Pesquisa de Clima Organizacional um estudo
Transcrição
Pesquisa de Clima Organizacional um estudo
FACULDADES ALVES FARIA - ALFA JOÃO LUIS D’OTAVIANO PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: um estudo de caso em um laboratório farmacêutico GOIÂNIA 2009 1 JOÃO LUIS D’OTAVIANO PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: um estudo de caso em um laboratório farmacêutico Dissertação submetida às Faculdades Alves Faria – ALFA, de Goiânia, como pré requisito para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional, Área de concentração: Gestão e Estratégias de Empreendimentos. Orientador: Prof. Dr. Bento Alves da Costa Filho GOIÂNIA 2009 2 JOÃO LUÍS D’OTAVIANO PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: um estudo de caso em um laboratório farmacêutico. Dissertação submetida à Coordenação do curso de Pós-Graduação do Departamento de Desenvolvimento Regional, das Faculdades Alves Faria – ALFA, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional. Área de concentração: Gestão e Estratégias de Empreendimentos. Aprovada em: _____ / _____ / __________ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Bento Alves da Costa Filho (Orientador) Faculdades Alves Faria ___________________________________________ Prof. Dr. José Gaspar Nayme Novelli Grupo Ibmec de Ensino ___________________________________________ Profa. Dra. Maria Cristina Pereira Matos Faculdades Alves Faria 3 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado aos funcionários e à empresa, objetos deste estudo, pela colaboração e informações cedidas. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por me possibilitar a realização deste mestrado. A minha mulher Ana Maria, pela paciência, carinho, amor e apoio que sempre ofereceu na minha vida pessoal, profissional e durante a realização deste trabalho. Aos meus filhos Ana Lígia, Louise, Juliana e Alexandre e meu neto Felipe; que, quando desanimava, só em pensar neles, me davam forças para continuar em busca dos nossos sonhos. Em especial ao meu filho Alexandre (in memorian) pela sua simplicidade angelical, sempre vivo em meu coração. Aos meus pais, João Vicente (in memorian) e Constanta, por seus exemplos de vida, honestidade e amor ao próximo, sempre preocupados com meu bem estar e crescimento pessoal e profissional Ao Professor Dr. Bento Alves da Costa Filho, sob cuja orientação desenvolvi este trabalho de forma segura e objetiva. Aos colegas de trabalho, que gentilmente colaboraram para a coleta de dados para a pesquisa deste Mestrado. 5 “A busca da qualidade passa efetivamente por todas as pessoas, com ênfase principal sobre aquelas que ocupam posições de interação com os clientes e, na percepção destes, essas pessoas são a própria empresa”. (Jan Carlzon) 6 RESUMO Destaca a influência das variáveis que compõem o clima organizacional em um laboratório farmacêutico, a fim de que a relação indivíduo-organização possa ser continuamente aprimorada, oferecendo um ambiente de trabalho adequado ao alcance de metas, tanto pessoais quanto organizacionais. Partindo da premissa que o indivíduo é o elemento mais importante dentro de uma estrutura organizacional e que o modo como se vê assume extrema importância para seu equilíbrio interno e, conseqüentemente, para o equilíbrio da organização, enfatizou-se, por meio de uma apresentação teórica, metodológica e conceitual, a preocupação com a cultura organizacional, uma vez que é nesse espaço que o indivíduo busca a sua realização e a satisfação de suas necessidades como ser humano. Buscou-se identificar a opinião dos colaboradores sobre os seguintes aspectos: relacionamento interno, desenvolvimento profissional, liderança e seus superiores, imagem da empresa, ambiente físico de trabalho, planejamento do trabalho e remuneração, através de uma pesquisa de clima organizacional, nos dias 10 e 11 de julho de 2009, com questõesafirmativas baseadas na Escala de Likert. Após a tabulação dos dados identificou-se diferentes percepções dos colaboradores no que diz respeito ao clima organizacional, o que reforçou a relevância em dar-lhes voz. É oportuno aqui ressaltar que os resultados advindos dessa investigação quantitativa poderão resultar em planos de ação para implantar as melhorias necessárias, de modo a levar o colaborador-time a uma melhor performance no trabalho, além de garantir a manutenção das ações já existentes. Palavras chave: Clima Organizacional. Comunicação Organizacional. Pesquisa de Clima Organizacional. Gestão Empresarial. 7 ABSTRACT This stands out the influence of variables of the organizational climate within a pharmaceutical laboratory, in order to continuously improve the relationship between individual-organization by giving an adequate work environment, to reach even personal or organizational goals. From the standpoint that the individual is the most important member of an organizational structure and the way he pictures himself is fundamental to its own equilibrium and consequently to the enterprise’s balance the concern on the organizational culture was emphasized through a theoretical, methodological and conceptual presentation, since the individual gets his realization and satisfaction of his needs as a human being within the organization. In order to identify the following aspects: internal relationship, professional development, leadership and managers, company image, work physical environment, job planning and earning it was performed a research on the organizational climate on July 10th and 11th, 2009 with affirmative questions based on the Likert Scale. With the search tab it was identified different perceptions about the organizational climate among the employees, reinforcing the relevance of hearing them. Therefore, the importance of listening each individual was reinforced. It is worth highlighting that the results that have arising from this quantitative investigation could generate action plans in order to implement the necessary improvements driving the contributer-team to a better performance at work as well as assure the maintenance of the existing actions. Key words: Organizational Environment. Organizational Communication. Organizational Environment Research. Business Management. 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Cargo na Empresa.....................................................................................47 Gráfico 2. Setor de Trabalho.......................................................................................48 Gráfico 3. Turno de Trabalho.....................................................................................48 Gráfico 4. Escolaridade................................................................................................49 Gráfico 5. Gênero..........................................................................................................49 Gráfico 6. Tempo de Empresa.....................................................................................50 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Departamentos Internos do Laboratório.......................................................43 Tabela 2 – Questões sobre Relacionamentos Internos................................................51 Tabela 3 – Questões sobre Desenvolvimento Profissional..........................................52 Tabela 4 – Questões sobre Liderança e Superiores....................................................53 Tabela 5 – Questões sobre Imagem da Empresa.........................................................54 Tabela 6 – Questões sobre Ambiente Físico de Trabalho..........................................55 Tabela 7 – Questões sobre Planejamento do Trabalho..............................................56 Tabela 8 – Questões sobre Remuneração....................................................................57 Tabela 9 – Satisfação com a empresa...........................................................................58 Tabela 10 – Lealdade à empresa.....................................................................................58 Tabela 11 – Motivos para trabalhar na empresa..........................................................60 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Comparação dos modelos de motivação de Maslow e de Herzberg.......31 Figura 1 - Fachada do Laboratório Neo Química de Goiânia..................................45 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALFA Faculdades Alves Faria CLT Consolidação das Leis Trabalhistas DAIA Distrito Agroindustrial de Goiás GQT Gestão pela Qualidade Total MIT Massachussetts Institute of Technology – Boston – USA OMS Organização Mundial da Saúde QTV Qualidade de Vida no Trabalho RH Recursos Humanos 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14 1.1 Objetivos da pesquisa............................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 16 1.1.3 Definições das Variáveis ......................................................................................... 16 1.2 Motivação .................................................................................................................. 17 1.3 Justificativa ............................................................................................................... 17 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 19 2.1 Ambiente Interno e suas Transformações...............................................................19 2.1.1 Relacionamentos Internos.........................................................................................20 2.1.2 Desenvolvimento Profissional..................................................................................20 2.1.3 Liderança e Superiores ............................................................................................ 20 2.1.4 Imagem da Empresa ................................................................................................ 21 2.1.5 Ambiente Físico de Trabalho .................................................................................. 22 2.1.6 Remuneração ........................................................................................................... 22 2.2 Qualidade .................................................................................................................. 23 2.2.1 Gestão pela Qualidade Total – GQT ....................................................................... 24 2.2.2 Qualidade de vida no trabalho - QVT ..................................................................... 26 2.3 Teorias de Administração ........................................................................................ 28 2.4 Cultura organizacional ............................................................................................ 32 2.5 Clima organizacional................................................................................................ 34 2.5.1 Conceito de Clima Organizacional.......................................................................... 34 2.5.2 A Transversalidade dos Conceitos de Clima Organizacional ................................. 36 2.6 Avaliação de Clima Organizacional....................................................................... 36 2.7 Pesquisa de Clima Organizacional......................................................................... 37 2.8 Questionário.............................................................................................................. 38 3 METODOLOGIA........................................................................................................ 40 3.1 Características da Pesquisa ..................................................................................... 40 3.2 Abordagem................................................................................................................ 40 3.3 Delineamento............................................................................................................. 41 13 3.4 Procedimentos para a Pesquisa Quantitativa.............................................................. 41 3.4.1 População e Amostra............................................................................................... 41 3.4.2 Materiais e Métodos ................................................................................................ 42 3.4.3 Coleta e Análise de Dados....................................................................................... 43 3.4.4 Critérios de Inclusão................................................................................................ 43 3.5 Apresentação do Laboratório Farmacêutico Objeto do Estudo...........................44 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................ 46 4.1 Perfil dos Entrevistados da Pesquisa.......................................................................46 4.1.1 Posição na Estrutura Organizacional...….……..….....……………………….........46 4.1.2 Perfil do Funcionário................................................................................................48 4.2 Avaliação do clima organizacional...........................................................................49 4.2.1 Aspecto do Relacionamento Interno…….................................................................49 4.2.2 Aspecto Desenvolvimento Profissional....................................................................50 4.2.3 Aspecto Liderança e Superiores................................................................................51 4.2.4 Aspecto Imagem da Empresa....................................................................................52 4.2.5 Aspecto Ambiente Físico de Trabalho......................................................................53 4.2.6 Aspecto Planejamento do Trabalho..........................................................................54 4.2.7 Aspecto Remuneração..............................................................................................55 4.3 Satisfação, Lealdade e Motivos................................................................................56 4.3.1 Satisfação com a Empresa........................................................................................56 4.3.2 Lealdade à Empresa..................................................................................................57 4.3.3 Motivos para Trabalhar na Empresa.........................................................................58 4.4 Síntese dos Resultados...............................................................................................59 5 CONCLUSÃO...............................................................................................................63 5.1 Contribuições do Estudo...........................................................................................67 5.2 Limitações do Estudo................................................................................................69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................70 LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................................08 LISTA DE TABELAS......................................................................................................09 LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................10 LISTA DE SIGLAS..........................................................................................................11 ANEXOS...........................................................................................................................75 14 1 INTRODUÇÃO A pesquisa de clima organizacional visa, em um primeiro momento, proporcionar a análise da organização em relação ao seu ambiente interno, bem como o conjunto de condições que caracterizam o estado de comprometimento e/ou favorabilidade ou não dos colaboradores e as demais pessoas com quem interagem. Este tipo de pesquisa é uma valiosa ferramenta de gestão pois, além de permitir a análise interna, também pode identificar o nível de comprometimento dos colaboradores para com a organização, proporcionando, através de estratégias e ações, o crescimento e o desenvolvimento das pessoas e a máxima produtividade e qualidade, visando à superação das metas pré-definidas pela direção. O sistema de recompensas pode contribuir favoravelmente para o clima organizacional, quando os seus membros percebem que estão sendo reconhecidos e recompensados pelas atividades que desenvolvem, bem como a possibilidade de progresso que podem alcançar. A comunicação organizacional pode contribuir de forma positiva ou negativa para a existência de um clima favorável ou desfavorável nas organizações. Estudos ligados à qualidade e à produtividade têm demonstrado que a busca pela satisfação dos clientes (externos e internos) é crucial para a sobrevivência das organizações, dentro de um mercado cada vez mais competitivo. Muitos instrumentos oferecem subsídios às empresas para a identificação do que o cliente deseja e as impressões a respeito do produto fabricado ou serviços oferecidos. No entanto, focalizar apenas esses aspectos não é tudo, já que as necessidades dos clientes passam por constantes modificações bem como as alterações sofridas pelo ambiente externo. Para que as empresas conquistem a excelência na qualidade e produtividade vários fatores têm que ser considerados e inovados como, por exemplo, o gerenciamento de seus processos e comunicação, a gestão de pessoas, seu relacionamento com a sociedade, dentre outros. Neste estudo o foco é a gestão de pessoas, pela consciência de que as necessidades das pessoas no trabalho sofrem influência do grupo em que estão inseridas, do ambiente de trabalho, da forma como se utilizam da estrutura organizacional o que, por sua vez, têm reflexos diretos na motivação e no desempenho das atividades pelos funcionários. 