ensino médio
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1 ENSINO MÉDIO www.ceejamax.com U. E. 10 Elaborado pelos professores: Elisabete Céu Fernandes Magda Sant’Ana Lima Maria Dirce Vilela 1 2 Finalidade: Nesta Unidade de Estudo você dará continuidade aos seus estudos sobre a ocupação da América — civilizações: maia, asteca e inca —, e a colonização espanhola. Objetivos: Ao final desta unidade de estudo você deverá ser capaz de: Identificar as civilizações pré-colombianas Caracterizar a organização cultural, política e social dos maias, astecas e incas Comparar a economia dos três povos apresentados Identificar os pontos em comum da religião dos três povos Identificar o grande desenvolvimento científico dos maias Identificar as diferentes escritas das primeiras civilizações da Mesoamérica Caracterizar a colonização espanhola Reconhecer a divisão social das colônias espanholas Perceber o motivo da utilização da mão de obra negra Compreender o processo de independência mexicana Reconhecer as novas nações Américas do século XIX 2 3 A VIDA NA AMÉRICA ANTES DA CONQUISTA EUROPÉIA AS SOCIEDADES MAIA, ASTECA E INCA AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS Quando Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente habitado há muito tempo por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos apresentavam diferentes estágios de desenvolvimento cultural e material, classificados em: sociedades de coletores/caçadores e sociedades agrárias. Dentro desse segundo grupo, três culturas merecem maior destaque: os maias e os astecas, no México e América Central, e os incas na Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Alcançaram notáveis conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominar técnicas complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Não conheciam a roda e o cavalo, mas desenvolveram técnicas eficientes de agricultura. Enquanto 3 4 o fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos astecas e incas decaíram perante a conquista espanhola. Se podemos associar a civilização européia ao cultivo do trigo e a oriental ao cultivo de arroz, a civilização americana era vinculada ao cultivo do milho. O milho (ou choclo) constituía o alimento básico da população. No vale mexicano, também se plantavam tomates, vagens, algodão, feijão, melão, pimenta, pimentão, baunilha, abacate, amendoim e tabaco. O cacau era por vezes utilizado como moeda. A batata é originária de zonas temperadas; a expansão do seu cultivo se deve aos incas. Os povos da Mesoamérica construíram canais para a irrigação, porém desconheciam o arado e a roda. O milho, a batata, a vagem, o pimentão e a abóbora são alimentos originários da América. OS POVOS DA MESOAMÉRICA No princípio os olmecas As primeiras sociedades pré-colombianas a apresentar uma organização socieconômica e política e complexa foram a dos olmecas e a dos maias. Os dois povos viveram próximos, na Mesoamérica, durante séculos. Os olmecas se situavam na parte sul do atual México, próximo ao litoral do Golfo do México. Alguns indícios permitem supor que eles ocuparam um pouco mais ao sul, onde parecem ter se estabelecido cerca de quinhentos anos depois. Ocupavam a Península de Yucatán e áreas pertencentes aos atuais Guatemala e Honduras, além do oeste da Nicarágua e do nororeste da Costa Rica. Ambos os grupos se fixaram beneficiando-se dos solos bem irrigados da região que, originalmente, era coberta por floresta tropical e cortada por rios caudalosos que inundavam constantemente o plantio e o cultivo de alimentos. Uma das marcas mais antigas da presença olmeca são pirâmides edificadas cerca de 1200 a.C. em San Lorenzo, no atual México. Outro registro da fixação dos olmecas na área são as famosas cabeças gigantes, construídas entre 800 e 500 a.C., e localizadas em La Venta, outro núcleo olmeca importante. A primeira notícia desse povo foi a descoberta casual de uma dessas cabeças, na década de 1860. Até então, eles eram desconhecidos e se supunha que os maias tivessem sido os habitantes remotos da Mesoamérica. Os motivos do fim da sociedade olmeca são desconhecidos. Alguns monumentos de San Lorenzo foram atacados, parcialmente destruídos ou queimados por volta de 700 a.C. No século IV a.C. a população olmeca decresceu bastante. Para alguns estudiosos, o declínio foi provocado por faores ambientais. Para outros, os olmecas teriam entrado em conflito com outros grupos (talvez, os maias) e sofrido perdas humanos e territoriais significativas. 4 5 A CIVILIZAÇÃO MAIA A civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana, notável por sua língua escrita (único sistema de escrita do novo mundo précolombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua arte, arquitetura, matemática e sistemas astronômicos. A península do Yucatán foi o centro da cultura maia, a mais desenvolvida da América Central. Os diversos grupos étnicos que formaram o povo maia chegaram à América Central em 1500 a.C., vindos do norte, talvez procedentes do nordeste da Ásia, pelo estreito de Bering. A civilização maia estendeu-se até os atuais territórios de Belize, os planaltos da Guatemala e Honduras e parte dos estados mexicanos de Chiapas e Tabasco. Acredita-se que, no fim do século XV e início do XVI, as lutas internas entre as várias cidades maias provocaram sua rápida decadência. Muitas línguas maias continuam a ser faladas como línguas primárias ainda hoje; o Rabinal Achí, uma obra literária na língua achi, declarada uma obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2005. Sociedade maia A sociedade começou a desenvolver-se com destaque para três cidades: Chichen-Itzá, Mayapan e Uxmal. Em 1004 foi criado a Confederação Maia, que reuniu essas três grandes cidades. Dezenas de cidades e povoados foram criados ao longo dos duzentos anos seguintes, expandindo seu poder político na região. Após o período de união (entre os séculos X e XI), as cidades da Confederação entram em confronto, sendo Mayapan a vitoriosa. A hegemonia política dessa cidade foi sustentada por uma forte base guerreira. Inúmeras revoltas explodem na região, e em 1441 Mayapan é incendiada; As grandes cidades são abandonadas por causa das guerras. As lutas internas, as catástrofes naturais (terremotos e epidemias), as guerras externas e principalmente, o declínio da agricultura levaram a sociedade maia à decadência. Quando os europeus chegaram à região (1559), os sinais de enfraquecimento dos maias eram evidentes, tornando a conquista mais fácil. Em 1697, a última cidade maia (Tayasal) é conquistada e destruída pelos colonizadores. Cada cidade tinha um chefe supremo (halach uinc), e o cargo era hereditário. Os camponeses e artesãos compunham a maioria da população (mazehualob) e eram obrigados a pagar tributos, a trabalhar nas grandes obras e moravam nos bairros mais distantes dos centros. Os escravos, geralmente por conquista serviam a um senhor, mas não trabalhavam na produção. 