rapel ou aparelhamento e não alta visão

Transcrição

rapel ou aparelhamento e não alta visão
VidaBosch
Outubro|Novembro|Dezembro de 2005 • nº 4
Levando os amigos para a
cozinha
Paulinho da Viola:
do estúdio à oficina
As curvas
saborosas da pêra
Um mergulho na beleza:
os mistérios de Bonito
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Rachel Guedes
Haroldo Palo Jr./Kino.com.br
VidaBosch
Valorizar a cultura é parte da nossa cultura
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Ao chegar à sua quarta edição, a VidaBosch consolida-se não só como uma fonte de informações sobre entretenimento, qualidade de vida e tecnologia, mas
também como fonte de cultura. Afinal, as reportagens da revista têm se esforçado por, sempre que possível, mostrar as pessoas, os costumes e as ações humanas que estão por trás dos assuntos abordados.
É por isso que, por exemplo, temos uma seção chamada eu e meu carro, em que
personalidades de diferentes áreas falam sobre sua relação com o automóvel.
Nesta edição, nosso entrevistado é Paulinho da Viola, que, além de compositor
fundamental para nossa cultura, é um mecânico de mão cheia. É por isso, também, que no texto sobre a maravilhosa Bonito (MS) falamos das tradições dos
vaqueiros da região, e que destacamos a aventura humana por trás da construção e da navegação do Brasil 1, o primeiro barco brasileiro a disputar a mais longa
regata do mundo. É também por isso que escolhemos tratar de assuntos como
cozinhas integradas à sala (elas têm tudo a ver com calor humano) e o crescimento dos produtos de cosméticos entre os homens.
Rachel Guedes
Hector Etchebaster/2DL
Essa preocupação com os elementos de nossa cultura reflete, claro, uma postura da própria Bosch. Não só porque a qualidade dos nossos produtos e serviços
está ligada à qualidade das pessoas que os produzem, mas porque eles têm
como razão de ser atender aos interesses humanos – atender a você. Além disso,
a cultura é um dos pilares de nossa política de responsabilidade social. É por isso
que criamos uma seção chamada atitude cidadã e é por isso que, neste quarto
número, fizemos questão de abordar o tema incentivo cultural. Boa leitura!
Ellen Paula
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viagem
O que há de mais bonito em Bonito
eu e meu carro
Paulinho da Viola, um mecânico nas horas vagas
torque e potência
casa e conforto
Frota de caminhões cresce e envelhece
Integrada à sala, cozinha vira lugar de bate-papo
saudável e gostoso
tendências
Oficina suja e com pôster de mulher é coisa do passado
grandes obras
Brasil cresce
Barco brasileiro estréia na maior regata do mundo
Os homens se rendem aos produtos cosméticos
atitude cidadã
Na cultura, apoio das empresas garante o espetáculo
aquilo deu nisso
áudio
As curvas, os sabores e os nutrientes da pêra
A história dos freios ABS começa nas ferrovias
Kbps, CD-R, CR-RW... Decifre as letras e curta a música
VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (ADV).
Se você tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato
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rua Campos Bicudo, 98, 3° andar, CEP 04536-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3066-5115, fax (11) 3167-4141 / e-mail: [email protected] • Projeto gráfico e
diagramação: Renata Buono Design ([email protected]), tel. (11) 3129-5083 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Globo Cochrane
Revisão: Dayane Cristina Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479)
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Haroldo Palo Jr./Kino.com.br
viagem Bosch
POR GRACILIANO ROCHA
Bonito
a jóia do ecoturismo
Com seus rios de água cristalina, grutas e cachoeiras,
região do Mato Grosso do Sul atrai a cada ano mais de 74 mil
turistas brasileiros e estrangeiros
A gruta mais
famosa de Bonito,
a do Lago Azul,
é uma das
maiores cavidades
inundadas da Terra
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viagem Bosch
Haroldo Palo Jr./Kino.com.br
EM BONITO,
quase todos
os locais para visita
estão em
propriedades privadas
e têm acesso por
estrada de terra
Zig Koch/Opção Brasil Imagens
Opção Brasil
Fotos Luciano Candisani/Kino.com.br
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a
grande jóia da coroa do
ecoturismo do Mato Grosso do
Sul é uma pequena cidade que entrou no
mapa dos mochileiros no final dos anos
80. A 330 quilômetros de Campo Grande,
Bonito oferece muito mais do que pode
sugerir seu nome. Quem chega pode estar só ou com a família, pode ser um
aventureiro de plantão ou um apaixonado por descanso, não importa, há de encontrar o que fazer. Ela fica na extremidade leste da Serra da Bodoquena, que
demarca a transição natural entre o Pantanal – a maior planície inundável do planeta – e o planalto ao sul do Estado. Considerada um dos lugares de natureza
mais exuberante do país, a região, vista
do alto, parece um imenso tapete misturando áreas de pastagens, vegetação do
Cerrado e remanescentes de matas tropicais. Os cientistas já identificaram mais
de 300 espécies de aves, 200 de peixes,
1.300 de plantas e 50 de mamíferos
nesse pedaço encravado no sudoeste do
Mato Grosso do Sul.
Tamanduá-bandeira, lobo guará, tucano, orquídeas e piraputangas estão entre as mais de 50 espécies de mamíferos, 300 espécies
Bonito oferece mais de 50 atrações
naturais para todos os gostos e bolsos; o
número salta para 90 se forem incluídos
os municípios vizinhos de Jardim e Bodoquena. Mergulhar em rios de água cristalina na companhia de cardumes, meditar em grutas desenhadas pelo tempo,
caminhar por trilhas no meio da mata ao
som de araras e de uma infinidade de
outros pássaros, projetar-se dependurado em cordas de rapel em abismos ou
simplesmente esquecer do mundo com
um revigorante banho de cachoeira.
Programas como esses atraíram, no ano
passado, mais de 74 mil visitantes.
Diante da infinidade de programas,
vale a pena começar a desvendar Bonito
por suas cavernas. A mais famosa delas,
a do Lago Azul, está a 20 quilômetros do
centro da cidade. Nela, uma caminhada
de 100 metros – com a companhia silenciosa de projeções esculpidas pela ação
de aves, 1.300 de plantas e 200 de peixes da região
da água e do tempo sobre a pedra, as espeleotemas (formações minerais que
ocorrem em cavernas, a exemplo das estalactites, estalagmites, colunas e cortinas) – leva ao final da trilha, onde está o
lago que dá nome à gruta. A luz tênue sobre uma grande galeria se projeta na
água e revela um azul profundo. Profundo mesmo: estima-se que entre a superfície da água e o fundo do lago haja 90
metros – o que faz da gruta uma das
maiores cavidades inundadas da Terra.
Descoberta por um índio terena em 1924,
a caverna chama a atenção de turistas e
pesquisadores do mundo inteiro.
Em 1992, uma expedição composta
por pesquisadores franceses e brasileiros
– com a ajuda de espeleo-mergulhadores
(do grego spelaion, caverna) – encontrou
na gruta o que se tornaria uma das mais
significativas coleções de fósseis de mamíferos da América do Sul. Entre eles es-
tão o tigre-de-dentes-de-sabre, um mastodonte e uma preguiça gigante – que
teriam habitado a região no período chamado pelos paleontólogos de Pleistoceno (entre 1,8 milhão de anos e 11 mil anos atrás). Hoje, os fósseis estão no Museu Natural da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ).
Em Bonito, quase todos os locais interessantes estão em propriedades privadas que têm acesso por estradas de
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viagem Bosch
Marcos André/Opção Brasil Imagens
Franklin Nolla/Kino.com.br
Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens
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REGIÃO É
rica em águas
cristalinas devido
à concentração
de calcário
Zig Koch/Opção Brasil Imagens
terra e exigem acompanhamento de guias.
Para dar conta do desafio de tornar a região um destino ecoturístico badalado,
preservando o meio ambiente, foi implantado um esquema de parceria que envolve proprietários de sítios turísticos, agências, guias e prefeitura. Como ocorre em
quase todos os atrativos de Bonito, as visitas à Gruta do Lago Azul são feitas somente com guias autorizados.
e da fragilidade, a gruta do Lago Azul foi
tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o que
faz com que o acesso seja rigorosamente
controlado. Os grupos não passam mais
que três horas no local. O passeio pode
ser contratado na maior parte dos operadores de turismo da cidade.
A maioria das pessoas que planejam
visitar Bonito tem afixada no imaginário a
idéia de inquietos cardumes saracoteando
por águas translúcidas. A região, rica em
águas cristalinas devido à concentração
de calcário, mantém uma grande diversidade de fauna e flora. O Aquário Natural
Baía Bonita está a sete quilômetros da cidade e é um cartão-postal. A flutuação por
águas límpidas é um dos programas imperdíveis. O passeio começa com uma caminhada pela mata ciliar, onde é possível
observar a vegetação e animais silvestres
até a chegada ao rio. Antes de cair na água, há um treinamento com os guias para a familiarização com snorkel, máscara e
pés-de-pato. Cardumes de piraputangas,
curimbas e dourados acompanham o visitante durante a descida do rio Baía Bonita
até o Aquário, que já foi um viveiro de sucuris. As pedras calcárias que estão no
leito do rio refletem a luz do sol em tons
Luciano Candisani/Kino.com.br
Por conta de sua beleza singular
Algumas atrações de Bonito: caminhadas pelas matas, banhos de cachoeira, rafting no rio Formoso, conversas com
os vaqueiros e, na fazenda Baía das Garças, a vista imperdível da Serra da Bodoquena
que oscilam entre o azul e o prateado – o
que torna espetacularmente nítida a observação da vegetação subaquática, que
ondula ao sabor da corrente.
Boa parte dos atrativos de Bonito está nas dezenas de fazendas que integram
a prática do turismo à tradicional pecuária da região. A fazenda Baía das Garças, a 54 quilômetros de Bonito, é um
desses locais que apostaram na harmonia entre a atividade econômica tradicional e o ecoturismo. É lá que está uma
das maiores cachoeiras da região. Depois
aparência, o vaqueiro da região é uma figura bem peculiar. O chapéu de abas
grandes é sempre de palha, pois o feltro,
comum em outras regiões do interior, é
um desconforto nas altas temperaturas
que dominam boa parte do ano. Jeans surrado, cinto com facão e botinas de couro
com elástico compõem o figurino desses
homens que matam a sede sorvendo o tereré (água gelada misturada à erva-mate).
Personagens como esses são comuns na Estância Mimosa, a 24 quilômetros de Bonito, que também vive de turis-
de uma trilha rústica, o visitante chega ao
ponto mais alto, uma queda d’água com
desnível de 120 metros, de onde é possível avistar a Serra da Bodoquena – um
horizonte de montanhas e matas virgens.
A dobradinha pecuária-turismo
facilita uma imersão cultural por um mundo que, para quem vive na cidade grande,
só é familiar nas páginas de livros ou nas
cenas de filmes. É fácil ver peões acostumados ao trabalho com o gado que, em
alguns casos, se convertem em guias. Na
mo e pecuária. Depois da recepção na
sede, parte-se para uma caminhada pela
mata ciliar do rio Mimoso. No trajeto, há
nove quedas d'água, seis locais para banho em cachoeiras e piscinas naturais, e
uma plataforma com seis metros, de onde se salta para dentro de um poço natural. No caminho, é possível avistar tucanos, araras, macacos, cutias e tamanduás
entre perobas, aroeiras e jatobás centenários. Orquídeas e bromélias completam a cena.
Para quem prefere doses mais gene-
rosas de adrenalina, o Abismo Anhumas (a
23 quilômetros da cidade) não é apenas
um passeio, mas a própria aventura. Uma
fenda na rocha é o portal de entrada para
uma descida de 72 metros em rapel que
leva a uma caverna e a um lago de 24 quilômetros quadrados e 80 metros de profundidade. As águas são translúcidas. Lá
embaixo, a flutuação permite a perfeita
visão de animais e plantas subaquáticos.
Quem tem comprovação de curso de
mergulho básico pode mergulhar até 18
metros de profundidade num roteiro
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viagem Bosch
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DESCOBERTA
por mochileiros na
década de 80,
Bonito já foi
visitada pelo ator
Harrison Ford
preestabelecido. A aventura começa na
véspera, com o treinamento de rapel e a
familiarização com a parafernália (mosquetões, descensores stop, cordas de segurança, luvas e capacetes). A descida,
que pode ser contratada em agências, é
monitorada por guias experimentados e
dura um dia. Bebidas energéticas e alimentos leves são indispensáveis. O programa, no entanto, só é indicado para
quem tem preparo físico e dispõe de
boas condições de saúde. Quem tem
problemas cardíacos, de obesidade ou
diabetes não pode fazer o passeio. Por
causa da segurança e da preservação
ambiental, o acesso é restrito a 16 pessoas por dia.
Outra opção de aventura – que exige
menos do preparo físico – é o rafting (descida de corredeiras em botes de borracha)
Paulo Altafin
pelo rio Formoso. Ao longo dos oito quilômetros, são percorridas três cachoeiras e
duas corredeiras para terminar na Ilha do
Padre. É um passeio meio “Indiana Jones”.
Aliás, bastante “Indiana Jones”: o ator
Harrison Ford, que viveu o personagem no
cinema, de fato fez esse passeio quando
esteve em Bonito, em 1997.
mantém um site com informações atualizadas com dezenas de opções de hotéis
e pousadas, oferecendo, inclusive, acesso
às páginas desses estabelecimentos, email e telefones de contato. E uma dica
importante: não deixe a hospedagem para
a última hora, pois os preços das diárias
flutuam de acordo com a época do ano.
Além disso, na alta temporada ou nos feriados prolongados um lugar para ficar em
Bonito costuma ser bastante disputado.
Após um dia cheio de peripécias, a
culinária típica da região, oferecida na
maioria das fazendas, é um alento. Ela inclui arroz carreteiro, pratos à base de
peixe e até mesmo jacaré. Em todas as
fazendas, redários na sombra fazem a
delícia dos visitantes cansados. Os pratos
à base de peixe são as estrelas do cardápio. O pintado à urucum é uma opção imperdível: leve e tenro, o filé de pintado à
doré é preparado no forno, coberto com
molho de urucum (coloral), creme de leite
e mussarela fatiada. Outra peculiaridade é
o caldo de piranha, um ensopado fartamente temperado com ervas da região.
