Práticas2ªsemana - Núcleo de Estudo do Dharma de Leiria

OS CINCO OBSTÁCULOS
Práticas para a segunda semana
A prática com os obstáculos é uma forma importante de desenvolver a prática de atenção consciente.
Ter a compreensão e a liberdade dos obstáculos é um aspecto da maturidade ao longo do caminho
budista. Os exercícios seguintes servem para ajudar a dar algum sentido à sua exploração do obstáculo
do desejo. Estas práticas podem ser feitas tanto na meditação como na vida quotidiana.
Relaxamento através dos sentidos
O relaxamento promove a saúde e a cura. Também é importante para o desenvolvimento da atenção
consciente. Desfrutar da experiência sensorial pode ser uma forma de relaxar. À medida que vai
avançando no seu dia, procure experiências sensoriais simples que pode desfrutar mais do que
normalmente se permite. Pode ser a sensação da água, ao lavar a louça ou tomar banho, ou o cheiro da
sua comida ou bebida, ou a cor da roupa de alguém. Descubra como pode desfrutar de um pôr-do-sol,
um jardim, a beleza natural, música, comida, etc. e como pode ser relaxante. Até que ponto é benéfico
para si relaxar com os prazeres dos sentidos? Há formas saudáveis de prazer sensorial que seriam úteis
cultivar? Como é a experiência de fontes de prazer sensorial mais refinadas, por exemplo, música
refinada ou arte?
Atenção Plena às portas dos sentidos
Para a prática da atenção plena, qualquer coisa pode ser o foco da atenção consciente. Durante esta
semana, passe algum tempo meditando sobre os prazeres dos sentidos que pode experimentar. Pode
ser interessante para passar um dia em cada um dos cinco sentidos físicos. Por exemplo, ficar 15
minutos focando a atenção em sons agradáveis. Noutro dia diferente passar o tempo focado em algo
que é visualmente agradável. Ao estar consciente dos prazeres sensoriais mantenha-se com a
experiência física, sempre que a sua mente divagar em pensamentos, traga-a de volta ao prazer
sensorial. Tente experimentar o prazer sensorial com todo o seu corpo. Se possível, deixe esse prazer
ajudar a focar-se e a relaxar.
Alimentação Consciente
Como alimentar-se é uma experiência sensorial diária, é comum que as pessoas não tenham
conhecimento do que motiva sua alimentação. Durante esta semana, coma pelo menos uma refeição
por dia mais consciente do que o habitual. Faça uma pausa, especialmente antes de pegar cada garfada
de novos alimentos. Durante essa pausa, estude a natureza do seu desejo pela comida. É um desejo de
aliviar a fome física ou há outros desejos em acção, por exemplo, o desejo de prazer, de conforto, por
distracção. Quão forte é o desejo por comida? O que nota se parar para experimentar o desejo em vez
de agir sobre ele? Acha que grande parte da sua alimentação é inconsciente ou compulsiva? O que é
preciso para que evite sucumbir à compulsão e tentação em torno da comida? O que pode aprender
sobre o obstáculo do desejo sensual estudando o seu desejo por comida?
Encontrar as raízes do desejo
Muitas vezes, o desejo de prazer sensual é uma manifestação superficial de desejar algo mais. Assim,
por exemplo, podemos querer alimentar-nos, mas o desejo real é a ideia de que os alimentos nos vão
fazer sentir melhor quando estamos deprimidos. Aparentemente, podemos querer simplesmente
consumir álcool, mas se analisarmos mais profundamente dentro de nós esse desejo, podemos querer
sentir a desinibição que o álcool proporciona. O desejo sexual por vezes, aparece como sendo a ponta
de um iceberg de outros desejos. Por vezes, afirma-se que a raiz de todos os desejos é a dependência da
mente e dos pensamentos. Muitas vezes não é o objecto de desejo que nós queremos, são as ideias que
temos sobre os objectos desejados. O desejo por roupas bonitas pode representar um profundo apego a
uma auto-imagem que pensamos que a roupa nos pode proporcionar. Durante esta semana faça o que
puder para descobrir a raiz dos desejos que podem ser a causa e o combustível para os seus desejos
sensoriais.
Observar o desejo na sua mente
Quando os desejos surgirem na meditação, tente abrir a sua consciência de modo que o desejo seja
mantido na consciência, como se de um céu azul e aberto se tratasse. Deixe o desejo ser como uma
nuvem nesse céu azul claro. Não deixe fugir o desejo nem se envolva com ele. Em vez disso, permita que
ele esteja dentro da sua observação consciente. Este pode ser um exercício desafiador para encontrar
uma observação relaxada e não-reactiva, que não faça nada com o desejo. Não investigue ou dê
qualquer atenção especial ao desejo, apenas o veja nesse amplo espaço da mente. Observe o que
acontece com o desejo ao fazer isto. Além disso, observe como se sente naqueles momentos em que O
desejo flutua, livre do seu envolvimento com ele. [Se esta prática não fizer sentido para si, experimente
sentar-se o mais quieto possível na presença do desejo. Não aja sobre o desejo de modo algum, excepto
ficar imóvel como conseguir no meio do desejo.]
Libertar o Desejo Sensual
Procure oportunidades para se livrar do desejo sensual. Como se o acto de libertar-se fosse um músculo,
dedique esta semana a fortalecer esse músculo. Observe o que torna difícil deixar ir. Tem crenças que o
fazem resistente a essa libertação? Fisicamente, emocionalmente e mentalmente como se sente depois
de se ter libertado? Se não se sentir bem de alguma forma após deixar ir o desejo, talvez não esteja
deixar ir completamente. Explore mais profundamente para encontrar as raízes do desejo sensual. Tente
deixar de lado esses desejos.
Insight Meditation Center
Dharma Practice Days Program 2008-09
Tradução - Núcleo de Estudo do Dharma de Leiria