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VidaBosch Alexandre Schneider Agosto | Setembro | Outubro de 2008 • nº 15 Eva no paraíso Eva Wilma e suas aventuras com carros, na ficção e na vida real Ardor saudável Pimenta ajuda a aliviar estresse e dor de cabeça Samba de muitas notas Aos 50 anos, bossa nova ainda inspira jovens artistas editorial 02 10 Olhar o passado para ver o futuro Meia década de história nos faz refletir sobre o que passou e aprender com o pioneirismo de quem lançou as bases do que hoje faz sucesso. É uma chance de olhar o passado e projetar-se para o futuro. Nas comemorações dos 50 anos da Bosch no Brasil, em 2004, fizemos isso; nos debruçamos sobre as raízes da empresa, ao mesmo tempo em que planejávamos novos frutos — um deles é a VidaBosch, concebida justamente naquele momento. Algo semelhante tem ocorrido nas celebrações dos 50 anos da bossa nova, destacados na seção áudio. É interessante perceber como letras, melodias e ritmos concebidos há cinco décadas ainda nos tocam tanto. Há muito o que aprender com João Gilberto, Jobim e Vinicius, para mencionar os grandes nomes da bossa nova — a mistura de inovação e beleza, a importância do trabalho conjunto e do desempenho individual, um modo de atuar que leva em conta a tradição, mas tentando superá-la. Algumas dessas características aparecem em outras seções desta edição. Em eu e meu carro, conversamos com Eva Wilma, atriz que sintetiza muitas dessas qualidades. Em atitude cidadã, falamos sobre hortas comunitárias, um exemplo de como a ação conjunta pode produzir ótimos frutos. Em viagem, os destaques são a beleza e as opções de turismo no Pantanal. A cada edição nos surpreendemos com tanta informação interessante que podemos oferecer a você, nosso leitor especial. Esperamos mais uma vez que tenha uma boa leitura nas próximas páginas! Ellen Paula 36 44 Sumário 02 viagem | No Pantanal, falta do que fazer é história de pescador 08 eu e meu carro | Eva Wilma pisa fundo nas curvas, mas só no cinema 10 torque e potência | Caminhões terão de “emagrecer” para poupar estradas 14 casa e conforto | Novas tintas, pisos e texturas para escapar do lar básico 20 saudável e gostoso | Apimente a vida para combater dor de cabeça e estresse 26 tendências | Carro de plástico já não é sinônimo de brinquedo 30 grandes obras | Conheça a incrível fábrica de navios petroleiros 32 Brasil cresce | Estradas apostam em tecnologias que monitoram quase tudo 36 atitude cidadã | Hortas comunitárias brotam para 165 mil famílias pobres 40 aquilo deu nisso | Teste de carro já foi aventura pelas ruas das cidades 44 áudio | Os “mil tons” da bossa nova que ainda reverberam pelo Brasil Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (MKC). Se você tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 (outros locais) ou www.bosch.com.br/contato Presidente: Andreas Nobis • Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva • Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Jesuíno Arruda, 797, 10° andar, CEP 04532-082, São Paulo, SP, tel. (11) 3512-2100, fax (11) 3512-2105 / e-mail: [email protected] • Projeto gráfico e diagramação: Buono Disegno (renata@ buonodisegno.com.br), tel. 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As águas pantaneiras são o lar de pintados, dourados, piauçus, pacus, piraputangas, piranhas e o jaú, um bagre gigantesco que pode alcançar até 1,5 metro de comprimento e pesar mais de 100 quilos. O que torna o Pantanal uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo e um paraíso para pescadores são os ciclos de cheia e vazante do rio Paraguai e seus afluentes na planície. Os chamados pulsos de inundação fazem com que o Pantanal funcione como um grande coração. No período das chuvas, entre novembro e março, a paisagem praticamente se torna homogênea com o nível dos rios subindo até seis metros – o que força espécies de viagem | VidaBosch | aves e mamíferos a procurar regiões mais altas. Enquanto isso, a natureza se renova sob a água na forma de uma explosão das plantas aquáticas que compõem a base da cadeia alimentar e de peixes procurando a cabeceira dos rios para depositar seus ovos. Quando as chuvas cessam, o nível do rio Paraguai, principal artéria do Pantanal, baixa ao longo de vários meses. É nesse período que os animais – peixes, aves, répteis, mamíferos – encontram fartura de comida. O sobe-e-desce das águas permite a profusão de peixes que torna o Pantanal obrigatório no currículo de qualquer pescador esportivo. Os melhores meses para pescar são agosto e setembro – quando praticamente não chove, os rios estão nos seus níveis mais baixos e, por conseqüência, mais piscosos. Para que lado navegar? O grande eixo da pesca no Pantanal tem águas calmas, pouca declividade e mil quilômetros de extensão ligando os municípios de Cáceres e Poconé, no Mato Grosso, e as cidades sul-mato-grossenses Corumbá e Porto Murtinho. Há opções para todos os gostos e bolsos. Todo ano, 700 mil turistas desembarcam no Pantanal – dois terços são pescadores. Quem decidir rumar para o Mato Grosso do Sul deve ter a capital Campo Grande como ponto de partida. São 425 km até Corumbá, passando por Aquidauana (137 km) e Miranda (203 km); há também vôos diretos. Fundada em 1778, Corumbá teve o terceiro porto mais movimentado da América do Sul (atrás de Buenos Aires e Rio de Janeiro) até o início do século 20 e hoje é um ponto estratégico para quem pretende descortinar o universo pantaneiro. Além de hotéis e pousadas à beira do rio Paraguai, há roteiros de pesca nos luxuosos barcos-hotéis. Costumam incluir três noites a bordo e uma em algum hotel-fazenda, mas isso é negociável no caso de grupos. O barco-hotel é apenas a base para a pescaria. Os pescadores deixam o navio em pequenas lanchas, as “voadeiras”, e percorrem os rios guiados pelo “piloteiro”. O guia, parte da tripulação, é um pantaneiro que conhece toda a região e, necessariamente, pescador experiente, sabedor dos hábitos dos peixes e dos melhores pontos. Miro Nunes / Opção Brasil Imagens Os melhores meses para a pesca são agosto e setembro – quando chove pouco e os rios estão nos seus níveis mais baixos, facilitando a vida dos pescadores Barcos como o Kalypso (um dos maiores para turismo no Pantanal) são conhecidos pelo conforto. Os camarotes têm ar-condicionado e banheiro. No deque, é possível encontrar equipamento para ginástica e até uma piscina para relaxar depois da pescaria. Há embarcações de todos os tamanhos: para receber de duas a 90 pessoas. Como navegam à noite, é possível chegar a lugares distantes durante o sono. Acordar na Serra do Amolar é um dos passeios imperdíveis. Na divisa entre os dois Estados, forma-se uma barragem natural que reduz a velocidade de escoamento dos rios Paraguai, São Lourenço e afluentes, juntando extensas áreas alagadas com grandes lagoas e baías. Na região de Corumbá também é possível hospedar-se em fazendas adaptadas para o ecoturismo e para receber pescadores. Marcos Bergamasco/Folha Imagem O Pantanal é um paraíso não só para os pescadores: a flora e a fauna da região são uma atração à parte Nesse caso, pode-se optar pela pesca nas barrancas ou também pelo auxílio de piloteiros. Na parte urbana, há vida noturna razoavelmente agitada em bares e restaurantes e opções de compras de produtos importados em free shops instalados na cidade boliviana de Puerto Suarez, a 12 km do centro de Corumbá. Os municípios de Aquidauana e Miranda, que levam os nomes de seus respectivos rios (afluentes do Paraguai), são outras opções no Mato Grosso do Sul. Mais distantes da profusão de pescadores e turistas de Corumbá, as duas cidades, embora menores, contam com pousadas e hotéis que têm estrutura de limpeza e armazenamento do pescado para receber o pescador. Se você procurar no “Guiness - O Livro de Recordes” encontrará um verbete para Cáceres. O Festival Internacional de Pesca do município, que entra este ano na sua 28ª edição, é considerado o maior evento de pesca do mundo. Realizado na quinzena final de setembro, reúne centenas de equipes de até três pescadores. Após a fiscalização, os peixes são devolvidos ao rio Paraguai. Há programação de pesca infantil, que conta com a participação de centenas de crianças que jogam suas varas a partir das barrancas do rio. Durante o festival, acontecem eventos paralelos, como shows e mostra de artesanato. A cidade também conta com a reserva ecológica do Taiamã, considerada um berçário para peixes de 11,2 mil hectares, vigiada pela Marinha e pelo Ibama. Cáceres Para descobrir a porção norte do Pantanal deve-se ir a Cuiabá e, de lá, partir para Cáceres (215 km) ou para Poconé (102 km). Viajar até Poconé pela Rodovia Transpantaneira é uma aventura à parte. São mais de cem pontes de madeira no caminho que se transformou em uma das maiores atrações turísticas do Estado. Outras iscas O Pantanal conta com atrativos para fisgar também quem não gosta de pescar. Passeios de barco pelas belezas do ecossistema podem ser feitos no rio Paraguai e seus afluentes Cabaçal e Sepotuba. Embrenhar-se por essas águas, em alguns momentos, é como viajar pela história. A fazenda Descalvado, Luciano Candisani | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | G. Evangelista / Opção Brasil Imagens Para pescar no Pantanal, seja em barcos ou na barranca dos rios, é obrigatório ter licença ambiental a 120 km de Cáceres, é parada obrigatória nesse sentido. Fundada no final do século 19, já pertenceu ao magnata norte-americano Percival Farquhar (investidor que criou um império empresarial na América Latina no começo do século 20). A fazenda produtora de charque era de grande importância econômica para o Pantanal no começo do século passado – quando o rio era a principal via de abastecimento do Mato Grosso. Na visita é possível ver como era a sede da fazenda, composta de casarão, armazéns, escola e até uma igreja. Da viagem pela história para a viagem pela natureza, o rumo é Poconé. Lá, é possível hospedar-se em pousadas à beira do rio e alugar barcos com piloteiros. A cidade é o portal para o Parque Nacional do Pantanal. Para conhecer o parque é preciso ir de barco, saindo de Porto Jofre, com o acompanhamento de um guia e autorização do Ibama. Como não há estrutura de recepção, o passeio se resume a um dia. A pesca é proibida nessa região. Ali, as imagens da fauna exuberante – jacarés, capivaras e pássaros –são os grandes destaques. Peixes pantaneiros 163 MT SINOP 364 TANGARÁ DA SERRA CUIABÁ 174 RONDONÓPOLIS CÁCERES Bolívia PANTANAL 163 CORUMBÁ 262 AQUIDAUANA Paraguai CAMPO GRANDE MS Dourado: pode passar dos 15 kg. Prefere águas limpas e movimentadas e costuma ser atraído por iscas brancas. Uma vez fisgado, é um dos que mais brigam. Pacu: cinzento, pode pesar 15 kg. Prefere ficar em campos alagadiços durante o dia, só saindo para os rios à noite. Gosta de iscas como peixes, minhocas ou frutas, como o caju. Jaú: pode passar dos 100 kg. Não é fácil encontrá-lo na estiagem; procura as partes mais profundas do rio. O pescador precisa de material de pesca pesado e iscas como minhocuçu (minhoca de até 1,7 m) ou peixes pequenos vivos como tuvira e muçum. Pintado: tem pintas por todo o corpo. Pode superar 40 kg. Gosta de águas calmas. O ideal é se posicionar antes ou depois de corredeiras e usar iscas brancas. Prepare-se Arquivo Bosch Dicas Bosch Service Tem boi na estrada Um dos atrativos do Pantanal, o contato com a natureza, pode se tornar um problema quando se está ao volante, diante do risco de um animal (ou uma boiada inteira) cruzar seu caminho. Por isso, uma revisão do sistema de freios antes de partir se torna essencial. Se conservado e ajustado, ele garante uma frenagem segura, sob as mais diversas condições de tráfego. Na rede Bosch Car Service, profissionais experientes testam todo o sistema, da roda ao cilindro mestre (peça fundamental para o sistema de freio hidráulico). “Eles tiram e verificam todas as rodas, conferem se as pastilhas e discos estão gastos e se o nível de fluido está correto”, afirma Carlos Bahia, analista de marketing de produtos da Bosch. As principais peças que podem sofrer desgaste são as responsáveis pelo atrito que gera a frenagem — as pastilhas e os discos, ou as lonas e os tambores.