Edição Janeiro 2013 Edição na íntegra 27/02/2013
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Jornal do SINDHOSP HOSP Ano XXX | ed. 334 | Jan | 2013 DE CARA NOVA PAIXÃO PELA DEFESA DO SETOR DE SAÚDE Prazer pelo trabalho. É com esse enfoque que o novo presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, garante que trabalhará em prol do segmento. Leia nessa edição o que ele pensa sobre diversos assuntos ligados à saúde. As perspectivas de lideranças para 2013 págs. 9, 10 e 11 Proposta prevê desoneração tributária para o setor hospitalar pág. 12 Editorial uma graNDe resPonsaBilidade Foto: Neuza NakaHara Ocupo pela primeira vez esse espaço para fazer jus à memória e trajetória de um líder que simplesmente deu um novo sentido à representatividade dos prestadores de serviços de saúde não só no Estado de São Paulo, mas no Brasil: Dante Montagnana. Tive o privilégio de conviver e aprender com ele durante os últimos 16 anos, tempo que integro a diretoria do SINDHOSP atendendo a convite do próprio. Sua visão de futuro mostrou-se certeira, e hoje colhemos os frutos de algumas de suas iniciativas. Logo que assumiu a Presidência, o doutor Dante deu início a uma reestruturação interna. Criou novos departamentos, ampliou as atividades de outros e investiu na capacitação da equipe. Hoje, o SINDHOSP dispõe de profissionais especializados em saúde em todas as áreas, o que faz a diferença na prestação de serviços e na defesa dos interesses do setor. Como profundo conhecedor dos problemas que ocorriam no Interior, descentralizou as atividades do Sindicato, com a criação de nove escritórios regionais que logo começaram a ministrar cursos, palestras, sediar reuniões, enfim, vêm contribuindo com a união das instituições pelo Estado. Com o setor mais unido, sentiu a necessidade de estar mais próximo dos responsáveis pelas principais decisões tomadas no país e inaugurou o escritório político do SINDHOSP, em Brasília. Mesmo com uma melhora substancial da representatividade do nosso segmento, o doutor Dante não se deu por satisfeito. Atento ao que ocorria em outros estados e com uma atividade mais marcante por parte da Confederação Nacional de Saúde (CNS), percebeu que estava na hora de São Paulo ter a sua Federação de Hospitais, Clínicas e Laboratórios. E assim, graças a sua iniciativa, nasceu a Fehoesp. Há pouco mais de um ano, ajudou a criar o Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (Iepas), com o objetivo de solucionar o grave problema da falta de qualificação e capacitação de mão de obra na saúde. Ainda teríamos muito o que falar do gestor, do administrador, do líder Dante Montagnana. Mas o espaço é curto. Prova que suas ações foram cobertas de êxito é o expressivo crescimento de 40% que o SINDHOSP registrou nos últimos três anos, totalizando hoje 34 mil empresas prestadoras de serviços de saúde sob a sua representação. O sucesso da gestão de Dante Montagnana e a confiança que depositou em mim só fazem aumentar a minha responsabilidade à frente do SINDHOSP. Deixo registrado aqui o meu compromisso de honrar essa missão e trabalhar para melhorar a saúde da população e garantir a sustentabilidade das nossas organizações. presidente Yussif Ali Mere Jr sindHOsp - sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de saúde, laboratórios de Pesquisas e análises Clínicas e demais estabelecimentos de serviços de saúde do estado de são Paulo • Diretoria | Efetivos • Yussif ali mere Jr (presidente) • luiz fernando ferrari neto (1o vice-presidente) • George schahin (2o vice-presidente) • José Carlos Barbério (1o tesoureiro) • antonio Carlos de Carvalho (2o tesoureiro) • luiza Watanabe dal Bem (1a secretária) • ricardo nascimento teixeira mendes (2o secretário) / Suplentes • sergio Paes de melo • Carlos Henrique assef • danilo ther Vieira das neves • simão raskin • marcelo luis Gratão • irineu francisco debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • roberto nascimento teixeira mendes • Gilberto Ulson Pizarro • marina do nascimento teixeira mendes / Suplentes • maria Jandira loconto • Paulo roberto rogich • lucinda do rosário trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif ali mere Jr • luiz fernando ferrari neto | Suplentes • José Carlos Barbério • antonio Carlos de Carvalho • escritórios regionais • BAURU (14) 3223-4747, [email protected] | CAMPINAS (19) 3233-2655, [email protected] | RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529, [email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected] | SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030, [email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected] | BRASÍLIA (61) 3037-8919 / JORNaL DO sINDHOsp| Editora – ana Paula Barbulho (mtB 22170) | Reportagens – ana Paula Barbulho • aline moura • fabiane de sá | Produção gráfica – ergon ediitora (11) 2676-3211 | Periodicidade mensal | Tiragem 15.000 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa sindHosP r. 24 de maio, 208, 9o andar, são Paulo, sP, CeP 01041-000 • fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255 • www.sindhosp.com.br • e-mail: [email protected] 2 | Jornal do SINDHOSP | Jan 2013 Institucional SINDHOSP realiza mais de 70 cursos em 2012 O departamento de Eventos e Projetos Corporativos do SINDHOSP realizou durante o ano passado, na Capital e nos escritórios regionais do Sindicato no Interior, 73 cursos, que reuniram cerca de 1.500 profissionais. “Um dos grandes apagões que temos na área da saúde é a capacitação profissional. Por isso, formar e capacitar mão de obra significa contribuir para o aperfeiçoamento e desenvolvimento dos estabelecimentos de saúde e, diretamente, com a qualidade da assistência prestada”, afirma o presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr. A Capital paulista sediou 21 cursos, que totalizaram 536 participantes. Na tabela abaixo é possível verificar quantos cursos e participantes cada escritório regional do SINDHOSP registrou. Entre os temas abordados destacam-se: Aspectos Importantes do Prontuário do Paciente; Humanização no Atendimento; Atualização em Controle de Infecção Hospitalar; Gestão Estratégica de Pessoas; Dez Passos para um CURSOS Iepas Um dos principais projetos do SINDHOSP em 2013, segundo o presidente Yussif Ali Mere Jr, é o incremento do Iepas – Instituto de Ensino e Pesquisa da Área da Saúde, que nasceu em 2012 por iniciativa do SINDHOSP e da Federação dos Hospitais do Estado de São Paulo (Fehoesp). “2013 será o primeiro ano em que efetivamente o Iepas deve promover o ensino, a pesquisa e capacitação dos