Para quem deseja arriscar, uma opção
exótica é a moqueca de filé de jacaré. A
avenida Pilad Rebuá, a principal da cidade,
concentra a maior parte dos restaurantes.
É ali também que ferve a vida noturna de
Bonito, basicamente movida por barzinhos
e boa conversa.
Antes de viajar, a internet pode ser
uma aliada. O Conselho Municipal de Turismo de Bonito (www.bonito-ms.com.br)
Onde se hospedar
Zagaia Eco Resort Hotel
Rodovia Bonito / Três Morros km 01
Tel.: (67) 255-1280 • www.zagaia.com.br
Pousada do Sol
Rua Pérsio Shaman, 710
Tel.: (67) 255-1297 • www.pousadadosolms.com.br
Pousada Chão de Pedra
Rua Soldado Desconhecido, 580
Tel.: (67) 255-1902 • www.chaodepedra.com.br
Albergue da Juventude
Rua Lúcio Borralho, 716
Tel.: (67) 255-1462 • www.ajbonito.com.br
Onde comer
A Bosch na sua vida
Fotos Arquivo Bosch
Peixaria Pantanal
Rua Pilad Rebuá, 1908 / Centro • Tel.: (67) 255-2763
Bonito oferece
mais de 50
atrações naturais
para todos os
gostos e bolsos
Casarão
Rua Pilad Rebuá, 1835 / Centro • Tel.: (67) 255-1970
Tapera
Rua Pilad Rebuá, 1961 / Centro • Tel.: (67) 255-1757
A Bosch na sua vida
Para ir longe
Para ver distante
Em regiões em que há muitas estradas de terra, como Bonito, é preciso dar atenção especial
ao filtro de ar, dispositivo fundamental para garantir bom rendimento e vida longa ao veículo. Sua principal função é separar e eliminar as partículas contidas no ar aspirado pelo motor.
Dessa forma, somente o ar limpo entrará nos cilindros, o que contribui para reduzir o desgaste
de componentes como pistão, anéis e bielas. O filtro de ar deve ser trocado periodicamente,
conforme recomendação do manual de cada automóvel, mas, se o veículo transitar por locais
onde há grande concentração de poeira – estradas de terra, por exemplo –, a substituição
deve ser feita com maior freqüência. A Bosch disponibiliza no mercado brasileiro sua linha de
filtros, capazes de filtrar 99% das impurezas do ar, além de garantir maior durabilidade e
desempenho ao motor.
Um acessório de segurança importante para trafegar em estradas de terra, principalmente à noite ou sob chuva, é o farol auxiliar. Instalado à frente do pára-choque, ele tem
a função de iluminar distâncias que os faróis comuns geralmente não atingem – em
média, os faróis auxiliares têm capacidade de produzir um feixe de luz com um alcance
cerca de três vezes maior que o de equipamentos convencionais. A Bosch disponibiliza
no mercado brasileiro uma linha de faróis auxiliares que inclui o modelo Navigator,
capaz de iluminar a uma distância de até 400 metros, cerca de quatro vezes maior que
o conseguido por dispositivos comuns. Facilmente adaptável a qualquer veículo nacional,
o Navigator tem um corpo em aço inoxidável, resistente a fortes impactos e à ação corrosiva do tempo, características importantes para quem faz trilhas e viagens por terra.
10 eu e meu carro Bosch
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Ricardo Ayres/Photocamera
POR RICARDO LOPES
p
aulo César Baptista de Farias
já era músico com disco gravado
quando começou a se interessar
por carros. Tinha ele 25 anos de idade, e já
era conhecido pelo apelido que o consagrou: Paulinho da Viola. Embora essa relação com automóveis tenha começado
tardiamente, logo se tornou muito forte –
as aulas da auto-escola despertaram nele
uma paixão pelos carros, em especial pela
mecânica. Ainda assim, só tirou carteira
de habilitação dois anos mais tarde.
Seu primeiro carro foi um Fusca 68,
marrom claro. “Era um belo carro e mesmo sendo de segunda mão nunca me
Paulinho
do volante
O cantor Paulinho da Viola começou a se
interessar por carros só depois dos 25 anos
de idade, mas logo tomou gosto pela coisa e
virou até mecânico nas horas vagas
leza de manter viva algumas lendas”.
Atualmente, está restaurando dois modelos Karmann Ghia, um aberto (conversível)
e um fechado. “Acho esse carro muito
bonito”, afirma. Mesmo sem se considerar
um aficionado, adora encontros e festivais
de colecionadores.
Rachel Guedes
Isso não quer dizer que ele tenha
mania de passado: já se rendeu às mordomias dos modelos modernos. Seu carro do dia-a-dia é um Chevrolet Astra; tem
dois anos de uso, e, embora o músico
mantenha a revisão em dia, pretende trocá-lo. “Antes de comprar um carro novo,
saio coletando informações com amigos
e parentes. Depois, vejo o que mais me
agrada dentre os que tiveram bons comentários”, conta. Na sua garagem tem
também um Peugeot 405, que divide com
a esposa e os filhos.
Para Paulinho, o veículo ideal deve ser
econômico, mas o primordial é o conforto
e a segurança. “Nunca priorizei carros luxuosos, mas sim confortáveis”, resume. Ele
acha importante verificar os freios e a direção constantemente. Para fazer a manutenção, escolhe as concessionárias para
serviços que estão em garantia, mas para
consertos específicos prefere lojas especializadas. “Os carros estão com muita eletrônica e isso exige a necessidade de
gente certa com ferramentas certas”, comenta. Para fazer um alinhamento ou balanceamento de rodas, um ajuste no sistema de freios ou um trabalho na direção,
prefere uma oficina de confiança. Outro
item que Paulinho acha importante na
conservação de um automóvel é a escolha
de um bom posto de combustível. “O combustível adulterado pode trazer vários problemas, por isso é importante eleger um
bom posto e se manter fiel”, recomenda.
Essa preocupação com a manutenção do carro se reflete também na preocupação com o trânsito. “Não gosto de
correr. Gosto de observar ao meu redor e
acho que um bom motorista deve respeitar a direção e dar preferência ao pedestre”, afirma. O que ele não gosta mesmo é de engarrafamentos. Para enfrentálos, recorre, claro, à música. “O trânsito
parado me aborrece muito, mas com certas músicas fico calmo”, explica Paulinho.
A Bosch na sua vida
Do pedal para a roda
Em uma seringa, o líquido pressionado
pelo êmbolo é empurrado para fora. No
sistema de freagem de um carro, acontece algo parecido. Só que a força é transferida pelo pedal e o líquido usado é um
composto chamado fluido de freio, que
pressiona as pinças, que, por sua vez,
apertam o disco e fazem o veículo parar.
Como é fundamental para o funcionamento adequado do automóvel, o produto deve ser verificado durante as revisões periódicas. A Bosch, que comercializa no Brasil uma linha de fluidos de freio de alta
performance, recomenda que o composto seja trocado a cada 10 mil quilômetros
ou uma vez por ano. A principal vantagem
dos fluidos da Bosch é sua elevada resistência a temperaturas altas, o que evita
que o líquido ferva e perca sua eficiência.
Arquivo Bosch
Paulinho da Viola em seu automóvel, no Rio de Janeiro: “Nunca priorizei carros luxuosos, mas sim confortáveis”
deu problemas”, recorda. Depois, vieram
automóveis como Dodge Polara, Chevrolet Opala, Ford Belina, entre outros. Mas
houve dois casos diferentes, que o marcaram por breve tempo. O primeiro foi
por um mau motivo: um Volkswagen TL
ano 70, azul. “O carro era novo, mas entrava água por baixo. Foi o maior transtorno”, diz ele.
O outro marcou por um bom motivo:
um Chevette ano 86 a álcool, comprado
zero, que está na garagem até hoje.
“Sempre tentei me desfazer desse carro,
mas nunca consegui. Meus filhos não
deixavam”, esclarece. Além disso, o veículo se mostrou um bom negócio: a manutenção é barata e o Chevette revelou-se
eficiente. O mais importante, porém, foi
que nele Paulinho conseguiu pôr em prática seus dotes de mecânico.
O gosto por mecânica havia nascido
seis anos antes. No começo dos anos 80,
Paulinho tinha comprado um Chevrolet
1934. O dono dessa preciosidade lhe apresentou um mecânico chamado Manoel
Martins, proprietário de uma oficina de
carros antigos. Paulinho se encantou com
o espaço e passou a freqüentá-lo entre
duas e três vezes por semana. Ia cedinho
e ficava por lá o dia todo, mexendo em
seu Chevrolet. “Pegava no batente e me
sentia recompensado. Aprendi muito com
seu Martins, e essa experiência me fez
saber cuidar do meu carro, do velho e
também dos novos” afirma.
O aperfeiçoamento, no entanto, veio
mesmo com o Chevette. Com 88 mil quilômetros rodados, o motor fundiu por descuido na manutenção. O músico, então, se
aventurou a desmontá-lo. “Desmontei tudo, depois levei para a retífica e, em seguida, fiz a montagem”, diz. Um amigo mecânico vistoriou e, para sua grata surpresa,
viu que o serviço estava impecável. “O
som do motor funcionando era harmônico, principalmente naquela época em que
se acertava o ponto de ignição e o carburador pelo ouvido”, recorda. E o melhor: o
carro rodou mais de 100 mil quilômetros;
continua na garagem e agora Paulinho já
desistiu de vendê-lo. “O Chevette já faz
parte da família”, resume.
Porém, Paulinho avisa: “Não sou colecionador de carros, apenas aprecio a be-
Do tanque para o motor
O dispositivo responsável por fazer o combustível sair do tanque, atravessar o carro
e chegar ao motor é a bomba de combustível. Gasolina e álcool de má qualidade podem danificar esse dispositivo, o
filtro e o carro pode até deixar de funcionar. Para aumentar a vida útil da bomba e
garantir seu bom funcionamento, é importante usar combustível de boa qualidade e
procedência e trocar o filtro regularmente.
A Bosch fabrica bomba de combustível
para veículos a gasolina, álcool e bi-combustível, com tecnologia de ponta adaptada ao mercado brasileiro.
12 torque e potência Bosch
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G. Evangelista/Opção Brasil Imagens
o
bordão “sem caminhão,
o Brasil pára” nunca esteve tão
em alta. O número de veículos de carga
pesada rodando pelas ruas e estradas
brasileiras cresce a cada ano, o que torna
o segmento fundamental no transporte
dos mais variados artigos produzidos no
país. Mesmo assim, essa expansão vem
acompanhada de um outro aumento: o
da idade média da frota.
As estimativas, ainda que divergentes,
apontam para o mesmo quadro. Um estudo divulgado recentemente pela Truk Consultoria em Transportes, por exemplo, indica que, em 1992, os caminhões leves
(até 4,5 toneladas) que trafegavam pelas
pistas do país tinham, em média 8,9 anos;
em 2005, a média, subiu para 14,2 anos. A
situação é ainda mais grave entre os caminhões médios (entre 4,5 e 9 toneladas):
o tempo de rodagem passou de 14 para
22,4 anos nesse período.
“A frota cresceu e envelheceu”, resume José Fonseca Lopes, presidente da
Associação Brasileira dos Caminhoneiros
(ABCAM). Segundo estimativa do próprio
dirigente, na soma de todas as categorias
a idade média dos caminhões que rodam
pelo país está em 18 anos. “O caminhoneiro não tem dinheiro para comprar um
caminhão novo”, justifica.
Frota brasileira de caminhões
envelheceu nas últimas décadas e tem,
em média, pelo menos 14 anos de idade
Um veículo desses, zero quilômetro,
dificilmente sai por menos de R$ 150 mil.
Segundo Lopes, um modelo similar com
18 anos de uso e em bom estado pode
valer na revenda até R$ 80 mil. Dessa forma, para trocar por um veículo novo, o
caminheiro teria de desembolsar pelo
menos R$ 70 mil. “Os caminheiros não
têm hoje condições de cobrir essa diferença”, afirma Lopes.
Mesmo assim, o número de caminhões continua a crescer no país: a frota
era de 1,364 milhão em agosto deste ano,
segundo levantamento da Agência Nacio-
nal de Transportes Terrestres (ANTT). Desse total, 765 mil eram de propriedades de
caminhoneiros autônomos e 599 mil pertenciam a cooperativas e empresas de
transporte. São essas últimas que têm
sustentado a expansão do mercado: segundo dados da ANTT, havia em agosto
106 mil empresas de transportes de cargas no país. “Esse número é bem maior
do que se imaginava antes de sair essa
pesquisa”, afirma Lopes. “Em 1974, tínhamos cerca de 1 milhão de caminhões rodando no país, quase todos eles de autônomos”, lembra.
O tráfego de caminhões mais velhos
acaba gerando pelo menos dois problemas preocupantes. O primeiro está relacionado ao meio ambiente: os veículos
antigos tendem a ter um motor desregulado, o que pode resultar numa emissão de
poluentes acima do normal. O segundo aspecto é a segurança, que fica comprometida devido à falta de manutenção adequada nos caminhões mais velhos. Uma falha
no sistema de freios, por exemplo, poderia
colocar em perigo não só motorista e passageiros do caminhão, mas também outros veículos e até mesmo pedestres.
“O caminhoneiro não tem condições
de fazer manutenção preventiva. Ele faz
apenas a manutenção corretiva”, reconhece Lopes. Segundo ele, o elevado valor
cobrado pelas peças e mão-de-obra nas
grandes concessionárias faz a maioria dos
caminhoneiros procurar oficinas com preço mais em conta e um serviço de baixa
qualidade. “A nossa realidade é bem diferente daquele seriado da TV”, comenta
Lopes, referindo-se ao seriado Carga Pesada, da Rede Globo, protagonizado pelos
atores Antônio Fagundes e Stênio Garcia.