15 Rizzati (2002) considera essencial que o corpo gerencial seja capacitado com habilidades especificas, facilitando, assim, o melhor desempenho da gestão da empresa. A capacitação e o desenvolvimento das pessoas podem ser considerados os principais recursos de uma organização, na busca da melhoria da qualidade do ambiente de trabalho, tendo em vista que as pessoas habilitadas podem fazer o diferencial das organizações. Na busca deste diferencial, é necessário que se faça um estudo do clima organizacional para que se implante um processo de educação e capacitação contínuo, o que pode resultar em um desempenho eficiente nos diversos escalões hierárquicos de uma empresa. Dentro dessas premissas é que se desenvolveu o presente estudo, buscando compreender o ambiente interno sob a óptica de seus colaboradores, visando a qualidade dos produtos e a melhoria do clima organizacional. Utilizou-se uma pesquisa quantitativa para se chegar a um diagnóstico do clima organizacional, o que foi feito por meio de um questionário, aplicado a 179 trabalhadores da empresa. 1.1 Objetivos da Pesquisa 1.1.1 Objetivo Geral A referida pesquisa tem como objetivo principal fazer um estudo em uma indústria farmacêutica, com o objetivo de diagnosticar o clima organizacional na visão dos colaboradores. Analisar e diagnosticar o clima organizacional para propor melhorias no relacionamento entre colaboradores e empresa, gerando uma maior coesão em todos os níveis da organização. 16 1.1.2 Objetivos Específicos Ao final deste estudo, pretende-se ter respostas para as seguintes questões: a) Verificar se há elementos presentes na organização que influenciam a satisfação de seus colaboradores; b) Analisar o ambiente interno do laboratório, identificando os pontos positivos bem como os negativos; c) Analisar as variáveis que interferem na criatividade, na iniciativa, na inovação e no desenvolvimento do potencial dos colaboradores; d) Se há necessidade de os gestores da organização aperfeiçoarem a condição de trabalho de seus funcionários. 1.1.3 Definição das Variáveis As variáveis a ser analisadas inicialmente neste estudo são: a) Variáveis demográficas: As variáveis demográficas são importantes para a caracterização do perfil do grupo pesquisado, o que pode auxiliar na tarefa de interpretação dos resultados, fornecendo explicações adicionais sobre o comportamento registrado para determinadas dimensões mensuradas (Coda, 1992, p.75) Os parâmetros a ser considerados nesta pesquisa são: a) Cargo: o lugar que o indivíduo ocupa na empresa dentro de uma estrutura hierárquica; b) Setor de trabalho: área específica à qual responde por uma atividade básica do processo de trabalho da empresa; c) Turno de trabalho: período em que acontece a atividade laboral; d) Escolaridade: nível de formação; e) Sexo; f) Tempo de casa. 17 b) Variáveis do clima organizacional: Os parâmetros do clima organizacional foram discutidos na organização pesquisada, bem como a inclusão ou não de itens ligados a um direcionamento mais adequado das próprias atividades de gestor de RH (Coda, 1992, p.52). Os parâmetros a ser pesquisados são: - Relacionamentos internos; - Desenvolvimento profissional; - Liderança e superiores; - Imagem da empresa; - Ambiente físico de trabalho; - Planejamento do trabalho; - Remuneração. 1.2 Motivação A opção por este trabalho baseou-se na crença de que o mais importante para uma empresa, além do investimento em máquinas, novas tecnologias e métodos, é crucial saber gerenciar pessoas. Dentro de um mercado grandemente competitivo faz diferença para uma empresa o domínio de características como a criatividade, a capacidade de resolução de problemas, encontrando saídas adequadas para as situações complexas. Nem todas as empresas têm um olhar especial direcionado ao potencial humano. Ao priorizar os lucros, o faturamento, a redução de custos, expondo os funcionários a todo tipo de pressão podem comprometer o processo de busca pela qualidade. 1.3 Justificativa O interesse sobre gestão de pessoas é relativamente novo no Brasil, tendo crescido a partir do ano de 1991, sendo igualmente recentes as pesquisas que se dedicam a avaliar como os colaboradores percebem a organização, suas necessidades, e como se utilizam de coletas de informações visando a melhoria do ambiente de trabalho. 18 O estudo do clima organizacional foi a forma encontrada para se ter uma noção mais clara de como os funcionários percebem o ambiente interno de trabalho, detectar os aspectos negativos, passíveis de mudanças, visando resultados mais satisfatórios para a empresa e melhorando a qualidade de vida de seus colaboradores. A esses aspectos soma-se a intenção de que este trabalho possa contribuir para reforçar a compreensão da inter-relação entre clima organizacional e qualidade em produtos e serviços. 19 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Ambiente Interno e suas Transformações As organizações atuais enfrentam um ambiente cada vez mais dinâmico de complexas mudanças, exigindo delas que se adaptem às novas realidades mercadológicas que o mundo globalizado exige. Diante das expectativas desse mundo, nasce uma vertente empresarial em busca de novas estratégias mercadológicas, empresariais e organizacionais que afetam não só os processos de produção como também a gestão de pessoas. A oscilação da economia bem como a velocidade das revoluções culturais e tecnológicas vêm acarretando significativas mudanças no ambiente interno das empresas. Soma-se a isso a globalização que expõe ainda mais as empresas a um processo acirrado de competitividade e, em relação às empresas brasileiras, muitas vezes em desigualdade de condições1. Sob a óptica dos colaboradores, o que se percebe é a insegurança gerada pela enorme pressão depositada em seus ombros: manter a produtividade com menos recursos humanos, gestões baseadas em ameaças, medo e assédios morais, redução do tempo dedicado aos aspectos pessoais como lazer, família, eventos sociais, etc., que muitas vezes os fazem se sentir como máquinas, autômatos, o que acaba por desencadear uma grande insatisfação em relação às empresas a que estão ligados e, fatos que não eram observados no passado de forma tão intensa, agora se tornaram corriqueiros como, por exemplo, encontrar funcionários reclamando das empresas em que trabalham; Luz, (2003) descreve sobre queixas contra a remuneração, tipo de trabalho executado, estilo das lideranças, condições de trabalho inadequadas, falta de perspectivas de carreira, ausência de reconhecimento, e um sem fim de motivos. Esse estado de ânimo tem relação direta com um clima organizacional doentio. Dentro desse contexto, cumpre-nos rever os aspectos básicos focalizados neste projeto: ______________ 1. Informações obtidas em aulas durante o curso bem como através da mídia escrita e falada. 20 2.1.1 Relacionamentos Internos Os relacionamentos devem ser primados pela ética, ou seja, os colaboradores devem ser guiados por um código de ética interno. Cabe à empresa promover a integração de seu quadro de funcionários de modo a produzir um ambiente de trabalho positivo e motivador. 2.1.2 Desenvolvimento Profissional Berry (2001) acredita que o desenvolvimento do potencial humano está intimamente relacionado com o crescimento de uma organização; portanto, se uma empresa deseja obter sucesso de forma consistente e em longo prazo deve investir na satisfação de seus funcionários. Luz (2003, p.28) afirma: [...] Saber fazer é uma questão de conhecimentos, habilidades ou atitudes. Logo, uma questão de treinamento. Poder fazer é uma questão de ter e poder usar os recursos necessários. Querer fazer é uma questão volitiva que depende do estado de espírito, do ânimo, da satisfação das pessoas quando realizam o seu trabalho. Logo, o “querer fazer” está associado ao clima organizacional, que muitas vezes é onde encontramos as causas da má qualidade dos serviços. Uma forma de se conseguir que os colaboradores de uma organização estejam alinhados com os valores da empresa é que eles saibam qual o papel que devem cumprir e quais as tarefas que devem executar, colocando em prática a cultura organizacional bem como serem treinados para fazer seu trabalho da melhor forma possível e se superarem continuamente. 2.1.3 Liderança e Superiores Soto (2002, p.216) afirma que “sem liderança uma organização seria somente uma confusão de pessoas e máquinas, assim como uma orquestra sem maestro seria apenas um 21 conjunto de músicos e instrumentos”. Por suas palavras fica clara a importância desse conceito dentro de uma organização. É através de lideranças que o trabalho é executado com eficiência. A ausência de um líder ou mesmo sua incapacidade gera no grupo uma série de sintomas como, por exemplo, a desmotivação, o desperdício de energia e tempo na execução de suas tarefas, aumento da hostilidade e indiferença por parte dos colaboradores, etc. Portanto, contando com uma liderança efetiva e consistente uma organização tem muito maior chance de obter melhores resultados, sem o alto custo de desgastes emocionais por parte dos funcionários e, com certeza, estará mais próxima da tão almejada qualidade. Para Stoner (1999, p.344) liderança “é o processo de dirigir e influenciar as atividades relacionadas às tarefas dos membros de um grupo”, podendo mudar atitudes, ou comportamentos de seus subordinados. 2.1.4 Imagem da Empresa Imagem é o conjunto de crenças, impressões, percepções e idéias que um indivíduo registra a respeito de um objeto – entendendo aqui o termo objeto não apenas para as coisas concretas, materiais, mas também uma pessoa, um objeto parcial real ou imaginário. O termo passou a ser usado popularmente na década de cinqüenta e espelha um momento vivenciado pelas instituições daquela época (FOX E KOTLER, 1994). Sob o ângulo prático o termo tem significado diferente para imagem institucional e para imagem organizacional. Imagem institucional define-se a partir do momento em que é criada uma instituição. Giangrande, (1995) analisa a conotação do termo dizendo que aspectos ligados à instituição como seus objetivos, o modo de trabalho, relações com funcionários e fornecedores derivam para a expressão conhecida como auto-imagem, que com o tempo se transformam em imagem institucional, passando a indicar uma escala valorativa e ética da entidade. E define imagem organizacional como uma imagem espontânea, natural, resultado de experiências ou de demandas de troca. O conceito de imagem passa a traduzir a idéia de que o consumidor rotula tudo aquilo que lhe é dedicado. Para Iasbeck (1999) a imagem relaciona-se intimamente com a noção de identidade entre a instituição e seu público alvo. Ressalta também que o ser humano concebe a imagem empresarial a partir de seu próprio filtro, sendo resultado de um conjunto de 22 impressões, convicções, indícios de memória, sensações de amor e ódio com diferentes intensidades, caracterizando-se como elementos de grande conteúdo subjetivo. Fox e Kotler (1994) complementam com a diferenciação entre imagem e estereótipo, sendo este último uma imagem ampla, grandemente distorcida e simplista já que induz a uma atitude favorável ou desfavorável em relação ao objeto, enquanto que a imagem varia de indivíduo para indivíduo por tratar-se de uma percepção mais pessoal de um objeto. 2.1.5 Ambiente Físico de Trabalho É dever da empresa garantir boas condições de trabalho de modo a suprir uma das necessidades básicas de seus colaboradores, visando um quadro funcional “motivado, integrado e produtivo, estimulado para contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais”. (PINHEIRO DE AQUINO citado por LUZ, R., 2007, p.22). Juntamente com a parte física, estão associados os critérios de salubridade emocional dos clientes internos, conseguidos através do monitoramento constante do clima organizacional. Esse monitoramento oferece a oportunidade de se realizar continuamente melhorias no ambiente de trabalho e nos resultados dos negócios, sabendo que os colaboradores se constituem no principal fator que impulsiona qualquer organização. 2.1.6 Remuneração Neste quesito é imprescindível que toda organização disponha de uma política geral que deve nortear a prática de remuneração e benefícios Diante dessas afirmações, resta às empresas conhecer o que pensam e o que sentem seus colaboradores. Para isso, poucos são os instrumentos gerenciais disponíveis para melhorar a qualidade de relacionamento entre as empresas e seus clientes internos. Este trabalho visa suprir essa deficiência na empresa objeto deste estudo de caso. 23 2.2 Qualidade Araujo (2001) considera a qualidade como um aspecto primordial de satisfação e encantamento dos clientes. Considera que os empresários podem não pensar desta maneira, mas este é o pensamento de grande parte dos estudiosos da tecnologia. Compartilhando sua idéia a respeito de qualidade cita Campos (1990), Paladini (1990) e Carlzon (1994), considerando este último exagerado ao citar sua afirmação de que “uma empresa deve ser dirigida pelo cliente”. (p.113) Barros (1996) citado por Araujo (2001, p. 113) evidencia dois tipos de qualidade: a objetiva – que corresponde “ao cumprimento de normas e procedimentos de fabricação preestabelecidos e a subjetiva”, que “equivaleria ao atendimento de necessidades e expectativas do cliente em relação ao produto ou serviço que adquire”. É a subjetiva, no entanto, a mais importante já que para o cliente nem sempre o que foi estipulado pelos padrões técnicos será do agrado do consumidor, ainda que seja excelente. Outro dado é que nem todo cliente é conhecedor da qualidade objetiva, mas é guiado por suas sensações e percepções do produto. O autor citado faz referência a uma diferenciação na clientela: afirma Araujo (2001, p.113) que quando se fala em qualidade “é vital lembrarmos que a estratégia deve-se orientar por clientes externos e internos à organização” e continua: Se os clientes externos – consumidores finais propriamente ditos – determinam a sobrevivência da empresa, os clientes internos – pessoas que trabalham nas mais diversas unidades e vivem relações de interdependência – dão o ritmo no qual se desenvolverá a estratégia, ou seja, da interação otimizada entre suas atividades e funções nascerá a excelência que se deseja oferecer ao mercado. Daí a conclusão de que a empresa deve dar atenção especial ao seu grupo de clientes internos se quiser ter uma produção final satisfatória, alertando aos gestores e consultores que a influência do potencial humano tende ao crescimento conforme surge a necessidade de melhor capacitar e, em especial, de reter indivíduos com melhor qualificação. Tanto no Brasil quanto no mundo, durante muito tempo acreditou-se que uma empresa podia ter uma porcentagem de erro, dada a condição humana sujeita a falhas e o trabalho não ficava de fora da tolerância às imperfeições. Nada mais inocente, como qualifica Araujo (2001). 