parnasianismo — parte 2

Transcrição

parnasianismo — parte 2
PORTUGUÊS - 2o ANO
MÓDULO 36
PARNASIANISMO —
PARTE 2
Fixação
Uma bela princesa está sem vida
Sobre um toro fantástico de flores.
(Alberto de Oliveira)
Fantástica
Erguido em negro mármor luzidio,
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.
Glossário:
F
2
Q
1) Mármor: Mármore.
2) Luzidio: brilhante.
3) torvo: Feio.
4) imoto: imóvel.
5) plenilúnio: lua cheia.
Torvo, imoto em seu leito, um rio o cinge,
E, à luz dos plenilúnios argentados,
Vê-se em bronze uma antiga e bronca
esfinge,
E lamentam-se arbustos encantados.
Dentro, assombro e mudez! quedas
figuras
De reis e de rainhas; penduradas
Pelo muro panóplias, armaduras,
Dardos, elmos, punhais, piques,
espadas.
E inda ornada de gemas e vestida
De tiros de matiz de ardentes cores,
6) argentado: prateado.
7) quedo: parado.
8) panóplia: escudo.
9) toro: leito.
1) Indique um traço formal e um temático que
podem ser identificados no poema parnasiano
acima.
Fixação
2) O poema estabelece um diálogo intertextual com outro famoso texto da literatura mundial.
Qual? Justifique.
e
o
F
Fixação
Última Deusa
Foram-se os deuses, foram-se, em verdade;
Mas das deusas alguma existe, alguma
Que tem teu ar, a tua majestade,
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.
Ao ver-te com esse andar de divindade,
Como cercada de invisível bruma,
A gente à crença antiga se acostuma
E do Olimpo se lembra com saudade.
4
i
De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
Rútilo rola o teu cabelo esparso...
Pisas alheia terra... Essa tristeza
Que possuís é de estátua que ora extinto
Sente o culto da forma e da beleza.
Glossário:
1) Garço: verde.
2) rútilo: brilhante.
3) A partir da análise do poema, explique o ideal estético da Arte pela arte.
(Alberto de Oliveira)
Fixação
4) O poema apresenta uma metáfora em sua estrutura. Identifique os elementos que caracterizam tal comparação metafórica.
Fixação
5) Observe a última estrofe do texto. É possível perceber nela elementos que aludem à poesia
parnasiana, num tom melancólico do eu poético. Comente.
F
Fixação
Plena nudez
Eu amo os gregos tipos de escultura:
Pagãs nuas no mármore entalhadas,
Não essas produções que a estufa
escura
Das modas cria, tortas e enfezadas
Quero em pleno esplendor, viço e
frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: da carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas.
Não quero a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
Da transparente túnica através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!
(Raimundo Correia)
6) O poema anterior, de Raimundo Correia,
revela uma nova visão literária em relação ao
Romantismo. Marque a opção que apresenta
uma análise incorreta:
a) O objeto do poema é sensual, nu de preconceitos, caracterizado pela beleza plástica,
visual da mulher materializada.
b) No poema há uma quebra no nível do significado: o poeta usa a primeira pessoa do singular,
verbos que indicam subjetividade, mas finaliza
o poema sendo impessoal.
c) A escultura trabalhada e lapidada no mármore, nua, sem o moralismo cristão, é o tipo
grego que o eu poético declara amar.
d) “Quero em pleno esplendor, viço e frescura
/ Os corpos nus; as linhas onduladas”. —
Ocorre, aqui, um exemplo de enjambement.
e) A recuperação de imagens e conceitos
gregos revela uma recorrência temática ao
Arcadismo.
Fixação
F
7) Compare a figura feminina apresentada no texto anterior com a abordagem sobre a mulher
na segunda geração do Romantismo.
Fixação
Glossário:
• Tépido: quente.
Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pálida, perdida
Entre a névoa, abre as pálpebras
medrosas.
Mas um perfume cálido de rosas...
Corre à face da terra adormecida...
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:
Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas... um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes...
E os céus se estendem, palpitando,
cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.
(Via Láctea, Olavo Bilac)
8) O texto apresenta:
a) uma visão intelectual da realidade;
b) uma visão ideológica da realidade;
c) uma visão sensorial da realidade;
d) uma visão religiosa da realidade;
e) uma visão conflituosa da realidade.
