1590 Bosch-cabeça

Transcrição

1590 Bosch-cabeça
VidaBosch
outubro | novembro | dezembro de 2014 • nº 37
anos
Revista completa uma década e
consolida-se cada vez mais como
meio de aproximação entre a Bosch,
seus parceiros e seus clientes
na
o
cap relha
a
www.boschservice.com.br
sta
Confira a oficina mais perto de você
de
Traga seu carro à nossa
oficina Bosch Car Service e
aproveite todas as vantagens.
A
fa Vida
za
Bo
ni
sc
ma vers h
á
s
ga
r
nh quem io,
aé
ve j
vo
am
cê
ais
Cuide do seu carro com carinho,
qualidade e economia.
Recicle a informação: passe esta revista adiante
editorial
Dez anos
fascinantes
Quando estreou, como parte das
comemorações de meio século da
Bosch no Brasil, a VidaBosch tinha um
objetivo claro: mostrar um pouco mais
do fascinante universo da tecnologia e
do bem-estar criado pela companhia.
Exatamente uma década depois, a
missão permanece – o que indica o
tamanho desse universo e a intensidade
com que está ligado à vida de milhões
de brasileiros.
Nesse período, a revista acompanhou a
evolução do Brasil, das inovações e da
própria companhia. Mostrou setores
com forte expansão no país, como
animais de estimação, construção civil
e pré-sal. Apresentou obras como
plataformas petrolíferas, estádios
para a Copa e submarinos nucleares.
Destrinchou tecnologias como MP3
(então um formato novo na indústria da
música), conectividade entre veículos,
carros que trafegam sem motoristas...
Entrevistamos Débora Falabella,
Paulinho da Viola, Emerson Fittipaldi,
Ana Maria Braga, Daiane dos Santos e
tantas outras celebridades. As páginas
da revista estamparam textos e fotos
de Bonito (MS), Serra do Rastro (SC),
Mamirauá (AM), Praia dos Carneiros
(PE), Arraial do Cabo (RJ) e vários
paraísos brasileiros.
Nesta 37º edição, mostramos
tendências em áreas tão diversas como
moradia (integração de ambientes na
decoração), reciclagem (as novidades
após a aprovação da lei de resíduos
sólidos), saúde (próteses cada vez mais
avançadas) e automotiva (a evolução do
motor de partida).
Essa trajetória de dez anos nos enche
de orgulho – e nos anima a continuar
preparando muitos outros números
que reflitam o fascínio que temos por
produzir tecnologia para a vida.
Boa leitura!
10
14
26
40
Sumário
02 viagem | No litoral alagoano, até passeio na estrada é de encher os olhos
08 eu e meu carro | Renata Fan mostra que é fanática também por automóveis
10 torque e potência | Tecnologia ajuda indústria a reutilizar seus detritos
14 em casa | Na decoração, a ordem agora é tudo junto e misturado
20 tendências | Os muitos avanços e os também muitos desafios das próteses
26 grandes obras | Pleito secular, túnel Santos-Guarujá está prestes a sair do papel
30 Brasil cresce | Inclusão bancária abrange população equivalente à da Austrália
34 atitude cidadã | União de empregados faz a força nos mutirões voluntários
40 aquilo deu nisso | Giro na chave do carro guarda 100 anos de história
44 saudável e gostoso | Porco reaparece nos cardápios e nas indicações médicas
Expediente
VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e
Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou
www.bosch.com.br/contato
Produção, reportagem e edição: Pri­maPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima
pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno),
tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem: Paulo Lopes • Acompanhamento gráfico: Paulo Lopes • Impressão:
Gráfica Mundo • Revisão: Marcelo Moura • Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88)
viagem
Luiz eduardo Vaz
2 | VidaBosch |
Um roteiro de cara para o mar
Percorrer o Litoral Norte de Alagoas tem uma vantagem e tanto: pela janela do carro,
você admira, quase o tempo todo, a lindíssima orla
| Por Walterson Sardenberg Sº
viagem
Fotos Secretaria de Turismo de Alagoas
4 | VidaBosch |
O
Litoral Norte de Alagoas lembra alguma música de Djavan – aliás, legítimo filho da terra: embora de uma beleza
sublime, é quase sempre difícil decifrá-lo.
De Maceió a Maragogi, quase na divisa com
Pernambuco, o visitante percorre somente 130 quilômetros. Ainda que a distância
seja curta, cabe dar preferência a carros
com suspensão mais alta, com maior distância entre o chassi e o solo. Eis o motivo:
algumas das veredas não são tão bem acabadas quanto as harmonias de Djavan. Em
compensação, a maior parte do caminho
descortina-se ao lado das praias – algumas
das mais belas do Brasil. Você verá, quase
o tempo todo, o mar pela janela, revelando a nudez dos corais, no decorrer de um
trajeto em que se sucedem lugarejos minúsculos, com menos de 7 mil moradores,
transformados em cidades pela ágil pena
dos legisladores.
A primeira praia do roteiro é Cruz das
Almas. Com suas areias avermelhadas,
não chega a ser bonita, mas se você for
surfista, vale uma parada para aproveitar
as ondas bem formadas e bem fornidas.
Se a sua onda for outra, siga adiante e
pare em Garça Torta, a apenas 10 quilômetros da capital. Eis aí uma praia discreta
e com boa hospedagem – conta com dois
hotéis cinco estrelas. Tem uma longa faixa
de areias douradas e diversos barzinhos
oferecendo frutos do mar a preços aliciantes. De qualquer maneira, não chega a
competir em beleza com Ipioca, 14 quilômetros adiante. Vilarejo ainda diminuto, é
a terra natal do primeiro vice-presidente
e segundo presidente do Brasil, o marechal Floriano Peixoto.
Ipioca tem nome de aguardente e é tão
inebriante quanto. A quase absurda limpidez de suas águas, similar à do Mar do
Caribe, se deve, entre outros fatores, a
uma completa barreira de corais, distan-
te das areias. Graças a ela, na maré baixa
formam-se piscinas dignas do nosso Cesar Cielo. Quando tal fenômeno ocorre,
caminha-se dentro do mar vendo saberês,
xiras e caraúnas, entre outros peixes pequenos. Dá para enxergar até a cutícula
das próprias unhas do pé. Algo raríssimo
de acontecer em outras plagas do país.
Quase na metade do caminho, a 50 quilômetros de Maceió, um enigma a ser decifrado: uma península com o nome de ilha.
Sim, Ilha da Croa. Tal batismo se deu em
virtude da utilização, até um passado recente, de uma balsa para atravessar o Rio
Santo Antônio. Já não é assim. Uma ponte
diante da cidade de Barra de Santo Antônio foi erguida, dispensando o transporte
rudimentar. A comodidade, seja como for,
não dura muito. Ao menos para quem não
se contentar com os esplêndidos bolinhos
de mandioca recheados de camarão – um
dos chamarizes da Croa – e quiser conhe-
viagem | VidaBosch | 5
A bela Praia
de Ipioca (à dir.)
fica a apenas
24 km de Maceió.
Mais distante,
Japaratinga
(à esq.) encanta
com seu mar
sereníssimo
A região entre Maceió e Maragogi
lembra uma música de Djavan:
embora de uma beleza sublime,
é quase sempre difícil decifrá-la
cer uma daquelas praias quase sempre
enaltecidas no ranking das mais belas do
Nordeste. Carro Quebrado faz jus a estas
recorrentes menções.
O nome da praia evoca uma charada nem
tão complicada de resolver. Para chegar
até ela é preciso trafegar por uma daquelas estradinhas que seriam consideradas
acidentadas além do razoável, mesmo para
uma corrida profissional de motocross.
Até uma década atrás havia um testemunho involuntário dessa precariedade: as
carcaças de um Fusca e de uma Brasília,
estacionadas nessa via de 9 quilômetros.
O dramático alerta foi removido. Mas
o sobreaviso persiste. Reza a prudência
contratar um dos muitos garotos que se
oferecem como guias para chegar a Carro Quebrado – embora alguns sejam mais
insistentes que canal de compras na TV.
O desafio do caminho é contemplado por
uma praia estupenda, abrigada em uma
baía e adornada por abruptas falésias. Não
há infraestrutura. Portanto, leve alguns
daqueles bolinhos de mandioca.
Tal providência será desnecessária em
São Miguel dos Milagres, onde há lugares
de aconchego requintado. Eis mais um
lugar com nome que impõe perguntas.
Consta que um pescador estava padecendo
de uma ferida na perna que teimava em
não fechar. A chaga, porém, cicatrizouse em tempo recorde quando sua vítima
içou do mar uma imagem de São Miguel
Arcanjo. As romarias não se estenderam
até os dias correntes, mas São Miguel dos
Milagres preservou a natureza, com as
admiráveis piscinas naturais e, ainda, as
rodas de coco – o gênero musical divulgado
para as massas por Jackson do Pandeiro.
Também manteve a irreverência de trocar
os nomes das praças, transformadas na
boca do povo em Praça da Fofoca, Praça dos Lisos, Praça dos Bêbados e assim
por diante.
O município tem várias praias de areias
brancas e águas transparentes, como as do
Marceneiro, do Toque e do Riacho. Afastando-se um pouco do núcleo urbano, em
direção ao sul, chega-se à Praia da Barra de
Camaragibe, que tem como grande atrativo o encontro do Rio Camaragibe com o
mar. Dali é possível pegar um barco para
atravessar o rio e visitar a Praia do Morro, ainda mais isolada e menos explorada.
Tomando o rumo contrário, ao norte
de São Miguel dos Milagres fica a cidade
seguinte no roteiro, Porto de Pedras, que
apresenta uma curiosidade: suas praias
foram escavadas anos a fio em busca de
dinheiro. Explica-se. Na década passada,
6 | VidaBosch |
viagem
Como chegar
Sair de Maceió rumo ao Litoral Norte
não é difícil. Basta seguir a rodovia AL101. Placas apontando as praias mais
próximas (Cruz das Almas, Guaxuma,
Garça Torta e Riacho Doce) ajudam.
A estrada, no entanto, não prima pela
conservação. Há muitos buracos, o que
recomenda dirigir apenas durante o
dia. Além disso, a pouca sinalização
algumas vezes está coberta por vegetação. Outro problema: há menos
postos de abastecimento do que o
desejado. A boa nova: o trecho entre
Barra de Camaragibe e Porto de Pedras receberá uma série de melhorias.
Já saiu no “Diário Oficial”.
Onde ficar
Japaratinga
Pousada do Alto Sítio Biquinha,
s/nº, tel. (82) 3297-1210,
www.pousadadoalto.com.br
Aberta há 11 anos, esta pousada bem
decorada – e com mordomias do tipo
café da manhã sem horário – tem 12
suítes, todas espaçosas, com varanda de frente para o mar. Uma delas,
a Cristal, toda envidraçada, oferece
visual de quase 360 graus.
Porto de Pedras
Aldeia Beijupirá Praia do Laje, tel. (82)
3298-6549, www.aldeiabeijupira.com.br
Criada pelos mesmos donos dos restaurantes homônimos – o primeiro em
Porto de Galinhas (PE) –, é a mescla
perfeita da simplicidade com o chique. São 20 chalés, com antessala,
varanda e chuveiro com aquecimento
solar. Absoluta privacidade.
São Miguel Dos Milagres
Pousada do Toque Rua Felisberto
de Ataíde, s/nº, tel. (82) 3295-1127,
www.pousadadotoque.com.br
Oferece culinária magnífica, 17 suítes
imensas, atendimento amabilíssimo e
café da manhã sem horário.
Maragogi
AL - 105
AL - 465
AL - 101
Japaratinga
AL - 460
Porto de Pedras
AL - 101
104
AL - 435
AL - 430
101
São Miguel dos Milagres
AL - 425
AL - 413
Barra de Santo Antônio
104
101
Ipioca
316
Garça Torta
Cruz das Almas
Maceió
Onde comer
Ipioca
Hibiscus Rodovia AL-101 Norte, Condomínio Angra de Ipioca, tel. (82)
3234-1340
Este bar/restaurante descolado, com
decoração rústica/elegante em meio a
um coqueiral, bem diante da praia, é
imperdível. Fica logo depois do Hotel
D’Anatureza. Tem boa comida e não
tem cadeira de plástico.
Porto de Pedras
Patacho Praia do Patacho, s/nº, tel.
(82) 3298-1253
Está instalado na pousada de mesmo
nome, de cara para a praia. A comida
é de primeiríssima. Destaque: dourado com molho de maracujá, servido
com batatas sauté e arroz com manga.
Maragogi
Gaivotas Av. Senador Rui Palmeira,
800, tel. (82) 3296-1195
Eliane Martins foi dona de confecção
em Minas Gerais. Largou tudo pelo
litoral alagoano, onde montou esta
casa no centro de Maragogi. Culinária simples (mas ótima), simpatia e
bons preços formam a tríade que faz
a fama do estabelecimento.
o pescador Eronildo caminhava pela Praia
do Patacho quando topou com algumas
moedas antigas. Guardou-as. Ao tentar
vendê-las, descobriu: eram nada menos do
que valiosas moedas portuguesas, cunhadas em Lisboa no ano da graça de 1719.
Pouco depois, um pirralho, numa pelada,
foi buscar a bola atirada para longe e, da
mesma maneira, deparou-se com outras
seculares moedas lusitanas.
