1590 Bosch-cabeça
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1590 Bosch-cabeça
VidaBosch outubro | novembro | dezembro de 2014 • nº 37 anos Revista completa uma década e consolida-se cada vez mais como meio de aproximação entre a Bosch, seus parceiros e seus clientes na o cap relha a www.boschservice.com.br sta Confira a oficina mais perto de você de Traga seu carro à nossa oficina Bosch Car Service e aproveite todas as vantagens. A fa Vida za Bo ni sc ma vers h á s ga r nh quem io, aé ve j vo am cê ais Cuide do seu carro com carinho, qualidade e economia. Recicle a informação: passe esta revista adiante editorial Dez anos fascinantes Quando estreou, como parte das comemorações de meio século da Bosch no Brasil, a VidaBosch tinha um objetivo claro: mostrar um pouco mais do fascinante universo da tecnologia e do bem-estar criado pela companhia. Exatamente uma década depois, a missão permanece – o que indica o tamanho desse universo e a intensidade com que está ligado à vida de milhões de brasileiros. Nesse período, a revista acompanhou a evolução do Brasil, das inovações e da própria companhia. Mostrou setores com forte expansão no país, como animais de estimação, construção civil e pré-sal. Apresentou obras como plataformas petrolíferas, estádios para a Copa e submarinos nucleares. Destrinchou tecnologias como MP3 (então um formato novo na indústria da música), conectividade entre veículos, carros que trafegam sem motoristas... Entrevistamos Débora Falabella, Paulinho da Viola, Emerson Fittipaldi, Ana Maria Braga, Daiane dos Santos e tantas outras celebridades. As páginas da revista estamparam textos e fotos de Bonito (MS), Serra do Rastro (SC), Mamirauá (AM), Praia dos Carneiros (PE), Arraial do Cabo (RJ) e vários paraísos brasileiros. Nesta 37º edição, mostramos tendências em áreas tão diversas como moradia (integração de ambientes na decoração), reciclagem (as novidades após a aprovação da lei de resíduos sólidos), saúde (próteses cada vez mais avançadas) e automotiva (a evolução do motor de partida). Essa trajetória de dez anos nos enche de orgulho – e nos anima a continuar preparando muitos outros números que reflitam o fascínio que temos por produzir tecnologia para a vida. Boa leitura! 10 14 26 40 Sumário 02 viagem | No litoral alagoano, até passeio na estrada é de encher os olhos 08 eu e meu carro | Renata Fan mostra que é fanática também por automóveis 10 torque e potência | Tecnologia ajuda indústria a reutilizar seus detritos 14 em casa | Na decoração, a ordem agora é tudo junto e misturado 20 tendências | Os muitos avanços e os também muitos desafios das próteses 26 grandes obras | Pleito secular, túnel Santos-Guarujá está prestes a sair do papel 30 Brasil cresce | Inclusão bancária abrange população equivalente à da Austrália 34 atitude cidadã | União de empregados faz a força nos mutirões voluntários 40 aquilo deu nisso | Giro na chave do carro guarda 100 anos de história 44 saudável e gostoso | Porco reaparece nos cardápios e nas indicações médicas Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem: Paulo Lopes • Acompanhamento gráfico: Paulo Lopes • Impressão: Gráfica Mundo • Revisão: Marcelo Moura • Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) viagem Luiz eduardo Vaz 2 | VidaBosch | Um roteiro de cara para o mar Percorrer o Litoral Norte de Alagoas tem uma vantagem e tanto: pela janela do carro, você admira, quase o tempo todo, a lindíssima orla | Por Walterson Sardenberg Sº viagem Fotos Secretaria de Turismo de Alagoas 4 | VidaBosch | O Litoral Norte de Alagoas lembra alguma música de Djavan – aliás, legítimo filho da terra: embora de uma beleza sublime, é quase sempre difícil decifrá-lo. De Maceió a Maragogi, quase na divisa com Pernambuco, o visitante percorre somente 130 quilômetros. Ainda que a distância seja curta, cabe dar preferência a carros com suspensão mais alta, com maior distância entre o chassi e o solo. Eis o motivo: algumas das veredas não são tão bem acabadas quanto as harmonias de Djavan. Em compensação, a maior parte do caminho descortina-se ao lado das praias – algumas das mais belas do Brasil. Você verá, quase o tempo todo, o mar pela janela, revelando a nudez dos corais, no decorrer de um trajeto em que se sucedem lugarejos minúsculos, com menos de 7 mil moradores, transformados em cidades pela ágil pena dos legisladores. A primeira praia do roteiro é Cruz das Almas. Com suas areias avermelhadas, não chega a ser bonita, mas se você for surfista, vale uma parada para aproveitar as ondas bem formadas e bem fornidas. Se a sua onda for outra, siga adiante e pare em Garça Torta, a apenas 10 quilômetros da capital. Eis aí uma praia discreta e com boa hospedagem – conta com dois hotéis cinco estrelas. Tem uma longa faixa de areias douradas e diversos barzinhos oferecendo frutos do mar a preços aliciantes. De qualquer maneira, não chega a competir em beleza com Ipioca, 14 quilômetros adiante. Vilarejo ainda diminuto, é a terra natal do primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, o marechal Floriano Peixoto. Ipioca tem nome de aguardente e é tão inebriante quanto. A quase absurda limpidez de suas águas, similar à do Mar do Caribe, se deve, entre outros fatores, a uma completa barreira de corais, distan- te das areias. Graças a ela, na maré baixa formam-se piscinas dignas do nosso Cesar Cielo. Quando tal fenômeno ocorre, caminha-se dentro do mar vendo saberês, xiras e caraúnas, entre outros peixes pequenos. Dá para enxergar até a cutícula das próprias unhas do pé. Algo raríssimo de acontecer em outras plagas do país. Quase na metade do caminho, a 50 quilômetros de Maceió, um enigma a ser decifrado: uma península com o nome de ilha. Sim, Ilha da Croa. Tal batismo se deu em virtude da utilização, até um passado recente, de uma balsa para atravessar o Rio Santo Antônio. Já não é assim. Uma ponte diante da cidade de Barra de Santo Antônio foi erguida, dispensando o transporte rudimentar. A comodidade, seja como for, não dura muito. Ao menos para quem não se contentar com os esplêndidos bolinhos de mandioca recheados de camarão – um dos chamarizes da Croa – e quiser conhe- viagem | VidaBosch | 5 A bela Praia de Ipioca (à dir.) fica a apenas 24 km de Maceió. Mais distante, Japaratinga (à esq.) encanta com seu mar sereníssimo A região entre Maceió e Maragogi lembra uma música de Djavan: embora de uma beleza sublime, é quase sempre difícil decifrá-la cer uma daquelas praias quase sempre enaltecidas no ranking das mais belas do Nordeste. Carro Quebrado faz jus a estas recorrentes menções. O nome da praia evoca uma charada nem tão complicada de resolver. Para chegar até ela é preciso trafegar por uma daquelas estradinhas que seriam consideradas acidentadas além do razoável, mesmo para uma corrida profissional de motocross. Até uma década atrás havia um testemunho involuntário dessa precariedade: as carcaças de um Fusca e de uma Brasília, estacionadas nessa via de 9 quilômetros. O dramático alerta foi removido. Mas o sobreaviso persiste. Reza a prudência contratar um dos muitos garotos que se oferecem como guias para chegar a Carro Quebrado – embora alguns sejam mais insistentes que canal de compras na TV. O desafio do caminho é contemplado por uma praia estupenda, abrigada em uma baía e adornada por abruptas falésias. Não há infraestrutura. Portanto, leve alguns daqueles bolinhos de mandioca. Tal providência será desnecessária em São Miguel dos Milagres, onde há lugares de aconchego requintado. Eis mais um lugar com nome que impõe perguntas. Consta que um pescador estava padecendo de uma ferida na perna que teimava em não fechar. A chaga, porém, cicatrizouse em tempo recorde quando sua vítima içou do mar uma imagem de São Miguel Arcanjo. As romarias não se estenderam até os dias correntes, mas São Miguel dos Milagres preservou a natureza, com as admiráveis piscinas naturais e, ainda, as rodas de coco – o gênero musical divulgado para as massas por Jackson do Pandeiro. Também manteve a irreverência de trocar os nomes das praças, transformadas na boca do povo em Praça da Fofoca, Praça dos Lisos, Praça dos Bêbados e assim por diante. O município tem várias praias de areias brancas e águas transparentes, como as do Marceneiro, do Toque e do Riacho. Afastando-se um pouco do núcleo urbano, em direção ao sul, chega-se à Praia da Barra de Camaragibe, que tem como grande atrativo o encontro do Rio Camaragibe com o mar. Dali é possível pegar um barco para atravessar o rio e visitar a Praia do Morro, ainda mais isolada e menos explorada. Tomando o rumo contrário, ao norte de São Miguel dos Milagres fica a cidade seguinte no roteiro, Porto de Pedras, que apresenta uma curiosidade: suas praias foram escavadas anos a fio em busca de dinheiro. Explica-se. Na década passada, 6 | VidaBosch | viagem Como chegar Sair de Maceió rumo ao Litoral Norte não é difícil. Basta seguir a rodovia AL101. Placas apontando as praias mais próximas (Cruz das Almas, Guaxuma, Garça Torta e Riacho Doce) ajudam. A estrada, no entanto, não prima pela conservação. Há muitos buracos, o que recomenda dirigir apenas durante o dia. Além disso, a pouca sinalização algumas vezes está coberta por vegetação. Outro problema: há menos postos de abastecimento do que o desejado. A boa nova: o trecho entre Barra de Camaragibe e Porto de Pedras receberá uma série de melhorias. Já saiu no “Diário Oficial”. Onde ficar Japaratinga Pousada do Alto Sítio Biquinha, s/nº, tel. (82) 3297-1210, www.pousadadoalto.com.br Aberta há 11 anos, esta pousada bem decorada – e com mordomias do tipo café da manhã sem horário – tem 12 suítes, todas espaçosas, com varanda de frente para o mar. Uma delas, a Cristal, toda envidraçada, oferece visual de quase 360 graus. Porto de Pedras Aldeia Beijupirá Praia do Laje, tel. (82) 3298-6549, www.aldeiabeijupira.com.br Criada pelos mesmos donos dos restaurantes homônimos – o primeiro em Porto de Galinhas (PE) –, é a mescla perfeita da simplicidade com o chique. São 20 chalés, com antessala, varanda e chuveiro com aquecimento solar. Absoluta privacidade. São Miguel Dos Milagres Pousada do Toque Rua Felisberto de Ataíde, s/nº, tel. (82) 3295-1127, www.pousadadotoque.com.br Oferece culinária magnífica, 17 suítes imensas, atendimento amabilíssimo e café da manhã sem horário. Maragogi AL - 105 AL - 465 AL - 101 Japaratinga AL - 460 Porto de Pedras AL - 101 104 AL - 435 AL - 430 101 São Miguel dos Milagres AL - 425 AL - 413 Barra de Santo Antônio 104 101 Ipioca 316 Garça Torta Cruz das Almas Maceió Onde comer Ipioca Hibiscus Rodovia AL-101 Norte, Condomínio Angra de Ipioca, tel. (82) 3234-1340 Este bar/restaurante descolado, com decoração rústica/elegante em meio a um coqueiral, bem diante da praia, é imperdível. Fica logo depois do Hotel D’Anatureza. Tem boa comida e não tem cadeira de plástico. Porto de Pedras Patacho Praia do Patacho, s/nº, tel. (82) 3298-1253 Está instalado na pousada de mesmo nome, de cara para a praia. A comida é de primeiríssima. Destaque: dourado com molho de maracujá, servido com batatas sauté e arroz com manga. Maragogi Gaivotas Av. Senador Rui Palmeira, 800, tel. (82) 3296-1195 Eliane Martins foi dona de confecção em Minas Gerais. Largou tudo pelo litoral alagoano, onde montou esta casa no centro de Maragogi. Culinária simples (mas ótima), simpatia e bons preços formam a tríade que faz a fama do estabelecimento. o pescador Eronildo caminhava pela Praia do Patacho quando topou com algumas moedas antigas. Guardou-as. Ao tentar vendê-las, descobriu: eram nada menos do que valiosas moedas portuguesas, cunhadas em Lisboa no ano da graça de 1719. Pouco depois, um pirralho, numa pelada, foi buscar a bola atirada para longe e, da mesma