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BOLETIM DA
GESTÃO 2013-2015 | EDIÇÃO AGOSTO DE 2014
AGO/14
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1
04
TEXTO INICIAL
A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
APLICADA À IMPUTABILIDADE PENAL
08
O MÊS DA
NEUROPSICOLOGI A
10
DOMÍNIOS COGNITIVOS
AVALI AÇÃO DAS FUNÇÕES
EXECUTIVAS EM ADULTOS E IDOSOS
17
RELATO DE PESQUISA
SÍNDROME DE WILLIAMS-BEUREN:
UM MODELO PARA O ESTUDO DO SENSO NUMÉRICO
19
ENTREVISTA
RICARDO FRANCO DE LIMA
21
COMUNICADO
SBNP CONSOLIDA SUA P ARCERIA COM O EVENTIZE
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BOLETIM
SBNp
TEXTO INICIAL
A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
APLICADA À IMPUTABILIDADE PENAL
ANTÔNIO DE PÁDUA SERAFIM
A crescente onda de violência
Ao se analisar a conduta huma-
onalidade. Livre Arbítrio deriva do
urbana, como os homicídios ou a
na (seja ela adequada ou não,
latim “liberum arbitrium”, o juízo
relação dependência química e a
criminosa ou não), o cerne de
livre, capacidade de escolha pela
criminalidade, por exemplo, tem
sua
vontade humana consciente.
exigido cada vez mais a participa-
principalmente no pressuposto
Já a Determinação da Racionalida-
ção do psicólogo no esclarecer
de que o comportamento pode
de é a condição de preservação
dos fatos no contexto jurídico.
ser expresso por pessoas en-
da saúde mental decorrente da: a)
Responder as questões relaciona-
tendidas como normais na con-
Ausência de loucura (isto é, ausên-
das à saúde mental e justiça re-
cepção de saúde mental, quan-
cia de qualquer quadro de trans-
quer deste profissional uma com-
to por uma pessoa portadora
torno mental que tenha poder de
preensão multifatorial dos fatores
de um transtorno mental. Este
interferir no juízo crítico); b) Capa-
envolvidos. Atualmente observa-
pressuposto apresenta-se inti-
cidade
se uma crescente solicitação de
mamente ligado ao Direito. De
(condição relativa ao potencial
perícias psicológicas e neuropsi-
maneira geral, o papel do Direi-
intelectual do indivíduo) e c) Capa-
cológicas, por se entender que
to nas sociedades é normatizar
cidade
estas avaliações expressam não
condutas, atitudes, direitos e
(ligada a capacidade de controle
apenas descrições sintomáticas
deveres, uma vez que concebe-
emocional e dos impulsos).
de um determinado quadro pato-
se o comportamento humano
Quando dúvidas surgem quanto à
lógico, mas também, e principal-
como fulcro do atuar pela pre-
determinação da racionalidade,
mente, expressa uma análise fun-
servação da capacidade racio-
logo se impõe a necessidade da
cional deste acerca da correlação
nal (razão).
perícia em saúde mental. Em Di-
entre uma possível psicopatolo-
Neste sentido o Direito consi-
reito, perícia é um meio de prova,
gia, comprometimento cerebral e
dera o Livre Arbítrio como re-
e, para tal, pessoas qualificadas
comportamento.
sultado da capacidade da Raci-
tecnicamente, nomeadas pelo ju-
investigação
centra-se
de
de
entendimento
autodeterminação
iz, analisam fatos juridicamente
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relevantes à causa examinada,
uma questão judicial se instala-
fissionais da psicologia infor-
elaborando laudo. O processo
rem.
mações quanto o funciona-
pericial se traduz em um exa-
Para o Direito, quando se insta-
mento mental de uma determi-
me que exige conhecimentos
la a dúvida quanto à saúde
nada pessoa que praticou um
técnicos a fim de comprovar
mental da pessoa em questão,
crime. É comum na área penal
(provar) a veracidade de certo
demanda a necessidade do co-
alegações de danos ou déficits
fato ou circunstância. Na práti-
nhecimento de outra área para
cognitivos em pessoas que co-
ca forense a perícia se caracte-
aplicar a Lei.
meteram homicídios, fraudes,
riza como um conjunto de pro-
Há de se entender que o Direi-
crimes sexuais, entre outros. A
cedimentos especializados que
to analisa o fato para aplicar a
alegação de déficits de memó-
pressupõe um conhecimento
responsabilidade penal ou a
ria é muito comum. E a partir
técnico/científico
específico
capacidade civil. No caso de
do momento em que há a ale-
que venha a contribuir no sen-
crimes, o Direito busca aplicar
gação de prejuízo da função
tido de esclarecer algum ponto
a responsabilidade penal con-
cognitiva, e este suposto preju-
considerado imprescindível pa-
forme o artigo 26 do Código
ízo põe em cheque a real capa-
ra andamento de um processo
Penal Brasileiro.
cidade de autonomia do autor
judicial. É a aplicação dos mé-
É isento de pena o agente que,
do ato, o juiz pode de fato soli-
todos e técnicas da investiga-
por doença mental ou desen-
citar a perícia para poder apli-
ção psicológica e neuropsicoló-
volvimento mental incompleto
car a Responsabilidade Penal.
gica com a finalidade de subsi-
ou retardado, era, ao tempo da
Por
diar ação judicial, seja esta de
ação ou da omissão, inteira-
entende-se a capacidade penal
que natureza for (ou seja, Direi-
mente incapaz de entender o
da pessoa natural que é deno-
to Penal, Cível, Trabalhista, Fa-
caráter ilícito do fato ou de de-
minada
mília, etc), toda vez que dúvi-
terminar-se de acordo com es-
(responsável). Esta condição
das relativas à “saúde” psicoló-
se entendimento.
define o conjunto de condições
gica da pessoa envolvida em
Aqui o operador busca dos pro-
que dão ao agente (a pessoa), a
Responsabilidade
Penal
imputabilidade
Tabela 1. Condições de enquadramento
Imputabilidade (imputável)
São todas as pessoas maiores de 18
anos. É o sujeito “são” e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito
do fato e de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
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Semi-imputabilidade (responsabilidade
diminuída)
Definição do art. 26, parágrafo único do
Código Penal: É o agente que em virtude
de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Inimputabilidade
É considerado o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
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capacidade para lhe ser juridi-
afeta ou não a capacidade de
que a dúvida seja de ordem cog-
camente
imputada
entendimento e de autodeter-
nitiva, a avaliação deve englobar
(responsabilizada) à prática de
minação da pessoa que possa
além das funções neuropsicoló-
um fato punível.
ter colaborado para a prática
gicas a investigação da persona-
Neste contexto, a avaliação
criminosa.
lidade, uma vez que, aspectos
neuropsicológica na responsa-
Visto isto, a aplicação da avali-
emocionais ou traços psicológi-
bilidade penal busca auxiliar o
ação neuropsicológica em uma
cos, como ansiedade, a impulsi-
judiciário a enquadrar o autor
perícia dever levar informações
vidade, por exemplo, podem
de um crime em uma das con-
quanto ao funcionamento psi-
falsear déficits cognitivos.
dições descritas na tabela 1.
cológico do réu ao juiz, produ-
A
Logo, o Direito busca
zindo prova para auxiliá-lo em
aplicada à área penal segue os
no contexto da saúde mental a
seu livre convencimento por
procedimentos de uma avalia-
comprovação ou não de pro-
meio de documentação técnica
ção clínica, ou seja, engloba:
blema do trinômio psiquismo x
do fato, o qual é feito através
Atenção, Memória, Pensamen-
cérebro x comportamento, isto
de documentos legais, como o
to, Funções Executivas, Inteli-
é:
laudo.
gência, Linguagem, além dos
Ressalta-se que, de maneira
aspectos emocionais e da perso-
geral, a principal questão fo-
nalidade, conforme o fluxogra-
rense não se restringe especifi-
ma (figura 1). O que a torna dis-
camente em identificar uma
tinta é o seu objetivo
Domínio da
Razão
Autocontrole
Imputabilidade
avaliação
neuropsicológica
alteração, mas se esta alteraDistintamente
da
Avaliação
Neuropsicológica no contexto
clínico, que determina a existência ou não de uma alteração das funções cognitivas para fins de diagnóstico e conduta terapêutica, a avaliação neuropsicológica forense tem como principal objetivo responder a uma questão Legal, isto
é, se de fato há uma disfunção
e de que forma esta disfunção
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ção compromete a pessoa em
Considerações
seus direitos e deveres.