A notícia espalhou-se pela região: em
algum ponto de Porto de Pedras havia um
tesouro enterrado por presumíveis piratas do século 18. Houve tamanha correria
e tanta balbúrdia que a Polícia Federal se
viu obrigada a intervir antes que a cidade fosse transformada em uma sucessão
de buracos.
Hoje se sabe que o verdadeiro tesouro de Porto de Pedras são suas praias e
coqueirais. Estes últimos, aliás, tal como
as moedas, também foram trazidos pelos
portugueses. Pois é, não havia coqueiros
– esse atual logotipo do Nordeste – na terra brasilis. Os colonizadores portugueses
trouxeram as mudas de Goa, na Índia, ainda
no século 16. De onde, por sinal, também
arrebataram o prato sarapatel. Entre as
praias do município, destaca-se a do Patacho, frequentadora assídua das listas
das mais bonitas do Brasil.
Para continuar a viagem será preciso
pegar uma balsa em Porto de Pedras pa-
viagem | VidaBosch | 7
A Bosch na sua vida
Superando buracos
A rodovia AL-101, que atravessa toda a costa de Alagoas, é considerada
uma das estradas com as vistas mais
bonitas do Brasil, principalmente no
trecho entre Maceió e Maragogi. A
viagem ao paradisíaco Litoral Norte
de Alagoas, no entanto, pode virar um
passeio infernal se o motorista não se
prevenir para enfrentar as condições
pouco amigáveis do asfalto e as altas
temperaturas do estado.
“Nessa região, as vias são muito esburacadas, o que dificulta o tráfego”,
alerta Flávio dos Santos, gerente da Kid
Autopeças, oficina da rede Bosch Service em Maceió. “E, além disso, o calor
também pode atrapalhar o caminho.”
As partes mais afetadas, aponta ele,
acabam sendo as suspensões, muito
exigidas durante o trajeto. “Se uma
delas estourar, o carro vai ficar pelo
meio do caminho e será preciso chamar um guincho”.
Para evitar as armadilhas dos buracos
nas estradas, Santos também recomenda cuidados com os pneus. “Se
eles não estiverem alinhados corretamente, podem até estourar”, alerta.
O gerente relata que problemas relacionados à suspensão e aos pneus
são os que mais levam clientes que
passam pelo Litoral Norte alagoano
à oficina na qual trabalha.
Entre outubro e maio, também aparecem veículos que tiveram problemas
ligados a aquecimento. É que não é
raro as temperaturas nas áreas litorâneas de Alagoas ultrapassarem os
30 °C. Para enfrentar o calor intenso, “os sistemas de refrigeração dos
veículos têm de ser revisados antes
da viagem”, lembra Santos. É preciso,
diz ele, “ver se a bomba de água e a
ventoinha, por exemplo, estão funcionando bem”. O aquecimento excessivo
obriga o motorista a parar e pode até
causar danos permanentes – e caros
– ao motor.
Os cuidados específicos não eliminam,
no entanto, as revisões mais gerais.
“Antes de qualquer viagem, é sempre
bom passar numa oficina para verificar
as condições do carro, checar o óleo,
a bomba de combustível e o filtro de
ar”, recomenda Santos.
Para garantir as melhores condições
do automóvel, o ideal é passar na oficina também depois da viagem, a fim
de verificar se os buracos e a temperatura elevada não causaram danos
ao veículo. “As revisões têm de ser
feitas antes e depois – ainda mais
diante de condições de tráfego um
pouco complicadas, como as do Litoral Norte”, finaliza Santos.
Arquivo Bosch
ra atravessar o Rio Manguaba e chegar a
Japaratinga. Pode ser demorado, na alta
temporada. Nessa época, as filas para entrar na balsa chegam a aborrecer. Porém,
como costuma ocorrer no litoral alagoano, há uma ótima recompensa para quem
encara a missão. Na maior parte do ano, a
encantadora Japaratinga tem praias com
mar sereníssimo, águas tépidas e sem ondas. Melhor ainda para quem subir até a
chique Pousada do Alto. Ali, a 120 metros
acima do nível do mar, o felizardo contempla um dos panoramas mais espetaculares da viagem.
Maragogi, enfim, é o destino derradeiro
do Litoral Norte de Alagoas. O principal
programa da cidade: fazer um passeio de
barco até as mais vistosas piscinas naturais do Nordeste, repletas de peixinhos
coloridos. Elas estão em alto-mar, a cerca
de meia hora de navegação. Até 2009 era
um rebuliço. Levas e mais levas de turistas bate e volta seguiam até a piscina das
Galés. Muitos pisavam nos corais. A partir daquele ano, os passeios passaram a
ter melhor organização, e o número de
visitantes acabou limitado a 720 por dia.
Todos proibidos de pisar nos corais, claro.
Além disso, outras duas piscinas naturais foram liberadas: as de Taocas e de
Barra Grande. Aos hóspedes das pousadas Camurim Grande e Praiagogi cabe um
privilégio. Eles são levados de lancha ou
jangada às piscinas de Croa de São Bento.
São bem menos frequentadas. Sem contar
que ainda oferecem uma diminuta praia
de areias imaculadas.
Pouco depois de Maragogi começa Pernambuco. Quem continuar o trajeto até o
Recife terá a seu dispor outras praias formidáveis. O destaque fica para a Praia dos
Carneiros, uma ex-fazenda de cocos muito
bem resguardada. A boa notícia é que as
estradas têm pavimentação e sinalização
melhores. Sem contar o número muito mais
confortante de postos de abastecimento.
Em Pernambuco, no entanto, os caminhos
passam, em geral, a pelo menos meia hora
da costa. Não há mar à vista pelas janelas
do carro. Desta vez, o enigma ficará por
conta do caro leitor: valerá ou não a pena voltar a Maceió, revisitando algumas
das mais inspiradoras praias do Brasil?
8 | VidaBosch |
eu e meu carro
Fã de automóveis
Renato Canton
A apresentadora Renata Fan, da TV Bandeirantes, já provou ser especialista
em futebol. Nesta conversa, conta que também adora dirigir
Q
uase todos aqueles que já se sentaram à frente da televisão na hora do almoço para acompanhar as notícias de seu time do coração sabem que a
apresentadora Renata Fan é apaixonada
por futebol e fanática pelo Internacional
de Porto Alegre. Porém, além de seguir de
perto as disputas dentro dos gramados,
ela tem queda especial pelo que ocorre
nos autódromos brasileiros. Não apenas
porque namora o piloto de Stock Car Átila Abreu: é que ela também adora carros
e ama dirigir.
A estrela do programa Jogo Aberto, da
Rede Bandeirantes, lembra que aprendeu a guiar no Palio da família, em sua
cidade natal (Santo Ângelo, no interior
do Rio Grande do Sul). “Recebi algumas
dicas do meu pai, do meu irmão. Foi tudo
acontecendo aos poucos. No começo, tinha
muito medo, achava que seria impossível,
mas hoje eu adoro.”
O medo estava ligado, sobretudo, à tarefa de estacionar. Ela não gostava (e quem
gosta?) daquela trabalheira de olhar para
trás, olhar para o retrovisor, esterçar a
direção, coordenar acelerador e embreagem, desesterçar, olhar de novo para
o retrovisor etc., etc., muitos etc. O fato
é que ela fez o teste de habilitação sem
saber fazer baliza. “O que me salvou foi
o instrutor colocar um adesivo no vidro
traseiro que servia como orientação. Isso
me deu confiança, e eu consegui passar,
mas ainda dirigi por um tempo sem saber
direito como estacionar”, lembra.
Nos anos seguintes, usou os carros da
família, mas isso mudou em pouco tempo. Cursava faculdade de Direito quando
decidiu lançar-se na carreira de modelo.
Apostando nos seus 1,79m de altura, nos
cabelos loiros e nos olhos verdes, a gaú-
| Por Bruno Meirelles
cha foi eleita Miss Santo Ângelo e Miss Rio
Grande do Sul em 1998 e Miss Brasil em
1999. A série de conquistas lhe deu fama,
projeção e seu primeiro veículo: um Gol.
“Até hoje é o carro que mais me marcou:
ganhei sozinha, com meu próprio trabalho.
Lembro dele com muito carinho.”
Em 2003, após se formar, Renata decidiu
tomar outro rumo. Foi para Divinópolis,
no interior de Minas Gerais, cursar Jornalismo. Um ano depois, no entanto, foi
aprovada em um teste para apresentar
um programa esportivo na Rede Record
e mudou-se para São Paulo.
“Foi um grande choque. Eu me dava
bem com o trânsito de Divinópolis, que
tem uns 200 mil habitantes, mas aqui a
gente anda junto de ônibus enormes, as
motos passam coladas o tempo todo, é um
caos”, compara. “Minhas grandes vitórias
foram quando consegui andar na Paulista
e na Marginal, lá pelo terceiro dia. Comemorei muito”, recorda.
Aos poucos, porém, a apresentadora
e modelo foi se acostumando à rotina da
cidade mais populosa do Brasil. Ao mesmo
tempo, trocou de emissora, ganhou um
programa próprio e seu rosto se tornou
cada vez mais conhecido. “Por incrível
que pareça, é difícil as pessoas me reconhecerem no trânsito. Todos estão muito
apressados, não param nem para olhar
quem está ao lado. Mas às vezes, em semáforos, acontece. Daí as pessoas acenam,
tiram foto, falam que são minhas fãs”, diz.
Recentemente, isso aconteceu de modo
inusitado. Atrasada para as gravações, ela
passou rente a outro carro nas proximidades da emissora e acidentalmente quebrou
o retrovisor do veículo. “Quando percebi
o que tinha acontecido, voltei correndo
para falar com o outro motorista. Ele levou um susto quando me reconheceu. Eu
estava com pressa para gravar e passei
meu telefone para resolvermos depois.
Ele ficou feliz de me conhecer, e acabou
dando tudo certo.”
Atualmente, Renata se aventura pelo
trânsito paulistano com um esportivo-utilitário da Porsche. Um carro espaçoso – é
que, para ela, é mais importante conforto
do que velocidade. “Não dá para andar
rápido em São Paulo. Gosto de carro grande e de espaço, e ele tem TV, som, bancos
confortáveis, quase não treme com os buracos das ruas.”
De olhos bem fechados
O gosto da apresentadora por dirigir ganhou impulso nos últimos anos, quando
começou a namorar Átila Abreu. “Sempre que posso vou assistir às corridas
dele. Mas às vezes eu não consigo por
causa da minha agenda.”
Ela conta que recebe algumas dicas de
direção do namorado e tenta aprender
com ele nas viagens que fazem de Sorocaba (cidade do piloto) para São Paulo.
“Quando ando com o Átila, percebo que
sua noção de espaço no trânsito é bem
melhor do que a minha. Ele também gosta de pegar no meu pé e falar que eu dirijo igual a um cachorrinho, porque fico
grudada no volante. Mas o resto eu faço
direitinho”, brinca.
Mesmo confiando no talento do parceiro, a apresentadora confessa que passou
alguns apertos na única vez em que decidiu acompanhá-lo em uma volta rápida
no autódromo. “Fiquei com os olhos fechados e levei as mãos ao rosto de nervoso durante toda a volta. Morro de medo.
Jamais passou pela minha cabeça correr
também – já chega uma pessoa da relação
que se arrisca.”
A Bosch na sua vida
Sem as mãos
Renata Fan não é a única que teve problemas para aprender a estacionar. A baliza
costuma ser o terror de muita gente, e
mesmo motoristas experientes ainda suam
frio na hora de encarar uma vaga. Esse
martírio, no entanto, pode estar perto do
fim graças a uma tecnologia da Bosch:
o sistema Park Steering Control (PSC).
“O equipamento manobra o veículo automaticamente, sendo que o motorista
tem apenas de engatar a ré e controlar
o freio e o acelerador, sem encostar as
mãos no volante”, explica o gerente de
vendas de eletrônica automotiva da Bosch, Alexandre Tedeschi.
Por enquanto, o motorista ainda é necessário, mas, em 2015, a Bosch colocará no
mercado uma nova geração do sistema
PSC. “O condutor terá apenas de apertar
um botão, e o carro fará toda a manobra
automaticamente”, continua Tedeschi.
O sistema não ajuda apenas na parte mais
difícil, mas, também, na mais chata. “Ao
ativar o PSC, o sistema consegue identificar e achar uma vaga para o veículo
estacionar”, afirma o gerente da Bosch.
Não é mágica, mas sim tecnologia. “O
equipamento tem um sensor ultrassônico, como o sistema de sonar de um
morcego, que emite ondas e capta seus
reflexos, calculando, assim, o tamanho
e a profundidade do espaço para ver se
ele se adéqua às dimensões do veículo”,
diz Tedeschi. O PSC indica até o lugar
exato em que o carro tem de estar para
iniciar o processo de estacionamento.
O equipamento tem de vir instalado de
Arquivo Bosch
fábrica, e, no momento, apenas motoristas de veículos estrangeiros estão livres
do martírio que é estacionar. Os condutores de carros brasileiros, no entanto,
não tardarão em experimentar o prazer
de apenas relaxar enquanto o carro entra
na vaga. “Já estamos conversando com
uma montadora para ter o PSC nos veículos nacionais até 2016”, revela Tedeschi.