Fixação
F
9) Assinale a afirmativa correta na análise do poema:
a) O sentimento amoroso expresso é paradoxal e envolvente.
b) A realidade amorosa do eu lírico se esvai nas brumas do ambiente circundante.
c) O ambiente se transfigura, enchendo-se de figurações sensuais e materiais.
d) O ambiente se retrai e obscurece, coalhando-se de visões virginais, porém, materiais.
e) O ambiente e o eu lírico são absolutamente distintos, não havendo qualquer conexão entre
as sensações do eu lírico e o meio onde se insere.
Fixação
Aquece-me com a tua mocidade!
Tercetos
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
“Espera ao menos que desponte a
aurora!,
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? É o vento! É um temporal
desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! Até que o dia resplandeça,
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! Deixa que amanheça!’
– E ela abria-me os braços. E eu ficava.
(In: BILAC, Olavo. Alma Inquieta. Poesias, 13a ed. São Paulo:
Livraria Francisco Alves, p. 171-72, 1926)
10) (UNESP) Embora seja considerado um
dos mais típicos representantes do Parnasianismo brasileiro, cuja estética defendeu
explicitamente no célebre poema Profissão de
Fé, Olavo Bilac revela em boa parcela de seus
poemas alguns ingredientes que o afastam da
rigidez característica da escola parnasiana e
o aproximam da romântica. Partindo desta
consideração:
a) Identifique duas características formais
do poema de Bilac que sejam tipicamente
parnasianas.
b) Aponte um aspecto do mesmo poema que
o aproxima da estética romântica.
Proposto
1) Com a poesia parnasiana, passaram a ser valorizados:
a) o culto preciosista da forma e o recurso aos padrões da estética clássica;
b) a expressão espontânea dos sentimentos e o idealismo nacionalista;
c) os obscuros jogos de palavras e o sentimento de culpa religioso;
d) a expressão em versos brancos e os detalhes concretos da vida cotidiana;
e) as paisagens de natureza melancólica e o estilo grave das confissões.
Proposto
2) (UERJ) O modo de produção textual dos parnasianos, citado no Manifesto da Poesia PauBrasil, está explicitado no seguinte fragmento de outro autor:
a) Sim: letra e nuvem
lutam com os sonhos
Pela posse do poema.
b) Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
c) É mineral o papel
onde escrever
verso; o verso
que é impossível não fazer.
d) A graça nobre e grave do quarteto
Recebe a original intolerância,
Toda a sutil, secreta extravagância
Que transborda terceto por terceto.
Proposto
As questões 3 a 5 tomam por base o poema Soneto,
do poeta romântico brasileiro José Bonifácio, O Moço
(1827-86), e o poema Visita à Casa Paterna, do poeta
parnasiano brasileiro Luis Guimarães Júnior (1845-98)
Soneto
Deserta a casa está… Entrei chorando,
De quarto em quarto, em busca de ilusões!
Por toda a parte as pálidas visões!
Por toda a parte as lágrimas falando!
Vejo meu pai na sala, caminhando,
Da luz da tarde aos tépidos clarões,
De minha mãe escuto as orações
Na alcova, aonde ajoelhei rezando.
Brincam minhas irmãs (doce lembrança!…),
Na sala de jantar… Ai! mocidade,
És tão veloz, e o tempo não descansa!
Oh! sonhos, sonhos meus de claridade!
Como é tardia a última esperança!…
Meu Deus, como é tamanha esta saudade!…
(BONIFÁCIO, José, Poesias. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura,
1962)
Visita à Casa Paterna
Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.
Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos — olhou-me grave e terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.
Era esta sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade,
Minhas irmãs e minha mãe... O pranto
Jorrou-me em ondas... Resistir quem há-de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.
(JÚNIOR, Luís Guimarães. Sonetos e Rimas)
3) Em nota de rodapé ao Soneto de José Bonifácio, o
Moço, os organizadores da edição mencionada, Alfredo
Bosi e Nilo Scalzo, fazem o seguinte comentário: “Talvez
tenha se inspirado nesse soneto o parnasiano Luís Guimarães Jr., ao compor o famoso ‘Visita à casa paterna’.”
Releia os poemas atentamente e, em seguida,
a) Enuncie o tema comum aos dois textos;
b) Indique dois aspectos da forma poemática (versificação,
rimas, estrofes) em que haja identidade entre os dois poemas.
