Janeiro 2011
Transcrição
Janeiro 2011
ASSOCIATIVISMO Serões culturais A ideia dos serões culturais na APZ partiu, há uns anos atrás, do programa de rádio Espaço Português. Foi a saudade de Portugal e dos invernos de outros tempos, das noites longas e frias, do convívio familiar à volta do braseiro ou do fogão de lenha na cozinha, longe do conforto da era moderna, que deram origem ao evento. O regresso dos serões culturais foi acolhido com simpatia pelos tradicionais frequentadores da APZ a que se juntaram alguns curiosos. Trata-se de uma forma de quebrar as habituais conversas de rotina no meio associativo, que passam pelos espantosos casos do futebol, o barafustar contra os azares da semana junto do balcão apinhado, o paleio com a finalidade de matar o tempo e esquecer os problemas da vida do emigrante. O primeiro serão desta nova série de noites culturais, a realizar uma vez por mês, até Maio de 2011, foi apadrinhado pelo jornalista Adelino Sá, da Gazeta Lusófona, também ele poeta com vários livros já publicados. No início os participantes foram saudados pelo novo cônsul de Zurique, Dr. Paulo Rufino, que de uma forma simples e simpática se deu a conhecer e a todos mostrou a sua total disponibilidade para com a comunidade portuguesa. Numa brilhante introdução, Adelino Sá, apresentou o tema da noite, “ Ser português, na Suíça!”. Começou por realçar os valores da história, da língua e da cultura portuguesa e apelou ao reforço da auto-estima de cada compatriota. Lembrou; “ ser português não é só vestir de verde e de vermelho, ou delirar com as façanhas do futebol, somos um povo com história e virtudes que devemos perseverar e orgulhar”. O serão decorreu estimulado pelas perguntas do público revelando amplitude de reflexão nalgumas das intervenções. A elas foi Adelino Sá respondendo com simplicidade e convicção. O poema de Ari dos Santos, canção do emigrante, e outros poemas de Adelino Sá, foram declamados por Isaque Ferreira, um apaixonado da poesia, de reconhecido talento na leitura de poemas. Paralelamente, os presentes tiveram ocasião de apreciar pequenas exposições de artesanato e numismática. Moedas do tempo da monarquia, desde o reinado de D. Afonso Henriques até ao Rei D. Carlos, moedas de grande significado histórico e de valor de colecção. Um voto de reconhecimento e louvor aos compatriotas que tiveram a amabilidade de participar com as suas exposições. A noite terminou muito depois da meia-noite num ambiente acolhedor, de amizade e confraternização. Com é de tradição a APZ ofereceu um saboroso caldo verde, a especialidade gastronómica da noite. O próximo serão cultural terá lugar no dia 14 de Janeiro, sexta-feira, a partir das 20 horas, na sede da Associação Portuguesa de Zurique. Convidado, especial, Jorge Campos, escultor, residente em Zurique, que apresentará alguns dos seus trabalhos e abordará o tema; “ Filosofia da Arte e estilo de vida!”. Contamos com mais exposições, sendo o petisco da noite: “ A patanisca de bacalhau” Texto: Manuel Beja Fotos: Pedro Silva LUSITANO 01-11| 9 CRÓNICA Desalinhados em catedrais do consumo com dever cívico! Não sabemos quem somos, nem onde nos situamos, somos corpos quebrados pelo trabalho e mentes consumidas pelo consumismo, numa sociedade desalinhada. Domingos Pereira Com o mês de Novembro, chegou a atmosfera natalícia. E com ela, por motivos de tradição e não pela necessidade, colectividades e organizações, realizaram as suas pomposas festas de natal para os seus “membros”. Desalinhados Em Zurique, esta plataforma natalícia foi sustentada por três pilares. A primeira ligada ao mundo do trabalho, a segunda à educação e a terceira à “igreja”. Todos eles utilizaram a “prata da casa” para preencher o programa festivo. Uma ideia à qual “tiro o chapéu” que uso! E felicito todos os que incentivaram e incentivam as nossas crianças a participarem nestes e outros eventos. “Elas que são o nosso tesouro”, o investimento seguro, que contribui para fortalecer o futuro das colectividades. Não existe construção que não tenha uma base de apoio. A base destes pilares, tem de ser forte, alinhada. Se a base destes pilares não têm estas características, o resultado da obra, neste caso - plataforma natalícia - vai sofrer alterações e defeitos que, não teriam existido se a base não fosse assim desalinhada. A base de uma festa ou espectáculo, é a plateia! Se esta, não tem a consciência, a sensibilidade, o civismo, de