Andreas Gradin/Shutterstock
10 | VidaBosch |
torque e potência
| Por Gabriel Ferreira
Tudo que vai, volta
Máquinas ajudam indústria a cumprir lei que
exige que empresas se responsabilizem pelo
destino do lixo gerado por seus produtos
E
ncontrar a melhor maneira de levar
um produto da fábrica até o consumidor final sempre foi uma preocupação da
indústria, mas uma legislação sancionada
em 2010 exige que as empresas brasileiras
comecem a se preocupar com o caminho
inverso. A Lei 12.305/2010, que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, define um conjunto de normas para
o manejo do lixo no Brasil. Entre elas está
a que determina que o responsável pela
produção de uma mercadoria é o mesmo
que deverá lidar com os resíduos daquele
item. Um fabricante de televisores, por
exemplo, deverá cuidar do descarte correto de suas televisões, evitando que seus
componentes causem danos severos ao
meio ambiente.
Nesse cenário, ganha maior importância
o conceito de logística reversa, “conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição
dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo
ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada”, segundo a definição da própria Lei
12.305/2010. “Até pouco tempo não se falava muito nisso, mas, com o aumento do
12 | VidaBosch |
torque e potência
As iniciativas para dar melhor
destino aos resíduos começaram
nos anos 2000, com pneus e
embalagem de óleo e agrotóxico
vezes, recolhem as mercadorias e as preparam para que elas possam voltar a ser
usadas. “No caso do papel, por exemplo,
existe uma separação pela qualidade do
produto e pelo grau de utilização. Conforme esse padrão, ele pode ser aproveitado para fazer papéis de maior qualidade
ou precisará ser utilizado de formas mais
simples, como papel higiênico, por exemplo”, diz Mariano.
Polêmica e tecnologia
Ainda que sejam atitudes indiscutivelmente
benéficas ao planeta, a logística reversa
e a reciclagem envolvem certa polêmica – o que tem tornado a implementação
da Política Nacional de Resíduos Sólidos
um tanto lenta. “A grande questão são os
custos envolvidos. Dar a melhor destinação não é algo barato, e muitas empresas
resistem em fazer esse investimento”, observa Leite.
As despesas incluem, por exemplo,
o transporte de grandes volumes de
produtos com baixo valor agregado. “E
a questão logística é apenas o início do
processo. Fazer o tratamento correto e a
gestão daquele resíduo também é muito
caro”, afirma Mariano. “Muitas vezes, os
custos envolvidos chegam a ser maiores
do que os ganhos resultantes da venda
daquela sucata.”
Como em qualquer setor econômico, a
forma que as empresas de gestão de resíduos encontram para enfrentar tais entraves é investir na eficiência. E a tecnologia
desempenha um papel fundamental nesse
esforço. Grandes companhias do segmento
dispõem de uma série de equipamentos
que atuam em diferentes etapas, desde o
Dvande/Shutterstock
consumo, pensar na logística reversa passou a ser uma necessidade fundamental”,
afirma Paulo Roberto Leite, da consultoria
CLRB, especializada na área.
A logística reversa envolve tudo o que
se refere ao recolhimento e à destinação
dos resíduos sólidos. Está ligada a outra
prática essencial para a preservação do
meio ambiente: a reciclagem, processo
por meio do qual um material já utilizado
é transformado novamente em matéria-prima, como explica Wagner Mariano,
gerente de operações da Fox Reciclagem,
empresa com mais de 50 anos de experiência no ramo.
Para a reconversão de um material utilizado em matéria-prima é fundamental o
empenho de uma indústria que conecta
as pontas desse processo, que liga o consumidor de um produto à empresa que
vai precisar daquela matéria-prima novamente. É aí que entram os operadores
de logística reversa, que, na maioria das
Equipamentos de acionamento e controle, como esteiras, transportam os materiais ao longo das diversas etapas da reciclagem
torque e potência | VidaBosch | 13
recolhimento dos resíduos até a separação. São máquinas como compactadores,
que fazem com que uma carreta consiga
levar muito mais lixo. “Se for transportar
papelão solto, conseguimos colocar 1 tonelada por caminhão. Fazendo uma boa
prensagem, transportamos 8 toneladas
por vez”, compara Mariano.
As técnicas de compressão são importantes também após o material chegar à
sede da empresa de gestão de resíduos. Por
lá, prensas são fundamentais para juntar
o material do mesmo tipo antes de enviar
para os clientes. Alguns desses dispositivos chegam a processar mais de dez toneladas de lixo por hora. “Em clientes com
grande volume de um resíduo homogêneo,
instalamos esses equipamentos na sede
da empresa, para aumentar ainda mais a
produtividade”, afirma o executivo.
Além dos equipamentos de compactação,
uma grande empresa de gestão de resíduos costuma contar com diversas outras
máquinas. As extrusoras, por exemplo,
dão nova forma a plásticos e metais que
serão encaminhados para reciclagem. Já
as esteiras permitem que os resíduos sejam transportados de forma mais rápida
dentro da planta.
Preocupação crescente
A preocupação com a correta destinação de
resíduos não é exatamente uma novidade
no Brasil. Desde o início dos anos 2000,
várias iniciativas são tomadas nesse sentido, priorizando produtos mais danosos
ao meio ambiente, como pneus, embalagens de agrotóxicos e óleos lubrificantes.
“Mais do que legislações, o que pesou foi
a organização dos setores para fazerem
com que tudo desse certo”, avalia Leite. “O
modelo de debate adotado por eles agora
tem que servir de exemplo para o governo
e as diversas entidades setoriais fazerem
os avanços que ainda faltam.”
Conforme a Política Nacional de Resídu-
os Sólidos se consolida, a importância de
um grupo específico fica ainda mais clara.
São os catadores (cerca de 1 milhão no país) e as cooperativas de reciclagem (só as
registradas no Compromisso Empresarial
para Reciclagem somam 600). “Esse pessoal lida mais com o pós-consumo, com
os resíduos gerados pelo cliente final. É
um trabalho muito importante, pois eles
focam sua atuação em outro tipo de produto, que muitas vezes não compensa para uma grande empresa de reciclagem”,
diz Mariano.
Independentemente de partir de indústrias gigantescas ou do consumidor final,
o importante é que a preocupação com o
destino do lixo vem se consolidando como
uma realidade no Brasil – contribuindo
para reciclar aquela velha ideia de que
lixo nada mais é do que uma coisa inútil.
“Se orientarmos corretamente a sociedade, ela estará pronta para contribuir”,
conclui Leite.
Reúso e reciclagem
A divisão Diesel da Bosch no Brasil faz
remanufatura de bombas e injetores desde 2005 – portanto, cinco anos antes da
aprovação da Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Num sistema semelhante ao de
retorno de peças antigas, os principais
produtos reaproveitados são os injetores
Common Rail (CRIN – aplicados em motores de veículos comerciais) e unidades
injetoras (UP – utilizadas em veículos comerciais e locomotivas).
Tais peças chegam à empresa por meio
de dois canais: postos de serviços Bosch e montadoras de motores e veículos.
“Nos dois casos, nós recebemos as carcaças, fazemos uma limpeza com produtos
químicos, desmontamos e analisamos
cada uma das peças. Elas são submetidas a análises individuais baseadas em
padrões de qualidade definidos pela engenharia de produtos e processos, para
avaliarmos o aproveitamento ou rejeição”,
explica o engenheiro Nelson Vanzetti, es-
pecialista em engenharia de remanufatura.
As partes reprovadas no exame são descartadas como sucata e vendidas para
a indústria siderúrgica, por exemplo. As
reaproveitadas seguem para a linha de
produção em um lote separado das demais
peças e passam pelos mesmos procedimentos aplicados nos componentes novos.
“Na divisão Diesel, remanufaturamos atualmente cerca de 50 mil peças por ano,
abastecendo os mercados de reposição
independente e montadoras, com a mesma qualidade e garantia das peças novas
de série”, comenta Vanzetti.
Em nível internacional, a empresa produz
ainda versões remanufaturadas de motores de partida, alternadores e freios,
entre outros itens.
Outra participação do Grupo Bosch na
área de resíduos sólidos é a produção
de componentes para máquinas usadas
na indústria de reciclagem. A Rexroth,
divisão de equipamentos de acionamento
e controle da Bosch, produz peças para
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
as máquinas responsáveis por cortar,
torcer, prensar e triturar materiais, de
modo que eles possam ser reaproveitados ao final do processo.
Um caso exemplar nessa área é a tecnologia hidráulica que a Rexroth desenvolveu para um forno de derretimento
de alumínio da Metal Américas. A tecnologia reduz custos de manutenção
e garante maior controle operacional
e segurança ao operador.
14 | VidaBosch |
viagem
Salas
mutantes
Em imóveis cada vez menores,
ambientes integrados permitem
adaptar espaços para diferentes
necessidades a cada momento,
aliando beleza e versatilidade
Gui Morelli
| Por Chantal Brissac
16 | VidaBosch |
N
viagem
as últimas décadas, os hábitos dos
moradores das grandes cidades vêm
passando por grandes transformações
que, claro, refletem-se no jeito de morar.
Uma delas é a rotina corrida da vida moderna, que deixa cada vez menos tempo
para cuidar da casa. Aliada ao mercado
imobiliário aquecido, a tendência elevou
a procura por imóveis menores – e metragens reduzidas exigem novas formas
de organizar o espaço. “À medida que os
hábitos das pessoas vão se modificando,
a casa se modifica junto. Ela é o reflexo da
sociedade e materializa a forma de viver”,
afirma a decoradora carioca Ana Maria
Índio da Costa em seu livro “Cartas a um
jovem decorador” (ed. Elsevier).
Um cômodo, particularmente, tem passado por metamorfose radical: a sala. Se,
até a segunda metade do século 20, era
comum encontrar residências com tradicionais e sisudas salas de visita e de jantar
rigidamente separadas por móveis igualmente clássicos e austeros, hoje esses espaços estão em extinção. Cômodos compartimentados e estanques deram lugar
a ambientes versáteis e mutantes, que se
adaptam de acordo com as necessidades
dos moradores.
O conceito se aplica especialmente bem a
imóveis menores, que podem abrigar salas
inteligentes e integradas, espaços bem projetados e que normalmente abrangem três
ambientes: sala de estar, de TV e de jantar.
Na opinião do arquiteto Gustavo Calazans, não se trata de simples moda, mas
de uma tendência que veio para ficar. “Os
imóveis estão muito menores, e as pessoas
também querem ambientes que as ajudem
a viver melhor”, comenta. “Uma mãe que
cozinha, por exemplo, ficará muito melhor
se estiver em uma cozinha com uma boa
visão da sala, monitorando os seus filhos
que brincam, estudam ou veem televisão.
Isso permite a integração das pessoas, um
conceito que felizmente está voltando.”
A integração, aliás, não se resume aos
diferentes tipos de sala. Outros cômodos,
como cozinha, terraço e escritório, podem
ser incorporados a um grande ambiente
multiúso.
Em um projeto recente, feito para um
jovem casal que gosta de cozinhar e receber
Lufe Gomes
viagem | VidaBosch | 17
Truques para
transformar o
ambiente
Especialista no universo “casa”, a
escritora e jornalista Chris Campos,
criadora do site “Casa da Chris”
(http://casadachris.uol.com.br/blog/,
há mais de dez anos no ar), adora
transformar ambientes recorrendo a pequenos truques. Confira
algumas de suas dicas para sala:
1. Mudar a cor das cortinas faz muita diferença em um ambiente.
Se você trocar o tipo de tecido,
então... Assim como as cortinas,
novas capas de almofadas também fazem maravilhas.
2. As dimensões da sua sala impedem mudanças radicais na mobília? Não hesite em pintar apenas
uma parede com a cor de que
você mais gosta. Dê preferência
a alguma que fique em posição
de destaque no ambiente.
3. Eu sempre tive arrepios com a
ideia de uma decoração fixa, para
sempre, imutável. Por isso, aposto nos móveis multiúso, que podem mudar de lugar num mesmo
ambiente ou, melhor, mudar de
função ao bel prazer, como aparadores, pufes e poltronas.
4. Que tal um banco que pode acomodar um convidado extra na sala
e que, quando você quiser, vira
uma mesinha de cabeceira diferente?
5. Plantas também são responsáveis por metamorfoses simples,
mas de efeito bombástico na sala. Tenha apenas o cuidado de
escolher espécies que cresçam
bem em ambientes internos, com
luminosidade limitada.
viagem
Eder Chiodetto
18 | VidaBosch |
Bombaert Patrick/Shutterstock
Eliminar paredes entre as salas de estar e jantar (acima) e instalar telões retráteis (abaixo) ajudam a criar ambientes multiúso
viagem | VidaBosch | 19
amigos, a arquiteta e urbanista paulistana
Camilla Notari Fontes colocou o cooktop
virado para a sala, em uma ilha, que se tornou o palco para o casal gourmet e seus
amigos. Nivelou todos os pisos, inclusive
o da cozinha, para dar a sensação de espaço ampliado. “O terraço do apartamento é
outro ambiente que tem sido integrado à
sala por meio da nivelação do piso.”