“Em média, uma pastilha tem durabilidade de 30 mil km. Recomenda-se analisar com critério o estado dos discos de freio no momento da troca das pastilhas”, explica Bahia. Outro cuidado é avaliar a qualidade do fluido de freio —responsável pela transmissão de pressão na hora da frenagem. Para suportar o calor gerado pela frenagem, esse fluido tem uma temperatura de ebulição muito alta, que tende a cair quando o fluido absorve a água do ambiente. “É importante trocar o fluido de freio a cada 10 mil km ou a cada ano.” Pescadores com destino ao Pantanal devem estar atentos à legislação ambiental. A licença ambiental é obrigatória para pesca embarcada ou em barrancos dos rios. A autorização é individual. Após a pescaria, o turista deve passar em um posto da polícia ambiental para preencher a guia de controle, que comprova a origem e permite o transporte do pescado. As agências de turismo e hotéis da região ajudam a preencher os requisitos burocráticos. O ideal é levar o próprio equipamento de pesca, mas hotéis e barcos também o oferecem, assim como as iscas (a preços menos camaradas). Por lei, o pescador amador – que não depende da atividade para sobreviver – pode capturar e transportar no máximo 10 kg de peixe, além de um exemplar de qualquer peso – o troféu do turista. Todos os peixes devem atender aos tamanhos mínimos estabelecidos para captura de cada espécie. Lembre-se: é imprescindível aos aventureiros o uso de repelente de insetos, protetor solar, chapéu ou boné, roupas leves e, preferencialmente, botas impermeáveis. Onde ficar Onde comer Nacional Palace Rua América, 936 Corumbá - MS Tel.: (67) 3234-6000 (www.hnacional.com.br) Ceará Rua Albuquerque, 516 Corumbá - MS Tel.: (67) 3231-1930 Baiazinha Estrada do Barranco Vermelho, rio Paraguai (acesso de barco, 2h), km 94 Cáceres - MT Tel.: (65) 3291-1036 (www.hotelbaiazinha.com.br) Kaskata Flutuante - Peixaria Rua Coronel José Dulce, s/n (beira-rio) Cáceres - MT Tel.: (65) 3223-2916 Pousada Águas do Pantanal Av. Afonso Pena, 367 Miranda - MS Tel.: (67) 3242-1242 (www.aguasdopantanal..com.br) Zero Hora BR-262, km 558 (trevo de acesso) Miranda - MS Tel.: (67) 3242-1330 Porto Jofre Pantanal (beira-rio) Final da Rodovia Transpantaneira, a 145 km de Poconé Tel.: (65) 3623-0236 (www.portojofre.com.br) Shanandoah Praça da Bandeira, 93 Poconé -MT Tel.: (65) 3345-2628 | VidaBosch | eu e meu carro | Por Osmar Soares de Campos Alexandre Schneider Aventuras ao volante, só na ficção Em filme, a atriz Eva Wilma já dirigiu à toda pelas curvas do Corcovado; na vida real, prefere ser prudente U m jipe à toda velocidade sobe em direção ao cume do Corcovado, no Rio de Janeiro. Ao volante está Eva Wilma Riefle Buckup, que controla o veículo com perícia no sinuoso trajeto, apesar de seus cabelos estarem sendo puxados por um homem no banco de trás. No fim do percurso, levanta o freio de mão e desce do carro correndo, para fugir do agressor. “Assim que o diretor falou ‘corta!’, um grupo de marinheiros norte-americanos, no alto do Corcovado, começou a aplaudir”, lembra a atriz, com um riso carregado de simplicidade, simpatia e bom-humor. “Foi muito divertido.” Nessa cena final do filme “O Quinto Poder” (1964), dirigido por Alberto Piaralisi e Carlos Pedregal, Eva Wilma — cuja história de vida se confunde com a da TV, do teatro e do cinema brasileiros nos últimos 50 anos — precisou mostrar, no mundo das artes dramáticas, sua habilidade no controle das quatro rodas. E não decepcionou. Com uma câmera presa no capô, ela dominou o veículo enquanto a cena era gravada. “Me lembro que tive de guiar bastante nas curvas do Corcovado, com o jipe pesadão. E fiz com competência”, conta a atriz. Em uma época em que poucas mulheres arriscavam-se ao volante, no início da década de 50, Eva Wilma aprendeu a pilotar tão logo pôde tirar a carteira de motorista, aos 18 anos. O professor, seu pai, um alemão radicado no Brasil, desde cedo cultivou na filha a paixão por veículos, com seu Fiat Topolino — o principal veículo da família na infância e juventude da atriz. Mais tarde, dessa vez com o então marido, colega de profissão e pai de seus dois filhos, John Hebert, teve oportunidade de dirigir automóveis mais potentes. “No meu primeiro casamento, meu marido tinha mania de carro. Dizia, brincando, que um dia iria fazer um museu de carros no meu jardim. A peça principal seria um Camaro azul prateado”, diz. Com esse veículo da Chevrolet, Eva Wilma ia às gravações em Carapicuíba, na Grande São Paulo, de “Meu Pé de Laranja Lima” (1971), novela da Tupi que inaugurou as externas na TV brasileira. “Lembro que encostava meu pé no acelerador e parecia que o carro ia levantar vôo na estrada. As pessoas se admiravam de me ver chegar guiando um Camaro.” Dois anos mais tarde, ela fazia um de seus trabalhos de maior sucesso na televisão, “Mulheres de Areia” (1973), em que atuava como as duas personagens principais da novela — irmãs gêmeas de personalidades opostas. Na ocasião, um carro também protagonizou um momento importante em sua carreira — só que, desta vez, doloroso. Às vésperas de seu aniversário, ela dirigia seu Fusca preto em direção a Itanhaém, no litoral paulista, quando se envolveu em um acidente. Na descida da serra para Santos, em meio à chuva, um caminhão à sua frente foi fechado por um carro. “Encostei no breque, e meu carro deslizou para baixo do caminhão — foi perda total”, relembra. Ela sofreu ferimentos na face. “Eu tive de fazer duas ou três cirurgias plásticas, mas meu rosto ficou recomposto. E pude voltar à novela depois de alguns dias. Mas foi uma comoção nacional”, recorda. Ainda assim, não abandonou o volante. Hoje, fã do que chama de carros “firmes”, a atriz tem dois modelos: um Honda Fit em São Paulo e um Volkswagem Golf, no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, conta com um motorista particular, mas em São Paulo é ela mesma quem encara o trânsito. OFit traz uma regalia especialmente apreciada por Eva Wilma: tem câmbio automático, o que dispensa a embreagem. “A grande vantagem é o descanso da perna esquerda”, afirma a atriz, de 74 anos. Ainda assim, ela tenta evitar longos percursos e situações de risco. “Eu gosto muito de dirigir. Ainda gosto. Só que atualmente prefiro dirigir com calma, e não em um jipão na subida para o Corcovado”, brinca Eva Wilma, antes de soltar mais uma cativante risada. A Bosch na sua vida Antiderrapante Há 35 anos, os carros não dispunham de recursos tecnológicos que evitassem acidentes como aquele que ocorreu com Eva Wilma num dia de chuva de dezembro de 1973. Veículos mais modernos, porém, já podem contar com um sistema chamado Electronic Stability Program (ESP®), da Bosch, que reduz consideravelmente o risco de que o automóvel derrape ou perca a dirigibilidade em situações instáveis. Lançado pela Bosch em 1995, o ESP® é composto de um módulo eletrônico e de vários sensores. Ele monitora a direção que o veículo está seguindo, o comportamento da carroceria, a velocidade das rodas e, por meio da posição do volante, procura identificar qual é a intenção do motorista em diferentes momentos. Sempre que detecta uma situação de perigo, o ESP® intervém no sistema de freios e no motor. Em situação de chuva, quando o piso torna-se escorregadio, o ESP® pode detectar qualquer derrapagem ou até mesmo se o veículo não obedece ao comando do motorista. “Aí ele entra em atuação para ajudá-lo a voltar a uma condição segura de dirigibilidade e estabilidade”, diz o gerente de marketing da Divisão de Sistemas de Controle de Chassis da Bosch, Carlo Gibran. O ESP® não evita aquaplanagem, fenômeno físico em que, por causa da água na pista, a roda perde atrito com o asfalto — a provável causa do acidente de Eva Wilma. Mas pode ser bastante útil para corrigir um erro comum nessas ocasiões: o motorista pisar no freio. “Isso piora muito a situação, pois as rodas travam facilmente e eliminam qualquer chance de retomar o controle do veículo”, afirma Gibran. “Nesse caso, o ESP® intervém: não deixa as rodas travarem e diminui a rotação do motor. Portanto, ele age com a frieza necessária que poucos motoristas seriam capazes de ter naquele momento”, completa. O sistema está presente em alguns veículos fabricados no Brasil, como o Citröen C4 Pallas, o Fiat Stilo e o Volkswagen Golf, e em muitos modelos importados. Arquivo Bosch 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Manuel Alves Filho A lei da balança Nova resolução, mais rígida contra o sobrepeso de caminhões, proporcionará segurança nas estradas, aumentando a vida útil do asfalto Marcos André/Opção Brasil Imagens D epois da lei seca, promulgada para desestimular o consumo de álcool pelos motoristas brasileiros, vem aí mais uma legislação que traz a promessa de melhorar a segurança no trânsito das rodovias do país. A nova regra, que começa a ser aplicada a partir do último dia de 2008, reduz a tolerância para o excesso de carga em caminhões. Ao contrário do que possa parecer, a resolução 258 do Código de Trânsito Brasileiro, apelidada de lei da balança, não interessa somente aos setores de transporte de carga. Ao estabelecer um controle mais rígido sobre o excesso de peso, contribui para reduzir os danos que esse tipo de prática causa ao pavimento das rodovias – preocupação também dos proprietários de automóveis e usuários de transporte rodoviário. Quando entrar em vigor, o limite de sobrepeso vai passar de 7,5% da carga máxima permitida para 5%. Ou seja, quando estacionar sobre uma balança de estrada, um caminhão feito para carregar até 10 mil kg poderá ter, no máximo, 10.500 kg (ao invés dos 10.750 kg anteriores) de carga, ou pagará multa. A mudança soa pequena, mas faz uma grande diferença, levando-se em conta que muitos transportadores andam no limite. O estrago provocado no asfalto pelos caminhões que circulam com carga além do peso máximo estipulado pelos fabricantes é exponencial, explica Neuto Gonçalves dos Reis, coordenador técnico da NTC & Logística, entidade que congrega empresas do setor. De acordo com ele, o sobrepeso permitido pela regra atual pode aumentar em 35,7% o desgaste da estrada, contra um aumento de apenas 21,5% com o sobrepeso tolerado pela lei da balança. Trocando em miúdos: com os caminhões rodando no limite da lei atual, a vida útil do pavimento é reduzida em um terço. Com a nova legislação, a mesma situação levará a uma redução de apenas um quarto da vida útil do asfalto. Uma estrada com previsão para durar dez anos pode ganhar quase um ano de 12 | VidaBosch | torque e potência torque e potência | VidaBosch | 13 Alexandre Campbell/Folha Imagem balanças deveriam ter sido entregues em agosto de 2007). O peso da lei O Brasil gasta R$ 1,5 bilhão por ano para recuperar suas estradas vida por conta dessa redução no desgaste. Qualquer tempo a mais de conservação é muito bem-vindo, considerando-se que o Brasil gasta R$ 1,5 bilhão para recuperar a malha viária por ano, de acordo com estimativa do Instituto Militar de Engenharia (IME). Mas a vantagem de coibir o tráfego de veículos com excesso de carga não se restringe à preservação das estradas. Um caminhão que transporta mercadorias com peso acima do recomendado, normalmente, apresenta problemas de dirigibilidade. “Uma carreta muito pesada pode ter dificuldade para fazer uma curva. Ademais, o excesso de peso pode comprometer a suspensão, os freios e os pneus do veículo. Nessas circunstâncias, crescem as possibilidades de acidentes”, adverte Neuto dos Reis. Na opinião do coordenador técnico, a lei da balança também trará ganhos aos transportadores, sejam eles autônomos ou pessoas jurídicas. “Quando os caminhões circulam mais leves e por estradas mais bem conservadas, o custo de operação cai, pois o consumo de combustível é menor e os veículos necessitam de menos reparos”, acrescenta. Cálculos de entidades empresariais e sindicatos do setor apontam que a economia nesse sentido pode chegar a 30%. Outro benefício da norma aos transportadores, ainda de acordo com Reis, refere-se à provável ampliação do número de fretes. A explicação é matemática: com os veículos carregando menos carga, será preciso mais viagens para escoar a produção nacional. Benefício para os transportadores, mas possibilidade de transtorno para os consumidores: mais viagens podem significar um aumento do peso do frete no preço final das mercadorias. Os sindicalistas compartilham da análise positiva. A categoria sempre foi favorável ao controle do excesso de peso por considerá-lo nocivo em razão dos problemas de segurança, segundo Diumar Bueno, presidente da Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Fenacam), entidade que representa os caminhoneiros de todo o país, exceto os de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande O excesso de peso pode comprometer a suspensão, os freios e os pneus do veículo, além de criar dificuldades para fazer uma curva do Sul. “De maneira geral, não creio que ela [a nova legislação] traga grandes transtornos para a categoria”, afirma. O dirigente sindical duvida, porém, que os órgãos competentes consigam exercer, de imediato, um controle efetivo sobre as irregularidades. Para ele, falta estrutura de fiscalização ao país. “Atualmente, esse trabalho praticamente inexiste. Faltam balanças e agentes na maioria das rodovias. Se essa deficiência não for superada, quem costuma descumprir a lei vai continuar agindo da mesma forma”, infere. Neuto dos Reis concorda, citando o fato de que o governo federal conta com apenas 90 balanças, a maioria fora de operação. Existe um plano para a instalação de 220 novas unidades nas estradas federais, com dinheiro vindo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas a execução está atrasada (as A nova regra também acaba com um abuso comum quando não há balanças nas estradas. Nesses casos (ou quando a balança está quebrada), o peso é conferido pela nota fiscal da carga. Alguns caminhoneiros têm por costume incorporar esse sobrepeso no momento de carregar para transportar mais produtos de uma vez – isso faz com que a transgressão dentro da tolerância fique expressa na nota fiscal. Ou seja, usam a brecha legal para ficar sempre no limite. A lei da balança proíbe essa prática, fixando a tolerância de 5% como exclusivamente para “suprir a incerteza de medição do equipamento de pesagem”, uma margem de erro. Dessa forma, se um caminhão for parado com carga acima do limite já na nota fiscal, não existirá mais tolerância: é multa. As punições, agora, serão progressivas. Na norma anterior, qualquer transgressão era multada com um valor fixo a cada 200 kg. A partir de 31 de dezembro de 2008, a punição obedecerá a faixas de excesso. Com até 600 kg de sobrepeso, por exemplo, a multa será de R$ 5,32 para cada 200 kg que exceder o limite. Acima de 5.000 kg de sobrepeso, o valor sobe para R$ 53,20 em relação aos mesmos 200 kg. Some-se a esses valores a multa de R$ 85,13 pela infração de trânsito e o registro de quatro pontos na carteira de habilitação do condutor. Preocupadas com a possibilidade de os transportadores de carga não se adequarem à lei da balança, entidades e empresas ligadas ao setor têm promovido campanhas de orientação junto aos caminhoneiros. A AutoBan, concessionária que administra o sistema Anhangüera-Bandeirantes, um