5 6 Os templos maias tinham forma de pirâmide, com base retangular. Subia-se até a porta de entrada por escadarias muito íngremes. Junto ao templo, quase sempre havia um campo para o jogo de pelota. As pirâmides, embora semelhantes às do Egito, não serviam de tumbas. Com freqüência, eram utilizadas como observatórios astronômicos. Economia maia A economia dos maias baseava-se na agricultura. A tecnologia empregada nas atividades agrícolas era bastante primitiva. Contudo, eles conseguiam uma extraordinária produtividade, principalmente do milho. É justamente em virtude dessa produção do milho, gerando excedentes, que um grande contingente de mão-de-obra podia ser liberado das atividades agrícolas para a construção de templos, pirâmides e reservatórios de água. As terras pouco férteis da região obrigavam os maias a realizar um rodízio, que geralmente mantinha a terra boa durante oito a dez anos. Após esse período era necessário procurar novas terras, cada vez mais distantes das aldeias e cidades. O esgotamento das terras, as distâncias cada vez maiores entre elas e as cidades e o aumento da população impuseram à civilização maia uma dura realidade. A fome, um dos fatores que a levaram à decadência. Sistema de escrita O sistema de escrita maia (geralmente chamada hieroglífica por uma vaga semelhança com a escrita do antigo Egito, com o qual não se relaciona) era uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas. É o único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo. As decifrações da escrita maia têm sido um longo e trabalhoso processo. Algumas partes foram decifradas no final do século XIX e início do século XX (em sua maioria, partes relacionadas com números, calendário e astronomia), mas os maiores avanços se fizeram nas décadas de 1960 e 1970 e se aceleraram daí em diante de maneira que Glifos maias em estuque no museu de atualmente a maioria dos textos maias Palenque, México. podem ser lidos quase completamente em seus idiomas originais. Lamentavelmente, os sacerdotes espanhóis, em sua luta pela conversão religiosa, ordenaram a queima de todos os códices maias logo após a conquista. 6 7 Assim, a maioria das inscrições que sobreviveram são as que foram gravadas em pedra e isto porque a grande maioria estava situada em cidades já abandonadas quando os espanhóis chegaram. Os livros maias, normalmente tinham páginas semelhantes a um cartão, feitas de Página do chamado códice de Madrid. um tecido sobre o qual aplicavam uma película de cal branca sobre a qual eram pintados os caracteres e desenhadas ilustrações. Os cartões ou páginas eram atadas entre si pelas laterais de maneira a formar uma longa fita que era dobrada em zigue-zague para guardar e desdobrada para a leitura. Atualmente restam apenas três destes livros e algumas outras páginas de um quarto, de todas as grandes bibliotecas então existentes. Frequentemente são encontrados, nas escavações arqueológicas, torrões retangulares de gesso que parecem ser restos do que fora um livro depois da decomposição do material orgânico. Relativamente aos poucos escritos maias existentes, Michael D. Coe, um proeminente arqueólogo da Universidade de Yale disse: “Nosso conhecimento do pensamento maia antigo representa só uma minúscula fração do panorama completo, pois dos milhares de livros nos quais toda a extensão dos seus rituais e conhecimentos foram registrados, só quatro sobreviveram até os tempos modernos (como se toda a posteridade soubesse de nós, baseados apenas em três livros de orações e "El Progreso del Peregrino).” Matemática e o Calendário Os maias (ou seus predecessores olmecas) desenvolveram independentemente o conceito de zero (de fato, parece que estiveram usando o conceito muitos séculos antes do velho mundo), e usavam um sistema de numeração de base 20. As inscrições nos mostram, em certas ocasiões, que trabalhavam com somas de até centena de milhões. Produziram observações astronômicas extremamente precisas; seus diagramas dos movimentos da Lua e dos planetas se não são iguais, são superiores aos de qualquer outra civilização que tenha trabalhado sem instrumentos óticos. Ao encontro desta civilização com os conquistadores espanhóis, o sistema de calendários Grafia dos números maias dos maias já era estável e preciso, notavelmente 7 8 superior ao calendário gregoriano, muitas vezes reformado depois disto. Na realidade, são dois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365. O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres. Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou então a "conta longa" que principiava no início da era maia. Além disso, determinaram com notável exatidão o ano lunar, a trajetória de Vênus e o ano solar (365, 242 dias). Cultura (Artes) A arte maia se expressa, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas monumentais construções — como a torre de Palenque, o observatório astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides de Chichén Itzá, Palenque, Copán e Quiriguá — eram adornadas com elegantes esculturas, estuques e relevos. Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais coloridos dos palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos religiosos ou históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá. Também realizavam representações teatrais em que participavam homens e mulheres com máscaras, representando animais. Também existe uma construção em Bonampak que tem murais antigos e que, afortunadamente, sobreviveram a um acidente desconhecido até hoje. Com as decifrações da escrita maia se descobriu que essa civilização foi uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos. Religião Pouco se sabe a respeito das tradições religiosas dos maias, a religião ainda não é completamente entendida por estudiosos. Assim como os astecas e os incas, os maias acreditavam na contagem cíclica natural do tempo. Os rituais e cerimônias eram associados a ciclos terrestres e celestiais que eram observados e registrados em calendários separados. Os sacerdotes maias tinham a tarefa de interpretar esses ciclos e fazer um panorama profético sobre o futuro ou passado com base no número de relações de todos os calendários. A purificação incluia jejum, abstenção sexual e confissão. Cerimônia maia - Bênção de uma criança. A purificação era normalmente praticada antes de grandes eventos religiosos. 8 9 Os maias acreditavam na existência de três planos principais no cosmo: a Terra, o céu e o submundo. Os maias sacrificavam humanos e animais como forma de renovar ou estabelecer relações com o mundo dos deuses. Esses rituais obedeciam diversas regras. Normalmente, eram sacrificados pequenos animais, como perus e codornas, mas nas ocasiões muito excepcionais (tais como adesão ao trono, falecimento do monarca, enterro de algum membro da família real ou períodos de seca) aconteciam sacrifícios de humanos. Acredita-se que crianças eram muitas vezes oferecidas como vítimas sacrificiais porque os maias acreditavam que essas eram mais puras. Os deuses maias não eram entidades separadas como os deuses gregos. Também não existia a separação entre o bem e o mal e nem a adoração de somente um deus regular, mas sim a adoração de vários deuses conforme a época e situação que melhor se aplicava para aquele deus. Arquitetura A acrópole era o núcleo da cidade e desempenhava funções religiosas e políticas. A praça central tinha forma retangular e era rodeada de templos e palácios de pedra. No início, os palácios tinham o teto plano, sustentado por vigas de madeira. As vigas foram depois substituídas pela chamada "meiaabóbada maia". Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de muitas das tecnologias incas avançadas que poderiam parecer necessárias a tais construções. Não há notícia do uso de ferramentas de metal, polias ou veículos com rodas. A construção maia requeria um elemento com abundância, muita força humana, embora contasse com abundância dos materiais restantes, facilmente disponíveis. Toda a pedra usada nas construções maias parece ter sido extraída de pedreiras locais; com maior freqüência era usada pedra calcária, que, ainda que extraída e exposta, permanecia adequada para ser trabalhada e polida com ferramentas de pedra, só endurecendo muito tempo depois. Além do uso estrutural de pedra calcária, esta era usada em argamassas feitas do calcário queimado e moído, com propriedades muito semelhantes às do atual cimento, geralmente usada para Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá. revestimentos, tetos e acabamentos e para unir as pedras apesar de, com o passar do tempo e da melhoria do acabamento das pedras, reduzirem esta última técnica, já que as pedras passaram a se 9 10 encaixar quase perfeitamente. Ainda assim o uso da argamassa permaneceu crucial em alguns tetos de postes e vergas sobre portas e janelas (dintel). Quando se tratava das casas comuns, os materiais mais usados eram as estruturas de madeira, adobe nas paredes e cobertura de palha, embora tenham sido descobertas casas comuns feitas de pedra calcária, senão total mas parcialmente. Embora não muito comum, na cidade de Comalcalco, foram encontrados ladrilhos de barro cozido, possivelmente solução encontrada para o acabamento em virtude da falta de depósitos substanciais de boa pedra. Observatórios astronômicos Os maias foram excepcionais astrônomos e mapearam as fases e cursos de diversos corpos celestes, especialmente da Lua e de Vênus. Muitos de seus templos tinham janelas e miras demarcatórias (e provavelmente outros aparatos) para acompanhar e medir o progresso das rotas dos objetos observados. Templos arredondados, quase sempre relacionados com Kukulcán, são talvez os mais descritos Kukulkán é o como observatórios pelos mais modernos nome maia de Quetzalcóatl, aqui guias turísticos de ruínas, mas não há desenhado a partir de um baixorelevo de Yaxchilan. evidências que o seu uso tinha exclusivamente esta finalidade. Em vários templos sobre pirâmides foram encontradas marcações de miras que indicam que observações astronômicas também foram feitas dali. Campos de jogo de bola Um aspecto do estilo de vida mesoamericano é o seu jogo de bola ritual e seus campos ou estádios, que foram construídos por todo o império maia em grande escala. Estes estádios normalmente situavam-se nos centros das cidades. Tratava-se de espaços amplos entre duas laterais de plataformas ou rampas escalonadas paralelas, em forma de "I" maiúsculo direcionado para uma plataforma cerimonial ou templo menor. Tais campos foram encontrados na maioria das cidades maias, exceto nas menores. Grande estádio em Chichén Itzá. Jogo de bola mesoamericano 10 11 A CIVILIZAÇÃO ASTECA A cultura asteca estendia-se pelo vale do México, o litoral do Golfo do México e do Pacífico, a península de Tehuantec e parte da Guatemala. Os astecas são herdeiros da cultura tolteca. Segundo a história, reconstruída a partir dos códices que foram encontrados, sete tribos astecas procedentes do nordeste do México estabeleceram-se em Coatepec e perto do lago Pátzcuaro. No século XII, dirigiram-se até o vale do México. Em sua fuga pelo lago Texcoco, depois de um enfrentamento de tribos, viram, numa ilha, uma águia comendo uma serpente. Foi esse o lugar que escolheram para fundar, em 1325, a sua capital: Tenochtitlán, a atual cidade do México. Ao estudar a cultura asteca, deve-se prestar especial atenção a três aspectos: a religião, que demandava sacrifícios humanos em larga escala, particularmente ao Deus da guerra, Huitzilopochtli; a tecnologia avançada, como a utilização eficiente das chinampas (ilhas artificiais construídas no lago, com canais divisórios) e a vasta rede de comércio e Brasão de armas mexicano mostrando o sinal para a fundação da capital asteca. sistema de administração tributária. Organização Política - A formação do Império Asteca A formação do Império asteca baseou-se na aliança de três grandes cidades, Texcoco, Tlacopán e a capital, Tenochtitlán, estendendo seu poder por toda a região. As relações políticas que se estabeleceram entre elas e as regiões que controlavam ainda não são muito claras. Contudo, pode-se afirmar que não era uma estrutura rigorosamente centralizada, como ocorreria entre os incas. Na confederação Asteca conviviam inúmeras comunidades com idiomas, costumes e culturas diferentes (zapotecas, mixtecas e totonacas). A unidade entre elas dava-se em torno de aspectos religiosos e, principalmente, através da centralização militar dos astecas e da arrecadação dos impostos em Tenochtitlán. As diversas províncias da região que, além dos tributos, elas deveriam fornecer contingentes militares e submeter-se aos tribunais da capital. O Império asteca atingiu seu apogeu entre 1440 e 1520, quando foi inteiramente destruído pelos colonizadores espanhóis liderados por Cortés. Após diversas incursões colonizadoras em agosto de 1521 o Império Asteca foi inteiramente conquistado. 11 12 Diversas razões levaram à derrota asteca a primeira é propriamente militar: a guerra, para os astecas, tinha como objetivo a dominação políticomilitar, para os espanhóis a guerra era de conquista e extermínio. Além disso, as estratégias militares e, principalmente, o armamento bélico dos colonizadores eram bem mais avançados. Outro motivo importante foi a proliferação de várias doenças e epidemias entre os astecas (a mais forte foi a varíola). Um fato adicional que contribuiu muito para a derrota asteca foi a aliança estabelecida entre alguns povos da região (tlaxcaltecas e totonecas) e os espanhóis. A intenção imediata desses povos era derrotar a hegemonia dos astecas na região, e os espanhóis eram fortes aliados para alcançar esse objetivo. Todavia, eles não puderam prever o que lhes aconteceria após a derrota asteca, com a consolidação da colonização européia. Economia Asteca A sustentação da economia do Império estava baseada justamente no pagamento dos tributos em mercadorias. A não-destruição das cidades submetidas e a manutenção relativa do poder local incluíam-se nessa lógica de arrecadação dos tributos, que variavam muito. Estima-se que, no final do Império, Tenochtitlán recebia toneladas de milho, feijão, cacau, pimenta seca; centenas de litros de mel, milhares de fardos de algodão, manufaturados têxteis, cerâmicas, armas, além de animais, aves, perfumes, papel. A produção agrícola estava baseada essencialmente nos cereais, sobretudo no milho que, na verdade, foi a base da alimentação das civilizações pré-colombianas. É bem provável que essas sociedades não teriam se desenvolvido sem o milho, pois ele as sustentava e possibilitava o crescimento de suas populações. A posse das terras tinha uma característica muito interessante: o Estado asteca era proprietário de todas as terras e as distribuía aos templos, cidades e bairros (calpulli). Já nas cidades e bairros, a exploração da terra tinha um caráter coletivo, todo adulto tinha direito de cultivar um pedaço de terra para sobreviver e o dever de trabalhá-la. Na fase final do Império, essa relação foi se modificando, pois sacerdotes, comerciantes e chefes militares se desobrigaram de trabalhar na terra, criando uma forma de diferenciação social. Sociedade A sociedade foi fundada em aspectos religiosos e na guerra, aqueles que detinham mais poder eram os sacerdotes, seguidos dos chefes militares e dos altos funcionários do Império. Os altos funcionários militares e do Estado recebiam a denominação tecuhtli (dignitário), eram escolhidos pelo soberano e 12 13 tinham uma série de privilégios (não pagavam impostos e viviam em grandes residências). Logo abaixo estavam os calpullec, espécies de administradores dos bairros (calpulli). Inicialmente eles eram escolhidos pelos habitantes dos bairros, mas com o tempo passaram a ser indicados pelo soberano. O comércio externo era realizado por poderosas corporações de comerciantes, os pochtecas. O comércio de luxo entre as cidades era monopolizado por eles. Em razão do rápido enriquecimento desse setor da sociedade, ele foi ganhando gradativamente poder e distinção. A maioria dos artesãos trabalhava vinculada a algum senhor (tecuhtli), e muitos mantinham oficinas em palácios e templos. O imposto era pago em artigos de sua especialidade e não eram obrigados ao trabalho coletivo. A maior parte da