maneira, deparou-se com outras seculares moedas lusitanas. A notícia espalhou-se pela região: em algum ponto de Porto de Pedras havia um tesouro enterrado por presumíveis piratas do século 18. Houve tamanha correria e tanta balbúrdia que a Polícia Federal se viu obrigada a intervir antes que a cidade fosse transformada em uma sucessão de buracos. Hoje se sabe que o verdadeiro tesouro de Porto de Pedras são suas praias e coqueirais. Estes últimos, aliás, tal como as moedas, também foram trazidos pelos portugueses. Pois é, não havia coqueiros – esse atual logotipo do Nordeste – na terra brasilis. Os colonizadores portugueses trouxeram as mudas de Goa, na Índia, ainda no século 16. De onde, por sinal, também arrebataram o prato sarapatel. Entre as praias do município, destaca-se a do Patacho, frequentadora assídua das listas das mais bonitas do Brasil. Para continuar a viagem será preciso pegar uma balsa em Porto de Pedras pa- viagem | VidaBosch | 7 A Bosch na sua vida Superando buracos A rodovia AL-101, que atravessa toda a costa de Alagoas, é considerada uma das estradas com as vistas mais bonitas do Brasil, principalmente no trecho entre Maceió e Maragogi. A viagem ao paradisíaco Litoral Norte de Alagoas, no entanto, pode virar um passeio infernal se o motorista não se prevenir para enfrentar as condições pouco amigáveis do asfalto e as altas temperaturas do estado. “Nessa região, as vias são muito esburacadas, o que dificulta o tráfego”, alerta Flávio dos Santos, gerente da Kid Autopeças, oficina da rede Bosch Service em Maceió. “E, além disso, o calor também pode atrapalhar o caminho.” As partes mais afetadas, aponta ele, acabam sendo as suspensões, muito exigidas durante o trajeto. “Se uma delas estourar, o carro vai ficar pelo meio do caminho e será preciso chamar um guincho”. Para evitar as armadilhas dos buracos nas estradas, Santos também recomenda cuidados com os pneus. “Se eles não estiverem alinhados corretamente, podem até estourar”, alerta. O gerente relata que problemas relacionados à suspensão e aos pneus são os que mais levam clientes que passam pelo Litoral Norte alagoano à oficina na qual trabalha. Entre outubro e maio, também aparecem veículos que tiveram problemas ligados a aquecimento. É que não é raro as temperaturas nas áreas litorâneas de Alagoas ultrapassarem os 30 °C. Para enfrentar o calor intenso, “os sistemas de refrigeração dos veículos têm de ser revisados antes da viagem”, lembra Santos. É preciso, diz ele, “ver se a bomba de água e a ventoinha, por exemplo, estão funcionando bem”. O aquecimento excessivo obriga o motorista a parar e pode até causar danos permanentes – e caros – ao motor. Os cuidados específicos não eliminam, no entanto, as revisões mais gerais. “Antes de qualquer viagem, é sempre bom passar numa oficina para verificar as condições do carro, checar o óleo, a bomba de combustível e o filtro de ar”, recomenda Santos. Para garantir as melhores condições do automóvel, o ideal é passar na oficina também depois da viagem, a fim de verificar se os buracos e a temperatura elevada não causaram danos ao veículo. “As revisões têm de ser feitas antes e depois – ainda mais diante de condições de tráfego um pouco complicadas, como as do Litoral Norte”, finaliza Santos. Arquivo Bosch ra atravessar o Rio Manguaba e chegar a Japaratinga. Pode ser demorado, na alta temporada. Nessa época, as filas para entrar na balsa chegam a aborrecer. Porém, como costuma ocorrer no litoral alagoano, há uma ótima recompensa para quem encara a missão. Na maior parte do ano, a encantadora Japaratinga tem praias com mar sereníssimo, águas tépidas e sem ondas. Melhor ainda para quem subir até a chique Pousada do Alto. Ali, a 120 metros acima do nível do mar, o felizardo contempla um dos panoramas mais espetaculares da viagem. Maragogi, enfim, é o destino derradeiro do Litoral Norte de Alagoas. O principal programa da cidade: fazer um passeio de barco até as mais vistosas piscinas naturais do Nordeste, repletas de peixinhos coloridos. Elas estão em alto-mar, a cerca de meia hora de navegação. Até 2009 era um rebuliço. Levas e mais levas de turistas bate e volta seguiam até a piscina das Galés. Muitos pisavam nos corais. A partir daquele ano, os passeios passaram a ter melhor organização, e o número de visitantes acabou limitado a 720 por dia. Todos proibidos de pisar nos corais, claro. Além disso, outras duas piscinas naturais foram liberadas: as de Taocas e de Barra Grande. Aos hóspedes das pousadas Camurim Grande e Praiagogi cabe um privilégio. Eles são levados de lancha ou jangada às piscinas de Croa de São Bento. São bem menos frequentadas. Sem contar que ainda oferecem uma diminuta praia de areias imaculadas. Pouco depois de Maragogi começa Pernambuco. Quem continuar o trajeto até o Recife terá a seu dispor outras praias formidáveis. O destaque fica para a Praia dos Carneiros, uma ex-fazenda de cocos muito bem resguardada. A boa notícia é que as estradas têm pavimentação e sinalização melhores. Sem contar o número muito mais confortante de postos de abastecimento. Em Pernambuco, no entanto, os caminhos passam, em geral, a pelo menos meia hora da costa. Não há mar à vista pelas janelas do carro. Desta vez, o enigma ficará por conta do caro leitor: valerá ou não a pena voltar a Maceió, revisitando algumas das mais inspiradoras praias do Brasil? 8 | VidaBosch | eu e meu carro Fã de automóveis Renato Canton A apresentadora Renata Fan, da TV Bandeirantes, já provou ser especialista em futebol. Nesta conversa, conta que também adora dirigir Q uase todos aqueles que já se sentaram à frente da televisão na hora do almoço para acompanhar as notícias de seu time do coração sabem que a apresentadora Renata Fan é apaixonada por futebol e fanática pelo Internacional de Porto Alegre. Porém, além de seguir de perto as disputas dentro dos gramados, ela tem queda especial pelo que ocorre nos autódromos brasileiros. Não apenas porque namora o piloto de Stock Car Átila Abreu: é que ela também adora carros e ama dirigir. A estrela do programa Jogo Aberto, da Rede Bandeirantes, lembra que aprendeu a guiar no Palio da família, em sua cidade natal (Santo Ângelo, no interior do Rio Grande do Sul). “Recebi algumas dicas do meu pai, do meu irmão. Foi tudo acontecendo aos poucos. No começo, tinha muito medo, achava que seria impossível, mas hoje eu adoro.” O medo estava ligado, sobretudo, à tarefa de estacionar. Ela não gostava (e quem gosta?) daquela trabalheira de olhar para trás, olhar para o retrovisor, esterçar a direção, coordenar acelerador e embreagem, desesterçar, olhar de novo para o retrovisor etc., etc., muitos etc. O fato é que ela fez o teste de habilitação sem saber fazer baliza. “O que me salvou foi o instrutor colocar um adesivo no vidro traseiro que servia como orientação. Isso me deu confiança, e eu consegui passar, mas ainda dirigi por um tempo sem saber direito como estacionar”, lembra. Nos anos seguintes, usou os carros da família, mas isso mudou em pouco tempo. Cursava faculdade de Direito quando decidiu lançar-se na carreira de modelo. Apostando nos seus 1,79m de altura, nos cabelos loiros e nos olhos verdes, a gaú- | Por Bruno Meirelles cha foi eleita Miss Santo Ângelo e Miss Rio Grande do Sul em 1998 e Miss Brasil em 1999. A série de conquistas lhe deu fama, projeção e seu primeiro veículo: um Gol. “Até hoje é o carro que mais me marcou: ganhei sozinha, com meu próprio trabalho. Lembro dele com muito carinho.” Em 2003, após se formar, Renata decidiu tomar outro rumo. Foi para Divinópolis, no interior de Minas Gerais, cursar Jornalismo. Um ano depois, no entanto, foi aprovada em um teste para apresentar um programa esportivo na Rede Record e mudou-se para São Paulo. “Foi um grande choque. Eu me dava bem com o trânsito de Divinópolis, que tem uns 200 mil habitantes, mas aqui a gente anda junto de ônibus enormes, as motos passam coladas o tempo todo, é um caos”, compara. “Minhas grandes vitórias foram quando consegui andar na Paulista e na Marginal, lá pelo terceiro dia. Comemorei muito”, recorda. Aos poucos, porém, a apresentadora e modelo foi se acostumando à rotina da cidade mais populosa do Brasil. Ao mesmo tempo, trocou de emissora, ganhou um programa próprio e seu rosto se tornou cada vez mais conhecido. “Por incrível que pareça, é difícil as pessoas me reconhecerem no trânsito. Todos estão muito apressados, não param nem para olhar quem está ao lado. Mas às vezes, em semáforos, acontece. Daí as pessoas acenam, tiram foto, falam que são minhas fãs”, diz. Recentemente, isso aconteceu de modo inusitado. Atrasada para as gravações, ela passou rente a outro carro nas proximidades da emissora e acidentalmente quebrou o retrovisor do veículo. “Quando percebi o que tinha acontecido, voltei correndo para falar com o outro motorista. Ele levou um susto quando me reconheceu. Eu estava com pressa para gravar e passei meu telefone para resolvermos depois. Ele ficou feliz de me conhecer, e acabou dando tudo certo.” Atualmente, Renata se aventura pelo trânsito paulistano com um esportivo-utilitário da Porsche. Um carro espaçoso – é que, para ela, é mais importante conforto do que velocidade. “Não dá para andar rápido em São Paulo. Gosto de carro grande e de espaço, e ele tem TV, som, bancos confortáveis, quase não treme com os buracos das ruas.” De olhos bem fechados O gosto da apresentadora por dirigir ganhou impulso nos últimos anos, quando começou a namorar Átila Abreu. “Sempre que posso vou assistir às corridas dele. Mas às vezes eu não consigo por causa da minha agenda.” Ela conta que recebe algumas dicas de direção do namorado e tenta aprender com ele nas viagens que fazem de Sorocaba (cidade do piloto) para São Paulo. “Quando ando com o Átila, percebo que sua noção de espaço no trânsito é bem melhor do que a minha. Ele também gosta de pegar no meu pé e falar que eu dirijo igual a um cachorrinho, porque fico grudada no volante. Mas o resto eu faço direitinho”, brinca. Mesmo confiando no talento do parceiro, a apresentadora confessa que passou alguns apertos na única vez em que decidiu acompanhá-lo em uma volta rápida no autódromo. “Fiquei com os olhos fechados e levei as mãos ao rosto de nervoso durante toda a volta. Morro de medo. Jamais passou pela minha cabeça correr também – já chega uma pessoa da relação que se arrisca.” A Bosch na sua vida Sem as mãos Renata Fan não é a única que teve problemas para aprender a estacionar. A baliza costuma ser o terror de muita gente, e mesmo motoristas experientes ainda suam frio na hora de encarar uma vaga. Esse martírio, no entanto, pode estar perto do fim graças a uma tecnologia da Bosch: o sistema Park Steering Control (PSC). “O equipamento manobra o veículo automaticamente, sendo que o motorista tem apenas de engatar a ré e controlar o freio e o acelerador, sem encostar as mãos no volante”, explica o gerente de vendas de eletrônica automotiva da Bosch, Alexandre Tedeschi. Por enquanto, o motorista ainda é necessário, mas, em 2015, a Bosch colocará no mercado uma nova geração do sistema PSC. “O condutor terá apenas de apertar um botão, e o carro fará toda a manobra automaticamente”, continua Tedeschi. O sistema não ajuda apenas na parte mais difícil, mas, também, na mais chata. “Ao ativar o PSC, o sistema consegue identificar e achar uma vaga para o veículo estacionar”, afirma o gerente da Bosch. Não é mágica, mas sim tecnologia. “O equipamento tem um sensor ultrassônico, como o sistema de sonar de um morcego, que emite ondas e capta seus reflexos, calculando, assim, o tamanho e a profundidade do espaço para ver se ele se adéqua às dimensões do veículo”, diz Tedeschi. O PSC indica até o lugar exato em que o carro tem