dos mais movimentados do Brasil, produziu e distribuiu, no começo deste ano, cerca de 50 mil folhetos explicativos. O objetivo da iniciativa foi alertar os caminhoneiros sobre a nova legislação, de acordo com o engenheiro Fausto Cabral, gestor de interação com o cliente da AutoBan. “Grande parte das colisões traseiras ocorre por causa de carretas que trafegam em aclive em baixa velocidade”, informa. A Bosch na sua vida Presença de peso no setor, há 30 anos Dezenove em cada 20 caminhões no Brasil usam injetores de combustível diesel da Bosch. A durabilidade dos equipamentos permite que um veículo rode até 1 milhão de quilômetros — o suficiente para dar 25 voltas ao mundo pela Linha do Equador (aproximadamente, 40 mil quilômetros). Os injetores são apenas um exemplo da forte presença da empresa no setor. Produzindo sistemas de injeção para caminhões, ônibus, picapes, tratores, máquinas agrícolas e outros veículos com motores a diesel, a unidade da Bosch em Curitiba completa em 2008 seu trigésimo aniversário. A fábrica, que detém o certificado ISO 14001 (conferido a empresas com sistema de gestão ambiental de qualidade comprovada) desde 2003, é a mais importante produtora desse tipo de sistema na América Latina e uma das maiores do mundo. A unidade começou a funcionar em fevereiro de 1978, em um espaço de 11 mil m², contando com 150 colaboradores e, desde então, não parou de crescer. Hoje, com faturamento anual de R$ 1,4 bilhão, tem ao todo 72 mil m² e emprega cerca de 4.800 funcionários. A fábrica, que iniciou suas atividades com a produção da linha de injetor DN, foi projetada para absorver toda a linha de diesel da Bosch no Brasil. “Havia busca por mão-de-obra qualificada para a indústria e uma tendência, na época, da migração do pólo automotivo, muito concentrado em São Paulo, para o Sul”, relata José Mauro Pelosi, presidente regional da Divisão Sistemas Diesel da Robert Bosch América Latina. “A expansão no setor diesel se deveu muito à decisão de trazer a fábrica para Curitiba. Não só em termos da ampliação da linha de produtos, mas também da dedicação de um local apenas para essa tecnologia”, afirma Pelosi. Após anos de crescimento, a unidade de Curitiba foi eleita, em 2003, a maior exportadora de autopeças da região Sul em ranking elaborado para a Revista Expressão, da Secretaria de Comércio Exterior do Brasil. “Hoje, nós somos líderes de mercado e agentes principais no setor diesel no Brasil”, conclui Pelosi. Arquivo Bosch 14 | VidaBosch | casa e conforto | Por Beatriz Levischi Do jeito que o dono gosta Svetlana Larina Mais opções de tintas, pisos, estofados, texturas e técnicas de reforma de móveis facilitam a tarefa de deixar o lar com a sua cara ar uma cara nova à sua casa é o primeiro passo para mudar de vida. Falta de dinheiro não é desculpa para manter tudo como está, segundo especialistas em arquitetura e design. É possível personalizar o ambiente e adaptar o lar aos gostos, aos hábitos e às manias do morador. Se antigamente as opções eram poucas e itens como parede branca, sofá bege e armários quadrados se repetiam em boa parte das casas, hoje não há razão para continuar com essa uniformidade. A criatividade ganhou um grande impulso de novos materiais, tintas, móveis e objetos de decoração. “Brinque com cores e texturas, visite mercados populares, troque os móveis de lugar, esconda algo durante um tempo para voltar a achar bacana”, sugere Roberto Dimbério, ex-diretor geral da Casa Cor e consultor da “Casa Cláudia” há 25 anos. Não se esqueça também da atmosfera, sugere ele. “Uma música especial, um aroma diferente, uma meia-luz já criam outro ambiente.” Para se inspirar, busque subsídios em revistas, feiras de decoração e consultorias de lojas. Escolha uma amostra, teste e pense bastante antes de bater o martelo. Afinal, compras para o lar são mais caras e complicadas que as pessoais, independentemente do tamanho da casa. “Eu não acredito em tamanho de residência, acredito em projetos bem elaborados. Se não ousarmos de vez em quando, tudo fica bege. Quanto mais humor, mais personalidade”, afirma Moreno, decorador que monta os ambientes fotografados para capas de publicações especializadas. A ousadia e a vontade de personalizar os ambientes crescem no Brasil. O segmento de decoração e arquitetura de interiores faturou R$ 36 milhões em 2007, de acordo com a Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD) – um crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Atualmente, há cerca de 40 mil profissionais da área registrados no Brasil. O mercado destinado a clientes com renda familiar mensal acima de US$ 2,5 mil abrange um universo de mais de 6,5 mil lojas, segundo a ABD. São estabelecimentos que arrecadam R$ 5,3 bilhões ao Helder Almeida D Cores fortes e expressivas como o roxo, o beterraba, o violeta e o verde são indicadas por especialistas para dar personalidade ao ambiente 16 | VidaBosch | casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 17 Tecidos lisos para sofá, nos quais as garras não engancham, podem ser a opção ideal para conter os danos causados por gatos e cachorros dentro de casa ano com venda de mobiliário, iluminação, revestimentos e acessórios. MalibuBooks O que pode ser mudado Wiret/Shutterstock Combinação de tons de tinta no computador permite escapar da monotonia do branco Pintar paredes, laquear (aplicar pintura especial para a madeira em móveis antigos) e trocar o revestimento dos estofados são as customizações mais simples e acessíveis. “Cor significa emoção. Pesquise a que tem mais a ver com o seu momento e abuse dos dons artísticos”, opina Dimbério. Intervenções radicais, no entanto, enjoam fácil e devem ser evitadas se não há dinheiro (ou paciência) para ficar promovendo mudanças regularmente. A cor exata de tinta que você viu e pela qual se apaixonou já pode ser atingida com mais facilidade. Graças ao sistema tintométrico, responsável pela personalização computadorizada de tons conforme o desejo do cliente, milhares de combinações são possíveis. Existem também tintas específicas para banheiro (com maior resistência à umidade), porta (mais adequada à madeira) e área externa (de maior durabilidade). E as mais variadas texturas. Formas geométricas, adesivos, revestimento com grafismos e outras releituras do velho papel de parede podem substituir quadros. “Vale desenho, foto ou qualquer imagem que respeite o equilíbrio das cores e seja proporcional ao ambiente. Um cliente nosso, por exemplo, encheu o quarto do filho de personagens de histórias em quadrinho”, conta a arquiteta Fernanda Belloto. Dimbério lembra que a diversidade de palhas e fibras do Brasil pode também colaborar com novas releituras do ambiente. “Traga as texturas de fora para dentro de casa. Forrar um cômodo com esteiras fica bonito e custa pouco”, diz. Para escolher as estampas de móveis e almofadas, leve em consideração a harmonia entre os desenhos e se guie pelo bom senso. “Graças a Deus, não tem mais aquela coisa de xadrez para os meninos e floral para as meninas. Usando o bom senso, dá para combinar legal xadrez com listras e flores”, garante Dimbério. Ruas de comércio popular, como a 25 de Março, em São Paulo, apresentam uma infinidade de opções baratas, basta se guiar pelo toque que mais agrada. Quem tem criança pequena e se recusa a esconder o sofá sob capas pode mandar impermeabilizar. “Já os tecidos lisos, em que as garras não enganchem, podem ser a solução para conter os danos causados por gatos e cachorros”, indica Fernanda Belloto. Laquear um armário de época pode recuperá-lo e dar um charme ao ambiente. Se quiser fazer sozinho, para economizar, não esqueça de pedir uma pistola de pintura emprestada. “O acabamento fica muito melhor do que com o pincel”, comenta a arquiteta Fernanda Pinto Coelho. Extras Para quem dispõe de mais recursos, a customização pode ser ampliada. Invista na iluminação (quando a luz natural não der conta do recado) e crie atmosferas específicas: “Na lavanderia, vale a intensidade. Nas áreas íntimas, o clima deve ser de descanso, aconchego. Nos espaços sociais, as pessoas precisam se sentir bonitas. Lâmpadas fluorescentes destroem qualquer visual”, afirma Dimbério. Suportes direcionáveis permitem que se valorizem detalhes, destacando um quadro colorido, um tapete importado, uma mesinha de centro. “Os pontos de luz e sombra criados por focos fechados ficam ainda mais interessantes nos vegetais. Só não convém apontar para o sofá, pois, além de esquentar, as pessoas farão vultos nelas mesmas”, adverte Fernanda Belloto. Pisos também estão entre as opções mais caras de personalização. Antes de escolher, analise bem quais são as necessidades de uso e manutenção. “Laminado faz barulho quando se anda, madeira risca mais fácil, cerâmica já é mais resistente”, cita Fernanda Belloto. Na relação custo-benefício, Edson Barone, professor da pós-graduação em design de interiores da Faap, aconselha o porcelanato. E quanto mais liso, melhor. Dimbério ressalta a importância da limpeza, principalmente A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Temperatura personalizada Para não abrir mão de estilo, até os equipamentos domésticos po dem combinar com a decoração. Mas é importante que eles unam beleza, economia e praticidade. É o caso do aquecedor de água da Bosch GWH 500 CTD E. Compacto, ele se encaixa com fa cilidade mesmo em lavanderias pe quenas — nada a ver com aqueles modelos já ultrapassados de aque cedores grandes e antiestéticos. A concepção moderna do aparelho se mostra também em seu funciona mento: um painel digital permite selecionar a temperatura da água quente, entre 37 ºC e 70 ºC. Se quiser menos que isso, basta mis turar com a água fria. Além disso, o aparelho atende a três chuveiros ao mesmo tempo, garantindo 8 litros por minuto a cada um deles. A vantagem é que o grau de aquecimento da água não sofre alterações. Por isso, não é preciso, por exemplo, abrir pouco o regis tro para que a água fique quente, o que garante uma ducha forte e com temperatura confortável no inverno. O aparelho é econômico, pois usa gás – mais barato que a eletricidade. E seguro: quatro siste mas forçam a saída de produtos da combustão do gás (como monóxido de carbono e impurezas). 18 | VidaBosch | casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 19 Ersler Dmitry Kotik/Shutterstock Dicas de Milão A arquiteta Fernanda Pinto Coelho viajou à Itália para conferir o Salão Internacional do Móvel de Milão (www. cosmit. it), evento anual em que as grandes marcas apresentam suas coleções, e conta aos leitores da VidaBosch quais são as novidades lá fora. Formas Arredondadas. Paredes cobertas de vidro; adesivos representando a natureza; gigantogra fias (imagens que ocupam espaços in teiros). Cores Fortes, expressivas, com brilho; roxo, violeta, beterraba, azul, verde, cappuccino; mistura de aço cromado, prata e dourado. Pisos Madeira tipo demolição, reciclada (já foi usada e está sendo reutilizada), sem acabamento, rústica, com emen das aparentes. Tecidos Tricô e feltro. Eletrodomésticos Embutidos nos armá rios, quase imperceptíveis, em harmonia com o ambiente. Móveis Desenhos limpos, com poucos Pisos lisos como porcelanato, em que uma passada de pano deve servir para eliminar poeira e ácaros, são recomendados para casas que têm pessoas com alergia ou doenças respiratórias Usar cores, texturas e materiais diferentes é uma maneira de personalizar os ambientes da casa detalhes e puxadores embutidos; ma deiras claras, de reflorestamento, que não destroem a natureza; texturas lisas, com ar contemporâneo. para quem tem crianças alérgicas. “Em um país tropical como o nosso, a facilidade de limpeza mostra-se essencial. Uma passada de pano úmido, portanto, deve servir para eliminar depósitos de ácaro e poeira.” Até os eletrodomésticos podem colaborar com a decoração, aliando design e tecnologia. “A cozinha tem se tornado um ambiente de convívio social, lugar em que as pessoas se reúnem para conversar, festejar, dar risada”, ressalta Barone. Mas a manutenção dos aparelhos também precisa ser levada em consideração, lembra Dimbério. “Procure o selo do Inmetro. Pense se você precisa mesmo de todos eles. Prefira os que consomem menos energia, os que poluem menos.” Para quem se preocupa com a sustentabilidade e pode gastar, há ainda uma gama variada de matérias-primas. “Materiais que puxam para a terra, tecidos com fibras, tintas a base de água ao invés de solvente químico e madeiras certificadas para piso estão em evidência”, conta Barone. Gafes Conhecer os novos materiais, equipamentos e acabamentos disponíveis mostra-se essencial, mas não se prenda a modismos. A obrigação de seguir um estilo é uma armadilha, porque a moda passa e o gosto fica. “Prefira algo que o faça se sentir bem, alegre, confortável, relaxado”, aconselha Barone. E aproveite cada espacinho da sua casa, de acordo com o uso que faz dele. “Não existe maior erro que manter uma sala de jantar montada para oito pessoas e só usar no Natal”, exemplifica Dimbério. Escolher fornecedores que cobrem barato demais também pode dar dor de cabeça. “Pequenos detalhes interferem no resultado final. Um acabamento mal executado estraga qualquer customização”, alerta Barone. Tome cuidado, ainda, para que os elementos da composição (comprados em lojas diferentes, sem a visão do conjunto) não se anulem. “Ao invés de juntar tapete listrado, sofá xadrez, mil quadros, monte o ambiente em função de um deles”, sugere Fernanda Belotto. 