população estava entre os macehualli, que eram homens livres com direito a cultivar um pedaço de terra para sua sobrevivência, embora devessem obrigações como pagamento de impostos em mercadorias (a maior fonte de arrecadação), prestar o serviço militar e o trabalho coletivo (construir, conservar e limpar estradas, pontes e templos). Os tlatlacotin formavam o estrato social mais baixo, composto geralmente por prisioneiros de guerra, condenados, desterrados. Em troca de casa, comida e trabalho, eles se vinculavam a um amo. Isso não significava que eram escravos, pois podiam torna-se livres e possuir bens. Hábitos e costumes Os astecas cobriam a cabeça, os braços e as pernas com plumas e peles de animais. Calçavam alpargatas. Tanto a pintura como os ornamentos corporais serviam para distinguir as classes sociais. Faziam furos nas orelhas, no nariz e no queixo, onde colocavam adornos de ouro ou de osso. Os homens usavam um pano amarrado na cintura e uma manta quadrada presa com um nó no ombro direito. As mulheres vestiam saia e uma ampla camisa com mangas. O povo asteca, embora não possuísse escrita alfabética, utilizava um sistema hieroglífico próximo ao sistema fonético. A sociedade asteca era rigidamente dividida. O grupo social dos pipiltin (nobreza) era formado pela família real, sacerdotes, chefes de grupos guerreiros — como os Jaguares e as Águias — e chefes dos calpulli. Podiam participar também alguns plebeus (macehualtin) que tivessem realizado algum ato extraordinário. Tomar chocolate quente era um privilégio da nobreza. O resto da população era constituída de lavradores e artesãos. Havia, também, escravos (tlacotin). 13 14 CURIOSIDADES: Plantas e técnicas O tabaco e o incenso vegetal (copalli) estava presente em suas práticas. Seus ticitl (médicos feiticeiros) em nome dos deuses realizavam ritos de cura com plantas que contém substâncias enteógenas ( Lophophora williamsii ou peiote; Psylocybe mexicana, Stropharia cubensis - cogumelos com psilocibina; Ipomoea violacea e Rivea corymbosa - ololiuhqui) que ensinam a causa das doenças, mostram a presença de tonal (tonalli), e agressões infligidas ao duplo animal ou nagual (naualli) os casos de enfeitiçamento Imagem de Xipe Totec no calendário Tonalamatl de 260 dias. ou castigo dos deuses. Entre os remédios mais conhecidos estava a alimentação dos doentes com dietas a base de milho e ervas tais como: passiflora (quanenepilli), o bálsamo-do-peru (Myroxylon peruiferum L. f.), a raiz de jalapa, a salsaparrilha (iztacpatli / psoralea) a valeriana o cihuapahtli ou zoapatle (Montanoa tomentosa), empregado como auxiliar do trabalho de parto com seu pricípio ativo análogo à ocitocina associado à purhépecha (Manzanilla - Matricaria recutita L.) ou equivalente, com suas propriedades sedativas, entre centenas de outras registradas em códices escritos dos quais nos sobraram fragmentos. A religião Eram politeístas (acreditavam em vários deuses) e acreditavam que se o sangue humano não fosse oferecido ao Sol, a engrenagem do mundo deixaria de funcionar. Uma página do Libellus de Medicinalibus Indorum Herbis, um Os sacrifícios eram dedicados a: herbário asteca composta em 1552 por Huitzilopochtli ou Tezcatlipoca: o Martín de la Cruz e traduzido para o sacrificado era colocado em uma pedra latim por Juan Badianus. por quatro sacerdotes, e um quinto sacerdote extraía, com uma faca, o coração do guerreiro vivo para alimentar seu Deus; 14 15 Tlaloc: anualmente eram sacrificadas crianças no cume da montanha. Acreditavase que quanto mais as crianças chorassem, mais chuva o Deus proveria. No seu panteão havia centenas de deuses. Os principais eram vinculados ao ciclo solar e à atividade agrícola. Observações astronômicas e estudo dos calendários faziam parte do conhecimento dos sacerdotes. O Deus mais venerado era Quetzalcóatl, a serpente emplumada. Os sacerdotes formavam um poderoso grupo social, encarregado de orientar a educação dos Estátua de Tlaloc nas imediações do nobres, fazer previsões e dirigir as Museu Nacional de Antropologia e História, na Cidade do México. cerimônias rituais. A religiosidade asteca incluía a prática de sacrifícios. Segundo o divulgado pelos conquistadores o derramamento de sangue e a oferenda do coração de animais e de seres humanos eram ritos imprescindíveis para satisfazer os deuses, contudo se considerarmos a relação da religião com a medicina encontraremos um sem número de ritos. Há referências a um Deus sem face, invisível e impalpável, desprovido de história mítica para quem o rei de Texoco, Nezaucoyoatl, mandou fazer um templo sem ídolos, apenas uma torre. Esse rei o definia como "aquele, graças a quem nós vivemos". As atividades artísticas dos astecas foram muito influenciadas pelas tradições olmecas e toltecas. A escultura em jade e as grandes construções são exemplos claros dessas influências. A arquitetura estava ligada à vida religiosa, a forma mais freqüentemente utilizada era a pirâmide com escadarias, culminando em um santuário no topo. Os afrescos coloridos e as pinturas murais também tinham destaque entre as artes astecas. O escriba ostentava o título de pintor, pois os hieróglifos eram acompanhados por uma série de quadros cuidadosamente desenhados. Um guerreiro-jaguar do Codex A música e a poesia estavam intimamente Magliabecchiano. O jaguar ligadas. Quase sempre acompanhadas por desempenhava um papel cultural na mitologia asteca. instrumentos, danças e encenações, as 15 16 músicas tinham caráter religioso. Infelizmente, a violência da colonização espanhola acabou destruindo grande parte dessa rica produção. Os imperadores Astecas Os imperadores astecas em língua Nahuatl eram chamados Hueyi Tlatoani ("O Grande Orador"), termo também usado para designar os governantes das altepetl (cidades). Os imperadores astecas foram os maiores responsáveis tanto pelo crescimento do império, como para a decadência do mesmo. Ahuizotl, por exemplo, foi ao mesmo tempo o imperador mais cruel e o responsável pela maior expansão do império. Já Montezuma II (ou Moctezuma II), tendo sido um imperador justo e pacifico, foi também fraco em suas decisões, permitindo que Moctezuma II. os espanhóis entrassem em seus domínios, mesmo após a circulação de histórias de que estes teriam massacrado tribos, abalando fatalmente a solidez de seu império, e finalmente degenerando na sua extinção. A sucessão dos imperadores astecas não era hereditária de pai para filho, sendo estes eleitos por um consenso entre os membros da nobreza. A CIVILIZAÇÃO INCA A civilização inca foi uma cultura andina précolombiana e um Estado-nação, o Império Inca (em quíchua: Tawantinsuyu) que existiu na América do Sul de cerca de 1200 até a invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Atahualpa em 1533. O império incluía regiões desde o extremo norte como o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile. A capital do império era a atual cidade de Cusco (em quíchua, "Umbigo do Mundo"). O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quíchua. Antes da construção do Império incaico viviam 16 17 nessa região povos com culturas e formações sociais avançadas, que se costuma denominar pré-incaicos. Eles estavam distribuídos por toda a costa leste do continente sul-americano, nas serras e no altiplano andino; os chavin viviam nas serras peruanas; os manabi, no litoral do equador; os chimu, no norte do Peru; e havia ainda os chinchas, mochicas, nazca, e outros. Talvez grande demonstração do desenvolvimento desses povos préincaicos seja Tiahuanaco. Tratava-se de um grande centro cerimonial (hoje suas ruínas estão a cerca de 100 Km de La Paz, capital da Bolívia) que recebia periodicamente milhares de pessoas por Ano. Estima-se que essa civilização que parece