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VidaBosch Agosto | Setembro | Outubro de 2006 • nº 7 Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens Tecnologia para a vida O sabor de Minas Em Tiradentes, comida e arquitetura têm história para contar Sucesso nas massas Pãozinho está entre as comidas mais consumidas do Brasil Entre cestas e carros Magic Paula fala dos automóveis de que mais gosta editorial Boa leitura! Ellen Paula João Wainer Iara Venanzi/Kino.com.br 08 20 Renee Comet/ Getty Images Uma das características da VidaBosch tem sido mostrar aspectos inusitados do dia-a-dia. Mostrar a tecnologia avançadíssima de aparelhos aparentemente simples. Mostrar as qualidades de motorista de uma personalidade que se destaca em outras áreas. Nesta sétima edição, que temos a satisfação de lhe apresentar, a revista destaca uma face menos famosa da encantadora cidade de Tiradentes, em Minas Gerais. Além do casario his tórico charmoso e bem preservado, o município esbanja uma rica vida cultural e gastronômica. E, já que o assunto é gastronomia, não deixe de ler a seção saudável e gostoso, que mostra que o pão — às vezes visto como vilão dos regimes — é também importante fonte de energia. Na seção Brasil cresce, outra surpre sa: os freios ABS, aqueles que são mais eficientes em frenagens de emer gência, encaixam-se especialmente bem às condições climáticas do nosso país, onde chove muito. O fator inusitado revela-se também nas outras seções: as ricas e curiosas peças de valor histórico que surgem das escavações do metrô em Salvador, o lado motorista (precoce) da inesquecível Magic Paula, e a face dos ralis e das corridas de caminhões voltada ao mercado consumidor. Esta é a preocupação da Bosch: trazer a você um conteúdo útil e agradável, em cada edição da VidaBosch. 14 Rachel Guedes Um olhar especial sobre o dia-a-dia 02 Sumário 02 viagem | Em Tiradentes, a arte está nos prédios, nos museus e nas mesas 08 eu e meu carro | Magic Paula mostra que não foi precoce só nas quadras 10 torque e potência | Por que os ralis e a Fórmula Truck são um laboratório radical 14 casa e conforto | Nas mostras de decoração, as tendências para sua casa 20 saudável e gostoso | O pão nosso — e o dos franceses, italianos, sírios... 26 tendências | Mão no volante e olho no trânsito. O resto, o carro faz sozinho 28 grandes obras | Em Salvador, obras do metrô escavam a história da Bahia 32 Brasil cresce | Produção de carros com freios ABS cresce com velocidade 36 atitude cidadã | Com os deficientes, responsabilidade social encara um desafio especial 42 aquilo deu nisso | Da corda ao laser, uma história dos aparelhos de medição 46 áudio | Descubra qual som se encaixa no seu gosto e no seu bolso Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (ADV). Se você tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 (outros locais) ou www.bosch.com.br/contato Presidente: Edgar Silva Garbade • Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva • Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Jesuíno Arruda, 797, 10° andar, CEP 04532-082, São Paulo, SP, tel. 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Esquecida pelo desenvolvimento urbano e industrial do século 20, a atual Tiradentes permanecia uma cidade bucólica, tipicamente interiorana, onde o tempo passa devagar. Hoje, muita coisa mudou. Tiradentes sofisticou-se, mas não virou mais uma daquelas cidades de interior tomada por burburinho urbano. Atraiu turistas de alta renda, mas mantém seu ar pacato. Em fins de semana ou feriados menos concorridos, os 6 mil moradores convivem em paz com centenas (ou até milhares) de turistas de Minas, São Paulo, Rio e, cada vez mais, do exterior. Todos dividem as ruelas e os becos históricos, mas não chegam a atropelar o ritmo lento das senhoras que conversam no Largo das Forras ou dos artistas que ocupam casas centenárias. Reconhecido como Patrimônio Histórico Nacional em 1938, o conjunto arquitetônico de Tiradentes é um dos mais harmônicos do país, e não por acaso vem servindo de locação para TV e cinema, como nas minisséries Memorial de Maria Moura, Os Maias e, mais recentemente, JK. A transformação da cidade também incluiu uma profusão de atrações para todos os gostos, em várias épocas do ano. Quem busca animação, por exemplo, deve programarse para conhecer Tiradentes no Carnaval. Os esforços para minimizar o impacto dos foliões sobre o patrimônio e a cultura locais têm dado algum resultado — restrições a sons elétricos, por exemplo, permitem que os tradicionais blocos embalados por marchinhas percorram as ruas todos os dias da festa. Janeiro é o mês do Festival de Cinema de Tiradentes, que em 2007 comemora sua 10ª edição, sempre com um número crescente de artistas e filmes convidados — em 2006 foram mais de 100 exibições, entre longas-metragens, curtas e vídeos nacionais, sempre com entrada franca. Cine-Teatro, Cine-Tenda e Cine-Praça, três grandes telas instaladas ao ar livre, reúnem moradores ávidos pelo contato com a sétima arte, uma vez que a cidade não possui salas de cinema. No fim de junho, é a vez de motoqueiros de todo o país, equipados com casacos de couro e máquinas no es- Iara Venanzi/kino.com.br tilo Harley Davidson, reunirem-se para o Encontro de Motos Antigas. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Gastronomia Já os adeptos da alta gastronomia devem agendar sua viagem para agosto, quando mais de 30 mil pessoas circulam pela cidade em função do badalado Festival de Cultura e Gastronomia. Durante almoços e jantares, chefs brasileiros e estrangeiros preparam sofisticados pratos baseados na tradição mineira, enquanto o público aproveita o ambiente descontraído do Largo das Forras, principal praça do município, onde mesas e cadeiras são espalhadas para que todos possam degustar bebidas e comidas. Mas a gastronomia de Tiradentes não é uma atração à parte ou um evento isolado no calendário. Com crescente sofisticação nos últimos anos, já é o principal motivo para muitos conhecerem e, principalmente, voltarem à cidade. Restaurantes sofisticados, comparáveis a casas de destaque das capitais, são mantidos por chefs de diferentes origens, que se mudaram atraídos por essa peculiar mistura de simplicidade e sofisticação de Tiradentes. O restaurante TragaLuz é um dos grandes exemplos dessa aparente contradição. Ingredientes locais, indispensáveis na comidinha Marcos Issa/Argosfoto Iara Venanzi/kino.com.br Reconhecido como Patrimônio Histórico Nacional em 1938, o conjunto arquitetônico de Tiradentes vem servindo de locação para TV e cinema e serve de cenário para agradáveis bate-papos caseira desde sempre, ganham novas companhias: o picadinho de carne faz par com o shitake, a couve é a base para o purê e a goiabada é frita e servida com castanha de caju. Um dos restaurantes mais tradicionais da cidade é o Teatro da Vila, especializado em comida francesa. Com freqüência, grupos instrumentais se apresentam nas suas dependências. Já o Sapore d’Italia Ristorante traz não só o sabor, mas o aconchego desse país. Mesas no Largo das Mercês convidam para uma conversa longa e contemplativa, regada a vinho, ao melhor estilo dos estabelecimentos que se misturam com as ruas das cidades italianas. Se preferir experimentar a insuperável cachaça mineira, seu destino é o Conto de Réis, onde há uma parede dessa “especiaria”. Para se esbaldar na comida mineira, uma ótima opção é o restaurante Estalagem do Sabor. O prato Mané sem Jaleco, o mais famoso Manutenção em tempo seco Viajar em tempo seco, como no inverno e outono, requer cuidados especiais. Para não correr o risco de ficar parado nas estradas de Minas Gerais, é importante checar alguns itens do carro. As peças que mais sofrem com a baixa umidade do ar são rolamentos e polias, segundo Cláudio Alvarenga, proprietário da Auto Claquel Peças e Acessórios, em São João Del Rei, ligada à rede Bosch Car Service. Ele recomenda que sejam verificadas a correia dentada (que sincroniza o funcionamento das válvulas) e as polias do alternador. Alvarenga enfatiza que uma ruptura da correia dentada faz com que o carro pare de andar, além de danificar outras peças. “A perda pode ser desde um simples empeno de válvula até o trincamento do cabeçote [peça que evita o vazamento de água ou óleo]”, conta. Já um problema na polia do alternador pode atrapalhar o funcionamento da bomba d’água e da direção hidráulica. Outro item de que não se deve esquecer, principalmente quando se viaja para regiões onde é comum haver neblina, como Tiradentes, são as palhetas dos limpadores de pára-brisa. Alvarenga recomenda que o item seja trocado sempre que deixar riscos e névoa no vidro ou quando estiver fazendo ruídos ou trepidando. O ideal nesses casos é adquirir um produto de maior durabilidade. Uma das opções são as palhetas ECO da Bosch, que vêm com o sistema Quick-Clip, que facilita a troca do equipamento, possibilita maior aderência ao pára-brisa e, conseqüentemente, uma limpeza melhor. Além de utilizar borracha natural, o componente possui um braço central vazado, o que ajuda a melhorar o desempenho do equipamento. 6 | VidaBosch | viagem | VidaBosch | 7 viagem G.Evangelista/ Opção Brasil Imagens A melhor maneira de conhecer Tiradentes é percorrer a pé suas ruas e calçadas. É preciso uma pequena dose de disposição para subir morros e escadarias, mas o relevo não é tão acentuado quanto o da prima famosa Ouro Preto do estabelecimento, leva couve, feijão, lombo, bacon, ovos e outros ingredientes típicos. Praças e igrejas Mas os encantos de Tiradentes não se restringem, claro, aos pratos de seus restaurantes. A melhor maneira de conhecer seu conjunto arquitetônico é percorrendo a pé suas ruas e calçadas — não se esqueça, portanto, de um sapato confortável e uma pequena dose de disposição para subir morros e escadarias. Seu relevo não é tão acentuado quanto o da prima famosa Ouro Preto, mas para chegar até a porta da Capela de São Francisco de Paula, por exemplo, sobe-se uma ladeira nada desprezível. A recompensa vem rápido: do gramado em frente à construção contempla-se uma das mais belas vistas da cidade. Se a preguiça falar mais alto, tudo bem: o carro chega ao lado dess e “mirante”, que abriga ainda um cruzeiro instalado em 1718. O Largo das Forras cumpre o papel de praça principal e o ponto de encontro de turistas e moradores. O espaço mostra o passar do tempo na cidade histórica: inicialmente ocupado pelo comércio comandado por escravas alforriadas (livres dos Centro Histórico de Tiradentes – MG Caminhos surpreendentes Ao lado, a Matriz de Santo Antônio, baseada em um projeto de Aleijadinho e com 500 quilos de ouro em seu interior Divulgação Tradicional restaurante de Tiradentes, o Teatro da Vila é especializado em comida francesa nio, mais significativo monumento religioso da cidade. Inaugurada em 1734, sofreu várias intervenções nas décadas seguintes até estabelecer-se no projeto atual. De uma pequena escadaria contempla-se a fachada baseada num projeto de Antônio Franscisco Lisboa, o Aleijadinho, que esteve na vila por volta de 1810. Trata-se de um de seus últimos trabalhos (já na fase final de uma doença degenerativa, morreu quatro anos depois). A grande riqueza da construção, no entanto, está no interior — a meia tonelada de ouro usada na decoração faz desta uma das mais ricas e belas igrejas do país. patrões, daí o nome forras), sofreu intervenção do paisagista Burle Marx e hoje serve de palco para procissões, blocos carnavalescos, exibições de cinema, motos antigas e descompromissados “dedos de prosa”. Ao contrário da grande maioria das cidades mineiras, o Largo não abriga a Igreja Matriz, e sim a discreta Igreja do Senhor Bom Jesus da Pobreza. Mas, para não subverter muito as regras urbanísticas regionais, o prédio da Prefeitura, construído em 1720, está lá em torno do Largo. Seguindo o passeio, o turista passa pelo Largo do Sol e chega à Matriz de Santo Antô- Fora da cidade, Tiradentes também guarda belas surpresas. Quem acorda cedo e cheio de disposição pode programar-se para subir a Serra de São José. A partir do bairro do Cascalho, um passeio de quatro horas leva ao topo do morro, a quase 1.500 metros de altitude, passando antes pela Calçada dos Escravos e terminando na Cachoeira do Mangue, sempre cercado pela Mata Atlântica. Outro grande atrativo é o passeio de Maria Fumaça entre Tiradentes e São João delRei. Os 12 quilômetros que seguem o curso do rio das Mortes são um resquício da antiga Estrada de Ferro Oeste-Minas, inaugurada em 1881. Em São João, aproveite para conhecer o Museu Ferroviário, que reúne locomotivas desativadas, equipamentos e fotografias de época. De carro, o caminho mais rápido entre as duas cidades vizinhas é pela BR-265, que é asfaltada e está bem conservada. Se tiver sem pressa, opte pela estrada de terra que liga as duas cidades e aprecie uma vista privilegiada da Serra de São José. Para quem aprecia artesanato de qualidade, ou apenas quer pegar uma estrada de terra e curtir uma paisagem bucólica, o distrito de Bichinho, localizado a 7 quilômetros da sede, é uma excelente opção. Na Oficina de Agosto são produzidas peças em madeira, esteira de taquara e outros objetos de decoração cada vez mais presentes em badaladas lojas do gênero. A localidade já conta com pousadas e restaurantes. Oficialmente, Bichinho pertence a Prados, município de grande tradição musical e Carnaval com direito a desfile de escolas de samba. Para conhecê-la, basta seguir a estrada por mais 15 quilômetros. Como chegar No século 18, a única via de acesso aos municípios onde havia extração de minerais era a Estrada Real, que cruzava Minas Gerais e canalizava o ouro para os pontos de controle da Coroa Portuguesa até chegar ao litoral do Rio de Janeiro. O antigo caminho percorrido por tropeiros serviu de referência para as estradas que hoje ligam Tiradentes a Ouro Preto. São 160 quilômetros recheados de atrações históricas e naturais, como a cidade Ouro Branco, os distritos ouropretanos de Lavras Novas e Chapada e, já na