de estar para iniciar o processo de estacionamento. O equipamento tem de vir instalado de Arquivo Bosch fábrica, e, no momento, apenas motoristas de veículos estrangeiros estão livres do martírio que é estacionar. Os condutores de carros brasileiros, no entanto, não tardarão em experimentar o prazer de apenas relaxar enquanto o carro entra na vaga. “Já estamos conversando com uma montadora para ter o PSC nos veículos nacionais até 2016”, revela Tedeschi. Andreas Gradin/Shutterstock 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Gabriel Ferreira Tudo que vai, volta Máquinas ajudam indústria a cumprir lei que exige que empresas se responsabilizem pelo destino do lixo gerado por seus produtos E ncontrar a melhor maneira de levar um produto da fábrica até o consumidor final sempre foi uma preocupação da indústria, mas uma legislação sancionada em 2010 exige que as empresas brasileiras comecem a se preocupar com o caminho inverso. A Lei 12.305/2010, que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, define um conjunto de normas para o manejo do lixo no Brasil. Entre elas está a que determina que o responsável pela produção de uma mercadoria é o mesmo que deverá lidar com os resíduos daquele item. Um fabricante de televisores, por exemplo, deverá cuidar do descarte correto de suas televisões, evitando que seus componentes causem danos severos ao meio ambiente. Nesse cenário, ganha maior importância o conceito de logística reversa, “conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”, segundo a definição da própria Lei 12.305/2010. “Até pouco tempo não se falava muito nisso, mas, com o aumento do 12 | VidaBosch | torque e potência As iniciativas para dar melhor destino aos resíduos começaram nos anos 2000, com pneus e embalagem de óleo e agrotóxico vezes, recolhem as mercadorias e as preparam para que elas possam voltar a ser usadas. “No caso do papel, por exemplo, existe uma separação pela qualidade do produto e pelo grau de utilização. Conforme esse padrão, ele pode ser aproveitado para fazer papéis de maior qualidade ou precisará ser utilizado de formas mais simples, como papel higiênico, por exemplo”, diz Mariano. Polêmica e tecnologia Ainda que sejam atitudes indiscutivelmente benéficas ao planeta, a logística reversa e a reciclagem envolvem certa polêmica – o que tem tornado a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos um tanto lenta. “A grande questão são os custos envolvidos. Dar a melhor destinação não é algo barato, e muitas empresas resistem em fazer esse investimento”, observa Leite. As despesas incluem, por exemplo, o transporte de grandes volumes de produtos com baixo valor agregado. “E a questão logística é apenas o início do processo. Fazer o tratamento correto e a gestão daquele resíduo também é muito caro”, afirma Mariano. “Muitas vezes, os custos envolvidos chegam a ser maiores do que os ganhos resultantes da venda daquela sucata.” Como em qualquer setor econômico, a forma que as empresas de gestão de resíduos encontram para enfrentar tais entraves é investir na eficiência. E a tecnologia desempenha um papel fundamental nesse esforço. Grandes companhias do segmento dispõem de uma série de equipamentos que atuam em diferentes etapas, desde o Dvande/Shutterstock consumo, pensar na logística reversa passou a ser uma necessidade fundamental”, afirma Paulo Roberto Leite, da consultoria CLRB, especializada na área. A logística reversa envolve tudo o que se refere ao recolhimento e à destinação dos resíduos sólidos. Está ligada a outra prática essencial para a preservação do meio ambiente: a reciclagem, processo por meio do qual um material já utilizado é transformado novamente em matéria-prima, como explica Wagner Mariano, gerente de operações da Fox Reciclagem, empresa com mais de 50 anos de experiência no ramo. Para a reconversão de um material utilizado em matéria-prima é fundamental o empenho de uma indústria que conecta as pontas desse processo, que liga o consumidor de um produto à empresa que vai precisar daquela matéria-prima novamente. É aí que entram os operadores de logística reversa, que, na maioria das Equipamentos de acionamento e controle, como esteiras, transportam os materiais ao longo das diversas etapas da reciclagem torque e potência | VidaBosch | 13 recolhimento dos resíduos até a separação. São máquinas como compactadores, que fazem com que uma carreta consiga levar muito mais lixo. “Se for transportar papelão solto, conseguimos colocar 1 tonelada por caminhão. Fazendo uma boa prensagem, transportamos 8 toneladas por vez”, compara Mariano. As técnicas de compressão são importantes também após o material chegar à sede da empresa de gestão de resíduos. Por lá, prensas são fundamentais para juntar o material do mesmo tipo antes de enviar para os clientes. Alguns desses dispositivos chegam a processar mais de dez toneladas de lixo por hora. “Em clientes com grande volume de um resíduo homogêneo, instalamos esses equipamentos na sede da empresa, para aumentar ainda mais a produtividade”, afirma o executivo. Além dos equipamentos de compactação, uma grande empresa de gestão de resíduos costuma contar com diversas outras máquinas. As extrusoras, por exemplo, dão nova forma a plásticos e metais que serão encaminhados para reciclagem. Já as esteiras permitem que os resíduos sejam transportados de forma mais rápida dentro da planta. Preocupação crescente A preocupação com a correta destinação de resíduos não é exatamente uma novidade no Brasil. Desde o início dos anos 2000, várias iniciativas são tomadas nesse sentido, priorizando produtos mais danosos ao meio ambiente, como pneus, embalagens de agrotóxicos e óleos lubrificantes. “Mais do que legislações, o que pesou foi a organização dos setores para fazerem com que tudo desse certo”, avalia Leite. “O modelo de debate adotado por eles agora tem que servir de exemplo para o governo e as diversas entidades setoriais fazerem os avanços que ainda faltam.” Conforme a Política Nacional de Resídu- os Sólidos se consolida, a importância de um grupo específico fica ainda mais clara. São os catadores (cerca de 1 milhão no país) e as cooperativas de reciclagem (só as registradas no Compromisso Empresarial para Reciclagem somam 600). “Esse pessoal lida mais com o pós-consumo, com os resíduos gerados pelo cliente final. É um trabalho muito importante, pois eles focam sua atuação em outro tipo de produto, que muitas vezes não compensa para uma grande empresa de reciclagem”, diz Mariano. Independentemente de partir de indústrias gigantescas ou do consumidor final, o importante é que a preocupação com o destino do lixo vem se consolidando como uma realidade no Brasil – contribuindo para reciclar aquela velha ideia de que lixo nada mais é do que uma coisa inútil. “Se orientarmos corretamente a sociedade, ela estará pronta para contribuir”, conclui Leite. Reúso e reciclagem A divisão Diesel da Bosch no Brasil faz remanufatura de bombas e injetores desde 2005 – portanto, cinco anos antes da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Num sistema semelhante ao de retorno de peças antigas, os principais produtos reaproveitados são os injetores Common Rail (CRIN – aplicados em motores de veículos comerciais) e unidades injetoras (UP – utilizadas em veículos comerciais e locomotivas). Tais peças chegam à empresa por meio de dois canais: postos de serviços Bosch e montadoras de motores e veículos. “Nos dois casos, nós recebemos as carcaças, fazemos uma limpeza com produtos químicos, desmontamos e analisamos cada uma das peças. Elas são submetidas a análises individuais baseadas em padrões de qualidade definidos pela engenharia de produtos e processos, para avaliarmos o aproveitamento ou rejeição”, explica o engenheiro Nelson Vanzetti, es- pecialista em engenharia de remanufatura. As partes reprovadas no exame são descartadas como sucata e vendidas para a indústria siderúrgica, por exemplo. As reaproveitadas seguem para a linha de produção em um lote separado das demais peças e passam pelos mesmos procedimentos aplicados nos componentes novos. “Na divisão Diesel, remanufaturamos atualmente cerca de 50 mil peças por ano, abastecendo os mercados de reposição independente e montadoras, com a mesma qualidade e garantia das peças novas de série”, comenta Vanzetti. Em nível internacional, a empresa produz ainda versões remanufaturadas de motores de partida, alternadores e freios, entre outros itens. Outra participação do Grupo Bosch na área de resíduos sólidos é a produção de componentes para máquinas usadas na indústria de reciclagem. A Rexroth, divisão de equipamentos de acionamento e controle da Bosch, produz peças para Arquivo Bosch A Bosch na sua vida as máquinas responsáveis por cortar, torcer, prensar e triturar materiais, de modo que eles possam ser reaproveitados ao final do processo. Um caso exemplar nessa área é a tecnologia hidráulica que a Rexroth desenvolveu para um forno de derretimento de alumínio da Metal Américas. A tecnologia reduz custos de manutenção e garante maior controle operacional e segurança ao operador. 14 | VidaBosch | viagem Salas mutantes Em imóveis cada vez menores, ambientes integrados permitem adaptar espaços para diferentes necessidades a cada momento, aliando beleza e versatilidade Gui Morelli | Por Chantal Brissac 16 | VidaBosch | N viagem as últimas décadas, os hábitos dos moradores das grandes cidades vêm passando por grandes transformações que, claro, refletem-se no jeito de morar. Uma delas é a rotina corrida da vida moderna, que deixa cada vez menos tempo para cuidar da casa. Aliada ao mercado imobiliário aquecido, a tendência elevou a procura por imóveis menores – e metragens reduzidas exigem novas formas de organizar o espaço. “À medida que os hábitos das pessoas vão se modificando, a casa se modifica junto. Ela é o reflexo da sociedade e materializa a forma de viver”, afirma a decoradora carioca Ana Maria Índio da Costa em seu livro “Cartas a um jovem decorador” (ed. Elsevier). Um cômodo, particularmente, tem passado por metamorfose radical: a sala. Se, até a segunda metade do século 20, era comum encontrar residências com tradicionais e sisudas salas de visita e de jantar rigidamente separadas por móveis igualmente clássicos e austeros, hoje esses espaços estão em extinção. Cômodos compartimentados e estanques deram lugar a ambientes versáteis e mutantes, que se adaptam de acordo com as necessidades dos moradores. O conceito se aplica especialmente bem a imóveis menores, que podem abrigar salas inteligentes e integradas, espaços bem projetados e que normalmente abrangem três ambientes: sala de estar, de TV e de jantar. Na opinião do arquiteto Gustavo Calazans, não se trata de simples moda, mas de uma tendência que veio para ficar. “Os imóveis estão muito menores, e as pessoas também querem ambientes que as ajudem a viver melhor”, comenta. “Uma mãe que cozinha, por exemplo, ficará muito melhor se estiver em uma cozinha com uma boa visão da sala, monitorando os seus filhos que brincam, estudam ou veem televisão. Isso permite a integração das pessoas, um conceito que felizmente está voltando.” A integração, aliás, não se resume aos diferentes tipos de sala. Outros cômodos, como cozinha, terraço e escritório, podem ser incorporados a um grande ambiente multiúso. Em um projeto recente, feito para um jovem casal que gosta de cozinhar e receber Lufe Gomes viagem | VidaBosch | 17 Truques para transformar o ambiente Especialista no universo “casa”, a escritora e jornalista Chris Campos, criadora do site “Casa da Chris” (http://casadachris.uol.com.br/blog/, há mais de dez anos no ar), adora transformar ambientes recorrendo a pequenos truques. Confira algumas de suas dicas para sala: 1. Mudar a cor das cortinas faz muita diferença em um ambiente. Se você trocar o tipo de tecido, então... Assim como as cortinas, novas capas de almofadas também fazem maravilhas. 