Dois aspectos merecem desta-
Convencido da necessidade da
que. O primeiro refere-se ao
perícia, o operador do direito
crescimento da utilização da
oficializa este pedido. A solici-
avaliação neuropsicológica co-
tação é fundamentada nos
mo um recurso diagnóstico no
quesitos elaborados pelo agen-
contexto forense. O segundo é
te jurídico (juiz, promotor, pro-
relativo à necessidade de criar
curador, delegado, advogado),
uniformidade no processo e re-
sendo responsabilidade de o
cursos utilizados nesta área. En-
perito investigar uma ampla
tende-se que de fato a avaliação
faixa o funcionamento mental
neuropsicológica, dado o seu
do indivíduo envolvido. Mesmo
teor de análise mais qualitativa
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Figura 1.Fluxograma da Perícia
PROF. ANTONIO DE PÁDUA SERAFIM
S. P. (2010). Práticas Forenses. In:
PROFESSOR
Leandro F Malloy-Diniz; Daniel
PÓS-GRADUAÇÃO
Fuentes; Paulo Mattos; Neander
DA
Abreu. (Org.). Avaliação Neuropsi-
DISTA DE
cológica. Porto Alegre: Artmed, 1,
DO
313-317.
a normatização de instrumen-
GRADUAÇÃO
Gazzaniga, M.S., Steveven, M.S.
E
tos são necessárias, além do
(2004). Free Will in the Twenty-
DENADOR DO
conhecimento básico sobre a
first Century: A Discussion of Neu-
TRIA E
justiça.
roscience and the Law. In: Gar-
TUTO DE
land B. Neuroscience and the Law:
PSICÓLOGO
Sugestões de Leitura
Brain, Mind, and the Scales of Jus-
ÇO DE
PSICOLOGIA E NEUROPSICO-
Serafim, A. P., Saffi, F. (2012).
tice. New York, US: Dana Press;
LOGIA
- INSTITUTO
Psicologia e Práticas Forenses.
2004, p 51-70.
HCFMUSP
São Paulo: Editora Manole.
Hilsenroth,
Serafim, A.P., Saadeh, A., Castela-
(2004). A consideration of chal-
na, G. B., Barros, D. M. (2011).
lenges to psychological assess-
Perícias Psiquiátricas em Situa-
ment instruments used in forensic
ções Específicas. In: Euripedes
settings: Rorschach as exemplar. J
Constantino
Pers Assess, 83(2),141-52.
da
relação
cérebro-
comportamento, vem atender
as demandas dos sistemas judiciários. Entretanto, a regulamentação de procedimentos e
Gentil,
Miguel,
Wagner
Farid
Valentim
PROGRAMA
DO
EM
DE
PSICOLOGIA
S AÚDE – UNIVERSIDADE METOS ÃO PAULO,
P ROGR AM A
EM
PROFESSOR
P ÓS -
DE
NEUROCIÊNCIAS
COMPORTAMENTO – USP, COORNÚCLEO
DE
PSIQUIA-
PSICOLOGIA FORENSE – INSTIPSIQUIATRIA – HCFMUSP,
SUPERVISOR
DE
NO
SERVI-
PSIQUIATRIA –
M. J., Stricker, G.
Responsável pelo convite
ANDRESSA ANTUNES
Gattaz
(Org.), Clinica Psiquiátrica. (pp.
2222-2231). São Paulo: Manole.
Serafim, A. P., Saffi, F., Rigonatti,
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O MÊS NA
NEUROPSICOLOGIA
POR MORGANA SCHEFFER
JOURNAL OF EXPERIMENTAL IN CLINICAL NEUROPSYCHOLOGY
A última edição do Journal of Experimental in Clinical
Neuropsychology foi o trigésimo sexto volume da revista (36(6), 559-667) contendo 10 artigos originais.
Todos os artigos tratam de estudos com dados empíricos. O último volume contempla estudos de consistência interna e validade de construto e de critério da Cognitive Estimation Task (CET-R) desenvolvido por
Shallice e Evans. O instrumento avalia a capacidade de
resolução de problemas. O estudo foi realizado com
indivíduos saudáveis e esquizofrênicos em tratamento
ambulatorial (1).
Ao considerar a importância do rastreio cognitivo voltado à memória, um estudo contemplado no
volume 36 fala sobre avaliação da memória verbal em
pacientes institucionalizados com e sem demência. Os
instrumentos utilizados para tal fim foram: ferramenta
de avaliação cognitiva breve (BCAT) e entrevista breve
do estado mental (BIMS)(2). Ainda em relação a avaliação de componentes da memória, a memória prospectiva, a qual demanda das funções executivas, da atenção e ainda da memória retrospectiva foi avaliada no
estudo de Li et al. (3) em indivíduos com sintomatologia depressiva de alto e baixo nível. O estudo verificou
ainda, a capacidade de indivíduos com nível alto de
sintomas depressivos em alocar recursos atencionais
em tarefas de memória prospectiva. A revista apresenta
também, estudo com medidas de memória para faces
não familiares na discriminação de indivíduos idosos
com Transtorno Cognitivo Leve (TCL) e com envelhecimento normal, como também, na conversão do TCL
para demência (4).
Você encontra ainda na edição atual publicada,
o estudo de Sobreiro et al.(5) sobre aspectos relacionados a síndrome da disfunção executiva depressiva tardia em indivíduos após danos neurológicos, mais espe-
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cificamente, o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foi
verificado a ocorrência da síndrome acima referido em
indivíduos idosos após primeira lesão vascular. A associação entre funções executivas e depressão foi também estudada. Além do estudo das funções executivas,
você leitor encontra o trabalho de autoria de Schoo et
al. (6). o qual avaliou a memória temporal em indivíduos após AVC. O objetivo do estudo foi examinar
como efeitos da curva de posição serial e como a memória de ordem temporal relativa podem diferir entre
população neurológica. A análise ocorreu a partir dos
resultados estabelecidos na ordem total absoluta
(evento posicionado no momento correto em sequência) e relativa (evento posicionado considerando eventos imediatamente anteriores e posteriores). O estudo
objetivou ainda associar os prejuízos de memória à
medidas neuropsicológicas estabelecidas.
A edição atual da revista possui grande parte
de seus artigos em avaliação de aspectos cognitivos
como a memória. Outro estudo focou na avaliação de
falsas memória, através do modelo Bayesiano, em uma
amostra de indivíduos com prejuízos na cognição (7).