Para reverter o atual quadro, defende o presidente da associação dos
caminhoneiros, seria necessário haver
um programa do governo que incentivasse a renovação da frota. Segundo
ele, a entidade estuda atualmente a elaboração de uma proposta viável nesse
sentido. “Precisamos de um programa
de incentivo e linhas de financiamento
que garantam ainda a retirada das ruas
dos caminhões com elevado tempo de
uso”, sugere.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Os vovôs da estrada
POR GUILHERME PREZIA
Para durar
uma vida
Muitos caminhões fabricados há
mais de 30 anos ainda rodam pelas
ruas e estradas do Brasil. Essa frota
ainda utiliza o sistema mecânico de
injeção de combustível. Para atendê-los, a Bosch comercializa no
Brasil sistemas mecânicos para
motores diesel, cuja principal característica é a durabilidade – alguns deles são capazes de chegar
facilmente a 1 milhão de quilômetros rodados. Essa resistência é garantida por um controle de qualidade ao longo de todo o processo
de fabricação, o que possibilita que
apenas um em cada um milhão de
sistemas produzidos pela Bosch
apresente algum tipo de falha. Para
funcionar por um logo tempo sem
quebrar, o dispositivo é composto
por materiais de alta resistência, como aço e alumínio. Da mesma forma, materiais menos resistentes –
como plástico e borracha – são empregados em quantidade reduzida,
para não prejudicar a vida útil da injeção. A Bosch produz há 50 anos
sistemas de injeção mecânicos a
diesel, presentes hoje em cerca de
95% da frota nacional.
15
Rachel Guedes
14 casa e conforto Bosch
P O R N AT H A L I A BA R B OZ A
Quando sofá rima com fogão
Integrada
à sala de estar,
a cozinha gourmet
resgata o prazer
de reunir os amigos
para uma refeição
d
e volta à cozinha. O bom e
velho hábito de reunir as pessoas
em torno de comida saborosa e
boa conversa está em alta, resgatando o
prazer dos encontros entre amigos. Integrada à sala de visitas, a prosaica cozinha agora recebe o pomposo nome de
“espaço gourmet”. Se antes ela ficava estrategicamente escondida de outros cômodos da casa, agora é uma extensão do
ambiente de estar e um dos espaços de
convivência por excelência. Nele, a idéia
não é “fazer comida” e, sim, praticar gastronomia.
Nas últimas décadas, houve um aumento do tempo que as pessoas passam
dentro de casa e do número de atividades
desenvolvidas nesse espaço, aponta uma
pesquisa do grupo Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida (Nomads),
ligado ao Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da USP de São Carlos. Fatores
como a violência das ruas têm contribuído para esse enclausuramento.
Antes escondida
dos outros cômodos,
cozinha agora pode ser
uma extensão da sala
de estar, como no espaço
preparado por Teresinha
Nigri Basiches na Mostra
Artefacto 2005,em São Paulo
«
16 casa e conforto Bosch
17
O desejo de integrar a cozinha aos
ambientes de estar, de acordo com Issa,
veio com a mesma força da mudança de
hábitos promovida pelo home theater
tempos atrás. “O espaço gourmet serve
bem tanto a quem mora sozinho e consome apenas congelados quanto a quem
tem a culinária como hobby e adora convidar os amigos para um demorado batepapo”, afirma a arquiteta Telma Sabadin. A
decoradora Bety Neumann destaca que
muitos de seus clientes são homens que
moram sozinhos e que convidam pessoas
para jantar em casa.
Num espaço gourmet, o visual conta
tanto quanto a tecnologia. “As pessoas
estão investindo muito mais na cozinha.
Antes era o item do projeto em que se
deveria economizar. De repente, virou
uma das estrelas da casa”, afirma Bety.
Segundo ela, num apartamento em que
se gastem R$ 500 mil para decorar, pelo
menos R$ 70 mil são investidos num espaço gourmet equipado. “Um projeto
desse tipo pode consumir de 8% a 15%
do orçamento total, dependendo do nível
social do interessado”.
«
O PROJETO
deve satisfazer
as quatro etapas
do trabalho
do cozinheiro:
armazenar, preparar,
cozinhar e servir
Entre os eletrodomésticos, o
fogão é a estrela principal, com destaque
para o cooktop (fogão de mesa) e o forno elétrico. A escolha do modelo ideal é
pessoal e deve ser feita de acordo com
as necessidades do cozinheiro. Alguns
chegam a optar por produtos de apenas
duas bocas. Em geral, segundo Bety, o
gosto de quem vai montar um espaço
gourmet segue duas direções. “Ou eles
querem a ultramoderna linha de eletrodomésticos de inox ou o visual antigo,
com chaleiras e máquinas de café que
lembrem a casa da vovó”, afirma a decoradora.
«
Cozinha
gourmet é
espaço de
convivência
por excelência
e não deve
ter televisão,
recomenda
o arquiteto
Ricardo Issa
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Fotos Rachel Guedes
O lado bom da história é que isso levou as pessoas a redescobrirem o prazer
de receber os amigos em casa. “Muitos
dos clientes que pedem um espaço gourmet já praticam esse conceito em suas
casas, mas de forma improvisada”, revela
o arquiteto Ricardo Issa, criador do Espaço
Gourmet, em exibição na Mostra Artefacto 2005, na loja da marca de móveis na
rua Haddock Lobo, em São Paulo.
Criando tendência
A inovação e o design são alguns dos
aspectos cada vez mais valorizados nos
eletrodomésticos. O desenho diferenciado e a tecnologia de ponta devem
unir praticidade, eficiência e um visual
que combine com a sofisticação crescente das cozinhas atuais. De olho nessa tendência, a Bosch patrocina mostras de decoração no Brasil. Uma delas é a Artefacto, que acontece todo
ano nas principais capitais brasileiras;
seus espaços são projetados por arquitetos renomados e revelam tendências
atuais na decoração. A mostra de São
Paulo está retratada nas páginas desta
matéria; as do Rio de Janeiro e Goiânia podem ser conferidas no endereço
www.boscheletrodomesticos.com.br
Nesses eventos, a Bosch, além de patrociná-los, exibe sua linha de eletrodomésticos com acabamento externo
em inox, que inclui fogões, lavalouças,
fornos, coifas e refrigeradores.
18 casa e conforto Bosch
vidros e espelhos
ecoam o barulho e,
portanto, devem ser
evitados numa cozinha
integrada à sala
“De frente para a sala, os eletro-
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
domésticos mais modernos acabaram
agregando uma função estética ao ambiente, pois hoje são também um objeto
de decoração”, diz o arquiteto André Moral. Alguns cuidados, no entanto, devem
ser tomados na hora de aparelhar a cozinha. “Fuja das geladeiras barulhentas”,
avisa Issa, que se diz “radicalmente contra” o uso de televisores nesses ambientes. “É um espaço de convivência por excelência. É imperdoável apelar para uma
TV de plasma!”. Os especialistas recomendam cuidado com os pontos elétricos, já que alguns eletrodomésticos oferecem apenas a versão de 220V. “Nada
de usar benjamins. E é bom planejar onde irão as tomadas adicionais, que ligarão os acessórios, como a batedeira ou
uma cafeteira”, lembra Telma Sabadin.
Não é possível pensar apenas em aspectos da decoração e esquecer de detalhes técnicos, alerta Ricardo Issa. A forte reverberação típica da cozinha tradicional é o primeiro deles. “Você não agüenta ficar por cinco minutos num ambiente
desses”. É preciso lembrar que com a cozinha integrada à sala de estar haverá interferência sonora entre os espaços. Por
isso, convém que a cozinha gourmet não
só abandone as paredes, mas também o
tradicional revestimento de azulejos,
além de muito vidro e de espelhos, que
fazem ecoar o barulho. Para absorver o
som, é recomendável o uso de madeira,
palha, lã e couro, este último com parcimônia. “Assim, o espaço fica mais agradável e sem o aspecto de hospital”, sugere Issa.
Bom e bonito
A Bosch oferece uma linha de eletrodomésticos que acompanha a evolução dos projetos de arquitetura e decoração e tem entre suas principais características o design diferenciado, a
versatilidade e a facilidade de uso. É o
caso do novo Forno Elétrico Digital
da Bosch, que oferece oito diferentes
funções para assar, grelhar, gratinar e
descongelar alimentos. O equipamento
conta com um sistema de autolimpeza
exclusivo, o Ecoclean. Sua vantagem
está nas paredes internas do forno, revestidas com um esmalte esponjoso
que absorve com eficiência os resíduos dos alimentos. Esse dispositivo
elimina melhor a gordura, o que é um
recurso importante para quem mora
em pequenos apartamentos, como
aqueles que conjugam sala e cozinha
num mesmo ambiente, ou têm uma
cozinha gourmet.
tada para os convidados. Um tampo de
corian (material não poroso, com alta resistência térmica) não é para qualquer
bolso. Então, pode-se optar por áreas de
mármore (para as panelas quentes e a
manipulação de massas), tampos de inox
ou ainda de madeira. E importante: uma
boa coifa é imprescindível.
Rachel Guedes
«
AZULEJOS,
Como em qualquer cozinha, o importante é ter um bom projeto espacial, que
confira ao ambiente um conceito funcional de estação de trabalho. O projeto deve satisfazer as quatro etapas do trabalho do cozinheiro: armazenar (em armários, geladeira e freezer); preparar (bancada e pia); cozinhar (forno, fogão, microondas); e servir.
Além de uma mesa grande e de cadeiras confortáveis, é importante que haja uma bancada de trabalho tipo ilha, vol-
19
A madeira tem presença constante nos projetos do arquiteto Moral,
que opta quase sempre pela laqueação
em preto, branco ou até em cores vivas
para os móveis. “É possível usar folhas de
wengé, freijó ou linheiro. Madeira maciça
rústica também vai muito bem”, sugere.
Num de seus projetos, Moral pôs abaixo
paredes internas de um apartamento de
três dormitórios para integrar a cozinha à
sala e a um escritório. O balcão central foi
laqueado em preto e acompanhado por
pedra preta. “A bancada é a estrela do
ambiente. Por isso preferi ocultar os acessórios”, conta.
No teto, a iluminação vai além da escolha de uma luz mais quente. “Uma lâmpada atrás da bancada de trabalho dá
sombra e dificulta a vida do usuário”,
lembra Issa, que recomenda deslocar os
focos de luz para pontos específicos da
cozinha, como a bancada e a pia. “Pode
ter velas, também, pois elas conferem
um grau de aconchego e intimidade que
tem tudo a ver com a proposta do espaço gourmet”. No chão, segundo a decoradora Bety Neumann, se os pisos estiverem integrados, uma possibilidade é
erguer um deck na cozinha, com uma base de alumínio sobreposta por ripas de
madeira, que podem ser retiradas para
efetuar a limpeza.
Já para Telma, a transição entre pisos diferentes pode ser feita por um estágio intermediário, feito de uma soleira,
pastilhas de vidro ou mármore. “O único
inconveniente da cozinha integrada à sala
é a fritura. Mesmo que haja um exaustor,
a família terá de se adaptar a isso”, lembra Moral. Por isso, para a sala de estar, o
ideal é revestir os estofados com capas
laváveis. E o tapete deve seguir a mesma
tendência das capas, o que exclui o sisal
da lista de preferidos dos gourmets.
Uma boa cozinha
gourmet não pode
prescindir de mesa
grande, cadeiras
confortáveis e uma
bancada de trabalho
tipo ilha, voltada
para os convidados
21
Gettyimages
20 saudável e gostoso Bosch
POR CARINA MARTINS
A musa
da cozinha
Com suas
formas
curvilíneas e
um certo ar
feminino, a pêra
atraiu a atenção
de inúmeros
artistas da
Renascença,
que a usaram
como musa
para quadros
a
textura singular e macia
de algumas variedades garantiulhe o apelido de fruta-manteiga. A versatilidade e a resistência fizeram dela um
dos primeiros produtos cultivados e vendidos pelo homem, além de importante
definidor de rotas comercias no mundo
antigo. Afinal, já por volta do ano 5000 a.
C. o tino comercial do chinês Feng Li foi
atraído por ela, a ponto de o comerciante ter largado tudo para se dedicar
exclusivamente à venda em massa da
fruta. Mais tarde, os romanos fizeram extensas culturas para obter seus frutos e
o valor pago por eles nos mercados. Já
suas formas curvilíneas e um certo ar
feminino garantiram a atenção de inúmeros artistas da Renascença, que a
usaram como musa para quadros. E todas essas qualidades, aliadas evidentemente a seu sabor, fizeram com que Homero, na Odisséia, chamasse-a de presente dos deuses.
Trata-se da singela e poderosa pêra.
Apesar de popular, é comum ser ofuscada
por outras frutas, mais chamativas, mais
comuns, mais óbvias (alguns diriam que
mais vulgares). “Entre bananas,/Supervenientes/E maçãs lhanas/Rubras, contentes/A pobre pêra:/Quem manda ser a?”,
diz Vinicius de Moraes em “A Pêra”. A
força da pêra é sutil.
Não é à toa que na brincadeira infantil ela corresponda ao afeto mais singelo, mas não menos significativo — dar
as mãos. As outras alternativas do jogo
(uva, maçã e salada mista) podem até
parecer mais tentadoras. Mas nenhuma
bate a solidez das mãos dadas, muito
menos o beijo na boca da despersonalizada salada mista. Ora, quem fica de
mãos dadas sabe que não há necessidade de apressar o beijo — ele vai chegar
no tempo certo. Nada mais importante
para as frutas do que a maturação.
«
Celebrada por artistas tão diversos como Homero, Vinicius de Moraes e pintores
da Renascença, é nas receitas que a pêra exibe toda sua versatilidade
23
Rachel Guedes
22 saudável e gostoso Bosch
os dentes. Não precisa abrir, cortar ou
descascar. Não precisa esperar demais
para amadurecer, nem comer logo antes
que apodreça – ela dura muito tempo.
Não lambuza nem despedaça. Não precisa nem mesmo de cuidados específicos
de armazenagem – basta um lugar fresco
e seco. A pêra vem pronta do pé, e permanece assim por uma longa vida útil. Na
geladeira, perde um pouco do aroma e
sabor, mas dura ainda mais.
em vitamina C e
complexo B, que
ajuda o organismo a
digerir melhor os
nutrientes
E os apreciadores de pêra sabem
disso: esperar o momento certo é fundamental para aproveitar o melhor dela.
Desde o sabor até o valor nutritivo, tudo
muda se a fruta for comida no momento
errado. Quando passada, perde cerca de
três quartos do valor de seus nutrientes.
