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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DOUTORADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO CULTURA DE INOVAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS NA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA GIANCARLO GOMES BLUMENAU – SC 2013 GIANCARLO GOMES CULTURA DE INOVAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS NA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau – FURB, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências Contábeis e Administração, área de concentração Gestão das Organizações. Orientadora: Profª Machado, Dra. BLUMENAU – SC 2013 Denise Del Prá Netto CULTURA DE INOVAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS NA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA GIANCARLO GOMES Esta tese foi julgada adequada para obtenção do grau de Doutor em Ciências Contábeis e Administração, área de concentração Gestão de Organizações, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau. Prof. Carlos Eduardo Facin Lavarda, Dr. Coordenador do PPGCC Banca examinadora: __________________________________________________ Presidente: Profa. Denise Del Prá Netto Machado, Dra. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) Universidade Regional de Blumenau (FURB) _________________________________________________ Membro: Prof. Milton de Abreu Campanario, Dr. Universidade de São Paulo (USP) __________________________________________________ Membro: Prof. Valmir Emil Hoffmann, Dr. Universidade de Brasília (UnB) ____________________________________________________ Membro: Prof. Francisco Carlos Fernandes, Dr. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) Universidade Regional de Blumenau (FURB) __________________________________________________ Membro: Prof. Gérson Tontini, Dr. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) Universidade Regional de Blumenau (FURB) Blumenau, 13 de maio de 2013 Dedico à minha mãe (in memoriam), ao meu pai e aos meus irmãos, com a mais profunda gratidão, pela educação e pelos valores que me foram transmitidos. AGRADECIMENTOS Mesmo que a tese seja, pela sua finalidade acadêmica, um trabalho individual e solitário, inúmeras foram as contribuições que devem ser lembradas. Peço desculpas às pessoas que porventura não foram mencionadas aqui – a elas deixo, de antemão, meus sinceros agradecimentos. O imprescindível apoio familiar em qualquer empreitada deve ser reconhecido e valorizado. Agradeço à minha família, em especial ao meu pai, Gentil, à minha irmã Ilaine e ao meu irmão Gilmar, que me deram apoio incondicional durante todo o processo de doutoramento: sem o apoio de vocês o trabalho seria muito mais árduo. Essa conquista é nossa. Deixo o meu agradecimento a Letícia Benites pelo seu apoio e incentivo no início do doutorado. À Professora Dra. Denise Dell Prá Netto Machado, pela sua orientação no decorrer deste trabalho, pela competência científica, acompanhamento, dedicação e paciência, assim como pelas críticas, correções e sugestões relevantes feitas durante a orientação. Meu respeito e admiração. À Professora Dra. Ilse Maria Beurem, por seu apoio durante o doutorado, por ter acreditado no meu trabalho. O seu conhecimento contribuiu para o meu crescimento pessoal e intelectual. Ao Professor Dr. Carlos Eduardo Lavarda, coordenador do Programa de PósGraduação em Ciências Contábeis e Administração, pelo incentivo e apoio durante o doutorado. Da mesma forma, à sua equipe, na pessoa de Rosane Almeida, pela presteza e disponibilidade na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis. Ao Professor Dr. Francisco Fernandes, pelas valiosas contribuições na banca de qualificação. Gostaria de agradecer ao Professor Dr. Gerson Tontini, meu orientador no início do doutorado, pelos conhecimentos transmitidos e pelas contribuições na etapa de qualificação. Aos Professores Doutores do Programa do Doutorado em Ciências Contábeis e Administração, Marialva Tomio Dreher, Rosália Lavarda, Maria José Carvalho de Souza Domingues, Jorge Scarpin e Mohamed Amal, pelos conhecimentos transmitidos durante o doutorado e nos seminários de tese. Ao Professor Dr. Joaquim Alegre Vidal, que, durante o Doutorado-Sanduíche na Universidade de Valencia, dividiu comigo seus conhecimentos acadêmicos e me deu a oportunidade de viver um pouco da sua cultura e valores. Agradeço também à Professora Cristina Villar Garcia, pelo apoio durante minha estadia na Universidade de Valencia. Agradeço aos Professores Doutores, Milton de Abreu Campanario e Valmir Emil Hoffmann, pela honra concedida em participar da banca examinadora, e pelo tempo despendido na leitura deste trabalho. Agradeço aos colegas de doutorado, Edson W. Torrens, Tarcísio Pedro da Silva, Débora Gomes Machado, Rodrigo Angonese, Cosmo Rogério, Claudecir Paton e Alexander Roncon, e aos bolsistas do doutorado Júlio Silva e Rodrigo Casagrande e ao amigo Alison Utzig. Agradeço por terem disponibilizado seus contatos pessoais, para que eu obtivesse acesso mais rápido às organizações pesquisadas, e pela convivência no período de doutoramento. Obrigado por serem mais que colegas pesquisadores! A amizade e companheirismo de vocês fez com que o trabalho se tornasse mais leve. Aos gestores e funcionários das organizações que participaram desta pesquisa e me deram sua colaboração e seu precioso tempo para que este estudo fosse possível. Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa sanduíche que proporcionou o estágio orientador do arcabouço teórico-metodológico deste estudo. EPÍGRAFE “A ciência exercita a capacidade, não o saber. O valor de praticar com rigor, por algum tempo, uma ciência rigorosa não está propriamente em seus resultados: pois eles sempre serão uma gota ínfima, ante o mar das coisas dignas de saber. Mas isso produz um aumento de energia, de capacidade dedutiva, de tenacidade; aprende – se a alcançar um fim de modo pertinente. Neste sentido é valioso, em vista de tudo o que se fará depois, ter sido homem de ciência”. FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900, in Humano, Demasiado Humano). RESUMO GOMES, Giancarlo. Cultura de inovação e sua influência no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. 2013, 296f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis e Administração) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Administração da Universidade de Blumenau – FURB, Blumenau, 2013. A inovação é um fenômeno inerente e fundamental para a prosperidade da indústria têxtil. Há consenso, tanto nas esferas acadêmica como na empresarial, que um dos principais recursos da organização é seu conhecimento tecnológico e sua capacidade para gerar inovação (GALENDE, 2006). Um dos fatores que podem estimular à propensão para se inovar é a cultura organizacional. Isto se deve ao fato de que ao influenciar o comportamento dos funcionários, pode-se lograr que aceitem a inovação como um valor fundamental na organização e se comprometam com ela (HARTMANN, 2006; NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2011). Portanto, é oportuno aprofundar a relação entre cultura organizacional e inovação, identificando os determinantes da cultura de inovação que ajudam ou dificultam o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil catarinense. Assim, este estudo teve como objetivo geral verificar a influência da cultura de inovação sobre o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. O estudo se caracteriza como pesquisa descritiva, exploratória e causal. Quanto aos procedimentos a pesquisa foi de levantamento. No que tange a abordagem a pesquisa foi quantitativa. A definição da amostra foi intencional, por acessibilidade ou conveniência tendo como base os objetivos da pesquisa. A amostra foi composta por 441 respondentes divididos em 16 organizações. O instrumento de coleta de dados foi composto por dois blocos distintos, no primeiro constaram as questões relativas às dimensões da cultura de inovação – estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação, e comunicação. No segundo bloco as questões relativas ao desempenho em inovação de produtos – eficácia e eficiência. Os dados foram analisados por meio de análise descritiva, análise fatorial exploratória, análise fatorial confirmatória e modelagem de equações estruturais. Os resultados do estudo empírico mostraram uma forte relação positiva entre as dimensões da cultura de inovação quando consideradas de forma separada, ou quando operacionalizados com o desempenho em inovação de produtos. As dimensões que se fazem mais presentes na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina foram a Estrutura, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Mecanismos de Suporte. No desempenho em inovação de produtos, a Eficiência se mostrou mais importante que a Eficácia, indicando que o foco no processo de inovação é mais interno do que externo. Observou-se que as organizações têxteis pesquisadas estão mais propensas a investir na eficiência da inovação de produtos que é determinada pelo custo e pelo tempo do projeto de inovação. Constatou-se também que a cultura de inovação tem maior influência na dimensão eficiência do que na dimensão eficácia. Concluiu-se que o tamanho da organização não tem influência no desempenho em inovação de produtos, enquanto a localização geográfica impacta significativamente. Os melhores resultados em inovação de produtos foram alcançados pelo Vale do Itajaí, o que pode estar associado aos traços socioculturais da região. Para trabalhos futuros sugere-se aplicar o instrumento de cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos em setores mais dinâmicos do ponto de vista da inovação, bem como setores mais tradicionais, com tecnologia consolidada. Palavras-chave: Cultura de Inovação. Desempenho em Inovação de Produtos. Eficiência Eficácia. Indústria Têxtil. ABSTRACT GOMES, Giancarlo. Innovation culture and its influence on the performance of product innovation in the textile industry of Santa Catarina. 2013, 294f. Thesis (Doctorate in Accounting and Business Administration) - Graduate Program in Accounting and Business Administration from the University of Blumenau - FURB, Blumenau, 2013. Innovation is an inherent and fundamental phenomenon to the prosperity of the textile industry. There is a consensus that, both in the academic and business spheres, one of the main features to a company is its technological knowledge and its ability to generate innovation (Galende, 2006). One of the factors that can stimulate the propensity to innovate is the organizational culture. This is due to the fact that by influencing the behavior of employees, we can achieve that support innovation as a core value in the organization and commit to it (HARTMANN, 2006; NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; VALLE-SANZ, 2011) . Therefore, it is proper to narrow the relationship between organizational culture and innovation, identifying the determinants of the culture of innovation that help or hinder performance in product innovation in the textile industry in Santa Catarina. This study aimed to investigate the influence of culture on innovation performance in product innovation in the textile industry of Santa Catarina. The study is characterized as descriptive, exploratory and causal. Regarding the procedures of the research it was through surveys. Regarding the research a quantitative approach was used. The sample size was intentional, for convenience or accessibility based on the research objectives. The sample consisted of 441 respondents divided into 16 organizations. The data collection instrument was composed of two distinct blocks, the first consisted of issues relating to the dimensions of the culture of innovation - strategy, structure, support mechanisms, behaviors that encourage innovation, and communication. In the second block, issues relating to product innovation performance - effectiveness and efficiency. Data was analyzed using descriptive analysis, exploratory factor analysis, confirmatory factor analysis and structural equation modeling (SEM). The results of the empirical study showed a strong positive relationship between the dimensions of the culture of innovation when considered separately, or when operationalized with the performance in product innovation. The dimensions that were more present in shaping the culture of innovation in the textile industry of Santa Catarina were Structure, Behaviors that Stimulate Innovation and Support Mechanisms. In product innovation performance, the efficiency was more important than efficacy, indicating that the focus on process innovation is more internal than external. It was observed that the textile organizations surveyed are more likely to invest in efficiency of product innovation; determined by the cost and time of the innovation project. It was also found that the culture of innovation has greater influence on the efficiency dimension than the dimension of efficacy. It was concluded that the size of the organization has no influence on the performance in product innovation, while the geographic location significantly impacts it. The best results in product innovation were achieved by the Vale do Itajai, and they can be linked to the sociocultural features of the region. For future work it is suggested that the instrument of culture of innovation and performance in product innovation in the most dynamic sectors in terms of innovation, as well as more traditional sectors, with consolidated technology, be applied. Key-words: Culture of Innovation. Performance in Product Innovation. Efficacy. Efficiency. Textile Industry. RESUMEN GOMES, Giancarlo. Cultura de innovación y su influencia en el desempeño en innovación de productos en la industria textil de Santa Catarina. 2013, 294f. Tesis (Doctorado en Contabilidad y Administración) – Programa de Posgrado en Contabilidad y Administración de la Universidad de Blumenau – FURB, Blumenau, 2013. La innovación es un fenómeno inherente y fundamental para la prosperidad de la industria textil. Existe consenso tanto en las esferas académicas como empresariales, que uno de los principales recursos de una empresa es su alcance en conocimientos tecnológicos y su capacidad para generar innovación (GALENDE, 2006). Uno de los factores que pueden estimular la tendencia para innovar es la cultura organizacional. Eso es debido al hecho de que influenciar el comportamiento de los funcionarios de una empresa, puede lograrse que acepten la innovación como un valor fundamental en la organización y se comprometan con ésta (HARTMANN, 2006; NARANJOVALENCIA; JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2011). Por lo tanto, es propicio profundizar la relación entre cultura organizacional e innovación, identificando los determinantes de la cultura de innovación que ayudan o dificultan el desempeño en innovación de productos en la industria textil del estado de Santa Catarina. Así, este estudio tuvo como objetivo general verificar la influencia de la cultura de innovación sobre el desempeño en innovación de productos en la industria textil de Santa Catarina. El estudio está caracterizado como una investigación descriptiva, exploratoria y causal. Cuanto a los procedimientos fue del tipo levantamiento. En lo que se refiere al abordaje, la investigación fue cuantitativa. La definición de la muestra fue intencional por accesibilidad o conveniencia tomando como base los objetivos de la investigación. La muestra estuvo compuesta por 441 respondientes divididos en 16 organizaciones. El instrumento de colecta de datos se compuso por dos esquemas diferentes, en el primero constaron preguntas relacionadas a las dimensiones de la cultura de innovación – estrategia, estructura, mecanismos de soporte, comportamientos que incentivan la innovación, y comunicación. En el segundo esquema las preguntas estaban relacionadas al desempeño en innovación de productos – eficacia y eficiencia. Los datos fueron analizados a través de análisis descriptivo, análisis factorial exploratorio, análisis factorial confirmatorio y modelaje de ecuaciones estructurales. Los resultados del estudio empírico mostraron una fuerte relación positiva entre las dimensiones de la cultura de innovación cuando fueron considerados de forma separada o cuando utilizados en función del desempeño en innovación de productos. Las dimensiones más presentes en la formación de la cultura de innovación en la industria textil de Santa Catarina fueron la estructura, los comportamientos que estimulan la innovación y los mecanismos de soporte. En el desempeño en innovación de producto la Eficiencia se mostró más importante que la Eficacia, indicando que el enfoque en el proceso de innovación es más interno que externo. Se observó que las organizaciones textileras investigadas son más propensas a invertir en eficiencia de la innovación de productos que a su vez es determinada por el costo y por el tiempo del proyecto de innovación. Constató también que la cultura de innovación tiene mayor influencia el la dimensión eficiencia que en la dimensión eficacia. Se concluye que el tamaño de la organización no influencia el desempeño en innovación de productos, mientras que la ubicación geográfica tiene impacto significativo. El Vale do Itajaí fue la región que obtuvo los mejores resultados en innovación de productos, situación que puede estar asociada a los trazos socioculturales de esa región. Se sugiere que para futuros trabajos sea aplicado el instrumento de cultura de innovación y desempeño en innovación de productos en sectores más dinámicos desde el punto de vista de la innovación, así como sectores más tradicionales con tecnología consolidada. Palabras claves: Cultura de Innovación. Desempeño en Innovación de Productos. Eficiencia Eficacia. Industria Textil. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Estrutura e esboço do estudo................................................ 43 Figura 2 – Pressupostos sobre a natureza das ciências sociais .............. 46 Figura 3 – Os quatro paradigmas sociológicos...................................... 47 Figura 4 – Interseções de cultura e teorias organizacionais .................. 51 Figura 5 – Primeira Geração – conceito Technology-Push de inovação58 Figura 6 – Segunda Geração – conceito Market Pull de inovação ........ 58 Figura 7 – Terceira Geração – Conceito Coupling de inovação............ 59 Figura 8 – Quarta Geração – Conceito integrado de inovação .............. 60 Figura 9 – Os níveis da cultura e sua interação ..................................... 63 Figura 10 – Esquema conceitual de cultura organizacional .................. 65 Figura 11 – Mudança de foco na cultura organizacional....................... 74 Figura 12 – Estrutura multidimensional da inovação organizacional ... 79 Figura 13 – Desenvolvimento de produtos como plano racional .......... 87 Figura 14 – Desenvolvimento de produtos como rede de comunicação 89 Figura 15 – Desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada de problemas. ................................................. 90 Figura16 – Desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada de problemas .................................................. 91 Figura 17 – Modelo de Cultura Organizacional. ................................. 107 Figura 18 – Determinantes da cultura de inovação ............................. 109 Figura 19 – Diferentes paradigmas da cultura organizacional ............ 128 Figura 20 – Dimensões da cultura de inovação analisadas no estudo . 129 Figura 21 – Variáveis da cultura de inovação analisadas neste estudo 130 Figura 22 – Variáveis do desempenho em inovação de produtos analisados no estudo....................................................132 Figura 23 – Visão geral das hipóteses. ................................................ 154 Figura 24 – Mesorregiões de Santa Catarina....................................... 156 Figura 25 – Representação Gráfica da Trajetória da Pesquisa. ........... 173 Figura 26 – Representação gráfica da apresentação e análise dos resultados. ......................................................................... 176 Figura 27 – Representação da dimensionalidade do constructo de segunda ordem de cultura de inovação...........................203 Figura 28 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Estratégia. ... 204 Figura 29 – Modelo de mensuração final – Dimensão Estratégia. ...... 206 Figura 30 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Estrutura...... 208 Figura 31 – Modelo de mensuração final – Dimensão Estrutura ........ 209 Figura 32 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Mecanismos de Suporte. ............................................................................ 211 Figura 33 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. .............................................. 213 Figura 34 – Modelo de mensuração final – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. .............................................. 214 Figura 35 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Comunicação .................................................................... 216 Figura 36 – Modelo de mensuração final – Dimensão Comunicação. 217 Figura 37 – Diagrama de caminhos do constructo cultura de inovação ........................................................................... 221 Figura 38 – Constructo final de segunda ordem de cultura de inovação. .......................................................................... 227 Figura 39 – Representação da dimensionalidade do constructo de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos241 Figura 40 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Eficácia. ...... 242 Figura 41 – Modelo de mensuração final – Dimensão Eficácia. ........ 243 Figura 42 – Modelo de mensuração final – Dimensão Eficiência. ..... 245 Figura 43 – Diagrama de caminhos do constructo de desempenho em inovação de produtos........................................................ 248 Figura 44 – Constructo final de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos........................................................ 252 Figura 45 – Modelo estrutural proposto para a análise final. .............. 258 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Evolução da cultura organizacional como variável. ........... 67 Quadro 2 – Aspectos e elementos de uma cultura de inovação............. 95 Quadro 3 – Estudos abordando a cultura da inovação......................... 101 Quadro 4 – Variáveis e autores para medir a eficácia da inovação. .... 121 Quadro 5 – Variáveis e autores para medir a eficiência da inovação. . 122 Quadro 6 – Constructo dos determinantes da cultura de inovação...... 135 Quadro 7 – Constructo do desempenho em inovação de produtos...... 138 Quadro 8 – Constructo dos determinantes da cultura de inovação e do desempenho em inovação de produtos. ............................ 146 Quadro 9 – Constructo das variáveis de controle. ............................... 147 Quadro 10 – Variáveis e indicadores – Dimensão Estratégia. ............ 184 Quadro 11 – Variáveis e indicadores – Dimensão Estrutura. .............. 188 Quadro 12 – Variáveis e indicadores – Mecanismos de Suporte. ....... 191 Quadro 13 – Variáveis e indicadores – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. ..................................................... 195 Quadro 14 – Variáveis e indicadores – Dimensão Comunicação........ 198 Quadro 15 – Variáveis e indicadores – Dimensão Eficácia. ............... 235 Quadro 16 – Variáveis e indicadores – Dimensão Eficiência..............238 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Critério para a classificação das empresas no Brasil pelo SEBRAE........................................................................... 156 Tabela 2 – Amostra das unidades pesquisadas. ................................... 158 Tabela 3 – Porte das organizações pesquisadas. ................................. 177 Tabela 4 – Localização geográfica das organizações pesquisadas. ..... 177 Tabela 5 – Análise Descritiva – Dimensões da Cultura de Inovação. . 178 Tabela 6 – Análise Descritiva–Desempenho em Inovação de Produtos. .......................................................................................... 182 Tabela 7 – Análise de confiabilidade – Dimensão Estratégia. ............ 185 Tabela 8 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Estratégia. ........................................................ 185 Tabela 9 – Variação total explicada – Dimensão Estratégia. .............. 187 Tabela 10 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Estratégia. ......................................................................... 187 Tabela 11 – Análise de confiabilidade – Dimensão Estrutura............. 189 Tabela 12 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Estrutura. ......................................................... 189 Tabela 13 – Variância total explicada – Dimensão Estrutura. ............ 190 Tabela 14 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Estrutura. .......................................................................................... 191 Tabela 15 – Análise de confiabilidade – Mecanismos de Suporte. ..... 192 Tabela 16 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Mecanismos de Suporte................................... 192 Tabela 17 – Variância total explicada – Dimensão Mecanismos de Suporte.............................................................................. 193 Tabela 18 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Mecanismos de Suporte. ........................................................................ 194 Tabela 19 – Análise de confiabilidade – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. ..................................................... 195 Tabela 20 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. . 196 Tabela 21 – Variância total explicada – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. ..................................................... 197 Tabela 22 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. .................. 198 Tabela 23 – Análise de confiabilidade – Dimensão Comunicação. .... 199 Tabela 24 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra da – Dimensão Comunicação. ............................................... 199 Tabela 25 – Variância total explicada – Dimensão Comunicação. ..... 200 Tabela 26 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Comunicação. ................................................................... 200 Tabela 27 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Estratégia........................................ 204 Tabela 28 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Estratégia........................................ 205 Tabela 29 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Estratégia. ......................................................................... 207 Tabela 30 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Estrutura. ........................................ 208 Tabela 31 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Estrutura. ........................................ 210 Tabela 32 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Estrutura. .......................................................................... 210 Tabela 33 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Mecanismos de Suporte. ................ 212 Tabela 34 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Mecanismos de Suporte. .................................................. 212 Tabela 35 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. .......................................................................... 214 Tabela 36 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. .......................................................................... 215 Tabela 37 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. .................. 215 Tabela 38 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Comunicação.................................. 217 Tabela 39 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Comunicação.................................. 218 Tabela 40 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Comunicação. ................................................................... 218 Tabela 41 – Validade discriminante Cultura de Inovação .................. 219 Tabela 42 – Índices de ajuste do modelo de mensuração do constructo cultura de inovação. ......................................................... 222 Tabela 43 – Índices de ajuste para o modelo de segunda ordem da cultura de inovação. ......................................................... 223 Tabela 44 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações de segunda ordem do constructo de cultura de inovação. ..... 224 Tabela 45 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Eficácia. ........................................................... 236 Tabela 46 – Variação total explicada – Dimensão Eficácia. ............... 237 Tabela 47 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Eficácia. 237 Tabela 48 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Eficiência......................................................... 238 Tabela 49 – Variância total explicada – Dimensão Eficiência. ........... 239 Tabela 50 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Eficiência ......................................................................... 239 Tabela 51 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações iniciais – Dimensão Eficácia. ........................................... 242 Tabela 52 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações finais – Dimensão Eficácia. .............................................. 244 Tabela 53 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Eficácia. ............................................................................ 244 Tabela 54 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações finais – Dimensão Eficiência. ........................................... 246 Tabela 55 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Eficiência. ......................................................................... 246 Tabela 56 – Validade discriminante – Desempenho em inovação de produtos. ........................................................................... 247 Tabela 57 – Índices de ajuste do modelo de mensuração do constructo de desempenho em inovação de produtos. ....................... 249 Tabela 58 – Índices de ajuste para o modelo de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. ............................ 250 Tabela 59 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações de segunda ordem do constructo de desempenho em inovação ........................................................................... 251 Tabela 60 – Índices de ajuste do modelo proposto.............................. 255 Tabela 61 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações do modelo proposto. .............................................................. 256 Tabela 62 – Índices de ajuste do modelo final com análise de localização geográfica. ........................................................................ 262 Tabela 63 – Coeficientes padronizados e R2 para análise da localização geográfica. ........................................................................ 263 Tabela 64 – Resumo dos testes de hipóteses. ...................................... 266 LISTA DE SIGLAS AFC Análise Fatorial Confirmatória Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de ABIT Confecção AFE Análise Fatorial Exploratória AGFI Adjusted Goodness-of-Fit Index Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e BNDES Social CAD Computer-Aided Design CAI Culture Assessment Instrument CAM Computer-Aided Manufacturing Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível CAPES Superior CFI Comparative Fit Index Variável da dimensão Comunicação da cultura de COMUNICA inovação Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología CYTED para el Desarrollo Variável da dimensão Eficácia do desempenho em EFICÁCIA inovação de produtos Variável da dimensão Eficiência do desempenho em EFICIENCI inovação de produtos Variável da dimensão Comportamentos que Estimulam ESTÍMULO a Inovação da cultura de inovação ESTRATEG Variável da dimensão Estratégia da cultura de inovação ESTRUTURA Variável da dimensão Estrutura da cultura de inovação FIESC Federação das indústrias do estado de Santa Catarina GFI Goodness of Fit GL Graus de Liberdade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFI Incremental Fit Index MEE Modelagem de Equações Estruturais MSA Measures of Sampling Adequacy NFI Normed Fit Index OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento OCP Organizational Culture Profile OEA Organización de Estados Americanos P&D Planejamento & Desenvolvimento PGFI Parsimony Goodness-of-Fit Index PLS Partial Least Squares PNFI RBV RFI RICYT RMSEA SEBRAE SUPORTE TLI Parsimony Normed Fit Index Resource-Based View Relative Fit Index Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnología Root Mean Square Error of Aproximation Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Variável da dimensão Mecanismos de Suporte da cultura de inovação Tucker-Lewis Index SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................... 33 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................. 35 1.2 OBJETIVOS ......................................................................... 37 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................ 37 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................. 37 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................... 38 1.4 TESE ......................................................................... 40 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................ 42 2 BASE TEÓRICA ................................................................... 45 2.1 TRAJETÓRIA EPISTEMOLÓGICA ...................................... 45 2.1.1 Paradigmas sociológicos ........................................................ 45 2.1.2 Teoria da Contingência ......................................................... 48 2.1.3 Antecedentes dos estudos sobre cultura organizacional ..... 53 2.1.4 Antecedentes dos estudos sobre inovação ............................ 57 2.2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................... 61 2.2.1 Cultura Organizacional ......................................................... 61 2.2.1.1 Aspectos mensuráveis da cultura ............................................. 70 2.2.1.2 Mudança da cultura organizacional ......................................... 72 2.2.2 Inovação .................................................................................. 75 2.2.2.1 Tipos de inovação .................................................................... 81 2.2.2.2 Desenvolvimento de novos produtos ....................................... 84 2.2.2.2.1Desenvolvimento de produtos como plano racional .............. 86 2.2.2.2.2Desenvolvimento de produtos como rede de comunicação .... 87 2.2.2.2.3Desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada .................................................................... 89 2.2.3 Interligação dos temas cultura organizacional e inovação 92 2.2.3.1 Estado da arte ........................................................................... 99 2.2.4 Cultura de Inovação ............................................................ 106 2.2.4.1 Estratégia Organizacional ...................................................... 110 2.2.4.2 Estrutura Organizacional ....................................................... 112 2.2.4.3 Mecanismos de Suporte ......................................................... 114 2.2.4.4 Comportamentos que Estimulam a Inovação......................... 115 2.2.4.5 Comunicação ......................................................................... 117 2.2.4.6 Estudos anteriores – Cultura de Inovação .............................. 118 2.2.5 Desempenho em Inovação de Produtos.............................. 119 2.2.5.1 Estudos anteriores - Desempenho em Inovação de Produtos. 124 2.3 POSICIONAMENTO TEÓRICO .......................................... 127 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ....... 133 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 4 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.4 4.3.5 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.5 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..................................... 133 CONSTRUCTO DA PESQUISA .......................................... 134 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ...................................... 147 HIPÓTESES ....................................................................... 149 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................... 154 PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS ............. 159 COLETA DE DADOS .......................................................... 161 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS ....... 162 TRAJETÓRIA TEÓRICO - METODOLÓGICA DA PESQUISA ....................................................................... 172 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................ 174 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS... 175 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS .............................. 176 COMPOSIÇÃO DO CONSTRUCTO DE CULTURA DE INOVAÇÃO ....................................................................... 183 Análise fatorial exploratória – Cultura de Inovação ........ 183 Análise Fatorial Confirmatória - Cultura de Inovação .... 202 Validade Discriminante – Cultura de Inovação ................ 219 DETERMINANTES DA CULTURA DE INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA................. 220 Efeito da estratégia organizacional na formação da cultura de inovação ........................................................................... 228 Efeito da estrutura organizacional flexível na formação da cultura de inovação.............................................................. 229 Efeito dos mecanismos de suporte na formação da cultura de inovação ........................................................................... 231 Efeito dos comportamentos que estimulam a inovação na formação da cultura de inovação ....................................... 232 Efeito da comunicação na formação da cultura de inovação ................................................................................ 233 COMPOSIÇÃO DO CONSTRUCTO DE DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS ............................................. 234 Análise Fatorial Exploratória – Desempenho em Inovação de Produtos........................................................................... 235 Análise Fatorial Confirmatória – Desempenho em Inovação de Produtos........................................................................... 240 Validade Discriminante – Desempenho em Inovação de Produtos................................................................................ 247 DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS DA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA................. 247 4.5.1 Resultado da eficácia e eficiência no desempenho em inovação de produtos ........................................................... 253 4.6 INFLUÊNCIA DA CULTURA DE INOVAÇÃO NO DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS ........... 254 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................... 269 5.1 CONCLUSÕES ..................................................................... 269 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .... 273 REFERÊNCIAS ................................................................................ 275 APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .... 297 33 1 INTRODUÇÃO A indústria têxtil brasileira desfrutou, por longos anos, de privilégios na concorrência com os demais países. Inúmeras barreiras protecionistas foram construídas, reservando o mercado doméstico à indústria nacional. O último ciclo significativo de modernização da indústria têxtil deu-se na segunda metade dos anos 70, no bojo do II Plano Nacional de Desenvolvimento. No início dos anos 90, em virtude do processo de abertura comercial, a indústria têxtil brasileira sofreu um grande impacto diante da concorrência internacional (RANGEL; SILVA; COSTA, 2010). A expansão econômica não se deu apenas em países exportadores tradicionais, como a Índia e a Turquia, mas também pelo surgimento de novos players ou novos entrantes em processo de expansão, como é o caso da China e do Vietnã (RANGEL; SILVA; COSTA, 2010). O parque industrial têxtil do Brasil, setor tradicional e dinamizador da economia do país por anos, enfrentou forte concorrência desses países, tendo que passar por transformações significativas em sua estrutura organizacional, formas de organização da produção e do trabalho, e inovação tecnológica, entre outros (SILVA FILHO; QUEIROZ, 2011). Ao abordar as transformações no processo produtivo, Kon e Coan (2006) destacam que a inserção internacional, por intermédio da abertura comercial, e os efeitos da globalização influenciaram sobremaneira a indústria têxtil do Brasil. A busca de novos mercados impôs mudanças radicais no processo produtivo, que resultaram na busca da inovação tecnológica representada pela inovação de produto e de processo. A inovação do processo produtivo foi acentuada no caso da indústria têxtil, uma vez que requereu uma modernização de seu parque industrial, principalmente com a automatização e a informatização na área de produção. A inovação é um fenômeno inerente e fundamental para a prosperidade da indústria têxtil. A tendência de mudanças rápidas na moda, conjugada à diferenciação do produto, é crucial para impedir a invasão de produtos asiáticos. Isto se deve a velocidade das mudanças e a distância física dos centros de consumo, que dificultam a chegada desses produtos em tempo hábil para que ainda estejam na moda (COSTA; ROCHA, 2009; MONTEIRO; VEIGA, 2009). A moda é um instrumento eficaz para o aumento da competitividade, já que possibilita a diferenciação do produto e, consequentemente, da própria organização (GIMENO, 2000). 34 A base do sistema de moda reside na ideia da mudança contínua, na obsolescência programada e na introdução de produtos que parecem novos, mesmo que não sejam verdadeiramente inovadores. Um aspecto fundamental da moda de vestuário refere-se ao seu ciclo de vida curto e evidente nos lançamentos de tendências e padrões nas estações do ano. Essa característica de obsolescência programada faz com que a moda de vestuário dependa de um eficiente processo de difusão de inovações (RECH, 2006). É consenso, tanto na esfera acadêmica como na empresarial, que um dos principais recursos da organização é seu conhecimento tecnológico e sua capacidade para gerar inovação (GALENDE, 2006). A inovação é a chave para o alcance das vantagens competitivas sustentáveis, já que as organizações inovadoras tendem a ser mais flexíveis, têm maior capacidade de adaptação e de respostas às mudanças e conseguem explorar as oportunidades existentes de modo mais contundente do que seus concorrentes. Isso aumentou o interesse de pesquisadores e organizações em entender como estimular a inovação nas organizações (DAMANPOUR, 1996; MAVONDO; FARRELL, 2003). A inovação se converteu em um fator significativo no momento de determinar os resultados empresariais. As contribuições da inovação em relação aos resultados estratégicos, e, portanto, à sobrevivência a longo prazo, têm sido amplamente reconhecidas e discutidas na literatura (ALEGRE; CHIVA, 2008). A importância do tema é evidenciada por autores que vêm estudando o assunto, tornando seu conceito mais extenso e complexo (VAN DE VEN et al., 1999; DAMANPOUR, 1991; AFUAH, 2003; TIDD, BESSANT, PAVITT, 2005). Um dos fatores que podem estimular a propensão para inovar é a cultura organizacional. Isso se deve ao fato de que, ao influenciar o comportamento dos funcionários, pode-se lograr que eles aceitem a inovação como um valor fundamental na organização e se comprometam com ela (HARTMANN, 2006; NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2012). A compreensão das características culturais é de vital importância para entender o comportamento dos indivíduos nas organizações. Os esforços de investigação nesse campo de estudo são constantes, em função do seu caráter mutável. Os traços culturais compõem variáveis dinâmicas, que sofrem influência do meio socioinstitucional e, por sua vez, interferem nos processos de gestão das organizações (MOTTA; ALCADIPANI, BRESLER, 2001; CHU; WOOD JR, 2008). 35 Nesse sentido, a cultura organizacional pode ser vista como um dos determinantes da inovação, uma vez que possui elementos que podem servir para reforçá-la ou inibi-la. E a cultura da inovação precisa ser acompanhada por um contexto organizacional adequado (AHMED, 1998). Por isso, a sustentação de uma organização inovadora se dá principalmente por sua cultura organizacional, uma vez que a capacidade de inovar está nas habilidades e atitudes das pessoas que nela trabalham (KNOX, 2002). Para que a inovação ocorra é fundamental uma cultura que facilite os processos, como fator estratégico para que a organização alcance seus objetivos (JAMROG; OVERHOLT, 2004). A cultura é, então, um dos principais fatores que impactam a inovação em uma organização, na medida em que pode tanto estimular quanto inibir as pessoas a desencadear processos para o surgimento de novidades (OBENCHAIN, 2002; JASKYTE, 2004; OBENCHAIN; JOHNSON, 2004; JASKYTE; KISIELIENE, 2006; NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2012). No entanto, até o momento, existem poucos estudos com evidências empíricas sobre o efeito da cultura organizacional no processo de inovação. Além disso, os escassos trabalhos têm sido realizados em contextos diferentes do brasileiro, e em alguns casos em âmbitos não empresariais. Nesse sentido, é carente a literatura que discorre sobre o tema (JASKYTE; DRESSLER, 2005; JASKYTE; KISIELIENE, 2006; NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; SANZVALLE, 2012). 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA A adoção de comportamentos culturais que propiciam o ato de inovar pode levar uma organização ao sucesso. Apesar do reconhecimento do papel chave da cultura organizacional em processos que levam à inovação, os estudos que abordam a relação entre as variáveis são, em sua maioria, de caráter teórico (AHMED, 1998; MUMFORD; LICUANAN, 2004; MARTINS; TERBLANCHE, 2003; McLEAN, 2005). Há poucos trabalhos empíricos que se dedicaram a pesquisar a relação entre cultura organizacional e inovação, e a maioria desses trabalhos se concentrou em averiguar alguma característica ou função da cultura (autonomia, orientação para o mercado, gestão dos empregados, etc.). Além disso, os estudos que analisam o efeito dos determinados 36 tipos de cultura sobre processos que promovem a inovação não se centraram em entornos empresarias, mas em instituições de ensino (OBENCHAIN, 2002; MARTINS; TERBLANCHE, 2003; OBENCHAIN; JOHNSON, 2004). Um exemplo são os estudos de Martins, Martins e Terblanche (2004), em que os autores, por meio de um modelo empírico, detectam os determinantes da cultura de inovação que influenciam o grau de criatividade e inovação em bibliotecas universitárias. Nessa perspectiva, Martins, Martins e Terblanche (2004) se utilizam do termo “cultura de inovação” para delimitar os aspectos implícitos relacionados aos valores e pressupostos dos sujeitos organizacionais. Atuando em um mercado altamente competitivo, o Brasil tem perdido espaço no setor têxtil e de confecções. Mesmo com o crescimento do consumo mundial de têxteis e confeccionados, a participação do país no comércio mundial diminuiu nos últimos anos. Ao mesmo tempo, houve um acirramento da concorrência global, tendo em vista o crescimento exponencial dos produtos asiáticos no comércio internacional (COSTA; ROCHA, 2009). No cenário nacional, o estado de Santa Catarina se destaca como um dos principais parques produtivos do setor têxtil. Assim como as demais indústrias têxteis brasileiras, a catarinense vem sofrendo pressões mercadológicas, principalmente dos países asiáticos. O setor pode ser considerado um dos mais atingidos pelo processo de abertura comercial, estando em um momento de crise, em função do grande aumento das importações, sobretudo no segmento de fios e tecidos artificiais e sintéticos provenientes de outros países (MENDES, 2003). Assim como o conjunto da indústria têxtil e de confecções nacional, as organizações sediadas no estado de Santa Catarina desenvolveram estratégias para acompanhar esse processo de mudança, tanto sob a perspectiva interna em relação à abertura econômica, quanto no que se refere às transformações no padrão de concorrência internacional do setor (FERNANDES; CARIO, 2009). Nessa conjuntura, tornou-se fundamental para a sobrevivência das indústrias têxteis desenvolverem estratégias competitivas diferenciadas, baseadas na utilização da inovação como um instrumento relevante para a inserção no mercado mundial (COSTA; ROCHA, 2009). As estratégias refletem as prioridades e os valores da organização e, como resultados, podem estimular ou dificultar a inovação. Uma estratégia de inovação é aquela que promove o desenvolvimento e a criação de novos produtos. Para que isso ocorra, as organizações necessitam investir na mudança das pessoas, modificando, deste modo, 37 a cultura da organização (MARTINS; MARTINS, 2002). Além disso, Siguaw, Simpson e Enz (2006) apontam a cultura de inovação como uma faceta de competência operacional moldada pela orientação de inovação da organização. A cultura de inovação é uma maneira de pensar e atuar que cria, desenvolve e estabelece valores, convicções e atitudes propensas a promover e impulsionar ideias e mudanças no funcionamento e eficiência da organização, mesmo que isso implique em uma ruptura com o convencional ou tradicional (MORCILLO, 2007). A utilização da análise da cultura organizacional sob a perspectiva dos determinantes da cultura de inovação propostos Martins e Terblanche (2003) – estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação, e comunicação –, agregada ao modelo do desempenho em inovação de produtos de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), proporciona a verificação do impacto da cultura de inovação sob o desempenho em inovação de produtos. Com base no exposto, a pergunta norteadora desta tese é: Qual a influência da cultura de inovação sobre o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina? 1.2 OBJETIVOS A seguir enunciam-se o objetivos geral e objetivos específicos da pesquisa, que têm a finalidade de orientar a realização deste estudo. 1.2.1 Objetivo Geral Verificar a influência da cultura de inovação sobre o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. 1.2.2 Objetivos Específicos Identificar a presença dos determinantes da cultura de inovação (estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação, e comunicação) propostos por Martins e Terblanche (2003) na indústria têxtil de Santa Catarina; 38 Identificar o desempenho de inovação em produtos da indústria têxtil de Santa Catarina, conforme a proposta de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Analisar a influência dos determinantes da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil de Santa Catarina; Analisar os resultados da influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil de Santa Catarina, com as características de localização geográfica e tamanho das organizações. 1.3 JUSTIFICATIVA Este estudo tem aderência ao grupo de pesquisas em cultura organizacional e inter-relacionamento com seus atores, da linha de Planejamento e Controle Organizacional. Dessa forma, o estudo busca contribuir para um tema que vem sendo estudado ao longo do tempo e que necessita de atenção, revisão constante e aprofundamento, uma vez que interfere diretamente na competitividade, bem como na sobrevivência e desenvolvimento das organizações no ambiente em que elas atuam. A justificativa teórica desta tese centra-se na possibilidade de contribuir para o entendimento da influência da cultura organizacional na inovação. A revisão de literatura indica que a cultura organizacional é um elemento complexo e multifacetado, sendo, portanto, difícil de ser definida. Deste modo, “cultura de inovação” se insere na mesma complexidade, havendo também o aspecto transversal ao qual o próprio tema “inovação” se insere, permeando todas as áreas da organização. Nesse sentido, o desenvolvimento de um quadro analítico que busca estabelecer o diálogo entre a cultura organizacional e a inovação parece ser inovador, na medida em que se insere na análise de um ambiente macro, qual seja, o da indústria têxtil. Schein (2001) destaca que avaliar a cultura organizacional por si só pode ser inútil e enfadonho, além de ser uma questão ampla demais. Por outro lado, analisar a influência que ela causa sobre alguma questão organizacional, nesta pesquisa sobre a inovação, não só é útil como necessário. Em razão disso, a análise da cultura organizacional, sob uma perspectiva de cultura de inovação, é relevante para que deixe de ser vista somente como uma condição passiva e passe a ser percebida como 39 uma oportunidade de trazer benefícios para a organizacão, por meio do seu uso estratégico. Como as evidências empíricas também são escassas, conforme apontado por Tushman, O’Reilly (1997), Amabile (1997), Knox (2002) e Martins, Martins e Terblanche (2004), esta tese busca contribuir com os estudos empíricos destinados a avaliar o impacto da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos – nesta tese, mais especificamente na indústria têxtil catarinense. Uma característica do setor têxtil brasileiro é a existência de polos regionais de produção. O Vale do Itajaí, em Santa Catarina, cuja principal cidade é Blumenau, é um dos polos têxteis mais avançados da América Latina. É o centro brasileiro com maior inserção no mercado internacional, sendo o principal exportador nacional de artigos de malha e linha lar (COSTA; ROCHA, 2009). Dada a importância econômica do setor para o estado, a indústria têxtil catarinense participa do que se pode chamar de “cadeia têxtil global”, expressão que evoca a trama de relações internacionais enfeixadas na produção e distribuição de artigos têxteis, atividades principalmente localizadas no Vale do Itajaí (JURGENFELD; LINS, 2010). Nesse contexto, a justificativa prática decorre da importância de realizar estudos na indústria têxtil de Santa Catarina, uma vez que esse setor busca inovar para continuar no mercado, principalmente diante das investidas do mercado asiático, sobretudo dos chineses. Também parece relevante verificar os determinantes da cultura de inovação que tem influência no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil catarinense para o melhor desempenho das organizações desse setor. O tema é atual, tendo em vista que, se uma organização possui determinada cultura, pode ter melhores resultados nos processos de inovação. O tema também é importante, uma vez que as mudanças organizacionais promovem e intensificam a competitividade, exigindo adequações na estratégia, tecnologia, sistemas de trabalho e estilos de gestão. As mudanças exigem uma análise profunda dos valores, crenças e padrões de comportamento que norteiam o desempenho organizacional. A criatividade e a inovação desempenham um papel fundamental nesse processo de mudança (DENISON, 2001; MARTINS; MARTINS, 2002). O tema é original, uma vez que na revisão da literatura não foram encontrados estudos que analisam de modo específico o impacto dos determinantes da cultura de inovação, estratégia, estrutura, mecanismos de suporte e comportamentos que estimulam a inovação e a comunicação, sugeridos por Martins e Terblanche (2003), no modelo de 40 desempenho em inovação de produtos proposto por Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). Apesar do argumento de pesquisadores como Russell e Russell (1992), Tushman e O’Reilly (1997), Amabile (1997), Knox (2002), Martins, Martins e Terblanche (2004), Dobni (2008) Çakar e Ertürk (2010) e Cornejo e Muñoz (2010) de que a cultura organizacional tem influência sobre a inovação e o sucesso da inovação, pouca atenção no meio acadêmico tem sido dedicada ao desenvolvimento de uma medida para avaliar a influência da cultura organizacional e, mais especificamente uma cultura de inovação, no desempenho em inovação de produtos (WANG; AHMED, 2004; MARTINS; MARTINS; TERBLANCHE, 2004; ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006; DOBIN, 2008). O tema é inédito, uma vez que propõe análise do impacto da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos. O modelo para a análise da cultura de inovação é focado em cinco dimensões: estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação, e comunicação. E o modelo para medir o desempenho em inovação de produtos é abordado em duas diferentes dimensões: eficácia e eficiência. Estudos empíricos já foram realizados usando as duas abordagens de maneiras isoladas, ou seja, estudos que se destinaram a analisar as cinco dimensões da cultura de inovação e estudos que mediram o desempenho em inovação de produtos. No entanto, até o momento não foram encontrados estudos que contemplem as duas abordagens conjuntamente. Além disso, as pesquisas prévias foram realizadas principalmente nos Estados Unidos da América, na África do Sul e em alguns países europeus, mas ainda faltam estudos identificando a relação da cultura de inovação e a inovação em organizações brasileiras, mais especificamente na indústria têxtil. Com base no exposto, entende-se que os resultados alcançados pelo estudo podem ser considerados relevantes tanto por seu impacto sobre a teoria quanto por sua aplicação gerencial. 1.4 TESE Esta tese analisa a cultura organizacional como uma variável que se desenvolve na organização e, como tal, pode ser moldada e influenciada de acordo com os interesses gerenciais, ou seja, ela pode ser gerenciada. A perspectiva da cultura corporativa, influenciada pelas 41 teorias funcionalistas, tradicionalmente abordam a estrutura, o tamanho, a tecnologia, os padrões de liderança e a relação dessas variáveis com a produtividade e a sobrevivência das organizações (SMIRCICH, 1983). Se a cultura organizacional pode ser modificada e gerenciada, então é possível desenvolver uma cultura que seja mais propícia ao desenvolvimento da inovação. A relação entre cultura organizacional, inovação e desempenho dos resultados se evidencia pelo fato de que no ambiente organizacional a inovação é, muitas vezes, expressa por meio de comportamentos ou atividades que estão ligadas às ações concretas que geram novas ideias de produtos ou serviços (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Pesquisas anteriores, como as de Tushman e O’Reilly (1997), Amabile (1997), Knox (2002), Martins, Martins e Terblanche (2004), Dobni (2008), Çakar e Ertürk (2010) e Cornejo e Muñoz (2010), mostram que a cultura organizacional tem influência sobre a inovação. Entretanto existe pouco consenso sobre o tipo de cultura organizacional que é necessária para melhorar a inovação. Além disso, a cultura organizacional, mais especificamente uma cultura de inovação, pode parecer paradoxal, na medida em que pode estimular ou ser uma barreira para a inovação (TUSHMAN; O’REILLY, 1997; MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Os estudos anteriores não elucidaram quais valores, normas ou práticas são típicos de uma cultura de inovação, nem se existem determinados valores ou normas que são mais propensos a apoiar a inovação do que outros. Deste modo, a inovação, embora almejada pela empresa, pode não ser possível se os valores, normas e práticas enfatizam o status quo. Evidencia-se, dessa forma, que alguns determinantes da cultura de inovação são fundamentais para o sucesso da inovação. Tendo como base uma revisão da literatura, Martins (1989) e, posteriormente, Martins e Terblanche (2003) apresentam cinco dimensões que podem influenciar a inovação, sendo eles a estratégia, a estrutura, os mecanismos de suporte, os comportamentos e o processo de comunicação. A tese está centrada na inovação de produtos na indústria têxtil. Nessa perspectiva, a inovação do produto será abordada em duas diferentes dimensões: eficácia e eficiência. A eficácia da inovação reflete o sucesso de uma inovação. Por outro lado, a eficiência da inovação reflete o esforço feito para alcançar determinado sucesso. Essas duas dimensões que compõem o desempenho em inovação de produto são compatíveis com estudos anteriores (WHEELWRIGHT; CLARK, 1992; OCDE-EUROSTAT, 1997; GRIFFIN, 1997; ZHAN; 42 DOLL, 2001; VALLE; AVELLA, 2003; ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). Para aprofundar a relação entre cultura organizacional e inovação, esta tese se pauta nas dimensões da cultura de inovação propostos por Martins (1989) e, posteriormente, por Martins e Terblanche (2003), e no desempenho em inovação de produtos de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). Nesse contexto, tendo como teoria de base a Teoria Contingencial e abordando a Cultura Organizacional e a Inovação, estabelece-se a tese: as dimensões da cultura de inovação – estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação, e comunicação – têm influência no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil de Santa Catarina. Entende-se que as dimensões da cultura de inovação têm influência no desenvolvimento de produtos, uma vez que os valores básicos, pressupostos e crenças se estabelecem em forma de comportamentos e atividades e são evidenciados nas estratégias, estruturas, mecanismos de suporte, comunicação e processos de gestão. Essas dimensões e outros fatores organizacionais que não são foco desta tese, influenciam a criatividade no ambiente de trabalho, fornecendo recursos para o desenvolvimento de novas ideias. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho está estruturado em cinco capítulos, conforme apresentado na Figura 1. No Capítulo um, apresenta-se a introdução ao tema, a contextualização do problema, a questão de pesquisa, os objetivos da tese – representados por seus objetivos geral e específicos – , a justificativa para o estudo do tema, e o que se pretende estudar, ou seja, a tese mais especificamente, a delimitação do tema em estudo, bem como a estrutura do trabalho. A finalidade do Capítulo dois é apresentar a base teórica do estudo. Faz parte desta seção a trajetória epistemológica, na qual são apresentados os paradigmas sociológicos de Burrel e Morgan (1979). A Teoria da Contingência faz parte deste capítulo como teoria de base desta pesquisa. Também são apresentados os antecedentes dos estudos sobre cultura organizacional e inovação. Posteriormente é apresentada a revisão da literatura e, por fim, o posicionamento teórico adotado para este estudo. 43 O Capítulo três é destinado à descrição dos métodos e técnicas de pesquisa. É apresentado o delineamento da pesquisa, o constructo da pesquisa, os instrumentos de coleta de dados, as hipóteses derivadas da teoria, a população e a amostra, a forma de coleta de dados, e os procedimentos estatísticos para a análise de dados e limitações da pesquisa. O Capítulo quatro é dedicado à análise empírica das hipóteses que são formuladas no Capítulo Três, ou seja, a análise e discussão dos dados. A caracterização das organizações têxteis pesquisadas também é apresentada neste estudo. São analisados os determinantes da cultura de inovação presentes na indústria em estudo e o desempenho em inovação de produtos. Por fim, é analisado o impacto das dimensões da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil. O Capítulo cinco apresenta as considerações finais, as contribuições e as recomendações desta tese. Também são propostas sugestões e oportunidades para trabalhos futuros. Por fim, são apresentadas as Referências e os Apêndices. A Figura 1 apresenta a estrutura e o esboço do estudo. Figura 1 – Estrutura e esboço do estudo 1. INTRODUÇÃO 2. BASE TEÓRICA Trajetória Epistemológica Revisão da Literatura Inovação Cultura Organizacional Interligação dos temas – Cultura de Inovação Posicionamento Teórico 3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 3.1 Delineamento da pesquisa 3.6 Perfil das organizações 3.2 Constructo da pesquisa 3.7 Coleta de dados 3.3 Instrumento de pesquisa 3.8 Análise dos dados 3.4 Hipóteses da pesquisa 3.9 Trajetória teórico-metodológica 3.5 População e amostra 3.10 Limitações da pesquisa 44 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Análise descritiva dos dados 4.2 Composição do constructo de cultura de inovação 4.3 Determinantes da cultura de inovação na indústria têxtil 4.4 Composição do constructo de desempenho em inovação de produtos 4.5 Desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil 4.6 Influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos inovador 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1 Conclusões 5.2 Recomendações para trabalhos futuros Fonte: Elaboração própria. 45 2 BASE TEÓRICA Esta seção se apresenta a trajetória epistemológica e a revisão de literatura sobre cultura organizacional e inovação, bem como o posicionamento teórico deste estudo. 2.1 TRAJETÓRIA EPISTEMOLÓGICA Esta seção se destina à apresentação dos paradigmas sociológicos de Burrel e Morgan, da Teoria da Contingência e dos antecedentes dos estudos sobre cultura organizacional e inovação. 2.1.1 Paradigmas sociológicos As teorias organizacionais são baseadas em uma filosofia da ciência e em uma teoria da sociedade. É conveniente conceituar “ciência social” em termos de quatro conjuntos de pressupostos relativos: a ontologia, a epistemologia, a natureza humana e a metodologia, propostos por Burrel e Morgan (1979). A seguir são apresentados de forma breve esses quatro quadrantes. Ontologia – pressupostos que dizem respeito à verdadeira essência do fenômeno sob investigação. Verificam-se questões relacionadas à realidade, se ela é externa ao indivíduo ou se é produto de sua consciência, e ainda se possui uma natureza objetiva ou subjetiva. Epistemologia – está ligada às bases do conhecimento – de como alguém poderia começar a entender o mundo e transmitir este conhecimento para seus semelhantes em forma de comunicação. O que pode ser considerado pelo indivíduo como sendo falso ou verdadeiro, e a possibilidade, ou não, de obter conhecimento somente pela experimentação. Natureza humana – pautada na relação entre os seres humanos e seu ambiente. Toda ciência social deve ser predita mediante este tipo de pressuposto, uma vez que a vida humana é essencialmente o sujeito e o objeto da investigação. Natureza metodológica – cada um dos três pressupostos anteriores tem implicações metodológicas, ou seja, diferentes ontologias, epistemologias e modelos de natureza humana levam os cientistas sociais a diferentes metodologias. 46 As abordagens teóricas que se preocupam em elucidar a natureza da ordem social e do equilíbrio, contrapostas com aquelas voltadas para a análise dos processos de mudança, conflitos e coerção, o que sintetiza a dicotomia entre ordem e conflito, enquadrados nas dimensões objetivas e subjetivas (BURREL; MORGAN, 1979). A Figura 2 resume a contraposição das abordagens subjetivas e objetivas, sob a ótica ontológica, epistemológica, da natureza humana e metodológica. Figura 2 – Pressupostos sobre a natureza das ciências sociais Abordagem subjetiva à ciência social Abordagem objetiva à ciência social Nominalismo Ontologia Realismo Antipositivismo Epistemologia Positivismo Voluntarismo Natureza Humana Determinismo Ideográfico Metodologia Nomotético Fonte: Adaptado de Burrel e Morgan (1979). É possível identificar metodologias empregadas em pesquisas na área de ciência social que tratam do mundo social como um mundo natural, isto é, concreto, real e externo ao indivíduo; nesse caso, o empreendimento científico é focado na análise das relações e das regularidades entre os vários elementos que o encerram. E há outros que percebem o mundo social como sendo mais maleável, pessoal, e de qualidade mais subjetiva; desse modo, a realidade social é percebida de forma “anticientífica” (BURREL; MORGAN, 1979). Para compreender a natureza ortodoxa da teoria das organizações é fundamental conhecer a relação entre os modelos específicos de teorização e pesquisa, bem como a visão de mundo que eles refletem (MORGAN, 1980). Burrel e Morgan (1979) desenvolveram quatro paradigmas – o funcionalista, o interpretativista, o radical humanista e o radical estruturalista –, que podem ser utilizados para a análise das diversas correntes teóricas existentes nas ciências sociais. Toda visão de mundo ou paradigma metateórico pode incluir diversas áreas do pensamento, que frequentemente constituem diferentes maneiras de abordar e estudar uma realidade compartilhada ou visão de mundo (MORGAN, 1980). Cada um desses quatro paradigmas representa uma escola de pensamento inter-relacionada, diferenciada em abordagem e perspectiva, 47 mas compartilhando pressupostos fundamentais sobre a natureza humana (MORGAN, 1980). É oportuno destacar que os paradigmas não são mutuamente exclusivos. Eles oferecem pontos de vista alternativos sobre a realidade social. A Figura 4 apresenta os quatro paradigmas descritos por Burrel e Morgan (1979). Figura 3 – Os quatro paradigmas sociológicos Solipsismo contempo Teoria Crítica Teoria do conflito Teoria interrogativa Fenomenologia Hermenêutica Internacionalismo Sociologia Fenomenológica e evolução social Objetivo Existencialismo Francês Objetivismo Subjetivo Sociologia da Mudança Radical Paradigma Humanista Paradigma Estruturalista Radical Radical Individualismo Marxismo Anarquista mediterrâneo Teoria do sistema social Paradigma Sociológico Paradigma Sociológico Interpretativista Funcionalista Sociologia da Regulagem Fonte: Adaptado de Burrel; Morgan (1979, p. 22). O primeiro paradigma descrito na Figura 4 é do Humanista Radical, que tem o intuito de descrever a sociologia da mudança radical de um ponto de vista subjetivo. Sua abordagem é nominalista, antipositivista, voluntarista e ideográfica. No entanto, seu quadro de referência está comprometido com uma visão da sociedade que ressalta a importância de transcender as limitações dos arranjos sociais existentes. Um dos elementos básicos deste paradigma é que o homem é dominado pelas superestruturas ideológicas com as quais interage e que criam uma ruptura cognitiva entre ele próprio e sua verdadeira consciência (BURRELL; MORGAN, 1979). 48 No paradigma do Estruturalista Radical o mundo é concebido de uma forma objetivista, positivista, realista, determinista e nomotética. O estruturalismo radical está comprometido com a mudança radical. Seu foco está nas relações estruturais: defende que a sociedade se caracteriza por conflitos que geram transformações radicais por meio de crises políticas e econômicas. É por meio do conflito e da mudança que ocorre a emancipação do homem e das estruturas sociais nas quais ele vive (BURRELL; MORGAN, 1979). O paradigma Interpretativista busca descrever a natureza fundamental do mundo no nível da experiência subjetiva, procurando as explicações dentro da consciência individual e da subjetividade. O mundo social é constituído por construções subjetivas de seres humanos individuais que, com o desenvolvimento e o uso de uma linguagem comum e de interações da vida cotidiana, podem criar e sustentar um mundo de significados compartilhados intersubjetivamente. O mundo social é, portanto, de uma natureza fundamentalmente intangível e está em um processo contínuo de reafirmação ou de transformação. Esta abordagem é nominalista, antipositivista, voluntarista e ideográfica (BURRELL; MORGAN, 1979). O paradigma Sociológico Funcionalista está enraizado na sociologia da regulação e aborda o sujeito de um ponto de vista objetivista. Os assuntos da vida social tendem a ser analisados sob uma perspectiva realista, positivista, determinista e nomotética. Este paradigma está voltado para explanações racionais de assuntos sociais. É pragmático em orientação: está geralmente orientado para o problema, envolvido em prover soluções práticas (BURREL; MORGAN, 1979). A perspectiva funcionalista é fundamentalmente reguladora e prática, em sua orientação básica, e está interessada em compreender a sociedade de maneira a produzir conhecimento empírico útil (MORGAN, 1980). 2.1.2 Teoria da Contingência Schein (1984) sugere que a cultura organizacional é resultado da adaptação da organização aos sinais do ambiente e à sua estrutura interna. Esta visão é consistente com as bases conceituais da teoria da contingência. A teoria da contingência surgiu por meio do desenvolvimento de pesquisas realizadas com o intuito de verificar que tipos de estruturas organizacionais eram mais compatíveis com a realidade das indústrias. Ela utilizou-se das premissas básicas da Teoria dos Sistemas no que se refere aos aspectos de interdependência e 49 natureza orgânica da organização, bem como sistemas abertos e adaptativos que interagem dinamicamente com o ambiente (SILVA, 2006; ANDRADE; AMBONI, 2007). A teoria da contingência estabelece que não existe uma estrutura organizacional única que seja altamente efetiva para todas as organizações. A estrutura se altera de acordo com determinados fatores, tais como a estratégia da organização ou o seu tamanho (DONALDSON, 1999). Nesse sentido, a organização ótima é a contingente a esses fatores, os quais são denominados fatores contingenciais (MILLER, 1988; DONALDSON, 1999). Fatores contingenciais, como estratégia, tamanho, incerteza com relação às tarefas e tecnologia refletem a influência do ambiente em que a organização está inserida. Portanto, para ser efetiva, a organização precisa adequar a estrutura a seus fatores contingenciais, e desse modo adequar-se ao ambiente. Portanto, a organização é vista como se adaptando a seu ambiente (DONALDSON, 1999). A tarefa da pesquisa contingencial é identificar o fator ou os fatores contingenciais particulares aos quais cada aspecto da estrutura organizacional precisa adequar-se. Isso envolve a construção de modelos teóricos de adequação entre os contingenciais e estruturais, e seu teste frente a dados empíricos. Os dados empíricos geralmente consistem naqueles que comparam diferentes organizações com seus fatores contingenciais e estruturais (DONALDSON, 1999). O foco da Teoria da Contingência é explicar como a organização se relaciona com o ambiente, mostrando a existência de uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização (ANDRADE; AMBONI, 2007). Ela estabelece quais situações exigem práticas diferentes, apregoando o uso de teorias tradicionais, comportamentais e de sistemas, separadamente ou combinadas, para resolver problemas da organização (MOTTA; VASCONCELOS, 2006; SILVA, 2006). Morgan (2007) argumenta que a principal ideia em que se baseia a abordagem contingencial é a de que as organizações são sistemas abertos que necessitam ser administrados para satisfazer o equilíbrio das necessidades internas e se adaptar às circunstâncias ambientais, não existindo uma melhor maneira de organizá-las. A forma apropriada vai depender do tipo de tarefa e do ambiente em questão, e a administração precisa preocupar-se em atingir alinhamentos e bons ajustamentos a esses ambientes. O autor também afirma que abordagens diferentes da administração podem ser necessárias para realizar diferentes tarefas 50 dentro da mesma organização, e diferentes tipos de organizações são necessárias em diferentes tipos de ambiente. A teoria da contingência é uma perspectiva teórica do comportamento organizacional que enfatiza a maneira pela qual as contingências – como a tecnologia e as pressões ambientais – afetam o desenvolvimento e funcionamento das organizações. Além disso, as contingências influenciam a estrutura das organizações nos níveis de formalização, especialização, diferenciação e burocratização (COVALESKI; DIRSMITH; SAMUEL, 1996). A hipótese central da teoria da contingência estrutural é que as tarefas de baixa incerteza são executadas mais eficientemente por meio de uma hierarquia centralizada, por ser esta mais simples, rápida e permitir uma coordenação estrita mais barata. Na medida em que a incerteza da tarefa aumenta, por meio da inovação ou outro fator similar, a hierarquia precisa perder um pouco do controle e ser coberta por estruturas comunicativas e participativas. “À medida que o tamanho aumenta, a estrutura compacta simples e centralizada é substituída por uma hierarquia exagerada e grande especialização” (DONALDSON, 1999, p. 107-108). Neste estudo parte-se do pressuposto de que a cultura pode ser gerenciada, ou seja, os gestores podem alterar e modificar a cultura da sua organização, a fim de se adaptar a certas circunstâncias e seguir finalidades específicas. No entanto, esse posicionamento depende das concepções subjacentes da cultura organizacional. Smircich (1983), com base na antropologia e na teoria da organização, desenvolveu cinco diferentes paradigmas da cultura organizacional: (1) gestão comparativa, (2) cultura corporativa, (3) cognição organizacional, (4) simbolismo organizacional e (5) organização e processos inconscientes. Esse mesmo autor (1983) analisa os pressupostos que fundamentam as diferentes maneiras como o conceito de cultura tem sido empregado nos estudos organizacionais. As interseções de cultura e teoria das organizações são descritas na Figura 3. 51 Figura 4 – Interseções de cultura e teorias organizacionais Conceitos de cultura na antropologia É um instrumento a serviço das necessidades biológicas e psicológicas do homem.Ex.: Funcionalismo. A cultura é um mecanismo adaptativo-regulador, que une os indivíduos às estruturas sociais. Ex.: Funcionalismo Estrutural. É um sistema de cognições compartilhadas, a mente humana gera a cultura a partir de um número finito de regras. Ex.: Etonociência. É um sistema de símbolos e significados compartilhados Ex.: Antropologia Simbólica. É uma projeção da infraestrutura inconsciente da mente. Ex.: Estruturalismo. Tópicos na pesquisa organizacional Relações com a teoria das organizações Cross Cultural Administração Comparativa Organizações são instrumentos sociais para a realização de tarefas. Ex.: Teoria Clássica da Administração. Cultura Coropotariva Cognição Organizacional Simbolismo Organizacional Processos Incon. e Organização As organizações são organismos adaptativos, existindo pelo processo de trocas com o ambiente. Ex.: Teoria Contingencial. Organizações são sistemas de conhecimento e significados compartilhados entre seus membros. Ex.: Teoria Cognitiva da Organização. Organizações são padrões de discurso simbólico, como a linguagem Ex.: Simbolismo Organizacional. As formas e práticas organizacionais são manifestações de processos inconscientes. Ex.: Teoria da Transf. Organizacional. Fonte: Smircich (1983, p. 342). A concepção de cultura corporativa, originária da antropologia, pode ser entendida como um mecanismo adaptativo-regulador que une os indivíduos às estruturas sociais. Ela está ligada ao Paradigma Sociológico Funcionalista e a concepções de organização originárias da teoria organizacional. Nessa teoria, as organizações são vistas como 52 organismos adaptativos que existem pelo processo de trocas com o ambiente (SMIRCICH, 1983). Em relação ao paradigma da gestão comparativa, a cultura é tratada como uma variável independente, que é trazida para a organização por meio de seus membros e se manifesta nas atitudes e ações deles. Os estudos nesse paradigma podem ser caracterizados em nível macro e micro. Em nível macro, examinam-se as relações entre as culturas nacionais e as estruturas organizacionais; em nível micro, as semelhanças e diferenças entre as atitudes dos gestores de diferentes culturas (SMIRCICH, 1983). A perspectiva da cultura corporativa, influenciada pelas teorias funcionalistas, tradicionalmente abordam a estrutura, o tamanho, a tecnologia, os padrões de liderança e a relação destas variáveis com a produtividade e a sobrevivência das organizações. Nessa visão, a cultura é vista como uma variável interna, que se desenvolve dentro da organização, e, como tal, pode ser moldada e influenciada de acordo com os interesses gerenciais. A ideia de cultura corporativa desperta interesse entre acadêmicos e profissionais. Para acadêmicos, ela fornece uma ponte conceitual entre os níveis micro e macro de análise, bem como uma ponte entre o comportamento organizacional e questões estratégicas da organização. Para os profissionais, ela oferece uma forma menos racionalista da compreensão dos aspectos organizacionais, trazendo uma abordagem mais próxima de sua experiência vivida (SMIRCICH, 1983). Na perspectiva da cognição organizacional, a cultura é percebida como um sistema de crenças e conhecimentos compartilhados gerados pela mente dos membros da organização. A cultura organizacional poderia ser comparada a um “contrato-mestre” que definiria a autoimagem da organização e as regras que organizam as crenças e as ações em consonância com essa imagem. Essa perspectiva não considera a cultura como um elemento de uma organização. Em vez disso, ela entende as organizações como culturas (SMIRCICH, 1983). O simbolismo organizacional aborda a cultura como um padrão de discurso simbólico que necessita ser interpretado ou decifrado a fim de ser entendido. Esse sistema compartilhado de símbolos e significados é interpretado pelos membros da organização e eventualmente resulta em ação. Essa abordagem procura descrever como ocorrem a criação e a manutenção das organizações por meio da ação simbólica. O objetivo desta análise é identificar o processo pelo qual os membros da organização interpretam e compreendem suas experiências, como tais 53 experiências adquirem significado e qual a relação desse processo com a ação (SMIRCICH, 1983). Finalmente, a cultura é considerada a expressão manifesta de processos inconscientes. Desse ponto de vista, as formas e práticas organizacionais poderiam ser compreendidas como projeções de processos inconscientes, cuja análise deveria referenciar o processo dinâmico de interação que ocorre entre tais processos inconscientes e suas manifestações. Desse modo, o estudo da cultura consistiria, essencialmente, em revelar as estruturas da mente dos membros da organização (SMIRCICH, 1983). Nos dois primeiros paradigmas, a cultura pode ser uma variável dependente ou independente, interna ou externa à organização. Nos últimos três casos, a cultura não é uma variável, mas uma metáfora para conceituar a organização. Em geral, esses cinco diferentes paradigmas podem ser amplamente classificados em duas perspectivas: os primeiros dois paradigmas tratam a cultura como uma variável, ou seja, a cultura é algo que a organização tem; e os outros três são vistos como metáforas para a organização, ou seja, cultura é algo que a organização é (SMIRCICH, 1983). O paradigma gerencial comparativo delineia a cultura como sendo importada para a organização do ambiente externo por meio de seus membros, o que sugere que a cultura pode ser gerida pela seleção de determinados tipos de membros. No entanto, apenas o paradigma da cultura corporativa trata a cultura como uma variável interna do sistema organizacional, que pode ser moldada pela gestão corporativa para a realização de objetivos estratégicos (SMIRCICH, 1983; GALLI, 2011). 2.1.3 Antecedentes dos estudos sobre cultura organizacional Um número substancial de trabalhos oferece insights sobre os caminhos trilhados pelos estudos de cultura organizacional (BARLEY; MEYER, GASH 1988; ALVESSON; BERG, 1992; PARKER, 2000; CHAN; CLEGG, 2002). Contudo, a compreensão da cultura organizacional é elemento comum do próprio processo de administração, sendo seu estudo inerente ao processo de gestão (SCHEIN, 1984). Autores como Barley, Meyer e Gash (1988) e Hatch (1993) propõem que a ênfase na literatura sobre cultura organizacional é relativamente recente. Entretanto, Chan e Clegg (2002) e Parker (2000), em uma ampla revisão da literatura, argumentam que a cultura 54 organizacional não é um fenômeno recente. Nessa ordem, Max Weber discute o espírito capitalista como valor psicológico social e cultural da organização pautado na ética protestante. Em 1967 Max Weber discutiu um tipo específico de valor psicológico social e cultural da organização, o “espírito do capitalismo”, cuja expressão organizacional está ligada à “ética protestante”, a nível social (CHAN; CLEGG, 2002). Desta forma, Weber pode ser considerado como um precursor de Frederick Winslow Taylor, instituindo os princípios organizacionais que a Administração Científica iria, em seguida, destilar e aplicar aos trabalhadores individuais (PARKER, 2000; CHAN; CLEGG, 2002). Taylor procurou criar uma única cultura utilitarista para minimizar a resistência dos funcionários e maximizar a produtividade e os ganhos. É evidente que ele não tinha um foco explícito de análise sobre a cultura, mesmo quando procurou moldar a subjetividade da organização dos trabalhadores por meio do sistema de pagamento por peça (quantidade) produzida, fazendo com que os rendimentos dos funcionários aumentassem conforme o seu esforço (PARKER, 2000; CHAN; CLEGG, 2002). Nas décadas de 1920 e 1930, a cultura já havia sido implicitamente estabelecida em campos estritamente relacionados com as ciências sociais (SCHEIN, 1984; CHAN; CLEGG, 2002). Nas décadas de 1940 e 1950, antropólogos que não se dedicavam exclusivamente aos estudos organizacionais realizaram diversas pesquisas sobre os costumes e tradições dos sistemas de trabalho (HATCH, 1993). Essa tendência foi acompanhada na sociologia por Jacques (1951), que escreveu sobre a cultura da fábrica. O seu estudo abordou a descrição, o diagnóstico e o tratamento da syntality corporativa, ou seja, as características comportamentais de um grupo, assim como a personalidade para um indivíduo. Outras referências à “cultura organizacional” são encontradas em artigos escritos na década de 1960. Becker e Geer (1960), no trabalho Latent culture: a note on the theory of latent social role, usaram o termo “cultura organizacional”. Os autores argumentam que a cultura latente tem origem e apoio fora dos grupos sociais de que os membros estão participando. O comportamento do trabalhador é afetado por condições externas ao ambiente de trabalho: aquilo que ele é e o modo como é visto afetam diretamente o seu comportamento. As condições em que os homens participam de outras culturas podem fornecer subsídios para a cultura do grupo de trabalho. Trice, Belasco e Alutto (1969) abordaram o papel da cerimônia na cultura organizacional. Em essência, a finalidade do estudo foi 55 explorar sistematicamente os aspectos cerimoniais, com especial ênfase à importância de organizar tais atividades. Mais tarde, na década de 1970, o trabalho de Eldridge e Crombie’s (1974), Sociology of organizations, diz que a cultura de uma organização se refere à configuração única de normas, valores, crenças, maneiras de se comportar e assim por diante, que caracterizam a forma pela qual grupos e indivíduos se combinam para fazer as coisas (ELDRIDGE; CROMBIE’S, 1974). A cultura organizacional moderna foi, também, evidenciada em dois eventos em 1979. Inicialmente, foi realizada uma conferência na University of Champaign-Urbana, que foi pioneira na discussão do tema no meio acadêmico (BARLEY, MEYER; GASH, 1988; PARKER, 2000). O segundo evento, no mesmo ano, foi a publicação de um artigo influente, por Andrew Pettigrew, na Administrative Science Quarterly (normalmente dedicada à pesquisa quantitativa e de gestão altamente conservadora) (PARKER, 2000). O trabalho de Pettigrew (1979), On Studying Organizational Cultures, oferece um breve e especulativo olhar sobre alguns dos conceitos e processos associados à criação de culturas organizacionais, culminando, portanto, com o nascimento da pesquisa acerca da cultura em organizações. Na década de 1980, outros trabalhos surgiram: a Teoria Z, de William Ouchi (1981), o trabalho de Peters e Waterman (1982) In Search of Excellence e o estudo de Deal e Kennedy (1982) das culturas corporativas. Esses três livros rapidamente tornaram-se bestsellers e leitura quase obrigatória na década seguinte (PARKER, 2000). Alguns autores apontam o trabalho In Search of Excellence, de Peters e Waterman (1982), como marco inicial da introdução da “cultura” no campo da administração (BARLEY; MEYER; GASH, 1988; BARTHORPE; DUNCAN; MILLER, 2000). O trabalho de Peters e Waterman (1982) oferece conselhos para resolver problemas pragmáticos considerados relevantes para os gestores, consultores e outros indivíduos que trabalham com organizações (BARLEY; MEYER; GASH, 1988). A obra desses autores traduziu uma teoria da organização “fora de moda” e abstrata para uma linguagem que um público mais simples fosse capaz de apreciar (COLVILLE et al., 1999). No mesmo período outros estudos tiveram destaque, como o de Hofstede (1980), que definiu a cultura de forma mais ampla, como uma programação mental coletiva que diferencia determinados grupos de outros. De acordo com esse autor, a cultura é aprendida, e não herdada, ou seja, constitui um processo de aprendizagem. Smircich (1983) examinou o significado do conceito de cultura para a análise 56 organizacional. A interseção da teoria da cultura e da teoria das organizações é evidente em cinco temas de pesquisa: administração comparativa, cultura corporativa, cognição organizacional, simbolismo organizacional, e processos inconscientes e organização. Schein (1984) é um dos autores mais citado nos estudos sobre cultura organizacional. Ele elaborou um conceito de cultura sustentado por um modelo dinâmico de como a cultura é aprendida, transmitida e mudada, e apresentou os diferentes níveis por meio dos quais a cultura de uma organização pode ser avaliada. Seu trabalho retrata os níveis de cultura organizacional, ou seja, os artefatos, valores e pressupostos básicos e sua interação. Porém ele é criticado por não abordar o papel ativo de suposições e crenças na formação e nas mudanças da cultura organizacional (HATCH, 1993). O estudo de Wilkins e Dyer Jr. (1988) destacou que a cultura organizacional é adquirida socialmente e por conhecimentos compartilhados que estão inscritos em uma estrutura geral ou específica de organização de referência. Hatch (1993) pesquisou a dinâmica da cultura organizacional argumentando que, no desenvolvimento da perspectiva de tal dinâmica cultural, duas mudanças são fundamentais no modelo de Schein (1984): (a) a inclusão de símbolos como um dos elementos culturais e (b) o fato de esses elementos (conceitos, valores, artefatos e símbolos) deixarem de ser o foco central para descrever os processos de inter-relações. Com o novo modelo, a cultura é constituída pela manifestação, realização, simbolização e processos de interpretação. E o processo torna-se mais dinâmico. Mais genericamente, Denison e Mishra (1995) identificam quatro traços culturais e valores que estão associados com eficácia cultural: 1) o envolvimento; 2) a consistência; 3) a adaptabilidade, ou a capacidade para mudança interna em resposta às condições externas; 4) o sentido de missão ou visão a longo prazo. O´Reilly, Chatman e Caldwell (1991) desenvolveram um modelo para identificar e comparar os valores compartilhados das organizações e de seus colaboradores denominado Organizational Culture Profile (OCP). Esse instrumento contém um conjunto de assertivas – calculadas determinadas a partir da correlação entre o perfil dos valores organizacionais e o das preferências individuais – que podem ser empregadas para identificar quais valores caracterizam as preferências individuais para determinada configuração particular de valores. O modelo tem como objetivo realizar contratações mais assertivas e diminuir a lacuna existente entre a cultura organizacional e os valores dos novos colaboradores. 57 2.1.4 Antecedentes dos estudos sobre inovação A inovação passou a ser reconhecida como fator estratégico para a competitividade empresarial a partir da década de 1990, porém seu conceito e relevância para o desenvolvimento econômico vêm sendo enfatizados ao longo de décadas pela abordagem econômica. Nessa abordagem, Karl Marx destacou que a inovação é essencial para o chamado “desenvolvimento econômico” (ZAWISLAK; MARTINS, 2007). A abordagem marxista, fundamentada nos conceitos de trabalho concreto e abstrato, de valor e de mais-valia, considera a inovação um instrumento para a acumulação de capital. No início do século XX, Joseph Alois Schumpeter, influenciado pela visão dinâmica que encontrou nos trabalhos de Marx, adotou a sustentação marxista para defender a ideia de que a evolução do capitalismo é impulsionada pela competição tecnológica entre as empresas. Schumpeter (1989) adotou essencialmente esse argumento como core de sua exposição da dinâmica evolutiva. Para ele, esse tipo (tecnologia) de competição caracteriza a verdadeira natureza da concorrência capitalista, em contraste com a “concorrência de preços”. Rothwell (1994), fundamentado em características técnicas e eventos históricos, oferece os modelos de inovação adotados pela indústria ao longo de por cinco gerações, as quais aumentam de complexidade e apresentam novos tipos de inovações com o passar dos anos. A primeira geração do processo de inovação compreende o período entre 1950 e meados de 1960. Durante os primeiros 20 anos, as economias dos mercados avançados desfrutaram de altas taxas de crescimento econômico em função da rápida expansão industrial. Esse período foi caracterizado pelo surgimento de novas indústrias e pelo desenvolvimento de novas tecnologias que permitiram o aumento do nível de emprego, a prosperidade econômica e, por conseguinte, a expansão do consumo. Nesse período as inovações originaram-se de descobertas científicas e eram voltadas às grandes demandas. O processo de inovação seguiu uma forma linear do tipo Technology-Push. A Figura 5 apresenta o conceito da primeira geração do processo de inovação. 58 Figura 5 – Primeira Geração – conceito Technology-Push de inovação Ciência Básica Design e Engenha ria Produ. Mark. Vendas Fonte: Adaptado de Rothwell (1994). Na primeira geração do processo de inovação, as atitudes eram direcionadas ao avanço científico e à inovação industrial, quando ciência e tecnologia eram vistos como potenciais solucionadores dos males sociais. Houve ainda estímulos governamentais e políticos para o avanço científico em universidades e laboratórios do governo. Essa primeira geração, ou Technology-Push, assume que quanto maior for o Planejamento e Desenvolvimento (P&D), melhor será o resultado em produtos novos de sucesso (ROTHWELL, 1994). A segunda geração do processo de inovação compreende o período entre meados de 1960 e inícios de 1970. Esse período foi de relativa prosperidade, com ênfase no crescimento da produção. Os produtos novos ainda estavam sendo introduzidos no mercado e eram baseados principalmente em tecnologias existentes, apresentando algumas melhorias, num momento em que a oferta e a demanda estavam em equilíbrio. A ciência torna-se secundária ao ser subordinada às necessidades dos consumidores (ROTHWELL, 1994). A Figura 6 exibe o conceito Market Pull da segunda geração do processo de inovação. Figura 6 – Segunda Geração – conceito Market Pull de inovação Necessidade do Mercado Desenvolvim. Produção Vendas Fonte: Adaptado de Rothwell (1994). Em virtude da alta competição das empresas, o marketing focado na necessidade dos clientes passou a ser a fonte de inspiração das inovações, o que resultou no aparecimento da segunda geração, ou Market Pull (às vezes chamada de need-pull). Assim, o mercado foi a fonte de ideias para orientar o P&D, que teve um papel meramente reativo no processo (ROTHWELL, 1994). A terceira geração do processo de inovação ocorreu entre o início de 1970 e meados de 1980. O início dos anos setenta, com as duas 59 principais crises do petróleo, foi marcado pelas altas taxas de inflação e a saturação da demanda com incremento da inflação. O foco era o controle e a redução de custos, bem como a redução de desperdícios, de resíduos e de falhas na produção (ROTHWELL, 1994). Na Figura 7 é apresentado o conceito Coupling da terceira geração do processo de inovação. Figura 7 – Terceira Geração – Conceito Coupling de inovação Nova Necessid. Ideias Nova Tecnol. Necessidade e Mercado Pesquisa, Desenv. Criação de protótipo Produção Marketing Vendas Mercado Estado da arte em tecnologia e produção Fonte: Adaptado de Rothwell (1994). Os primeiros estudos empíricos sobre inovação tiveram início nessa fase, e os seus resultados mostraram que um processo de inovação bem-sucedido pode ser modelado com base em um portfólio de estudos amplos e sistemáticos que abrange setores e países. Essencialmente, esses resultados empíricos indicaram que os modelos de inovação com base nas tecnologias push (primeira geração) e need-pull (segunda geração) foram exemplos extremos e atípicos de um processo mais geral de interação entre a capacidade tecnológica e as necessidades de mercado. O modelo de inovação da terceira geração foi visto pela maioria das companhias ocidentais – certamente até meados de 1980 – como o que apresentou a melhor prática (ROTHWELL, 1994). A quarta geração do processo de inovação aconteceu entre o início de 1980 e princípios de 1990. O início dos anos 80 anunciou um período de recuperação econômica com as companhias concentrando-se na sua principal área de atuação (PETERS; WATERMAN, 1982). Nesse período surgiu uma nova geração de tecnologias de informação que norteou as estratégias de manufatura das indústrias. A noção de 60 estratégia global emergiu, e houve um rápido crescimento no número de alianças estratégicas entre companhias (ROTHWELL, 1994). A Figura 8 mostra o conceito integrado da quarta geração do processo de inovação. Figura 8 – Quarta Geração – Conceito integrado de inovação Processo de desenvolvimento de novos produtos na Nissan Marketing Pesquisa e desenvolvimento Desenvolvimento do produto Engenharia de produção Produção das partes (fornecedores) Produção Reuniões dos grupos (engenheiros/administradores). Marketing Lançamento Fonte: Adaptado de Rothwell (1994). O ciclo de vida dos produtos ficou menor, fazendo com que a velocidade de desenvolvimento se tornasse um fator cada vez mais importante na competição entre as companhias. O Japão foi a base desse modelo, cujas características principais são a integração e o desenvolvimento paralelo. No processo de desenvolvimento de um novo produto, os fornecedores são envolvidos em uma etapa anterior, para que colaborem com o processo. Os projetos desenvolvidos em paralelo se mostraram mais eficientes do que aqueles desenvolvidos em sequência (ROTHWELL, 1994). A quinta geração é o estágio mais avançado que as organizações inovadoras querem alcançar ou manter. Essa geração é essencialmente a união das melhores práticas das quatro gerações anteriores; ela destaca a relação de sistemas, o networking abrangente e relações customizadas e flexíveis, e é orientada à eficiência. Rothwell (1994) descreve alguns elementos estratégicos adotados nessa geração: estratégia baseada no fator tempo; comprometimento e apoio da alta administração; planejamento adequado antes do projeto; ênfase na flexibilidade e responsabilidade da organização; foco no cliente; integração com 61 fornecedores; cooperação tecnológica horizontal; processamento eletrônico de dados; e política de controle da qualidade total. 2.2 REVISÃO DA LITERATURA Este estudo analisa as relações entre três conceitos teóricos básicos: cultura organizacional, inovação e cultura de inovação. Para uma correta conceptualização e posterior operacionalização, realizou-se uma revisão da literatura sobre cultura organizacional e inovação, e a interligação dos temas “cultura organizacional” e “inovação”, ou seja, cultura de inovação. 2.2.1 Cultura Organizacional A cultura organizacional evolui ao longo do tempo e não é parte da estrutura organizacional formal, mas sim um instrumento de coordenação não estrutural. Como tal, ela orienta a percepção dos membros sobre o que é valorizado como positivo ou negativo, ou sobre o que é importante para a organização. Consequentemente, a cultura organizacional desempenha um papel fundamental na determinação do comportamento da organização. O conceito de “cultura” tem sido vinculado aos estudos das organizações na medida em que as organizações são vistas como instrumentos sociais que produzem bens e serviços, e, como subproduto, artefatos culturais distintos, como rituais, lendas e cerimônias (SMIRCICH, 1983). A relação entre a cultura e o funcionamento das organizações sociais tem sido um tema recorrente nas ciências sociais ao longo dos anos (DENISON; MISHRA, 1995). Para Schein (1984, p. 18), a cultura organizacional é o modelo dos: [...] pressupostos básicos que um determinado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu, ao lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a estes problemas. 62 A cultura organizacional é geralmente definida como a cola social ou normativa que mantém uma organização unida. Ela reflete os valores, ou ideais sociais, e as crenças que os membros da organização passam a compartilhar (SMIRCICH, 1983). A cultura organizacional pode ser definida ainda como um sistema de significados aceitos coletivamente que operam em um determinado grupo, em um determinado momento. A manifestação do conceito de cultura acontece por meio de símbolos, linguagem, crenças, ritos e mitos (PETTIGREW, 1979). A cultura organizacional é a forma por meio da qual um grupo de pessoas resolve os problemas. É um sistema comum de significados que mostra a que se deve prestar atenção, como se deve agir e o que se deve valorizar. É a forma como as atitudes são expressas dentro de uma organização e como elas se distinguem umas das outras por meio de soluções específicas a determinados problemas (TROMPENAARS, 1994). É compreendida ainda como um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos, que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significações e construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação (FLEURY, 1989). É definida também como um conjunto de valores enraizados (muitas vezes inconscientes) e crenças compartilhadas por pessoas em uma organização (MARTINS; TERBLANCHE 2003). A cultura organizacional se manifesta nas características típicas da organização e, portanto, se refere a um conjunto de pressupostos básicos que funcionou tão bem no passado que agora são aceitos como premissas válidas dentro da organização. Esses princípios são mantidos no processo contínuo de interação humana (que se manifesta em atitudes e comportamentos) como a maneira correta como as coisas são feitas ou como os problemas devem ser entendidos dentro da organização. Os componentes do comportamento de rotina, normas, valores, filosofia, regras do jogo e todos os sentimentos fazem parte da cultura organizacional (MARTINS; TERBLANCHE 2003). A cultura organizacional pode ser analisada de diferentes níveis, começando com os artefatos e criações visíveis, como a estrutura ambiental da organização, sua arquitetura, tecnologia, layout e modo de vestir dos colaboradores. Além desses, o padrão comportamental visível e audível, os documentos públicos, como ofícios e manuais de orientação funcional, e as histórias integram esse nível de análise (SCHEIN, 1984). 63 Contudo, esse nível de análise é enganador, porque os dados são fáceis de obter, mas difíceis de interpretar. É possível descrever como um grupo constrói seu ambiente e quais padrões de comportamento são distintos entre seus membros, mas não é possível entender a lógica básica conforme a qual um grupo se comporta de determinada maneira (SCHEIN, 1984). A Figura 9 apresenta os níveis da cultura e sua interação. Figura 9 – Os níveis da cultura e sua interação Artefatos Crenças e valores compartilhados Pressupostos subjacentes Estrutura e processos organizacionais visíveis (difíceis de decifrar) Estratégias, objetivos e filosofia (justificações adotadas) Crenças, percepções, pensamentos e sentimentos assumidos inconscientemente (fonte final dos valores e da ação) Fonte: Adaptado de Schein (2004). Para entender uma cultura e averiguar mais completamente os valores grupais e manifestações de comportamento é necessário pesquisar os pressupostos básicos que são tipicamente inconscientes, mas que realmente determinam como um grupo percebe, pensa e sente. Tais pressupostos são respostas aprendidas por meio de valores expostos (SCHEIN, 1984). Os artefatos são resultados visíveis, tangíveis e audíveis. Os valores são caracterizados pelos princípios sociais e filosofias, e manifestados intrinsecamente no modo de pensar, agir e comportar-se. Um valor é transferido a um comportamento, e o comportamento começa pela solução de um problema que surgiu antes. Então o valor é gradualmente transformado em pressuposto básico sobre como as coisas 64 realmente são. Quando o pressuposto vai sendo tomado como indiscutível, ele foge das atenções (SCHEIN, 1984). Os valores são difíceis de serem observados diretamente, então é necessário deduzi-los pela entrevista a elementos chave da organização ou analisar o conteúdo de artefatos como documentos e ofícios (SCHEIN, 1984). Os valores promovem um senso de direção comum para todos os empregados, bem como de guia para o seu comportamento diário. Eles não expressam simplesmente o que acredita um determinado grupo ou ainda o que almejam suas chefias; os valores devem estar internalizados nas mentes de todos aqueles que fazem parte da organização e ser por eles praticados (DEAL; KENNEDY, 1982; 1999). A Figura 10 apresenta um esquema conceitual de cultura organizacional desenvolvido por Allaire e Firsirotu (1984). 65 Figura 10 – Esquema conceitual de cultura organizacional SOCIEDADE Sistema cultural, social, politico e jurídico. HISTÓRIA Nascimento e história da organização; visão do fundador e os valores dos lideres passados. SISTEMA CULTURAL Mitos Valores Legitimação ? CONTINGÊNCIA Tecnologia, mercado, concorrência e as regras que caracterizam a organização e a indústria. SISTEMA SÓCIO ESTRUTURAL Estratégias Estruturas Apoio? Políticas Ideologia Objetivos, Metáforas, Sagas Artefatos metas Ritos, Slogans, Histórias Logos formais e Rituais e Léxicos, Lendas Arquitetur estratégias. Costumes. Glossá. Tradições Desenho Acrônicos . Normas, estatutos e funções Habilidades e experiência idiossincrática Recruta. Estrutura de Estilo e Seleção; autoridade Recomp. e processos Formação e e poder; Motivação. gerenciais. Educação. Mec.control . Empregados particulares, Personalidade de Conhecimento Conhecimento, competência cultural, valores, motivações, suposições, expectativas. Fonte: Adaptado de Allaire e Firsirotu (1984). Processos Produto Organizacional Fluxo de ações motivadas pelo interesse individual com significado coletivo. 66 A Figura 10 proposta pelos autores apresenta três componentes inter-relacionados: (1) um sistema socioestrutural, (2) um sistema cultural e (3) os atores individuais. O sistema socioestrutural compreende o funcionamento interno das estruturas formais, estratégias, políticas e processos de gestão, juntamente com os objetivos formais e outros componentes auxiliares da realidade de uma organização. O sistema cultural consiste em dimensões expressivas e afetivas da organização, como os mitos, os ritos, os rituais, as histórias, etc. O sistema cultural tem uma influência sobre o sistema de legitimação socioestrutural que por sua vez suporta o sistema cultural. Os atores individuais, com seus talentos, experiência e personalidade, tornam-se contribuintes e moldadores de significados dentro da organização. As normas de status e papéis servem como indicadores do estado de congruência entre os dois sistemas da organização. Smircich (1983) declarou que, adotando uma abordagem integrada, é possível analisar a cultura organizacional de duas perspectivas: como uma variável ou como uma metáfora. Na primeira abordagem, Smircich (1983) estava ancorada na ideia de que todas as empresas possuem uma cultura. Ela considera a cultura um subsistema ou uma variável do sistema que ajuda a organização a adaptar-se ao seu ambiente. Esse enfoque é, no entanto, pragmático e refere-se a “o que a organização tem”. Ao adotar-se essa abordagem, obtêm-se resultados prescritivos que sugerem maneiras de melhorar os aspectos observáveis da organização. A primeira abordagem de Smircich (1983) distinguia entre variáveis internas e externas: no primeiro caso, a cultura consiste de uma força ambiental fundamental, enquanto que no segundo caso a cultura organizacional é o resultado da expressão de um grupo humano. Por sua vez, autores como Athos e Pascale (1981), Maidique e Hayes (1984), O’Reilly (1989) e Barney (1986; 2001), entre outros, procuraram determinar como a cultura interage com outras variáveis e constitui um fator chave de sucesso e competitividade. O Quadro 1 apresenta a evolução da cultura organizacional como uma variável organizacional conforme descrito por Morcillo, Rodríguez-Antón e Rubio (2006). 67 Quadro 1 – Evolução da cultura organizacional como variável. Perspectiva Autores Selznick (1957) Simon (1957) Handy (1976) Cultura e liderança Pettigrew (1979) Schein (1984) Venís e Nanus (1985) Quinn e McGrath (1985) Ponto de vista da análise O líder possui a arte de criar a imagem da instituição reelaborando materiais humanos e tecnológicos para criar uma organização que inclua valores novos e duradouros. Utilizando mecanismos da autoridade organizacional, as instituições treinam e doutrinam seus membros. O papel do líder consiste em adaptar as atividades de indivíduos para a sua/seu. Para este fim, o líder utiliza processos de coordenação que estabelecem padrões de comportamento a serem adotados por todos os membros do grupo. Cultura organizacional e liderança devem analisar o modo como as pessoas se comportam dentro das organizações e os jogos de poder existentes. Fundadores são os criadores de símbolos, ideologias, línguas, rituais, crenças e mitos que expressam a vida da organização. Uma das funções mais importantes de um líder é criar, gerenciar e, quando necessário, destruir uma cultura. É possível que a única coisa realmente importante que os líderes fazem seja criar e gerenciar a cultura, e que o talento do líder esteja apenas na sua habilidade para trabalhar com a cultura. O líder é o “arquiteto social” que transforma uma organização. Introduzir o modelo de uma cultura ad hoc, que é uma ideologia imposta por um líder carismático, dinâmico, inovador e intuitivo com foco no crescimento. Continua... 68 Continuando... Perspectiva Autores Selznick (1948) Simon (1957) Cultura, valores, ética, sociabilidade, solidariedade Rotemberg (1994) Goffee e Jones (1996) Peters e Waterman (1982) Cultura e sucesso Maidique e Hayes (1984) Schein (1984) Kotter e Heskett (1992) Cultura e vantagem competitiva Barney (1986; 2001) O’Reilly (1989) Ponto de vista da análise A administração deve ser eficiente, mas sem abrir mão da ética, e deve realizar a sua missão afim de que suas atividades devem ser úteis para a sociedade. Todas as empresas constroem sua própria cultura, embora sejam influenciadas por outras instituições tradicionais, como, por exemplo, as famílias, que são os repositórios de valores básicos. Descreve um processo racional, no qual, por meio da solidariedade, os funcionários melhoram sua eficiência coletiva. A cultura se manifesta por meio da sociabilidade (ambientes de trabalho que criam um espírito corporativo) e solidariedade (objetivos comuns e interesses mútuos). Cultura como um fator de sucesso (o Modelo 7S). A cultura corporativa é um dos seis fatores de sucesso que os autores identificam em empresas de alta tecnologia. A escolha do enfoque interdisciplinar para sintetizar o conhecimento e explorar sinergias. Definição de um modelo a partir do qual deriva uma cultura cuja finalidade é gerar sucesso a longo prazo. Cultura organizacional como uma fonte de vantagem competitiva sustentável. A cultura contribui para coordenar e motivar as pessoas dentro da organização, produzindo benefícios de custo. Continua... 69 Continuando... Perspectiva Autores Child (1990), Hampden,Turner e Trompenaars (2000) Ponto de vista da análise Para que interconexões culturais plenamente deem frutos e obtenham vantagem competitiva, é necessário desenvolver uma “gestão intercultural”. A vantagem de mercado só pode ser Cultura e mantida quando baseada em recursos Mintzberg, vantagem originais, que não podem ser imitados. Ahlstrand e competitiva Esses atributos são limitados aos que são Lampel (1998) exclusivos para uma organização como um sistema cultural. Earley (2003); A inteligência cultural está relacionada à Earley e produção de conhecimento para obter Peterson (2004) vantagem competitiva. Definem cinco padrões chave de Roberts e comportamento em organizações em Fusfeld (1981) processos de inovação. Cultura e A interconexão cultural integra a cultura inovação original das pessoas com as culturas Barlett e adquiridas ou adotadas, combinação que Ghoshal (1987) é uma fonte de conhecimento e inovação. As características de uma empresa que geram a criatividade são a cultura e um Amabile (1997); ambiente de trabalho, o que estimula a Gurteen (1998) comunicação e o fluxo de informações dentro da empresa e entre a empresa e seu ambiente. Cultura como uma fonte de inovação é caracterizado pela forma como a organização se adapta, pela flexibilidade, criatividade, capacidade de Cameron e viver com a incerteza e informação Quinn (1999) ambígua, ausência de poder Cultura e centralizado, bem estabelecidas cadeias inovação de comando, ênfase na individualidade, correr riscos e antecipar o futuro. As subculturas e os critérios nos Brown e Frame resultados do processo de inovação (2004) desempenham um papel essencial na jornada inovação. Fonte: Adaptado de Morcillo, Rodríguez-Antón e Rubio (2006). 70 Tendo em vista que não há uma abordagem desta ideia, dividiu-se a análise de estudos em cinco perspectivas: (1) cultura e liderança, (2) cultura, valores, ética, sociabilidade e solidariedade, (3) cultura e sucesso, (4) cultura e vantagem competitiva e (5) cultura e liderança e cultura e inovação. Este trabalho concentrou-se na análise desta última perspectiva, que é a mais recente. No que tange aos aspectos regionais da cultura organizacional, o caso brasileiro é particularmente oportuno para a legitimidade cultural local. Caracterizado por ambiguidades e realidades culturais distintas, o país não pode ser interpretado como culturalmente homogêneo. Não há um Brasil, mas sim alguns brasis, o que seria pertinente reconhecer. No campo organizacional, isso é útil para potencializar os recursos e os resultados organizacionais, bem como para ampliar a compreensão das organizações e das suas relações com os stakeholders (MUZZIO, 2010). As organizações que apresentam uma maior capacidade de reconhecer os códigos culturais regionais aumentam a possibilidade de ganhar legitimidade cultural local – aqui entendida como a aceitação tácita e/ou explícita, por parte dos stakeholders locais, das práticas estratégicas desenvolvidas por uma organização que atua em um delimitado contexto mercadológico, quando essas práticas forem alinhadas com os costumes, as práticas e os valores culturais locais (MUZZIO, 2010). Acerca dessa discussão, Freitas (1997; 2007) argumenta que, quando o tema da cultura brasileira está em pauta, muito se discute, pouco se define – considerando a cultura de um país com tais dimensões territoriais, diferenças regionais gritantes e caracterizado por uma formação étnica das mais diversas. 2.2.1.1 Aspectos mensuráveis da cultura Até agora, não há nenhuma resposta definitiva sobre como a cultura organizacional deve ser avaliada ou medida. Tradicionalmente as pesquisas de cultura organizacional utilizavam estudos qualitativos, e só recentemente aplicam-se métodos de pesquisa quantitativa. A decisão de aplicar métodos qualitativos ou quantitativos pode ser feita com base no nível cultural a ser analisado (DENISON, 1996; GALLI, 2011). A mensuração de elementos mais profundos de análise, tais como valores básicos compartilhados, é difícil de ser realizada por meio de um questionário padrão. Portanto, a análise qualitativa, como as entrevistas em profundidade, os estudos de caso e as observações, são mais 71 propensas a produzir resultados significativos. A esse respeito, os dados culturais são descobertos em vez de medidos (GALLI, 2011). Métodos de pesquisa quantitativa, baseados em respostas de membros da organização, são mais adequados para medir a percepção dos membros da organização sobre suas práticas de organização do trabalho. Deste modo, métodos de pesquisa quantitativa exploram aspectos no nível mais superficial da cultura organizacional. Schein (1992) argumenta que para chegar até os aspectos inconscientes e implícitos da cultura é necessário um levantamento de dados até que se consiga uma quantidade de forma a possibilitar padrões recorrentes. Não é possível afirmar que se está lidando com elementos culturais até que se consiga observar a repetição de um padrão de respostas, valores, comportamentos e pressupostos que claramente são compartilhados e que continuam a ser usados em novas situações. Então é preciso obter uma quantidade suficiente de dados para começar a ver os padrões. Para Schein (1992), a cultura é um fenômeno grupal. Desse modo, é mais fácil colher informações em grupos, por meio de perguntas abrangentes sobre diferentes áreas do funcionamento organizacional, observando-se onde está a conformidade do grupo. De acordo com Ernst (2002), as opiniões divergentes justificam-se devido a diferentes perspectivas sobre a cultura organizacional. É importante lembrar que os opositores da avaliação quantitativa parecem seguir as conceituações metafóricas da cultura; já os seus defensores adotam a perspectiva da cultura de gestão comparativa ou a perspectiva de cultura corporativa. Entretanto, outros autores, como Alvesson (2002), ao adotarem uma visão mais interpretativista, questionam se uma empresa realmente possui uma cultura, e se essa pode ser gerenciável. Portanto, o autor questiona se é possível estudar a cultura organizacional como uma variável independente que influencia alguma outra variável, como a inovação e o desempenho. Conduzidos pela perspectiva funcionalista e por modelos teóricos de traços ou perfis culturais, pesquisadores como Hofstede et al., (1990), Van Den Berg e Wilderom (2004) e Galli (2011) têm procurado desenvolver instrumentos quantitativos que permitem mensurar características identificadas nos modelos teóricos. Segundo Hofstede et al. (1990), uma vantagem do uso de métodos de pesquisa quantitativa é que ela torna o campo da cultura organizacional difuso e acessível, até certo ponto. Este é um aspecto importante para os estudiosos, bem como 72 para profissionais. Em primeiro lugar, as abordagens quantitativas permitem comparar os resultados de esforços de pesquisas. O acúmulo de descobertas por meio das culturas organizacionais eventualmente contribui para o desenvolvimento do conhecimento científico e da teoria (VAN DEN BERG; WILDEROM, 2004; GALLI, 2011). A partir da perspectiva de um profissional, a avaliação quantitativa da cultura organizacional é um instrumento útil para identificar as lacunas entre o existente e o estado desejado da cultura. É um instrumento atraente para medir o impacto e/ou o progresso para o desenvolvimento organizacional ou programas de mudança de cultura. Além disso, os profissionais podem usar métodos quantitativos para avaliar as diferentes culturas entre várias unidades de negócios ou criar a consciência dessas diferenças em caso de fusões e aquisições planejadas de unidades culturalmente diferentes (HOFSTEDE et al., 1990; SPARROW, 2001). As diferentes perspectivas de estudiosos e profissionais podem ser descritas como segue: considerando que os pesquisadores tentam “medir para saber”, os profissionais “medem para mudar” (SPARROW, 2001; GALLI, 2011). Com o intuito de encontrar as diferenças culturais entre as unidades de negócios de uma empresa ou entre empresas diferentes, é necessário focar o nível cultural das práticas de trabalho. Isso se deve ao fato de as organizações geralmente apresentarem mais diferenças nas práticas do que nos valores básicos compartilhados. Um meio adequado para analisar a cultura organizacional é, portanto, concentrar-se nas percepções dos membros da organização sobre as práticas de trabalho da organização (GALLI, 2011). Motta e Caldas (1997) destaca as vantagens do método quantitativo como sendo a velocidade, a versatilidade, o custo, a objetividade e a precisão. A possibilidade de análises estatísticas existe quando o pesquisador toma cuidado na construção das hipóteses, na elaboração dos instrumentos de coleta de dados, na sua validação, no desenho da amostra e na utilização dos instrumentos de análise estatística compatíveis com os dados coletados. 