A edição atual do Journal of Experimental in
Clinical Neuropsychology conta ainda com estudos
com população infantil e de adolescentes. O estudo de
Caçola et al.(8) avaliou crianças com transtorno do
desenvolvimento de coordenação quanto a sua capacidade de representação visuoespacial precisas através
de imagens de representação do comportamento motora a nível mental. O objetivo estendeu-se à exploração
da combinação da ação e representação do espaço através de ferramentas.
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8
O MÊS NA
NEUROPSICOLOGIA
O leitor pode ler ainda nesta edição, o estudo
5.
Sobreiro, M. F. M., Miotto, E. C., Terroni, L., Tinone,
G., Iosifescu, D. V., Lucia, M. C. S., Scaff, M., Leite,
C. C., Amaro Jr., E., & Fraguas, R. (2014). Executive
function and depressive symptoms of retardation in
nonelderly stroke patients. 636-647
DOI:10.1080/13803395.2014.925092
6.
Schoo, L. A. van Zandvoort, M. J. E., Reijmer, Y. D.,
Biessels, G. J., Kappell, L. J., & Postma, A. (2014).
Absolute and relative temporal order memory for performed activities following stroke 648-658
DOI:10.1080/13803395.2014.925093
7.
Ortega, A. Piefke, M., & Markowitsch, H. J. (2014). A
Bayesian latent group analysis for detecting poor effort
in a sample of cognitively impaired patients.659-667
DOI:10.1080/13803395.2014.926863
8.
Caçola, P., Gabbard, C., Ibana, M., & Romero, M.
(2014). Tool length influences reach distance estimation
via motor imagery in children with developmental coordination disorder. 596-606
DOI:10.1080/13803395.2014.918092
9.
Donati, M. A. Panno, A. Chiesi, F., & Primi, C (2014).
A mediation model to explain decision making under
conditions of risk among adolescents: The role of fluid
intelligence and probabilistic reasoning. 588-595
DOI:10.1080/13803395.2014.918091
10.
Rennie, B., Beebe-Frankenberger, M., & Swanson, H.
L. (2014). A longitudinal study of neuropsychological
functioning and academic achievement in children with
and without signs of attention-deficit/hyperactivity disorder. 621-635 DOI:10.1080/13803395.2014.921284
das funções executivas, ou seja, a relação entre tomada
de decisão e inteligência fluída e a capacidade de raciocínio probabilístico em adolescentes em situação explícita de risco (9). Por fim, mas não menos importante,
crianças com Transtorno de Deficit de Atenção e Impulsividade foram avaliadas a fim de verificar a relação
deste transtorno com o desempenho escolar (10). Para
isso, as crianças foram divididas em sintomatologia de
alto e baixo nível conforme avaliação dos professores.
O estudo foi de caráter longitudinal, com a avaliação
de aspectos cognitivos indispensáveis para o sucesso
no desempenho acadêmico por um período de três
anos. Vale a pena conferir!!!
Referências
1.
Gansler, D. A. Varvaris, M., Swenson, L., & Schretlen,
D. J. (2014). Cognitive estimation and its assessment.
559-568 DOI:10.1080/13803395.2014.915933
2.
William E. Mansbach, W. E., Mace, R. A. & Clark, K.
M. (2014).Story recall and word lists: Differential and
combined utilities in predicting cognitive diagnosis. 569576 DOI:10.1080/13803395.2014.916656
3.
Li, Y. R., Loft, S., Weinborn, M., & Maybery, M. T.
Event-based prospective memory deficits in individuals
with high depressive symptomatology: Problems controlling attentional resources? 577-587.
DOI:10.1080/13803395.2014.918090
4.
Nguyen, V. Q., Gillen, D. L., & Dick, M. B.
(2014).Memory for unfamiliar faces differentiates mild
cognitive impairment from normal aging. 607-620
DOI:10.1080/13803395.2014.919992
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AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
EXECUTIVAS EM ADULTOS E IDOSOS
A
avaliação
das
funções
executivas (FE) será abordada conside-
LAFAIETE MOREIRA E
MÔNICA VIEIRA COSTA
mento e resolução
rando sua divisão entre básicas - memória ope-
de problemas.
racional, controle inibitório e flexibilidade cognitiva - e superiores ou complexas (Diamond,
2013). Serão propostos instrumentos normatiza-
dos para adultos e idosos, visto que em edição
anterior deste boletim (maio de 2014) foram
abordadas as avaliações de crianças préescolares, escolares e adolescentes.
Avaliação das funções executivas
em adultos
Na fase adulta da vida é comum nos deparar-
Para avaliação das Funções
Executivas adotaremos um modelo teórico que
propõe que esse constructo é formado por 3
componentes básicos: Memória Operacional,
Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva. Esse
modelo tem a vantagem de possuir boas evidências quanto à coerência do substrato neuroanatômico (Diamond, 2013) e consistência psicométrica (Miyake et al., 2000).
mos com mudanças nas expectativas pessoais
Sugerimos abaixo três tarefas simples para cada
e sociais iniciadas após a adolescência (Arnett,
componente, todos com normas brasileiras para
2006). Em termos dos domínios cognitivos, eles
aplicação.
tendem a exibir curvas de crescimento que representam a variação de cada uma delas ao
Avaliação da memória operacional: Os Testes
longo do nosso desenvolvimento (Lezak, 2004).
Span de Dígitos e o Cubos de Corsi são as tarefas mais comumente utilizadas como medidas de
A importância das Funções Executivas na fase
memória de trabalho. Considerando o modelo de
adulta se deve exatamente pela conjuntura de
Baddeley (2003), o primeiro seria um indicativo
expectativas pessoais e sociais, dado o reco-
mais puro da alça fonológica enquanto o segun-
nhecimento desse período como particularmen-
do do esboço visuoespacial. O Teste Pasat, por
te exigente quanto nossa capacidade de engaja-
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Avaliação das funções executivas em adultos e idosos
outro lado, é uma tarefa menos conhecida que
pacidade do sujeito de inibir uma resposta auto-
consiste na apresentação de um CD de áudio
mática aprendida em situações congruentes
em que são apresentados uma série pseudo ale-
quando exposto a situação incongruente na mes-
atorizada de algarismos em intervalos de 3 se-
ma tarefa. A Tarefa Stroop Victoria, utiliza estímu-
gundos entre cada um. O paciente deve somar
los coloridos e os nomes das cores para criar as
de dois a dois sempre os dois últimos algarismos
situações congruentes e incongruentes. Essa ver-
ouvidos.
são do paradigma é uma das tarefas mais tradicionalmente utilizadas para avaliação do Controle
Avaliação do controle inibitório: O Stroop é
Inibitório. Também tradicionalmente utilizado para
um paradigma que consiste na avaliação da ca-
avalição do Controle Inibitório é o paradigma
Tabela 1. Estudos com dados normativos para adultos brasileiros:
Função
Memória
Operacional
Controle
inibitório
Flexibilidade cognitiva
Teste
Faixa
etária
Span de
dígitos
16 - 89
Cubos de
Corsi
18 - 56
Pasat
Média:
38 anos
Teste de
Stroop
18 - >70
BIS 11
16 - 60
CPT
16 - 60
Fluência
Verbal
Animais
16 - 88
Brucki, S. M. D., Malheiros, S. M. F., Okamoto, I. H., & Bertolucci, P. H.
(1997). Dados normativos para o teste de fluência verbal categoria animais
em nosso meio. Arq. neuropsiquiatr, 55(1), 56-61.
18 - 50
Maurien C.T. Senhorini , Edson Amaro Júnior , Adriana de Mello Ayres ,
Adriana de Simone & Geraldo F. Busatto (2006) Phonemic Fluency in Portuguese-speaking Subjects in Brazil: Ranking of Letters, Journal of Clinical
and Experimental Neuropsychology, 28:7, 1191-1200, DOI:
10.1080/13803390500350969
18 - 81
Hamdan, A. C., & Hamdan, E. M. L. (2009). Effects of age and education
level on the Trail Making Test in a healthy Brazilian sample. Psychology &
Neuroscience, 2(2), 199-203.