ter sido influenciada pelos chavin, estabeleceu-se na região por volta do século X d. C.. A organização política dos Incas O Império Inca absorveu as diversas culturas das civilizações preexistentes, colocando-as a serviço da expansão e manutenção do Império. A vitória sobre os chancas, em 1438 d. C., liderada pelo inca Yupanqui, marcou o início da formação do Império. Ele ocupou quase todo o Peru, chegando até a fronteira do Equador. Seus sucessores expandiram o Império para o altiplano boliviano, norte da Argentina, Chile (Tope Inca) e equador, até o sul da Colômbia (Huayana capac, 1493-1528). A expansão foi interrompida em razão da Inca Ruca - Imperador. disputa entre dois irmãos, filhos de Huayana: Huascar, que centralizou seu Império em Cuzco, e Atahualpa, sediado em Quito. A rivalidade entre os irmãos levou o Império a uma verdadeira guerra civil, enfraquecendo-o. A vitória de Atahualpa não lhe trouxe vantagens, pois, junto dela, chegaram os colonizadores, liderados por Pizarro, que destruíram todo o Império Inca. Para controlar seu Império o Estado inca mantinha um constante censo populacional, um instrumento fundamental para o censo era o quipo, uma espécie de elaborada calculadora manual feita de cordões coloridos e nós. Quem realizava o levantamento e a leitura eram os funcionários chamados de quipucamayucus. Esse imenso Império inca, controlado de perto pelo Estado, precisou de uma infra-estrutura que permitisse a circulação de funcionários, mensageiros, impostos, populações, exércitos, etc. Para que isso ocorresse, foi construída uma incrível rede de pontes e caminhos lajeados. Ao longo desses caminhos havia os tambos, pequenas construções que continham alimentos e água, servindo de alojamento para os viajantes. 17 18 Sociedade inca O Estado inca era imperial, capaz de controlar rigidamente tudo o que ocorria em sua vasta extensão territorial. O chefe desse Estado era o Inca, um imperador com poderes sagrados hereditários, reverenciado por todos. Ao lado do inca havia uma rede de sacerdotes, escolhidos por ele entre a nobreza. Para manter o Império íntegro, criou-se uma complexa burocracia administrativa e militar. Os cargos administrativos eram distribuídos entre membros da nobreza e acabaram adquirindo hereditariedade. O caráter guerreiro do Império privilegiava a formação e educação militar. Como os burocratas, essa camada privilegiada era mantida graças aos tributos arrecadados pelo Estado. Os nobres foram chamados pelos espanhóis de "orelhões", devido à impressão que tiveram de suas enormes orelhas, aumentadas pelos grandes pendentes que usavam. Os "orelhões" eram educados em escolas especiais durante quatro anos. Eles estudavam a língua quíchua, religião, quipos, história, geometria, geografia e astronomia. Ao terminar os estudos, eles se graduavam em uma cerimônia solene, onde demonstravam sua preparação passando em algumas provas. Eles se vestiam de branco e se reuniam na Praça de Cusco. Todos os candidatos tinham o cabelo cortado e levavam na cabeça um llauto negro com plumas. Depois de rezarem ao sol, lua e ao trovão, eles subiam a colina de Huanacaui, onde ficavam em jejum, participavam de competições e dançavam. Mais tarde, o Inca lhes entregava umas calças justas, um diadema de plumas e um peitoral de metal. Finalmente ele perfurava a orelha de cada um pessoalmente com uma agulha de ouro, para que pudessem usar seus pendentes característicos, próprios de sua categoria. Os "orelhões" tinham vários privilégios, entre eles a posse de terras e a poligamia. Eles recebiam presentes do monarca, tais como mulheres, lhamas, objetos preciosos, permissão para usar liteiras ou trono. Os camponeses, chamados de llactaruna, em troca do direito de trabalho nos ayllus, eram obrigados a cultivar as terras do Inca e dos curacas e a pagar os impostos em mercadorias. Além disso, o Estado os obrigava a trabalhar nas obras públicas, como as pirâmides, caminhos, pontes, canais de irrigação e terraços. Havia também os artesãos especializados, considerados artistas (pintores, escultores, ceramistas, tapeceiros, ourives, etc.), e os curandeiros e feiticeiros (cirurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas medicinais). Os yanaconas, originários da sublevação da cidade de Yanacu, eram escravos. Às vezes, algum povo conquistado também se tornava escravo. Eles 18 19 não trabalhavam na produção, e suas funções eram eminentemente domésticas. Economia inca A base da economia inca estava nos ayllu, espécie de comunidade agrária. Todas as terras do Império pertenciam ao Inca, logo, ao Estado. Através da vasta rede de funcionários, essas terras eram doadas aos camponeses para a sua sobrevivência. Os membros de cada ayllu deveriam, em troca, trabalhar nas terras do Estado e dos funcionários, nas obras públicas e pagar impostos. Havia três ordens de trabalhos agrícolas: realizados em benefício do Inca e da família real; destinados à subsistência da família, realizados no pedaço de terra que lhe cabia; realizados no seio da comunidade aldeã, para responder às necessidades dos mais desfavorecidos. A base da produção agrícola era o milho, seguido pela batata, tomate, abóbora, amendoim, batatas doce (batatas), milho, pimentas, algodão, tomates, amendoim, mandioca, e um grão conhecido como quinua. Nas áreas mais altas e com dificuldades de obtenção de água, o milho tinha de ser plantado nos terraços feitos nas encostas das serras com canais de irrigação. O plantio era feito em terraços e já usavam a adiantada técnica das curvas de nível sendo os primeiros a usar o sistema de irrigação. Os incas não usavam dinheiro propriamente dito. Eles faziam trocas ou escambos nos quais mercadorias eram trocadas por outras e mesmo o trabalho era remunerado com mercadorias e comida. Serviam como moedas sementes de cacau e também conchas coloridas, que eram consideradas de grande valor. O comércio era muito precário e restringia-se basicamente aos bens de luxo destinados à corte. A domesticação de lhamas, vicunhas e alpacas foi importante para o fornecimento de lã, couro e transporte. Os cachorros-do-mato e porcos tinham importância secundária. Todos os incas eram obrigados a trabalhar para o Império e para os seus deuses domésticos (mita). Calcula-se que os incas cultivavam cerca de setecentas espécies vegetais. A chave do sucesso da agricultura inca era a existência de estradas e trilhas que possibilitavam uma boa distribuição das colheitas numa vasta região. Religião dos Incas Os Incas eram extremamente religiosos e viam o Sol e a Lua como entidades divinas às quais suplicavam suas bençãos, fosse para melhores colheitas, fosse para o êxito em combates com grupos rivais. O deus Sol era o 19 20 deus masculino e acreditavam que o Rei descendia dele. Atribuíam ao deus Sol qualidades espirituais, transmitidas à mente pela mastigação da folha de coca, daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas encostas íngremes das montanhas andinas. Os incas construíram diversos tipos de casas consagradas às suas divindades. Alguns dos mais famosos são o Templo do Sol em Cusco, o templo de Vilkike, o templo do Aconcágua (a montanha mais alta da América do Sul) e o Templo do Sol no Lago Titicaca. O Templo do Sol, em Cusco, foi construído com pedras encaixadas de forma fascinante. Esta construção tinha uma circunferência de mais de 360 metros. Dentro do templo havia uma grande imagem do sol. Em algumas partes do templo havia incrustações douradas representando espigas de milho, lhamas e punhados de terra. Porções das terras incas eram dedicadas ao deus do sol e administradas por sacerdotes. Os sumo-sacerdotes eram chamados Huillca-Humu, viviam uma vida reclusa e monástica e profetizavam utilizando uma planta sagrada chamada huillca ou vilca (Acácia cebil) com a qual preparavam uma chicha de propriedades enteógenas que era bebida na "Festa do Sol", Inti Raymi. A palavra quíchua Huillca significa, simplesmente, algo "santo", "sagrado". Sacrifícios Os incas ofereciam sacrifícios tanto humanos como de animais nas ocasiões mais importantes, maioria das vezes em rituais ao nascer do sol. Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais, exigiam grandes sacrifícios que poderiam incluir até duzentas crianças. Não raro as mulheres a serviço dos templos eram sacrificadas, mas a maioria das vezes os sacrifícios humanos eram impostos a grupos recentemente conquistados ou derrotados em guerra, como tributo à dominação. As vítimas sacrificiais deviam ser fisicamente íntegras, sem marcas ou lesões e preferencialmente jovens e belas. De acordo com uma lenda, uma menina de dez anos de idade chamada Tanta Carhua foi escolhida pelo seu pai para ser sacrificada ao imperador inca. A criança, supostamente perfeita fisicamente, foi enviada a Cusco onde foi recebida com festas e honrarias para homenagear-lhe a coragem e depois foi enterrada viva em uma tumba nas montanhas andinas. Esta lenda prescreve que as vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas, e que havia grande honra em conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se, depois da morte, espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos sacerdotes. Antes do sacrifício, os sacerdotes adornavam ricamente as vítimas e davam a ela uma bebida chamada chicha, que é um fermentado de milho, até hoje apreciada. 20 21 Cultura inca Lembrando o que já foi dito, o Estado inca utilizou-se das inúmeras conquistas das civilizações pré-incaicas para controlar e manter seu Império. Eles faziam um uso abancado da matemática, conheciam inclusive o zero; conheciam muito bem a astronomia, pois o Sol representava o deus mais importante, podendo prever eclipses e fazer calendários; usavam pesos e medidas padronizados. Os trabalhos dos incas na manufatura do ouro, da prata e do cobre maravilharam os espanhóis. Além disso, produziam cerâmica, tecidos coloridos, esculturas e pinturas. Machu Pichu Talvez as maiores produções incaicas estejam relacionadas com a arquitetura e a engenharia. Por meio delas foi possível construir pirâmides, palácios, pontes e caminhos; cidades como Cuzco e Machu Pichu, que reuniam milhares de pessoas e mantinham uma rica ordem urbanística. E os famosos terraços irrigados nas serras e montanhas para a produção agrícola. 21 22 Festivais Os incas tinham um calendário de trinta dias, no qual cada mês tinha o seu próprio festival. Os meses e celebrações do calendário são os seguintes: Mês Gregoriano Mês Inca Tradução Janeiro Huchuy Pacoy Pequena colheita Fevereiro Hatun Pocoy Grande colheita Março Pawqar Waraq Ramo de flores Abril Maio Ayriwa Aymuray Dança do milho jovem Canção da colheita Junho Inti Raymi Festival do Sol Julho Anta Situwa Purificação terrena Agosto Setembro Qapaq Situwa Sacrifício de purificação geral Qaya Raymi Festival da rainha Outubro Uma Raymi Festival da água Novembro Ayamarqa Procissão dos mortos Dezembro Qapaq Raymi Festival magnífico Medicina Os incas fizeram muitas descobertas farmacológicas. Usavam o quinino no tratamento da malária com grande sucesso. As folhas da coca eram usadas de modo geral como analgésicos, e para minorar a fome, embora os mensageiros Chasqui as usassem para obter energia extra. Outra terapia comum e eficiente era o banho de ferimentos com uma cocção de casca de pimenteira ainda morna. Entre as práticas médicas dessa civilização que ainda intrigam os pesquisadores está o procedimento cirúrgico conhecido como trepanação realizado com mais freqüência em homens adultos, (provavelmente para tratar os ferimentos sofridos durante o combate). Ainda hoje, procedimento similar é realizado para aliviar a pressão causada pelo acúmulo de fluidos após trauma craniano grave. Há evidências que as técnicas cirúrgicas foram padronizadas e aperfeiçoadas ao longo do tempo, face ao fato de que os crânios mais antigos não mostrarem nenhum sinal da consolidação óssea, após a operação, sugerindo que o procedimento foi provavelmente fatal. Ao contrário dos encontrados mais recentemente cujas taxas de sobrevivência se aproximaram 22 23 de 90 por cento, com níveis de infecção muito baixos, segundo os pesquisadores. Texto complementar: Os quipos (tipo de registros) O estado era muito centralizado e extremamente estruturado – e até, pode dizer-se, burocrático –, porém, não havia um sistema de escrita. Para gerir o império eram utilizados os quipus (quipus), cordões de lã ou outro material onde são codificadas mensagens. Destinavam-se os quipos a manterem estatísticas permanentemente atualizadas. Regularmente procedia-se a recenseamentos da população extremamente completos (por exemplo, número de habitantes por idade e sexo). Registava-se ainda o número de cabeças de gado, os tributos pagos ou devidos aos diversos povos, o conjunto de entradas e saídas dos armazéns estatais. Mediante os registos procurava-se equilibrar a oferta e a procura, numa tentativa de planificação da economia. Mais concretamente, o quipo é constituído por um cordão a que se liga a cordões menores de diferentes cores, tanto paralelamente como partindo de um ponto comum. Os números eram dados pelos nós e as significações pelas cores. Os nós das extremidades inferiores representam as unidades. Acima ficam as dezenas, mais acima as centenas e, por último, os milhares e as dezenas de milhar. Saliente-se que, para além de utilizarem o sistema decimal, os índios conceberam o equivalente do zero: um intervalo maior entre os nós, ou seja, um sítio vazio. Ignora-se o significado dos nós complexos, porventura reservados aos múltiplos. Quanto às cores, indicavam os significados ou qualidades. Mas como o número de cores e seus matizes é limitado, muito inferior ao número de objetos a recensear, o significado das cores variava de acordo com a significação geral do quipo. Era pois necessário conhecer a significação geral do quipo para se poder interpretá-lo. Por exemplo: o amarelo referia-se ao ouro nas estatísticas referentes aos despojos de guerra e ao milho referentes à produção. A fim de facilitar a leitura, as pessoas e coisas eram dispostas de acordo com uma hierarquia imutável. Assim, nos quipos demográficos, os homens ocupavam o primeiro lugar, seguidos das mulheres e, por fim, das crianças. Nos recenseamentos de armas a ordem era a seguinte: lanças, flechas, arcos, zagaias, clavas, achas e fundas. A ausência de cordão secundário ao longo do principal, assim como a falta de uma cor, possuía determinado significado, exatamente como acontecia com a ausência de nó no cordão (zero). 23 24 Os intérpretes dos quipus, os quipucamayucs (ou seja, "guardiães dos quipos"), possuíam uma excelente memória, cuja fidelidade era assegurada por um processo radical: qualquer erro ou omissão era punido com a pena de morte. Cada quipucamayuc especializava-se na leitura de determinada categoria de cordões: religiosos, militares, econômicos e demográficos. Cabialhes igualmente instruir os seus filhos, para que estes mais tarde lhes sucedessem. Para melhor fixar as narrativas, o quipucamayuc cantava-as, como uma melopéia. Os quipos serviam ainda para o registo de fatos históricos e ritos mágicos. No entanto, ao contrário dos estatísticos, estes quipus ainda não foram decifrados. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA 24 25 Divisão administrativa Na colonização espanhola, que ele se baseou na divisão entre quatro Vice-reinos (divisão intrinsecamente ligada a aspectos econômicos), a saber: Vice-Reino da Nova Espanha: no sul da América do Norte, correspondendo principalmente aos modernos México e ao sul dos Estados Unidos. Rico em ouro e prata caracteriza-se pela mineração. A colonização ganha impulso e se inicia mais facilmente devido às complexas civilizações já ali existentes, com base econômica formada; Vice-Reino de Nova Granada: no noroeste da América do Sul, correspondendo principalmente aos modernos Colômbia, Equador, Venezuela, e Panamá. Baseada na agricultura; Vice-Reino do Peru: no leste da América do Sul, que no momento da sua maior extensão territorial englobava grande parte da própria América do Sul, sendo reduzido o seu território correspondendo principalmente aos modernos Peru e Bolívia: mineração aurífera e argêntea. Encontra-se, como no México, uma complexa infra-estrutura e grande densidade populacional; Vice-Reino do Rio da Prata: no sul da América do Sul, correspondendo principalmente aos modernos Argentina, Uruguai, Paraguai. Economia baseada na pecuária, mais tarde caracterizando-se por uma intensiva exploração da prata na Argentina. Criaram-se ainda oito capitanias-gerais: áreas bélicas de forte proteção, pois eram regiões que podiam ser atacadas facilmente: Capitania Geral da Guatemala (1540-1821): anexado ao Vice-Reino da Nova Espanha. Na América Central, correspondendo principalmente aos modernos Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e a estado mexicano do Chiapas. Capitania Geral do Chile (1541-1818): anexado ao Vice-Reino do Peru. No sudoeste da América do Sul, correspondendo principalmente ao moderno Chile. Capitania Geral de Santo Domingo (1526-1867): anexado ao Vice-Reino da Nova Espanha. Nas Antilhas, correspondendo principalmente aos modernos República Dominicana e Haiti. 25 26 Capitania Geral das Filipinas (1565-1898): anexado ao Vice-Reino da Nova Espanha. No leste da Ásia e Micronésia, correspondendo principalmente aos modernos Filipinas, Palau, Carolinas, Marianas e Guam. Capitania Geral de Porto Rico (1592-1898): anexado ao Vice-Reino da Nova Espanha. No Antilhas, correspondendo principalmente ao moderno Porto Rico. Capitania Geral de Cuba (1607-1898): anexado ao Vice-Reino da Nova Espanha. No leste da América do Norte e Antilhas, correspondendo principalmente aos modernos Cuba, Flórida e Luisiana. Capitania Geral de Yucatán (1617-1786): anexado ao Vice-Reino da Nova Espanha. No sudeste da América do Norte, correspondendo principalmente aos modernos estados mexicanos do Campeche, Tabasco, Yucatán e Quintana Roo. Capitania Geral da Venezuela (1777-1821): anexado ao Vice-Reino do Peru. No norte da América do Sul, correspondendo principalmente à moderna Venezuela. 26 27 Divisão social Chapetones: espanhóis que habitam a América, têm em mãos os altos cargos públicos, dominam a política; Criollos: eram os brancos (europeu + europeu = filho americano) nascidos na América, cuidam da economia (terras e minas) e ocupam os baixos cargos públicos da administração local: cabildos; Mestiços: são os bastardos (cor negra: Chapetones + índios, ou Criollos + índios, sonho era embranquecer). É o elo entre os chapetones e os índios, é o intermediário, é assalariado dos espanhóis, recrutam índios para a Mita; Índios/negros: massa trabalhadora. Sistema de trabalho Mão de obra indígena: semi-servidão, trabalho compulsório; Trabalho livre: assalariado e parceria (meieiro); Trabalho compulsório: Mita e Encomienda; Escravidão (em menor escala) Mita (Peru) ou Cuatequil (México) Os Incas e os Astecas já adquiriram no seu processo civilizatório o hábito de escravizar outras tribos de índios e forçá-las a trabalhar e pagar impostos; É de criação americana (a mita e encomienda); Predomínio do trabalho na mineração; Baseada no sorteio de tribos para retirar os trabalhadores, que trabalhavam de 4 a 6 meses e geralmente morriam ou adoeciam. Recebiam um pequeno salário, mas endividavam-se, então, alugavam mulheres e filhos para quitar dívidas e acabavam como semi-escravas; Conseqüências: Genocídio e Etnocídio (aculturação, destruição metódica de uma etnia), hecatombe demográfica, ou seja, mortandade em larga escala; Tinha cota de produção, isto é, uma quantidade de produto estipulada para se retirar em certo tempo, é um tipo de ação violenta. Encomienda Os europeus adquiriam índios nas tribos para supostamente recrutá-los ao trabalho, oferecendo em troca a garantia de sua subsistência e o 27 28 comprometimento com a catequese, no entanto, não raramente submetia-os à compulsoriamente do trabalho nas minas; Baseava-se no recrutamento por meio da encomenda(agricultura e pecuária), servindo de recurso acessório às insuficiências de mão-deobra no sistema de Mita; Cota de mão de obra: dever-se-ia dar uma quantidade de produto estipulada dentro de um maior prazo de entrega, sendo, pois, menos violento; Conseqüências: Genocídio e etnocídio. Porque a América Espanhola utilizava índios como mão-de-obra e a América Portuguesa usava a mão-de-obra negra? Na América Espanhola já existiam sociedades complexas, que já conheciam sistemas de trabalho (Ex: mita ou cuatequil), enquanto na América Portuguesa não havia sistemas de trabalho, o índio não era habituado ao trabalho regular, porquanto era coletor, caçador, pescador e nômade; Na América Espanhola, o elemento indígena estava concentrado em centros urbanos de alta densidade demográfica. Na América Portuguesa, os índios encontravam-se dispersos, isto é, aquém do processo civilizatório e urbanístico empreendido nos Impérios Incas e Astecas; O Tratado de Tordesilhas literalmente cedeu a África ao Império Português, o que incentivará o uso de negros como mão-de-obra pelos lusitanos e dificultará o uso de negros pela Espanha. O próprio Estado português administrará e executará o tráfico negreiro. Espanha: saliente-se concessão feita à Nova Granada, pois, como os antigos Maias não tinham civilizações tão complexas quanto às duas acima citadas (Astecas e Incas), fator dificultoso ao processo escravizatório (motivo inclusive do fracasso da tentativa de escravização de índios no Brasil), optar-se-á pela utilização do elemento escravo negro; Espanha: México: antigos Astecas; Espanha: Peru: antigos Incas. AMÉRICA ESPANHOLA: INDEPENDÊNCIA E FRAGMENTAÇÃO As mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais ocorridas na Europa no final do século XVIII e início do XIX estimularam os movimentos de independência nas regiões coloniais, especialmente na América. Entre esses fatores, destacam-se: 28 29 - as propostas do iluminismo, que assumiram na América caráter de luta em favor da liberdade comercial e do fim do pacto colonial; - o exemplo dado pelos Estados Unidos, que em 1776 declararam sua independência; - a pressão exercida pela Inglaterra, que, a partir da Revolução Industrial, desejava expandir seu mercado externo e via na América um excelente potencial consumidor, mas encontrava os entraves impostos pela rigidez do pacto colonial e dos monopólios metropolitanos; - a ruptura do equilíbrio político das potências européias, desencadeada pela Revolução Francesa e a expansão do Império de Napoleão. Essa desestabilização levou a Inglaterra a apoiar os movimentos de independência no continente americano. A INDEPENDÊNCIA NO MÉXICO E NA AMÉRICA CENTRAL O principal fator interno que estimulou as colônias americanas a iniciarem seus movimentos pela independência foi o choque de interesses com a metrópole, em razão dos entraves inerentes ao sistema colonial. Além disso, quando Napoleão colocou seu irmão no trono da Espanha, os criollos (a elite nascida na América) não aceitaram o novo governo e organizaram Juntas para administrar suas regiões. Essas Juntas acabaram se convertendo em focos de luta e resistência contra a opressão exercida pela metrópole. As primeiras manifestações favoráveis á independência surgiram em 1814 no México e em algumas regiões sul-americanas. Elas resistiram com relativo sucesso às investidas da Espanha para reforçar os laços coloniais. No México, o padre Hidalgo foi o grande líder da resistência, organizada por mestiços, índios e brancos pobres. Por isso, foi fuzilado em 1811. Outro padre, Morellos, tentou por volta de 1813 organizar a população contra a opressão metropolitana, escreveu um manifesto que deveria ser a primeira Constituição, mas também acabou fuzilado. A independência só ocorreria em 1821, sob o comando do general criollo Itúrbide, enviado pela Espanha para conter os movimentos revolucionários. O general auto proclamou-se imperador do México, mas em 1823 foi derrubado pelos republicanos. Por influência do movimento mexicano, em 1821 a América Central tornou-se independente, formando a Capitania Geral da Guatemala. Um pouco mais tarde, ela originaria os países centro-americanos. 