BR-383, os municípios de Entre Rios de Minas e Lagoa Dourada. Para quem vem de Belo Horizonte, Tiradentes está a 190 quilômetros de distância, e o acesso a essa rodovia se dá pela BR-040, no sentido Rio de Janeiro, com entrada logo após a cidade de Congonhas. Onde se hospedar Onde comer • Solar da Ponte uma das mais tradicionais e requintadas pousadas de Tiradentes. São 18 apartamentos decorados com móveis típicos. Pça. das Mercês. Tel.: (32) 3355-1255 www.solardaponte.com.br. • Pousada Pequena Tiradentes conta com 64 habitações, cada uma com um nome feminino e decoração única. Av. Gov. Israel Pinheiro, 670. Tel.: (32) 3355-1262 www.pequenatiradentes.com.br • Pousada do Ó mais simples, fica próxima à Matriz de Santo Antônio. Rua do Chafariz, 25. Tel.: (32) 3355-1699 www.guiadasvertentes.com.br/clientes/pousadadoo/ • Estalagem do Sabor Rua Min. Gabriel Passos, 280 Tel.: (32) 3355-1144 • Teatro da Vila Rua Padre Toledo, 157 Tel.: (32) 3355-1275 • Conto de Réis Largo das Forras, 62 Tel.: (32) 3355-1790 • Sapore D’ Italia Largo das Mercês, 13 Tel.: (32) 3355-1846 • Tragaluz Rua Direita, 52 Tel.: (32) 3355-1424 8 | VidaBosch | eu e meu carro | Por Ricardo Lopes João Wainer A ex-jogadora de basquete Paula: fã de carros prateados, de ABS e de airbag Precoce nas quadras e na direção Magic Paula estreou na seleção de basquete aos 14 anos, mesma idade com que começou a fazer peripécias ao volante M agic Paula, como ficou conhecida, sempre foi precoce. A menina Maria Paula Gonçalves da Silva desde cedo deixou evidente a sua paixão pelos esportes e praticou de tudo um pouco: atletismo, tênis de mesa, natação e xadrez. Mas foi observando partidas de basquete que descobriu sua verdadeira vocação. A primeira mostra de sua precocidade se deu quando teve a oportunidade de jogar basquete. Ela tinha apenas 12 anos, e o compromisso obrigava-a a deixar sua cidade natal no interior de São Paulo (Osvaldo Cruz) e ir para Assis, também no interior paulista. Era a primeira prova de sua responsabilidade. Dois anos depois, foi convocada pela Seleção Brasileira adulta e tornou-se a mais jovem jogadora do grupo naquela época. Um ano depois já era titular absoluta. Outra demonstração da precocidade envolve o automóvel: aos 14 anos já dirigia — uma precocidade proibida, como lembra Paula. Mas as peripécias ao volante tinham consentimento do pai, com quem aprendeu as primeiras noções de direção. Ela adorava ir para o sítio da família — não para apreciar o bucolismo, mas para guiar um pouco. Como não faltava espaço para isso, o pai permitia. “Ele tinha uma Kombi e eu gostava de andar com ela”, lembra Paula. Logo nos primeiros dias após ter completado 18 anos, tirou a carteira de habilitação — fez o teste de baliza no Corcel 2 do pai, e passou com facilidade. Seu primeiro automóvel foi uma Brasília branca da versão MV. “Meio velha”, explica, brincando. “Era velhinha, mas nunca deu trabalho”. Seu primeiro carro zero quilômetro foi um Fiat 147, que entrou como parte de um contrato assinado por ela com um time de Piracicaba. Um carro que marcou história por bons momentos foi um Passat TS. “Como eu gostava daquele carro, era um grande companheiro”. Depois, entre o fim dos anos 80 e parte dos 90, a marca Chevrolet se tornou uma de suas prediletas — em especial o modelo Vectra. Logo em seguida, veio uma onda de ter carros bacanas, carrões mesmo. “Era uma fase em que eu queria ter o carro dos sonhos”, relembra. E o sonho era ter uma Mercedes — mas não uma Mercedes qualquer. “Foi uma Kompressor”, enfatiza ela. No entanto, o sonho durou pouco. Com receito de que o carro, muito chamativo, pudesse atrair assaltantes, ela se desfez do carrão. Trocou-o por um Audi. Com essa marca ficou um bom tempo, e teve vários modelos: A3, A4, A4 Avant, entre outros. Hoje, sua prioridade é o conforto e a segurança. Não se deslumbra mais por carrões, embora aprecie um belo design. Prefere ser discreta. “Por outro lado, isso é bem complicado, pois sempre trabalhei e dei um duro danado para poder ter as minhas coisas. Mas, infelizmente, não podemos ostentar em nosso país”, afirma. Seu carro atual é um Toyota Fielder. Para ela, um bom carro deve ter bastante espaço, pois sua cadela vira-lata a acompanha em alguns momentos, o que exige um grande bagageiro. Outro ponto importante é oferecer conforto a todos os ocupantes, e o câmbio deve ser automático. “Esse não chega a ser um conforto, é uma necessidade, principalmente para quem roda num trânsito louco como o de São Paulo”, diz Paula. De fato, seu dia-a-dia é bem atribulado. Entre palestras e viagens, Paula coordena o projeto social Passe de Mágica, atendendo cerca de 300 crianças em Piracicaba e em Diadema (SP). Também dedica seu tempo ao Centro Olímpico da Prefeitura de São Paulo, num projeto em que 700 crianças têm oportunidade de desenvolver suas habilidades esportivas. Segurança em primeiro lugar Outro aspecto de que ela não abre mão é segurança — ABS e airbag, por exemplo, são itens essenciais. A mesma preocupação fica clara na manutenção de seus automóveis. A jogadora sempre calibra os pneus e fica atenta às trepidações na direção para detectar problemas de balanceamento e alinhamento. “Sou preocupada com qualquer barulho e talvez por isso eu não tenha problemas”, resume. Outro motivo é que ela troca de carro mais ou menos a cada um ano e meio. “Antes dos 20 mil quilômetros eu procuro trocar de carro”, comenta. Na hora do conserto, ela recorre às revendas autorizadas para fazer as revisões e não perder a garantia de fábrica. Mas prefere um mecânico de confiança às concessionárias. Porém, ressalta, não é qualquer mecânico que consegue lidar adequadamente com os carros modernos, por isso é importante que o profissional trabalhe com equipamentos adequados e use bons produtos na reparação do carro. Em relação ao conforto, os opcionais que lhe agradam são bancos de couro e películas escuras nos vidros. Até cor de carro ela faz questão de escolher: depois de ter vários pretos, há oito anos só compra prateados. “O preto é difícil de manter limpo, risca fácil e também é muito quente”, afirma. “Já o prata não demonstra sujeira”. Embora ainda não tenha experimentado automóveis multicombustíveis, Paula tem se interessado pelo assunto. Segundo ela, as fábricas buscam corretamente caminhos alternativos para novas fontes de energia. “O Brasil evoluiu bastante e hoje temos muitas opções no mercado”, afirma. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch “Antivírus” para o motor A manutenção dos carros modernos, como destaca Magic Paula, precisa ser feita com equipamentos eficientes para dar conta da complexidade dos novos sistemas. Um exemplo é o scanner de diagnóstico KTS 160, da Bosch, capaz de fazer a análise dos diversos sistemas presentes no veículo, entre eles injeção eletrônica, freios ABS, airbag e câmbio automático. O aparelho captura o registro de falhas nesses sistemas e identifica em que peça está o problema. O equipamento funciona com eficiência nos carros Fiat, Volkswagen, Ford, General Motors, Renault e Citröen. Isso permite que o KTS 160 atenda a 95% da frota brasileira. Arquivo Bosch Alternativa de ponta A evolução do Brasil na produção de motores multicombustíveis, destacada por Magic Paula, começou a ser traçada pela Bosch. Pioneira no setor, a empresa desenvolveu em 1994 a tecnologia flex fuel, que permite que o automóvel rode com qualquer proporção de gasolina e álcool no tanque. Entre outras condecorações, o sistema rendeu à Bosch, em dezembro de 2005, o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na categoria produto. Em 2004, a companhia deu novo salto nessa área. Apresentou, com a General Motors, o primeiro veículo tricombustível (que funciona com álcool, gasolina ou gás natural veicular, o GNV). 10 | VidaBosch | torque e potência Diversão para o público, laboratório para as empresas | Por Pedro Franco Nas pistas de Fórmula Truck e nos circuitos de rali, assim como na Fórmula 1, novas tecnologias são desenvolvidas para melhorar caminhões e caminhonetes usados na rua Divulgação Bridgestone É comum ouvir falar de dispositivos que nasceram nas pistas de Fórmula 1 e, após alguns anos, chegaram também aos automóveis. Foi assim com o controle de tração, com os freios ABS (Sistema Antibloqueio de Frenagem) e com dispositivos mais sofisticados, como o gerenciamento eletrônico da suspensão e do funcionamento do motor. O que pouca gente sabe é que, fora do mundo milionário de Michael Schumacher e companhia, os engenheiros também trabalham com experiências que facilitam a vida de quem dirige caminhões e caminhonetes. Muito populares no Brasil, as competições de Fórmula Truck batem recorde de público (há etapas com mais de 50 mil pessoas presentes) e contam com a participação de gigantes do calibre de Mercedes-Benz, Volkswagen, Bosch e Bridgestone, só para citar alguns exemplos. Nos ralis, a Mitsubishi e a Chevrolet participam ativamente, essa com equipe oficial no Rally dos Sertões — maior competição do tipo no país. Além de buscarem reforçar sua imagem institucional junto a esse público, as empresas envolvidas nas duas categorias também usam as informações obtidas nas pistas para melhorar e testar seus produtos. A Bridgestone, presente na Fórmula Truck desde seu início, há 11 anos, aponta a evolução do campeonato como um atrativo para que seus pneus sejam testados em condições extremas. “Houve uma grande injeção de tecnologia na categoria, com freios redimensionados, motores mais potentes e montadoras presen- 12 | VidaBosch | torque e potência | VidaBosch | 13 torque e potência tes com equipes oficiais, o que, obviamente, nos levou a participar”, explica Raul Viana, diretor de assuntos corporativos da empresa, que utiliza o pneu R227, o mesmo vendido nas lojas, para as competições. “Após cada corrida, nós temos uma média de 140 pneus que são retirados dos caminhões e analisados pelos engenheiros do centro tecnológico para a América do Sul. Eles focam nos casos que saltam aos olhos, como desgastes excessivos por condições que exigiram muito durante a prova. Sem dúvida, as informações ajudam no desenvolvimento do produto, já que ele é o mesmo utilizado nas ruas”, comenta. “A maioria das tecnologias de corrida vai das pistas para as ruas. Nós colocamos um pneu de rua para correr e passamos a usar isso para desenvolvê-lo ainda mais”, completa. Na fábrica da Mitsubishi em Catalão (GO), os carros de rali já saem da linha de montagem com uma configuração básica e, a partir daí, são preparados para cada categoria. Com a experiência nos circuitos de terra, um dos itens das competições foi incorporado aos modelos de série. Como a suspensão é muito exigida, as picapes de corrida eram equipadas com oito amortecedores — as que são vendidas no mercado têm apenas qua- Divulgação Mitsubishi Nas pistas da Fórmula Truck, os caminhões chegam a atingir mais de 220 km/h e uma potência de 1.300 cavalos – três vezes o desempenho de um modelo de série tro. Com o desenvolvimento nos ralis, a marca viu que era possível produzir nos modelos de série o jogo com oito amortecedores, que permite maior resistência da suspensão, e oferecê-lo como opcional na caminhonete L200, o que ocorre atualmente. Transmissões A ZF, que fornece caixas de câmbio para os caminhões de série e também da Fórmula Truck, acompanha seus clientes nas competições. “É uma forma de provarmos a alta eficiência dos nossos produtos em um ambiente muito exigente”, diz Thomas Schmidt, diretor de operações da Divisão de Transmissões da ZF. A caixa de marchas oferecida pela empresa para a categoria é produzida e vendida na Europa para ônibus, mas ainda não está à disposição no Brasil. Ela tem uma carcaça de alumínio injetado que diminui o peso em 30% e é equipada com o servo atuador, um dispositivo Nas provas de rali, a caminhonete L200 teve de ganhar uma suspensão com maior resistência, depois incluída em uma das versões de mercado Divulgação Volkswagen pneumático que alivia em cerca de 70% o esforço na hora de trocar as marchas de um caminhão, que podem ser mudadas com a leveza de um automóvel de passeio. “A competitividade exigiu que oferecêssemos essa tecnologia”, explica Schmidt. Com o desenvolvimento nas pistas, essas transmissões devem chegar ao mercado nacional e equipar os caminhões já em 2007. A Mercedes-Benz, que conquistou o título da Fórmula Truck com Wellington Cirino Pistas da Fórmula Truck colocam os veículos em situações extremas, dificilmente reproduzidas nas pistas de teste em 2001, 2003 e 2005, é uma das que mais investem no certame. “Nos testes internos, por mais que nossos laboratórios sejam eficientes, a reprodução de uma situação extrema, como ocorre nas competições, é impossível”, diz Euclydes Ghedin Coelho, gerente nacional de vendas de caminhões da marca. “Já desenvolvemos bicos injetores e juntas específicos para os caminhões de corrida, que foram desenvolvidos e chegaram às linhas de montagem”, conta. “Uma falha que não ocorreu no campo de provas pode vir à tona na pista”, afirma. Para ter idéia do nível de desenvolvimento dos caminhões, bastam alguns números: na reta do autódromo de Interlagos, em São Paulo, os Axor 2044 de corrida da Mercedes podem chegar a 223 km/h — embora tenham de respeitar o limite de 160 km/h estabelecido em um ponto da pista (geralmente, antes de uma curva fechada). A potência chega a 1.300 cavalos, enquanto nos modelos de série da marca ela é de 428 cavalos. Para chegar a esse resultado, os preparadores mexem no sistema de injeção e no curso do virabrequim (eixo que transfere o movimento da biela às rodas), aliviam o peso das bielas (hastes que ligam o virabrequim aos pistões), dos pinos e do pistão. Há também uma redução de peso de quase dois quilos por cilindro. O comando de válvulas é substituído por um mais apropriado, além de outras modificações no próprio motor e também no sistema de embreagem, que perde muitos quilos. O veículo ainda sofre uma grande transformação na suspensão, que deixa o caminhão mais próximo ao solo e com maior estabilidade para andar em altas velocidades. Cinco anos de antecedência A Volkswagen oferece apoio de seu time de engenharia para a equipe de pista, que colabora com informações para melhora dos componentes. “É uma forma de testar a performance e a durabilidade das peças. Toda a parte de injeção de combustível [diesel] e gerenciamento eletrônico do motor são tecnologias que estamos desenvolvendo para chegar ao mercado num prazo de cinco a sete anos”, diz Rodrigo de Oliveira Chaves, supervisor de desenvolvimento de caminhões da Volkswagen, que corre com o modelo Constellation equipado com motor Cummins. Outro fator destacado pela montadora é a diminuição do nível de emissão de poluentes. Nas corridas, a marca alemã utiliza um sistema de pós-tratamento de gases emitidos pelo motor: trata-se de um filtro para reter material particulado (fuligem) e diminuir a emissão de gases nocivos à atmosfera em 70%, auxiliando na obtenção de números adequados à resolução Euro IV (Conama 6 no Brasil), que entrará em vigor no próximo ano. A camada de ozônio agradece. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Aplicações sob medida A Bosch fornece para a Fórmula Truck peças adaptadas exclusivamente para serem usadas em corridas. Para extrair o máximo de potência dos caminhões, os engenheiros fazem desde pequenos ajustes em bicos injetores até projetos complexos que exigem modificações em todo o sistema de injeção. “Basicamente, podemos separar as aplicações nos veículos de competição em dois grupos. No primeiro, usam-se peças de série adaptadas em nossos laboratórios. E no segundo, um projeto completo é desenvolvido em parceria com a engenharia de nossos clientes, para a aplicação do sistema de injeção específico. O tempo de desenvolvimento desses projetos, até a disponibilização para competições, pode chegar a um ano”, afirma Jorge Postiga, responsável pela área de marketing da Divisão Diesel. Um dos grandes projetos desenvolvidos recentemente pela Bosch foi a unidade de comando (foto) dos caminhões da equipe RM Competições. O componente funciona como uma espécie de cérebro do motor, gerenciando a quantidade de combustível injetada na câmara de combustão. A aplicação da unidade de comando (ECU) foi feita em parceria com a Volkswagen, que fornece os caminhões para a equipe. A ECU, desenvolvida inicialmente na Índia, passou por uma série de adaptações antes de ser instalada. Foram seis meses de trabalho e ainda estão sendo feitos alguns ajustes. Para a aplicação do sistema, os engenheiros tiveram de redefinir a parte elétrica e o sistema mecânico e hidráulico do motor. A Bosch patrocina oficialmente a Fórmula Truck desde 2003. 14 | VidaBosch | casa e conforto | Por Nathalia Barboza T rabalho solo, sem instruções expressas do cliente ou dos fornecedores, as mostras de decoração são um exercício desafiador até para os medalhões do setor. O fim do primeiro semestre e o começo do segundo, quando acontecem alguns dos mais importantes eventos do gênero no Brasil, é a temporada ideal para conferir até onde vai a criatividade dos designers de interiores e entender quais são as tendências de decoração indicadas por eles. “Para o profissional, não basta ter sucesso na mostra. Sua missão também é instruir o público e o mercado, ensinar as pessoas a perceber a decoração”, resume Roberto Dimbério, diretor do maior evento do gênero no Brasil, a Casa Cor de São Paulo. Mais do que propor conceitos revolucionários, as novas tendências apontam para soluções palpáveis. “Ao mesmo tempo em que acomodam o estilo de vida tecnológico, os novos ambientes trazem cada vez mais um viver amigável, com materiais naturais, que abrigam as necessidades básicas dos proprietários”, comenta Dimbério. Com esse horizonte, avalia, a exposição deste ano em São Paulo mostrou que os profissionais exploram dois caminhos básicos. “Há duas vertentes claras entre os ambientes deste ano: uma que vem reforçando o uso de materiais orgânicos, pedras, terracotas e arte popular, revelando uma mão-de-obra brasileiríssima nos acabamentos, e outra que segue os lançamentos de Milão, com muito design e a harmonização do branco, preto, cinza e tons de terra”, afirma. A moda da casa Exposições de arquitetura e decoração indicam as últimas tendências do setor, como a valorização da cor branca e dos recursos tecnológicos Esse segundo vértice é marcante no estilo da arquiteta e decoradora Bya Barros, freqüentadora assídua de eventos do gênero. Sua Sala de TV, na Casa Cor São Paulo 2006, é o supra-sumo das principais tendências do design de interiores vindas de Milão: ambientes bem iluminados, informais, clean, com tudo prático, sem peças em excesso e, sobretudo, com uso do branco, sozinho ou em oposição ao preto. O branco, com cara de limpeza, perfeito para receber visitas, esconde também pequenos truques que revelam soluções surpreendentemente simples: alvíssimas, as cortinas da Sala de TV são feitas com o mesmo tecido que as fraldas de bebê, e os sofás são cobertos com o mesmo material do pano de prato (sacaria alvejada). O resultado é que ambos podem ser lavados muitas vezes e logo secam. Moderno e elegante, o balanço entre o branco e o preto traz amplitude ao ambiente, característica bastante útil, sobretudo nos cada vez mais minguados metros quadrados dos imóveis de hoje em dia. A combinação branco/preto tem feito a cabeça dos Fotos Rachel Guedes A Sala de TV da Casa Cor São Paulo 2006: cortinas feitas com o mesmo tecido que as fraldas de bebê 16 | VidaBosch | casa e conforto | VidaBosch | 17 casa e conforto Divulgação Rachel Guedes Na Casa Cor de Araraquara, os decoradores depositaram fichas na cor violeta; em Campinas, os destaques foram o tom de aconchego e o uso de detalhes que remetem ao clássico Cor local profissionais tanto quanto os mosaicos. Na Cozinha que a arquiteta Lia Carbonari idealizou para a Casa Cor 2006, mosaicos de vidro aparecem não só como um tapete de 1 cm x 1cm, mas também na parede, como reprodução de folhas de costela de adão. Tudo em preto e branco, como recomenda o atual figurino. As pastilhas de vidro ou esmaltadas também apareceram com força no revestimento de cozinhas, banheiros, lavanderias e spas da Casa Cor de Curitiba. O toque oriental deu novamente as caras em peças decorativas, vasos e móveis laqueados, mas foi o vidro que reinou quase absoluto na preferência de arquitetos e designers de interiores, em diversas versões de utilização. O papel da tecnologia O conceito da informalidade, outro que vem sendo perseguido pelos decoradores, esteve na Sala de Jantar Gourmet, de Dado Castello Branco, em Curitiba. Contemporânea e moderna, nela o arquiteto e decorador privilegia o espaço para a convivência e o bate-papo. Além do branco, a Sala de Jantar aposta na madeira (o arquiteto optou pelo freijó), material que ajuda a compor o espírito de acon- chego do ambiente. Ele investiu também em soluções tecnológicas, com equipamentos modernos como o cooktop e a coifa. Esse destaque à tecnologia é outra tendência de boa parte dos atuais projetos. Segundo Dimbério, da Casa Cor de São Paulo, o uso cada vez mais criativo dos recursos tecnológicos salta aos olhos, e é capaz de promover a convergência entre as duas linhas mestras — orgânico e clean — seguidas pelos decoradores. “As novidades tecnológicas estão por toda parte”, resume. Nas mostras de decoração, o aproveitamento das novidades algumas vezes extrapola o limite da necessidade, criando demandas ao expor as inúmeras possibilidades de uso de televisores, por exemplo, que já não são exclusividade da sala ou dos quartos. Hoje, as grandes telas de plasma estão presentes em lavabos, varandas, áreas externas, na cozinha, ou onde mais o decorador quiser. A Cozinha da Casa Cor São Paulo revela outra tendência nas mostras de 2006: o uso de mosaicos As novidades aparecem em todos os lugares. “Elas se espalham rápido por todo o Brasil, mas São Paulo é mais aberta a influências do mundo e corre sempre para trazer as novidades primeiro”, avalia Dimbério. Mesmo assim, as mostras de decoração pelo país não abrem mão das características típicas de cada região. “No Sul, as casas são mais fechadas e os decoradores privilegiam os revestimentos mais aconchegantes. Já no Nordeste, os cerâmicos ajudam a refrescar os ambientes, e a arte popular é a forte tendência na decoração”, aponta. No interior de São Paulo, as mostras de decoração por vezes privilegiam espaços pouco explorados em eventos da capital. Araraquara é um bom exemplo de lugar que prefere manter-se culturalmente diferente de São Paulo. Quase impensável numa grande mostra de decoração na capital paulista, foi obrigatória na versão “caipira” da Casa Cor a inclusão de um espaço para o churrasco com os amigos, em uma varanda aconchegante onde se possa contemplar o sol do município, conta o diretor da Casa Cor Interior SP, Flavio Sanna. “No interior, as casas são maiores, voltadas para o lazer, e seus moradores têm o hábito de receber os amigos”, observa Sanna. Para ele, a realização de um evento de deco- ração em Araraquara serviu para quebrar paradigmas. “Não temos uma cultura de chamar um profissional para decorar o interior da casa. Até eles estranharam quando lhes disse que não seria possível trabalhar a questão da arquitetura da edificação”, conta. A Churrasqueira e Varanda da Casa Cor Interior SP ficou a cargo do arquiteto Marcelo de Morais. O espaço resgata a importância do sol na história de Araraquara, valoriza os materiais rústicos e os trabalhos manuais, entre eles telas e cerâmicas do artista plástico Lauro Monteiro, que foram desenvolvidas especialmente para o ambiente. Já a Piscina uniu a funcionalidade ao luxo. Ladeada por uma prainha de pouca profundidade para as crianças, tem uma borda infinita que dá a sensação de cachoeira, devido ao constante movimento da água, reaproveitada, retornando à piscina. Para os adultos, há uma raia única de 12,5 metros. E olha aí de novo a tecnologia: o tanque agora vem equipado com aquecimento a gás e luz subaquática. “A idéia é mostrar ao público as possibilidades da arquitetura e direcioná-la a uma linguagem contemporânea”, explica o designer Marcos Destéfani, que assina o espaço com a Spoto Projetos. A Campinas Decor também deu sua versão para as novidades na piscina. Numa das duas casas de condomínio usadas como No ambiente Abra/Casa/Abra, na Casa Cor São Paulo, João Armentano criou uma casa parecida com canivete suiço Divulgação 18 | VidaBosch | casa e conforto | VidaBosch | 19 casa e conforto Fotos Rachel Guedes A Sala de Jantar Gourmet, na Casa Cor de Curitiba (à esquerda e à direita): mistura do aconchego da madeira com a tecnologia do cooktop cenário da mostra, a área de Piscina, Pergolado e Paisagismo, projetada pela designer Helena Paglione e pela arquiteta Renata Agostini, empregou toldo solar na área de pergolado e deque de madeira que apresenta um novo método construtivo. A borda recebeu piso atérmico de toque acetinado, e o tanque foi todo revestido em pastilhas na cor branca, com detalhes em amarelo. Apesar de ter como referência o que os profissionais estão fazendo em Milão e São Paulo, o resto do país também faz suas apostas particulares. Os decoradores de Araraquara, por exemplo, depositaram fichas na cor violeta. “A maioria dos ambientes, coincidentemente, aponta algum tom de violeta, sejam os mais claros ou os mais escuros”, diz Sanna. “Já o campineiro é mais conservador e prefere uma decoração sem muitas surpresas, que dure muito mais tempo”, avalia Ísis Almeida, arquiteta que participa desde 1996 da mostra Campinas Decor. Por isso, em sua Saleta de TV da mostra deste ano, ela buscou um equilíbrio entre móveis de linhas retas, funcionais e de fácil limpeza, equilibrados com detalhes que remetam ao clássico. “Essas peças dão o tom do aconchego, conceito importantíssimo nos atuais projetos”, comenta. Ousadia Sem o compromisso de “agradar aos clientes”, o arquiteto João Armentano, veterano de eventos do gênero, foi pura ousadia na Casa Cor São Paulo, tentando sair do lugarcomum e discutir o próprio conceito de moradia do futuro. Precursor de muitas tendências no país, como os lofts, ele brincou neste ano com a possibilidade de morar em uma espécie de canivete suíço. O arquiteto surpreendeu o público ao conceber o Abra/Casa/Abra, um ambiente com dimensões bem diferentes dos projetos com que está acostumado a trabalhar. Armentano tinha 80 metros quadrados para trabalhar, mas praticamente reduziu o ambiente a uma caixa de 3 metros x 2 metros, que reúne tudo o que existe em um apartamento convencional — quarto, cozinha, banheiro, escritório e sala. Os ambientes são revelados na medida em que as portas do móvel vão sendo abertas. Se a aposta de Armentano virar tendência, prepare a coluna, porque você vai dormir sobre um colchão feito de pequenos tubos vazados de espuma e tecido. A Bosch na sua vida Produtos para todo lar Aparelhos modernos podem estar presentes em todos os ambientes da casa. É nisso que aposta a Bosch, que apresentou algumas novidades na Casa Cor 2006, em São Paulo. Entre elas, o Bosch Image, único refrigerador de duas portas do mercado que traz acoplada uma televisão de cristal líquido de 15 polegadas. A lavadora de roupas Logixx, outro destaque, comporta até 10 quilos de roupas, tem a maior abertura de portas da categoria e um cesto inclinado que facilita a colocação e a retirada das peças. Também escolhida pelos arquitetos, a cafeteira automática da Bosch tem uma pressão de 15 bar, o que permite que a água se misture ao pó por completo, e um compartimento para grãos com seis níveis de moagem. A exposição também abriu espaço para as ferramentas Dremel, marca do Grupo Bosch. A Dremel Alcalina 6 V, que pesa apenas 300 gramas, vem acompanhada de um kit com cinco acessórios (disco de feltro, suporte para lixa, ponta para desbastagem, haste adaptadora e tubo de lixa), ideais para realizar consertos, lixar, polir, esmerilhar e afiar metais, cortar e esculpir diversos materiais. Ela ainda tem mais 150 