24 2.2.1 Gestão pela Qualidade Total – GQT O Japão do pós-guerra passou a questionar a tolerância para com o erro e instituiu princípios de gestão pela qualidade total (GQT), passando a ter produtos respeitados pela alta qualidade, o que ajudou aquele país a se transformar na potência econômica, concorrendo inclusive com o forte mercado norte-americano do setor automobilístico. Esse princípio, de origem predominantemente industrial, expandiu-se para os serviços, buscando sempre inovações, vencendo instabilidades e conseguindo superar os períodos atuais de retração de mercado. Araujo (2001) A GQT para Araujo (2001, p. 112) poderia ser definida como: [...] a busca pela perfeição a fim de encantar clientes cada vez mais conscientes das facilidades de consumo e variedades de empresas a lhes oferecer produtos. Em verdade, a tecnologia poderia ser comparada a uma guerra na qual o campo de batalha é a organização e a recompensa pela vitória consiste em clientes fiéis e satisfeitos. Porém, alta qualidade nos produtos e serviços não basta e a GCT também envolve a administração de pessoas dentro de uma organização. Elas são os pilares da GCT e o foco está na motivação do colaborador e na conscientização de suas responsabilidades e, para isso, a empresa tem que investir no desenvolvimento e na educação. Barros (1992) citado por Araujo (2001). (HODGENS e AZEVEDO (1994) citados por ARAUJO, 2001, p.117), dentro de programas de qualidade, evidenciam dois aspectos importantes: a) autoridade para as pessoas: deixar que elas resolvam os problemas, desde os mais corriqueiros até os mais complexos. Aqui, o desenvolvimento de habilidades é uma regra; e b) reconhecimento e prêmios para as pessoas: o reconhecimento de ações positivas que ensejam melhorias nos padrões de excelência, por intermédio de premiações, menções honrosas e ações semelhantes, é necessário para que as pessoas sintam-se motivadas e se esforcem por melhor desempenho no trabalho, busquem inovações e cresçam em participação. Juran (1992) afirma que duas premissas são importantes para a GCT: conscientização e planejamento, assinalando que a conscientização sobre a qualidade tem que contemplar a compreensão profunda e ampla sobre as idéias a respeito da GQT. O planejamento para a qualidade contempla a) o estabelecimento de metas específicas; b) de planos para atingir essas metas; c) a atribuição de responsabilidades definidas visando resultados e d) a recompensa pelos resultados obtidos. 25 Crosby (1992) considera como princípios absolutos de qualidade: 1) o estabelecimento dos requisitos que devem ser cumpridos pelas pessoas da empresa, 2) o fornecimento do material que os indivíduos necessitam para o cumprimento dos requisitos e 3) o incentivo e a ajuda às pessoas para que cumpram os requisitos solicitados. Analisando a qualidade nas empresas brasileiras, Araujo (2001) critica a falta de ênfase na defesa dos temas nacionais pela produção brasileira que exaltou as ferramentas estrangeiras (japonesas e norte-americanas), preterindo nossa cultura. Afirma que durante a era Collor foram abortados programas do governo federal e, com isso, deixados de lado bons atos daquele governante quando de sua cassação, dizendo que certamente “seria nos programas de gestão pela qualidade total de governo que poderíamos ver instalada mais uma bandeira da cidadania e uma verdadeira tentativa de se melhorar nossa qualidade de vida”. (p. 162) Ainda, nas palavras de Araujo (2001), na aplicação da tecnologia trazida de sociedades que geraram os programas de qualidade não houve adaptação em relação à grande distância existente entre os países desenvolvidos em termos de cultura, questões sócioeconômicas e empresariais, sacrificando a qualidade de vida e a cidadania dos brasileiros, ao contrário do que acontecia com seus pares estrangeiros. Conclui que é possível fazer os ajustes necessários e afirma que: Podemos encontrar caminhos que ensejem o alcance de melhor resultado ao aplicar a abordagem da qualidade. Os postulados da GCT são impressionantes e podem ser praticados entre nós, desde que com a necessária compreensão de nossa realidade. (p.162) Concluindo seu pensamento, Araujo (2001, p. 163), enfatiza que “as questões de qualidade de vida e da cidadania têm que estar presentes na mente dos executivos/gestores responsáveis pela criação e implantação desses programas”. A qualidade total (QT compreende a mudança cultural e comportamental, desde o mais simples funcionário até a direção executiva da empresa. Por isso são necessárias ações externas e internas, possibilitando obter uma visão de futuro com a participação de todos. Para Campos (1990), ao se implantar um programa de qualidade deve ser considerado o que já existe na empresa e proceder ao seu aperfeiçoamento, devendo ser considerados o processo de aprendizagem, lembrando que este deve se adaptar às necessidades e à cultura organizacional da empresa. Afirma que: “A implantação provocará apenas mudanças comportamentais e culturais, dentro da organização, exigindo liderança das chefias, educação e treinamento aos resistentes às mudanças”. (p.?). Considera também que o produto ou serviço de qualidade [...] 26 é aquele que atende perfeitamente (projeto perfeito), de forma confiável (sem defeitos), de forma acessível (baixo custo), de forma segura (segurança do cliente) e no tempo certo (entrega no prazo certo, no local certo, na quantidade certa). Qualidade não é defeito zero, mas, sim, a satisfação dos clientes internos e externos. 2.2.2 Qualidade de Vida no Trabalho - QVT A partir de 1950 iniciaram-se as primeiras discussões sobre o assunto na área da saúde e, posteriormente, passou para a psicologia, sociologia e administração (SAMPAIO (1999) citado por LIMONGI-FRANÇA, 2003, p.20), em função das rápidas mudanças que vêm ocorrendo nas relações de trabalho na sociedade atual. Empregou-se neste estudo o conceito QVT, que se baseia na compreensão do ser humano como um complexo biopsicossocial, isto é, com potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem simultaneamente às condições de vida, atentando para o fato de que tais respostas são interdependentes, podendo ser mais evidentes em um dos três níveis. Esses fatores remetem diretamente ao conceito amplo de saúde e doença na sociedade moderna, sendo também adotado pela OMS em 1986, abrindo espaço para a compreensão daqueles fatores no modo de vida moderno, bem como no desempenho e na cultura organizacional da saúde do trabalhador. (LIPOWSKI (1986) citado por LIMONGI-FRANÇA, 2003, p.27). A compreensão de Coda (1985, p. 85-91) sobre esse assunto é complementar, uma vez que considera que o ser humano biopsicossocial permeia o trabalho já que é visto em sua totalidade, através de toda a sua história. Assim, a ocorrência da doença é a manifestação do próprio indivíduo e de seu modo de vida. Dentro de uma organização essa singularidade do ser humano vai propiciar a interação de suas crenças pessoais com a cultura organizacional. “Essa dinâmica é psico porque é única para cada indivíduo e social porque é partilhada e reconhecida pelas pessoas que estão comprometidas com as tarefas, responsabilidades e funções na empresa” (LIMONGI, 1994). Logo, qualquer perturbação funcional pode levar o indivíduo a rever sua posição no trabalho bem como em suas atividades e relações sociais. O inverso também pode ocorrer, quando o psíquico e o social podem gerar conseqüências biológicas. (MORIN, 1973, RUFFIÉ, 1976 citados por LIMONGI, 1994). É interessante compreender o significado do termo biopsicossocial, bastante abrangente. Os três aspectos: bio - envolve a constituição física herdada ou adquirida; psico - 27 processos perceptivos, afetivo-emocionais, simbólicos, cognitivos e intelectuais conscientes ou inconscientes que caracterizam um indivíduo; social – toda interação que se dá com os referenciais culturais como crenças, valores, normas, sanções. A reunião dos três elementos são reproduções de relações de busca pela satisfação ou evitação do indesejado o que pode gerar tanto uma tensão realizadora como um estado de frustração. Os impactos são absorvidos pelo indivíduo e isso vai sendo o responsável por delinear a história do corpo dentro do limite de ser, sentir e reagir. Essa visão do ser humano possibilita uma leitura mais acurada dentro de uma organização sobre o comportamento diferenciado de indivíduo para indivíduo, lembrando que as organizações também exercem influência cada vez maior sobre as condutas individuais. O contexto atual, globalizado, onde impera a desigualdade, rivalidade, cooperação e lógica econômico-financeira, define os contornos em que se inserem e se movimentam as sociedades, as organizações e os indivíduos. Fernandes e Gutierrez (1998, p.29-31-32) citado por Limongi-França (2003, p.185) refere que muitos artigos e obras têm sido publicados sobre o tema QVT, visando A melhoria da saúde por meio de novas formas de organizar o trabalho. No Brasil este tema tem recebido especial atenção dos empresários pela contribuição que pode oferecer para a satisfação do funcionário e da produtividade nas organizações. Walton (1973, p?) descreve oito categorias conceituais da QVT: [...] compensação justa e adequada, condições de trabalho seguros e saudáveis, oportunidades imediatas para desenvolver e usar capacidades humanas, oportunidades futuras para crescimento contínuo e garantia de emprego, integração social na organização, constitucionalismo na organização, trabalho e espaço total na vida do indivíduo e relevância do trabalho. Todos esses aspectos são analisados sob várias ópticas, desde o aspecto ergonômico, o clínico que atenta para os distúrbios somáticos adquiridos no trabalho, bem como a complexa natureza psicossocial de seus sintomas e também sua influência na qualidade de vida envolvida em ações de recuperação, proteção e promoção da saúde, a medicina preventiva dentro da psicopatologia, a legislação e os programas de segurança e saúde do trabalho. Cabe ao RH, juntamente com o administrador, avaliar as condições existentes e traçar ações para que se atinjam melhores índices de produtividade, ligadas sempre à qualidade e melhores condições de trabalho, visando a motivação, o bem-estar do funcionário, sua dignidade, seu desenvolvimento como pessoa e profissional. 28 2.3 Teorias de Administração Dentro das teorias de administração o clima organizacional tem ocupado um papel importante dentro de RH. De acordo com Rizzatti (2002), os estudos iniciais sobre clima organizacional surgiram no início dos anos sessenta nos Estados Unidos, a partir dos trabalhos de Forehand e Gilmer sobre comportamento organizacional, dentro da teoria behaviorista de administração, que combinava a humanização do trabalho com as melhorias na produção. Eles levantaram alguns conceitos e indicadores iniciais do clima organizacional a partir de estudos sobre comportamento individual realizados na Psicologia. A teoria de Herzberg também tem relação estreita com as propostas do clima organizacional já que focaliza os conceitos de satisfação ou de insatisfação, bem como com o segundo conjunto de fatores denominado motivacionais por Herzberg, (in Gasparetto, 2008, p.32): Precisamos satisfazê-los para nos mantermos vivos. Precisamos nos alimentar, nos proteger das intempéries, evitar a dor e os contratempos da vida. Isso é valido não apenas à nossa vida pessoal, mas também para nossa vida profissional dentro da empresa. O atendimento a essas necessidades irá proporcionar ao indivíduo apenas uma certa “higiene”, isto é, ele não ficará insatisfeito, mas também não ficará “motivado”... Quando presentes, estes fatores levam o colaborador a se esforçar mais, a trabalhar motivado, a tentar a superação. A seguir, uma idéia bem resumida das principais teorias de administração ao longo da História: • Escola Clássica – Taylor/Fayol Taylor é considerado o precursor da administração científica e, partindo da idéia de que todos deveriam saber o que fazer e desempenhar da melhor forma possível, desenvolveu os primeiro estudos relacionados à divisão de tarefas nas indústrias. Segundo Araújo (2001), a administração baseada nos princípios de Fayol é “prever, organizar, comandar coordenar e controlar”. • Escola das Relações Humanas – Follet/Mayo Follet elaborou quatro princípios para pesquisar a motivação humana dentro das organizações: a “inter-relação humana dentro da empresa, planejamento do trabalho, envolvimento pessoal nesse processo, relacionamento recíproco e tomada de decisões, independentemente da hierarquia”. Mayo contribuiu com sua visão sobre o papel do ser humano dentro da organização e sobre a influência da opinião do grupo no comportamento individual do colaborador de uma empresa. 29 • Teoria Neoclássica de Administração – Drucker/O’Donnel/Koontz Esta escola assimilou os conhecimentos das anteriores. Através da ênfase na prática da administração pela busca de resultados de forma mais prática e de princípios destinados à orientação dos administradores. (Lima, 1998) • Teoria Burocrática Nesta abordagem teórica, surgida na década de 1940, predominava o pragmatismo e a racionalidade. O ser humano perdeu sua importância para o relacionamento entre os diferentes departamentos de empresa. • Behaviorismo ou Teoria Comportamentalista O material humano volta à cena através da busca da motivação dos funcionários e a valorização do comportamento dentro de uma organização. • Teoria da Hierarquia das Necessidades – Maslow Maslow teve importância por sua contribuição com a Teoria da Hierarquia das Necessidades, ou Pirâmide de Maslow, na qual estabeleceu a existência de cinco necessidades básicas do ser humano: fisiológica – respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção; segurança – do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade; amor/relacionamento – amizade, família, intimidade sexual; estima auto-estima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros e auto-realização – moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos. • Teoria dos Dois Fatores – Herzberg A Teoria dos Dois Fatores ou Teoria da Higiene-Motivação é um complemento da teoria de Maslow. Os fatores higiênicos não levam diretamente à motivação, mas são parte das condições de trabalho: políticas da empresa, remuneração, supervisão, dentre outras; Gasparetto (2008, p.32) os classifica como “de nível inferior, de natureza animal, que leva em conta apenas os fatores de sobrevivência”, enquanto a motivação é aumentada com atitudes da empresa que visam a valorização dos aspectos referentes ao próprio trabalho, como reconhecimento, oportunidade de crescimento, realização profissional, etc... e esses fatores motivacionais são classificados por Gasparetto (2008) como de nível superior já que se voltam para a satisfação de objetivos pessoais. Na figura 1, a seguir, ficam claras as semelhanças e diferenças nas teorias de Maslow e Herzberg. 