colaboradores da saúde. Isso é vital para o desenvolvimento do setor privado. Estamos profissionalizando essa área estratégica para as empresas do setor. O Iepas vai patrocinar não só cursos de capacitação, mas de formação profissional também”, finalizou. PESSOAS Bauru 7 120 Campinas 9 254 Santos 7 116 Santo André 8 123 São José dos Campos 9 163 Associado e Contribuinte Associado Contribuinte PÚBLICO LOCAL Faturamento Eficaz; Negociação e Administração de Conflitos; Gerenciamento e Otimização de Leitos Hospitalares; Biossegurança: Gerenciamento de Resíduos Químicos em Serviços de Saúde; Prontuário do Paciente: Aspectos Técnicos e Legais; Humanização no Atendimento: Processos e Planos de Ação; Limpeza e Desinfecção de Superfícies; Custos Hospitalares, entre outros. Dos 1.500 participantes, 57% são associados e contribuintes do SINDHOSP e 94% afirmaram que suas expectativas com relação ao curso foram atingidas. Além dos cursos de capacitação, o SINDHOSP realizou quatro eventos corporativos na Capital (incluindo o ClasSaúde 2012) e mais quatro no Interior. Os oito eventos, juntos, somaram mais 1.500 participantes. Não Sócio São José do Rio Preto 7 98 Sorocaba 5 88 São Paulo TOTAL 21 73 536 1498 EXPECTATIVAS ATINGIDAS 0% 0 % 6% Sim Parcialmente 94% Não Não Respondeu Jan 2013 | Jornal do SINDHOSP | 3 Quando escrever é difícil Foto: Neuza Nakahara Artigo Dante foi uma das maiores lideranças do setor da saúde no Brasil, dada sua dedicação e incansável trabalho Penso que em seres humanos construtores - na vida, no amor, na família e no trabalho – a contingência da morte soa injusta e, mesmo em existências longevas, parece sempre prematura. Para nós, de fato, a morte de Dante Montagnana foi prematura diante do quanto ele, e nós mesmos, ainda esperávamos por seu trabalho operoso, dinâmico e diligente, à frente dos destinos do SINDHOSP e da Fehoesp. Apareci para Dante há 14 anos na forma de uma crítica quase contundente que fiz ao Sindicato. Razões que ele acolheu convidando-me a participar da vida sindical, como se minha crítica pudesse ser um desafio. Pois preciso de ti, então, para auxiliar-me na área de laboratório, disse Dante. Aqui, a revelação de sua elegância, primado de sua pacífica convivência democrática. Ao lado de sua vontade de viver, seu dinamismo, seu raciocínio rápido, a disposição para enfrentar os obstáculos, a presença agregadora, conciliadora, a paciência para ouvir e, até mesmo, de recuar se preciso fosse, foram as virtudes que o fez líder na área que abraçou com entusiasmo: a área da saúde. Estejam certos de que minha convivência com Dante me fez uma pessoa melhor, me fez amadurecer no respeito, na contemplação e na filiação ao líder nato. Dante foi uma das maiores lideranças do setor da saúde no Brasil, dada sua dedicação e incansável trabalho à frente do Sindicato e da Federação, contribuindo grandemente para o fortalecimento de ambas. Mas não é só de seu legado na saúde brasileira que Dante marcou sua vida, como líder sindical. Em um tempo onde as relações estão cada vez mais virtuais e os valores um tanto em descrédito, Dante revelava por seus atos, palavras e pensamentos, que valia a pena investir no ser humano. Foi por esse caminho do amor e do respeito ao próximo que Dante cultivou as melhores relações em sua vida: do homem que se alimentava além dos afetos, as ações que cumpria e as lembranças que conservava, como os anos que se perderam no tempo, tais como os vultos, as vozes, os gestos, os lugares da infância, os mais nítidos na memória, como dizia Norberto Bobbio. Dante foi um hábil negociador quando a situação lhe parecia difícil, própria do líder que não impõe sua vontade, mas que revela, ao final, a atitude nobre de sua personalidade íntegra, despojada. Por tantas qualidades e virtudes, o médico, o líder, o pai, o avô, o mestre estará sempre presente na história da cada um de nós, que tivemos o privilégio de com ele conviver e muito aprender. Na história da saúde brasileira, o nome de Dante José Carlos Barbério diretor do SINDHOSP e presidente do Iepas haverá de ser registrado como aquele a quem o destino foi determinante e espiritualmente rico: seu idealismo sobrando na idade mais amadurecida. Ana Paula Barbulho, nossa editora, foi buscar em Mário Quintana um sublime pensamento que expressa o sentimento atual e com o qual termino esse texto: “A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim....” Em dia Usuários de planos de saúde chegam a 48,6 milhões Um crescimento de 2,9% em relação a setembro de 2011 Os beneficiários de planos de saúde no Brasil totalizaram 48,66 milhões de vínculos em setembro de 2012, um crescimento de 2,9% em relação ao mesmo mês de 2011. Apenas no terceiro trimestre, cerca de 240 mil vínculos foram incorporados à base de beneficiários, alta de 0,5%. Os dados constam do boletim “Nota de Acompanhamento do Caderno de Informações da Saúde Suplementar” (Naciss), 4 | Jornal do SINDHOSP | Jan 2013 produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) com base em dados recém-atualizados pela ANS. “Nossa expectativa é que 2012 tenha registrado crescimento de 2,5% a 3% no total de beneficiários comparativamente a 2011”, estima Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS. Como as projeções do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 apontam para uma evolução ao redor de 1%, Carneiro destaca que o segmento de planos de saúde obteve um bom desempenho no ano. Caso o mesmo desempenho se mantenha em 2013, o ano deve encerrar com mais de 50 milhões de beneficiários de planos de saúde. “Tudo vai depender da manutenção do aquecimento do mercado de trabalho brasileiro”, analisa Carneiro. Deu na imprensa Presidente do SINDHOSP expõe a desassistência em saúde mental em artigo no Estadão O presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, ocupou a coluna Espaço Aberto de 15 de janeiro, no jornal O Estado de S. Paulo, com artigo que expõe a preocupação do SINDHOSP com a atual política na área de saúde mental adotada pelo Ministério da Saúde, que deixa a população completamente desassistida. “Não podemos aceitar, enquanto sociedade civil organizada, que a população fique sem assistência. E que os hospitais especializados sejam sufocados pelo Ministério da Saúde, por causa de uma política irresponsável de pagamentos irrisórios, obrigando essas instituições a fechar as portas”, diz o artigo. Intitulado “Para onde irão os pacientes?”, o artigo ainda se debruça sobre o Termo de Ajustamento de Conduta firmado no final de 2011 entre os Ministérios Públicos Federal, Estadual