Para quem pretende usar a sala também
como escritório, uma dica é a adequação de
uma estante de home theater para abrigar
um laptop. Camilla percebeu que muitos
de seus clientes chegam à noite em casa e
colocam o notebook sobre a mesa de jantar para trabalhar mais um pouco. Em vez
disso, ela aconselha o uso de uma pequena bancada, com uma banqueta embaixo.
E, claro, com uma iluminação especial na
estante para esse espaço. “Assim, a mesa
de jantar não se mistura com trabalho.”
Mantendo a elegância
O risco de integrar todos os cômodos em um
único ambiente é criar um espaço atulhado e desorganizado. O segredo para evitar
isso e manter a elegância da sala é acertar
na escolha dos móveis, das cores e de outros recursos decorativos, recomendam
as arquitetas Andrea Lucchesi e Carolina
Razuk, sócias do escritório Lucchesi e Razuk. “Preferimos usar cores neutras nas
paredes e no sofá e deixar o colorido para
peças mais pontuais, como um tapete, almofadas ou acessórios”, explica Carolina.
Marcenaria mais neutra e iluminação bem
pensada também fazem milagres nessa maximização de espaço. “Um bom exemplo
para deixar a sala mais ampla e agradável
é investir em luzes indiretas, como abajures perto do sofá”, diz Carolina.
Ao derrubar as paredes para integrar
os ambientes, já se ganham alguns centímetros – cerca de dez, segundo os arquitetos – na nova sala. E pode-se lançar mão
de truques que ampliam mais os espaços.
A decoradora Deize Silva, por exemplo,
gosta de móveis e balcões multiúso. É o
caso do balcão de bar que se transforma
em mesa de jantar ou até “escrivaninha”
para o laptop do morador.
Ao mesmo tempo em que alguns móveis
podem pontuar a versatilidade do espaço,
é bom ter recursos à mão para delimitar
os ambientes. Para um cliente que pediu
um cantinho para o computador na mesma
sala em que gosta bastante de receber visitas, a arquiteta Camilla Fontes sugeriu um
biombo. Quando há visitas, a peça, aberta,
vira elemento decorativo; caso contrário,
ela se fecha para integrar todos os moradores, que gostam de estar juntos, cada
um em sua tarefa cotidiana.
Esse uso curinga das salas, que se tornam
lugares muito mais convidativos, ideais para conversar, ver TV, receber, comer e até
trabalhar, vem ao encontro do momento
atual: com pouquíssimo tempo de sobra,
as pessoas querem estar juntas dentro de
casa. O importante, lembra Deize Silva, é
deixar os objetos bem dispostos e organizados. Nada de confusão de peças, excesso de enfeites ou acessórios. “A limpeza visual valoriza os ambientes e os deixa
maiores”, observa.
Uma bem projetada estante, que pode
abrigar home theater, laptop e também os
livros da família, é um desses curingas –
especialmente quando tem gavetões para
acolher quinquilharias.
A correta disposição do mobiliário, o
uso de cores neutras e claras – que criam
uma sensação de amplitude – e a escolha de
móveis multiúso são elementos essenciais.
O resto fica por conta do seu estilo pessoal – sem ele, fica faltando a cereja do bolo,
que faz a sua casa ter a sua cara.
Cinema em casa
Uma opção para quem quer assistir a filmes
ou jogos em alto estilo, mas não dispõe
de espaço para uma TV enorme na sala,
é usar telões de projeção retráteis. Um
grande aliado, então, será um pequeno
equipamento da Bosch: o motorredutor
CEP 310 que, com apenas 15 cm X 6 cm,
levanta até 10 quilos.
O equipamento faz as adaptações necessárias para transformar a sala em um verdadeiro cinema em casa. Ele pode ser
usado para fazer a tela de projeção subir
e descer ou para escurecer o cômodo.
“Há persianas nas quais se usa apenas
um motorredutor; em modelos maiores
são necessários dois, um de cada lado”,
afirma Dulcineia Soares, consultora co-
mercial da Bosch.
E o melhor é que é possível transformar
o ambiente sem sair do sofá. “O motor
pode ser ativado por controle remoto; no
entanto, o tipo de transmissor depende
da eletrônica utilizada e, principalmente,
deve ser determinado pelo aplicador/idealizador da automação” explica Dulcineia.
Além de robusto, o CEP 310 é bastante
versátil e pode ser utilizado em diversas
aplicações. A mais comum é no ajuste de
altura e posição de cadeiras odontológicas. O motorredutor também equipa portões automáticos, esteiras ergométricas
e sistemas de automação de mesas de
escritórios. “O motor é sempre o mesmo. O cliente pode acoplá-lo a diversas
aplicações”, afirma Dulcineia.
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Derivado do motor de limpador de para-brisa, o motorredutor CEP 310, da
Bosch, atende a parâmetros mundiais
de qualidade.
O equipamento tem, por exemplo, a certificação CE, exigida pela Comunidade
Europeia – ao contrário da maioria dos
concorrentes, que não apresentam nenhum padrão de confiabilidade.
tendências
Ociacia/Shutterstock
20 | VidaBosch |
Cabeça, tronco
e sensores
Poucas áreas da medicina avançaram tanto nos últimos anos quanto
o desenvolvimento de próteses. Feitas de materiais cada vez mais leves,
elas caminham para reagir a impulsos cerebrais
| Por Tiago Cordeiro
22 | VidaBosch |
tendências
O
tempo de exibição na TV foi curto,
mas o impacto da cena se manteve:
usando um exoesqueleto, o paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, chutou uma bola de
futebol na abertura da Copa do Mundo, em
São Paulo. Concebida pelo neurocientista
brasileiro Miguel Nicolelis, a estrutura é
composta por eletrodos que captam emissões elétricas do cérebro e as repassam para
um computador, onde são decodificadas e
transmitidas para os pés por intermédio de
uma roupa especial. Graças ao equipamento, Juliano foi capaz de comandar as pernas
com a força do pensamento.
A façanha de Nicolelis comprova: a tecnologia está levando a medicina a patamares não imaginados antes, e o desenvolvimento de próteses é uma das áreas
em que a tendência se mostra mais evidente. Na Paraolimpíada de 2016, também
no Brasil, veremos novas demonstrações
dos avanços do setor. Atletas com deficiência, ou com membros amputados, são
capazes de competir com os olímpicos – e
é possível que, dentro de algumas edições,
seus índices sejam os melhores.
Trata-se da evolução de uma prática
que teve início há pelo menos 3 mil anos,
no Egito, onde uma ossada foi encontrada com dedos de madeira, presos à base
do pé por correias de couro. Na França
do século 16, o cirurgião Ambroise Paré
(1510-1590) criou uma mão artificial com
dedos flexíveis, manipulados por meio
de dobradiças e molas.
Em sentido estrito, prótese é todo tipo
de dispositivo que ajuda o desempenho
do corpo quando algum órgão falha – definição que inclui até óculos ou aparelhos
auditivos. Mas as alternativas que surgiram nas últimas décadas vão muito além:
são resultado de pesquisas em medicina,
fisioterapia, várias engenharias (da elétrica
e mecânica à de materiais), informática e
biologia (afinal, só recentemente estamos
começando a avançar no conhecimento da
base neurológica dos movimentos complexos do nosso organismo).
Mão inteligente
Um dos exemplos mais bem acabados é a
Bebionic3, uma mão mecânica inteligente
lançada em 2012 pela empresa norte-americana Bebionic: recebe impulsos elétricos
exatamente da mesma forma que nossos
dedos. O resultado se parece muito com o
antebraço do robô interpretado por Arnold
Schwarzenegger no filme “O Exterminador do Futuro”. A produção desse modelo é resultado de um trabalho complexo.
“O processo é longo e depende em grande medida do nível de funcionalidade da
prótese”, reforça a pesquisadora Claudia
Ochoa, do Laboratório de Automação e Robótica da Universidade de Brasília (UnB).
Construir um produto desses exige,
primeiro, um molde que reproduza com
perfeição o órgão perdido – uma tarefa
que se tornou mais simples, rápida e barata com o advento das impressoras 3D,
já utilizadas até para recriar um crânio.
Depois, são instalados motores nos locais
das articulações (joelhos, cotovelos, pulsos, tornozelos). É necessário ainda desenvolver softwares de leitura de sinais
cerebrais, que movimentam motores pequenos, alimentados por baterias. Por fim,
o paciente se submete a treinos longos e
sessões de fisioterapia para aprender a
movimentar os novos membros. Ainda
assim, depois de todo esse esforço, não
é raro que o usuário de uma perna artificial, por exemplo, sinta dores constantes
nos quadris e nas articulações e, às vezes,
acabe por sofrer com obesidade e problemas cardíacos, porque só se movimenta
quando estritamente necessário.
Os materiais evoluíram muito. Ainda
precisam da resistência do aço e do titânio,
usados há várias décadas, mas agora incluem
fibra de carbono e alumínio. Podem ser
recobertos com silicone, moldado para dar
um aspecto semelhante à pele humana.
“Atualmente as próteses são construídas
com materiais leves, para não impor peso
adicional”, diz Claudia. O acabamento,
que garante o encaixe na área orgânica
é feito sob medida, usando furadeiras e
lixadeiras industriais de pequeno porte
e alta precisão.
Próteses robóticas são uma realidade,
ainda que seu funcionamento permaneça limitado. “Não há dificuldade alguma
em criá-las. Já as utilizamos”, diz o enge-
nheiro elétrico Antonio Padilha Lanari,
professor do Laboratório de Automação e
Robótica da UnB. “Entretanto, a qualidade dos sistemas que identificam intenção
de movimento disponíveis atualmente é
insuficiente para permitir ao usuário um
controle natural e preciso do membro artificial”. Para garantir precisão maior, têm
Mezzotint/Shutterstock
tendências | VidaBosch | 23
Atletas com membros amputados já são capazes de competir com os olímpicos e, dentro de algum tempo, podem até superá-los
de ser feitas cirurgias que liguem as próteses ao que sobrou dos nervos da região
amputada – uma estratégia que funciona
melhor no caso de mãos e braços, mas é
colocada em prática também para movimentar as pernas.
Foi o caso de uma pesquisa realizada
pela Universidade de Louisville. O Centro
de Pesquisa de Danos na Medula Espinhal
de Kentucky, ligado à universidade, instalou 16 implantes elétricos na espinha de
quatro homens cadeirantes. Eles voltaram a movimentar as pernas, mas ainda
não com segurança e precisão suficientes
para caminhar. O próximo passo, em fase
de testes em animais, é elevar o número
de sensores para 27 e, com isso, otimizar
o desempenho.
Recuperar o sentido do tato permanece
um desafio. A Bebionic3, por exemplo, é
recoberta por uma luva que imita a cor e a
textura da pele humana, mas sem a mesma
sensibilidade. Um consórcio de técnicos
de universidades suíças e italianas bolou
tendências
Mãos
biônicas
podem ser
controladas
diretamente
por impulsos
cerebrais,
como o
membro
original
Bebionic/Divulgação
24 | VidaBosch |
tendências | VidaBosch | 25
um protótipo que envia estímulos nervosos a partir da ponta dos dedos feitos
de aço. Num primeiro momento, os usuários conseguiram diferenciar pedaços
de madeira, tecido e plástico do mesmo
tamanho. Mas, por enquanto, o resultado
é um modelo desconfortável: o local onde
foi realizada a amputação é recheado com
fios e eletrodos e, em troca, só fornece
o retorno sensorial para a sensação de
maciez ou rigidez. Temperatura e textura
ainda não são detectadas. Antes que essa
alternativa seja viável, vamos ver no mercado próteses controláveis pela mente. E
dificilmente serão exoesqueletos, mas sim
encaixadas cirurgicamente nos nervos.
Nervos reconectados
Em 2012, o norte-americano Zac Vawter
subiu todos os 103 andares da Torre Willis,
em Chicago, com suas próprias pernas mecânicas. Fez isso enviando para elas sinais
do próprio cérebro. Seus movimentos, muito mais naturais do que os de pessoas que
usam as pernas artificiais tradicionais, são
resultado do trabalho de uma equipe de
designers da Universidade Vanderbilt,
que usou nervos funcionais da musculatura de sua perna e os conectou à prótese. “A técnica de reenervação muscular
ainda opera apenas parcialmente, mas é
extremamente promissora”, diz o engenheiro mecânico Michael Goldfarb, chefe
do Centro de Inteligência Mecatrônica da
universidade. Para funcionar, os pacientes
passam por uma longa recuperação, com
algumas dores. Os nervos têm de crescer
para se reconectar, mas esse é um processo
lento: um milímetro por ano, em média. A
capacidade de movimento é recuperada
muito devagar, começando pelo cotovelo (no caso de pessoas amputadas acima
dele) e chegando até a mão.
Outra linha de pesquisa, mais ousada e
invasiva, poderá alterar a vida de paraplégicos. Capitaneada por Miguel Nicolelis,
o brasileiro que fez duas macacas fêmeas
movimentarem um braço mecânico usando eletrodos implantados no cérebro, ela
prevê a colocação de implantes neurais
em pessoas que têm todos os membros,
mas sofreram lesões na espinha ou no cé-
rebro. A Universidade Brown conseguiu,
em 2011, que a quadriplégica Cathy Hutchinson, de 58 anos, pegasse uma garrafa
de água com a mão e a levasse até a boca. Para isso, os pesquisadores inseriram
no cérebro dela, mais especificamente no
córtex motor, um sensor do tamanho de
uma pílula de remédio. O desafio agora é
evitar que o corpo rejeite o dispositivo.
