Edição Setembro 2013 Edição na íntegra 08/11/2013
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S I ND SP S DO HO JORNAL Ano XXX | ed. 342 | Set | 2013 AN O EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DA SAÚDE MUNDIAL Congresso da Abramge debate iniciativas inovadoras aplicadas em outros países e mostra o que o Brasil precisa fazer para garantir a sustentasustenta bilidade do setor privado de saúde. Páginas centrais Prefeitura de SP aprova regime especial para emissão de NF-e pág. 4 Os desafios para implantação do eSocial pág. 10 Jornal SINDHOSP 342.indd 1 25/09/2013 14:26:25 Editorial A qualidade dos serviços e a segurança do paciente Foto: Neuza Nakahara Há pouco mais de 30 anos, várias empresas no Brasil adotaram o conceito de “qualidade”. A indústria foi a precursora, mas logo o comércio e o setor de serviços em geral fizeram coro à iniciativa. A processo pela busca da qualidade consiste basicamente no planejamento, acompanhamento da performance e a revisão dos processos. Essa tarefa cumprida à risca, com todas as suas vertentes, assegura às empresas competitividade, melhor eficiência, eficácia e sustentabilidade. A saúde, hoje considerada em todo o mundo um braço importante da economia, também tem procurado adotar o conceito da qualidade. No final da década de 80, após um trabalho realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a qualidade da assistência hospitalar na América Latina, a acreditação passou a ser encarada como o elemento inicial para iniciativas de qualidade nos serviços de saúde. Posteriormente, eventos da Organização Panamericana de Saúde (Opas) no Brasil, o lançamento do Programa de Avaliação e Certificação de Qualidade em Saúde pelo Ministério da Saúde, em 1994, e a fundação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), em 1999, selaram de vez a qualidade em saúde como caminho sem volta, inclusive nas políticas públicas. Dentre todos os prestadores de serviços de saúde, os hospitais brasileiros foram os primeiros a adotar tais conceitos. Muitos tiveram como primeira certificação de qualidade a ISO, mas a acreditação logo ocupou o topo do pódio, após o Ministério da Saúde definir que o programa encabeçado pela ONA, que tem três níveis de certificação, é o que melhor se adequa à realidade brasileira. Com o passar dos anos, um maior número de estabelecimentos de saúde – e agora não só hospitais – passaram a deter a acreditação ou a se envolver no processo. Mas mesmo assim o número de empresas prestadoras de serviços de saúde acreditadas ainda é baixo. Atualmente, dos 188.774 estabelecimentos privados e 71.676 públicos existentes no país, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), apenas 367 certificações foram concedidas pela ONA, segundo o site da entidade. Há, portanto, um longo caminho a ser percorrido. O setor suplementar deu um passo importante em prol da qualidade, com a publicação, por parte da ANS, do Programa de Incentivo à Divulgação da Qualificação dos Prestadores e do Programa de Divulgação dos Indicadores da Rede Hospitalar (QUALISS). O desempenho assistencial dos prestadores será avaliado mediante a seleção de alguns indicadores, que atualmente estão em fase de testes. A participação dos estabelecimentos de saúde no programa será voluntária, com exceção dos que pertencem à rede própria das operadoras. Mas os que participarem e apresentarem bom desempenho ganharão um selo de qualidade da Agência, que será exibido nos livros de referência aos usuários e nos sites das operadoras. É notório, portanto, que o mercado, por si só, acabará direcionando a demanda aos serviços qualificados. E quem ainda não entendeu isso, é melhor já correr atrás do prejuízo. Não é só por uma questão de sobrevivência que os prestadores devem entrar nesse caminho sem volta, que é o da qualidade ou melhoria contínua. A segurança do paciente hoje – e principalmente - está no centro dos debates. Segundo a OMS, segurança do paciente corresponde à redução ao mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. Como errar é humano, os processos de qualidade agem preventivamente, no intuito de minimizar os erros ou eventos adversos. O SINDHOSP e a FEHOESP estão elaborando um projeto-piloto, que será divulgado em breve, que objetiva facilitar a obtenção da certificação da qualidade para as clínicas médicas, que representam o maior volume de estabelecimentos de saúde hoje. O custo do investimento em qualidade retorna rapidamente em eficiência, eficácia, os processos ficam mais claros, as equipes interagem com transparência e o retrabalho desaparece. Mudar pela qualidade é a via mais segura e sustentável. Empresas vencedoras são aquelas que têm a capacidade de se reinventar, de se transformar. E a qualidade pode ser esse elemento propulsor. presidente Yussif Ali Mere Jr 2 | Jornal do SINDHOSP | Set 2013 Jornal SINDHOSP 342.indd 2 25/09/2013 14:26:31 Em dia clÍnicAs médicAs podem fecHar com mudAnçA nAs regras do iss em sp Uma mudança unilateral nas regras de cobrança do Imposto Sobre Serviço (ISS) em São Paulo, ocorrida em 2009, vem preocupando os profissionais de clínicas médicas (pessoas jurídicas). As sociedades uniprofissionais (SUPs), formadas por profissionais liberais da mesma área, destinadas à prestação de serviços por meio do trabalho pessoal de seus sócios (como sociedades médicas, odontológicas, etc), amparadas pelo decreto-lei 406/1968, tinham garantido que a alíquota de 2% de ISS não lhes seria cobrada sobre o faturamento mensal (nota fiscal bruta). No entanto, novos critérios adotados pelo departamento de Fiscalização da Prefeitura da Capital paulista fizeram com que as SUPs que possuem sócios com especialidades diferentes, ainda que integrantes do mesmo ramo do conhecimento científico, passassem a ser consideradas sociedades empresariais. As empresas que foram desenquadradas como uniprofissionais tiveram alteração na tributação do ISS, com efeito retroativo aos últimos cinco anos, acrescida de juros e correção monetária. Com isso, várias clínicas passaram a receber cobranças retroativas a esse período. E algumas somas ultrapassam os R$ 3 milhões. “Se não houver perdão das dívidas, a maioria dessas clínicas poderá fechar. Juntas, elas são responsáveis pelo atendimento de cerca de um milhão de pacientes, tanto de planos de saúde como do SUS”, ressalta o presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr. Desde o ano passado, representantes das entidades médicas já vinham discutindo a questão com a administração municipal anterior. Com a mudança no Executivo municipal, a partir de janeiro deste ano, voltaram à pauta com o secretário adjunto de Finanças e o subsecretário de Receitas da Prefeitura. Após meses, e ainda na mesma situação, uma comissão de vereadores recebeu, no dia 14 de agosto, médicos que estão com dívidas altíssimas com a Prefeitura resultantes da mudança nas regras de cobrança do ISS. Um levantamento do Cremesp mostrou que são cerca de 55 mil médicos atuantes, dos quais pelo menos 33 mil ligados a pessoas jurídicas. Durante a audiência, o representante da Secretaria Municipal de Finanças não deu muitas esperanças aos médicos, alegando dificuldades burocráticas e legais. As entidades