e prefeituras de três municípios do Estado de São Paulo, que prevê o fechamento de mais 2.700 leitos psiquiátricos nos próximos três anos; o baixo investimento do governo em saúde mental; sobre a internação compulsória dos viciados em crack na cidade de São Paulo; a falta de infraestrutura extra-hospitalar; a baixa relação entre população e número de leitos, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outros temas. O artigo pode ser lido, na íntegra, no site do Sindicato: www.sindhosp.com.br. Em dia Presidente da Frente Parlamentar da Saúde diz que governo não prioriza o setor 2012 foi um ano ruim para o sistema público de saúde. E ele não vislumbra uma mudança no cenário Foto: DIVULGAÇÃO O presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado federal Darcísio Perondi, divulgou opinião, através da sua assessoria de imprensa, afirmando que o orçamento previsto para o Ministério da Saúde em 2013 não será suficiente para garantir a universalidade do atendimento, uma das premissas do SUS. A expectativa, até o fechamento desta edição, era de que o Congresso Nacional apreciasse e aprovasse o orçamento da União apenas em fevereiro. Nele, a Saúde está contemplada com R$ 88 bilhões, R$ 10 bi a mais do que em 2012. “Pode parecer muito, mas se pensarmos que temos que dar saúde a mais de 190 milhões de brasileiros, é pouco. O Ministério da Saúde precisava de pelo menos mais R$ 50 bi”, calcula Perondi. Com o orçamento deste ano, o Brasil continuará sendo, segundo o deputado, um dos países que menos investe em saúde no mundo. “Esse governo não prioriza a saúde. As pessoas estão com dificuldade de acesso à saúde. Nos postos, nas Darcísio Perondi emergências, nas unidades básicas”, afirma Darcísio Perondi, cujo partido, o PMDB, é aliado do governo federal. Os prefeitos recém-chegados não conseguirão injetar mais verba no setor, ainda segundo o deputado. Em paralelo, várias santas casas ameaçam paralisar o atendimento e, de modo geral, todos os prestadores que prestam serviços ao SUS estão sobrecarregados. “Infelizmente, a área econômica do governo e a própria presidente Dilma Rousseff não enxergam isso”. Na avaliação do deputado, 2012 foi um ano ruim para o sistema público de saúde. E ele não vislumbra uma mudança no cenário. “A Frente Parlamentar da Saúde, outras comissões da Câmara e as entidades representativas continuarão fazendo o seu papel, que é o de reivindicar mais verbas para o setor. Infelizmente, a decisão depende do Executivo”, finalizou Darcísio Perondi. O material enviado pelo deputado lembra que em dezembro passado pesquisa do Ibope mostrou que 74% dos cidadãos desaprovam a atuação do governo federal na área da saúde. Trata-se do maior percentual obtido desde que a pesquisa começou a ser realizada. Quando comparado com pesquisa idêntica realizada três meses antes (setembro de 2012), o resultado ficou 13 pontos percentuais acima. Jan 2013 | Jornal do SINDHOSP | 5 Manchete a missão de defender o setor de saúde nessa entrevista exclusiva ao jornal do sindhosp, o novo presidente do sindicato, Yussif Ali mere jr, fala sobre diversos temas ligados à área Ainda na Idade Média, o filósofo grego Aristóteles já dizia que “o prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”. Dar continuidade ao trabalho que vinha sendo muito bem desenvolvido pelo antecessor é um desafio que não assusta quem sente prazer em trabalhar – e, nesse caso específico - em prol do setor de saúde. O médico nefrologista Yussif Ali Mere Jr, que assumiu a presidência do SINDHOSP em dezembro passado, tem esse perfil e essa determinação. Integrante da diretoria do SINDHOSP há 16 anos, Yussif é presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto e Região (SINDHORP) e vice-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS). Já conhece, portanto, os meandros políticos e o que fazer para representar bem e defender os prestadores de serviços de saúde de São Paulo. Yussif Ali Mere Jr é mestre em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP; tem MBA em Economia e Gestão em Saúde pelo Centro Paulista de Economia da Saúde (Cepes), ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e é diretor Executivo do Grupo Lund de Nefrologia. Conheça, agora, o que o novo presidente do SINDHOSP pensa sobre diversos assuntos ligados à saúde. Jornal do SINDHOSP - O sr é dirigente do SINDHOSP há 16 anos. O que o levou a ingressar em uma entidade de classe? Qual foi e é a sua motivação? Yussif Ali Mere Jr – Comecei a participar das reuniões do SINDHOSP em 1987, em Ribeirão Preto. O doutor Dante Montagnana era diretor do Interior e negociava com o setor os dissídios coletivos. Era uma época difícil. A inflação beirava os 1.000% ao ano e tínhamos reposição salarial de 30% ao mês. As dificuldades acabaram nos aproximando e, seis anos mais tarde, ele me convidou para fazer parte da diretoria do SINDHOSP, o que para mim foi e é uma honra. Ingressei como diretor suplente e nunca faltei a nenhuma reunião de diretoria até chegar à vice-presidência. Sempre acreditei que os nossos interesses devem ser defendidos por nós, gestores e empresários, que estamos na lida diária da administração hospitalar. É através das entidades representativas que os setores conseguem reivindicar e obter conquistas, mudar realidades. Esse caminho é longo, difícil e muitas vezes a luta é inglória, mas é o único. É a sociedade civil organizada fazendo as suas reivindicações. E o SINDHOSP, como integrante do sistema confederativo, é uma dessas entidades, que pode abrir portas e trazer conquistas para o setor. SINDHOSP - O SUS completa 25 anos em 2013. Qual a sua avaliação sobre o sistema? Yussif Ali Mere Jr - Minha avaliação é altamente positiva. Conseguimos fazer e aprovar uma lei que, se não é perfeita, é quase. Ela dá universalidade, prevê equidade, dá tudo para todos. Mas a prática não é assim - e a culpa não é do SUS. Ao longo dos últimos anos, os governos vêm diminuindo o orçamento da Saúde. A lei é boa, porém, falta financiamento. E isso acontece não por falta de dinheiro, mas porque a saúde nunca foi tratada como prioridade. Infelizmente, não temos no Brasil governantes – e falo de todos os níveis, de vereadores ao presidente da República – que saibam o que é saúde e como geri-la. Apesar disso, os avanços são nítidos e a sociedade civil é a principal responsável por isso. Por exemplo, por que caiu drasticamente a mortalidade infantil no país nos últimos anos? Apesar da água tratada, de um melhor saneamento e das campanhas de vacinação, a principal variante que levou à queda foi