2. As dimensões da sua sala impedem mudanças radicais na mobília? Não hesite em pintar apenas uma parede com a cor de que você mais gosta. Dê preferência a alguma que fique em posição de destaque no ambiente. 3. Eu sempre tive arrepios com a ideia de uma decoração fixa, para sempre, imutável. Por isso, aposto nos móveis multiúso, que podem mudar de lugar num mesmo ambiente ou, melhor, mudar de função ao bel prazer, como aparadores, pufes e poltronas. 4. Que tal um banco que pode acomodar um convidado extra na sala e que, quando você quiser, vira uma mesinha de cabeceira diferente? 5. Plantas também são responsáveis por metamorfoses simples, mas de efeito bombástico na sala. Tenha apenas o cuidado de escolher espécies que cresçam bem em ambientes internos, com luminosidade limitada. viagem Eder Chiodetto 18 | VidaBosch | Bombaert Patrick/Shutterstock Eliminar paredes entre as salas de estar e jantar (acima) e instalar telões retráteis (abaixo) ajudam a criar ambientes multiúso viagem | VidaBosch | 19 amigos, a arquiteta e urbanista paulistana Camilla Notari Fontes colocou o cooktop virado para a sala, em uma ilha, que se tornou o palco para o casal gourmet e seus amigos. Nivelou todos os pisos, inclusive o da cozinha, para dar a sensação de espaço ampliado. “O terraço do apartamento é outro ambiente que tem sido integrado à sala por meio da nivelação do piso.” Para quem pretende usar a sala também como escritório, uma dica é a adequação de uma estante de home theater para abrigar um laptop. Camilla percebeu que muitos de seus clientes chegam à noite em casa e colocam o notebook sobre a mesa de jantar para trabalhar mais um pouco. Em vez disso, ela aconselha o uso de uma pequena bancada, com uma banqueta embaixo. E, claro, com uma iluminação especial na estante para esse espaço. “Assim, a mesa de jantar não se mistura com trabalho.” Mantendo a elegância O risco de integrar todos os cômodos em um único ambiente é criar um espaço atulhado e desorganizado. O segredo para evitar isso e manter a elegância da sala é acertar na escolha dos móveis, das cores e de outros recursos decorativos, recomendam as arquitetas Andrea Lucchesi e Carolina Razuk, sócias do escritório Lucchesi e Razuk. “Preferimos usar cores neutras nas paredes e no sofá e deixar o colorido para peças mais pontuais, como um tapete, almofadas ou acessórios”, explica Carolina. Marcenaria mais neutra e iluminação bem pensada também fazem milagres nessa maximização de espaço. “Um bom exemplo para deixar a sala mais ampla e agradável é investir em luzes indiretas, como abajures perto do sofá”, diz Carolina. Ao derrubar as paredes para integrar os ambientes, já se ganham alguns centímetros – cerca de dez, segundo os arquitetos – na nova sala. E pode-se lançar mão de truques que ampliam mais os espaços. A decoradora Deize Silva, por exemplo, gosta de móveis e balcões multiúso. É o caso do balcão de bar que se transforma em mesa de jantar ou até “escrivaninha” para o laptop do morador. Ao mesmo tempo em que alguns móveis podem pontuar a versatilidade do espaço, é bom ter recursos à mão para delimitar os ambientes. Para um cliente que pediu um cantinho para o computador na mesma sala em que gosta bastante de receber visitas, a arquiteta Camilla Fontes sugeriu um biombo. Quando há visitas, a peça, aberta, vira elemento decorativo; caso contrário, ela se fecha para integrar todos os moradores, que gostam de estar juntos, cada um em sua tarefa cotidiana. Esse uso curinga das salas, que se tornam lugares muito mais convidativos, ideais para conversar, ver TV, receber, comer e até trabalhar, vem ao encontro do momento atual: com pouquíssimo tempo de sobra, as pessoas querem estar juntas dentro de casa. O importante, lembra Deize Silva, é deixar os objetos bem dispostos e organizados. Nada de confusão de peças, excesso de enfeites ou acessórios. “A limpeza visual valoriza os ambientes e os deixa maiores”, observa. Uma bem projetada estante, que pode abrigar home theater, laptop e também os livros da família, é um desses curingas – especialmente quando tem gavetões para acolher quinquilharias. A correta disposição do mobiliário, o uso de cores neutras e claras – que criam uma sensação de amplitude – e a escolha de móveis multiúso são elementos essenciais. O resto fica por conta do seu estilo pessoal – sem ele, fica faltando a cereja do bolo, que faz a sua casa ter a sua cara. Cinema em casa Uma opção para quem quer assistir a filmes ou jogos em alto estilo, mas não dispõe de espaço para uma TV enorme na sala, é usar telões de projeção retráteis. Um grande aliado, então, será um pequeno equipamento da Bosch: o motorredutor CEP 310 que, com apenas 15 cm X 6 cm, levanta até 10 quilos. O equipamento faz as adaptações necessárias para transformar a sala em um verdadeiro cinema em casa. Ele pode ser usado para fazer a tela de projeção subir e descer ou para escurecer o cômodo. “Há persianas nas quais se usa apenas um motorredutor; em modelos maiores são necessários dois, um de cada lado”, afirma Dulcineia Soares, consultora co- mercial da Bosch. E o melhor é que é possível transformar o ambiente sem sair do sofá. “O motor pode ser ativado por controle remoto; no entanto, o tipo de transmissor depende da eletrônica utilizada e, principalmente, deve ser determinado pelo aplicador/idealizador da automação” explica Dulcineia. Além de robusto, o CEP 310 é bastante versátil e pode ser utilizado em diversas aplicações. A mais comum é no ajuste de altura e posição de cadeiras odontológicas. O motorredutor também equipa portões automáticos, esteiras ergométricas e sistemas de automação de mesas de escritórios. “O motor é sempre o mesmo. O cliente pode acoplá-lo a diversas aplicações”, afirma Dulcineia. Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Derivado do motor de limpador de para-brisa, o motorredutor CEP 310, da Bosch, atende a parâmetros mundiais de qualidade. O equipamento tem, por exemplo, a certificação CE, exigida pela Comunidade Europeia – ao contrário da maioria dos concorrentes, que não apresentam nenhum padrão de confiabilidade. tendências Ociacia/Shutterstock 20 | VidaBosch | Cabeça, tronco e sensores Poucas áreas da medicina avançaram tanto nos últimos anos quanto o desenvolvimento de próteses. Feitas de materiais cada vez mais leves, elas caminham para reagir a impulsos cerebrais | Por Tiago Cordeiro 22 | VidaBosch | tendências O tempo de exibição na TV foi curto, mas o impacto da cena se manteve: usando um exoesqueleto, o paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, chutou uma bola de futebol na abertura da Copa do Mundo, em São Paulo. Concebida pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, a estrutura é composta por eletrodos que captam emissões elétricas do cérebro e as repassam para um computador, onde são decodificadas e transmitidas para os pés por intermédio de uma roupa especial. Graças ao equipamento, Juliano foi capaz de comandar as pernas com a força do pensamento. A façanha de Nicolelis comprova: a tecnologia está levando a medicina a patamares não imaginados antes, e o desenvolvimento de próteses é uma das áreas em que a tendência se mostra mais evidente. Na Paraolimpíada de 2016, também no Brasil, veremos novas demonstrações dos avanços do setor. Atletas com deficiência, ou com membros amputados, são capazes de competir com os olímpicos – e é possível que, dentro de algumas edições, seus índices sejam os melhores. Trata-se da evolução de uma prática que teve início há pelo menos 3 mil anos, no Egito, onde uma ossada foi encontrada com dedos de madeira, presos à base do pé por correias de couro. Na França do século 16, o cirurgião Ambroise Paré (1510-1590) criou uma mão artificial com dedos flexíveis, manipulados por meio de dobradiças e molas. Em sentido estrito, prótese é todo tipo de dispositivo que ajuda o desempenho do corpo quando algum órgão falha – definição que inclui até óculos ou aparelhos auditivos. Mas as alternativas que surgiram nas últimas décadas vão muito além: são resultado de pesquisas em medicina, fisioterapia, várias engenharias (da elétrica e mecânica à de materiais), informática e biologia (afinal, só recentemente estamos começando a avançar no conhecimento da base neurológica dos movimentos complexos do nosso organismo). Mão inteligente Um dos exemplos mais bem acabados é a Bebionic3, uma mão mecânica inteligente lançada em 2012 pela empresa norte-americana Bebionic: recebe impulsos elétricos exatamente da mesma forma que nossos dedos. O resultado se parece muito com o antebraço do robô interpretado por Arnold Schwarzenegger no filme “O Exterminador do Futuro”. A produção desse modelo é resultado de um trabalho complexo. “O processo é longo e depende em grande medida do nível de funcionalidade da prótese”, reforça a pesquisadora Claudia Ochoa, do Laboratório de Automação e Robótica da Universidade de Brasília (UnB). Construir um produto desses exige, primeiro, um molde que reproduza com perfeição o órgão perdido – uma tarefa que se tornou mais simples, rápida e barata com o advento das impressoras 3D, já utilizadas até para recriar um crânio. Depois, são instalados motores nos locais das articulações (joelhos, cotovelos, pulsos, tornozelos). É necessário ainda desenvolver softwares de leitura de sinais cerebrais, que movimentam motores pequenos, alimentados por baterias. Por fim, o paciente se submete a treinos longos e sessões de fisioterapia para aprender a movimentar os novos membros. Ainda assim, depois de todo esse esforço, não é raro que o usuário de uma perna artificial, por exemplo, sinta dores constantes nos quadris e nas articulações e, às vezes, acabe por sofrer com obesidade e problemas cardíacos, porque só se movimenta quando estritamente necessário. Os materiais evoluíram muito. Ainda precisam da resistência do aço e do titânio, usados há várias décadas, mas agora incluem fibra de carbono e alumínio. Podem ser recobertos com silicone, moldado para dar um aspecto semelhante à pele humana. “Atualmente as próteses são construídas com materiais leves, para não impor peso adicional”, diz Claudia. O acabamento, que garante o encaixe na área orgânica é feito sob medida, usando furadeiras e lixadeiras industriais de pequeno porte e alta precisão. Próteses robóticas são uma realidade, ainda que seu funcionamento permaneça limitado. “Não há dificuldade alguma em criá-las. Já as utilizamos”, diz o enge- nheiro elétrico Antonio Padilha Lanari, professor do Laboratório de Automação e Robótica da UnB. “Entretanto, a qualidade dos sistemas que identificam intenção de movimento disponíveis atualmente é insuficiente para permitir ao usuário um controle natural e preciso do membro artificial”. Para garantir precisão maior, têm Mezzotint/Shutterstock tendências | VidaBosch | 23 Atletas com membros amputados já são capazes de competir com os olímpicos e, dentro de algum tempo, podem até superá-los de ser feitas cirurgias que liguem as próteses ao que sobrou dos nervos da região amputada – uma estratégia que funciona melhor no caso de mãos e braços, mas é colocada em prática também para movimentar as pernas. Foi o caso de uma pesquisa realizada pela Universidade de Louisville. O Centro de Pesquisa de Danos na Medula Espinhal de Kentucky, ligado à universidade, instalou 16 implantes elétricos na espinha de quatro homens cadeirantes. Eles voltaram a movimentar as pernas, mas ainda não com segurança e precisão suficientes para caminhar. O próximo passo, em fase de