Fluência
Verbal
Fonêmica
Trail Making Test
AGO/14
Fonte
de Figueiredo, V. L., & Do Nascimento, E. (2007). Desempenhos nas duas
tarefas do subteste dígitos do WISC-III e do WAIS-III. Psicologia: Teoria e
Pesquisa, 23(3), 313-318.
Tudesco, I. D. S. S., Vaz, L. J., Mantoan, M. A. S., Belzunces, E., Noffs, M.
H., Caboclo, L. O. S. F., ... & Bueno, O. F. A. (2010). Assessment of working
memory in patients with mesial temporal lobe epilepsy associated with unilateral hippocampal sclerosis. Epilepsy & Behavior,18(3), 223-228.
Haase, V. G., Lima, E. D. P., Lacerda, S. S., & Lana-Peixoto, M. A. (2004).
Desenvolvimento da versão brasileira da multiple sclerosis functional composite measure (MSFC-BCTRIMS). Arq Neuropsiquiatr, 62(2-A), 363-70.
Campanholo, K. R., Romão, M. A., Machado, M. D. A. R., Serrao, V. T.,
Coutinho, D. G. C., Benute, G. R. G., ... & de Lucia, M. C. S. (2014). Performance of an adult Brazilian sample on the Trail Making Test and Stroop
Test. Dement. neuropsychol, 8(1).
Malloy-Diniz, L., Fuentes, D., Leite, W. B., Correa, H., & Bechara, A. (2007).
Impulsive behavior in adults with attention deficit/hyperactivity disorder: characterization of attentional, motor and cognitive impulsiveness. Journal of the
International Neuropsychological Society, 13(04), 693-698.
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Avaliação das funções executivas em adultos e idosos
Continuous Performance Task (Teste de Perfor-
Avaliação das funções executivas
mance Contínua - CPT), que consiste na apre-
em idosos
sentação de diversos estímulos alvos e não alvos e avalia as habilidades da atenção sustentada e seletiva, a velocidade com que o sujeito dá
Na avaliação do funcionamento executivo em ido-
a reposta na situação em que é apresentado o
sos é importante que o neuropsicólogo considere
estímulo alvo e principalmente a capacidade de-
as condições gerais de saúde, o padrão de mu-
le de inibir sua resposta quando o estímulo não
danças esperadas para o envelhecimento normal
alvo é apresentado. A Escala de Impulsividade
e os relatos de cuidadores e familiares na inter-
de Barrat, por sua vez, não é um instrumento de
pretação dos resultados. Neste tópico serão ex-
desempenho, trata-se da versão brasileira de
ploradas particularidades a serem consideradas
uma escala de autopreenchimento composta de
na seleção de instrumentos para exame das fun-
30 itens relacionados às manifestações da im-
ções executivas nesta etapa do ciclo vital. A ava-
pulsividade, tendo como base o modelo teórico
liação neuropsicológica destes pacientes é utiliza-
proposto por Ernest Barrat (Malloy-Diniz et al.,
da principalmente como método auxiliar em diag-
2010).
nósticos diferenciais e fornecimento de parâme-
Avaliação da Flexibilidade Cognitiva: As tare-
fas de fluência verbal semântica e fonêmica tam-
tros para planejamento e avaliação de intervenções de reabilitação cognitiva.
bém estão entre as mais comumente utilizadas
O envelhecimento envolve tomada de decisões
para avaliação das funções executivas. Ambas
importantes e manejo de situações cujos resulta-
consistem na produção da maior quantidade
dos podem ser de grande impacto. Também são
possível de palavras em um minuto. Na fluência
frequentes problemas relacionados ao gerencia-
semântica o paciente é instruído a falar a maior
mento de recursos financeiros e tratamentos mé-
quantidade de palavras possíveis de uma mes-
dicos que demandam antecipação de necessida-
ma categoria, sendo animais e frutas as mais
des e planejamento (Denburg et al, 2007). Outras
comuns. Na fluência fonêmica é apresentada
mudanças como falecimento do cônjuge ou apo-
uma letra ao paciente e ele deve falar a maior
sentadoria são exemplos de demandas que tor-
quantidade de palavras possíveis iniciadas com
nam as FEs decisivas para a adaptação do indiví-
aquela letra específica. Apesar da semelhança
duo ao meio.
entre as instruções da tarefas, há evidências
As FEs são as habilidades cognitivas mais sensí-
bem consistentes na literatura que elas medem
veis a condições de saúde adversas como humor
constructos parcialmente distintos (Troyer et al.,
rebaixado, privação do sono e falta de condicio-
1997). O teste de Trilhas, parte B, por sua vez,
namento físico. Isto pode ser observado tanto do
oferece uma medida de flexibilidade cognitiva
ponto de vista neuroanatômico no córtex pré-
independente de expressão verbal.
frontal, quanto comportamental através do desempenho cognitivo (Diamond, 2013). Estas alterações são frequentes em idosos assim como
AGO/14
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12
Avaliação das funções executivas em adultos e idosos
síndromes e transtornos associados a déficits
não houver acesso ao desempenho pré-mórbido,
em FEs como Comprometimento Cognitivo Leve
a alternativa é a correção dos resultados do sujei-
(CCL), síndromes demenciais neurodegenerati-
to frente a parâmetros populacionais de indiví-
vas e transtornos psiquiátricos (Moritz et al,
duos com características semelhantes. Alguns
2002). Dentre estes, os comprometimentos são
estudos de propriedades psicométricas realiza-
mais proeminentes na degeneração lobar fronto-
dos para amostras em nosso contexto estão lista-
temporal (DLFT), mas também são observados
das na Tabela 2.
na demência por Doença de Alzheimer (DA). Em
Rastreio: A Bateria de Avaliação Frontal (FAB)
pacientes com DLFT, ocorrem déficits de aten-
é recomendada como instrumento de rastreio das
ção, controle inibitório, flexibilidade cognitiva e
funções executivas em idosos por apresentar boa
alterações comportamentais. Já o desempenho
validade para esta população. Esta foi adaptada
em pacientes com DA, que é associada a altera-
para o contexto brasileiro por Beato e colabora-
ções temporoparietais, parece ser influenciado
dores (2007), que traduziram a versão original e
pela influência de componentes posteriores na
analisaram a influência da idade e escolaridade
velocidade de processamento e memória de tra-
para todos os subtestes.
balho (Stopford et al, 2012). Portanto, é neces-
seguintes aspectos do funcionamento executivo:
sário considerar as variações fenotípicas dentro
conceituação-categorização,
da DA e ter cautela na atribuição de falhas nos
mento e monitoramento motor, atenção seletiva,
testes executivos ao lobo frontal nestes pacien-
controle inibitório e preensão. Estudos normativos
tes.
foram propostos e corroboram os achados do es-
Estudos com instrumentos de avaliação de FEs
tudo de adaptação, indicando influência da idade
demonstram que este construto é estável ao lon-
e escolaridade no desempenho para esta faixa
go do tempo, mesmo se considerados curtos
etária. Beato e colaboradores (2012) propõem
intervalos entre as avaliações (Ettenhofer et al,
referencial normativo para idosos entre 60 e 91
2006). O ápice funcional das FEs é atingido na
anos divididos em 4 faixas de escolarização for-
idade adulta e a partir deste ponto é esperado
mal. Outro estudo recente apresenta normas es-
declínio (Zelazo et al, 2004; Royall et al, 2005;
tratificadas por escolaridade e também por idade
Goh et al, 2013). O curso do seu desenvolvimen-
entre: 60 a 89 e 80 anos ou mais (de Paula et al.,
to é, portanto, associado a uma curva em forma
2013). Este também aponta que os subtestes de
de U invertido. Assim, é importante selecionar
fluência, sequência de luria e atenção seletiva
testes que sejam padronizados considerando
aumentam a acurácia da bateria para grupos clí-
subdivisões de faixas etárias ao longo do enve-
nicos específicos como CCL e DA.
lhecimento normal.
