinge milhares de idosos e que gera altos custos para a saúde pública, além da qualidade de vida desses indivíduos. O diagnóstico precoce é fundamental para que se faça um tratamento preventivo e com melhoria da qualidade de vida. Nossos achados podem também contribuir para o desenvolvimento e melhoria de medidas preventivas, terapêuticas e reabilitação, além de proporcionar o conhecimento aos profissionais de saúde e população, sobre técnicas de diagnóstico ainda não explorado nos órgãos públicos, e que é a medida mais eficaz para o diagnóstico e controle da osteoporose. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Agradecimentos Ao CESOES pelo financiamento do projeto de pesquisa. Referências 1. Who, World Health Organization. 1994. Assessment of Fracture Risk and its Application to Screening for Postmenopausal Osteoporosis. 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