ouvir e ver, quem tanto se empenhou para nos agradar. Não passam de desalinhados desta sociedade! Catedrais do consumo Novembro abriu as portas do paraíso para o povo consumista. Em Novembro, os trabalhadores das catedrais do consumo em Zurique, tiveram que trabalhar até ao domingo para satisfazerem o ego consumista dos peregrinos. Estas catedrais receberam mais donativos num só dia, que, grandes zonas atingidas por catástrofes. Nas primeiras semanas de Dezembro LUSITANO 01-11 | 10 seus cofres engoliram grande parte do 13° mês dos trabalhadores desta cidade. E nos domingos seguintes, continuaram muitas portas abertas, para que, corpos quebrados pelo trabalho e mentes consumidas pelo capitalismo, adquirissem tudo o que de supérfluo existe. Tendo desaparecido as figuras sagradas de velhos sisudos vestidos de vermelho, das catedrais, abriram-se as portas do forno do inferno - o bunker da incineradora local. Para que, os fiéis pecadores do consumismo, depositem as suas ofertas, aquelas que, outros lhe ofereceram e que afinal não têm valor nenhum. Não será, quem assim procede, também não tem valor algum?!... Dever cívico Todos nós sabemos o significado destas palavras? Todos nós sabemos o quanto custou adquiri-lo? Todos nós somos conscientes de praticar este acto? Não, não sabemos, nem somos conscientes! Porque se assim não fosse, nos últimos anos em todos os actos eleitorais a abstenção não seria a vencedora absoluta. Somos um povo que renegamos, viramos as costas ao que nos pertence por direito – adquirido. Somos covardes! Porque fugimos às responsabilidades. Aqui na diáspora, onde toda a gente diz não ter tempo (?!). Onde todos dizem ter a pátria no peito, sem saberem o que isso significa. Porque se assim não fosse, não seriamos só pouco mais de vinte mil inscritos - por exemplo - no consulado de Zurique! Porque se assim não fosse, não constaríamos menos de dois mil nos cadernos eleitorais! Porque se assim não fosse, não exerciam só poucos mais de uma centena, o seu direito cívico. Ser português é amar a pátria no pleno ser. No sentir, exercer, participar, conscientes do que queremos e quem somos! CIDADANIA Eleições Presidenciais No dia 23 de Janeiro o povo português vai eleger o 20° presidente da republica de Portugal. Deixa-mos aqui algumas informações úteis correspondentes. Aqui na diáspora, “ a votação inicia -se no dia anterior (sábado 22 e domingo 23) ao marcado para a eleição e encerra -se neste dia. No estrangeiro, a votação no dia anterior ao marcado para a eleição decorre entre as 8 e as 19 horas e, no dia da eleição, das 8 horas até à hora limite do exercício do direito de voto em território nacional” (…). Em “cada secção de voto ou posto consular corresponde uma assembleia de voto, procedendo -se ao respectivo desdobramento quando aí estejam inscritos mais de 5000 eleitores”. Na suíça vão existir quatro – Berna, Genebra, Sion, Zurique. “O sufrágio constituí um direito e um dever cívico.” “O direito de voto é exercido apenas na assembleia eleitoral correspondente ao local por onde o eleitor esteja recenseado”. Existem Requisitos “Para que o eleitor seja admitido a votar deve estar inscrito no caderno eleitoral e ser reconhecida pela mesa a sua identidade.” “O direito de voto é exercido presencialmente, salvo o disposto quanto ao modo de exercício do voto antecipado”. E, “cada eleitor só é permitido votar uma vez”. o direito de obter informação sobre o seu número de inscrição no recenseamento na junta de freguesia, que para o efeito está aberta no dia das eleições.” “ Os eleitores votam pela ordem de chegada à assembleia de voto, dispondo-se para o efeito em fila.” Todo o cidadão deve mater o segredo do voto. “Ninguém pode ser, sob qualquer pretexto, obrigado a revelar o seu voto. Dentro da assembleia de voto e fora dela, até à distância de 500m, ninguém pode revelar em qual lista vai votar ou votou.” “O período da campanha eleitoral inicia-se no 14º dia anterior e finda às 24 horas da antevéspera do dia designado para as eleições.” “É proibida qualquer propaganda dentro das assembleias de voto e fora delas até à distância de 500m. Por propaganda entende-se também a exibição de símbolos, siglas, sinais, distintivos ou autocolantes de quaisquer listas.” “Qualquer eleitor inscrito na assembleia de voto ou qualquer dos delegados das listas pode suscitar dúvidas e apresentar por escrito reclamação, protesto ou contra-protesto relativos às operações eleitorais da mesma assembleia e instruí-los com os documentos convenientes. A mesa não pode negar-se a receber as reclamações, os protestos e os contra-protestos, devendo rubricá-los e apensá-los às actas ( )” Fonte: Diário da República, 1.