de classe entregaram aos vereadores uma carta de reivindicações endereçada ao prefeito Haddad. Em mais uma tentativa para buscar uma solução, uma nova rodada de discussões foi realizada no dia 19 de agosto, na Secretaria Municipal de Finanças, com a presença de representantes do SINDHOSP, APM, da Secretaria Municipal de Saúde e assessores de vereadores. O encontro visava esgotar todas as possibilidades legais, na instância da Secretaria das Finanças, para uma saída referente à elevação do tributo. A proposta principal foi a elaboração de um projeto de lei, a cargo do Executivo, com duas possibilidades: implantação de Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) ou a remissão (perdão) da dívida, com a criação de um regime especial de enquadramento para estas empresas. A superintendente Jurídica do SINDHOSP, Eriete teixeira, lembrou que o impacto negativo provocado às clinicas médicas poderá refletir em todo o sistema de saúde do município. A pessoa jurídica formada pelos médicos se fez necessária tanto para o atendimento da saúde suplementar, como para a prestação de serviços na rede pública, que não abre concursos e só contrata pessoa jurídica. “Com essa situação, as empresas ficam em dívida com o fisco, são incluídas no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do setor público (Cadin) e ficam impedidas de obter recursos bancários, comprar novos equipamentos e até de serem contratadas pelo poder público, gerando enorme prejuízo à população.” As propostas foram apresentadas à Comissão de Saúde da Câmara Municipal e encaminhadas ao prefeito Fernando Haddad. sindHOSP - sindicato dos Hospitais, clínicas, casas de saúde, laboratórios de pesquisas e análises clínicas e demais estabelecimentos de serviços de saúde do estado de são paulo • Diretoria | Efetivos • Yussif ali mere jr (presidente) • luiz fernando ferrari neto (1o vice-presidente) • george schahin (2o vice-presidente) • josé carlos barbério (1o tesoureiro) • antonio carlos de carvalho (2o tesoureiro) • luiza Watanabe dal bem (1a secretária) • ricardo nascimento teixeira mendes (2o secretário) / Suplentes • sergio paes de melo • carlos Henrique assef • danilo ther vieira das neves • simão raskin • marcelo luis gratão • irineu francisco debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • roberto nascimento teixeira mendes • gilberto ulson pizarro • marina do nascimento teixeira mendes / Suplentes • maria jandira loconto • paulo roberto rogich • lucinda do rosário trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif ali mere jr • luiz fernando ferrari neto | Suplentes • josé carlos barbério • antonio carlos de carvalho • Escritórios regionais • BAURU (14) 3223-4747, [email protected] | CAMPINAS (19) 3233-2655, [email protected] | RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529, [email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected] | SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030, [email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected] | BRASÍLIA (61) 3037-8919 / JORNAL DO SINDHOSP | Editora – ana paula barbulho (mtb 22170) | Reportagens – ana paula barbulho • aline moura • fabiane de sá • rebeca salgado | Produção gráfica – ergon ediitora (11) 2676-3211 | Periodicidade mensal | Tiragem 15.000 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa sindHosp r. 24 de maio, 208, 9o andar, são paulo, sp, cep 01041-000 • fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255 • www.sindhosp.com.br • e-mail: [email protected] Set 2013 | Jornal do SINDHOSP | 3 Jornal SINDHOSP 342.indd 3 25/09/2013 14:26:32 Em dia Regime especial para emissão de NF-e é aprovado na Capital Atuação do SINDHOSP, do vereador Paulo Frange e de outras entidades da saúde foi decisiva Os prestadores de serviços de saúde do município de São Paulo foram beneficiados com a concessão de regime especial para emissão de notas fiscais nos casos de atendimento de pacientes usuários de planos de saúde. O benefício é válido para as empresas que pagam o Imposto Sobre Serviços (ISS) sobre o valor da nota fiscal. A decisão foi publicada em 11 de setembro, pela Secretaria de Finanças da Prefeitura Municipal de São Paulo. A publicação da Instrução Normativa no 1, em março deste ano, disciplinou a emissão da Declaração do Plano de Saúde – DPS, o que obrigava o estabelecimento de saúde a emitir notas fiscais individualizadas, com identificação do usuário e do plano de saúde, na qualidade de intermediário. “Isso acarretaria um aumento expressivo de trabalho e estrutura para os prestadores de serviços e também uma bitributação. Imediatamente o SINDHOSP começou a dialogar com o vereador Paulo Frange e com a Secretaria de Finanças para mostrar como se dá a relação entre prestador, usuário e plano. Afinal, o contrato celebrado é entre o estabelecimento e o plano de saúde. O hospital ou clínica não cobra diretamente do usuário. E isso foi entendido pela Secretaria, que atendeu ao nosso pleito”, explica o presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr. Po d e r ã o adotar o regime especial os serviços de hospitais, análises clínicas, clínicas e casas de saúde, ambulatórios e prontos-socorros, bancos de sangue, leite, olhos, óvulos, sêmen e congêneres, patologia e eletricidade médica e casas de recuperação, correspondentes aos códigos 04139, 04197, 04219, 05223, 05576 e 05584. Esses códigos assim descrevem as atividades, conforme consta da Instrução Normativa SF/SUREM No 1, de 18 de março de 2013: 04139: análises clínicas; 04189: hospitais; 04197: clínicas e casas de saúde; 04219: ambulatórios e prontos-socorros; 05223: bancos de sangue, leite, pele, olhos, óvulos, sêmen e congêneres; 05576: patologia e eletricidade médica; 05584: casas de recuperação. Os subitens mencionados no regime especial de que trata a lista anexa à Lei no 13.701, de 2003, autorizados à emissão de nota fiscal nos termos do 17 de maio de 2012 Decreto no 53.151, de são: 4.02 – análises clínicas, patologia clínica, eletricidade médica, radioterapia, quimioterapia, ultrassonografia, ressonância magné- tica, radiologia, tomografia e congêneres; 4.03 – hospitais, clínicas, laboratórios, sanatórios, manicômios, casas de saúde, prontos-socorros, ambulatórios e congêneres; 4.17 – casas de repouso e recuperação; creches, asilos e congêneres; 4.19 – bancos de sangue, leite, pele, olhos, óvulos, sêmen e congêneres. A nota fiscal será emitida por contrato mantido com a operadora de plano de saúde, sendo obrigatória a emissão de uma nota fiscal para cada código de serviço prestado, devendo ser identificado o plano de saúde, na condição de intermediário, sem a indicação do usuário dos serviços, até o último dia do mês correspondente ao dos serviços prestados, recolhendo-se o respectivo tributo na data prevista em lei. Os prestadores de serviços devem manter à disposição do fisco municipal, em meio digital, a relação individualizada e mensal dos usuários dos planos de saúde, detalhando os serviços prestados e respectivos valores, bem como os contratos celebrados com os planos de saúde. Sempre que solicitado pelo usuário, a nota fiscal eletrônica deve ser emitida em nome deste, indicando-se a operadora intermediária, nos termos