2.2.1.2 Mudança da cultura organizacional A cultura organizacional tem influência sobre a mudança nas organizações, uma vez que a mudança engloba a transformação de valores e crenças básicas. No entanto, é difícil mudar as crenças das 73 pessoas, bem como os valores e as atitudes (ARMSTRONG, 1995; HELLRIEGEL; SLOCUM; WOODMAN, 1998). Tratando-se da mudança de cultura nas organizações, não há consenso entre os pesquisadores de que a cultura possa realmente mudar. Mesmo os que defendem a possibilidade de mudança assumem que esse não é um processo simples (FREITAS, 1991). Diferentes argumentos são encontrados na literatura sobre a possibilidade de a cultura ser alterada, uma vez que a cultura é indescritível e não pode ser completamente diagnosticada, gerenciada ou alterada. A cultura da organização é difícil de ser mudada, já que sua natureza é profundamente enraizada e às vezes há resistência em desistir de algo que é valorizado e tem funcionado bem no passado (MARTINS; MARTINS; TERBLANCHE, 2004). A mudança cultural é a parte mais difícil de uma transformação cultural, no entanto esse fato é subestimado não só em relação ao tempo, mas também em relação aos custos envolvidos (DEAL; KENNEDY, 1982). Sempane, Rieger e Roodt (2002) argumentam que não é algo prático, na medida em que modificar a cultura requer técnicas complexas e habilidades raras, além do tempo envolvido para entendê-la e mudá-la. A cultura auxilia as pessoas em tempos difíceis, mantendo o medo distante. Uma das maneiras de a cultura conseguir isso é fornecendo estabilidade e continuidade, por isso as pessoas tendem a resistir à mudança da cultura. Para Stoner e Freeman (1995), uma dificuldade está em identificar a cultura atual, já que ela decorre dos atos dos membros da organização e dos relacionamentos que eles estabelecem no decorrer do tempo. Schein (1996, p. 12) argumenta que “na prática, o estímulo para a mudança cultural é originado na necessidade de solucionar problemas organizacionais. Apenas quando premissas culturais seguem nesta direção é que a mudança cultural tem condições de nascer”. Schein (2001, p. 37) defende ainda que “não existe cultura certa ou errada, melhor ou pior, a não ser em relação ao que a organização está tentando fazer e ao que o ambiente em que ela opera permite”. Segundo Freitas (1991), um processo de mudança cultural bemsucedido deve conter o comprometimento de todos, sendo os elementos externos os principais responsáveis pela mudança, uma vez que eles são os responsáveis pelo surgimento de novas necessidades na organização. Hellriegel, Slocum e Woodman (1998) argumentam que a mudança cultural é possível e afirmam tratar-se de um processo de longo prazo que muitas vezes leva de cinco a dez anos. Aqueles que entendem o 74 desafio da mudança cultural reconhecem que a tarefa é enorme porque envolve a criação de sistemas compartilhados de significados que são aceitos, internalizados e utilizados em todos os níveis da organização (MORGAN, 2007). A mudança de cultura está, quase sempre, condicionada a determinadas situações, entre as quais se destacam: uma situação de crise, como, por exemplo, o avanço tecnológico; um novo líder que tenha um conjunto de valores diferentes; uma cultura fraca, ou seja, uma cultura que não é suportada por todos os funcionários, sendo, portanto, mais fácil de ser mudada do que a cultura profundamente enraizada; duas culturas que se fundem, ocorrendo conflito entre os funcionários sobre como devem se comportar; devolução de uma divisão ou departamento, por meio do qual uma cultura única e autônoma é criada (COFFEY; COOK; HUNSAKER, 1994). A mudança de cultura é muitas vezes associada a perturbações ambientais que geralmente exigem mudanças mais agressivas de adequação, e, nessas ocasiões, alterar a cultura pode ser um fator de sobrevivência da organização (DEAL; KENNEDY, 1982). Corroborando essa ideia, Harvey e Brown (2001) argumentam que, devido às rápidas mudanças no ambiente, a cultura organizacional estática pode não ser eficaz para a nova realidade. Portanto, os gerentes devem ser capazes de reconhecer quando as mudanças são necessárias e devem ter habilidades e competências necessárias para implementar essas mudanças. A Figura 11 ilustra a mudança de foco na cultura organizacional. Figura 11 – Mudança de foco na cultura organizacional Filosofia dos líderes da organização Exemplos: Rigidez (mudar lentamente); Reação; Foco na produção; Jogo de poder. Flexível Necessidade consumidor Serviço Responsivo Fonte: Adaptado de Martins, Martins e Terblanche (2004). Qualidade 75 Algumas organizações que buscam mudar sua cultura concentraram-se nos novos valores culturais e sustentam uma visão compartilhada orientada para clientes, com menos controle gerencial, maior tolerância em relação à tomada de risco, ausência de conflitos, foco na inovação, canais de comunicação abertos e participação na tomada de decisão (HARVEY; BROWN, 2001). É oportuno salientar que as mudanças da cultura organizacional têm impacto sobre a organização, bem como sobre as emoções das pessoas dentro da organização. Isto posto, é fundamental envolver os trabalhadores no processo de mudança (por meio, por exemplo, do esclarecimento coletivo de valores), de modo a trazer a sua compreensão e aceitação das mudanças que estão sendo introduzidas (MACAULAY; BLAKELY, 1995; HARVEY; BROWN, 2001). A adoção de inovações gera mudanças na cultura organizacional. Fleury (1993) destaca que a inovação tecnológica que se explicita na adoção de um novo sistema implica mudanças culturais significativas, de modo que os novos valores têm de ser realmente incorporados à prática organizacional. Steele e Murray (2004) salientam que tanto o inovador, que é na realidade um agente de mudança, quanto a inovação em si irão promover mudanças no ambiente no quais são introduzidos. As mudanças podem precipitar problemas que afetam a funcionalidade técnica e comercial do ambiente corporativo. 2.2.2 Inovação Hoje se repete até a saciedade que a inovação se converteu em um fator chave de competitividade, demonstrando que as organizações não podem ignorá-la. No entanto, cabe destacar que esse ponto de vista não é novo. Schumpeter (1911) já destacava que as empresas ou são inovadoras ou não sobrevivem, indicando que nenhuma delas irá permanecer no mercado se não for capaz de modernizar suas instalações, regenerar seu portfólio de produtos e incorporar novas tecnologias. Os termos “inovação” e “invenção” eventualmente causam confusão, uma vez que as pessoas tendem a entender inovação como invenção (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Ambos os termos referem-se a processos criativos envolvendo a aplicação de ideias existentes para criar uma solução única para um problema (COOPER; 76 1998). No entanto, o conceito de “inovação” tem desempenhado um papel mais importante na economia do que o conceito de “invenção”. A distinção entre os temas foi estabelecida a partir dos trabalhos de Schumpeter, que tratou a inovação como a função essencial do empresário. Ele não só rejeitou a ideia de que a inovação depende da invenção de uma forma direta, mas também afirmou que o processo social que produz inovações é distintamente diferente, “econômica e sociologicamente”, do processo social que produz invenções (RUTTAN, 1959). A distinção entre “inovação” e “invenção” baseia-se no impacto econômico decorrente da introdução de produtos no mercado (SCHUMPETER, 1982). As invenções, como descobertas científicas, podem permanecer muito tempo sem utilidade para o mercado, não afetando, desta forma, um sistema econômico. Uma inovação pode assumir várias formas e não necessariamente deve ser uma novidade na mesma proporção de uma invenção. Ela pode ocorrer por meio da aplicabilidade de uma ideia já existente a uma nova forma de operacionalizá-la ou a uma nova situação (SCHUMPETER, 1982). O conceito de inovação de Schumpeter (1934) – ou a realização de “novas combinações” – é amplo. Ele detalhou seu conceito em cinco itens: (1) a introdução de um novo bem, (2) a introdução de um novo método de produção, (3) a abertura de um novo mercado, (4) a abertura de uma nova fonte de suprimentos e (5) o estabelecimento de uma nova organização em qualquer ramo, como a criação de um novo monopólio (NELSON; WINTER, 1982). Para ele, a inovação pode ser definida como uma ideia, prática ou bem material percebido como novo e de relevante aplicação. Não implica necessariamente uma grande mudança tecnológica, uma inovação radical, mas inclui também mudanças de pequena escala no know-how tecnológico, ou seja, uma melhoria ou inovação incremental (ZALTMAN; DUNCAN; HOLBEK, 1973; ROTHWELL; GARDINER, 1985). A inovação é uma forma de transformar a organização, podendo ser uma resposta às mudanças no seu ambiente interno ou externo, ou uma ação preventiva adotada para influenciar o seu ambiente (DAMANPOUR, 1991). É um processo dinâmico, que exige a entrada da criatividade para desenvolver novas ideias ou assimilar as existentes de uma maneira nova, com ênfase em se fazer algo melhor, que pode ser um produto físico, um serviço, um processo pelo qual os produtos são produzidos ou os serviços prestados, ou ainda um processo pelo qual as atividades administrativas são organizadas (ZHUANG, 1995). 77 A inovação pode ser entendida como o uso de um novo conhecimento tecnológico e/ou de mercado com o objetivo de oferecer um novo produto ou serviço aos consumidores. Um produto é considerado novo quando seu valor é baixo e seus atributos são aperfeiçoados ou inexistentes no mercado (AFUAH, 1998). É o ato ou efeito de inovar, ou seja, tornar algo novo, renovar, ou introduzir uma novidade. Em seu sentido mais lato, o termo vem do latim innovare, que significa “fazer algo novo” (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Complementando, Afuah (2003) observa que as inovações, em qualquer âmbito, são as novas ideias que uma organização adota, não importando se elas já tenham sido adotadas em outras organizações. Em outras palavras, pode-se entender a inovação como a adoção de uma ideia já existente que, porém, é nova para a organização que a está adotando. A inovação é algo que não existia ou alguma coisa que é nova para determinada situação (ZHUANG; WILIAMSON; CARTER, 1999). Se a ideia é percebida como nova para as pessoas envolvidas, é uma inovação, mesmo que possa parecer aos outros uma “imitação” de algo que existe em outro lugar. Ficam incluídas nessa definição as inovações técnicas (novas tecnologias, produtos e serviços) e as inovações administrativas (novos procedimentos, políticas e formas de organização) (VAN DE VEM, 1986). Para Rogers (2003), a inovação (innovation) é uma ideia, prática ou objeto que é percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade de adoção. A inovação, segundo Damanpour (1991), pode ser um novo produto ou serviço, um novo processo tecnológico em produção, uma nova estrutura ou sistema administrativo, um novo plano ou, ainda, um programa relacionado aos membros da organização. Assim, ela é definida como a adoção de um dispositivo comprado ou produzido internamente, podendo ser um sistema, programa, processo, produto ou serviço novo para a empresa adotante. Essa definição é suficientemente extensa ou ampla para incluir diferentes tipos de inovação para todas as partes da organização e todos os aspectos da sua operação. A inovação é a adoção, assimilação e exploração de uma novidade que agrega valor nas esferas econômica e social; a renovação e ampliação de produtos, serviços e mercados; o desenvolvimento de novos métodos de produção e o estabelecimento de novos sistemas de gestão. É, ao mesmo tempo, um processo e um resultado. Crossan e Apaydin (2010) realizaram uma revisão sistemática da literatura publicada nos últimos anos sobre inovação organizacional em que 78 sintetizaram várias perspectivas de pesquisas em um quadro multidimensional, associando à liderança a inovação como um processo e a inovação como um resultado. Segundo os autores, a inovação como um processo sempre precede a inovação como um resultado. Portanto, essas duas dimensões devem estar separadas. Dentro da estrutura multidimensional da inovação organizacional (Figura 12) é apresentada uma categoria definida como “dimensões da inovação”. Ao analisar as várias dimensões, torna-se evidente que elas podem ser significativamente organizadas em duas categorias: aquelas relativas à inovação como um processo e aquelas relacionadas com a inovação como um resultado. A primeira responde à pergunta “como”, enquanto a última responde à pergunta “o quê”. Em geral, a visão da inovação como um processo está pouco desenvolvida na literatura, por isso o principal foco dos estudiosos é a inovação como um resultado. A distinção entre a inovação como processo e a inovação como resultado às vezes é pouco evidente. Sood e Tellis (2005) salientam que a falta de clareza na separação desses dois enfoques da inovação pode ser intrinsecamente problemática – e o problema é agravado quando os resultados da inovação são confundidos com o desempenho do mercado. Dimensões relativas à inovação como um resultado devem responder às questões “o quê” ou “que tipo”, tratando especificamente de questões como Referência, Forma, Magnitude, Tipo e Natureza. A Figura 12 apresenta a estrutura multidimensional da inovação organizacional proposta por Crossan e Apaydin (2010). 79 Figura 12 – Estrutura multidimensional da inovação organizacional Liderança (Nível individual e em grupo) Chief Executive Officers – CEOs; Alta Direção; Conselho de Adm., capacid. e motivação para inovar. Teoria do Escalão Superior Direcionad. Processos de gerenciais negócios (Nível (Nível de organizac.) processos) Inovação como um processo Inovação como um resultado Forma Estratégia Tomada de Decisão Nível Estrutura e Sistemas. Gestão de portfólio Driver Alocação Recursos Des. & Implem. Aprend. Ges.Conh. Gestão do Projeto Cultura Organizaci. RBV e Capacid.s Dinâmicas Magnitude Direção Referência Origem Comercial Local Tipo Teoria do Processo Determinantes da Inovação Dimensões da Inovação Fonte: Adaptado de Crossan e Apaydin (2010). A dimensão Referência estabelece a novidade da inovação como um resultado, que pode ser novo para a empresa, para o mercado ou para a indústria. A dimensão Forma está dividida em inovação em produto ou serviço, inovação em processos e inovação no modelo de negócio. A dimensão Magnitude indica o grau de novidade do resultado da inovação em uma referência adequada. Em termos de Magnitude, estudiosos tendem a distinguir entre inovação incremental e radical (GOPALAKRISHNAN; DAMANPOUR, 1997). Forma e Magnitude estão intimamente relacionadas, ou seja: a inovação incremental é frequentemente associada com a inovação de produto ou processo, enquanto a inovação radical é mais frequentemente associada com a inovação do modelo de negócios (CROSSAN; APAYDIN, 2010). Em termos de Tipo, Gopalakrishnan e Damanpour (1997) distinguem inovações técnicas (produção de xarope, por exemplo) e administrativas (contas a receber) que refletem uma distinção mais geral 80 entre a estrutura social e a tecnologia. Inovações técnicas incluem produtos, processos e tecnologias utilizadas para produzir produtos ou prestar serviços diretamente relacionados à atividade básica de uma organização. Por outro lado, as inovações administrativas estão indiretamente relacionadas às atividades básicas, e mais diretamente relacionadas aos seus aspectos gerenciais, tais como estrutura organizacional, processos administrativos e recursos humanos. Finalmente, a Natureza (tácito ou explícito) pode ser aplicada tanto a “como” quanto a “o quê”. Enquanto a inovação como um produto é em grande parte tácito, uma inovação no serviço ou processo pode permanecer desarticulada. A inovação como um processo e a inovação como um resultado não são igualmente importantes. O papel da inovação como um resultado é necessário e suficiente para uma exploração bem-sucedida de uma ideia, enquanto que a inovação como um processo é necessário, mas não suficiente. É por isso que a inovação como um resultado normalmente é a variável chave dependente em estudos empíricos relacionados com a inovação (CROSSAN; APAYDIN, 2010). Para os determinantes da inovação, Crossan e Apaydin (2010) consideraram três construções meteóricas: Liderança, Direcionadores Gerenciais e Processos de Negócios (na parte esquerda da Figura 12). Cada construção pode ser apoiada por uma teoria distinta: Liderança, pela Teoria do Escalão Superior; Direcionadores Gerenciais, pela Teoria de Capacidades Dinâmicas; e Processos de Negócios, pela Teoria do Processo. A Teoria “Upper Echelon” (alto escalão), de Hambrick e Mason (1984), tem sido tradicionalmente usada para conectar as características e comportamentos dos agentes com resultados organizacionais, no entanto não cobre suficientemente os Direcionadores Gerenciais e os Processos de Negócios. Por outro lado, a pesquisa Capacidades Dinâmicas, de Eisenhardt e Martin (2000), Prahalad e Hamel (1990) e Teece, Pisano e Shuen (1997), está preocupada com recursos e capacidades organizacionais, mas é insuficiente para integrar plenamente o papel do agente ou investigar como os processos organizacionais transformam entradas em saídas, que é a esfera da Teoria do Processo organizacional (VAN DE VEM; POOLE, 1995). Portanto, cada uma dessas teorias requer uma base teórica distinta. Liderança é uma dimensão que consolida o nível individual e o nível em grupo. Alguns estudos indicam que os executivos são responsáveis por entre 5% e 20% da variação da rentabilidade da 81 empresa (CROSSLAND; HAMBRICK, 2007). São importantes não só o seu apoio e orientação em promover iniciativas inovadoras na fase inicial de criação, uma vez que contribuem para a interação efetiva entre os membros do grupo (WEST et al., 2003), mas igualmente a sua capacidade de criar condições para a posterior implementação da inovação (MUMFORD; LICUANAN, 2004). A construção dos Direcionadores Gerenciais pode ser mais bem conceituada usando a RBV (Resource-Based View) relacionada ao desempenho, focando os recursos organizacionais. Para Barney (2001), três conceitos são fundamentais para a RBV: (a) recursos da empresa: todos os ativos, capacidades, processos organizacionais, atributos da empresa, informações e conhecimentos controlados pela empresa que a permitem conceber e implementar estratégias que melhorem a sua eficiência e efetividade; (b) vantagem competitiva: pode-se dizer que uma empresa tem uma vantagem competitiva quando ela implementa uma estratégia de criação de valor que não é implementada simultaneamente por nenhuma outra empresa concorrente; e (c) vantagem competitiva sustentada: ocorre quando os benefícios da vantagem competitiva da empresa não podem ser obtidos por um concorrente, pela impossibilidade de implementar a mesma estratégia que os produziu. Existem cinco tipos de Direcionadores Gerenciais: (a) missão, objetivos e estratégias; (b) estruturas e sistemas; (c) alocação de recursos; (d) aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento; (e) cultura organizacional. Missão, objetivos e estratégias estabelecem a direção para a organização seguir. Recursos físicos e financeiros, estrutura organizacional e sistemas de gestão e comunicação fornecem o suporte necessário para as práticas de gestão. Aprendizagem organizacional, ferramentas de gestão do conhecimento e cultura organizacional ajudam a manter os processos de inovação (CROSSAN; APAYDIN, 2010). 2.2.2.1 Tipos de inovação É essencial que as organizações consigam diferenciar os tipos de inovação às quais estão propensas para adequar o comportamento organizacional e identificar os respectivos pontos fortes e fracos no seu desenvolvimento. Os tipos de inovação citados mais frequentemente na literatura são identificados como inovação administrativa, tecnológica, 82 produto, processo, radical e incremental. Pesquisadores agrupam esses tipos de inovação em administrativa e tecnológica, produto e processo, e radical e incremental. O objetivo é facilitar a descrição de uma tipologia (ROWE; BOISE, 1974; DAFT, 1978; KIMBERLY; EVANISKO, 1981; DAMANPOUR, 1991; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Inovações administrativas e tecnológicas culminam em processos diferentes de tomada de decisão por parte das organizações. A inovação tecnológica está relacionada basicamente ao processo de produção tecnológico de produtos e serviços. A inovação administrativa está relacionada com a estrutura da organização e seus processos administrativos, ou seja, numa dimensão gerencial (KNIGHT, 1967; DAFT, 1978; KIMBERLY; EVANISKO, 1981; DAMANPOUR; EVAN, 1984). A inovação de produto ou processo tem sido frequentemente utilizada pelas organizações com o objetivo de obter diferenciais competitivos (ETTLIE, 1983; HULL, HAGE; AZUMI, 1985; ZHUANG; WILIAMSON; CARTER, 1999). Produtos inovadores são produtos ou serviços criados com o objetivo de atender as necessidades encontradas no mercado para satisfazer necessidades de clientes (KNIGHT, 1967; UTTERBACK; ABERNATHY, 1975; JONASH; SOMMERLATTE, 2001). A inovação no processo, por sua vez, é compreendida como os elementos que são agregados ao processo de operações, adição de materiais, tarefas, instrumentos ou fluxo de determinados mecanismos na produção, na distribuição de produtos ou na prestação de serviços (KNIGHT, 1967; UTTERBACK; ABERNATHY, 1975; JONASH; SOMMERLATTE, 2001). O elemento fundamental para a diferenciação dos conceitos relativos a inovações em processos e organizacionais é que as primeiras estão ligadas a novos equipamentos, softwares, técnicas ou procedimentos; as segundas, principalmente com as pessoas e com a organização do trabalho (OCDE, 2005). Qualquer organização, seja de fabricação de produtos ou prestação de serviços, pode ser vista como um processo que transforma entradas (por exemplo, matérias-primas e competências) em saídas (por exemplo, produtos tangíveis ou serviços intangíveis). Em relação a isso, segundo Zhuang, Wiliamson e Carter (1999), uma inovação pode ser um dos seguintes processos: 1. Inovação de saída: inovação em produtos, serviços, embalagem e entrega. 83 2. Inovação de entrada: inovação nos materiais utilizados, origem e modo de fornecimento. 3. Inovação no processo: inovação em tecnologias de processos, habilidades e técnicas, sistemas organizacionais e processos administrativos, que estão envolvidos na transformação de entradas em saídas. Dos vários tipos de inovação, a de produto é a mais familiar ao consumidor, porque é isso que eles pagam. Embora possa ser menos conhecida dos clientes, a inovação de processo não é certamente um conceito novo para os fabricantes ou prestadores de serviços (ZHUANG; WILIAMSON; CARTER, 1999). A inovação de produto reflete a mudança no produto ou nos serviços oferecidos pela organização (UTTERBACK, 1994). A inovação de produto consiste em explorar com sucesso novos conhecimentos (AMABILE et al., 1996). Novos produtos são fundamentais para o crescimento e a prosperidade da organização moderna (COOPER; KLEINSCHMIDT, 1991; SHEPHERD; AHMED, 2000). O desenvolvimento de produtos é, assim, uma potencial fonte de vantagem competitiva para muitas organizações (BROWN; EISENHARDT, 1995). A difusão de tecnologia também é preponderante na inovação de produto. Parte da inovação de produto na indústria brasileira é de produtos novos para a organização e apenas uma pequena proporção é de produtos novos para o mercado (PROCHNIK; ARAÚJO, 2005). A inovação de produto é um processo que inclui o projeto técnico, P&D, gestão de produção e atividades envolvidas na comercialização de um produto novo (ou melhor) (ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006; CHIVA; ALEGRE; LAPIEDRA, 2007). As inovações podem ser radicais e incrementais. O fator decisivo em distinções tradicionais entre as duas é o grau de mudança estratégica e estrutural a que a empresa deve se submeter para acomodar a inovação em questão. As mudanças incrementais melhoram e ampliam a tecnologia subjacente e reforçam, assim, a ordem técnica estabelecida (TUSHMAN; ANDERSON, 1986; COOPER; 1998). Inovações radicais, por sua vez, representam os avanços mais significativos e alteram de forma revolucionária a organização. Como as mudanças nesse tipo de inovação são maiores, consequentemente haverá mais ricos para a organização (COOPER; 1998). A inovação radical pode ser definida como um campo repleto de incertezas técnicas e de mercado (LEIFER; O’CONNOR; RICE, 2001). 84 A inovação radical pode ser caracterizada como um produto, processo ou serviço que apresenta características de desempenho sem precedentes ou características já conhecidas que, porém, originam melhoras significativas de desempenho ou custo transformando os mercados existentes ou criando novos mercados (LEIFER; O’CONNOR; RICE, 2001). Nos últimos anos se deu mais ênfase à inovação incremental e menos atenção foi despendida à inovação radical ou revolucionária. Como resultado, muito se conhece sobre a implementação da inovação incremental, ao passo que a inovação radical é ainda pouco compreendida (UTTERBACK, 1994; CHRISTENSEN, 1997; HAMEL, 2000; LEIFER; O’CONNOR; RICE, 2001). Na cadeia produtiva têxtil e de confecções, a tecnologia desenvolvida costuma ser incremental e diz respeito à velocidade e à escala das máquinas e equipamentos, principalmente na fiação e na tecelagem/malharia, além da inserção de tecnologias de informação como o Computer-Aided Design (CAD) e o Computer-Aided Manufacturing (CAM) (por exemplo, máquinas industriais que imprimem o desenho direto nos tecidos) (COSTA; ROCHA, 2009). 2.2.2.2 Desenvolvimento de novos produtos O sucesso da inovação do produto está arraigado nas fases iniciais do ciclo de vida do produto (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993; BROWN; EISENHARDT, 1995). O sucesso de novos produtos e serviços é fundamental para muitas organizações, uma vez que a inovação de produtos é parte de estratégias implementadas pelas organizações como meio de adequação às mudanças em mercados, tecnologias ou na competição (DOUGHERTY; HARDY, 1996). No desenvolvimento de novos produtos, as organizações se deparam com algumas incertezas, entre as quais as incertezas técnicas de mercado. As incertezas técnicas referem-se a pontos acerca da validade do conhecimento científico subjacente, dos bons resultados da tecnologia usada, das especificações técnicas do produto e de questões relativas ao ramp-up (evolução do produto). As incertezas de mercado envolvem aspectos relacionados a necessidades e desejos do consumidor, seja em forma da interação já existente ou latente entre o consumidor e o produto proposto, seja em forma de estratégias de venda e distribuição (LEIFER; O’CONNOR; RICE, 2001). 85 A relevância do desenvolvimento de novos produtos e processos não se limita apenas as indústrias destinadas a novas descobertas cientificas e com elevados gastos em P&D. Os motivos que existem por trás do desenvolvimento de novos produtos e processos são mais gerais. Wheelwright e Clark (1992) destacam três pontos: 1. A intensa concorrência internacional – em qualquer indústria, o número de organizações capazes de competir em âmbito internacional tem aumentado consideravelmente. O comércio mundial tem se expandido e os mercados internacionais tornaram-se mais acessíveis. Como consequência, a concorrência tem se tornado mais intensa, rigorosa e agressiva (WHEELWRIGHT; CLARK, 1992). 2. Mercados com demandas fragmentadas – os consumidores se tornaram mais sofisticados e exigentes. Os níveis de desempenho sem precedentes em outra época, agora são um padrão exigido. A maior sofisticação dos consumidores significa, por um lado, que estão mais sensíveis a nuances e diferenciais nos produtos, e por outro lado, que são especialmente atraídos por produtos que oferecem soluções a seus problemas e necessidades particulares. Como consequência, a variedade de produtos tem aumentado significativamente, e os lotes de produção têm reduzido (WHEELWRIGHT; CLARK, 1992). 3. Diferentes tecnologias e em rápida mutação – a crescente intensidade e profundidade do conhecimento científico e tecnológico criaram novas opções para ajustarem-se as necessidades de um mercado mais diverso e mais exigente. O desenvolvimento de novas tecnologias e o melhor entendimento das tecnologias existentes aumentam a variedade de possíveis soluções para as funções de engenharia e marketing na criação de novos produtos. (WHEELWRIGHT; CLARK, 1992). Brown e Eisenhardt (1995) identificaram três correntes de pesquisa diferenciadas na literatura sobre desenvolvimento de produtos: (a) planejamento racional; (b) rede de comunicação; (c) solução disciplinada de problemas. A pesquisa dentro de cada uma delas é teórica e metodologicamente semelhante. 86 2.2.2.2.1 Desenvolvimento de produtos como plano racional A perspectiva de plano racional enfatiza que o sucesso do desenvolvimento de produto é o resultado de uma série de ações, como: a) cuidadoso planejamento de um produto com qualidade superior para um mercado atrativo; b) execução desse plano por uma competente e bem coordenada equipe multifuncional que opera com o (c) apoio da alta direção. O foco dessa corrente é descobrir quais das muitas variáveis independentes estão correlacionadas com o sucesso financeiro de um projeto de desenvolvimento de produto (BROWN; EISENHARDT, 1995). Os estudos dessa corrente são muitas vezes exploratórios, e sua perspectiva é ampla. Normalmente, os pesquisadores reúnem questionários ou possivelmente entrevistas para identificar as razões do sucesso ou fracasso de um novo produto, usando um amplo conjunto de fatores internos e externos. No entanto, as correlações observadas com sucesso são geralmente limitadas, e as conclusões significativas muitas vezes não são relatadas (BROWN; EISENHARDT, 1995). De acordo com essa corrente de investigação, as probabilidades de sucesso de um novo produto se ampliam quando esse produto oferece vantagens em relação aos demais produtos existentes no mercado, quando é destinado a um mercado atrativo e quando é desenvolvido por meio de uma excelente organização interna. A organização interna diz respeito às atividades de pré-desenvolvimento cuidadosamente planejadas, à execução do desenvolvimento de produtos por equipes multifuncionais competentes e bem coordenadas que sabem aproveitar as competências da empresa, e a um significativo apoio da alta direção (BROWN; EISENHARDT, 1995). Esta abordagem indiscriminada leva a uma visão geral do processo de desenvolvimento de novos produtos que enfatiza as características do produto, a organização interna e o mercado. No entanto, ela apresenta algumas limitações metodológicas, como a utilização excessiva de análise fatorial, das análises bivariadas e de fontes de informação primárias. A pesquisa nessa corrente não se preocupa em ligar os resultados com a teoria e com as pesquisas anteriores (BROWN; EISENHARDT, 1995; ALEGRE, 2003). A Figura 13 apresenta um escopo sobre o desenvolvimento de produtos como plano racional. 87 Figura 13 – Desenvolvimento de produtos como plano racional Composição da Equipe - Multifuncional Organização do Trabalho da equipe - Planejamento Processo da Equipe - Comunicação entre Funções Alta Direção - Apoio Eficácia do Produto - Ajuste com as necessidades do mercado (vantagens únicas, qualidade, custo, conceito claro). - Ajuste com as competências da Mercado empresa - Elevado crescimento, baixa competição Desempenho - Benefícios - Receitas - Cota de mercado Clientes - Envolvimento Fornecedores - Envolvimento Fonte: Adaptado de Brown e Eisenhardt (1995). Na Figura 13 pode-se observar de forma resumida as principais relações de causa-efeito entre os diferentes aspectos do planejamento racional do processo de desenvolvimento e o desempenho financeiro do projeto. 2.2.2.2.2 Desenvolvimento de produtos como rede de comunicação Esta corrente de investigação evoluiu a partir do trabalho pioneiro de Allen (1971). A premissa subjacente é que tanto a comunicação entre membros da equipe como a comunicação com agentes externos contribui para o melhor resultado das equipes de desenvolvimento, ou seja, quanto melhor for a comunicação interna e externa, melhor será o resultado do processo de desenvolvimento de produtos (BROWN; EISENHARDT, 1995). 88 Em contraste com a primeira perspectiva, esse fluxo é estritamente focado em uma variável independente – a comunicação. Assim, ao contrário do plano racional, esses estudos enfatizam a profundidade, não enfocando a amplitude. Trata-se de olhar a “caixa preta” da equipe de desenvolvimento, incluindo aspectos políticos e de processamento da informação. O resultado é uma compreensão teórica de um segmento restrito do fenômeno. Nesse caso, também há maior sofisticação metodológica, com maior número de respondentes e com o uso de análise multivariada (BROWN; EISENHARDT, 1995). Os primeiros resultados empíricos desses estudos centraram-se no fluxo de informações nas comunicações. Os resultados dos estudos de Katz e Tushman (1981) destacaram a importância da comunicação externa para o sucesso do projeto. Esses estudos identificaram a presença de gatekeepers (indivíduos com alto desempenho em funções comunicativas que exercem influência devido ao seu alto grau de conhecimento técnico e forte relacionamento pessoal, interno e externo à empresa). Os gatekeepers introduzem as informações na organização e as divulgam para os membros tanto da equipe como da área funcional. Katz e Tushman (1981) identificaram que as equipes de desenvolvimento que dispunham de gatekeepers obtinham melhores resultados (ALLEN, 1971; BROWN; EISENHARDT, 1995). Outros estudos, como o de Ancona e Caldwell (1990; 1992a, 1992b), enfocaram a comunicação externa, identificando-a como positivamente correlacionada com o êxito do projeto. Verificaram também que os membros da equipe se comunicam mais com aqueles agentes externos que têm um perfil funcional similar. Assim, é possível concluir que se se aumentar o número de funções representadas na equipe, maior será a sua comunicação externa de forma global, melhorando o seu desempenho. Da mesma forma, houve interesse na comunicação interna entre os membros da equipe. Keller (1986) identificou que a coesão interna do grupo pode contribuir para um desempenho melhor. Dougherty (1990) estudou as barreiras que impedem a comunicação multifuncional. Indivíduos de diferentes departamentos compreendiam diferentes aspectos do desenvolvimento do produto de diferentes maneiras. Essas diferenças implicavam diferentes interpretações, inclusive quando se tratava da mesma informação. A autora observou que nos casos de novos produtos exitosos, os trabalhadores de uma equipe multifuncional combinavam suas perspectivas de forma totalmente interativa. O contrário ocorria nos casos de fracasso, quando os trabalhadores 89 seguiam um processo sequencial entre os grupos funcionais, de forma que cada ponto de vista departamental era dominante em uma fase particular do projeto (BROWN; EISENHARDT, 1995). A Figura 14 mostra o desenvolvimento de produtos como rede de comunicação. Figura 14 – Desenvolvimento de produtos como rede de comunicação Composição da equipe - Gatekeepers Comunicação interna da equipe - Elevada - Experimental - Interativa - Não rotineiras DESEMPENHO - Várias medidas, geralmente perceptivas Líder do projeto - Poder Comunicação externa da equipe Fonte: - Elevada - Coordenação de tarefas de embaixadores Fonte: Adaptado de Brown e Eisenhardt (1995). A Figura 14 apresenta as principais relações contrastadas por esta corrente entre a comunicação dentro e fora da equipe de desenvolvimento e desempenho. 2.2.2.2.3 Desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada A perspectiva de solução disciplinada de problemas evoluiu a partir de estudos sobre o desenvolvimento de produtos japoneses como os de Imai, Ikujiro e Takeuchi (1985) e Quinn (1985). O sucesso do desenvolvimento de produtos consistia em alcançar um equilíbrio entre a resolução de problemas relativamente autônoma por parte da equipe de desenvolvimento e a disciplina imposta por um bom líder na organização. O resultado é um rápido processo de desenvolvimento produtivo e um conceito de produto de alta qualidade (BROWN; EISENHARDT, 1995). 90 Em comparação com a abordagem do planejamento racional, a corrente de solução disciplinada de problemas é mais específica quanto à organização do trabalho e está mais centrada no processo de desenvolvimento e no conceito de produto do que no sucesso financeiro. Ao contrário do enfoque da rede de comunicação, a corrente de solução disciplinada de problemas visa a uma perspectiva mais ampla e leva em consideração o papel dos fornecedores e da alta direção no processo de desenvolvimento (BROWN; EISENHARDT, 1995; ALEGRE, 2003). A Figura 15 apresenta o desenho de desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada de problemas. Figura 15: Desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada de problemas. Fornecedores - Envolvimento Composição da Equipe - Multifuncional Organização do Trabalho da Equipe - Planejamento e Sobreposição Versus - Interação, frequentes revisões. Processo de Trabalho em Grupo Líder do Projeto - Poder – Visão Habilidades Gerenciais Desemp. Processo - Velocidade - Produtividade - Comunicação Interna Eficácia do Produto - Integridade do produto Alta Direção - Controle Sutil Fonte: Adaptado de Brown e Eisenhardt (1995). A Figura 15 apresenta as principais ligações da corrente de desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada de problemas. As três correntes descritas anteriormente evoluíram a partir de diversas fontes e enfocam diferentes aspectos do desenvolvimento do 91 produto. A perspectiva do plano racional contribui com uma visão mais ampla do desenvolvimento de produto, incluindo a equipe, alta direção, eficácia do produto, clientes, mercados e fornecedores para predizer o sucesso financeiro. A perspectiva de solução de problemas tem uma visão mais profunda, focada no processo do desenvolvimento real do produto, ou seja, aspectos que contribuem para um melhor processo no desenvolvimento do produto. A perspectiva da rede de comunicação é mais estreita, centrando-se em um aspecto mais específico, embora importante, do processo de desenvolvimento de produtos, que é a comunicação interna e externa realizada pelos membros da equipe de projeto (BROWN; EISENHARDT, 1995). A Figura 16 apresenta um resumo das relações entre os diferentes aspectos do processo de desenvolvimento de produtos, com seus resultados. Figura 16: Desenvolvimento de produtos como processo de solução disciplinada de problemas Mercado - Tamanho Crescimento - Baixa Competição Fornecedores - Envolvimento Composição da Equipe - Multifuncional - Gatekeepers * - Experiência Moderada Organização do Trabalho da Equipe - Planejamento e Sobreposição Versus – Interação e frequentes revisões Líder Projeto Trabalho em Grupo - Poder - Visão - Habilidades; - Comunicação Interna Gerenciais - Comunicação Externa Alta Direção - Suporte - Controle sutil Desempenho do Processo - Velocidade - Produtividade Desempenho Financeiro - Lucro - Receita Eficácia do - Participação de Mercado Produto - Ajuste com necessidades de mercado - Alinha-se as competê. da empresa. Cliente - Envolvimento ELEMENTOS EQUIPE DE PROJETO DE APOIO Fonte: Adaptado de Brown e Eisenhardt (1995). RESULTADOS 92 Na Figura 16, as setas indicam o sentido das inter-relações – as setas em negrito e legendas em itálico representam achados consistentes e robustos, que foram sustentados empiricamente. Os resultados restantes são relações comprovadas, mas com algumas limitações. A ideia de organização por trás do modelo na Figura 16 é que há vários atores cujas ações influenciam o desempenho do produto. Especificamente, Brown e Eisenhardt (1995) argumentam que: (a) a equipe do projeto, o líder, a alta gerência e os fornecedores afetam o desempenho do processo (velocidade e produtividade no desenvolvimento do produto); (b) o líder do projeto, os clientes e a alta gerência afetam a eficácia do produto (ajuste do produto com competências da empresa e necessidades do mercado); e (c) a combinação de um processo eficiente com um produto eficaz e com um mercado amplo garante o sucesso financeiro do produto (ou seja, receita, rentabilidade e quota de mercado). 2.2.3 Interligação dos temas cultura organizacional e inovação Martins, Martins e Terblanche (2004) destacam que a cultura organizacional afeta a inovação na medida em que soluções criativas são incentivadas, apoiadas e implementadas. Uma vez que a organização consegue adotar determinada cultura organizacional, esta pode ter melhores resultados nos processos de inovação. Essa melhoria é condicionada por sua cultura (KNOX, 2002; DOBNI, 2008). Com o intuito de inovar e adotar o progresso tecnológico com sucesso, as empresas têm de cumprir determinados requisitos em termos de comportamento interno e relações externas (TYLECOTE, 1996). A cultura organizacional que facilita o desenvolvimento de processos inovativos é denominada, na literatura, de “cultura da inovação”. Dada a importância crescente da inovação nos contextos empresariais e a busca por vantagens competitivas diferenciadas, uma cultura organizacional que facilite esses processos torna-se fator estratégico para que a organização alcance seus objetivos (JAMROG; OVERHOLT, 2004). Uma subcultura importante para a organização ou unidade de negócios é a da cultura de inovação. Até agora, porém, não há uma definição clara do termo “cultura de inovação”. No entanto, Galli (2011), com base na discussão sobre a cultura organizacional e seus 93 diferentes níveis, ou seja, valores básicos compartilhados, normas e práticas, definiu a cultura de inovação desta maneira: 1. Em toda a organização partilham-se valores básicos que apoiam a inovação; 2. Em toda a organização as normas são focadas para a inovação. 3. Práticas perceptíveis são orientadas para a inovação (artefatos e comportamentos). Wieland (2004), em uma abordagem ampla, define a “cultura de inovação” como as instituições (normas, valores, formal e informal) que têm uma influência significativa sobre como os atores envolvidos em um processo de inovação percebem os desafios econômicos e técnicos, e lhes fornecem estratégias para enfrentar esses desafios. De acordo com Tushman e O’Reilly (1997), a cultura organizacional está no centro da inovação da organização. Os elementos básicos da cultura organizacional (os valores partilhados, crenças e comportamento esperado dos membros de uma organização) influenciam a criatividade e a inovação de duas maneiras. A primeira é por meio dos processos de socialização nas organizações, os indivíduos aprendem qual comportamento é aceitável e como as atividades devem funcionar. As normas desenvolvidas são aceitas e partilhadas pelos indivíduos. De acordo com essas normas, as pessoas vão fazer suposições sobre se o comportamento criativo e inovador faz parte do modo como a organização atua (TESLUK; FAAR; KLEIN, 1997). A segunda é referente aos valores básicos, pressupostos e crenças se tornam promulgados em formas estabelecidas de comportamentos e atividades e são refletidos nas estruturas, políticas, práticas de gestão e procedimentos. Essas estruturas e outros fatores impactam diretamente a criatividade no ambiente de trabalho – por exemplo, fornecendo suporte de recursos para promover o desenvolvimento de novas ideias (TESLUK; FAAR; KLEIN, 1997). Dessa maneira, os indivíduos percebem o que é considerado valioso e como eles devem agir no local de trabalho. Segundo Ahmed (1998), em organizações com altas taxas de inovação, a alta gerência fornece suporte emocional e financeiro, assegurando avaliações acuradas e realistas sobre o mercado. A alta gestão garante ainda que os projetos de inovações recebam o apoio necessário de todos os níveis da organização e que os sistemas estejam 94 estabelecidos de tal forma que cada inovação passe por um acompanhamento cuidadoso antes da sua efetiva implementação. Somente quando os funcionários veem as coisas acontecendo e essas coisas os levam em direção à inovação é que eles começam a internalizar os valores da inovação (AHMED 1998). Estudos anteriores, como os de Ulijn e Weggeman (2001) e Westwood e Low (2003), têm demonstrado que a inovação exige condições específicas (meios para inovador); nesse aspecto a cultura é considerada um importante determinante da inovação. O bom desempenho da cultura de inovação depende do grau de consenso existente entre os valores, convicções e padrões de comportamento adotados pelos diferentes membros e grupos sociais que compõem a organização. Quanto aos aspectos em torno dos quais esses valores devem ser compartilhados – convicções e padrões de comportamentos vigentes em uma empresa comprometida com as novas tecnologias e a inovação –, cabe destacar que eles devem ser ligados, em primeiro lugar, ao estilo corporativo, à direção e gestão dos recursos humanos e à aprendizagem organizacional (MORCILLO, 2007). Se o estudo desses três aspectos (estilo corporativo, direção e gestão dos recursos humanos, e aprendizagem organizacional) ajuda a observar como a organização resolve seus problemas de integração interna para ser potencialmente mais rica e como ela administra seu próprio espaço social, convém, em segundo lugar, oferecer atenção especial ao tipo de vigilância tecnológica que revela como a organização, entendida como espaço social, se relaciona com o seu entorno (MORCILLO, 2007). O Quadro 4 apresenta os aspectos e elementos de uma cultura de inovação para a organização. 95 Quadro 2 – Aspectos e elementos de uma cultura de inovação. Aspectos construtivos da cultura de inovação Principais elementos que definem e delimitam os aspectos da cultura de inovação – Desenvolver habilidades de liderança. – Definir o projeto da organização. – Adotar um estilo de gestão participativo. Estilo – Assumir os riscos inerentes à inovação. corporativo – Não punir falhas em inovação. – Premiar sucessos em inovação. –Identificar as barreiras à inovação de maneira antecipada. – Ter claro “de onde viemos, o que fazemos e sabemos, onde estamos, para entender aonde estamos indo” (competências pessoais). – Promover atitudes proativas. Direção e gestão – Promover a motivação das pessoas. dos recursos – Aperfeiçoar e aprimorar o capital humano da empresa. humanos – Explorar a experiência, competências e habilidades dos indivíduos (capacidade pessoal). – Incentivar a criatividade. – Compartilhar conhecimentos passando de inteligência individual para inteligência coletiva. – Incentivar o trabalho em equipe. – Estruturar os processos de inovação em torno dos grupos com base na interdisciplinaridade. Aprendizagem – Integrar as subculturas que emergem na organização. organizacional – Refutar os processos de inovação de natureza linear que não contemplam efeitos de retroalimentação. – Desenhar estruturas organizacionais flexíveis e integradas. – Buscar, detectar, obter e divulgar internamente informações procedentes do ambiente científico e tecnológico. – Avaliar as informações e sinais relevantes procedentes Vigilância do ambiente externo. tecnológica – Identificar quais tecnologias podem ter maiores impactos econômicos para a empresa. – Averiguar o possível surgimento de novos produtos e concorrentes. – Analisar informações para a tomada de decisão. Fonte: Adaptado de Morcillo (2007). 96 Entre os estudos destinados a avaliar a cultura de invocação podese citar o trabalho de Roberts e Fusfeld (1981), que define cinco padrões chave de comportamento de organizações em processos de inovação. Esses cinco padrões incluem (a) o gerador de ideias, que possui profundo conhecimento em um ou dois campos e é excelente na resolução de problemas, (b) o empreendedor, que vende as novas ideias para os outros, (c) o gerente do programa, que lidera a equipe, planeja e organiza o projeto, (d) os gatekeepers, que por meio de contatos pessoais, viagens, ou a literatura se mantêm informados sobre os desenvolvimentos externos em tecnologia, marketing e fabricação, e (e) o patrocinador, que fornece acesso à base de poder na organização e age como uma caixa de ressonância para o líder e outros membros do projeto. Barlett e Ghoshal (1987) evidenciaram que a interconexão cultural integra a cultura original das pessoas com as culturas adquiridas ou adotadas – esta combinação é uma fonte de conhecimento e inovação. Russell e Russell (1992) verificaram empiricamente a conexão entre cultura e inovação medindo o efeito dos valores culturais sobre os resultados inovadores. Os autores argumentam que a incerteza e a complexidade inerentes à inovação sugerem que a confiança dos funcionários na administração é fundamental para o desenvolvimento de uma cultura favorável à inovação, porque a confiança torna as pessoas capazes de assumir riscos, sem medo do fracasso. Os sistemas organizacionais devem fornecer recompensas e reconhecimento para o trabalho criativo. Tushman e O’Reilly (1997) identificaram a cultura como um dos fatores mais importantes na gestão da inovação. Portanto, é preciso uma cultura com estilo de gestão mais participativo, em que a comunicação e o trabalho em equipe são incentivados, com flexibilidade estrutural, com funcionários habilitados, e em que a assunção de riscos e falhas ocasionais são tolerados. Com a combinação certa desses fatores, a inovação tem potencial para se desenvolver. Nessa linha de raciocínio, Gundling (1999) enfatiza que, para poder gerenciar com sucesso inovações técnicas, é necessário que a cultura organizacional tenha algumas características. Entre essas características, o autor cita os heróis, a liberdade, a atividade, a antecipação e a persistência, tirando proveito das falhas e se divertindo no trabalho. Os heróis servem para mostrar que é possível conseguir sucesso na promoção de novas ideias e no início de novos negócios. “Se 97 você fizer, você poderá ser reconhecido e recompensado” (GUNDLING, 1999, p. 79). Cameron e Quinn (1999) desenvolveram um modelo teórico com vistas ao diagnóstico e gerenciamento da cultura organizacional. O modelo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa empírica, de modo a garantir um alto grau de congruência com os esquemas mediante os quais as pessoas nas organizações estabelecem as formas como pensam seus valores e premissas, e os modos como processam as informações. Os resultados originaram um modelo denominado Competing Values Framework, com quatro dimensões: Hierarquia (orientação interna com estabilidade), Clã (orientação interna com flexibilidade), Mercado (orientação externa e estabilidade) e, por fim, Adhocracia (orientação externa e flexibilidade). Segundo o modelo de Cameron e Quinn (1999), a Adhocracia é um tipo de cultura voltada para a inovação. A cultura como uma fonte de inovação é caracterizado pela maneira como a organização se adapta, pela flexibilidade, criatividade, capacidade de viver com a incerteza e informação ambígua, ausência de poder centralizado, bem estabelecidas cadeias de comando, ênfase na individualidade, exposição a riscos e antecipação do futuro. Os autores salientam que nenhum dos quatro perfis pode ser percebido como ideal para qualquer tipo de situação. Os fatores contingenciais influenciam o tipo de cultura organizacional que será mais apropriado para aquela situação. Com base em estudos sobre um grupo de empresas mexicanas, Corral (1993) buscou explorar, por meio da análise dos fatores que contribuem para a formação da empresa e da explicação social em torno dos seus processos de trabalho, em que medida a inovação tecnológica tem significado dentro da fábrica. O autor concluiu que por meio de fatos cotidianos que podem parecer irrelevantes pode-se analisar as formas e os delineamentos culturais de uma empresa. Na medida em que a cultura tem a ver com as atividades cotidianas, e considerando os fatores intervenientes na constituição de uma cultura de fábrica, a relação entre tecnologia e cultura, inicialmente, depois entre inovação e cultura, deveria ser um fato tão natural quanto o próprio desenvolvimento da cultura. Por meio de um estudo teórico, Steele e Murray (2004) buscaram demonstrar que o desenvolvimento de uma cultura de inovação e de capital intelectual são questões relevantes na geração e manutenção de uma organização proativa e empreendedora. Os autores concluíram que fica evidente que o desenvolvimento de uma cultura de inovação é 98 relevante se uma organização quer tornar-se proativa e permanecer bemsucedida. Isso se deve ao fato de a agilidade e a habilidade de uma organização para responder às mudanças do mercado serem impulsionadas por sua propensão a inovar. Dobni (2008) propõe um instrumento – Measuring Innovation Culture – que avalia multi-itens na construção de uma cultura da inovação, utilizando a análise fatorial exploratória como método de análise. O autor sugere quatro dimensões que determinam a cultura da inovação: a intenção de inovar, a infraestrutura de apoio à inovação, as influências da inovação e o contexto da inovação. Bastic e Leskovar-Spacapan (2006) realizaram um estudo com o objetivo de encontrar fatores que contribuam significativamente para a capacidade de inovação das organizações. Os resultados apontaram que a cultura organizacional e a orientação para o mercado têm sido os fatores fundamentais para as organizações serem inovadoras e, assim, alcançarem a vantagem competitiva sustentável. Para esses autores, a inovação acontece numa cultura organizacional que tenha como valor ser inovadora (to be innovative). Esse valor promove o foco no mercado e o desenvolvimento de vantagens competitivas. Dombrowski et al. (2007) identificaram oito elementos da cultura organizacional inovadora, que são listados como; (a) declarações de missão e de visão inovadora, (b) uma cultura de comunicação democrática, lateral, sem as correntes da hierarquia, a fim de atrair e reter pessoas talentosas que são necessárias para a busca de experimentação e inovação, (c) formas de ambientes seguros e inovadores que permitam o processo de inovação sigiloso, (d) flexibilidade, (e) colaboração entre várias fronteiras organizacionais – as mudanças nas estruturas organizacionais para melhorar a expansão das fronteiras organizacionais serão inevitáveis, e essas mudanças vão transformar as culturas inovadoras em algo novo, tendo implicações significativas para os gestores –, (f) compartilhamento e ensino entre e por meio das unidades de negócios como forma eficaz de promover a inovação colaborativa, (g) sistemas de incentivos baseados em equipes de trabalho de modo a estimular a cultura de inovação e (h) liderança, que é necessária para incentivar a inovação. Cornejo e Muñoz (2010) argumentam que, para serem inovadoras, as organizações necessitam primeiramente criar condições favoráveis que impulsionem a inovação, e a partir daí estabelecer um modelo próprio de cultura de inovação. Em outras palavras, além de um esforço econômico e tecnológico, é necessário gerenciar uma série de 99 transformações políticas, culturais e organizacionais que promovam o desenvolvimento de processos de inovação. Para esses autores, o fator cultural do sistema sócio-técnico-empresarial parte da premissa de que as pessoas (sua cultura) e as tecnologias (portanto, as inovações) são dependentes e interagem: a modificação em uma necessariamente produz alterações na outra. Çakar e Ertürk (2010) analisaram o impacto da cultura organizacional e do empoderamento na capacidade de inovação em pequenas e médias empresas da Turquia. Utilizando como base o trabalho de Hofstede (2001), os autores usaram quatro dimensões para medir a cultura organizacional: distância do poder, coletivismo, foco na assertividade e aversão à incerteza. Os resultados apontaram que a aversão à incerteza e o coletivismo estão relacionados positivamente com o empoderamento, a distância do poder está negativamente relacionada com o empoderamento e o foco na assertividade não tem relações com o empoderamento. Das quatro dimensões da cultura organizacional estudadas pelos autores, a única que tem relações com a capacidade de inovação é a aversão à incerteza. Naranjo-Valencia, Sanz-Valle e Jiménez-Jiménez (2011) realizaram um estudo empírico sobre as relações entre cultura organizacional e inovação de produtos em indústrias espanholas. Os autores usaram os quatro tipos de cultura organizacional descritos por Cameron e Quinn (1999) – cultura clã, adhocrática, hierárquica e de mercado. Os resultados mostraram que diferentes tipos de cultura têm efeitos distintos sobre a inovação; nomeadamente, a cultura tipo adhocrática favorece a inovação, enquanto as culturas hierárquicas afetam negativamente a inovação em produtos. Por fim, observou-se um maior efeito sobre a inovação quando todas as características que compõem determinada cultura são internamente coerentes. Os resultados obtidos contribuíram para a literatura centrada na relação entre a cultura e a inovação e têm implicações para as práticas gerenciais. 2.2.3.1 Estado da arte Com objetivo de identificar estudos sobre a cultura de inovação, que, embora já estudada, ainda não é de todo conhecida, realizou-se uma busca nas bases de dados Emerald, Gale, Science Direct, Wiley e Spell (Scientific Periodicals Electronic Library). Essas bases foram escolhidas por apresentarem textos completos na área de Ciências Sociais Aplicadas, bem como indexarem periódicos considerados de alto 100 impacto, listados na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e classificados como Qualis. Para tanto, optou-se por analisar todos os artigos publicados no período de 1980 até 2013. A pesquisa foi longitudinal quanto ao período de tempo. Na primeira etapa, buscou-se qualificar todos os artigos científicos que tratavam da cultura de inovação. A partir do acesso às bases de dados em estudo, somente artigos com disponibilidade completa foram coletados. Sabendo-se que as bases indexam artigos em português e em inglês, as seguintes palavras-chave foram definidas: “organizacional culture and innovation”, “innovation culture”, “cultura organizacional e inovação” e “cultura de inovação”. Na fase inicial de coleta de dados, foram selecionados os artigos em que apareciam as palavras-chave supracitadas. Assim, procedeu-se à leitura dos artigos publicados, avaliando se havia alguma ênfase voltada para a cultura de inovação. Quando confirmada essa abordagem, os artigos foram separados para nova avaliação e categorização. Nessas condições, foram selecionados 71 artigos para a análise final. O Gráfico 1 apresenta a frequência com que foram publicados artigos sobre o tema desta revisão. Gráfico 1 – Publicação anual de artigos sobre cultura organizacional e inovação. Fonte: Dados da pesquisa. Percebe-se um aumento das publicações a partir de 2004. Destacam-se os anos de 2011 e 2012 como os de maior volume de produção. Constatou-se que a base que mais indexou artigos sobre o tema foi a Emerald, com 25 artigos. Em segundo lugar, a base Science Direct, com 14 artigos. As bases de dados Gale e Wiley apresentaram 12 artigos cada uma. E na base de dados Spell foram encontrados oito 101 artigos. O Quadro 3 procura sistematizar as pesquisas abordando a influência da cultura na inovação, neste quadro não foram abordados somente os estudos que podem contribuir para o estudo pelos autores do assunto. Quadro 3 – Estudos abordando a cultura da inovação. AUTORES Quinn e McGrath (1985) Martins (1989) Amabile e Gryskiewicz (1989) Amabile (1997) Irani e Sharp (1997) Ahmed (1998) Carayannis e Sagi (2001) ESTUDOS INTERNACIONAIS PONTO DE VISTA DA ANÁLISE Identificaram quatro quadrantes distintos que derivam do cruzamento de duas dimensões com polos opostos, de flexibilidade versus controle e de internalidade versus externalidade. O modelo Competing Value Model tem por certo que as organizações podem ser caracterizadas conforme seus traços culturais comuns. Os autores apresentam quatro tipos de cultura organizacional: cultura grupal, cultura inovativa, cultura hierárquica e cultura racional. Desenvolveu um modelo para descrever cultura organizacional tendo em vista a organização ideal e também as contribuições da liderança na criação de uma cultura organizacional ideal. Os autores desenvolveram um instrumento para avaliar os estimulantes e obstáculos da criatividade no ambiente de trabalho. The Creative Environment Scales: Work Environment Inventory (WEI). Em um estudo teórico, destaca que as características empresariais mais benéficas são uma cultura de criatividade e um ambiente de trabalho que incentiva a comunicação e os fluxos de informação dentro da empresa e entre empresas e o ambiente externo. Cultura baseada na melhoria contínua e inovação. Cultura aberta com a participação dos funcionários; comunicação entre os departamentos; trabalho em equipe e compartilhamento de informações; existência de tempo hábil para inovação; suporte das lideranças. A adoção de características positivas da cultural organizacional proporciona à organização os subsídios necessários para inovar. A alta gerência fornece suporte emocional e financeiro. Investigaram o papel da cultura nacional em projetos de sistemas de informática internacionais. As diferenças culturais nacionais podem contribuir para o sucesso desses projetos e sistemas. Continua... 102 Continuando... AUTORES Ernst (2002) Knox (2002) Jung, Chow e Wu (2003) Martis e Terblanche (2003) Steele e Murray (2004) Martins e Martins e Terblanche (2004) De Brentani e Kleinschmidt (2004) Lemon e Sahota (2004) ESTUDOS INTERNACIONAIS PONTO DE VISTA DA ANÁLISE Revisaram os resultados dos trabalhos empíricos sobre os fatores de sucesso no desenvolvimento de novos produtos. O autor também identificou os fatores da cultura organizacional que influenciam o desenvolvimento de novos produtos. Cita quatro aspectos que sustentam uma organização inovadora: (1) a cultura e o clima organizacional; (2) capacidades e habilidades de gerenciamento; (3) controle e estrutura organizacional; (4) novos produtos e desenvolvimento de processos. Identificaram como os estilos de liderança dos gestores afeta a inovação, direta ou indiretamente. Os resultados apoiam uma ligação direta e positiva entre um estilo de liderança “transformacional” com a inovação. Realizaram uma ampla revisão da literatura e sintetizaram os valores culturais e normas que influenciam a criatividade e a inovação. O desenvolvimento de uma cultura de inovação é relevante se uma organização quer tornar-se proativa e bem-sucedida. A agilidade e a habilidade de uma organização para responder às mudanças do mercado são estimuladas por sua propensão a inovar. Com base em estudos de Martins (1989) e Martins e Terblanche (2003), os autores desenvolveram um modelo de cultura organizacional para estimular a criatividade e a inovação em uma biblioteca universitária da África do Sul. Realizaram um estudo com 252 empresas que participavam do desenvolvimento de novos produtos em âmbito internacional. Uma cultura organizacional que focaliza a inovação envolve empreendedorismo, risco e abertura de novas ideias para o desenvolvimento de novos produtos. Os autores apresentaram um modelo conceitual de cultura organizacional como um repositório de conhecimento. Para eles, a cultura de uma organização que inova pode ser controladora, relativa (fuzzy), inspiradora e cultivada. Cada uma possui uma forma específica de como inovar. Continua... 103 Continuando... AUTORES Bastic LeskovarSpacapan (2006) e Berson, Oreg e Dvir (2007) Dombrowski et al. (2007) Vance, Zell e Groves (2008) Dobni (2008) Çakar e Ertürk (2010) Cornejo e Muñoz (2010) NaranjoValencia, Sanz-Valle e Jiménez (2011) ESTUDOS INTERNACIONAIS PONTO DE VISTA DA ANÁLISE Identificaram fatores que contribuem para a capacidade de inovação. A cultura organizacional inovadora e a orientação para o mercado foram os fatores mais importantes para as organizações de transição que buscam ser inovadoras e, assim, alcançar a vantagem competitiva sustentada. Os autores verificaram as relações entre os valores organizacionais dos CEOs e a cultura organizacional, e entre a cultura organizacional e o desempenho da empresa. Identificou oito elementos da cultura organizacional inovadora: missão e visão inovadora; comunicação democrática; espaços seguros; flexibilidade; colaboração; expansão dos limites organizacionais; incentivos; liderança. O estudo examina as contribuições dos padrões de pensamento linear e não linear para a capacidade inovadora dos indivíduos dentro das organizações. Os autores consideram a relação entre essas dimensões do estilo de pensamento individual com o desenvolvimento de uma cultura de inovação, e como a sua interação mútua pode contribuir para a capacidade de sucesso da inovação e de gestão dentro das organizações. Desenvolveu um instrumento – Measuring Innovation Culture – que avalia multi-itens na construção de uma cultura da inovação, utilizando a análise fatorial exploratória como método de análise. Analisaram o impacto da cultura organizacional e do empoderamento na capacidade de inovação em pequenas e médias empresas da Turquia. Cultura de inovação e capacidade inovadora. Para as organizações serem inovadoras, é necessário em primeiro lugar criar condições favoráveis que impulsionem a inovação e, a partir disso, implantar um modelo próprio de cultura de inovação. Tipos de cultura organizacional usados por Cameron e Quinn (1999), os diferentes tipos de cultura têm efeitos distintos sobre a inovação; nomeadamente, a cultura tipo adhocrática favorece a inovação, enquanto as culturas hierárquicas afetam negativamente a inovação em produtos. Continua... 