testes em animais, é elevar o número de sensores para 27 e, com isso, otimizar o desempenho. Recuperar o sentido do tato permanece um desafio. A Bebionic3, por exemplo, é recoberta por uma luva que imita a cor e a textura da pele humana, mas sem a mesma sensibilidade. Um consórcio de técnicos de universidades suíças e italianas bolou tendências Mãos biônicas podem ser controladas diretamente por impulsos cerebrais, como o membro original Bebionic/Divulgação 24 | VidaBosch | tendências | VidaBosch | 25 um protótipo que envia estímulos nervosos a partir da ponta dos dedos feitos de aço. Num primeiro momento, os usuários conseguiram diferenciar pedaços de madeira, tecido e plástico do mesmo tamanho. Mas, por enquanto, o resultado é um modelo desconfortável: o local onde foi realizada a amputação é recheado com fios e eletrodos e, em troca, só fornece o retorno sensorial para a sensação de maciez ou rigidez. Temperatura e textura ainda não são detectadas. Antes que essa alternativa seja viável, vamos ver no mercado próteses controláveis pela mente. E dificilmente serão exoesqueletos, mas sim encaixadas cirurgicamente nos nervos. Nervos reconectados Em 2012, o norte-americano Zac Vawter subiu todos os 103 andares da Torre Willis, em Chicago, com suas próprias pernas mecânicas. Fez isso enviando para elas sinais do próprio cérebro. Seus movimentos, muito mais naturais do que os de pessoas que usam as pernas artificiais tradicionais, são resultado do trabalho de uma equipe de designers da Universidade Vanderbilt, que usou nervos funcionais da musculatura de sua perna e os conectou à prótese. “A técnica de reenervação muscular ainda opera apenas parcialmente, mas é extremamente promissora”, diz o engenheiro mecânico Michael Goldfarb, chefe do Centro de Inteligência Mecatrônica da universidade. Para funcionar, os pacientes passam por uma longa recuperação, com algumas dores. Os nervos têm de crescer para se reconectar, mas esse é um processo lento: um milímetro por ano, em média. A capacidade de movimento é recuperada muito devagar, começando pelo cotovelo (no caso de pessoas amputadas acima dele) e chegando até a mão. Outra linha de pesquisa, mais ousada e invasiva, poderá alterar a vida de paraplégicos. Capitaneada por Miguel Nicolelis, o brasileiro que fez duas macacas fêmeas movimentarem um braço mecânico usando eletrodos implantados no cérebro, ela prevê a colocação de implantes neurais em pessoas que têm todos os membros, mas sofreram lesões na espinha ou no cé- rebro. A Universidade Brown conseguiu, em 2011, que a quadriplégica Cathy Hutchinson, de 58 anos, pegasse uma garrafa de água com a mão e a levasse até a boca. Para isso, os pesquisadores inseriram no cérebro dela, mais especificamente no córtex motor, um sensor do tamanho de uma pílula de remédio. O desafio agora é evitar que o corpo rejeite o dispositivo. Até o fim do século 21, é possível que as pessoas deficientes não se diferenciem mais das outras. Provavelmente, a questão principal será: quanto de um ser humano pode ser substituído por peças artificiais até o ponto em que ele deixará de ser considerado humano? “Já somos capazes de substituir metade dos órgãos de uma pessoa”, diz Goldfarb. “Dentro de duas ou três gerações, uma pessoa poderá substituir um fígado, por exemplo, simplesmente para prevenir o risco de uma doença futura, que ainda nem se manifestou. Ou poderemos desenvolver próteses que melhoram a capacidade auditiva, potencializam a visão ou aumentam a força dos braços para níveis sobre-humanos”. Artesãos de próteses As próteses requerem tecnologia confiável não só em sua concepção, mas também na produção e no acabamento. Os mínimos detalhes fazem diferença na hora de criar uma peça que seja o mais confortável possível para quem a usa. No ajuste fino, os fabricantes podem contar com os equipamentos versáteis e de alta precisão da Dremel, divisão de ferramentas rotativas da Bosch. “Nossos mecanismos são ideais para peças que precisam de muitos detalhes, nas quais há partes pequenas e áreas de difícil acesso”, afirma o chefe nacional da Dremel no Brasil, André Archangelo. As duas principais ferramentas para o acabamento são a Dremel 3000 e a 4000. “A diferença está na velocidade de rotação do motor. A 4000 é indicada para trabalhos com materiais mais resisten- tes, mas o serviço pode ser feito também com a 3000, que tem um pouco menos de velocidade, mas fará o acabamento da mesma forma”, explica Archangelo. “As ferramentas são usadas para esculpir, polir superfícies e dar acabamentos em geral”, continua o representante da Dremel. A versatilidade das máquinas se explica: elas têm mais de 150 acessórios para que se façam os mais diversos tipos de serviços. As pontas são trocadas conforme as necessidades de trabalho, permitindo acabamentos bem executados. Esta última característica é fundamental principalmente nas partes em que as próteses se ligam ao corpo, para que se garanta o conforto para quem usa as peças. Outro diferencial desses produtos é que têm um extensor que permite usá-los como uma caneta. “Isso dá muito mais pre- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida cisão para o trabalho do fabricante, que consegue fazer um acabamento muito melhor, chegando até as áreas da peça mais difíceis de acessar, permitindo desbastar sobras de material ou abrir reentrâncias na peça, criando, assim, uma área perfeita e confortável para o encaixe”, finaliza Archangelo. grandes obras T photography/Shutterstock 26 | VidaBosch | União subterrânea Projeto bilionário vai construir o primeiro túnel submerso do Brasil e ligar as duas ilhas | Por Tatiane Matheus U mais populosas de São Paulo, onde ficam Santos e Guarujá m pequeno paradoxo cerca as duas ilhas mais conhecidas e mais populosas do estado de São Paulo: pouca gente sabe que são ilhas. Uma delas, a de São Vicente, abriga a cidade de mesmo nome, além de Santos. A outra, bem ao lado, é a ilha de Santo Amaro, onde fica o Guarujá. Sim, dois dos mais concorridos destinos litorâneos paulistas são, como diz a célebre definição escolar, terra cercada por água de todos os lados. E há mais de cem anos, para cruzar essa porção de água, usam-se embarcações motorizadas. Inicialmente, barcas a vapor e, anos mais tarde, balsas. Muitas décadas, bicicletas, veículos e pedestres depois, esse continua sendo um dos únicos meios de transporte entre Santos e Guarujá. O outro é a rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP 055), com 43 quilômetros de extensão. Tanto um quanto outro estão no limite: a estrada registra congestionamentos diários, e a espera nas balsas, que carregam cerca de 55 mil pessoas por dia, chega a 40 minutos nos horários de pico. No fim do ano ou em véspera de feriados, não é raro ter de aguardar mais de uma hora. O aumento da frota de carros, a intensificação do movimento de cargas no porto de Santos (o maior do Brasil) e o início da exploração do pré-sal mostraram que já é urgente uma reivindicação antiga dos moradores: a construção de um túnel ligando os dois municípios. O projeto, o primeiro desse tipo no Brasil, saiu do papel e deve ficar pronto em 2019. Chama-se Submerso. Supervisionado pela Travessias Litorâneas, um braço da Dersa, terá 1.700 metros de comprimento (870 deles debaixo d’água) e três faixas de tráfego em cada sentido para carros, ônibus, caminhões e motos. Uma delas poderá ser posteriormente adaptada para receber uma linha de veículo leve sobre trilhos (VLT). A 60 km/h, a travessia entre os dois famosos destinos de veraneio será feita em menos de 2 minutos, segundo a Dersa. Hoje, as balsas demoram em média 18 minutos para cruzar esse trecho de mar. Na parte superior da estrutura, serão instalados os cabos de transmissão de energia elétrica da Companhia Docas do Esta- 28 | VidaBosch | grandes obras Módulos de concreto serão produzidos na superfície e transportados para o fundo do mar do de São Paulo (Codesp) e uma linha da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) para aumentar a segurança do suprimento de Santos e do distrito de Vicente de Carvalho, na cidade vizinha. Estuda-se ainda colocar um duto de água para reforçar o abastecimento do Guarujá. O custo das obras é estimado em R$ 1,98 bilhão. Somando-se itens como gerenciamento, compensações ambientais, desapropriações e reassentamentos, deve alcançar R$ 2,8 bilhões. O empreendimento contará com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Tesouro paulista. A elaboração do projeto-executivo está a cargo do consórcio formado por Engevix, Planservi e Themag, com apoio da empresa holandesa Royal Haskoning. O edital para a construção propriamente dita deve ser lançado até o final de 2014. A colaboração da empresa da Holanda não é casual. O país é referência no assunto – lá, em 1946, foi feito o primeiro túnel desse tipo na Europa, também numa cidade portuária: Roterdã. Já o mais antigo do mundo, concluído em 1930, liga dois municípios e dois países: Detroit (Estados Unidos) e Windsor (Canadá). Hugo Rocha, presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (entidade de caráter técnico-científico vinculada à Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), avalia que, com o know-how da travessia subterrânea no litoral paulista, será possível buscar essa solução em outros lugares com geografia parecida no país – por exemplo, entre Vila Velha e Vitória (Espírito Santo), na Lagoa da Conceição (Florianópolis) e entre Salvador e a Ilha de Itaparica (Bahia). Dirigindo a 60 km/h no túnel, a travessia entre os dois destinos de veraneio será feita em menos de 2 minutos, segundo a Dersa Mas por que não uma ponte? Um dos argumentos do governo estadual é que essa opção limitaria o desenvolvimento do porto de Santos. A Codesp estima que, nos próximos dez anos, serão injetados R$ 7 bilhões para acompanhar a demanda por cargas na região. Hoje, circulam, em média, de 35 a 40 navios por dia no canal em que ficará o túnel. Com a expansão do porto, o movimento deve passar para uma média de 150 a 200 daqui a uma década, segundo o coordenador do projeto do Submerso da Dersa, Estanislau Marcka. Dersa Mais e maiores embarcações implicariam uma ponte muito alta – ao menos 85 metros, de acordo com a Dersa. Ocorre, porém, que a altura de empreendimentos na região é limitada pela Aeronáutica: 75 metros, no máximo. Com o túnel, o problema deixa de ser a altura e passa a ser o oposto. Navios grandes exigem maior fundura. Por isso, a profundidade do canal de navegação será de 21 metros, que permitirá a passagem de navios com até 19 metros de calado (distância entre o fundo do navio e a superfície). Hoje, passam por lá embarcações com no máximo 13,2 metros de calado. O engenheiro Eduardo Lustoza, diretor de Portos da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, diz que o Submerso é a melhor opção, mas chegou atrasado. “A obra está corrigindo os últimos 30 anos e não pensando nos próximos”, analisa. Segundo ele, para fazer frente aos desafios de logística da região seriam necessários mais dois túneis como o que está sendo projetado. Já para a prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB) “haverá impacto importante na economia, com ampliação das possibilidades econômicas e de desenvolvimento para o distrito de Vicente de Carvalho”, analisa. A administração municipal, segundo ela, tem planos de conectar o túnel e o acesso ao futuro aeroporto da cidade e este à rodovia Cônego Domênico Rangoni. “Assim, teremos todos os modais interligados.” A Prefeitura de Santos, por sua vez, pretende reforçar a urbanização do entorno da entrada do túnel, com residências voltadas a população de renda baixa e média, e ampliar as áreas verdes. Fotos Dersa grandes obras | VidaBosch | 29 Não só o túnel, mas também a tecnologia usada em sua construção é inédita no Brasil. A estrutura será formada por seis módulos enormes de concreto pré-moldado, montados numa doca seca em Vicente de Carvalho. Cada peça terá mais de cem metros de comprimento e 60 mil metros cúbicos de concreto. Durante a construção, a doca é inundada para que o módulo saia flutuando até o canal onde ficará o túnel; ele será então afundado e acoplado à entrada do túnel. O próximo segmento passa por processo semelhante e é integrado ao que já está instalado, e assim sucessivamente. Esses módulos serão revestidos por concreto em duas etapas: primeiro, a laje de fundo e, depois, as paredes e uma laje superior. Para driblar a diferença de temperatura entre o concreto das duas etapas, o material novo é produzido com gelo em escamas, e o que já está lá recebe um sistema de refrigeração na parte externa. “A integridade dos elementos do túnel deverá ser garantida desde a sua conclusão na doca seca até o seu assentamento no local definitivo”, destaca Marcka. A obra não deve interferir muito no meio ambiente. Segundo o professor Denis Moledo de Souza Abessa, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Poluição e Ecotoxicologia Aquática da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), o canal do porto de Santos é um ambiente já bem alterado. O maior risco – ainda assim, remoto – é se, na dragagem para a instalação do túnel, houver sedimentos que possam contaminar a água: eles podem subir à superfície e ser transportados pelas marés. A Bosch na sua vida Antes, durante e depois A Bosch fornece soluções que vão viabilizar as diferentes etapas da construção do Submerso – antes, durante e depois da instalação dos módulos que vão formar a passagem submarina. A Rexroth, divisão de equipamentos de acionamento e controle da Bosch, fornece componentes para as docas secas – espaços abaixo do nível do mar, também chamados de diques secos, nos quais serão construídos os módulos de concreto do túnel. “Fazemos os cilindros hidráulicos para movimentar os portões do dique, que abrem e fecham, permitindo a saída do módulo depois que ele é construído”, diz Agostinho Tarcísio, gerente de aplicação para civil engineering da Rexroth. Além disso, a empresa também produz componentes para as válvulas que controlam a entrada de água no dique. Depois de construídos, os módulos são levados ao ponto onde serão submersos por barcas equipadas com máquinas que levam as peças ao fundo do mar em segurança, graças aos componentes da Rexroth. “Os guindastes possuem equipamentos (sistemas hidráulicos para compensação de ondas) que estabilizam o sistema, evitando o choque dos trechos do túnel com o fundo do mar ou com outro trecho já instalado. As embarcações usam diversos motores hidráulicos que, com o uso de GPS, mantêm o sistema no ponto exato de instalação”, afirma Agostinho. Com os módulos instalados, entram em cena as ferramentas elétricas. “Nós temos marteletes, que são usados para instalar os olhos de gato nas pistas; já as esmerilhadeiras cortam os vergalhões de ferro utilizados na construção”, afirma Alex Pereira, consultor técnico comercial da Bosch. Depois de concluída, a obra também poderá contar com sistemas de segurança Bosch. “Temos sistemas de detecção de incêndio e câmeras inteligentes que captam veículos na contramão, objetos deixados na pista ou pedestres circulando em áreas proibidas”, diz Rita Albuquerque, analista de vendas de sistemas de segurança da Bosch. Arquivo Bosch Concreto flutuante 30 | VidaBosch | brasil cresce Bancos para todos Sanjagrujic/Shutterstock Na última década, mais de 24 milhões de pessoas passaram a ter acesso a serviços | Por Bruno Fiuza financeiros no Brasil. A maior parte, das classes C e D N os últimos oito anos, os bancos brasileiros descobriram um novo país. Somente entre 2006 e 2010, eles ganharam 24 milhões de novos clientes – um quarto a mais, contingente superior à população da Austrália. O processo, conhecido como bancarização, foi mapeado por um estudo publicado em 2011 pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), intitulado “Bancarização e Inclusão Financeira no Brasil”. Com isso, muitos brasileiros que nunca haviam pisado em uma agência bancária passaram a ter acesso a serviços financeiros. Se em 2006 cerca de metade da população adulta tinha conta-corrente, em 2013 essa proporção havia saltado para 71%, de acordo com estimativa de um relatório feito por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Esse fenômeno foi motivado pelo bom momento da economia brasileira nos últimos 12 anos”, comenta o professor Lauro Gonzalez, diretor do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV e um dos autores do estudo. “A combinação de crescimento, inflação sob controle, aumento significativo do rendimento – sobretudo das classes mais baixas – e diminuição da pobreza levou as pessoas a procurarem mais os bancos.” Essa dinâmica incorporou ao mercado bancário pessoas que antes estavam excluídas por uma questão, sobretudo, de renda. “O grosso desse grupo é formado pela nova classe média, a classe C, e pelos segmentos superiores da baixa renda, a parcela de cima da classe D”, diz o especialista. Expansão segura O aumento da procura fez com que os bancos olhassem de modo mais atento uma brasil cresce Bradesco/Divulgação 32 | VidaBosch | Alguns bancos usam agências flutuantes para atender regiões pouco povoadas e próximas a beiras de rios na Amazônia parcela até então excluída do mercado financeiro, o que levou à expansão da rede de atendimento. Entre 2007 e 2012, foram inaugurados mais de 4,5 mil agências e 13 mil postos de atendimento no país, segundo dados do Banco Central (BC). Esse crescimento foi mais forte nas regiões Norte e Nordeste, onde estão os estados com as menores redes de atendimento bancário do Brasil. Dados do BC mostram que na região Norte, entre 2007 e 2014, o número de agências cresceu 54,8% e o de postos de atendimento, 63,1%. Já na região Nordeste, no mesmo período, os aumentos foram de 39,51% e 61,5%, respectivamente. A expansão foi especialmente significativa na região Norte, onde a rede chegou a crescer mais de 70% em estados como Roraima e Amapá nesse período. Além disso, bancos como Bradesco e Caixa Econômica Federal usam agências flutuantes em barcos para atender a população ribeirinha na Amazônia. O avanço da rede bancária em áreas de média e baixa renda também se deu nas grandes metrópoles, como conta o superintendente de microcrédito do Santander, Jerônimo Ramos. “Em 2002, o banco entendeu que havia uma população empreendedora não atendida e lançou o programa de microcrédito orientado e produtivo com foco nesse público de baixo faturamento e baixos ingressos, caracterizado por uma informalidade muito grande e que vivia à margem do sistema financeiro”. Na esteira do microcrédito, o Santander e outros bancos brasileiros começaram a inaugurar agências em comunidades de baixa renda no Rio de Janeiro e em São Paulo a partir de 2007. Hoje, os cinco maiores bancos do país estão presentes em 11 favelas, entre elas Rocinha, Complexo do Alemão, Paraisópolis e Heliópolis. A expansão da rede de atendimento foi acompanhada por um aumento significativo dos investimentos em segurança. Segundo a Febraban, o gasto anual em proteção triplicou ao longo da última década: de R$ 3 bilhões em 2003 para R$ 9 bilhões em 2013. Para se ter uma ideia, o gasto da União e dos estados com segurança pública no Brasil foi de R$ 17,5 bilhões em 2012, segundo o Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso mostra que o setor bancário é um dos que mais investem nessa área. Tamanho aporte de recursos contribuiu para que, em 13 anos, o número de roubos a bancos tenha caído 76,4%, passando de 1.903 casos em 2000 para 449 em 2013, de acordo com levantamento da Febraban junto a 17 associados. Por estarem entre os alvos mais visados pelos criminosos, os bancos são extremamente exigentes com segurança e investem pesado em tecnologia. Esta é uma das chaves para proteger agências e postos de atendimento bancário, afirma Melina Yasuda, diretora de sistemas brasil cresce | VidaBosch | 33 eletrônicos monitorados da Prosegur, empresa especializada em segurança e vigilância patrimonial. Segundo ela, alguns dos principais recursos utilizados para preservar esses espaços são sistemas de alarme com sensores de presença e sistemas de circuito fechado de televisão, com câmeras de alta resolução equipadas com softwares de análise de vídeo (veja quadro abaixo). Além de equiparem suas redes de atendimento com o que há de mais moderno, as instituições financeiras brasileiras atuam em estreita parceria com governos, polícias – civil, militar e federal – e Poder Judiciário para traçar estratégias conjuntas de combate à criminalidade, informa a Febraban. Segundo a entidade, as equipes de segurança dos bancos atuam de forma coordenada com órgãos de segurança dos estados, mantendo uma troca contínua de dados e informações. As polícias civis brasileiras, aliás, têm tanto conhecimento sobre esse tipo de crime que estados como São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais contam com delegacias especializadas na repressão a roubos a banco. A expansão da malha bancária foi acompanhada de mais investimentos em segurança, que ajudaram a reduzir furtos e roubos a agências em quase 80% Correspondentes bancários Apesar de o aumento do número de agências e postos de atendimento ter sido expressivo, a parte mais significativa do processo de bancarização nos últimos anos se deu por meio de outro canal: os correspondentes bancários. Eles funcionam em estabelecimentos de qualquer natureza que atuam como representantes dos bancos e oferecem serviços como pagamento de benefícios sociais e recebimento de propostas de abertura de contas em lugares onde não há agências. Qualquer empresa pode atuar nessa área, mas os estabelecimentos mais conhecidos são as casas lotéricas, vinculadas à Caixa Econômica Federal, e o Banco Postal, que funciona em unidades dos Correios conveniadas ao Banco do Brasil. Para se ter uma ideia da importância desse canal de atendimento, de acordo com os Correios, 9 milhões de clientes abriram contas por meio do Banco Postal, que está presente em 94% dos municípios brasileiros, ao passo que quase um terço das cidades do país não tem agência bancária. Graças a essa capilaridade, os correspondentes bancários foram a ponta de lança do processo de bancarização. Segundo dados do Banco Central, passaram de 95 mil em 2007 para 375 mil em 2013. Esses representantes, porém, não oferecem todos os serviços de um banco nem estão sujeitos às normas do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central, alerta a economista Ione Amorim, pesquisadora do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). “A preocupação do Idec é com essa bancarização precária, em que você cria um cidadão de segunda classe, que está bancarizado, mas dentro de outro patamar de serviço”, afirma. O alerta de Ione mostra que os bancos ainda precisam investir muito na expansão de suas redes formais de atendimento para responder à demanda crescente por serviços financeiros no Brasil. Segurança testada e aprovada A necessidade de investir em equipamentos de ponta para garantir a segurança de agências e postos de atendimento levou os bancos brasileiros a recorrerem a diversas tecnologias de proteção, como os sistemas de alarme desenvolvidos pela Bosch. “A Bosch é a referência no mercado bancário para sistemas de intrusão. Os quatro maiores bancos do Brasil trabalham com nossos sensores de presença, os únicos que passaram em todos os testes de segurança realizados pelas instituições”, afirma