Proposto
4) Uma das semelhanças mais notáveis entre os dois poemas está justamente nas personagens evocadas: pai, mãe, irmãs. Com base nesta informação,
a) estabeleça a diferença entre Soneto e Visita à Casa Paterna quanto ao modo de aludirem
ao pai da família;
b) aponte, no poema de Luis Guimarães Jr., uma personagem que não é referida no de José
Bonifácio.
-
Proposto
5) José Bonifácio, o Moço, era um poeta romântico, enquanto Luis Guimarães Jr. Era um parnasiano com raízes românticas. Os dois poemas apresentam características que servem de
exemplo para tais observações. Levando em conta este comentário:
a) identifique um traço típico da poética romântica presente nos dois poemas;
b) aponte, em Visita à Casa Paterna, uma aspecto característico da concepção parnasiana
de poesia.
Proposto
-
(Roteiro Literário de Portugal e do Brasil. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1996.)
Vaso grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às
bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Glossário:
1) Diva: divina.
2) Copa: taça.
3) Colmado: rematado.
4) Lavor: trabalho.
5) ignoto: desconhecido.
6) Anacreonte: Poeta grego.
6) Transcreva do texto acima versos que exemplifiquem:
a) vocabulário culto;
b) referência à mitologia greco-romana;
c) hipérbato;
d) descritivismo.
Proposto
Leia o texto a seguir para responder às
próximas 2 questões:
Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu
filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio
amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem
brilho!
(BILAC, Olavo. Poesias)
Glossário:
1) Lácio: Região da Itália Central no litoral do mar Tirreno.
2) inculta: Singela, tosca / rude, agreste.
3) ganga: Resíduo, em geral não aproveitável, de uma
jazida.
4) clangor: Som rijo e estridente como o de certos
instrumentos metálicos de sopro.
5) trom: Som de trovão.
6) silvo: Qualquer som agudo e relativamente prolongado
produzido pela passagem do ar comprimido entre
membranas que vibram; apito.
7) procela: Tempestade marítima.
8) arrolo: Canto para adormecer crianças.
7) Na poética parnasiana se costuma destacar
que “Ela promove o culto da forma em geral”.
Destaque do poema Língua portuguesa de
Olavo Bilac, justificando, dois exemplos desse
“culto da forma”, próprio da poética parnasiana.
Proposto
8) Transcreva da primeira estrofe do poema acima dois adjetivos que, em linguagem figurada,
constituem exemplo de antítese.
.
e
.
Proposto
arranca,
Julgo vê-la descer lentamente do trono,
9) Leia o soneto a seguir e responda às
questões que se lhe seguem:
Vênus
Branca e hercúlea, de pé, num bloco
de carrara,
Que lhe serve de trono, a formosa
escultura,
Vênus, túmido o colo, em severa postura,
Com seus olhos de pedra o mundo
inteiro encara.
Um sopro, um quê de vida o gênio lhe
insuflara;
E impassível,de pé, mostra em toda a
brancura,
Desde as linhas da face ao talhe da
cintura,
A majestade real de uma beleza rara.
Vendo-a nessa postura e nesse nobre
entono
De Minerva marcial que pelo gládio
E, na mesma atitude a que a insolência
a obriga,
Postar-se à minha frente, impassível e
branca,
Na régia perfeição da formosura antiga.
Glossário:
(Francisca Júlia)
1) Carrara: tipo de mármore.
2) Túmido: inchado.
3) entono: porte.
4) gládio: espada.
5) régio: real.
a) Uma das características mais marcantes
do parnasianismo é a aproximação da poesia
com outras artes. Justifique essa afirmativa
com base no soneto Vênus.
b) A descrição de Vênus enfatiza características físicas ou psicológicas? Justifique sua
resposta com palavras retiradas do texto.
c) A figura descrita apresenta sentimentos pelo
eu lírico ou mostra-se-lhe indiferente? Justifique
sua resposta.
Proposto
Horas mortas
Breve momento após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.
Desta janela aberta, à luz tardia
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.
Chegas. O ósculo teu me vivifica
Mas é tão tarde! Rápido flutuas
Tornando logo à etérea imensidade;
E na mesa em que escrevo apenas fica
Sobre o papel — rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade.
Glossário:
-1) lasso: mole, fadigado.
2) ósculo: beijo.
10) Explique como a metalinguagem tem um papel prepodenrante na construção desse soneto.
(Alberto de Olieira)
Proposto
11) A quem se dirige o eu lírico ao longo do texto?
Proposto
12) A musa se configura como permanente ou efêmera? Justifique sua resposta com um verso
do texto.