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WWW.ALUNONOTA10.COM A Grécia constituiu uma civilização cuja influência foi profunda, na formação da cultura ocidental. Da Grécia antiga herdamos não só uma extensa gama de conhecimentos científicos, desenvolvidos por pensadores como Pitágoras, Eratóstenes, Euclides,Tales, Arquimedes, como também os grandes fundamentos do pensamento filosófico e político presentes nas obras de Sócrates, Platão, Aristóteles e outros. Também nossos padrões estéticos de arte e beleza foram herdados dos gregos, influenciados por sua escultura, arquitetura e teatro. O Período Pré-Homérico (2000 – 1200 a.C.) As origens da civilização grega estão profundamente relacionadas à história de Creta, que viveu o processo de ascensão e queda de sua civilização entre 2000 a.C. e 1400 a.C. A privilegiada situação geográfica de Creta, a maior ilha do mar Egeu, favoreceu os contatos marítimos com o Egito, a Grécia e a Ásia Menor, regiões com as quais desenvolveu intenso comércio. Até o século XV a.C., Creta exerceu a mais completa hegemonia comercial sobre essa região do Mediterrâneo, estendendo seus domínios à Grécia continental, onde conquistou várias cidades. As características desta civilização lembram, em suas estruturas, a antiguidade oriental. Em Creta, dado o enorme desenvolvimento das práticas comerciais, o controle político concentrava-se nas mãos de uma elite comercial (talassocracia), liderada por reis, descendentes dos lendários Minos. A cidade de Cnossos era a capital do reino, a qual, na época de seu apogeu, chegou a contar com uma população de mais de cem mil habitantes. As cidades cretenses, segundo as investigações arqueológicas, apresentavam um singular talento arquitetônico, com grandes palácios e edifícios dotados de complexos sistemas de saneamento e canalização de água. A amplitude do palácio governamental de Cnossos, com suas inúmeras dependências e a decoração, sugeriam a idéia de um verdadeiro labirinto. Em Creta, sabe-se que a mulher desfrutava de direitos e obrigações quase desconhecidos em outras regiões na antiguidade. As mulheres cretenses possuíam uma importância que transparecia na religião, cuja principal divindade era feminina, a deusa Grande-Mãe. Isto faz supor que, na ilha, sobrevivesse uma forte influência das sociedades matriarcais pré-históricas. As mulheres participavam das grandes festas e das cerimônias religiosas, muitas eram sacerdotisas, outras fiandeiras e até pugilistas, caçadoras e toureiras. Em meados do século XV a.C., os aqueus – povo que habitava nessa época a Grécia Continental – invadiram Creta, dando início à civilização creto-micênica, cujos representantes se espalhariam pelo mar Egeu dominando-o até o século XIII a.C. Embora fundada por aqueus, a cidade de Micenas adotou muitos valores cretenses, especialmente os artísticos, apesar de impor a supremacia patriarcal, iniciando a transição para o mundo grego. O predomínio de Micenas, que vencera também sua rival, Tróia, duraria até o século XII a.C., quando a região foi invadida pelos conquistadores gregos chamados dórios. Provavelmente, os primeiros povos a habitar a Grécia foram os pelasgos, ou pelágios. Ao que tudo indica, por volta de 2000 a.C., esses povos, organizados em comunidades coletivistas, ocupavam a zona litorânea e mais alguns pontos isolados na Grécia continental. Foi aproximadamente nessa época que teve início, na Grécia, um grande período de invasões, que se prolongaria até 1200 a.C. Os povos invasores – indo-europeus provenientes das planícies euro-asiáticas – chegaram em pequenos grupos, subjugando lentamente os pelasgos. Os primeiros indo-europeus que invadiram a Grécia foram os aqueus, e ali se estabeleceram entre os anos 2.000 a.C. e 1.700 a.C. Foram eles os fundadores de Micenas, cidade que foi o berço da civilização creto-micênica. Entre 1700 a.C. e 1400 a.C., outros povos atingiram a Grécia: os eólios, que ocuparam a Tessália e outras regiões, e os jônios, que se fixaram na Ática, onde posteriormente fundaram a cidade de Atenas. A partir de 1400 a.C., com a decadência da civilização cretense, Micenas viveu um período de grande desenvolvimento, que terminaria por volta de 1200 a.C., quando se iniciaram as invasões dos dórios. Os dórios – último povo indo-europeu a migrar para a Grécia – eram essencialmente guerreiros. Ao que parece, foram eles os Povoamento da Grécia. BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: Sociedade & cidadania. 