Avaliação da memória operacional: em idosos
A comparação do desempenho atual dos sujei-
a memória operacional também pode ser testada
tos com o seu perfil pré-mórbido é o padrão ouro
através de tarefas envolvendo paradigmas que
para a caracterização de comprometimentos
combinem medidas de alcance de memória com
cognitivos. No entanto, em um contexto onde
processos concorrentes de atenção sustentada.
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Estes mensuram os
fluência,
planeja-
13
Avaliação das funções executivas em adultos e idosos
Neste caso, a ordem inversa da tarefa de alcan-
Teste dos Cinco Dígitos para o Brasil. Este é ba-
ce de dígitos pode ser utilizada para avaliação
seado neste paradigma, porém envolve conta-
destas funções, sendo que apresenta dados nor-
gem e nomeação de números de 1 a 5. A simpli-
mativos para idosos brasileiros estratificados por
cidade destes estímulos minimiza os efeitos da
idade: 60-64 e 65-89 anos (Figueiredo e Nasci-
automatização da leitura, que ocorre com os estí-
mento, 2007). Para o aspecto visuoespacial da
mulos tradicionais. Um estudo com amostra bra-
memória operacional seria ideal o uso da ordem
sileira incluindo idosos com 60 anos ou mais sau-
inversa da tarefa de cubos de corsi (Kessels et
dáveis e grupos clínicos CCL, DA e depressão
al, 2008), ainda sem estudos normativos para
indica que este instrumento possui boa capacida-
amostras brasileiras. Dados obtidos através da
de de distinção entre os grupos (de Paula et al,
comparação de sujeitos saudáveis acima de 69
2011).
anos e grupos clínicos com comprometimento
Avaliação da Flexibilidade Cognitiva: estão
cognitivo indicam boa aplicabilidade (de Paula et
disponíveis para avaliação deste domínio tarefas
al., 2010).
como o Teste de Seleção de Cartas de Wisconsin
Avaliação do controle inibitório: O paradigma
padronizado para amostra de idosos brasileiros
de stroop utiliza o efeito de interferência para
por Trentini e colaboradores (2010). A compara-
avaliar o controle inibitório através da compara-
ção entre versões manual e computadorizada
ção entre tarefas controles e conflitantes.
Na
(Wagner et al, 2009) indica equivalência das duas
versão do teste desenvolvida com cores e pala-
versões na avaliação de funções executivas nes-
vras, é necessário nomear cores e realizar tare-
ta faixa etária. Outros testes que envolvam alter-
fas envolvendo efeito de interferência entre estí-
nância entre diferentes rotinas de processamento
mulos visuais e verbais (cores e suas represen-
como o Trail Making Test (TMT) parte B e o sub-
tações verbais). Diferentes grupos desenvolve-
teste de alternância do Teste dos Cinco Dígitos.
ram normas baseadas em médias e desvios-
Componentes de fluência verbal como persevera-
padrões considerando estes estímulos. Klein e
ções e modelos de alternância podem auxiliar na
colaboradores (2010) avaliaram uma amostra de
avaliação porque o desempenho depende da fle-
61 idosos estratificados por idade: 60-69, 70-79
xibilidade para geração de palavras. Contudo, o
e acima de 80 anos e escolaridade: 2 a 8 e 9 a
escore de total pode ser influenciado fortemente
18 anos. Já o estudo de Campanholo e colabo-
por outras habilidades cognitivas como lingua-
radores (2014) com adultos incluindo idosos es-
gem, memória semântica e velocidade de proces-
tratificados por idade: 60-69 e 70 anos ou mais e
samento. Dentre estes testes foram desenvolvi-
escolaridade: 0-4, 5-8, 9-12 e acima de 13 anos
das normas para a fluência verbal semântica e
apresenta dados mais robustos. Os resultados
fonêmica e para o TMT por Hamdam e Hamdam
destes sugerem influência da idade e escolarida-
(2009) e Campanholo e colaboradores (2014).
de no desempenho. O Laboratório de Investiga-
Nestes estudos (citados na tabela 2), as amos-
ções Neuropsicológicas em parceria com a edi-
tras foram estratificadas em grupos por critérios
tora CETEP está atualmente normatizando o
de idade e escolaridade.
AGO/14
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14
Avaliação das funções executivas em adultos e idosos
Funções executivas “superiores” ou comple-
mensuram seus componentes. Existem diferentes
xas: estas habilidades são componentes de
versões de aplicação da Torre de Londres que
desfecho das funções executivas incluindo o ra-
apresentam acurácia moderada para a distinção
ciocínio, solução de problemas e planejamento.
entre pacientes saudáveis e com comprometi-
Instrumentos como a Torre de Londres que en-
mento cognitivo (de Paula et al., 2012). Contudo,
volve iniciativa e monitoramento para a solução
a normatização mais recente foi desenvolvida
de um objetivo não imediato (Barrett et al., 2014)
para a versão de aplicação proposta por Krikorian
Tabela 2. Estudos com dados normativos para idosos brasileiros:
Função
Teste
Faixa
etária
Fonte
de Paula, J. J., Moura, S. M., Bocardi, M. B., Moraes, E. N.,
Malloy-Diniz, L. F., & Haase, V. G. (2013). Screening for executive dysfunction with the Frontal Assessment Battery: psychometric properties analysis and representative normative data for Brazilian older adults. Psicologia em Pesquisa, 7(1), 89-98.
Rastreio
Bateria de Avaliação Frontal
60 >80
Memória Operacional
Span de Dígitos
16 - 89
de Figueiredo, V. L., & Do Nascimento, E. (2007). Desempenhos
nas duas tarefas do subteste dígitos do WISC-III e do WAISIII. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23(3), 313-318.
Controle inibitório
Teste de Stroop
18 >70
Campanholo, K. R., Romão, M. A., Machado, M. D. A. R., Serrao,
V. T., Coutinho, D. G. C., Benute, G. R. G., ... & de Lucia, M. C.
S. (2014). Performance of an adult Brazilian sample on the Trail
Making Test and Stroop Test. Dement. neuropsychol, 8(1).
Trail Making Test
–Parte B
18 – 81
18 >70
Flexibilidade
cognitiva
Funções executivas
“superiores”
ou complexas
AGO/14
Fluência Verbal
Semântica
16 - 88
Fluência Verbal
Fonêmica
60-93
Teste Wisconsin
de Classificação
de Cartas
60 - 89
Teste da Torre de
Londres
60 >80
Iowa Gambling
Task
20 - 78
Hamdan, A. C., & Hamdan, E. M. L. (2009). Effects of age and
education level on the Trail Making Test in a healthy Brazilian
sample. Psychology & Neuroscience, 2(2), 199-203.
Campanholo, K. R., Romão, M. A., Machado, M. D. A. R., Serrao, V. T., Coutinho, D. G. C., Benute, G. R. G., ... & de Lucia, M.
