INCIDÊNCIA DE ENTORSES DE TORNOZELO EM UM PRONTO
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INCIDÊNCIA DE ENTORSES DE TORNOZELO EM UM PRONTO
INCIDÊNCIA DE ENTORSES DE TORNOZELO EM UM PRONTO ATENDIMENTO DE TRAUMA E SUA ASSOCIAÇÃO ÀS FRATURAS ÓSSEAS E FATORES AGRAVANTES TEIXEIRA, Leonardo Andrade. Discente do Curso de Graduação em Medicina MIBIELI, Marco Antônio Naslausky. Docente do Curso de Graduação em Medicina Palavras-chave: Entorses e Distensões, Tornozelo, Fatores de Risco, Medicina. INTRODUÇÃO Dentre as lesões musculosqueléticas na população ativa a entorse de tornozelo se apresenta com alta frequência, estando ainda mais presente em indivíduos praticantes de atividades esportivas1. Geralmente a entorse ocorre quando há sobrecarga articular na posição de inversão e flexão plantar, reduzindo a superfície de contato entre o tálus e a tíbia2. Concomitante à entorse podem ser identificadas fraturas ósseas decorrentes do mesmo mecanismo traumático3. Ao identificar fatores que podem desencadear ou aumentar a intensidade do trauma, favorecendo o surgimento de fraturas ósseas, pode-se intervir junto ao paciente com ações que possam reduzir a incidência da torção do tornozelo. OBJETIVOS: Objetivo Geral: Identificar fatores que aumentam a incidência e a intensidade da entorse de tornozelo. Objetivos Específicos: (1) Quantificar em quantos pacientes correu simultaneamente com entorse de tornozelo e fraturas de estruturas ósseas; (2) Associar as atividades realizadas no momento da torção com o calçado utilizado, o IMC do paciente e a intensidade da torção; (3) Identificar a época de vida em que há maior prevalência; (5) Propor nova classificação de entorses; (6) Demonstrar a incidência de pacientes com torção de tornozelo em uma emergência de traumatologia e ortopedia; (7) Propor, junto ao paciente, ações que possam evitar torções e reduzir a intensidade dos que porventura aconteçam. METODOLOGIA As avaliações e exames foram realizados com os pacientes que procuraram o pronto atendimento de traumatologia e ortopedia da Unidade Mista 24h de Fragoso (UM24H), situada no município de Magé, com a queixa de torção de tornozelo, durante os plantões de 24 horas dos Sábados, no período de Novembro de 2015 a Fevereiro de 2016. Foram colhidas as seguintes informações: Idade; Sexo; IMC; Calçado utilizado no momento do trauma; Atividade Realizada no momento do trauma; Grau da entorse e Presença de fraturas ósseas relacionadas ao mesmo mecanismo da torção. Há várias formas de se classificar o grau de entorse de tornozelo, sendo assim utilizamos uma classificação baseada na descrita por Kannus e Renstrom4. Foi adicionada aos critérios de classificação a quantidade de carga que o paciente deposita sobre o membro lesado, avaliada através da deambulação. Grau 1: Leve claudicação depositando carga total no membro. Grau 2: Claudicação intensa evitando depositar carga sobre o membro. Grau 3: Paciente não deposita carga no membro. DESENVOLVIMENTO Levando em conta o extenso leque de queixas que fazem os pacientes procurarem uma emergência de ortopedia e traumatologia, a incidência da torção de tornozelo, 11,3% colhida neste trabalho, pode ser considerada elevada. Dos 43 atendimentos com diagnóstico de entorse de tornozelo 10 (23%) apresentaram alguma fratura óssea O primeiro fator agravante da entorse que destacaremos é o sobrepeso (IMC >25 e <30). Durante o mecanismo traumático, este ganha mais força devido à sobrecarga a que é imposta à articulação que tem suas estruturas já tensionadas por um movimento forçado. Observam-se nos dados apresentados neste trabalho, que nos graus maiores da entorse havia, proporcionalmente, pacientes apresentando o IMC mais elevado que nos graus mais leves. Soma-se a isso o desgaste articular prévio ao qual é exposta cronicamente a articulação tíbio-talar do paciente, e têm-se ainda um aumento, por baixa resistência das estruturas ligamentares, mais um agravante na gravidade da entorse. Em relação ao calçado utilizado, verificamos que o chinelo aparece com destaque em relação às entorses de grau 1 e 2. Creditamos a esse fato a baixa estabilidade do contato entre o solo e a pisada que o chinelo oferece. Assim, não é mantida uma posição estável para a pisada, e o calçado pode ser o próprio desencadeador do mecanismo de trauma, como por exemplo, gerando uma mudança abrupta de marcha (tropeçando, escorregando). Por outro lado, podemos observar que lesões mais graves foram observadas em calçados fechados, como botas, sapatos e tênis. Esclarece-se essa observação pela justificativa de que com um calçado fechado, que tem grande área de contato com o membro do paciente, pouca energia perde-se quando a estrutura é exposta ao trauma. Fraturas bimaleolares e trimaleolares apareceram quando este tipo de calçado estava em uso, também devido, a esses calçados manterem mais enrijecido a articulações do pé (tarsometatarso, mediotársica e subtalar) e a energia da torção ser imposta sobre a articulação tíbiotalar. Ao observar a relação entre as atividades e calçados de baixa estabilidade, como chinelos e sandálias, vemos que esses calçados estão relacionados a traumas menos