30 Figura 1 - Comparação dos modelos de motivação de Maslow e de Herzberg Fonte: Adaptado (CHIAVENATO, 2000, p.401 • Teoria X e Teoria Y – McGregor Baseada na forma como os funcionários eram tratados pelos seus superiores. A Teoria X – com visão negativa – que vê os empregados como preguiçosos, que precisam ser dirigidos através de “linha dura” para conseguir seu desempenho, fogem das responsabilidades. Já a Y – com enfoque positivo – com funcionários com características opostas à primeira: responsáveis, gostam de trabalhar, são criativos e podem ser autoorientados. (Robbins, 2002) • Teoria Estruturalista Esta nova abordagem considera a empresa como uma grande e complexa unidade social, com muitos grupos interagindo, cujos interesses podem ou não ser compatíveis. • Teoria Sistêmica – Katz e Kahn Aqui houve evolução do pensamento administrativo, sendo Katz e Kahn seus principais divulgadores. Parte da premissa de que toda organização é um ser vivo e, assim, conceitos biológicos passaram a ser uma ferramenta na compreensão das estruturas sociais e, por extensão, das organizações. A organização passa a ser encarada como um sistema aberto e interativo com o seu meio. Surgem os conceitos de entropia (desordem), homeostase (busca pelo equilíbrio dinâmico) e equifinalidade (não um único, mas diversos meios para se chegar a um mesmo 31 fim). Para a compreensão de uma organização torna-se necessário primeiro entender os sistemas amplos nos quais ela está inserida, bem como seu sucesso depende da relação que ela estabelece com o mercado e a sociedade. • As Organizações que Aprendem – Peter Senge Uma organização que aprende reconhece que há fatos e situações interrelacionados e não forças isoladas no mundo. Trata-se de organizações que promovem a capacidade de os indivíduos poderem gerar os resultados desejados, dando primazia à estimulação de novos padrões de raciocínio, nos quais os anseios coletivos são libertados e as pessoas aprendem de forma contínua a aprender em grupo. Para sobreviver em um mundo em constante e rápida transformação uma empresa, para alcançar o sucesso agora no início do Século XXI, terá que se transformar numa organização de aprendizagem, desenvolvendo dinâmica melhor, através do esforço a ela dirigido em todos os níveis da empresa. A mudança de mentalidade é a marca de uma organização de aprendizagem. Senge (1990) citado por Araujo (2001, p.218), diz que: [...] o maior problema das organizações modernas é que essas se esqueceram do real significado de aprendizagem. Deturpando-o, as organizações entendem aprendizado como assimilação de informação, mas aprendizagem é algo mais importante, pois está intimamente relacionado com a natureza humana. Por intermédio da aprendizagem, destaca Senge, nós criamos e recriamos, tornamo-nos capazes de fazer coisas que não imaginávamos possíveis. Enfim, por seu intermédio, intensificamos nossa capacidade generativa. Esse é o significado da organização de aprendizagem: uma organização que, ininterruptamente, expande sua capacidade de criar, visualizar seu futuro. Elas ultrapassaram a aprendizagem de sobrevivência ou meramente adaptativa, para alcançarem um nível de aprendizagem superior e com retornos muito maiores. Logicamente, a aprendizagem de sobrevivência ou adaptativa agrega algum valor, mas estamos nos referindo a um outro momento das organizações, ou seja, de acordo com a época que todos nós estamos vivenciando. A aprendizagem é definida por Fleury e Fleury (1995ª) citados por Araujo (2001, p. 219) como “processo de mudança, o qual resulta de prática ou experiência anterior, sendo um fenômeno interno, não observável e inferido por intermédio do desempenho das pessoas”. Ocorre também nas organizações que, mesmo não possuindo cérebros, são dotadas de “sistemas cognitivos e de memória nos quais procedimentos e rotinas se desenvolvem como respostas a eventos externos ou internos”. Assim, aquelas estão preparadas para a aprendizagem, que gera novos mapas de percepção a fim de promover comportamentos que levem à melhor idéia do que ocorre em volta. • Teoria da Expectativa – Vroom Robbins (2002, p.?) considera esta abordagem como a que mais respaldo tem dentro da linha motivacional. Baseia-se nas relações esforço-desempenho, desempenho- 32 recompensa e recompensa-metas pessoais, sustentando que “a força da tendência para agir de determinada maneira depende da força da expectativa de que a ação trará certo resultado, e a atração que este resultado exerce sobre o indivíduo”. 2.4 Cultura Organizacional Antes de abordarmos o conceito de clima organizacional e a relação entre os clientes internos e uma empresa faz-se necessário compreender o que é cultura, cultura organizacional e o seu modo de atuação. “Cultura é o conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc.” que distinguem um grupo social. (Houaiss) A cultura organizacional é a representante do sistema de comportamentos, normas e valores sociais, que passam a ser padrões de referência que guiam os seres humanos em sua maneira de agir e avaliar os fatos. Dentro de uma organização esse sistema (comportamentos, normas e valores sociais) é adotado e compartilhado pelo grupo e passa a ser único, dando à empresa essa conotação e é o que a diferencia das outras. A cultura organizacional engloba o padrão de comportamento de um determinado grupo de acordo com o sistema de valores vigente em determinada empresa. (SMIRCICH, 1983) Para Morgan (1996) cultura refere-se tipicamente ao padrão de desenvolvimento refletido nos sistemas sociais de “conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais quotidianos”, sendo o seu conceito usado mais genericamente para significar que diferentes grupos de pessoas têm diferentes estilos de vida. A partir do momento em que o homem passa a viver em grupo, normas e valores surgem a fim de estabelecer o comportamento dos seus componentes e permitir uma convivência coerente e pacífica. De geração em geração, essas regras vão sendo incrementadas, constituindo-se em nossa herança cultural. Da mesma forma que a sociedade exibe uma herança cultural, as organizações também apresentam padrões distintos de sentimentos e crenças coletivas que são transmitidos aos membros novos do grupo, na visão de Katz e Kahn (1992). A cultura exerce um papel essencial sobre as pessoas, dirigindo sua conduta, pensamentos e sentimentos. Não é apenas a herança cultural que exerce influência sobre o indivíduo, mas também as regras e normas que regulam o comportamento dos colaboradores dentro de uma organização de trabalho. 33 Todo agrupamento social tem sua cultura formada por um conjunto de características singulares e, uma vez que a organização também é um agrupamento social, cada empresa possui sua própria cultura. Então, presume-se que as pessoas dentro de uma organização tenham a mesma cultura: modo de agir, ser, pensar. Para Schein citado por Luz, (2007 p.15) cultura organizacional [...] é um conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para ser considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas. A partir do ano de 1980 é que as questões sobre a cultura organizacional passaram a atrair o interesse dos dirigentes e gerentes de empresas. Alvesson (1992) citado por Paschini (2007, pág.41) complementa: [...] o interesse pela cultura organizacional surge como uma forma de resgatar o conteúdo das ideologias e da desintegração da sociedade, enfatizando ideais comuns, valores, crenças, formas de pensar, novos padrões de trabalho e das relações do homem com o trabalho e com o ambiente. Autores do desenvolvimento organizacional citados por Beckhard (1972) entendem que apenas mudando sua cultura é que se consegue mudar uma organização, ou seja, modificando os sistemas dentro dos quais as pessoas vivem e trabalham. Luz (2007, p.14) traça um paralelo entre a cultura de uma organização e a personalidade de um indivíduo, “entendendo que ela representa o conjunto de crenças, valores, estilos de trabalho e relacionamento, que distingue uma organização das outras. A cultura molda a identidade de uma organização, assim como a identidade e o reconhecimento dos próprios funcionários”. Complementa afirmando que a cultura de uma organização é dependente dos valores culturais da sociedade em que se insere, tendo um significado simbólico – de representações, bem como exerce um sentido político e de controle. Depreende ainda que cultura organizacional seja o conjunto de crenças, valores, costumes, rituais, slogans, mitos, tabus, tradições, sentimentos e comportamentos compartilhados pelos membros de uma organização. (p.16) Quando aborda as formas de manifestação da cultura organizacional, cita como exemplo o comportamento dos funcionários, seu modo de se vestir, estilos de cabelos, o tratamento entre as pessoas, preferência pelos assuntos discutidos, slogans adotados, etc. e os fatores que a influenciam: a figura dos fundadores, ramo de atividade da empresa, dirigentes atuais e a área geográfica onde atua a empresa. Robbins (2002, p.503) vê como finalidade da cultura organizacional dar uma direção, uma identidade para a empresa, dizendo que a cultura “é a argamassa social que 34 ajuda a manter a organização coesa, fornecendo os padrões adequados para aquilo que os funcionários vão fazer ou dizer”. 2.5 Clima Organizacional O clima organizacional, neste momento de grandes mudanças nas organizações, vem despertando um interesse crescente nos líderes desde a década de 70, não por acaso ou modismo, mas por puro pragmatismo. O que no dia a dia temos visto é que existe uma relação direta entre o clima no local de trabalho, na produtividade, na importância da inovação e, claro, um dos fatores relevantes para os acionistas, na lucratividade. O estudo revela que o mercado brasileiro está definitivamente deixando para trás a era em que os ativos tangíveis, como máquinas e estoques, eram os únicos que movimentavam a economia. Estamos entrando num território altamente complexo e subjetivo, onde as pessoas - suas crenças, valores, comportamentos e relacionamentos - passam a ser determinantes para o sucesso ou o fracasso do seu negócio. 2.5.1 Conceito de Clima Organizacional Diversos autores conceituaram clima organizacional. Para Luz (2007), clima organizacional é o reflexo do estado de ânimo ou do grau de satisfação dos funcionários de uma empresa num dado momento. Luz (2007, p.13) define clima organizacional como “a atmosfera psicológica que envolve num dado momento a relação entre a empresa e seus funcionários”. Ressalta, ainda, que é importante destacar o fator tempo no conceito, uma vez que o clima organizacional é instável, conforme a influência que sofre de algumas variáveis. Outra definição para clima organizacional na visão de (Toledo e Milioni, 1986) é o conjunto de valores, atitudes e padrões de comportamento, formais e informais, existentes em uma organização. Clima organizacional é um conceito que se confunde com a cultura da organização. (Souza, 1978, p.37) descreve o clima organizacional como: 35 [...] um fenômeno resultante da interação dos elementos da cultura. O clima é mais perceptível do que suas fontes causais, comparando-se a um “perfume”, pois percebe-se o seu efeito sem conhecer os ingredientes, embora às vezes seja possível identificar alguns deles. [...] O clima é um fenômeno que resulta do jogo das variáveis culturais. É como a melodia, resultante das notas compassos. O clima portanto, é decorrente da maior ou menor permissividade dos preceitos, da maior ou menor exigência tecnológica. Assim sendo, o clima organizacional afeta diretamente o ambiente, a cultura, a atmosfera organizacional, tornando-se um conceito fundamental para descrever o sentimento das pessoas nas organizações às quais estão diretamente ligadas. Benjamin Schneider entende clima e cultura como conceitos complementares, atribuindo para clima as indicações das empresas a seus colaboradores sobre o que é relevante para a sua eficácia. (apud OLIVEIRA, 1995, P.21) Para Fleury (2002, p.291) O clima organizacional refere-se à: [...] percepção que as pessoas têm da organização em que trabalham, percepção que pode ser influenciada por fatores conjunturais internos e externo à organização. A idéia do clima organizacional remete a noção de clima meteorológico e retrata um estado momentâneo da organização. Assim como a opinião pública, o clima pode alterar-se ante uma notícia, um evento ou um boato. Coda citado por Oliveira (1995, p.21), afirma que clima organizacional é sinônimo do grau de satisfação dos participantes de uma empresa relacionados a fatores da cultura organizacional, tais como políticas de recursos humanos, modelo de gestão, missão da empresa, processo de comunicação, valorização profissional e identificação com a companhia. Segundo Amboni (1986) o clima organizacional, além de mostrar as necessidades das pessoas em seu ambiente de trabalho, é um importante conceito que o gestor pode utilizar porque é através da criação de um clima organizacional favorável que o gestor pode controlar as motivações de sua equipe. O desempenho organizacional pode ser melhorado criando-se um clima que atenda às necessidades dos funcionários da empresa e que, ao mesmo tempo, canalize seus comportamentos motivados para atingir os objetivos da organização. Amboni (1986), diz que: [...] o clima pode estender-se ao longo de um continuo, podendo ser favorável, neutro e não favorável. Assim sendo tanto o empregador quanto os empregados querem uma maior favorabilidade do clima, porque ele beneficia do mesmo modo o desempenho e a satisfação no trabalho. Ressalta-se que, na conceituação de clima organizacional, há que diferenciá-lo de outros conceitos similares como, por exemplo, segundo de Sims e Lafollete (apud Bär, 1995), de clima psicológico. Robbins (2002, p.151), salienta que: 36 [...] a motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta. Portanto, como saber das expectativas dos colaboradores dentro da organização? São perguntas que justificam a realização desta pesquisa a fim de diagnosticar as principais falhas existentes dentro dos setores internos da organização bem como o grau de insatisfação no corpo de colaboradores da indústria sem nenhum mecanismo de registro destes dados para uma futura análise voltada à Gestão do Clima Organizacional. Para Cavedon (2003, p.?): [...] se os trabalhadores forem aceitos como agentes da organização, portadores de uma personalidade madura e lhes for permitido expressar suas necessidades, bem como concretizá-las, o seu ambiente será sadio, predisposto ao crescimento, tanto organizacional quanto pessoal. O clima organizacional diz respeito ao que os funcionários acreditam que existe e que está acontecendo no ambiente da organização em determinado momento, sendo, portanto, a caracterização da imagem que as pessoas têm dos dois principais aspectos ou traços vigentes (CODA, 1998). A primeira análise sistemática classificada como clima organizacional foi realizada por Argyris (1960), na qual ele concluiu que as organizações precisam criar um ambiente interpessoal de confiança mútua, abertura e de baixo nível de ameaça. Segundo Schneider (1975), esse conceito deveria se referir mais a uma área de pesquisa do que a uma unidade específica de análise ou um conjunto particular de dimensões. Kolb, Rubin e McIntre (1978) identificam ainda outros aspectos relacionados como conformidade, padrões, recompensas, responsabilidade, apoio, clareza e calor humano. Para Schneider e White (2004), três são as principais fontes para o desenvolvimento do clima organizacional dentro de uma empresa: • Exposições das pessoas às mesmas características estruturais objetivas; • Políticas e práticas do processo de recrutamento e seleção, retenção e orientação de tarefas que produzem um conjunto homogêneo de pessoas da organização, e • Trabalhos sociais que geram o entendimento compartilhado entre as pessoas. Associando o conceito à teoria organizacional, as empresas passaram a adotá-lo em suas práticas de gestão. A análise do clima organizacional é um processo importante, pois a realidade que os dirigentes imaginam pode ser diferente daquela percebida pelos funcionários, visto que cada um tem uma percepção definida por suas próprias atitudes e expectativas. “O comportamento humano individual varia conforme a regra e essa variação é condicionada pela tensão entre a auto-percepção e o ambiente psicológico, onde o indivíduo está inserido (ASHKANASAY; WILDERON; PETERRSON, 2000).” 37 2.5.2 A Transversalidade dos Conceitos de Clima Luz (2007) descreve que existem pelo menos três palavras-chave, que estão quase sempre presentes nos conceitos de vários autores: Satisfação (dos funcionários) – é a palavra mais referida; demonstra a estreita ligação entre clima organizacional e o grau de satisfação dos colaboradores. Percepção (dos funcionários) – dos diversos aspectos que exercem influência nos clientes internos, de forma positiva ou negativa. Diz Luz (2007, p.13) que: “os funcionários percebem a empresa positivamente, o clima dessa empresa tende a ser bom; ao contrário, se eles a percebem negativamente, o clima tende a ser ruim”. Cultura (organizacional) – termo utilizado com freqüência como sinônimo de clima organizacional para alguns autores. Para Luz (2007, p.14) isto ocorre porque há uma grande influência da cultura no clima de uma organização. “São faces da uma mesma moeda, são questões complementares”. 