C. S. (2014). Performance of an adult Brazilian sample on the
Trail Making Test and Stroop Test. Dement. neuropsychol, 8(1).
Brucki, S. M. D., & Rocha, M. S. G. (2004). Category fluency test:
effects of age, gender and education on total scores, clustering
and switching in Brazilian Portuguese-speaking subjects. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 37(12), 17711777.
Machado, T. H., Fichman, H. C., Santos, E. L., Carvalho, V. A.,
Fialho, P. P., Koenig, A. M., ... & Caramelli, P. (2009). Normative
data for healthy elderly on the phonemic verbal fluency task–FAS.
Dement Neuropsychol, 3(1), 55-60.
Trentini, C. M., Argimon, I. I. L., Oliveira, M. S., & Werlang, B. G.
(2010). Teste Wisconsin de Classificação de Cartas: versão para
idosos.
de Paula, Jonas Jardim, Neves, Fátima, Levy, Ângela, Nassif,
Elaine, & Malloy-Diniz, Leandro Fernandes. (2012). Assessing
planning skills and executive functions in the elderly: preliminary
normative data for the Tower of London Test. Arquivos de NeuroPsiquiatria, 70(10), 828-830.
Schneider, Daniela Di Giorgio, & Parente, Maria Alice de Mattos
Pimenta. (2006). O desempenho de adultos jovens e idosos na
Iowa Gambling Task (IGT): um estudo sobre a tomada de decisão. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19(3), 442-450.
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15
Avaliação das funções executivas em adultos e idosos
(1994) com amostra de 305 idosos e resultados
et al., 2009) ainda não adaptato para o contexto
estratificados por idade: 60-79 e acima de 80
brasileiro e Inventário Neuropsiquiátrico (NPI)
anos e escolaridade: 0-8 e 8 anos ou mais. O
(Camozzato, 2008).
Iowa Gambling Task (IGT) propõe a avaliação da
tomada de decisão através da preferência do
participante por adotar estratégia de ganhos
maiores imediatos e desfavoráveis a longo prazo
ou ganhos modestos imediatos mas vantajosos
a longo prazo. Este paradigma foi normatizado
para amostra brasileira entre 20 e 78 anos de
idade estratificada entre jovens: 20 a 35 anos e
LAFAIETE MOREIRA
idosos: 61 a 78 anos e escolaridade (Schneider,
Psicólogo (UFMG - 2010), Mestre em Medicina
Molecular (UFMG - 2013), Coordenado do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Neuropsicologia pela Universidade FUMEC. Colaborador do Laboratório de Investigações em Neurociência Clínica - LINC (UFMG). Neuropsicólogo do Instituto Jenny de Andrade Faria de
Atenção à Saúde do Idoso. Desenvolve trabalhos nas áreas de Neuropsicologia do envelhecimento, Sintomas Comportamentais e Psicológicos das Demências.
2006). Neste trabalho de normatização do IGT
para a população brasileira a amostra de idosos
avaliada
apresenta
padrão
cognitivo
e
sociodemográfico que a diferencia da população
geral. Em trabalho posterior de Wagner e
Parente (2009) pacientes idosos foram expostos
a diferentes versões de aplicação do IGT e
houve diferença estatisticamente significativa
entre os grupos quanto à aversão ao risco. Os
resultados indicaram que a inclusão de pista de
reforço visual facilita a alocação de recursos
atencionais
e
de
memória
de
trabalho,
possibilitando decisões menos arriscadas.
Alterações
comportamentais:
Disfunções
executivas em idosos são acompanhadas por
perda de insight e dificuldade em avaliar o próprio desempenho, provavelmente devido ao envolvimento do córtex pré-frontal em processos
de auto-referência (Gusnard et al, 2001). Assim
é importante considerar o relato de cuidadores e
familiares que pode ser realizado através de
questionários semi-estruturados como o Inventário de Comportamentos Frontais (ISF) (Torralva
AGO/14
MÔNICA VIEIRA
Psicóloga. Mestranda no Programa de PósGraduação em Medicina Molecular (UFMG).
Atua na equipe de Neuropsicologia do Núcleo
de Geriatria e Gerontologia do Hospital das Clínicas da UFMG (NUGG-HC), integrante do Laboratório de Investigações em Neurociência
Clínica do INCT-MM. Desenvolve pesquisas na
área de neuropsicologia do envelhecimento
com ênfase em depressão e comprometimento
cognitivo.
Responsável pelo convite
ISABELA SALLUM
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16
BOLETIM
SBNp
RELATO DE PESQUISA
Síndrome de Williams-Beuren:
um modelo para o estudo do senso numérico
por Ana Carolina de Almeida Prado, Isabella Starling-Alves, Vitor Geraldi Haase
A síndrome de Williams-Beuren (SW) é causada
pela microdeleção no braço longo do cromossomo 7
ANA CAROLINA
(7q11.23) e tem incidência estimada entre 1:7.500 nas-
da em Psicologia pela Universidade Fede-
cidos vivos. O perfil cognitivo dos indivíduos com esta
síndrome é peculiar. Os indivíduos com SWB apresentam uma média de QI que varia entre 50 e 70 e, ape-
DE
ALMEIDA PRADO | graduan-
ral de Minas Gerais, pesquisadora e aluna
de Iniciação Científica do Laboratório de
Neuropsicologia do Desenvolvimento da
Universidade Federal de Minas Gerais.
sar desse déficit cognitivo global, costuma-se ob-
Atualmente, é bolsista da Fundação de
servar, linguagem bem desenvolvida e perfil comunica-
Amparo à Pesquisa de Minas Gerais
tivo e sociável nos indivíduos com a síndrome. As ha-
(FAPEMIG) e gerencia o projeto sobre a
bilidades de processamento visoespacial nos porta-
Síndrome de Williams do LND-UFMG
dores da síndrome, por outro lado, são significa-
tivamente mais prejudicadas quando comparadas às
ISABELLA STARLING-ALVES | pesquisadora do
habilidades linguísticas. Assim, principalmente devido
Laboratório de Neuropsicologia do Desen-
à deficiência intelectual global, as dificuldades gerais
volvimento – UFMG desde 2009, atualmen-
de aprendizagem são muito frequentes nesta sín-
te é bolsista do Ciências sem Fronteiras na
drome, contudo, deve-se destacar a dificuldade acen-
University of Wisconsin-Madison. Tem inte-
tuada na matemática, que pode estar relacionada a
déficits no senso numérico.
resses em neurociências, cognição matemática, modelos de aprendizagem e síndromes genéticas.