Até o fim do século 21, é possível que
as pessoas deficientes não se diferenciem mais das outras. Provavelmente, a
questão principal será: quanto de um ser
humano pode ser substituído por peças
artificiais até o ponto em que ele deixará
de ser considerado humano? “Já somos
capazes de substituir metade dos órgãos
de uma pessoa”, diz Goldfarb. “Dentro de
duas ou três gerações, uma pessoa poderá
substituir um fígado, por exemplo, simplesmente para prevenir o risco de uma
doença futura, que ainda nem se manifestou. Ou poderemos desenvolver próteses
que melhoram a capacidade auditiva, potencializam a visão ou aumentam a força
dos braços para níveis sobre-humanos”.
Artesãos de próteses
As próteses requerem tecnologia confiável não só em sua concepção, mas
também na produção e no acabamento.
Os mínimos detalhes fazem diferença na
hora de criar uma peça que seja o mais
confortável possível para quem a usa. No
ajuste fino, os fabricantes podem contar
com os equipamentos versáteis e de alta
precisão da Dremel, divisão de ferramentas rotativas da Bosch.
“Nossos mecanismos são ideais para peças que precisam de muitos detalhes,
nas quais há partes pequenas e áreas de
difícil acesso”, afirma o chefe nacional
da Dremel no Brasil, André Archangelo.
As duas principais ferramentas para o
acabamento são a Dremel 3000 e a 4000.
“A diferença está na velocidade de rotação do motor. A 4000 é indicada para
trabalhos com materiais mais resisten-
tes, mas o serviço pode ser feito também
com a 3000, que tem um pouco menos
de velocidade, mas fará o acabamento
da mesma forma”, explica Archangelo.
“As ferramentas são usadas para esculpir, polir superfícies e dar acabamentos
em geral”, continua o representante da
Dremel. A versatilidade das máquinas se
explica: elas têm mais de 150 acessórios
para que se façam os mais diversos tipos
de serviços.
As pontas são trocadas conforme as necessidades de trabalho, permitindo acabamentos bem executados. Esta última
característica é fundamental principalmente nas partes em que as próteses se
ligam ao corpo, para que se garanta o
conforto para quem usa as peças.
Outro diferencial desses produtos é que
têm um extensor que permite usá-los como uma caneta. “Isso dá muito mais pre-
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
cisão para o trabalho do fabricante, que
consegue fazer um acabamento muito
melhor, chegando até as áreas da peça mais difíceis de acessar, permitindo
desbastar sobras de material ou abrir
reentrâncias na peça, criando, assim,
uma área perfeita e confortável para o
encaixe”, finaliza Archangelo.
grandes obras
T photography/Shutterstock
26 | VidaBosch |
União subterrânea
Projeto bilionário vai construir o primeiro túnel submerso do Brasil e ligar as duas ilhas
| Por Tatiane Matheus
U
mais populosas de São Paulo, onde ficam Santos e Guarujá
m pequeno paradoxo cerca as duas
ilhas mais conhecidas e mais populosas do estado de São Paulo: pouca gente sabe que são ilhas. Uma delas, a de São
Vicente, abriga a cidade de mesmo nome,
além de Santos. A outra, bem ao lado, é a
ilha de Santo Amaro, onde fica o Guarujá.
Sim, dois dos mais concorridos destinos
litorâneos paulistas são, como diz a célebre definição escolar, terra cercada por
água de todos os lados.
E há mais de cem anos, para cruzar
essa porção de água, usam-se embarcações motorizadas. Inicialmente, barcas a
vapor e, anos mais tarde, balsas. Muitas
décadas, bicicletas, veículos e pedestres
depois, esse continua sendo um dos únicos meios de transporte entre Santos e
Guarujá. O outro é a rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP 055), com 43 quilômetros de extensão. Tanto um quanto
outro estão no limite: a estrada registra
congestionamentos diários, e a espera
nas balsas, que carregam cerca de 55 mil
pessoas por dia, chega a 40 minutos nos
horários de pico. No fim do ano ou em
véspera de feriados, não é raro ter de
aguardar mais de uma hora.
O aumento da frota de carros, a intensificação do movimento de cargas no porto
de Santos (o maior do Brasil) e o início da
exploração do pré-sal mostraram que já
é urgente uma reivindicação antiga dos
moradores: a construção de um túnel ligando os dois municípios. O projeto, o primeiro desse tipo no Brasil, saiu do papel
e deve ficar pronto em 2019. Chama-se
Submerso. Supervisionado pela Travessias Litorâneas, um braço da Dersa, terá
1.700 metros de comprimento (870 deles
debaixo d’água) e três faixas de tráfego
em cada sentido para carros, ônibus, caminhões e motos. Uma delas poderá ser
posteriormente adaptada para receber
uma linha de veículo leve sobre trilhos
(VLT). A 60 km/h, a travessia entre os dois
famosos destinos de veraneio será feita
em menos de 2 minutos, segundo a Dersa. Hoje, as balsas demoram em média 18
minutos para cruzar esse trecho de mar.
Na parte superior da estrutura, serão
instalados os cabos de transmissão de energia elétrica da Companhia Docas do Esta-
28 | VidaBosch |
grandes obras
Módulos de
concreto serão
produzidos na
superfície e
transportados
para o fundo
do mar
do de São Paulo (Codesp) e uma linha da
Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL)
para aumentar a segurança do suprimento
de Santos e do distrito de Vicente de Carvalho, na cidade vizinha. Estuda-se ainda
colocar um duto de água para reforçar o
abastecimento do Guarujá.
O custo das obras é estimado em R$
1,98 bilhão. Somando-se itens como gerenciamento, compensações ambientais,
desapropriações e reassentamentos, deve
alcançar R$ 2,8 bilhões. O empreendimento contará com financiamento do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) e do Tesouro paulista.
A elaboração do projeto-executivo está
a cargo do consórcio formado por Engevix, Planservi e Themag, com apoio da
empresa holandesa Royal Haskoning. O
edital para a construção propriamente
dita deve ser lançado até o final de 2014.
A colaboração da empresa da Holanda
não é casual. O país é referência no assunto – lá, em 1946, foi feito o primeiro túnel
desse tipo na Europa, também numa cidade portuária: Roterdã. Já o mais antigo
do mundo, concluído em 1930, liga dois
municípios e dois países: Detroit (Estados
Unidos) e Windsor (Canadá).
Hugo Rocha, presidente do Comitê
Brasileiro de Túneis (entidade de caráter
técnico-científico vinculada à Associação
Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia
Geotécnica), avalia que, com o know-how
da travessia subterrânea no litoral paulista, será possível buscar essa solução em
outros lugares com geografia parecida no
país – por exemplo, entre Vila Velha e Vitória (Espírito Santo), na Lagoa da Conceição
(Florianópolis) e entre Salvador e a Ilha de
Itaparica (Bahia).
Dirigindo a 60 km/h no túnel, a
travessia entre os dois destinos de
veraneio será feita em menos de 2
minutos, segundo a Dersa
Mas por que não uma ponte? Um dos
argumentos do governo estadual é que essa opção limitaria o desenvolvimento do
porto de Santos. A Codesp estima que, nos
próximos dez anos, serão injetados R$ 7
bilhões para acompanhar a demanda por
cargas na região. Hoje, circulam, em média,
de 35 a 40 navios por dia no canal em que
ficará o túnel. Com a expansão do porto, o
movimento deve passar para uma média
de 150 a 200 daqui a uma década, segundo
o coordenador do projeto do Submerso da
Dersa, Estanislau Marcka.
Dersa
Mais e maiores embarcações implicariam uma ponte muito alta – ao menos 85
metros, de acordo com a Dersa. Ocorre,
porém, que a altura de empreendimentos
na região é limitada pela Aeronáutica: 75
metros, no máximo.
Com o túnel, o problema deixa de ser a
altura e passa a ser o oposto. Navios grandes exigem maior fundura. Por isso, a profundidade do canal de navegação será de
21 metros, que permitirá a passagem de
navios com até 19 metros de calado (distância entre o fundo do navio e a superfície).
Hoje, passam por lá embarcações com no
máximo 13,2 metros de calado.
O engenheiro Eduardo Lustoza, diretor
de Portos da Associação dos Engenheiros e
Arquitetos de Santos, diz que o Submerso
é a melhor opção, mas chegou atrasado.
“A obra está corrigindo os últimos 30 anos
e não pensando nos próximos”, analisa.
Segundo ele, para fazer frente aos desafios de logística da região seriam necessários mais dois túneis como o que está
sendo projetado.
Já para a prefeita do Guarujá, Maria
Antonieta de Brito (PMDB) “haverá impacto importante na economia, com ampliação das possibilidades econômicas
e de desenvolvimento para o distrito de
Vicente de Carvalho”, analisa. A administração municipal, segundo ela, tem planos
de conectar o túnel e o acesso ao futuro
aeroporto da cidade e este à rodovia Cônego Domênico Rangoni. “Assim, teremos
todos os modais interligados.”
A Prefeitura de Santos, por sua vez,
pretende reforçar a urbanização do entorno da entrada do túnel, com residências voltadas a população de renda baixa
e média, e ampliar as áreas verdes.
Fotos Dersa
grandes obras | VidaBosch | 29
Não só o túnel, mas também a tecnologia
usada em sua construção é inédita no Brasil. A estrutura será formada por seis módulos enormes de concreto pré-moldado,
montados numa doca seca em Vicente de
Carvalho. Cada peça terá mais de cem metros de comprimento e 60 mil metros cúbicos de concreto.
Durante a construção, a doca é inundada para que o módulo saia flutuando até
o canal onde ficará o túnel; ele será então
afundado e acoplado à entrada do túnel.
O próximo segmento passa por processo
semelhante e é integrado ao que já está
instalado, e assim sucessivamente.
Esses módulos serão revestidos por
concreto em duas etapas: primeiro, a laje
de fundo e, depois, as paredes e uma laje
superior. Para driblar a diferença de temperatura entre o concreto das duas etapas,
o material novo é produzido com gelo em
escamas, e o que já está lá recebe um sistema de refrigeração na parte externa. “A
integridade dos elementos do túnel deverá ser garantida desde a sua conclusão na
doca seca até o seu assentamento no local
definitivo”, destaca Marcka.
A obra não deve interferir muito no
meio ambiente. Segundo o professor Denis Moledo de Souza Abessa, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Poluição
e Ecotoxicologia Aquática da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Unesp), o canal do porto de Santos é um
ambiente já bem alterado. O maior risco –
ainda assim, remoto – é se, na dragagem
para a instalação do túnel, houver sedimentos que possam contaminar a água:
eles podem subir à superfície e ser transportados pelas marés.
A Bosch na sua vida
Antes, durante e depois
A Bosch fornece soluções que vão viabilizar as diferentes etapas da construção do Submerso – antes, durante
e depois da instalação dos módulos
que vão formar a passagem submarina.
A Rexroth, divisão de equipamentos
de acionamento e controle da Bosch,
fornece componentes para as docas
secas – espaços abaixo do nível do mar,
também chamados de diques secos, nos
quais serão construídos os módulos de
concreto do túnel. “Fazemos os cilindros hidráulicos para movimentar os
portões do dique, que abrem e fecham,
permitindo a saída do módulo depois
que ele é construído”, diz Agostinho
Tarcísio, gerente de aplicação para civil
engineering da Rexroth. Além disso, a
empresa também produz componentes
para as válvulas que controlam a entrada de água no dique.
Depois de construídos, os módulos são
levados ao ponto onde serão submersos
por barcas equipadas com máquinas
que levam as peças ao fundo do mar
em segurança, graças aos componentes
da Rexroth. “Os guindastes possuem
equipamentos (sistemas hidráulicos
para compensação de ondas) que estabilizam o sistema, evitando
o choque dos trechos do túnel com o
fundo do mar ou com outro trecho já
instalado. As embarcações usam diversos motores hidráulicos que, com o uso
de GPS, mantêm o sistema no ponto
exato de instalação”, afirma Agostinho.
Com os módulos instalados, entram
em cena as ferramentas elétricas. “Nós
temos marteletes, que são usados para
instalar os olhos de gato nas pistas; já
as esmerilhadeiras cortam os vergalhões de ferro utilizados na construção”,
afirma Alex Pereira, consultor técnico
comercial da Bosch.
Depois de concluída, a obra também
poderá contar com sistemas de segurança Bosch. “Temos sistemas de detecção de incêndio e câmeras inteligentes que captam veículos na contramão,
objetos deixados na pista ou pedestres
circulando em áreas proibidas”, diz Rita Albuquerque, analista de vendas de
sistemas de segurança da Bosch.
Arquivo Bosch
Concreto flutuante
30 | VidaBosch |
brasil cresce
Bancos para todos
Sanjagrujic/Shutterstock
Na última década, mais de 24 milhões de pessoas passaram a ter acesso a serviços
| Por Bruno Fiuza
financeiros no Brasil. A maior parte, das classes C e D
N
os últimos oito anos, os bancos brasileiros descobriram um novo país.