ª série - N.º 241 - 15 de Dezembro de 2010 “Cada eleitor, apresentando-se perante a mesa, indica o seu número de inscrição no recenseamento e o seu nome, entregando ao presidente o bilhete de identidade, se o tiver. Na falta do bilhete de identidade, a identificação do eleitor faz-se por meio de qualquer outro documento que contenha fotografia actualizada. ( )” “No caso de extravio do cartão de eleitor, os eleitores têm LUSITANO 01-11| 11 ENTREVISTA Manuel Alegre — Candidato à Presidência da República ventude, que está com o seu futuro bloqueado, tenha um lugar ao sol no nosso país. CLZ - O que o distingue dos outros candidatos? M.A. - O que está em causa nesta eleição é saber que democracia queremos ter em Portugal e se estamos dispostos a lutar pelos direitos sociais inscritos na Constituição. A eleição vai ser mais bipolarizada que em 2006. O confronto é entre duas candidaturas: a do actual Presidente, que se recandidata com o apoio do capital financeiro e dos dois partidos, PSD e CDS, que em Portugal têm atacado o Estado social; e a minha, que tem o apoio do PS, do BE e de vários movimentos cívicos e políticos, e que defende uma visão mais justa e solidária do nosso país e do mundo. Quanto ao PCP, sempre apresentou um candidato – e é útil que o volte a fazer, porque há parte do eleitorado que só um candidato comunista mobiliza. Mas nunca a esquerda perdeu a eleição presidencial em Portugal por causa do PCP. Os votos à esquerda somam-se na primeira volta. Se Cavaco Silva não conseguir os 50%, como espero, haverá uma segunda volta e estou em condições de disputar a vitória. CLZ - Na sua opinião, quais os pontos menos favoráveis no mandato do actual presidente da república? Centro Lusitano de Zurique - O que o leva a candidatar-se a Presidente da República? Manuel Alegre - Na situação de crise que vivemos na Europa e em Portugal, estou profundamente convencido de que um Presidente da República pode fazer a diferença e ser um factor de mudança. Pode até ser uma alternativa, não de governo, porque o Presidente não governa, mas de atitude, de pensamento, de palavra. Candidato-me por isso por uma outra visão do nosso país e do seu papel no mundo e na Europa. Candidato-me também pela defesa do conteúdo social da nossa democracia, que está a ser posto em causa por uma ofensiva da direita conservadora e dos mercados financeiros. E candidato-me ainda – e esta é uma questão decisiva para o nosso futuro colectivo - para que a juLUSITANO 01-11 | 14 M.A. - Critiquei, desde a campanha de 2006, o conceito de “cooperação estratégica” de Cavaco Silva, por trazer consigo uma ideia de partilha da responsabilidade do executivo que não compete ao Presidente em Portugal. O nosso Presidente não é um Primeiro Ministro nº 2, nem um super Ministro das Finanças. O seu papel é o de moderar, inspirar e mobilizar. E isso Cavaco Silva não tem feito. Tem sido sobretudo um gestor de silêncios. Perante o agravar da crise, não procurou promover uma concertação, política e social, com todos os parceiros. Convocou o Conselho de Estado tardiamente. E não tem sensibilizado, como em minha opinião deveria, chefes de Estado, governos e instituições estrangeiras, contra os ataques especulativos à nossa dívida soberana. Há neste momento uma deslocação do centro de poder na Europa, em favor do eixo Paris-Berlim e em desfavor dos países periféricos como o nosso. Não po- ENTREVISTA demos resignar-nos e dizer que os mercados “não nos ligam nenhuma” como afirmou Cavaco Silva. Só há Europa se houver igualdade das Nações. O dever de um Presidente é não abdicar de defender Portugal aqui e lá fora, sobretudo neste momento de crise. CLZ - Como vê a proposta do PSD no que se refere à revisão da constituição relativa aos poderes do Presidente da República? M.A. - O mais grave na proposta de revisão constitucional do PSD não é essa matéria – em relação à qual julgo que os poderes do Presidente, tal como estão na Constituição, estão equilibrados. O mais grave é a destruição de direitos sociais que custaram muitas gerações a conquistar – o Serviço Nacional de Saúde público, a segurança social pública, a escola pública de qualidade, o conceito de justa