Verde, faz mal para o estômago porque se
torna indigesta. Mas, na hora certa, é excelente – para o paladar e para o corpo.
Escolher a pêra certa é simples. A fruta de boa qualidade tem casca firme, mas
não dura (se estiver muito dura significa
que foi colhida cedo demais e logo ficará
murcha, esfarelada e sem sabor). Tem
aparência limpa, sem cortes, machucados, manchas ou picadas de insetos. Para
o consumo imediato, compre pêras tenras, sem marcas marrons que indiquem
apodrecimento.
A versatilidade é a marca registrada da pêra na cozinha: ela vai bem, por exemplo, com saladas e queijos
A doce, macia e forte pêra tem todas
as características que fazem com que
uma fruta seja perfeita. Entre elas, razões
menos românticas e mais práticas do que
as que moviam Homero, os artistas da
Renascença e as crianças que amam em
segredo. A pêra é assim: sutil, elegante,
inspiradora. Mas, acima de tudo, prática.
Espécie de prima chique da maçã (de
quem perde em popularidade, mas ganha
em atributos), é uma daquelas frutas de
design perfeito que basta pegar e enfiar
A Bosch na sua vida
Nessa área, a versatilidade é a marca
registrada da fruta, seja em pratos salgados, como saladas ou acompanhando queijos; em sobremesas, como tortas, cozidos,
sorbets; ou mesmo como suco e geléia.
Dá para assar, cozinhar, picar, bater, gelar,
esquentar (“melhor assada ou cozida para
manter os nutrientes”, alerta Alessandra).
Pêra vai bem com quase tudo. “É uma fruta extremamente versátil”, garante o chef
Marcílio Duarte, do Café Antiqüe, em São
Paulo, fã da fruta em suas receitas.
Na gastronomia, a pêra ganha uma
nova aliada às suas muitas qualidades: a
elegância. Talvez seja a origem – veio das
regiões temperadas e precisa de geada
para dar frutos – que faça um contraponto sutil e elegante ao sabor marcante e
ao colorido alegre das frutas tropicais. A
pêra é mais discreta, mas não menos poderosa. A cor pálida de seu interior serve
para que chefs divirtam-se, colorindo a
fruta ao cozinhá-la no vinho, ou com açafrão, e criando bases para sobremesas
que são verdadeiras obras de arte. O sabor singular, mas leve, abrilhanta queijos
fortes. A textura garante tortas incríveis. A
pêra sabe ser coadjuvante. Sua qualidade
não é ofuscar o brilho de outros ingredientes, mas sim ressaltá-los.
O resultado é uma gama de pratos
de dar água na boca – e cheios de vantagens. As sobremesas convencem até
quem só acredita em doces à base de
chocolate. A delícia clássica de uma torta
de pêra ou da fruta cozida é irresistível.
E, como sempre, além de seu charme, a pêra conta ainda com motivos práticos a seu favor. “Entre uma torta de pêra e uma de chocolate, a melhor opção é
mil vezes a de pêra”, garante Alessandra
Caviglia. “Mesmo que o valor calórico seja similar, o de gordura é incomparável.
Para se ter uma idéia, 100 gramas de
pêra contêm 0,5 grama de gordura, contra 35 gramas do chocolate”.
E ainda é uma delícia.
A Bosch na sua vida
Porta refrigerada
Fotos Arquivo Bosch
Se muitas vezes os apelos da
pêra são práticos, os benefícios também
podem ser. Além de vitamina C, a fruta é
rica em complexo B, por exemplo. Essa
substância é importante porque, segundo
a nutricionista Alessandra Caviglia, ajuda
o organismo a metabolizar melhor os nutrientes que ingere – nada mais prático.
Além disso, tem quase tanto potássio
quanto uma banana-maçã, o que é uma
ótima notícia para quem sofre de câimbras (causadas pela falta desse mineral
no organismo) e para quem faz uso de
diuréticos, como os hipertensos (a pêra
repõe o potássio perdido com o líquido
eliminado pelo corpo). Pela mesma razão,
é ainda um bom lanchinho para quem
gosta de malhar ou praticar esportes.
Mas não são apenas vitaminas e minerais que a fruta oferece. A pêra tem em
abundância um outro elemento extremamente prático, muitas vezes ignorado e
Para ser conservada por mais tempo, frutas como a pêra devem ser colocadas
na geladeira. A falta de uma refrigeração adequada pode prejudicar o poder nutricional de frutas e verduras ou até mesmo estragá-las. O mesmo ocorre com
vários tipos de alimentos. Foi pensando nisso que a Bosch desenvolveu refrigeradores com porta refrigerada. Através de um sistema de tubulações, o ar refrigerado circula de forma uniforme por todos os compartimentos, inclusive
pelas prateleiras da porta. O recurso foi especialmente planejado para melhorar o grau de conservação de alimentos que estragam com maior rapidez e,
geralmente, ficam na porta do refrigerador – como ovos, iogurtes, temperos e
queijos, entre outros.
Porta ampla
Uma das principais dificuldades no preparo de receitas é acertar o ponto de cozimento. Além da experiência do cozinheiro, é importante contar com um acessório
que possibilite acompanhar com precisão o andamento da comida no forno. Para
facilitar a vida do consumidor nesse aspecto, a Bosch desenvolveu em sua linha de
fogões uma porta de forno com design moderno e uma área ampla de vidro, que
permite observar o alimento dentro do compartimento, sem que haja a necessidade de abrir sua porta. Além de ajudar a retirar o assado na hora certa, o recurso
elimina a necessidade de se puxar a porta, evitando que a diferença de temperatura prejudique o resultado final da receita. Para impedir o superaquecimento da
parte externa, a porta é isolada com dois vidros, e o forno é projetado para fazer
uma circulação forçada do ar, aumentando, assim, a segurança para o consumidor.
«
«
FRUTA É RICA
tão low-profile quanto ela: a água. “É importante falar disso, porque a água dos alimentos faz diferença na alimentação das
pessoas, sim”, diz Alessandra, que é nutricionista da academia de ginástica Companhia Athletica, em São Paulo. “Ajuda a
complementar a hidratação, o que é importante especialmente em épocas quentes ou para pessoas com mais facilidade
para desidratar, como idosos e crianças”.
Todas essas vantagens, é bom que se
diga, são apenas aquelas que se referem
à pêra como ela veio ao mundo. Porque
existem muitas outras. Ao chegarmos à
parte sobre a inegável vocação gastronômica da fruta, o leque de possibilidades e vantagens da pêra se abre ainda
mais. É justamente aí que ela mostra seu
verdadeiro talento.
25
Fotos Rachel Guedes
24 saudável e gostoso Bosch
RECEITAS
Pêra cozida ao açafrão
e especiarias
Ingredientes
• 8 pêras maduras
• 1 g de açafrão espanhol em pó
• 400 g de açúcar refinado
• 900 ml de água filtrada
• estrela de anis
• 1 cravo-da-índia
• 3 grãos de pimenta negra
• 1 cm de canela
• 1 grão de cardamomo
• 400 g de sorvete de baunilha
Modo de preparo
O chef Marcílio Duarte: criatividade na torta de pêra e amêndoas (acima) e na pêra ao molho de açafrão (ao lado)
Descasque as pêras e coloque-as em uma panela
com a água, o açúcar e as especiarias. Deixe cozinhar em fogo brando por 30 minutos, retire-as e
reserve-as. Deixe o líquido reduzir até ficar espesso e coe. Mergulhe as pêras na redução e leve à
geladeira. Retire o centro das pêras e fatie-as;
sirva uma pêra por pessoa com uma bola de sorvete de baunilha e regue a pêra com a redução.
«
Torta de pêra e amêndoas
Opção clássica
Para o chef Marcílio Duarte, do restaurante
Café Antiqüe: pêra deve ser usada sem excesso de
açúcar: “se usar demais, tira a graça da fruta”
o
chef Marcílio Duarte comanda as caçarolas do sofisticado Café
Antiqüe, um dos restaurantes franceses mais queridos de São Paulo, conhecido por sua cozinha impecável e ambiente charmoso, acoplado a um antiquário.
Marcílio usa a fruta com freqüência em seu restaurante. “Eu adoro com roquefort,
clássica”, diz, citando o exemplo de sua salada de endívias, pêra e roquefort. Ele dá
as dicas para quem quer usar a fruta na cozinha, sem erros. “Na minha opinião, a melhor para sobremesas é a pêra d’anjou. Ela tem a textura e a coloração ideais, porque
não desmancha e fica branquinha”, afirma. Já para saladas, a preferida do chef é a
William, companheira perfeita para queijos fortes.
O erro mais comum na hora de preparar, segundo ele, é exagerar no açúcar. “Se
usar demais, tira a graça da fruta”, explica. Segundo Marcílio, a medida ideal é usar 600
gramas para um litro de água. Carregar no doce é desnecessário – as qualidades da
pêra são sutis. Sua apreciação também deve ser.
Veja ao lado duas receitas que ele preparou especialmente para a VidaBosch.
Café Antiqüe – r. Haddock Lobo, 1416, Cerqueira César. São Paulo - SP
Ingredientes
• 250 g de farinha de trigo
• 85 g de açúcar refinado
• 125 g de manteiga sem sal
• 15 ml de água gelada
• 4 pêras maduras cortadas em 8 fatias
Modo de preparo
Junte a farinha, o açúcar e a manteiga, misture bem e
acrescente água gelada. Deixe descansar por 30 minutos. Distribua em quatro fôrmas (12 cm por 1 cm).
Leve ao forno a 180 graus por 25 minutos. Reserve.
Ingredientes para o creme
• 185 g de manteiga sem sal
• 95 g de açúcar
• 45 g de clara de ovos
• 85 g de farinha de amêndoas
• 1/5 fava de baunilha
• raspas de limão
Modo de preparo
Junte todos os ingredientes em uma batedeira. Distribua a mistura nas massas já assadas, distribua as
fatias de pêra, polvilhe açúcar de confeiteiro e leve ao
forno por 25 minutos. Sirva com sorvete de baunilha.
Rendimento: quatro porções.
26 tendências Bosch
O fim
do mecânico
de ouvido
Graxa por todos os cantos e diagnósticos
improvisados são itens em extinção
nas oficinas; deram lugar a equipamentos
modernos e técnicos especializados
27
Outra cena, cada vez mais comum, indica a evolução do setor de reparação automotiva. O cliente chega à oficina e é recebido por um atendente. Depois de conversar sobre a falha do carro, vai aguardar
a verificação do defeito em uma sala de
espera, com direito a água e cafezinho.
Alguns minutos depois, a causa do problema é identificada, e ele fica sabendo
com precisão o que será necessário fazer
no seu carro. A estrutura moderna, os
equipamentos digitais de diagnóstico, o
bom atendimento e a limpeza do local
também ajudam a tranqüilizar o cliente.
O contraste entre as duas cenas é
realçado não só pela infra-estrutura. Outro ponto essencial é o profissional responsável pelo êxito do conserto e que
muitas vezes fica no anonimato: o mecânico. Essa peça fundamental na manutenção de um automóvel passou nos úl-
timos anos por uma grande evolução, no
intuito de acompanhar os avanços tecnológicos do setor. O aprimoramento foi
um requisito frente à modernização de
máquinas e equipamentos, mas está ligado também, segundo profissionais do
setor, à entrada de jovens nesse mercado
de trabalho – na faixa dos 35 anos, eles
têm grau de instrução elevado, se comparado ao de outras épocas. Com a concorrência, os demais profissionais também sentiram necessidade de acompanhar a evolução. Bom para todo mundo.
Um levantamento recente do
Instituto Nacional para Excelência de
Serviço Automotivo (ASE Brasil, que está
presente no país desde 1996 e certifica a
capacitação dos mecânicos) apontou que
95% dos trabalhadores da área têm curso profissional ou especialização. Ou se-
ja: há uma grande preocupação do mecânico em se manter atualizado. Um dado
importante da pesquisa é que 87% dos
profissionais entrevistados dispõem de
pelo menos um computador em sua oficina. A internet, importante fonte de informação, também tem se disseminado:
80% afirmaram possuir acesso à rede e
79% têm e-mail.
“Com o avanço da tecnologia na engenharia automotiva, os reparadores ficariam fora do mercado caso não se atualizassem”, resume o presidente da ASE
Brasil, Geraldo Luiz Santo Mauro. O estudo, afirma, mostra que as oficinas estão
informatizadas e capacitadas para atender às exigências dos clientes e já não
podem ser vistas como um ambiente
desorganizado.
A própria exigência do consumidor
influenciou essa evolução. “Hoje, o cliente
também tem mais informação técnica e
consciência dos direitos de consumidor”,
diz Santo Mauro. Segundo Laércio Bisi,
gerente da Tecnicar, uma oficina da capital paulista, o cliente está mais exigente e
sabe exatamente o que procura. “O que
ajuda na proliferação dessas informações
são as revistas técnicas e especializadas,
além da internet, que disponibiliza bastante conhecimento”, aponta.
Um tipo de consumidor em especial
teve papel fundamental nesse cenário: as
mulheres, que correspondem a 46% do
público que procura os serviços de reparação de automóveis, segundo dados da
ASE. “As mulheres são mais exigentes e
buscam oficinas que, além de oferecer
bons serviços, tenham boa aparência.
Essa evolução no setor aproximou o público feminino”, afirma Santo Mauro. Assim, não faz mais sentido a figura do
Fotos Rachel Guedes
POR RICARDO LOPES
0
cliente chega a uma oficina
qualquer para resolver falhas no
carro e verificar alguns barulhos estranhos. O mecânico observa a situação,
coça a barba e abre o capô com as mãos
sujas de graxa. Olha as engrenagens, ouve o ronco do motor e dá o veredicto: “É,
tem jeito não. Tem que trocar a peça”.
Mesmo sem detalhar qual é o defeito, olha
o carro a certa distância, abaixa a frente
do automóvel, depois a traseira, e passa
o orçamento: “Tem que mexer aqui, ali
também e essas peças são difíceis de encontrar”, comenta, citando uma confusa
lista de componentes. Cenas como essa
ainda podem ser vistas em algumas oficinas brasileiras, mas são cada vez mais
raras. E, quando ocorrem, mostram que
esse tipo de profissional está com os dias
contados.