29 30 AS ANTILHAS Antiga colônia francesa, o atual Estado do Haiti corresponde à parte ocidental da ilha de São Domingos (ex-Hispaniola)- na parte oriental constituiuse a República Dominicana. O processo de independência teve início em 1791, e sua principal peculiaridade foi a ampla participação dos negros – que, na ocasião, formavam mais de 80% do contingente populacional e em sua maioria eram escravos. O líder da revolta foi o escravo liberto Toussaint Louverture. Após a vitória popular, a escravidão foi abolida e estabeleceu-se um governo constitucional. Mas as tropas de Napoleão invadiram a ilha em 1802 e o confronto prosseguiu. Só em 1825 a França reconheceu a independência do Haiti, em troca de indenização. AS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA DO SUL Sob a liderança de Simón Bolívar, Sucre e San Martín, ocorreu uma radicalização nos processos de independência dos países da América do Sul. À frente de um exército poderoso, San Martín promoveu a independência da Argentina (1816) e do Chile (1818). Bolívar libertou a Colômbia (1819) e a Venezuela (1821). Para libertarem o Peru, San Martín e Bolívar uniram-se, mas afastaram-se depois em razão de divergências políticas. Com isso, a libertação peruana foi realizada por Bolívar, que também expulsou os espanhóis da Equador e da Bolívia. Ele dedicou-se então à etapa seguinte de seu ambicioso projeto político: unificar as áreas libertadas da antiga América espanhola numa única e poderosa República. Simón Bolívar Sucre San Martín AS NOVAS NAÇÕES AMERICANAS NO SÉCULO XIX É importante notar que, embora a população tenha participado dos movimentos pela independência, quem de fato assumiu o poder nos países recém-libertados foram os representantes das pequenas elites agrárias, que 30 31 deram origem a governos oligárquicos. Estes se transformaram numa constante ao longo da história da América Central e do Sul, sempre associados à corrupção eleitoral e ao autoritarismo. O latifúndio continuou sendo à base da produção agrária e um instrumento e símbolo de poder nesses países. Além disso, a independência política não significou autonomia e progresso econômico para essas nações. Elas continuaram no papel de exportadoras de matéria prima e consumidoras de produtos industrializados, submetendo-se sempre às imposições políticas e econômicas dos países mais fortes. Impedida de desenvolver seu parque industrial de forma efetiva, a América Latina manteve-se longe dos benefícios materiais proporcionados pelo capitalismo industrial. Assim, o passado colonial, as dificuldades internas e a submissão ao capitalismo internacional impuseram aos países da América Central e do Sul um processo de desenvolvimento marginal e dependente. A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INDÍGENA Antes da independência, a sociedade colonial era rigidamente estratificada, privilegiando a elite de nascimento, homens brancos, nascidos na Espanha ou América,porém, após a independência a situação não mudou: Chapetones - eram os homens brancos, nascidos na Espanha e que vivendo na colônia representavam os interesses metropolitanos, ocupando altos cargos administrativos, judiciais, militares e no comércio externo. Criollos - Elite colonial, descendentes de espanhóis, nascidos na América, grandes proprietários rurais ou arrendatários de minas, podiam ocupar cargos administrativos ou militares inferiores. Mestiços - , de brancos com índios, eram homens livres, trabalhadores braçais desqualificados e superexplorados na cidade (oficinas) e no campo ( capatazes). Escravos negros - nas Antilhas representavam a maioria da sociedade e trabalhavam principalmente na agricultura. Indígenas - grande maioria da população, foram submetidos ao trabalho 31 32 forçado através da mita ou da encomienda, que na prática eram formas diferenciadas de escravidão, apesar da proibição oficial desta pela metrópole. AS TRANSFORMAÇÕES NAS COLÔNIAS As mudanças efetuadas pela Espanha em sua política colonial possibilitaram o aumento do lucro da elite criolla na América, no entanto, o desenvolvimento econômico ainda estava muito limitado por várias restrições ao comércio, pela proibição de instalação de manufaturas e pelos interesses da burguesia espanhola, que dominava as atividades dos principais portos coloniais. Os criollos enfrentavam ainda grande obstáculo à ascensão social, na medida em que as leis garantiam privilégios aos nascidos na Espanha. Os cargos políticos e administrativos , as patentes mais altas do exército e os principais cargos eclesiásticos eram vetados à elite colonial. Soma-se à situação sócio econômica, a influência das idéias iluministas, difundidas na Europa no decorrer do século XVIII e que tiveram reflexos na América, particularmente sobre a elite colonial, que adaptou-as a seus interesses de classe, ou seja, a defesa da liberdade frente ao domínio espanhol e a preservação das estruturas produtivas que lhes garantiriam a riqueza. O MOVIMENTO DE INDEPENDÊNCIA O elemento que destravou o processo de ruptura colonial foi a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte sobre a Espanha; no entanto é importante considerar o conjunto de alterações ocorridas tanto nas colônias como na metrópole, percebendo a crise do Antigo regime e do próprio sistema colonial, como a Revolução Industrial e a revolução Francesa. A resistência à ocupação francesa iniciou-se tanto na Espanha como nas colônias; netas a elite criolla iniciaram a formação de Juntas Governativas, que em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a metrópole, como vimos, para essa elite a liberdade representava a independência e foi essa visão liberal iluminista que predominou. Assim como o movimento de independência das colônias espanholas é tradicionalmente visto a partir dos interesses da elite, costuma-se compara-lo com o movimento que ocorreu no Brasil, destacando-se: -a grande participação popular, porém sob liderança dos criollos; -o caráter militar, envolvendo anos de conflito com a Espanha; -a fragmentação territorial, processo caracterizado pela transformação de uma colônia em vários países livres; - a adoção do regime republicano - exceção feita ao México. 32 33 BIBLIOGRAGIA História Série Novo Ensino Médio Divalte Autor: Divalte Garcia Figueira, editora Ática 2ª edição EJA SUPLEGRAF 5ª Série, editora Didática Suplegraf Sites: www.passei.com.br/telecurso2000 http://educacao.uol.com.br/ PT.wikipedia/org/wiki/historia http://www.historiaimagem.com.br www.suapesquisa.com/historia www.brasilescola.com/historia www.portalsaofrancisco.com.br www.biblioteca.templodeapolo.net http://www.grupoescolar.com/materia/as_invasoes_barbaras__idade_media.html [Autor: Anselmo Jr - Lido: 48189 Vezes - Categoria: História 33
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