1 Palácio de Cnossos 1 HISTÓRIA A Civilização Grega WWW.ALUNONOTA10.COM Civilização Grega responsáveis pela destruição da civilização micênica e pelo conseqüente deslocamento de grupos humanos da Grécia continental para diversas ilhas do Egeu e para a costa da Ásia Menor. Esse processo de dispersão é conhecido pelo nome de primeira diáspora. Período Homérico (1100 – 800 a.C.) era formado por um conjunto de indivíduos ligados entre si por laços de nascimento e/ou religiosos. Julgavam descendente de um antepassado comum. O geno era a unidade básica de produção, a economia gentílica, agrícola e pastoril, baseava-se na propriedade comunitária da terra. A sociedade era igualitária e se caracterizava pela inexistência de classes. A autoridade política, baseada na religião e na tradição, era exercida pelo pater, o mais velho dos membros dos genos. A economia rural (agrícola e pastoril) dos gregos homéricos era do tipo natural, baseada na troca de produtos, não se utilizava a moeda como meio de troca. Os bens comuns dos genos eram administrados pelo pater, que também exercia funções militares, judiciárias e religiosas. Por volta do século VIII a.C., teve início o processo de desintegração da comunidade gentílica. A produção não acompanhou o crescimento demográfico, levando à falta de alimentos, e as terras passaram a ser insuficientes para tantas pessoas. O pater passou a dividir as terras, beneficiando seus parentes mais próximos, dando-lhes as melhores porções. Isso resultou no surgimento da propriedade privada e das classes sociais. Formou-se uma poderosa camada social, a aristocracia rural. Alguns membros dos genos ficaram com terras menos férteis ou sem terra nenhuma. Estes últimos não tiveram muita escolha. Alguns passaram a trabalhar para a aristocracia, vários se dedicaram ao artesanato e ao comércio e, outros ainda, abandonaram a Grécia. O crescimento demográfico, a busca de terras férteis e a necessidade de alimentos foram fatores que levaram os gregos a buscar novas terras. Colonizaram regiões do Mediterrâneo, norte do mar Negro, Costa Asiática e norte da África. Essa emigração grega foi denominada de Segunda Diáspora. As principais colônias gregas foram: no mar Negro, Bizâncio (hoje Istambul); na Ásia Menor, na Península Itálica (Magna Grécia) e na Península Ibérica. As colônias, apesar de manterem vínculos com suas metrópoles, possuíam uma certa autonomia, considerando-se como pertencentes à comunidade helênica.Ao nível econômico, o colonialismo provocou uma expansão da agricultura, da pecuária e do artesanato, tanto nas colônias como a própria Grécia. Houve Após o esplendor da civilização micênica, segui-se um período em que as cidades foram saqueadas, a escrita desapareceu a vida política e econômica enfraqueceu, caracterizando um processo de regressão da Grécia a uma fase primitiva e rural. Desse período (séculos XII a.C. a VIII a.C.), que foi a base da civilização grega, não se tem registro, exceto os poemas Ilíada e Odisséia atribuídos a Homero, que, tendo vivido no século VI a.C., teria recolhido histórias transmitidas oralmente durante os séculos anteriores. Por essa razão, esse período, posterior à invasão dórica, ficou conhecido como tempos homéricos. Em decorrência, o período anterior a 1200 a.C., caracterizado pela imigração de povos indo-europeus e pela formação da cultura creto-micênica, recebeu a denominação de tempos pré-homéricos. O período Homérico tem esse nome porque uma das fontes para o estudo da história desse período está nas duas grandes epopéias escritas pelo poeta Homero, a Ilíada e a Odisséia. Na Ilíada, Homero narra os dez últimos anos da Guerra de Ilíon, no século IX a.C. Ilíon era chamada de Tróia pelos latinos e por isso o conflito ficou conhecido pelo nome Guerra de Tróia. Na lenda, a guerra começou quando Paris, filho do rei de Ilíon, raptou Helena, mulher de Agamenon, rei de Micenas. A Odisséia conta as aventuras de Odisseu, rei da ilha de Ítaca, na sua volta para casa, depois da guerra. Odisseu era conhecido entre os latinos pelo nome de Ulisses. Na realidade, a guerra partiu de uma invasão organizada pelos aqueus contra a área econômica centralizada na cidade de Tróia, perto da ligação do Mediterrâneo com o mar Negro. Depois da invasão dos dórios à Grécia, parte da população foi escravizada, outra migrou para a Ásia Menor, onde constituiu as colônias. Este deslocamento da população grega para a Ásia Menor foi denominado Primeira Colonização Grega ou Diáspora. Outra conseqüência da invasão dos dórios foi à consolidação da economia do tipo comunitário primitivo