“O mecânico precisa saber lidar
com os equipamentos de precisão,
que estão cada vez mais
sofisticados”, afirma Rogério
Gomes, na profissão há 18 anos
«
28 tendências Bosch
29
Antigamente, ter apenas o 1º
grau já era o suficiente, afirma Luiz Augusto Franco da Rocha, proprietário da
oficina Carbofreio, também de São Paulo.
“Hoje, não é mais assim, e até mesmo
com 2º grau já não serve. O mecânico atual tem de correr atrás de informação o
tempo todo e também ter noções de outras línguas, pois muitos dados técnicos
de carros importados não constam em
português”, diz.
Os donos de oficina e professores da
área concordam que a habilidade manual
ainda é um diferencial importante para os
mecânicos, mas é preciso ter profundo
conhecimento técnico. Para Franco da
Rocha, o profissional ideal deve, em primeiro lugar, demonstrar interesse pela informação. Ele afirma que a habilidade
Ciclo benéfico: a evolução
dos carros estimulou a evolução
dos equipamentos de
diagnóstico, que estimulou a
especialização do mecânico
«
MULHERES,
que agora
freqüentam mais
as oficinas, são
mais exigentes
com atendimento
e com a limpeza
do ambiente
mecânico sujo de graxa em uma oficina
repleta de pôsteres com mulheres nuas.
“A apresentação da oficina é uma forma de atender bem, já que os clientes atuais são mais rigorosos. As mulheres freqüentam a oficina mecânica regularmente, sem medos nem constrangimentos”
diz Virginio Rodrigo dos Santos, chefe de
oficina da Joaquim Gonçalves Centro
Automotivo, em São Paulo. “Em muitos
casos, essas clientes são mais informadas que muitos homens. Por isso, a
limpeza e o atendimento também são
prioridades. A grande diferença é que para atender uma mulher é preciso ser mais
educado e mais cordial”, completa.
A opinião é compartilhada por Bisi, da
Tecnicar, que vê nessa tendência de se
preparar para atender o sexo feminino
um dos grandes impulsionadores dos
avanços nas oficinas. “Hoje, cerca de 35%
dos nossos clientes são mulheres”, afirma. “Isso exige outro tipo de atendimento, com um vocabulário diferente, sem
muitos termos técnicos, para facilitar a
compreensão”, explica. “Essa atitude de
esclarecer de maneira simples o funcionamento da peça a ser substituída é que
conquista a confiança”, diz ele.
O desenvolvimento da tecnologia automotiva é outro fator que vem incentivando a modernização das oficinas. “O
mais interessante é que mesmo os carros mais simples já possuem sensores
modernos, o que exige da oficina o preparo adequado a todo instante”, explica
Bisi. “Uma coisa puxa a outra”, diz Santos, que aponta a evolução dos carros
como estímulo à evolução dos equipamentos de trabalho e, em conseqüência,
à especialização do mecânico.
Não por acaso, várias empresas e instituições criaram cursos e programas de
aperfeiçoamento. O principal formador
de profissionais desse setor é o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai). A pesquisa da ASE apontou que
71% dos mecânicos passaram pelas salas de aula dessa entidade. “Os postu lantes ao cargo de mecânico começam
manual é importante, mas não garante
carreira promissora se o técnico não tiver
conhecimentos de física, química, elétrica e eletrônica. “O patrimônio mais importante do mecânico atualmente é a informação. Então, se ele não tiver informação, não tem ferramenta de trabalho”, resume. Para Bisi, o talento hoje em dia não
dá mais resultados se o profissional não
estiver atualizado. Ele dá um exemplo:
“Um conserto de média dificuldade na
parte elétrica feito em uma oficina padrão deve durar cerca de 15 a 20 minutos
com o amparo de equipamentos sofisticados. Já em uma oficina desestruturada,
provavelmente levará dois dias”.
Isso implica que o mecânico precisa
ser capaz de manejar equipamentos de
precisão e saber interpretar os dados para
fazer o conserto adequado, enfatiza o mecânico Rogério Gomes, na profissão há 18
anos, hoje na oficina Carbofreios. “Além
dos novos componentes dos carros, o mecânico precisa saber lidar com os equipamentos de precisão, que também estão
cada vez mais sofisticados”, afirma. Como
bom veterano no ofício, ele tem no currículo uma lista extensa de cursos, incluindo
treinamentos oferecidos pela Bosch.
O professor Ulisses Miguel, técnico de
ensino da escola Senai Conde José Vicente de Azevedo, em São Paulo, diz que informática é matéria básica para o mecânico de hoje. “O mercado também exige
do profissional procedimentos técnicos de
qualidade e segurança”, aponta. O ouvido
apurado serve para identificar de onde
vem o barulho ou qual é a provável área
afetada, mas depois disso é preciso trabalhar em conjunto com os equipamentos.
“Regular um carro hoje em dia apenas pelo ouvido é praticamente impossível. Antigamente, para os carros com carburador
até era possível, mas os sistemas de injeção e os sensores atuais exigem calibrações precisas”, diz Bisi.
É, parece que o mecânico da primeira
cena ficou apenas na lembrança.
Serviço:
Mesmo os carros mais simples já são equipados
com sensores modernos, o que obriga as oficinas a ter
equipamentos sofisticados de diagnóstico
Quer saber onde fica uma boa
oficina mecânica próxima de você?
Acesse o site da rede Bosch Service:
www.boschservice.com.br
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Fotos Rachel Guedes
como ajudantes, na maioria das vezes
quase sem formação. Por isso, os cursos
de especialização enriquecem bastante o
currículo”, afirma Bisi.
Oficinas modernas
em todo o Brasil
Os sistemas eletrônicos estão cada vez
mais presentes nos veículos. Avalia-se
que 17% do custo total de um carro que
sai de fábrica hoje esteja relacionado a
equipamentos e sistemas eletrônicos.
Para 2010, a estimativa é de que essa
proporção atinja 35%. Dispositivos mais
sofisticados exigem mão-de-obra treinada e especializada para fazer manutenção e conserto. Para acompanhar essa
tendência, foi criada a rede Bosch Service de oficinas. Tendo rapidamente ganho expressão nacional, ela se estende a
todos os Estados do país, num total de
1.300 lojas. A principal característica da
rede é a variedade de serviços de mecânica: desde manutenção da injeção
eletrônica até reparos na suspensão do
veículo. Para qualificar os funcionários
das oficinas, a Bosch oferece cursos em
seu Centro de Treinamento, localizado
em Campinas (SP). Além de dar uma
noção geral sobre manutenção veicular,
esses cursos ensinam como usar os
modernos equipamentos de diagnóstico,
ferramenta indispensável para o mecânico nos dias de hoje.
30 grandes obras Bosch
31
Hector Etchebaster/ZDL
O Brasil
POR RICARDO MEIRELLES
no ‘Everest da Vela’
Regata de volta ao mundo terá pela primeira vez um barco brasileiro;
competição dura oito meses e cruza quatro oceanos
o
iatismo é o esporte que
mais trouxe medalhas olímpicas
ao Brasil (14), e é um iatista o atleta brasileiro que mais subiu ao pódio em Olimpíadas (Torben Grael, cinco vezes). Logo, os
velejadores brasileiros são figurinhas carimbadas na mais famosa das regatas de
volta ao mundo, certo? Ledo engano. Nas
oito edições da hoje chamada Volvo Ocean Race, o país só marcou presença em
quatro e, ainda assim, apenas com seus
mares e portos – Rio de Janeiro (três vezes) e São Sebastião serviram de ponto de
parada dos navegadores estrangeiros.
Só agora, na nona edição, 33 anos
após o primeiro grupo de iatistas estrear a
corrida, o Brasil coloca seu primeiro barco
na competição. Não por acaso, chama-se
Brasil 1. A dificuldade maior ao longo dessas três décadas não foi juntar dez marmanjos dispostos a navegar por oito meses, passando por quatro oceanos e quatro continentes e enfrentando ondas de
até dez metros, icebergs e tempestades.
um dos timoneiros e reguladores de velas do Brasil 1.
O “1” no nome da embarcação não é
apenas um sinal de que o Brasil está na
competição pela primeira vez; ele também pretende indicar a posição em que o
barco brasileiro quer cruzar a linha de
chegada, após percorrer 57,8 mil quilômetros (o equivalente a sete vezes a extensão do litoral brasileiro). Fonseca, por
exemplo, descarta a idéia de que participar da Volvo Ocean Race já é o bastante.
“Estamos entrando para ganhar”, resume.
A composição da equipe, a sofisticação da estrutura e o ânimo dos tripulantes
indicam que eles, de fato, não estão para
brincadeira. O comandante, por exemplo,
é Torben Grael, que não é só o maior medalhista olímpico do Brasil, mas também
o velejador que mais vezes subiu ao pódio na história das Olimpíadas. Na mais
recente delas (Atenas, 2004), levou o ouro. Ele chegou a participar da regata de
volta ao mundo entre 1997 e 1998, numa
etapa na Austrália, mas esta é a primeira
vez que faz o trajeto todo. O companheiro de Torben em Atenas, em Sidney
(2000, bronze) e em Atlanta (1996, ouro),
Marcelo Ferreira, será um dos reguladores de velas. A mesma função terá outro
O desafio principal foi conseguir
«
Barco brasileiro tem 21,5 metros de comprimento, 5,7 metros de largura em sua área mais ampla e é capaz de alcançar até 70 quilômetros por hora
patrocínio. “Só depois de 14 medalhas
olímpicas é que a vela brasileira pôde
convencer patrocinadores e levantar os
cerca de US$ 15 milhões necessários para ter um barco competitivo na Volvo
Ocean Race”, resume o velejador Robert
Scheidt, que não participa da regata, mas
é porta-voz da competição no país. “Não
faltou vontade antes. O difícil foi conseguir dinheiro”, concorda André Fonseca,
32 grandes obras Bosch
mais difícil, entre
a Nova Zelândia
e o Brasil, velejadores
precisam se amarrar
ao barco para não cair
na água gelada
O desafio maior é o trecho entre a
Nova Zelândia e o Brasil. “É bem difícil,
porque passa em latitudes próximas ao
Pólo Sul, onde não há rotas comerciais, é
o mar mais desolado do planeta e qualquer socorro está a centenas de milhares
de milhas de distância”, resume Robert
Scheidt. “É justamente nesse trecho que
os barcos conseguem desenvolver as
maiores velocidades devido aos ventos
fortes, mas é aí também que enfrentam
ondas gigantes, icebergs e temperaturas
negativas. Cair na água pode significar
morte por hipotermia. Por isso, todos pre-
Hector Etchebaster/ZDL
medalhista brasileiro, Kiko Pellicano, ganhador do bronze nas Olimpíadas de
Atlanta (categoria Tornado). Como regulador de velas, e também como timoneiro,
embarcarão no Brasil 1 André Fonseca
(duas vezes campeão mundial da classe
Snipe Junior) e João Signori (campeão sulamericano nas categorias Finn e Laser).
Mas não apenas brasileiros subirão no
Brasil 1. Seis estrangeiros compõem a tripulação, e todos eles têm no currículo a
Volvo Ocean Race ou a Whitbread (nome
da competição nas sete primeiras edi-
dã (Holanda) e deve terminar em 17 de
junho de 2006, em Gotemburgo (Suécia),
parando ao todo em nove países (veja o
percurso na página 31).
O primeiro colocado em cada um desses trechos ganha sete pontos; o segundo
seis, o terceiro cinco e assim por diante.
Os portões de pontuação (pontos perto
dos quais os barcos são obrigados a passar, como Fernando de Noronha) também
entram na contagem. Ao final, o barco que
somar mais pontos em cada um dos trechos é campeão – ainda que não chegue
em primeiro em Gotemburgo.
O Brasil 1, comandado pelo iatista Torben Grael: projeto de US$ 15 milhões foi construído em Indaiatuba, com tecnologia de ponta
cisam se amarrar ao barco. Os icebergs
só podem ser vistos de dia, à noite ficam
invisíveis. É preciso ir sempre um homem
na proa, observando a água”, descreve o
velejador.
A aventura do Brasil 1, porém,
não começará quando os ventos espanhóis estufarem as velas de cores azul,
amarela e branca, marcadas pelo nome
dos patrocinadores da empreitada. A peripécia começou há cerca de três anos,
quando a empresa de marketing esportivo
Vela Brasil começou a fazer os primeiros
contatos em busca de patrocínio.
Outra etapa fundamental, a construção do veleiro, teve início em outubro de
2004. Essa é quase uma aventura à parte:
a embarcação tem 21,5 metros de comprimento e 5,7 metros de largura em sua
área mais ampla, precisa ser leve a ponto
de alcançar até 70 quilômetros por hora,
resistente para suportar choques contra
ondas enormes e navegar 926 quilômetros por dia. Nos barcos que competem
na Volvo Ocean Race é preciso “usar fibra
de carbono e muito equipamento eletrônico”, comenta Robert Scheidt. É como se
fosse a Fórmula 1 da vela, compara.
Cerca de 30 pessoas envolveram-se
nessa fase, que em sua maior parte ocorreu no estaleiro ML Boatworks, em Indaiatuba (interior de São Paulo). O primeiro
passo foi encomendar o trabalho de um
grande campeão da Volvo Ocean Race: o
neozelandês Bruce Farr, que venceu seis
das oito edições da prova sem pôr os pés
na água – foi o projetista dos barcos.
O processo de construção propriamente dito começou com a confecção
do molde do casco e do convés. “É como
se tivéssemos de fazer dois barcos”, conta Ricardo Ermel, da equipe de apoio do
Brasil 1. “Um, o molde, de madeira, e o
outro, o barco propriamente dito, de fibra
de carbono”, explica. As madeiras foram
cortadas a laser, para garantir eficiência e
precisão. Com o molde pronto, construíram-se dois fornos de 25 metros, para
aquecer o carbono e garantir a resistência da embarcação. Entre uma camada e
outra de fibra de carbono foram colocadas espuma e placas de nomex (um material leve e resistente).