a universalização da educação que se deu a partir de 1994. As mulheres começaram a ir para a escola. Estudam pouco ainda, mas até então elas não iam. SINDHOSP – Então o sr. concorda com a afirmação de que o investimento em educação contribui para uma melhoria dos indicadores de saúde? Yussif Ali Mere Jr – Com certeza. A escolaridade materna fez diminuir drasticamente a mortalidade infantil. Esse é um ponto de evolução importante. Outra coisa: se traçarmos o perfil do trabalhador da saúde em 1988, época da Constituição Federal e do surgimento do SUS, para hoje, veremos uma mudança radical. Tínhamos o atendente de enfermagem, que era uma mão de obra precária, sem o nível de conhecimento necessário e que praticamente era quase a totalidade dos trabalhadores dos hospitais brasileiros. Hoje isso mudou completamente. Temos técnicos em enfermagem e novos cargos e profissões foram agregados ao dia a dia dos estabelecimentos de saúde, acompanhando a evolução tecnológica. O trabalhador da saúde de hoje é a nova classe média. O SINDHOSP é uma entidade que pode abrir portas e trazer conquistas para o setor SINDHOSP – A representatividade do setor melhorou nos últimos anos? Yussif Ali Mere Jr - Muito, da água para o vinho. Hoje, temos condições de obter conquistas inimagináveis há alguns anos. No começo da década de 90, a Confederação Nacional de Saúde (CNS) nem existia. Atualmente, as conquistas são difíceis, mas sem a estrutura sindical existente seria impossível. Hoje, estamos presentes na Câmara dos Deputados, no Senado, acompanhamos diariamente os projetos de lei que impactam o setor, sabemos quem é o autor, discutimos com ele, enfim, existe uma atuação política mais pulsante. Precisa melhorar? Sempre, mas estamos no caminho. 6 | Jornal do SINDHOSP | Jan 2013 Manchete SINDHOSP - E sobre as parcerias público-privadas (PPPs)? Por que há tão poucas iniciativas na área de prestação de serviços de saúde? Yussif Ali Mere Jr - Uma das PPPs mais bem organizadas no Estado de SP é, por exemplo, a da concessão de rodovias. A empresa paga para receber a rodovia pronta, faz a manutenção, amplia pistas, cobra pedágio e paga imposto sobre isso. Esse é o modelo perfeito de PPP. O que seria um modelo perfeito para a saúde? Simplesmente a adequação, o reajuste da tabela do SUS. Não precisa mais nada. Se isso ocorrer fica igual às PPPs das rodovias. A iniciativa privada presta serviço com investimento próprio e recebe um valor condizente e justo pelo que fez. Não tem segredo. SINDHOSP – Se é relativamente simples, por que isso ainda não ocorreu? Yussif Ali Mere Jr – Porque o viés ideológico da esquerda sanitária, que acha que lucro é proibido na área da saúde, atinge todos os níveis governamentais, infelizmente. Enquanto isso não acabar teremos esse problema. SINDHOSP - A lei 9656 completa 15 anos em 2013. Qual o balanço que o sr faz desse tempo de regulação? Yussif Ali Mere Jr – Minha avaliação também é otimista. Precisamos avançar, mas isso está sendo conquistado. A IN 49, por exemplo, foi postergada recentemente, mas tem data. Se ela vai ser cumprida é outro problema, mas tem prazo para cumprimento. Isso é um avanço. E tem mais: a regulação do setor suplementar era necessária. As agências reguladoras, como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), dão segurança jurídica para quem quer investir. Foto: Neuza Nakahara SINDHOSP – E qual a avaliação que o sr faz das organizações sociais de saúde (OSs)? Yussif Ali Mere Jr – Acho que a aproximação do governo com instituições sociais para prestação de serviços de saúde é positiva, mas há aspectos que precisam ser considerados. A parte boa é que a OS custa menos que o serviço público administrado diretamente pelo Estado, seja ele municipal, estadual ou federal. Mas ela custa muito mais do que serviços prestados por santas casas, por exemplo. Em minha opinião, as OSs não devem se propor a prestar serviços onde a iniciativa privada dê conta da demanda, como cirurgias cardíacas, hemodiálise, transplantes, oncologia. Isso, inclusive, incorre em uma renúncia fiscal desnecessária. Se o governo quiser ampliar a oferta desses serviços, basta comprar do setor privado. Onde o governo necessitar que se monte uma unidade de tratamento oncológico, de terapia renal substitutiva, de cardiologia intervencioinista, não tenho dúvidas que existem empresários dispostos a montar isso e receber pela tabela SUS, que para alguns procedimentos tem um valor razoável. Agora, é claro que não existe ninguém do setor privado interessado em montar uma estrutura para atender a consultas em qualquer localização geográfica do país, porque a tabela SUS não cobre os custos da estrutura, do investimento. O valor é irrisório. Esses serviços sim devem ser prestados por OSs. Há, por exemplo, laboratórios privados que fazem exames pelo SUS, têm qualidade reconhecida, geram empregos e pagam impostos. Por que dar exames para OSs e aumentar a renúncia fiscal? Isso não faz sentido. Yussif Ali Mere Jr , o novo presidente do SINDHOSP SINDHOSP – E qual o balanço que o sr faz da atuação da ANS? Yussif Ali Mere Jr – Acredito que o mercado está muito melhor com a ANS do que sem ela. A Agência é fundamental. Em certos momentos ela avança mais, em outros menos. Minha preocupação é com uma possível politização do órgão, por parte de setores do governo federal. Por mais ideológicos que os governos sejam, se a sociedade civil estiver organizada eles terão de avançar. Isso era muito perceptível na Europa dos anos 80. Como a economia ia bem, nos países progressistas às vezes a direita vencia a eleição, e em outras ocasiões, a esquerda. Mas o país era tão institucionalizado que pouco mudava. E é a esse ponto elevado de institucionalização que o Brasil precisa chegar. SINDHOSP - Se pudesse priorizar o que fazer na área da saúde suplementar, quais seriam suas prioridades? Yussif Ali Mere Jr – Apesar de reconhecer que temos que avançar nessa discussão, considero que a flexibilização dos planos a serem vendidos traria um incremento ao mercado. As normas da ANS e a própria lei 9656 engessam o setor. Estamos indo bem porque estamos crescendo. O emprego formal está em alta, praticamente inexiste desemprego no país. Se começarmos a ter desemprego, sentiremos a necessidade de tirar o gesso das operadoras para que elas possam vender algum produto que caiba no bolso do cidadão. SINDHOSP - Como o sr avalia as fusões e aquisições que estão acontecendo no setor, com grandes operadoras de um lado e rede de prestadores de outro? Quem ganha e quem perde com isso? Yussif Ali