previstos em lei, excluindo-se o valor respectivo da composição da base de cálculo da nota fiscal eletrônica mensal emitida diretamente à operadora de plano de saúde. Por se tratar de regime especial, ele está sujeito à revisão e suspensão a qualquer tempo, a critério da fiscalização do município. O SINDHOSP sentiu falta, na publicação da concessão, de alguns códigos que foram negociados com a Secretaria de Finanças e já entrou em contato com o órgão solicitando nova reunião para inclusão destes códigos. A obtenção desse regime especial foi arduamente trabalhada pelas entidades de representação do setor de saúde no município de São Paulo, incluindo o SINDHOSP, que esteve presente em todos os momentos na defesa da categoria. “Precisamos destacar o apoio incansável e imprescindível do vereador Paulo Frange, que é um defensor ferrenho do setor de saúde na Câmara Municipal”, finaliza Yussif Ali Mere Jr. 4 | Jornal do SINDHOSP | Set 2013 Jornal SINDHOSP 342.indd 4 25/09/2013 14:26:38 Em dia Grupo de advogados discutirá as prioridades jurídicas da saúde Fotos: Divulgação Encontros serão bimestrais, em São Paulo O departamento Jurídico do SINDHOSP, com a assessoria jurídica da FEHOESP e apoio do deescala de 12x36 horas; a fiscalização de atividade de saúde, partamento de Eventos do Sindicato, realizaram, no dia 28 de agosto, o 1o Encontro dos Advogados da relacionada à segurança e saúde ocupacional; adicionais de Saúde. A reunião ocorreu no auditório do SINDHOSP, em São Paulo, e contou com a presença de proinsalubridade e periculosidade; o Sistema de Escrituração Fiscal fissionais de Direito de hospitais, clínicas e laboratórios associados ao Sindicato, além de advogados que Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas atuam junto aos demais prestadores de serviços de saúde de São Paulo e de outros Estados brasileiros. (eSocial); a redução tributária para clinicas com especialistas, Sob a coordenação da superintende Jurídica do SINDHOSP e assessora Jurídica da FEHOESP, entre outros. Os advogados interessados em encaminhar Eriete Teixeira, o grupo vai se reunir bimestralmente com o objetivo de promover o relacionamento sugestões para a pauta das próximas reuniões devem enviá-las profissional, a troca de experiências entre os advogados que atuam no setor de serviços de saúde e para [email protected]. definir as principais prioridades do setor para identificar as soluções efetivas em conjunto com a área jurídica das entidades patronais. “Definindo os assuntos mais pertinentes e que vêm afetando diretamente as empresas de saúde, queremos contar com a colaboração de todos na busca por soluções efetivas paras as questões jurídicas do setor“, explicou Eriete. Entre os temas que serão discutidos a partir da próxima reunião, que será realizada em outubro, estão: as súmulas do Tribunal O encontro aconteceu no Eriete Teixeira Superior do Trabalho (TST), em especial a de auditório da sede do Sindicato no 444, que trata da jornada de trabalho por Evento aborda a prevenção e gestão de riscos em catástrofes Sócios e contribuintes do SINDHOSP têm inscrição gratuita O SINDHOSP e a FEHOESP promovem, no próximo dia 13 de novembro, em São Paulo, o evento Catástrofes: Prevenção e Gestão de Riscos para os Prestadores de Serviços de Saúde. Com organização do IEPAS, o evento acontece na sala Júlio Mesquita do Novotel SP Jaraguá Conventions, à Rua Martins Fontes no 71, Centro, das 8h30 às 17h. “O tema é importante e envolve várias equipes que atuam nos estabelecimentos de saúde, principalmente nos hospitais. Com a aproximação da Copa do Mundo da Fifa, que deve trazer milhares de torcedores para São Paulo, o evento ganha ainda mais importância. A ideia é trazer experiências bem sucedidas e debater as dificuldades na implantação dos planos de contingência”, explica o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr. O programa, que até o fechamento desta edição estava em fase de conclusão, irá debater os problemas para combater incêndios em hospitais e a importância do treinamento da equipe; como retirar os pacientes; para onde encaminhá-los; como retirar trabalhadores e familiares; o Plano de Emergência para Hospitais; leis e normas que devem ser cumpridas; ações necessárias para prevenção e combate a incêndio em hospitais e suas particularidades; como elaborar e que providências tomar para um bom plano de contingência em casos de falta de água, energia elétrica e gases medicinais; como atender emergências provindas de desabamentos, deslizamentos, incêndios, acidentes de aeronaves, explosões etc; triagem dessas vítimas, entre outros. Sócios-contribuintes do SINDHOSP têm duas inscrições gratuitas, a partir da terceira o investimento é de R$ 100. Sócios ou contribuintes têm uma gratuidade por empresa, para a segunda inscrição o valor também é de R$ 100. Não sócios e não contribuintes, R$ 200. Informações pelos tels (11) 3221-9333, com Mônica, e-mail: [email protected]; ou (11) 3331-1555, ramal 258, com Gabriela, e-mail: [email protected]. Set 2013 | Jornal do SINDHOSP | 5 Jornal SINDHOSP 342.indd 5 25/09/2013 14:27:01 Manchete Saúde suplementar: expectativas Fotos: Divulgação No final do mês de agosto, a Associaaos hubs, garantindo escala. “Um dos maiores gargalos dos hospitais está no ção Brasileira das Empresas de Medicina tempo perdido entre o atendimento de um paciente e outro e na subutilização de Grupo (Abramge) realizou, na Capital dos equipamentos. Não faz sentido uma instituição ter uma máquina disponível paulista, a 18a edição de seu congresso, que para ser utilizada só em 15% do tempo”, afirma Vijay. debateu as expectativas, tendências e persDividir as tarefas por competências técnicas é outro segredo. Os médicos pectivas da saúde suplementar. O evento restringem-se à realização de diagnósticos e cirurgias. “90% dos procedimentos reuniu mais de 400 participantes entre emsão feitos por outras categorias de profissionais, o que abaixa o custo. Além disso, presários, autoridades e lideranças do setor. quando você pede para um profissional com grande capacidade técnica realizar Do SINDHOSP participaram o presidente procedimentos simples, os erros aumentam porque eles não gostam de fazer isso ou Yussif Ali Mere Jr, e os diretores José Carlos fazem sem a devida atenção. É preciso colocar o profissional certo no lugar certo”. O presidente da Global Health, Barbério e Luiz Fernando Ferrari Neto. Nesses hospitais, os médicos ganham salário fixo e realizam um número tão Simon Stevens Para a conferência de abertura os grande de cirurgias que acabam se transformando em especialistas, reconhecidos organizadores convidaram um dos maiores mundialmente. “O NH Hospital consegue fazer cirurgia cardíaca com custo 50 vezes especialistas do mundo em estratégia e inovação, o indiano Vijay menor porque usa o equipamento 50 vezes mais e faz cirurgia em linha de montagem. Por que as pessoas Govindarajan. Com uma população de 1,2 bilhão composta por acham que a qualidade é prejudicada quando as cirurgias são feitas em massa? Quando você produz em 90% de pobres - com renda de US$ 2 por dia, investimento anual massa a qualidade sobe. Não podemos tolerar a ineficiência nos cuidados”, defendeu Vijay. O