O senso numérico (NS) é a forma mais básica de
processamento de quantidades, sendo uma habilidade
inata de comparar, estimar e realizar cálculos aproximados de magnitudes não-simbólicas. Uma maneira
VITOR GERALDI HAASE | possui graduação
em Medicina pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, mestrado em Linguísti-
de medir o NS é através da fração de Weber (w), uma
ca Aplicada pela Pontifícia Universidade
constante psicofísica, que pode ser entendida como a
Católica do Rio Grande do Sul e doutora-
menor distância numérica percebida entre diferentes
do em Psicologia Médica (Dr. rer. biol.
conjuntos a serem discriminados.
hum.) pela Ludwig-Maximilians-Universität
zu München. É professor titular do Departamento de Psicologia da Universidade Fe-
O presente projeto de pesquisa tem como objetivo
deral de Minas Gerais e coordenador do
investigar a importância do senso numérico para as
Laboratório de Neuropsicologia do Desen-
habilidades de processamento numérico em crianças
volvimento da Universidade Federal de
com desenvolvimento típico e em pessoas com sín-
Minas Gerais
drome de Williams-Beuren. Além disso, destaca-se
AGO/14
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17
como objetivos secundários investigar se as habilidades
de pontos; uma tarefa de cardinalidade, em que o ex-
de contagem e conhecimeno dos princípios da contagem
aminador solicita verbalmente que a criança coloque
se correlacionam com medidas do senso numérico, tais
uma determinada quantidade de objetos em uma caixa,
como estimação e comparação de magnitudes simbólica
uma tarefa de princípios básicos da contagem, em que
e não-simbólica; e se existem diferenças na cognição
o examinador introduz um fantoche, que irá contar uma
numérica entre crianças típicas e pessoas com síndrome
história e, consequentemente, contar as peças, violan-
de Williams-Beuren.
do ou não os princípios de contagem e o participante
então deverá julgar se a contagem realizada está corre-
Dessa forma, as seguintes hipóteses são considera-
ta ou incorreta.
das: 1- Habilidades de contagem e conhecimento dos
princípios da contagem se correlacionam com medidas
Espera-se que este estudo aponte um déficit em
do senso numérico, tais como comparação de magni-
uma habilidade específica na SW, o senso numérico,
tudes não-simbólica; 2- O desempenho nas tarefas nu-
que não deve ser explicado por outros déficits obser-
méricas como contagem, princípios da contagem, magni-
vados no perfil fenotípico da síndrome, como o déficit
tude simbólica e não-simbólica se correlacionam com
intelectual global. Esse achado corroboraria achados de
idade e inteligência; 3- As dificuldades de processamen-
correlação anatomo-clínica que apontam para al-
to numérico das crianças com Síndrome de Williams po-
terações no sulco intraparietal de indivíduos com SW,
dem ser atribuídas a déficits no senso numérico; 4- Pes-
região do lobo parietal que vem sendo associado ao
soas com síndrome de Williams apresentarão valores
processamento numérico, além de ter implicações para
mais altos da fração de Weber quando comparadas a
diagnósticos e planos de reabilitação para pacientes
pessoas com desenvolvimento típico pareadas por idade
com SW.
mental e por idade cronológica; 5- Pessoas com síndrome de Williams apresentarão desempenho sem-
É válido ressaltar, portanto, que a investigação da
elhante ao de pessoas com desenvolvimento típico
cognição matemática em indivíduos com síndrome de
pareadas por idade mental, mas não por idade cronológi-
Williams-Beuren será importante para a construção de
ca em tarefas que avaliam os princípios de contagem.
programas de intervenção específicos no auxílio da
aprendizagem da matemática, e também para uma in-
Com tal objetivo, dois grupos de indivíduos estão
vestigação dos fatores cognitivos e genéticos subjacen-
sendo estudados, a saber: um grupo de crianças com
tes à dificuldade de aprendizagem da matemática
idade entre 3 e 10 anos, de ambos os sexos, as quais
(DAM). Como a SWB possui uma etiologia conhecida,
serão recrutadas a partir de um universo populacional
tal investigação, sobretudo a nível genético, se torna
constituído por escolas de ensino infantil públicas e
mais propícia. Esse objetivo beneficia não só os porta-
privadas do município de Belo Horizonte e um grupo de
dores do SWB, mas também toda a população que
crianças e adolescentes de ambos os sexos, diagnosti-
apresenta DAM. Além disso, as habilidades matemát-
cadas com a síndrome de Williams-Beuren, recrutados a
icas são importantes para a funcionalidade do indivíduo
partir de uma parceria com a Associação Brasileira de
no dia a dia, e não somente no meio acadêmico.
Síndrome de Williams.
Para testar as hipóteses discutidas, será utilizada
uma
tarefa
de
comparação
de
magnitudes
não-
simbólicas, em que o participante é instruído a observar
Responsável pelo convite
ISABELLA STARLING
dois conjuntos de pontos apresentados na tela do computador e indicar qual conjunto contém maior quantidade
AGO/14
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18
BOLETIM
SBNp
ENTREVISTA
RICARDO FRANCO DE LIMA
Psicólogo, especializado em neuropsicologia, com aprimoramento profissional em psicologia clínica aplicada à neurologia infantil, mestre e doutorando em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pesquisador
do Laboratório DISAPRE.
Responsável pelo convite
INDA LAGES
Primeiramente gostaria de lhe
agradecer por esta entrevista.
Você tem desenvolvido uma
pesquisa sobre funções executivas em estudantes com Dislexia
do Desenvolvimento. Como é
caracterizado o funcionamento
executivo de indivíduos disléxicos? Como essa caracterização
se difere da de outros diagnósticos?
R: Eu que agradeço o convite realizado! A Dislexia do Desenvolvimento (DD) é um transtorno específico da aprendizagem que compromete a aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita
(leitura e escrita). Em função da
hipótese do déficit fonológico ser
mais aceita para explicar as dificuldades centrais deste transtorno, no geral, vemos um número
maior de pesquisas voltadas para
a avaliação e intervenção no processamento fonológico e linguagem. Entretanto, a investigação de
outros domínios cognitivos na DD
tais como, as Funções Executivas
(FE) têm ganhado destaque no
contexto internacional e, mais recentemente, no contexto nacional.
No mestrado, realizado sob a orientação da Dra Sylvia Maria Ciasca e coorientação da Dra Cíntia
AGO/14
Alves Salgado Azoni, dentre outros aspectos, buscamos comparar o desempenho de estudantes
com DD e estudantes proficientes
em leitura e sem queixas de dificuldades escolares e atenção em
instrumentos de atenção e FE. No
geral, verificamos que os estudantes do grupo com dislexia apresentaram desempenho inferior
nestes instrumentos quando comparados aos controles. Os componentes das FE que apresentaram
diferenças foram de memória operacional, flexibilidade mental, controle inibitório, uso de estratégias
e fluência verbal. É importante
destacar que no grupo com DD
não tínhamos estudantes que preenchiam critérios ou com diagnóstico comórbido de TDAH. Desta
forma verificamos, como em estudos internacionais, que alguns
prejuízos em determinados componentes das FE podem representar uma característica da DD.
As causas deste prejuízo ainda
precisa ser melhor investigada,
mas há evidências de que o desempenho executivo nestes indivíduos possa ser influenciado pelas
alterações na linguagem. Sobre a
segunda pergunta, realizamos
uma comparação do desempenho
deste grupo com outro que apre-
sentava o diagnóstico de TDAH. De
modo geral, quando comparamos
estas amostras clínicas ao grupo
controle, ambas apresentam resultados rebaixados. Porém, o desempenho do grupo com TDAH é pior em
alguns componentes em função da
presença de respostas influenciadas
pela impulsvidade e desatenção.
Em que consiste o programa de
intervenção em funções executivas para estudantes com Dislexia
que você está desenvolvendo?
R: Baseado nas evidências obtidas
no mestrado, propusemos no doutorado a elaboração deste programa
de intervenção. As bases teóricas
foram buscadas nos programas de
reabilitação neuropsicológica, em
modelos de autorregulação da
aprendizagem e modelos de desenvolvimento de estratégias autorreguladas para a leitura. Após algumas
etapas metodológicas para a elaboração, o programa ficou constituído
por trinta sessões divididas em quatro módulos: psicoeducação (com
pacientes, pais e professores), orientação (aos pais e professores),
funções executivas aplicadas às
competências de estudo e funções
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19
BOLETIM
SBNp
ENTREVISTA
executivas aplicadas à leitura. O
objetivo principal é estimular as
FE, promovendo estratégias para
autorregulação da aprendizagem
que podem ser aplicadas diretamente nas situações vivenciadas
por estes estudantes e nas quais
apresentam maiores dificuldades.