causa nos despedimentos. É que não se trata apenas de um projecto de revisão constitucional, mas de um programa político e de governo que o líder do PSD vem defendendo, em sintonia com os sectores conservadores e ultra-liberais da Europa. Cavaco Silva tem-se mantido calado sobre este tema, o que é grave. Eu tenho assumido com frontalidade o que farei como Presidente: vetarei qualquer diploma, de qualquer governo, que ponha em causa esses direitos sociais tal como estão na nossa Constituição. Somos um país em que 18% da população está em risco de pobreza. Seriam mais de 40% se não fossem as transferências sociais. É também por isso e em nome de todos esses portugueses, em nome da solidariedade e da justiça social, em nome dos valores do 25 de Abril, que temos de fazer frente ao projecto de destruição do Estado social que está em marcha e face ao qual ainda não ouvimos uma única palavra de Cavaco Silva. CLZ - Qual o seu projecto para o país? M.A. - Não há dúvida de que o excesso de endividamento afecta a soberania e a autonomia de decisão de um país. O equilíbrio das contas públicas é aliás uma condição de preservação do próprio Estado Social. Mas o principal défice português continua a ser um défice social, um défice de emprego, um défice de justiça e um défice de solidariedade. Continuamos a ser um país com muita injustiça e muitas desigualdades. Portugal precisa de um plano de crescimento económico, de melhor aproveitamento do mar, da terra, dos seus recursos endógenos; precisa de políticas de emprego e de investimento público, de criatividade, inovação tecnológica e inovação social. Precisa de aumentar e diversificar as suas expor- tações, sobretudo em produtos com valor acrescentado. E precisa de recuperar, preservar e valorizar os seus diferentes patrimónios, a História, a cultura, a língua, os sítios, as paisagens, a fauna, a flora, a biodiversidade, tudo aquilo que afirma a diferença e a singularidade de um país que é muito maior do que o seu pequeno território, mas que, pela língua e pela História, pode e deve ser no Mundo um actor global. Sem esquecer a dimensão euro atlântica, como um novo espaço político e cultural, em que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa pode ter um papel crescente. E sem esquecer também os portugueses espalhados pelo mundo, que são o primeiro rosto de Portugal nos contributos quotidianos que dão às sociedades onde se inserem. CLZ - Qual o apelo que deixa aos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo? M.A. - As nossas Comunidades espalhadas pelo mundo constituem um potencial riquíssimo para Portugal, um elo de ligação que precisa de ser mais valorizado e reconhecido pela nossa sociedade e pelos poderes públicos. Assumo, por isso, o compromisso de representar os Portugueses que se encontram a viver e a trabalhar no estrangeiro, defender os seus interesses e valorizar e reconhecer as suas múltiplas dimensões - social, económica, cultural e política. Em democracia somos todos chamados a construir, permanentemente, esta grande nação que é Portugal. Confio por isso no vosso patriotismo e apelo à vossa participação nas próxima eleição presidencial, como forma de reforçar os laços que vos unem a Portugal e de contribuir de forma decisiva para eleger um Presidente com uma visão do mundo progressista, justa e solidária, com uma dimensão humanista e cultural e que, por experiência própria, compreende bem o que é viver fora do país. Informação Defensor Moura, Fernando Nobre, Francisco Lopes, Manuel Alegre, Luís Botelho Ribeiro, José Manuel Coelho e Cavaco Silva, são os candidatos oficiais à presidência da República, estando o acto eleitoral marcado para o próximo dia 23 de Janeiro. Tal como fizemos com Francisco Lopes, na edição de Novembro, colocamos as mesmas questões por duas vezes, às principais candidaturas, mas até ao fecho desta edição, apenas Manuel Alegre se disponibilizou para responder. Manuel Araújo LUSITANO 01-11| 15 OPINIÃO Problemas do Amor Qualquer pessoa faz todas as tentativas de construir uma boa vida sentimental, feliz, mas em muito casos, em vez de se ter algo assim, tem-se é uma fonte de sofrimento. As causas serão muitas, quase sempre se julga que esse mal do amor deriva do outro. Certo é, que todos queremos o fruto melhor, mais doce, que o amor tem. Aquele que vai ao encontro dos nossos projectos. Esta Mendes Serafim é a pura das verdades. Mas tantas vezes, esses mesmos