2.6 Avaliação de Clima Organizacional Gasparetto (2008, p.55) relaciona algumas técnicas para avaliar o clima organizacional de uma empresa: a-) Pesquisa de opinião através de questionários; b-) Reuniões estruturadas de debates com os colaboradores; c-) Entrevista pessoal individualizada (estruturada e não estruturada); d-) Entrevista por ocasião do desligamento; e-) Observação pessoal; f-) Análise de documentos e relatórios. Rizzatti (2002) considera que, para a realização de estudos sobre clima organizacional, o pesquisador tem a seu dispor duas alternativas básicas: adotar um conjunto específico de fatores ou categorias já conhecidos e consagrados na literatura ou elaborar o seu próprio modelo. Atualmente, a forma mais usada de se fazer uma avaliação do clima organizacional é através da pesquisa de clima, que é um método formal de identificação e determinação do clima organizacional de uma empresa. 38 2.7 Pesquisa de Clima Organizacional Abordar-se-á este tópico por ser a técnica escolhida para a avaliação do clima organizacional objeto deste estudo. A pesquisa de clima organizacional, conforme conceitua Luz (2007, p.?) é a estratégia mais completa para se avaliar o ambiente interno das organizações, sendo a ferramenta “que permite à empresa identificar seus pontos fracos e a satisfação de seus colaboradores com relação a vários aspectos da organização”. Várias técnicas podem ser utilizadas numa pesquisa de clima organizacional: entrevistas, questionários e observação. Ainda que a entrevista seja considerada por muitos autores como a opção mais completa, o questionário é a ferramenta mais utilizada Gil (1995) entende a pesquisa de clima organizacional como um instrumento utilizado para a identificação e mensuração das atitudes dos clientes internos frente às políticas da empresa, fornecendo subsídios confiáveis para que se possam realizar as mudanças necessárias. Na avaliação de Gasparetto (2008, p.52) a pesquisa de clima organizacional assume a função de um termômetro para “levantar, analisar e interpretar a opinião, avaliação e nível de concordância dos colaboradores a respeito da cultura, políticas, usos, costumes, normas e procedimentos já existentes e praticados ou que estão sendo implantados”. O autor também assinala que o objetivo da pesquisa de clima é buscar dentro de uma organização os pontos de “resistência, atritos, dúvidas ou contrariedades, para eliminá-los ou atenuá-los e os pontos de concordância e de motivação”, e então passar a reforçá-los. Para ele a pesquisa de clima é antes um meio do que um fim, para compreender o que pensam os funcionários e, assim, poder tomar atitudes no que se refere à administração dos recursos humanos. Chiavenato (2005) entende que a pesquisa de clima organizacional visa reunir as informações sobre o aspecto psicológico que envolve o ambiente organizacional das pessoas e a sensação de cada indivíduo neste contexto. Nota-se nas definições um sentido semelhante, o que ratifica o emprego da pesquisa de clima organizacional como uma ferramenta extremamente importante para que a empresa possa conheça, com maior exatidão e confiança nos dados, sua real condição a respeito da motivação, comprometimento e nível de relacionamento interpessoal. 39 Ainda que uma pesquisa de clima organizacional tenha que ser desenvolvida especificamente para cada empresa, já que vai levar em consideração os fatores que mais influenciam o desenvolvimento de suas atividades, existem objetivos gerais a qualquer empresa. Luz (2003) destaca como objetivo da pesquisa de clima organizacional a identificação, junto aos colaboradores, do nível de satisfação, entendimento, envolvimento e opiniões sobre aspectos da cultura, normas, políticas, métodos, procedimentos e hábitos existentes e praticados na organização, bem como as expectativas de progresso, possibilidade de carreira, relacionamento profissional e também pessoal. Luz (2003) também afirma que o processo deve acontecer num clima de credibilidade, sigilo e confiança, sendo imprescindível que haja confiança entre o pesquisador e o sujeito que responde o questionário. Este deve estar alinhado com a cultura e a realidade dos colaboradores, sendo a empresa responsável por escolher o melhor momento para a aplicação e a divulgação da pesquisa. Para se evitar conseqüências negativas para a organização, é de extrema importância o bom planejamento da pesquisa de clima organizacional bem como deve ser realizada de uma forma abrangente e considerados os fatores que exercem influência no clima da organização, estilo de liderança, remuneração e recompensas, comunicação, ambiente físico e psicológico de trabalho, imagem e conceito da organização, integração organizacional, participação e realização profissional. É também imprescindível passar um feedback para os colaboradores, após a tabulação e análise dos resultados, pois caso haja algum ponto que chame a atenção da empresa, será necessária a elaboração de um plano de ação para corrigir o possível desvio. Uma vez que isso não seja feito, a pesquisa de clima cai em descrédito, pois os colaboradores questionarão sua veracidade. 2.8 Questionário De acordo com Gasparetto (2008) o questionário é o instrumento de pesquisa de clima organizacional mais utilizado; compõe-se de questões ou afirmações que indicarão o pensamento dos clientes internos sobre uma série de aspectos da empresa. É mais abrangente que a entrevista, é uma pesquisa quantitativa, embora também possa ser utilizado como medida qualitativa se as questões forem abertas ou respondidas de forma dissertativa, e não de 40 múltipla escolha (sim-não). Outro critério a ser observado na elaboração das questões ou afirmações é a linguagem, que deve ser comum na empresa e de perfeita compreensão para aqueles que participarão da pesquisa. Para Ferreira (1998, p.14): [...] o questionário é um método bem aceito para diagnóstico organizacional. As perguntas são curtas, específicas, redigidas para produzir resposta curta, e planejadas para coletar informações que poderão ser utilizadas na determinação de necessidades que estejam afetando a qualidade do produto ou serviço, assim como delimitar escopo, conteúdo de programas, mudanças na estrutura empresarial, alterações no produto ou serviço, etc. Muitos são os autores que tratam desse tema tão importante para a gestão de pessoas, no entanto, não foi do escopo deste trabalho fazer uma abordagem ampla, mas apresentar alguns aspectos que contribuíram para a realização deste estudo de caso. Claro que quanto mais o pesquisador conhecer sobre o que já foi publicado a respeito do assunto de seu interesse, mais enriquecedora será sua contribuição. Finalmente, o quadro abaixo mostra o fluxo conceitual abordado neste estudo e apresentado neste referencial teórico. 41 Ambiente interno e suas transformações • • • • • • Relacionamentos Internos Desenvolvimento Profissional Liderança e Superiores A imagem da Empresa Ambiente Físico de Trabalho Remuneração Qualidade • Gestão pela Qualidade Total - GQT • Qualidade de Vida no Trabalho – QVT Teorias de Administração • • • • • • • • • • • • Escola Clássica – Taylor/Fayol Escola das Relações Humanas – Follet/Mayo Teoria Neoclássica de Administração – Drucker/O’Donnel/Koontz Teoria Burocrática Behaviorismo ou Teoria Comportamentalista Teoria da Hierarquia das Necessidades – Maslow Teoria dos Dois Fatores – Herzberg Teoria X e Teoria Y – McGregor Teoria Estruturalista Teoria Sistêmica – Katz e Kahn As Organizações que Aprendem – Peter Senge Teoria da Expectativa – Vroom Cultura organizacional Clima organizacional • Conceito de Clima Organizacional • Pesquisa de Clima Organizacional 42 3 METODOLOGIA 3.1 Características da Pesquisa Apesar de haver diversas metodologias investigativas para a realização de um trabalho científico optou-se, no presente trabalho, por um estudo de caso, fundamentado na definição de Yin (2001, p.32) de que o “estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”, podendo ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias como descritivas e explicativas e, nesse caso, houve o subsídio de livros e artigos científicos que, conforme aponta Gil (2001), fornecem ao pesquisador uma visão bastante significativa sobre o assunto focalizado. Sendo este estudo caracterizado como pesquisa exploratória e descritiva também consiste em instrumento quantitativo e qualitativo, uma vez que tem como objetivo esclarecer, desenvolver, modificar conceitos e idéias. A característica quantitativa da pesquisa, por oferecer uma medição e quantificação objetiva dos resultados, diminuindo as chances de distorções durante a análise e interpretação dos dados, vai ao encontro da afirmação de Godoy (1995, p. 58): “o pesquisador conduz seu trabalho a partir de um plano estabelecido a priori, com hipóteses claramente especificadas e variáveis operacionalmente definidas”. 3.2 Abordagem O presente trabalho aborda um estudo de caso sobre o clima organizacional de um laboratório farmacêutico, fundamentado por meio de uma pesquisa de clima organizacional (principal evidência do estudo de caso), visando detectar problemas no ambiente interno da empresa que pudessem interferir na qualidade dos serviços e, então, propor sugestões que visassem a melhoria da qualidade. 43 3.3 Delineamento A pesquisa quantitativa, com base em questionário, foi à principal evidência do estudo de caso. No entanto, outras evidências foram utilizadas como documentos e relatórios internos da empresa, entrevistas informais com os gestores. Além disso, o próprio pesquisador, autor deste trabalho, agiu como observador por ter trabalhado no laboratório objeto do estudo por dois anos e meio. Na pesquisa quantitativa, as perguntas foram elaboradas buscando verificar a percepção dos gestores e colaboradores quanto aos principais fatores que estão associados intimamente à gestão do clima organizacional dentro da empresa, contribuindo assim para a sensibilização de todos quanto ao ambiente interno, sua cultura organizacional, objetivos organizacionais e, por último, seus valores. 3.4 Procedimentos para a Pesquisa Quantitativa 3.4.1 População e Amostra A população considerada para a realização desta pesquisa foram os 1.579 colaboradores do laboratório farmacêutico, sendo a amostra coletada de 179 funcionários, escolhidos aleatoriamente dentro do laboratório farmacêutico estudado, pertencentes a diversos departamentos da empresa, funcionários celetistas2, com exceção de dois estagiários. A empresa pesquisada, bem como os respectivos números de colaboradores é apresentada na tabela 1, que também reflete o quadro de funcionários da empresa estudada na época deste estudo. Além de funcionários, fizeram parte da população amostrada gestores administrativos de cada setor interno. As características desses clientes internos como cargo, gênero, departamento, tempo de serviço, grau de escolaridade, turno de trabalho estão especificadas a seguir no item. _____________ 2. Celetistas – funcionários contratados sob o regime da CLT. 44 Tabela 1 - Departamentos Internos do Laboratório Laboratório Farmacêutico Setor de Planejamento Setor Industrial Setor Comercial Setor Hospitalar e Propaganda Médica Setor Administrativo Financeiro Total Número de Colaboradores Setoriais 20 980 200 200 179 1.579 Fonte: Autor 3.4.2 Materiais e Métodos Utilizando como base o método de estudo, os seguintes procedimentos foram adotados: a) Materiais utilizados: livros, revistas especializadas, internet e outras publicações que serviram de norteadores para a elaboração do referencial teórico estruturado a partir da bibliografia sobre ambiente interno e suas transformações, qualidade, cultura e clima organizacional, pesquisa de clima organizacional teorias de administração; b) Um questionário, baseado na Escala de Likert, composto de questões afirmativas, tendo como modelos questionários utilizados em pesquisas realizadas por diversas empresas do mesmo segmento e c) Análise dos dados e apresentação dos resultados. De acordo com a escala citada os itens da avaliação contemplavam as seguintes respostas: 1) Discordo totalmente 2) Discordo 3) Indiferente 4) Concordo 5) Concordo totalmente Os questionários (anexos 1, 2, 3, 3a, 3b, 4) foram aplicados nos dias 10 e 11 de julho de 2009, no próprio local de trabalho e eram compostos por três segmentos: 1) Perfil de cada entrevistado: 2) Avaliação do clima organizacional pelas afirmativas sobre os seguintes aspectos: relacionamento interno, desenvolvimento profissional, liderança e 45 superiores, imagem da empresa, ambiente físico de trabalho, planejamento do trabalho e remuneração; 3) Satisfação, lealdade e motivos. 3.4.3 Coleta e Análise de Dados A coleta dos dados foi realizada orientando-se em Andrade (1998) que considera de extrema importância essa fase do processo, afirmando que a elaboração de um plano consistente onde são especificados os aspectos da pesquisa e critérios para a seleção dos participantes é de extrema utilidade para o sucesso do trabalho. Houve um primeiro contato para o convite e explicação do objetivo e desenvolvimento da pesquisa, que ocorreu na seqüência abaixo: • Foram convocados três colaboradores do Departamento de RH (gerente e dois analistas) para a aplicação dos questionários e acompanhamento do grupo; • Coleta de dados através do questionário – os funcionários foram convidados logo ao chegar para o respectivo turno (quatro turnos no total); • Durante a aplicação dos questionários foi feita a orientação para seu preenchimento, explicado que seria facultada a cada colaborador a decisão de participar ou não da pesquisa e que se abstivessem de registrar sua identificação; • Tabulação de dados obtidos através das pesquisas e suas respectivas análises; • Análise dos dados; • Relatório final dos dados abordados. 3.4.4 Critérios de Inclusão Para esta pesquisa foram incluídas amostras de colaboradores de diversos departamentos selecionados para a participação dos questionários. Foi garantida a confidencialidade dos dados coletados e a discrição em relação às informações obtidas. A pesquisa não apresentou nenhum tipo de risco, já que se tratava de questionários direcionados ao grau de satisfação do colaborador, nenhum desconforto em 46 responder as questões, o que foi minimizado com a garantia de sigilo, do esclarecimento aos participantes da importância e seriedade do trabalho para que todos se sentissem livres durante os questionamentos propostos, recebendo, sempre que houve necessidade, orientação do coordenador nos casos de desconforto evidente. 3.5 Apresentação do Laboratório Farmacêutico Objeto do Estudo Figura 2 – Fachada do Laboratório Neo Química Fonte: Site do Laboratório Neo Química - www.neoquimicacom.br “Tudo começou no dia 15 de abril de 1959, quando foi fundado o Laboratório Neo Química, no Rio de Janeiro. Naquela época, a empresa produzia medicamentos similares. Cerca de 20 anos depois, em 1979, o empresário Ildefonso Limírio Gonçalves, que já atuava no mercado farmacêutico, adquiriu o Laboratório. Do Rio de Janeiro, o Neo Química foi transferido para Belo Horizonte (MG) e depois para São Paulo (SP), onde funcionou até o final da década de 80. Em 10 de agosto de 1989, o Neo Química foi a primeira indústria de medicamentos a se estabelecer no Distrito Agroindustrial de Anápolis - DAIA. No início da década de 90, a empresa tinha uma estrutura física e administrativa reduzida, mas já contava com representantes espalhados por todo o Brasil. A grande estrela de seu portfólio era o antiinflamatório Algi Flamanil. Em 1996, o Laboratório conquistou o certificado ISO 9002, que atestava a qualidade da empresa em processos e serviços. A demanda aumentou, os negócios 47 prosperaram e com isso, em 1999, a empresa iniciou um projeto ousado: a construção de um novo parque industrial com mais de 60 mil metros quadrados. Em fevereiro de 1999 entrou em vigor a Lei do Medicamento Genérico e o Neo Química foi o terceiro laboratório do Brasil a conseguir registro para produzir e comercializar este tipo de produto. O primeiro genérico produzido pela empresa foi o Sulfato de Salbutamol xarope, em 31 de março de 2000. Em outubro de 2000 foi inaugurada a primeira etapa do Centro de Distribuição da empresa, com 11 mil metros quadrados de área construída e capacidade para 12.800 posições de porta-pallets. O descongestionante nasal Neosoro, hoje o segundo medicamento mais vendido do Brasil, foi lançado neste ano. O Neo Química também se destacou em 2000 como o primeiro laboratório privado nacional a fornecer ao Ministério da Saúde o Indinavir, composto usado na fabricação do coquetel Anti-AIDS. No dia 1° de abril de 2003, o Neo Química implantou o SAP, um dos mais modernos sistemas de gestão empresarial do mundo. Em 2007, ciente de sua responsabilidade social, o Laboratório criou o Centro de Desenvolvimento Infantil Norma Pizarri, que acolhe os filhos de até seis anos de idade das colaboradoras da empresa, proporcionando segurança e tranqüilidade para as mamães enquanto estas trabalham. Em 2009, o Laboratório inaugurou uma nova fábrica. Esta vai permitir o aumento da capacidade produtiva de 3,6 bilhões para 8,5 bilhões de comprimidos/ano. Além disso, ela representará a entrada definitiva do Neo Química no mercado de injetáveis em frasco ampola, com capacidade de produção de 60 milhões de frascos/ano”3. Vide organogramas da empresa nos anexos 5, 5a, 5b, 5c, 5d, 5e, 5f. _____________ 3. Fonte: Site do Laboratório Neo Química - www.neoquimica.com.br 48 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS O questionário foi aplicado em 179 pessoas dentro do universo de 1579 funcionários, escolhidos aleatoriamente. Em uma primeira etapa foi desenhado o perfil dessa população entrevistada, considerando a posição dentro da estrutura organizacional e o perfil do indivíduo daquela população dentro da empresa. Em uma segunda etapa, realizou-se uma análise referente ao clima organizacional e finalmente, em uma terceira etapa, a avaliação da satisfação, lealdade e motivos para com a empresa. 