«
«
NO TRAJETO
ções): o neozelandês Andy Meiklejohn
(proeiro e regulador de velas), o irlandês
Demian Foxall (timoneiro e regulador de
velas), o espanhol Roberto Bermudez (timoneiro), o neozelandês Stuart Wilson (regulador de velas) e a australiana Adrienne
Cahalan (navegadora). Completam a equipe o norueguês Knud Frostad (timoneiro)
– que vai subir no barco apenas no trajeto
entre Wellington (na Nova Zelândia) e Rio
de Janeiro, o mais espinhoso da regata –
e o brasileiro Eduardo Penido, ouro na
Olimpíada de Moscou (1980) na classe
470, que será o velejador reserva.
A tripulação fez testes com o barco
n’água entre junho e agosto, no Rio de Janeiro e em Ilha Bela. Em 20 de agosto,
partiu para Cascais, em Portugal, o último
destino antes da Volvo Ocean Race. A
competição – que pelo seu grau épico de
dificuldade é chamada de “Everest da
Vela” – começa em 5 de novembro, em
Sanxenxo (Espanha), segue em pequena
regata para Vigo (também na Espanha),
depois Cidade do Cabo (África do Sul),
Melbourne (Austrália), Wellington (Nova
Zelândia), Rio de Janeiro, Baltimore e Annapolis (Estados Unidos), Nova York (Estados
Unidos), Portsmouth (Reino Unido), Roter-
33
A Bosch na sua vida
No time do Brasil 1
A possibilidade de o Brasil inscrever pela
primeira vez um barco na mais famosa regata de volta ao mundo foi proporcionada
pelo apoio de 18 empresas e do governo
federal. Orçado em mais de US$ 15 milhões, o projeto brasileiro contou com suporte dos setores mais diversos – de companhia aérea a academia de ginástica.
A Bosch é um dos apoiadores oficiais
do Brasil 1, e numa área fundamental: a
empresa cedeu cerca de 100 ferramentas
elétricas e a bateria e 400 acessórios que
serão usados a bordo, para serviços de emergência, ou nas paradas, para manutenção mais demorada. O pacote inclui máquinas como esmerilhadeiras, furadeiras, plainas, serra tico-tico e serra circular, e acessórios como lâminas de serra e brocas para metal, madeira e concreto.
Em junho, ainda antes de a equipe brasileira embarcar rumo à Europa, a empresa
fez um treinamento aos profissionais envolvidos com o Brasil 1, para mostrar como
utilizar e manter as máquinas ao longo da
competição. Durante a Volvo Ocean Race,
as ferramentas e os acessórios serão colocados em dois contêineres, que viajarão de
navio e percorrerão todos os destinos de
parada. Em cada um desses pontos, a tripulação sai do barco e a equipe de apoio
entra nele, fazendo uma revisão geral e reforçando os ajustes que tiveram de ser feitos com urgência em alto-mar. Nessas paradas, a rede de revendedores da Bosch estará disponível aos velejadores do Brasil 1.
As condições adversas que os barcos enfrentam nos oito meses da Volvo Ocean Race exigem que a tripulação leve a bordo algumas máquinas e acessórios para fazer
consertos de emergência. Diante da necessidade de conjugar leveza e eficiência, a equipe brasileira acabou optando por levar
ferramentas elétricas da Bosch no
Brasil 1.
A maioria das máquinas cedidas aos velejadores brasileiros é movida a bateria. Com
isso, a equipe se livra dos fios enormes que
seriam necessários para dar conta das dimensões do barco (21,5 metros de comprimento, mastro de 31,5 metros de altura).
Outra vantagem é que uma mesma bateria
serve em vários tipos de ferramentas, o
que dispensa o embarque de muitos componentes. A linha de ferramentas a bateria
da Bosch é composta principalmente de
furadeiras, parafusadeiras e esmerilhadeiras, todas leves e robustas, que podem ser
usadas em vários tipos de materiais.
35
Fotos Divulgação
34 grandes obras Bosch
Na Volvo Ocean Race, a mais famosa regata de volta ao mundo, barcos percorrem 57,8 mil quilômetros
e enfrentam ondas de até dez metros, icebergs e tempestades
«
BRASIL 1
terá a bordo
computadores, fax,
internet, telefone por
satélite, GPS e dez
câmeras de vídeo
Montados separadamente e de cabeça para baixo, o casco e o convés foram
unidos, sete meses depois do início das
obras. As fases seguintes foram pintura
(dez horas só para pintar o casco), montagem das ferragens no convés e instalação de alguns equipamentos internos.
Após 35 mil horas de trabalho, o Brasil 1
saiu do estaleiro de Indaiatuba e foi levado
à Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Em
razão das dimensões e do peso do barco,
o trajeto de 640 quilômetros demorou três
dias, com o Brasil 1 colocado em uma carreta de 24 metros. No Rio, foram instaladas
peças fundamentais: mastro (de 31,5 metros de altura), quilha (4,4 toneladas), leme,
cabos e sistemas eletrônicos. Em 23 de
junho, ainda sem vela, a embarcação foi
batizada e, duas semanas depois, velejou
pela baía da Guanabara. Enquanto os tripulantes testavam o barco durante o dia, a
equipe de apoio fazia à noite os acertos finais na estrutura.
O processo de construção salienta
uma das características do Brasil 1, e mesmo de outros barcos da Volvo Ocean Race: trata-se de aventura, sim, mas muito
bem planejada – nada a ver com os antigos navegantes que, com equipamentos
precários, lançavam-se em busca de terras desconhecidas, temendo os deuses da
tormenta. Os velejadores que vão encarar
o “Everest da Vela” viajarão munidos de
dois computadores, um equipamento de
segurança chamado epirb, que emite sinais sobre a localização do barco, telefone
por satélite, fax, internet, GPS e dez câmeras de vídeo. Sim, além de se preocuparem com ventos, ondas, rotas, regulagens
e obstáculos como icebergs e baleias, os
navegantes ainda precisam queimar a
pestana com a edição e o envio de imagens para os organizadores da prova. Toda
a comunicação com a terra firme é feita
via satélite. “A tecnologia é um dos pontos
fortes do barco”, resume Ricardo Ermel,
falando sobre a embarcação brasileira.
Essa parafernália eletrônica é alimentada por um gerador de eletricidade de
18 hp. Além dele, o Brasil 1 tem ainda um
outro motor (de 55 hp), usado apenas
para atracar e desatracar, ou em casos
de emergência. Mas o motor fundamental mesmo são as velas: podem ser usadas 11 em cada uma das nove etapas e
24 durante toda a prova, para serem trocadas de acordo com as condições climáticas. O barco navega 24 horas por
dia, com exceção das sete paradas nos
oito meses de competição. “Os velejadores se revezam em turnos de quatro
horas. É preciso velejar 24 horas sem parar, pois cada segundo é muito importante”, destaca Scheidt. A correria é tama-
nha que alguns consertos são feitos com
o barco em movimento – um dos tripulantes (André Fonseca) fez até curso especial de mergulho para fazer os reparos
embaixo d’ água.
Para aumentar a velocidade,
uma das preocupações é diminuir o peso,
e, portanto, levar o mínimo de bagagem
possível. Assim, nada de geladeira: os
atletas levam comida desidratada (como
arroz e feijão) e um dessanilizador (que
purifica a água salgada). Um fogão a gás e
uma panela de pressão dão conta do
recado – a dieta espartana dos velejadores não comporta receitas complicadas. A economia de bagagem inclui eliminação ao máximo de fios: todas as ferramentas usadas na reparação do barco
são portáteis. “Imagine o tanto de fio que
seria necessário para fazer um conserto
no pico do mastro, que tem mais de 20
metros de altura”, comenta Ermel.
Todas essas preocupações visam garantir não apenas que o Brasil 1 dê a volta
ao mundo com rapidez e segurança, mas
também que cumpra a tarefa hercúlea à
frente de adversários de peso: os barcos
holandeses ABN Amro 1 (comandado pelo neozelandês Mike Sanderson) e ABN
Amro 2 (comandado pelo francês Sebastien Josse), o sueco Ericsson Racing Team
(comandado pelo inglês Neil McDonald), o
norte-americano Piratas do Caribe (comandado por Paul Cayard, dos Estados
Unidos), o espanhol Movistar (comandado
pelo holandês Bouwe Bekking) e o australiano Premier Challenge (comandado
por Grant Wharington, da Austrália).
36 Brasil cresce Bosch
37
Indústria de
cosméticos cresce e
conquista o interesse de
um público que, antes,
passava longe das
prateleiras de produtos
de beleza: os homens
s
Beleza
para todos
os gostos
(e sexos)
e um passeio pelas ruas e
praias do Brasil não for suficiente,
os números do setor de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos deixam claro: os
brasileiros e as brasileiras são muito vaidosos. Enquanto a indústria nacional teve
expansão média anual de 2,4% entre 2000
e 2004, a produção de artigos de beleza
cresceu quase três vezes mais (8,2%), de
acordo com relatório da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
O setor é fortemente voltado ao consumidor feminino, mas os homens têm
uma responsabilidade maior nesse crescimento do que muitos imaginam. O Brasil
possui o sexto mercado do mundo em
cosméticos masculinos. Cada vez mais,
os brasileiros estão descobrindo produtos
desse tipo e ficando convencidos dos benefícios de usá-los. O administrador de
empresas paulistano Renato Suk, de 29
anos, é um deles.
Todos os meses, Suk gasta de R$ 250 a
R$ 350 em produtos de beleza. Seu ritual
diário, além do perfume, inclui desodorante com hidratante, gel para fazer a barba – também com hidratante –, xampu e
condicionador especial para iluminar cabelos claros, pós-barba que combate o
envelhecimento, protetor solar, adstringente para limpar a pele e uma emulsão
especial para cuidar da área dos olhos.
Em dias de festa, seu cabelo ainda ganha
um tratamento especial, com gel, cera ou
spray fixador. Todo o processo ocupa cerca de uma hora e meia, todos os dias.
O modelo Marcio Barbosa diz não ser
um consumidor compulsivo de produtos
cosméticos, mas usa com freqüência sabonete com hidratante e condicionador
leave-in, que dispensa enxágüe e dá forma aos cabelos.
Esses cuidados com a aparência mostram que Barbosa e Suk estão entre os
consumidores que fazem o comportamento do setor ser classificado como “excepcional” por João Carlos Basílio da Silva,
presidente da ABIHPEC.
Há outros fatores por trás desse desempenho positivo. Um deles é a emancipação feminina. As mulheres são as
principais consumidoras dos chamados
produtos de beleza e, na medida em que
vão ganhando espaço no mercado de
trabalho, não apenas têm mais dinheiro
para gastar com cosméticos como precisam mais deles. “O mercado está cada
dia mais competitivo, o que exige uma apresentação cada vez melhor. Para se
manterem nele, as mulheres precisam
mais de produtos cosméticos do que precisariam se estivessem em casa, cuidando dos filhos”, afirma Silva.
Outro ponto por trás do sucesso do
ramo são os preços, mais baixos em comparação com produtos de outras indústrias. “Em um país onde a renda per capita em média é muito baixa, o preço é fundamental”, diz o presidente da ABIHPEC.
Os preços menores se justificam pela alta
competitividade. O mercado interno brasileiro do setor movimenta US$ 14 bilhões
ao ano, segundo a associação. Ou seja:
“1% desse mercado corresponde a US$
140 milhões. É muito dinheiro e ninguém
quer perder nenhum milímetro de espaço”, diz Silva. Quem ganha com a briga entre as empresas é o consumidor. “Há 10
anos, era impossível comprar um xampu
de qualidade por menos de US$ 10. Hoje,
encontramos bons xampus muitas vezes
por até menos que US$ 2”, compara.
Por fim, o crescimento do ramo
de cosméticos se explica também por
serem produtos que praticamente não
apresentam rejeição entre a população.
“Se você pega a porcentagem da renda
do mês que famílias brasileiras das classes A e B gastam com cosméticos, você
vai ver que é a mesma que famílias das
classes C e D gastam. Algo em torno de
2%”, afirma Renato Garcia, professor de
economia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, autor de um estudo sobre o setor de cosméticos encomendado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Se, entre as mulheres, a rejeição a produtos de beleza é praticamente nula, de
acordo com Silva, entre os homens ela está diminuindo cada vez mais. “Tudo começou com o protetor solar”, conta ele. “Os
homens foram convencidos da importânFotos Rachel Guedes
Crescimento dos últimos anos levou o Brasil ao sexto lugar no mercado mundial de cosméticos para homens
«
POR MARÍLIA JUSTE
39
38 Brasil cresce Bosch
«
CLASSES
C e D usam
cosméticos tanto
quanto classes A e B,
segundo estudo
encomendado pelo
Ministério do
Desenvolvimento
Fotos Rachel Guedes
cia de usar protetor solar para a saúde. A
partir daí, foram os cremes hidratantes. E,
aos poucos, eles se convenceram de que
é importante se cuidar”, afirma. “Um homem que não cuida da pele hoje demonstra uma grande burrice, uma grande falta
de conhecimento dos benefícios para sua
saúde”, argumenta.
Foi reconhecendo essa importância
que Renato Suk começou a cuidar da própria aparência. “No começo da adolescência, eu era largado, gordo e desajeitado.
Isso passou a me incomodar. Com o tempo, passei a me cuidar. Primeiro, um regime; depois, roupas novas, cabelo arruma-
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Mais de 200 embalagens por minuto
A Bosch tem uma presença importante no segmento de embalagens de cosméticos (como
sabonetes, batons, cremes e perfumes). As máquinas disponíveis fazem serviços variados,
e entre elas se destacam as encartuchadoras. Há dois modelos, entre os vários existentes,
capazes de montar as caixas que acondicionam os produtos. A CAR T5 é um projeto alemão,
nacionalizado recentemente, capaz de fazer até 100 caixas por minuto. O outro é a Contina/CUK, que faz até 250 embalagens por minuto, de forma contínua; da sua última versão
foram vendidas, no Brasil, mais de dez unidades e, nas versões anteriores, mais de 40.
“A embalagem de um produto cosmético é muito importante, pois ela é a apresentação
desse produto”, enfatiza Otávio Silveira, da Unidade de Negócios Farmacêuticos e Cosméticos da Divisão Tecnologia de Embalagem da Bosch, em Alphaville (Barueri-SP).