Somente entre 2006 e 2010, eles ganharam
24 milhões de novos clientes – um quarto
a mais, contingente superior à população da Austrália. O processo, conhecido
como bancarização, foi mapeado por um
estudo publicado em 2011 pela Federação
Brasileira de Bancos (Febraban), intitulado “Bancarização e Inclusão Financeira
no Brasil”.
Com isso, muitos brasileiros que nunca
haviam pisado em uma agência bancária
passaram a ter acesso a serviços financeiros. Se em 2006 cerca de metade da
população adulta tinha conta-corrente,
em 2013 essa proporção havia saltado
para 71%, de acordo com estimativa de
um relatório feito por pesquisadores da
Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Esse fenômeno foi motivado pelo bom
momento da economia brasileira nos últimos
12 anos”, comenta o professor Lauro Gonzalez, diretor do Centro de Estudos em
Microfinanças e Inclusão Financeira da
FGV e um dos autores do estudo. “A combinação de crescimento, inflação sob controle, aumento significativo do rendimento – sobretudo das classes mais baixas – e
diminuição da pobreza levou as pessoas
a procurarem mais os bancos.”
Essa dinâmica incorporou ao mercado
bancário pessoas que antes estavam excluídas por uma questão, sobretudo, de renda.
“O grosso desse grupo é formado pela nova
classe média, a classe C, e pelos segmentos superiores da baixa renda, a parcela
de cima da classe D”, diz o especialista.
Expansão segura
O aumento da procura fez com que os bancos olhassem de modo mais atento uma
brasil cresce
Bradesco/Divulgação
32 | VidaBosch |
Alguns bancos usam agências flutuantes para atender regiões pouco povoadas e próximas a beiras de rios na Amazônia
parcela até então excluída do mercado financeiro, o que levou à expansão da rede
de atendimento. Entre 2007 e 2012, foram
inaugurados mais de 4,5 mil agências e 13
mil postos de atendimento no país, segundo dados do Banco Central (BC).
Esse crescimento foi mais forte nas regiões Norte e Nordeste, onde estão os estados com as menores redes de atendimento
bancário do Brasil. Dados do BC mostram
que na região Norte, entre 2007 e 2014, o
número de agências cresceu 54,8% e o de
postos de atendimento, 63,1%. Já na região
Nordeste, no mesmo período, os aumentos
foram de 39,51% e 61,5%, respectivamente.
A expansão foi especialmente significativa na região Norte, onde a rede chegou a
crescer mais de 70% em estados como Roraima e Amapá nesse período. Além disso,
bancos como Bradesco e Caixa Econômica
Federal usam agências flutuantes em barcos para atender a população ribeirinha
na Amazônia.
O avanço da rede bancária em áreas de
média e baixa renda também se deu nas
grandes metrópoles, como conta o superintendente de microcrédito do Santander,
Jerônimo Ramos. “Em 2002, o banco entendeu que havia uma população empreendedora não atendida e lançou o programa de
microcrédito orientado e produtivo com
foco nesse público de baixo faturamento
e baixos ingressos, caracterizado por uma
informalidade muito grande e que vivia à
margem do sistema financeiro”. Na esteira do microcrédito, o Santander e outros
bancos brasileiros começaram a inaugurar
agências em comunidades de baixa renda
no Rio de Janeiro e em São Paulo a partir
de 2007. Hoje, os cinco maiores bancos do
país estão presentes em 11 favelas, entre
elas Rocinha, Complexo do Alemão, Paraisópolis e Heliópolis.
A expansão da rede de atendimento
foi acompanhada por um aumento significativo dos investimentos em segurança.
Segundo a Febraban, o gasto anual em proteção triplicou ao longo da última década:
de R$ 3 bilhões em 2003 para R$ 9 bilhões
em 2013. Para se ter uma ideia, o gasto da
União e dos estados com segurança pública no Brasil foi de R$ 17,5 bilhões em
2012, segundo o Anuário Estatístico do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Isso mostra que o setor bancário é um dos
que mais investem nessa área. Tamanho
aporte de recursos contribuiu para que,
em 13 anos, o número de roubos a bancos
tenha caído 76,4%, passando de 1.903 casos em 2000 para 449 em 2013, de acordo
com levantamento da Febraban junto a
17 associados.
Por estarem entre os alvos mais visados pelos criminosos, os bancos são extremamente exigentes com segurança e
investem pesado em tecnologia. Esta é
uma das chaves para proteger agências
e postos de atendimento bancário, afirma Melina Yasuda, diretora de sistemas
brasil cresce | VidaBosch | 33
eletrônicos monitorados da Prosegur, empresa especializada em segurança e vigilância patrimonial. Segundo ela, alguns
dos principais recursos utilizados para
preservar esses espaços são sistemas de
alarme com sensores de presença e sistemas de circuito fechado de televisão,
com câmeras de alta resolução equipadas
com softwares de análise de vídeo (veja
quadro abaixo).
Além de equiparem suas redes de atendimento com o que há de mais moderno,
as instituições financeiras brasileiras atuam em estreita parceria com governos,
polícias – civil, militar e federal – e Poder
Judiciário para traçar estratégias conjuntas de combate à criminalidade, informa a
Febraban. Segundo a entidade, as equipes
de segurança dos bancos atuam de forma
coordenada com órgãos de segurança dos
estados, mantendo uma troca contínua
de dados e informações. As polícias civis brasileiras, aliás, têm tanto conhecimento sobre esse tipo de crime que estados como São Paulo, Pará, Mato Grosso
do Sul, Goiás e Minas Gerais contam com
delegacias especializadas na repressão a
roubos a banco.
A expansão da malha
bancária foi acompanhada
de mais investimentos em
segurança, que ajudaram
a reduzir furtos e roubos
a agências em quase 80%
Correspondentes bancários
Apesar de o aumento do número de agências
e postos de atendimento ter sido expressivo, a parte mais significativa do processo
de bancarização nos últimos anos se deu
por meio de outro canal: os correspondentes bancários. Eles funcionam em estabelecimentos de qualquer natureza que
atuam como representantes dos bancos
e oferecem serviços como pagamento de
benefícios sociais e recebimento de propostas de abertura de contas em lugares
onde não há agências.
Qualquer empresa pode atuar nessa
área, mas os estabelecimentos mais conhecidos são as casas lotéricas, vinculadas à Caixa Econômica Federal, e o Banco Postal, que funciona em unidades dos
Correios conveniadas ao Banco do Brasil.
Para se ter uma ideia da importância
desse canal de atendimento, de acordo com
os Correios, 9 milhões de clientes abriram
contas por meio do Banco Postal, que está
presente em 94% dos municípios brasileiros, ao passo que quase um terço das
cidades do país não tem agência bancária.
Graças a essa capilaridade, os correspondentes bancários foram a ponta de lança
do processo de bancarização. Segundo
dados do Banco Central, passaram de 95
mil em 2007 para 375 mil em 2013.
Esses representantes, porém, não oferecem todos os serviços de um banco nem
estão sujeitos às normas do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central, alerta
a economista Ione Amorim, pesquisadora do Instituto de Defesa do Consumidor
(Idec). “A preocupação do Idec é com essa
bancarização precária, em que você cria
um cidadão de segunda classe, que está
bancarizado, mas dentro de outro patamar de serviço”, afirma.
O alerta de Ione mostra que os bancos
ainda precisam investir muito na expansão de suas redes formais de atendimento
para responder à demanda crescente por
serviços financeiros no Brasil.
Segurança testada e aprovada
A necessidade de investir em equipamentos de ponta para garantir a segurança
de agências e postos de atendimento
levou os bancos brasileiros a recorrerem a diversas tecnologias de proteção,
como os sistemas de alarme desenvolvidos pela Bosch. “A Bosch é a referência
no mercado bancário para sistemas de
intrusão. Os quatro maiores bancos do
Brasil trabalham com nossos sensores
de presença, os únicos que passaram em
todos os testes de segurança realizados
pelas instituições”, afirma Gustavo Mehler,
consultor de vendas da divisão de Sistemas de Segurança da Bosch.
Os sensores de presença detectam movimentações suspeitas em um ambiente e
disparam alarmes em caso de ameaça.
Mehler diz que os produtos da Bosch
chamam a atenção dos bancos devido à
tecnologia e à eficiência desses equipamentos. “Eles captam diferentes dados,
como calor e movimento, e cruzam essas
informações antes de disparar um alarme.
Assim, conseguem distinguir um movimento
inofensivo, como um papel balançando,
de uma tentativa real de intrusão, e não
disparam alarmes à toa”.
Além de sensores de presença, a Bosch
também oferece um dispositivo que está
na vanguarda da segurança para bancos:
câmeras de alta resolução que transmitem
imagens pela internet e são equipadas
com softwares de análise de vídeo. Com
tal tecnologia, a câmera analisa a imagem
captada, identifica movimentos que violem
certos critérios definidos pelo usuário e
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
dispara alarmes. “Os bancos brasileiros
ainda não usam muito essa solução,
porque o Brasil não tem infraestrutura
de internet suficiente para transmitir
imagens de milhares de agências para
uma central de segurança. Mas, no futuro, essas câmeras vão poder substituir os sensores de presença, pois elas
mesmas detectam ameaças e disparam
alarmes”, afirma Mehler.
atitude cidadã
Dragon Images/Shutterstock
34 | VidaBosch |
A união faz a força
Organizados por grandes empresas, mutirões de voluntários mobilizam milhares
de funcionários que vestem a camisa em prol de uma causa social
| Por Cláudia Zucare Boscoli
36 | VidaBosch |
atitude cidadã
Wavebreakmedia/Shutterstock
F
oi-se o tempo em que um chefe pedia
a seus subordinados para vestirem a
camisa de uma empresa pelo simples fato
de trabalharem lá. Hoje, o engajamento
passa pelo envolvimento em uma nobre
missão: ajudar quem precisa. Cada vez
mais profissionalizados, os programas de
voluntariado das companhias que atuam
no Brasil estão atraindo levas crescentes
de funcionários dispostos a contribuir com
causas sociais.
Entre 2009 e 2012, o contingente de pessoas que aderiram a tais ações corporativas no país mais que dobrou, passando de
29.233 para 70.079. Com isso, a porcentagem de trabalhadores que participam de
programas do gênero cresceu de 6% para
11%, de acordo com a edição 2013 do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (Bisc), pesquisa realizada com
mais de 220 empresas que atuam no Brasil. Juntas, elas investiram R$ 16,6 milhões
em programas de voluntariado em 2012.
Apesar da participação crescente, motivar os empregados a tomar parte em ações
voluntárias ainda é um grande desafio para
as companhias, como mostra outra pesquisa, o Perfil do Voluntariado Empresarial
no Brasil III, feita em 2012 pelo Conselho
Brasileiro de Voluntariado Empresarial.
De acordo com o levantamento, as atividades que mais mobilizam os funcionários
são pontuais, concentradas em um curto
período de tempo.
Por isso, uma tendência no setor são os
mutirões, iniciativas que, em um ou poucos
dias, promovem doações de sangue, reformas em creches ou limpeza de parques e
praias, entre outras ações. “O mutirão é
algo rápido e que mostra resultados, gerando um impacto positivo e estimulando
os voluntários. Além disso, é um momento
de incentivar e avaliar o espírito de colaboração, de proatividade e de liderança
dos envolvidos”, avalia a coordenadora
do Centro de Voluntariado de São Paulo,
Silvia Maria Louzã Naccache.
“Hoje em dia, está em desuso pedir
para os funcionários vestirem a camisa
da companhia. Em compensação, é muito natural pedir que eles vistam a camisa
do trabalho voluntário em prol de alguma
causa social”, diz o empreendedor social
Os números do voluntariado empresarial
RAMO DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS QUE PROMOVEM O VOLUNTARIADO
COMÉRCIO
17,76%
SERVIÇOS
INDÚSTRIA
25,24%
57%
atitude cidadã | VidaBosch | 37
Matej Kastelic/Shutterstock
As iniciativas
reúnem
empregados
em torno de
temas sociais,
promovendo
doações
de sangue,
reformas em
creches ou
limpeza de
parques e praias
PORTE DA EMPRESA
MÉDIO
(entre 100 e 499 funcionários)
9,89%
GRANDE
(acima de 500
funcionários)
50,55%
SEDE DA EMPRESA
CENTRO-OESTE
NORDESTE
7,52%
5,38%
SUL
15,06%
PEQUENO
(até 99
funcionários)
39,56%
SUDESTE
72,04%
Fonte: Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial
38 | VidaBosch |
atitude cidadã
Monkey Business Images/Shutterstock
Pesquisas indicam que funcionários
preferem investimentos em
educação, que concentra boa parte
do dinheiro da área
Marcelo Estraviz, presidente do Instituto
Doar, organização dedicada a fomentar a
cultura da doação no Brasil. “A atividade
voluntária é, em si, muito prazerosa para
quem a realiza. Quando isto é feito de forma coletiva, a sensação é ainda melhor,
dá um sentido de pertencimento, união
e força”, comenta.
Ação Global
Não há um levantamento de todos os mutirões feitos pela iniciativa privada no país,
mas a principal referência é a Ação Global, evento organizado desde 1995 pela
Rede Globo, em parceria com o Serviço
Social da Indústria (Sesi). A proposta é
servir de “porta de entrada para a cidadania” por meio da prestação de serviços
gratuitos para a população nas áreas de
saúde, educação, documentação, esporte
e lazer. O evento ocorre uma vez ao ano,
nas 27 unidades da Federação.
