Equilibrados ou equilibristas?
Transcrição
Equilibrados ou equilibristas?
Equilibrados ou equilibristas? Somos moldados na nossa infância para vivermos como autômatos, com comportamentos repetitivos, sem mobilidade em prol de uma segurança coletiva. Algo que vai contra o nosso próprio sistema biológico. Nossa capacidade de usufruir prazer é cerceada pelas repressões, proibições. Nossa educação formal é como a história do “Pinóquio ao contrário”: o Pinóquio é um boneco de pau que vira menino; e nós fazemos o menino virar boneco de pau. A palavra mais usada na infância é Não: não corra, não pule, não toque, e a criança vai perdendo a espontaneidade e a criatividade. A paralisia dos movimentos é induzida na infância para que o indivíduo seja uma pessoa “normal” contribuindo para manter a normalidade geral do sistema, cada vez mais perdido de si mesmo. Em nome da pseudo segurança e aceitação sufocamos nossos anseios, potencialidades e desejos genuínos para nos adequar a um padrão idealizado e sacrificado.Desta forma trazemos no corpo nossa história circunscrita. E é este mesmo corpo que apresentará em forma de sintomas ou adoecimentos, os gritos de socorro para que estas amarras sejam dissolvidas e saia da condição de múmia ou estátua para um movimento de contínua expansão. Nosso corpo conhece sua queixa verdadeira. Nosso corpo é o instrumento de nossa alma. Só nós podemos tirar dele uma música doce ou apenas sons confusos. No florescer dos nossos desejos buscamos o prazer. O prazer é uma canção de liberdade. É o que estava engaiolado que bate asas. Algumas pessoas acreditam que buscando o seu prazer podem descuidar do espírito, mas uma múmia ou estátua não tem espírito, não tem vida. E por acaso o rouxinol altera a quietude da noite ou o vagalume rivaliza seu brilho com as estrelas? Ser equilibrado não significa ser estático, pelo contrário, o segredo é esse balanço. É nele que estão implícitas todas as formas de alternâncias que experimentamos na vida, como atividade e repouso, alegria e tristeza, sucesso e fracasso, encontro e desencontro. Sem perder o nosso centro podemos experimentar a diversidade da existência com humor, mistério, aventura. Consciente de que a vida só acontece quando eu troco vibrações, quando eu me envolvo plenamente comigo mesmo e com o outro. Quando cultivo as situações de encantamento, brincadeiras e risadas, permitindo à criança interior expressar sua amorosidade. Quando reconheço que dar e receber prazer se transformam em necessidade e em êxtase. O importante não é ser equilibrado, mas nas palavras de Dr. Ângelo Gaiarsa ser um bom equilibrista, vivenciando corajosamente as nuances luminosas e sombrias inerentes a nossa condição de humanidade. Desejo que em 2012 você harmonize o seu corpo e espírito no desafio de assumir o equilibrista que necessita, para usufruir o milagre da vida em eterna mudança. Um abraço cósmico. Maria do Carmo Nacif de Carvalho www.psicologamariadocarmo.com.br