Mere Jr – Essa é a típica variável que não podemos controlar. Já aconteceu nos EUA, na Europa, e está acontecendo em vários outros países. Uma coisa é certa: Quem não se preparar não tenho dúvidas de que vai perder. Quem se preparar pode até perder, mas terá uma maior chance de se dar bem. Acredito que as fusões e aquisições ainda continuem em 2013, só que talvez numa velocidade menor do que a que presenciamos no ano passado. O fato é que sempre haverá os que ganham e os que perdem nesse processo. E não vejo para a população, para o usuário do sistema, perdas. Os grandes grupos de investidores vieram para ficar e estarão sempre adequando o Jan 2013 | Jornal do SINDHOSP | 7 Manchete atendimento, a demanda, incorporando tecnologias e gerindo melhor a saúde dos usuários. SINDHOSP – Nisso há uma distorção gritante, que é a proibição constitucional dos hospitais privados receberem recursos estrangeiros. O sr acredita que o Congresso pode analisar o tema ainda esse ano e o que pensa a respeito? Yussif Ali Mere Jr - Isso é um absurdo que cria uma concorrência desleal, na medida que os hospitais próprios de operadoras recebem, mesmo que indiretamente, recursos de fora. Trata-se de uma reivindicação antiga das entidades que representam os prestadores de serviços de saúde. Infelizmente não dá para marcar prazo para que isso entre na pauta. O que percebemos é que muitos deputados e senadores que antes eram contrários a isso, hoje são favoráveis. Portanto, não vejo essa derrubada com dificuldade. A política como sempre está atrás da sociedade e da realidade. SINDHOSP - Especificamente sobre o programa de qualificação dos prestadores, que a ANS começa nesse semestre, qual a sua perspectiva? Yussif Ali Mere Jr – A iniciativa da Agência fará com que muitos prestadores que ainda não são acreditados invistam em processos de qualidade, o que é positivo. Mas não podemos deixar de analisar criticamente o processo e acompanhá-lo. De que forma a ANS usará os resultados obtidos? As informações que levaram aos indicadores são confiáveis? E tem mais: precisamos ver até que ponto a ANS tem capacitação, conhecimento para avaliar os hospitais. Yussif Ali Mere Jr – Não. Ainda precisamos evoluir muito, mas teremos que amadurecer. Felizmente, no final de 2012, saiu o acordo para a mudança do modelo. Portanto, não foi algo imposto, como a CMED 3. Desde esse episódio o setor evoluiu muito. Para melhorar o relacionamento entre as partes precisamos diminuir a margem de atrito. SINDHOSP – E quanto ao movimento médico que paralisou o atendimento aos planos em diversas ocasiões no ano passado? Qual a sua avaliação? Yussif Ali Mere Jr – É claro que o movimento é justo e as operadoras devem pagar melhor pela consulta. Agora, os médicos também precisam consultar melhor. Fazer uma boa anamnese, conversar com o paciente, olhar pra ele. E sabemos que hoje nem todos agem assim. SINDHOSP – E quanto à formação do médico? O que o sr tem a dizer? Yussif Ali Mere Jr - Esse é outro problema grave. A proliferação de escolas médicas sem qualidade faz com que maus profissionais ingressem no mercado de trabalho. E ainda há outro agravante: só temos quatro mil vagas de residência no país, e formamos por ano cerca de 17 mil médicos. SINDHOSP - O envelhecimento populacional é um problema mundial. Em 25 anos, cerca de 20% da população brasileira será idosa. E isso traz impacto direto na Previdência e na saúde. Como resolver esse problema? Yussif Ali Mere Jr - Nosso maior problema é que o mundo desenvolvido enriqueceu e depois envelheceu. Nós estamos envelhecendo antes de enriquecer. O envelhecimento atropelou tudo. E ele tem o seu lado bom: significa que as pessoas estão com mais saúde. Há iniciativas que estão sendo testadas em outros países que, talvez, possamos importar. A Austrália, por exemplo, dispõe de equipes de profissionais que visitam as casas dos idosos para controle das doenças crônicas, uma espécie de home care preventivo. E com resultados animadores. Para nós seria como um Programa de Saúde da Família, mas voltado às necessidades da população idosa. Também temos que colocar em prática a medicina baseada em evidências, que pode evitar desperdícios de recursos e agregar valor. E não tem jeito: mais cedo ou mais tarde a sociedade brasileira terá que fazer escolhas difíceis. Pessoas acima dos 90 anos, por exemplo. Será que elas necessitam de internações muitas vezes longas em UTIs, que são caras? Ou basta disponibilizar atendimento primário e cuidados paliativos? Essa é uma maneira de diminuir custos sem diminuir longevidade e qualidade de vida. Mas o tema é polêmico. O mundo desenvolvido enriqueceu e depois envelheceu. Nós estamos envelhecendo antes de enriquecer SINDHOSP - O relacionamento entre prestadores e operadoras é tenso e difícil. A mudança do modelo de remuneração é a solução? Yussif Ali Mere Jr – A mudança do modelo é outro caminho inexorável. O exemplo mais clássico de onde temos que chegar é o seguinte: duas pessoas precisam dividir a fatia de um bolo delicioso. Qual é a melhor maneira de conseguir honestidade de ambas as partes? Simples: Uma parte corta e a outra escolhe o primeiro pedaço. Isso faz com que o primeiro se esmere para cortar a fatia exatamente na metade. Nenhum momento na saúde suplementar chega perto desse ponto perfeito. E o fee for service está longe disso. SINDHOSP – O sr acredita que o mercado está maduro para aderir a essa mudança? 8 | Jornal do SINDHOSP | Jan 2013 SINDHOSP – Quais suas prioridades como presidente do SINDHOSP? Yussif Ali Mere Jr – O SINDHOSP vem fazendo um excelente trabalho em diversas áreas e o meu intuito é continuar isso. Pretendo, ainda, estabelecer parcerias com entidades da sociedade civil organizada para trabalharmos juntos por interesses comuns. Mas a maior prioridade é o incremento do Iepas – Instituto de Ensino e Pesquisa da Área da Saúde. Ele nasceu em 2012 por iniciativa do SINDHOSP e da Fehoesp e este ano será o primeiro em que efetivamente deve promover o ensino, a pesquisa e capacitação dos colaboradores da saúde. Isso é vital para o desenvolvimento do setor privado, pois um dos grandes apagões que temos é a capacitação profissional. Por isso, iremos patrocinar não só cursos de capacitação, mas de formação profissional também. SINDHOSP – E a saúde em 2013? Qual a sua expectativa? Yussif Ali Mere Jr - Estou apreensivo com relação ao resultado da economia, pois isso diminui a arrecadação do governo e, consequentemente, aperta os prestadores que prestam serviços ao SUS. Se alguém está pensando que o Ministério da