Desde sua criação, o mutirão já realizou mais de 41 milhões de atendimentos,
beneficiando 19,5 milhões de pessoas. O
time de voluntários reúne estrelas da Rede Globo e profissionais de órgãos públicos, instituições privadas e de ONGs que
apoiam a iniciativa.
Este ano, o evento ocorreu em abril e
contou com 26 mil voluntários, que prestaram mais de 1 milhão de atendimentos
a um público superior a 400 mil pessoas.
Foram oferecidos desde emissão de documentos até orientações jurídicas e de
saúde. “É o marketing social a serviço da
marca e da sociedade”, afirma o diretor
de Comunicação da Globo, Sergio Valente.
Além das fronteiras
A maior mobilização do país é a Ação Global, organizada desde 1995 pela Rede
Globo, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi)
Esse tipo de ação vem ganhando tanta força que as empresas brasileiras já o estão
levando para além das fronteiras do país.
É o caso do Dia do Bem-Fazer, da Camargo Corrêa, que envolve 14 empresas do
grupo presentes em 15 países. O projeto
foi criado em 2009 e chegou à 6ª edição
atitude cidadã | VidaBosch | 39
em 2014. Este ano, aconteceu em agosto
e mobilizou quase 20 mil voluntários da
corporação, além de 1.390 parceiros, para
prestar atendimento a um público de 89
mil pessoas em países como Brasil, Moçambique, Argentina e México.
Apesar de durar apenas 24 horas, o Dia
do Bem-Fazer começa bem antes, quando
os funcionários se organizam em grupos
para avaliar as demandas da comunidade,
as possíveis instituições ou públicos que
serão beneficiados e as oportunidades de
parceria. Um levantamento da própria Camargo Corrêa mostra que educação e infância concentram 70% das atividades sugeridas pelos voluntários. São palestras,
doações de livros e equipamentos, reformas
de centros de ensino e saúde, entre outras.
“Os voluntários entendem que a educação
é um caminho transformador”, diz Francisco Azevedo, diretor-executivo do Instituto
Camargo Corrêa, braço social do grupo.
Em São Paulo, os voluntários organizaram um dia de orientação profissional
para jovens da favela de Paraisópolis. Já a
equipe da obra do Sistema Produtor São
Lourenço, em Ibiúna, no interior de São
Paulo, escolheu reformar a Escola Municipal Sará-Sará, enquanto os profissionais
da InterCement e do Instituto Alpargatas
de João Pessoa, na Paraíba, escolheram
reformar oito escolas, sendo que uma delas ganhou telhado novo.
Voluntariado digital
Apesar de a pesquisa do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial mostrar que, no Brasil, 62% das companhias
com programas de voluntariado são nacionais, 19% das multinacionais que atuam
no país também realizam ações do gênero.
E algumas de forma bastante inovadora.
É o caso, por exemplo, do Grupo Telefônica, que criou um jogo de “voluntariado digital”, para permitir que seus
funcionários participem, conforme suas
possibilidades de tempo e deslocamento,
do Dia dos Voluntários, o mutirão solidário da corporação que reúne diferentes
empresas do grupo, como Telefônica Vivo, Terra e TGestiona.
A 9ª edição do Dia dos Voluntários
aconteceu em 17 de outubro e promoveu
ações em instituições que trabalham com
crianças, adultos, idosos, animais e preservação do meio ambiente espalhadas
por 39 cidades do Brasil. No total, a iniciativa beneficiou 43 ONGs e mais de 29
mil pessoas.
Quem não conseguiu participar das atividades presenciais do Dia dos Voluntários
pôde contribuir de forma virtual. Foram
criadas quatro missões coletivas a serem
realizadas nos mundos real e virtual: a “vaquinha digital”, espécie de crowdfunding
no qual se participa de uma arrecadação
coletiva para um projeto ou causa social;
o “divulgue sua causa”, estimulando o voluntário a compartilhar nas redes sociais
sua experiência e, assim, motivar mais
pessoas; o “ação e reação”, que estimula
ações positivas como doações de livros, de
sangue, de roupas e alimentos; e o “compartilhe seu conhecimento”, que convida
os funcionários a darem aulas via Skype,
vídeos tutoriais ou audiobooks, repassando seus conhecimentos para crianças com
necessidades especiais.
Mobilização do bem
Assim como outras empresas, a Bosch
também desenvolve um programa de voluntariado, que é articulado por seu braço
social: o Instituto Robert Bosch. A entidade engaja seus funcionários em Campinas, Curitiba, Joinville e Pomerode tanto
em ações no decorrer do ano como em
mutirões para oferecer serviços básicos
para populações de áreas de baixa renda.
“Trabalhamos o ano todo em dois bairros
no entorno da sede da empresa em Curitiba, Vila Verde e Vila Barigui, onde nossos
voluntários dão diversos cursos para os
jovens moradores, como os de profissionalização, de idiomas e de tênis”, afirma
Dirceu Puehler, coordenador do Instituto Robert Bosch na capital paranaense.
Há cinco anos, aproveitando o gancho
do Dia Nacional do Voluntariado – 28 de
agosto –, a organização realiza uma ampla
mobilização de um dia em Curitiba. “O
objetivo é levar cidadania para as comunidades que atendemos”, explica Puehler.
Em 2014, por exemplo, 74 parceiros ofereceram 82 serviços que envolviam, entre
outras coisas, assessoria jurídica, emissão
de documentos, atendimentos médicos
e atividades de esporte, lazer e cultura.
“Mobilizamos mais de 580 voluntários,
dos quais cerca de 40 eram funcionários
da Bosch, que também levaram seus familiares para atender em torno de 5 mil
pessoas”, continua Puehler.
Não é só em Curitiba que o braço social
da empresa mobiliza voluntários. Em Campinas, o Instituto Robert Bosch realiza
diversos projetos nas duas escolas estaduais do Jardim Satélite Íris, comunidade próxima à sede campineira da com-
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
panhia. “O instituto trabalha como um
fomentador de mutirões que ocorrem
duas vezes por ano e nos quais também
oferecemos uma série de serviços nas
áreas jurídica, de saúde, lazer e cultura”,
afirma Otávio Antoniacci, coordenador
administrativo do Instituto Robert Bosch. O último encontro foi em maio de
2014 e atraiu cerca de 800 moradores
da comunidade, que foram atendidos
por voluntários da Bosch e parceiros.
aquilo deu nisso
Lzf/Shutterstock
40 | VidaBosch |
Ponto de partida
Motores de arranque revolucionaram a indústria automotiva há mais de 100 anos e hoje
| Por Bruno Meirelles
N
servem de base para inovações como carros híbridos
os primórdios da indústria automobilística, fazer um veículo sair
do lugar era uma verdadeira aventura.
Para um motor a combustão funcionar, é
preciso que ele gire algumas vezes e que
uma faísca inicie a queima do combustível. O problema é que, até o início do
século 20, os carros não tinham nenhum
dispositivo que realizasse essa operação
automaticamente.
“Antes do motor de arranque, isso tinha de ser feito manualmente, por meio
de uma manivela”, explica o engenheiro
mecânico Henrique Pereira, membro da
comissão técnica de motores do chamado
ciclo Otto – aqueles movidos a gasolina e
álcool – da seção brasileira da Sociedade
de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil). Assim, homens bem ajambrados, de
camisa branca e terno, tinham de deixar
a compostura de lado, ir até a frente do
carro, acoplar uma manivela ao motor e
girá-la freneticamente – o que era perigoso,
pois às vezes a manivela dava um tranco,
machucando o condutor.
Como se não bastasse, outros métodos
complicados foram empregados no passado
para colocar um carro em funcionamento.
“Nos motores de quatro tempos [como os
usados atualmente], o condutor precisava encher quatro cálices com combustível, fechá-los e fazer a explosão do motor
manualmente, por meio de uma alavanca
junto ao volante. Primeiro, tinha de puxar
para dar a faísca. Quando o motor pegava, ele a empurrava de volta. Se a pessoa
deixasse de fazer isso, a alavanca poderia
dar um contragolpe com força suficiente
para quebrar seu braço”, conta o mecânico
paulistano Miguel Augusto Lebre, especializado em modelos antigos.
Diante desse martírio, no fim do século 19 muitos profissionais do setor passaram a buscar uma forma mais simples de
fazer um veículo andar. Quem veio com a
melhor proposta foi o engenheiro elétrico
britânico Herbert John Dowsing, que em
1896 instalou um motor de partida elétrico
em um Arnold, um dos primeiros carros
produzidos no Reino Unido. Anos depois,
a invenção foi aperfeiçoada por Charles
Kettering, que a patenteou e lançou no
mercado norte-americano.
42 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
Evgeny Murtolai/Shutterstock
Fiat/Divulgação
Se há um século
era preciso
usar uma
manivela para
ligar o motor,
hoje o Start/
Stop faz isso
automaticamente
Adeus, manivela
A saída encontrada foi tão bem-sucedida
que o princípio de funcionamento segue
o mesmo até hoje. O dispositivo se conectava ao motor de combustão e substituía a
manivela, dando os primeiros giros nele
automaticamente. Uma bateria conectada
ao motor de arranque fornece a energia
necessária para seu funcionamento, mesmo quando o carro está desligado. Ela é
recarregada com as rotações do próprio
motor de combustão.
A tecnologia resolvia o problema do
início da combustão, mas levou certo
tempo para que conquistasse o mercado.
“Era um equipamento muito caro para a
época, ficava inviável sua produção em
larga escala. O Cadillac de 1912 foi o primeiro a sair de fábrica com ele. Porém,
era exceção. Os demais tinham de pegar
praticamente no tranco”, afirma Pereira.
Com o passar dos anos, o motor de partida foi se modernizando e, aos poucos,
A evolução dos motores
de partida permitiu o
desenvolvimento dos carros
flex, pois viabilizou o início da
combustão do álcool
cisasse de menos energia para funcionar.
Isso permitiu que, a partir dos anos 1950,
o início da combustão pudesse ser feito
girando a chave de ignição, igual nós fazemos hoje em dia”, diz Lebre.
ganhou maior espaço na indústria.
O próximo passo era melhorar o modo de acioná-lo. Inicialmente, isso era
feito por meio de um pedal, em que o
motorista deveria pisar ao girar a chave. Alguns anos depois, no Ford 1937,
os projetistas trouxeram o acionamento
para o painel. Um botão apertado com o
dedo colocava o motor de partida para
funcionar (este dispositivo, no entanto,
não deve ser confundido com o botão
start/stop que atualmente equipa alguns
modelos, substituindo a chave de ignição do veículo).
“A maior evolução se deu quando o
carburador ficou perto do cilindro, fazendo com que o motor de partida pre-
Evolução contínua
Apesar de a maneira como o carro é ligado ser a mesma nos últimos 70 anos, os
motores de partida continuaram evoluindo e passaram a agregar novas funções.
Uma das tendências é diminuir o tamanho
dos componentes e, ao mesmo tempo, aumentar sua potência. “Uma das soluções
encontradas para essa peça foi a substituição dos rolamentos de cobre por ímãs
permanentes, mais leves e mais baratos”,
explica o engenheiro da SAE Brasil.
Foi essa evolução que permitiu o desenvolvimento dos carros flex, que precisam
de motores de arranque mais potentes para dar início à combustão do álcool, mais
trabalhosa que a da gasolina. “Hoje, os
aquilo deu nisso | VidaBosch | 43
motores de partida giram a 200 rpm, mas
no futuro a velocidade deve dobrar para
que eles se tornem mais eficientes e funcionem como em uma moto, onde basta
girar a chave que o motor pega com facilidade”, declara Pereira.
Outra inovação foi a que permitiu a fabricação em série de carros híbridos (que
funcionam tanto por combustão quanto
por eletricidade), pois nesses veículos o
motor de partida faz também as vezes de
alternador e motor principal.
Contra o anda e para
A inovação mais recente é o sistema Start/
Stop, que desliga o motor automaticamente
quando o veículo para no meio do trânsito, e o religa assim que o condutor pisa na
embreagem. Com isso, enquanto o veículo
estiver parado em um congestionamento
ele não emite gases nocivos à atmosfera,
pois a queima de combustível é interrompida, contribuindo para a preservação
da natureza e permitindo uma economia
de até 20% no consumo de combustível.
Para se ter uma ideia do avanço que essa
nova tecnologia representa, antigamente os
motores de partida eram projetados para
funcionar até 40 mil vezes, mas com esse
dispositivo criado para economizar combustível e minimizar a emissão de poluentes,
estão sendo desenvolvidos equipamentos
capazes de funcionar até 400 mil vezes.
E a evolução não para por aí. Como estão
em desenvolvimento novos modelos do
Start/Stop, como o Advanced – que desliga o carro quando ele está reduzindo a
velocidade e fica abaixo da marca de 20
km/h – é preciso que o motor de arranque
acompanhe as novidades.
“Esse sistema será lançado na Europa em 2015, e seu motor de partida trará
algumas modificações. A principal delas
é permitir que ele sincronize com o motor de combustão para que o carro religue quando ainda estiver em movimento,
pois pode acontecer de o condutor voltar
a acelerar antes que o veículo pare totalmente”, explica Rafael Borelli, gestor de
marketing e produto da Bosch.