reaproveitaper capita em saúde de US$ 40, poucos médicos, infraestrutura mento de materiais e instalações hospitalares simples também ajudam a reduzir os custos da saúde na Índia. de prestação de serviços insuficiente e enorme desigualdade Outro grande exemplo de inovação foi a fabricação de pernas mecânicas. De um modelo de social (apenas 50 indianos detém 25% do PIB do país), inovar titânio com custo aproximado de US$ 20 mil, nos EUA, a Índia desenvolveu um produto por US$ passou a ser a única opção da Índia. “Os primeiros automóveis 30, que consegue atender às necessidades dos indianos, já que 90% deles trabalham na agricultura Mercedes-Benz eram feitos à mão, até Henry Ford resolver e se agacham muito, andam de bicicleta, sobem em árvores. A perna mecânica indiana é feita com fabricá-los em massa, ainda que todos pretos. Depois, a Toyota material reciclável (plástico), é leve e durável. Para baratear o custo das cirurgias de catarata, a Índia os popularizou. E foi isso o que os hospitais indianos fizeram ao também passou a fabricar as lentes, que custam entre US$ 2 e US$ 5. Hoje, o país exporta o material incorporar princípios do mundo dos negócios”, ensinou Vijay. para 85 países. “Precisamos de inovação na entrega da saúde. Em 20 anos o Brasil atravessará uma O Aravind Eye Hospital, por exemplo, realiza cirurgias de grave crise no setor, por conta do envelhecimento da população e do aumento das doenças crônicas. catarata a US$ 200, contra cerca de US$ 4 mil nos EUA. Apesar Temos que pensar em fazer mais com menos e para mais pessoas”, finalizou Vijay Govindarajan. de ser uma instituição privada com fins lucrativos, apenas 1/3 dos pacientes paga pelo procedimento, cobrindo A saída é inovar os custos dos 2/3 que o realizam gratuitaPara o presidente da Global Health, que recentemente passou a atuar no Brasil mente. E, segundo Vijay, é um dos hospitais com a aquisição da Amil, Simon Stevens, os sistemas de saúde atravessam desafios mais viáveis do mundo. Outro exemplo, o semelhantes em todo o mundo. São eles: melhorar a qualidade, proporcionar saúde NH Hospital, especializado em cardiologia, igual para todos e obter sustentabilidade financeira. Para fazer frente a eles, é preciso consegue realizar uma cirurgia aberta do inovar e criar novos modelos de cuidados. “O Brasil tem muito a ensinar ao resto coração por US$ 3 mil, contra US$ 150 mil nos do mundo. Vemos muitas oportunidades de fazer escala no país e sua regulação EUA, em média. Também com fins lucrativos, é transparente, o que garante segurança”, afirmou Stevens, com a autoridade de atende a 1/3 dos pacientes de graça e é um quem foi diretor de Políticas de Saúde do governo de Tony Blair, na Inglaterra, e dos hospitais mais rentáveis do planeta, com hoje comanda uma empresa que atua em 123 países, cuida da saúde de 86 milhões taxa de 35% de lucro. Ambos têm qualidade de pessoas e gerencia anualmente US$ 150 bilhões. O indiano Vijay Govindarajan reconhecida internacionalmente. Afinal, quais Promover uma revolução nos dados de saúde é uma das apostas da Global as explicações para custos tão baixos? Health para enfrentar esses desafios. Segundo Simon Stevens, a empresa pretende A primeira está na forma como o sistema é organizado: o criar ferramentas on-line que permitam ao usuário escolher o hospital que prefere fazer sua cirurgia ou modelo adotado por algumas companhias aéreas, chamado procedimento, mediante acesso a indicadores, como volume, taxa de mortalidade, de infecção hospitalar hub-and-spoke. Na assistência à saúde indiana, o “hub” cenetc. A remuneração por resultados, que já é praticada pela Global nos EUA com várias organizações, é traliza a tecnologia de ponta e os procedimentos de alta comoutro caminho que, segundo o executivo, aumenta a qualidade, a transparência e “muda as regras do plexidade e os “spokes” funcionam como clínicas que prestam jogo”. Criar programas que recompensem o usuário comprometido com a manutenção da sua saúde, o primeiro atendimento, realizam alguns procedimentos (até investir em centros de cuidados para doenças crônicas e praticar cuidados personalizados também de média complexidade) e, principalmente, geram volume estão no planejamento da Global Health para fazer frente aos desafios da saúde nos próximos anos. 6 | Jornal do SINDHOSP | Set 2013 Jornal SINDHOSP 342.indd 6 25/09/2013 14:27:37 Manchete ativas, tendências e perspectivas Investir em tecnologias de informação para melhorar a comunicação com o crescimento crônico, segundo o econousuário é o caminho para inovar no setor suplementar, na opinião do diretor de mista. “Apesar de todos os estímulos que o governo vem implementando, a economia Gestão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Reis Tavares. “Vivemos na era da conectividade ampla e irrestrita. Em saúde muitos recursos não reage e a inflação está no teto. E isso são desperdiçados pela falta de uso dessas ferramentas. O consumidor mudou, com todas as ações casuísticas, como a não é mais o mesmo de dez anos atrás. Se analisarmos os problemas do segmento, falta de reajuste das tarifas públicas, como talvez estejamos diante de uma crise sobre como o consumidor se comunica com combustíveis e transporte coletivo, e a a operadora que cuida da sua saúde e vice-versa”, acredita Leandro Tavares. Sobre redução nas contas de energia elétrica”. Seuma possível flexibilização dos planos de saúde, o diretor da ANS acredita que gundo Gianetti, o nosso PIB potencial – ou não existe espaço atualmente para essa discussão. “O mercado cresce há 12 anos a capacidade que temos de crescer – está O economista Eduardo Gianetti consecutivos. É melhor focar os esforços na melhoria da gestão, no aumento da entre 2% e 3,5% ao ano, apenas. eficiência e na mudança do modelo”, defende. Outro problema é o saldo em conta Não são apenas as operadoras que devem ter foco na gestão. Fábio Peterlini, corrente. Do primeiro trimestre de 2007 ao diretor de Práticas Assistenciais do Hospital São Camilo, abordou a importância da gestão clínica mesmo período deste ano houve uma virada de 1% positivo para a melhoria contínua da qualidade, com times assistenciais focados no desempenho e na suspara 3% negativos do PIB. “O nosso déficit anual é de US$ 75 tentabilidade do negócio. “Estudos americanos mostram que 63% dos pacientes desconhecem os bilhões, o que deixa o país mais vulnerável às variações cambiais. custos que envolvem o tratamento, 20% são reinternados até 30 dias após a alta e 1/3 desenvolve Não estamos à beira do precipício, porque temos reservas lesões durante a internação que não estavam diretamente ligadas à enfermidade que os levou ao elevadas, mas a situação é incômoda e inspira cuidados”. hospital. Um dos caminhos para melhorar os processos e os resultados é a acreditação”, disse Peterlini. Houve mudanças no cenário internacional que levaram ao Ele defende o envolvimento das pessoas para que a assistência tenha foco no paciente e leve aos aumento do dólar, como a recuperação da economia dos EUA, resultados clínicos e financeiros esperados. mas Gianetti também credita parte do péssimo desempenho Mudar o modelo assistencial em brasileiro à piora na qualidade da nossa política