A caixa é desenhada para a máquina, chegando desmontada e empilhada em pacotes. A
função da encartuchadora é armar a caixa, introduzir o produto e fechá-la, com cola quente
ou por encaixe das tampas. Esse processo pode ser totalmente automático ou semiautomático, com algumas etapas feitas por funcionários na linha de produção. Quando o produto a ser inserido é muito pesado – como vidros de perfumes – o fundo já vem montado
e preso, ou é fechado com cola quente. A máquina, então, insere-o na embalagem e a
do”, conta o administrador de empresas.
“Aí você começa a descobrir como é bom
ser notado por qualidades positivas. Passei a curtir me cuidar para ter uma aparência jovem, saudável e para que, se alguém quisesse me notar, que notasse por
coisas boas, e não ruins”, diz.
O professor Ronaldo Tuccori, de 49
anos, costuma levar os óleos trifásicos
(usados tanto no banho quanto como perfume e hidratante, compostos por três óleos que não se misturam) para suas aulas
de Química em um cursinho de Campinas
(SP). Além de ensinar princípios químicos
a partir dos óleos, ele conta aos estudantes que usa esses produtos e defende que
os homens precisam cuidar da aparência.
“As meninas acham o máximo. A maioria
dos meninos diz que é frescura, faz pose
de machão. Mas, de vez em quando, sempre vem um pedindo conselho, querendo
saber que xampu eu uso”, conta.
Esse aumento no interesse masculino
pela beleza reflete-se também nas clínicas
de estética. Quatro anos atrás, empresários paulistanos perceberam a mudança
de atitude dos homens e criaram um centro de estética exclusivamente masculino,
a Garagem. “Oferecemos tratamentos de
estética facial, corporal e capilar para homens de todas as idades”, explica o sócio
da empresa Enrico Damasceno. O sucesso foi tanto que hoje a loja possui 4 mil
clientes cadastrados e planeja abrir duas
franquias até o final do ano – uma também em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Os serviços oferecidos vão desde
cortes de cabelo e barba até drenagens
linfáticas, tratamentos contra gordura localizada e massagens.
O presidente da ABIHPEC avalia que
essa tendência terá bons resultados no
futuro. “Hoje, quando você vê um homem
de 50 anos e uma mulher de 50 anos, o
aspecto deles é muito diferente. Porque
a mulher aprendeu a se cuidar desde cedo, ela tem uma aparência melhor”, afirma Basílio da Silva. “Os homens mais
jovens estão percebendo isso agora e no
futuro serão mais bonitos e saudáveis do
que seus pais e avôs são hoje”, prevê.
Renata Ferreira, coordenadora de
marketing da Memphis, uma empresa de
produtos de higiene pessoal e cosméticos
de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, acredita que o aumento do interesse masculino por cosméticos tem muito a ver
com o acesso à informação. “Hoje existe
uma abertura maior para conhecer os benefícios que esses produtos trazem ao
bem-estar de homens e mulheres. Com isso, os homens se permitiram cuidar de
suas aparências”, diz. Aproveitando o
crescimento do setor, a Memphis, cuja
produção se concentra principalmente em
sabonetes, está preparando o lançamento
de uma linha de cremes hidratantes para
a próxima temporada de verão.
Entre os produtos mais procura-
O administrador de empresas Renato Suk: uma hora e meia por dia para cumprir o ritual de cuidados à pele e ao cabelo
dos pelo consumidor brasileiro, de acordo
com a ABIHPEC, estão os voltados a cuidados com o cabelo, especialmente as
tinturas – usadas tanto por homens quanto por mulheres. Segundo Márcia Corrêa,
gerente de informações e pesquisas quantitativas da marca L’Oreal, são exatamente
as tinturas para cabelos que estão impulsionando as vendas da empresa. Ao lado
delas, estão os protetores solares – o que
corresponde também aos dados apresentados no relatório da ABIHPEC sobre o
crescimento do setor.
Para Silva, o interesse dos homens em
cosméticos é mais uma prova de que o
mercado tende a crescer. “Hoje, esses produtos abrangem uma camada de pessoas
bem maior que há 20 ou 30 anos. E ainda
assim a possibilidade de crescimento é
enorme. Os homens que usam esses produtos ainda são poucos, mas eles estão
aumentando. Só mostra o potencial de expansão dessa indústria”, afirma.
O presidente da ABIHPEC reivindica,
porém, a redução da carga tributária que
incide sobre o setor. Para ele, a evolução
da tecnologia de criação de novos produtos permitiu que eles deixassem de ser
apenas supérfluos. “No passado, um batom era simplesmente decorativo. Hoje, há
batons que trazem enormes benefícios à
saúde, com hidratantes e protetores solares que combatem o surgimento de cânceres, por exemplo”, explica. “Esse batom
paga, hoje, oito vezes mais impostos que a
gravata que eu estou usando. O critério de
necessidade dos tributaristas brasileiros
precisa ser reciclado”, defende.
40 atitude cidadã Bosch
41
Fotos Rachel Guedes
P O R
A L A N
I N F A N T E
Leis de incentivo
ajudam a financiar
cultura com
recursos suficientes
para fazer 20
montagens como a de
“O Fantasma da Ópera”
Espetáculo
garantido
Incentivo à cultura
por meio da Lei Rouanet
cresceu 12%
em 2004 e deve
bater recorde em 2005,
beneficiando
espetáculos como
os da Orquestra
Sinfônica de Campinas
e o apetite das empresas
pelos patrocínios culturais continuar como está, os guias de literatura, teatro, cinema e exposições ficarão cada vez
mais gordos. Os investimentos em produções artísticas devem ultrapassar R$ 500
milhões este ano, só por meio da principal
medida de captação de recursos junto ao
setor privado, a Lei Rouanet, segundo a
Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. Esse montante seria suficiente para financiar mais
de 60 filmes como “Cidade de Deus”, que
custou R$ 8,2 milhões, ou para bancar os
gastos de quase 20 montagens da temporada brasileira de “O Fantasma da Ópera”, o mais caro espetáculo já realizado
no país, com um orçamento estimado em
R$ 26 milhões.
A explicação para esses investimentos
culturais em larga escala está nas isenções
fiscais oferecidas pelas leis de incentivo
municipais, estaduais e federal, que, na
prática, permitem que o setor privado canalize para projetos artísticos parte dos recursos que gastaria com pagamento de
impostos. Essas medidas têm dado novo
gás à chamada indústria criativa, que engloba todos os tipos de manifestações culturais, do artesanato ao cinema. No Brasil,
esse setor responde por cerca de 1% do
Produto Interno Bruto (PIB), mas tem potencial para chegar a 7%, segundo estimativa do ministro da Cultura, Gilberto Gil.
Além de estimular o crescimento da
produção artística brasileira nas mais diversas áreas, esses instrumentos de captação de recursos junto à iniciativa privada
«
s
trazem vantagens tanto para o público, que
tem à disposição uma maior riqueza de elementos e programas culturais, quanto
para as empresas patrocinadoras, que
ganham visibilidade com sua imagem vinculada a projetos ligados à arte e ao entretenimento – e isso sem desembolsar
nada ou consideravelmente menos do que
gastariam se não houvesse a isenção de
pelo menos parte dos impostos.
O esquema tem dado certo. Cresce a
cada ano o número de empresas que recorrem às leis de incentivo para patrocinar
iniciativas culturais. Isso inclui cinema, literatura, música, programas não-comerciais
de rádio e televisão, fotografia, artes cênicas (teatro, dança, circo, óperas, mímica,
fantoches), artes plásticas, gravuras, coleção de selos, folclore, artesanato e até
42 atitude cidadã Bosch
«
INVESTIMENTOS
em produções
artísticas por
meio da Lei Rouanet
devem ultrapassar
R$ 500 milhões
em 2005
43
Fotos Divulgação
mesmo a restauração de bibliotecas, de
museus e do patrimônio histórico arquitetônico e arqueológico.
Em 2004, 1.729 empresas usaram a Lei
Rouanet para financiar produções artísticas – um aumento de 28% em relação ao
registrado em 2003 (1.347). Essa elevação
teve reflexo no número de projetos que
conseguiram captar recursos no setor privado, que também subiu quase 28%, de
1.529 para 1.953, e no volume de recursos
captados, que apresentou uma alta de
quase 12%, passando de R$ 428 milhões
para R$ 479 milhões no mesmo período,
segundo o Ministério da Cultura.
Sem patrocínio,
“O Quebra-Nozes”
(à esquerda,
ao alto), “Pedro
e o Lobo” (à
esquerda,abaixo)
e “O Fantasma
da Ópera”
dificilmente
sairiam do papel
Essa escalada é resultado do maior
conhecimento das leis de incentivo pelo
empresariado, afirma Katia Rocha, consultora de marketing da Art Cultural. “As empresas desconheciam o funcionamento da
Lei Rouanet, tinham receio de expor seus
balanços financeiros. Conforme a foram
conhecendo, viram que seus mecanismos
são simples”, defende. Segundo ela, sem
esse instrumento de captação de recursos
A Bosch na sua vida
Da ópera ao sapateado
O incentivo à cultura é um dos três pilares da política sociocultural da Bosch, que também se apóia na educação básica e profissionalizante de adolescentes, e na saúde, através do meio ambiente. “Os
projetos artísticos patrocinados são selecionados de acordo com critérios rigorosos, que levam em consideração desde a seriedade de
seus executores, o conteúdo e a maturidade do projeto, até os benefícios que a iniciativa pode trazer para a comunidade”, afirma Alexandre
Boldrin, analista de Relações Corporativas da empresa.
Entre os projetos que a Bosch apóia atualmente está a montagem
brasileira de “O Fantasma da Ópera”, considerado um dos maiores musicais da Broadway, já realizado em 116 cidades de 21 países e em
nove línguas diferentes. Encenado por 38 atores, cantores e bailarinos
e por 17 músicos, o espetáculo começou a ser apresentado em abril,
em São Paulo, e deve continuar em cartaz até o final do ano que vem.
A realização de “O Fantasma da Ópera” no Brasil permite que um
público maior no país tenha acesso ao musical. “O custo do ingresso em São Paulo é bastante reduzido em comparação aos preços
praticados na Europa ou nos Estados Unidos”, defende Boldrin.
“Além disso, a temporada nacional permite que artistas brasileiros
tenham a oportunidade de participar de uma grande produção inter-
nacional e coloca o Brasil definitivamente no circuito de apresentações da Broadway”, completa.
A Bosch também patrocina desde 2002 a Orquestra Sinfônica de
Campinas, uma das dez maiores do Brasil, com 82 músicos permanentes. Para viabilizar a realização dos 36 concertos da temporada
2005 com ingressos a preços populares, a empresa investiu R$ 200 mil.
O patrocínio ainda permitiu que a orquestra “investisse num repertório
de ponta e trouxesse grandes artistas, como o violoncelista brasileiro
Antonio Menezes, o maestro suíço Karl Martin e o pianista polonês
Piotr Paleczny”, afirma Henrique Lian, maestro da orquestra.
O terceiro projeto incentivado pela Bosch é o Dança e Cidadania,
que dá aulas gratuitas de balé clássico e sapateado americano para
450 crianças de bairros da periferia de Campinas (SP). Além de contribuir para a melhoria da postura corporal dos freqüentadores, a iniciativa investe na profissionalização de jovens bailarinos. Cerca de 20 adolescentes integram o chamado grupo de elite, que recebe treinamento especial diário da coreógrafa e coordenadora do projeto, Lúcia
Teixeira. Em dezembro, todas as crianças que participam da iniciativa
apresentarão duas peças – “O Quebra-Nozes” e “La Fille Mal Gardée”
– acompanhadas pela Orquestra Sinfônica de Campinas.
muitos projetos não sairiam do papel.
“Sem patrocínio é muito difícil”, frisa.
O secretário de Fomento e Incentivo
à Cultura, Sérgio Xavier, concorda. Para
ele, a Lei Rouanet é a única alternativa
para milhares de projetos. “Ela viabiliza
um acesso bem maior a recursos. Para se
ter uma idéia, em 2004, o dinheiro captado junto à iniciativa privada superou o
orçamento do próprio Ministério da Cultura. O orçamento das secretarias de Cultura estaduais e municipais em geral
também é bastante reduzido. Então, o papel das empresas é fundamental para o
avanço desse setor”, destaca.
Ainda não foram criadas fórmulas
para calcular o retorno trazido pelo apoio
a iniciativas culturais, mas ele certamente
é considerável. Prova disso é que 58%
dos consumidores de classes A e B se
recordam das marcas que patrocinam
filmes, exposições, peças, shows e outros
eventos, segundo uma pesquisa do instituto Ipsos Opinion feita em cinco capitais
brasileiras. Nas classes C, D e E, no entanto, esse número diminui para 36%. As em-
presas que investem em produções artísticas, para Xavier, não estão simplesmente aproveitando parte do dinheiro
que gastariam com o pagamento de impostos para a divulgação de sua marca,
mas, sim, impulsionando um setor estratégico para o Brasil. “Os países que investiram em cultura estão prosperando. Nos
Estados Unidos, a segunda maior fatia do
PIB pertence à indústria do audiovisual,
atrás somente da indústria bélica. Duvido
que os Estados Unidos tivessem a influência que têm no mundo sem a música e o
cinema”, afirma.
A indústria criativa é a “grande arma deste novo século”, segundo o secretário. “Se o Brasil quiser ser líder mundial
em alguma coisa, a cultura é a maior alternativa. O país possui uma diversidade
imensa e a cultura permeia quase tudo.
Eu costumo dizer às pessoas que imaginem um apagão cultural, um dia sem
livros, novela e música. Seria horrível”, argumenta. “Nesse contexto, as leis de incentivo têm uma importância decisiva”.
PATROCÍNIO
Entenda as
leis de incentivo
à cultura
Permitir às empresas que utilizem,
em projetos artísticos, parte do dinheiro que gastariam com tributos. É esse o
espírito das leis de incentivo, sejam elas
municipais, estaduais ou federal. A proposta é simples: como no orçamento
da maioria dos governos os recursos
destinados à cultura são geralmente
escassos, os artistas e produtores, em
vez de recorrer ao Estado, procuram
patrocínio na iniciativa privada, com o
atraente argumento de que, sem desembolsar nenhum centavo além do
que gastaria em impostos, o empresário poderá vincular sua marca àquele
livro, show, produção de artesanato, ou
outra ação desse tipo.