acessórios opcionais. A Bosch também fabrica aquecedores de água a gás, como os da linha MiniMAXX. Pequenos, os aparelhos ocupam pouco espaço na casa. Apesar de compactos, eles têm uma grande potência, que pode ser ajustada pelo próprio usuário conforme as condições climáticas. Arquivo Bosch Arquivo Bosch Casa segura Na Casa Cor São Paulo, foram usados também os sistemas de segurança da Bosch (no ambiente Garagem, o mesmo em que estavam expostas as ferramentas Dremel). A empresa vem desenvolvendo tecnologia de ponta nessa área. Um exemplo é a câmera móvel AutoDome, exibida na Casa Cor. Por meio da função AutoTrack, ela detecta movimentos, amplia o alvo e o rastreia, fazendo com que todos os passos de um possível intruso sejam acompanhados. Depois de percebida a invasão, as imagens podem ser guardadas no gravador digital modelo Divar, que armazena e reproduz imagens de vídeo e permite uma velocidade de atualização da gravação distinta para diferentes áreas da casa — de modo que, nos locais mais expostos, os movimentos possam ser percebidos com maior precisão. O detector de intrusão Blue Line P1, também apresentado na Casa Cor São Paulo, é outro dispositivo prático. Com raios infravermelhos, ele permite detectar movimentos em toda extensão de uma área da casa, além de disparar instantaneamente quando percebe a presença de humanos. E, para evitar o incômodo do disparo de alarmes falsos, a central de alarme de intrusão Easy é ideal. Ela tem um centro de controle que notifica o usuário quando o sistema está se preparando para enviar o alarme, e permite que o sinal seja cancelado. | VidaBosch| saudável | saudáveleegostoso gostoso 2020| VidaBosch | Por Carolina Chagas Renee Comet/ Getty Images Altrendo Images/ Getty Images Com ou sem casca, de forma ou baguete, sírio, francês ou italiano, essa iguaria está entre os alimentos mais consumidos pelos brasileiros O pão nosso de cada dia O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais popularmente conhecido como IBGE, confirma há quase uma década o que intuímos toda manhã: o pão está entre os alimentos mais consumidos pelo brasileiro. Na Pesquisa de Orçamento Familiar divulgada em 1997, o bom pãozinho francês aparecia lá no topo, como o alimento que o brasileiro mais adquiria no ano. Na pesquisa de 2003, ele perdeu algumas posições — ficou atrás do arroz, leite e açúcar cristalizado —, mas continua lá entre os produtos mais comprados pelo brasileiro em todas as regiões do país. Fica até difícil acreditar que nem sempre foi assim. Até a chegada dos primeiros imigrantes italianos no Brasil, por volta de 1900, a dieta básica do brasileiro incluía em grande quantidade o biju, feito a partir de farinha de mandioca (alimento base dos índios que aqui viviam e que foi adaptado ao padrão do português). “Foram os italianos que difundiram as padarias, e o produto entrou definitivamente para a nossa dieta”, diz a historiadora gaúcha Cristiana Marques. Outra coisa difícil de entender é por que o pão mais consumido pelos brasileiros tem nome de “francês” — se eles nunca tiveram presença importante no Brasil no período da colonização. Antes da primeira grande guerra, o pão mais consumido por aqui tinha farinha integral e casca e miolos escuros. Brasileiros ricos que aproveitaram o final da guerra para fazer bons negócios na Europa estiveram na França e por lá conheceram a mais nova sensação: pão curto, com miolo branco e casca dura e queimadinha. “Foi tentando 22 | VidaBosch | saudável e gostoso | VidaBosch | 23 saudável e gostoso Fotos Morguefile Pesquisa do IBGE mostrou que pãozinho francês só perde para arroz, leite e açúcar na mesa dos brasileiros. É um dos produtos mais comprados em todas as regiões do Brasil reproduzir esse tipo de pão — mas com algum açúcar e gordura na massa — que chegamos ao popular pão francês (que, ao redor do país, tem vários apelidos, como cacetinho, no Rio Grande do Sul, pão de sal, em Minas Gerais e assim por diante)”, diz Cristiana. Segundo a historiadora, nessa época a cor da farinha usada no pão indicava o nível social do consumidor: quanto mais clara a farinha usada, mais rica era a pessoa. Se a história do pão no Brasil tem mais de cem anos, em outras partes do mundo esse número ganha mais dígitos. Há registros de que a primeira receita de pão tenha mais ou menos 12 mil anos e seja originária da Mesopotâmia, região onde primeiro se cultivou trigo na história da humanidade. Primeiramente, o trigo era mastigado, mas com a ajuda de pedras ele passou a ser transformado em farinha, que servia de base para sopas e mingaus. Essas receitas foram-se aprimorando, ganhando novos ingredientes e se transformaram em bolos: com a tal farinha, mel, azeite e frutas. Os bolos tinham também versões salgadas com carnes e ovos. Uma evolução desses bolos gerou o pão. Foram os egípcios que aprimoraram a receita feita na Mesopotâmia por volta do ano 7.000 antes de Cristo: além de descobrirem o fermento — que deixou a massa do pão mais leve —, eles também começaram a usar fornos feitos de barro para assar os pães. No Egito, o pão ganhou tanta importância que foi usado em algumas regiões como salário — alguns estudiosos dizem que um dia de trabalho equivalia a três pães e dois grandes vasos de cerveja. Detalhe: eles ficaram quase 4 mil anos comendo pão chato, já que evidências de fermento só são encontradas a partir do ano 3 mil a.C.. A partir desse marco histórico, pode-se dividir o pão em dois tipos principais: o que tem levedura ou fermento em sua receita e é assado em fornos — e tem miolo mais mole —, e o pão ázimo, sem fermento, que também pode ser feito em panelas destampadas, tipo frigideiras. Graças ao comércio, o pão chegou à Europa por volta do ano 250 a. C. e virou o principal prato de Roma, onde surgiram as primeiras padarias públicas. Foram os soldados do Império Romano que difundiram o pão continente afora. A partir de 500 d. C., a produção de pão deixou de ser feita em padarias e voltou a ser caseira. Nesse período, virou tradição das mães européias dar às filhas que iam casar a receita do pão que faziam em casa e um pedaço de massa já pronta. Essa massa crua era usada como base do fermento do qual seriam feitos os pães daquele novo lar que se formava com o casamento. “Em alguns lugares da Europa, o pão volta inclusive a ser feito sem fermento. Foi na França, nos idos do século 12, que a produção de pão voltou a ser expressiva”, conta a nutricionista Margareth Menezes, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, que já se acostumou a dizer que nada tem a ver com a família da cantora de mesmo nome. Cinco séculos mais tarde, naquele país começaram a surgir diferentes técnicas de produzir pão. Bruce Forster / Getty Images Pão está longe de ser um vilão para a saúde: é rico em carboidratos, grande fonte de energia para o corpo. Mas ele não pode ser o principal ingrediente de uma dieta Hoje, é difícil achar um lugar no globo que não tenha pão em sua dieta. E mais: que não tenha desenvolvido um tipo típico da iguaria. Só para citar alguns, vale lembrar do pão sírio (chato e fino), da baguete francesa (longa e fina, com casca crocante e miolo macio), do pão italiano (de casca dura e miolo ligeiramente azedo), do pão de forma (que tem os mais variados sabores). Recente sede dos jogos da Copa, a Alemanha é um dos países europeus que mais destaque dão ao pão. Feito com farinha escura e clara, em cortes e formatos variados, dizem os estudiosos que o alimento ali é mais popular do que a cerveja. Apesar de gostoso, o pão é tido com um dos inimigos número 1 dos regimes. O nutricionista Pedro Pimentel de Souza, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avisa que não é bem assim. “O pão está longe de ser um vilão, já que o carboidrato é a grande fonte de energia do nosso corpo. O problema é transformar o pão em único ingrediente da dieta, ou o principal. Nesse caso, ele se transforma, sim, em um vilão”, explica ele. Souza lembra, porém, que uma dieta sem carboidratos leva a desidratação e pré-disposição a infecções. “Talvez por isso o pão, principal alimento associado aos carboidratos, tenha ganhado importância nas religiões: dele se tira a força, energia do bem viver”. Para ele, uma dieta equilibrada, saudável e nutritiva deve, sim, incluir pão. “Mas de preferência o pão escuro, feito com grãos integrais, porque eles são digeridos mais lentamente e, por isso, dão uma sensação maior de saciedade, além de conterem fibras que ajudam a regular o intestino”, explica. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch No tempo certo No fim de tarde, nada melhor para abrir o apetite do que o cheiro delicioso de pão assando no forno — especialmente se a receita é aquela feita na família há gerações. Mas, ao contrário do que acontecia no tempo das avós, hoje existem vários dispositivos que podem tornar o preparo da massa ainda mais prazeroso. O fogão P4 Safety Cook, fabricado pela Bosch, é um exemplo. Ele possui um timer digital corta-gás, que permite ao usuário programar o tempo necessário para que o alimento fique pronto. Assim, é possível aproveitar o período para fazer outras atividades enquanto o pão assa — e não se corre o risco de que o tão esperado petisco queime no caso de uma distração. Arquivo Bosch Calor, só do lado de dentro Em reunião de família grande, é comum a criançada rondar o fogão à espera do prato apetitoso que está por sair. A curiosidade — e a fome — podem trazer conseqüências desagradáveis se alguma criança esbarrar na superfície quente. Para evitar esse problema, o Forno Elétrico Digital da Bosch tem um dispositivo chamado Porta Ultrafria. Como o nome indica, a porta do forno não permite que o calor interno seja transmitido para fora — ela atinge no máximo 40º centígrados, temperatura que não causa dano algum à pele. Esse forno da Bosch tem outra vantagem para quem prepara a refeição da família toda. Ele é o maior de sua categoria: tem 595 milímetros de altura e de largura e 569 milímetros de profundidade. Além disso, sua porta com abertura lateral facilita a retirada das formas de pão e de outros recipientes semelhantes. 24 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Carolina Chagas Fotos João Paulo/Photocamera João Paulo/Photocamera du Palais Royal (duas estrelas), ele chefiou a cozinha da pousada Le Prince, de Liège, de sua família, e depois resolveu tentar a sorte no Rio de Janeiro. Responsável pela criação de todos os pratos da cozinha do restaurante Eça, que acompanha desde sua abertura, em 2001, Fred diz ser irresistível não colocar um pouco de sua origem nos pratos. “Foi o que fiz na receita em que misturo o foie gras com o cramique. Esse pão, aliás, foi uma das primeiras receitas que quis aprender quando resolvi virar chef”, diz ele. Não é à toa que grande parte dos que provam a iguaria pergunta a ele o segredo do prato. “Ficou bem diferente e equilibrado”, diz ele. O segredo para fazer um bom cramique é a prática. “A receita parece difícil no começo, mas o conselho é insistir no preparo. Quando se pega o jeito, é sopa no mel”, garante. Outro item muito elogiado do Eça é a cestinha de pães do couvert, que chama a atenção pelo frescor dos produtos e pela variedade. Foi dela que saiu a receita da focaccia orgânica, que a VidaBosch também publica a seguir. Restaurante Eça Focaccia orgânica Cramiques Ingredientes 500 gramas de farinha orgânica 350 ml de água 15 gramas de açúcar 8 gramas de sal 25 gramas de fermento fresco Alecrim picado misturado com sal de Guérande Ingredientes ½ quilo de farinha 30 gramas de açúcar 50 gramas de leite morno 50 gramas de água morna 25 gramas de fermento fresco 5 ovos 250 gramas de manteiga 300 gramas de passas pretas 12 gramas de sal Azeite extra-virgem orgânico avenida Rio Branco, 128 | Centro | Rio de Janeiro Fone: (21) 2524-2300 O chef Frédéric de Maeyer: “A receita parece difícil no começo, mas o conselho é insistir no preparo.” Com sotaque belga Frédéric de Maeyer, chef de restaurante carioca, entrega segredo de receita elogiada: pão típico de seu país, que combina com foie gras U m dos atrativos do cardápio do restaurante Eça, no Centro do Rio de Janeiro, é uma receita do chef Frédéric de Maeyer que, para ele, tem sabor de infância. Belga de Bruxelas, ele cresceu esperando do outro lado do balcão das padarias de seu país sair o cramique quente, para se deliciar. Espécie de brioche com passas, esse pão forma, com um tipo gigante de waffles, duas marcas da tradição belga. “Não tem quem visite o país e não volte falando deles”, diz Fred, como ficou conhecido no Rio, seu endereço fixo há cinco anos. Depois de se formar na melhor escola de chefs da Bélgica, a École Hôtelière de Namur, e trabalhar no Hotel Hilton Bruxelas (uma estrela no Guia Michelin, a bíblia dos bons endereços gastronômicos) e no L´Écalier Modo de preparo Misturar na batedeira por 10 minutos: farinha, água, açúcar e fermento. Incorporar o sal e bater mais 5 minutos. Colocar para crescer numa tigela coberta com um pano úmido por cerca de uma hora. Dividir em bolas de 30 gramas e colocar numa assadeira. Levar ao forno a 230 ºC por 15 minutos até crescer. Retirar do forno, fazer furos com um garfo, regar com o azeite e salpicar com a mistura de sal de Guérande e alecrim picado. Voltar ao forno a 180 ºC por mais ou menos 25 minutos. O sal de Guérande, extraído no município francês de mesmo nome, é produzido artesanalmente e considerado o melhor do mundo. Nem muito grosso, nem muito fino, ele tem sabor delicado e preço alto. Bastante nutritivo, exibe uma cor ligeiramente cinza por ser extraído das profundezas do mar. Cramique e foie gras, iguaria da Bélgica Modo de preparo Misture bem a farinha, o sal, o açúcar e os ovos. Bater na batedeira na seguinte ordem: 1. Farinha + fermento dissolvido no líquido morno (leite e água) + açúcar 2. Acrescentar os ovos um a um. Bater por cinco minutos. 3. Juntar a manteiga em cubos. Bater até a massa ficar bem homogênea e soltar da tigela. 