104 Continuando... AUTORES Brettel e Cleven (2011) Sharifirad e Ataei (2012) AUTORES Cunha, Palma e Santos (2008) Machado, Lehmann e Araújo (2008) Romero, Rébori e Camio (2010) Gobara et al. (2010) ESTUDOS INTERNACIONAIS PONTO DE VISTA DA ANÁLISE Partindo da visão baseada em recursos (RBV), o estudo verifica como a cultura de inovação tem impacto sobre a abertura para o conhecimento externo – medido em termos de comportamento colaborativo com cinco diferentes parceiros externos – e como o comportamento organizacional influencia o desempenho de desenvolvimento de novos produtos. Analisam a influência da cultura organizacional sobre a cultura de inovação, tendo como base o trabalho de Denison para cultura organizacional e os determinantes propostos Dobni (2008), que olhou para a inovação por meio da cultura organizacional. ESTUDOS NACIONAIS PONTO DE VISTA DA ANÁLISE O objetivo do estudo foi conhecer as práticas gerenciais adotadas pelas empresas que utilizam a inovação como base para seu negócio, e como estas práticas contribuem para a capacidade de inovação manifesta destas empresas. O pressuposto conceitual assumido é que a inovação é de natureza empresarial, e não apenas tecnológica. O objetivo dos autores foi identificar fatores que indiquem uma organização inovadora e caracterizar elementos da cultura que possam formar um ambiente inovador. Eles buscaram contribuir para o aperfeiçoamento teórico da área ao enfocar uma cultura de inovação no que diz respeito às suas manifestações em forma de comportamentos humanos nas organizações, apresentando dimensões ainda inexploradas no ambiente brasileiro. Identificaram as tipologias culturais presentes em um grupo de empresas intensivas no uso de tecnologia – consideradas, a priori, inovadoras ou potencialmente inovadoras – e sua relação com o grau de inovação que apresentam tais empresas. Com base no trabalho de Dobni (2008), os autores verificaram como as dimensões da cultura organizacional impactam na inovação das empresas de serviços, especificamente aquelas do setor hoteleiro da cidade de Curitiba. Continua... 105 Continuando... ESTUDOS NACIONAIS PONTO DE VISTA DA ANÁLISE Os autores propõem uma articulação teórica dos conceitos Souza, Lucas de práticas sociais, cultura e inovação, com o objetivo de e Torres interpretar as interações, o agir e o reagir às comunicações (2011) orais ou escritas, o negociar e a transmissão de informações, realizadas por meio de práticas organizacionais, vistas como manifestações culturais. Identificaram as práticas gerenciais que promovem a cultura inovadora em pequenas e médias empresas e analisaram Mambrini et como elas contribuem para a capacidade de inovação. O al. (2011) estudo foi realizado com seis empresas de pequeno e médio porte que possuíam pelo menos um caso de inovação relevante em sua história. Avaliaram a relevância dos comportamentos Monteiro, empreendedores para o desempenho dos colaboradores e da Palma e própria organização, suportados por uma cultura inovadora. Lopes (2012) A pesquisa foi realizada com 268 participantes de uma empresa do setor bancário. Apresentaram uma perspectiva de análise do ambiente propício à inovação com a incorporação da variável “cultura Machado, organizacional”. A base da análise recai sobre a adaptação Carvalho, da metodologia proposta por Van de Ven, Angle e Poole Heinzmann (2000) – incorporaram-se questões que envolvem aspectos (2012) relacionados com a cultura organizacional, sob a perspectiva dos estudos de Bates et al. (1995). O objetivo foi a compreensão da evolução dos estudos Chen, relacionados à inovação sob ótica dos elementos da Dultra-deorganização. O resultado demonstrou uma tendência Lima e crescente em estudar a inovação com base em redes de Martins conhecimento e alianças, assim como a manutenção da (2012) importância, ao longo do tempo, daqueles que abordaram a inovação e a organização como instrumento social. Fonte: Dados da pesquisa. AUTORES Conforme o Quadro 3, percebe-se que a conceituação da cultura organizacional com foco na inovação começou nos anos 80, e, entre os autores que mais contribuíram para o seu estudo, cabe citar Quinn e McGrath (1985) e também, de certo modo, Moss Kanter (1983) e De Bono (1986), que enfocaram suas análises nos obstáculos da inovação encontrados nos modelos de administração dominantes. Na década de 106 1990 destacam-se os estudos de Teresa Amabile sobre as características empresariais mais favoráveis para uma cultura de criatividade. Entretanto, os estudos sobre cultura de inovação tiveram destaque nos anos 2000, conforme apresentado no Quadro 5. 2.2.4 Cultura de Inovação Com base no trabalho de Schein (1985), Martins (1989, 1997) desenvolveu um modelo para descrever a cultura de inovação, bem como contribuições da liderança na criação dessa cultura, denominado Culture Assessment Instrument (CAI). O modelo baseou-se também na teoria de sistemas abertos, originalmente desenvolvida por Ludwig Von Bertalanfy, em 1950. Pesquisadores como Martins e Terblanche (2003), Martins, Martins e Terblanche (2004), Zdunczyk e Blenkinsopp (2007) e Sagiv e Schwartz (2007) veem a cultura organizacional no contexto da teoria de sistemas abertos, desenvolvida por Ludwig Von Bertalanffy (1950) e adaptada por autores como Katz e Kahn (1966), inicialmente aplicado na teoria de sistemas para organizações em 1966 (FRENCH; BELL, 1995). A organização como um sistema aberto e dinâmico, conforme descrito por Katz e Kahn (1966), é caracterizada por um processo contínuo de input (entradas), transformação e output (saídas). As entradas são descritas como a inclusão de novas pessoas na organização, materiais e energia, e as saídas são vistas como os produtos e serviços oferecidos pela organização. A abordagem de sistemas oferece um enfoque holístico, enfatizando a interdependência entre os diferentes subsistemas e os elementos de uma organização que são considerados como um sistema aberto (FRENCH; BELL, 1995). O modelo do sistema organizacional desenvolvido por Martins (1989, 1997), demonstrado na Figura 17, explica a interação entre os subsistemas organizacionais (objetivos, estrutura, gestão, tecnologia e psicossociologia). Essa interação complexa, que ocorre em diferentes níveis entre indivíduos e grupos dentro da organização e com outras organizações e o ambiente externo, pode ser visto como o principal determinante do comportamento no local de trabalho. Os padrões de interação entre as pessoas, as funções, a tecnologia e o ambiente externo representam um ambiente complexo que influencia o comportamento nas organizações. 107 Figura 17 – Modelo de Cultura Organizacional. SISTEMA ORGANIZACIONAL O AMBIENTE EXTERNO - A cultura social - A cultura industrial - A cultura corporativa Subsis. Objetivos e Valores Subsis. Subsist. Gerência FUNÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA Subsistem a PsicoSociológ. Fonte: Adaptado de Martins (1987). - Visão e missão - Ambiente externo - Meios para atingir os objetivos - Imagem da organização Subsis. Tecnológ. Estrutural DIMENSÕES DA CULTURA - Processos de gestão O SISTEMA INTERNO - Artefatos - Valores - Pressupostos básicos - Necessidades dos funcionários e objetivos - Relações interpessoais - Liderança 108 Conforme a Figura 17, o modelo consiste em três elementos principais: (1) o sistema organizacional, que é dividido em cinco subsistemas (objetivos e valores, estrutura, gerência, tecnológico e psicossociológico); (2) as funções de sobrevivência, que estão divididas em ambiente externo (cultura social, industrial e empresarial) e os sistemas internos (artefatos, valores e pressupostos básicos); e (3) as dimensões da cultura. Segundo Martins e Terblanche (2003), estas dimensões englobam: Visão e missão – determina a compreensão dos trabalhadores da visão, missão e valores da organização e como estes podem ser transformados em metas e objetivos mensuráveis em nível individual e em equipe. Ambiente externo – determina o grau de foco nos clientes externos e internos, e também a percepção dos funcionários sobre a eficácia do envolvimento da comunidade. Meios para atingir os objetivos – determina a maneira pela qual a estrutura organizacional e os mecanismos de suporte contribuem para a eficácia da organizacional; Imagem da organização – centra-se na imagem da organização para o mundo exterior. Processos de gestão – incide sobre a maneira como os processos de gestão acontecem na organização, incluindo aspectos como a tomada de decisões, a formulação de objetivos, processos de inovação, e processos de controle e comunicação. Necessidades dos funcionários e objetivos – incide sobre a integração das necessidades dos funcionários com os objetivos da organização, na percepção dos funcionários. Relações interpessoais – incide sobre a relação entre os gestores e o pessoal e sobre a gestão do conflito. Liderança – concentra-se em áreas específicas que refortalecem a liderança, na percepção dos funcionários. Como resultado da interação e influência recíproca dos diversos subsistemas, uma cultura única é criada em cada organização, tornando-as únicas e distinguindo-as das outras organizações. O modelo tem sido usado como base para identificar os determinantes da cultura de inovação que influenciam o grau de criatividade e inovação nas organizações. Os vários subsistemas juntos formam a cultura da organização, que influencia o comportamento dos funcionários, fornecedores e clientes, bem como a relação com a comunidade. De acordo com Martins 109 (1989), uma organização é um sistema social complexo onde as atividades individuais e em grupo acontecem. Ao estudar a influência da cultura organizacional na criatividade e na inovação, observa-se que as dimensões da cultura do modelo de Martins (1997) têm um impacto direto na criatividade e na inovação. Assim, Martins e Terblanche (2003) e Martins e Martins e Terblanche (2004) sintetizaram os determinantes da cultura de inovação que influenciam a criatividade e a inovação, conforme encontrado na literatura. A Figura 18 apresenta os determinantes da cultura de inovação que influenciam na inovação. Figura 18 – Determinantes da cultura de inovação Determinantes da cultura de inovação - Missão e visão estratégica - Foco no cliente (ambiente externo) - Meios para atingir objetivos - Processos de gestão - Objetivos e necessidades do empregado - Relações interpessoais - Liderança Determinantes da criatividade e inovação Estímulo a Mecanismos Estratégia Estrutura Comunicação inovação de suporte - Visão e - Flexibilidade. Recompensas Manipulação Missão. do erro - Liberdade; Reconhecim. Geração de - Determinação ○ Autonomia Disponibilid. Ideias. Comunicaçao aberta. Empoderamen. de Recursos; Aprendizag. ○ Tempo Contínua ○ Tomada de Propensão ao decisão ○ Tecnologia risco. - Equipes de Informação Competitivid. cooperação e Apoio à interação do ○ Pessoas mudança. grupo. Criativas Manipulação do conflito. INOVAÇÃO Fonte: Adaptado de Martins e Terblanche (2003). 110 Visto que existe pouca evidência empírica ou consenso entre os teóricos sobre quais aspectos da cultura de inovação favoreceriam a criatividade e a inovação, o modelo de Martins e Terblanche (2003) e Martins e Martins e Terblanche (2004) (Figura 18) mostra que as dimensões que descrevem a cultura de inovação têm influência sobre o grau em que a criatividade e a inovação são realizadas. Essa influência pode ser dividida em cinco determinantes da cultura de inovação: estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação. Embora o modelo, recentemente desenvolvido, possa ilustrar apenas uma parte do fenômeno, oferece uma ideia inicial para ampliar a compreensão acerca da influência da cultura organizacional na criatividade e na inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Os determinantes da cultura organizacional que influenciam a criatividade e a inovação são apresentados na sequência, e cada um deles pode promover ou inibir a criatividade e a inovação nas organizações. 2.2.4.1 Estratégia Organizacional As organizações do setor têxtil precisam adotar estratégias de inovação que permitam sustentar uma posição competitiva no mercado global, fazendo frente à concorrência no mercado interno e externo (COSTA; MONTEIRO FILHA; GUIDOLIN, 2011). As organizações mais propensas a fazer a inovação acontecer são aquelas que têm uma visão clara do futuro. Uma estratégia de inovação é uma estratégia que promove o desenvolvimento e a implementação de novos produtos e serviços (MARTINS; MARTINS, 2002). Ledford, Wendnhof e Strahley (1994) sugerem que, se corretamente formuladas e expressas, as declarações da missão e visão estratégica podem oferecer três vantagens: primeiro, as declarações podem ser usadas para guiar os comportamentos e a tomada de decisão; segundo, as declarações da filosofia da empresa expressam a cultura organizacional, que pode ajudar os funcionários a interpretar estímulos ambíguos; terceiro, elas podem contribuir para o desempenho organizacional, motivando os funcionários ou os sentimentos inspiradores do compromisso. Um dos efeitos das declarações de missão e visão das organizações é a sua influência na criação de uma cultura forte, capaz de orientar adequadamente os comportamentos e ações (AHMED, 1998). 111 Ter uma filosofia empresarial clara permite que as pessoas coordenem suas atividades para alcançar objetivos comuns, mesmo na falta de orientação dos seus gestores (OUCHI, 1983). No entanto, há também um grau de dúvida se as declarações de credo têm algum valor na condução da organização para os objetivos. Muitas vezes as declarações encontradas nas organizações são de pouco valor, porque não conseguem manter a atenção das pessoas ou motivá-las a trabalhar para um fim comum (COLLINS; PORRAS, 1991). As metas e os objetivos organizacionais refletem as prioridades e os valores da organização e, como consequências, podem promover ou dificultar a inovação (ARAD, HANSON; SCHNEIDER, 1997). A criatividade e a inovação encontram-se na visão e na missão da organização, que devem estar voltadas para o futuro. Além disso, a visão e a missão de uma organização criativa e inovadora são também orientadas para o cliente e para o mercado (MARTINS; TERBLANCHE, 2003; MARTINS, MARTINS; TERBLANCHE, 2004). A declaração da missão e visão ajuda a concentrar a energia de uma organização. Essas são diretivas que unem os funcionários, as práticas de trabalho e todo o ser da organização. À medida que as organizações crescem e se diversificam, a necessidade da missão e da visão se torna mais crítica. É possível encontrar departamentos como o marketing, a contabilidade, os recursos humanos, etc., crescendo para se tornarem organizações em si mesmas. As declarações de missão e visão unificam os grupos díspares para se concentrar no objetivo comum da organização. A falta de um objetivo comum pode gerar facções (como a facção de marketing, a facção dos recursos humanos, etc.) que atendem a seus próprios interesses, comprometendo os objetivos maiores da organização (DOMBROWSKI et al., 2007). Uma organização necessita alinhar incentivo e motivação com o fomento da missão e da visão comum da organização, caso contrário a organização encontrará sua força atenuada por meio de múltiplas visões e missões, incentivando cada departamento a adotar seu próprio objetivo e proteger seu território. Nesse sentido, as declarações de missão e visão podem vir a ser ativos valiosos, orientando as organizações em tempos de prosperidade ou declínio para um objetivo único de melhor desempenho organizacional (DOMBROWSKI et al., 2007). As declarações de missão e visão são úteis no momento em que os funcionários percebem que o conteúdo dessas declarações está sendo “vivido” por membros da alta gestão. As declarações de missão e visão 112 que aspiram à inovação, mas são contrariadas por comportamentos entre os altos executivos que não apoiam ideias inovadoras, abertura e compartilhamento, podem elevar os níveis de cinismo. Em organizações nessa situação, a missão e a visão são contraproducentes e impedem que os seus objetivos sejam atingidos (DOMBROWSKI et al., 2007). Com base no exposto, entende-se que a estratégia organizacional é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. 2.2.4.2 Estrutura Organizacional A cultura tem influência sobre a estrutura e sobre os sistemas operacionais em uma organização (ARMSTRONG, 1995). A estrutura enfatiza alguns valores que têm influência sobre o desenvolvimento ou sobre a restrição da criatividade e inovação nas organizações (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). As organizações com estruturas flexíveis propiciam o desenvolvimento e a implementação de novas ideias, sendo mais inovadoras do que as organizações com estruturas rígidas (UTTERBACK, 1979). No caso do setor têxtil, um dos desafios é a obtenção da flexibilidade produtiva, com ganho de eficiência e produtividade, uma vez que o setor opera com uma diversidade de produtos com ciclo de vida extremamente reduzido por causa das tendências de moda (RECH, 2006). Burns e Stalker (1961) ressaltam a agilidade da tomada de decisão como crucial em ambientes dinâmicos. Estruturas “orgânicas” permitem uma resposta mais rápida às mudanças no ambiente externo. Por outro lado, as estruturas “mecanicistas” são indicadas em ambientes previsíveis e onde a resposta rápida não é um fator decisivo. A estrutura organizacional também tem influência direta na inovação. Pode-se dizer que a inovação é reforçada por estruturas orgânicas, em vez de estruturas mecanicistas. Em outras palavras, estruturas orgânicas estão mais propensas a promover a inovação do que estruturas mecanicistas. Se as normas certas são estabelecidas e amplamente compartilhadas, então a cultura pode ativar a criatividade. Contudo, se existe uma cultura imprópria, não alinhada a mecanismos de autonomia, não importa o esforço e a boa intenção das pessoas em tentar promover inovações: poucas ideias provavelmente surgirão (AHMED 1998). 113 No que tange à influência da cultura organizacional em uma estrutura que apoia a criatividade e a inovação, valores como flexibilidade, liberdade e trabalho em equipe irão estimular a criatividade e a inovação. Por outro lado, valores como rigidez, controle, previsibilidade, estabilidade e ordem (principalmente se associados a estruturas hierárquicas) serão um obstáculo à criatividade e à inovação (ARAD; HANSON; SCHNEIDER, 1997; MARTINS; TERBLANCHE, 2003). A flexibilidade é um elemento substancial da cultura organizacional que pode ser estimulada de diversas maneiras: rotação de trabalho funcional, rotação de trabalho geográfico, troca de tarefas, encontros cross-country, etc. A rotação de trabalho funcional permite que os funcionários participem dos diferentes aspectos de um negócio e proporciona-lhes novas perspectivas de fazer perguntas e minar suposições. Da mesma forma, a rotação de trabalho geográfico tem sido defendida como um meio de incentivar uma mentalidade global (GUPTA; GOVINDARAJAN, 2002), uma vez que fornece aos funcionários oportunidades de aplicar e, possivelmente, ensinar suas habilidades em muitos contextos (DOMBROWSKI et al., 2007). A transferência de conhecimento entre contextos ou departamentos funcionais pode levar a inovações, especialmente se combinada com baixo nível hierárquico e com sistemas de comunicação democráticos. Incentivar as redes sociais dentro e fora da organização também ajuda a obter flexibilidade. Reuniões entre organizações e departamentos funcionais distintos podem, inicialmente, apresentar dificuldades, mas com a prática os funcionários podem e vão apreender comportamentos sociais por meio das divisões funcionais e geográficas (DOMBROWSKI et al., 2007). No setor têxtil, dentre as formas de flexibilização, destacam-se o uso de horas extras, o banco de horas, a terceirização e os contratos temporários de trabalho. A terceirização no setor é utilizada tanto nas atividades meio quanto nas ligadas diretamente à produção. Nos segmentos têxteis e de malharia, destaca-se a terceirização dos serviços de técnicos e de manutenção, devido ao tipo de máquinas utilizadas, que requerem manutenção constante. No setor do vestuário, é expressiva a terceirização de atividades ligadas diretamente à produção, principalmente nas etapas de montagem e acabamento, o que permite às organizações do segmento flexibilizar a quantidade de trabalhadores na produção e dimensionar a capacidade produtiva de acordo com o volume de pedidos (PICCININI; OLIVEIRA; FONTOURA, 2006). 114 Fatores associados a uma maior flexibilidade, fundamentais para alcançar a inovação – como criatividade, autonomia e propensão ao risco –, são difíceis de ser maximizados quando a organização coloca ênfase na estabilidade e no controle. Uma cultura que fomenta a flexibilidade favorece o desenvolvimento da inovação na organização (NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2012). Assim, é possível considerar que a estrutura organizacional é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. 2.2.4.3 Mecanismos de Suporte Mecanismos de suporte devem estar presentes na cultura de uma organização para criar um ambiente que irá promover a criatividade e a inovação. As recompensas e o reconhecimento, bem como e a disponibilidade de recursos como tempo, tecnologia da informação, treinamento e pessoas criativas, são mecanismos que apoiam a criatividade e a inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Cada vez mais, um fator fundamental para o ganho de competitividade das organizações do setor têxtil é a qualificação e o treinamento dos recursos humanos (RECH, 2006). Amabile et al. (1996) consideram a motivação intrínseca como a forma de motivação mais associada com a criatividade. A motivação intrínseca é formada por características como; interesse, competência e autodeterminação pelo trabalho, aumento de autonomia, melhores oportunidades de crescimento pessoal. No momento em que a motivação intrínseca é alta, os membros da organização se envolvem e podem buscar mais informações sobre a atividade e, além disso, romper com estilos habituais de geração de ideias (AMABILE et al., 2005). A tecnologia da informação como mecanismo de suporte é um recurso fundamental para o sucesso da inovação (SHATTOW, 1996). No segmento industrial têxtil e de confecção, as melhorias obtidas com a utilização dos sistemas CAD/CAM e de dispositivos de controle numérico são a diminuição no tempo do processo produtivo e no desperdício de tecido, a agilização do processo criativo e produtivo e, consequentemente, a diminuição de custo (RECH, 2006). Em organizações onde é parte da cultura a disponibilização de ferramentas como a internet e intranet, amplia-se a possibilidade de ocorrência de criatividade e inovação, tendo em vista que essas ferramentas promovem 115 a comunicação e a troca de ideias entre os empregados (BRESNAHAN, 1997; KHALIL, 1996). Recrutamento, seleção e manutenção dos empregados são formas de promover uma cultura voltada para a criatividade e a inovação. Os valores e crenças são refletidos no tipo de pessoas que são contratadas. Além dos traços de personalidade, como a inteligência, do conhecimento, da tomada de risco, da curiosidade e da energia, um valor como a diversidade na formação dos grupos de trabalho é de suma importância na contratação de pessoas criativas e inovadoras (BRESNAHAN, 1997; GARDENSWARTZ; ROWE, 1998). Os resultados do estudo de Silva Filho e Queiroz (2011) apontam para a alta rotatividade e/ou pouco tempo de permanência dos trabalhadores empregados nos setores têxteis catarinense e cearense. Possivelmente, a alta rotatividade no setor é devida ao grau de exigência de qualificação da mão de obra, o que deixou muitos trabalhadores fora desse mercado. Antes, as atividades do setor eram bastante simples, exigindo um baixo nível de preparo para a sua execução. Entretanto, com a difusão da microeletrônica, as organizações do setor necessitam habilidades mais complexas de seus trabalhadores, e muitos não estariam qualificados para atuar nesse novo contexto (PICCININI; OLIVEIRA; FONTOURA, 2006). É preciso atentar para o fato de que não se trata de um processo aleatório ou mesmo despretensioso de qualificar a mão de obra. No setor têxtil, há objetivos implícitos e explícitos envolvidos no processo, que vão desde a maior preparação para lidar com máquinas e equipamentos mais avançados à sutil sujeição às estratégias de qualificação que a organização julgue mais adequadas para cada tipo de função (SARAIVA; PIMENTA; CORRÊA, 2005; FIRJAM; FERRAZ, 2011). Capacitar as pessoas para inovar é uma das maneiras mais eficazes para os líderes mobilizarem as energias das pessoas no sentido de promover a criatividade. As pessoas estão aptas a disponibilizar meios que as permitam desenvolver suas próprias inovações para realizar suas tarefas (AHMED 1998). Ao que tudo indica, os mecanismos de suporte são um dos componentes que têm efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. 2.2.4.4 Comportamentos que Estimulam a Inovação A forma como os erros são manipulados irá determinar se as pessoas sentem-se livres para agir de maneira criativa e inovadora. Os 116 erros podem ser ignorados, encobertos, usados para punir alguém ou percebidos como uma oportunidade de aprendizagem (BRODTRICK, 1997). A tolerância com relação aos erros compõe uma condição fundamental em culturas que apoiam a criatividade e a inovação. Culturas organizacionais que privilegiam o processo de aprendizagem contínua e encorajam seus empregados a desenvolver novas ideias, sem a preocupação de prejudicá-los por eventuais fracassos, favorecem a criatividade e a inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Os funcionários precisam conhecer os riscos que eles podem assumir de forma segura. Isso os ajuda a definir o espaço no qual estão autorizados a agir de forma competente, e as ocasiões em que eles precisam de autorização para engajar-se em suas ações. Dessa forma, a compreensão do risco proporciona uma definição clara da prioridade e do espaço para ações inovadoras (AHMED, 1998). Sem saber que existe tolerância ao risco dentro da organização, os funcionários tendem a não estar dispostos a tentar inovar ou se envolverem em atividades que são um desvio da tradição (AHMED, 1998). A tolerância aos erros é um elemento essencial para o desenvolvimento de uma cultura que promove a criatividade e a inovação. As organizações bem-sucedidas recompensam o sucesso e reconhecem ou comemoraram as falhas, por exemplo, criando oportunidades para abertamente discutir e aprender com os erros (RYAN, 1996; TUSHMAN; O’REILLY, 1997). O líder tem um papel fundamental nos comportamentos que podem estimular a inovação, já que ele é um dos responsáveis pela motivação. Um líder pode criar ou destruir uma cultura de inovação. Para favorecer a inovação, ele deve ser aberto e flexível. Liderança em inovação implica risco, persistência e espírito empreendedor, mas também tolerância ao fracasso (CORNEJO; MUÑOZ, 2010). O ambiente de trabalho participativo é levado em consideração nos comportamentos que estimulam a inovação. Cornejo e Muñoz (2010) destacam que as organizações que promovem uma cultura de inovação devem ser flexíveis e abertas, com um projeto compartilhado e consensual que se baseia na confiança entre os atores envolvidos e que, portanto, necessita de poucas regras. Se a inovação não se socializa, não existe sistema de inovação possível. O processo de inovação necessita de colaboração, compromisso, solidariedade e comunicação aberta. É fundamental que as organizações criem mecanismos de participação coordenados, estimulando assim a inovação. Nesse sentido, pode-se assinalar que os comportamentos que estimulam a inovação são um dos 117 componentes que têm efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. 2.2.4.5 Comunicação Schein (1993) versa sobre as contribuições do diálogo para a construção da confiança entre os grupos, o reconhecimento pelos grupos da existência de diferentes ideias e formas de comunicação, a equalização dos papéis de cada indivíduo no processo de aquisição de conhecimento do grupo e o rompimento de paradigmas. Uma cultura organizacional que dá suporte à comunicação aberta e transparente, com base na confiança, terá uma influência positiva na promoção da criatividade e da inovação (BARRET, 1997; ROBBINS, 1996). Damanpour (1991), em um estudo dos antecedentes da inovação organizacional, descobriu que a atitude em relação à mudança e a comunicação externa e interna estavam positivamente relacionadas com a inovação. Os funcionários devem se sentir emocionalmente seguros o suficiente para agir de forma criativa e inovadora, portanto, a confiança mútua é um aspecto que contribui para disseminar a segurança necessária e pode ser incentivada com canais fluidos de comunicação por toda a organização (FILIPCZAK, 1997; FROHMAN; PASCARELLA, 1990). A comunicação entre membros da equipe, como a comunicação com agentes externos, colabora para o melhor resultado das equipes de desenvolvimento, ou seja, quanto melhor for a comunicação interna e externa, melhor será o resultado do processo de desenvolvimento de produtos (ALLEN, 1971; BROWN; EISENHARDT, 1995). Conforme abordado anteriormente, os aspectos multifuncionais críticos das comunicações internas foram estudados por Dougherty (1990), cuja pesquisa apontou que indivíduos de departamentos distintos compreendiam o desenvolvimento de produtos de diferentes maneiras. Dombrowski et al. (2007) argumentam que é necessário eliminar as barreiras de comunicação. A hierarquia, o poder centralizado e o autoritarismo limitam a participação dos funcionários na resolução de problemas. Quando os membros de uma organização são incentivados a participar da tomada de decisões e da resolução de problemas, eles se sentem habilitados a assumir funções adicionais. 118 Em geral, é substancial para as organizações proporcionar uma cultura de comunicação democrática lateral sem as cadeias hierárquicas, a fim de atrair e reter pessoas talentosas que são necessárias para a busca da experimentação e da inovação. Organizações que enfatizam esse elemento da cultura de inovação são mais propensas a se envolver tanto em inovações incrementais como em inovações radicais, uma vez que as pessoas compreendem a cultura da empresa e estão geralmente dispostas a sugerir ideias radicais e melhorias nos processos existentes (DOMBROWSKI et al., 2007). Diante do exposto, é possível considerar que a comunicação é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. 2.2.4.6 Estudos anteriores – Cultura de Inovação Martins, Martins e Terblanche (2004) realizaram um estudo empírico para verificar quais determinantes da cultura de inovação têm influência na criatividade e na inovação em uma biblioteca universitária da África do Sul. O estudo foi baseado no modelo de Martins (1989, 1997), que descreveu a cultura organizacional e a importância da liderança no desenvolvimento de uma cultura que influencia o comportamento organizacional. Um novo modelo foi desenvolvido e comparado com o modelo teórico anterior, mostrando semelhanças, diferenças e novas perspectivas. O estudo de Martins, Martins e Terblanche (2004) contou com uma amostra de 188 empregados da biblioteca universitária em estudo. Para a coleta de dados, os autores utilizaram o questionário de Martins (1989, 1997). O instrumento de coletas original conta com 95 assertivas, das quais 46 foram identificadas como tendo uma possível influência na criatividade e na inovação em uma organização. Para a análise dos dados, os autores utilizaram a análise fatorial. Os resultados revelam que sete fatores podem influenciar a criatividade e a inovação na empresa estudada, sendo eles: estratégia, determinação, confiança, comportamentos que estimulam a inovação, ambiente de trabalho, orientação para o cliente e apoio da direção. O fator “confiança”, em particular, estimula o apoio dos empregados para a mudança e aumenta a probabilidade de essa mudança ser exitosa, influenciando, assim, o grau em que a criatividade e a inovação são estimuladas e promovidas. Nkosi e Roodt (2004) pesquisaram os possíveis vieses encontrados no Culture Assessment Instrument (CAI) proposto por 119 Martins (1989). O objetivo do estudo foi verificar se o instrumento respeita a diversidade cultural e pode realizar previsões precisas sobre membros de diferentes raças, gêneros, idades e idiomas, uma vez que indivíduos de diferentes grupos culturais podem ter interpretações distintas. Um item do instrumento de coleta de dados pode ser considerado tendencioso quando a resposta do participante é influenciada pela sua raça, idade, gênero e idioma, e não pela sua percepção individual sobre a questão levantada. A amostra foi composta por 4.066 respondentes, de cinco empresas diferentes, provenientes de diversos setores. Os autores concluíram que o CAI não é tendencioso em nenhum dos grupos pesquisados. Zdunczyk e Blenkinsopp (2007) realizaram um estudo empírico sobre os fatores organizacionais que influenciam a criatividade e a inovação em organizações polonesas. Os autores utilizaram o modelo desenvolvido por Martins e Terblanche (2003) para examinar quatro dimensões fundamentais: estratégia, estrutura, mecanismos de suporte e comportamentos que estimulam a inovação. O estudo foi realizado com 67 gerentes de diferentes empresas, incluindo joint ventures e subsidiárias de empresas internacionais que realizam suas atividades na Polônia. O questionário foi composto por 40 itens, dez itens por dimensão, com pesos iguais para cada dimensão. As assertivas foram respondidas por meio de escala do tipo Likert de sete pontos, variando de 1 (“Discordo totalmente”) a 7 (“Concordo totalmente”). Os resultados apontaram que as estrangeiras que realizam suas atividades na Polônia são mais propensas à criatividade e à inovação do que as empresas totalmente polonesas. 2.2.5 Desempenho em Inovação de Produtos A inovação de produtos consiste na exploração bem-sucedida de novas ideias (ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). Portanto, isso implica duas condições: novidade e utilidade (GEE, 1981). Nesta pesquisa, a inovação do produto será abordada em duas diferentes dimensões: eficácia e eficiência. Essa perspectiva foi trabalhada inicialmente por Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). Os autores desenvolveram uma escala de medida de desempenho em inovação de produtos denominado: Desempenho Inovador. As propriedades psicométricas do modelo foram testadas e validadas primeiramente no contexto das empresas de biotecnologia; posteriormente, outros estudos 120 empíricos foram realizados com a utilização da escala (ALEGRE; CHIVA, 2008; ALEGRE; CHIVA, LAPIEDRA, 2009; BAKAR; AHMAD, 2010; HENTTONEN; RITALA, JAUHIAINEN, 2011; MORENO; REALY; ROSA, 2011). Segundo Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), a eficácia da inovação reflete o seu nível de sucesso. Por outro lado, a eficiência da inovação reflete o esforço feito para alcançar determinado sucesso. Essas duas dimensões de desempenho da inovação de produto são compatíveis com estudos anteriores (WHEELWRIGHT; CLARK, 1992; OCDE-EUROSTAT, 1997; GRIFFIN, 1997; ZHAN; DOLL, 2001; VALLE; AVELLA, 2003). A eficácia da inovação versa sobre os resultados econômicos da inovação de produtos, ou seja, sobre o impacto econômico da inovação na empresa, ou, ainda, sobre a importância econômica das saídas do processo de inovação. A segunda dimensão, por outro lado, se refere a recursos consumidos para atingir esses resultados, ou seja, do próprio processo. Assim, a primeira dimensão procura descobrir o que é obtido a partir da inovação (eficácia do resultado de inovação) e a segunda se concentra em como realizar esse processo de inovação (a eficiência do processo). Ambas as dimensões do desempenho em inovação são amplamente discutidas na literatura (BROWN; EISENHARDT, 1995; ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). O Manual de Oslo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) oferece uma escala de medida para a avaliação detalhada dos objetivos econômicos da inovação (OCDE-EUROSTAT, 1997). Essa escala foi apresentada pela OCDE para dar alguns controladores coerentes para estudos sobre inovação, conseguindo assim uma maior homogeneidade e comparabilidade entre os estudos (ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). Os resultados econômicos da inovação de produtos foram coletados do Manual de Oslo (OCDE-EUROSTAT, 1997) e são objeto de estudo de pesquisas sobre inovação (ALEGRE; CHIVA, 2008; ALEGRE; CHIVA, LAPIEDRA, 2009; BAKAR; AHMAD, 2010; HENTTONEN; RITALA, JAUHIAINEN, 2011; MORENO; REALY; ROSA, 2011). Os resultados econômicos da inovação de produtos podem ser obtidos por meio do método da autoavaliação pelos diretores, sobre as inovações desenvolvidas por suas empresas. A autoavaliação sobre o número de inovações introduzidas pelas empresas já é largamente utilizada nos países da OCDE. Ela consiste em perguntar diretamente aos diretores e colaboradores pelas inovações tecnológicas 121 desenvolvidas durante determinado período. Esse método oferece em primeira mão informações sobre o resultado do processo de inovação (KLEINKNECHT, 1993, COOMBS; TOMLINSON, 1998). Apesar das suas limitações, esse método é amplamente utilizado nos estudos sobre inovações tecnológicas e está recomendado pelo Manual de Oslo e por outros estudos que já utilizaram o modelo (ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006; ALEGRE; CHIVA, 2008; ALEGRE; CHIVA, LAPIEDRA, 2009; BAKAR; AHMAD, 2010; HENTTONEN; RITALA, JAUHIAINEN, 2011; MORENO; REALY; ROSA, 2011). A aplicação desta escala, de confirmada validez e amplamente utilizada, é recomendada com o fim de aproveitar a experiência de estudos anteriores e tentar harmonizar seus resultados, estabelecendo, assim, comparações intersetoriais e internacionais. O Quadro 4 apresenta as variáveis e os autores utilizados para medir a eficácia da inovação. Quadro 4 – Variáveis e autores para medir a eficácia da inovação. Descrição Substituição de produtos ultrapassados. Ampliação da linha de produtos. Desenvolvimento de produtos fora do segmento principal da organização (produtos secundários). Desenvolvimento de novas linhas de produtos. Desenvolvimento de produtos que respeitam o meio ambiente (produtos ecológicos). Autores OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e 122 Aumento na participação de mercado. Abertura de novos mercados no exterior. Abertura de novos mercados nacionais. Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Fonte: Elaboração própria. No que tange à segunda dimensão – eficiência do processo da inovação de produtos –, foram considerados os seguintes aspectos, conforme o Quadro 5. Quadro 5 – Variáveis e autores para medir a eficiência da inovação. Descrição Duração média dos projetos de inovação (um projeto de inovação se refere à criação de um novo produto ou um novo componente). Tempo médio total empregado para o desenvolvimento dos projetos de inovação (horas de trabalho de todos os empregados envolvidos). Autores Gupta e Wilemon (1990); Cordero (1991); Mabert, Muth e Schmenner (1992); Cooper e Kleinschmidt, (1993); Takeuchi e Nonaka (1986); Wheelwright e Clark (1992); Pisano (1994); Chiesa, Coughlan e Voss (1996); Freeman e Soete (1997); OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Gupta e Wilemon (1990); Cordero (1991); Mabert, Muth e Schmenner (1992); Cooper e Kleinschmidt, (1993); Takeuchi e Nonaka (1986); Wheelwright e Clark (1992); Pisano (1994); Chiesa, Coughlan e Voss (1996); Freeman e Soete (1997); OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). 123 Custo médio por projeto de inovação. Grau de satisfação geral com a eficiência dos projetos de inovação. Gupta e Wilemon (1990); Wheelwright e Clark (1992); Pisano (1994); Chiesa, Coughlan e Voss (1996); OCDE-EUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Ancona e Caldwell (1990, 1992a, 1992b); Chiesa, Coughlan e Voss (1996); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Fonte: Elaboração própria. A eficiência da inovação de produto é determinada pelo custo e pelo tempo do projeto de inovação (WHEELWRIGHT; CLARK, 1992). Custo e tempo de desenvolvimento têm sido mensurados tanto objetiva (HOOPES; POSTREL, 1999; GRIFFIN, 1993; PISANO, 1994) quanto subjetivamente (GRIFFIN; PAGE, 1993; GRIFFIN, 1997; ZHAN; DOLL, 2001; MCEVILY; CHAKRAVARTHY, 2002; VALLE; AVELLA, 2003). Medidas objetivas dos custos e tempo de desenvolvimento usualmente se referem a um projeto de inovação específico que foi analisado em detalhe, enquanto medidas subjetivas têm sido geralmente aplicadas em pesquisas sobre inovação (ALEGRE; LAPIEDRA, CHIVA, 2006). Além da relevância do custo e do tempo para determinar a eficiência do processo de inovação, alguns estudos têm também incluído uma avaliação subjetiva sobre a eficiência global de inovação do projeto (HENTTONEN; RITALA, JAUHIAINEN, 2011). Ancona e Caldwell (1990, 1992a, 1992b) usaram itens de avaliação subjetiva sobre o desempenho global de inovação em suas obras sobre comunicação externa das equipes de desenvolvimento de produto. Em 2001, uma iniciativa da Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnología (RICYT), da Organización de Estados Americanos (OEA) e do Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo (CYTED) desenvolveu o Manual de Bogotá, que, com base no Manual de Oslo, visando garantir a comparabilidade internacional, sugere algumas referências para a adequação dos indicadores de inovação às especificidades que caracterizam os sistemas de inovação e as empresas da América Latina e Caribe. Com base nisso, para a formulação do instrumento de coleta de 124 dados foram levadas em consideração as especificidades das organizações brasileiras. 2.2.5.1 Estudos anteriores - Desempenho em Inovação de Produtos A perspectiva do desempenho em inovação de produtos foi trabalhada inicialmente por Alegre (2003) e Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). Esses autores desenvolveram uma escala de medida de desempenho em inovação de produto, dividindo essa escala em duas dimensões diferentes: eficácia e eficiência. As propriedades psicométricas do modelo foram testadas e validadas primeiramente no contexto de uma única indústria: os produtores de biotecnologia francesa. A indústria de biotecnologia é caracterizada por um alto grau de inovação. Segundo os autores, a análise de uma única indústria é útil na avaliação do desempenho em inovação, uma vez que os novos produtos serão mais homogêneos em relação a sua tecnologia e seus efeitos econômicos. A amostra foi composta por 132 empresas de biotecnologia, de produção privada, com pelo menos três anos de experiência. O questionário era composto por 12 questões, sendo que oito abordavam aspectos sobre eficácia, e quatro sobre eficiência. Para ambas as dimensões, “eficácia” e “eficiência”, os autores usaram uma escala Likert de sete pontos, na qual 1 é “Muito pior do que os concorrentes”, e 7 “Muito melhor do que os concorrentes”, de modo que os entrevistados tivessem uma referência para comparar o seu desempenho. A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) foi usada para verificar a bondade do ajuste das escalas de medição. Este método também fornece as correlações entre os fatores. A técnica usada para a análise dos dados foi a Modelagem de Equações Estruturais. Os resultados indicaram que as cargas dos itens de medição sobre os fatores de primeira ordem e as cargas dos fatores de primeira ordem sobre os fatores segunda ordem foram todos significativos. Além disso, a confiabilidade composta quanto à eficácia e eficiência da inovação são 0,892 e 0,852, respectivamente. Evidenciou-se uma correlação significativa entre ambas as dimensões. Desta forma, para melhorar o desempenho da inovação de produtos, os gestores devem levar em consideração ambas as dimensões ao mesmo tempo. Os resultados da pesquisa foram consistentes com a literatura de gestão da inovação. A 125 eficácia e a eficiência podem ser consideradas como duas dimensões do desempenho em inovação de produtos. Alegre e Chiva (2008) pesquisaram como a capacidade de aprendizagem organizacional afeta o desempenho em inovação de produtos na indústria de revestimentos cerâmicos. A capacidade de aprendizagem organizacional foi definida por meio de cinco dimensões ou mecanismos: a experimentação, a assunção de riscos, a interação com o ambiente externo, o diálogo e a decisão participativa de decisões – dimensões desenvolvidas anteriormente por Chiva, Alegre e Lapiedra (2007). Para identificar o impacto desses mecanismos sobre o desempenho em inovação do produto, os autores usaram a metodologia proposta por Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). A amostra foi composta por 182 empresas de revestimento cerâmico, das quais 82 eram italianas e 100 eram espanholas. A amostra obtida representou cerca de 50% da população estudada. O trabalho de campo foi realizado de junho a novembro de 2004. O questionário foi composto por 25 questões, das quais 14 abordavam aspectos sobre capacidade de aprendizagem organizacional e 11 abordavam aspectos sobre desempenho em inovação de produtos. Para a dimensão Capacidade de Aprendizagem Organizacional, foi usada a escala de 7 pontos de Likert, na qual 1 é “Totalmente em desacordo”, e 7 é “Totalmente de acordo”. Para o desempenho em inovação de produtos, os autores usaram uma escala Likert de sete pontos, na qual 1 é “Muito pior do que os concorrentes”, e 7 “Muito melhor do que os concorrentes”. A técnica usada para a análise dos dados foi a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) foi empregada para verificar a bondade do ajuste das escalas de medição; esse método igualmente fornece as correlações entre os fatores. Modelagem de Equações Estruturais, para testar as hipóteses da pesquisa. Os testes estatísticos apontaram que os valores de confiabilidade composta e os coeficientes Alfa de Cronbach são satisfatórios: todos acima de 0,7. As cargas fatoriais padronizadas são todas significativas e acima do mínimo recomendado (0,40). A dimensionalidade dos constructos de segunda ordem (capacidade da aprendizagem organizacional e da inovação de produto) foi confirmada por meio da Análise Fatorial Confirmatória de segunda ordem. As cargas dos itens de medição sobre os fatores de primeira ordem e as cargas dos fatores de primeira ordem sobre os fatores de segunda ordem foram todas significativas. 126 Os resultados da medição do modelo indicaram que existe uma relação positiva e significativa entre a capacidade de aprendizagem organizacional e suas cinco dimensões. Constatou-se também uma relação positiva e significativa entre o desempenho em inovação do produto e suas duas dimensões – eficácia e inovação. O estudo identificou também fortes evidências de uma relação positiva e significativa entre capacidade de aprendizagem organizacional e desempenho da inovação do produto. Assim, o desempenho da inovação de produto é uma função da capacidade de aprendizagem organizacional. Altos níveis de capacidade de aprendizagem organizacional propiciarão altos níveis de desempenho em inovação de produtos. Uma contribuição metodológica do estudo foi a validação da escala de aprendizagem organizacional inicialmente proposta por Chiva, Alegre e Lapiedra (2007) e testada ao nível dos funcionários. Nesse estudo a escala foi testada e validada empiricamente dentro da empresa. A validação da escala de medição de produtos de inovação proposta por Alegre, Lapiedra e Chiva (2006) em um contexto industrial diferente também representou uma contribuição metodológica. Moreno, Realy e Rosa (2011) analisaram o efeito que desempenham a cultura empreendedora da organização e o valor da especificidade dos conhecimentos dos indivíduos (capital humano) sobre a inovação. Para a medida da cultura empreendedora, os autores adotaram o trabalho de Cameron e Quinn (1999), composto por 15 itens. Para a medida da especificidade de capital humano, foi adotado o trabalho de Lepak e Snell (2002), com nove itens medidos para as duas dimensões, e foi usada a escala Likert, de 1 (“Totalmente em Desacordo”) a 7 (“Totalmente de Acordo”). Para o constructo de inovação, os autores se pautaram no Manual de Oslo (OCDE-EUROSTAT, 2005), Booz, Allen e Hamilton (1982), Avlonitis, Papastathopoulou e Gounaris (2005), Darroch e Jardine (2002) e Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). O questionário foi composto por oito variáveis, com escala Likert de sete pontos, na qual 1 é “Muito pior do que os concorrentes” e 7 é “Muito melhor do que os concorrentes”. Para a análise dos dados, os autores usaram a Modelagem de Equações Estruturais – MEE por meio da técnica Partial Least Squares (PLS). Os resultados tornaram visíveis as relações significativas entre o valor e a especificidade dos conhecimentos dos indivíduos e a inovação da empresa. A cultura empreendedora se converte em uma variável 127 moderadora, de modo que a influência do valor dos conhecimentos dos trabalhadores sobre a inovação é maior num ambiente de cultura empreendedora. 2.3 POSICIONAMENTO TEÓRICO Este estudo tem como teoria de base a Teoria Contingencial. Na perspectiva dos quatro paradigmas desenvolvidos por Burrel e Morgan (1979) (funcionalista, interpretativista, radical humanista e radical estruturalista) a tese se enquadra no paradigma funcionalista. Com base nos cinco diferentes paradigmas descritos por Smircich (1983) (administração comparativa; cultura corporativa; cognição organizacional; simbolismo organizacional; e processos inconscientes e organização), exibidos na Figura 19, esta tese se enquadra no paradigma da cultura corporativa, que aborda a cultura como uma variável interna do sistema organizacional, que pode ser moldada pela gestão corporativa para a realização de objetivos estratégicos. 128 Figura 19 – Diferentes paradigmas da cultura organizacional Paradigmas da Cultura Organizacional Algo que a organização tem Gerenciamento Comparativo Cultura Corporativa Cultura organizacional como variável que pode ser influenciada pela administração Algo que a organização é Cognição organizacional Simbolismo organizacional Organização e processos inconscientes Cultura organizacional como metáfora que não pode ser influenciada por decisões administrativas Concepção de Cultura Corporativa seguida nesta tese Fonte: Smircich (1983) e Galli (2011) (tradução nossa). Ressalta-se que a cultura não pode ser alterada por ação gerencial tão facilmente como, por exemplo, os processos de produção ou os portfólios de produtos. Além disso, Barney (1986) argumenta que é particularmente difícil modificar a cultura corporativa, na medida em que ela se torna uma fonte de vantagem competitiva. No entanto, a administração pode tomar ações para moldar a cultura com o intuito de obter vantagens competitivas em médio prazo (GALLI, 2011). De modo geral, Ernst (2002) afirma que a literatura de administração segue geralmente – implícita ou explicitamente – um dos paradigmas. Esta tese explicitamente segue o paradigma da cultura corporativa. Com relação aos determinantes da cultura de inovação, aqui estudados, foi utilizado como base o estudo de Martins e Terblanche (2003). Após a revisão da literatura, os autores sintetizaram os valores culturais e as normas que influenciam a criatividade e a inovação. Esse 129 modelo é baseado no trabalho de Martins (1989, 1997), que descreve a cultura de inovação e a importância da liderança na criação de uma cultura que influencia o comportamento organizacional. Com base no trabalho de Schein (1985), Martins (1989) desenvolveu um modelo para descrever a cultura organizacional tendo em vista a organização ideal e também a importância da liderança na criação de uma cultura organizacional ideal. A Figura 20 exibe a relação entre os níveis da cultura e sua interação, apresentados por Schein (1984), as dimensões para descrever a cultura, descritas por Schein (2004), e o modelo de cinco determinantes para identificar a cultura de inovação, proposto por Martins, Martins e Terblanche (2004). Figura 20 – Dimensões da cultura de inovação analisadas no estudo Níveis da cultura e sua interação (Schein, 1984). Artefatos e Criações Crenças e valores comparti. Pressupos. Subjacente Estrutura e Processos Oraganizacion. Visíveis (difíceis de decifrar) Estratégias, objetivos e filosofia (justificações adotadas) Crenças, percepções, pensamentos e sentimentos assumidos inconsciente Fonte: Elaboração própria. Cultura da organização (Schein, 2004). Missão e visão estratégica Foco no cliente (ambiente externo) Cultura Inovação Martins e Terblanche(2003) Estratégia Estrutura Meios para atingir Objetivos Processos de gestão Objetivos e necessidades do empregado Relações interpessoais Mec. de Suporte Estímulo a inovação Comunica. Liderança O estudo proposto por Martins (1989) e Martins e Terblanche (2003) oferece um ponto de partida para melhorar a compreensão das 130 variáveis que influenciam a inovação. O modelo de cinco determinantes, proposto inicialmente por esses autores, foi usado por outros pesquisadores – Martins, Martins e Terblanche (2004), Nkosi e Roodt (2004) e Zdunczyk e Blenkinsopp (2007) –, no entanto ainda não foi validado no contexto brasileiro. Com base nesses determinantes – estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação –, foram desenvolvidas as 15 variáveis a serem medidas. A Figura 21 mostra as variáveis da cultura de inovação analisadas neste estudo. Figura 21 – Variáveis da cultura de inovação analisadas neste estudo Visão e Missão Determinação Estratégia Meios para atingir objetivos Flexibilidade . Liberdade Estrutura Cooperação e interação do grupo Dimensões da Cultura de Inovação Recompensas e Reconhecimento Mecanismos de suporte Disponibilidade de Recursos Lealdade Manipulação do erro Estímulo a inovação Geração de ideias Propensão ao risco Comuni. entre os departamentos Comunicação Comunicação Aberta Informações compartilhadas Fonte: Adaptado de Martins e Terblanche (2003). As pesquisas em inovação são divididas em duas grandes áreas de estudo. A primeira (orientação econômica) analisa as diferenças nos padrões de inovação entre países e setores industriais. Essa orientação 131 segue uma perspectiva mais ampla e não avalia os aspectos operacionais envolvidos em como a inovação acontece dentro da empresa (BROWN; EISENHARDT, 1995). A segunda (orientação organizacional) está concentrada em um nível micro e diz respeito a como os novos produtos são desenvolvidos dentro da organização. Essa orientação tem a organização como unidade de análise. O foco de pesquisa está nas estruturas, competências e processos pelos quais novos produtos são desenvolvidos. O foco desta tese está na orientação organizacional, nas estruturas e processos pelos quais indivíduos criam produtos, no papel dos indivíduos e nos resultados finais do desempenho na inovação de produtos para a organização (BROWN; EISENHARDT, 1995). No que tange à análise do desempenho na inovação de produtos, utilizou-se como base o trabalho de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). Esses autores desenvolveram uma escala de medida de desempenho em inovação de produtos cujas propriedades psicométricas foram testadas e validadas primeiramente no contexto das empresas de biotecnologia. Posteriormente, outros estudos empíricos foram realizados com a utilização dessa escala conforme descrito na revisão de literatura (ALEGRE; CHIVA, 2008; ALEGRE; CHIVA; LAPIEDRA, 2009; BAKAR; AHMAD, 2010; HENTTONEN; RITALA; JAUHIAINEN, 2011; MORENO; REALY; ROSA, 2011). A Figura 22 apresenta o modelo do desempenho em inovação de produtos com suas duas dimensões e variáveis. 132 Figura 22 – Variáveis do desempenho em inovação de produtos analisados neste estudo Substituição de produtos ultrapassados Ampliação da linha de produtos Desenvolvimento de novas linhas de produtos Eficácia Desenvolvimento de produtos fora do segmento principal da organização (produtos secundários) Produtos ecológicos Abertura de novos mercados no exterior Abertura de novos mercados nacionais Desempenho em Inovação de Produtos Aumento da participação de mercado Tempo médio em semanas para o desenvolvimento do produto Eficiência Tempo médio em horas totais no desenvolvimento do produto Custo médio por produto Grau de satisfação com o produto Fonte: Adaptado de Alegre Lapiedra e Chiva (2006). Para formar o modelo do desempenho em inovação de produtos foram levadas em consideração duas dimensões: eficácia e eficiência. A eficácia da inovação reflete o sucesso de uma inovação. Por outro lado, a eficiência da inovação reflete o esforço feito para alcançar determinado de sucesso. Essas duas dimensões de desempenho em inovação de produto são compatíveis com estudos anteriores (ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). 133 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA O método científico pode ser entendido como uma sucessão de passos por meio dos quais são identificadas novas relações entre os fenômenos que interessam a um determinado ramo da ciência, bem como aspectos ainda não analisados de um determinado fenômeno (NOGUEIRA, 1975). Neste capítulo apresentam-se o delineamento da pesquisa, seu constructo pesquisa, os instrumentos de coleta de dados, as hipóteses, o perfil das organizações, a população e a amostra, a forma de coleta de dados e os procedimentos estatísticos para a análise dos dados e suas as limitações da pesquisa. 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA O delineamento deste estudo enquadra-se na categoria de pesquisa descritiva, exploratória e causal quanto aos objetivos, de levantamento ou survey quanto aos procedimentos, e de abordagem quantitativa. Cada um desses aspectos do delineamento é descrito a seguir. O estudo se caracteriza como pesquisa descritiva, uma vez que buscou descrever e analisar as características da cultura de inovação – estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação – bem como as características do desempenho em inovação de produtos, sob a perspectiva da eficiência e eficácia de um grupo específico de organizações pertencentes as indústrias têxteis de Santa Catarina. De acordo com Hair Jr. et al. (2005, p. 85) a pesquisa descritiva “[...] tem seus planos estruturados e especificamente criados para medir as características descritas em uma questão de pesquisa”. No caso específico desta tese, a pesquisa caracteriza-se como exploratória, em face de ser reduzido o número de estudos sobre a influência da cultura organizacional no desenvolvimento de inovações de produtos. Poucas pesquisas foram realizadas sobre o tema em organizações brasileiras, particularmente em indústrias têxteis. Cultura organizacional e inovação são dois temas abrangentes, complexos e multifacetados; desse modo, são estudados a partir de pontos de vistas diferentes. Segundo Hair, Jr. et al. (2005, p. 84), a pesquisa exploratória é útil quando o responsável pelas decisões dispõe de poucas 134 informações. A pesquisa exploratória é significativa em qualquer situação em que o pesquisador não dispõe de entendimento suficiente para prosseguir com o projeto. Ela se caracteriza pela versatilidade e flexibilidade com relação aos métodos. Neste estudo não se buscou somente expor fatos, e sim compreender a relação entre eles, ou seja, a relação causal entre a cultura de inovação e o desempenho na inovação de produtos. Os estudos causais visam descobrir o efeito que uma variável tem sobre outra (ou outras) ou sobre certos resultados obtidos. O conceito de “causalidade” é baseado na lógica do teste de hipóteses, que, por sua vez, produz conclusões indutivas. Tais conclusões são apenas probabilidades e não podem ser demonstradas com certeza (COOPER; SCHINDLER, 2003). Quanto aos procedimentos, a pesquisa foi de levantamento, ou survey. Esse tipo de pesquisa proporciona uma descrição quantitativa ou numérica de tendências, de atitudes ou de opiniões de uma população, estudando uma amostra dessa população. Também inclui estudos transversais e longitudinais, por meio de questionários ou entrevistas estruturadas para a coleta de dados, com a intenção de generalizar a partir de uma amostra para uma população (CRESWELL, 2010). Esta tese se caracteriza como pesquisa de levantamento, tendo em vista que as informações foram coletadas por meio da aplicação de um questionário junto a 441 sujeitos sociais de 16 organizações têxteis de Santa Catarina. No que tange à abordagem, a pesquisa foi quantitativa. Para Creswell (2010), a pesquisa quantitativa é um meio para testar teorias objetivas por meio do exame da relação entre as variáveis. Tais variáveis, por sua vez, podem ser medidas tipicamente por instrumentos, para que os dados numéricos possam ser analisados por procedimentos estatísticos. Neste estudo utilizou-se a modelagem por equações estruturais, técnica que auxilia na análise das relações causais entre os constructos estudados. O relatório final escrito tem uma estrutura fixa, que consiste em introdução, literatura e teoria, métodos, resultados e discussão. 