Saúde pode reajustar a tabela do SUS durante o ano, esquece. Com esse nível de arrecadação será difícil. Em paralelo, a timidez da economia também impede um crescimento maior da saúde suplementar. Enfim, o segmento vai crescer, mas com limites. Perspectiva Executivos, empresários e lideranças dizem o que esperam para o setor este ano 2012 foi um ano de muita movimentação para a ANS, operadoras de planos de saúde, prestadores de serviços e entidades, que se dedicaram a aprimorar ainda mais o sistema, com ações que resultaram no fortalecimento e no desenvolvimento do setor. Tivemos a entrada de investidor estrangeiro no mercado de saúde brasileiro, com compra de uma das maiores operadores do país, a Amil, pela americana UnitedHealth Group (UHG), em um negócio de cerca de R$ 9,9 bilhões, que reabriu as discussões sobre a participação de empresas de capital estrangeiro no setor de saúde nacional. O debate sobre as alterações no modelo de remuneração de prestadores de serviços avançaram e, em dezembro, representantes dos hospitais, das operadoras e a ANS assinaram um acordo que estabeleceu novas formas de remuneração. Ainda no ano passado, o baixo crescimento da economia brasileira trouxe reflexos ao setor da saúde. Um dos maiores desafios, segundo especialistas, foi a inflação médica, com o aumento dos preços de taxas e serviços, pela busca da recomposição de margens de preços pelos prestadores de serviços e também pelo aumento da frequência de uso dos recursos médicos. Mesmo com este cenário, o número de beneficiários de planos de saúde no Brasil cresceu, totalizando 48,66 milhões em setembro de 2012. A justificativa para o bom desempenho do segmento estaria na continuidade da geração de empregos, que vem possibilitando ao brasileiro condições de adquirir um plano privado de saúde. O Jornal do SINDHOSP ouviu a opinião de executivos, empresários, consultores e lideranças para saber o que esperam para a área da saúde este ano. Das opiniões otimistas às mais precavidas, todos acreditam que as mudanças continuarão, assim como a melhora na qualidade dos serviços, e que o grande objetivo é a busca pela sustentabilidade do setor. “O encarecimento dos serviços de saúde e o envelhecimento da população são tendências que desafiam a todos. Este deve ser um ano marcante na saúde pública por conta das novas administrações municipais. A própria configuração do SUS, aliada ao baixíssimo investimento por parte da União na área, impõe enormes responsabilidades. Por isso, as novas equipes de governo devem se empenhar em gerir de forma mais eficiente as verbas existentes e insistir na ampliação dos recursos. O mercado da saúde suplementar vem se modifiFlorisval Meinão cando rapidamente. As compras de empresas brasileiras por presidente da Associação Paulista gigantes internacionais, as fusões e o enfraquecimento das de Medicina menores devem ser a tônica em 2013. Do ponto de vista regulatório, ainda são conflituosas as relações entre planos, prestadores de serviços e pacientes. As ações da ANS, por enquanto, não demonstram a contundência necessária para exigir das empresas o fim de certas práticas abusivas.” Fotos: ARQUIVO SINDHOSP Os rumos da saúde EM 2013 “Em 2012 observamos o governo mais receptivo às nossas propostas, o que aumenta as expectativas para 2013. Os processos de gestão no setor encontram-se em plena evolução José Carlos Abrahão e aperfeiçoamento. presidente da Confederação Nacional Os princípios de goda Saúde (CNS) vernança corporativa são fundamentais. Os investimentos em sustentabilidade podem resultar na melhora da eficiência, eficácia e qualidade dos estabelecimentos e da prestação dos serviços. Também considero importante continuar a investir nas parcerias público-privadas, que têm tido papel fundamental para o aprimoramento da atenção à saúde. Acredito que estas parcerias são vertentes fundamentais de uma administração moderna que irá proporcionar melhores resultados à população.” “Os sinais de recuperação econômica para 2013 ampliam as possibilidades de melhor desempenho e correspondente estímulo aos investimentos na saúde. De qualquer forma, o mercado sinaliza a Afonso José de Matos necessidade de mais diretor-presidente da Planisa profissionalismo na gestão das empresas, pois claramente o setor está diante de um ambiente mais globalizado, mais competitivo e mais complexo. Os investimentos no setor da saúde do país estão sendo considerados pelos estrangeiros. À medida que o mercado assimilar esses movimentos e penso que fará isto rapidamente, certamente poderão ocorrer outras iniciativas similares ao que aconteceu entre Amil e UnitedHealth Group.” Jan 2013 | Jornal do SINDHOSP | 9 Fotos: ARQUIVO SINDHOSP Perspectiva “Caso o país continue ‘crescendo’, com a entrada de novas vidas para os planos de saúde, a expectativa é de aumento da demanda e, ao mesmo tempo, sermos ‘apertados’ pelas opePaulo Zoppi radoras visando baixar presidente do Salomão Zoppi custos. Acredito que Diagnósticos em termos de mercado de planos de saúde tenha-se maior controle da demanda, com repasse de parte da sinistralidade ao associado, com consequente queda de consultas e exames. Mas temos ainda a expectativa de crescer ao redor de 20%, inaugurar uma nova unidade e melhorar o sistema de gestão e governança.” “No setor privado, do ponto de vista das operadoras, vejo uma expansão do mercado, porque a economia deve crescer e propiciar o mesmo para a saúde suplementar. Talvez não seja um crescimento tão Gonzalo Vecina Neto superintendente corporativo grande porque tamdo Hospital Sírio-Libanês bém há um aumento nos custos. Mas vamos chegar a um total de 28% da população com plano de saúde. Esta demanda deve ser proporcionada principalmente pela classe C, pois estamos numa fase de pleno emprego. Devemos esperar um aumento na eficiência dos sistemas, tanto do lado das operadoras como dos prestadores de serviços. A compra da Amil pela UnitedHealth Group aponta que teremos novas ferramentas de gestão de doenças e de doentes no mercado brasileiro, que tendem a melhorar a eficiência das operadoras, dos hospitais e clínicas. Deve continuar a concentração do mercado com a compra de pequenas operadoras por grandes, assim como a expansão através da absorção de pequenos players de prestadores para dar continuidade ao aumento de algumas redes de hospitais e laboratórios. Na área do SUS, sou mais cético e não vejo neste ano nenhuma alternativa, não há nenhuma melhoria do ponto de vista financeiro, infelizmente.” 