4. Incorporar o sal e as passas. Deixar a massa crescer por duas horas numa tigela coberta com pano úmido, depois guardar na geladeira uma noite (ou 12 horas). No dia seguinte, dividir a massa em duas e colocar em formas retangulares, untadas. Deixar crescer por 45 minutos e levar ao forno por 40 minutos a 220 ºC. Acompanhar o cozimento do pão. Se ele dourar muito rapidamente, reduzir a temperatura do forno para 180 ºC. 26 | VidaBosch | tendências | Por Talita Bedinelli Sem tirar as mãos do volante Arquivo Bosch De faróis que acendem automaticamente a rádios que tocam 700 minutos de música sem parar, a tecnologia ajuda o motorista a prestar atenção no que mais interessa: o trânsito F im de tarde. O motorista está no trânsito. Abre o semáforo e, no mesmo instante, começa a chover. O programa musical que ele escutava acaba e dá lugar ao horário político obrigatório. O que fazer primeiro? Dirigir, acender o farol, ligar o limpador de pára-brisas ou colocar um CD para substituir o falatório que ecoa pelas caixas de som? Mesmo situações que envolvam decisão mais simples — como a de trocar a estação do rádio — podem ter conseqüências desagradáveis. “Quanto mais o motorista precisar prestar atenção em outras coisas que não o ato de dirigir, maior é o risco de acidentes”, alerta Roberto Scaringella, presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Para aumentar a segurança no trânsito e tornar a vida do condutor mais confortável, a indústria automobilística tem, cada vez mais, desenvolvido dispositivos que funcionam automaticamente, sem a necessidade da intervenção do motorista. Entre as inovações incluem-se rádios para carros com entrada para MP3 player e celular (que permitem a reprodução ininterrupta de músicas e o atendimento instantâneo de ligações telefônicas) e sensores de luminosidade (que acendem os faróis do automóvel quando detectam a diminuição da luz) e de chuva (que ligam os limpadores de pára-brisa automaticamente quando percebem a presença de água no vidro). Esses dois sensores “asseguram uma maior visibilidade ao motorista”, destaca Reinaldo Barroso, engenheiro e chefe do laboratório de eletrônica da linha de produtos Wiper System da Bosch. “Quando o carro entra em um túnel, por exemplo, o condutor não precisa fazer nada. A mudança de luminosidade externa é percebida e os faróis ligam sozinhos”, diz. A empresa desde 2004 fabrica o Rain and Light Sensor, que é encontrado como opcional de fábrica em carros como o novo Vectra, a Palio Weekend, o Siena e o Stilo. Limpeza automática O sensor é fixado no pára-brisa do automóvel e aciona os limpadores e os faróis quando necessário. Ao detectar que há água no vidro dianteiro do carro, o dispositivo regula as palhetas adequadamente: uma única vez, quando as gotas demoram a cair; no modo intermitente (com intervalos de 0,5 a 5 segundos), no caso de chuvas fracas; na velocidade baixa, para chuvas moderadas; ou na velocidade alta, quando há uma tempestade. “O motorista não faz mais a operação de ligar e desligar o limpador de pára-brisa. O sensor faz a primeira limpeza, observa a distância do próximo evento e percebe quando deve limpar novamente”, ressalta Barroso. Apesar de ter sido originalmente desenvolvido na Alemanha, o componente é ideal para o clima tropical brasileiro. “Quando vemos a previsão do tempo, percebemos que em um mesmo dia existem vários tipos de clima no país. Essa mesma diversidade pode acontecer em um trajeto de São Paulo a Campinas [percurso de 99 quilômetros]. E toda vez que chove, o motorista precisa acionar o limpador. Com o sensor, isso acaba”, diz o engenheiro da Bosch. Que o dispositivo serve para aumentar o conforto na direção, isso é ponto pacífico. Mas Barroso salienta também que o sensor Para aumentar a segurança no trânsito, indústria desenvolve sistemas que funcionam sem a intervenção do motorista Sensor no pára-brisa aciona os limpadores quando detecta que há água no vidro dianteiro e controla a velocidade do dispositivo de acordo com a força da chuva ajuda a aumentar a segurança. “Sabe quando você está dirigindo e, do outro lado da pista que está molhada, passa um carro que espirra uma porção de água no seu vidro? Quando isso acontece, o sensor é acionado e os limpadores ligam automaticamente em velocidade alta”, diz. A combinação de praticidade, conforto e segurança também foi acompanhada pelo setor de som automotivo. A Blaupunkt, marca da Bosch, tem aparelhos com entrada auxiliar para I-Pod (tocador de MP3). Esse tipo de aparelho usa um formato de música com arquivos mais leves (MP3), o que significa que comporta mais músicas. Além disso, a empresa também fabrica auto-rádios que tocam CDs com MP3. “É uma facilidade muito grande para quem está dirigindo. É possível colocar em um mesmo CD 700 minutos de música, de vários estilos diferentes. O moto- rista não precisa mais carregar um monte de CDs diferentes”, destaca a analista de marketing da Blaupunkt, Camila Loureiro Souza. Viva-voz Um dos destaques da Blaupunkt é o DVD automotivo Monterrey, que, além de rodar DVD, toca CD, CD-R, CD-RW e MP3. Além disso, ele possui uma tecnologia que possibilita conectar o celular por meio de um cabo: quando o condutor recebe uma ligação, o som diminui automaticamente e a voz é direcionada para os alto-falantes. “O fato de o motorista perder tempo para trocar o CD ou atender um telefonema já é um risco para a segurança dele”, completa Camila. No Monterrey, mesmo ouvir rádio AM e FM dá menos trabalho. O aparelho é capaz de memorizar 30 estações — de maneira que não seja necessário perder a concentração, percorrendo todo o dial atrás da emissora predileta. Scaringella, da CET, destaca que “quanto menor a dispersão da atenção do motorista, menor o risco”. E arremata: “mesmo uma pequena desatenção pode ser instantânea e fatal”. 28 | VidaBosch | grandes obras | Por Mariana Carvalho Fotos Divulgação Túnel do tempo Durante obras para construção do metrô de Salvador, pesquisa arqueológica resgata 40 mil peças históricas P róxima parada: século 19. Esta chamada será apropriada para os passageiros que estiverem se aproximando da Pólvora, uma das estações do metrô de Salvador, obra em andamento cujo primeiro trecho deve ser concluído no final de 2007. Na Praça do Campo da Pólvora, em frente ao Fórum Ruy Barbosa, no bairro central de Nazaré, os hábitos e costumes da sociedade baiana de meados dos anos 1.800 renasceram por meio de quase 40 mil peças, antes adormecidas sob o terreno do sítio histórico e agora despertadas por arqueólogos e historiadores que vêm acompanhando a construção desde o seu início, em 2001. O trabalho é inédito no Brasil: é a primeira vez que escavações arqueológicas são feitas em uma obra do gênero, segundo Leila Almeida, coordenadora da equipe. “O mais surpreendente e interessante foi descobrir peças inteiras, com reconstituição e datação imediatas, o que é muito raro”. Entre as relíquias encontradas, as louças orientais e européias (inglesas, em sua maioria) revelam que ali vivia uma classe social abastada, com acesso a refinados cosméticos e medicamentos — cujos potes também foram encontrados, com “bula” e tudo. No frasco do Holloway’s Ointment, por exemplo, pode-se ler que se trata de um ungüento curativo para gota, asma, bronquite, difteria, dores de cabeça, dores nos seios e flatulência, bem ao estilo das poções milagrosas da época, comercializadas em boticas do Velho Mundo. O achado foi uma das vedetes da exposição itinerante Trilhas do Passado, Trilhos do Futuro, já visitada por cerca de 20 mil pessoas na capital baiana. No evento, o público também se encantou com belas fruteiras de porcelana da tradicional marca inglesa Copeland, ferros de passar, cachimbos, garrafas de vinho, escovas de dente feitas de ossos, entre outros apetrechos. De acordo com a equipe de arqueologia, esses objetos indicam que o local abrigava residências de famílias que tinham acesso a utensílios mais sofisticados e melhores noções de higiene, algo que começava a ter valor diante da propagação de pestes como a cólera. E a construção do metrô? Onde fica neste túnel do tempo? Ela espera. Para entrar em campo com seus operários, equipamentos e escavadeiras, o pessoal da engenharia aguarda a liberação dos historiadores. Só depois que estes terminam suas escavações, retiram os achados e declaram que o terreno é estéril (sem qualquer registro cultural), o quebraquebra da obra pode começar. “Se percebemos que há chances de novas peças serem descobertas, o que implica mais tempo de escavação, nos reunimos com os engenheiros para rever os cronogramas”, conta o arqueólogo Samuel Lira, que integra a equipe de pesquisa. Sua colega de trabalho, a arquiteta e especialista em preservação de monumentos históricos Ana Maria Lacerda, lembra ainda que os operários podem encontrar algo acidentalmente, já no decorrer da construção, embora as chances sejam remotas. “Neste caso, o serviço tem de ser imediatamente interrompido para não danificar possíveis registros valiosos”. Por essa razão, segundo Ana, um profissional da arqueologia continua acompanhando a obra mesmo após o término das escavações de sondagem. Escavação minuciosa Em Salvador, os pontos de escavação foram determinados por pesquisa e inspeção preliminar dos arqueólogos, que, nessa primeira etapa, trabalharam basicamente nas estações Lapa e Pólvora, mas sobretudo nesta última. Numa área de 1.792 metros quadrados, 448 quadras de 2 metros x 2 metros Como se faz uma escavação arqueológica Prospecção da área Informações sobre o local são levantadas em arquivos, bibliotecas, e também junto a moradores e historiadores. Marcação de quadras Piquetes e fios de nylon marcam um conjunto de divisões (chamadas de quadras) de 2 metros x 2 metros sobre a área afetada pela obra. Esse será o referencial métrico para a localização de cada item encontrado. Decapagem Finas camadas de terreno são retiradas, uma por uma, para que os objetos e as estruturas soterrados fiquem aparentes. Retirada dos objetos Após serem fotografados, medidos e desenhados, os objetos são coletados e depositados em sacos plásticos. As peças mais frágeis são envoltas em papel higiênico. A partir daí, nova camada pode ser retirada, aprofundando-se o nível da quadra. Interpretação As peças são lavadas, catalogadas e analisadas para serem posteriormente montadas, restauradas (se necessário) e finalmente expostas ao público. Divulgação grandes grandes obras Passado militar Foram achados também botões de uniformes militares com as inscrições CP (Casa da Pólvora), balas de fuzil, baionetas e bocas de canhoneira — indícios do antigo quartel localizado na área e provavelmente anterior ao século 19. Boa parte do acervo integrou uma exposição especialmente preparada para o presidente Lula, durante sua visita a Salvador para reinaugurar as obras do metrô, que vêm sendo executadas por um consórcio composto pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Siemens. As novas verbas liberadas devem garantir a conclusão, até o final de 2007, de seis quilômetros e quatro estações (trecho Lapa-Acesso Norte) — o equivalente à metade da primeira etapa da obra, que deve beneficiar cerca de 1 milhão de pessoas, num investimento total de R$ 400 milhões, com recursos dos governos federal e estadual, prefeitura e Banco Mundial. Dessa vez, o município de Salvador, além de contar com um novo meio de transporte | VidaBosch | 31 Fotos Divulgação foram escavadas até uma profundidade de 1,50 metro, em média. A partir desse ponto, foi feito, por mais um metro, o que se chama de tradagem — escavação mais detalhada, com buracos pequenos, que confirma se ainda há algo a ser retirado. Se não houver, o terreno é considerado estéril e então liberado para a obra propriamente dita. A quantidade e a qualidade dos artefatos desenterrados superaram todas as expectativas. “Esperávamos encontrar estruturas de fundação da Casa da Pólvora, um antigo fortim, e nos deparamos com bolsões repletos de outros objetos reveladores”, conta Leila, lembrando que a pesquisa, inicialmente prevista para durar seis meses, já contabiliza alguns anos. Esses bolsões confirmam que na segunda metade do século 19 foi feita uma obra de nivelamento do terreno para construção da Praça do Campo da Pólvora e urbanização do local. Nessa ocasião, o entulho de casas demolidas, misturado à terra, teria sido utilizado para preencher as valas e trincheiras cavadas para instalação de cabos de iluminação pública. Isso explica a presença de bases de ferro de postes de luz entre os itens encontrados durante as obras do metrô. Primeira etapa do metrô de Salvador deve beneficiar cerca de um milhão de pessoas A Bosch na sua vida A primeira etapa da obra – que inclui seis quilômetros de metrô e quatro estações – deve ser concluída até o final de 2007 e beneficiar 1 milhão de pessoas que promete aliviar os congestionamentos e reduzir o tempo de viagem dos passageiros em até 53%, poderá também ganhar não apenas um museu do metrô, mas o Museu do Transporte. Idealizadora do projeto, a arqueóloga Leila Almeida afirma que a iniciativa foi muito bem recebida pela prefeitura e também encaminhada ao ministro da Cultura, Gilberto Gil. O que antes seria exposto nas próprias estações onde as peças fossem encontradas transformou-se em um valioso capital que pode viabilizar o Museu do Transporte, a ser possivelmente instalado em uma locomotiva na Estação da Calçada (por onde atualmente passam trens que ligam o centro de Salvador a bairros do subúrbio). Se tudo der certo, eis aí uma parada com muita história para contar. Fotos Arquivo Bosch 30 | VidaBosch | Segurança na construção, para continuar a fazer história Os trabalhos de escavação arqueológica foram uma etapa inicial das obras do metrô de Salvador. A ele se segue a construção propriamente dita dos túneis e das estações — processos que incluem o uso de duas ferramentas fabricadas pela Bosch: o martelo perfurador rompedor GBH 11 DE (à esquerda) e o martelo perfurador GBH 2 S (à esquerda, abaixo). Ambos guardam apenas remota semelhança com o martelo comum, aquele que todo mundo tem em casa para pregar. Compostos de mecanismos de percussão (ou seja, também “batem”, como o martelo convencional) e ainda de acessórios rotativos (como uma furadeira), eles são usados na perfuração de concreto, para colocar pinos e outros dispositivos de sustentação — algo fundamental em estruturas que estão sendo construídas para suportar grandes abalos, como túneis de metrô. Afinal, se na fase de prospecção arqueológica o que importa é assegurar que relíquias históricas não sejam destruídas, ao montar as armações do sistema de transporte uma das prioridades é erguer um empreendimento seguro — até para que dure muito tempo e possa, ele próprio, fazer história. O GBH 2 S, que pesa apenas 2,4 quilos, é usado em operações mais leves. Ele tem 680 watts de potência e capacidade de perfurar até 24 milímetros de concreto, sem exigir esforço do operador. Ele vem com embreagem de segurança, que protege o usuário se a broca travar nos vergalhões, por exemplo. Já o GBH 11 DE, mais pesado (11,1 quilos), é recomendado para perfurar concretos mais rígidos. Ele rompe estruturas com seus 1.500 watts de potência e é capaz de perfurar até 80 milímetros de concreto. O operador pode escolher seis níveis de velocidade; feita a opção, é só acionar um mecanismo que assegura velocidade e força constantes. 