econômica. “Os prol de uma maior eficiência do sistema mercados emergentes tiveram este ano o pior primeiro trimestambém é a solução apontada pelo sutre desde 2009. E, entre eles, o Brasil é o que mais desaponta”. perintendente corporativo do Hospital Gianetti lembrou que em 1988, ano da Constituição, a Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto. E carga tributária no Brasil era de 24% do PIB, com retorno de a gestão clínica pode ser uma opção 3% em investimentos. Hoje, ela é de 36%, mais déficit nominal para que o sistema funcione de forma de 3%, e há um retorno em infraestrutura de 2,4%, na média horizontal e seja capaz de fazer frente dos últimos quatro anos. “Aumentamos o tamanho do Estado às doenças crônicas e degenerativas. e ele encolheu em sua capacidade de investimento. Esse Alguns pilares imprescindíveis nesse quadro fiscal se agrava ano a ano. De 88 para cá foram criados processo, segundo Gonzalo Vecina: 1.300 municípios e sustentamos 230 mil funcionários públicos efetividade clínica, auditar o que está só nas câmaras municipais. Teremos que rever o modelo de O evento reuniu mais de 400 participantes sendo feito, gerenciar as situações de Estado no país”, acredita. O aumento da carga tributária se risco, usar a informação no processo deu através da criação de contribuições, que entram direto no de atenção, gerenciar pessoas, promover educação permanente e transparência. “Temos que caixa da União e hoje representam fatia maior de arrecadação ser estimulados pelos financiadores para introduzir um novo modelo, caso contrário, não haverá do que os impostos tradicionais. mudanças”, acredita Gonzalo. Outro problema é a “maquiagem contábil” adotada pelo Os três principais desafios da saúde, segundo o superintendente, são o envelhecimento populaciogoverno, que manipulou o resultado fiscal do país, segundo o nal, a incorporação de tecnologias e a segurança da assistência. “É desejo das pessoas que os serviços de economista, e fez com que os números perdessem a confiansaúde sejam seguros. Para isso, precisamos de sistemas que proporcionem a interação entre a equipe ça. “O Tesouro está financiando os bancos públicos, o BNDES. Essa cifra já é de R$ 400 bilhões, ou 9% do PIB, que estão sendo assistencial, a família e os pacientes. Comunicação é a maior complexidade do setor de saúde hoje”. emprestados à iniciativa privada sem transparência. E isso é Perspectivas econômicas grave, pode gerar um rombo”. Para Eduardo Gianetti, até as Coube ao economista Eduardo Gianetti da Fonseca traçar o cenário atual e futuro da economia eleições do ano que vem não há perspectiva de mudanças do país. A notícia ruim dada por ele é que a era da “prosperidade” acabou. O Brasil não conseguiu no cenário atual. Quanto ao futuro, ele depende justamente sustentar a taxa de crescimento registrada em 2010, de 7,5%, e entrou em uma época de baixo do resultado das eleições. Set 2013 | Jornal do SINDHOSP | 7 Jornal SINDHOSP 342.indd 7 25/09/2013 14:27:46 Eventos SINDHOSP participa do 6o Seminário Hospitais Saudáveis Evento aconteceu no início de setembro no Hospital Sírio-Libanês Fotos: Divulgação Foi realizada, nos dias 3 e 4 de partes para mudar a concepção setembro, no anfiteatro do Hospital de desenvolvimento, que deve ser Sírio-Libanês, em São Paulo, a sexta econômico, claro, mas também edição do Seminário Hospitais social e ambiental”, afirmou. Saudáveis. O evento é resultado Gerenciar da melhor mada parceria entre o Centro de neira possível, com o mínimo de Vigilância Sanitária (CVS) da Sedesperdício e máximo respeito ao cretaria da Saúde do Estado de São meio ambiente. Essa é a máxima Paulo, da Associação Paulista para contemporânea defendida pelo o Desenvolvimento da Medicina, superintendente corporativo do O presidente do SINDHOSP, Hospital Sírio-Libanês e as organiHospital Sírio-Libanês, Gonzalo Yussif Ali Mere Jr zações não-governamentais Saúde Vecina Neto. Ele destaca sete Sem Dano. O Sindicato apoiou competências que um líder deve oficialmente o evento. “É importante ressaltar a partiter: disposição de enxergar além do que está vendo; cipação do SINDHOSP nos últimos anos em eventos habilidade analítica, que ele definiu como “a capae debates importantes que afetam diretamente o cidade de esquartejar os problemas e entendê-los setor de saúde. É através do diálogo que conseguimos dentro da nossa realidade”; compromisso com o transformar as coisas”, afirmou Vital Ribeiro, da CVS. aprendizado e a capacidade de inspirar os colaboYussif Ali Mere Jr, presidente do SINDHOSP, radores; comunicação; capacidade de gerenciar participou da mesa de abertura, que discutiu o papel pessoas; conhecimento técnico; e compromisso da liderança: o que os dirigentes das organizações de social. Para Yussif Ali Mere Jr, não basta ao líder saúde estão fazendo pela sustentabilidade do setor e ter conhecimento. “A atitude representa 70% dos para promover a saúde ambiental. Além dele, havia resultados positivos de um planejamento. E é isso representantes da Federação das Santas Casas do o que temos que incentivar em nossas lideranças”. Estado de São Paulo, Unimed Brasil, Pró-Saúde, Sindicato dos Hospitais de Porto Alegre e Amil. “A saúde Agenda é um setor estratégico, de grande relevância social. A rede Hospitais Saudáveis reúne organizações Temos que fazer o que é certo e da melhor maneira de diferentes continentes envolvidas no cumpossível, que é não agredindo o meio ambiente. primento de uma agenda global, que possui dez Para isso é preciso promover maior diálogo entre as objetivos. São eles: 1) Liderança: a ideia é priorizar a O presidente do SINDHOSP entregou o Prêmio Amigo do Meio Ambiente a duas instituições saúde ambiental; 2) Substâncias químicas: substituir substâncias perigosas por alternativas mais seguras; 3) Resíduos: reduzir, tratar e dispor de forma segura os resíduos de serviços de saúde; 4) Energia: implementar eficiência energética e geração de energia limpa renovável; 5) Água: reduzir o consumo de água e fornecer água potável; 6) Transporte: melhorar as estratégias de transporte para pacientes e funcionários; 7) Alimentos: comprar e oferecer alimentos saudáveis e cultivados de forma sustentável; 8) Produtos farmacêuticos: prescrição apropriada, administração segura e destinação correta; 9) Edifícios: apoiar projetos e construções de hospitais verdes e saudáveis; 10) Compras: comprar produtos e materiais mais seguros e sustentáveis. Premiação No início do seminário foi entregue o prêmio “Amigo do Meio Ambiente”, às instituições que implantaram projetos de proteção ao meio ambiente. Foram vencedores o Hospital das Clínicas da USP, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Hospital e Maternidade Celso Piero, Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Hospital Regional do Baixo Amazonas, Hospital Municipal de Araucária, Instituto Nacional de Trauma e Ortopedia, Hospital Estadual de Diadema, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Hospital de Transplantes Zerbini, AME Luiz Roberto Barata, Hospital Estadual do Simate, Hospital Santa Marcelina e Instituto Butantã. O auditório do Sírio-Libanês ficou lotado 8 | Jornal do SINDHOSP | Set 2013 Jornal SINDHOSP 