Há ainda o Start/Stop Coasting, que desliga o motor na estrada quando o veículo
deixa de acelerar e passa a rodar abaixo
de 120km/h. Por enquanto, só existe em
protótipos, mas em breve deve exigir novas melhorias no motor de partida.
Economia de ponta
Há exatos 100 anos, a Bosch lançava o
seu primeiro motor de partida. Para comemorar o centenário em grande estilo,
a empresa está introduzindo no mercado brasileiro a versão mais moderna do
equipamento. No final de agosto foi apresentado ao público o Fiat Uno Evolution
2015, primeiro carro fabricado no Brasil
a sair da linha de montagem equipado
com a tecnologia Start/Stop.
“Temos uma grande expectativa com esse
lançamento. Fizemos uma pesquisa de
mercado, e a aceitação do sistema pelos brasileiros é grande, principalmente
pela sua capacidade de reduzir tanto o
consumo de combustível quanto as emissões de poluentes, além de diminuir o
nível de ruídos do motor”, afirma Rafael
Borelli, gestor de marketing e produto
da Bosch, empresa que forneceu o sistema para a Fiat.
Borelli explica que o sistema é capaz de
desligar o motor quando o automóvel fica
parado no trânsito e é colocado em ponto
morto, e o religa automaticamente, assim que o condutor pisa na embreagem.
O dispositivo é acionado, portanto, em
situações como congestionamento ou
semáforo fechado.
Testes feitos pela Bosch indicaram que,
em paradas de 15 segundos, é possível reduzir em até 8% o consumo de
combustível e a emissão de poluentes.
Em paradas mais longas, a economia é
ainda maior.
“É uma tecnologia de ponta que antes só
estava presente em carros importados,
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
mas agora está sendo democratizada. Na
Europa, ela já é um grande sucesso, pois
as leis de emissões são mais exigentes.
Essas mesmas leis começarão a valer
por aqui em breve, e estamos dando o
primeiro passo no mercado brasileiro.
Por isso, acreditamos que logo ele deve virar um item comum e aparecer em
novos lançamentos”, comenta.
Olena Kaminetska/Shutterstock
44 | VidaBosch |
saudável e gostoso
| Por Frederico Kling
A redenção suína
A carne de porco, antes um estereótipo da comida gordurosa, dá a volta por cima,
torna-se mais saudável e começa a cair no gosto do brasileiro
P
obre porco. Tantas vezes esteve longe
das cozinhas mais gourmets do Brasil,
pois sua carne era considerada um risco
à saúde. Nos últimos anos, no entanto, os
suínos têm dado a volta por cima e ganhado o espaço que um produto delicioso e
nutritivo merece.
“Há seis anos, quase não se encontrava
porco em restaurantes, sem ser na feijoada”,
relata o chef André Mifano, do paulistano
Restaurante Vito, que ganhou fama ao dar
espaço privilegiado a essa iguaria em sua
casa. “Quando eu coloquei no cardápio,
houve uma baita resistência, ninguém comia”, continua.O cozinheiro teve paciência
– alimentada pelo afeto. Quando Mifano era
criança, seu pai o levava a churrascarias
e pedia costela de porco. “Eu comia com
as mãos, e isso criou uma memória afetiva
em mim, por meio do paladar.”
De qualquer modo, a restrição dos consumidores é compreensível. Não são poucos aqueles que, ao pensarem em porcos,
logo imaginam um bicho disforme empanturrado de gordura, preso em um chiqueiro. “Antigamente, eles eram criados para
produzir banha e ficavam confinados em
espaços pequenos para que adquirissem
uma quantidade grande de gordura”, explica a professora Neura Bragagnolo, do
Departamento de Ciência de Alimentos da
Faculdade de Engenhara de Alimentos da
Unicamp.
A criação dos óleos vegetais libertou-os da ditadura da gordura. A partir dos
anos 1970, a suinocultura vivenciou uma
revolução. “Deixou a produção de banha e
se focou mais na produção de carne”, diz
o presidente da Associação Brasileira dos
Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. Os produtores começaram a importar
genética dos Estados Unidos e da Europa,
onde esse tipo de pecuária é voltado ao
consumo humano, e passaram a alimentar
suas crias com ração balanceada.
O resultado foi a melhora da saúde dos
porcos – e de seus consumidores. “A carne
suína atualmente tem 30% menos gordura e 10% menos colesterol do que há 30
anos”, declara a nutricionista Brenda Rangel, do Hospital Samaritano, de São Paulo.
“Os animais hoje têm 60% de carne magra,
enquanto antes tinham entre 40% e 45%.
Alguns estudos apontam que a carne suína tem menor teor de colesterol, sódio e
potássio que a bovina e a de frango”, diz
a nutricionista.
Mesmo as partes gordurosas do porco
são mais fáceis de serem descartadas do
que as de outros animais. “A gordura dos
suínos está localizada em sua maior parte abaixo da pele. É fácil de ser removida,
pois é visível e superficial”, diz Brenda.
Aos poucos, portanto, o ingrediente
passou a ser visto com novos olhos. “Hoje, vários restaurantes servem cortes de
porco, há até mesmo fiéis seguidores. Fico
muito feliz com essa popularização”, diz o
empolgado Mifano, que celebra a aceitação atual quase como um pai comemora
o sucesso do filho.
O chef gosta de aproveitar todas as partes do animal – faz pratos até com o pescoço. Ele lembra, contudo, que no início
precisou fazer parceria com um fornecedor
para criar um bom produto. “Desenvolvi,
junto com uma empresa, o corte de barriga que eu comecei a usar no restaurante;
além disso, dei uma aprimorada no lombo
que eles faziam.”
A grande indústria também teve de se
adaptar para atrair os consumidores do dia
a dia. “Trabalhamos com os fornecedores
para diminuir o tamanho das porções”,
explica Lopes, da associação de criadores. “Antes, os cortes eram para ocasiões
especiais: a costela pesava seis quilos, o
pernil era gigante. Tivemos que aproximar as porções para a atual dimensão da
família brasileira.”
46 | VidaBosch |
saudável e gostoso
Sunny Forest/Shutterstock
O objetivo da associação é que as peças
se tornem frequentadoras assíduas da mesa dos brasileiros. “A proteína mais consumida no mundo é a suína. Na Europa,
o consumo per capita é de 43 quilos por
ano, mas aqui ainda estamos em 15 quilos”,
compara Lopes. E trata-se de uma proteína
saudável. Neura Bragagnolo, da Unicamp,
destaca que, na comparação com a carne
bovina e a de frango, os suínos têm dez
vezes mais vitaminas do complexo B, que
ajudam a controlar o colesterol.
Claro que existem partes mais saudáveis
do que outras. As mais magras são lombo,
filé mignon, pernil e os cortes desossados
do pernil, como coxão duro, coxão mole,
patinho e lagarto, enumera Brenda Rangel,
do Hospital Samaritano.
Se, ainda assim, houver ressalvas em
relação à qualidade do produto no Brasil,
saiba que o país, segundo Lopes, exporta
cortes para o Japão, onde o ingrediente é
consumido até mesmo cru. “Os japoneses têm as maiores barreiras sanitárias do
mundo”, diz o presidente da ABCS.
Limpeza mais rápida e mais econômica
Qualquer pessoa que já tenha se deparado com uma louça lambuzada de gordura sabe como é difícil lavá-la. A carne de
porco, em alguns preparos, é daqueles
ingredientes que demoram a desgrudar
de pratos e talheres. Nesses momentos,
a água quente é uma ajuda inestimável.
Se for aquecida com energia solar, então,
não é só você que sai ganhando, mas o
meio ambiente também.
A Bosch produz coletores solares que levam água aquecida não só aos chuveiros,
mas à pia da cozinha e a outros cômodos.
“Nossas soluções para aquecimento solar servem para toda a casa”, diz a chefe de vendas e marketing da divisão de
Termotecnologia, Fernanda Strumendo.
Os coletores da empresa funcionam com
placas com pintura especial preta, para
captar o máximo de energia solar, unidas
a tubos de cobre por onde a água circula
e é aquecida. Depois, a água é armazenada em reservatórios térmicos que são
programados para manter a temperatura
em nível constante. Para residências, por
exemplo, o normal são 45° C.
E se calhou de você ter de enfrentar a
louça suja num dia nublado? “Os reservatórios têm um sistema de aquecimento auxiliar, que pode ser elétrico ou a
gás, para complementar o aquecimento
da água quando o tempo está fechado”,
diz Fernanda. Ou seja, o aquecedor solar
não precisa dispensar o convencional –
mesmo assim, a economia na conta de
luz chega a 70%.
O reservatório da Bosch ainda pode ser
programado para manter uma temperatura específica apenas em alguns horários.
“As famílias geralmente estão em casa
de manhã e à noite, e é nesses horários
que os moradores consumirão água e
que esta será mantida, pelo sistema, na
Africa Studio/Shutterstock
A Bosch na sua vida
temperatura programada. Desse modo,
não se gasta energia, por exemplo, para
aquecê-la nos momentos em que ninguém estiver usando”, destaca a chefe
de vendas e marketing.
Além disso, se o aquecimento solar ajuda na economia de energia elétrica, o
próprio uso da água aquecida contribui
para diminuir o consumo desse recurso
natural limitado. “A lavagem acaba sendo feita de maneira mais fácil e rápida”,
conclui Fernanda.
Rubens Kato/Divulgação
saudável e gostoso | VidaBosch | 47
Costela de porco com batatas
Ingredientes
1 peça de costela suína de 2 kg
3 batatas grandes cortadas em palitos grossos e pré-cozidas
4 dentes de alho
200 g de tutano
4 fatias de picles de abacaxi
300 ml de caldo de carne
Sal a gosto
Vito – Rua Isabel de Castela, 259, Vila Beatriz, São Paulo – (11) 3032-1469
(Para quatro pessoas)
Modo de preparo
Temperar a costela com sal e embrulhar em papel
alumínio, levar ao forno pré-aquecido a 170 graus por
3 horas. Saltear as batatas e o alho no tutano e reservar.
Retirar as costelas do forno, aguardar 30 minutos para
esfriar e cortar separando por ossos.
Reaquecer as costelas no caldo de carne e servir com as
batatas e o abacaxi.
saudável e gostoso
Renato Canton/Divulgação
48 | VidaBosch |
Ingredientes
4 cortes de filé mignon de porco limpos de 220
gramas cada um
1 folha de louro
1 cenoura de 150 g
1 cebola grande
50 ml de azeite
2 dentes de alho
Alecrim, tomilho, um punhado de salsinha
400 g de mostarda francesa ancienne
Sal e pimenta a gosto
150 ml de molho rôti pronto ou creme de leite
(Para duas pessoas)
Modo de preparo
Temperar os filés de porco.
Colocar a carne e o azeite em uma panela no fogo com chama alta.
Quando estiver quente, dourar os filés de porco de cada lado e
reservar. Na panela ainda quente, acrescentar a metade da mostarda
junto com um copo de água. Misturar e reservar.
Descascar as cenouras e cortá-las em rodelas de meio centímetro
de grossura.
Numa panela de pressão, colocar os filés de porco, as ervas, as
rodelas de cenoura e o molho de mostarda com dois copos de água.
Fechar e deixar no fogo 35 minutos, contados a partir do momento
em que a panela começar a fazer barulho.
Esgotado esse tempo, deixar a panela esfriar antes de abri-la.
Colocar mais um 30 minutos no fogo baixo sem tampa,
acrescentando o restante da mostarda e o molho rôti. Se não tiver
molho rôti, pode substituí-lo por creme de leite, que deixará o molho
de mostarda mais suave.
Servir acompanhado de arroz com salsinha.
On va manger – Rua São Miguel, 89, Bela Vista, São Paulo – (11) 4561-1562
destaque para colecionar
Mignon de porco On va manger
Este desconto refere-se apenas ao valor da mão de obra, não se aplica à compra de peças
10%
Promoção válida de 01/12/14 a 31/01/15
de desconto
em serviços
Ganhe
Venha conferir a qualidade
dos nossos serviços. E ainda:
Com velas
Bosch você
se garante.
Paulo César
Machado de Souza
Auto Center Riachuelo
Rio de Janeiro – RJ
Quem tem um bom parceiro é assim: sempre tem uma história para contar. O Paulo
César Machado é especialista em sistema a gasolina e já trabalha com a Bosch
há 12 anos. Ele sabe que a Bosch garante qualidade, especialmente nas velas de
ignição de última geração, além de tudo que precisa para sempre entregar o melhor
serviço ao seu cliente. Acesse www.minhavidacombosch.com.br e descubra como
ele e muitos outros profissionais se garantem com a Bosch.
www.minhavidacombosch.com.br
Faça revisões em seu veículo regularmente.

Documentos relacionados

VidaBosch

VidaBosch Atualmente um dos integrantes do programa “Agora é Tarde”, da Band, o humorista foi um dos pioneiros do stand up comedy no Brasil e adora sua profissão. “Estou em uma maratona agora: TV de terça a ...

Leia mais

cornal lixadeiras

cornal lixadeiras 32 atitude cidadã | Por que a primeira infância tem de ser a primeira prioridade 38 aquilo deu nisso | Sistemas automatizados aposentam a ordenha manual

Leia mais