A Lei Rouanet é o principal instrumento de captação de recursos para
iniciativas culturais no Brasil. Por meio
dela, as empresas que pagam a alíquota de 15% no Imposto de Renda de
Pessoa Jurídica podem investir em produções até 4% do imposto devido e deduzir o valor na hora de pagar o Fisco.
Por exemplo, uma empresa que tem
um lucro líquido de R$ 200 mil e teria
de pagar R$ 30 mil de imposto de renda pode investir até R$ 1,2 mil em projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura. Esse valor, de R$ 1,2 mil,
será deduzido na conta final do Leão.
Ou seja, caso o empresário aplique os
R$ 1,2 mil em produções artísticas, basta que ele apresente essas notas fiscais
ao governo e, ao invés de R$ 30 mil, terá de pagar R$ 28,8 mil em impostos.
A verba investida só não é abatida
em 100% nos investimentos em filmes
de ficção – que já têm uma lei de incentivo específica – e em projetos de música popular. Nesses casos, a dedução é
de 30% do valor aplicado. Pessoas físicas também podem patrocinar iniciativas culturais, com um desconto de, no
máximo, 6% do imposto de renda.
Além da Rouanet, existem as leis de
incentivo à cultura estaduais, que geralmente oferecem descontos no Imposto sobre Comércio de Mercadorias e
Serviços (ICMS), e municipais, que dão
isenção aos investidores em Imposto
sobre Serviços (ISS) ou Imposto Municipal sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
44 aquilo deu nisso Bosch
A origem do ABS,
considerado
o sistema de freios
mais moderno da
atualidade, remonta
às ferrovias do início
do século 20
e
45
m uma das cenas mais fes-
tejadas do filme Homem Aranha
2, o herói aracnídeo tenta parar um trem
em alta velocidade. Depois de muito esforço e muita teia gasta, o personagem
vivido pelo ator Tobey Maguire consegue
deter a locomotiva desgovernada e evitar
um grave acidente. Mesmo com elevada
dose de ficção, a situação mostra que para
frear um veículo em movimento é necessária muita força. Por esse motivo, o sistema de freios sempre foi, no mundo real,
alvo de estudos e experimentações.
Não por acaso, foi nas ferrovias que
surgiu o embrião do que hoje é considerado o que há de mais moderno em sis-
Divulgação
temas de freagem para automóveis – o
Antilock Braking System (ABS). O desenvolvimento do dispositivo, que evita o
bloqueio das rodas durante uma freada
brusca, começou no início do século 20.
Na época, os trens reinavam absolutos
como o meio de transporte mais rápido
do planeta, mas a tecnologia de freagem
não acompanhava o ritmo da potência
crescente dos motores a vapor que impulsionavam as locomotivas. Era preciso
desenvolver um sistema de freios mais
eficiente, que fosse capaz de parar o
comboio em curto intervalo de tempo.
Foi analisando o comportamento das
rodas do trem durante uma freada de
Do trilho para o asfalto
O Antilock Braking System (ABS) evita o
bloqueio das rodas durante uma freada brusca
emergência que os projetistas chegaram
à primeira conclusão importante: o problema não estava na falta de força do sistema, ao contrário, havia excesso de força, que travava as rodas e prejudicava o
desempenho de frenagem e a estabilidade do trem.
A primeira tentativa de corrigir isso se
deu em 1908, quando o britânico J.E. Francis apresentou o dispositivo chamado regulador de prevenção de deslizamento.
Outras propostas semelhantes surgiram
nas décadas seguintes, mas a falta de recursos tecnológicos impediu que os inventos saíssem da prancheta e se tornassem um acessório produzido em escala industrial.
Só na década de 70 um projeto na área saiu da gaveta – com aplicação não
nos trens, mas nos carros. Na época, a
Bosch deu início ao desenvolvimento de
um sistema antibloqueio para veículos de
passeio. A idéia central era criar um dispositivo eficiente e, ao mesmo tempo,
viável do ponto de vista econômico. Para
isso, a empresa apostou na fabricação de
um sistema gerenciado por módulo eletrônico, com funcionamento semelhante
ao de um computador, com leitura e processamento de informações. Foi levando
em conta esses fatores que, em 1978, a
Bosch lançou o primeiro sistema antibloqueio de rodas produzido em larga escala no mundo. Batizado pela companhia
de Antilock Braking System, ele equipou
inicialmente o modelo Classe S da Mercedes Benz. Meses depois, a BMW incorporou o acessório nos modelos da série 700.
Aos poucos, ele difundiu-se mesmo entre
os automóveis menos luxuosos.
1995
P R E Z I A
1993
G U I L H E R M E
Gettyimages
P O R
Assim como nos sistemas atuais, o
modelo lançado pela Bosch em 1978 era
composto por três unidades básicas: sensores de movimento nas rodas, unidade
hidráulica e unidade de processamento
central. Para avaliar o risco de travamento
em uma das rodas, a unidade de processamento compara o movimento das rodas
dianteiras e das traseiras. Se detectar risco
de travamento em uma delas, alivia momentaneamente a pressão dos freios por
meio da ação da unidade hidráulica.
O primeiro modelo de ABS comercializado pela Bosch pesava 6,3 quilos e
possuía 140 componentes. Com o passar
dos anos, esses números foram caindo; a
geração mais recente do ABS – lançada
em 2003 – chegou a 1,6 quilo, com apenas 16 componentes. De acordo com
Geraldo José Gardinalli, do setor de Engenharia de Aplicação ABS da Bosch, a
redução do número de componentes,
além de deixar o sistema mais leve e compacto, contribuiu para reduzir o risco de
eventuais falhas.
Outra evolução está na capacidade da
unidade de processamento, que passou
de 2 kbytes em 1978 para 128 kbytes em
2003. Na prática, esse aumento representou um ganho significativo de desempenho. Segundo Gardinalli, o aprimoramento
do processador resultou em melhoria da
performance do ABS. Além disso, com
mais memória o dispositivo executa mais
funções, como, por exemplo, diagnosticar
eventuais falhas no sistema.
A evolução técnica possibilitou que o
ABS conquistasse um importante mercado. Em 1978, quando foi lançado, ele equipava apenas 0,02% dos veículos saídos de fábrica. Vinte e cinco anos depois,
em 2003, essa participação chegou a 69%.
Na Comunidade Européia, essa proporção já chega a 100%. No Brasil, o ABS está presente, hoje, em 12% dos carros novos nacionais.
A Bosch aprimora o sistema, reduzindo o peso
e o tamanho do acessório, além de aumentar
a capacidade do processador central. No
mesmo ano, o ABS chega ao mercado
brasileiro através do Volkswagen Santana.
29% dos automóveis novos vendidos
no ano são equipados com ABS.
A Bosch aperfeiçoa o sistema,
reduzindo mais ainda as dimensões
e o peso do equipamento (para 2,6 quilos).
A unidade de processamento tem
sua memória ampliada para 24 kbytes.
2003
A Bosch lança o primeiro sistema
ABS produzido em larga escala para
a indústria automobilística: o ABS2, que
equipou inicialmente o Mercedes Classe S.
Pesava 6,3 quilos e tinha 140 componentes.
1989
O britânico J.E.Francis apresenta o regulador
de prevenção de deslizamento, projetado
para locomotivas. Nas décadas seguintes,
surgiram propostas similares, mas pouco viáveis.
1978
1908
Evolução do ABS
O ABS chega a 69% dos veículos
produzidos no mundo. A Bosch coloca
no mercado uma nova versão, ainda mais
leve (1,6 quilo), compacta e com maior
capacidade de processamento (128 kbytes).
46 áudio Blaupunkt
POR GUILHERME PREZIA
47
Para digerir a sopa de
letrinhas
Decifrar siglas como MP3, Kbps, CD-R e CD-RW não é difícil e
abre caminho para gravar até 700 minutos de música em um só disco
‘r
No mundo da eletrônica, as siglas estão em toda parte e servem para designar principalmente recursos e sistemas
que tentam facilitar a vida do consumidor. Uma das cada vez mais freqüentes é
MP3 (Moving Picture Experts Group Audio Layer-3), abreviatura usada para identificar um formato compacto de arquivos
digitais de música. Na prática, esse sistema permite gravar num único CD (aliás,
Compact Disc) de áudio até 700 minutos
de música, sem que haja grande perda
de qualidade em relação ao formato convencional. A maioria dos novos aparelhos
de CD para carro já está preparada para
executar discos com músicas em MP3.
Para dominar de vez o tema é importante conhecer uma outra sigla: Kbps
(kilobytes por segundo). Essas quatro consoantes juntas podem assustar, mas o termo é simples: ele indica a qualidade de
compressão do arquivo. Quanto maior a
quantidade de Kbps, melhor será a qualidade de áudio. Porém, quanto melhor a
qualidade, maior também será o tamanho
do arquivo – ou seja, ocupará mais espaço
no disco ou em outra mídia em que estiver gravado.
Um bom equilíbrio entre qualidade e
tamanho pode ser obtido em MP3 que
tenham entre 128 e 192 Kbps. Um arquivo desse tipo com música de cinco minutos, gravada com qualidade de 128 Kbps,
Ilustração Orlando
ipe o CD para MP3 em 128
Kbps e utilize um CD-R de qualidade para fazer a gravação”. A frase pode
parecer conversa de analistas de sistemas, mas se refere a um dos procedimentos mais comuns quando o assunto é música: gravar um CD com arquivos de MP3.
Ainda parece complicado? Pode até ser,
mas fica mais simples quando se entende
o significado de cada uma das siglas que
envolvem o processo.
«
48 áudio Blaupunkt
«
PARA GRAVAR
o MP3 em um
disco compacto é
necessário ter um
gravador de CDs e
um programa
específico
vai ter tamanho próximo a cinco megabytes. Isso significa que é possível colocar num CD cerca de 140 músicas, com
cinco minutos cada. Usando não MP3,
mas arquivo convencional (.wav, como os
usados nos discos musicais lançados em
escala industrial), daria para gravar pouco
mais de dez músicas.
Essa redução de tamanho nas
músicas resulta em diversas vantagens
para o usuário. A principal é a comodidade, uma vez que não há necessidade de
o motorista ficar trocando de discos enquanto dirige. Além de contribuir para aumentar a segurança ao volante, o sistema
MP3 também ajuda a economizar espaço
no porta-luvas, pois não é preciso carregar aquele tradicional estojo de CDs.
Falta agora, para entender a frase lá
de cima, saber o significado do termo
rip, que, em inglês, pode significar “rasgar”, “abrir”, “rachar”. No Brasil, foi logo
adaptado e virou o verbo ripar. Ripar um
disco significa pegar aquele velho CD de
música empoeirado na prateleira, copiar
suas músicas e transformá-las em arquivos MP3. O processo torna possível, por
exemplo, juntar todos os CDs de estúdio
dos Beatles, transformá-los em MP3 e
colocá-los num único CD (que, geralmente, comporta 700 megabytes, ou 700 minutos de música no formato MP3).
Qualquer computador equipado com
uma entrada (drive) de CD é capaz de
ripar um disco. Para isso, é necessário
usar um programa específico que transforma o formato tradicional das músicas
do CD (.wav) em MP3. As versões mais
atuais e completas do Windows Media
Player já vêm com essa função. Outra opção é instalar o programa Audiograbber
(www.audiograbber.com), um dos mais
usados para ripar CDs.
Feito isso, no entanto, só é possível
ouvir as músicas no computador. Para
gravar o MP3 em um disco compacto é
necessário ter um gravador de CDs e um
programa para controlar a gravação – o
mais usado é o Nero (www.nero.com). As
versões mais completas do programa
executam todo o processo: transformam
o formato convencional em MP3 e gravam o MP3 em um outro CD.
Na hora da gravação, o usuário vai se
deparar ainda com outras duas siglas:
CD-R (CD-Recordable) e CD-RW (CD-ReWritable). Em ambos os casos elas se referem a CDs de gravação, os “CDs virgens”, comumente encontrados em vários supermercados e lojas do país. O CDR é o mais barato, mas nele só é possível
fazer uma única gravação. Já no CD-RW
podem-se apagar e regravar novos dados, assim como acontecia com as antigas fitas cassete ou de VHS.
Nessa etapa, à qualidade e ao tamanho do arquivo junta-se um terceiro fator
importante: a velocidade de gravação.
“Quanto maior for a velocidade, maior a
chance de perder o CD”, afirma Aroaldo
Veneu, autor do livro “Como fazer CDs de
alta qualidade” (Editora Campus). O usuário determina a velocidade no próprio software de gravação. A maioria dos CD-R pode ser gravada em velocidade de até 48X
(mais uma letra, agora para indicar a rapidez do gravador: um dispositivo de 1X é
capaz de gravar 50 kilobytes por segundo).
No entanto, é preferível gravá-los em velocidades inferiores, como 24X ou 32X.
Outro fator importante, segundo Veneu, é a qualidade do CD-R utilizado. O recomendável é utilizar discos de marcas
conhecidas; na dúvida, há programas que
servem para checar a qualidade do disco.
O mais conhecido deles é o CD-R Identifier, que pode ser obtido no endereço
www.cd-rw.org/software/cdr_software
/cdr_tools/.
Fotos Arquivo Bosch
Versátil e retrátil
Uma das características do tocador de DVD Aspen IVDM 7003 é a versatilidade: o aparelho é capaz de reproduzir música gravada em formato convencional e em MP3, roda CDR, CD-RW e CD comum e, claro, discos de DVD. Mas o grande chamariz desse aparelho –
lançado no Brasil pela Bosch, por meio de sua marca Blaupunkt – é um outro recurso tecnológico: sua tela de cristal líquido de sete polegadas, que tem um mecanismo retrátil.
Assim, toda vez que o DVD player é desligado, o monitor recolhe-se automaticamente para
dentro do aparelho. Além de prático, o dispositivo é especialmente útil para evitar roubos. A
tela possui também um moderno sistema de controle touch screen: o motorista aciona
todos os comandos por meio de um simples toque no monitor. Ao encostar o dedo na tela,
pode-se regular o volume, por exemplo, ou avançar faixas e alterar configurações, entre outras opções. O sistema de áudio faz jus a esse conjunto de tecnologia de ponta: o aparelho
exibe filmes no modo 5.1, que divide a reprodução em seis canais, numa estrutura semelhante à dos avançados home theaters e à das salas de cinema.

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