4.1 Perfil dos Entrevistados da Pesquisa 4.1.1 Posição na Estrutura Organizacional O gráfico 1 demonstra que a maioria dos funcionários entrevistados são Analistas (40%), seguidos de Assistentes (21%) e Auxiliares (18%). Gráfico 1. Cargo na Empresa. Fonte: autor 49 Quanto ao setor, constatou-se que a maioria dos trabalhadores entrevistados atua no setor administrativo (24%). (gráfico 2) Gráfico 2. Setor de Trabalho. Fonte: autor Por meio dos dados apresentados no gráfico 3, vê-se que os funcionários entrevistados trabalham majoritariamente em horário administrativo, das 8h às 18h, com 76% dos funcionários dentro desse segmento. Gráfico 3. Turno de Trabalho. Fonte: autor A população entrevistada caracteriza-se por funcionários do 4˚ turno, do setor administrativo, sendo a maioria analista. Saliente-se, em relação ao clima organizacional, que basicamente os mesmos grupos, nos mesmos horários, atuam em conjunto, em espaços semelhantes. 50 4.1.2. Perfil do Funcionário Apenas 2% dos funcionários entrevistados possuem 2º Grau incompleto. Nota-se, através do gráfico 4, que os colaboradores são qualificados e com alto grau de instrução, visto que 25% dos entrevistados são pós-graduados. 3 2% 45 25% 46 26% 2°Grau Incompleto 2°Grau Completo 3°Grau Incompleto 3°Grau Completo Pós Graduação/ MBA 54 30% 31 17% Gráfico 4. Escolaridade. Fonte: autor A distribuição dos colaboradores em relação ao gênero é descrita no gráfico 5: 48% são do sexo masculino e 52% são do sexo feminino. Gráfico 5. Gênero. Fonte: autor 51 O último item analisado para compor o perfil da população entrevistada é o tempo de empresa do colaborador, que pode ser observado no gráfico 6: Gráfico 6. Tempo de Empresa. Fonte: autor O tempo médio de empresa está entre 3 e 5 anos, porém, a maior parte dos funcionários tem menos de 3 anos de empresa (30%), seguidos de funcionários com mais de 7 anos de empresa (28%). 4.2 Avaliação do Clima Organizacional 4.2.1 Aspecto do Relacionamento Interno O primeiro bloco avaliou a compreensão do grupo quanto ao clima da empresa, através de oportunidades, trabalhos em grupo, da existência de grupos fechados e da possibilidade de bom relacionamento entre os grupos, além da motivação para se trabalhar, representados na tabela 2. Segundo observado no estudo, o Neo Química oferece a oportunidade de utilizar os conhecimentos e habilidades no exercício do cargo para 63% dos entrevistados. Em 86% dos casos os entrevistados são motivados a participar de eventos promovidos pela empresa e 56% se sentem motivados a trabalhar. Quanto ao relacionamento interpessoal, 48% dos entrevistados discordam totalmente ou não concordam com a afirmativa de que “não existem panelinhas”. Ou seja, acreditam que haja a formação de grupos de relacionamento que dificultam a integração com 52 outros colegas. Porém, 91% concordaram ou concordaram totalmente que existe um bom relacionamento entre os colegas, assim, o trabalho em equipe faz parte da cultura de 81% dos colaboradores, que afirmam que em sua área trabalham como um time. Porém, há receio de punições quando os sentimentos são manifestados, já que as discordâncias somam 41% neste aspecto. Tabela 2 - Questões sobre Relacionamentos Internos RELACIONAMENTOS INTERNOS 1) Em nossa área trabalhamos em equipe. 2) Na empresa podemos expressar nossos Discordo Não totalmente concordo 2% 8% 10% 54% 27% 100% 9% 31% 27% 27% 6% 100% 1% 4% 10% 55% 31% 100% 1% 2% 7% 66% 25% 100% 17% 31% 18% 17% 16% 100% 5% 13% 26% 44% 12% 100% 4% 15% 18% 47% 16% 100% Indiferente Concordo Concordo totalmente Total sentimentos sem medo de punições. 3) Somos motivados a participar dos eventos da empresa. 4) Mantemos um bom relacionamento com os colegas. 5) Aqui em nossa área não existem panelinhas. 6) Sinto que a nossa empresa é um lugar motivador para se trabalhar. 7) Temos oportunidade de utilizar nossos conhecimentos e habilidades no exercício do cargo Fonte: pesquisa do autor 4.2.2 Aspecto do Desenvolvimento Profissional A tabela 3 traduz que os entrevistados, em sua maioria (69%), acreditam que podem crescer profissionalmente, também acreditam que se a empresa obtiver sucesso serão recompensados (62%) e com isso se sentem motivados a trabalhar (56%). Quanto ao desenvolvimento do entrevistado, 57% são indiferentes ou não concordam que o tempo disponível para se dedicar ao desenvolvimento profissional é suficiente. Nesta mesma linha, 55% são indiferentes ou não concordam que existam recursos disponíveis e claros para ajudar na capacitação profissional. 53 Existe ainda certa discordância/indiferença quanto à justiça das promoções e à clareza dos critérios para ser promovido. Tabela 3 – Questões sobre Desenvolvimento Profissional DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Concordo Discordo Não totalmente concordo 6% 13% 12% 48% 21% 100% 5% 16% 17% 47% 15% 100% 15% 22% 26% 30% 7% 100% 7% 24% 26% 35% 8% 100% 16% 32% 20% 23% 8% 100% 4% 17% 24% 46% 10% 100% 11% 21% 23% 39% 6% 100% Indiferente Concordo totalmente Total 8) Percebo que meu trabalho me possibilita crescer profissionalmente 9) Sinto que se a empresa obtiver sucesso, eu também ganharei com isso 10) Existe justiça nas promoções realizadas em minha área 11) Consigo tempo para dedicar-me ao meu desenvolvimento profissional 12) Trabalho em uma empresa que possui critérios definidos e claros para promoções 13) Sinto que a nossa empresa, é um lugar motivador para se trabalhar 14) Existem recursos disponíveis e claros para ajudar na minha capacitação profissional Fonte: pesquisa do autor 4.2.3 Aspecto da Liderança e Superiores A tabela 4 ilustra aspectos sobre a liderança. De uma maneira geral, o estudo mostra que os superiores demonstram preocupação com o desempenho da empresa, buscando a eficiência de sua equipe, possibilitando um bom canal de comunicação, um bom relacionamento do grupo, estando aberto à aplicação de idéias inovadoras e seguindo os valores da empresa. Porém há indicações de alguma negligência quando se trata de passar expectativas individuais para os funcionários, quanto às oportunidades futuras dentro da empresa e a prover feedbacks. 54 Tabela 4 – Questões sobre Liderança e Superiores Discordo LIDERANÇA E SUPERIORES Não totalmente concordo Indiferente Concordo Concordo totalmente Total 15) Na empresa o meu superior pratica o que 5% 8% 17% 56% 13% 100% 6% 20% 17% 46% 12% 100% 2% 13% 12% 52% 20% 100% 4% 6% 16% 51% 23% 100% 11% 25% 26% 29% 9% 100% 6% 8% 8% 55% 24% 100% 5% 12% 12% 48% 23% 100% prega 16) Recebo informações do meu superior imediato sobre a qualidade do meu trabalho 17) Sinto que o meu superior imediato esta sempre aberto a novas idéias e sugestões 18) O meu superior imediato é preocupado com o bom relacionamento do grupo 19) Meu superior imediato deixa claro, quais as minhas possibilidades futuras na empresa 20) Meu superior imediato está sempre preocupado coma eficiência da equipe 21) Tenho um canal de comunicação com o meu superior imediato, que atende as minhas necessidades Fonte: pesquisa do autor 4.2.4 Aspecto da Imagem da Empresa A tabela 5 revela que, para os colaboradores, a empresa sempre passa uma boa imagem, tanto no que diz respeito ao meio ambiente e responsabilidade social, quanto em segurança e solidez da organização. A maioria dos entrevistados afirma trabalhar em uma empresa que seus familiares apreciam; o que certamente contribui para a motivação em trabalhar. 55 Tabela 5 – Questões sobre Imagem da Empresa IMAGEM DA EMPRESA Discordo Não totalmente concordo 1% Concordo Indiferente Concordo 4% 10% 60% 26% 100% 3% 4% 10% 55% 29% 100% 0% 0% 3% 58% 39% 100% 0% 1% 4% 61% 35% 100% 1% 2% 10% 47% 40% 100% 1% 9% 13% 50% 27% 100% totalmente Total 22) Trabalho em uma empresa que transmite uma imagem positiva ao seu público Interno e Externo 23) Trabalho em uma empresa que os meus familiares apreciam 24) Trabalho em uma empresa que se preocupa com o meio ambiente 25) Trabalho em uma empresa que tem responsabilidade social 26) Trabalho em uma empresa sólida e confiável 27) Trabalho em uma empresa que pratica os seus valores Fonte: pesquisa do autor 4.2.5 Aspecto do Ambiente Físico de Trabalho Observando os resultados apresentados nas respostas na tabela 6, percebe-se que a maioria dos respondentes acredita ter tempo suficiente para realizar seu trabalho com qualidade. Porém, há um dado importante que deve ser considerado: as questões 28 e 29 evidenciam que 20% dos entrevistados discordam, de alguma maneira, da adequação das instalações físicas e 21% das condições de temperatura e iluminação, dados que podem ser variáveis do tempo necessário para a realização do trabalho com qualidade. Além disso, verifica-se uma forte pressão operacional para que se atinjam as metas. 56 Tabela 6 – Questões sobre Ambiente Físico de Trabalho Discordo Não totalmente concordo limpeza etc.) 3% 29) A temperatura e iluminação são adequadas 30) As condições de segurança são adequadas AMBIENTE FÍSICO DE TRABALHO Concordo Indiferente Concordo 15% 12% 44% 26% 100% 2% 16% 13% 49% 20% 100% 0% 9% 7% 60% 24% 100% 4% 6% 4% 54% 32% 100% 3% 18% 15% 47% 17% 100% totalmente Total 28) Na minha área de trabalho as instalações físicas são adequadas (espaço, mobiliário, 31) Tenho os recursos necessários (máquinas e equipamentos) para fazer meu trabalho 32) Tenho tempo suficiente para que o meu trabalho saia bem feito Fonte: pesquisa do autor 4.2.6 Aspecto do Planejamento do Trabalho A tabela 7 mostra que boa parte dos 179 colaboradores pesquisados optou pelas respostas Concordo Totalmente e Concordo, demonstrando que percebem adequação quanto ao planejamento de seu trabalho, no entanto, é considerável a porcentagem de respostas para os itens: 34, onde 40% demonstram indiferença ou não concordam de alguma forma com a atuação do superior em relação ao planejamento do trabalho no item qualidade e no item 35, em que 47% não se sentem motivados e incentivados ou são indiferentes quanto ao envolvimento com o planejamento na implantação de melhorias; no item 38, 54 % revelam que não obtêm reconhecimento pelo empenho em atingir metas ou ainda são indiferentes e o 39 com 51 % discordando ou sendo indiferentes sobre receber informações quando ocorrem mudanças de procedimentos ou estratégias. 57 Tabela 7 - Questões sobre Planejamento do Trabalho PLANEJAMENTO DO TRABALHO 33) Sinto que aqui na empresa o trabalho é orientada para resultados 34) Recebo informações do meu superior sobre a qualidade de meu trabalho e comprometimento Concordo Discordo Não totalmente concordo 1% 6% 13% 59% 22% 100% 7% 17% 16% 50% 10% 100% 7% 21% 19% 40% 13% 100% 3% 10% 13% 55% 20% 100% 2% 15% 10% 53% 21% 100% 14% 23% 17% 35% 11% 100% 8% 22% 21% 34% 15% 100% 6% 22% 20% 40% 13% 100% Indiferente Concordo totalmente Total 35) Sinto-me motivado e incentivado ao meu envolvimento com o planejamento e implantação de melhorias 36) Sei o que espera de meu trabalho 37) Conheço os objetivos e estratégias da nossa área de trabalho 38) Obtemos reconhecimento pelo nosso empenho para atingir as metas 39) Somos informados quando ocorrem mudanças de procedimentos ou estratégias 40) Temos um canal de comunicação eficaz, da empresa para o colaborador Fonte: pesquisa do autor 4.2.7 Aspecto da Remuneração A tabela 8 retrata questões sobre a satisfação no trabalho por parte dos colaboradores da Neo Química. 51% das pessoas pesquisadas sinalizaram que os salários que recebem não são condizentes com o mercado local. Por outro lado, como demonstrado na questão 42, os funcionários reconhecem que a empresa oferece uma boa política de benefícios (77%), entretanto, não se sentem recompensados financeiramente frente à dedicação que têm pela empresa, apenas 22% concordam ou concordam totalmente com a afirmação. 58 Tabela 8 – Questões sobre Remuneração REMUNERAÇÃO 41) Tenho um salário condizente com o mercado local 42) Trabalhamos em uma empresa como uma boa política de benefícios Discordo não totalmente concordo 22% concordo Total indiferente concordo 28% 20% 26% 4% 100% 3% 10% 10% 55% 22% 100% 20% 37% 21% 17% 5% 100% totalmente 43) Sinto-me recompensado financeiramente em relação à dedicação que tenho para coma empresa 4.3 Satisfação, Lealdade e Motivos O bloco final é composto de 4 questões numeradas de 44 até 48, que tratam de aspectos referentes à satisfação dos funcionários, lealdade à empresa com os respectivos motivos que embasam esta lealdade. 4.3.1 Satisfação com a Empresa O percentual de satisfação com a empresa é retratado na tabela 9. Observa-se que 75% dos colaboradores pesquisados estão satisfeitos por trabalharem no Laboratório Neo Química. Um pequeno percentual, 3% sinaliza que estão insatisfeitos por trabalharem nessa empresa. Mas há um grupo considerável de indiferentes, somando 21%, o que poderia estar atrelado ao item anterior, remuneração onde, novamente, 21% dos entrevistados são indiferentes quando questionados se são recompensados financeiramente de forma condizente com a sua colaboração. 59 Tabela 9 – Satisfação com a empresa SATISFAÇÃO COM A EMPRESA 44) Trabalhar nesta empresa deixa você Muito insatisfeito 0% Insatisfeito indiferente 3% 21% Satisfeito 54% Muito Total satisfeito 21% 100% 4.3.2 – Lealdade à Empresa A tabela 10 reuniu as três figuras sobre lealdade tratadas no questionário. Analisando-se os resultados, pode-se concluir que 79% indicariam a empresa para um amigo. Nas opções negativas (Definitivamente Não e Provavelmente Não), foram obtidos apenas 5%. Da mesma forma, a maioria absoluta dos entrevistados indicaria a empresa para um amigo que estivesse à procura de um emprego. Este é outro sinal bastante claro da boa imagem da empresa diante de seus funcionários. A questão 46 revela novamente a questão salarial como um item importante dentro da empresa. Apenas 9% gostariam de ser demitidos, mas 25% dos colaboradores provavelmente ou definitivamente aceitariam uma proposta para ganhar 10% a mais em outra empresa. Tabela 10 – Lealdade à empresa LEALDADE À EMPRESA 45) Se você tivesse um amigo procurando Definitiva- Provavel- Talvez sim Provavel- Definitiva- mente sim mente sim talvez não mente não mente não Total 38% 41% 16% 4% 1% 100% 8% 17% 35% 21% 18% 100% 3% 6% 17% 26% 49% 100% emprego, indicaria a sua empresa para ele 46) Se você tivesse uma proposta para trabalhar em outra empresa, ganhando 10% a mais, você aceitaria? 