3.2 CONSTRUCTO DA PESQUISA Nesta seção é apresentado o constructo da pesquisa em relação aos objetivos específicos, as variáveis e subvariáveis, as categorias e 135 subcategorias, os autores e os itens correspondentes aos instrumentos de coleta de dados. O constructo da pesquisa está dividido em quatro blocos: no primeiro bloco está descrito o constructo da pesquisa referente aos determinantes da cultura de inovação; no segundo bloco estão descritas as variáveis e subvariáveis do desempenho em inovação de produtos; no terceiro bloco, as categorias da cultura de inovação e do desempenho em inovação de produtos; e, no último bloco, o constructo da pesquisa e as variáveis de tamanho e localização geográfica. O constructo da pesquisa referente aos determinantes da cultura de inovação, correspondente ao primeiro objetivo específico desta tese, é apresentado no Quadro 6. Quadro 6 – Constructo dos determinantes da cultura de inovação. Objetivo a): Identificar a presença dos determinantes da cultura de inovação, estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação, propostos por Martins e Terblanche (2003), presentes na indústria têxtil de Santa Catarina. Fatores que Questões Como Dimensões compõem a Apêndice Autores medir dimensão A Martins e Terblanche Visão e Missão 1, 2, 3 e 4 (2003); Martins, Escala de Martins e sete pontos Terblanche do tipo (2004); Likert: 1– Estratégia Determinação 5, 6 e 7 Nkosi e “Discordo Roodt totalmente” (2004); 7 “Concordo Zdunczyk e totalmente”. Blenkinsopp Meios para (2007); 8, 9 e 10 atingir objetivos Murat Ar e Baki (2011). Continua... 136 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Flexibilidade Estrutura Mecanismos de suporte Questões Apêndice A Como medir 11, 12 e 13 Liberdade 14 e 15 Cooperação e interação do grupo 16 17 e 18 Recompensas e Reconhecimento 19, 20 e 21 Disponibilidade de Recursos 22 e 23 Lealdade 24 e 25 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Discordo totalmente” 7 “Concordo totalmente”. Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Discordo totalmente” 7 “Concordo totalmente”. Autores Martins e Terblanche (2003); Martins, Martins e Terblanche (2004); Nkosi e Roodt (2004); Zdunczyk e Blenkinsopp (2007); Murat Ar e Baki (2011). Amabile et al. (1996); Martins e Terblanche (2003); Cormican e O’Sullivan (2004); Quirós (2004); Martins, Martins e Terblanche (2004); Nkosi e Roodt (2004); Dombrowsk i et al. (2007); Murat Ar e Baki (2011). Continua... 137 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Manipulação do erro Comportam. que estimulam a inovação Questões Apêndice A Como medir Autores Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Discordo totalmente” 7 “Concordo totalmente”. Dorabjee, Lumley e Cartwright (1998); Martins e Terblanche (2003); Cormican e O’Sullivan (2004); Quirós (2004); Martins, Martins e Terblanche (2004); Nkosi e Roodt (2004); Dombrowsk i et al. (2007); Zdunczyk e Blenkinsopp (2007); Murat Ar e Baki (2011). 26, 33 Geração de ideias 27, 28, 29 Propensão ao risco 30, 31, 32 e 34 Continua... 138 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Comunicação entre os departamentos Comunicação Questões Apêndice A Como medir Autores Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Discordo totalmente” 7 “Concordo totalmente”. Dorabjee, Lumley e Cartwright (1998); Martins e Terblanche (2003); Cormican e O’Sullivan (2004); Martins, Martins e Terblanche (2004); Nkosi e Roodt (2004); Quirós (2004); Dombrowski et al. (2007); Zdunczyk e Blenkinsopp (2007); Murat Ar e Baki (2011). 35 Comunicação aberta 36 e 37 Informações compartilhadas 38 e 39 Fonte: Elaboração própria. No Quadro 7 estão descritas as dimensões e fatores que compõem as dimensões do desempenho em inovação de produtos. Esse constructo se refere ao segundo objetivo específico deste estudo. 139 Quadro 7 – Constructo do desempenho em inovação de produtos. Objetivo b): Identificar o desempenho de inovação em produtos da indústria têxtil de Santa Catarina, conforme proposta de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006). Fatores que Questões Dimensões compõem a Apêndice Como medir Autores dimensão A OCDEEUROSTAT (1997); Escala de sete Alegre, pontos do tipo Lapiedra e Likert: 1– Chiva (2006); “Muito pior Alegre e Substituição de do que os Chiva (2008); produtos 40 concorrentes”; Alegre, Chiva ultrapassados 4 – “Mesmo e Lapiedra nível” e; 7 – (2009); Bakar “Muito e Ahmad melhor que os (2010); concorrentes”. Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Eficácia OCDEEUROSTAT (1997); Escala de sete Alegre, pontos do tipo Lapiedra e Likert: 1– Chiva (2006); “Muito pior Alegre e do que os Chiva (2008); Ampliação da 41 concorrentes”; Alegre, Chiva linha de produtos 4 – “Mesmo e Lapiedra nível” e; 7 – (2009); Bakar “Muito e Ahmad melhor que os (2010); concorrentes”. Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Continua... 140 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Desenvolvimento de produtos fora do segmento principal organização (produtos secundários) Questões Apêndice A Como medir 42 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. 43 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. Eficácia Desenvolvimento de novas linhas de produtos. Autores OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Continua... 141 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Desenvolvimento de produtos que respeitam o meio ambiente (produtos ecológicos) Questões Apêndice A Como medir 44 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. 45 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. Eficácia Aumento na participação de mercado Autores OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Continua... 142 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Abertura de novos mercados no exterior Questões Apêndice A Como medir 46 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. 47 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. Eficácia Abertura de novos mercados nacionais Autores OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Continua... 143 Continuando... Dimensões Eficácia Fatores que compõem a dimensão Duração média dos projetos de inovação Questões Apêndice A 48 Como medir Autores Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. Gupta e Wilemon (1990); Cordero (1991); Mabert, Muth e Schmenner (1992); Cooper e Kleinschmidt, (1993); Takeuchi e Nonaka (1986); Wheelwright e Clark (1992); Pisano (1994); Chiesa, Coughlan e Voss (1996); Freeman e Soete (1997); OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Continua... 144 Continuando... Dimensões Eficiência Fatores que compõem a dimensão Tempo médio total empregado para o desenvolvimento dos projetos de inovação Questões Apêndice A 49 Como medir Autores Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. Gupta e Wilemon (1990); Cordero (1991); Mabert, Muth e Schmenner (1992); Cooper e Kleinschmidt, (1993); Takeuchi e Nonaka (1986); Pisano (1994); Chiesa, Coughlan e Voss (1996); Freeman e Soete (1997); OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Continua... 145 Continuando... Dimensões Fatores que compõem a dimensão Custo médio por projeto de inovação Grau de satisfação geral com a eficiência dos projetos de inovação Questões Apêndice A Como medir 50 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. 51 Escala de sete pontos do tipo Likert: 1– “Muito pior do que os concorrentes”; 4 – “Mesmo nível” e; 7 – “Muito melhor que os concorrentes”. Autores Gupta e Wilemon (1990); Pisano (1994); OCDEEUROSTAT (1997); Alegre, Lapiedra e Chiva (2006Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010); Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011). Ancona e Caldwell (1990; 1992ª; 1992b); Chiesa, Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009); Bakar e Ahmad (2010). Fonte: Elaboração própria. No Quadro 8 estão descritas as variáveis que compõem o terceiro objetivo específico deste estudo – os determinantes da cultura de 146 inovação e do desempenho em inovação de produtos. As dimensões, os fatores que compõem a dimensão, as questões e os autores usados para a formação dos constructos já foram detalhados nos Quadros 6 e 7. Quadro 8 – Constructo dos determinantes da cultura de inovação e do desempenho em inovação de produtos. Objetivo c): Analisar a influência dos determinantes da cultura de inovação, estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que incentivam a inovação, e comunicação, no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil de Santa Catarina. Fatores que Dimensões compõem a Questões Como medir Autores dimensão Estratégia; Estrutura; AFE, AFC, Mecanismos de MEE. suporte; Constructo 1 a 39 Medidas de Comportamentos Informações de cultura (Informações adequação, que estimulam a obtidas no 2 de obtidas no χ /GL, inovação; Quadro 6 inovação Quadro 6) RMSEA, GFI, Comunicação. AGFI, TLI, (Informações CFI, PGFI. obtidas no Quadro 6) Análise AFE, AFC, MEE. Eficácia e Constructo 40 a 51 Medidas de Eficiência. Informações desemp. (Informações adequação, (Informações obtidas no 2 inovação obtidas no χ /GL, obtidas no Quadro 6 produtos Quadro 7) RMSEA, GFI, Quadro 7) AGFI, TLI, CFI, PGFI. Fonte: Elaboração própria. O Quadro 9 mostra a operacionalização das variáveis de controle da pesquisa. Neste estudo foram utilizadas a localização geográfica e o número de funcionários. As variáveis de controle não são diretamente objeto de estudo, contudo também interferem na relação entre as variáveis independentes e as dependentes (TUCKMAN, 1978). 147 Quadro 9 – Constructo das variáveis de controle. Objetivo d): Analisar os resultados da influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina, com as características de localização geográfica e tamanho das organizações. Variáveis Subvariáveis Como medir Questões Autores Classificação Damanpour do Serviço e Evan Número de Brasileiro de (1984), Tamanho empregados Apoio às Dados Kimberly e Porte Classificação Micro e Secundários Evanisko SEBRAE Pequenas (1981) e Empresas Damanpour (SEBRAE) (1991). Carrão Litoral, (2004); Nordeste, Vale Instituto Costa e do Itajaí, Brasileiro de Rocha Localização Planalto Norte, Dados Geografia e (2009); geográfica Planalto Secundários Estatística Freitas Serrano, Sul, (IBGE) (2007) e Meio-Oeste, Muzzio Oeste. (2010). Fonte: Elaboração própria. Cabe salientar que o uso da localização geográfica como variável de controle se deve ao fato de o Brasil ser marcado por ambiguidades e realidades culturais diferentes, não podendo ser interpretado como culturalmente homogêneo (MUZZIO, 2010). 3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA As formas de pesquisa de levantamento dependem do uso de um questionário, instrumento que constitui o elo comum para vários métodos de coleta de dados. O questionário é um conjunto de perguntas destinadas a gerar dados necessários para atingir os objetivos de uma pesquisa. Os dados, por sua vez, são os fatores numéricos coletados, analisados e sintetizados para apresentação e interpretação de ações dos sujeitos sociais (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS, 2007). O instrumento de coleta de dados foi composto por dois grupos distintos. No primeiro foram descritas as questões relativas aos determinantes da cultura de inovação que influenciam a inovação e são 148 divididos em cinco blocos: estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que incentivam a inovação e comunicação. Esse instrumento buscou averiguar a presença ou ausência dos determinantes da cultura de inovação presentes na literatura e propostos por Martins e Terblanche (2003). O instrumento de coleta de dados foi validado, no contexto brasileiro, de acordo com as seguintes etapas: (1) tradução, (2) validação semântica e (3) validação empírica. Essa sequência seguiu o modelo de validação de Oliveira e Gomide Júnior (2009), no qual os autores adaptaram e validaram um instrumento de diagnóstico da cultura organizacional para o contexto brasileiro. Inicialmente, o instrumento de coleta de dados foi traduzido com o auxílio de um especialista em língua inglesa, com o intuito de assegurar a integridade do conteúdo dos itens, preservar o significado das palavras e alcançar um sentido bastante similar em uma cultura distinta daquela em que o instrumento foi originalmente criado. Em seguida, os itens foram submetidos à validação semântica com a finalidade de assegurar a compreensão de cada um deles por parte dos respondentes. Um grupo formado por onze pessoas, com graus de escolaridade variados, respondeu ao questionário e, posteriormente, relatou suas dúvidas com relação a alguns termos. Nesse momento foram sugeridas algumas modificações, entre as quais a revisão da unidade de análise da pesquisa e a diminuição de algumas sentenças do questionário que estavam longas. O instrumento de coleta de dados de cultura de inovação foi composto de questões adaptadas do modelo teórico de Martins e Terblanche (2003) e de questões adaptadas dos estudos de Nkosi e Roodt (2004) e Zdunczyk e Blenkinsopp (2007), de acordo com o Apêndice A. O questionário inicial foi constituído por 39 questões divididas em cinco dimensões (Quadro 6, constructo dos determinantes da cultura de inovação), com pesos iguais assumidos para cada dimensão. Nove das 39 assertivas foram codificadas de maneira reversa. As assertivas deveriam ser respondidas por meio de escala do tipo Likert, com pontuações variando de 1 (“Discordo totalmente”) a 7 (“Concordo totalmente”). As assertivas do constructo do desempenho em inovação de produtos foram compostas por questões adaptadas do estudo de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), conforme Apêndice A, e foram realizadas por meio de escala tipo Likert, com pontuações variando de 1 a 7, sendo que 1 representava “Muito pior do que os concorrentes”, 4 representava 149 “Mesmo nível” e 7, “Muito melhor que os concorrentes”. A distribuição destas assertivas foi assim composta: oito eram relativas à eficácia da inovação de produtos e quatro eram relativas à eficiência do processo de inovação. Nenhuma questão foi codificada de maneira reversa. Para responder ao instrumento de pesquisa, o participante deveria assinalar a escala de resposta apresentada, elegendo a alternativa que julgasse adequada. Assegurou-se aos participantes o sigilo de suas respostas e a não identificação de sua organização. 3.4 HIPÓTESES Uma hipótese é uma proposição que implica uma relação entre dois ou mais conceitos. De acordo com Creswell (2010), as hipóteses quantitativas são previsões que o pesquisador faz sobre as relações esperadas entre as variáveis. São estimativas numéricas dos valores da população baseadas em dados coletados de amostras. O teste de hipóteses emprega procedimentos estatísticos em que o investigador faz inferências sobre a população a partir da amostra de um estudo. Neste estudo, o quadro conceptual empregado é fundamentado na base teórica descrita no Capítulo Dois. Com base na teoria, foram elaboradas dez hipóteses, para cuja formulação recorreu-se novamente à literatura. A seguir é apresentada uma breve descrição da teoria, para a elucidação das hipóteses que compõem esta tese. A cultura organizacional afeta não só o modo como os gerentes atuam na organização, mas também as decisões que eles tomam sobre as relações da organização com seu ambiente e sua estratégia (LORSCH, 1996). Quanto mais forte for a cultura de uma organização, sua ideologia, seu conjunto de crenças, seus valores e paradigmas, maior será a influência cognitiva coletiva na geração de estratégias. Nesse sentido, a cultura organizacional pode tornar-se um caminho que orienta, em linhas gerais, o rumo estratégico da organização ao longo do tempo (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). As organizações mais propensas a fazer a inovação acontecer são aquelas que têm uma visão clara do futuro. Uma estratégia de inovação é aquela que promove o desenvolvimento e a implementação de novos produtos e serviços (MARTINS; MARTINS, 2002). As metas e os objetivos organizacionais refletem as prioridades e os valores da organização; consequentemente, podem promover ou dificultar a inovação (ARAD; HANSON; SCHNEIDER, 1997). A inovação 150 encontra-se na visão e na missão da organização, as quais devem estar voltadas para o futuro. Além disso, a visão e a missão de uma organização criativa e inovadora são também orientadas para o cliente e para o mercado (MARTINS; TERBLANCHE, 2003; MARTINS; MARTINS; TERBLANCHE, 2004). Assim, a seguinte hipótese pode ser formulada: Hipótese 1: A Estratégia organizacional é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. A cultura tem influência sobre a estrutura e os sistemas operacionais em uma organização (ARMSTRONG, 1995). A estrutura enfatiza alguns valores que têm influência sobre o desenvolvimento ou a restrição da criatividade e da inovação nas organizações (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). As organizações com estruturas flexíveis propiciam o desenvolvimento e a implementação de novas ideias, sendo mais inovadoras do que as organizações com estruturas rígidas (UTTERBACK, 1979). Uma estrutura horizontal, com autonomia e trabalho em equipe, irá promover a inovação, enquanto que a especialização, a formalização, a normalização e a centralização irão inibir a inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Estudos anteriores sobre cultura organizacional e inovação destacam que a flexibilidade é um dos valores mais associados às culturas inovadoras (ARAD; HANSON; SCHNEIDER, 1997; MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Em seus estudos sobre inovação, Ozsomer, Calantone e Di Benedetto (1997), Utterback e Ufuah (1979) e Pierce e Delbecq (1977) indicaram que a estrutura organizacional pode influenciar a inovação. As organizações com estruturas flexíveis facilitam o desenvolvimento e a implementação de novas ideias, sendo mais inovadoras do que as organizações com estruturas rígidas. Com base no exposto, a seguinte hipótese é elaborada: Hipótese 2: A Estrutura organizacional flexível é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. Os mecanismos de suporte devem estar presentes na cultura de uma organização para criar um ambiente em que a criatividade e a inovação podem ser desenvolvidas. As recompensas intrínsecas (aumento de autonomia, melhores oportunidades de crescimento pessoal) e as recompensas financeiras e não financeiras, bem como a disponibilidade de recursos, ou seja, tempo, tecnologia da informação e pessoas criativas, são mecanismos que apoiam a criatividade e a 151 inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Organizações que possuem culturas que incentivam a inovação disponibilizam tempo e outros recursos para que seus membros pensem em novas ideias e se dediquem a seus projetos favoritos (SHATTOW, 1996). O comportamento que é recompensado reflete os valores de uma organização, ou seja, o tipo de comportamento recompensado e reconhecido pela organização está sujeito às prioridades de sua cultura. No momento em que se recompensa e reconhece o comportamento inovador, ele passa a ser o padrão de como os indivíduos devem procurar se comportar (ARAD; HANSON; SCHNEIDER, 1997). Em sentido oposto, a ênfase na produtividade e na redução de custos e a pressão sobre os empregados para que trabalhem mais inibiria a criatividade e a inovação organizacional (SHATTOW, 1996). Capacitar as pessoas para inovar também é um maneira de os líderes mobilizarem a energia das pessoas para elas serem criativas. As pessoas estão aptas a disponibilizar meios que as permita desenvolver suas próprias inovações para realizar suas tarefas (AHMED, 1998). Isso leva à seguinte hipótese: Hipótese 3: Os Mecanismos de Suporte são um dos componentes que têm efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. A inovação implica ruptura, uma predisposição favorável à mudança e à adaptação permanente. Ela pressupõe, portanto, assumir riscos e responsabilidades. Nesse sentido, é necessário criar um modelo de cultura orientado para a inovação que possa gerenciar de forma eficaz a mudança constante (CORNEJO; MUÑOZ, 2010). Valores e normas que incentivem a inovação se manifestam em formas específicas de comportamento que promovem ou inibem a criatividade e a inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). A forma como os erros são manipulados irão determinar se as pessoas se sentem livres para agir de maneira criativa e inovadora. Os erros podem ser ignorados, encobertos, usados para punir alguém ou percebidos como uma oportunidade de aprendizagem (BRODTRICK, 1997). A partir desses argumentos constrói-se a quarta hipótese desta tese: Hipótese 4: Comportamentos que estimulam a inovação são um dos componentes que têm efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. O estabelecimento de rotinas de comunicação entre grupos ou diferentes níveis hierárquicos elimina processos considerados burocráticos, possibilitando um grau mais alto de consistência e 152 criatividade, uma vez que os indivíduos compõem um processo comum de pensamento e passam a se familiarizar com os problemas e metas da organização como um todo. O processo de aquisição de conhecimento por meio do diálogo tem início em níveis hierárquicos mais altos e apresenta a tendência de disseminação mais rápida (SCHEIN, 1993). Os funcionários devem sentir-se seguros emocionalmente para serem capazes de agir de forma criativa e inovadora e, portanto, serem capazes de confiar uns nos outros, o que, por sua vez, é promovido pela comunicação aberta. Uma boa política de comunicação inclui a comunicação aberta entre indivíduos, equipes e departamentos (FILIPCZAK, 1997; FROHMAN; PASCARELLA, 1990). A hipótese seguinte pode ser formulada assim: Hipótese 5: A Comunicação é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. O desempenho em inovação de produtos usado nesta tese foi dividido em duas dimensões: eficácia e eficiência. A eficácia da inovação versa sobre os resultados econômicos da inovação de produtos, ou seja, sobre o impacto econômico da inovação na organização ou, ainda, sobre a importância econômica das saídas do processo de inovação. A segunda dimensão, por outro lado, refere-se a recursos consumidos para atingir esses resultados, ou seja, do próprio processo. Isto posto, a primeira dimensão procura descobrir o que é obtido a partir da inovação, e a segunda se concentra em como realizar esse processo de inovação (BROWN; EISENHARDT, 1995; ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). As seguintes hipóteses podem ser formuladas: Hipótese 6: A dimensão Eficácia tem efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. Hipótese 7: A dimensão Eficiência tem efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. A relação entre cultura da inovação e desempenho dos resultados se dá pelo fato de, no ambiente organizacional, a inovação ser muitas vezes expressa por meio de comportamentos ou atividades que estão ligadas a ações concretas, geradoras de novas ideias, produtos ou serviços (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Partindo do pressuposto de que os cinco determinantes têm influência individual sobre o desempenho em inovação de produtos, é possível formular a seguinte hipótese: 153 Hipótese 8: Os determinantes da cultura de inovação – estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação – têm um efeito positivo sobre o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. Para Damanpour (1996), o tamanho de uma organização é um dos fatores que interferem na sua estrutura e em seu processo de inovação. As grandes organizações apresentam algumas vantagens, como maior disponibilidade de recursos. Entretanto podem ser mais burocratizadas e menos flexíveis, sendo, desse modo, mais resistentes às mudanças. Conforme Freeman e Soete (2008), a influência do porte da organização pode variar entre as indústrias também. Em alguns setores industriais, as organizações menores tendem a levar vantagem, como, por exemplo, as indústrias cujo desenvolvimento tecnológico demanda flexibilidade das atividades de P&D e agilidade nas tomadas de decisões. Os resultados da meta-análise de Damanpour (1991) sugerem a existência de uma associação positiva entre o tamanho organizacional e o desempenho em inovação. Assim, é possível formular a seguinte hipótese: Hipótese 9: O tamanho da organização conforme os critérios pelo número de empregados tem efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. O desenvolvimento de regiões inovadoras depende de muitos elementos e de múltiplas interações. Diferenças regionais em termos de localização geográfica, estrutura industrial, capital social, capital humano, capital cultural e capital institucional, impedem a formulação de um método universal de desenvolvimento (UNCTAD, 2010). Os requisitos básicos da economia criativa emergem a partir dos processos de trocas e de benchmarking dos diferentes estágios de desenvolvimento de cada região. O conhecimento dessas experiências pode levar outras regiões a identificar suas forças e fraquezas e elaborar suas próprias estratégias, a partir dos parâmetros e das condições econômicas e sociais locais (BRUNO; FONSECA NETTO; BRUNO, 2011). Com base no exposto, é possível formular a seguinte hipótese: Hipótese 10: A localização geográfica têm efeito positivo nos determinantes da cultura de inovação e no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. A Figura 23 apresenta a visão geral das hipóteses desta tese, que associa os cinco determinantes da cultura de inovação com o desempenho em inovação de produtos. 154 Figura 23 – Visão geral das hipóteses. Estratégia Estrutura H1 Eficácia Tamanho H9 H2 Mecanismos de Suporte H3 Cultura de Inovação H8 H6 Desemp. inovação de produtos H4 Estímulo a inovação H5 H10 Localização H7 Eficiência Comunicação Fonte: Elaboração própria. Primeiramente foi realizada a análise do impacto individual de cada um dos determinantes sobre a cultura de inovação, com o que será possível perceber quais das dimensões têm maior ou menor influência na formação da cultura de inovação. Posteriormente é realizada a análise das dimensões “eficácia” e “eficiência” do desempenho em inovação de produtos. E, por fim, verificou-se a influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos. 3.5 POPULAÇÃO E AMOSTRA Conforme Barbetta (2001), população é o conjunto de elementos que formam o universo do estudo e que são passíveis de serem observados com respeito às características que se pretende levantar. A amostra pode ser entendia como sendo uma parte desses elementos, isto é, do universo de pesquisa. O tipo de amostra usada nesta tese foi a não- 155 probabilística, essa técnica de amostragem confia no julgamento do pesquisador, ele pode, arbitrária ou conscientemente, decidir os elementos a serem incluídos na amostra. Por esse tipo de amostragem, pode-se selecionar a amostra baseado no próprio conhecimento da população e dos seus elementos, e da natureza das metas de pesquisa (BABBIE,1999). A seleção das organizações têxteis que compõem a amostra teve como critério a contribuição teórica que o estudo possa ter. Deste modo, a definição da amostra foi intencional, por acessibilidade ou conveniência, tendo como base os objetivos da pesquisa. Nesse tipo de amostragem, o pesquisador apenas obtém os elementos a que tem maior facilidade de acesso, admitindo que eles possam efetivamente representar de forma adequada a população (CRESWELL, 2010). Buscou-se selecionar organizações que poderiam de alguma forma apresentar características que contribuam com a pesquisa a ser realizada. Desta forma, foram eleitas unidades de análise que representassem os distintos elos pertencentes à cadeia de produção têxtil, e selecionadas organizações pertencentes à região geográfica em estudo, isto é, Santa Catarina. Na definição dos sujeitos sociais da pesquisa, não se fez uso de formas aleatórias de seleção, ou seja, houve uma escolha deliberada dos participantes da pesquisa por meio da técnica de amostragem não probabilística intencional, ficando a critério da organização participante a definição das pessoas que participaram da pesquisa. Solicitou-se, porém, uma amostra de todos os níveis organizacionais. Por conseguinte, foram considerados como população envolvida todos os empregados das organizações pesquisadas, pertencentes aos níveis de diretoria, gerência, chefia e operacional. Com o intuito de garantir a homogeneidade da amostra, foram incluídas duas variáveis de controle: número de empregados e localização geográfica. Tuckman (1978) conceitua variáveis de controle como os fatores que são controlados pelo pesquisador para eliminar ou neutralizar qualquer efeito que poderia ocorrer no fenômeno observado. O critério utilizado para a localização geográfica foi baseado no que preconiza o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divide o estado de Santa Catarina em seis mesorregiões, quais sejam: Oeste, Norte, Planalto Serrano, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Sul, conforme a Figura 24. 156 Figura 24 – Mesorregiões de Santa Catarina. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009). Conforme observado a Figura 24, as regiões as quais se obteve os questionários se apresentam circuladas. A região sul apresenta também uma forte indústria têxtil, no entanto não se obteve contribuição desta parte do estado de Santa Catarina. O entendimento de microempresa, empresa de pequeno, médio e grande porte é diversificado e varia conforme a região, o porte econômico-financeiro, o ramo de negócio e a forma jurídica. Nesta tese, utilizou-se a classificação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que adota o critério do IBGE, classificando as organizações segundo o número de funcionários combinado com o setor de atuação, conforme mostra a Tabela 1. Tabela 1 – Critério para a classificação das empresas no Brasil pelo SEBRAE. Porte da empresa Microempresa Organização de pequeno porte Organização de médio porte Organização de grande porte Fonte: SEBRAE (2008). Setor Comércio e Serviços Indústria Até 09 empregados Até 19 empregados de 10 a 49 empregados de 20 a 99 empregados de 50 a 99 empregados 100 a 499 empregados mais de 99 empregados mais de 500 empregados 157 É oportuno salientar que o entendimento do porte da empresa depende do critério a ser adotado, o que significa a inexistência de um padrão único, tendo em vista haver certa flexibilidade sobre este assunto, uma vez que existem países que adotam até dois ou mais critérios. No Brasil, é usual a classificação pelo faturamento bruto anual, por causa da capacidade de obtenção de empréstimo e da obrigação de prestar contas junto à Receita Federal. O critério do número de empregados tem importância nos estudos e nas pesquisas elaboradas pelo IBGE e pelo SEBRAE (CHAVES JÚNIOR, 2000). Uma vez que foram mostradas as formas de classificar as organizações pesquisadas quanto à localização e tamanho, são apresentadas na Tabela 2 suas características quanto ao número de empregados, localização geográfica e área de atuação, bem como a amostra obtida junto a cada organização. Do total de questionários coletados, 26 não foram preenchidos corretamente e foram excluídos da amostra; restaram 441 questionários completos e de qualidade para serem usados no estudo. Para preservar a identidade das organizações participantes da pesquisa, seus nomes foram substituídos por letras do alfabeto em ordem crescente, de “A” a “P”, correspondendo a cada uma das organizações. Esse procedimento foi adotado para preservar a identidade dos sujeitos pesquisados e garantir seu anonimato, conforme compromisso assumido com as organizações. 158 Tabela 2 – Amostra das unidades pesquisadas. Organização A B C D E F G H I J K L M N Área de atuação Vestuário feminino Vestuário masculino e feminino Vestuário masculino Vestuário masculino e feminino Vestuário masculino e feminino Vestuário masculino e feminino Vestuário masculino e feminino Produtos médicohospitalares Cama, mesa e banho Vestuário masculino e feminino Indústria de etiquetas Material esportivo Material esportivo Vestuário masculino e feminino Localização geográfica N. de empregados Amostra Norte 200 29 Oeste 130 35 Vale do Itajaí 800 11 Vale do Itajaí 4.032 33 Vale do Itajaí 80 16 Vale do Itajaí 450 39 Vale do Itajaí 1.700 16 Vale do Itajaí 3300 25 Vale do Itajaí 2.640 36 Oeste 120 30 Vale do Itajaí 163 27 Oeste 700 21 Norte 145 65 Norte 65 18 Continua... 159 Continuando... Área de atuação Vestuário O infantil Vestuário P masculino e feminino Total Fonte: Dados da pesquisa. Organização Localização geográfica N. de empregados Amostra Vale do Itajaí 1.450 21 Norte 145 19 - - 441 Conforme a Tabela 2, verifica-se que a amostra desta pesquisa foi de 441 respondentes divididos em 16 organizações têxteis. O maior número de organizações da amostra atua no setor de confecção, produzindo basicamente peças do vestuário pessoal (feminino, masculino e infantil) e doméstico (cama, mesa e banho). Uma característica do segmento de confecções é que ele demanda flexibilidade produtiva para o ajuste das organizações às novas tendências de moda. Em geral, a MEE requer uma amostra maior em comparação com outras técnicas multivariadas. Alguns algoritmos estatísticos usados em MEE não são confiáveis com amostras pequenas. Sabendo-se que amostras maiores requerem mais tempo e são mais caras de se obter, a questão crítica é saber o quão grande uma amostra deve ser para produzir resultados confiáveis. A verdade é que amostras maiores geralmente produzem soluções mais estáveis, que poderão ser replicadas (HAIR, Jr. et al., 2009). Como regra, Schumacker e Lomax (1996) acordam que uma amostra de 100 a 150 casos é o tamanho mínimo para a MEE. Hair, Jr. et al. (2009) sugerem um tamanho amostral de 200 casos. No que tange à proporção de casos, o mínimo é ter pelo menos cinco vezes mais observações do que o número de variáveis a serem analisadas, e o tamanho mais apropriado seria de dez para um. Tendo em vista que o instrumento de coleta de dados foi composto por 51 assertivas, a amostra desta pesquisa obedece ao tamanho amostral sugerido pelos autores supracitados. A análise descritiva da amostra será apresentada no Capítulo Quatro – “Apresentação e análise dos resultados”. 3.6 PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS As hipóteses foram testadas em torno de uma única indústria, a têxtil. A análise de uma única indústria pode ser vantajosa para avaliar a 160 cultura organizacional e a inovação, uma vez que a cultura se manifesta de várias maneiras em diferentes indústrias. A indústria têxtil, aqui retratada, inclui as organizações produtoras de fibras naturais, artificiais e sintéticas, passando pelas fiações, beneficiadoras e tecelagens, até as confecções, conforme descrição adotada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). Nesta tese, o termo “indústria têxtil” sempre será empregado nesse sentido, englobando todos os elos da cadeia têxtil, desde as fibras naturais e químicas, passando pelas fiações e tecelagens, até as confecções. O setor têxtil e de confecção brasileiro tem destaque no cenário mundial, sendo a sexta maior indústria têxtil do mundo, o segundo maior produtor de denim e o terceiro na produção de malhas. Autossuficiente na produção de algodão, o país produz 9,8 bilhões de peças confeccionadas ao ano (destas, cerca de 5,5 bilhões são peças de vestuário) e é referência mundial em design de moda praia, jeanswear e homewear, tendo crescido também nos segmentos de fitness e lingerie. O país é, ainda, a última cadeia têxtil completa do ocidente. Apenas o Brasil conta com a produção das fibras, a plantação de algodão e os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e um forte varejo (ABIT, 2011). Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nenhum setor da indústria de transformação tem maior potencial de gerar empregos do que o setor têxtil e de confecção. Esse setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas (juntos). Os dados gerais do setor têxtil referentes ao ano de 2011 apresentados pela ABIT mostraram um aumento no faturamento da cadeia têxtil e de confecção de US$ 60,5 bilhões, em 2010, para US$ 67,3 bilhões, em 2011. Os investimentos no setor também aumentaram, sendo que em 2010 foram de US$ 2 bilhões, e para o ano de 2011 a estimativa é de US$ 2,5 bilhões (ABIT, 2011). O estado de Santa Catarina – área geográfica escolhida para a aplicação da pesquisa – tem o setor têxtil como o grande gerador de empregos, caracterizado pelo predomínio de empresas de micro e pequeno porte, ao lado de grandes empresas líderes no setor (SEBRAE, 2012). Segundo os dados da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), em 2011 a indústria têxtil e do vestuário catarinense empregou 169.434 trabalhadores em seus 9.702 estabelecimentos. Na indústria têxtil estão 1.901 estabelecimentos e 58.989 empregados, e na do vestuário, 7.801 indústrias com 110.445 161 funcionários. No ano de 2010 o setor têxtil e do vestuário teve uma participação de 21,36% na indústria catarinense, levando-se em consideração o valor da transformação industrial, sendo que a participação da indústria têxtil nesse total foi de 8,26%, e a do vestuário, 13,10%. O segmento têxtil se destaca nacionalmente, tendo uma representatividade de 22% sobre igual setor do Brasil; o do vestuário tem 29% (2010) (FIESC, 2012). Tradicionalmente exportadora, a indústria têxtil e do vestuário catarinense vendeu ao exterior, em 2011, US$ 176 milhões, que correspondem a 5,9% do total exportado pelo Brasil. É também a maior exportadora brasileira de roupas de toucador/cozinha, tecidos atoalhados de algodão, fitas de fibras sintéticas ou artificiais, tecido e feltro, e camisetas T-shirt de malha. Santa Catarina é o segundo polo têxtil e do vestuário do Brasil, onde está estabelecida a maior organização brasileira fabricante de camisetas de malha (e segunda maior do mundo). O estado é ainda o maior produtor de linhas para crochê e fitas elásticas da América Latina, destacando-se na produção de artigos de cama, mesa e banho (FIESC, 2012). 3.7 COLETA DE DADOS O procedimento de coleta de dados teve início por meio de um encontro prévio com os gestores de cada uma das organizações têxteis selecionadas para o estudo, onde lhes foi entregue uma carta de apresentação da pesquisa. Esse contato preliminar possibilitou a seleção dos participantes da pesquisa, de modo que, em seguida, foi possível agendar datas e horários oportunos para a coleta dos dados. Como é habitual em pesquisas de caráter acadêmico, ressaltou-se aos participantes que os dados obtidos seriam tratados e analisados de forma estritamente confidencial e os resultados somente seriam apresentados de forma agregada, sem a identificação das organizações ou respondentes. Adicionalmente, e com o intuito de conseguir o maior número de respostas possível, como contrapartida, as organizações que participaram da pesquisa receberiam ao final, um relatório geral, bem como um personalizado, sobre o estudo, comparando as respostas médias do setor. A divulgação dos resultados é um fator de estímulo para as organizações participarem de pesquisas (MALHOTRA, 2006). O instrumento de coleta de dados foi impresso e disponibilizado para as organizações, e o número de questionários variou de acordo com 162 o número de respondentes. Para obter representatividade na amostra, solicitou-se aos gestores de cada organização que o questionário fosse respondido pelo maior número de pessoas possível. Quanto maior o número de respondentes, mais fiel é a visão que se tem do local. No entanto, ficou a critério da organização a definição das pessoas que participaram da pesquisa – apenas solicitou-se uma amostra de todos os níveis organizacionais. Foi acordado o prazo de quinze dias para o retorno dos questionários. Entretanto, esse prazo foi estendido, visando garantir um maior percentual de retorno. A coleta de dados ocorreu durante o período de abril a dezembro de 2012. 3.8 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS Kerlinger (1980, p. 353) define o processo de análise como “a categorização, ordenação, manipulação e sumarização de dados”. Inicialmente foram verificados os dados perdidos, que ocorrem quando um sujeito deixa de responder a uma ou mais questões do instrumento de coleta de dados. Essa definição sugere considerar que há níveis de indisponibilidade de informações e, desse modo, procura um nível de faltas a partir do qual as distorções dos resultados seriam inaceitáveis (KLINE, 2005; HAIR, Jr. et al., 2009). A influência de dados perdidos na pesquisa é a redução do tamanho amostral disponível para a análise. Se ações corretivas para dados perdidos não são aplicadas, qualquer observação com dados perdidos sobre uma das variáveis será excluída da análise (HAIR, Jr. et al., 2009). Segundo Kline (2005), os dados omissos ou perdidos são um problema comum em pesquisas de diferentes áreas, porém devem ser tratados para não influenciar o processo de análise por meio da MEE. A falta de dados acarreta problemas na estimação dos parâmetros de um modelo estrutural, uma vez que os coeficientes da matriz de covariância são obtidos com números não homogêneos de dados. A literatura não apresenta uma referência precisa sobre um nível de dados incompletos aceitável, mas Kline (2005) sugere que um percentual entre 5% e 10% de dados incompletos em uma particular variável seja aceitável, enquanto o impacto de níveis mais elevados seja menos previsível. O impacto dos dados incompletos, no entanto, depende mais da existência (ou inexistência) de um padrão na ausência 163 dos dados do que a proporção dos incompletos sobre o total de dados levantados. Existem três caminhos possíveis para a imputação dos dados: (1) substituição pela média, que tem a conveniência da simplicidade, não sendo, todavia, sensível à resposta dos sujeitos nas demais variáveis; (2) regressão, que leva em conta as respostas dos sujeitos nas demais variáveis, não sendo, contudo, factível se a variável omissa não tem covariância pelo menos moderada com as demais variáveis; e (3) ajuste padrão, que é a substituição pelo valor da variável em um caso com escores semelhantes nas demais variáveis (KLINE, 2005). Foram eliminados 26 questionários dos 467 iniciais, por apresentarem inúmeras questões sem resposta, por isso a amostra final foi composta por 441 questionários. Nesta amostra, observaram-se ainda alguns dados ausentes. Verificou-se que se tratavam de dados aleatórios, isto é, o padrão de dados perdidos para uma variável se relaciona com outras variáveis, mas não com os seus próprios valores. Destarte, utilizou-se o método de imputação pela média dos demais respondentes para substituir os dados faltantes, conforme sugerido por Kline (2005). Após a imputação, constatou-se que as cargas fatoriais e os coeficientes estruturais apresentaram-se próximos entre as duas análises; por conseguinte, não houve um efeito relevante. Após os ajustes dos dados faltantes, efetuou-se a descrição dos dados coletados e a análise das variáveis por meio de distribuição de frequência; em seguida empregou-se a análise fatorial exploratória e análise fatorial confirmatória; e, por fim, a modelagem de equações estruturais para analisar a relação entre os constructos e a confirmação ou rejeição das hipóteses. A análise descritiva foi realizada com o objetivo de obter uma síntese sobre as distribuições dos dados coletados. A distribuição de frequência é uma forma conveniente de analisar diferentes valores de uma variável. As estatísticas mais comuns associadas à distribuição de frequência são as medidas de posição (média, moda e mediana), as medidas de dispersão (intervalo, desvio padrão e coeficiente de variação) e as medidas de forma (assimetria e curtose) (MALHOTRA, 2006). A assimetria é a característica de uma distribuição que mede sua simetria em relação à sua média. Os valores assimétricos fora do intervalo -1 a +1 indicam uma distribuição substancialmente assimétrica. A curtose, por sua vez, é uma medida do achatamento relativo da curva definida pela distribuição de frequência. Um valor 164 positivo indica uma distribuição relativamente elevada, e um valor negativo indica uma distribuição relativamente achatada (HAIR, Jr. et al., 2005). A análise fatorial exploratória (AFE) tem o intuito de avaliar a unidimensionalidade dos constructos. A unidimensionalidade é a característica de indicadores escolhidos que têm apenas um traço inerente ou conceito em comum. Da combinação entre os indicadores escolhidos e a definição teórica do constructo unidimensional, o pesquisador deve estabelecer conceitual e empiricamente que indicadores são medidas confiáveis e válidas somente do constructo especificado, antes de estabelecer a unidimensionalidade (HAIR, Jr. et al., 2010). A AFE foi utilizada para averiguar se cada variável do constructo se relaciona somente com um fator e se elas estão bem correlacionadas entre si, indicando um único fator. Uma condição que deve ser atendida para rodar a análise fatorial é que a dimensão possua pelo menos três variáveis a fim de que a AFE em cada dimensão tenha graus de liberdade disponíveis para testar a hipótese de unidimensionalidade. Não há limite superior para o número de indicadores. Como questão prática, porém, um conjunto de cinco a sete indicadores deve representar a maioria dos constructos (HAIR, Jr. et al., 2005). Para verificar o grau de adequação da AFE aos dados, utiliza-se a medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de sampling adequacy e o Teste de Esfericidade de Bartlett. O KMO mede o grau de correlação parcial entre as variáveis. Para a interpretação dos resultados obtidos com o teste, valores próximos de 1,0 indicam que o método de análise fatorial é adequado para o tratamento dos dados. Por outro lado, valores menores que 0,5 indicam a inadequação do método (HAIR, Jr. et al., 2005). O Teste de Esfericidade de Bartlett indica se a matriz de correlação é uma matriz identidade (correlação zero entre as variáveis). O teste é baseado na distribuição estatística de “Qui-Quadrado” e testa a hipótese (nula H0) de que a matriz de correlação é uma matriz identidade (cuja diagonal é 1,0, e todas as outras são iguais a zero), isto é, que não há correlação entre as variáveis. Valores de significância maiores que 0,100 indicam que os dados não são adequados para o tratamento com o método em questão, ou seja, que a hipótese nula não pode ser rejeitada. Já valores menores que o indicado permitem rejeitar a hipótese nula (HAIR, Jr. et al., 2010). 165 Para validar o modelo integrado, com seus respectivos constructos, é fundamental que, antes disso, se proceda à validação individual dos constructos ou submodelos (HAIR, Jr. et al., 2005; KLINE, 2005). Após a AFE, foi realizada a análise fatorial confirmatória (AFC) por meio do software AMOS® 19, com a finalidade de verificar a validade dos constructos envolvidos no modelo de mensuração. Dado o conhecimento sobre as relações entre os constructos, procedeu-se à validação individual de cada um, de acordo com a análise de adequação dos índices de ajuste e a busca de evidências de validade convergente. A utilização da AFC na modelagem de equações estruturais permite a avaliação da confiabilidade e da validade dos constructos (GARVER; MENTZER, 1999). A confiabilidade é a avaliação de consistência entre múltiplas medidas de uma variável. Ela indica o grau de consistência interna entre os múltiplos indicadores de um constructo, referindo-se à extensão na qual um mesmo instrumento de medida produz resultados coerentes a partir de diversas mensurações (SCHUMACHER; LOMAX, 1996). A validade do constructo é o grau em que um conjunto de itens medidos realmente reflete o constructo latente teórico que aqueles itens devem medir. Assim, ela lida com a precisão da mensuração (HAIR, Jr. et al., 2009). Para verificar os índices de adequações para amostra seria necessário (ideal) um número mínimo de quatro indicadores para cada variável latente, uma vez que, dessa maneira, haveria mais graus de liberdade do que estimativas a serem calculadas. O número mínimo de indicadores para que se possam rodar modelos estruturais são três; entretanto com esse número fica inviável o teste de ajuste do modelo, uma vez que se tem um número de graus de liberdade idêntico ao de estimativas a serem calculadas. Nesta tese o número de indicadores para cada variável foi superior a três (HAIR, Jr. et al., 2009). A MEE não diz respeito a uma técnica, mas sim a um conjunto de procedimentos estatísticos, que em determinadas ocasiões é citado na literatura como análise da estrutura de covariância ou modelagem da estrutura de covariância (KLINE, 2005). A MEE busca explicar as relações entre múltiplas variáveis, examinando a estrutura de interrelações expressas em uma série de equações, semelhante às de regressão múltipla. Estas equações descrevem todas as relações entre constructos (variáveis dependentes e independentes) envolvidas na análise (HAIR, Jr. et al., 2010). 166 As técnicas da MEE se distinguem por duas características. A primeira é a estimação de múltiplas e inter-relacionadas relações de dependência e faz referência a algumas variáveis dependentes que se convertem em variáveis independentes em relações subsequentes, dando origem à natureza interdependente do modelo estrutural. A segunda é a habilidade para representar conceitos não observados nessas relações e explicar erros de mensuração no processo de estimação. É a habilidade dos modelos de equações estruturais de incorporar as variáveis latentes na análise. Parte-se do pressuposto de que não se pode medir perfeitamente um conceito e que sempre há algum grau de erro na medida. A variável independente ou exógena é aquela que atua simplesmente como preditora ou “causadora” de um efeito em outra variável/constructo no modelo teórico. Em diagramas de caminho, que são as formas de representação da MEE, os constructos exógenos têm apenas indicações causais que partem deles e não são previstos por quaisquer outros constructos do modelo (HAIR, Jr. et al., 2005). A variável dependente ou endógena é aquela que resulta de pelo menos uma relação causal. Em termos de um diagrama de caminhos, existem uma ou mais setas (indicações) que conduzem até o constructo ou variável endógena. O pesquisador conseguirá distinguir quais variáveis independentes preveem cada variável dependente sustentandose na teoria, bem como em suas próprias experiências prévias (HAIR, Jr. et al., 2005). Para a análise do modelo de mensuração, foram feitos cálculos destinados à validação das escalas propostas, conforme as recomendações sugeridas por Hair, Jr. et al. (2005) para avaliar se existe congruência entre os resultados esperados para o instrumento de mensuração e os constructos que se deseja medir. Esse procedimento é realizado por meio de quatro fases: a) Análise fatorial exploratória (AFE): para a avaliação da unidimensionalidade dos constructos. b) Teste de confiabilidade: grau em que um conjunto de indicadores de constructos latentes é consistente em suas mensurações; confiabilidade é a extensão em que dois ou mais indicadores “compartilham” em sua mensuração um constructo (HAIR, Jr. et al., 2005). c) Análise fatorial confirmatória (AFC) com os constructos e suas variáveis: com a finalidade de construir o modelo de mensuração. A AFC é usada para testar (confirmar) uma relação pré-especificada (HAIR, Jr. et al., 2005). 167 d) A AFC entre as dimensões de cada constructo: com o objetivo de construir o modelo de mensuração (HAIR, Jr. et al., 2005). A AFC envolveu a análise dos índices de ajuste e a análise da validade convergente. As medidas de ajuste global do modelo são divididas em três categorias: medidas de ajuste absoluto, medidas de ajuste incremental e medidas de ajuste parcimonioso. Conforme Hair, Jr. et al. (2005), é necessária uma avaliação das medidas, uma vez que nenhuma medida emergiu como singular para a avaliação de modelos. Os índices de ajuste absoluto são uma média direta de quão bem o modelo especificado pelo pesquisador reproduz os dados observados (HAIR, Jr. et al., 2005). As medidas de ajuste absoluto que foram utilizados nesta tese são: Quociente Qui-Quadrado (2) / Graus de Liberdade (GL) – indica as disparidades entre as matrizes estimadas e as observadas, sugerindo, em valor absoluto, que as diferenças entre as matrizes serão menores quanto menor for a relação entre graus Qui-Quadrado (2) e Graus de Liberdade. São considerados valores absolutos abaixo de 5, observando-se a sensibilidade quanto ao tamanho da amostra. Segundo Hair, Jr. et al. (2005), o cálculo dos graus de liberdade obedece à seguinte fórmula: df = ½ [(p+q) (p+q+1)] – t Onde: df = graus de liberdade; p = número de indicadores endógenos; q = número de indicadores exógenos e t = número de coeficientes estimados no modelo proposto. Goodness of Fit Index (GFI) – o índice de qualidade de ajuste varia de zero (ajuste fraco) a um (ajuste ideal), e permite a comparação dos resíduos decorrentes das matrizes observadas e estimadas. São considerados aceitáveis índices superiores a 0,9. Adjusted Goodness-of-fit (AGFI) – leva em conta diferentes graus de complexidade do modelo, ajustando o GFI por proporção entre os graus de liberdade usados em um modelo e o número total de graus de liberdade disponíveis. O AGFI penaliza modelos mais complexos e favorece aqueles com um número mínimo de caminhos livres. Os valores do AGFI são geralmente menores que o GFI, proporcionalmente à complexidade do modelo (HAIR, Jr. et al., 2009). Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA) – utilizado para verificar a correção da tendência apresentada pelo QuiQuadrado (2) de rejeitar o modelo a partir de grandes amostras 168 ou grande número de variáveis observadas. Tende a ser aceitável no intervalo de 0,05 a 0,08 (BROWNE; CUDECK, 1997; HAIR, Jr. et al., 2005). Root Mean Square Residual (RMSR) – equivale à raiz quadrada da média dos resíduos quadrados, uma média dos resíduos entre as matrizes observadas e os resíduos da matriz de referência. Pode ser determinado pela matriz de covariância ou pela matriz de correlação, sendo mais eficiente quanto às correlações. Valores baixos sugerem um bom ajustamento e “um RMSR ‘0’ indica um ajuste perfeito” (ARBUCKLE, 2009; HAIR, Jr. et al., 2009). Os ajustes incrementais diferem dos absolutos no sentido de que eles avaliam o quão bem um modelo especificado se ajusta relativamente a algum modelo alternativo de referência. Foram analisados os seguintes índices: Normed Fit Index (NFI) – varia de zero a um e pode ser considerado aceitável para valores superiores a 0,9. Caracterizase por ser uma medida de comparação entre o modelo proposto e o modelo nulo, representando um ajuste incremental. Segundo Hair, Jr. et al. (2005), o NFI é calculado como: NFI= (X2 nulo – X2 proposto) X2 nulo Tucker-Lewis Index (TLI) – apresenta uma medida de parcimônia entre os índices do modelo proposto e do modelo nulo. Varia de zero a um, com índice aceitável acima de 0,9. Segundo Hair, Jr. et al. (2005), o TLI é calculado como: TLI = (x2nulo / dfnulo) – (x2proposto / dfproposto) (x2nulo / x2proposto) – 1 Comparative Fit Index (CFI) – compara de forma geral o modelo estimado e o modelo nulo, considerando valores mais próximos de um como indicadores de ajustamento satisfatório. Segundo Hair, Jr. et al. (2005), a equação a seguir representa o cálculo do modelo estrutural: η = Γξ + ßη + ζ Onde: η = constructo dependente; ßη = conjunto de caminhos beta; Γξ = conjunto de caminhos gama; ζ = covariação entre termos de erro do constructo dependente; 169 E, ainda de acordo com Hair, Jr. et al. (2005), as equações para o modelo de mensuração são as seguintes: Constructos exógenos: X = ᴧxξ + δ Constructos endógenos: Y = ᴧyη + ɛ Onde: X = indicador exógeno; Y = indicador endógeno; ξ = constructo exógeno; η = constructo endógeno; ᴧx = correspondência (cargas) de indicadores exógenos; ᴧy = correspondência (cargas) de indicadores endógenos; δ = matriz de correlação de erro de previsão para indicadores de constructos exógenos; ɛ = matriz de correlação de erro de previsão para indicadores de constructos endógenos. Os índices de ajuste de parcimônia fornecem informações sobre qual modelo, em um conjunto de modelos concorrentes, é melhor, considerando seu ajuste relativo à sua complexidade. Os índices de ajuste parcimonioso consideram o número de coeficientes estimados para a análise. São eles a razão entre o valor do Qui-Quadrado (2) e o número de Graus de Liberdade (χ2/GL), o Akaike Information Criterion (AIC), o Parsimony-adjusted GFI (PGFI) e o Parsimony-adjusted NFI (PNFI). Estes últimos três índices não têm valores mínimos aceitáveis e, juntamente com o χ2/gl, o TLI e o NFI, podem ser utilizados na comparação de modelos (KLINE, 2005, HAIR, Jr. et al., 2005). O principal objetivo de qualquer um destes índices de ajuste é auxiliar o pesquisador na discriminação entre os modelos especificados aceitáveis e inaceitáveis. O valor de 0,90 é visto como um número “mágico” para índices importantes como GFI, AGFI, CFI ou TLI, entretanto, nenhum valor único “mágico” para os índices de ajuste separa os modelos bons e ruins, e não é prático aplicar um único conjunto de regras de corte para todos os modelos de mensuração nem para todos os modelos de MEE (KLINE, 2005, HAIR, Jr. et al., 2005). A qualidade do ajuste depende consideravelmente das características do modelo, incluindo o tamanho amostral e a complexidade do modelo. Conforme os objetivos desta tese, optou-se por analisar os modelos de medida de cada constructo individualmente, com o intuito de avaliar mais detalhadamente os indicadores que 170 integram as variáveis latentes, conforme as sugestões dos autores (KLINE, 2005, HAIR, Jr. et al., 2005). Foi calculada a confiabilidade de cada constructo separadamente. Um indicador comumente usado para confiabilidade é o Alfa de Cronbach, sendo aceitos valores de 0,6 a 0,7, apesar de valores abaixo destes serem aceitáveis em pesquisas de natureza exploratória. Entretanto Hair, Jr. et al. (2005) indicam limitações no coeficiente Alfa de Cronbach. Segundo os autores, o cálculo da confiabilidade por meio do Alfa de Cronbach não considera os erros nos indicadores. Nesse sentido, os autores estimulam a utilização da Confiabilidade Composta e Variância Extraída. A confiabilidade composta é uma medida de consistência interna dos itens. Sugerem-se valores maiores que 0,70. A variância média extraída (Average Variance Extracted ou AVE) representa uma medida de confiabilidade que indica a quantidade geral de variância nos indicadores explicada pelo constructo latente. A variância extraída foi calculada para cada um dos constructos separadamente. Recomendam-se valores superiores a 0,5 para um constructo (HAIR, Jr. et al., 2005). Os itens que são indicadores de um constructo específico devem convergir ou compartilhar uma elevada proporção de variância em comum, o que é conhecido como validade convergente. Há diversas maneiras de estimar a quantia relativa à validade convergente (HAIR, Jr. et al., 2010). Nesta tese, ela foi avaliada a partir do exame das cargas fatoriais e das medidas de ajuste, apresentadas anteriormente. As medidas de ajuste, quando estimadas para cada um dos constructos, também são indicadores de validade convergente. O tamanho da carga fatorial é uma consideração importante. No caso de validade convergente, cargas altas sobre um fator indicariam que elas convergem para algum ponto em comum. No mínimo, todas as cargas fatoriais devem ser estatisticamente significantes. Conforme Hair, Jr. et al. (2005), como uma carga significante poderia ainda ser relativamente fraca, uma boa prática é que estimativas de cargas padronizadas devam ser de 0,5 ou mais, e, idealmente, de 0,7 para cima. Nesta tese optou-se por acatar o recomendado por Kline (2005), que indica cargas padronizadas mínimas de 0,6, de maneira que o indicador seja mantido como um item reflexivo do constructo. Indicadores com cargas menores não serão considerados. Validade discriminante é o grau em que um constructo é verdadeiramente diferente dos demais. Logo, validade discriminante elevada oferece evidência de que um constructo é único e captura alguns 171 fenômenos que outras medidas não conseguem. Além da diferenciação entre constructos, a validade discriminante também significa que itens individuais medidos devem representar somente um constructo latente (HAIR, Jr. et al., 2005). A AFC fornece duas maneiras de avaliar a validade discriminante. Primeiro pelo método sugerido por Fornell e Larcker (1981), ou seja, comparando os percentuais de variância extraída para dois constructos quaisquer com o quadrado da estimativa de correlação entre tais constructos. As estimativas de variância extraída devem ser maiores do que a estimativa quadrática de correlação. Para melhor análise da validade discriminante, nesta tese foram adotadas ambas as formas de avaliação. A segunda maneira é a partir do que recomendam Bagozzi e Phillips (1982), isto é, a correlação entre dois constructos quaisquer pode ser especificada (fixada) como sendo um. Essencialmente, isso é o mesmo que especificar que os itens que compõem dois constructos poderiam perfeitamente compor apenas um. Se o ajuste do modelo de dois constructos não for significativamente melhor do que o de um constructo, então a validade discriminante é insuficiente. No estudo, adodou-se o que preconiza Bagozzi e Phillips (1982). O teste da única hipótese relativa ao porte da organização poderia ser feito por meio da análise de subgrupos em equações estruturais. Contudo, a amostra para as pequenas empresas parece ser pequena demais para a realização de uma análise de subgrupos com equações estruturais. As organizações têxteis foram divididas em pequenas, médias e grandes, conforme o número de empregados – segundo critérios do SEBRAE. Para operacionalizar essa variável e inseri-la como variável métrica no modelo, utilizou-se da reespecificação de variáveis por meio de variáveis dummy, ou seja, aquelas que podem assumir apenas dois valores. A reespecificação de variáveis é a transformação de dados para criar novas variáveis ou modificar variáveis existentes de modo a tornálas mais consistentes com o objetivo do estudo. As variáveis dummy compreendem um importante processo de reespecificação (HAIR, Jr. et al., 2009). Assim, os indicadores foram transformados em variáveis dummy: um para grande empresa e zero para pequena e média empresa. Para o teste da hipótese relativa à localização geográfica, optouse por uma análise de subgrupos, tendo em vista que as amostras foram homogêneas para as três regiões. A amostra para a região Oeste foi de 102 respondentes, para a região do Vale do Itajaí foi de 160 172 respondentes, e a região Norte teve 179 respondentes. Para Hair, Jr. et al. (2005), o número mínimo de elementos que compõem a amostra para MEE deve ficar entre 100 e 150, quando se utiliza a estimação de máxima verossimilhança (maximum likelihood) no cálculo dos parâmetros. 