e do sistema de clãs. Isso não quer dizer, que os dórios tenham apagado a Civilização Micênica. Se houve um retrocesso no comércio, as forças produtivas avançaram devido à popularização dos utensílios de ferro. Esse metal permitiu desenvolver a agricultura, o artesanato e também a atividade bélica. Com a invasão, não desapareceram completamente as técnicas agrícolas e artesanais dos povos micênicos. Portanto o uso do ferro representou um grande avanço no desenvolvimento das forças produtivas. Aos poucos o comércio voltou a florescer. Surgiram cidades gregas, a escrita voltou a ser usada e intensificou-se o contato entre a Grécia e a Ásia Menor. Por volta de 800 a.C., todo o litoral da Ásia Menor era grego. A formação social básica da Grécia do período A colonização Homérico foi o genos ou comunidade gentílica. O genos 2 grega. BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: Sociedade & cidadania. 1 vol., 1ª ed., São Paulo: FTD, 2003, p. 220 WWW.ALUNONOTA10.COM Civilização Grega um desenvolvimento comercial como resultado da abertura de novas rotas. A Grécia importava alimentos e matérias-primas e exportava produtos elaborados (vinho, azeite, cerâmica, etc.). Período Arcaico A partir do século VIII a.C. a Grécia assistiu ao processo de consolidação de uma nova modalidade de organização urbana, que daria origem às cidades-estados, caracterizadas por uma ordem social e política baseada da dominação da aristocracia sobre o conjunto da sociedade. O desenvolvimento do comércio, impulsionado em grande parte pela retomada dos contatos com a Ásia Ocidental, e mais as numerosas guerras locais, criaram novos estratos sociais. Com o tempo, a pressão sobre a classe dominante, a dos grandes proprietários de terras, resultou em maior participação de toda a comunidade na vida política da comunidade, e a pólis, cidadeestado influenciada por modelos orientais, assumiu o formato definitivo. Um florescimento cultural intenso acompanhou a prosperidade das póleis: mais jogos pan-helênicos; estátuas de divindades e templos monumentais em pedra para abrigá-las; os vasos de figuras negras e de figuras vermelhas; a poesia lírica; a filosofia présocrática, para citar apenas os exemplos mais significativos. No final do período, porém, uma guerra entre as cidades gregas independentes e o poderoso Império Persa iria mudar, para sempre, a evolução política e cultural do mundo grego. Atenas Atenas localizava-se na Península da Ática, próxima ao porto do Pireu. Este porto ligava a cidade-estado ao mar Egeu. A Ática, situada a sudeste da Grécia, dividia-se em três regiões: a parália, o pédium e a diácria. A parália era a região costeira próxima ao mar; o pédium era a planície formada por terras férteis; a diácria era a região árida e montanhosa. Os atenienses descendiam dos antigos jônios, indoeuropeus que haviam povoado aquela região durante o período Homérico. A proximidade de Atenas do mar Egeu abriu-a a influências externas, facilitou sua participação no movimento de colonização e transformou-a numa cidade-estado de navegadores e comerciantes. Atenas conheceu todas as formas de governo: monarquia, Mapa da p. 67 do Livro História Geral aristocracia, oligarquia, (Fonte: VICENTINO, Cláudio. História tirania e democracia. Geral. Ed. atual. e ampl. São Paulo, Foram brilhantes também, Scipione, 1997. p. 67) suas realizações nas artes, letras, ciências e filosofia. O regime democrático aliado ao desenvolvimento intelectual fez daquela cidade-estado a “educadora da Hélade”. Se todos os cidadãos participavam da democracia, nem todos em Atenas eram cidadãos. Aos estrangeiros, as mulheres e os escravos estavam privados do direito de cidadania. Esta limitação fez de Atenas uma democracia escravista, da qual participava apenas 10% de sua população. Nos primeiros tempos do Estado ateniense, o governo era exercido por um rei (o basileu) que concentrava em suas mãos poderes político, religioso e militar. A monarquia deixou de existir no início do século VII a.C., quando a aristocracia assumiu a liderança política do Estado. O rei deixou de ser vitalício, passando a reinar por dez anos, depois por um ano, até ser despojado de suas principais funções. Os governantes em número de três, passaram a ser escolhidos nas famílias aristocráticas. Os três governantes eram o basileu, que mantinha apenas suas funções religiosas; o polemarca, que comandava as forças armadas; e o arconte, representante do poder civil, que dirigia o poder executivo. A eles associaram-se, mais tarde, seis arcontes