desejos, estão cheios de pensamentos, como: poder, posse, paixão, sexo… que nos seduzem, nos levam a entrar para uma relação amorosa, que à partida é falsa. Para se ter ideia destas relações, deste mal do amor, destas atitudes, reais como são, basta olhar à nossa volta. Quem é que, não tem familiares, amigos, vizinhos sofredores deste mal. Desde sempre este mal sentimental existe no mundo mas, como nos tempos correntes, não!!! Algo se passa na forma como as pessoas se relacionam com o amor. É preocupante, já que estar bem a nível sentimental é ter defesas contra certos problemas corporais , é uma porta aberta para uma vida de felicidade. Quando se busca o amor, o nosso parceiro, aquele que vai entrar para a nossa vida, para o nosso coração, deve-se seguir um caminho cheio de sinceridade, respeito e honestidade. Assim estará ao nosso alcance uma boa vida sentimental. Directamente, o dom do amor não é fazer problemas. Pelo contrário, ele, dentro dos corações dos seres humanos, faz maravilhas encantadoras. Para tanto é importante que ele esteja no coração de maneira que corresponda à própria pessoa, aos seus sentimentos. Mas como é sabido, nos sentimentos humanos, desta actual sociedade contemporânea, existe uma enorme confusão. É triste e preocupante fazer do amor, problemas, ter uma fraca vida sentimental. Para terminar acrescento, e peço desculpa se for mal compreendido, mas o modo de vida que muitas pessoas vivem, modifica a forma como o amor deve ser percebido, sentido e gerido. Estou certo que o modo de amar, depende muito daquilo que se aprende nos primeiros anos de vida. Na qual eu chamo NINHO, NÚCLEO FAMILIAR. Num mundo actual em que cedo, se namora, sem algum projecto, aonde namorar passa logo por experimentar sexo, aonde o casamento passa para segundo plano, aonde o divórcio já leva uma longa vida. Com tudo isto a marcar presença, os filhos ficam menos preparados para relacionamentos amorosos duradouros. Por outro lado os adultos ensinam mais sobre as relações sexuais do que sobre relações amorosas. Certo será dizer: hoje os jovens sabem mais sobre o sexo do que sobre o amor. Claro que isso influencia o seus comportamentos a nível do sentimento amar, amor. Com tudo isto, é de prever que, no futuro , problemas do amor subirão a uma escala enorme. __________________________________________________ O meu conselho para este mês: Vive o presente. O ansioso vive no futuro. O rancoroso, vive no passado. Aproveita o aqui e agora. Nada se repete, tudo passa. Faz o teu dia valer a pena. Não percas tempo com melindres e preocupações, pois só trazem doenças. P.S. - Este e outros artigos, em www.xesperience.blogspot.com ! Publicidade LUSITANO 01-11| 17 LAZER Patinagem no gelo Está tanto frio que temos preguiça de sair de casa. Porém, como diz uma conhecida minha: não há mau tempo, há roupa não apropriada! Principalmente as crianças adoram estar ao ar livre, independente do tempo que faça. E no inverno uma boa opção é ir patinar no gelo. Em Zurique existem várias possibilidades: Heuried, Oerlikon, Dolder, Katzensee - Ringue de Patinagem no Heuried fica na Wasserschöpfi 71, 8055 Zürich apenas a alguns passos da paragem do eléctrico 9 ou 14 que tem o mesmo nome „Heuried“. como para o ringue de Oerlikon. Ás vezes, quando está realmente frio e o lago congela, é possível patinar no lago Katzensee. Esta informação sai nos meios de comunicação. Fique atento, pois é uma sensação diferente poder patinar directamente num lago onde no verão se pode nadar. Bem diferente, do que patinar num ringue. Já o Dolder, por ser uma entidade privada é um bocadinho mais caro. O Dolder Sports, fica Adlisbergstrasse 36, 8044 Zürich, e chega-se com os eléctricos 3, 8 ou 15 até Römerhof e depois com o teleférico Dolderbahn até a estação “Bergstation”. Geralmente está aberto até as 22:30h. Informações 044 267 70 80 ou [email protected] O Heuried está aberto todos os dias, inclusive durante as festas de fim-de-ano. O horário pode variar, alguns dias até as 18h e em outros (às quartas-feiras até as 22h) Você pode informar-se pelo telefone: 044 455 51 61. - Ringue de Patinagem em Oerlikon: fica na Siewerdtstr. 