342.indd 8 25/09/2013 14:28:20 Eventos Anuário Brasileiro da Saúde discute o cenário atual e os rumos do setor Evento reuniu 162 profissionais, no Hospital Samaritano, em São Paulo Fotos: Divulgação O Anuário Brasileiro da Saúde, uma publicação da tos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed), abordou as políticas setoriais dos FEHOESP e do SINDHOP, em parceira com a Public produtos para a saúde, da importação e exportação de equipamentos, o investimento nacioProjetos Editoriais, realizou no último dia 5 de setembro, nal e mundial no setor. Ele afirmou que o mercado brasileiro tem uma demanda reprimida no auditório do Hospital Samaritano, na Capital paulista, com relação aos produtos nacionais e que isso ocorre devido à falta de investimento. “Uma um encontro com as principais entidades da saúde, fortecnologia não substitui a outra. Elas se complementam, por isso, devemos pensar em como necedores e prestadores de serviços reduzir os custos de novos produtos, para discutir os números do setor, o atendimentos, campanhas etc.” cenário atual, os desafios e soluções Após conhecer os números e para os problemas. Mais de 160 valores que envolvem o setor de pessoas participaram do evento. saúde no Brasil, os participantes do Do SINDHOSP, além do presidente, evento tiveram a oportunidade de Yussif Ali Mere Jr, compareceram os saber um pouco mais sobre o projeto diretores Luiz Fernando Ferrari Neto, da edição 2013 do Anuário Brasileiro José Carlos Barbério e Luiza Dal Ben. da Saúde. A publicação, que será lanNa abertura, o presidente do çada em dezembro, tem como tema SINDHOSP informou que o setor de central “A saúde que temos; a saúde saúde no Brasil movimenta cerca de que queremos e a que podemos Yussif Ali Mere Jr 9% do Produto Interno Bruto (PIB), ter”, tiragem de 15 mil exemplares, o que representa, aproximadamente, é neutra em carbono e considerada R$ 396 bilhões. Desse total, 54% (R$ 213,8 bilhões) resuma referência no setor de saúde. Além disso, em sua versão digital permite o acesso por pondem pelos gastos privados, enquanto que o setor meio dos equipamentos mobile: Ipad, smartphone e tablets. público (União, Estados e municípios) investe 46%, R$ Gilberto Figueira, diretor de Projetos Especiais da Public, também destacou a impor182,1 bilhões. “Por aí já vemos uma anomalia: um país tância da publicação dentro do cenário nacional e do mercado de saúde. “O Anuário foi onde quem mais investe em saúde não é o governo tem eleito, em 2011, pelo Prêmio Allianz Seguros de Jornalismo como uma das cinco melhores algo de errado”, comentou Yussif publicações de jornalismo corpoAli Mere Jr. rativo do país. Atrelar sua marca a O presidente executivo da Asempresas e entidades respeitadas sociação Brasileira da Indústria de e a experiências bem-sucedidas Artigos e Equipamentos Médicos, traz visibilidade e pode aumentar a Odontológicos, Hospitalares e de Lasua fatia no mercado.” Encerrando boratórios (Abimo), Paulo Henrique o encontro, foi realizado um talk Fraccaro, falou sobre a necessidade show que debateu os rumos para o de planejamento estratégico para a setor e que contou com a presença área da saúde. “Quando fazemos do diretor da Associação Brasileira este planejamento, enxergamos de Importadores e Distribuidores que o resultado efetivo dele demode Implantes (Abraidi), Sérgio AlMais de 160 pessoas prestigiaram o café da manhã rará anos. Isso, para um político, não cântara Madeira; da presidente da interessa. Só fazem medidas emerAssociação Brasileira das Empresas genciais e pontuais que deixam os reais problemas para Certificadas em Saúde (Abec Saúde), Ruth Khairallah; e do presidente da Sociedade Brasileira o futuro. Este é o cenário atual do Brasil. O país precisa de Informática em Saúde (Sbis), Marco Antônio Gutierrez. Matéria completa sobre o evento e os números apresentados será veiculada no Anuário aprender a investir e produzir com alta eficiência também Brasileiro da Saúde. Quem quiser conhecer o conteúdo editorial basta acessar o site do na saúde. Não vejo outra solução.” SINDHOSP – www.sindhosp.com.br. Informações e anúncios diretamente com a Public pelo Carlos Goulart, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamene-mail [email protected], tel (11) 3294-0051. Set 2013 | Jornal do SINDHOSP | 9 Jornal SINDHOSP 342.indd 9 25/09/2013 14:28:47 Em dia Empresas ainda não estão prontas para Escrituração digital das informações trabalhistas será obrigatória a partir 2014. E o tempo é curto para tantas mudanças Depois da contabilidade e dos impostos, agora é a vez das informações trabalhistas. A partir de 2014, as cerca de seis milhões de empresas de todos os setores do país terão de estar adaptadas a uma nova forma de envio dos dados de seus funcionários e dos direitos sociais à Receita Federal (RF). Todos os empregadores portadores de CNPJ, CPF, Código de Atividade da Pessoa Física (CAEPF) - nova identificação para quem tem consultórios e escritórios - e do Cadastro Nacional de Obras (CNO), que substituirá o Cadastro Específico do INSS (CEI), terão de preencher e enviar os novos layouts de formulários eletrônicos com as obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais à RF, o chamado eSocial. Trata-se da fase social da adequação das empresas ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), lançado em 2007. Todos os dados passarão a constar de uma única plataforma digital: desde as folhas de pagamento até os prontuários de medicina laboral, passando pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Ficha de Registro de Empregado, Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), entre outros. O projeto consta no Ato Declaratório Executivo no 5/2013, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 18/7/2013, e vai atender às necessidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), bem como da Justiça do Trabalho, em especial no tratamento das ações reclamatórias trabalhistas. Previsto inicialmente para estar implantado por todas as empresas em janeiro de 2014, devido às dificuldades tecnológicas das empresas, o governo ampliou o cronograma para adesão obrigatória ao eSocial. De acordo com a Receita Federal, entre janeiro e abril de 2014, as empresas em regime de lucro real, com faturamento maior que R$ 48 milhões, deverão fazer o cadastramento inicial dos trabalhadores - o livro de registro de empregados. Depois, a partir de maio do ano que vem, será obrigatório o lançamento da folha de pagamento, eventos trabalhistas (como admissão e mudança de salário), FGTS, imposto de renda retido na fonte e outras informações, diretamente no eSocial. De julho a setembro de 2014, será a vez dos microempreendedores individuais (MEI), pequenos produtores rurais, empresas de lucro presumido e do Simples Nacional cadastrarem os trabalhadores ativos. E partir de outubro terão que, obrigatoriamente, registrar a folha de pagamento e outros eventos trabalhistas na plataforma. Apesar do aumento no prazo, as mudanças são muitas e estão provocando uma grande corrida por parte das empresas, já que poucas se atentaram para o tamanho do problema. Uma sondagem feita pela Thomson Reuters junto a duas mil empresas mostrou que 70% delas ainda não