subordinados, que eram os juízes e guardiões da lei. O poder estava praticamente concentrado nas mãos do arconte e do polemarca. Os arcontes que deixavam o cargo constituíam o Areópago. O crescimento demográfico e a expansão da economia ateniense provocavam insegurança nos pequenos proprietários, que pediam empréstimos aos eupátridas sempre que eram vítimas de más colheitas. De acordo com as tradições, quando não podiam saldar suas dívidas, restavam aos pequenos proprietários duas alternativas: empregar-se nas terras dos eupátridas, recebendo a sexta parte da colheita, ou quando o valor da propriedade não cobria o empréstimo, transformarem-se em escravos por dívidas. Havia um clima de revolta na Grécia em geral e em Atenas em particular. A Sociedade Ateniense Atenas era formada pelas seguintes camadas sociais: • Eupátridas: os “bem nascidos”, camada aristocrática que detinha os privilégios, constituída pelos grandes proprietários de terras férteis na planície. O direito de primogenitura impedia a subdivisão das propriedades, cujo tamanho tendia a aumentar; • Georgois: eram pequenos proprietários de terras pouco férteis localizadas junto as montanhas. Sua situação tornou-se difícil com o desenvolvimento comercial, pois as importações de cereais faziam concorrência aos seus produtos. Nas épocas de colheitas ruins, esses agricultores viam-se obrigados a tomar empréstimos junto aos eupátridas, dando como penhor a própria terra. Muitos acabavam sem poder pagar o empréstimo, perdendo a propriedade ou a liberdade tornavam-se escravos; • Metecos: estrangeiros que se dedicavam em sua maioria ao comércio e ao artesanato. Era uma classe rica, culta e respeitada. Mesmo assim, não obtinham direitos políticos nem podiam comprar terras. • Demiurgos: eram trabalhadores livres (artífices ou artesão) habitavam a região litorânea; • Thetas: não possuíam terras. Eram trabalhadores assalariados. • Escravos: Alguns nascidos escravos, outros prisioneiros de guerra reduzidos a escravidão. 3 WWW.ALUNONOTA10.COM Civilização Grega As Reformas Políticas Surgiu, o Código de leis de Drácon, famoso pela sua severidade. Embora significasse um progresso, o Código draconiano não mitigou os sofrimentos e o desespero das massas. Ele apenas pôs no papel as leis conhecidas oralmente. A tensão tornou-se violenta e, a fim de ser evitada a guerra civil, os nobres e povo concordaram em confiar a Sólon a elaboração de uma nova organização política. As Reformas de Sólon (594 a.C.) A reforma de Sólon foi social e política. Aboliu as dívidas; pôs em liberdade os escravos por dividas; proibiu que a liberdade do devedor fosse garantia do pagamento; suprimiu as hipotecas sobre a terra. Não promoveu a redivisão da terra, mas limitou a extensão das grandes propriedades rurais e adotou medidas incentivando a indústria e o comércio. Na política manteve os órgãos governamentais existentes (arcontes e areópago), mas acrescentou dois novos corpos políticos: a Assembléia Popular (Eclésia) e o Conselho dos 400 (ou Bulé). A Eclésia elegia os arcontes e votava as leis. A Bule revisava e preparava as leis, a fim de serem apresentadas à Assembléia do Povo. Substituiu o critério de nascimento pelo de riqueza para o acesso aos cargos públicos, o que debilitou a nobreza e permitiu aos comerciantes maior participação no governo. Levando em consideração a riqueza dos cidadãos, Sólon redividiu em quatro classes a sociedade ateniense. As reformas solonianas não tocaram no problema mais grave de Atenas, que era o da concentração de terras em mãos de algumas famílias. O governo, na prática, continuou na mão dos ricos. como demagógica, ou seja, feita para agradar os despossuídos. Quando morreu, Pisístrato foi substituído por seu filho Hiparco. Ele foi assassinado e sucedido por Hípias, que acabou por desistir e fugir para o Oriente. O Aperfeiçoamento da Democracia (510 a.C.) Após a queda e fuga de Hípias, Clístenes de origem aristocrática, mas de tendências populares foi encarregado de revisar as leis de Sólon. E as modificou no sentido democrático. Aboliu a divisão por nascimento ou riqueza. Adotou um sistema exclusivamente territorial: A região da Ática foi dividida em três regiões ou distritos – o litoral, a polis e o interior. Cada distrito era dividido em dez tribos. Cada dez demos formava uma tribo.O demos era a menor unidade territorial da divisão feita por Clístenes. Nas tribos misturavam-se todos os atenienses, sem distinção de classes. Cada tribo escolhia 50 representantes para o Conselho dos Quinhentos (o antigo Conselho dos Quatrocentos); escolheu 10 arcontes, 1 por tribo. O direito de cidadania foi ampliado. No entanto os cidadãos eram minoria na sociedade ateniense, visto que os estrangeiros, as mulheres, as crianças e os escravos estavam impedidos de ter participação política. A fim de evitar a tirania, instituiu o ostracismo ou banimento. Quando alguém fosse considerado perigoso, pelo seu prestígio ou influência, a Assembléia poderia bani-lo por 10 anos. Esse exílio não era considerado desonroso; tinha feição puramente política, sem perda dos bens, e com direito de ser reintegrado, depois, nos seus direitos civis. Com isso, Clístenes tentava evitar conspirações e ameaças à estabilidade. A consolidação da democracia ateniense levou muito tempo. Ela só viria no século V a.C., quando Péricles, um nobre de tendências populares, assumiu o poder. As reformas de Clístenes trouxeram a paz a Atenas: acabaram as revoluções e as guerras civis. O comércio e a industria floresceram. Iniciou-se uma era de grande prosperidade para Atenas. Logo mais, as Guerras Médicas revelariam a força militar e a capacidade política de Atenas, e a transformariam na mais poderosa e importante cidade do mundo grego. E o ateniense Péricles haveria de dar seu nome ao Século de Ouro. Esparta (Sólon à esquerda e Péricles à direita. GEOVANNI, Maria Cristina V. e Outros. História: compreender para aprender. São Paulo, FTD, 1998. P. 128) A Tirania de Psístrato (560 – 528 a.C.) Como as lutas sociais continuaram, houve condições para que um aristocrata chamado Psístrato tomasse o poder e o governo de Atenas. Ele era apoiado por forças populares e adversário da nobreza. Pisístrato instaurou uma nova forma de governo chamada tirania. Era ilegal, pois não saia de eleições ou de outra maneira que refletisse uma aprovação geral. Pisístrato tomou terras dos nobres que fugiram quando ele assumiu o poder e distribuiu grande parte delas entre os pobres. Esse tipo de ação ficou conhecida 4 O Estado de Esparta formou-se na região da Lacônia (ou Lacedemônia), ao sudeste do Peloponeso. Ocupava o vale do rio Eurotas e uma série de zonas montanhosas. O vale do Eurotas era próprio para a agricultura: fértil e protegido pelas montanhas. Cercados por montanhas e sem saída para o mar, os habitantes de Esparta viviam isolados, dedicando-se à agricultura e, principalmente, aos treinamentos físicos e militares. Esparta foi “um campo entrincheirado natural, onde morou um povo de soldados”. Ao que parece, os espartanos eram os descendentes dos invasores dórios. Os conquistadores tinham subjugado e escravizado os aqueus. Começou um novo tipo de vida, simples e rústico, sem os refinamentos da civilização egéia. Regrediram todas as atividades intelectuais e espirituais, as artes e as letras. Os povos escravizados, porém, não cessaram de revoltar-se contra os dominadores. E sendo menos numerosos que os povos subjugados, os espartanos deviam estar constantemente em armas, a fim de dominar as rebeliões e WWW.ALUNONOTA10.COM Civilização Grega conservar suas conquistas. Não puderam, portanto, dedicar-se à agricultura ou ao comércio – atividades que consideravam degradantes; e que eram reservadas aos vencidos. Os espartanos desprezavam o bem-estar pessoal, o conforto material e a cultura intelectual, que na visão deles corrompiam as virtudes militares. Seu trabalho foi o constante treinamento bélico. Seu ofício: a guerra. O ideal espartano consistiu em organizar e manter uma comunidade militar, onde todos os cidadãos por sentimento de disciplina e orgulho estivessem sempre prontos e dispostos a sacrificar sua liberdade e sua vida, em prol dos interesses do Estado. Os espartanos desenvolveram certas virtudes: a noção do dever e da disciplina e o respeito ao passado. A estrutura social espartana era rígida e dividia-se em: • Espartanos ou espacíatas: Classe dominante, descendentes dos conquistadores dórios, eram os únicos detentores da cidadania e, portanto, com direitos políticos. Formavam uma classe privilegiada que monopolizava o poder militar, político e o religioso. O Estado espartano, proprietário da terra cívica, encarregava-se de sua manutenção. A terra cívica era dividida em lotes iguais, chamados Kleros. Cada soldado recebia, para seu sustento, um lote e um determinado número de hilotas encarregados de seu cultivo. • Periecos: eram habitantes dos arredores da cidade, provavelmente descendentes das populações nativas que se submeteram aos dórios. Livres, possuíam terras, dedicavam-se ao comércio e ao