20 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Maria Eduarda Mattar Fotos Novy Arde, mas faz bem Da esquerda para a direita, dois tipos de pimentado-reino e a pimentarosa Substância responsável pela característica picante das pimentas é a mesma que ajuda a aliviar dor de cabeça e estresse Chester F E Pimentas do tipo dedo-demoça, muito usadas no Sul do Brasil la tempera desde carnes até chocolates e pode ter uma diversidade de cores, formas e nomes. Além de reverenciada por quem gosta de presentear o paladar com sensações fortes, vem sendo apreciada também pelos seus benefícios à saúde. Trata-se da pimenta. Ou melhor, das pimentas: esses frutos que pertencem ao gênero Capsicum, que inclui pimentas e pimentões, têm mais de 25 espécies e, dentro delas, dezenas de variedades. “Pimenta” vem do sânscrito e tem a mesma origem da palavra pigmento. “A raiz das duas remete a tudo que denota a sensação de cortante”, diz o historiador chileno Enrique Rentería, professor da disciplina Design e Tradição na Gastronomia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Engana-se, porém, quem pensa que a cor vermelha e o sabor picante são comuns a todos os tipos de pimenta. Pelo contrário: as cores variam do vermelho ao verde, passando por amarelo, laranja e tons de bege. A característica picante, provocada por uma substância chamada capsaicina, não está presente em algumas variedades. Mas é mesmo pela picância que elas são célebres. Há até uma escala para medi-la, a escala de Scoville, que varia de 16 milhões de unidades — o nível da capsaicina pura — a zero, grau alcançado por algumas espécies de pimentão (não por acaso chamado em inglês de sweet pepper). A malagueta, pimenta mais difundida no Brasil, tem entre 50 mil a 100 mil unidades. O título de pimenta mais “quente” pertence à bhut jolokia, da Índia, que pode chegar ao impressionante grau de 1 milhão de unidades. Das Américas para o mundo No Brasil, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), existem 33 variedades. As pimentas estão entre as dez hortaliças mais consumidas no país, que tem uma produção anual de 470 mil toneladas nos cerca de 16 mil hectares cultivados com os frutos, de acordo com dados de uma pesquisa preliminar feita pela instituição. “Os estados que mais produzem pimentas e pimentões são Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Em se tratando somente de pimenta, Goiás e Bahia estão no topo do ranking”, diz o pesquisador Geovani Amaro, da Embrapa. É compreensível que pimentas floresçam tão bem em terras tupiniquins: o gênero Capsicum é originário das Américas. “A versão mais aceita é que Cristóvão Colombo ‘descobriu’ a pimenta na sua segunda viagem à América, quando aportou na área perto do que hoje é o México”, conta o professor Rentería. Colombo teria então levado as frutinhas picantes para a Europa, que foram dali propagadas pelo mundo. Atualmente, elas são vedetes na culinária de alguns países, com destaque para México, Índia, Tailândia e algumas regiões da China. Estão praticamente em todos os pratos da cozinha mexicana, como os tradicionais burritos e enchilladas, e da indiana. “Há um consenso que sugere a utilização das pimentas aromáticas, mais leves, com 22 | VidaBosch | saudável e gostoso Palavra igual, comida diferente O uso quase indiscriminado da palavra “pimenta” para designar uma variedade grande de condimentos não faz jus às diferenças dos temperos. A principal delas é entre as pimentas, os frutos picantes e originários das Américas, e a pimentado-reino, os grãos que remontam à Ásia antiga. “O uso da mesma palavra no português causa uma confusão gigantesca”, resume Enrique Rentería, professor de Design e Tradição na Gastronomia na PUC-RJ. A culpa, em parte, é de Cristóvão Colombo. Quando chegou às Américas e encontrou os frutinhos ardidos, deu a eles um nome já familiar. “Deu o nome de pimienta, como era chamada a pimenta-do-reino, na época levada para a Europa pelos árabes”, explica Rentería. “No entanto, elas não são nem da mesma família”, ressalta. As pimentas e pimentões são da família Solanaceae, gênero Capsicum, e têm na capsaicina a substância principal. A pimenta-do-reino é da família Piperaceae, gênero Piper, e seu elemento central é a piperina. saudável e gostoso | VidaBosch | 23 carnes brancas e o uso das ardentes com carnes vermelhas”, diz Nelo Linguanotto autor do “Dicionário gastronômico: Pimentas com suas receitas” (Boccato Editores). “Mas, como cada pessoa tem uma tolerância muito pessoal à pimenta, há aqueles, como eu, que usam em todo tipo de comida”, completa. Em jantares e festas, sugere, é mais indicado não adicionar pimenta diretamente aos pratos, mas sim preparar o molho ou combinação com o condimento e deixar à parte, para que cada pessoa adicione a gosto. No Brasil, as diferentes regiões apreciam diferentes pimentas. “No Sul, usa-se muito a dedo-de-moça. No Sudeste, a malagueta. Os mineiros plantam bastante a cumari, de difícil produção e preço caro”, relata Amaro, da Embrapa. Além do tempero Mas tanto sabor e variedade não são os únicos atrativos das pimentas. Elas vêm sendo encaradas cada vez mais como alimentos funcionais — aqueles que têm um papel a cumprir também na saúde das pessoas, não só o de encher o estômago. A capsaicina é a principal responsável pelos benefícios. Quando ingerida, causa no corpo uma reação que o cérebro interpreta como “incêndio” e, por isso, começa a liberar endorfina, um dos principais responsáveis pela sensação de bem-estar. Gerald Bernard Pimentões coloridos do tipo Capsicum annuum “A endorfina, por sua vez, causa a liberação de adrenalina, intensificando a sensação de prazer. Isso ajuda na cura de dores de cabeça e no alívio do estresse”, atesta a nutricionista Daniella Fialho, professora de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As espécies de Capsicum são também vasodilatadoras, muito ricas em vitamina C — possuem maior concentração da substância que as laranjas —, têm função antiinflamatória e possuem carotenóides, importantes antioxidantes que ajudam a combater o envelhecimento. Pimentas estão entre as dez hortaliças mais consumidas no país. Produção nacional, de 470 mil toneladas por ano, ocupa 16 mil hectares, segundo a Embrapa O consumo em excesso, como no caso de qualquer alimento, não é indicado. Não porque a pimenta faça de fato mal ao sistema digestivo, como popularmente é disseminado. Mas porque pode causar reações alérgicas, especialmente nas pessoas que já apresentam algum problema gastrointestinal. Ingerir com moderação é, então, a cha- ve. “Estudos internacionais recomendam o consumo de 3 a 4 gramas de pimenta por dia”, afirma a nutricionista Daniella. Márcio Bontempo, médico especializado em saúde pública e autor do livro “Pimenta e seus benefícios à saúde” (Editora Alaúde), indica que muito desse consumo deve ser feito quando se for comer alimentos gordurosos e derivados do leite. Além de sabor, as pimentas agregam vantagens à digestão desses alimentos. “Os laticínios fornecem gordura saturada quando ingeridos e estimulam a produção de muco. A pimenta reduz isso já no alimento, quando é consumida em conjunto “, analisa o médico. A ação anti-radicais livres, aliada à capacidade de causar bem-estar, torna a pimenta uma boa aliada, por tabela, no tratamento da obesidade. “Ela melhora a retirada de toxinas das células e reduz a oxidação lipídica, responsável pela liberação de radicais livres, bastante presentes na obesidade”, diz Bontempo. “Somado a isso, a sensação de prazer vinda da endorfina provoca saciedade e reduz a ansiedade alimentar. Então, a pimenta ajuda também a emagrecer”, completa ele. Mais uma entre as muitas razões para apimentar a vida. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Fotos Arquivo Bosch A intensidade certa, no tempo certo Os pratos com pimenta freqüentemente levam ingredientes diferentes, que, às vezes, têm de ser preparados em panelas diferentes. Lidar com as particularidades de cada um deles não é tarefa simples — se permanecerem mais tempo no fogo do que o indicado, correm o risco de passar do ponto; se permanecerem menos, ficam crus. Esse processo torna-se mais fácil com o Cooktop 90 cm, lançado recentemente pela Bosch. O equipamento vem com uma função de memorização: o usuário pode gravar potências e tempos de preparo de diversos pratos e acioná-los quando necessário. É só apertar um botão — o cooktop cuida do resto: aquece no tempo e na potência gravados. Outro recurso que ajuda a cozinhar com mais precisão são os quatro timers (um por queimador). É possível programar um tempo diferente de cozimento para cada um deles — finalizado o período escolhido, a respectiva zona de aquecimento é desligada automaticamente. Outro diferencial é que, por ter apenas 35 centímetros de profundidade, o cooktop pode ser instalado em bancadas estreitas — algo essencial em cozinhas pequenas. Cozido por inteiro Os diversos tipos de pimenta são bastante usados em assados, principalmente carnes e aves, e tortas salgadas. Esses são pratos em que é necessário prestar atenção a seu cozimento uniforme, para evitar a desagradável situação de cortar um pedaço que esteja mais cru que outro. Uma das maneiras de driblar esse problema é com o Forno 90 cm da Bosch, que permite a circulação do ar quente por seu interior. Nos modelos convencionais, o calor vem de cima e de baixo da prateleira onde o alimento é cozido. O forno elétrico da Bosch, também lançado recentemente, possui um ventilador na parede interior traseira, que permite que o ar quente se espalhe por toda parte interna do forno. Isso garante uniformidade e rapidez no preparo de alimentos. O Forno 90 cm é equipado com prateleira regulável — há cinco alturas disponíveis, o que torna possível o preparo dos mais diversos tipos de prato. Possui ainda timer, relógio digital e porta fria, que não ultrapassa os 50ºC. 24 | VidaBosch | saudável e gostoso saudável e gostoso | VidaBosch | 25 Dedo de moço Celso Nascimento, que começou a trabalhar em cozinha aos 23 anos e hoje é chef renomado em Natal, ensina a fazer seu famoso molho de pimenta O chef no restaurante Camarões Potiguar: “há espaço no mercado para pimentas mais fortes” Q uem conhece o chef Celso Nascimento, 43 anos, não imagina que ele começou a freqüentar uma cozinha por pura necessidade. Hoje, está à frente do Camarões Potiguar, celebrado restaurante da capital do Rio Grande do Norte que, com dois anos de existência, já ficou em segundo lugar na eleição 2007 da Veja Natal. Nascido e criado na turística Natal, aos 23 anos, precisando de dinheiro, foi procurar emprego em um dos hotéis da cidade. Conseguiu vaga de ajudante de cozinha. “Não tinha jeito, era o único cargo que encontrei”, relembra. Logo foi promovido a cozinheiro e, em menos de dois anos, saiu de lá para ocupar a mesma função em um outro hotel. Mas, em pouco mais de um ano, ele trocou os hotéis pelo então recém-inaugurado restaurante Camarões, irmão mais velho da mesma cadeia do Camarões Potiguar. No novo emprego, voltou a ocupar a função de ajudante de cozinha. Isso foi há 18 anos. Desde então, não saiu mais dos restaurantes da rede e neles se aperfeiçoou. Assim passou a ocupar, há quase seis anos, cargos de chefia. Em 2005, quando o Camarões Potiguar foi inaugurado, ele assumiu o comando dos fogões e receitas. E é no terreno anexo ao estacionamento do restaurante que cultiva três variedades de pimenta — do pará, malagueta e dedo-demoça — que usa para elaborar seu já famoso molho com os frutos. Criada há oito anos, sua invenção é oferecida aos clientes do restaurante que desejam avivar o sabor dos pratos e apreciam sabores muito picantes. “Preparávamos os molhos e deixávamos nas mesas para as pessoas usarem. O pessoal começou a pedir para comprar e levar para casa. Mas não temos licença e é algo caseiro, não vendemos”, conta. Segundo Celso, o molho — que leva ainda vinagre, alho e sal — é muito forte e seu sucesso mostra como existe demanda por pimentas de mais, digamos, personalidade. A receita desse molho é uma das que ele apresenta aos leitores da VidaBosch. Camarões Potiguar R. Pedro Fonseca Filho, 8.887 Ponta Negra, Natal (84) 3209-2425 Fotos Pablo Pinheiro Moqueca tropical de camarão com pimenta Ingredientes 1 tomate cortado em cubos 1 cebola cortada em cubos ½ pimentão cortado em cubos 100 ml de leite de coco 2 pedaços de coco verde 1 colher de chá de molho de pimenta 2 colheres de sopa de azeite de dendê 100 g de manga cortada em pedaços 100 g de abacaxi cortado em pedaços 200 g de refogado de verduras (feito com 1 e ½ tomate, ½ cebola e ½ pimentão, cozidos com água e, depois, batidos no liquidificador com um pouco da água do cozimento) 300 g de filé de camarão 20 g de cheiro verde (cebolinha e coentro) Sal a gosto Molho de pimenta Ingredientes 250 g de pimenta malagueta 500 ml de vinagre de vinho 1/2 colher de sopa de alho picado 1 colher de chá de sal 1/2 colher de chá de pimenta-do-reino Modo de preparo Colocar tudo no liquidificador, até atingir o ponto de suco. Coar e colocar em frascos. Essa receita rende um litro de pimenta. Modo de preparo Temperar o camarão descascado e limpo e colocar em uma frigideira bem quente. Acrescentar o tomate, o pimentão e a cebola cortados em cubos. Deixar cozinhar por 2 minutos. Acrescentar em seguida as frutas, o dendê, o coco, o leite de coco, o molho de pimenta, o refogado, o cheiro verde, sal a gosto e misturar tudo. Deixar cozinhar por mais 2 minutos apenas, para o camarão não endurecer, e retirar do fogo. 26 | VidaBosch | tendências | Por Fabiano Pereira Igor Terekhov Operação plástica De botões no painel a pára-choques na cor da carroceria, cada vez mais partes dos carros são feitas de polímeros, que contribuem para a redução do peso dos automóveis P oucos dos materiais empregados em automóveis se desenvolveram tanto em variedade, qualidade e tipos de aplicação nas duas últimas décadas quanto o plástico. Há uma série de vantagens no uso de resinas: permitem produzir peças mais fácil e rapidamente, com formas mais elaboradas e material mais leve — o que ajuda a melhorar o desempenho e a economizar combustível. Antes restritos a peças pequenas, como os botões do painel, hoje os plásticos estão presentes em muitas partes estruturais do interior do veículo, no acabamento do motor, nas calotas, nos faróis, nas lanternas e até nos pára-choques e pára-lamas. Graças aos compostos (combinações de dois materiais que geram um terceiro de alta resistência), há estudos para substituir o vidro e partes metálicas por tipos mais recentes de plástico. Derivado do petróleo, o plástico surgiu no século 19, mas o uso em produtos industriais só se deu a partir da 2ª Guerra Mundial, impulsionado pela aviação. Nos anos 50 e 60, os polímeros (grandes cadeias de moléculas que formam os plásticos) passaram a ter outras aplicações industriais. “Pouco após a corrida espacial, eles começaram a entrar na indústria automobilística e foram se desenvolvendo em famílias de materiais”, afirma Guilherme Wolf Lebrão, professor do Instituto Mauá de Tecnologia. Um dos maiores desafios desse processo foi – e continua sendo – driblar as leis de projeto, regras constatadas sobre o comportamento dos materiais em relação ao tempo e à temperatura. Colocada uma carga sobre uma peça, por exemplo, a deformação no metal é razoavelmente previsível, mas, no plástico, varia de acordo com o tempo. tendências tendências | VidaBosch | 29 Fotos Igor Terekhov Antes restritos aos botões do painel, plásticos hoje são usados em estruturas do motor, faróis, calotas e peças no interior do veículo A familiaridade com os materiais mais rígidos explica por que, nos anos 50 e 60, o termofixo baquelite (polímero duro e resistente ao calor) foi uma das primeiras resinas plásticas usadas em automóveis. Era usado em botões e tampas de painel, volante e tampa do distribuidor. No fim dos anos 70, italianos desenvolviam projetos com uso maior de plástico (pára-choque e peças internas). Porém, não havia como simular o desgaste do material em computadores, naquela época. O potencial estético e tátil dos polímeros não era explorado. Havia diferença acentuada nos encaixes em relação ao uso de metais, mas a resistência à corrosão e a baixa densidade (a do aço é 7,8 vezes maior) tornaram os plásticos aliados na redução do peso dos carros. “O coletor de admissão [dutos que canalizam o ar para as câmaras de combustão] pesava 4,5 quilos em metal, e com polímero passou a 1,2 quilo”, compara Sílvia Helena Prado Bettini, professora de engenharia metalúrgica de materiais da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). “O rendimento de um carro [energia produzida pelo motor e efetivamente aproveitada pelo veículo] no início do século 20 era de 15% e passou para 40%, 45%, no fim do século, em grande parte pelo uso de polímeros”, complementa Lebrão. a maior parte das peças plásticas é reciclada, de acordo com José Barboza, engenheiro consultor de materiais da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Nesse processo, o plástico é recolhido de resíduos industriais, oficinas e lixões e separado. Transportadas depois até estações de reciclagem, as peças são trituradas, lavadas, compactadas e fundidas até se tornarem plástico reaproveitável pela indústria de autopeças. Acelerando Uma expansão nas aplicações dos plásticos em automóveis já está desenhada nas pranchetas. Barboza conta que há planos de expandir o uso dos materiais dos 10% a 15% atuais para 25% da composição do automóvel. Na concorrência com alumínio e magnésio, os compostos têm sido a melhor A produção também se tornou mais ágil: peças antes feitas com várias partes de metal passaram a formar uma única parte, com polímero, lembra Sílvia. A maioria dos polímeros funde-se em torno de 200 ºC, enquanto os metais em geral precisam de pelo menos 800 ºC. “Assim, você elimina fases da produção e tem a peça pronta em poucos segundos”, diz Lebrão. Apesar da proliferação dos plásticos, ainda existem fatores que limitam o emprego desses materiais nos automóveis. A temperatura de degradação é mais baixa — o material perde suas propriedades com mais facilidade. Com o tempo, se não houver aditivos na fórmula da resina, ela pode apresentar rachaduras e fissuras. Além disso, os polímeros têm menor resistência ao desgaste por tempo de uso. Benefícios incorporados Seja como for, os plásticos estão presentes em todos os tipos de carros — nos populares eles ficam mais à vista, mas são os mais caros que permitem, por terem mais peças, uso maior de polímeros. Sílvia Bettini conta que o policarbonato (plástico moldável com mais facilidade) possibilita maior detalhamento de formas em peças, como as lentes dos faróis. Antes feitas de vidro, elas quebravam com facilidade. Depois, passaram Com novas aplicações, o uso de plásticos pode saltar dos 10% a 15% atuais para 25% da composição do automóvel a ser confeccionadas em acrílico (plástico sintético), o que exigiu aditivos na fórmula para reduzir sua fragilidade. Os materiais plásticos podem ser amolecidos e solidificados diversas vezes e, portanto, reciclados. Os projetos ficam mais complexos, pois já levam em conta como a peça vai ser reaproveitada. “Nos países ricos, com o leasing, reutiliza-se a peça quando os carros são desenvolvidos”, afirma Gilmar Ferreira Batalha, professor de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica. “No Brasil, o ciclo de vida do produto é mais demorado, as pessoas esperam peças de maior resistência.” Porém, segundo ele, os metais ainda são mais fáceis de reciclar. “Refundir e controlar metais com as mesmas características é muito fácil”, concorda Lebrão. É tarefa difícil separar a mistura de polímeros, ainda mais porque a cola que une as peças também é um polímero. Reaproveitar plásticos não é tão vantajoso quanto fazer isso com o alumínio – que consome bem mais energia na produção que na reciclagem. Mesmo assim, arma e o preço do petróleo o maior revés. Para Lebrão, o emprego de polímeros deve aumentar, com carrocerias de fibra de carbono e fibra de vidro. O uso de polímeros semicondutores para circuitos e condutores para faróis e lanternas também tende a se expandir, segundo especialistas. Nessa área, uma inovação são os nanotubos de carbono (materiais de alta durabilidade), que aumentam a resistência dos polímeros a temperaturas elevadas. O engenheiro Batalha acredita na evolução da área, mas diz que a solução mais sábia não é o carro todo de plástico, mas a diversidade de materiais, com uso de polímeros onde eles funcionam melhor. A julgar pelos recentes avanços na tecnologia, eles têm funcionado melhor em cada vez mais aplicações, de pára-choque a pára-choque. A Bosch na sua vida Reciclável e eficiente As soluções plásticas em automóveis estão presentes no sistema pelo qual o veí culo capta e distribui gasolina ou álcool para o motor. Esse é o caso do módulo de combustível fabricado pela Bosch, uma peça que fica no tanque e serve para apoiar e posicionar a bomba, pré-filtrar o combustível e medir quantidade dis ponível do produto. Antes de metal, essa peça começou a ser fabricada com plástico reciclável no começo dos anos 90. O material reciclável, poliacetal, é resistente ao combustível. “Com os recursos atuais, é possível melhorar o design da peça de modo a dar uma estrutura de resistência mecânica para que ela reaja como o metal, ganhando em durabilidade. Hoje, quase 98% dos carros usam o plástico”, afirma o gerente de desenvolvimento de produto para fornecimento de combustível da Bosch, Erwin Franieck. O material traz vantagens ligadas ao peso e ao meio ambiente. “O processamento dele é mais limpo, gera menos rebarba. Tudo o que você usa pode ser reaproveitado”, destaca Franieck. “Além de deixar rebarba, o ferro necessita ser usinado, cortado, tratado... É um processo mais complexo e gera mais detritos. Com o plástico, você não precisa fazer nenhum tratamento adicional para receber o combustível.” O plástico tem sido decisivo no desenvolvimento de soluções para a pré-filtra gem da gasolina. O procedimento é necessário, sobretudo, porque a gasolina distribuída no país contém muitas partículas sólidas. Portanto, além da filtra gem do motor, os módulos de combustível possuem um pré-filtro, que seguram substâncias maiores que 60 micrômetros durante o bombeamento da gasolina. “Esses pré-filtros também são totalmente de plástico”, afirma Franieck. “Inte grando os conceitos do desenho do módulo de combustível e o da filtragem plástica, a Bosch conseguiu criar um produto robusto para todas as condições de utilização do veículo no país. Se não fosse esse produto, o carro flex não se ria possível”, completa. Arquivo Bosch 28 | VidaBosch | 30 | VidaBosch | grandes obras | Por Wilfred Gadelha Divulgação Fábrica de gigantes Emprego e renda Investimentos de R$ 1,4 bilhão criam o maior estaleiro do Brasil; consumo de concreto na obra é suficiente para encher uma fila de 300 km de caminhões betoneira C om apenas 70 mil habitantes, o município de Ipojuca, na região metropolitana do Recife, vive um boom econômico. A cidade viu seu PIB – hoje o terceiro maior de Pernambuco – triplicar de 1999 a 2005. O crescimento, dessa vez, não se deve aos turistas que viajam para ver de perto a beleza de praias como Porto de Galinhas ou ficar nos resorts da região. É no município, a 60 quilômetros da capital pernambucana, que fica o Complexo Industrial Portuário de Suape, destino dos maiores investimentos pernambucanos em infra-estrutura nos últimos anos. São dezenas de empreendimentos, entre eles a nova refinaria Abreu e Lima, a fábrica de PET italiana Mossi & Ghisolfi (M&G) e a planta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Uma obra, em especial, ganha visibilidade pela importância para o estra- estrutura metálica da Torre Eiffel. Todo esse aço vai ser usado na construção não apenas de petroleiros, mas também de cargueiros para grãos, químicos e outros tipos de produtos, além de plataformas offshore (que trabalham longe da costa) – o que credencia o estaleiro à competição pelas demandas da Petrobras na exploração das novas reservas de petróleo. Para montar e reparar esses gigantes, o Atlântico Sul contará com um cais de acabamento de 730 metros de extensão e um cais para construção e reparação de plataformas de 680 metros. tégico setor da indústria naval: o Estaleiro Atlântico Sul. O projeto do empreendimento, que será o maior do Brasil nesse setor, reuniu gigantes da área industrial: os conglomerados brasileiros Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, a PJMR Empreendimentos, acionista de vários estaleiros no Brasil, e a coreana Samsumg Heavy Industries, a segunda maior empresa do mundo no segmento naval. Todas as empresas coordenarão mais de 2 mil trabalhadores na principal fase da construção, que movimentará 1 milhão de m³ de terra e usará 30 mil toneladas de aço. De acordo com a assessoria do estaleiro, são 300 empresas subcontratadas que prestam serviços e entram com material na obra. E haja material. A construção do estaleiro consumirá um volume gigantesco de concreto: 300 mil m³ . Para se ter uma idéia, transportar essa quantidade de uma só vez exigiria uma fila de caminhões betoneira (com capacidade para 7 m³) de Curitiba a Florianópolis. “Depois de praticamente duas décadas de desmonte da indústria de construção naval brasileira, que antes era a segunda maior do mundo, vemos hoje o processo inverso, com a retomada dos investimentos e da produção”, comemora Ângelo Bellelis, vice-presidente do estaleiro.As obras, iniciadas em 2007, devem ser concluídas no último trimestre de 2009. Desde o início de julho, porém, a planta já começou produzir para atender uma encomenda da Petrobras por dez navios petroleiros do tipo Suezmax. Só esse pedido inicial vai ter custo de US$ 1,2 bilhão. Somando essa a mais duas grandes encomendas, o estaleiro já nasce com a previsão de US$ 3,2 bilhões em negócios. Somente esses pedidos iniciais consumirão, juntos, 328 mil toneladas de aço. A procura por petroleiros, impulsionada pelas descobertas recentes de reservas gigantes de óleo no Oceano Atlântico, fez com que o estaleiro também reformulasse seus planos – agora, mais ambiciosos. O investimento na construção mais que dobrou: passou dos iniciais R$ 670 milhões para cerca de R$ 1,4 bilhão. A área que o estaleiro ocuparia na Ilha de Tatuoca era de 76 hectares. Agora, são 162 hectares (o equivalente a 197 campos de futebol de padrão internacional). “O setor de óleo e gás é, sem dúvida, um dos maiores responsáveis pelo ressurgimento da indústria naval brasileira”, afirma Bellelis. A capacidade de processamento do estaleiro será de 160 mil toneladas de aço por ano. Isso equivale a 22 vezes o peso de toda a O Atlântico Sul trouxe grande demanda por mão-de-obra, gerando uma espécie de corrida do ouro na região. Quando estiver operando em capacidade máxima, vão ser criados 5 mil postos de trabalho diretos e 25 mil indiretos. Para preparar a população local para as vagas, o Serviço Nacional de Aprendizagem (Senai) e prefeituras do entorno de Ipojuca criaram, em parceria com o governo de Pernambuco, o Programa de Reforço de Escolaridade. Os participantes tiveram na primeira etapa uma carga horária de 200 horas de aulas. Dos quase 4,9 mil pretendentes a um posto de trabalho no estaleiro, 700 foram selecionados para a segunda etapa da iniciativa, que é desenvolvida em um centro de treinamento na Ilha de Tatuoca. A intenção do Senai é formar 4.700 soldadores e montadores. O Centro de Treinamento Engenheiro Francisco C.E. Vasconcelos, também criado para suprir a necessidade de mão-de-obra, é a primeira escola técnica montada por uma empresa privada no Estado. Ela abriga uma linha de produção similar à que entrará em operação no Estaleiro Atlântico Sul, além de 32 boxes de solda, ferramentaria e salas de aula teórica. Foram instalados no local equipamentos de ponta, iguais aos utilizados no estaleiro. Após a qualificação da mão-de-obra, o governo de Pernambuco vai usar as instalações para capacitar trabalhadores a atuar em outras indústrias de Suape. “O estaleiro vai demandar uma série de insumos e serviços de terceiros. A tendência natural é que grande parte desses fornecedores venha a se instalar em Suape”, afirma Bellelis. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch No estaleiro e nos navios Erguer um estaleiro gigante exige diversas peças e estruturas de metal, geralmente ligadas por solda. Para dar um acabamento perfeito a essas peças, a retificadeira GGS 27 da Bosch é usada no desbaste das superfícies metálicas. A ferramenta facilita o trabalho na obra, já que é muito leve se comparada a aparelhos semelhantes: pesa apenas 1,3 quilos. A lixa dura (uma peça que entra em contato com o metal para moldá-lo) é dotada de um mecanismo capaz de realizar 27 mil rotações por minuto, o que também permite mais conforto aos operários. “Uma retificadeira como essa, extremamente leve, tem de ter uma rotação muito alta para o operador não forçar a máquina”, afirma Ubiratan Alves do Santos, consultor técnico da Bosch na região que abrange Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. “Como a máquina tem pouquíssimo peso, teoricamente o operador teria de pressioná-la bastante contra o metal. Com essa [alta] rotação, ele pode tocar levemente para obter o resultado, evitando sobrecarga elétrica ou mecânica”, acrescenta. Acabada a obra, os funcionários do estaleiro também vão trabalhar com o aparelho na construção das embarcações. 32 | VidaBosch | brasil cresce | Por Kathlen Ramos Câmeras de longo alcance, GPS e monitoramento de temperatura trazem mais eficiência e segurança às estradas; concessionárias quintuplicaram investimentos em 12 anos Marcos Peron/Kino.com.br Rodovias inteligentes A dministrar estradas é muito mais do que tapar buracos no asfalto ou retocar a pintura das faixas. Nessa área, como em tantas outras, a tecnologia eletrônica e digital tem permitido obter resultados muito mais eficientes na gestão do tráfego e na segurança dos motoristas. “Alguns dos recursos tecnológicos, como o monitoramento por meio das câmeras, proporcionam atendimento mais rápido e seguro, auxiliam em situações de risco e em casos de imprudência, bem como no acionamento correto de recursos para atendimento”, afirma Roberto de Barros Calixto, diretor superintendente da Intervias, concessionária responsável pela administração de 357 quilômetros de sete rodovias em São Paulo. Modernos sistemas de detecção permitem, ainda, evitar ou diminuir a gravidade dos acidentes, além de coibirem ações de vandalismo (por meio de sensores de presença que denunciam atos criminosos). “A preocupação com o usuário se traduz num monitoramento contínuo”, ressalta o Coordenador Técnico da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Gil Guedes. Algumas câmeras captam ações a até três quilômetros e giram em 360 graus. Com elas, os trotes avisando sobre falsos acidentes são mais facilmente detectados. “Recebemos, mensalmente, 150 trotes em nosso serviço 0800 e a forma mais eficaz de verificação são as câmeras próximas aos fatos ocorridos. Assim, quando a informação é recebida, voltamos o equipamento mais perto de cada caso para verificação”, explica Eduardo di Gregório, gerente de operações da Ecovias (concessionária que opera o sistema Anchieta-Imigrantes). O ganho de eficiência nos serviços (o que implica também diminuição de gastos) é proporcional ao tamanho do interesse das empresas pelos novos sistemas. Segundo dados da ABCR, desde o início das concessões, em 1995, as concessionárias passaram a investir cinco vezes mais em equipamentos e manutenção para as rodovias. De R$ 260 milhões em 1996, os investimentos passaram para R$ 1,423 bilhão em 2007. Parte expressiva desses recursos, de acordo com as concessionárias, é destinada para os Sistemas Inteligentes de Transporte (ITS, na sigla em inglês) – dispositivos e equipamentos que formam uma rede de comunicação de dados, voz e imagens em uma rodovia. Na CCR, maior empresa de concessão de rodovias do país (que comanda a Via Dutra, Sistema Anhangüera-Bandeirantes e Sistema Castelo-Raposo, entre outras), o investimento no setor de sistemas inteligentes para o transporte é de US$ 200 milhões desde o início das concessões do grupo, em 1995, e o crescimento deve ser contínuo. “Os próximos investimentos previstos serão no trecho oeste do Rodoanel, nova concessão da CCR, que possui um tráfego de 240 mil veículos por dia e 30 quilômetros de extensão. Vão ser realizados investimentos em ITS, inclusive 13 novas praças de pedágio. Outros investimentos estão previstos para a modernização 34 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 35 Fotos Divulgação e upgrades necessários”, afirma Fábio Abritta, gestor de atendimento do grupo. A Bosch na sua vida Câmeras e sensores Arquivo Bosch Os aparelhos para monitorar estradas são os mais diversos (veja quadro abaixo). A empresa OHL, por exemplo, aposta em muitos deles. As quatro concessionárias da OHL que atuam em rodovias do interior do Estado de São Paulo possuem juntas 1.047 quilômetros de fibras ópticas, 118 câmeras, 68 monitores de TV nos Centros de Controle Operacionais (CCOs), 800 pares de telefones de emergência, 56 contadores de tráfego, nove estações meteorológicas, 68 cabines com pedágio automático e 51 painéis de mensagens variáveis, segundo Calixto. As novas tecnologias fazem uma análise detalhada da situação das rodovias. “O sistema analisador de tráfego possibilita conhecer o comportamento do tráfego em tempo real, como velocidade do fluxo, classificação dos diversos tipos de veículos e taxa de ocupação da via”, exemplifica Abritta. “Os dados são armazenados a cada minuto e o operador tem as informações por meio de relatórios e painéis gráficos antecipando o crescimento ou redução do Sistemas de monitoramento verificam tráfego, acidentes e outras ocorrências em tempo real Conheça algumas das tecnologias Sistema Detector de Velocidade: composto por radares fi xos, auxilia na redução de acidentes por excesso de veloci dade nas rodovias. Sistema de Monitoramento da Frota GPS: dispositivo de ras treamento instalado nos veículos operacionais como guinchos e ambulâncias. Permite saber, em tempo real, a posição de cada carro, dando informações, por exemplo, sobre a viatura mais próxima de um acidente. Geração de ocorrência automática: são emitidas ocorrências quando o sistema encontra um veículo parado, em velocidade menor que a permitida, em velocidade maior que a permitida, colisões ou mudanças bruscas de faixa. Controle semafórico automático: ao longo dos túneis, podem acionar sinais vermelhos em faixas de rolamento obstruídas por algum obstáculo, evitando acidentes. Jatos Ventiladores: são responsáveis pela diminuição de gás carbônico do interior dos túneis. Contribuem ainda com a extinção de fumaça tóxica no caso de ocorrrer incêndio de algum veículo. Monitoramento por Telemetria: verifica a condição de equi pamentos das rodovias como TV, painéis de mensagens va riáveis, analisadores de tráfego e controle ambiental. Comu nica problemas como violação de portas onde funcionam os controladores dos sistemas de ITS, controla a temperatura dos equipamentos para verificar risco de superaquecimento. Ainda conta com sensor de fumaça e de queda da energia, facilitando a manutenção dos equipamentos. Sites das Concessionárias na Internet: são disponibilizadas todas as informações institucionais aos usuários, bem co mo imagens das câmeras de TV e condições de tráfego em tempo real. tráfego em trechos previamente definidos”, acrescenta. No caso de o sistema de monitoramento detectar um veículo quebrado sobre a pista, os painéis de mensagens informam o fato aos demais usuários, possibilitando a redução da velocidade e avisando-os para evitar a faixa onde o carro quebrado se encontra. “O atendimento é agilizado, pois o monitoramento da via se faz em tempo real e evita equívocos na localização dos usuários”, diz Abritta. De acordo com o gestor de atendimento da CCR, a melhoria da segurança fez com que, em média, 334 pessoas fossem salvas por ano. De 901 mortes registradas anualmente no começo das concessões, o número passou para 567 em 2006 nas rodovias administradas pelas sete empresas do Grupo CCR. Para controlar esses sistemas, todos os dados são transmitidos para um centro de gerenciamento. “As informações são con- troladas pelo CCO, que administra os registros dos equipamentos e converte em ações como operações rodoviárias, operações comboio e fechamento de faixas de rolamento para obras”, explica Eduardo di Gregório, da Ecovias. O centro de monitoramento ainda recebe dados sobre a condição de equipamentos como painéis de mensagens e analisadores de tráfego. Qualquer aumento de temperatura nos aparelhos é avisado, e ações são tomadas para evitar o superaquecimento. A sala do CCO é como se fosse uma central de Big Brother, onde o objetivo é que nada aconteça sem que a central seja avisada. Informações de câmeras, sensores e medidores são todas agrupadas e analisadas de diversas formas, mas com um objetivo comum: proporcionar uma viagem tranqüila, sem acidentes e com o máximo de conforto. O olho da estrada Monitorar à distância requer um sis tema de câmeras integrado, sobretu do em grandes extensões. Estradas, contudo, exigem equipamentos de filmagem bastante específicos, uma vez que a distância dos carros e as condições de visibilidade podem atrapalhar – ou até mesmo inviabi lizar – o registro de imagens. A Bosch oferece uma linha completa de equipamentos para monitora mento de imagens em estradas e vias públicas, como câmeras que permitem alcance de até dois quilô metros e com excelente qualidade de imagens, de dia ou de noite. Alguns modelos identificam situa ções fora de padrão e avisam sobre a movimentação suspeita. A tecno logia, chamada Intelligent Video Analysis (IVA ou Sistema de Aná lise Inteligente de Vídeo) identifica situações como automóveis em ve locidade incompatível, em sentido contrário, parados ou de uma cor previamente selecionada. “Com o IVA, é possível colocar a inteligência na câmera, que avisa quando uma situação incomum ocorre”, afirma Marcos Menezes, gerente de vendas e marketing da Divisão de Sistemas de Segurança da Bosch. “Você aumenta a quantidade de câ meras sem necessariamente aumen tar o número de funcionários para visualizá-las. Em casos suspeitos, a câmera envia um alarme para um operador que vai analisar a ima gem”, acrescenta Menezes. 36 | VidaBosch | atitude cidadã Celeste Balthazar/Shutterstock Em se plantando junto, tudo dá | Por Sarah Fernandes Mais de 165 mil famílias de baixa renda no Brasil cultivam hortas comunitárias; iniciativa melhora a qualidade da alimentação, gera renda e acaba com terrenos baldios U m terreno baldio que acumulava lixo e entulho, após tratamento do solo, passa a ser ocupado por alface, tomate, cenoura, couve e repolho. O espaço, antes tomado pela sujeira e pelo mato alto, agora embeleza a cidade e abastece de legumes e verduras as famílias pobres que começaram a cuidar do local depois de aprender técnicas agrícolas. Além de aumentar a qualidade da refeição dessas famílias, ainda sobra um pouco da produção, que vai ser vendida, incrementando a renda no fim do mês. A história acima não tem endereço certo nem personagens definidos. Ela se repete com mais de 165 mil famílias que cultivam legumes e verduras em terrenos comunitários e estão espalhadas por todas as regiões do Brasil. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), são pelo menos 6.100 hortas, viveiros e canteiros de ervas medicinais cultivados no Brasil com essas características. As famílias dividem ferramentas, água, sementes, adubo para obter alimentos e, às vezes, um rendimento extra. As agricultoras É possível traçar um perfil dos trabalhadores das hortas comunitárias: “Em geral são pessoas do meio rural, que migraram para as cidades. Muitas são de famílias beneficiárias do Bolsa Família [20%, de acordo com dados do governo]”, explica João Augusto de Freitas, coordenador de Apoio à Agricultura Urbana do MDS. A maior parte é mulher. “Elas se preocupam mais com segurança alimentar. Historicamente, são elas que põem a comida na mesa todos os dias.” Como, geralmente, as hortas são criadas perto da residência das comunidades envolvidas, muitas mulheres conciliam o cultivo com as atividades domésticas. É o que acontece no bairro de Muribeca, no município de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Lá, cinco mulheres cultivam, há dez anos, plantas medicinais como hortelã, chambá, mentrato, manjericão e babosa, vegetais típicos da região. Além de plantar e colher, elas processam as ervas e produzem remédios fitoterápicos, como xaropes para tosse, pomadas para dores musculares e xampus para queda de cabelo. Os produtos são vendidos em feiras e na própria comunidade e geram uma renda mensal extra de cerca de R$ 90 para cada uma das agricultoras. “Arcamos com todas as despesas e dividimos o lucro igualmente”, conta uma das responsáveis pela horta, Giselda Alves. “A renda vem completar o orçamento da casa. Antes da horta não tínhamos nenhuma atividade remunerada.” Além das plantas medicinais as mulheres de Muribeca cultivam árvores frutíferas para consumo próprio, como pés de jenipapo, sapoti, banana, goiaba, acerola e pitanga. “Era difícil ter acesso a frutas antes”, conta Giselda. Adubo urbano As verduras, frutas e legumes produzidos são destinados às famílias que trabalham na horta, ao comércio em pequena escala, em mercados locais, ou à merenda escolar. “As hortas surgem da ação conjunta da sociedade. Em geral, as prefeituras abrem espaço para associações de moradores, comumente de bairros pobres de regiões urbanas”, diz João Luis de Carvalho, que há 25 anos é professor do curso de Agricultura Alternativa da Universidade de Brasília. “Elas fortalecem a concepção de solidariedade.” Fortalecem também o conceito de agricultura urbana. “Há cerca de 30 anos muitas atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 39 Lula Marques/Folha Imagem Moradoras na Vila Irmã Dulce, em Teresina (PI), município que abriga a maior horta comunitária da América Latina, com 4 km2 (o equivalente a 485 campos de futebol) Há pelo menos 6.100 hortas, viveiros e canteiros de ervas medicinais comunitários no Brasil casas das cidades tinham quintais com canteiros e até pequenas criações de animais. Com a especulação imobiliária, elas foram loteadas e deixou-se de cultivar hortaliças nessas regiões”, afirma Carvalho. O especialista avalia que esse tipo de cultivo está sendo reaquecido, mas que o Brasil ainda se encontra em situação ruim em comparação a outros países. “Em Havana (Cuba) existem 24 mil produtores rurais. Com o fechamento do mercado [sanções econômicas internacionais ao país] eles tiveram que produzir para consumo próprio”, conta. “Na Europa existem cooperativas de agricultura urbana que funcionam muito bem. Na França, por exemplo, existe um programa para cultivar hortaliças ao longo da linha do trem.” Uma das formas de estimular a prática se dá pela educação. Há escolas que pos- suem suas hortas, nas quais os alunos são responsáveis por plantar e colher, com a assessoria dos professores. Os alimentos são usados na merenda. “É mais barato, para as prefeituras, comprar verduras do que abrir espaço de cultivo em escolas. Mas as hortas comunitárias funcionam como ferramentas pedagógicas. Educação não gera lucro imediato”, avalia Carvalho. Ajuda do poder público O processo de implantação de hortas comunitárias segue um padrão: um grupo de moradores se organiza e procura a prefeitura como parceira para cultivar um terreno na vizinhança. O governo municipal subsidia a atividade e fica responsável pela infra-estrutura do plantio, como irrigação, sementes, ferramentas e adubo. “Com as hortas as prefeituras podem resolver problemas de terrenos baldios e gerar atividades para jovens e idosos”, argumenta Carvalho. Os projetos, recomenda ele, devem ser instalados em terrenos arejados e ensolarados, próximos a uma fonte de água permanente e protegidos do trânsito de pesso- as. É comum que as comunidades plantem em terrenos baldios ou em espaços onde estão instaladas torres de transmissão de energia. Cada horta custa em média R$ 600 mensais aos municípios, segundo o professor de agricultura alternativa. O programa Agricultura Urbana / Hortas Comunitárias, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, firma parceria com governos municipais para financiar hortas comunitárias, viveiros e pequenas criações de animais. A iniciativa faz parte do Programa Fome Zero. As hortas são subsidiadas levando em consideração dois focos principais: desenvolver o semi-árido nordestino e as regiões metropolitanas do Sul e Sudeste. A maior horta comunitária da América Latina é fruto de uma parceria entre comunidade e governo municipal. Localizada em Teresina, ela ocupa um espaço de 4 quilômetros quadrados (o equivalente a 485 campos de futebol do tamanho reconhecido como padrão internacional pela Fifa), segundo a prefeitura. A horta, que começou a ser construída em 1987, espa- lha-se por seis bairros da capital piauense em um terreno onde estão instaladas torres de transmissão de energia. Cada uma das 488 famílias que trabalha na horta possui um lote onde planta hortaliças como cheiro verde, alface, coentro, cebolinha, quiabo, couve, pimentão e plantas medicinais. A prefeitura entra com água, energia, ferramentas, um técnico agrícola que assessora o cultivo e um caminhão para transportar o esterco utilizado como adubo. “Em geral as famílias vendem os produtos em mercados, restaurantes ou de porta em porta. Alguma coisa do que é colhido fica com eles”, conta Judivan de Oliveira Paz, gerente de programas especiais da prefeitura de Teresina. “A horta se tornou uma fonte de renda para as famílias. Algumas vivem só desse trabalho e ganham entre 1 e 2 salários mínimos.” A iniciativa Hortas Comunitárias, da prefeitura de Teresina, possibilitou ao todo 64 unidades, sendo que 53 estão em Teresina e 11 em regiões rurais próximas à capital. Ao todo, 3.226 famílias trabalham no plantio de hortas comunitárias na região, segundo a prefeitura do município. Alimento e trabalho Um dos pontos importantes das hortas comunitárias é a possibilidade de incrementar as refeições das famílias que trabalham no cultivo, geralmente pobres, com alimentos nutritivos de qualidade. “Uma refeição com arroz, feijão e carne é substancial. Porém, se ela for incrementada com verduras, será mais nutritiva”, afirma Carvalho. “Garantir segurança alimentar não é permitir que as pessoas comam muito, mas sim que tenham refeições equilibradas.” Em alguns casos, como no de Teresina, cada família é responsável por um lote de terra e pode fazer o que quiser com o que for produzido. Em outros, as hortaliças colhidas são divididas igualmente entre as pessoas que trabalham na horta, assim como as despesas com o cultivo, caso não existam parcerias. Em todos, embora a história possa mudar de personagens, o incremento na alimentação e a possível renda extra ganham uma definição: são muito bem-vindos. A Bosch na sua vida A comunidade plantando com a Bosch Um terreno de 1,2 mil m2 na Associação de Funcionários da Robert Bosch de Campinas – que abrigava apenas as torres de energia – deu espaço para o cultivo de uma horta comunitária. Implantada em fevereiro deste ano, ela produz por mês cerca de 740 pés de verduras como alface, chicória, almeirão e cenoura. As verduras colhidas beneficiam cerca de 750 pessoas. Elas são divididas entre os jovens que trabalham no cultivo dos alimentos, os membros da organização não-governamental Semear e alunos da Escola Estadual Professor Carlos Cristovam Zink, onde são oferecidas na merenda escolar. A horta faz parte do programa Peça por Peça, desenvolvido pela Bosch por meio de seu braço social, o Instituto Robert Bosch. Ele se divide em sete projetos educacionais. Um deles, voltado para saúde e meio ambiente, viabilizou a iniciativa. As verduras são cultivadas por um monitor e por seis aprendizes da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo (Apae), que ficam responsáveis por plantar, colher, adubar a terra e controlar pragas. O espaço está dividido em 45 canteiros e é equipado com uma casa para abrigar as mudas, um local para cultivo de plantas na água (hidroponia) e duas estruturas cobertas para proteger as hortaliças do sol. Além dos aprendizes, os alunos de primeira a quarta série da Escola Estadual Professor Carlos Cristovam Zink – próxima à empresa — aproveitam o espaço com aulas sobre o cultivo de plantas. A horta foi implantada em parceria com o Sistema de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), responsável pelo pagamento da equipe da Apae, e com a Central de Abastecimento de Campinas (Ceasa) e o Serviço Social da Indústria (Sesi), que deram cursos para os professores sobre educação ambiental. Fotos Arquivo Bosch 38 | VidaBosch | 40 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Ulysses Lima Quando os testes salvaram as ruas Antes feitas em vias urbanas e estradas, experiências para verificar eficiência dos carros hoje contam com campos de prova especiais; a maioria é simulada em computador Serthon/Shutterstock O Os crash test com dummies (bonecos), importantes para avaliar a segurança dos automóveis, chegaram ao Brasil na década de 70 s testes para carros existem desde os primeiros automóveis. Muitas foram as pedras no caminho do francês Nicolas-Joseph Cugnot até sua invenção, um carro com três rodas movido a vapor, rodar em 1769. Os carros a gasolina dos alemães Karl Benz, Daimler e Wilhelm Maybach, também demoraram até atingirem um nível de eficiência mínimo para andar a míseros 16 km/h, no final do século 19. Os testes daquela época, no entanto, eram para saber se os veículos funcionavam e não como funcionavam. A preocupação com a segurança entrou em pauta muito mais tarde, junto com a popularização do automóvel. No Brasil, a indústria automobilística começou a tomar corpo apenas na década de 50, durante o governo Juscelino Kubitschek – sendo a perua DKW o primeiro carro a sair da linha de montagem, em 1956, e ganhar as ruas. Vários testes se fizeram necessários para adaptar os produtos importados às condições das estradas nacionais, ao clima, ao combustível e ao gosto do motorista do Brasil. No começo, não havia campos de prova, nem computadores para simulações. Mas havia as pistas de corrida e as competições nacionais, que eram utilizadas para testar os veículos e componentes. Segundo o engenheiro Ricardo Bock, professor de Carroceria e Suspensão da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), a repetição de voltas permitia avaliar vários itens, como motor, sistema de refrigeração e suspensão. Outra alternativa era sair testando os carros pelas ruas, mesmo sendo perigoso. Os pilotos e engenheiros guiavam por rodovias e vias públicas, praias e estradas vicinais. Iam aonde fosse preciso para encontrar determinada situação e testar algum equipamento. Quando os primeiros computadores foram inventados, os números de medições eram passados para máquinas que, hoje, levariam séculos para realizar as operações que um PC faz em segundos. 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Arquivo Bosch Engenheiros viajavam com um equipamento de medição no carro e voltavam à fábrica para se ajoelhar sobre 30 metros de dados impressos em fitas recursos para criar produtos confiáveis e robustos. Houve um ganho enorme de tempo. Um produto que antes era desenvolvido em torno de quatro, cinco anos, hoje leva metade desse prazo. Os novos testes Na década de 80, o computador começou a abrir uma nova frente para o desenvolvimento automotivo. Em vez de montar os protótipos, processo que, ainda hoje, tem um custo muito alto, algumas partes eram feitas aproveitando-se a novidade da computação. Aos poucos, as grandes pranchetas de desenho, que tinham projetos em escala real, deram lugar às maquinas. O engenheiro Evandro Luiz Maciel, diretor do Comitê de Carros de Passeio da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), diz que, com os computadores, foi eliminado o ciclo de tentativa e erro, o que diminuiu o número de protótipos utilizados e baixou os custos. O uso de computadores e software específico proporcionou Nilton Monteiro, diretor técnico da Associação de Engenharia Automotiva (AEA), conta que, no fim da década de 70, saiu com outro engenheiro para efetuar algumas medições utilizando um oscilógrafo (instrumento semelhante a um sismógrafo, para registrar oscilações do motor). O oscilógrafo servia para medir variações fora do padrão nos ciclos de funcionamento dos motores – qualquer alteração dos ciclos poderia significar deficiências no funcionamento do carro. Estrada empoeirada, calor, camisa e gravata, lá estavam os dois fazendo anotações na prancheta, e depois voltavam para a fábrica para avaliar os dados gravados no instrumento, que eram impressos em fitas como as de máquinas registradoras. Depois da cansativa jornada, desenrolavam as fitas no chão, o que dava um estirão de uns 30 metros, e, literalmente, se ajoelhavam sobre elas para analisar os resultados, metro por metro. Em bancada ou na pista Na década de 70, os testes físicos eram basicamente a única forma de avaliar os veí- culos. Alguns itens podiam ser analisados sem que se levasse o automóvel inteiro para a pista – eram os testes de bancada, que consistiam em instalar a parte do automóvel no laboratório e colocá-la em funcionamento exaustivamente, como se estivesse no carro. Colocava-se um motor no laboratório para, por exemplo, simular as condições reais de uso e verificar a durabilidade dos coxins (peças que têm função de amortecimento para o motor). A indústria começou a usar, também, alguns testes semi-robotizados, que avaliavam partes dos veículos que têm funcionamento repetitivo, como portas, fechaduras e dobradiças. Colocava-se o robô abrindo e fechando as portas inúmeras vezes, para observar quanto tempo uma dobradiça poderia ser utilizada. Nessa fase, os crash test, ou testes de impacto, já eram aperfeiçoados. Os protótipos eram lançados contra barreiras indeformáveis para avaliar os danos em suas estruturas. Eram impactos frontais, laterais e traseiros. Em alguns dos testes eram colocados os dummies, simulando motoristas e passageiros. Assim, passou a ser possível indicar o que poderia ser modificado para aumentar a segurança. Na segunda metade da década de 70, montadoras instaladas no Brasil já testavam seus produtos em campos de prova, projetados para as mais diversas – e adversas – situações: estradas esburacadas, lombadas, curvas mal planejadas, retas convidativas para testar os limites de velocidade, tudo dentro de um ambiente controlado e seguro. Antes das pistas, os carros eram testados em vias públicas. Para colocar à prova um amortecedor, encontrariam uma rua esburacada e ficariam rodando exaustivamente, expondo as pessoas por perto a algum perigo. Na década de 70, por exemplo, usavam retas da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, para