47) Eu gostaria que a empresa me demitisse 60 4.3.3 – Motivos para Trabalhar na Empresa Os motivos para se trabalhar na empresa foram classificados de acordo com a média aritmética das notas dada pelos colaboradores, na tabela 11 aparecendo em ordem decrescente, com variação de 1 para “pouco importante” a 10 para “muito importante”. O item apontado como principal motivo para se trabalhar na empresa é o fato de fazer o que gosta. O trabalho ser interessante está em terceiro lugar como motivo para se trabalhar na empresa. Pelo perfil traçado da população entrevistada, vê-se que são funcionários qualificados para o trabalho que realizam. Certamente optaram por esta profissão, o que é refletido no fato de fazer o que gosta. Entretanto, a falta de clareza quanto às perspectivas de crescimento dentro da empresa não pode ser dita como um motivo de grande importância para se trabalhar no Neo Química. Na avaliação de Desenvolvimento Profissional, no segundo bloco de questões, observou-se que a maioria dos entrevistados via a possibilidade de crescimento profissional, porém, havia grande discordância entre a justiça e os critérios de promoção, o que pode ter afetado a avaliação deste item. Quanto à remuneração, pode-se destacar que, apesar de o salário não ser um fator forte (5,4 de média), os benefícios ficaram em segundo lugar quanto à relevância em trabalhar na empresa. O que também foi observado no bloco de questões ligadas à remuneração. O ambiente de trabalho e o relacionamento interpessoal também obtiveram boa classificação, o que também foi avaliado no primeiro bloco de estudo, onde 91% dos entrevistados dizem existir um bom relacionamento entre os colegas. Por fim, a opção sobre uma boa alimentação foi o item de menor relevância dentre os motivos para se trabalhar na Neo Química. 61 Tabela 11 – Motivos para trabalhar na empresa Médias MOTIVOS de 0 a 10 Porque gosto do que faço 8.6 Os benefícios são bons 8.4 O trabalho que eu faço é interessante 8.3 O ambiente físico é bom 8.0 Porque tenho liberdade para trabalhar 7.9 O ambiente humano de trabalho é bom 7.7 Porque tenho muitos amigos aqui 7.3 Porque tenho chances de crescer na empresa 6.4 Porque tenho segurança (estabilidade) de emprego 6.1 Porque o mercado não esta favorável a mudanças 5.6 O salário que eu recebo é bom 5.4 Porque é difícil conseguir um emprego melhor 5.3 Por falta de opções 3.7 Porque tenho opção de uma boa alimentação 2.7 Escala de importância: “0” é nada importante e “10” é muito importante Fonte: pesquisa do autor 4.4. Síntese da Análise de Resultados As variáveis demográficas, fatores importantes para a caracterização do perfil do grupo pesquisado, conforme refere Coda (1992), puderam contribuir na análise dos resultados, auxiliando algumas vezes na compreensão de algum desvio detectado dentro do grupo. A diversidade de setores e a especificidade de atividades demonstraram que a população coberta constituiu-se numa boa representação da estrutura organizacional, tendo a maioria dos funcionários atuação no setor administrativo e em horário comercial. O Neo Química é uma empresa departamentalizada, isto é, suas atividades correspondentes aos recursos humanos, financeiros, materiais e equipamentos estão agrupadas segundo um critério 62 específico de homogeneidade: o produto. Seus funcionários estão alocados em um grande número de pequenos setores, de modo a abarcar todo o conjunto de atividades da empresa. A qualificação da mão de obra e a qualidade da formação exigida pela empresa foram demonstradas pelo fato de 72% de os funcionários cursarem uma faculdade ou já terem concluído o Ensino Superior, sendo um fato relevante o percentual de colaboradores pósgraduados. A empresa não admite funcionários que não tenham no mínimo 2˚ Grau completo ou em fase de conclusão. O quadro de funcionários é igualmente distribuído entre homens e mulheres, assim, a amostragem tomada é adequada em relação à diversidade de gênero. O tempo de empresa gira em torno de 3 a 5 anos; 28% têm mais de 7 anos de casa, porém 30% dos colaboradores não completaram 3 anos de casa fato que chamou a atenção para o índice de rotatividade. Observou-se que no Distrito Agro-Industrial (DAIA), onde está localizado o laboratório da Neo Química, este índice é uma realidade, ocorrendo, principalmente, entre funcionários do setor produtivo. É muito comum que funcionários experientes migrem de uma empresa a outra em busca de melhores propostas, visto que o número de empresas ali localizadas é alto. Quanto ao perfil do funcionário, a amostragem também pôde ser considerada como representativa do todo. No segundo bloco, salientou-se, em relação ao clima organizacional, que basicamente os mesmos grupos, nos mesmos horários, atuam em conjunto, em espaços semelhantes. Quanto ao relacionamento interno, coube avaliar o impacto das relações na dinâmica do trabalho em equipe e, consequentemente, da eficiência do time. Para Boog (1991), as organizações incompetentes têm traços próprios como a polarização, que vem geralmente em conseqüência da ausência de mecanismos eficazes para resolução dos conflitos, isto é, cada pessoa pertence a um outro lado de uma questão ou facção, sem meiotermo. Quando o conflito aberto surge, os extremos lutam e uma facção é expulsa, deixando somente um grupo radicalmente voltado para uma perspectiva ou tendência. No Neo Química existe o trabalho em grupo e, apesar da polarização do relacionamento pessoal entre os colegas, existe uma cultura de equipe que não prejudica o trabalho do dia-a-dia. Os colaboradores acreditam que podem ter crescimento profissional na empresa, sendo esta uma boa indicação para o crescimento de uma organização, segundo Berry (2001), no entanto, ficou clara a discordância quanto ao tempo disponível para a dedicação ao desenvolvimento profissional, à existência de recursos disponíveis e claros para sua 63 capacitação e quanto à justiça em relação às promoções e clareza de critérios para que elas ocorram. Tal fato entra em choque com a teoria de Luz (2003) quando afirma que para os colaboradores estarem alinhados com os valores da empresa precisam saber o papel a cumprir, quais as tarefas a executar e principalmente receber treinamento para realização de seu trabalho da melhor forma possível e com superação pessoal contínua. Com relação aos aspectos sobre liderança, de uma maneira geral, o estudo evidenciou que os superiores demonstram preocupação com o desempenho da empresa, buscando a eficiência de sua equipe, possibilitando um bom canal de comunicação, um bom relacionamento do grupo, estando aberto à aplicação de idéias inovadoras e seguindo os valores da empresa. Porém há indicações de alguma negligência quando se trata de passar expectativas individuais para os funcionários, quanto às oportunidades futuras dentro da empresa e a prover feedbacks. É imprescindível esse feedback para os colaboradores, após a tabulação e análise dos resultados, pois caso haja algum ponto que chame a atenção da empresa, será necessária a elaboração de um plano de ação para corrigir o possível desvio. Uma vez que isso não seja feito, a pesquisa de clima cai em descrédito, pois os colaboradores questionarão a veracidade da pesquisa de clima. (LUZ, 2003) A empresa passa uma boa imagem em relação ao meio ambiente e responsabilidade social, segurança e solidez da organização para a maioria de seus colaboradores que referiram ser do agrado dos familiares que eles trabalhem na companhia. Neste aspecto há concordância com Iasbeck (1999) para quem a imagem de uma empresa está intimamente relacionada com a noção de identidade entre a instituição e, no caso, seus colaboradores, ficando explícita sua idéia de que “o ser humano concebe a imagem empresarial a partir de seu próprio filtro, sendo resultado de um conjunto de impressões, convicções, indícios de memória, sensações de amor e ódio com diferentes intensidades, todos elementos de grande conteúdo subjetivo”. Boa parte dos entrevistados percebe adequação no planejamento de seu trabalho, porém é considerável o número de funcionários que discorda da atuação do superior quanto: ao planejamento do trabalho no item qualidade; falta de motivação com o planejamento na implantação de melhorias; falta de reconhecimento pelo cumprimento de metas e quanto ao recebimento de informações quanto a mudanças de procedimentos ou estratégias. Lembremos Hodgens e Azevedo (1994) citado por Araujo (2001, p.117) quando afirmam que “o reconhecimento de ações positivas que ensejam melhorias nos padrões de excelência, por imtermédio de premiações, menções honrosas e ações semelhantes, é necessário para que as pessoas sintam-se motivadas e se esforcem por melhor desempenho no trabalho, busquem 64 inovações e cresçam em participação”. E para Juran (1992) o planejamento para a qualidade contempla a) o estabelecimento de metas específicas; b) de planos para atingir essas metas; c) a atribuição de responsabilidades definidas visando resultados e d) a recompensa pelos resultados obtidos. O item remuneração foi negativamente avaliado, sendo percebido como não condizente com os valores pagos pelo mercado local e tampouco com a dedicação que têm para com a empresa. Um quarto dos entrevistados revelou que gostaria de ser demitido para aceitar uma proposta de ganho 10% a mais em outra empresa. No entanto reconhecem que a política de benefícios é boa. Finalmente, no aspecto de lealdade à empresa, a maioria absoluta indicaria o Neo Química para alguém que estivesse à procura de emprego. Sendo este dado uma confirmação da boa imagem que a empresa goza perante seus clientes internos. 65 5 CONCLUSÃO A pesquisa de clima organizacional visou, em um primeiro momento, proporcionar a análise da organização em relação ao seu ambiente interno, bem como o conjunto de condições que caracterizam o estado de comprometimento e/ou favorabilidade ou não dos colaboradores e as demais pessoas com quem interagem. A metodologia utilizada abordou o estudo de caso no Laboratório Neo Química, tendo como objetivo geral o diagnóstico do clima organizacional sob o ponto de vista dos colaboradores e a análise dos resultados para a proposição de melhorias no relacionamento entre colaboradores e empresa, gerando uma maior coesão em todos os níveis da organização. Foi realizada uma pesquisa quantitativa, por meio da aplicação de um questionário baseado na escala de Likert a 179 funcionários de diversos departamentos da empresa. O bom relacionamento com os colegas é uma das preocupações essenciais no trabalho das empresas, o que é observado no Neo Química. O resultado verificado na classificação dos motivos para se trabalhar naquela empresa também salientou esse bom ambiente interno no momento em que os ambientes físicos e humanos foram considerados significativos para se trabalhar na empresa. A relação do homem com o trabalho é de fundamental importância, já que é por meio dele que o homem consegue o seu sustento e o suprimento de necessidades mais elevadas como realização, crescimento, desenvolvimento de habilidades e utilização mais ampla de suas capacidades. No Neo Química os funcionários sentem que suas habilidades estão sendo aproveitadas e assim sentem-se motivados a trabalhar. Além disso, quando se pensa neste tipo de relação (homem-trabalho) deve-se considerar que as pessoas, em sua grande maioria, estão desempenhando suas atividades dentro das organizações. Com o advento da Revolução Industrial o trabalho deixou de ser uma atividade isolada para agrupar diversas pessoas em um local, sendo remunerado por salário e tendo que obedecer a normas e regras que os trabalhadores não criaram e que, na maioria das vezes, beneficiam somente os proprietários. Deve-se lembrar que a cultura corporativa pode ser um impulso decisivo para a competitividade de uma empresa, a condição de que a organização consiga dotar-se de um modelo cultural harmônico com seu projeto empresarial, elemento que deve ser compreendido e modelado pelo líder. 66 No aspecto “desenvolvimento profissional”, notou-se que existe discordância quanto ao tempo e recursos para desenvolvimento dos colaboradores. Embora exista na empresa um programa como bolsa auxílio que ampara alguns funcionários em seu desenvolvimento profissional, este não é utilizado ou divulgado de maneira adequada, a ponto de gerar uma idéia de que a empresa não contribui para o desenvolvimento profissional de seu pessoal. Certamente, esse programa e seus critérios necessitam de maior divulgação para conhecimento dos regulamentos e, dessa forma possa criar maior oportunidade para todos aqueles que queiram concorrer ao programa. A gestão do treinamento e desenvolvimento, associada à gestão do capital humano envolve vários aspectos, como: a cultura organizacional, o tipo de liderança da empresa, o impacto de estruturas organizacionais, projeto dos espaços físicos, regras e procedimentos, políticas de recursos humanos, etc. Pôde-se perceber que há uma infinidade de formas possíveis para fortalecer a empresa a partir do desenvolvimento dos funcionários. Esse processo, porém, requer uma atenção especial da organização; em primeiro lugar, em relação aos objetivos que se quer atingir – uma capacitação funcional não é aleatória, e deve ser dirigida conforme solicitações específicas; em segundo lugar, aos métodos a ser seguidos para a obtenção e conquista desses objetivos, por meio do treinamento e do desenvolvimento de suas equipes. Na avaliação sobre a liderança viu-se um déficit na clareza sobre as expectativas individuais e transmissão da qualidade do trabalho individual do funcionário. Atualmente usam-se termos específicos como “gestão de pessoas” e “gestão com pessoas”. Os fatores psicológicos e de gestão começam a ganhar espaços antes ocupados por paradigmas especialmente técnicos e de produção, na maioria das organizações públicas ou privadas. Dirigentes e profissionais da atualidade procuram aplicar recursos consideráveis na questão motivacional da pessoa humana, de formas variadas, ou até experimentais. Esperam, com isso, alcançar melhores patamares sobre o rendimento humano. A valorização do funcionário como pessoa e profissional certamente contribuirá para uma melhor performance daquele e deve-se investir nesse aspecto. O ambiente de trabalho e a sua democratização, no Neo Química, vêm sendo desenvolvidos há várias décadas. Saliente-se, em relação ao clima organizacional, que basicamente os mesmos grupos, nos mesmos horários, atuam em conjunto, em espaços semelhantes, o que favorece o bom relacionamento. Ainda dentro da esfera de motivação, tem-se a remuneração como um fator marcante no bloco de insatisfatórios que podem afetar o desempenho de uma equipe. 67 A avaliação do salário não o mostrou como um ponto forte da Neo Química, estando entre os itens de menor importância na motivação para se trabalhar na empresa. Dentro do mercado local existem inúmeras indústrias farmacêuticas e tudo indica que esses colaboradores têm informações sobre a remuneração de seus concorrentes. Considerando-se esses dados, deve-se sugerir que o Laboratório faça uma pesquisa salarial local e analise se essas discordâncias sinalizadas pelos pesquisados são verdadeiras e se merecem plano de ação para dirimir as dúvidas existentes e corrigir possíveis desvios responsáveis por essa situação. As avaliações de cargos e salários são procedimentos sistemáticos para determinar o valor relativo de cada cargo, aplicando, assim, o ganho adequado à função. Embora existam diferentes enfoques para desenvolver esses sistemas, cada um leva em conta as responsabilidades, habilidades, esforços e as condições de trabalho. Embora os procedimentos baseados em dados numéricos sejam os mais rigorosos, isto não indica que o administrador deve prescindir de certos trabalhos dos sistemas que diferenciam qualitativamente cada atividade. Quando as análises são bem feitas, sua própria descrição estabelece perfeitamente aquelas diferenças que permitem ordenar de maior a menor a dificuldade, importância e interesse de cada cargo para a empresa. Por outro lado, como demonstrado anteriormente, os benefícios são muito relevantes para os colaboradores. Através de levantamentos recentes de uma consultoria externa que analisava as empresas de porte no DAIA, o Laboratório Neo Química foi apontado como uma empresa que fornece para seus clientes internos um excelente pacote de benefícios como transporte, alimentação, cesta básica, assistência médica, odontológica incluindo um consultório na empresa, bolsa de estudo, plano de carreira, etc. Mas, o perfil traçado da população entrevistada revela que a rotatividade é alta dentro da empresa (30% entre 1 e 3 anos de empresa) e que mesmo o bom ambiente de trabalho, a imagem e os benefícios são insuficientes para manter os funcionários na organização. Deve-se levar em consideração a cultura local, pois, como existem muitas empresas, a oferta para nível operacional aqui na DAIA é grande e parte desses colaboradores procuram ser demitidos com o objetivo de receber suas verbas rescisórias e, em seguida, procuram uma nova colocação na própria região. Mesmo com uma porcentagem baixa de respondentes que se encaixam nessa situação, sugere-se analisar o motivo que leva esses colaboradores a pensar na possibilidade de ser demitidos. 