3.9 TRAJETÓRIA TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA Esta seção descreve a trajetória seguida para o desenvolvimento desta pesquisa, iniciando com a definição do problema de pesquisa e com o objetivo geral do estudo. Na segunda etapa é apresentada a trajetória epistemológica e a definição da teoria de base. Nesta mesma etapa foi definida a estrutura da revisão de literatura, tendo como foco a cultura organizacional e a inovação. Com base nesta, adotou-se o posicionamento teórico. Na terceira etapa da trajetória da pesquisa, ocorreu a definição das variáveis de estudo e as hipóteses. Na quarta e última etapa, é descrita a forma de coleta de dados, bem como a forma de tratamento e análise dos dados coletados. Por fim, são apresentados os resultados deste estudo. A trajetória da pesquisa é mostrada na Figura 25. 173 2a Etapa 1a Etapa Figura 25 – Representação Gráfica da Trajetória da Pesquisa. Definição do Objetivo Geral da Pesquisa Definição do Verificar o impacto da cultura de inovação no desempenho Problema de em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Pesquisa Catarina. Estrutura da Revisão de Literatura Posicionamento Teórico Trajetória Cultura Inovação Epistemológ. Organizacional Antecedentes Antecedentes Definição da Conceitos Conceitos Teoria de Aspectos Desenvol. de Base: mensuráveis produtos Mudança da Des. Inov. de produto cultura organiz. Teoria da Interligação dos temas cultura Contingência organizacional e inovação – Cultura de Inovação Cultura de Inovação Smircich (1983); Schein (1984; 2004); Martins e Terblanche (2003). Desempenho em inovação de prod. Alegre, Lapiedra e Chiva (2006); Alegre e Chiva (2008); Alegre, Chiva e Lapiedra (2009). 3 a Etapa Definição das Variáveis de Estudo Cultura Organizacional Desempenho Cultura de Inovação Inovação de inovação de produtos Questionário: produtos Questionário: – 39 perguntas Estratégia Eficiência – 12 perguntas fechadas Estrutura Eficácia fechadas – Escala Likert com – Escala Likert com Mecanismos de Suporte escala de 7 pontos Estímulo à inovação escala de 7 pontos – Apêndice A Comunicação – Apêndice A Coleta dos dados 4 a Etapa Instrumento de Pesquisa 441 sujeitos sociais de 16 organizações têxteis do estado de Santa Catarina Procedimentos para Análise dos Dados Análise descritiva; Análise Fatorial Exploratória; Análise Fatorial Confirmatória; MEE Resultados Resposta à questão: Qual a influência da cultura de inovação sobre o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina? Fonte: Elaboração própria. Com base na Figura 25 é possível visualizar a trajetória seguida para a realização desta pesquisa. Mesmo que de forma sistematizada, ali 174 estão descritos todos os passos seguidos nesta tese, desde a definição do problema de pesquisa até os resultados. O próximo tópico apresenta as limitações encontradas na pesquisa. 3.10 LIMITAÇÕES DA PESQUISA Apesar do rigor científico e dos cuidados metodológicos, a pesquisa apresenta limitações. A primeira limitação é o fato de a amostra da pesquisa não ser probabilística. Do mesmo modo, a população pesquisada foi escolhida intencionalmente, por acessibilidade e conveniência. Considera-se, assim, que a representatividade da amostra em relação à população não pode ser rigorosamente observada. Além disso, as organizações selecionadas não compunham um único ramo de atividade, sendo eleitas organizações de confecção, cama, mesa e banho, de etiquetas, e organizações desenvolvedoras de material esportivo, o que pode provocar um viés na análise dos dados. Entretanto, salienta-se que todas as organizações pertencem à cadeia têxtil, que inclui as organizações produtoras de fibras naturais, artificiais e sintéticas, passando pelas fiações, beneficiadoras, tecelagens e confecções (ABIT, 2011). O número de organizações estudadas e os vieses das pessoas pesquisadas que foram indicadas pela alta administração podem ser considerados como limitações do estudo. É possível que os indivíduos selecionados para responder ao questionário não tenham sido os mais representativos do universo estudado, constituindo uma limitação para o método de investigação. Os vieses de interpretação do próprio pesquisador são aspectos que também limitam a capacidade de generalização dos resultados. Outra limitação pode ter ocorrido na construção da escala para medir as variáveis de estudo. A utilização de um questionário autopreenchido envolve o viés do respondente quanto às informações relatadas. Outro viés refere-se à compreensão dos itens do questionário, sendo natural que os respondentes apresentem entendimento dúbio em relação a determinados termos do questionário, principalmente nas assertivas com escala inversa. Evitou-se desenvolver um instrumento de coleta muito extenso, com o intuito de facilitar a participação do maior número possível de respondentes no estudo. Nesse sentido, foi necessário selecionar as variáveis mais importantes para o objeto de 175 estudo, considerando também sua fundamentação teórica e as particularidades da cultura organizacional e inovação de produtos. Deve-se mencionar que uma possível limitação deste trabalho é que ele foi desenvolvido apenas no setor têxtil, e, portanto, corre-se o risco de uma escassa capacidade de generalização. Entretanto, neste tipo de pesquisa isso representa uma vantagem considerável, uma vez que garante certa homogeneidade nos resultados, visto que a cultura se manifesta de várias maneiras em diferentes setores. Essa homogeneidade deve ser levada em conta na inovação em produtos, uma vez que outros setores podem apresentar níveis tecnológicos e efeitos econômicos significativamente diferentes. Quanto às limitações metodológicas, pode-se considerar a abordagem quantitativa utilizada para pesquisas sobre cultura organizacional, visto que alguns autores defendem a abordagem qualitativa. A aplicação unicamente de questionários e técnicas quantitativas para o estudo sobre cultura muitas vezes não retrata os elementos culturais únicos de cada organização. Nesse sentido, aspectos considerados importantes e que poderiam ter sido aprofundados de forma qualitativa não foram estudados. O estudo também apresentou limitações de ordem teórica. Podese considerar que o trabalho não tenha abordado todas as variáveis pertinentes à cultura organizacional e inovação, uma vez que os dois temas são amplos, complexos e multifacetados. A fragilidade dos determinantes da cultura de inovação, estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação, propostos por Martins e Terblance (2003), bem como o modelo de desempenho em inovação de produtos nas dimensões de eficácia e eficiência de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), pode impedir o esboço de um perfil mais preciso sobre a influência da cultura organizacional no desempenho na indústria têxtil de Santa Catarina. Todavia, pretendeu-se abranger os elementos mais relevantes dentro do contexto no qual está inserido este estudo. As observações quanto às limitações são importantes para assegurar a validade e a confiabilidade da pesquisa. A apresentação e a análise dos resultados são descritos no capítulo seguinte. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Este capítulo descreve os resultados empíricos obtidos pela aplicação do instrumento de coleta de dados. A apresentação e a análise 176 dos dados são descritas em quatro blocos distintos (representados na Figura 26), conforme demonstrou o constructo da pesquisa relatado no Capítulo Três – “Métodos e técnicas de pesquisa”. Primeiramente são apresentados os resultados dos determinantes da cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos por meio da análise descritiva. Posteriormente, por meio da AFE, são identificadas as variáveis que melhor explicam os constructos. A AFC foi usada para testar a confiabilidade e validade dos constructos. Na sequência, foi analisada a influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos por meio de MEE. Por fim, apresentam-se os testes das hipóteses de pesquisa e discussão dos resultados frente à literatura apresentada nas seções anteriores. Figura 26 – Representação gráfica da apresentação e análise dos resultados. Apresentação e análise e dos Resultados 1 Estatística Descritiva Descrição dos dados coletados e análise das variáveis por meio de distribuição de frequência. 2 Análise Fatorial Exploratória Para identificar o número de fatores formados e o conjunto de variáveis em cada fator. 3 Análise Fatorial Confirmatória Testar a confiabilidade e a validade dos constructos. 4 Modelagem de Equações Estruturais Análise da relação entre os constructos e confirmação ou rejeição das hipóteses. Fonte: Elaboração própria. 4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS Este tópico aborda a análise descritiva dos resultados da pesquisa. Inicialmente é apresentada a caracterização da amostra quanto ao porte das organizações pelo número de funcionários, bem como a sua localização geográfica. Na sequência são expostos os resultados da análise descritiva das dimensões Estratégia, Estrutura, Mecanismos de 177 Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação, que compõem a cultura de inovação, e, por fim, a análise descritiva das dimensões Eficácia e Eficiência, que formam o constructo do desempenho em inovação de produtos. A Tabela 3 apresenta o porte das organizações pesquisadas conforme o critério de classificação do SEBRAE, e a Tabela 4 mostra a localização geográfica segundo critérios do IBGE, que divide o estado de Santa Catarina em seis mesorregiões, conforme relatado anteriormente. Tabela 3 – Porte das organizações pesquisadas. Porte da organização Organizações participantes Frequência Percentual Organização de 2 pequeno porte Organização de 7 médio porte Organização de 7 grande porte Total 16 Fonte: Dados da pesquisa. Número de respondentes Frequência Percentual 12,4 86 19,5 43,8 243 55,1 43,8 112 25,4 100 441 100 Tabela 4 – Localização geográfica das organizações pesquisadas. Organizações participantes Localização geográfica Frequência Percentual Região Oeste 3 18,8 Vale do Itajaí 9 56,3 Região Norte 4 25,0 Total 16 100 Fonte: Dados da pesquisa. Respondentes Frequência Percentual 102 23,1 160 36,3 179 40,6 441 100 Fizeram parte desta pesquisa duas organizações de pequeno porte, com um total 86 respondentes, uma localizada no Norte e outra no Oeste do estado. As organizações de médio porte foram as com o maior número de respondentes: um total de 243, divididos em sete organizações, sendo que duas pertencem à região Oeste, três à região Norte do estado e duas ao Vale do Itajaí. Também participaram da pesquisa 112 respondentes de sete organizações de grande porte, sendo seis provenientes do Vale do Itajaí e apensas uma da região Oeste. Participaram da pesquisa apenas duas organizações de pequeno porte, sendo provenientes da região Norte e do Vale do Itajaí. Cabe destacar que todos os elementos selecionados se declararam interessados 178 no tema e se prontificaram a colaborar na pesquisa. Apesar do esforço na coleta de dados, não foram obtidas amostras das regiões do Planalto Serrano, Grande Florianópolis e Sul. A Tabela 5 mostra a análise descritiva das dimensões da cultura de inovação. Nela são apresentados a média, o desvio padrão, a variância, a assimetria e a curtose. Tabela 5 – Análise Descritiva – Dimensões da Cultura de Inovação. Estratégia Desvio Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Assimetria Curtose padrão Estrateg1 441 1 7 4,56 1,682 2,829 -,292 -,692 Estrateg2 441 1 7 5,51 1,517 2,300 -1,003 ,399 Estrateg3 441 1 7 5,48 1,444 2,086 -,898 ,237 Estrateg4 441 2 7 4,92 1,675 2,804 -,713 -,258 Estrateg5 441 1 7 3,92 1,848 3,414 ,126 -1,081 Estrateg6 441 1 7 5,35 1,502 2,256 -,973 ,569 Estrateg7 441 1 7 4,73 1,605 2,577 -,596 -,287 Estrateg8 441 1 7 5,35 1,536 2,360 -,917 ,245 Estrateg9 441 1 7 5,23 1,453 2,110 -,815 ,281 Estrateg10 441 1 7 5,21 1,588 2,523 -,844 ,077 Estrutura Desvio Assimetria Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Curtose padrão Estrutura1 441 1 7 4,79 1,617 2,614 -,514 -,472 Estrutura2 441 1 7 5,32 1,648 2,715 -,950 ,218 Estrutura3 441 1 7 5,22 1,466 2,148 -,703 -,118 Estrutura4 441 1 7 4,72 1,704 2,905 -,548 -,588 Estrutura5 441 1 7 4,14 1,846 3,409 -,180 -1,036 Estrutura6 441 1 7 5,21 1,606 2,580 -,849 ,099 Estrutura7 441 1 7 4,68 1,764 3,112 -,542 -,615 Estrutura8 441 1 7 5,26 1,509 2,278 -,780 ,013 Continua.... 179 Continuando.... Mecanismos de Suporte Desvio Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Assimetria Curtose Padrão Suporte1 441 1 7 5,02 1,691 2,859 -,710 -,321 Suporte2 441 1 7 4,66 1,877 3,523 -,542 -,821 Suporte3 441 1 7 4,85 1,691 2,861 -,649 -,460 Suporte4 441 1 7 4,85 1,703 2,899 -,596 -,600 Suporte5 441 1 7 3,51 1,542 2,378 ,419 -,370 Suporte6 441 1 7 4,52 1,696 2,877 -,479 -,673 Suporte7 441 1 7 4,64 1,805 3,259 -,554 -,689 Comportamentos que Estimulam a Inovação Desvio Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Assimetria Curtose padrão Estímulo1 441 1 7 3,47 1,758 3,091 ,385 -,780 Estímulo2 441 1 7 4,56 1,715 2,943 -,415 -,770 Estímulo3 441 1 7 5,03 1,656 2,742 -,724 -,269 Estímulo4 441 1 7 4,83 1,668 2,784 -,586 -,443 Estímulo5 441 1 7 4,38 1,773 3,144 -,476 -,776 Estímulo6 441 1 7 4,69 1,735 3,011 -,628 -,468 Estímulo7 441 1 7 5,16 1,550 2,402 -,815 ,041 Estímulo8 441 1 7 3,64 1,898 3,603 ,313 -1,005 Estímulo9 441 1 7 3,34 1,724 2,973 ,362 -,753 Comunicação Desvio Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Assimetria Curtose padrão Comunica1 441 1 7 4,39 1,772 3,138 -,389 -,840 Comunica2 441 1 7 4,51 1,710 2,923 -,481 -,701 Comunica3 441 1 7 4,83 1,484 2,204 -,488 -,350 Comunica4 441 1 7 2,87 1,505 2,266 ,868 ,300 Comunica5 441 1 7 5,71 1,512 2,285 -1,212 ,803 Fonte: Dados da pesquisa. A partir da Tabela 5 é possível verificar os dados referentes ao constructo da cultura de inovação. Na dimensão Estratégia, a variável Estrateg4 (“A distância entre onde a empresa está e onde quer estar é analisada e discutida regularmente”) não recebeu nota mínima, sendo que as médias mais altas foram Estrateg2 (“A visão e a missão estão focadas no futuro”), com valor de 5,51, seguida pela Estrateg6 (“Conheço os objetivos estratégicos (metas) que devem ser alcançados pela empresa”) e Estrateg8 (“Qualidade é a principal ênfase refletida nas 180 metas organizacionais”), com médias iguais, de 5,35. As médias mais baixas foram para as variáveis Estrateg5 (“A alta gestão não detalha como os objetivos estratégicos devem ser alcançados”), com valor de 3,92, e Estrateg1 (“Todos os colaboradores possuem um entendimento completo da visão e missão da empresa”), com média de 4,56. No que tange à assimetria da dimensão Estratégia, a variável Estrateg2 (“A visão e a missão estão focadas no futuro”) apresentou assimetria negativa de -1,003, e a variável Estrateg5 assimetria positiva de 0,126. Os valores do coeficiente de assimetria ficaram no intervalo de -1 a +1, indicando uma distribuição substancialmente assimétrica. Quanto à curtose, os valores variaram entre -0,692, para a variável Estrateg1 (“Todos os colaboradores possuem um entendimento completo da visão e missão da empresa”), e 0,399, para a variável Estrateg2, indicando que a curva de distribuição não é achatada. Com base na assimetria e na curtose, pode-se constatar que a distribuição dos dados para a dimensão Estratégia foi normal. O resultado dessa análise garante que é possível fazer uma regressão ou mesmo MME para esta dimensão. Na dimensão Estrutura todas as respostas receberam notas mínimas e máximas, sendo que elas variaram de “Concordo totalmente” a “Discordo totalmente”. A variável com média mais baixa foi Estrutura5 (“As decisões são tomadas com a participação de todos os níveis, desde os mais baixos da escala organizacional”), com valor de 4,14; a média mais alta foi a da variável Estrutura2 (“Acordos de trabalho flexíveis (por exemplo: rodízios de funções, horários flexíveis, divisão do trabalho) são possíveis”), com 5,32. Todas as variáveis apresentaram assimetria negativa, variando de -0,950 (Estrutura2) a 0,180 (Estrutura5). A curtose apresentou valores entre -1,036 (Estrutura5) e 0,218 (Estrutura2) – dentro, portanto, do intervalo sugerido por Hair, Jr. et al. (2005). Tendo em vista a análise de assimetria e curtose, os dados apresentaram uma distribuição normal. Assim, é possível empregar a MEE. Para a dimensão Mecanismos de Suporte, todas as respostas receberam notas mínimas e máximas. As médias foram homogêneas, sendo que as mais baixas foram para os indicadores Suporte5 (“É difícil obter recursos para projetos que envolvam riscos acima da média”), com valor de 3,51, e Suporte6 (“Os colaboradores podem opinar na quantidade e qual tipo de treinamento recebem”), com média de 4,52. As médias mais altas foram para o indicador Suporte1 (“Recompensas intrínsecas (por exemplo: aumento de autonomia, melhores 181 oportunidades de crescimento pessoal) são uma parte significativa do sistema de motivação”), com o valor de 5,02, e para os indicadores Suporte3 (“A geração de ideias e a experimentação são valorizadas”) e Suporte4 (“Todos têm acesso às informações de que necessitam”), ambos com 4,85. A fim de avaliar se a amostra é ou se aproxima de uma distribuição normal, foram empregadas as análises de assimetria e curtose. Para a assimetria, os valores variaram entre -0,710 e 0,419, entre as variáveis Suporte1 e Suporte5, respectivamente. A curtose apresentou os valores entre -0,821 para o indicador Suporte2 (“Os colaboradores são recompensados (recompensas financeiras e não financeiras) pelo trabalho eficiente”) e -0,321 para o indicador Suporte1. Com base na análise de assimetria e curtose, constatou-se que os dados apresentaram uma distribuição normal, sendo possível empregar a MEE. Ainda conforme a Tabela 5, na dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação, todas as respostas receberam notas mínimas e máximas, sendo que as médias altas foram apresentadas nas variáveis Estímulo7 (“Tentamos desafiar a maneira como as coisas sempre foram feitas e procuramos por um caminho melhor”), com média de 5,16, e Estímulo3 (“Os colaboradores são encorajados a falar e a aprender uns com os outros”), com valor médio de 5,03. As médias mais baixas correspondem às variáveis Estímulo9 (“O ambiente de trabalho é altamente competitivo”), com valor de 3,34, e Estímulo1 (“No caso de falha há uma investigação a fim de descobrir quem é o culpado”), com média de 3,47. No que tange à assimetria, os valores variaram de -0,815, para a variável Estímulo7, e 0,385, para a variável Estímulo1. Para a curtose, os valores foram de -1,005, para o indicador Estímulo8 (“Um indivíduo não deve contrariar seus superiores”), e 0,041, para Estímulo7. Com base na assimetria e curtose, foi possível averiguar que a distribuição dos dados para a dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação foi normal. Consequentemente, é possível fazer uma regressão ou também MME para esta dimensão. Na última dimensão do constructo referente à cultura de inovação, verificou-se que todas as variáveis da Comunicação receberam notas mínimas e máximas. As médias mais altas foram para as variáveis Comunica5 (“Eu tenho um canal aberto de comunicação com o meu imediato supervisor/gerente”) e Comunica3 (“Há união e comunicação aberta nas equipes de trabalho”), com médias de 5,71 e 4,83, respectivamente. As médias mais baixas podem ser vistas nas variáveis Comunica4 (“A comunicação das decisões obedece à hierarquia existente na empresa”), com valor de 2,87, e Comunica1 182 (“Existe uma boa comunicação entre os departamentos”), com valor de 4,39. A variável Comunica5 apresentou assimetria negativa de -1,212 e o indicador Comunica4 assumiu assimetria positiva de 0,868. No que se refere à curtose, a variável Comunica1 apresentou um valor de -0,840; e a variável Comunica5, um valor de 0,803. Com base na assimetria e curtose para a dimensão Comunicação, foi possível verificar que os dados também apresentaram uma distribuição normal. A Tabela 6 exibe a análise descritiva do desempenho em inovação de produtos com as dimensões de Eficácia e Eficiência. Nela são descritos a média, o desvio padrão, a variância, a assimetria e a curtose. Tabela 6 – Análise Descritiva – Desempenho em Inovação de Produtos. EFICÁCIA Desvio Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Assimetria Curtose padrão Eficacia1 441 1 7 5,35 1,418 2,010 -,782 ,273 Eficacia2 441 1 7 5,53 1,355 1,836 -,954 ,768 Eficacia3 441 1 7 5,01 1,409 1,984 -,738 ,244 Eficacia4 441 1 7 5,35 1,458 2,125 -,839 ,241 Eficacia5 441 1 7 5,22 1,575 2,480 -,805 ,022 Eficacia6 441 1 7 5,45 1,363 1,857 -,889 ,469 Eficacia7 441 1 7 4,74 1,907 3,638 -,639 -,652 Eficacia8 441 1 7 5,45 1,453 2,112 -1,046 ,712 EFICIÊNCIA Desvio Variáveis n Mínimo Máximo Média Variância Assimetria Curtose padrão Eficienci1 441 1 7 4,90 1,392 1,938 -,505 -,018 Eficienci2 441 1 7 4,85 1,387 1,925 -,526 -,061 Eficienci3 441 1 7 4,88 1,309 1,712 -,445 -,023 Eficienci4 441 1 7 5,21 1,341 1,799 -,833 ,396 Fonte: Dados da pesquisa. Com base na Tabela 6, constata-se que todas as variáveis da dimensão Eficácia receberam notas que variaram de 1 a 7, sendo que 1 representava “Muito pior do que os concorrentes”, 4 representava “Mesmo nível” e 7, “Muito melhor que os concorrentes. A média mais alta foi verificada para o indicador Eficacia2 (“Ampliação da linha de produtos”), com 5,53, e a menor média foi de 4,74, encontrada na variável Eficacia8 (“Abertura de novos mercados nacionais”). Quanto à assimetria da dimensão Eficácia, todas as variáveis apresentaram 183 assimetria negativa, variando de -1,046 (Eficacia8) a -0,738 (Eficacia3: “Desenvolvimento de produtos fora do segmento principal organização (produtos secundários)”). No que se refere à curtose, apenas a variável Eficacia7 (“Abertura de novos mercados no exterior”) apresentou valor negativo (-0,652); as demais apresentaram valores positivos. Os testes de assimetria e curtose demonstraram que, em geral, as variáveis seguiram uma distribuição normal. Na dimensão Eficiência, todos os indicadores receberam notas mínimas (1 – “Muito pior do que os concorrentes”) e notas máximas (7 – “Muito melhor que os concorrentes”). A média mais alta foi para o indicador Eficienci4 (“Grau de satisfação geral com a eficiência do projeto de inovação”), com valor de 5,21; e a mais baixa, 4,85, foi para a variável Eficienci2 (“Tempo médio, em horas, para o desenvolvimento de projetos de inovação (horas de trabalho de todas as pessoas envolvidas)”). Todos os indicadores apresentaram assimetria negativa, oscilando de -0,833, para o indicador Eficienci4, a -0,445, para o indicador Eficienci3 (“Custo médio por projeto de inovação”). A curtose apresentou valor positivo somente para o indicador Eficienci4, com valor de 0,396. Com base na assimetria e curtose, verificou-se que a distribuição dos dados para a dimensão Eficiência foi normal. O resultado dessa análise garante que é possível fazer uma regressão ou mesmo MME para esta dimensão. 4.2 COMPOSIÇÃO DO CONSTRUCTO DE CULTURA DE INOVAÇÃO Tendo em vista que o modelo foi definido com base na literatura, nos exemplos de trabalhos empíricos publicados, utilizou-se inicialmente a Análise Fatorial Exploratória e a Análise Fatorial Confirmatória para confirmar as variáveis que comporiam os constructos, em seguida empregou-se a validade discriminate para verificar o grau em que um constructo é verdadeiramente diferente dos demais. Nestas seções, foram procedidos cálculos destinados à validação das escalas propostas, seguindo as recomendações sugeridas por Hair, Jr. et al. (2010). 4.2.1 Análise fatorial exploratória – Cultura de Inovação Neste ponto, optou-se pela realização da AFE com as dimensões do constructo de cultura de inovação (Estratégia, Estrutura, Mecanismos de 184 Suporte, Comportamentos que estimulam a inovação e Comunicação). Posteriormente são apresentados os resultados da AFE do constructo de desempenho em inovação de produtos, dividido nas dimensões de Eficiência e Eficácia. Na sequência, foram feitos cálculos destinados à validação das escalas propostas. O Quadro 10 descreve as variáveis que foram usadas para avaliar a dimensão de Estratégia. Quadro 10 – Variáveis e indicadores – Dimensão Estratégia. Variáveis Indicador Todos os colaboradores possuem um entendimento completo da Estrateg1 visão e missão da empresa. Estrateg2 A visão e a missão estão focadas no futuro. Estrateg3 A visão e a missão estão fortemente orientadas para o mercado. A distância entre onde a empresa está e onde quer estar é analisada Estrateg4 e discutida regularmente. A alta gestão não detalha como os objetivos estratégicos devem Estrateg5 ser alcançados. Conheço os objetivos estratégicos (metas) que devem ser Estrateg6 alcançados pela empresa. Os objetivos pessoais dos colaboradores são consistentes com os Estrateg7 objetivos organizacionais. Estrateg8 Qualidade é a principal ênfase refletida nas metas organizacionais. Estrateg9 Metas organizacionais são fortemente orientadas para a eficácia. Em todos os níveis da organização as metas possuem o mesmo Estrateg10 propósito. Fonte: Dados da pesquisa. Inicialmente foi verificada a confiabilidade da dimensão Estratégia por meio do Alfa de Cronbach – o valor encontrado foi 0,829. Supondo que alguma das perguntas do questionário esteja dificultando a análise de confiabilidade das escalas, pode-se analisar por meio da Tabela 7 o que ocorreria se algum item fosse eliminado da análise. 185 Tabela 7 – Análise de confiabilidade – Dimensão Estratégia. Média de Variação de Alfa de Correlação Correlação escala se o escala se o Cronbach se Variáveis de item total múltipla ao item for item for o item for corrigida quadrado excluído excluído excluído Estrateg1 45,69 80,231 ,546 ,353 ,810 Estrateg2 44,74 79,194 ,668 ,605 ,799 Estrateg3 44,77 80,453 ,655 ,596 ,801 Estrateg4 45,33 81,759 ,494 ,280 ,816 Estrateg5 46,33 97,944 -,050 ,022 ,874 Estrateg6 44,90 81,848 ,567 ,361 ,809 Estrateg7 45,52 80,395 ,575 ,390 ,808 Estrateg8 44,90 81,660 ,558 ,409 ,810 Estrateg9 45,02 79,572 ,688 ,552 ,798 Estrateg10 45,04 78,396 ,661 ,479 ,799 Fonte: Dados da pesquisa. Analisando a Tabela 7, percebe-se que a retirada de variáveis não iria aumentar o valor de Alfa consideravelmente. Desse modo, todas as variáveis da dimensão foram mantidas. Uma vez que a AFE é baseada nas correlações entre as variáveis, o primeiro passo é examinar a matriz de correlação e verificar se existem valores significativos para justificar a utilização dessa técnica. Caso as correlações entre todas as variáveis sejam baixas, talvez a AFE não seja adequada (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2009). A Tabela 8 apresenta a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Estratégia. Tabela 8 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Estratégia. Variáveis Estr1 Estr2 Estr3 Estr4 Estr5 Estr6 Estr7 Estr8 Estr9 Estr10 MSA ,932 Estrateg1 1,000 ,837 Estrateg2 ,522 1,000 ,842 Estrateg3 ,492 ,738 1,000 ,943 Estrateg4 ,299 ,417 ,408 1,000 ,459 Estrateg5 -,035 -,037 -,068 -,045 1,000 ,925 Estrateg6 ,336 ,440 ,435 ,326 ,013 1,000 ,914 Estrateg7 ,419 ,409 ,379 ,391 -,088 ,432 1,000 ,883 Estrateg8 ,347 ,406 ,404 ,307 -,019 ,333 ,416 1,000 ,883 Estrateg9 ,398 ,503 ,498 ,440 -,042 ,466 ,487 ,611 1,000 Estrateg10 ,420 ,444 ,488 ,379 ,011 ,517 ,500 ,454 ,575 1,000 ,907 Fonte: Dados da pesquisa. 186 Observa-se na Tabela 8 que os maiores coeficientes de correlação estão entre as variáveis Estrateg2 e Estrateg3, com valor de 0,738, Estrateg8 e Estrateg9, com valor de 0,611, e entre Estrateg9 e Estrateg10, com valor de 0,575. A variável Estrateg1 apresentou baixa correlação com a variável Estrateg4 (0,299), entretanto está próximo a 0,30, valor recomendado por Hair, Jr. et al. (2005). Percebe-se que a variável Estrateg5 (a alta gestão não detalha como os objetivos estratégicos devem ser alcançados) não teve correlação com as demais variáveis do constructo, e o índice MSA também ficou abaixo de 0,5, conforme recomendado na literatura. Com base nisso, optou-se por acatar a retirada da variável; assim, as demais análises da dimensão Estratégia foram realizadas sem ela. Os demais índices da medida de adequação da amostra ficaram acima de 0,50, conforme recomendado por Fávero et al. (2009). Com o intuito de verificar o grau de adequação da análise fatorial aos dados, utilizou-se a medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de sampling adequacy e o Teste de Esfericidade de Bartlett. A medida de KMO para a dimensão Estratégia apresentou um valor de 0,891, encontrando-se no intervalo entre 0,8 e 0,9. Com esse resultado considera-se que a análise fatorial é adequada para o tratamento dos dados. O Teste de Esfericidade de Bartlett verifica a hipótese nula (H0) de que as variáveis são independentes, contra a hipótese alternativa (H1) de que as variáveis são correlacionadas entre si (HAIR, Jr. et al., 2005). O teste apresentou um valor de 1632,487, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Desse modo, é improvável que a matriz de correlação seja uma identidade, isto é, rejeita-se H0 do teste de que as variáveis não são correlacionadas. Assim, os testes realizados permitem concluir que a amostra utilizada é apropriada ao emprego da análise fatorial. A Tabela 9 apresenta a variância total explicada para a dimensão Estratégia do constructo de cultura de inovação. 187 Tabela 9 – Variação total explicada – Dimensão Estratégia. Somas de extração de carregamentos ao quadrado Componente % de % % de % Total Total variação cumulativa variação cumulativa 1 4,548 50,530 50,530 4,548 50,530 50,530 2 ,874 9,711 60,241 3 ,719 7,988 68,229 4 ,702 7,802 76,031 5 ,639 7,103 83,133 6 ,474 5,272 88,405 7 ,445 4,943 93,348 8 ,345 3,836 97,184 9 ,253 2,816 100,000 Método de extração: análise do componente principal. Fonte: Dados da pesquisa. Valores próprios iniciais No que tange aos autovalores associados com cada fator antes e depois da extração, o SPSS identificou nove componentes lineares dentro dos dados. Percebeu-se uma solução com um único fator que, no seu conjunto, explica cerca de 50,53% da variância total. A seguir é apresentada a Tabela 10, que contém as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Estratégia. Tabela 10 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Estratégia. Variáveis Carga Fatorial Estrateg9 ,787 Estrateg2 ,773 Estrateg3 ,768 Estrateg10 ,753 Estrateg7 ,690 Estrateg8 ,669 Estrateg6 ,668 Estrateg1 ,659 Estrateg4 ,608 Fonte: Dados da pesquisa. Comunalidades ,619 ,597 ,590 ,567 ,476 ,447 ,447 ,435 ,370 Na solução fatorial apresentada na Tabela 10, cada uma das variáveis tem cargas significantes (definidas com valor acima de 0,50) sobre apenas um fator. Desse modo, o SPSS não realizou a rotação 188 Varimax. Constata-se que todos os valores ficaram acima de 0,6, o que pode ser considerado aceitável. Ainda conforme a Tabela 10, as variáveis apresentaram pouca relação com os fatores, e a maioria dos indicadores conseguiu um poder de explicação baixo, considerando todos os fatores obtidos na dimensão. Quanto mais próximas de 1 estiverem as Comunalidades, maior é o poder de explicação dos fatores. Na sequência, são apresentados os resultados da AFE referentes à dimensão Estrutura. O Quadro 11 descreve as variáveis e os indicadores que foram usados para avaliar essa dimensão. Quadro 11 – Variáveis e indicadores – Dimensão Estrutura. Variável Indicador Os processos de tomada de decisão são formalizados e Estrutura1 padronizados. Acordos de trabalho flexíveis (por exemplo: rodízios de Estrutura2 funções, horários flexíveis, divisão do trabalho) são possíveis. Os colaboradores possuem descrições formais de seu trabalho e Estrutura3 é esperado que se comprometam. Os colaboradores possuem autonomia para organizar seu Estrutura4 trabalho e determinar seus próprios procedimentos. As decisões são tomadas com a participação de todos os níveis, Estrutura5 desde os mais baixos da escala organizacional. É atribuída importância ao desenvolvimento e apoio ao trabalho Estrutura6 em equipe. Equipes multifuncionais (formadas por diferentes setores) são Estrutura7 uma maneira comum de trabalho. Estrutura8 Meu ambiente de trabalho é considerado participativo. Fonte: Dados da pesquisa. O valor do Alfa de Cronbach para a dimensão Estrutura foi de 0,850, indicando uma boa consistência interna. Pode-se verificar por meio da Tabela 11 os resultados do Alfa de Cronbach se for excluída uma das variáveis. 189 Tabela 11 – Análise de confiabilidade – Dimensão Estrutura. Média de Variação de Alfa de Correlação Correlação escala se o escala se o Cronbach se Variáveis de item total múltipla ao item for item for o item for corrigida quadrado excluído excluído excluído Estrurura1 34,56 66,569 ,597 ,373 ,831 Estrutura2 34,02 65,911 ,609 ,408 ,830 Estrutura3 34,13 68,614 ,583 ,412 ,833 Estrutura4 34,63 67,180 ,531 ,289 ,839 Estrutura5 35,21 65,719 ,528 ,307 ,841 Estrutura6 34,14 64,801 ,678 ,483 ,821 Estrutura7 34,66 64,814 ,598 ,368 ,831 Estrutura8 34,09 67,692 ,602 ,391 ,831 Fonte: Dados da pesquisa. Averiguou-se que a retirada de variáveis não iria aumentar o valor de Alfa consideravelmente; desse modo, todas as variáveis da dimensão foram mantidas. A Tabela 12 apresenta a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Estrutura. Tabela 12 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Estrutura. Variáveis Estru1 Estru2 Estru3 Estru1 1,000 Estru2 ,434 1,000 Estru3 ,486 ,515 1,000 Estru4 ,341 ,384 ,362 Estru5 ,393 ,397 ,283 Estru6 ,462 ,432 ,508 Estru7 ,428 ,389 ,380 Estru8 ,421 ,479 ,379 Fonte: Dados da pesquisa. Estru4 Estru5 Estru6 Estru7 Estru8 MSA ,911 ,875 ,850 1,000 ,932 ,338 1,000 ,891 ,444 ,444 1,000 ,877 ,406 ,424 ,500 1,000 ,915 ,388 ,354 ,530 ,431 1,000 ,892 Com base na Tabela 12, pode-se afirmar que existem fortes correlações entre as variáveis Estrutura6 e Estrutura8 (0,530), e entre Estrutura2 e Estrutura3 (0,515), todas significativas ao nível de confiança de 1%. No entanto, verificou-se a existência de correlação entre Estrutura3 e Estrutura5 (0,283), abaixo de 0,30, conforme sugerido por Hair, Jr. et al. (2005). Os valores apresentados para o MAS foram superiores a 0,80, ficando acima do que preconiza a literatura; valores 190 inferiores são considerados muito pequenos para a análise e, nesses casos, indicam variáveis que podem ser retiradas da análise. O valor de KMO para a dimensão Estrutura foi de 0,850 – quanto mais próximo de 1,0 for seu valor, mais adequada é a utilização da AFE. O Teste de Esfericidade de Bartlett apresentou um valor de 1145,481, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Desse modo, rejeita-se a hipótese nula (H0), o que permite confirmar que o método de análise fatorial é adequado para o tratamento dos dados. A Tabela 13 apresenta a variância total explicada para a dimensão Estrutura do constructo de cultura de inovação. Tabela 13 – Variância total explicada – Dimensão Estrutura. Valores próprios iniciais Componente Somas de extração de carregamentos ao quadrado % de % Total variação cumulativa 3,945 49,310 49,310 % de % variação cumulativa 1 3,945 49,310 49,310 2 ,771 9,637 58,946 3 ,683 8,535 67,482 4 ,610 7,626 75,108 5 ,604 7,544 82,651 6 ,522 6,520 89,171 7 ,510 6,369 95,540 8 ,357 4,460 100,000 Método de extração: análise do componente principal. Fonte: Dados da pesquisa. Total É possível constatar que a AFE resultou em apenas um fator, e verificou-se que este foi capaz de explicar 49,40% da variância total das oito variáveis consideradas para esta dimensão. A Tabela 14 apresenta as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Estrutura. 191 Tabela 14 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Estrutura. Variáveis Carga Fatorial Estrurura6 ,779 Estrurura2 ,720 Estrurura8 ,714 Estrurura1 ,708 Estrurura7 ,706 Estrurura3 ,700 Estrurura4 ,644 Estrurura5 ,638 Fonte: Dados da pesquisa. Comunalidades ,606 ,518 ,509 ,502 ,498 ,490 ,414 ,407 Uma vez que todas as variáveis foram agrupadas em um único fator, o SPSS não realizou a rotação Varimax. Conforme a Tabela 14, todos os valores das cargas fatoriais ficaram acima de 0,6, o que pode ser considerado aceitável. A matriz de componente contém a carga inicial de cada variável ao fator. Constatou-se que quatro variáveis (Estrutura7, Estrutura3, Estrutura4 e Estrutura5) apresentaram pouca relação com o fator, ou seja, os valores de Comunalidades ficaram abaixo de 0,5. Na continuação, são descritos os resultados da AFE referentes à dimensão Mecanismos de Suporte. O Quadro 12 descreve as variáveis que foram usadas para avaliar essa dimensão. Quadro 12 – Variáveis e indicadores – Mecanismos de Suporte. Variáveis Indicador Recompensas intrínsecas (por exemplo: aumento de autonomia, Suporte1 melhores oportunidades de crescimento pessoal) são uma parte significativa do sistema de motivação. Os colaboradores são recompensados (recompensas financeiras e Suporte2 não financeiras) pelo trabalho eficiente. Suporte3 A geração de ideias e a experimentação são valorizadas. Suporte4 Todos têm acesso às informações de que necessitam. É difícil obter recursos para projetos que envolvam riscos acima Suporte5 da média. Os colaboradores podem opinar na quantidade e qual tipo de Suporte6 treinamento recebem. Promoções são concedidas em reconhecimento de criatividade, Suporte7 iniciativa e inovação. Fonte: Dados da pesquisa. 192 O valor do Alfa de Cronbach para a dimensão Mecanismos de Suporte foi de 0,750. Pressupondo que alguma pergunta do questionário esteja dificultando a análise de confiabilidade, procedeu-se à análise de confiabilidade se algum item fosse eliminado da análise, conforme mostra a Tabela 15. Tabela 15 – Análise de confiabilidade – Mecanismos de Suporte. Média de Variação de Alfa de Correlação Correlação escala se o escala se o Cronbach se Variáveis de item total múltipla ao item for item for o item for corrigida quadrado excluído excluído excluído Suporte1 27,03 43,385 ,632 ,437 ,708 Suporte2 27,39 40,416 ,686 ,513 ,691 Suporte3 27,20 41,878 ,712 ,553 ,690 Suporte4 27,21 42,679 ,663 ,533 ,701 Suporte5 28,55 67,780 -,387 ,177 ,876 Suporte6 27,53 44,450 ,574 ,420 ,720 Suporte7 27,42 41,666 ,661 ,479 ,699 Fonte: Dados da pesquisa. Conforme a Tabela 15, após a análise do teste do Alfa de Cronbach, optou-se por acatar a retirada da variável Suporte5 (“É difícil obter recursos para projetos que envolvam riscos acima da média”). Desse modo, as demais análises desta dimensão foram realizadas sem essa variável. O valor do Alfa de Cronbach apresentado com a exclusão da variável foi de 0,876. A Tabela 16 apresenta a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Mecanismos de Suporte. Tabela 16 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Mecanismos de Suporte. Variáveis Supor1 Supor2 Suporte1 1,000 Suporte2 ,597 1,000 Suporte3 ,244 ,312 Suporte4 ,477 ,551 Suporte6 ,459 ,448 Suporte7 ,511 ,564 Fonte: Dados da pesquisa. Supor3 1,000 ,330 ,300 ,272 Supor4 1,000 ,548 ,567 Supor6 1,000 ,525 Supor7 MSA 1,000 ,855 ,836 ,913 ,861 ,870 ,870 193 De acordo com a Tabela 16, verifica-se que a maioria dos índices da matriz de correlações ficou acima de 0,4, contudo, percebe-se uma correlação maior entre as variáveis Suporte1 (“Recompensas intrínsecas”) e Suporte2 (“Recompensas financeiras e não financeiras”). Constata-se ainda que a variável Suporte3 (A geração de ideias e a experimentação são valorizadas) apresentou baixa correlação com as demais variáveis. No que concerne à medida de adequação da amostra (MSA), verificou-se que todas as variáveis apresentaram índices superiores a 0,5, conforme indicado por Fávero et al. (2009). Dessa forma, a decisão de eliminação da variável Suporte3 não será tomada agora, uma vez que ela poderá representar elevados valores de Comunalidades e cargas fatoriais. Os testes de KMO e de Bartlett da dimensão Mecanismos de Suporte apresentaram índices significativos. A medida de KMO apresentou um valor de 0,890, permanecendo no intervalo entre 0,8 e 0,9, considerado ótimo, significando que a análise fatorial é bastante aceitável (FIELD, 2009). O Teste de Esfericidade de Bartlett apresentou um valor 1191,143, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Desse modo, é improvável que a matriz de correlação seja uma identidade, ou seja, rejeita-se H0. Com base no teste, é possível concluir que a amostra utilizada é apropriada ao emprego da análise fatorial. A Tabela 17 apresenta a variância total explicada para a dimensão Mecanismos de Suporte do constructo de cultura de inovação. Tabela 17 – Variância total explicada – Dimensão Mecanismos de Suporte. Somas de extração de carregamentos ao quadrado Componente % de % % de % Total Total variação cumulativa variação cumulativa 1 3,717 61,943 61,943 3,717 61,943 61,943 2 ,619 10,313 72,256 3 ,507 8,457 80,713 4 ,449 7,491 88,204 5 ,369 6,146 94,350 6 ,339 5,650 100,000 Método de extração: análise do componente principal. Fonte: Dados da pesquisa. Valores próprios iniciais A Tabela 17 listou os autovalores associados com cada fator antes e depois da extração. Foram identificados cinco componentes lineares 194 dentro dos dados, sendo que o fator 1 é responsável por 61,94% da variância explicada. A Tabela 18 apresenta as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Mecanismos de Suporte. Tabela 18 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Mecanismos de Suporte. Variáveis Suporte2 Suporte4 Suporte7 Suporte1 Suporte6 Suporte3 Fonte: Dados da pesquisa. Carga Fatorial ,800 ,798 ,795 ,756 ,748 ,497 Comunalidades ,640 ,638 ,632 ,571 ,559 ,247 Conforme a Tabela 18, verifica-se que a variável Suporte3 (“A geração de ideias e a experimentação são valorizadas”) apresentou carga fatorial padronizada de 0,497, sendo que o mínimo recomendado é de 0,60. O valor da variável para Comunalidades também ficou abaixo de 0,5, assim, optou-se por remover a variável Suporte3 das análises. As outras variáveis apresentaram valores que ficaram acima de 0,6, o que pode ser considerado aceitável. Tendo em vista que as variáveis foram agrupadas em um único fator, o SPSS não realizou a rotação Varimax. Constatou-se também que as outras variáveis apresentam níveis superiores a 0,50, ficando acima do mínimo recomendado por Hair, Jr. et al. (2005). Nesta etapa são apresentados os resultados referentes à dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. O Quadro 13 apresenta as variáveis dessa dimensão. 195 Quadro 13 – Variáveis e indicadores – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Variável Indicador No caso de falha, há uma investigação a fim de descobrir quem é Estímulo1 o culpado. Estímulo2 Todas as ideias são consideradas. Os colaboradores são encorajados a falar e a aprender uns com os Estímulo3 outros. Todos estão motivados para manter seus conhecimentos e Estímulo4 habilidades atualizados. Os indivíduos estão autorizados a assumir riscos, desde que não Estímulo5 prejudiquem a organização. Os conflitos são resolvidos por meio de uma discussão Estímulo6 construtiva. Tentamos desafiar a maneira como as coisas sempre foram feitas Estímulo7 e procuramos por um caminho melhor. Estímulo8 Um indivíduo não deve contrariar seus superiores. Estímulo9 O ambiente de trabalho é altamente competitivo. Fonte: Dados da pesquisa. O Alfa de Cronbach para a dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação foi de 0,443, sendo que Hair, Jr. et al. (2005) sugerem 0,70 como limite inferior de aceitabilidade. A Tabela 19 mostra o teste do Alfa de Cronbach se o item for excluído. Tabela 19 – Análise de confiabilidade – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Média de escala Variáveis se o item for excluído Alfa de Alfa de Variação Correlação Cronbach Cronbach de escala Correlação de item se o item se o item se o item múltipla ao total for for for quadrado corrigida excluído – excluído – excluído 1 2 Estímulo1 35,62 51,240 Estímulo2 34,54 31,163 Estímulo3 34,06 31,380 Estímulo4 34,27 32,178 Estímulo5 34,72 32,371 Estímulo6 34,41 30,697 Estímulo7 33,94 32,719 Estímulo8 35,45 45,412 Estímulo9 35,76 47,565 Fonte: Dados da pesquisa. -,410 ,517 ,533 ,478 ,421 ,536 ,501 -,196 -,275 ,236 ,514 ,576 ,465 ,345 ,444 ,441 ,124 ,205 ,616 ,272 ,271 ,294 ,311 ,261 ,294 ,562 ,573 ,494 ,494 ,514 ,536 ,499 ,520 ,730 ,739 196 A Tabela 19 mostra o impacto que teria a retirada de uma variável para elevar o Alfa de Cronbach. A exclusão da variável Estímulo1 (“No caso de falha, há uma investigação a fim de descobrir quem é o culpado”) foi a que mais causaria impacto: com sua exclusão o valor do Alfa foi de 0,616, sendo que os pesquisadores geralmente consideram um Alfa de 0,7 como mínimo (HAIR, Jr. et al., 2005). Após a exclusão da variável Estímulo1, observou-se que com a retirada da variável Estímulo9 (“O ambiente de trabalho é altamente competitivo”) o Alfa de Cronbach atingiria o valor de 0,739 acima do mínimo sugerido por Hair, Jr. et al. (2005). Desse modo, optou-se por acatar a retirada destas variáveis. As demais análises da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação foram realizadas sem as variáveis Estímulo1 e Estímulo9. A Tabela 20 apresenta a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Tabela 20 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Variáveis Estím.2 Estím.3 Estím.4 Estím.5 Estím.6 Estím.7 Estím.8 MSA ,884 Estímulo2 1,000 1,000 ,856 Estímulo3 ,621 ,617 1,000 ,893 Estímulo4 ,539 ,418 ,391 1,000 ,888 Estímulo5 ,496 ,554 ,473 ,501 1,000 ,899 Estímulo6 ,543 ,590 ,535 ,417 ,503 1,000 ,902 Estímulo7 ,493 -,203 -,207 -,216 -,199 -,202 1,000 ,937 Estímulo8 -,196 Fonte: Dados da pesquisa. Observa-se que os maiores coeficientes de correlação estão entre as variáveis Estímulo2 (“Todas as ideias são consideradas”) e Estímulo3 (“Os colaboradores são encorajados a falar e a aprender uns com os outros”), com o valor de 0,621, e as correlações mais baixas entre Estímulo4 (“Todos estão motivados para manter seus conhecimentos e habilidades atualizados”) e Estímulo5 (“Os indivíduos estão autorizados a assumir riscos, desde que não prejudiquem a organização”), com o valor de 0,391. Na análise da correlação dos coeficientes, foi constatado que a variável Estímulo8 (“Um indivíduo não deve contrariar seus superiores”) apresentou correlação negativa com as demais variáveis, sendo, portando, retirada da dimensão. No que tange à medida de adequação da amostra, os valores foram superiores a 0,5, conforme sugerido por Hair, Jr. et al. (2005) e Fávero et al. (2009). 197 A medida de KMO apresentou um valor de 0,882, encontrando-se entre 0,7 e 0,8, intervalo para o qual se considera que a análise fatorial é aceitável (qualidade média). O Teste de Esfericidade de Bartlett teve um valor de 1087,442, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Desse modo, é improvável que a matriz de correlação seja uma identidade, isto é, rejeita-se o H0 do teste. Portanto, os testes permitem concluir que a amostra utilizada é apropriada ao emprego da análise fatorial. A Tabela 21 exibe a variância total explicada da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Tabela 21 – Variância total explicada – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Valores próprios iniciais Componente % de % variação cumulativa 1 3,575 59,579 59,579 2 ,691 11,516 71,094 3 ,502 8,365 79,459 4 ,479 7,985 87,445 5 ,421 7,009 94,454 6 ,333 5,546 100,000 Fonte: Dados da pesquisa. Total Somas de extração de carregamentos ao quadrado % de % Total variação cumulativa 3,575 59,579 59,579 Os autovalores associados para cada fator, bem como os respectivos percentuais de variância explicada, são apresentados na Tabela 21. Verifica-se que o único fator retido consegue explicar 59,57% da variância dos dados originais (FÁVERO et al., 2009). A Tabela 22, a seguir, apresenta as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. 198 Tabela 22 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Variáveis Carga Fatorial Estímulo3 ,831 Estímulo2 ,803 Estímulo6 ,772 Estímulo4 ,771 Estímulo7 ,766 Estímulo5 ,681 Fonte: Dados da pesquisa. Comunalidades ,690 ,644 ,595 ,595 ,586 ,464 Conforme a Tabela 22, os valores foram superiores a 0,6, o que pode ser considerado aceitável. Conforme mencionado anteriormente, a matriz componente contém a carga inicial de cada variável em cada fator. Todas as variáveis foram agrupadas em um único fator, de modo que o SPSS não realizou a rotação Varimax. As Comunalidades da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação (Tabela 22) ficaram acima de 0,5, exceto a variável Estímulo5, que apresenta um valor próximo ao recomendado pela literatura. A última dimensão da cultura de inovação é a Comunicação. O Quadro 14 descreve as variáveis e os indicadores usados nessa dimensão. Quadro 14 – Variáveis e indicadores – Dimensão Comunicação. Variável Comunica1 Indicador Existe uma boa comunicação entre os departamentos. As informações são compartilhadas claramente entre os Comunica2 colaboradores. Comunica3 Há união e comunicação aberta nas equipes de trabalho. A comunicação das decisões obedece à hierarquia existente na Comunica4 empresa. Eu tenho um canal aberto de comunicação com o meu imediato Comunica5 supervisor/gerente. Fonte: Dados da pesquisa. A confiabilidade dos dados por meio do índice Alfa de Cronbach da dimensão Comunicação foi de 0,814. A Tabela 23 mostra o teste confiabilidade interna se determinado item da dimensão for excluído. 199 Tabela 23 – Análise de confiabilidade – Dimensão Comunicação. Alfa de Média de Variação de Correlação de Cronbach se o Variáveis escala se o item escala se o item item total item for for excluído for excluído corrigida excluído Comunica1 20,18 22,860 ,634 ,769 Comunica2 20,06 22,704 ,682 ,752 Comunica3 19,73 24,386 ,692 ,753 Comunica4 19,44 25,274 ,607 ,777 Comunica5 18,86 27,789 ,418 ,828 Fonte: Dados da pesquisa. Averiguou-se que a retirada de variáveis não iria aumentar o valor de Alfa significativamente, sendo que este já está acima de 0,70 conforme indicado por Hair, Jr. et al. (2005). Na sequência, a Tabela 24 descreve a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Comunicação. Tabela 24 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Comunicação. Variáveis Comunica1 Comunica2 Comunica3 Comunica4 Comunica5 Comunica1 1,000 Comunica2 ,642 1,000 Comunica3 ,562 ,601 1,000 Comunica4 ,439 ,499 ,550 1,000 Comunica5 ,290 ,309 ,375 ,401 1,000 Fonte: Dados da pesquisa. MSA ,801 ,789 ,827 ,842 ,864 Observa-se na Tabela 24 (matriz de correlações da dimensão Comunicação) que todas as variáveis apresentaram correlação positiva com as demais, entretanto as correlações entre as variáveis Comunica1 (“Existe uma boa comunicação entre os departamentos”) e Comunica5 (“Eu tenho um canal aberto de comunicação com o meu imediato supervisor/gerente”) ficaram abaixo de 0,30. Averiguou-se que a medida de adequação da amostra (MSA) apresentou índices superiores a 0,5, conforme indicado por Fávero et al. (2009). A medida de KMO apresentou um valor de 0,818, encontrando-se no intervalo entre 0,6 e 0,7, intervalo em que se considera que a análise fatorial é aceitável. O Teste de Esfericidade de Bartlett teve um valor de 751,999, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Nesse sentido, é improvável que a matriz de correlação seja uma identidade, isto é, 200 rejeita-se o H0 do teste. Logo, os testes permitem concluir que a amostra utilizada é apropriada ao emprego da análise fatorial. A Tabela 25 exibe a variância total explicada da dimensão Comunicação. Tabela 25 – Variância total explicada – Dimensão Comunicação. Somas de extração de carregamentos ao quadrado Componente % de % % de Total Total % cumulativa variação cumulativa variação 1 2,898 57,960 57,960 2,898 57,960 57,960 2 ,805 16,110 74,070 3 ,541 10,819 84,889 4 ,405 8,103 92,992 5 ,350 7,008 100,000 Fonte: Dados da pesquisa. Valores próprios iniciais Identificaram-se três componentes lineares dentro dos dados, sendo que o único fator 1 formado é responsável por 57,96% da variância explicada. A seguir, é apresentada a Tabela 26, que contém as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Comunicação. Tabela 26 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Comunicação. Variáveis Comunica1 Comunica2 Comunica3 Comunica4 Comunica5 Fonte: Dados da pesquisa. Carga fatorial ,828 ,823 ,788 ,761 ,579 Comunalidades ,686 ,677 ,621 ,579 ,335 Na solução fatorial, cada uma das variáveis tem cargas significantes (definidas como um valor acima de 0,40) sobre apenas um fator. Além disso, todas as cargas, exceto Comunica5, estão acima de 0,70, o que significa que mais da metade da variância é explicada pelas cargas em um só fator. Observa-se ainda que a variável Comunica5 apresenta pouca relação com o fator, uma vez que tem baixa Comunalidade; todavia, a variável será mantida para a AFC. A validação das escalas do construco de cultura de inovação seguiu as recomendações científicas e se baseou na revisão de literatura e no estudo empírico. A AFE serviu para averiguar se cada variável dos constructos se relaciona somente com um fator, e se elas estão bem 201 correlacionadas entre si, indicando um único fator, bem como a avaliação da unidimensionalidade dos constructos. Destaca-se que as dimensões referentes à cultura de inovação foram embasadas no modelo de Martins e Terblanche (2003) e Martins, Martins e Terblanche (2004), e os indicadores foram adaptados de outros trabalhos, sendo que esse constructo ainda não havia sido considerado em estudos com a utilização de MEE. Os indicadores que foram excluídos da análise passaram por uma série de testes para verificar se era possível criar agrupamentos que pudessem resultar em outros fatores, os quais, isolados dos identificados inicialmente, comporiam o modelo de avaliação da cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos. Com relação à dimensão Estratégia, optou-se pela remoção da variável Estrateg5 (“A alta gestão não detalha como os objetivos estratégicos devem ser alcançados”), uma vez que ela não apresentou correlação com as demais variáveis do constructo e a carga fatorial ficou menor do que 0,50. Além disso, na solução fatorial, a variável ficou em um fator separado das demais variáveis. Ressalta-se que essa era uma variável com escala inversa, o que pode ocasionar interpretação dúbia por parte dos respondentes. Destarte, optou-se por não incluir esse indicador na AFC e no teste do modelo estrutural, de modo que a dimensão Estratégia ficou composta por nove variáveis. Não foram excluídos indicadores da dimensão Estrutura, uma vez que todos apresentaram resultados significativos para confiabilidade, matriz de correlação, carga fatorial e Comunalidades. Assim, a dimensão ficou composta por oito indicadores para a AFC. Na dimensão Mecanismos de Suporte, foi eliminado o indicador Suporte5 (“É difícil obter recursos para projetos que envolvam riscos acima da média”). Com sua retirada, observou-se melhoras no Alfa de Cronbach da dimensão e constatou-se também que o indicador não apresentou correlação positiva com as demais variáveis. Foi acatada também a remoção da variável Suporte3 (“A geração de ideias e a experimentação são valorizadas”), uma vez que ela apresentou carga fatorial padronizada de 0,497, sendo que o mínimo recomendado é de 0,60. O valor da variável para Comunalidades também ficou abaixo de 0,5. A dimensão ficou composta por sete indicadores para a AFC. O Alfa de Cronbach inicial para a dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação foi de 0,443, sendo que Hair, Jr. et al. (2005) aconselham 0,60. Procedeu-se então à eliminação das variáveis Estímulo1 (“No caso de falha há uma investigação a fim de descobrir 202 quem é o culpado”) e Estímulo9 (“O ambiente de trabalho é altamente competitivo”). Além da melhora significativa no coeficiente de confiabilidade da dimensão, notou-se que essas variáveis apresentavam baixa correlação com as outras, bem como carga fatorial inferior de 0,50. Para a AFC e o teste do modelo estrutural, a dimensão ficou composta por seis variáveis. Não foram excluídos indicadores da dimensão Comunicação, já que todos apresentaram resultados significativos para confiabilidade, matriz de correlação, carga fatorial e Comunalidades, por isso a dimensão ficou composta por cinco indicadores para a AFC. 4.2.2 Análise Fatorial Confirmatória - Cultura de Inovação Com o intuito de preservar o modelo proposto, as variáveis são retiradas uma a uma para verificar se a significância seria alterada pela saída de uma ou outra variável. Esta fase da pesquisa é chamada de confirmatória, uma vez que se identificam as variáveis que poderão representar o melhor modelo. Para fins de facilitar a visualização da apresentação, inicialmente são expostos individualmente cada constructo ao lado dos indicadores que o medem, para posteriormente ser apresentado o modelo completo. Tendo em vista que o constructo de cultura de inovação foi definido a partir do modelo teórico proposto por Martins e Terblanche (2003) e Martins, Martins e Terblanche (2004) e não ter sido testado em modelagem de equações estruturais, após a AFE foi realizada a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) para confirmar as variáveis que comporiam as dimensões. O constructo de segunda ordem denominado “cultura de inovação” foi medido por meio de cinco dimensões (Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação). Antes da análise do modelo fatorial de segunda ordem, foi avaliada a unidimensionalidade de cada um dos fatores de primeira ordem que compõem o constructo final de cultura de inovação. A Figura 27 mostra uma representação da dimensionalidade do constructo de segunda ordem de cultura de inovação. 203 Figura 27 – Representação da dimensionalidade do constructo de segunda ordem de cultura de inovação. Fonte: Dados da pesquisa. Nas cargas fatoriais padronizadas, os indicadores devem ser estatisticamente significativos, uma vez que o objetivo nessa fase é “purificar” a escala de medida. A dimensão Estratégia foi medida por dez itens do questionário. Conforme mencionado anteriormente, a variável Estrateg5 (“A alta gestão não detalha como os objetivos estratégicos devem ser alcançados”) foi retirada do modelo original. A 204 Figura 28 apresenta o modelo de mensuração inicial da dimensão Estratégia antes da extração dos indicadores que possuem carga inferior a 0,60. Figura 28 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Estratégia. Fonte: Dados da pesquisa. O diagrama de caminhos apresentado na Figura 28 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (inicial) para a dimensão Estratégia. A Tabela 27 mostra os coeficientes padronizados e as significâncias das relações da dimensão Estratégia. Tabela 27 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Estratégia. Caminhos estruturais Estim. Estrateg1 Estratégia 0,913 Estrateg2 Estratégia 1,014 Estrateg3 Estratégia 0,962 Estrateg4 Estratégia 0,821 Estrateg6 Estratégia 0,823 Estrateg7 Estratégia 0,897 Estrateg8 Estratégia 0,847 Estrateg9 Estratégia 0,968 Estrateg10 Estratégia 1,0(1) (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,077 0,070 0,067 0,076 0,069 0,074 0,070 0,067 - tvalues 11,862 14,466 14,412 10,745 11,967 12,193 12,046 14,425 - P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 - Coef. Padron. 0,609 0,750 0,747 0,550 0,615 0,627 0,619 0,748 0,707(1) R2 0,371 0,563 0,559 0,303 0,378 0,393 0,383 0,560 0,500 205 Foi fixada a variância do erro na variável Estrateg10, e, portanto, os t-values não foram calculados. Foram consideradas somente as cargas padronizadas superiores a 0,60, atendendo ao recomendado por Kline (2005). Com base nesse argumento, foi retirado do modelo a variável Estrateg4 (“A distância entre onde a empresa está e onde quer estar é analisada e discutida regularmente”), por apresentar carga padronizada com valor de 0,55 (Tabela 27). Contudo, após sua remoção os índices de ajustes continuaram inadequados. Dessa forma, buscou-se verificar que variável estaria apresentando um comportamento insatisfatório. Por isso foram realizados quatro ajustes com a finalidade de obter melhores resultados. Seguindo as sugestões dos índices de modificação, sugeridos pelo próprio software estatístico, foram testadas inclusões de correlações entre algumas variáveis. Desse modo, foi acrescentada uma covariância entre os erros das variáveis Estrateg2 (“A visão e a missão estão focadas no futuro”) e Estrateg3 (“A visão e a missão estão fortemente orientadas para o mercado”). A correlação positiva de 0,564 entre os erros e2 e e3 (Figura 29) seria esperada, uma vez que, de forma conjunta, a missão e a visão refletem os objetivos e metas organizacionais. Entretanto, percebeu-se que o coeficiente padronizado da Estrateg1 (“Todos os colaboradores possuem um entendimento completo da visão e missão da empresa”) ficou abaixo de 0,60; assim, essa variável foi excluída do modelo na busca de maior consistência interna. Após estes ajustes, os coeficientes padronizados foram satisfatórios, conforme descrito na Tabela 28. Tabela 28 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Estratégia. Caminhos estruturais Estim. Estrateg2 Estratégia 0,813 Estrateg3 Estratégia 0,779 Estrateg6 Estratégia 0,8 Estrateg7 Estratégia 0,872 Estrateg8 Estratégia 0,868 Estrateg9 Estratégia 0,987 Estrateg10 Estratégia 1,0(1) (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,066 0,063 0,065 0,07 0,067 0,064 - tvalues 12,279 12,359 12,247 12,494 12,985 15,421 - P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 - Coef. Padron. 