Gustavo Mehler, consultor de vendas da divisão de Sistemas de Segurança da Bosch. Os sensores de presença detectam movimentações suspeitas em um ambiente e disparam alarmes em caso de ameaça. Mehler diz que os produtos da Bosch chamam a atenção dos bancos devido à tecnologia e à eficiência desses equipamentos. “Eles captam diferentes dados, como calor e movimento, e cruzam essas informações antes de disparar um alarme. Assim, conseguem distinguir um movimento inofensivo, como um papel balançando, de uma tentativa real de intrusão, e não disparam alarmes à toa”. Além de sensores de presença, a Bosch também oferece um dispositivo que está na vanguarda da segurança para bancos: câmeras de alta resolução que transmitem imagens pela internet e são equipadas com softwares de análise de vídeo. Com tal tecnologia, a câmera analisa a imagem captada, identifica movimentos que violem certos critérios definidos pelo usuário e Arquivo Bosch A Bosch na sua vida dispara alarmes. “Os bancos brasileiros ainda não usam muito essa solução, porque o Brasil não tem infraestrutura de internet suficiente para transmitir imagens de milhares de agências para uma central de segurança. Mas, no futuro, essas câmeras vão poder substituir os sensores de presença, pois elas mesmas detectam ameaças e disparam alarmes”, afirma Mehler. atitude cidadã Dragon Images/Shutterstock 34 | VidaBosch | A união faz a força Organizados por grandes empresas, mutirões de voluntários mobilizam milhares de funcionários que vestem a camisa em prol de uma causa social | Por Cláudia Zucare Boscoli 36 | VidaBosch | atitude cidadã Wavebreakmedia/Shutterstock F oi-se o tempo em que um chefe pedia a seus subordinados para vestirem a camisa de uma empresa pelo simples fato de trabalharem lá. Hoje, o engajamento passa pelo envolvimento em uma nobre missão: ajudar quem precisa. Cada vez mais profissionalizados, os programas de voluntariado das companhias que atuam no Brasil estão atraindo levas crescentes de funcionários dispostos a contribuir com causas sociais. Entre 2009 e 2012, o contingente de pessoas que aderiram a tais ações corporativas no país mais que dobrou, passando de 29.233 para 70.079. Com isso, a porcentagem de trabalhadores que participam de programas do gênero cresceu de 6% para 11%, de acordo com a edição 2013 do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (Bisc), pesquisa realizada com mais de 220 empresas que atuam no Brasil. Juntas, elas investiram R$ 16,6 milhões em programas de voluntariado em 2012. Apesar da participação crescente, motivar os empregados a tomar parte em ações voluntárias ainda é um grande desafio para as companhias, como mostra outra pesquisa, o Perfil do Voluntariado Empresarial no Brasil III, feita em 2012 pelo Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial. De acordo com o levantamento, as atividades que mais mobilizam os funcionários são pontuais, concentradas em um curto período de tempo. Por isso, uma tendência no setor são os mutirões, iniciativas que, em um ou poucos dias, promovem doações de sangue, reformas em creches ou limpeza de parques e praias, entre outras ações. “O mutirão é algo rápido e que mostra resultados, gerando um impacto positivo e estimulando os voluntários. Além disso, é um momento de incentivar e avaliar o espírito de colaboração, de proatividade e de liderança dos envolvidos”, avalia a coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo, Silvia Maria Louzã Naccache. “Hoje em dia, está em desuso pedir para os funcionários vestirem a camisa da companhia. Em compensação, é muito natural pedir que eles vistam a camisa do trabalho voluntário em prol de alguma causa social”, diz o empreendedor social Os números do voluntariado empresarial RAMO DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS QUE PROMOVEM O VOLUNTARIADO COMÉRCIO 17,76% SERVIÇOS INDÚSTRIA 25,24% 57% atitude cidadã | VidaBosch | 37 Matej Kastelic/Shutterstock As iniciativas reúnem empregados em torno de temas sociais, promovendo doações de sangue, reformas em creches ou limpeza de parques e praias PORTE DA EMPRESA MÉDIO (entre 100 e 499 funcionários) 9,89% GRANDE (acima de 500 funcionários) 50,55% SEDE DA EMPRESA CENTRO-OESTE NORDESTE 7,52% 5,38% SUL 15,06% PEQUENO (até 99 funcionários) 39,56% SUDESTE 72,04% Fonte: Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial 38 | VidaBosch | atitude cidadã Monkey Business Images/Shutterstock Pesquisas indicam que funcionários preferem investimentos em educação, que concentra boa parte do dinheiro da área Marcelo Estraviz, presidente do Instituto Doar, organização dedicada a fomentar a cultura da doação no Brasil. “A atividade voluntária é, em si, muito prazerosa para quem a realiza. Quando isto é feito de forma coletiva, a sensação é ainda melhor, dá um sentido de pertencimento, união e força”, comenta. Ação Global Não há um levantamento de todos os mutirões feitos pela iniciativa privada no país, mas a principal referência é a Ação Global, evento organizado desde 1995 pela Rede Globo, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi). A proposta é servir de “porta de entrada para a cidadania” por meio da prestação de serviços gratuitos para a população nas áreas de saúde, educação, documentação, esporte e lazer. O evento ocorre uma vez ao ano, nas 27 unidades da Federação. Desde sua criação, o mutirão já realizou mais de 41 milhões de atendimentos, beneficiando 19,5 milhões de pessoas. O time de voluntários reúne estrelas da Rede Globo e profissionais de órgãos públicos, instituições privadas e de ONGs que apoiam a iniciativa. Este ano, o evento ocorreu em abril e contou com 26 mil voluntários, que prestaram mais de 1 milhão de atendimentos a um público superior a 400 mil pessoas. Foram oferecidos desde emissão de documentos até orientações jurídicas e de saúde. “É o marketing social a serviço da marca e da sociedade”, afirma o diretor de Comunicação da Globo, Sergio Valente. Além das fronteiras A maior mobilização do país é a Ação Global, organizada desde 1995 pela Rede Globo, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) Esse tipo de ação vem ganhando tanta força que as empresas brasileiras já o estão levando para além das fronteiras do país. É o caso do Dia do Bem-Fazer, da Camargo Corrêa, que envolve 14 empresas do grupo presentes em 15 países. O projeto foi criado em 2009 e chegou à 6ª edição atitude cidadã | VidaBosch | 39 em 2014. Este ano, aconteceu em agosto e mobilizou quase 20 mil voluntários da corporação, além de 1.390 parceiros, para prestar atendimento a um público de 89 mil pessoas em países como Brasil, Moçambique, Argentina e México. Apesar de durar apenas 24 horas, o Dia do Bem-Fazer começa bem antes, quando os funcionários se organizam em grupos para avaliar as demandas da comunidade, as possíveis instituições ou públicos que serão beneficiados e as oportunidades de parceria. Um levantamento da própria Camargo Corrêa mostra que educação e infância concentram 70% das atividades sugeridas pelos voluntários. São palestras, doações de livros e equipamentos, reformas de centros de ensino e saúde, entre outras. “Os voluntários entendem que a educação é um caminho transformador”, diz Francisco Azevedo, diretor-executivo do Instituto Camargo Corrêa, braço social do grupo. Em São Paulo, os voluntários organizaram um dia de orientação profissional para jovens da favela de Paraisópolis. Já a equipe da obra do Sistema Produtor São Lourenço, em Ibiúna, no interior de São Paulo, escolheu reformar a Escola Municipal Sará-Sará, enquanto os profissionais da InterCement e do Instituto Alpargatas de João Pessoa, na Paraíba, escolheram reformar oito escolas, sendo que uma delas ganhou telhado novo. Voluntariado digital Apesar de a pesquisa do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial mostrar que, no Brasil, 62% das companhias com programas de voluntariado são nacionais, 19% das multinacionais que atuam no país também realizam ações do gênero. E algumas de forma bastante inovadora. É o caso, por exemplo, do Grupo Telefônica, que criou um jogo de “voluntariado digital”, para permitir que seus funcionários participem, conforme suas possibilidades de tempo e deslocamento, do Dia dos Voluntários, o mutirão solidário da corporação que reúne diferentes empresas do grupo, como Telefônica Vivo, Terra e TGestiona. A 9ª edição do Dia dos Voluntários aconteceu em 17 de outubro e promoveu ações em instituições que trabalham com crianças, adultos, idosos, animais e preservação do meio ambiente espalhadas por 39 cidades do Brasil. No total, a iniciativa beneficiou 43 ONGs e mais de 29 mil pessoas. Quem não conseguiu participar das atividades presenciais do Dia dos Voluntários pôde contribuir de forma virtual. Foram criadas quatro missões coletivas a serem realizadas nos mundos real e virtual: a “vaquinha digital”, espécie de crowdfunding no qual se participa de uma arrecadação coletiva para um projeto ou causa social; o “divulgue sua causa”, estimulando o voluntário a compartilhar nas redes sociais sua experiência e, assim, motivar mais pessoas; o “ação e reação”, que estimula ações positivas como doações de livros, de sangue, de roupas e alimentos; e o “compartilhe seu conhecimento”, que convida os funcionários a darem aulas via Skype, vídeos tutoriais ou audiobooks, repassando seus conhecimentos para crianças com necessidades especiais. Mobilização do bem Assim como outras empresas, a Bosch também desenvolve um programa de voluntariado, que é articulado por seu braço social: o Instituto Robert Bosch. A entidade engaja seus funcionários em Campinas, Curitiba, Joinville e Pomerode tanto em ações no decorrer do ano como em mutirões para oferecer serviços básicos para populações de áreas de baixa renda. “Trabalhamos o ano todo em dois bairros no entorno da sede da empresa em Curitiba, Vila Verde e Vila Barigui, onde nossos voluntários dão diversos cursos para os jovens moradores, como os de profissionalização, de idiomas e de tênis”, afirma Dirceu Puehler, coordenador do Instituto Robert Bosch na capital paranaense. Há cinco anos, aproveitando o gancho do Dia Nacional do Voluntariado – 28 de agosto –, a organização realiza uma ampla mobilização de um dia em Curitiba. “O objetivo é levar cidadania para as comunidades que atendemos”, explica Puehler. Em 2014, por exemplo, 74 parceiros ofereceram 82 serviços que envolviam, entre outras coisas, assessoria jurídica, emissão de documentos, atendimentos médicos e atividades de esporte, lazer e cultura. “Mobilizamos mais de 580 voluntários, dos quais cerca de 40 eram funcionários da Bosch, que também levaram seus familiares para atender em torno de 5 mil pessoas”, continua Puehler. Não é só em Curitiba que o braço social da empresa mobiliza voluntários. Em Campinas, o Instituto Robert Bosch realiza diversos projetos nas duas escolas estaduais do Jardim Satélite Íris, comunidade próxima à sede campineira da com- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida panhia. “O instituto trabalha como um fomentador de mutirões que ocorrem duas vezes por ano e nos quais também oferecemos uma série de serviços nas áreas jurídica, de saúde, lazer e cultura”, afirma Otávio Antoniacci, coordenador administrativo do Instituto Robert Bosch. O último encontro foi em maio de 2014 e atraiu cerca de 800 moradores da comunidade, que foram atendidos por voluntários da Bosch e parceiros. aquilo deu nisso Lzf/Shutterstock 40 | VidaBosch | Ponto de partida Motores de arranque revolucionaram a indústria automotiva há mais de 100 anos e hoje | Por Bruno Meirelles N servem de base para inovações como carros híbridos os primórdios da indústria automobilística, fazer um veículo sair do