graves, ocorrendo mais frequentemente associado à mudança de nível e alteração abrupta da marcha, o que reforça a hipótese do próprio calçado ser o causador do mecanismo traumático. A associação de calçados de baixa estabilidade com a deambulação em piso irregular causou os traumas mais graves relacionados a este tipo de calçado, pois é nessa situação em que a estabilidade do calçado é mais solicitada. Calçados fechados aparecem mais associados com a mudança abrupta da marcha e relacionados aos graus mais elevados de entorse. Nesse grupo de atividade é onde se encontram os praticantes de atividades mais intensas, como a corrida. Foi dentro da faixa etária de 20 a 40 anos em que se enquadrou a maioria dos pacientes com o diagnóstico de entorse de tornozelo. Isso ocorre, pois é nessa faixa de idade que aparecem os pacientes mais ativos fisicamente. É conhecido que mulheres apresentam maior frouxidão ligamentar5, sendo essa uma das explicações para o fato de ter havido mais mulheres procurando o serviço de emergência devido à entorse de tornozelo. Também foi nesse gênero que houve a maioria dos casos de fraturas, que tiveram sua gravidade aumentada de acordo os fatores identificados iam se tornando mais presentes. Uma dificuldade encontrada durante a pesquisa foi em relação à classificação da entorse, isso pois diversos itens utilizados para a classificação são de avaliação subjetiva. Propomos então, uma forma de classificação em que os fatores de maior subjetividade tenham menor influência na classificação das entorses, da seguinte maneira: Avaliação da dor e edema tenham peso 1. Exame físico tenha peso 2. Critério Dor Pontuação Pisada Normal / Referindo +1 pouca dor Claudicando / Dor média +2 Não deposita carga / Muita +3 dor Edema Leve +1 Médio +2 Acentuado +3 Preservado +2 Reduzido +4 Não mobiliza +6 Amplitude Mantida +2 Amplitude Levemente aumentada +4 Muito aumentada +6 Sem alterações +2 Leve frouxidão +4 Frouxidão exacerbada +6 Mobilização Ativa Gaveta Anterior Trajeto de Tendões Indolor (palpação/ectoscopia) +2 Doloroso +4 Doloroso + Equimose +6 Associação com fraturas Palpação de Proeminências Indolor A Ósseas (Seguindo critérios Base de 5º metatarso B de Ottawa) Maléolo Lateral C Maléolo Medial D Tuberosidade do Navicular E *Avaliação física recomenda-se ser realizada com anestesia local Graus de Entorse: Leve: 10-15 Moderado: 16-20 Grave: 20-25 Severa: 25-30 Orientar os pacientes sobre a adoção de medidas de mudança de hábitos e de cuidados no dia-a-dia pode ajudar a reduzir a incidência e a gravidade das entorses de tornozelo. A estabilidade que calçados fechados fornecem ajudam a evitar pequenos acidentes. Além disso, promovem a redução da gravidade do trauma quando há outros fatores agravantes associados. A redução do peso corporal é uma medida que traz diversos benefícios. Reduz a energia do mecanismo traumático e diminui o estresse crônico que é imposto à articulação do tornozelo. A prática de atividades físicas sob supervisão promovem, junto com dieta planejada, a redução de peso, e, além disso, fortalece as estruturas musculares, o que aumenta a estabilidade articular6. CONCLUSÃO Confirmamos a entorse de tornozelo como uma relevante lesão dentre as queixas que levaram o paciente a buscar a emergência de ortopedia. As fraturas ósseas estiveram presentes em quase 4 de cada 10 pacientes que também apresentavam a entorse. Identificamos que o sobrepeso, o sexo feminino, e idade entre 20 a 40 anos foram fatores que estiveram relacionados com a maior incidência da entorse. Quando associados os calçados sandálias e chinelos, e a situação em que a estabilidade do calçado é mais solicitada (deambulação em piso irregular) vê-se aparecer às lesões mais graves relacionadas a estes calçados. Em relação aos calçados fechados, eles estiveram ligados a graus mais elevados de entorse. Ao identificarmos esses fatores podemos propor que a redução da massa corporal e o uso de calçados adequados pode reduzir a incidência e o grau de entorses. Estudos posteriores com base na classificação de entorse proposta devem ser realizado, a associando a à exames de imagem para confirmação do seu valor em determinar lesões ligamentares, e ainda como forma de indicar métodos de tratamentos. BIBLIOGRAFIA 1- Kerkhoffs GM, Rowe BH, Assendelft WJ, Kelly K, Struijs PA, van Dijk CN. Im-2. mobilisation and functional treatment for acute lateral ankle ligament injuries in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(3):CD003762. 2- HERGENROEDER, A. C., 1990, Diagnosis and treatment of ankle sprains. Sports. Med., v. 144, pp. 809-814. 3- RASMUSEN, 0., 1985, Stability of the ankle joint. Aeta. Orthop. Seand., v. 56, sup. 221, pp. 13 4- KANNUS, P. & RENSTRÓM, P., 1991, Treatment for acute tears of the lateralligaments o f the ankle. J. Bone. Joint. Surg., v. 73a, n. 2, pp. 305-313 5- César G.M., Pereira S.V., Serrão F.V. Influência dos Hormônios Sexuais na Frouxidão e Lesão de LCA. Fisioter. Mov. Set 2008 Vol 3. 93-100 6- Correia P.P., Espanha M., Freitas S.,Oliveira R., Pascoal A.G. Estudo do Movimento. 1ed. Lisboa: FMH Edições; 2005
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