0,630 0,634 0,615 0,627 0,619 0,748 0,707(1) R2 0,397 0,402 0,378 0,393 0,383 0,560 0,500 206 Foi fixada a variância do erro na variável Estrateg10, e, portanto, os t-values não foram calculados. Com base nos ajustes, constata-se, por meio da Tabela 28, que os coeficientes padronizados ficaram acima de 0,60 para todas as variáveis. Os índices t-values ficaram acima do sugerido – para Hair, Jr. et al. (2005), valores de t-values maiores que 1,96 definem um nível de significância de no mínimo 0,05. A Figura 29 representa o diagrama do modelo final da dimensão Estratégia, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. Figura 29 – Modelo de mensuração final – Dimensão Estratégia. Fonte: Dados da pesquisa. O diagrama de caminhos apresentado na Figura 29 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (final) para a dimensão. Além das cargas fatoriais padronizadas, foram consideradas as medidas de ajustamento absoluto, incremental e parcimonioso, que indicaram o grau em que os indicadores especificados representam os constructos teorizados. A Tabela 29 mostra os índices inicias e finais de ajuste do modelo de mensuração da dimensão Estratégia. 207 Tabela 29 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Estratégia. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI AGFI SRMR RMSEA TLI CFI Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 > 0 e < 1, PNFI próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado – inicial 27 205,461- (p<0,000) 7,610 0,898 0,830 0,053 0,123 0,852 0,889 Nível encontrado – final 15 42,484 - (p<0,000) 3,268 0,972 0,939 0,031 0,072 0,963 0,977 0,656 0,599 0,83 0,88 0,45 0,861 0,856 0,461 No que tange ao ajustamento do modelo, o 2/GL apresentou índice de 3,268, e o índice de qualidade do ajuste (GFI) foi superior a 0,9, bem como o índice ajustado de qualidade do ajuste (AGFI). Os indicadores Standardized Root Mean-Square Residual (SRMR, 0,031) e Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA, 0,072) atenderam aos critérios recomendados, por serem menores que 0,10 e 0,08, respectivamente. O índice de Tuker-Lewis (TLI) ficou acima do nível esperado, apresentando um valor de 0,963. O mesmo ocorreu com o índice de ajuste comparativo (CFI), que teve um valor de 0,977. Os demais índices também ficaram dentro do recomendado pela literatura. As variáveis que compõem a dimensão Estratégia apresentaram escores superiores a 0,7 para o Alfa de Cronbach (AF), de 0,7 para confiabilidade compostas (CC) e próximo a 0,5 para variância média extraída (AVE), indicando confiabilidade das escalas para mensurar a dimensão Estratégia. Por fim, os resultados encontrados sugerem que os modelos de medidas da dimensão Estratégia, em toda a amostra testada, representariam as relações entre as variáveis apresentadas, sugerindo que o modelo de mensuração para o constructo está confirmado. Na dimensão Estrutura não foram eliminados indicadores na fase de AFE, entretanto, diante dos resultados iniciais para a AFC, decidiu-se modificar o modelo, seguindo a literatura sobre modelagem de equações 208 estruturais. Inicialmente foram retiradas variáveis com cargas fatoriais padronizadas menores que 0,60, em conformidade com Kline (2005). A Figura 30 apresenta o modelo de mensuração inicial da dimensão Estrutura antes da extração dos indicadores que possuem carga inferior a 0,60. Figura 30 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Estrutura. Fonte: Dados da pesquisa. O diagrama de caminhos apresentado na Figura 30 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (inicial) para a dimensão. A Tabela 30 mostra os coeficientes padronizados e as significâncias das relações da dimensão Estrutura. Tabela 30 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Estrutura. Caminhos estruturais Estim. Estrurura1 Estrutura 0,893 Estrutura2 Estrutura 0,935 Estrutura3 Estrutura 0,827 Estrutura4 Estrutura 0,832 Estrutura5 Estrutura 0,898 Estrutura6 Estrutura 1,0(1) Estrutura7 Estrutura 0,972 Estrutura8 Estrutura 0,823 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,071 0,073 0,065 0,075 0,081 0,078 0,077 tvalues 12,554 12,884 12,816 11,116 11,076 12,523 10,649 P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,651 0,669 0,665 0,575 0,573 0,734(1) 0,650 0,551 R2 0,424 0,448 0,443 0,331 0,329 0,539 0,422 0,304 209 A variância do erro foi fixada na variável Estrutura6, e, portanto, os t-values não foram calculados. Embora as medidas de ajuste sejam adequadas, optou-se pela exclusão das variáveis que apresentassem cargas padronizadas menores que 0,60. Os indicadores Estrutura8 (“Meu ambiente de trabalho é considerado participativo”), Estrutura5 (“As decisões são tomadas com a participação de todos os níveis, desde os mais baixos da escala organizacional”) e Estrutura4 (“Os colaboradores possuem autonomia para organizar seu trabalho e determinar seus próprios procedimentos”) foram removidos, e a cada exclusão foram feitas novas análises. Esse procedimento está de acordo com a proposição de que devem ser retiradas as variáveis cujos coeficientes estejam entre os menores ou não sejam significativos (KLINE, 2005). A Figura 31 representa o diagrama do modelo final da dimensão Estrutura, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. Figura 31 – Modelo de mensuração final – Dimensão Estrutura Fonte: Dados da pesquisa. Conforme a Figura 31 do modelo de mensuração do constructo da dimensão Estrutura com as dimensões padronizadas, os valores ficaram acima de 0,60, que é o valor sugerido para as cargas padronizadas, de maneira que o indicador seja mantido como um item reflexivo do constructo. Após esses ajustes, os coeficientes padronizados foram satisfatórios, conforme descrito na Tabela 31. 210 Tabela 31 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Estrutura. Caminhos estruturais Estim. Estrurura1 Estrutura 0,945 Estrutura2 Estrutura 0,941 Estrutura3 Estrutura 0,915 Estrutura6 Estrutura 1,00(1) Estrutura7 Estrutura 0,951 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,079 0,081 0,073 0,086 tvalues 11,891 11,666 12,505 11,098 P 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,669 0,654 0,715 0,713(1) 0,617 R2 0,448 0,428 0,511 0,508 0,381 Conforme a Tabela 31 do modelo de mensuração da dimensão de Estrutura com os coeficientes padronizados, os valores ficaram acima de 0,60, de maneira que o indicador seja mantido como um item reflexivo, atendendo ao recomendado por Kline (2005). Os valores de t-values foram maiores que 1,96 (HAIR, Jr. et al., 2009). A Tabela 32 apresenta o ajuste baseado na estatística do Qui2 para o constructo da dimensão Estrutura, bem como os outros indicadores selecionados. Tabela 32 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Estrutura. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI AGFI SRMR RMSEA TLI CFI Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 > 0 e < 1, PNFI próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado – inicial 20 55,218- (p<0,000) 2,761 0,971 0,947 0,033 0,063 0,953 0,966 Nível encontrado – final 5 17,055 - (p<0,004) 3,441 0,985 0,954 0,027 0,074 0,961 0,981 0,678 0,487 0,85 0,84 0,40 0,801 0,810 0,461 211 No que tange ao ajustamento da dimensão, o 2/GL apresentou índice de 3,441 – dentro do indicado por Hair, Jr. et al. (2005), que sugerem igual ou inferior a cinco. O índice de qualidade de ajuste (GFI) está acima de 0,9, os índices de ajuste comparativo (CFI) são todos próximos de 1, e a raiz do erro quadrático médio de aproximação (RMSR) está abaixo 0,08. A confiabilidade composta ficou acima do recomendado, no entanto a AVE ficou um pouco abaixo do esperado, contudo isso não invalida o modelo. Na continuação, são descritos os resultados da AFC referentes à dimensão Mecanismos de Suporte. Após as análises exploratórias, a dimensão ficou formada pelos itens Suporte1, Suporte2, Suporte4, Suporte6 e Suporte7. A variável Suporte5 (“É difícil obter recursos para projetos que envolvam riscos acima da média”) foi retirada da dimensão, visto que sua exclusão melhoraria consideravelmente o Alfa de Cronbach, e a variável Suporte3 (“A geração de ideias e a experimentação são valorizadas”) foi removida por apresentar baixos valores para carga fatorial e Comunalidades. A Figura 32 apresenta o modelo de mensuração da dimensão Mecanismos de Suporte. Figura 32 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Mecanismos de Suporte. Fonte: Dados da pesquisa. É possível verificar, com base na Figura 32, que todos os indicadores apresentaram coeficientes padronizados acima de 0,60, mostrando que não é necessária a retirada de variáveis por esse critério. Os coeficientes padronizados e significâncias das relações da dimensão são mostrados na Tabela 33. 212 Tabela 33 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Mecanismos de Suporte. Caminhos E.P Estim. estruturais Suporte1 Suporte 0,838 0,061 Suporte2 Suporte 1,000(1) Suporte4 Suporte 0,892 0,061 Suporte6 Suporte 0,804 0,061 Suporte7 Suporte 0,963 0,065 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. tvalues 13,777 14,534 13,176 14,772 P 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. ,702 ,754(1) ,742 ,671 ,755 R2 ,492 ,568 ,550 ,450 ,570 A variância do erro foi fixada na variável Suporte2, e, assim, os tvalues não foram calculados. Conforme a Tabela 33 do modelo de mensuração da dimensão Mecanismos de Suporte com as dimensões padronizadas, os valores ficaram acima de 0,60, acatando o recomendado por Kline (2005). Os valores de t-values foram satisfatórios, ficando acima de 1,96 (HAIR, Jr. et al., 2009). A Tabela 34 apresenta os resultados dos índices de ajuste do modelo de mensuração da dimensão Mecanismos de Suporte. Tabela 34 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Mecanismos de Suporte. Medidas de ajuste Nível aceitável GL - (p<0,000) 2 e p ≤5 2/GL GFI > 0,90 AGFI > 0,90 SRMR < 0,10 RMSEA 0,05 a 0,08 TLI > 0,90 CFI > 0,90 PNFI >0e <1, próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado – final 5 25,147- (p<0,000) 5,029 0,977 0,932 0,029 0,096 0,952 0,976 0,485 0,85 0,85 0,53 213 Os índices de ajuste absoluto GFI e AGFI foram satisfatórios, ficando acima de 0,90. O RMSR também ficou no nível aceitável. Entretanto o RMSEA, após a exclusão da variável Suporte3, ficou acima do nível aceitável. No que tange aos ajustes incrementais TLI e CFI, todos apresentaram índices superiores ao sugerido pela literatura. Quanto aos indicadores de confiabilidade, Alfa de Cronbach, confiabilidade composta e variância média extraída, mostraram-se superiores ao nível aceitável, sugerindo um bom ajuste da dimensão Mecanismos de Suporte. A dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação é composta por cinco variáveis (Estímulo2, Estímulo3, Estímulo4, Estímulo5 e Estímulo6). Conforme mencionado anteriormente, as variáveis Estímulo1 (“No caso de falha há uma investigação a fim de descobrir quem é o culpado”) e Estímulo9 (“O ambiente de trabalho é altamente competitivo”) foram removidas tendo em vista melhores resultados de confiabilidade interna por meio do Alfa de Cronbach, e a variável Estímulo8 (“Um indivíduo não deve contrariar seus superiores”) foi removida por apresentar correlação negativa com as demais variáveis da dimensão. Depois de aferir a análise da unidimensionalidade, por meio da AFE, procedeu-se à avaliação das medidas de ajuste a partir da AFC. A Figura 33 apresenta o modelo de mensuração inicial da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação antes da extração dos indicadores com carga inferior a 0,60. Figura 33 – Modelo de mensuração Comportamentos que Estimulam a Inovação. Fonte: Dados da pesquisa. inicial – Dimensão 214 O diagrama de caminhos apresentado na Figura 33 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (inicial) para a dimensão. Os coeficientes padronizados e as significâncias das relações da dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação são mostrados na Tabela 35. Tabela 35 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Caminhos estruturais Estim. E.P Estímulo2 Estímulo 0,967 0,053 Estímulo3 Estímulo 1,00(1) Estímulo4 Estímulo 0,889 0,057 Estímulo5 Estímulo 0,780 0,063 Estímulo6 Estímulo 0,910 0,060 Estímulo7 Estímulo 0,817 0,053 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. tvalues 16,537 14,752 11,912 14,336 14,41 P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,757 0,811(1) 0,724 0,591 0,705 0,708 R2 0,573 0,658 0,524 0,350 0,497 0,501 A variância do erro foi fixada na variável Estímulo2, por isso os t-values não foram calculados. Com base na carga fatorial padronizada, eliminou-se a variável Estímulo5 (“Os indivíduos estão autorizados a assumir riscos, desde que não prejudiquem a organização”); apesar de ter um valor próximo a 0,60, optou-se por sua exclusão, com base em Kline (2005), conforme mostra a Figura 34. Figura 34 – Modelo de mensuração final – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Fonte: Dados da pesquisa. A Figura 34 representa o diagrama do modelo final da dimensão, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. Os 215 coeficientes padronizados e as significâncias finais das relações Comportamentos que Estimulam a Inovação são mostrados na Tabela 36. Tabela 36 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Caminhos estruturais Estim. Estímulo2 Estímulo 0,925 Estímulo3 Estímulo 1,00(1) Estímulo4 Estímulo 0,959 Estímulo6 Estímulo 0,931 Estímulo7 Estímulo 0,861 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,055 0,066 0,069 0,061 tvalues 16,297 14,537 13,571 14,053 P 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,743 0,832 0,732 0,684 0,708 R2 0,552 0,692 0,536 0,468 0,501 Após a remoção da variável, foram realizados novamente os testes de ajuste; conforme a Tabela 36, todas as variáveis apresentaram coeficiente padronizado maior que 0,60. A Tabela 37 apresenta os índices encontrados na análise fatorial confirmatória do constructo de primeira ordem Comportamentos que Estimulam a Inovação. Tabela 37 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI AGFI SRMR RMSEA TLI CFI Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 > 0e< 1, PNFI próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado – inicial 9 32,768 - (p<0,000) 3,641 0,975 0,941 0,030 0,077 0,963 0,978 Nível encontrado - final 5 7,910 - (p<0,161) 1,582 0,993 0,979 0,016 0,036 0,994 0,997 0,582 0,331 0,74 0,86 0,52 0,85 0,86 0,55 216 Conforme a Tabela 37, observa-se que o teste do 2 está dentro do nível aceitável. As medidas absolutas de ajuste, que determinam o grau em que o modelo prediz a matriz de covariância observada, também apresentam valores aceitáveis: GFI superior a 0,9 e RMSEA inferior a 0,08. As medidas de ajuste comparativas (CFI e TLI) apresentam valores acima de 0,9, indicando que o modelo proposto é ajustado. A confiabilidade do constructo foi realizada por meio do cálculo do Alfa de Cronbach, confiabilidade composta (CC) e da variância média extraída (AVE). A dimensão foi considerada fidedigna, uma vez que atingiram valores superiores ao recomendado (GARVER; MENTZER, 1999; HAIR, Jr. et al., 2010). A dimensão Comunicação foi composta por cinco variáveis (Comunica1, Comunica2, Comunica3, Comunica4 e Comunica5). Não foram excluídas variáveis nas análises da AFE. A Figura 35 apresenta o modelo de mensuração inicial da dimensão Comunicação antes da extração dos indicadores que possuem carga inferior a 0,60. Figura 35 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Comunicação. Fonte: Dados da pesquisa. O diagrama de caminhos apresentado na Figura 35 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (inicial) para a dimensão Comunicação. Os coeficientes padronizados e as significâncias das relações da dimensão Comunicação são mostrados na Tabela 38. 217 Tabela 38 – Coeficientes padronizados e significâncias iniciais das relações – Dimensão Comunicação. Caminhos estruturais Estim. E.P Comunic1 Comunicação 0,968 Comunic2 Comunicação 1,0(1) Comunic3 Comunicação 0,849 Comunic4 Comunicação 0,73 Comunic5 Comunicação 0,50 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. 0,064 0,054 0,055 0,056 tvalues 15,04 15,652 13,298 8,865 P 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Pad. 0,742 0,794 0,776 0,659 0,449 R2 0,551 0,631 0,603 0,434 0,202 A variável Comunica5 (“Eu tenho um canal aberto de comunicação com o meu imediato supervisor/gerente”) apresentou coeficiente padronizado menor que 0,60, conforme pode ser visto na Tabela 38, por isso foi excluída da dimensão. A Figura 36 representa o diagrama do modelo final da dimensão Comunicação, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. Figura 36 – Modelo de mensuração final – Dimensão Comunicação. Fonte: Dados da pesquisa. A Figura 36 representa o diagrama do modelo final da dimensão Comunicação, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. Os coeficientes padronizados e significâncias finais das relações da dimensão Comunicação são mostrados na Tabela 39. 218 Tabela 39 – Coeficientes padronizados e significâncias finais das relações – Dimensão Comunicação. Caminhos estruturais Comunic1 Comunicação Comunic2 Comunicação Comunic3 Comunicação Comunic4 Comunicação Fonte: Dados da pesquisa. Esti. E.P 0,964 0,063 1,00 0,817 0,053 0,692 0,054 tvalues 15,276 15,421 12,883 P 0,000 0,000 0,000 Coef. Pad. 0,754 0,811 0,763 0,638 R2 0,569 0,658 0,582 0,406 Após a remoção da variável, foram realizados novamente os testes de ajuste. Conforme a Tabela 39, todas as variáveis apresentaram coeficiente padronizado maior que 0,60. Assim, as cargas padronizadas foram significativas em p≤0,01 e os índices de ajuste foram satisfatórios, conforme critérios recomendados pela literatura. A Tabela 40 apresenta os índices encontrados na análise fatorial confirmatória do constructo de primeira ordem Comunicação. Tabela 40 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Comunicação. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI AGFI SRMR RMSEA TLI CFI Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 >0 e<1, PNFI próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado – inicial 5 31,246 - (p<0,000) 6,249 0,970 0,909 0,039 0,109 0,930 0,965 Nível encontrado – final 5 14,333 - (p<0,001) 7,166 0,983 0,916 0,027 0,118 0,943 0,981 0,479 0,326 0,81 0,82 0,48 0,82 0,83 0,55 Analisando a Tabela 40, observa-se que o teste de 2 e RMSEA apresentam valores acima do nível aceitável. Entretanto as demais medidas de ajuste apresentam valores aceitáveis: GFI superior a 0,9. As 219 três medidas de ajuste comparativas (CFI e TLI) apresentam valores acima de 0,9, indicando que o modelo proposto é ajustado. No que tange aos indicadores de confiabilidade, todos apresentaram valores acima do sugerido pela literatura (GARVER; MENTZER, 1999, HAIR, Jr. et al., 2010). 4.2.3 Validade Discriminante – Cultura de Inovação Para a identificação de validade discriminante entre os constructos, foi utilizado o procedimento sugerido por Bagozzi e Phillips (1982), de modo que as dimensões foram testadas de duas maneiras: (1) modelo fixo, com o caminho e os constructos fixados em 1; e (2) modelo livre, com parâmetros não fixados, para obtenção do 2 do modelo livre. Os constructos foram testados em pares, conforme mostra a Tabela 41. Tabela 41 – Validade discriminante Cultura de Inovação Relação Estratégia Estrutura Estratégia Suporte Estratégia Estimulo Estratégia Comunicação Estrutura Suporte Estrutura Estimulo Estrutura Comunicação Suporte Estimulo Suporte Comunicação Estimulo Comunicação Fonte: Dados da pesquisa. Qui-Quadrado (2) Diferença Sig. Modelo Modelo do (2) fixo (=1) livre 360,68 316,53 44,15 p< 0,000 525,05 304,41 220,64 p< 0,000 527,86 330,90 196,96 p< 0,000 526,98 286,31 240,67 p< 0,000 163,75 120,59 43,16 p< 0,000 149,33 99,38 49,95 p< 0,000 211,97 148,52 63,45 p< 0,000 197,38 158,15 39,23 p< 0,000 248,18 166,57 81,61 p< 0,000 206,74 122,43 84,31 p< 0,000 Conforme visualizado na Tabela 41, o teste foi realizado em cada par de constructos (GARVER; MENTZER, 1999). Percebe-se, na análise da diferença dos 2 por meio do teste de Bagozzi e Phillips (1982), que todas as dimensões consideradas nesse estudo possuem conceitos diferentes, uma vez que há diferenças significativas de 2 (p < 0,005). Logo, por esse critério, a validade discriminante entre as dimensões é confirmada. 220 4.3 DETERMINANTES DA CULTURA DE INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA Após constatar a unidimensionalidade, a confiabilidade, a validade convergente e a validade discriminante dos constructos do modelo de mensuração, procedeu-se à validação do modelo integrado. A finalidade da análise fatorial de segunda ordem foi responder ao primeiro objetivo específico da tese, que era identificar a presença dos determinantes da cultura de inovação (Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação) propostos por Martins e Terblanche (2003) na indústria têxtil de Santa Catarina, testar H1, H2, H3, H4 e H5, bem como para adoção do modelo em modelagem de equações estruturais. Tendo em vista que as análises individuais dos constructos apresentados na seção precedente mostraram-se adequadas, partiu-se então para a validação do ajustamento do modelo estrutural de segunda ordem, que se divide nos cinco constructos de primeira ordem: Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação. Os valores representados no diagrama de caminhos (Figura 37) para as dimensões que compõem a cultura de inovação mostram os valores nas setas retilíneas e curvas (correlações e variâncias), com seus respectivos pesos fatoriais padronizados. Como se pode observar, todas as correlações apresentam valores positivos e significativos, conforme pode ser observado na Figura 37, que representa o diagrama de caminhos da cultura de inovação (geral). 221 Figura 37 – Diagrama de caminhos do constructo cultura de inovação. Fonte: Dados da pesquisa. 222 Os valores descritos na Figura 37 que são observados nas flechas e vão desde as variáveis latentes para as variáveis observáveis são os pesos fatoriais padronizados. Por outro lado, os valores observados nas flechas bidirecionais entre as variáveis latentes são as correlações entre estas variáveis. Conforme observado, todas as variáveis apresentam correlações positivas e significativas, que é o passo inicial para considerar o modelo aceitável. A Tabela 42 apresenta os índices de ajuste. Tabela 42 – Índices de ajuste do modelo de mensuração do constructo cultura de inovação. Medidas de ajuste Nível aceitável GL - (p<0,000) 2 e p ≤5 2/GL GFI > 0,90 AGFI > 0,90 SRMR < 0,10 RMSEA 0,05 a 0,08 TLI > 0,90 CFI > 0,90 PNFI > 0 e < 1, próximo de 1 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado 322 810,183 - (p<0,000) 2,516 0,873 0,861 0,055 0,059 0,919 0,920 0,866 Todos os índices apresentam-se próximos dos resultados esperados. A Figura 37 representa as covariâncias que foram “retidas” no modelo. Os testes realizados para o constructo de cultura de inovação demonstraram que as dimensões Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação, depois dos devidos ajustes para este estudo, são estatisticamente significativas diante dos resultados obtidos. As cargas dos itens de medição sobre os fatores de primeira ordem e as cargas dos fatores de primeira ordem sobre os fatores de segunda ordem são descritos na sequência. A Tabela 43 apresenta os índices de ajuste para o modelo de segunda ordem da cultura de inovação. 223 Tabela 43 – Índices de ajuste para o modelo de segunda ordem da cultura de inovação. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI AGFI SRMR RMSEA TLI CFI PNFI Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 > 0 e < 1, próximo de 1 Nível encontrado 323 810,681 - (p<0,000) 2,510 0,871 0,860 0,051 0,059 0,920 0,920 0,869 Fonte: Dados da pesquisa. As medidas de ajuste absoluto, GFI e AGFI, embora próximas do valor aceitável de 0,90, não resultaram em valores satisfatórios. Apesar disso, as medidas de qualidade de ajuste absoluto do constructo cultura de inovação apresentaram 2 da razão de verossimilhança de 810,681 para 323 graus de liberdade (GL), sendo estatisticamente significantes no nível de 0,000 (p<0,05). Quando analisada a qualidade do modelo 2 sobre GL, têm-se 2,510, o que comprova a sua qualidade (HAIR, Jr. et al., 2010; KLINE, 2005). Além disso, analisando os outros índices absolutos apresentados como RMR e RMSEA, que foram satisfatórios, pode-se considerar que o modelo obteve um bom ajuste. Os índices de ajustes incrementais, como o TLI, o CFI e o PNFI, apresentam os valores de referência preconizados pela literatura. Considerando o ineditismo de análise do modelo teórico proposto por Martins e Terblance (2003) e a ausência de evidências empíricas antecedentes que possibilitem comparações efetivas, entende-se que o modelo, ainda que não tenha demonstrado valores satisfatórios em todas as medidas de ajuste, pode ser aperfeiçoado com novos estudos empíricos, por conseguinte, não o invalidando. A Tabela 44 apresenta os coeficientes padronizados e as significâncias das relações de segunda ordem do constructo de cultura de inovação. 224 Tabela 44 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações de segunda ordem do constructo de cultura de inovação. Caminhos estruturais Estim. E.P Estratégia Cultura 1,0(1) Cultura Estrutura 1,184 Cultura Suporte 1,385 Cultura Estimulo 1,344 Comunica Cultura 1,126 Estrateg10 Estratégia 1,00(1) Estrateg9 Estratégia 1,059 Estrateg8 Estratégia ,944 Estrateg7 Estratégia ,965 Estrateg6 Estratégia ,874 Estrateg3 Estratégia ,927 Estrutura2 Estratégia ,991 Estrutura7 Estrutura 1,059 Estrutura6 Estrutura ,944 Estrutura3 Estrutura ,927 Estrutura2 Estrutura ,991 Estrutura1 Estrutura 1,00(1) Estímulo7 Estimulo ,944 Estímulo6 Estimulo ,965 Estímulo4 Estimulo ,927 Estímulo3 Estimulo ,991 Estímulo2 Estimulo 1,00(1) Suporte Suporte7 ,965 Suporte Suporte6 ,874 Suporte Suporte4 ,927 Suporte Suporte2 ,991 Suporte Suporte1 1,00(1) Comunica4 Comunica ,927 Comunica3 Comunica ,991 Comunica2 Comunica 1,144 Comunica1 Comunica 1,00(1) (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. ,062 ,074 ,070 ,071 ,051 ,039 ,039 ,044 ,031 ,032 ,051 ,039 ,031 ,032 ,039 ,039 ,031 ,032 ,039 ,044 ,031 ,032 ,031 ,032 ,065 - tvalues 19,211 18,791 19,308 15,909 20,965 24,387 24,625 19,745 30,376 30,840 20,965 24,387 30,376 30,840 24,387 24,625 30,376 30,840 24,625 19,745 30,376 30,840 30,376 30,840 17,545 - P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 - Coef. R2 Padron. 0,864 0,747 0,947 0,896 0,923 0,852 0,948 0,898 0,867 0,752 0,721 0,579 0,694 0,481 0,655 0,429 0,626 0,392 0,599 0,359 0,656 0,430 0,670 0,448 0,721 0,520 0,684 0,468 0,685 0,469 0,698 0,487 0,703 0,494 0,728 0,530 0,701 0,492 0,729 0,531 0,741 0,549 0,746 0,557 0,721 0,520 0,696 0,485 0,748 0,559 0,760 0,577 0,764 0,584 0,698 0,487 0,711 0,505 0,761 0,579 0,690 0,476 225 Os t-values ficaram acima de 2,58, o que acata a significância apropriada (HAIR, Jr. et al., 2005). Os pesos dos coeficientes padronizados para as cinco dimensões foram próximos, com valor de 0,864 para a dimensão Estratégia, com R2 de 75%, o que confere boa explicação da variância pelas variáveis independentes. A implementação bem sucedida de ideias inovadoras ocorre por meio da colaboração entre diferentes partes em uma organização. Nesse sentido, é fundamental que todos os membros tenham uma ideia clara da missão e visão da organização. Integrar a inovação na missão e visão ou no sistema de crenças é essencial para estabelecer uma direção clara para a empresa que deseja ser inovadora (ADAMS; BESSANT; PHELPS, 2006; CROSSAN; APAYDIN, 2010). A inclusão da inovação na estratégia da organização é o primeiro passo para evidenciar o comprometimento da organização com a inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Para a dimensão Estrutura, o coeficiente padronizado foi de 0,947, com R2 de 90%. A estrutura organizacional refere-se à organização interna da empresa em relação às suas atividades, processos e projetos, ela reúne práticas que permitem oferecer, ao trabalhador, um ambiente aberto, colaborativo, que facilite a criatividade, com poder descentralizado. Estruturas horizontalizadas, organizadas por projetos ou por grupos multidisciplinares ou em rede, tendem a constituir um ambiente propício ao desenvolvimento da inovação (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005; CUNHA; PALMA; SANTOS, 2008). A dimensão Mecanismos de Suporte apresentou o coeficiente padronizado de 0,923, tendo R2 de 85%. Os mecanismos de suporte dizem respeito às recompensas intrínsecas e extrínsecas, disponibilidade de recursos, tecnologia da informação e pessoas criativas. A motivação intrínseca é um dos mais importantes e poderosos fatores que afetam a criatividade das pessoas (AMABILE, 1988). Uma organização com manifesta capacidade inovadora conta com um de seus elementos essenciais, que é a criatividade de seus empregados (CUNHA; PALMA; SANTOS, 2008). A dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação, por sua vez, assumiu valor de 0,948 para o coeficiente padronizado e de 90% para R2. A liberdade e autonomia dos empregados para assumir riscos, propondo metas desafiadoras e aceitando que decidam como alcançálas, promove a realização pessoal, bem como o comprometimento com os objetivos da organização (AMABILE, 1999; AMABILE et al., 2004). 226 E, por fim, a dimensão Comunicação teve 0,876 e 75% para carga padronizada e R2, respectivamente. A comunicação, juntamente com os recursos físicos e financeiros, estrutura organizacional e os sistemas de gestão, fornece o suporte necessário para a inovação prática (DAMANPOUR, 1991). As estruturas abertas e flexíveis que destacam a importância do conhecimento técnico relevante são consideradas essenciais para a comunicação de ideias e, portanto, para a inovação (MUMFORD; LICUANAN, 2004). Conforme Tidd, Bessant e Pavitt (2005), a burocracia, por instituir barreiras à comunicação e à difusão de boas ideias, não é propícia a um ambiente favorável à inovação. Verificou-se que os coeficientes padronizados foram superiores 0,60, conforme aconselhado por Kline (2005), tendo R2 alto para a maioria das dimensões, o que sugere boa explicação da variância pelas variáveis independentes. A Figura 38 apresenta o constructo de segunda ordem de cultura de inovação, objetivando apresentar os caminhos (path) das cinco dimensões para o constructo. 227 Figura 38 – Constructo final de segunda ordem de cultura de inovação. Fonte: Dados da pesquisa. Por meio dos coeficientes padronizados e das significâncias das relações de segunda ordem do constructo de cultura de inovação, 228 verificou-se a validade das relações propostas no modelo de segunda ordem de cultura de inovação. As dimensões de primeira ordem – Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação – apresentaram cargas padronizadas relativamente altas, como mostrado na Figura 39, ou seja, todas as dimensões formam o constructo de segunda ordem – cultura de inovação. Os resultados estatísticos demonstraram que todos os 26 itens convergem em um constructo único de cultura de inovação. Os 26 itens são divididos em cinco dimensões: Estratégia = 7 variáveis; Estrutura = 5 variáveis; Mecanismos de Suporte = 5 variáveis; Comportamentos que Estimulam a Inovação = 5 variáveis; Comunicação = 4 variáveis. Cada um dos 26 itens converge em apenas uma dessas cinco dimensões, sem qualquer carga cruzada. 4.3.1 Efeito da estratégia organizacional na formação da cultura de inovação Conforme os resultados obtidos pela pesquisa de campo realizada com os 441 sujeitos sociais, pertencentes as 16 organizações da indústria têxtil, pode-se constatar que o constructo de primeira ordem estratégia organizacional tem efeito positivo no constructo de segunda ordem de cultura de inovação, uma vez que o coeficiente beta padronizado (λ = 0,86) suporta a Hipótese 1 – a estratégia organizacional é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. Esses resultados estão em conformidade com estudos anteriores que abordam a influência da Estratégia na formação da cultura de inovação (ARAD; HANSON; SCHNEIDER, 1997; MARTINS; TERBLANCHE, 2003; MARTINS; MARTINS; TERBLANCHE, 2004). Na formação da dimensão Estratégia, os indicadores sobre as metas organizacionais foram os que tiveram maior impacto, ou seja, evidenciou-se que em todos os níveis organizacionais as metas possuem o mesmo propósito, e que as metas são fortemente orientadas para a eficácia. No entendimento de Arad, Hanson e Schneider (1997), as metas organizacionais representam as prioridades e os valores da organização e, como consequência, podem promover ou dificultar a inovação. 229 Entre os outros indicadores que se destacaram, averiguou-se que a visão e a missão das organizações têxteis estão focadas no futuro. Por meio das declarações de missão e visão é possível que as organizações têxteis desenvolvam uma cultura de inovação forte, capaz de orientar adequadamente os comportamentos e ações (AHMED, 1998). A existência de uma cultura organizacional clara permite que as pessoas coordenem suas atividades para alcançar objetivos comuns, mesmo na falta de orientação dos seus gestores (OUCHI, 1983). O crescimento dos produtos asiáticos nos mercados mundiais, em especial os da China, desestabilizou os demais países produtores de têxteis e confeccionados e acirrou a competição global. Nessa conjuntura, para que as organizações do setor se mantenham competitivas, é fundamental que elas desenvolvam estratégias competitivas diferenciadas, baseadas na utilização da inovação tecnológica como um instrumento relevante para a inserção no mercado mundial (COSTA; ROCHA, 2009). A instituição da missão e visão podem ser empregadas para conduzir os comportamentos e a tomada de decisão. As declarações da filosofia da organização expressam a cultura de inovação, que pode auxiliar os empregados a interpretar estímulos ambíguos. A missão e visão podem ainda contribuir para o desempenho organizacional, motivando os empregados ou os sentimentos inspiradores do compromisso com a organização (LEDFORD; WENDNHOF; STRAHLEY, 1994). Um planejamento estratégico de forma estruturada, com a participação de equipes multifuncionais, onde exista um ambiente propício à discussão de alternativas, apresentará oportunidades para que surjam novas ideias e alternativas inovadoras. A declaração de missão e visão orientadas para o futuro gera um ambiente de comprometimento e envolvimento por parte dos colaboradores, que passam a ter um entendimento mais claro do esforço de suas atividades nos resultados da organização. 4.3.2 Efeito da estrutura organizacional flexível na formação da cultura de inovação De acordo com os dados obtidos na pesquisa de campo e com base no coeficiente de beta padronizado (λ = 0, 95), pode-se confirmar que a Estrutura organizacional flexível tem influência positiva na 230 formação do constructo de segunda ordem de cultura de inovação, apresentando o maior coeficiente padronizado dentre as cinco dimensões. Nesse sentido, a Hipótese 2 – A estrutura organizacional flexível é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina – pode ser confirmada, uma vez que o resultado está de acordo com Armstrong (1995) – segundo esse autor, a cultura de inovação é influenciada pelos sistemas operacionais em uma organização. Os resultados apontaram que equipes multifuncionais (formadas por diferentes setores) são uma maneira comum de trabalho – este foi o indicador com maior impacto na dimensão. A transferência de conhecimento entre contextos ou departamentos funcionais pode levar a inovações. Se as organizações que compõem o setor apresentarem estruturas horizontais, com autonomia e trabalho em equipe, certamente terão mais êxito nos processos de inovação; contudo, as que primarem pela especialização, formalização, normalização e centralização não experimentarão o surgimento de inovações (MARTINS; TERBLANCHE, 2003; DOMBROWSKI et al., 2007). A especialização flexível nas organizações têxteis indica a multiqualificação demandada dos trabalhadores, que passam a ter de apoiar-se em múltiplas habilidades a fim de serem alocados nas áreas em que a organização necessitar por motivo da variação na demanda (SARAIVA; PIMENTA; CORRÊA, 2005). A maior flexibilidade obtida pela polivalência do trabalhador qualificado – capacitado para desempenhar diversas atividades no processo de produção – deve ser entendida como uma vantagem competitiva. A alta rotatividade da mão de obra é contrária a esse cenário, por dificultar ou tornar altamente desvantajoso o investimento em capacitação e qualificação do pessoal, e ser um obstáculo ao envolvimento fundamental entre os trabalhadores e a empresa (FIRJAM; FERRAZ, 2011). Outro indicador que teve forte impacto na formação da dimensão foi o referente aos acordos de trabalho. Constatou-se, na pesquisa, que as organizações têxteis propiciam aos empregados acordos de trabalho flexíveis (por exemplo: rodízios de funções, horários flexíveis, divisão do trabalho). A flexibilidade de mão de obra e da produção é comumente utilizada pelas organizações da cadeia têxtil-vestuário como uma forma de se tornarem mais competitivas para concorrerem com a entrada de produtos estrangeiros (PICCININI; OLIVEIRA; FONTOURA, 2006). 231 Para Piccinini, Oliveira e Fontoura (2006), a necessidade de as organizações do setor têxtil serem flexíveis está associada às oscilações do volume de produção ao longo do ano. Para atender aos contratos dos clientes, as organizações buscam meios para ampliar a jornada de trabalho dos funcionários (horas extras, banco de horas e trabalho por turnos) ou para aumentar a mão de obra (contratos temporários e terceirização). Tais medidas permitem um incremento da produção sem a elevação dos custos fixos. Com base no indicador processos de tomada de decisão, percebeu-se, nas organizações pesquisadas, que os processos de tomada de decisão são formalizados e padronizados. Valores como rigidez, controle, previsibilidade, estabilidade e ordem (principalmente se associados a estruturas hierárquicas) serão um obstáculo à criatividade e à inovação. Por outro lado, os valores organizacionais, como flexibilidade, liberdade e trabalho em equipe, irão estimular a criatividade e a inovação (ARAD; HANSON; SCHNEIDER, 1997). A sobrevivência das organizações do setor têxtil é viabilizada por aspectos estruturais. A flexibilidade organizacional é exigida pela indústria de confecções, por estar submetida à execução de um considerável número de modelos durante o ano inteiro, devido ao lançamento das coleções. Com maior capacidade de ajuste e simplicidade administrativa, as pequenas empresas levam vantagem (COST; BERMAN; HABIB, 2000). A estrutura organizacional impacta diretamente no desenvolvimento da criatividade no ambiente de trabalho – por exemplo, fornecendo suporte de recursos para promover o desenvolvimento de novas ideias (TESLUK; FAAR; KLEIN, 1997). 4.3.3 Efeito dos mecanismos de suporte na formação da cultura de inovação O coeficiente beta padronizado para a dimensão mecanismos de suporte apresentou um valor de λ = 0,95, indicando que há evidência empírica da relação entre o constructo de primeira ordem, mecanismos de suporte, e o constructo de segunda ordem, de cultura de inovação, ou seja, a Hipótese 3 – os mecanismos de suporte são um dos componentes que têm efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina – pode ser confirmada. Esse resultado é coerente com os estudos de Ahmed (1998), Martins e Terblanche (2003) e Martins, Martins e Terblanche (2004), em que os autores afirmam que 232 mecanismos de suporte devem estar presentes na cultura de inovação de uma organização para criar um ambiente que irá promover a inovação. Os indicadores sobre as recompensas foram os que mais tiveram destaque na formação dessa dimensão. Foi possível observar que as recompensas intrínsecas e as recompensas financeiras são uma parte significativa do sistema de motivação das organizações têxteis. As recompensas e o reconhecimento, bem como a disponibilidade de recursos, ou seja, tempo, tecnologia da informação e pessoas criativas, são mecanismos que apoiam a criatividade e a inovação (BRESNAHAN, 1997; KHALIL, 1996; SARAIVA; PIMENTA; CORRÊA, 2005; FIRJAM; FERRAZ, 2011). Entretanto, é necessário não apenas investimentos em softwares e máquinas, mas, sobretudo na capacitação humana para o uso dessa tecnologia. Por intermédio da capacitação de seus empregados, as organizações do setor têxtil criam condições para ganhos de competitividade. Para Saraiva, Pimenta e Corrêa (2005), no setor têxtil, a qualificação profissional permanece envolta nas questões de cunho estratégico, uma vez que a própria noção de qualificação atende, em primeiro lugar, aos interesses organizacionais, e só posteriormente aos interesses dos trabalhadores. Os resultados da pesquisa apontam que os empregados não podem opinar na quantidade e tipo de treinamento que recebem – este indicador teve baixa correlação na formação da dimensão. Rech (2006) faz notar que no setor têxtil ainda há baixo investimento em treinamento e pouco interesse em capacitação técnica por meio da participação em cursos/seminários internos e treinamentos externos. Isso ratifica a obrigatoriedade de ações de sensibilização e de promoção da busca de inovação e novas tecnologias pelas organizações do setor. 4.3.4 Efeito dos comportamentos que estimulam a inovação na formação da cultura de inovação A relação entre o constructo de primeira ordem, comportamentos que estimulam a inovação, e cultura de inovação apresentou um coeficiente beta padronizado significativo de (λ = 0,87), confirmando a Hipótese 4 – os comportamentos que estimulam a inovação são um dos componentes que têm efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. O indicador que se destacou na dimensão foi o referente à geração de ideias, ou seja, todas as ideias são consideradas pela direção das organizações têxteis. 233 Constatou-se que as organizações pesquisadas estimulam seus empregados a gerar novas ideias, incentivando assim a criatividade. Culturas voltadas à inovação que privilegiam o processo de aprendizagem contínua e encorajam seus empregados a desenvolver novas ideias, sem a preocupação de prejudicá-los por eventuais fracassos, favorecem a criatividade e a inovação (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). Cabe salientar que as organizações devem considerar os seus sucessos e fracassos, e avaliá-los de modo sistemático, registrando os resultados de maneira aberta e disponível para os empregados. Para Ahmed (1998), os empregados precisam conhecer os riscos que eles podem assumir de forma segura. Isso os ajuda a definir o espaço no qual estão autorizados a agir de forma competente, e as ocasiões em que eles precisam de autorização para engajar-se em suas ações. Dessa forma, a compreensão do risco proporciona uma definição clara da prioridade e do espaço para ações inovadoras. Constatou-se que os empregados são encorajados a aprenderem uns com os outros – este indicador teve destaque na formação da dimensão. As organizações que desejam promover uma cultura de inovação devem ser flexíveis e abertas, com um projeto compartilhado e consensual que se baseia na confiança entre as pessoas envolvidas. Se a inovação não se socializa, não existe sistema de inovação possível (CORNEJO; MUÑOZ, 2010). No contexto do setor têxtil catarinense, a criatividade pode ser incentivada por meio de concursos de moda ou eventos como o “Santa Catarina Moda Contemporânea”. Eventos assim buscam promover a integração entre profissionais, indústrias e instituições de ensino, instigando os estudantes a desenvolverem produtos inovadores. Procuram ainda antecipar e compartilhar as tendências de consumo, fortalecendo a indústria catarinense dos setores têxtil e de vestuário. Para a ABID (2008), é preciso aproximar as organizações do setor têxtil dos centros de formação. Em países como Alemanha e Japão, o governo faz pesquisas que antecipam as demandas futuras por trabalhadores. No Brasil, a qualificação é feita pela oferta de cursos, e não pela demanda do setor. 4.3.5 Efeito da comunicação na formação da cultura de inovação O coeficiente beta padronizado para a dimensão Comunicação apresentou um valor de λ = 0,87, que comprova a Hipótese 5: a 234 comunicação é um dos componentes que tem efeito positivo na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina. Evidenciou-se que as informações são compartilhadas claramente entre os colaboradores – este indicador se sobressaiu nesta dimensão. As organizações têxteis que propiciarem uma comunicação aberta e transparente, com base em confiança, terão maiores índices na promoção da criatividade e inovação (BARRET, 1997). A comunicação aberta nas equipes de trabalho também teve evidência nesta dimensão. Quanto melhor informados forem os empregados, mais estarão envolvidos com a visão e missão e, por conseguinte, com os objetivos e metas da organização. Para Brown e Eisenhardt (1995), a comunicação entre membros da equipe, como a comunicação com agentes externos, colabora para o melhor resultado das equipes de desenvolvimento, ou seja, quanto melhor for a comunicação interna e externa, melhor será o resultado do processo de desenvolvimento de produtos. Por meio da comunicação é possível compartilhar valores e trocar informações e experiências, com a participação de todos os níveis organizacionais. Schein (1993) corrobora, argumentando que o estabelecimento de rotinas de diálogo entre grupos ou diferentes níveis hierárquicos elimina processos considerados burocráticos, possibilitando um grau mais alto de consistência e criatividade, uma vez que os indivíduos compõem um processo comum de pensamento e passam a se familiarizar com os problemas e metas da organização como um todo. As organizações do setor têxtil devem desenvolver um processo de comunicação democrático e participativo com o intuito de atrair e reter pessoas talentosas, incentivando o desenvolvimento de novos produtos, em função das mudanças de hábitos dos consumidores, a fim de poder competir em uma escala global. Para Dombrowski et al. (2007), organizações que enfatizam esse elemento da cultura de inovação são mais propensas a se envolver tanto em inovações incrementais como em inovações radicais, uma vez que as pessoas compreendem a cultura da organização e estão geralmente dispostas a sugerir ideias radicais e melhorias nos processos existentes. 4.4 COMPOSIÇÃO DO CONSTRUCTO DE DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS Está etapa do estudo é destinada a Análise Fatorial Exploratória que tem o intuito de verificar se cada variável do constructo de 235 desempenho em inovação de produtos se relaciona somente com um fator, e se elas estão bem correlacionadas entre si. Na sequência, a Análise Fatorial Confirmatória permite a avaliação da confiabilidade e da validade dos constructos e por fim, é empregada a análise discriminante para verificar o grau em que um constructo é verdadeiramente diferente dos demais. Os cálculos destinados à validação das escalas propostas, seguem as recomendações indicadas por Hair, Jr. et al. (2010). 4.4.1 Análise Fatorial Exploratória – Desempenho em Inovação de Produtos A seguir, são apresentados os resultados da AFE do constructo, dividido nas dimensões de Eficácia e Eficiência. O Quadro 15 descreve as variáveis e os indicadores da dimensão Eficácia. Quadro 15 – Variáveis e indicadores – Dimensão Eficácia. Variável Eficacia1 Eficacia2 Eficacia3 Indicador Substituição de produtos ultrapassados. Ampliação da linha de produtos. Desenvolvimento de produtos fora do segmento principal organização (produtos secundários). Eficacia4 Desenvolvimento de novas linhas de produtos. Eficacia5 Desenvolvimento de produtos que respeitam o meio ambiente (produtos ecológicos). Eficacia6 Aumento na participação de mercado. Eficacia7 Abertura de novos mercados no exterior. Eficacia8 Abertura de novos mercados nacionais. Fonte: Dados da pesquisa. O Alfa de Cronbach para a dimensão Eficácia foi de 0,865, o que é considerado bom. A ideia principal da medida de consistência interna é que as variáveis da escala devem medir o mesmo constructo e, assim, ser altamente intercorrelacionadas, considerando que os pesquisadores geralmente indicam um alfa de 0,7 como mínimo (HAIR, Jr. et al., 2005). Constatou-se que a remoção de variáveis não iria melhorar significativamente o Alfa. A Tabela 45 apresenta a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Mecanismos de Eficácia. 236 Tabela 45 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Eficácia. Variáv. Eficaci1 Eficaci2 Eficaci3 Eficaci4 Eficaci5 Eficaci6 Eficaci7 Eficaci8 MSA Eficaci1 1,000 Eficaci2 ,560 1,000 Eficaci3 ,443 ,446 1,000 Eficaci4 ,499 ,610 ,584 Eficaci5 ,456 ,386 ,436 Eficaci6 ,476 ,516 ,455 Eficaci7 ,190 ,190 ,330 Eficaci8 ,421 ,478 ,427 Fonte: Dados da pesquisa. 1,000 ,491 ,608 ,306 ,587 1,000 ,548 ,459 ,512 1,000 ,408 ,632 1,000 ,422 ,888 ,879 ,906 ,880 ,901 ,906 ,841 1,000 ,904 Com base na Tabela 45, percebe-se que existem fortes correlações entre as variáveis Eficacia2 (“Ampliação da linha de produtos”) e Eficacia4 (“Desenvolvimento de novas linhas de produtos”), com valor de 0,610, Eficacia4 e Eficacia6 (“Aumento na participação de mercado”), com valor de 0,608, e entre Eficacia6 e Eficacia8 (“Abertura de novos mercados nacionais”), com valor de 0,632, todas significativas ao nível de confiança de 1%. Os valores apresentados para o MSA ficaram acima do que preconiza a literatura, com valores superiores a 0,80; valores inferiores a 0,50 são considerados baixos, e nesses casos indicam variáveis que podem ser excluídas da análise (HAIR, Jr. et al., 2005). A medida de KMO apresentou um valor de 0,891, encontrando-se no intervalo entre 0,8 e 0,9. Com esse resultado considera-se que a análise fatorial é boa. O teste apresentou um valor de 1497,342, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Desse modo, é improvável que a matriz de correlação seja uma identidade, isto é, rejeita-se o H0 do teste de que as variáveis não são correlacionadas. Assim, os testes realizados permitem concluir que a amostra utilizada é apropriada ao emprego da análise fatorial. A Tabela 46 apresenta o menor número possível de fatores necessários para explicar o máximo de correlação entre as variáveis. 237 Tabela 46 – Variação total explicada – Dimensão Eficácia. Somas de extração de carregamentos ao quadrado Componente % de % % de % Total Total variação cumulativa variação cumulativa 1 4,266 53,330 53,330 4,266 53,330 53,330 2 ,989 12,359 65,689 3 ,616 7,704 73,393 4 ,581 7,257 80,650 5 ,472 5,896 86,546 6 ,402 5,023 91,570 7 ,361 4,510 96,079 8 ,314 3,921 100,00 Método de extração: análise do componente principal. Fonte: Dados da pesquisa. Valores próprios iniciais Os valores próprios (eigenvalues ou autovalores) para cada fator, bem como os respectivos percentuais de variância explicada, são apresentados na Tabela 46. Com base na regra de retenção de fatores com valores superiores a 1, foi retido um único fator que consegue explicar 53,33% da variância total (FÁVERO et al., 2009). A seguir, é apresentada a Tabela 47, que contém as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Eficácia do constructo do desempenho em inovação de produtos. Tabela 47 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Eficácia. Variáveis Carga Fatorial Eficacia4 ,819 Eficacia6 ,808 Eficacia8 ,776 Eficacia5 ,733 Eficacia2 ,728 Eficacia3 ,706 Eficacia1 ,697 Eficacia7 ,535 Fonte: Dados da pesquisa. Comunalidades ,671 ,653 ,603 ,538 ,530 ,499 ,486 ,287 Dado o tamanho da amostra de 441 respondentes, cargas fatoriais de 0,40 ou mais são consideradas significantes. Com base na Tabela 47, constata-se que todas as variáveis tiveram cargas fatoriais acima de 0,50, sendo consideradas significantes segundo Hair, Jr. et al., (2005). Ainda conforme a Tabela 47, as variáveis apresentaram baixa relação com os 238 fatores. A maioria dos indicadores conseguiu um poder de explicação baixo, considerando todos os fatores obtidos na dimensão; quanto mais próximo de 1 estiverem as Comunalidades, maior é o poder de explicação dos fatores. Dando sequência à análise do constructo de desempenho em inovação de produtos, o Quadro 16 descreve as variáveis e indicadores da dimensão Eficiência. Quadro 16 – Variáveis e indicadores – Dimensão Eficiência. Variáveis Indicador Tempo médio, em semanas, de desenvolvimento do projeto de Eficienci1 inovação (um projeto de inovação se refere à criação de um novo produto ou de um novo componente). Tempo médio, em horas, para o desenvolvimento de projetos de Eficienci2 inovação (horas de trabalho de todas as pessoas envolvidas). Eficienci3 Custo médio por projeto de inovação. Grau de satisfação geral com a eficiência do projeto de Eficienci4 inovação. Fonte: Dados da pesquisa. O Alfa de Cronbach para a dimensão foi de 0,890, considerado bom. Nesta análise de confiabilidade foram usados quatro itens. Verificou-se que a exclusão de variáveis não iria melhorar significativamente o Alfa da dimensão Eficiência. A Tabela 48 apresenta a matriz de correlações e a medida de adequação da amostra (Measures of Sampling Adequacy, ou MSA) da dimensão Mecanismos de Eficiência. Tabela 48 – Matriz de correlações e medida de adequação da amostra – Dimensão Eficiência. Variáveis Eficienci1 Eficienci2 Eficienci3 Eficienci4 Eficienci1 1,000 Eficienci2 ,717 1,000 Eficienci3 ,682 ,675 1,000 Eficienci4 ,620 ,670 ,656 1,000 Fonte: Dados da pesquisa. MSA ,827 ,819 ,844 ,858 Com base na Tabela 48, pode-se afirmar que existem fortes correlações entre as variáveis, todas ao nível de significância de 1%. Constatou-se também que o MSA ficou acima de 0,80. Este índice varia de 0 a 1, alcançando 1 quando a variável é perfeitamente prevista sem 239 erro pelas outras variáveis, sendo que o pesquisador deve ter um MSA acima de 0,50 para proceder com a AFE. A medida de adequação da amostra (KMO) apresentou um valor de 0,836. Assim, considera-se que a análise fatorial é boa. O Teste de Esfericidade de Bartlett teve um valor de 987,757, sendo significativo a 1% (p < 0,001). Nesse sentido, é improvável que a matriz de correlação seja uma identidade, ou seja, rejeita-se o H0 do teste. Logo, é possível verificar que a amostra utilizada é apropriada ao emprego da análise fatorial. A Tabela 49 apresenta a variância total explicada da dimensão Eficiência do desempenho em inovação de produtos. Tabela 49 – Variância total explicada – Dimensão Eficiência. Somas de extração de carregamentos ao quadrado Componente % de % % de % Total Total variação cumulativa variação cumulativa 1 3,010 75,252 75,252 3,010 75,252 75,252 2 ,387 9,680 84,933 3 ,332 8,294 93,226 4 ,271 6,774 100,000 Método de extração: análise do componente principal. Fonte: Dados da pesquisa. Valores próprios iniciais Pautando-se na regra de retenção de fatores com valores superiores a 1, foi retido um único fator que consegue explicar 75,25% da variância dos dados originais (FÁVERO et al., 2009). A Tabela 50, a seguir, apresenta as cargas fatoriais e as Comunalidades da dimensão Eficiência do constructo do desempenho em inovação de produtos. Tabela 50 – Cargas fatoriais e Comunalidades – Dimensão Eficiência. Variável Carga Fatorial EPI86 ,884 EPI85 ,871 EPI87 ,868 EPI88 ,846 Fonte: Dados da pesquisa. Comunalidades ,781 ,759 ,754 ,716 Conforme a Tabela 50, constatou-se que os valores para as cargas fatoriais da dimensão Eficiência foram superiores a 0,8, o que pode ser considerado aceitável. Todas as variáveis foram agrupadas em um único fator, de modo que o SPSS não realizou a rotação Varimax. Os 240 indicadores conseguiram (na tentativa com todos os indicadores) um alto poder de explicação, considerando todos os fatores obtidos (Comunalidades). A validação das escalas eficácia e eficiência seguiu as recomendações científicas e se baseou na revisão de literatura e no estudo empírico. As dimensões Eficácia e Eficiência do constructo de desempenho em inovação de produtos já haviam sido testadas por meio de MEE em indústrias europeias por Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), Alegre e Chiva (2008) e Alegre, Chiva e Lapiedra (2009). No entanto, o constructo não foi testado e validado em indústrias brasileiras. Constatou-se que as dimensões Eficácia e Eficiência do modelo de desempenho em inovação de produtos apresentaram poucas incongruências, e as variáveis foram consideradas concisas e confiáveis, tendo em vista a avaliação da confiabilidade, matriz de correlação, carga fatorial e Comunalidades. A dimensão Eficácia ficou composta por oito indicadores e a dimensão Eficiência manteve as quatro variáveis para a AFC. 4.4.2 Análise Fatorial Confirmatória – Desempenho em Inovação de Produtos Como descrito anteriormente, o constructo de desempenho em inovação de produtos será medido por meio de duas dimensões. A primeira dimensão da escala se refere à eficácia da inovação, e a segunda se ocupa da eficiência do processo de inovação. Ambas as dimensões foram definidas com base no Manual de Oslo da OCDE (1997), em Alegre, Lapiedra e Chiva (2006) e em Alegre e Chiva (2008). Antes de analisar o modelo fatorial de segunda ordem, como passo prévio, será analisada a unidimensionalidade de cada um dos fatores de primeira ordem. A Figura 39 mostra uma representação da dimensionalidade do constructo de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. 241 Figura 39 – Representação da dimensionalidade do constructo de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. Fonte: Elaboração própria. Na validação individual do constructo de desempenho em inovação de produtos, inicialmente é apresentada a dimensão Eficácia. A variável com maior carga fatorial para determinado fator foi a escolhida para ser fixada e garantir a confiabilidade do modelo. O modelo inicial foi composto por oito indicadores, conforme apresentado na Figura 40. 242 Figura 40 – Modelo de mensuração inicial – Dimensão Eficácia. Fonte: Dados da pesquisa. O diagrama de caminhos apresentado na Figura 40 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (inicial) para a dimensão Eficácia. A Tabela 51 apresenta o modelo de mensuração do constructo Eficácia com os valores de suas cargas fatoriais padronizadas e o R2 das variáveis. Tabela 51 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações iniciais – Dimensão Eficácia. Caminhos Estim. estruturais Eficacia1 Eficácia 0,777 Eficacia2 Eficácia 0,799 Eficacia3 Eficácia 0,784 Eficacia4 Eficácia 1,00(1) Eficacia5 Eficácia 0,903 Eficacia6 Eficácia 0,911 Eficacia7 Eficácia 0,758 Eficacia8 Eficácia 0,922 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,057 0,054 0,056 0,063 0,053 0,080 0,057 tvalues 13,682 14,923 13,930 14,432 17,344 9,539 16,290 P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,639 0,688 0,649 0,801(1) 0,669 0,780 0,464 0,741 R2 0,409 0,474 0,422 0,641 0,448 0,609 0,216 0,549 Conforme a Tabela 51 e a Figura 41 do modelo de mensuração da dimensão Eficácia com as dimensões padronizadas, percebe-se que a 243 variável Eficacia7 (abertura de novos mercados no exterior) apresentou carga fatorial de 0,464, abaixo, portanto, do valor de 0,60 sugerido por Kline (2005) e do valor indicado por Hair, Jr. et al. (2009), que é 0,50, de maneira que o indicador foi retirado. A Figura 41 representa o diagrama do modelo final da dimensão Eficácia, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. Figura 41 – Modelo de mensuração final – Dimensão Eficácia. Fonte: Dados da pesquisa. A variável Eficacia7 foi excluída e foi realizada uma nova AFC para a dimensão Eficácia, conforme a Figura 41, que mostra o diagrama do modelo final da dimensão, com as respectivas cargas padronizadas, todas acima de 0,60. A Tabela 52 apresenta os coeficientes padronizados e as significâncias das relações finais da dimensão Eficácia. 244 Tabela 52 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações finais – Dimensão Eficácia. Caminhos Estim. estruturais Eficacia1 Eficácia 0,746 Eficacia2 Eficácia 0,779 Eficacia3 Eficácia 0,771 Eficacia4 Eficácia 1,00(1) Eficacia5 Eficácia 0,872 Eficacia6 Eficácia 0,895 Eficacia8 Eficácia 0,905 (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,056 0,053 0,055 0,062 0,052 0,056 tvalues 13,210 14,719 13,950 14,131 17,350 16,272 P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,651 0,705 0,649 0,812(1) 0,652 0,771 0,729 R2 0,424 0,497 0,421 0,659 0,425 0,594 0,531 Com a remoção da variável Eficacia7, constatou-se que as cargas padronizadas foram superiores 0,60, conforme aconselhado por Kline (2005). Os valores de t-values foram maiores que 1,96, conforme recomendado por Hair, Jr. et al. (2009). A Tabela 53 apresenta o ajuste baseado na estatística do 2 para a dimensão, bem como os outros indicadores selecionados antes e após a exclusão da variável Eficacia7. Tabela 53 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Eficácia. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI AGFI RMSR RMSEA TLI CFI Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 > 0e<1, PNFI próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado – inicial 20 137,742- (p<0,000) 6,887 0,921 0,858 0,055 0,116 0,889 0,921 Nível encontrado – final 14 76,593 - (p<0,000) 5,471 ,952 ,903 ,0392 ,101 ,930 ,953 0,649 ,629 0,86 0,87 0,46 0,87 0,88 0,51 245 A Tabela 53 apresentou as medidas de adequação das análises confirmatórias da dimensão Eficácia do constructo de desempenho em inovação de produtos. Constatou-se que as medidas obtidas antes da exclusão da variável Eficacia7 não foram significativas, com valores abaixo do recomendado por Hair, Jr. et al. (2009) e por Kline (2005). Após a exclusão da variável, constatou-se que os valores de ajuste da dimensão Eficácia estão de acordo com os valores recomendados na literatura – somente o valor do RMSEA e 2/GL estão um pouco acima do recomendado. Os índices de confiabilidade também foram satisfatórios: o Alfa de Cronbach foi de 0,87, conforme sugerido por Hair, Jr. et al. (2010). O Alfa de Cronbach não considera os erros nos indicadores, por isso utilizou-se a Confiabilidade Composta e a Variância Extraída, com valores de 0,88 e 0,51, respectivamente. Na validação individual do constructo de desempenho em inovação de produtos, para a dimensão Eficiência todas as variáveis foram mantidas no modelo de mensuração. A Figura 42 apresenta o modelo de mensuração da dimensão Eficiência com cargas padronizadas. Figura 42 – Modelo de mensuração final – Dimensão Eficiência. Fonte: Dados da pesquisa. O diagrama de caminhos apresentado na Figura 42 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração (final) para a dimensão Eficiência. A Tabela 54 apresenta o modelo de mensuração do constructo Eficiência com os valores de suas cargas fatoriais padronizadas e o R2 das variáveis. 