artesanato, tarefas desprezadas pelos espartanos.Pagavam tributos, serviam no exército (como tropas auxiliares) e não tinham direitos políticos. • Hilotas: eram servos pertencentes ao Estado, também conhecidos como escravos públicos. Prováveis descendentes da população conquistada pelos dórios. Não moravam em povoados, mas em choupanas isoladas. Eram cedidos aos espartanos juntamente com a terra na qual trabalhavam e, por constituírem a maioria da população, eram mantidos em obediência pelo terror. Politicamente, Esparta era organizada de maneira a manter os privilégios da camada dominante. “É importante frisar que toda constituição política de Esparta, assim como seu sistema social, visava a manter os hilotas sob dominação. Toda a vida econômica de Esparta assentava sobre a produção dos hilotas. Assim, a exploração desses trabalhadores era a condição essencial para a sobrevivência da sociedade de Esparta. Nada mais ‘natural’, portanto, dentro da lógica da exploração escravista, do que manter um regime social e político que visasse à segurança dos espartanos contra a ameaça representada pela massa trabalhadora. Nesse sentido, Esparta procurou tornar imutáveis suas leis (nomoi ), tornando-se um Estado conservador e reacionário.” (AQUINO, Rubim Santos Leão de. & outros. História das sociedades. 1ª ed. Ao Livro Técnico. Rio de Janeiro, 1984). Período Clássico (500 - 336 a.C.) O Período Clássico foi o do apogeu da Grécia e, principalmente, da polis ateniense. Floresceram o comércio, o artesanato e o escravismo. Para cada cidadão, havia quatro escravos. Como não trabalhavam regularmente, os atenienses podiam dedicar-se a cultura e as conquistas. O Período Clássico marcou também o declínio da polis. Nesse período, ocorreram as Guerras Médicas ou Pérsicas, contra os persas, e várias guerras internas, que envolveram as principais cidades-estados do país. Também foi um período marcado pelo predomínio de algumas cidades-estados e de política imperialista. As Guerras Médicas (Localização de Esparta. GEOVANNI, Maria Cristina V. e Outros. História: compreender para aprender. São Paulo, FTD, 1998. p. 127) As “guerras médicas” foram uma série de conflitos bélicos entre as póleis gregas e os persas, sucessores dos medos na Ásia, entre os anos -490 e -480. Pressionada pelo crescimento demográfico na Grécia continental, a população fundou várias colônias, da Anatólia e do Mar Negro à França, Espanha e Norte da África. Os oriundos de Atenas fundaram as primeiras colônias na Anatólia, ajudados pela Lídia. As cidades jônicas originaram-se do comércio no mar Negro. Os habitantes das novas cidades da Ásia ou das margens do Mediterrâneo consideravam-se gregos e mantinham laços com suas cidades de origem. No final do século VII a.C., a cunhagem de moedas, que os gregos jônicos aprenderam com os lídios, revolucionou o comércio. O século V a.C., foi a um só tempo infausto e glorioso para a Grécia continental. Os Persas invadiram por duas vezes o território grego, de forma devastadora. Em 490 a.C. DarioI 5 WWW.ALUNONOTA10.COM Civilização Grega lançou uma força invasora, mas o exército ateniense rechaçou o ataque, na Batalha de Maratona. A vitória foi importante por duas razões: mostrou as perdas que os Hoplitas (soldados de infantaria com armadura pesada ou fortemente armados) gregos foram capazes de impor aos persas e pôde ser usada para fins de propaganda. A segunda guerra greco-pérsica, dirigida por Xerxes, filho e sucessor de Dario I, teve início com a expedição punitiva realizada dez anos depois, quando os persas derrotaram os gregos no desfiladeiro das Termópilas e incendiaram a Acrópole. Mesmo assim, Temístocles, comandante da frota ateniense, destruiu com as trirremes gregas - naus dotadas de três pavimentos de remos e vela redonda - a frota persa, em Salamina. Sem o apoio naval, o exército persa foi finalmente dizimado na Batalha de Platéia, em 479 a.C., por uma confederação de cidades gregas. A Liga de Delos e a Guerra do Peloponeso Em 477 a.C., Atenas firmara com as cidades jônicas uma aliança, a Liga de Delos, para protegê-las dos persas. No início, as cidades que faziam parte da liga mantiveram sua autonomia, mas Atenas desde o primeiro momento assumiu a direção militar e a administração dos recursos que os aliados haviam depositado no templo de Apolo, em Delos. Ao afastar-se o perigo persa, a hegemonia ateniense começou a ser discutida por algumas cidades, como Naxos e Tasos, que tentaram sem êxito abandonar a liga; pelas cidades independentes, como