80,8050 Zürich, com os elétricos 10/14 paragem «Sternen Oerlikon, com o 11 e paragem «Messe/Hallenstadion», ou com os autocarros 63 / 94 até «Hallenbad Oerlikon». O Ringue em Oerlikon está aberto todos os dias, inclusive durante as festas de fim-de-ano. O horário pode variar, alguns dias até as 18h e em outros (às quartas-feiras até as 21:30h) Você pode informar-se pelo telefone: 044 315 40 50. A entrada em ambos os ringues é igual e custa 3,5 francos para crianças a partir dos 6 anos, 5fr a partir dos 16 anos e 7fr a partir dos 20 anos. Para quem só vai assistir custa 2 francos. Os patins podem ser alugados no local por 6 francos. Dica: O Departamento de Desporto (Sportamt) oferece entrada grátis todas as primeiras quartas-feiras do mês (até Março), entre as 18 e as 21h30, tanto para o Heuried LUSITANO 01-11 | 18 Dica: Domingo 26 de Dezembro „Eisdisco“. Discoteca no gelo até às 22:30! Outra boa opção, até o dia 2 de Janeiro, é patinar no pátio do “Landesmusem”. A área do deste Museu que fica bem perto da estação central de Zurique, pode transformar-se num local de sonho. Ali você pode beber algo, maravilhar-se com a decoração ou simplesmente patinar ou levar as suas crianças para patinarem. O uso do ringue é gratuito e os patins podem ser alugados no local. Sónia Jordi SINDICALISMO- CASOS REAIS Pela primeira vez na vida, senti um medo existencial Mais de dois anos um patrão de um restaurante não pagou o salário correcto a uma trabalhadora portuguesa. A vida da funcionária portuguesa saiu fora do controlo quando não tinha dinheiro para as despesas de aluguer nem par as de aquecimento. Andreia Dinis trabalhou mais de dois anos no restaurante Milchbar em Zurique. Foi o seu primeiro posto de trabalho aqui na Suíça. Estava feliz por começar a ter um rendimento regular e uma vida mais segura. A satisfação dos clientes e do seu chefe eram importantes para ela. Em troca, o patrão negava-lhe horas livres para ir ao médico ou até para procurar um apartamento. O medo falou mais alto que a razão e a Andreia Dinis continuava aceitar esta situação. As irregularidades no pagamento continuaram a ser constantes. Já no primeiro mês faltaram mais de 200fr do salário. Conforme o CCT (Contrato Colectivo de Trabalho), Andreia teria direito a um salário mínimo e a um 13 salário. Há mais de dois anos que ela não recebia o salário correcto e nem depois de um ano de trabalho o patrão lhe pagou o devido 13 mês salarial. Andreia questionava o seu patrão sobre o salário errado e do seu 13 mês salarial que faltava, mas ele simplesmente desculpava-se, dizendo que iria reembolsar o devido para o mês seguinte, ou então, não tinha tempo. Dívidas involuntárias Andreia começou a sentir o peso do desfalque no seu salário. O seu parceiro estava desempregado e o jovem casal dependia inteiramente do salário dela, que era de 2.600francos. As pequenas economias do casal foram rapidamente esgotadas. As contas acumulavam-se: “Eu estava ansiosa e 24 horas por dia sentia uma grande pressão sobre mim” descreve com emoção Andreia. A situação tornou-se insuportável e ela procurou os serviços do Unia. A assessoria jurídica do Unia, através de uma carta ao patrão exigiu que ele lhe paga-se o salário correcto. No entanto, as cartas foram devolvidas fechadas. Porém, a pressão do sindicato fez-se sentir. No mês seguinte Andreia recebeu o seu salário correctamente. Uma gota no oceano: porque dos salários passados ela não recebeu o devido. Os inspectores do Unia constataram que o patrão lhe devia mais de 9000fr ! A assessoria jurídica entrou com um processo e preparava a acusação para levar ao tribunal quando o patrão, que não queria correr o risco de ser processado, aceitou fazer um acordo. De repente as coisas aceleraram-se e a jovem recebeu os valores que lhe faltavam. O Unia assim retirou a queixa e Andreia pôde respirar aliviada: “Foi uma época terrível com todos esses medos”, diz ela e lamenta o facto de não ter procurado o Unia antes. Daniela Gomes-Teixeira Secretária Sindical LUSITANO 01-11| 23 CRÓNICA Publicado nas Farpas, em Maio de 1871, por Ramalho Ortigão, o texto aborda a questão das reformas e do reformismo. Já nesta época era tema em voga em Portugal. Qualquer semelhança com pessoas, ou as actuais reformas da lei laboral é mera coincidência. Recordamos que, a União Europeia, só apareceu cem anos depois! Um partido e as suas divisões Os jornais deste mês insistiram frequentemente no caso aflitivo de haver divisões no partido reformista. Historiaram-se as aludidas cisões pela maneira seguinte: O Sr. Coelho, ouvindo a notícia de que partira para o Fontelo o Sr. Bispo de Viseu, acendeu com imprevidência politica notória um charuto. Os reformistas ao saberem