32 | VidaBosch | Brasil cresce | Por Fernando Nakagawa O freio acelera Mercado de ABS amplia-se no Brasil, onde abundância de chuvas e carência de boas estradas tornam o sistema ainda mais importante Rachel Guedes C omeça a chover. O motorista liga o limpador de pára-brisa. A chuva fica mais forte. A velocidade do carro diminui e a do limpador aumenta. A visibilidade piora. Percebe-se algo a dez metros do carro. Assustado, o motorista aciona o freio com força. As rodas travam. O carro desliza pelo asfalto como se a pista fosse de sabão. A descrição parece dramática, mas infelizmente acontece com certa freqüência no Brasil. Em uma região tropical, cuja média de chuvas é maior que no hemisfério Norte e com estradas que nem sempre têm manutenção adequada, qualquer motorista pode estar diante de pistas molhadas e uma situação de frenagem brusca. É nessa hora que pode fazer diferença um item de segurança dos automóveis que vem ganhando a simpatia dos brasileiros: os freios ABS. Nos últimos anos, o sistema ABS (do inglês Antilock Braking System — ou Sistema Antibloqueio de Frenagem) conquistou mais brasileiros. Estimativas de técnicos e fabricantes indicam que em apenas três anos mais do que dobrou o número de automóveis produzidos com esse dispositivo. Em 2005, cerca de 280 mil veículos saíram com o ABS de fábrica, volume que representa 12% da produção local. Esse desempenho supera o obtido em 2002 (120 mil unidades — ou 7%). A presença mais constante do ABS nos carros coincide com um fenômeno interessante. Alguns especialistas destacam cada vez mais que a decisão por adquirir um veículo com o sistema antibloqueio é influenciada pelas condições climáticas e de tráfego. Nesse sentido, as duas características do Brasil tornam o ABS mais útil para o consumidor nacional do que para motoristas de outros países, principalmente dos Estados Unidos e da Europa. As diferenças são claras. A água é o elemento que mais prejudica a dirigibilidade de um veículo. Na maior parte do Brasil, a média pluviométrica anual é de 1.500 milímetros. Há regiões, no entanto, em que São Pedro é mais generoso. Na Serra do Mar, entre o litoral de São Paulo e Rio de Janeiro, o volume de chuvas é superior a 3.000 milímetros. Comparativamente, esses números tornam outras regiões do mundo verdadeiros desertos. Em Paris, a média anual ronda os 640 milímetros. Berlim tem menos de 600 milímetros e Los Angeles, 375 milímetros. “Com esse volume de chuva, é natural que os brasileiros entrem em momentos de pista ruim com mais freqüência que em outros países. Isso torna o sistema ABS ainda mais importante para um mercado com as características 34 | VidaBosch | Brasil cresce | VidaBosch | 35 Brasil cresce Rachel Guedes Em sua oitava geração de desenvolvimento, o ABS tem saído de fábrica mais leve e com mais elementos eletrônicos — ou seja, mais preciso e eficiente como o nosso”, resume o diretor técnico da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Paulo Lozano. Mas mesmo quem dirige em regiões secas do Brasil tem desvantagem em relação a norte-americanos Não é preciso A Bosch nae europeus. sua vida ser um explorador de regiões isoladas para saber que boa parte das estradas nacionais têm condições precárias, muito diferente das grandes vias do hemisfério Norte. E um buraco ou resto de óleo na pista eleva a chance de perder o controle do veículo. Essas diferenças estão sendo cada vez mais percebidas pelo consumidor. Isso tem sido comemorado pelo setor por um motivo bem simples: aumenta a segurança do usuário. Diferentemente dos sistemas tradicionais, o ABS evita o travamento das rodas mesmo quando o motorista aplica força total no pedal do freio, independentemente do tipo de solo em que o veículo estiver rodando. Com isso, o motorista não perde a direção do veículo e consegue evitar colisões. “Esse sistema é muito mais eficiente que os tradicionais e, em um momento de emergência, o que o motorista mais precisa é de eficiência. O carro não pode sair derrapando”, observa George Pitseys, membro da comissão técnica da SAE Brasil, entidade que estuda a tecnologia ligada à mobilidade. Espaço para crescer Apesar de destacar qualidades do sistema, Pitseys admite que a popularização poderia ser maior no Brasil. “É inegável que a conscientização tem crescido, mas essa idéia tem de ser mais disseminada”, diz. Pelo mundo, os freios ABS já estão em boa parte dos veículos vendidos nos mercados desenvolvidos. “Nessas regiões, há países em que não se concebe ter um carro novo sem ele”, diz. De fato, em 1978, quando foi lançado pela Bosch, o sistema equipava 0,02% dos automóveis saídos de fábrica; em 2003, essa participação alcançou 69% do mercado mundial — e 100% na Comunidade Européia. Pitseys faz uma sugestão simples. Para ele, a melhor forma de popularizar o sistema ABS é apresentá-lo ao motorista. “Temos de fazer com que o motorista veja como é diferente estar em uma situação de pânico com o ABS. Quando o motorista souber disso, acredito que ele dará tanta importância como a que é atribuída a outros itens de segurança, como o airbag”, avalia. A tecnologia tem feito sua parte nessa popularização. O ABS está na sua oitava geração de desenvolvimento. Com isso, o dispositivo tem saído de fábrica mais leve e com mais elementos eletrônicos — que asseguram um funcionamento mais preciso e, o mais importante para o mercado brasileiro, preços mais competitivos. Atualmente, a inclusão do ABS em um veículo custa a partir de R$ 2 mil A inclusão do ABS em um veículo custa a partir de R$ 2 mil. O dispositivo deve vir de fábrica, já que a instalação é sofisticada e veículos usados não podem ter o sistema incluído para o consumidor final. Vale lembrar que esse pedido tem de ser feito à fábrica, já que a instalação é sofisticada e veículos usados não podem ter o sistema incluído. Os engenheiros não vêem a hora em que o ABS se torne um item corriqueiro nas ruas do Brasil. Até porque muitos lembram da piada que corria entre os norte-americanos há alguns anos. “Com o ABS no meu carro, não vou bater na frente. Mas tenho de torcer para que o carro de trás também tenha. Se não, ele vai bater atrás”. Se você tem o sistema de freios ABS no carro, considere-se um privilegiado. Mas, antes de enfrentar a próxima chuva ao volante, atente para algumas dicas. Como nem todos motoristas se deparam com situações de emergência, a maioria desconhece o funcionamento do sistema. Por isso, é importante conhecer as reações do freio durante seu acionamento. O vice-presidente da Associação das Empresas de Serviços Automotivos de São Paulo, Pedro Luiz Scopino, diz que a maior dúvida do motorista é a trepidação do pedal do freio em uma frenagem de emergência. Ele explica que o ABS funciona com base no monitoramento de cada roda do veículo. Durante a frenagem, qualquer diferença de velocidade superior a 15% entre as rodas faz o sistema entrar em ação. Para evitar que essa diferença seja o início do travamento da roda, diz Scopino, o ABS controla o fluxo do fluido de freio. Em situações de menor alteração de velocidade, o envio de fluido pode ser cortado. Já frenagens de emergência podem gerar contra-fluxo de fluido. “A trepidação acontece com o retorno do fluido que estava na roda”, explica. “Isso é absolutamente normal. Nessas situações, o importante é não tirar o pé do pedal para evitar perder o controle do carro”, recomenda. O ABS, destaca Scopino, entra em ação apenas em emergências. “Muitos dizem que o carro com ABS freia melhor que outros no dia-a-dia. Isso não é verdade. Ele trabalha junto com outros sistemas de freio, seja de discos ou tambor. O ABS apenas funciona, na prática, em um momento de emergência, quando há risco de travamento das rodas. Nas demais situações, é como se fosse um carro sem ABS”, diz. Outra dica é para o momento da partida do veículo. Ao girar a chave, a luz do ABS no painel acende e, segundos depois, apaga. “Se o carro estiver em movimento e a luz continuar acesa, é sinal de problema”, diz Scopino. Tenha a mesma atenção ao comprar um carro usado. Novamente, ao dar a partida, a indicação do ABS tem de acender. Se isso não acontecer, desconfie. “Como alguns não querem gastar com manutenção ao vender o carro, há casos em que a lâmpada é simplesmente retirada para evitar que o comprador perceba que há problema”, avisa. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Aposta concreta na expansão A Bosch vai colocar em operação, em meados de 2007, a primeira fábrica de ABS no Brasil. Com investimento de R$ 25 milhões, a nova unidade vai permitir que o sistema que evita o travamento das rodas durante as frenagens, hoje importado dos Estados Unidos e da Europa, seja produzido nacionalmente e atenda ao mercado brasileiro e do Mercosul. A fábrica ficará em Campinas, sede da empresa no Brasil e onde opera atualmente a Divisão Chassis Systems Brakes. Ela produzirá ABS de oitava geração — com apenas 1,6 quilo, 4,2 quilos a menos que o modelo de segunda geração, o primeiro a ser instalado nos automóveis brasileiros, em 1989. Cinqüenta funcionários estão recebendo treinamento para trabalhar na nova unidade. O investimento milionário é um sinal de que a Bosch aposta na expansão das vendas do ABS no Brasil e no Mercosul e na instalação do sistema como componente de série em mais automóveis. “O objetivo da empresa é viabilizar a instalação do ABS, fabricando-o no Brasil e trazendo mais segurança aos veículos”, afirma Edgar Garbade, presidente da Robert Bosch América Latina. A Bosch é líder no fornecimento de ABS para as montadoras do Mercosul. A empresa fornece o sistema para DaimlerChrysler, Fiat, General Motors, Peugeot, Citroën, Renault, Toyota e Volkswagen. 36 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Gustavo Faleiros Divulgação Um desafio especial Empresas correm para cumprir a lei e aumentam contratação de deficientes. Mas ainda há muito a ser feito nas áreas de treinamento e patrocínio 38 | VidaBosch | O atitude cidadã Brasil tem apresentado avanços importantes na luta contra a exclusão econômica e social dos portadores de necessidades especiais. Uma nova postura da iniciativa privada e, sobretudo, a aplicação de uma legislação que começou a ser formulada na década de 90 estão dando frutos. Uma pesquisa feita pelo Instituto Ethos sobre o perfil social, racial e de gênero da mão-de-obra das 500 maiores companhias brasileiras mostra que cresceu o número de empresas que contrataram deficientes. Em 2003, as companhias pesquisadas tinham no quadro de funcionários uma média de 3,5% de empregados portadores de necessidades especiais. Dois anos depois, o mesmo levantamento revelou que esse percentual se elevou a 13,6%. Em todo o mundo, essa é uma luta que vem sendo travada há três décadas, quando a ONU aprovou a primeira declaração sobre o tema. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que existam 386 milhões de deficientes com idade para trabalhar, mas que não encontram oportunidades. A taxa de desemprego entre esses trabalhadores chega a 80% em países em desenvolvimento como o Brasil — onde há cerca de 24 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na concepção da OIT, as empresas são o principal ator na inclusão de pessoas portadoras de deficiência. O primeiro passo para quebrar um círculo virtuoso de falta de oportunidades e exclusão é erradicar o preconceito dentro das companhias. Feito isso, o foco deve ser nas potencialidades dos deficientes, no incentivo a seus talentos. As empresas brasileiras já começam a criar oportunidades de trabalho, mas o papel delas ainda pode ser maior, em especial no patrocínio a atletas ou artistas com deficiência. Estímulo para isso já existe. O Brasil ratificou as convenções internacionais sobre direitos dos portadores de deficiência e, ao longo dos anos, conseguiu aprovar leis que buscam implementar tais compromissos. Em 1991, entrou em vigor a Lei 8.213, que cria o sistema de cotas de deficientes em empresas com mais de 100 funcionários. Mas foi necessário esperar até 1999 para um decreto presidencial (número 3.298) dar ao Ministério do Trabalho poder atitude cidadã | VidaBosch | 39 Rachel Guedes Fotos Divulgação Serasa A taxa de desemprego de deficientes chega a 80% em países em desenvolvimento, como o Brasil — onde há cerca de 24 milhões de pessoas com algum tipo de necessidade especial, segundo o IBGE para fiscalizar a aplicação da lei. Agora, espera-se que a aprovação de uma lei de incentivo ao esporte, no Congresso, possa contribuir ainda mais para a inclusão, pois haverá incentivos econômicos para o patrocínio de atletas portadores de necessidades especiais. Funcionárias na Serasa: empresa prefere não ter departamentos reservados a deficientes, para estimular a convivência com outros funcionários Fiscalização Renato Laurenti, da Paradigma, defende que trabalhadores com necessidades especiais têm de entrar na rotina da empresa: “Não adianta cumprir as cotas da lei e confinar os deficientes numa sala de telemarketing” Não há dúvidas de que a atuação do poder público na aplicação da lei de cotas está na base do crescimento das contratações de pessoas com deficiência, observa o gerente de mobilização do Instituto Ethos, Emílio Martos. Segundo ele, o Ministério Público e o Ministério do Trabalho têm atuado corretamente ao propor o diálogo com as empresas e oferecendo a elas prazos para cumprirem suas obrigações. Até mesmo porque a multa para as empresas que não atingem suas metas é de R$ 1.500 por funcionário não contratado. Alguns bancos brasileiros, por exemplo, devem absorver em seus quadros cerca de 3.500 funcionários com deficiência. Em apenas 1% dos casos as multas são realmente aplicadas, estima o promotor Ricardo Thadeu, do Ministério Público do Paraná. Após um trabalho para esclarecer as empresas, os acordos são fechados, estipulando-se prazos para o cumprimento de metas. Esse tempo pode variar de 30 dias a dois anos, dependendo do tamanho da empresa. Thadeu, que é um dos únicos integrantes do Ministério Público com deficiência — ele é cego —, acaba de concluir uma tese de doutorado sobre emprego de deficientes na iniciativa privada. “As empresas podem mudar a cultura de preconceito, mas o poder público tem de pressioná-las”, analisa. Já há evidências de que algum grau de mudança na cultura organizacional das empresas está ocorrendo. Os dados estão na própria pesquisa do Ethos. Contratar pessoas com deficiência passou a ser a ação de inclusão social mais presente nas empre- sas: 41% disseram realizá-la. Outro ponto importante é que a própria porcentagem de trabalhadores contratados (13,6%) está acima das cotas estabelecidas em lei (a maior cota é de 5% em empresas de mais de mil empregados). “As empresas, aos poucos, param de olhar para as cotas e passam a notar o trabalho das pessoas com deficiência”, destaca Emílio Martos, ao lembrar que o retorno com esse tipo de trabalhador, muitas vezes, surpreende. “São pessoas com enorme potencial que apenas esperavam por uma oportunidade”, diz o gerente de mobilização do Ethos. A consultora Marta Gil, que coordenou a elaboração do manual do Ethos “O que as empresas podem O que a lei prevê Total de funcionários 100 a 200 201 a 500 501 a 1000 mais de 1000 Porcentagem de deficientes 2% 3% 4% 5% 40 | VidaBosch | atitude cidadã Empresas precisam perceber o retorno social e de imagem que terão se patrocinarem iniciativas fora de sua esfera de atuação em prol dos deficientes, avalia o Instituto Ethos fazer pela inclusão das pessoas com deficiência”, resume a mudança com um simples argumento. “Ter pessoas com necessidades especiais na empresa pode não ser problema, mas sim solução.” Caminho das pedras Para que essa mudança ocorra, os esforços das companhias têm de se concentrar no setor de recursos humanos, destaca Marta. É ali que se encontram as dificuldades. Os profissionais do RH muitas vezes não sabem onde encontrar funcionários qualificados ou de que maneira inseri-los na empresa. Porém, essa barreira tem sido superada com uma parceria entre a iniciativa privada e o terceiro setor. Cada vez mais, organizações nãogovernamentais que trabalham com portadores de deficiência mostram às empresas os caminhos das pedras, oferecem treinamentos e elaboram planos de acessibilidade. atitude cidadã | VidaBosch | 41 É o caso da Paradigma, onde trabalha Renato Laurenti, 42, tetraplégico desde que sofreu um acidente aos 19 anos. A consultoria é importante pois, diz ele, é grande a chance de a contratação de uma pessoa deficiente dar errado. “Não adianta cumprir as cotas da lei e confinar os deficientes numa sala de telemarketing”, exemplifica. Trabalhadores com necessidades especiais têm de entrar na rotina, ele defende. Para abrir a empresa a essa mudança, as parcerias com a sociedade civil são muito importantes, mas delas as empresas precisam extrair conhecimento para estruturar uma política consistente de inclusão social. “A nossa visão é de que, ao buscar apenas cumprir a legislação, a empresa acaba contratando mal”, diz o coordenador do Programa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência da Serasa, João Baptista Ribas. A Serasa é considerada uma das companhias modelo na inserção de trabalhadores com necessidades especiais em seu quadro de funcionários. Em São Paulo, eles possuem 1.300 funcionários, dos quais 52 com incapacidade física, auditiva ou visual. Todos foram contratados dentro de um programa com metodologia bem definida. “Queremos desenvolver as pessoas, o talento delas, e para isso criamos todas as condições necessárias”, afirma Ribas Essas condições incluem, por exemplo, aquisição de lupas eletrônicas, impressoras em braile e contratação de intérpretes da Linguagem Brasileira de Surdos (Libras). Mas o cerne do programa está em garantir a diversidade dentro da empresa: não existem áreas ou atividades exclusivas para deficientes. “Poderíamos fazer palestras para sensibilizar os funcionários da empresa, mas nada é melhor do que a convivência”, resume Ribas. Novos desafios Apesar dos avanços, ainda há muitas dificuldades a ser superadas. As empresas ainda são bastante relutantes em patrocinar atividades, como esporte e arte, exercidas por portadores de necessidades especiais. O Comitê Parolímpico Brasileiro (CPB), por exemplo, só recebe ajuda das loterias da Caixa Econômica Federal, e ainda sim em valor bem menor do que o patrocínio ao esporte convencional: enquanto o CPB obtém R$ 3,8 milhões anualmente da Caixa, a equipe olímpica de atletismo sozinha fica com R$ 20 milhões. O patrocínio individual a atletas com deficiência é ainda mais difícil. A exceção é o nadador Clodoaldo Silva, considerado um dos maiores atletas desse tipo no mundo, recordista absoluto nos jogos de Atenas. Recentemente, ele fechou contratos com a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e a empresa de alimentação Nutriday. Entretanto, sua assessora de imprensa, Gisliene Hesse, que coordena um escritório que presta serviço a outros paratletas e à Confederação de Desportos dos Cegos, conta que é quase impossível conseguir patrocínio para quem não está na mídia. “Trabalhamos a imagem destes atletas para dizer que eles devem receber patrocínio não porque são coitadinhos, mas sim porque são pessoas que praticam esporte de alto rendimento, profissionalmente”, argumenta Gisliene. Emílio Martos, do Ethos, prevê que aos poucos as empresas perceberão o retorno social e de imagem que terão ao patrocinarem iniciativas fora de sua esfera de atuação. Ele acredita que, com o crescimento dos funcionários com deficiência dentro das empresas, haverá mais patrocínio. “Quando um portador de deficiência estiver na chefia de uma empresa, ele mais que ninguém vai entender a importância de gerar oportunidades”. Fernando Moraes/Folha Imagem Arquivo Bosch As empresas têm capacitado funcionários com necessidades especiais para trabalhar no comércio (página ao lado) e na indústria, como Dirceu Cielinski (à esquerda). Agricultor, ele conseguiu emprego como operador na linha de produção da Bosch, em Curitiba A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Ensinando a pescar A contratação de portadores de necessidades especiais é apenas o primeiro passo por meio do qual a Bosch contribui com a inclusão profissional desse grupo. A empresa, cujo objetivo é ter pelo menos 6% de deficientes em seu quadro de funcionários, também organiza cursos de mecânica básica para pessoas com problemas visuais, auditivos, mentais ou físicos nas unidades de Curitiba (PR), desde 2003, Campinas (SP) e Aratu (BA), desde 2004. Em grande parte das vezes, esses profissionais, depois de capacitados, são contratados pela Bosch e desempenham atividades como montagem de embalagens de peças, preparo de componentes para bobinas de ignição e colagem de velas de ignição em suas embalagens. “Existe uma legislação que determina a contratação de uma cota mínima de funcionários portadores de necessidades especiais. Mas uma boa parte não tem qualificação suficiente. Então, fizemos parcerias e começamos a qualificar essas pessoas, não só para a contratação interna, mas também para disponibilizá-las para o mercado de trabalho”, conta o gerente de Recursos Humanos da Bosch em Curitiba, René Lopes. A unidade do Paraná foi pioneira na realização do curso. Desde 2003, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a Secretaria do Trabalho e com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal), já formou 109 deficientes auditivos e físicos. As aulas duram 120 horas, e incluem noções de desenho industrial, medição e tecnologia mecânica. No segundo semestre deste ano, mais 25 pessoas devem ser capacitadas em Curitiba. Em Campinas, já foram formadas duas turmas, com, ao todo, 32 deficientes físicos e auditivos. Em Aratu, os cursos são dados pelas instituições parceiras — o Instituto Capaz, o Instituto de Cegos da Bahia e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) — que, no início do projeto, ajudaram a mapear as áreas de produção nas quais os portadores de necessidades especiais poderiam atuar e, desde então, os preparam para essas funções. 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso David Gould/Getty Images A história dos equipamentos de medição, das cordas com nós usadas pelos egípcios | Por Marcelo Ferroni até os aparelhos a laser Na medida certa 44 | VidaBosch | A aquilo deu nisso | VidaBosch | 45 aquilo deu nisso grande pirâmide de Giza, no Egito, construída durante a Quarta Dinastia (século 26 a.C. a século 25 a.C.), é um feito de habilidade técnica e engenharia. Composta por cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra, considerada uma das mais colossais construções do planeta, ela tem um detalhe impressionante: seus lados, com cerca de 230 metros, variam menos de 0,05% entre si. Tal precisão remete a um dos mais antigos sistemas de medição conhecidos pelo homem. Tudo indica que os egípcios, desde cedo, desenvolveram métodos e instrumentos de mensuração. Os agricultores, por exemplo, faziam marcas nas margens do Nilo, provavelmente com pedras, para acompanhar a movimentação das enchentes anuais do rio. Para estimar áreas plantadas, usavam cordas com nós, cada nó valendo duas unidades da medida egípcia, chamada de côvado. O côvado, que se tornou uma das mais disseminadas unidades de medida no mundo antigo, foi criado em cerca de 3.000 a.C. e equivalia ao comprimento do cotovelo até os dedos esticados — hoje, seria o mesmo que 0,524 metro. Hoje se sabe que as laterais da pirâmide de Giza têm perto de 440 côvados. Desde então, diferentes povos, com suas peculiares unidades de medida, sempre tiveram instrumentos de medição que variavam entre escalas e cordas com marcações. Para distâncias maiores, no entanto, era usado um outro sistema, já conhecido pelos egípcios e passado aos gregos: a triangulação, um processo trigonométrico em que, ao se conhecer um lado do triângulo e dois ângulos adjacentes, é possível descobrir o tamanho dos outros lados. Os instrumentos de medição linear passaram aos gregos, romanos e disseminaramse pela Europa medieval. Em 1631, ganhariam em precisão com um novo sistema, desenvolvido pelo matemático francês Pierre Vernier (1580-1637). Nas horas livres do trabalho administrativo para o governo, Vernier desenvolveu um sistema que usava duas graduações: uma escala principal e outra, secundária, que corre em paralelo e indica as frações das divisões da escala principal. Com tantos avanços na área de medições, faltava apenas um detalhe: uniformizar os pesos e medidas. Estima-se que, na época, só a França tivesse cerca de 700 unidades Dwight Eschliman/Getty IMages de medida diferentes. A idéia de criar um sistema racional, baseado em múltiplos de dez, surgiu durante a Revolução Francesa, no fim do século 18. Guiada pela idéia da difusão de valores universais, a Assembléia Nacional francesa procurou criar um sistema destinado “a todos os tempos, a todos os povos”. Para definir qual seria a medida padrão, em 16 de fevereiro de 1791 a Academia de Ciências montou uma comissão para escolher entre três opções: a largura de um pêndulo de segundos na latitude de 45º, uma fração do comprimento do quadrante do Equador ou a fração do quadrante de um meridiano terrestre (o quadrante corresponde à quarta parte de um círculo, equivalente a 90º). Em março do mesmo ano, a terceira opção foi a escolhida. Batizada de metro, a partir da palavra grega métron (medida), a nova unidade seria equivalente a 1/10.000.000, ou uma parte em dez milhões, do quadrante do meridiano terrestre, medido a partir dos pólos e passando por Paris. Medida exata Faltava ainda determinar a medida exata do quadrante, o que não se mostraria uma tarefa fácil. Mais uma comissão foi montada, desta vez para empreender uma expedição para determinar o comprimento do arco do meridiano entre Barcelona, na Espanha, a Dunquerque, na França. A expedição, liderada pelos astrônomos Pierre Mechain (1744-1804) e Jean Delambre (1749-1822), duraria seis árduos anos. Além da dificuldade em obter as medições, em março de 1793 a França declarou guerra à Espanha e, em setembro do mesmo ano, a Academia de Ciências foi suprimida. A missão só se encerraria em 1798. Nesse meio tempo, em 1795, foi aprovada uma lei adotando o sistema métrico decimal. Além do metro, foram criadas as unidades de grama e litro. Adotaram-se também os prefixos gregos para múltiplos de dez (como quilômetro, ou 1.000 metros) e os latinos para as subdivisões (como centímetro, ou 0,01 metro). Em 1799, a França produziu os primeiros modelos, em platina, de um metro e um quilo. Posteriormente se descobriria que o comprimento final estava errado (0,2 milímetro mais Os instrumentos de medição deram um salto de precisão no século 