68 É importante lembrar que o indivíduo ideal para pertencer a uma equipe forte deve ter atributos que envolvam a sua inteligência emocional. Naturalmente sabe-se que todos temos falhas, mas a inteligência emocional quanto mais presente no indivíduo mais amenizará as diferenças e, sobretudo, a intolerância no ambiente de trabalho. Apesar dos aspectos negativos encontrados a imagem da empresa é sólida dentre os funcionários e a imagem passada pela liderança e a preocupação com o desempenho do grupo é fundamental para colocar a empresa nesse patamar. É oportuno aqui ressaltar que os resultados advindos dessa investigação quantitativa poderão resultar em planos de ação para implantar as melhorias necessárias, de modo a levar o colaborador-time a uma melhor performance no trabalho, além de garantir a manutenção das ações já existentes. 5.1 Contribuições do Estudo Este tipo de pesquisa consistiu em uma valiosa ferramenta de gestão, pois além de permitir a análise interna, também pôde identificar o nível de comprometimento dos colaboradores para com a organização, gerando instrumentos para proceder a mudanças por meio de estratégias e ações, tendo como alvo o crescimento e o desenvolvimento das pessoas e a máxima produtividade e qualidade, visando à superação das metas pré-definidas pela direção. Diante do exposto, pode-se inferir que o clima organizacional se constitui de fato em uma variável interveniente na performance do funcionário no trabalho. Em relação aos objetivos propostos o estudo atingiu o seu objetivo geral, qual seja pesquisar a qualidade do clima organizacional predominante na empresa como um todo, verificando sua intervenção no desempenho humano no trabalho demonstrando a importante correlação entre os dois temas e a análise dos resultados para a proposição de melhorias. Em termos dos objetivos específicos foi constatado que existem elementos na organização que interferem na satisfação dos clientes internos; foram identificados os pontos positivos bem como os negativos na análise do ambiente interno do Laboratório bem como das variáveis que pudessem interferir na criatividade, iniciativa, inovação e no desenvolvimento do potencial 69 dos colaboradores e, finalmente, constatou-se que realmente há necessidade de os gestores da organização aperfeiçoar a condição de trabalho de seus funcionários. Com a realização deste estudo pôde-se testar e ratificar algumas hipóteses, como por exemplo: • Há percepção diferenciada entre os funcionários da empresa como um todo, das gerências, por categoria funcional a respeito de como qualificam o clima organizacional; • Há correlação entre clima organizacional, qualidade e desempenho do indivíduo no trabalho, ou seja, a qualidade do clima interfere no desempenho do funcionário, o que não significa que o modifica, porém o afeta de alguma forma; • Os aspectos extra-organizacionais afetam a percepção da qualidade do clima organizacional, porém neste estudo tais aspectos não foram tão expressivos no tocante as diferentes percepções de clima. Não está aqui se negando a influência destes na percepção de clima, entretanto a ênfase desses aspectos não é tão importante nas diferentes avaliações do clima. Importante destacar que, de maneira geral, os funcionários têm uma percepção bastante favorável do clima organizacional e mesmo levando em consideração as variáveis demográficas e do próprio clima organizacional (relacionamentos internos; desenvolvimento profissional; liderança e superiores; imagem da empresa; ambiente físico de trabalho; planejamento do trabalho) não houve discrepâncias significativas que anulem o estudo. O questionamento que originou esta pesquisa referiu-se à correlação entre clima organizacional e padrões de desempenho. Pode-se inferir que a qualidade do clima organizacional constitui uma das variáveis organizacionais que intervém no desempenho humano no trabalho, entretanto não se pode estabelecer uma relação diretamente proporcional entre qualidade, clima e desempenho, tendo em vista que outros fatores atuam no desempenho das pessoas. 5.2 Limitações da Pesquisa O clima organizacional é, sem dúvida alguma, uma das ferramentas utilizadas pela empresa para se posicionar de forma estratégica e eficaz no seu setor. Pela natureza descritiva e qualitativa deste trabalho, há limitações: 70 a) Como foi utilizada uma amostra de conveniência, os resultados aqui encontrados não podem ser generalizados a todas as indústrias da área farmacêutica que possuam pesquisa e desenvolvimento de produtos em algum nível; b) De acordo com Yin (2001, p.29), estudos de caso são “generalizáveis a proposições e teorias e não a populações ou universos”. c) Apesar de haver receptividade e concordância na execução deste estudo por parte dos dirigentes da empresa pesquisada, a não implementação das recomendações ou sua implementação parcial pode gerar certo desconforto e desconfiança nos colaboradores que se dedicaram ao projeto e certamente seria um fator desmotivacional por se sentirem coresponsáveis pela melhoria do seu ambiente de trabalho, o que poderia promover o trabalho em equipe alicerçado na cooperação mútua e na busca de melhorias contínuas. Finalizando, fica como sugestão para futuras pesquisas sobre o clima organizacional a aplicação de questionário em uma amostra mais representativa, a fim de realizar uma verificação quantitativa das observações indicadas neste estudo. 71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMBONI, N. Liderança, comunicação e clima organizacional: um estudo de caso comparativo do Centro e Departamento de Ensino da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1986. ALGARTE, W.; QUINTANILHA, D. A história da qualidade e o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade. Rio de Janeiro: Inmetro, Senai, 2000. ARAUJO, L.. C. G. DE. Tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2001. ARAUJO, L. C. G. de. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2006. ARGYRIS, C. Understanding Organizational behavior. Homewood, Ilinois: The Dorsery Press-Inc., 1960. ASHKANASAY, N. M. ; WILDERON, C. P. M.; PETERRSON, M.F. Handbook of organizational culture an climate. Thousand Oaks, California: Sage publications, p. 21-36 2000. BÄR, F. L. Metodologias TQC e administração científica: um esboço de análise das similaridades. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, V. 30, Nº 3, p. 116-133, maio/jun. 1996. BARÇANTE, L.C. Ouvindo a voz do seu cliente interno: transforme seu funcionário num parceiro. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2002 BECKHARD, R. Desenvolvimento organizacional: estratégias e modelos. São Paulo: Blücher, 1972. BENEVIDES, A.M.R.P. Burnout: Quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 72 BERRY, L.L. Descobrindo a essência do serviço: os novos geradores de sucesso sustentável nos negócios. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. BOOG, G. G. O desafio da competência: como enfrentar as dificuldades do presente e preparar sua empresa para o futuro. São Paulo: Best Seller, 1991. BUSTAMANTEL, P. M. A. C.; LEITE M. A. de S.. Análise da cadeia farmacêutica no estado de Goiás. Revista de Economia da UEG, Anápolis (G) Vol.4, Nº 01, JAN_JUN/2008. Disponível em: http://www.nee.ueg.br/seer/index.php/economia/article/view/94/11. Acesso em: 22 jan. 2009. CAMPBELL, J. P., DUNNETTE, M. D., LAWLER, E. E.; WEIK, K.E. Managerial behavior performance and affectiveness. New York: McGraw Hill Book, 1970. CAMPOS, V.F. Gerência da qualidade total: estratégia para aumentar a competitividade da empresa brasileira. Minas Gerais: Fundação Christiano Ottoni, 1990. CAVEDON, N. Antropologia para administradores. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2003 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p.401 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, Rio de Janeiro: Campus, 1999. CODA, R. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Ed. Atlas, 1992, p.52 e 75. CODA, R. Pesquisa de clima organizacional. Uma contribuição metodológica. Tese de livre docência apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998. CODO, W.; SAMPAIO, J.J.C. Sofrimento psíquico nas organizações: saúde mental e trabalho. Cap.5. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. CROSBY, P.B. Qualidade sem lágrimas. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1992. DAVIS, K.; NEWSTROM, J. W. Comportamento humano no trabalho, Vol. 02, São Paulo: Ed. Pioneira, p. 32, 2001. 73 DRUCKER, P. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993. DRUCKER, P. The effective executive. New York: Harper Business, 178 p., 1993. FALCONI, V. TQC controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999. FERREIRA,V. F. As tecnologias interativas no ensino. Química Nova. 21(6), 1998. FLEURY, A; FLEURY, M.T.L. Aprendizagem e inovação organizacional. São Paulo: Atlas, 1995ª. FLEURY, M. T. L.; SAMPAIO, J. Uma discussão sobre cultura organizacional. In FLEURY, M. T. L. (Org.) As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. FOX, K.F.A.; KOTLER, P. Marketing estratégico para instituições educacionais. São Paulo: Atlas, 1994 GASPARETTO, L. E. Pesquisa de clima organizacional: o que é e como fazer. São Paulo: Ed. Scortecci, 2008. GIANGRANDE, V. de M. Em defesa do consumidor (1995). URL: www.portalrp. com.br/biblioteca/textos/rrpp_cases_004.htm [Acesso em 02 out.2009]. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1995. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas. São Paulo v. 35, n. 2, p. 57 - 63; n.3, p. 20 - 29; n.4, p. 65 - 71 mar. 1995. HOUAISS. Dicionário da Língua Portuguesa. Fonte: http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=metan%F3ia&stype=k, Acesso: 09 ago 2009. IASBECK, L. C. A. Imagem empresarial: o lugar do cliente – a disputa pelo consumidor inverteu os valores predominantes nas hierarquias comerciais, Revista Comunicação Empresarial, São Paulo, V.9, N.32, p. 21-32, jul.-set. 1999. 74 JURAN, J. M.. Juran: planejando para a qualidade. 2.ed. São Paulo: Pioneira, 1992. KATZ, D.; KAHN, R. L. Psicologia social das organizações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1992. KOLB, D.; RUBIN, I.; MACINTYRE, J. Psicologia organizacional. São Paulo: Atlas, 1978. LABORATÓRIO NEO QUÍMICA COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA (NEO QUIMICA). Disponível em: http:/neoquimica.com.br>. acesso em 09 dez. 2008. LIMONGI-FRANÇA, A.C. Qualidade de vida no trabalho – QVT – conceitos e práticas nas empresas. São Paulo: Atlas, 2003. _____________ Como gerenciar sua saúde no trabalho: um manual sobre o estresse e as queixas psicossomáticas no dia-a-dia das empresas. São Paulo: Ed. STS, 1994. LIPNACK, J.; STAMPS, J. Rede de informações. São Paulo: Makron Books, 1994 LUZ, J.P. Metodologia para análise de clima organizacional: um estudo de caso para o Banco do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 2001. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, 2001. Disponível em:http://www.estela.ufsc.br/defesa/pdf/10805/pdf . LUZ, R. Gestão do clima organizacional: proposta de critérios para metodologia de diagnóstico, mensuração e melhoria. Estudo de caso em organizações nacionais e multinacionais localizadas na cidade do Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: www.bdtd.ndc.uff.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1662. __________. Gestão de clima organizacional, Rio de Janeiro, Ed. Qualitymark, p. 28, 2007 MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas,1996. OLIVEIRA, M. A. A dinâmica da mudança: fatos geradores de fatos nas empresas. São Paulo: Ed. Nobel, 1995. PASCHINI, S. EstRHatégia – alinhando cultura organizacional e estratégia de RH à estratégia de negócio. RJ: Qualitymark Editora Ltda., 2007, p.41. RIZZATTI, G. Análise de fatores significativos do clima organizacional da UFSC: contribuição para a implantação do programa de qualidade. Dissertação (Mestrado em 75 Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, 1995. __________. Categoria de análise de clima organizacional em universidades brasileiras. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, 2002. ROBBINS. S. P. Comportamento organizacional. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SCHNEIDER, B.; HALL, D.T. Toward specifying the concept of work climate: a study of Roman Catholic Diocesan priests. Journal of Applied Psychology, 56(6): 447-455, 1972 SCHNEIDER, B.; SNYDER, R. Some relationships between job satisfaction and organizational climate. Journal of Applied Psychology. 60 (3):318-328, 1975. SCHNEIDER , B.; WHITE, S. Service Quality: Research perspectives. Thousand Oaks, C.A. Sage publications, 2004. SENGE, P. A quinta disciplina: a arte , teoria e prática da organização de aprendizagem. 12.ed. São Paulo: Best Seller, 1990. SMIRCICH, L. Concepts of culture and organizational analysis. Administrative Science Quaterly, 28(3): 339-358, 1983. SOTO, E. Comportamento Organizacional: o impacto das emoções. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. SOUZA, E.L.P.de. Clima e Cultura Organizacionais: como se manifestam e como se manejam. Porto Alegre: Edgard Blucher, 1978. STONER, J.A.F.; FREEMAN, R.E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. TOLEDO, F. de; MILIONI, B. Dicionário de Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Expressão e Cultura, 1979. TOWNSEND, 1999 TOWNSEND, Patrick L. Fazer qualidade corretamente. Banas Qualidade, São Paulo, n. 91, p.16-18, dez. 1999. 76 WALTON, R.E Quality of working life: what is it? Sloan Management, Vol. 15, Nº 1, 11-21 pp. (1973) YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 20012004. 77 ANEXOS 78 ANEXO 1 – Instrução de Preenchimento 79 ANEXO 2 – Questionário sobre o Perfil do Funcionário 80 ANEXO 3 – Avaliação sobre o Clima Organizacional 81 ANEXO 3a – Avaliação sobre o Clima Organizacional 82 ANEXO 3b – Avaliação sobre o Clima Organizacional 83 ANEXO 4 – Avaliação sobre Satisfação, Lealdade e Motivos 84 ANEXO 5 – Organograma do Laboratório Neo Química Presidência Vice-Presidência Diretor Industrial Gerente Garantia Qualidade Gerente Controle Gerente Produção Gerente Técnico – Novos Projetos Gerente Engenharia e Manutenção Gerente Melhoria Processo Industrial Gerente PCP Coordenador Unidade Juiz de Fora Fonte: 85 ANEXO 5a – Organograma do Laboratório Neo Química (Cont.) Presidência Vice-Presidência Diretor Industrial Diretor Marketing Gerente Produto, Preço, Mercado Gerente Treinamento Coordenador Comunicação Gerente Promoção Fonte: 86 ANEXO 5b – Organograma do Laboratório Neo Química Presidência Vice-Presidência Diretor Industrial Diretor Marketing Diretor Vendas I Diretor Vendas III Gerente Contas Gerente Contas Supervisor Supervisor Promotor Promotor Fonte: 87 ANEXO 5c – Organograma do Laboratório Neo Química Presidência Presidência VicePresidência Vice-Presidência Diretor Industrial . Diretor Marketing Diretor Vendas I Diretor Vendas II Diretor Técnico e Comercial Gerente Projetos Estratégicos Gerente MKT Neolatina Gerente MKT Gerente Desenvolvimento Produto Ger Vendas Neolatina Gerente Vendas– L/H Gerente Regulatório Fonte: Gerente Médico 88 ANEXO 5d – Organograma do Laboratório Neo Química Presidência Presidência Gerente Exportação VicePresidência Gerente Novos Negócios Vice-Presidência Diretor Industrial Diretor Marketing Diretor Vendas I Diretor Vendas II Diretor Técnico e Comercial Fonte: 89 ANEXO 5e – Organograma do Laboratório Neo Química Presidência Presidência VicePresidência Vice-Presidência Diretor Industrial Diretor Marketing Diretor Vendas I Diretor Vendas II Diretor Técnico e Comercial Diretor Logística e Operações Gerente Logística Gerente Adm. Vendas Gerente Suprimentos Fonte: 90 ANEXO 5f – Organograma do Laboratório Neo Química Presidência Presidência VicePresidência Vice-Presidência Diretor Industrial Diretor Marketing Diretor Vendas I Gerente Financeiro Diretor Vendas II Gerente Adm. Diretor Técnico e Comercial Gerente TI Diretor Logística e operações Diretor Adm./Fin. Gerente RH Gerente Controladoria Assessoria Jurídica Fonte:
Documentos relacionados
Clima organizacional e sua influência na satisfação dos servidores
O presente estudo apresenta uma pesquisa sobre modelo de Clima
Organizacional implementado no Tribunal de Contas do Estado do Ceará
(TCE) e o impacto na motivação e satisfação de seus colaboradores...