de tal dividiram-se imediatamente em reformantes, em reformativos e em reformeiros. Ao outro dia, sem que até agora se pudesse saber para quê, o Sr José , sem prevenir o partido, assoou-se! Não foi preciso mais nada para que desde logo rebentassem do solo, abundantes como tortulhos, os reformativos, os reformatotes, e os reformengos. Pelo mesmo tempo o Sr. Bispo de Viseu, acordando uma manhã sem se lembrar de coisa que cortar no corpo social, foi-se ao seu próprio corpo e cortou um calo. O resultado foi surgirem como uma praga sobre a superfície do globo os reformatrancas, os reformatóxicos.e os reformativoros. Como o Diário Popular sorrisse, romperam como por encanto dos seios dos cosmos os reformafobos, os reformigas e os reformávaros. O Jornal do Comércio ia protestar quando das pedras das ruas pulula- ram aos enxames os reformónimos, os reformanticos e os reforminimos. O partido então reuniu-se para tentar um acordo. Os primeiros porém que apareceram para falar foram os reformaricas, os reformecos, os reformalhos, os reforminhos e os (as) reformocas. Ia-se propor uma conciliação quando entraram de roldão na sala os reformáquicos acompanhados dos reformhirtos, dos reformagros e dos reformópides. Os reformodres e os reformigansos, que tinham ficado na escada, principiaram a paterar, quando saltaram em onda pela janela dentro os reformonagros, os reformevos e os reformudos? Os reformudos perguntaram : “ Onde estão os reformonidas, os reformâmbicos e os reformaricas? Um reformélico invejoso respondeu com rancor: “ Hão-se estar provavelmente a jantar com os reformafóbios, com os reformigalhos e com os reformaféticos!” Uma voz misteriosa e trovejante perguntou: “ E os reformadores onde é que estão?” Ninguém o sabia! A redacção das Farpas oferece alvíssaras a quem der com os reformadores* Ramalho Ortigão * A redacção do Boletim associa -se à iniciativa e oferece um almoço no Centro Lusitano aquém encontrar por aí algum reformador que se aproveite. M.B. LUSITANO 01-11| 25 BELEZA Celulite ou Lipodistrofia Ginóide - O Que é?! Conforme vamos envelhecendo, o nosso corpo perde a capacidade de utilizar a água como fazia quando éramos mais jovens. Com o tempo nossas células, e outras áreas do corpo que precisam de hidratação, entram em colapso e tornam-se incapazes de reter a água, o que as deixa enfraquecidas e menos eficientes. Essa água que as células já não utilizam, passam então directamente por si ou, ainda pior, permanecem entre os tecidos do corpo, inchando os tornozelos ou as pálpebras. Chama-se a isso “água desperdiçada” e, para conseguirmos uma pele lisa, precisamos de colocar a água de volta nas suas células, onde ela a irá deixar firme e suave. Quando não estão completamente hidratadas, as suas células não conseguem funcionar correctamente. Esse factor é responsável por uma boa parte do dano causado aos tecidos, a que chamamos de envelhecimento. Resumido: Uma pele desidratada está mais sujeita ao ataque celulite. A celulite atinge 95% das mulheres, principalmente aquelas que estão em fases sujeitas a alterações hormonais como a puberdade, gravidez uso de pílulas anticoncepcionais, etc., sendo uma das queixas mais frequentes em relação a estética. O aspecto “casca de laranja” causa incómodo e insatisfação com o próprio corpo, levando à procura de uma solução para o problema. O motivo: Essa desidratação e deterioração das células pode ocorrer em função de uma simples deficiência alimentar de nutrientes vitais para a hidratação das mesmas. Não há uma certeza em relação à origem da celulite, para além da predisposição genética, e do facto das alterações enzimáticas e hormonais parecerem estar envolvidas, diminuindo a quebra das células gordurosas ou aumentando o seu volume. A Celulite é depositada por baixo da superfície da pele, onde cremes de aplicação local nem sempre chegam. A celulite não é o resultado de gordura a mais no corpo, nem é uma inflamação muscular, é sim uma disfunção orgânica caracterizada por depressões e elevações em regiões com acumulação de gordura, entupimento e dilatação dos vasos linfáticos e acumulação de substâncias tóxicas - assim se formam os nódulos. As causas: A celulite é causada principalmente pelas hormonas. Na verdade, a razão pela qual os homens nunca tem celulite é provavelmente porque possuem menos estrogénio nos seus corpos do que as das mulheres. Outro factor é o Genético: Se sua mãe teve celulite, você