Corinto, que se sentiam ameaçadas; e pelas que faziam parte da Liga do Peloponeso, à frente das quais estava Esparta. Os choques entre Atenas e outras cidades se tornaram cada vez mais freqüentes. A intervenção ateniense no conflito entre Corinto e Corcira (atual Corfu) provocou, a pedido de Corinto a reunião da liga do Peloponeso, cujos membros decidiram declarar guerra a Atenas. Os atenienses nada fizeram para evitá-la, confiantes nas vultosas reservas de ouro, suficientes para financiar um longo conflito, e na frota de navios, imensamente superior à dos peloponesos. Mas o exército espartano era mais numeroso e estava mais bem preparado que o ateniense. Começou assim uma guerra que se prolongaria por quase trinta anos, com resultados desfavoráveis para ambos os lados. Depois da guerra do Peloponeso instalou-se a hegemonia lacedemônia e Esparta tentou impor o regime oligárquico em toda a Grécia. Descontente com o acordo de paz e com o predomínio de Esparta, Tebas fez uma aliança com sua antiga inimiga Atenas. Em 379 a.C., dois tebanos, Pelópidas e Epaminondas, organizaram uma conspiração contra a guarnição espartana da Cadméia (cidadela de Tebas), que marcou o começo da decadência de Esparta. Ameaçados pelo avanço tebano, os espartanos assinaram, em 374 a.C., um novo tratado de paz com Atenas: esta reconhecia a supremacia espartana no Peloponeso, e Esparta, em troca, reconhecia a segunda liga marítima ateniense. Esparta, no entanto, quebrou o acordo e interveio contra Atenas mais uma vez no oeste. Começou nessa época o apogeu da Thessalia e de Tebas, que reorganizaram seus exércitos e restauraram a Liga Beócia, o que motivou a reaproximação entre Esparta e Atenas. Na Batalha de Leuctras, em 371 a.C., Epaminondas, renovador da tática militar, infligiu à infantaria espartana uma derrota de que ela nunca mais se recuperou. Depois da Batalha de Mantinéia (362 a.C.), em que os tebanos, apesar de terem vencido os atenienses e espartanos, perderam Epaminondas, assinou-se uma paz pela qual nenhum estado conseguiu impor seu domínio. O equilíbrio alcançado após Mantinéia se apoiava unicamente na exaustão a que tinham chegado igualmente todos os estados gregos. Com o desmoronamento definitivo dos sonhos e ambições hegemônicas de Atenas, Esparta e Tebas, a Grécia ficou à mercê de um país do norte: a Macedônia. A dissolução da liga ateniense ocorreu ao mesmo tempo em que a Macedônia começava a ascender, liderada por Felipe II. Período Helenístico (336 – 146 a.C.) (O mundo grego na guerra do Peloponeso. BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: Sociedade & cidadania. 1 vol., 1ª ed., São Paulo: FTD, 2003, p. 230) 6 Enfraquecidas pelas lutas internas e externas, as polis gregas caíram sob a dominação dos macedônicos, por volta da segunda metade do século IV a.C. Esses vizinhos gregos habitavam o norte da Grécia e já haviam estado sob o domínio oriental dos persas, por algum tempo. A Macedônia é uma região montanhosa. Nos tempos antigos, não tinha saída para o mar. A capital, chamada Péla, não passava de um povoado quando comparada com uma cidade grande grega. Os macedônicos eram um povo aparentado aos gregos, mas viviam isolados e desprezados pelas principais cidades gregas. Depois de unificar o reino, Felipe II iniciou uma política de expansão cujo primeiro objetivo foi proporcionar ao país uma saída para o mar. As cidades que resistiram foram destruídas. A conquista das minas de ouro do Monte Pangeu forneceu os recursos necessários para fazer da Macedônia uma WWW.ALUNONOTA10.COM Civilização Grega potência. O exército macedônico foi reorganizado por Felipe II, que o dotou da famosa falange e de equipamentos de guerra. Atenas não se opôs ao avanço macedônico. Só mais tarde o orador Demóstenes concitou os cidadãos atenienses a resistirem a Felipe II, mas, juntamente com os tebanos, os atenienses foram derrotados na decisiva Batalha de Queronéia, em 338 a.C. Felipe II uniu todas as cidades gregas, com exceção de Esparta, e assumiu pessoalmente o comando da confederação, o que na prática significou submeter a Grécia à Macedônia. Felipe II foi assassinado em 336 a.C., quando se preparava para realizar a conquista da Pérsia. Seu filho e herdeiro, Alexandre o Grande, que tinha então vinte anos, transformou em realidade esse ambicioso projeto. Toda a sociedade grega sofria então as conseqüências de suas próprias guerras civis e dos confrontos com a Macedônia. Alexandre o Grande se propôs unificar sob seu poder todo o mundo civilizado. Entretanto, antes de