possuem nenhum projeto interno para atender à nova obrigação do eSocial. Dentre as empresas que dizem ter algum projeto interno relativo à nova plataforma, que somam 30% das ouvidas, apenas um quarto disse ter efetivamente um projeto em andamento. Segundo a diretora da empresa InterSystem, do Grupo Datamace, Nilza Aparecida Machado, o projeto de implantação do eSocial precisa ser iniciado já, pois “não há tempo a perder”. São layouts de 43 arquivos relativos a cada funcionário, que incluem registros de férias, folha de salários, pagamento de obrigações, entre outros, totalizando 160 campos a serem preenchidos. “Enquanto o sistema não entra oficialmente no ar, é necessário recolher e reorganizar as informações de cada empregado e capacitar a mão de obra em tempo hábil para garantir a transição e execução dos novos processos”, alertou, lembrando que a responsabilidade de entrega das novas obrigações caberá a área de RH, que precisa estar preparada. Para facilitar as ações, Nilza recomenda que o responsável pelo RH da empresa estude os 43 layouts para identificar quais arquivos o estabelecimento estará obrigado a enviar para a Receita Federal; identifique quem responderá pelo arquivo quanto à implantação e manutenção e, na sequência, treine esses profissionais para produzirem um plano de ação para atender à obrigação. Tantas mudanças e o aumento de despesas com tecnologia e processos têm preocupado os empresários que estão temendo o impacto que a quantidade massiva de dados e o processo de transição estrutural de alta complexidade podem causar nas empresas. “Vai nascer uma nova forma de trabalhar com os dados dos trabalhadores”, comentou Nilza. Ela também disse que haverá o Portal do Trabalhador e este será um fiscal de seus dados, acompanhando todas as informações enviadas pelos empregadores. “Os dados que até agora estavam apenas na intimidade da nossa empresa passam a ser compartilhados com o trabalhador visando à garantia de seus direitos”. Transparência O objetivo do eSocial, segundo a RF, é a necessidade do governo de reduzir a burocracia e simplificar o processo para os recolhimentos dos impostos, tornando mais transparente a relação entre empregados e empregadores, além de eliminar informações redundantes e permitir uma fiscalização mais eficiente, contribuindo para melhoria do custo Brasil e aumento de arrecadação. ”Não será mais necessário enviar a mesma informação à RF, ao INSS, Caixa Econômica Federal e Ministério do Trabalho, o que reduzirá os custos de geração e entrega. Haverá sincronismo das informações, reduzindo fraud e s , 10 | Jornal do SINDHOSP | Set 2013 Jornal SINDHOSP 342.indd 10 25/09/2013 14:28:51 Em dia Por reivindicação da cado Sindicato para o setor; o tegoria e para melhor atender alinhamento da CT com o Coaos associados do SINDHOSP mitê de SP, o escritório regional, de Campinas e região, desde a FEHOESP e a Confederação agosto, o escritório regional do Nacional de Saúde (CNS); e coSindicado daquela cidade pasmentou sobre os trabalhos que sou a contar com o Comitê de vêm sendo realizados junto às esRecursos Humanos e a Câmara feras políticas, ao SUS e à Agência Técnica (CT) de Laboratórios. Nacional de Saúde Suplementar Os objetivos dos dois gru(ANS); o marco regulatório, sua Antônio Carlos de Carvalho pos, segundo o coordenador repercussão e a visão da Agência do departamento de Interior Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e a brecha aberta dee SUS do SINDHOSP, Erik von Eye, é promover a integração dos profissionais vido a divisão de fiscalização nas esferas federal, de hospitais, clínicas e laboratórios que atuam na estadual e municipal, que tem gerado transtornos região de Campinas. “Os trabalhos dos grupos aos prestadores de serviços de saúde em função da de RH e do de Laboratórios de Campinas serão falta de padronização. “Sobre isso já conseguimos em consonância com a atuação do GRHosp e do avançar, obtendo uma promessa no que tange a Comitê de Laboratórios de São edição de normas técnicas. Em relação a esse assunto, faz-se Paulo, que há bastante tempo auxiliam e assessoram os filiados necessário que os prestadores do Sindicato nos mais diversos encaminhem ao SINDHOSP os autos de infração ou exigências, assuntos, fortalecendo, assim, lavrados pela fiscalização, para as empresas de saúde”, disse dar subsídios à edição das norvon Eye. mas”, explicou Ferrari. O Comitê de RH da regional Também presente à reunião, teve sua primeira reunião no o diretor do Sindicato e presidendia 20 de agosto, no auditório te do IEPAS, José Carlos Barbério, do Centro Empresarial Jaraguá Luiz Fernando Ferrari Neto Conceição, na qual se decidiu comentou sobre o trabalho que que os encontros do grupo serão vem sendo realizado para o realinhamento das tabelas SUS e que o mesmo será mensais e discutidos os principais assuntos que fornecido a todos para análise. Sobre este assunto, afetam as atividades dos profissionais da saúde, o vice-presidente disse que há uma forte atuação bem como as legislações pertinentes que tratam de temas que envolvem o setor e o processo negocial em Brasília por parte do SINDHOSP, do Conselho das categorias. A coordenadora Federal de Farmácia (CFF) e de outros sindicatos para aumentar do grupo será Karin Vegners, da Clínica de Olhos Holanda de o repasse federal para a saúde. Freitas (COHF). Para o diretor do Sindicato e No dia seguinte (21 de escolhido para ser o coordenaagosto), foi realizado o primeiro dor da CT de Laboratórios de Campinas, Antônio Carlos de encontro da Câmara Técnica de Laboratórios de Campinas Carvalho, “esta atuação é uma e região, que teve à frente dos semente que pode dar frutos, trabalhos o vice-presidente do por estar sendo feita por meio da SINDHOSP, Luiz Fernando FerCNS e comitês de laboratórios José Carlos Barbério rari. Ele destacou a importância das federações”. Foto: Divulgação trabalho informal, sonegação tributária e previdenciária. O projeto facilitará o trabalho do Fisco e permitirá uma fiscalização muito mais eficaz, com rápida aplicação de multas, pois haverá um espaço muito menor para a fraude e a evasão fiscal”, alertou Nilza. Mas esta é uma via que pode ser de mão dupla. Na opinião da diretora da InterSystem, se por um lado auxilia o governo na fiscalização, o novo sistema também facilita a aplicação de multas altíssimas, além de servir como um grande backup dos registros que as empresas precisam ter, eliminando toda a necessidade de se manter arquivos em papel por 30 anos. E para os trabalhadores será a garantia de seus direitos. “Com isso, os empregados poderão acompanhar o status de suas contribuições, bem como dos depósitos feitos pela empresa e, caso detectem algum problema, poderão tomar ações para correção sem que isso ocorra no momento de sua aposentadoria“. Os testes do eSocial já começaram. Segundo a Receita Federal, em setembro foi disponibilizada uma ferramenta para verificação dos dados cadastrais dos trabalhadores, como CPF, PIS, NIT e data de nascimento. Esse primeiro passo vai ajudar a evitar, por exemplo, duplicidade de documentos de um mesmo funcionário, já que agora somente um número de cada documento será eleito como principal. Depois, em outubro, está prevista