10 | Jornal do SINDHOSP | Jan 2013 “Para este ano há uma tendência de redução da demanda por planos e seguros de saúde, como resultado da menor expansão da atividade econômica no país, ressalvado o dinamismo do setor de serviços, que se tornou o maior comprador desses produtos. O grande desafio decorre da inflação médica, que ressurgiu mais forte em 2012, também em virtude da busca de recomposição das margens de preços por parte dos prestadores de serviços e pelo aumento da frequência de uso dos recursos médicos, estimulada pelos próprios prestadores de serviços. Por essa razão, 2013 será ainda de muito diálogo em torno dos fatores que vêm pressionando os custos da assistência, como o uso cada vez mais frequente, às vezes sem critério adequado, das órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).” Marcio Coriolano presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) “Há uma rápida evolução na conscientização da importância da saúde, bem-estar e qualidade de vida das pessoas e, em consequência, uma demanda por mais e melhores serviços. O resultado natural disso é a pressão da população junto a políticos e governantes para que a saúde seja prioridade em qualquer plano de governo. Quanto ao setor privado, este já está superatualizado em termos de qualidade de seus serviços, apesar de ainda não ser suficientemente grande para atender a demanda que aumenta em proporções geométricas. Vejo com otimismo o fato de termos na Waleska Santos agenda esportiva de nosso país um motivo urgente, inadiável presidente da Hospitalar Feira e Fórum e obrigatório para acelerar nossos investimentos em saúde: se não for para oferecer serviços aos visitantes da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que o seja para garantir o atendimento e vagas para os brasileiros que terão que disputá-las com os estrangeiros em solo nacional durante esses eventos.” “O setor saúde tem um árdua luta em 2013 em relação a quatro pontos que envolvem aspectos estratégicos do segmento: acessibilidade, gestão, qualidade e financiamento. Estes pilares constituem a base para que se promova a indispensável melhoria da qualidade assistencial e a garantia do acesso nos sistemas público e na saúde suplementar. Investir na profissionalização gerencial e na certificação e acreditação externa melhora os processos de gestão das instituições, conferindo maior segurança e o reconhecimento da sociedade. O financiamento adequado constitui inafastável desafio este ano, para balizar a atuação das entidades representativas dos prestadores de serviços. Com um maior investimento em saúde, poderemos qualificar cada vez mais a gestão e garantir um melhor atendimento à população.” Cláudio José Allgayer presidente da Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (Fehosul) Perspectiva “Tudo indica que 2013 não será um ano muito distinto de 2012, com o crescimento econômico aquém do necessário e desejável, o que certamente influenciará a geração de novos empregos e, consequentemente, reduzirá o ingresso de novos beneficiários no sistema suplementar. Esta redução fará com que o sistema público tenha que absorver uma demanda que é crescente. Como o investimento público é abaixo do necessário, as angústias observadas no funil assistencial tenderão a se agravar. No sistema suplementar, este mesmo efeito ocasionará uma maior tensão na relação entre prestadores Marcos Bosi Ferraz diretor do Centro Paulista de Economia e operadoras. No âmbito da incorporação de tecnologias, da Saúde (CPES) continuarão as discussões e avaliações sobre o que deverá ou não ser coberto pelo sistema público ou suplementar. Por fim, em 2013 todos os participantes do sistema de saúde enfrentarão desafios.” “Com a queda da economia do país, o número de usuários que adquire planos de saúde teve um decréscimo discreto no último trimestre do ano passado – o aumento desse índice vinha se mantendo em 2,92% nos primeiros meses de 2012 e caiu para 2,46% naquele período. Esperamos que o PIB, que cresceu somente 1% em 2012, recupere-se e atinja níveis superiores. Assim, nossa atividade poderá crescer concomitantemente, já que, atualmente, a segunda maior aspiração de todo cidadão brasileiro, depois da casa própria, é ter um plano de saúde privado.” Francisco Balestrin presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) Arlindo de Almeida presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) “O ano de 2012 foi muito importante para o setor de saúde suplementar e para os hospitais associados da Anahp. O segmento bateu recorde com mais de 25% da população brasileira com planos de saúde e um faturamento total de mais de R$ 85 bilhões. 2013 trará para a área da saúde uma maior exposição do setor, com muitas novidades da indústria aos prestadores de serviços, passando pelas operadoras. Movimentos de expansão e consolidação continuarão como fortes tendências entre todos os segmentos. A Anahp continuará desenvolvendo e incentivando a governança corporativa e clínica do setor, com foco na ampliação da qualidade do sistema suplementar.” “Para o setor, continua a expectativa de crescimento para a saúde, mas com menos celeridade do que os outros anos, por conta dos índices econômicos do país. O maior desafio é a sustentabilidade e, para que isso ocorra, o trabalho tem que ser voltado para duas frentes: cuidar da população mais envelhecida e conseguir de fato alternativas para lidar com os custos que vêm apresentando um crescimento acelerado. Isso vai exigir uma maior integração com o órgão regulador e ampliação da discussão com o Ministério da Saúde e a sociedade. A autogestão pretende continuar investindo cada vez mais em programas de prevenção e promoção, que elegemos como prioridade, e também em conhecimento, com a profissionalização dos gestores por meio de parceria com instituições de ensino.” “O setor de saúde em 2013 tende a melhorar com a norma de contratualização da ANS, que estabelece que operadoras e prestadores de serviços terão que ter contratos assinados Paulo Azevedo com cláusulas claras de pres. da Sociedade Brasileira de equilíbrio financeiro. Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial Esta medida vai mudar as perspectivas para o setor, equilibrar o relacionamento entre eles e transformar um futuro que parecia nebuloso em algo que vai melhorar, isso se as operadoras cumprirem a norma e os prestadores souberem negociar. Acredito também no crescimento da busca pela assistência na saúde suplementar, o que vai trazer retorno positivo para os hospitais, clínicas e laboratórios. A preocupação fica por conta do crescimento econômico do país, que se for abaixo do esperado, pode acabar reduzindo a procura pela saúde suplementar.” “A ANS define suas linhas prioritárias de ação a cada dois anos por meio de sua Agenda Regulatória, que elenca as expectativas e as perspectivas para o setor. Para o biênio 2013-2014, a ANS abriu a Consulta André Longo diretor-presidente interino da ANS Pública nO 52, encerrada dia 29/1/13, para a sociedade participar na definição de sua Agenda Regulatória para os próximos dois anos. Na proposta, estavam as ações prioritárias de regulação para o período, que são: sustentabilidade do setor; garantia de acesso e qualidade assistencial; relacionamento entre operadoras e prestadores; incentivo à concorrência; garantia de acesso à informação; integração da saúde suplementar com o SUS; e governança regulatória.“ Denise Eloi de Brito presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde Jan 2013 | Jornal do SINDHOSP | 11 Em Dia Desoneração tributária para o setor hospitalar é incorporada à MP 582 Graças à iniciativa do deputado federal Arnaldo Jardim, que apresentou emenda à Medida Provisória (MP) 582, enviada pela Presidência da República ao Congresso Nacional, o setor de serviços médico-hospitalares pode se beneficiar da alteração da alíquota de contribuição sobre a folha de salários prevista nesta MP, que tem como objetivo beneficiar alguns setores da indústria e de serviços. A emenda de autoria de Arnaldo Jardim inclui novo inciso ao parágrafo 3o do artigo 8o da Lei no 12.546, de 14 de dezembro de 2011, que afirma que “contribuirão sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, à alíquota de 1% (um por cento), em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22, da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, as empresas que fabricam os produtos classificados na Tipi, aprovada pelo Decreto no 7.660, de 23 de dezembro de 2011, nos códigos referidos no Anexo desta Lei.” O parágrafo 3o prevê que o “disposto no caput também se aplica às empresas: XI – de assistência à saúde nas atividades de atendimento hospitalar.(NR)” Como a emenda foi acatada e incorporada ao parecer do relator, o setor tem grandes chances de se beneficiar dessa desoneração tributária proposta por Arnaldo Jardim. “Agora estamos trabalhando para que ela seja aprovada nos plenários da Câmara e do Senado e sancionada pela Presidência da República”, afirma o deputado. Para o presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, trata-se de uma iniciativa que deve ser aplaudida e acompanhada para que, enfim, vire lei. “O setor de saúde já arca com uma carga tributária altíssima e não recebe praticamente nenhum benefício do governo, mesmo sendo um setor vital para o desenvolvimento do país e para o atendimento da população. A emenda do deputado Arnaldo Jardim mostra que, felizmente, temos políticos preocupados com o nosso segmento e dispostos a trabalhar por ele, o que é excelente”, defende, acrescentando que o SINDHOSP acompanhará o trâmite da MP. Arnaldo Jardim acredita que a desoneração da folha de pagamentos é uma mudança necessária, já que ao mesmo tempo em que diminui a carga tributária incidente sobre as empresas, possibilita que os serviços se tornem mais efetivos, que haja maior estimulação na formalização do mercado de trabalho e mais investimento no setor. Na justificativa que deu na apresentação da emenda, o deputado lembrou que “a grande maioria dos hospitais brasileiros é de pequeno e médio porte, constituídos por estruturas que não superam cem leitos. Parte destes hospitais tem muita dificuldade em manter seu equilíbrio econômico-financeiro, uma vez que os gastos c o m pessoal co r re s pondem aproximadamente a 40% dos custos e despesas totais de uma unidade hospitalar. Não é por menos que a situação da saúde no Brasil é precária. É recorrente termos a informação que hospitais e serviços de saúde estão sendo fechados. Quando não, para fugir da alta carga tributária, muitas das empresas no setor de saúde vêm buscando formas alternativas de contratação de pessoal, como criação de cooperativas, pagamentos sem contabilização, entres outras tantas formas de informalização do mercado”. O deputado acredita que a desoneração da folha de pagamentos do setor de atendimento hospitalar deverá contribuir para a formalização dessa mão de obra, combatendo assim o mercado de emprego informal. “Possibilitará, ainda, o desenvolvimento do setor com investimentos em infraestrutura, em equipamentos, criação de novos leitos e melhor atendimento ao cidadão”, finaliza. Em dia ANS suspende a comercialização de 228 planos Desde o dia 14 de janeiro, 225 planos de saúde de 28 operadoras ficaram proibidos de ser comercializados em todo o país até o mês de março. A medida corresponde ao último ciclo de monitoramento realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2012, em conformidade com o previsto na Resolução Normativa 259, que trata do prazo máximo de atendimento para consultas, exames e cirurgias. Das 28 operadoras penalizadas, 16 são reincidentes no não cumprimento da norma durante os quatro períodos de monitoramento, que teve início em dezembro de 2011. Essas empresas devem ser indicadas para a abertura de processo do regime especial de 12 | Jornal do SINDHOSP | Jan 2013 Direção Técnica para correção das anormalidades administrativas e assistenciais graves. As outras 13 operadoras não reincidentes deverão assinar um Termo de Compromisso com a ANS visando a redução no número de reclamações dos beneficiários, além de adequar a rede de prestadores e os serviços de relacionamento e atendimento ao cliente. As entidades que representam as operadoras questionam os critérios adotados pela ANS. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) disse, em nota, “que é necessário melhorar a fiscalização adotada pela ANS, por meio de uma padronização dos critérios de qualificação das operadoras nas diferentes áreas da Agência, pela maior transparência desses critérios e garantia de ampla defesa prévia por parte das operadoras”. A Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge) também questionou a metodologia utilizada pela ANS. De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, há dois objetivos com a medida: reforçar a proteção ao consumidor que tem plano de saúde atualmente; e reforçar medidas que estimulem a redução do tempo de espera para o atendimento em todas as áreas. Das 38 operadoras que tiveram planos suspensos em outubro/2012, 18 melhoraram os resultados e voltarão a comercializar os produtos.
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