iniciar suas campanhas contra a Pérsia precisava assegurar o domínio sobre as cidades gregas. Primeiramente, conseguiu que a Liga de Corinto o nomeasse comandante supremo dos gregos. Depois de submeter, em 335 a.C., os Trácios e Ilírios, que se haviam sublevado, voltou-se contra Tebas, que também se rebelara e destruiu a cidade, matando ou escravizando todos os seus habitantes. A Grécia comprovou a impossibilidade de opor-se a Alexandre, que pôde então empreender suas conquistas na Ásia. Depois de confiar a Antípatro a regência da Macedônia e o governo da Grécia, cruzou o Helesponto. Em 334 a.C., Alexandre atravessou a Ásia, desafiou Dario III e chegou à Índia. Suas conquistas e seu projeto de construir uma ponte entre o oriente bárbaro e a civilização grega constituíram a origem da chamada Civilização Helenística, que se desenvolveu em grande parte da Ásia (Pérsia, Síria e Índia) e no Egito. Assim, depois que a Grécia perdeu o poder e a independência política, sua língua e sua cultura se tornaram universais. Alexandre concebeu o plano de um império que resultaria da união de gregos e persas, mas morreu de febre na Babilônia, em 323 a.C. Liderados por Atenas, os gregos se revoltaram nesse ano contra a Macedônia na chamada Guerra Lamiana, mas tiveram de capitular depois da derrota de Amorgos e a Liga de Corinto foi dissolvida. O problema da sucessão de Alexandre arrastou o país a novas (O Império de Alexandre. VICENTINO, Cláudio. guerras. Por fim, impuseram-se os Antigônidas na Macedônia, a Monarquia Selêucida no Oriente e a Ptolomaica no Egito. Com isso, o império dividiu-se definitivamente, embora os anseios de liberdade dos gregos os levassem ainda a novas guerras e coligações, de êxito esporádico, até a intervenção final e a ocupação do território pelos romanos. As primeiras relações dos romanos com as cidades gregas haviam sido amistosas. Todavia, quando em 215 a.C. Felipe V da Macedônia aliou-se ao cartaginês Aníbal, Roma resolveu intervir militarmente e obteve a vitória contra os macedônios em Cinoscéfalas, no ano 197 a.C. Seguindo uma política de prudência, Roma respeitou o reino macedônio e devolveu a autonomia às cidades gregas. A partir de 146 a.C., porém, a Grécia ficou submetida definitivamente ao domínio da República Romana, embora tenha continuado a manter a primazia espiritual sobre o mundo antigo. A Religião Grega A religião grega, cujas origens são múltiplas como as de todas as religiões, apresenta, de início, um caráter acentuadamente totêmico, que se reflete no culto pelas divindade animais. Vestígios do primitivo totem aparecem ainda nos tempos históricos com os deuses de cauda de serpente com os animais que acompanham as divindades antropomórficas, como a coruja de Atenéia e a águia de Zeus. Em Delfos, que tanta influência iria ter, não sobre a vida religiosa, mas sobre a vida política dos gregos, o antigo deus era representado por uma serpente e só mais tarde assumiria a forma de Apolo. A divinização das forças da natureza, que encontram-se em todas as religiões primitivas misturadas com prática de magia de caráter imitativo, também é uma das características da antiga religião grega, e traduz-se no culto da deusa-mãe, próprio de muitos outros povos, em que a terra primitivamente virgem se torna fecunda pela ação das chuvas. Os gigantes e os titãs antepassados dos homem que nascem desse conúbio mais tarde serão escorraçados por Zeus, – deus de origem indo-ariana – o que nos faz supor que essas formas primitivas do culto correspondem à população autóctone, mais tarde vencida e dominada pelas tribos helênicas. Os gregos adoravam vários deuses, e os representavam sob a forma humana. Portanto, sua religião era politeísta e antropomórfica, sendo que os deuses apresentavam-se tais e quais os seres humanos, dotados de virtudes e defeitos. Os deuses habitavam o monte Olimpo. No monte Olimpo habitavam 15 deuses, são eles: • Zeus - Deus do céu e Senhor do Olimpo; • Héstia - Deusa do lar; • Hades - Deus do mundo subterrâneo (inferno); • Deméter - Deusa da agricultura; • Hera - Deusa do casamento; • Posêidon - Deus dos mares • Ares - Deus da guerra; • Atena - Deusa da inteligência e da sabedoria; • Afrodite - Deusa do amor e da beleza; • Dionísio - Deus do vinho, do prazer e da aventura; • Apolo - Deus do Sol, das artes e da razão; • Artemis - Deusa da Lua, da caça e da fecundidade Viver a História. 1vol., 1ª ed., São animal; Paulo: Scipione, 2002, p. 199) • Hefestos - Deus do fogo; 7
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