246 Tabela 54 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações finais – Dimensão Eficiência. Caminhos estruturais Estim. E.P Eficienci1 Eficiência 1,104 Eficienci2 Eficiência 1,129 Eficienci3 Eficiência 1,020 Eficienci4 Eficiência 1,0(1) (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Dados da pesquisa. ,061 ,061 ,057 - tvalues 18,132 18,618 17,797 - P 0,00 0,00 0,00 0,00 Coef. Padron. ,829 ,850 ,815 ,779 R2 ,687 ,723 ,664 ,608 Conforme a Tabela 54, os valores ficaram acima de 0,70, de maneira que o indicador foi mantido como um item reflexivo da dimensão Eficiência, e os valores de t-values foram maiores que 1,96 (HAIR, Jr. et al., 2009). A Tabela 55 apresenta o ajuste baseado na estatística do Qui2 para o constructo da dimensão Eficiência, bem como os outros indicadores selecionados. Tabela 55 – Índices de ajuste do modelo de mensuração – Dimensão Eficiência. Medidas de ajuste Nível aceitável GL - (p<0,000) 2 e p ≤5 2/GL GFI > 0,90 AGFI > 0,90 SRMR < 0,10 RMSEA 0,05 a 0,08 TLI > 0,90 CFI > 0,90 PNFI > 0 e < 1, próximo de 1 AF > 0,70 CC > 0,70 AVE > 0,50 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado 2 6,958 (p<0,031) 3,479 0,992 0,962 0,0130 0,075 0,985 0,995 0,331 0,89 0,89 0,67 A Tabela 55 mostra as medidas de adequação das análises confirmatórias da dimensão Eficácia do constructo de desempenho em inovação de produtos. Constatou-se que as medidas obtidas foram significativas, com valores acima do recomendado. O Alfa de Cronbach para a dimensão Eficiência foi de 0,89, a Confiabilidade Composta 247 apresentou valor de 0,89, e a Variância Extraída foi de 0,67 – também superior ao recomendado. Portanto, os resultados encontrados sugerem que o modelo de medida da dimensão Eficácia está confirmado. 4.4.3 Validade Discriminante – Desempenho em Inovação de Produtos Após os ajustes iniciais, o modelo de mensuração do constructo de desempenho em inovação de produtos foi composto por onze variáveis. A validade discriminante entre os constructos Eficácia e Eficiência foi verificada primeiramente a partir do que recomendam Bagozzi e Phillips (1982), de modo que as dimensões foram testadas de duas maneiras: (1) modelo fixo, com o caminho e os constructos fixados em 1; e (2) modelo livre, com parâmetros não fixados, para a obtenção do Qui-Quadrado (2) do modelo livre. A Tabela 56 apresenta os resultados. Tabela 56 – Validade discriminante – Desempenho em inovação de produtos. Qui-Quadrado (2) Modelo Modelo livre EficáciaEficiência fixo (=1) 159,175 145,241 Fonte: Dados da pesquisa. Relação Diferença do (2) Sig. 13,934 p < 0,000 Os valores obtidos na aplicação do teste nos modelos referidos (modelo fixo e modelo livre) foram 159,175 para o modelo fixo e 145,241 para o modelo livre. A diferença entre os dois foi de 13,934, com significância de 0,000, o que comprova a validade discriminante do constructo de desempenho em inovação de produtos, segundo o critério de Bagozzi e Phillips (1982). Após a etapa de análise individual dos constructos, análises de AFC, CC e AVE, e respectivos testes de validade discriminante, conforme recomendam Bagozzi e Phillips (1982), identificou-se o modelo a ser testado. Seguem, na próxima seção, considerações acerca do modelo estrutural do estudo. 4.5 DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS DA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SANTA CATARINA Após averiguar a unidimensionalidade, a confiabilidade, a validade convergente e a validade discriminante das dimensões de 248 desempenho em inovação de produtos, seguiu-se para a validação do modelo integrado. O objetivo da análise fatorial de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos foi responder ao segundo objetivo específico da tese, que foi identificar o desempenho em inovação em produto da indústria têxtil de Santa Catarina conforme proposta de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), bem como testar H6 e H7. Para descrever o modelo de mensuração do constructo do desempenho em inovação de produtos foram utilizadas onze variáveis. A Figura 43 mostra a análise fatorial confirmatória por meio de um diagrama de caminho realizado pelo software AMOS. Figura 43 – Diagrama de caminhos do constructo de desempenho em inovação de produtos. Fonte: Dados da pesquisa. Observa-se um o valor de 0,766 de covariância entre Eficácia e Eficiência – dimensões que formam o constructo de desempenho em inovação de produtos –, conforme pode ser observado na Figura 43, que representa o diagrama de caminhos da cultura de inovação (geral). A Tabela 57 mostra os índices de ajuste do modelo de mensuração do constructo de desempenho em inovação de produtos. 249 Tabela 57 – Índices de ajuste do modelo de mensuração do constructo de desempenho em inovação de produtos. Medidas de ajuste Nível aceitável GL - (p<0,000) 2 e p ≤5 2/GL Medidas de ajuste Nível aceitável GFI > 0,90 AGFI > 0,90 SRMR < 0,10 RMSEA 0,05 a 0,08 TLI > 0,90 CFI > 0,90 PNFI > 0 e < 1, próximo de 1 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado 43 131,202 - (p<0,000) 3,051 Nível encontrado 0,949 0,922 0,0387 0,068 0,957 0,966 0,743 Os índices apresentam-se próximos dos resultados esperados, inclusive com a Raiz do erro quadrático médio de aproximação (RMSA), ou seja, a maioria dos valores aceitáveis está abaixo de 0,10. As medidas de qualidade de ajuste absoluto da covariância do constructo de desempenho em inovação de produtos apresentaram 2 estatisticamente significantes no nível de 0,000 (p<0,05). Os demais índices de ajuste estão dento do nível aceitável. As cargas dos itens de medição sobre os fatores de primeira ordem e as cargas dos fatores de primeira ordem sobre os fatores de segunda ordem são descritas na sequência. O constructo de segunda ordem já foi validado e testado por estudos anteriores de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), Alegre e Chiva (2008), Alegre, Chiva e Lapiedra (2009), Bakar e Ahmad (2010), Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011) e Moreno, Real e Rosa (2011) em indústrias europeias, porém não foi testado e validado em indústrias brasileiras. As dimensões Eficácia e Eficiência apresentaram-se adequadas nas análises individuais, por isso seguiu-se para a validação do modelo estrutural de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. A Tabela 58 apresenta os índices de ajuste para o modelo. 250 Tabela 58 – Índices de ajuste para o modelo de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. Medidas de ajuste GL 2 e p 2/GL GFI Medidas de ajuste AGFI SRMR RMSEA NFI TLI CFI PNFI Fonte: Dados da pesquisa. Nível aceitável - (p<0,000) ≤5 > 0,90 Nível aceitável > 0,90 < 0,10 0,05 a 0,08 > 0,90 > 0,90 > 0,90 >0 e<1, próximo de 1 Nível encontrado 43 131,202 (p<0,000) 3,051 0,949 Nível encontrado 0,922 0,038 0,068 0,951 0,957 0,966 0,743 As medidas de qualidade de ajuste absoluto – constructo de desempenho em inovação de produtos – apresentaram 2 da razão de verossimilhança de 131,202, para 43 graus de liberdade (GL), sendo estatisticamente significantes no nível de 0,000 (p<0,05). Quando analisada a qualidade do modelo 2 sobre GL, obtém-se 3,051, comprovando-se, assim, a qualidade do modelo. O índice de qualidade de ajuste (GFI) foi de 0,949, cujos valores variam de 0 (ajuste pobre) a 1,0 (ajuste perfeito), ficando acima de 0,90 – valor indicado como os melhores ajustes do modelo. O índice de qualidade de ajuste calibrado (AGFI) foi de 0,922, sendo superior ao nível aceitável de 0,90. O valor da raiz do resíduo quadrático médio (RMSEA) atingiu o valor de 0,068, ficando no limite aceitável de 0,08 para valores ótimos (BYRNE, 2001; KLINE, 2005; HAIR, Jr. et al., 2010). Em seguida analisaram-se os índices de ajuste incremental. O índice de ajuste normado (NFI) foi superior a 0,9, o índice de TuckerLewis (TLI) teve um valor de 0,957 e o índice de ajuste comparativo (CFI) foi de 0,966, ou seja, todos os índices de ajuste incremental ficaram dentro dos parâmetros de referência (0,90). Com base nesses resultados pode-se considerar que o modelo obteve um bom ajuste (HAIR, Jr. et al., 2005). A Tabela 59 mostra os coeficientes padronizados e as significâncias das relações de segunda ordem do constructo de desempenho em inovação de produtos. 251 Tabela 59 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações de segunda ordem do constructo de desempenho em inovação de produtos. Caminhos estruturais Estim. Eficácia 0,813 D.I.P Eficiência 1,00(1) D.I.P Eficacia1 Eficácia 0,799 Eficacia2 Eficácia 0,813 Eficacia3 Eficácia 0,773 Eficacia4 Eficácia 1,00(1) Eficacia5 Eficácia 0,904 Eficacia6 Eficácia 0,882 Eficacia8 Eficácia 0,895 Eficienci1 Eficiência 1,00(1) Eficienci2 Eficiência 0,989 Eficienci3 Eficiência 0,925 Eficienci4 Eficiência 0,905 (1) Valores iniciais fixados em 1,00. Fonte: Dados da pesquisa. E.P 0,052 0,055 0,052 0,055 0,061 0,051 0,056 0,049 0,046 0,048 tvalues 15,609 14,448 15,609 14,001 14,788 17,147 16,121 20,325 20,077 18,825 P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Coef. Padron. 0,786 0,975 0,662 0,705 0,645 0,806 0,675 0,761 0,724 0,836 0,830 0,823 0,786 R2 0,617 0,950 0,618 0,677 0,689 0,700 0,524 0,578 0,455 0,650 0,415 0,497 0,438 Em termos de indicadores para a aceitação das hipóteses, os tvalues ficaram acima de 2,58, o que acata a significância apropriada (HAIR, Jr. et al., 2005). É possível verificar que o R2 foi de 93% para a dimensão Eficácia e 63% para a dimensão Eficiência, o que confere boa explicação da variância pelas variáveis independentes. O R2 das variáveis que formam as dimensões apresentou de forma geral coeficientes altos. As cargas padronizadas foram superiores 0,60, em conformidade com o aconselhado por Kline (2005). A partir da Figura 44 verifica-se que as cargas fatoriais padronizadas foram significativas, com valores acima do recomendado. 252 Figura 44 – Constructo final de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. Fonte: Dados da pesquisa. Com base nas cargas fatoriais padronizadas, averiguou-se a validade das relações propostas no constructo de segunda ordem do desempenho em inovação de produtos. Conforme a Figura 45, o caminho (path) entre as dimensões de primeira ordem – Eficácia e Eficiência – foi de λ = 0,79 e λ = 0,97, respectivamente. As cargas dos itens de medida sobre os fatores de primeira ordem e as cargas dos fatores de primeira ordem sobre os fatores de segunda ordem foram significativas para p, 0,001. Desse modo, as duas dimensões formam o constructo de segunda ordem – desempenho em inovação de produtos. O trabalho de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), com uma amostra composta por 182 empresas italianas e espanholas de revestimento cerâmico, apresentou resultados semelhantes no que diz respeito às medidas de ajuste. Os testes estatísticos do estudo supracitado apontaram que os valores de confiabilidade composta e os coeficientes Alfa de Cronbach também ficaram acima de 0,7. As cargas fatoriais padronizadas foram todas significativas e acima de 0,40. De modo geral, o constructo por meio das dimensões de primeira ordem – Eficácia e Eficiência – pode ser considerado um constructo de 253 segunda ordem para a avaliação do desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil. Conforme os resultados obtidos, foi retirada uma variável que compunha o instrumento original, sem modificar o constructo. A variável retirada foi “Abertura de novos mercados no exterior”. Os resultados estatísticos evidenciaram que os onze itens convergem em um constructo único de segunda ordem. Os indicadores foram divididos em duas dimensões: Eficácia, com sete indicadores, e Eficiência, com quatro indicadores, sendo que eles convergem em apenas uma das dimensões, sem qualquer carga cruzada. 4.5.1 Resultado da eficácia e eficiência no desempenho em inovação de produtos Com base nos resultados da pesquisa de campo, a Hipótese 6: A dimensão Eficácia tem efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina e a Hipótese 7: A dimensão Eficiência tem efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina podem ser confirmadas. Verificou-se no estudo que o desempenho na inovação de produtos pode ser analisado por meio das dimensões de primeira ordem Eficácia e Eficiência, conforme estudos anteriores de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), Alegre e Chiva (2008), Alegre, Chiva e Lapiedra (2009), e posteriormente confirmada nos estudos de Bakar e Ahmad (2010), Henttonen, Ritala e Jauhiainen (2011) e Moreno, Real e Rosa (2011). A dimensão eficiência, ou seja, aquela que foca o processo de inovação que é executado nas fronteiras internas da organização, apresentou maior correlação com o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil catarinense, com um coeficiente beta padronizado de λ = 0,79. As organizações estão preocupadas com o custo e o tempo do projeto despendido com o desenvolvimento da inovação (GRIFFIN; PAGE, 1993; GRIFFIN, 1997; ZHAN; DOLL, 2001; MCEVILY; CHAKRAVARTHY, 2002; VALLE; AVELLA, 2003). Griffin (1997) observa que o uso de equipes multifuncionais é uma forma de reduzir o tempo de ciclo de desenvolvimento. Isso ficou evidente no estudo, uma vez que o indicador sobre equipes multifuncionais teve alta correlação na dimensão Estrutura. Os resultados foram maiores na dimensão Eficiência, refletindo a preocupação com o custo e com o tempo gasto no desenvolvimento dos projetos de inovação. Por ser uma indústria que está sendo ameaçada pela constante competição dos chamados “tigres asiáticos”, supõe-se 254 que o foco esteja em uma competição por baixos custos de produção. Outro fator que pode ser apontado é a rápida variação das tendências de moda, o que leva as organizações a desenvolverem produtos que permanecem no mercado por curtos períodos de tempo. Constatou-se que as organizações têxteis pesquisadas apresentaram uma menor correlação entre a dimensão eficácia e o desempenho em inovação de produtos, com um coeficiente beta padronizado de λ = 0,97. Entre esses indicadores se sobressaem o desenvolvimento de novas linhas de produtos, o aumento na participação de mercado, a abertura de novos mercados nacionais e a ampliação da linha de produtos. Esses dados indicam que as organizações buscam a perpetuação no mercado, e é por meio de inovações em produtos para atender a demandas externas de um mercado que busca novos produtos que elas se inserem, corroborando estudos apresentados por Montoya-Weiss e Calantone (1994), Atuanaheme-Gima (1995), Barczak (1995) e Valle e Avella (2003). 4.6 INFLUÊNCIA DA CULTURA DE INOVAÇÃO DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS NO Após as análises individuais dos constructos de segunda ordem de cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos, foi realizada a avaliação dos modelos estruturais para os dois constructos. A finalidade da análise fatorial de segunda ordem foi responder ao terceiro objetivo específico da tese, que era analisar a influência dos determinantes da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil de Santa Catarina, testar H8, H9 e H10, bem como verificar a robustez do modelo para sua futura adoção em modelagem de equações estruturais. A seguir são apresentados os resultados dos testes de ajuste e de identificação do modelo que procura identificar a influência dos cinco determinantes que formam a cultura de inovação sobre as duas dimensões que formam o desempenho em inovação de produtos. A Tabela 60 apresenta os índices de ajuste para os modelos de segunda ordem da cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos. 255 Tabela 60 – Índices de ajuste do modelo proposto. Medidas de ajuste Nível aceitável GL - (p<0,000) 2 e p ≤5 2/GL GFI > 0,90 AGFI > 0,90 SRMR < 0,10 RMSEA 0,05 a 0,08 TLI > 0,90 CFI > 0,90 PNFI > 0 e < 1, próximo de 1 Fonte: Dados da pesquisa. Nível encontrado 650 1439,396 - (p<0,001) 2,214 0,844 0,831 0,052 0,053 0,912 0,914 0,833 Em relação ao ajustamento do modelo, o 2/GL apresentou índice de 2,214. Na perspectiva de Kline (2005), uma razão menor do que três é aceitável; já para Hair, Jr. et al. (2010), esse valor deve ser igual ou inferior a cinco. O índice de qualidade do ajuste (GFI), que idealmente deve ser superior a 0,9, não atendeu ao mínimo estipulado, sendo de 0,844, bem como o índice ajustado de qualidade do ajuste (AGFI), que foi de 0,831 – abaixo, portanto, do valor sugerido pela literatura. Os indicadores SRMR (0,053) e RMSEA (0,053) atenderam aos critérios recomendados, por serem menores que 0,10 e 0,08, respectivamente. O índice de Tuker-Lewis (TLI) ficou acima do nível esperado, apresentando um valor de 0,912. O mesmo ocorreu com o índice de ajuste comparativo (CFI), que teve um valor de 0,914. O índice de ajuste normado parcimonioso (PNFI) mostrou um valor de 0,833, o que é considerado satisfatório, uma vez que a literatura indica valores entre 0 e 1: quanto maior o valor, maior parcimônia possui o modelo (HAIR, Jr. et al., 2010). Com base nos resultados, percebe-se que somente os índices de GFI e AGFI ficaram abaixo do recomentado. Entretanto é oportuno destacar que Bagozzi e Yi (2012) ressaltam que não existem critérios de corte para o GFI e AGFI; esses índices são dependentes do tamanho da amostra, e simulações mostram que ambos não apresentam resultados tão significativos como o RMSEA, o TLI, o CFI, e o SRMR. Assim, os autores apontam que para um bom ajustamento deve ser utilizado os indicadores: χ2 o RMSEA, o CFI, o TLI e o SRMR. Dentro dessas condições, o modelo geral foi considerado aceitável. Após a verificação do ajustamento do modelo, foram analisadas as cargas fatoriais 256 padronizadas e os respectivos t-values a fim de testar as hipóteses, conforme mostra a Tabela 61. Tabela 61 – Coeficientes padronizados e significâncias das relações do modelo proposto. Caminhos estruturais Estratégia Estrutura Suporte Estimulo Comunicação Eficácia Eficiência Estim. E.P tvalues P Coef. R2 Padron. Cultura de 0,853 0,043 19,974 0,000 0,878 0,772 inovação Cultura de 1,00(1) 0,954 0,891 inovação Cultura de 1,149 0,052 21,885 0,000 0,913 0,833 inovação Cultura de 1,122 0,048 23,539 0,000 0,944 0,891 inovação Cultura de 0,936 0,051 18,293 0,000 0,861 0,741 inovação Desempenho em inovação 0,771 0,067 11,505 0,000 0,855 0,731 de produtos Desempenho em inovação 1,00(1) 0,897 0,806 de produtos Desempenho Cultura de em inovação 0,758 0,056 13,453 0,000 0,771 0,594 inovação de produtos Desempenho Tamanho em inovação 0,069 0,084 0,822 0,411 0,003 0,000 Dummy de produtos (1) Valores iniciais fixados em 1,00. Fonte: Dados da pesquisa. Em termos de indicadores para a aceitação das hipóteses, os tvalues necessitam ser superiores a 1,96 (para aceitação tolerável); o ideal é acima de 2,58, para acatar significância apropriada (HAIR, Jr. et al., 2005). Conforme a Tabela 61, os resultados dos t-values foram satisfatórios. As relações EstruturaCultura de Inovação e EficiênciaDesempenho em Inovação de Produtos tiveram seus valores iniciais fixados em 1,00 e, portanto, os t-values não foram calculados. Todas as relações foram significantes a 0,001. No que concerne ao 257 coeficiente de explicação (R²), verifica-se que todos tiveram valores acima de 0,50. Quanto aos coeficientes padronizados das dimensões de primeira ordem que formaram o constructo de segunda ordem de cultura de inovação, constatou-se que todos apresentaram coeficientes padronizados acima de 0,70, sendo que o valor da dimensão Estratégia foi de λ = 0,878, para um coeficiente de explicação (R²) de 0,772, ou seja, 77,2% da variância é explicada por suas variáveis independentes. A covariância entre os erros e2 e e3 da dimensão Estratégia apresentou uma estimativa de λ = 0,691, o erro padrão foi de 0,046 e o t-value obteve um valor de 14,96 para uma correlação de 0,550. Para Estrutura tem-se os seguintes valores: λ = 0,954 para o coeficiente padronizado e suas variáveis independentes explicam 89,1% da variância. Na dimensão Mecanismos de Suporte, o coeficiente padronizado foi de λ = 0,913 e seu R2 foi de 83,3%. A dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação teve λ = 0,944 de coeficiente padronizado para um R2 de 89,1%. No caso da dimensão Comunicação, o coeficiente padronizado obtido foi λ = 0,861 e suas variáveis independentes explicam 74,1% da variância. Ao analisar o constructo de desempenho em inovação de produtos, percebe-se que o coeficiente padronizado da dimensão Eficácia foi de λ = 0,855, o coeficiente de determinação (R2) foi de 60% da variância explicada, o coeficiente padronizado da dimensão Eficiência foi de λ = 0,897 e o valor do coeficiente de determinação da variância (R2) foi de 80,6%. Ao avaliar as significâncias estatísticas dos coeficientes padronizados do constructo de segunda ordem de cultura de inovação sobre o constructo de segunda ordem desempenho em inovação de produtos, verifica-se que são significantes, uma vez que a relação foi de λ = 0,771. A fim de avaliar a influência do porte da organização no desempenho em inovação de produtos, foi incluída na regressão uma dummy para essa característica. Porém ela não foi significativa, com coeficiente de 0,003 e significância de 0,411, mostrando que o tamanho da organização não tem influência no desempenho em inovação de produtos na amostra das organizações pesquisadas. A Figura 45 apresenta o modelo estrutural final que procurou identificar a influência dos cinco determinantes que formam a cultura de inovação e seu impacto sobre o desempenho em inovação de produtos. 258 Figura 45 – Modelo estrutural proposto para a análise final. R2 R2 R2 R2 R2 R2 R2 R2 Fonte: Dados da pesquisa. Com base no exposto, no que tange à relação entre a cultura de inovação e o desempenho em inovação de produtos, constata-se uma relação positiva, que apresenta um bom índice de significância, ou seja, o caminho (path) entre cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos é de λ = 0,771, p < 0.05. Constatou-se que as demais cargas 259 padronizadas se mantiveram superiores ao mínimo de 0,40 indicado por Hair, Jr. et al. (2009) e também superiores ao aconselhado por Kline (2005), que sugere cargas padronizadas mínimas de 0,60. Conforme resultados obtidos, ao estudar a influência dos determinantes da cultura de inovação sobre o desempenho em inovação de produtos, comprovou-se que existe evidência empírica entre os dois constructos estudados – o coeficiente beta padronizado foi de λ = 0,77, ou seja, a cultura de inovação afeta o desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina confirmando a Hipótese 8 – os determinantes da cultura de inovação, estratégia, estrutura, mecanismos de suporte, comportamentos que estimulam a inovação e comunicação têm um efeito positivo sobre desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. Uma organização que consegue adotar determinada cultura pode ter melhores resultados de inovação (KNOX, 2002; DOBNI, 2008). Para Steele e Murray (2004), fica evidente que o desenvolvimento de uma cultura de inovação é relevante se uma organização quer tornar-se proativa e permanecer bem-sucedida. Isso se deve ao fato de a agilidade e a habilidade de uma organização para responder às mudanças do mercado serem impulsionadas por sua propensão a inovar. E isso fica mais evidente no setor têxtil, onde as organizações necessitam inovar constantemente. A dimensão Estrutura foi a que mais teve impacto nos resultados da inovação. A inovação é reforçada por estruturas orgânicas, em vez de estruturas mecanicistas. É importante destacar que estruturas orgânicas estão mais propensas a promover a inovação do que estruturas mecanicistas. Se as normas certas são estabelecidas e amplamente compartilhadas, então a cultura pode ativar a criatividade. Todavia, se existe uma cultura imprópria, não alinhada a mecanismos de autonomia, não importa o esforço e a boa intenção das pessoas em tentar promover inovações: provavelmente poucas ideias surgirão (BURNS; STALKER, 1961; AHMED, 1998). Uma estrutura horizontal, com autonomia e trabalho em equipe, irá promover a inovação, enquanto a especialização, a formalização, a normalização e a centralização tenderão a inibi-la (MARTINS; TERBLANCHE, 2003). A estrutura organizacional permite que as organizações sejam mais flexíveis e adaptáveis às mudanças, evitando que elas se tornem rígidas e burocráticas, o que possibilita uma influência positiva no desempenho da inovação. Uma característica substancial é que a flexibilidade gera rapidez nas respostas e adaptação aos processos, 260 auxiliando a promover a sobrevivência e o desenvolvimento das organizações têxteis. A estrutura é o elo entre as práticas de gestão e vantagem competitiva, por isso os gestores devem levá-la em consideração no momento de formular as estratégias da organização. Os resultados confirmaram, de acordo com estudos anteriores, que um dos fatores que podem estimular a propensão para inovar é a cultura voltada para a inovação. Isso se deve ao fato de que, ao influenciar o comportamento dos funcionários, pode-se lograr que eles aceitem a inovação como um valor fundamental na organização e se comprometam com ela (HARTMANN, 2006; NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2011). A cultura é um dos determinantes da inovação, uma vez que possui elementos que podem servir para reforçar ou inibir o processo criativo. A cultura da inovação precisa ser acompanhada por um contexto organizacional adequado (AHMED, 1998). A sustentação de uma organização inovadora se dá, principalmente, por sua cultura organizacional, uma vez que a capacidade de inovar está nas habilidades e atitudes das pessoas que nela trabalham (KNOX, 2002). A cultura organizacional é um fator fundamental na gestão da inovação. No entanto, é preciso desenvolver uma cultura com estilo de gestão participativa, em que a comunicação e o trabalho em equipe são incentivados, com flexibilidade estrutural, com empregados habilitados, e em que a assunção de riscos e falhas ocasionais são tolerados. Com a combinação certa desses fatores, a inovação tem potencial para se desenvolver (TUSHMAN; O’REILLY, 1997). A cultura organizacional como fonte de inovação é caracterizada pela maneira como a organização se adapta, pela flexibilidade, criatividade, capacidade de viver com a incerteza e informação ambígua, ausência de poder centralizado, bem estabelecidas cadeias de comando, ênfase na individualidade, exposição a riscos e antecipação do futuro (CAMERON; QUINN, 1999). Para serem inovadoras, as organizações do setor têxtil necessitam criar condições favoráveis que impulsionem a inovação, e com base nisso formar um modelo próprio de cultura de inovação. Além de um esforço econômico e tecnológico, é indispensável gerenciar uma série de transformações políticas, culturais e organizacionais que promovam o desenvolvimento de processos de inovação. O fator cultural do sistema sócio-técnico-empresarial parte da premissa de que as pessoas (sua cultura) e as tecnologias (portanto, as inovações) são dependentes e 261 interagem: a modificação em uma necessariamente produz alterações na outra (CORNEJO; MUÑOZ, 2010). Com base nos resultados da pesquisa, não foi possível verificar que o tamanho da organização teve efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina, regeitando assim a Hipótese 9 – o tamanho da organização conforme os critérios de número de empregados tem efeito positivo no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. A defasagem tecnológica é pequena entre as organizações líderes, que têm capacidade exportadora e investem pesadamente na modernização de máquinas e equipamentos. O problema encontra-se no conjunto da cadeia, com a existência de plantas defasadas (pequenas e médias empresas, a maioria de controle familiar e trabalhando com algum tipo de informalidade) (COSTA; ROCHA, 2009). As tecnologias da informação minimizam as perdas de tecido e os defeitos decorrentes do processo de produção, fazendo com que as organizações de pequeno e grande porte possam competir em igualdade (RANGEL; SILVA; COSTA, 2010). Os resultados foram contrários aos estudos de Damanpour e Evan (1984), Kimberly e Evanisko (1981) e Damanpour (1991), que revelaram que o porte da organização influencia a adoção de mais inovações. Os autores salientam que organizações maiores tendem a adotar mais inovações que organizações menores. Esse fato pode ser atribuído à disponibilidade de recursos: organizações maiores possuem mais condições econômicas e de capital intelectual para investir em novas ideias, enquanto organizações menores possuem seus recursos financeiros e de capital intelectual limitados, com maior dificuldade em disponibilizá-los para a inovação. Nesse sentido, o porte da organização poderá afetar indiretamente a inovação, uma vez que tende a promover o aumento da centralização. Entretanto, isso não se confirmou nesta pesquisa. Dois pontos podem ser salientados: (1) os estudos dos autores supracitados já superaram duas décadas e (2) os autores são generalistas quanto aos ramos das organizações estudadas. Quanto ao ramo industrial desta pesquisa, o foco recaiu praticamente sobre uma “ponta” da cadeia têxtil, além do fato de que tanto as tecnologias de produção quanto as de comunicação tornaram acessíveis dados de organizações grandes e pequenas. A principal limitação à ampliação da competitividade dos setores com deficiências competitivas é a ausência de mecanismos que promovam maiores capacitações tecnológicas e gerenciais para o 262 conjunto de médias e pequenas empresas, inclusive iniciativas atenuadoras de suas desvantagens de escala, como o acesso cooperativo às informações de mercado e equipamentos de automação microeletrônica (CAD/CAM), entre outras (COUTINHO; FERRAZ, 1994). As pequenas empresas tendem a agir informalmente, evitando qualquer tipo de formalidade, rigidez e profissionalismo, utilizando muito mais a lealdade pessoal e o comprometimento por meio de laços afetivos (LODI; 1993; MACHADO; CARVALHO, 2006). O setor têxtil brasileiro é majoritariamente formado por pequenas e médias empresas, apresentando elevado grau de concorrência e baixos índices de concentração industrial (COSTA; ROCHA, 2009). O futuro do setor têxtil parece depender da reformulação estrutural e conceitual dos elos finais da cadeia de produção, no qual o segmento de confecção, em que prevalecem pequenas e médias empresas intensivas no uso de mão de obra pouco qualificada e historicamente caracterizadas como sendo de baixa intensidade tecnológica, apresenta-se como o principal gargalo à modernização (OECD, 2005; BRUNO; FONSECA NETTO; BRUNO, 2011). Na sequência, foram realizadas as análises para localização geográfica. Conforme descrito anteriormente, a pesquisa foi realizada com 441 respondentes de 16 organizações têxteis de Santa Catarina, divididos em três mesorregiões, conforme critérios do IBGE. A amostra da região Oeste foi de 102 respondentes, divididos em três organizações; a região do Vale do Itajaí foi composta por nove organizações, com um total de 160 respondentes; e a região Norte teve 179 respondentes divididos em quatro organizações. Tendo em vista que as três regiões apresentam amostras próximas, optou-se por realizar MEE com cada amostra em separado. A Tabela 62 apresenta os índices de ajuste para as três amostras. Tabela 62 – Índices de ajuste do modelo final com análise de localização geográfica. Medidas ajuste Nível aceitável GL (p<0,000) ≤5 ep 2 2/GL Oeste Nível encontrado 650 1300,337(p<0,000) 2,001 Norte Nível encontrado 650 1161,760(p<0,000) 1,787 Vale do Itajaí Nível encontrado 650 1312,362(p<0,000) 2,019 Continua... 263 Continuando... Medidas ajuste Nível aceitável GFI AGFI SRMR > 0,90 > 0,90 < 0,10 0,05 a RMSEA 0,08 TLI > 0,90 CFI > 0,90 Fonte: Dados da pesquisa. Oeste Nível encontrado 0,537 0,499 0,108 Norte Nível encontrado 0,664 0,636 0,083 Vale do Itajaí Nível encontrado 0,767 0,748 0,066 0,091 0,84 0,065 0,670 0,678 0,758 0,764 0,881 0,884 As medidas de qualidade de ajuste absoluto para as três amostras foram estatisticamente significantes no nível de 0,000 (p<0,05). Considerando que o teste do 2 é influenciado pelo tamanho da amostra, os valores de 2/GL apresentaram-se próximos para as três, sendo 2,001 para a região Oeste, 1,787 para a região Norte e 2,019 para a região do Vale do Itajaí, comprovando-se a qualidade do modelo (HAIR, Jr. et al., 2005; KLINE, 2005). Os demais índices de ajuste ficaram abaixo dos valores recomendados, ao que tudo indica pelo número da amostra para cada região. Após verificar os índices de ajuste, buscou-se identificar se há discriminação entre as regiões Oeste, Norte e Vale do Itajaí. A Tabela 63 apresenta as análises dos caminhos estruturais e as diferenças apresentadas entre eles. Tabela 63 – Coeficientes padronizados e R2 para análise da localização geográfica. Caminhos estruturais Estratégia Estrutura Suporte Estimulo Cultura de inovação Cultura de inovação Cultura de inovação Cultura de inovação Oeste Coef. R2 Padro. Norte Vale do Itajaí Coef. Coef. 2 R R2 Padro. Padro. 0,878 0,770 0,878 0,772 0,875 0,766 0,991 0,989 0,986 0,972 0,934 0,871 0,851 0,728 0,867 0,751 0,929 0,862 0,815 0,668 0,951 0,904 0,953 0,908 Continua... 264 Continuando... Caminhos estruturais Comunicação Eficácia Eficiência Cultura de inovação Desempenho em inovação de produtos Desempenho em inovação de produtos Desempenho Cultura de em inovação inovação de produtos Fonte: Dados da pesquisa. Oeste Coef. R2 Padro. Norte Vale do Itajaí Coef. Coef. 2 R R2 Padro. Padro. 0,789 0,622 0,881 0,776 0,851 0,725 0,805 0,649 0,895 0,802 0,924 0,763 0,834 0,694 0,783 0,612 0,873 0,854 0,761 0,584 0,603 0,364 0,841 0,707 Os t-values foram superiores a 2,58 para acatar significância apropriada. As dimensões Estratégia e Estrutura apresentaram valores do coeficiente padronizado muito próximos para as três regiões, sendo maior para a região Oeste (λ = 0,991), entretanto as diferenças não foram significativas. A região Vale do Itajaí teve valores de coeficiente padronizado maior do que as regiões Oeste e Norte para a dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação (λ = 0,929), e a região Norte teve coeficiente padronizado maior que as outras regiões para a dimensão Comunicação (λ = 0,881). Assim, é possível confirmar a Hipótese 10 – a localização geográfica têm efeito positivo nos determinantes da cultura de inovação e no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. Percebe-se que o coeficiente padronizado da relação Desempenho em inovação de produtosCultura de Inovação foi mais significativo para a Região Vale do Itajaí, com valor de λ = 0,841. A região Norte foi a que teve o menor coeficiente padronizado, com valor de 0,603, e a região Oeste, por sua vez, teve um valor de λ = 0,761, ou seja, constatou-se que a cultura de inovação teve uma influência maior no desempenho em inovação de produtos das organizações da região do Vale do Itajaí do que nas outras regiões. A Deve-se notar que as organizações que participaram da pesquisa são de diferentes elos da cadeia têxtil, o que pode ter influenciado os resultados. O polo têxtil do Vale do Itajaí alcançou projeção econômica nos cenários regional e nacional, respondendo por 65% da economia da 265 região e exportando um quarto de sua produção. A região optou pelo segmento de produtos de algodão, tendo em vista a menor competitividade desse mercado relativamente ao de produtos de fibras sintéticas (CARRÃO, 2004). A concentração da indústria têxtil e de confecção no Vale do Itajaí levou a uma capacidade de produção superior à demanda local e a um alto padrão de competitividade. Devido ao pequeno mercado consumidor, as organizações da região desde sempre se voltaram para as exportações, primeiro para o restante do país, depois para outros países (FIESC, 2010). Com isso, a região está mais propensa ao desenvolvimento de uma cultura voltada ao desenvolvimento de inovação. Verificou-se também que a cultura de inovação teve um impacto maior na dimensão Eficácia da inovação para as regiões Norte e Vale do Itajaí, apresentando um coeficiente padronizado de λ = 0,895 e λ = 0,924, respectivamente. Entretanto, foi possível verificar que a cultura de inovação tem maior influência na dimensão Eficiência nas organizações da região Oeste, com coeficiente padronizado de λ = 0,834 para a dimensão Eficiência e λ = 0,805 para a dimensão Eficácia. No que concerne ao coeficiente de explicação (R²), verifica-se que todos tiveram valores acima de 0,50, exceto o desempenho em inovação de produtos da amostra da região Norte. A região do Vale do Itajaí apresenta algumas características socioculturais que a difere das outras regiões catarinenses. O Vale é um reconhecido polo industrial têxtil, com um aglomerado de organizações que engloba toda a cadeia têxtil. Muzzio (2001) destaca que os valores, as ideologias e as competências culturais expressas na vida organizacional são enraizados primeiramente no contexto cultural da sociedade em que estão inseridas. Quando as organizações se instalam em uma determinada região, já encontram solidificados determinados elementos locais, tais como as comunidades, a infraestrutura, o sistema educacional e a cultura que emana daquela sociedade e das instituições que lhe dão sustentação e com as quais cria seus vínculos (FREITAS, 2007; MUZZIO, 2010). A indústria têxtil é considerada de baixa tecnologia e não oferece fortes barreiras à entrada de novos produtos. A tecnologia é difundida e disponível no mercado mundial. Por essa razão, os dois insumos do processo produtivo – mão de obra e matéria-prima – desempenham um papel crucial na definição da competitividade dessa indústria. Assim, a região do Vale se sobressai em relação às demais, tendo em vista possuir o maior número de organizações que englobam todos os elos da cadeia 266 têxtil. É notório também o investimento das organizações do Vale do Itajaí no desenvolvimento de programas de qualificação e treinamento de mão de obra (COSTA; ROCHA, 2009; FIESC, 2012). A Tabela 64 apresenta o resumo dos testes de hipóteses. Tabela 64 – Resumo dos testes de hipóteses. Hipótese Caminho estrutural Cultura de InovaçãoEstratégia Cultura de H2 InovaçãoEstrutura Cultura de H3 InovaçãoMec. de Suporte Cultura de H4 InovaçãoEstimulo à Inovação Cultura de H5 InovaçãoComunicação Desempenho em H6 inovação de produtos Eficácia Desempenho em H7 inovação de produtos Eficiência Desempenho em H8 inovação de produtos Cultura de Inovação Desempenho em inovação de H9 produtosTamanho da organização Cultura de Inovação Localização Oeste Cultura de Inovação H10 Localização Norte Cultura de Inovação Localização Vale (1) Valores iniciais fixados em 1,00 Fonte: Elaboração própria. H1 Coefic. tpadro. value R2 Sig. Resultado 0,878 19,974 0,772 0,00 Aceita 0,954 0,891 0,00 Aceita 0,913 21,885 0,833 0,00 Aceita 0,944 23,539 0,891 0,00 Aceita 0,861 18,293 0,741 0,00 Aceita 0,855 11,505 0,731 0,00 Aceita 0,897 0,806 0,00 Aceita 0,771 13,453 0,594 0,00 Aceita 0,003 - - 0,822 0,000 0,411 Rejeitada 0,761 - 0,584 0,000 0,603 - 0,364 0,000 0,841 - 0,707 0,000 Aceita 267 A Tabela 64 apresentou os testes das hipóteses do estudo com o caminho estrutural, os coeficientes padronizados estimados, os t-values, o nível de significância, o status da hipótese em relação esperada. As dimensões que mais tiveram influência na formação da cultura de inovação na indústria têxtil de Santa Catarina foram a Estrutura, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Mecanismos de Suporte. No desempenho em inovação de produtos, a Eficiência ainda é mais importante que a Eficácia, indicando que o foco no processo de inovação é mais interno do que externo. Esse resultado pode ser atribuído à busca por baixar os custos na competitividade com os produtos provenientes da Ásia, sobretudo da China, que produzem com custos muito menores que o mercado nacional. A concorrência asiática pressiona o setor têxtil brasileiro em todas as fases, da indústria de tecidos à de confecções, exigindo uma maior preocupação com a diminuição no tempo médio no desenvolvimento dos projetos de inovação, bem como na diminuição no custo médio por projeto de inovação. Entretanto, cabe salientar que, com a diminuição dos custos de produção, as margens de lucro tendem a diminuir consideravelmente, e apenas as organizações que atuam em economias de grande escala podem sobreviver. Nesse sentido, fica evidente que, com uma cultura voltada para a inovação, as organizações do setor podem desenvolver produtos de alto valor agregado, fazendo frente aos produtos importados. As organizações localizadas no Vale do Itajaí apresentaram melhores resultados no desempenho em inovação de produtos. Ao que tudo indica, isso se deve ao fato de as muitas organizações localizadas na região formarem um “cluster”: se por um lado competem entre si, por outro as organizações desta região se complementam e se reforçam mutuamente, aumentado o nível de competitividade para padrões que as permitem ficar menos vulneráveis à concorrência acirrada do setor. 268 269 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Nesta última etapa da pesquisa são feitas as considerações finais da tese e as sugestões para futuros estudos. Este estudo representa uma iniciativa de comprovar empiricamente as relações entre os determinantes da cultura de inovação – Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação – sobre o desempenho em inovação de produtos – Eficácia e Eficiência. Alguns estudos evidenciaram uma relação positiva entre cultura organizacional e inovação, porém geralmente utilizando um enfoque parcial e limitado a determinados aspectos da cultura de inovação. 5.1 CONCLUSÕES O principal objetivo desta tese foi verificar a influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos na indústria têxtil de Santa Catarina. Para tanto, verificaram-se os relacionamentos dos determinantes da cultura de inovação com desempenho em inovação de produtos. Com isso, buscou-se contribuir para pesquisas em cultura organizacional e o inter-relacionamento com seus atores. É oportuno destacar que não foram encontrados estudos similares na literatura, o que por um lado permite ser este um estudo pioneiro no tema, mas por outro lado prejudica a discussão dos resultados encontrados. Tendo como base estudos teóricos sobre o tema, desenvolveu-se um modelo que buscou representar a realidade teórica e prática da cultura de inovação e do desempenho em inovação de produtos nas organizações têxteis de Santa Catarina. Trabalhar com uma amostra restringida ao estado poderia limitar a generalização dos resultados desta pesquisa, entretanto, esses resultados proporcionam uma maior aprofundamento na compreensão das variáveis em estudo. Respondendo ao primeiro objetivo específico, que era identificar a presença dos determinantes da cultura de inovação – Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação – propostos por Martins e Terblance (2003), presentes na indústria têxtil de Santa Catarina, pode-se concluir que os resultados do estudo empírico mostraram uma relação forte e positiva entre os determinantes da cultura de inovação, tanto quando 270 considerados os determinantes de forma separada, bem como quando operacionalizados com constructo de desempenho em inovação de produtos. O modelo de cultura de inovação proposto a partir da literatura apresentou-se consistente, conforme os dados obtidos por meio da Análise Fatorial Exploratória, Análise Fatorial Confirmatória e Modelagem de Equações Estrutural. Assim, ao tratar a cultura de inovação, os gestores devem considerar as cinco dimensões – Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação e Comunicação – em conjunto. A Estrutura organizacional foi a dimensão que mais teve influência na formação da cultura na amostra estudada. Os indicadores referentes à flexibilidade organizacional se sobressaíram em relação aos demais. As equipes multifuncionais (formadas por diversos setores) são um modo comum de trabalho nas organizações têxteis que participaram da pesquisa. A reunião dos melhores membros de diferentes áreas de especialização pode atingir a combinação necessária para desenvolver o trabalho de forma sinérgica, incentivando a interdisciplinariedade e o intercâmbio de valores e crenças. O uso de equipes multifuncionais em todos os níveis para gerar ideias criativas é fundamental para as organizações do setor desenvolverem produtos inovadores. Na dimensão Estratégia, os resultados fizeram notar que as metas organizacionais possuem o mesmo propósito e são fortemente norteadas para a eficácia. Os valores e normas organizacionais que incentivam a inovação são manifestadas nas metas que orientam as ações da organização e têm como finalidade integrar a organização internamente e adaptá-la ao ambiente externo. As organizações indicaram ter um uma visão clara do futuro. A preocupação dos gestores com a sobrevivência das organizações no logo prazo se deve ao elevado crescimento dos produtos asiáticos – em particular da China – nos mercados mundiais. Na dimensão Mecanismos de Suporte, é possível concluir que as recompensas intrínsecas são uma parte significativa do sistema de motivação das organizações têxteis. As recompensas financeiras e não financeiras influenciam o modo como os colaboradores abordam as suas responsabilidades. Cabe salientar que, ao premiar a inovação na organização, não se deve recompensar uma pessoa, e sim todos os que colaboraram na transformação da ideia em produto final, uma vez que foi possível verificar que o setor é formado por equipes multifuncionais onde a geração de ideias é obtida em conjunto com diversos departamentos. 271 No que tange à dimensão Comportamentos que Estimulam a Inovação, pode-se concluir que as organizações têxteis estudadas adotam uma cultura flexível e aberta que influencia a criatividade no ambiente de trabalho, fornecendo recursos para a geração de ideias. A inovação é a implementação bem sucedida de novas ideias. No cenário competitivo em que as organizações do setor têxtil estão inseridas, inovar não é uma opção, e sim condição básica de sobrevivência. Para a dimensão Comunicação, pode-se concluir que nas organizações pesquisadas as informações são compartilhadas claramente entre os colaboradores. Deve-se considerar a comunicação verbal e a não verbal, uma vez que os valores e crenças que são estimulados pela organização nem sempre são os mesmos que os empregados observam e interpretam. Em outras palavras, os gestores podem ter a intenção de implantar uma cultura aberta e flexível, com a participação de todos os níveis hierárquicos, porém, se os empregados percebem que os líderes não têm tolerância ao fracasso e punem os erros, então uma cultura fechada será criada, o que inibe a criatividade e a inovação. Respondendo ao segundo objetivo da pesquisa, que foi identificar o desempenho de inovação em produtos da indústria têxtil de Santa Catarina, conforme proposta de Alegre, Lapiedra e Chiva (2006), os resultados evidenciaram uma correlação significativa entre as dimensões Eficácia e Eficiência. Observou-se que as organizações têxteis pesquisadas estão mais propensas a investir na eficiência da inovação de produtos que é determinada pelo custo e pelo tempo do projeto de inovação. A dimensão Eficiência do processo de inovação apresentou maior correlação com o desenvolvimento de produtos. Essa dimensão teve todos os indicadores do modelo original validados. Dentre os indicadores apresentados, o tempo médio para o desenvolvimento de um projeto de inovação foi o que teve maior impacto na eficiência do processo de inovação. Outro índice que teve destaque nessa dimensão foi o relacionado ao tempo médio, em horas, para o desenvolvimento de projetos de inovação – horas de trabalho de todas as pessoas envolvidas. Verificou-se que as organizações estão mais preocupadas com o tempo total no qual se depreendem esforços para inovar; é o quanto se leva de tempo para que uma inovação possa sair das fronteiras da organização. Observou-se que as organizações têxteis catarinenses também estão propensas a investir naquilo que reflete o seu sucesso, por meio das inovações inseridas no mercado. Entre os indicadores que refletem este argumento, se distinguiram o desenvolvimento de novas linhas de 272 produtos. Por ser uma indústria que vive de lançamentos a cada estação do ano, supõe-se que o próprio mercado, por meio da moda e da variação das cores que cada estação exige, faz com que haja uma preocupação com essa substituição. Como consequência da ampliação da linha de produtos e do desenvolvimento de produtos fora do segmento principal da organização, produtos secundários também surgem como estratégias de eficácia direcionadas à inovação. As linhas de produtos são ampliadas devido a alterações da moda, e com elas surge, em alguns ramos, acessórios que são desenvolvidos para compor o look daquele produto. Não se observou ainda, nesse tipo de indústria, uma preocupação com o desenvolvimento de produtos ecológicos. Nessa mesma perspectiva, situam-se os outros dois indicadores da eficácia: aumento da participação de mercado e abertura de novos mercados nacionais. O indicador abertura de novos mercados no exterior não apresentou índices satisfatórios; por isso a variável foi retirada do modelo original. Supõe-se que uma amostra maior possa indicar outros resultados para essas avaliações. O terceiro objetivo específico foi analisar a influência dos determinantes da cultura de inovação – Estratégia, Estrutura, Mecanismos de Suporte, Comportamentos que Estimulam a Inovação, e Comunicação – no desempenho em inovação de produtos – Eficácia e Eficiência – da indústria têxtil de Santa Catarina. Os resultados forneceram evidência empírica de que a cultura de inovação melhora o desempenho da inovação de produtos, apoiando a perspectiva de que o desempenho em inovação de produtos pode ser influenciado pela cultura de inovação. Além disso, constatou-se que a cultura de inovação pode melhorar a inovação de produtos, mas também pode inibi-la, dependendo dos valores que formam a cultura. Constatou-se também que a cultura de inovação tem influência maior na dimensão Eficiência do que na dimensão Eficácia. O quarto objetivo específico foi analisar os resultados da influência da cultura de inovação no desempenho em inovação de produtos da indústria têxtil de Santa Catarina, com as características de localização geográfica e tamanho das organizações. É possível concluir que o tamanho da organização não teve efeito positivo no desempenho em inovação de produtos nas organizações estudadas. O porte da organização pode afetar indiretamente a inovação, uma vez que tende a promover o aumento da centralização, porém isso não se confirmou nesta pesquisa. As pequenas e médias organizações conseguem competir 273 com as grandes organizações investindo em tecnologia da informação, a qual possibilita diminuir as perdas decorrentes do processo de produção. Com esses progressos, pequenas confecções com máquinas de costura convencionais conseguem ser competitivas. Os melhores resultados em inovação de produtos alcançados pelo Vale do Itajaí em relação ao Oeste e Norte podem estar associados aos traços socioculturais da região. O Vale do Itajaí apresenta um conjunto de organizações mais homogêneo que nas demais regiões do estado. Os segmentos de malharia e de cama, mesa e banho são os mais atuantes da indústria têxtil da região, devido à predominância de matéria-prima: fibras naturais de algodão. Com os resultados apresentados pretende-se auxiliar acadêmicos e profissionais. Os profissionais podem utilizar o modelo para identificar os indicadores que mais se sobressaem e compará-los com a indústria à qual a organização pertence. O instrumento também pode ser usado para fins de auditoria na avaliação da própria evolução da organização ao longo do tempo ou de fornecedores cuja participação no processo de inovação pode ser relevante. Para acadêmicos, a pesquisa pode contribuir na avaliação de indústrias e servir para a comparação entre indústrias ou organizações de um mesmo setor, comparando, por exemplo, tamanhos de organizações. 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A partir deste estudo surgem oportunidades de pesquisa, como a aplicação do instrumento de cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos em setores mais dinâmicos do ponto de vista da inovação, bem como em setores mais tradicionais, com tecnologia consolidada, e a análise de outros setores para verificar se há diferenças nos determinantes da cultura de inovação com desempenho em inovação de produtos em decorrência de características específicas de cada setor. Considerando que o estudo apresentou diferenças entre as regiões pesquisadas, sugere-se a ampliação deste estudo para diferentes áreas geográficas do país. A replicação desta pesquisa corrobora também o desenvolvimento da área de estudo, tendo em vista a escassez de trabalhos empíricos sobre cultura de inovação e sua interação com o desenvolvimento de novos produtos. A replicação de estudos em diferentes contextos é uma característica fundamental em qualquer 274 estudo empírico para conseguir credibilidade e confiabilidade, já que por meio das replicações e continuação das pesquisas são possíveis as regularidades empíricas. Pesquisas nessa área podem ajudar a fomentar o desenvolvimento social e econômico do país pela geração de emprego e renda. Outra iniciativa de pesquisa seria incrementar, na escala de desempenho em inovação de produtos, medidas objetivas, como patentes ou aumento de novos produtos, ou subjetivas, como a participação de clientes no processo de desenvolvimento de inovações. Sugere-se também a operacionalização dos constructos de cultura de inovação e desempenho em inovação de produtos com outras variáveis moderadoras, dentre elas as capacidades dinâmicas e o ambiente organizacional sob suas três perspectivas: dinamismos, complexidade e munificência. Além disso, como variável causal, a sugestão poderia ser o uso da Aprendizagem Organizacional como causa da cultura mas impactando o desenvolvimento de inovações. Todas as abordagens citadas foram encontradas nos levantamentos e de alguma forma transitaram nos estudos feitos, mas não foram foco específico desta tese. 275 REFERÊNCIAS ADAMS, R.; BESSANT, J.; PHELPS, R. Innovation management measurement: a review. International. Journal of Management Reviews, v. 1, n. 8, p. 21–47, 2006. AFUAH, A. Innovation mangement: strategies, implementation and profits. 1 ed. New York: Oxford University Press, 1998. ______. Innovation mangement: strategies, implementation and profits. 2 ed. 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A two-phased study into the innovation process. Management Decision, v. 37, n. 1, p. 57–71, 1999. 297 APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Prezado (a), Por favor, responda as seguintes perguntas sobre sua organização. Os dados obtidos serão analisados de forma confidencial e os resultados somente serão apresentados de forma agregada sem identificação dos respondentes. Este bloco de questões deve ser respondido variando entre 1 – “Discordo Totalmente” a 7 - “Concordo Totalmente”, por meio de um “X” na coluna que melhor representar a sua resposta. Leve em conta que não existem respostas certas ou erradas! Obrigado pela atenção e colaboração. CULTURA DE INOVAÇÃO Discordo Totalmente 1 2 Questão Indicador 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3 4 Concordo Totalmente 5 6 7 ESTRATÉGIA 1234 567 Todos os colaboradores possuem um Estrateg1 entendimento completo da visão e missão da empresa. Estrateg2 A visão e a missão estão focadas no futuro. A visão e a missão estão fortemente orientadas Estrateg3 para o mercado. A distância entre onde a empresa está e onde Estrateg4 quer estar é analisada e discutida regularmente. A alta gestão não detalha como os objetivos Estrateg5 estratégicos devem ser alcançados. Conheço os objetivos estratégicos (metas) que Estrateg6 devem ser alcançados pela empresa. Os objetivos pessoais dos colaboradores são Estrateg7 consistentes com os objetivos organizacionais. Qualidade é a principal ênfase refletida nas Estrateg8 metas organizacionais. Metas organizacionais são fortemente Estrateg9 orientadas para a eficácia. Em todos os níveis da organização as metas Estrateg10 possuem o mesmo propósito. 298 CULTURA DE INOVAÇÃO Discordo Totalmente 1 2 3 4 Concordo Totalmente 5 6 7 Questão Indicador ESTRUTURA 1234567 Os processos de tomada de decisão são 11 Estrutura1 formalizados e padronizados. Acordos de trabalho flexíveis (por exemplo: 12 Estrutura2 rodízios de funções, horários flexíveis, divisão do trabalho) são possíveis. Os colaboradores possuem descrições formais 13 Estrutura3 de seu trabalho e é esperado que se comprometam. Os colaboradores possuem autonomia para 14 Estrutura4 organizar seu trabalho e determinar seus próprios procedimentos. As decisões são tomadas com a participação de 15 Estrutura5 todos os níveis, desde os mais baixos da escala organizacional. É atribuída importância ao desenvolvimento e 16 Estrutura6 apoio ao trabalho em equipe. Equipes multifuncionais (formadas por 17 Estrutura7 diferentes setores) são uma maneira comum de trabalho. Meu ambiente de trabalho é considerado 18 Estrutura8 participativo. Questão Indicador MECANISMOS DE SUPORTE 1234 567 19 Suporte1 20 Suporte2 21 Suporte3 22 Suporte4 23 Suporte5 24 Suporte6 25 Suporte7 Recompensas intrínsecas (por exemplo: aumento de autonomia, melhores oportunidades de crescimento pessoal) são uma parte significativa do sistema de motivação. Os colaboradores são recompensados (recompensas financeiras e não financeiras) pelo trabalho eficiente. A geração de ideias e a experimentação são valorizadas. Todos têm acesso às informações que necessitam. É difícil obter recursos para projetos que envolvam riscos acima da média. Os colaboradores podem opinar na quantidade e qual tipo de treinamento recebem. Promoções são concedidas em reconhecimento de criatividade, iniciativa e inovação. 299 CULTURA DE INOVAÇÃO Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Totalmente 6 7 COMPORTAMENTOS QUE 1234567 ESTIMULAM A INOVAÇÃO No caso de falha há uma investigação a fim de 26 Estímulo1 descobrir quem é o culpado. 27 Estímulo2 Todas as ideias são consideradas. Os colaboradores são encorajados a falar e a 28 Estímulo3 aprender uns com os outros. Todos estão motivados para manter seus 29 Estímulo4 conhecimentos e habilidades atualizados. Os indivíduos estão autorizados a assumir 30 Estímulo5 riscos, desde que não prejudiquem a organização. Os conflitos são resolvidos por meio de uma 31 Estímulo6 discussão construtiva. Tentamos desafiar a maneira como as coisas 32 Estímulo7 sempre foram feitas e procuramos por um caminho melhor. Um indivíduo não deve contrariar seus 33 Estímulo8 superiores. O ambiente de trabalho é altamente 34 Estímulo9 competitivo. Questão Indicador COMUNICAÇÃO 1234567 Existe uma boa comunicação entre os 35 Comunica1 departamentos. As informações são compartilhadas claramente 36 Comunica2 entre os colaboradores. Há união e comunicação aberta nas equipes de 37 Comunica3 trabalho. A comunicação das decisões obedece à 38 Comunica4 hierarquia existente na empresa. Eu tenho um canal aberto de comunicação com 39 Comunica5 o meu imediato supervisor/gerente. Questão Indicador 300 DESEMPENHO EM INOVAÇÃO DE PRODUTOS EFICÁCIA DA INOVAÇÃO DE PRODUTOS Por favor, responda as seguintes perguntas sobre sua organização. Os dados obtidos serão analisados de forma confidencial e os resultados somente serão apresentados de forma agregada sem identificação dos respondentes. Este bloco de questões deve ser respondido variando entre 1 – “Muito pior do que os concorrentes” a 7 - “Muito melhor que os concorrentes”, por meio de um “X” na coluna que melhor representar a sua resposta. Assim, com base na sua percepção indique o desempenho de sua organização em comparação com a concorrência nos seguintes aspectos: Muito pior do que os concorrentes 1 2 3 Questão Indicador 40 41 Eficacia1 Eficacia2 42 Eficacia3 43 Eficacia4 44 Eficacia5 45 46 47 Eficacia6 Eficacia7 Eficacia8 Mesmo Nível 4 5 Muito melhor que os concorrentes 6 7 EFICÁCIA DA INOVAÇÃO DE 1234567 PRODUTOS Substituição de produtos ultrapassados. Ampliação da linha de produtos. Desenvolvimento de produtos fora do segmento principal organização (produtos secundários). Desenvolvimento de novas linhas de produtos. Desenvolvimento de produtos que respeitam o meio ambiente (produtos ecológicos). Aumento na participação de mercado. Abertura de novos mercados no exterior. Abertura de novos mercados nacionais. 301 EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE INOVAÇÃO Por favor, com base na percepção indique o desempenho de sua organização em comparação com a concorrência nos seguintes aspectos. Muito pior do que os concorrentes 1 2 3 Questão Indicador 48 Eficienci1 49 Eficienci2 50 Eficienci3 51 Eficienci4 Mesmo Nível 4 5 Muito melhor que os concorrentes 6 7 EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE 1 2 3 4 5 6 7 INOVAÇÃO Tempo médio, em semanas, de desenvolvimento do projeto de inovação (um projeto de inovação se refere à criação de um novo produto ou de um novo componente). Tempo médio, em horas, para o desenvolvimento de projetos de inovação (horas de trabalho de todas as pessoas envolvidas). Custo médio por projeto de inovação. Grau de satisfação geral com a eficiência do projeto de inovação.
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