testes de velocidade. Também nessa década, teve início o uso de câmaras climáticas, que simulam ambientes de temperaturas extremas, para avaliar, entre outras coisas, o sistema de arrefecimento, o ar-condicionado e também a durabilidade de peças que, se expostas a baixas temperaturas, ressecam e perdem sua função. A Bosch na sua vida Fotos Arquivo Bosch Até a década de 70, os testes físicos eram a única maneira de avaliar o desempenho dos automóveis O avanço de equipamentos para monitorar ruídos dos carros, segundo Nilton Monteiro, é um exemplo da nova tecnologia empregada em testes. Ele cita um aparelho que consiste em uma esfera com 19 câmeras e 31 microfones, apoiada num pedestal. A máquina detecta qualquer ruído do veículo em tempo real e num raio de 360 graus. É usada para identificar ruídos de vento, barulhos nos painéis e sons que são gerados quando o veículo passa por lombadas ou estradas esburacadas. O equipamento é portátil, podendo ser colocado em diferentes pontos do veículo. Os microfones detectam a origem dos ruídos e as câmeras localizam de onde o barulho vem, o que é mostrado em uma tela de computador. Atualmente, as montadoras podem desenvolver um carro inteiramente no computador, um modelo virtual, fazer todas as simulações possíveis, de estrutura e aerodinâmica, por exemplo, e depois partir para a produção do protótipo (praticamente o veículo a ser fabricado em série). Exemplo disso é um projeto de realidade virtual para a indústria automotiva desenvolvido por Antonio Valerio Netto, cientista e pesquisador da Universidade de São Paulo. Com a ferramenta, é possível avaliar ergonomia e efetuar um crash test virtual contra barreiras de diferentes composições. O equipamento ainda não foi adotado por nenhuma montadora em solo brasileiro por ter uma implantação muito cara, segundo o cientista. De acordo com ele, laboratórios de realidade virtual, que simulam situações reais em computadores, já existem em montadoras européias. A acuracidade dos testes chega perto da perfeição, mas eles ainda não conseguem ser tão reais quanto um crash test, ou voltas nas pistas de verdade. O caminho da precisão A Bosch conta com pistas de testes em diversas partes do mundo para avaliar suas peças automotivas. No Brasil, existem duas delas: uma em Curitiba, onde são examinados componentes para caminhões, e outra em Campinas. A pista no interior de São Paulo, com 750 metros de perímetro, foi inaugurada no segundo semestre de 2006. Nela, além dos testes de dirigibilidade, a Bosch aplica ensaios para sensores de controle do motor, injetores de combustível, sistemas de freio e para velas e bobinas de ignição. “Temos condições de medir, por exemplo, se os componentes suportam a vibração em uma estrada bem ruim, cheia de buraco”, afirma o chefe do Departamento de Engenharia de Aplicação de Sistemas da Bosch, Ederson Conti, sobre trecho da pista que conta com pequenos degraus que avaliam a resistência da estrutura do carro. “É um ensaio bastante rigoroso, que garante que aquele componente não vai desencaixar, se desconectar do motor.” Uma das principais simulações realizadas em Campinas é a que avalia sistemas de freios ABS. A pista conta com áreas de asfalto e de granito, que podem ser molhadas em determinados trechos. “Simulamos situações comuns de trânsito que exigem frenagem de emergência”, afirma o gerente de marketing do Sistema de Controle de Chassis da Bosch, Carlo Gibran. “Na pista de granito, quando molhada, podemos fazer manobras combinadas que mostrem a eficiência de frenagem com e sem o ABS”, acrescenta Gibran. A Bosch tem pistas de testes em países como Suécia, Estados Unidos, França e Japão. Uma das principais está na cidade alemã de Boxberg. 44 | VidaBosch | áudio Aos 50, ainda nova Ana Ottoni/Folha Imagem Bossa nova completa meio século influenciando gerações, sendo combinada com música eletrônica e conquistando novos intérpretes no Brasil e no exterior | Por Ricardo Ditchun 46 | VidaBosch | áudio áudio | VidaBosch | 47 Folha Imagem Adriana Zehbrauskas/Folha Imagem O fino da bossa Além dos discos mencionados no texto, é fundamental, para entender o gênero, ouvir também: Em 1958, a batida do violão de João Gilberto e as composições de Tom e Vinicius apareceram pela primeira vez em disco H á 50 anos, umas poucas lojas de discos brasileiras receberam duas novidades aparentemente sem grande importância: “Canção do Amor Demais”, em maio, e o compacto “Chega de Saudade” (o LP homônimo, com o clássico “Desafinado”, é de 1959), em agosto. A primeira apresentava músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes interpretadas por Elizeth Cardoso; a segunda, além da faixa que a nomeia, também de Tom e Vinicius, trazia “Bim Bom”, de João Gilberto. Ambas as gravações, em vinil, são consideradas os marcos iniciais da bossa nova em razão, sobretudo, do desempenho do baiano João Gilberto ao microfone e ao violão – em “Canção do Amor Demais”, ele atuou como instrumentista em duas músicas, mas seu nome não é mencionado nos créditos. De imediato, a voz, suave e sussurrada, e a batida instrumental, sincopada e aberta a dissonâncias, provocaram estranhamento. Depois, quando foram compreendidos os meios usados para romper com a estrutura estabelecida pela Velha Guarda – os tradi- cionais sambas-canções dos idos de 1930 –, João Gilberto e alguns de seus pares foram alçados aos patamares da genialidade. Além da alteração no modo de cantar – a discrição no lugar da impostação – e da aparente desarmonia na harmonia de boa parte dos acordes, a bossa nova decretou o fim da dramaticidade nas letras e a aposentadoria da cadência dominada pelo surdo. Bossa nova significava também a intenção de fazer prevalecer uma maneira diferenciada de encarar o mundo. Os protagonistas, então na casa dos 20 e poucos – ou até menos que isso –, experimentavam, por exemplo, o otimismo mundial do período pós-Segunda Guerra, os efeitos sonoros do impressionismo de Debussy e Ravel, a estética contestatória da pintura de Picasso e as maravilhosas possibilidades musicais do improviso, a essência do jazz norte-americano. Na cena brasileira, aqueles jovens, em geral intelectualizados e nascidos ou radicados no Rio de Janeiro, vivenciavam sem culpa as belezas da cidade, as alegrias das descobertas, as emoções da política, as promessas desenvolvimentistas da fase Juscelino Kubitschek e, ainda fortes, os ecos antropofágicos de Oswald de Andrade. Essas perspectivas e atitudes transformaram as letras das canções. Assim, por exemplo, no lugar de “De que serve viver tantos anos sem amor/ Se viver é juntar desenganos de amor/ Se eu morresse amanhã de manhã, /Não faria falta a ninguém”, de Antônio Maria, elege-se como contraponto “Dia de luz, festa de sol,/ Um barquinho a deslizar, no macio azul do mar,/ Tudo é verão e o amor se faz,/ Num barquinho pelo mar, que desliza sem parar”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Menescal, compositor, violonista e um dos nomes fundamentais do estilo, diz que não havia a noção e a ambição de que aquele grupo estava construindo algo revolucionário na cultura popular brasileira: “O que fazíamos era uma coisa intuitiva, e necessária para uma geração nova e que vivia um Brasil igualmente novo e esperançoso.” A primeira transição do novo gênero musical ocorreu ainda no Rio de Janeiro, A base do estilo chega a ser incorporada de modo mecânico em muitas partes do planeta. “Em alguns lugares, as pessoas acham que bossa nova é música norteamericana”, afirma Menescal. quando deixou o ambiente acadêmico, sua origem, e foi parar em Copacabana, em bares como o Little Club, o Bacará e o Bottle’s, no Beco das Garrafas, e no apartamento de Nara Leão. Ela, a musa, e sua casa, uma espécie de quartel-general do movimento e o lugar no qual uma parte importante da bossa nova foi composta e debatida. Devagar, mais músicos foram sensibilizados e raízes cresceram no exterior, inicialmente nos EUA, graças ao bom trânsito de Vinicius de Moraes por lá – por quase cinco anos, a partir de 1946, o poetinha serviu como vice-cônsul do Brasil em Los Angeles – e às repercussões iniciais do talento de Tom Jobim. Em 21 de novembro de 1962, Nova York testemunhou o fato internacional mais im- portante da história da bossa nova: o concerto “Bossa Nova at Carnegie Hall”, estrelado por Tom Jobim, João Gilberto, Luiz Bonfá, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Oscar Castro Neves, Chico Feitosa, Bola Sete, Milton Banana, Sérgio Ricardo, Agostinho dos Santos e Normando Santos; na platéia, a aplaudir o new brazilian jazz, estavam, entre outros, Dizzy Gilespie, Miles Davis, Tony Bennett, Peggy Lee, Erroll Garner e pelo menos três mil pessoas. Um outro espetáculo desse porte foi realizado semanas depois, em Washington DC. Após a repercussão dessas apresentações, vieram importantes discos e canções que não apenas enriqueceram o repertório da bossa nova – caso de “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinicius, ainda em 1962 –, mas que impulsionaram de vez o gênero no exterior. E isso em tal medida, atualmente, que a base do estilo chega a ser incorporada de modo mecânico em muitas partes do planeta. “Em alguns lugares do mundo, as pessoas acham que bossa nova é música norte-americana. Na •T amba Trio (Tamba Trio, 1962); • Getz/Gilberto (Stan Getz e João Gilberto, 1962); • Bossa Nova Carnival – David Pike Plays the Music of João Donato (1962); •A ntonio Carlos Jobim – The Composer of Desafinado, Plays (1963); • Sylvia Telles – Bossa, Balanço, Balada (1963); •C arlos Lyra – Depois do Carnaval (1963); •G etz/Gilberto #2 – Recorded Live at Carnegie Hall (1964); • Nara Leão (1964); • Wanda Vagamente (Wanda Sá, 1964); • A Bossa Nova de Roberto Menescal e Seu Conjunto (1964); • Marcos Valle: O Compositor e o Cantor (1965); • Windy (Astrud Gilberto, 1967). Para comemorar Alguns eventos que celebram os 50 anos da bossa nova •B ossa na Oca: megaexposição na Oca do Parque do Ibirapuera (tel.: 11 4003-2050). Até 7 de setembro. Traz reproduções de 800 m² da praia de Copacabana, do apartamento de Nara Leão à época e do Beco das Garrafas, além de espaço para ouvir alguns clássicos do gênero e uma linha do tempo que ajuda a entender a história do movimento. • Show de João Gilberto: em São Paulo (14 e 15 de agosto, Auditório Ibirapuera), Rio de Janeiro (24 de agosto, Theatro Municipal) e Salvador (5 de setembro, Teatro Castro Alves). 48 | VidaBosch | áudio verdade, é um filho nosso que se mandou para o mundo”, afirma Menescal. Fabiana Figueiredo e Pierre Devin/Divulgação A nova bossa Nos meios musicais mais respeitados, no entanto, o gênero é logo reconhecido e aclamado. Fernanda Takai, vocalista e compositora da banda pop Pato Fu, lançou recentemente o disco “Onde Brilhem os Olhos Seus”, no qual interpreta músicas do repertório de Nara Leão. “A bossa nova segue influenciando e essa batida é sempre bem identificada, mesmo que misturada com outros elementos. É muito comum a gente ouvir falar ou dar referência para os outros como ‘um jeito meio bossa nova’ de cantar ou tocar. Isso ainda acontece no Brasil e também em países europeus, no Japão e nos Estados Unidos, onde a bossa nova se mescla bem ao jazz e à música eletrônica”, ressalta Fernanda. Na música brasileira pós-bossa nova, os momentos mais importantes foram o surgimento da MPB, um termo vago, mas que assume destaque por incorporar variadas tendências (sonoras e temáticas) “A bossa nova segue influenciando, e sua batida é sempre bem identificada”, diz Fernanda Takai, que lançou disco com repertório de Nara Leão espalhadas pelo país; o rompimento com a raiz norte-americana (o jazz), em meados da década de 1960, realizado por músicos como Francis Hime, Edu Lobo e Marcos Valle; e o aparecimento das vertentes brasileiras do pop e do rock no início dos anos 1980. A bossa nova sentiu os ataques, mas certamente não desapareceu. Ela ain- da se manifesta com regravações como as de Fernanda Takai ou Cris Delanno, com o sucesso internacional de Bebel Gilberto (filha de João que “se mandou para o mundo”) e com bandas como Bossacucanova, que mistura o som da bossa com o ritmo da música eletrônica, trazendo novidade ao gênero. Arquivo Bosch A Bosch na sua vida O rádio bossa nova Depois de 25 anos, a Blaupunkt, marca do Grupo Bosch, prestigia novamente uma cidade brasileira no nome de um de seus auto-rádios, o Rio de Janeiro MP28. É uma maneira de homenagear o berço da bossa nova. Este é o modelo mais acessível da linha 2008/2009, mas já conta com painel flipdown, volume giratório, controle remoto e entrada auxiliar frontal. Além disso, tem capacidade para se conectar com amplificadores e ler CDs com arquivos de MP3. O modelo, que volta para celebrar a cidade maravilhosa, tem um conceito diferente do equipamento lançado há 25 anos – concebido para ser o top de linha da época. Em 1983, chegou ao mercado oferecendo um revolucionário sintonizador de precisão digital para rádio e a função PS, que procurava automaticamente o início de faixas em fitas cassetes. Em 1988, mais inovações: o Rio de Janeiro PLL foi lançado com um sistema que sintonizava o rádio ao toque de um botão. Foi o primeiro a trazer essa função, hoje comum no Brasil. “Finalmente trouxemos de novo um produto com nome de cidade brasileira. Recebemos muitas solicitações para isso, uma vez que a Blaupunkt usualmente utiliza nomes de cidade em seus auto-rádios. Mas não foi uma tarefa fácil, já que muitas cidades ao redor do mundo também querem o mesmo. Com muito empenho conseguimos prestigiar nosso país por meio de um rádio que tem o nome de uma das cidades mais lindas do mundo” afirma Camila Loureiro, do marketing da Blaupunkt.
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