a publicação de um novo manual para orientar as empresas que produzem softwares para empregadores sobre como será a transmissão dos arquivos para a plataforma do eSocial. E, em novembro, serão iniciados os testes do eSocial. A RF informou que qualquer empresa pode fazer os testes. Os dados transmitidos nessa fase não terão validade jurídica, mas somente o objetivo de verificar o funcionamento da plataforma. O coordenador de Sistemas da Atividade Fiscal da Receita Federal, Daniel Belmiro Fontes, informou que o órgão irá aguardar para ver a necessidade de reivindicar algum prazo extra. Segundo ele, a entidade pode pedir um prazo extra, até 2015, caso a adaptação ao novo sistema apresente problemas. O atual cronograma é estimado e pode sofrer alterações se houver atraso no desenvolvimento da plataforma do eSocial. Um workshop sobre o eSocial estava programado para 9 de outubro, no SINDHOSP. Foto: Neuza Nakahara tas mudanças Campinas ganha Comitê de RH e CT de Laboratórios Foto: Neuza Nakahara as para o eSocial Set 2013 | Jornal do SINDHOSP | 11 Jornal SINDHOSP 342.indd 11 25/09/2013 14:29:26 Eventos Terceirização, um caminho irreversível vários sindicatos num mesmo período. Considero este, hoje, o ponto central a ser debatido”. Outros pontos importantes do PL determinam que a empresa tenha estrutura financeira comprovada que garanta 4% do valor do contrato a fim de pagar eventuais verbas rescisórias. Também estabelece a corresponsabilidade da empresa tomadora de serviço no que diz respeito às relações trabalhistas do empregado terceirizado. “Mantivemos, portanto, a responsabilidade subsidiária, ou seja, havendo uma reclamação trabalhista, primeiro o empregado tem que recorrer ao seu patrão e, depois, caso necessário, à contratante”, explicou o deputado. Outro ponto crucial do texto é o que proíbe que a empresa terceirizada tenha mais de um objeto social. E na saúde? Na visão de Almir Pazzianotto, a terceirização na área da saúde começou com o nascimento dos convênios médicos. “O que é o plano de saúde senão uma terceirização? Por que temos convênios médicos se pagamos impostos e se a saúde é um direito constitucional?”, ironizou. Para ele, e para Foto: Divulgação Não é só na saúde que a terceirização de serviços tornou-se uma realidade. Em diversos setores da economia, como o automobilístico, a prática se disseminou e deu certo. Para debater o tema especificamente na área da saúde foi promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), em 19 de agosto, um encontro, na Capital paulista. Para o jurista e ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Almir Pazzianotto, a grande polêmica gira atualmente em torno das atividades meio e fim, o que deveria acabar. “A Súmula 331 determina a proibição da terceirização da atividade fim, mas nem os juristas entram num acordo para definir o que, afinal, é atividade fim. Um caminho inteligente para se resolver este impasse é deixar esta discussão de lado, e proibir a terceirização quando houver subordinação e pessoalidade”, ponderou. Pazzianotto, que estava no TST à época da elaboração da Súmula 331 (que hoje rege as relações trabalhistas e as fiscalizações do Ministério Público do Trabalho - MPT), afirmou que ela precisa ser revista. “A Súmula 331 nasceu com três pecados: a responsabilidade subsidiária, a atividade especializada e a atividade meio. E toda tentativa de legislar a respeito do tema tem falhado até agora”. Uma dessas tentativas é o projeto de lei 4330/2004, que atualmente tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. É o texto mais bem-sucedido em termos de flexibilização da prática, que propõe, por exemplo, a terceirização das atividades especializadas (caso da contratação de médicos). Ainda deixa de lado a polêmica questão das atividades meio e fim, e determina que uma empresa contratada por outra deve assegurar os direitos trabalhistas ao profissional que efetivamente prestará o serviço. Segundo o deputado Arthur Oliveira Maia, relator do texto na CCJ, uma das maiores dificuldades de se levar à frente o PL tem sido o enfrentamento com as centrais sindicais. “As centrais sindicais desejam que a representação sindical do empregado terceirizado seja a mesma da empresa tomadora de serviço. Mas o empregado terceirizado tem rotatividade, transita sobre várias atividades econômicas, e terá que contribuir para outros especialistas do Direito, o caso do médico é o mais emblemático no que diz respeito à terceirização no setor. A alta especialização deste profissional inviabiliza as tentativas de tornar a relação de trabalho como um vínculo empregatício. Para a presidente da Comissão de Estudos das Relações do Trabalho do Setor de Saúde da OBA-SP, Lilian Pacheco Lira, “o setor se adaptou às características da autonomia do profissional médico e a uma necessidade de flexibilização da agenda entre diversas instituições, diante da alta especialização desses profissionais”. Sem falar que o médico, na opinião de Flávio D´Urso, têm plenas condições de deliberar o que lhe parece melhor, sem que haja interferência do Estado. “O Ministério Público do Trabalho (MPT) entende que esta relação tem que ser via CLT, o que inviabiliza a contratação. Levando em conta a autonomia do médico, não há espaço para a tutela do Estado quando este a rejeita, se ele quer optar por um modelo diferente em sua relação com o empregador”, defendeu o diretor de Relações Institucionais da OAB-SP. Segundo o assessor Jurídico da Confederação Nacional de Saúde (CNS), Alexandre Zanetti, o MPT age com desconhecimento de causa quando impõe a “celetização” do corpo clínico de um hospital. “O paciente que entra num pronto-socorro vai fazer, antes do diagnóstico, uma série de exames, e cada um tem a assinatura de um médico. São médicos que prestam serviço para o hospital. E esse paciente pode precisar de um cirurgião, de um neurologista, ortopedista, de um nefrologista. Temos hospitais com até cinco mil médicos no corpo clínico. E eu me pergunto: como contratar via CLT todo mundo? Que hospital poderia manter, 24 horas, todos os dias da semana, todas essas especialidades, no regime CLT de contratação?”. Para a superintendente Jurídica do SINDHOSP, Eriete Teixeira, exigir a “celetização” do corpo clínico é inviabilizar a saúde no país. Ela lembra a polêmica do Programa Mais Médicos, já em vigor, no qual os médicos estão vindo trabalhar sob uma contratação terceirizada, e ainda por cima, precária. “O governo, que proíbe a terceirização e nos fiscaliza através do MPT, impondo severas punições às empresas, agora contrata médicos para atuarem onde não existem as mínimas condições de trabalho. Isso é precarização”. Na ocasião do evento da OAB, Eriete ainda lembrou do segmento de assistência domiciliar, “que vem sofrendo nas mãos do MPT sob a exigência de celetizar suas equipes de trabalho”. “É preciso que haja um regramento jurídico para nos trazer um mínimo de segurança”. A diretora do SINDHOSP, Luiza Dal Ben, que representa o segmento de assistência domiciliar, também esteve no evento, e acompanhou os debates. 12 | Jornal do SINDHOSP | Set 2013 Jornal SINDHOSP 342.indd 12 25/09/2013 14:29:44
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