tem mais probabilidade de também ter. Esses factores hormonais e hereditários que a Derme se altere com mais facilidade em áreas específicas, células gordurosas estão mais perto da superfície, porque a derme foi danificada. Isso acontece também quando as mulheres batem com as coxas e se aleijam, causando microvarizes que resultam no enfraquecimento dos vasos sanguíneos, sendo causa primária da celulite. Conforme a Derme sofre esse dano, ela perde a água e fica enfraquecida. Com o tempo, a gordura dérmica que descansava discretamente por baixo dela, projecta-se pois a epiderme está fina e enfraquecida pela falta de hidratação. Assim, a celulite ficará visível na superfície, dando assim o aspecto de “casca de laranja”. P.S. – Gostaria de saber qual o seu grau de celulite? Veja como na próxima edição! Maura Hächler - Instrutora de Cosmetologia LUSITANO 01-11 | 26 CULTURA Uma exposição a não perder A exposição, Marfim do Ceilão, está patente no Museu Rietberg em Zurique, permanecendo até 13 de Março de 2011. Os marfins agora exibidos em Zurique eram parte de ofertas diplomáticas à corte de Lisboa e demonstram a grandeza de Portugal como potência marítima no século XVl. Em 1506 os portugueses chegaram a Ceilão, hoje Sri Lanka. A partir desse encontro passaram a chegar à Europa produtos tão ricos e diversificados como elefantes, madeiras preciosas, especiarias ou pedras de âmbar. Um exemplo particularmente fascinante da exposição é proporcionado pelos ricos marfins pertencentes à colecção de Catarina de Áustria, um dos destaques da exposição. A rainha D. Catarina assumiu a regência do reino de Portugal após a morte do seu marido, o rei D. João III e durante a menoridade do neto o Infante D. Sebastião, herdeiro do trono. Segundo as crónicas da época D. Catarina era dotada dum ânimo enérgico, duma inteligência pouco vulgar e exerceu profunda influência nos destinos de Portugal e estendeu os seus cuidados à conservação das conquistas do império oriental, onde os portugueses haviam praticado tantos actos heróicos. A exposição - Elfenbeine aus Ceilão – no Museu Rietberg, está a despertar enorme curiosidade pela surpreendente e inegável beleza das peças de expressão oriental. Algumas delas foram cedidas por colecções privadas e nunca foram antes expostas ao público. A mostra inclui ainda obras pertencentes a mais de 30 museus de várias partes do mundo e tem o apoio do Estado português através do Instituto Camões. A actual exposição de arte em marfim do Ceilão, no Museu Rietberg, em Zurique, é um acontecimento a não perder. Manuel Beja LUSITANO 01-11| 27 LITERATURA Feio era o teu nome Carmindo P. de Carvalho Feio te chamavam Porque feio era o teu nome Bonito era o teu sorriso Claro e sincero o teu falar. E como bálsamo a curar Ou tónico a tonificar Alegravas os corações E punhas o povo Feliz a gargalhar. ( Para ti amigo, António Feio . Descansa em Paz . ) Parece Paz, somente uma palavra vã Parece que ainda Ontem foi Natal E já passou o Carnaval E a Páscoa está aí à porta. E a neve que vem e que vai e não Se decide por um grande nevão E deixa em mim uma grande desilusão. Assim como assim, já penso nas férias de Verão. Abril de 2003 Paz, somente uma palavra vã pela boca De todo o mundo mastigada Digerida Depressa evacuada O poeta E o pacifista Incansáveis e crentes Para ela apelam Mas eis que outros como abutres Manhosos coites E outras feras rondam E ameaçam Entre Olhos e folhos Entre olhos Há elevação E saber. Entre folhos Há revelação Do prazer. Entre olhos Há desmistificação de certezas Infundadas. Entre folhos Há intrigas em tabus dependuradas Longamente sustentadas. LUSITANO 01-11 | 34 Os falcões senhores das guerras Em grupos concentrados Muito bem organizados Impingem o eixo do bem. (deles) Combatem o eixo do mal. (dos outros) Refinam a orquestra Afinam a pontaria E sem direito a apelo Nem agravo Num destruidor, pum-pum, ra-ta-ta-ta A ferro e fogo Transformam este planeta A que chamam de terra Num caldeiro ebuliente e fica um inferno. Abril de 2010
Documentos relacionados
O dinheiro foi aplicado
Domingos Pereira -Alexandre Araújo
Joana Araújo - Daniel Bohren
Maura Hächler - Sandra Teixeira
InCentro e a “escola suíça passo a passo” InCentro e a “escola
Geralmente iniciado por crianças e adolescentes aparentemente mais seguros de si que gozam com os colegas mais frágeis, tímidos e pouco sociáveis, que não possuem muita habilidade para reagir às ag...