17, quando o francês Pierre Vernier desenvolveu um sistema com duas graduações: uma escala principal e outra secundária – o que daria origem mais tarde ao metro e suas frações, como o centímetro curto que o tamanho correto), devido a alguns detalhes de cálculo ignorados pelos pesquisadores. Mesmo com esse pequeno “desvio”, a barra do metro tornou-se o padrão. Agora que já tinham o sistema, precisavam implantá-lo. Na França, sua aplicação no comércio imediatamente virou lei; nas escolas, os professores eram obrigados a ensiná-lo aos alunos. No início do século 19, algumas províncias italianas o adotaram. Os Países Baixos passaram a usá-lo em 1819; a Es- Convenção do Metro, que padronizou as unidades de medida, foi criada em 1875 e assinada pelo Brasil em 1921 panha, em 1849. Após 1860, o sistema métrico chegaria também à América Latina. Em maio de 1875, Paris sediou um encontro internacional para discutir a disseminação do sistema, e 17 países assinaram um tratado conhecido como Convenção do Metro. O Brasil assinaria o documento em 1921. Reino Unido e Estados Unidos, apesar de terem assinado a convenção, adotaram um sistema de unidades distinto, o britânico. Enquanto isso, os instrumentos de medição também ficavam mais precisos. Nos laboratórios e nas grandes empresas, a escala Vernier foi essencial para a medida de pequenos comprimentos. O paquímetro, por exemplo, media com precisão dimensões de até 15 centímetros, com precisão de 0,05 milímetro. Já o micrômetro, que em vez das réguas deslizantes do paquímetro se utilizava de uma rosca, media dimensões entre 30 e 50 milímetros, com precisão de 0,002 milímetros. Em 1966, o metro passou a ser definido de outra forma: ele seria o equivalente a 1.650.763,73 comprimentos de onda da emissão vermelho-alaranjada de um átomo de criptônio-86. Com a nova definição, o metro poderia ser “fabricado” em qualquer lugar. A padronização do metro mudou mais uma vez em 1983, quando ele passou a equivaler à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante uma fração de 1/299.792.458 de segundo. E, caminhando lado a lado com esse avanço tecnológico, a metrologia também progrediu; com a adoção de um sistema de reflexão a laser, ganhou-se em precisão, principalmente nas medições de distâncias maiores. As trenas eletrônicas, por exemplo, medem até 200 metros com precisão de 1,5 milímetro. Para medições da ordem de mil metros, o desvio é de 3%. Os equipamentos a laser não acrescentaram apenas precisão, significaram um ganho também em praticidade. Para fazer medições, basta ao usuário mirar um ponto (um objeto ou anteparo, como parede, estaca etc.) e apertar um botão: em milésimos de segundo, o aparelho emite um feixe de laser em direção ao ponto, obtém de volta a informação, calcula a distância e transfere o dado para a tela do medidor. Esses avanços todos não impedem, é claro, que ainda hoje haja confusões no uso do sistema métrico. O caso mais famoso dos últimos anos ocorreu com a Nasa, a agência espacial norte-americana. Em setembro de 1999, ao confundir o sistema métrico com o britânico, misturando metros, pés e polegadas, os cientistas espatifaram uma sonda espacial de US$ 125 milhões no solo de Marte. Aí, não há precisão que resolva. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Uma mistura de trena e calculadora Medir grandes cômodos com trenas convencionais traz dois problemas: é trabalhoso e pode produzir resultados imprecisos, já que a maioria dessas ferramentas não tem alcance suficiente para medir extensões longas de uma só vez. Uma maneira mais rápida e eficiente de fazer o mesmo trabalho é usando medidores de distância a laser. A Bosch disponibiliza no mercado brasileiro o modelo DLE 50, que tem alcance de 50 metros, escala de precisão de 1,5 milímetro e é capaz de medir distâncias, áreas e volumes. Nestes dois últimos recursos, após a medição do comprimento e largura de um recinto, o aparelho já indica o resultado em metros quadrados; medindo a altura, em metros cúbicos. Além disso, ele dispõe de teclas de memória que permitem ao operador somar e subtrair distâncias, áreas e volumes. O aparelho ainda tem o recurso de medições indiretas, que permite medir, por exemplo, o pé direito de um imóvel. A técnica é simples: de fora do imóvel, o operador aponta o laser para o alto da fachada e coloca a distância na memória do dispositivo. Do mesmo local, direciona o laser na horizontal, para o pé da casa. Com as duas medidas, o DLE 50 calcula a altura do imóvel, usando o teorema de Pitágoras. Esse mesmo recurso permite medir distâncias superiores a 50 metros: basta que o operador lance o laser sobre dois pontos que obterá a distância entre eles – isso permite que o alcance chegue a 100 metros. O medidor ainda é prático sob outro ponto de vista: tem o tamanho e o peso de um celular — o menor do mercado. Ele funciona a bateria e desliga automaticamente após cinco minutos sem uso. 46 | VidaBosch | áudio | Por Alan Infante Pensando nisso, a VidaBosch consultou especialistas para sugerir alguns projetos de áudio para os diferentes gostos (e bolsos). Os nove projetos propostos se dividem em três estilos: o básico, para aquele consumidor que quer o essencial, sem gastar muito; o intermediário, para quem gosta muito de som, mas não tem dinheiro sobrando; e o avançado, para aqueles que não economizam dinheiro quando o assunto é música. Básico (R$ 600 – R$ 1.550) U Arquivo Bosch m cliente entra em uma loja de som automotivo para equipar seu carro. Numa vitrine, ele vê dezenas de modelos de CD player, em outra, alto-falantes de todos os tamanhos e formatos, numa terceira, componentes que mal sabe identificar. Em meio a esse zoológico de aparelhos eletrônicos, um leigo não saberia sequer por onde começar se tivesse que escolher os componentes adequados para o tipo de som que deseja. Um som para cada bolso Especialistas ensinam a montar um sistema de áudio adequado a cada gosto e a cada orçamento O primeiro projeto tem um custo médio de R$ 600, incluindo a instalação, e conta com os componentes essenciais: um tocador de CD e dois pares — um dianteiro e um traseiro — de alto-falantes triaxiais (com uma saída para sons graves, outra para sons médios e outra para agudos). Os aparelhos recomendados são o CD player Bermuda MP35, que reproduz MP3, e os alto-falantes FLx63 ou FLx53. Nesse caso, foram sugeridos falantes desenvolvidos para serem instalados nos locais originais, sem modificar o revestimento interno do veículo. Essa composição é indicada para quem busca um sistema de som simples e não quer alterar as partes internas do carro, afirma Nelson Godoy, técnico de suporte a venda da Blaupunkt, marca do Grupo Bosch. “Nos veículos com preparação para som, esse projeto tem a vantagem de ter um custo de instalação baixo”, observa Paulo César da Silva Rocha, o Paulinho Som, dono de uma loja de som automotivo em Vitória (ES) e recordista mundial em campeonatos do ramo, com 552 títulos. Mas o consumidor que estiver disposto a desembolsar um pouco mais pode incrementar esse primeiro projeto. Por cerca de R$ 730, é possível instalar um CD player MP3 Monterrey MP35, que vem com painel colorido, controle remoto e é basculante (a frente do aparelho desce para receber ou ejetar o CD), e substituir os alto-falantes por outros mais potentes. Os falantes suge ridos são um par de quadriaxiais GTr694 na parte traseira (que é composto por quatro saídas: uma para sons graves, outra para médios, e duas para agudos) e, na dianteira, um par de Gtr63, triaxiais. Ainda sem sair do básico, mas gastando um pouco mais, é possível incrementar o som com um subwoofer de 12 polegadas GTr12sw e um amplificador GTa275. “Esse projeto tem um ganho de áudio propriamente dito, já que o subwoofer reproduz freqüências graves que os falantes comuns não reproduzem”, destaca Godoy. Esse projeto, instalado, tem um custo aproximado de R$ 1.550. Intermediário (R$ 1.830 – R$ 4.830) No projeto intermediário mais simples, o CD player MP3 continua sendo o Monterrey MP35, mas a aparelhagem que reproduz o áudio muda. Sai de cena o subwoofer e entra um par de alto-falantes ODc660, de 240 watts, ou ODc540, de 180 watts, nas portas dianteiras. Esses falantes são dos chamados kits Escolha seu projeto CD Player MP3 Alto-falantes frontais Alto-falantes Subwoofer traseiros Amplificador para alto-falantes internos Amplificador para subwoofer Custo Básico 1 Bermuda MP35 FLx63 ou FLx53 FLx63 ou FLx53 — — — R$ 603,00 Básico 2 Monterrey MP35 GTr63 GTr694 — — — R$ 732,00 Básico 3 Monterrey MP35 GTr63 GTr694 GTr12SW — GTa275 R$ 1.556,00 Intermediário 1 Monterrey MP35 ODc660 ou ODc540 FLx63 ou FLx53 — GTa475 — R$ 1.827,00 Intermediário 2 Monterrey MP35 ODc660 ou ODc540 FLx63 ou FLx53 GTr12SW — GTa275 R$ 2.476,00 Intermediário 3 Acapulco MP54 ODc660 ou ODc540 ODc660 ou ODc540 GTr12SW GTa475 GTa275 R$ 4.829,00 Avançado 1 Bremen MP74 ODc660 ODc540 GTr12SW GTa475 GTa275 R$ 5.282,00 Avançado 2 Bremen MP74 + IVOD1022 ODc660 ODc540 GTr12SW GTa475 GTa275 R$ 9.231,00 Avançado 3 Aspen IVDM7003 ODc660 ODc540 GTr12SW GTa475 GTa275 R$ 10.133,00 Fonte: Blaupunkt e Paulinho Som 48 | VidaBosch | áudio Projeto top de linha inclui DVD player com tela de sete polegadas e duas saídas para outros monitores duas vias (um par de midbasses, para sons médios e graves, um par de tweeters, para sons agudos, e um crossover passivo, que separa as freqüências). Na traseira, voltam os falantes originais FLx63 ou FLx53. O amplificador é substituído pelo GTa475, que tem saída para as quatro caixas. Para instalar esse conjunto no carro gasta-se, em média, R$ 1.830. “Esse projeto privilegia a parte dianteira do carro, com um ganho na qualidade do som das caixas frontais”, explica Godoy. Para ampliar ainda mais a riqueza auditiva desse primeiro projeto intermediário, é possível instalar o subwoofer de 12 polegadas. Nessa nova configuração, sai o amplificador para quatro canais e volta o GTa275, que alimenta unicamente o novo componente. Os demais alto-falantes permanecem os mesmos, mas sem o “apoio” do amplificador. A vantagem é que o conjunto passa a contar com uma saída exclusiva para as freqüências graves, frisa Godoy. Nessa composição, o custo total fica em R$ 2.470. Em um terceiro projeto intermediário, o CD player MP3 passa a ser o Acapulco MP54, que conta com ajuste automático de volume, controle no volante e sete canais de equalização personalizados. A estrutura de alto-falantes ganha kits de duas vias também na parte traseira do carro. Na base desse conjunto estão dois amplificadores: o GTa275, para o subwoofer, e o GTa475, para os quatro falantes internos. Instalado, esse sistema de som sai por R$ 4.830. Avançado (R$ 5.580 – R$ 10.130) O primeiro projeto avançado mantém a mesma estrutura de alto-falantes e amplificadores do intermediário três, inclusive com o subwoofer, mas o CD player MP3 passa a ser o Bremen MP74, que tem ajuste do posicionamento de palco e 27 faixas de equalização. Nessa configuração, é mais recomendada a instalação dos kits duas vias ODc660 nas portas dianteiras e ODc540 na parte traseira. “Essa já é uma estrutura de áudio top de linha, para quem quer um bom som sem tunar o carro”, conta Godoy. O custo de um sistema nesses moldes fica em torno de R$ 5.286. Para completar o sistema de som dessa primeira proposta, pode-se instalar um DVD player. O modelo indicado é o IVOD 1022, que tem monitor de 10,2 polegadas, ajuste de ângulo de visão e saída para fone de ouvido. O aparelho foi projetado para ser instalado no meio do teto do carro, para os passageiros do banco de trás. O componente funciona em conjunto com o Bremen MP74. Os quatro falantes com kits duas vias e o subwoofer ficam incumbidos de dar fuga às freqüências sonoras, melhoradas pelos dois amplificadores GTa275 e GTa475. Para adquirir e instalar toda essa aparelhagem é preciso desembolsar, em média, R$ 9.230. No projeto mais avançado, a sugestão é substituir o Bremen MP74 e o IVOD 1022 pelo DVD player Aspen IVDM 7003, que é instalado no painel e vem com monitor de sete polegadas retrátil (a tela pode ser “engavetada” no aparelho). O componente vem com seis entradas adicionais para áudio e vídeo, duas saídas para monitores extras, ajuste de ganho por canal e touch screen (o operador seleciona as funções digitando na própria tela). O restante da estrutura permanece o mesmo. Para adquirir e instalar esses equipamentos gasta-se, em média, R$ 10.133. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch O equipamento certo com a instalação certa Os especialistas são unânimes em dizer que a instalação faz a diferença na qualidade final de qualquer sistema de áudio automotivo. “O instalador é a peça mais importante. Ele precisa ter o conhecimento técnico para posicionar e direcionar os falantes da forma correta, do contrá rio não conseguirá extrair tudo o que o produto tem a oferecer”, afirma Paulo César da Silva Rocha, o Paulinho Som, dono de uma loja de som automotivo em Vitória (ES). Para oferecer aos instaladores uma formação adequada, a Bosch iniciou este ano um curso gra tuito voltado aos profissionais da área. Os participantes passam uma semana na unidade de Campinas, onde, das 8h às 18h, aprendem desde os princípios físicos das ondas sonoras até técnicas de acústica, passando por sistemas elétricos, sistemas de áudio e divisores de freqüên cia. As aulas são ministradas por Paulinho, que é recordista mundial em títulos de campeonatos de som automotivo. Além das aulas teóricas, o curso inclui a instalação de um sistema de áudio completo em um dos veículos de demonstração da Blaupunkt. Para participar do curso é preciso ter pelo menos dois anos de experiência na área e no ções básicas de eletrônica. No primeiro semestre foram realizados dois treinamentos e está prevista a abertura de inscrições para duas novas turmas com 30 alunos até o fim do ano (de 18 a 22 de setembro e de 16 a 20 de outubro). Os interessados podem se inscre ver pelo telefone (19) 2103-3778.
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