Desta maneira, esperamos oferecer mais uma ferramenta de intervenção no âmbito da neuropsicologica, complementando outras
intervenções tradicionalmente realizadas.
Qual a relação entre a Dislexia
do Desenvolvimento e os sintomas depressivos?
R: A Dislexia do Desenvolvimento
constitui um fator de risco para o
desenvolvimento de problemas
emocionais e comportamentais.
Estudos internacionais têm demonstrado que os indivíduos com
DD apresentam tendência a alterações no autoconceito, problemas no relacionamento interpessoal e são mais ansiosas ou depressivas que seus pares. Realizamos um estudo comparando um
grupo com diagnóstico de DD e
controle em medidas de autorrelato de sintomas depressivos e inventário de queixas comportamentais/ emocionais respondido pelos
pais. Os resultados demonstraram
que os estudantes com DD referem mais sintomas depressivos
que o grupo controle. Os principais
sintomas foram: autoavaliação
negativa do próprio desempenho,
sentimentos de culpa e de preocupação, dificuldades para dormir,
cansaço, problemas nas interações sociais na escola, comparação de seu desempenho com o de
seus pares e ideação suicida. Posteriormente, algumas crianças da
amostra receberam diagnóstico
comórbido de depressão, conforme avaliação psiquiátrica. Algumas, inclusive apresentavam ideação suicida ativa e tentativa prévia. Além disto, os pais destes estudantes apresentaram mais queixas relacionadas à ansiedade,
AGO/14
retraimento, depressão, problemas sociais, de atenção e de pensamento e agressividade. É evidente que todas estas características podem representar sintomas
isolados que precisam ser contextualizados, bem como deve ser
avaliado o impacto que eles representam para as diferentes dimensões do desenvolvimento destes
estudantes. Contudo, possíveis
repercussões da DD e comorbidades precisam ser investigadas
durante a avaliação diagnóstica e
alvo de intervenções.
Você poderia nos falar um pouco sobre as linhas de pesquisa
atualmente em desenvolvimento no Laboratório de Pesquisa
em Distúrbios, Dificuldades de
Aprendizagem e Transtornos da
Atenção (DISAPRE) da UNICAMP?
O DISAPRE possui as seguintes
linhas de pesquisa: neuropsicologia do desenvolvimento, funções
corticais superiores, transtornos
específicos da aprendizagem,
transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro autista (TEA). Na
área da neuropsicologia do desenvolvimento há trabalhos sobre a
identificação precoce dos transtornos de aprendizagem e caracterização cognitiva de indivíduos com
síndrome do X-frágil. Na área das
funções corticais superiores destacam-se trabalhos para validação
de instrumentos usados para avaliação. Na linha dos transtornos de
aprendizagem as investigações
são concentradas na Dislexia do
Desenvolvimento: delineamento
do perfil neuropsicológico e linguístico, validação de instrumento
para identificação de sinais, levantamento das repercussões emocionais e intervenção neuropsicológica. No TDAH há trabalhos para
intervenção psicomotora e monitoramento da atividade motora. No
TEA há trabalho para a avaliação
das habilidades matemáticas.
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20
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
Configuração de diferentes categorias de inscrição;
O Sistema eventize! oferece aos clientes um ambiente web com uma
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Criação de atividades extras;
série de funcionalidades para a organização de eventos: o organizador

Definição de preços com opções de valores por prazo de inscrição;
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Exportação de listagens dos participantes para Excel;

Emissão de voucher com QRcode;
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Códigos de desconto;
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Botões para compartilhamento da página com as redes sociais;

Parcelamento no cartão de crédito;

Inscrição com o login do facebook.
de eventos desde 2009 quando a partir de uma necessidade percebida
no mercado, dois empreendedores da área de tecnologia da informação elaboramos o projeto. Este projeto avaliado e aprovado no PRIME,
um programa de incentivo do Governo Federal através da FINEP.
Hoje, com cinco anos desde a fundação, é uma sólida marca de mais de
100 mil inscrições realizadas em mais de 1500 eventos criados.
cria facilmente uma página na web para seu evento, edita e gerencia o
conteúdo.
Nesta página o participante encontra um formulário onde inscreve-se
no evento e efetua o pagamento através de cartões de crédito ou boleto; Este comércio eletrônico é automatizado e o organizador não precisa se preocupar com comprovantes e burocracias bancárias.
Com facilidade o organizador gerencia e verifica as estatísticas de
público e renda de seu evento na área administrativa do sistema.
AGO/14
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnpbrasil.com.br
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Presidente: Leandro Fernandes Malloy-Diniz (UFMG)
Vice-Presidente: Neander Abreu (UFBA)
Conselho Deliberativo:
Gabriel Coutinho (I'Dor - RJ)
Jerusa Fumagali de Salles (UFRGS)
Lucia Iracema Mendonça (PUC-SP e USP)
Vitor Haase (UFMG)
Presidente: Laiss Bertola (UFMG)
Conselho Fiscal:
Vice-Presidente: Annelise Júlio-Costa (UFMG)
Breno S. O. Diniz (UFMG)
Conselho Deliberativo:
Daniel Fuentes (USP)
Andréa Matos Oliveira Tourinho (IFBA)
Rodrigo Grassi Oliveira (PUC-RS)
Breno S. Vieira (PUC-RS)
Secretária Executiva: Carina Chaubet D'Aucante
Alvim
Secretaria Geral: Thiago Rivero (UNIFESP)
Emanuel Henrique Gonçalves Querino (UFMG)
Jaqueline de Carvalho Rodrigues (UFRGS)
Sabrina de Sousa Magalhães (UFMG)
Conselho Fiscal:
Natália Betker (UFRGS)
Ana Luiza Cosa Alves (UFMG)
Tesouraria Executiva: Eliane Fazion dos Santos
Tesouraria Geral: Deborah Azambuja.
Thaís Quaranta (USP)
Chrissie Ferreira de Carvalho (UFBA)
Secretário-Geral: Gustavo Marcelino Siquara
(UNEB)
Representantes regionais:
Secretário-Executivo: Bruno Schiavon (PUC-RS)
Acre: Lafaiete Moreira
Piauí: Inda Lages
Alagoas: Katiúscia Karine Martins da Silva
Rio de Janeiro: Flávia Miele
Secretário-Geral: Gustavo Marcelino Siquara
(UFBA)
Rio Grande do Norte: Katie
Almondes
Tesoureiro-Executivo: Alina Lebreiro G. Teldeschi
(CNA-I'Dor )
Rio Grande do Sul: Rochele Paz
Fonseca
Tesoureiro-Geral: Thiago da Silva Gusmão Cardoso (UNIFESP)
Rondônia: Kaline Prata
Setor de Marketing e Comunicação:
Centro Oeste: Leonardo Caixeta
Santa Catarina: Rachel Schlindwein-Zanini.
Andressa Antunes (UFMG)
DF: Danilo Assis Pereira
Sergipe: Ana Cláudia Viana
Silveira
Amazonas: Rockson Pessoa
Bahia: Tuti Cabuçu
Ceará: Silviane Pinheiro de Andrade
Minas Gerais: Jonas Jardim de
Paula e Annelise Júlio-Costa
Paraíba: Bernardino Calvo
Isabella Sallum (UFMG)
Adriana Binsfeld Hess (UFRGS)
Isabella Starling (UFMG)
Inda Lages (UFABC)
Morgana Scheffer (UFRGS)
Revisão: Isabela Sallum (UFMG)
AGO/14
Editoração: Andressa Antunes (UFMG)
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