lugar era uma verdadeira aventura. Para um motor a combustão funcionar, é preciso que ele gire algumas vezes e que uma faísca inicie a queima do combustível. O problema é que, até o início do século 20, os carros não tinham nenhum dispositivo que realizasse essa operação automaticamente. “Antes do motor de arranque, isso tinha de ser feito manualmente, por meio de uma manivela”, explica o engenheiro mecânico Henrique Pereira, membro da comissão técnica de motores do chamado ciclo Otto – aqueles movidos a gasolina e álcool – da seção brasileira da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil). Assim, homens bem ajambrados, de camisa branca e terno, tinham de deixar a compostura de lado, ir até a frente do carro, acoplar uma manivela ao motor e girá-la freneticamente – o que era perigoso, pois às vezes a manivela dava um tranco, machucando o condutor. Como se não bastasse, outros métodos complicados foram empregados no passado para colocar um carro em funcionamento. “Nos motores de quatro tempos [como os usados atualmente], o condutor precisava encher quatro cálices com combustível, fechá-los e fazer a explosão do motor manualmente, por meio de uma alavanca junto ao volante. Primeiro, tinha de puxar para dar a faísca. Quando o motor pegava, ele a empurrava de volta. Se a pessoa deixasse de fazer isso, a alavanca poderia dar um contragolpe com força suficiente para quebrar seu braço”, conta o mecânico paulistano Miguel Augusto Lebre, especializado em modelos antigos. Diante desse martírio, no fim do século 19 muitos profissionais do setor passaram a buscar uma forma mais simples de fazer um veículo andar. Quem veio com a melhor proposta foi o engenheiro elétrico britânico Herbert John Dowsing, que em 1896 instalou um motor de partida elétrico em um Arnold, um dos primeiros carros produzidos no Reino Unido. Anos depois, a invenção foi aperfeiçoada por Charles Kettering, que a patenteou e lançou no mercado norte-americano. 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso Evgeny Murtolai/Shutterstock Fiat/Divulgação Se há um século era preciso usar uma manivela para ligar o motor, hoje o Start/ Stop faz isso automaticamente Adeus, manivela A saída encontrada foi tão bem-sucedida que o princípio de funcionamento segue o mesmo até hoje. O dispositivo se conectava ao motor de combustão e substituía a manivela, dando os primeiros giros nele automaticamente. Uma bateria conectada ao motor de arranque fornece a energia necessária para seu funcionamento, mesmo quando o carro está desligado. Ela é recarregada com as rotações do próprio motor de combustão. A tecnologia resolvia o problema do início da combustão, mas levou certo tempo para que conquistasse o mercado. “Era um equipamento muito caro para a época, ficava inviável sua produção em larga escala. O Cadillac de 1912 foi o primeiro a sair de fábrica com ele. Porém, era exceção. Os demais tinham de pegar praticamente no tranco”, afirma Pereira. Com o passar dos anos, o motor de partida foi se modernizando e, aos poucos, A evolução dos motores de partida permitiu o desenvolvimento dos carros flex, pois viabilizou o início da combustão do álcool cisasse de menos energia para funcionar. Isso permitiu que, a partir dos anos 1950, o início da combustão pudesse ser feito girando a chave de ignição, igual nós fazemos hoje em dia”, diz Lebre. ganhou maior espaço na indústria. O próximo passo era melhorar o modo de acioná-lo. Inicialmente, isso era feito por meio de um pedal, em que o motorista deveria pisar ao girar a chave. Alguns anos depois, no Ford 1937, os projetistas trouxeram o acionamento para o painel. Um botão apertado com o dedo colocava o motor de partida para funcionar (este dispositivo, no entanto, não deve ser confundido com o botão start/stop que atualmente equipa alguns modelos, substituindo a chave de ignição do veículo). “A maior evolução se deu quando o carburador ficou perto do cilindro, fazendo com que o motor de partida pre- Evolução contínua Apesar de a maneira como o carro é ligado ser a mesma nos últimos 70 anos, os motores de partida continuaram evoluindo e passaram a agregar novas funções. Uma das tendências é diminuir o tamanho dos componentes e, ao mesmo tempo, aumentar sua potência. “Uma das soluções encontradas para essa peça foi a substituição dos rolamentos de cobre por ímãs permanentes, mais leves e mais baratos”, explica o engenheiro da SAE Brasil. Foi essa evolução que permitiu o desenvolvimento dos carros flex, que precisam de motores de arranque mais potentes para dar início à combustão do álcool, mais trabalhosa que a da gasolina. “Hoje, os aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 motores de partida giram a 200 rpm, mas no futuro a velocidade deve dobrar para que eles se tornem mais eficientes e funcionem como em uma moto, onde basta girar a chave que o motor pega com facilidade”, declara Pereira. Outra inovação foi a que permitiu a fabricação em série de carros híbridos (que funcionam tanto por combustão quanto por eletricidade), pois nesses veículos o motor de partida faz também as vezes de alternador e motor principal. Contra o anda e para A inovação mais recente é o sistema Start/ Stop, que desliga o motor automaticamente quando o veículo para no meio do trânsito, e o religa assim que o condutor pisa na embreagem. Com isso, enquanto o veículo estiver parado em um congestionamento ele não emite gases nocivos à atmosfera, pois a queima de combustível é interrompida, contribuindo para a preservação da natureza e permitindo uma economia de até 20% no consumo de combustível. Para se ter uma ideia do avanço que essa nova tecnologia representa, antigamente os motores de partida eram projetados para funcionar até 40 mil vezes, mas com esse dispositivo criado para economizar combustível e minimizar a emissão de poluentes, estão sendo desenvolvidos equipamentos capazes de funcionar até 400 mil vezes. E a evolução não para por aí. Como estão em desenvolvimento novos modelos do Start/Stop, como o Advanced – que desliga o carro quando ele está reduzindo a velocidade e fica abaixo da marca de 20 km/h – é preciso que o motor de arranque acompanhe as novidades. “Esse sistema será lançado na Europa em 2015, e seu motor de partida trará algumas modificações. A principal delas é permitir que ele sincronize com o motor de combustão para que o carro religue quando ainda estiver em movimento, pois pode acontecer de o condutor voltar a acelerar antes que o veículo pare totalmente”, explica Rafael Borelli, gestor de marketing e produto da Bosch. Há ainda o Start/Stop Coasting, que desliga o motor na estrada quando o veículo deixa de acelerar e passa a rodar abaixo de 120km/h. Por enquanto, só existe em protótipos, mas em breve deve exigir novas melhorias no motor de partida. Economia de ponta Há exatos 100 anos, a Bosch lançava o seu primeiro motor de partida. Para comemorar o centenário em grande estilo, a empresa está introduzindo no mercado brasileiro a versão mais moderna do equipamento. No final de agosto foi apresentado ao público o Fiat Uno Evolution 2015, primeiro carro fabricado no Brasil a sair da linha de montagem equipado com a tecnologia Start/Stop. “Temos uma grande expectativa com esse lançamento. Fizemos uma pesquisa de mercado, e a aceitação do sistema pelos brasileiros é grande, principalmente pela sua capacidade de reduzir tanto o consumo de combustível quanto as emissões de poluentes, além de diminuir o nível de ruídos do motor”, afirma Rafael Borelli, gestor de marketing e produto da Bosch, empresa que forneceu o sistema para a Fiat. Borelli explica que o sistema é capaz de desligar o motor quando o automóvel fica parado no trânsito e é colocado em ponto morto, e o religa automaticamente, assim que o condutor pisa na embreagem. O dispositivo é acionado, portanto, em situações como congestionamento ou semáforo fechado. Testes feitos pela Bosch indicaram que, em paradas de 15 segundos, é possível reduzir em até 8% o consumo de combustível e a emissão de poluentes. Em paradas mais longas, a economia é ainda maior. “É uma tecnologia de ponta que antes só estava presente em carros importados, Arquivo Bosch A Bosch na sua vida mas agora está sendo democratizada. Na Europa, ela já é um grande sucesso, pois as leis de emissões são mais exigentes. Essas mesmas leis começarão a valer por aqui em breve, e estamos dando o primeiro passo no mercado brasileiro. Por isso, acreditamos que logo ele deve virar um item comum e aparecer em novos lançamentos”, comenta. Olena Kaminetska/Shutterstock 44 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Frederico Kling A redenção suína A carne de porco, antes um estereótipo da comida gordurosa, dá a volta por cima, torna-se mais saudável e começa a cair no gosto do brasileiro P obre porco. Tantas vezes esteve longe das cozinhas mais gourmets do Brasil, pois sua carne era considerada um risco à saúde. Nos últimos anos, no entanto, os suínos têm dado a volta por cima e ganhado o espaço que um produto delicioso e nutritivo merece. “Há seis anos, quase não se encontrava porco em restaurantes, sem ser na feijoada”, relata o chef André Mifano, do paulistano Restaurante Vito, que ganhou fama ao dar espaço privilegiado a essa iguaria em sua casa. “Quando eu coloquei no cardápio, houve uma baita resistência, ninguém comia”, continua.O cozinheiro teve paciência – alimentada pelo afeto. Quando Mifano era criança, seu pai o levava a churrascarias e pedia costela de porco. “Eu comia com as mãos, e isso criou uma memória afetiva em mim, por meio do paladar.” De qualquer modo, a restrição dos consumidores é compreensível. Não são poucos aqueles que, ao pensarem em porcos, logo imaginam um bicho disforme empanturrado de gordura, preso em um chiqueiro. “Antigamente, eles eram criados para produzir banha e ficavam confinados em espaços pequenos para que adquirissem uma quantidade grande de gordura”, explica a professora Neura Bragagnolo, do Departamento de Ciência de Alimentos da Faculdade de Engenhara de Alimentos da Unicamp. A criação dos óleos vegetais libertou-os da ditadura da gordura. A partir dos anos 1970, a suinocultura vivenciou uma revolução. “Deixou a produção de banha e se focou mais na produção de carne”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. Os produtores começaram a importar genética dos Estados Unidos e da Europa, onde esse tipo de pecuária é voltado ao consumo humano, e passaram a alimentar suas crias com ração balanceada. O resultado foi a melhora da saúde dos porcos – e de seus consumidores. “A carne suína atualmente tem 30% menos gordura e 10% menos colesterol do que há 30 anos”, declara a nutricionista Brenda Rangel, do Hospital Samaritano, de São Paulo. “Os animais hoje têm 60% de carne magra, enquanto antes tinham entre 40% e 45%. Alguns estudos apontam que a carne suína tem menor teor de colesterol, sódio e potássio que a bovina e a de frango”, diz a nutricionista. Mesmo as partes gordurosas do porco são mais fáceis de serem descartadas do que as de outros animais. “A gordura dos suínos está localizada em sua maior parte abaixo da pele. É fácil de ser removida, pois é visível e superficial”, diz Brenda. Aos poucos, portanto, o ingrediente passou a ser visto com novos olhos. “Hoje, vários restaurantes servem cortes de porco, há até mesmo fiéis seguidores. Fico muito feliz com essa popularização”, diz o empolgado Mifano, que celebra a aceitação atual quase como um pai comemora o sucesso do filho. O chef gosta de aproveitar todas as partes do animal – faz pratos até com o pescoço. Ele lembra, contudo, que no início precisou fazer parceria com um fornecedor para criar um bom produto. “Desenvolvi, junto com uma empresa, o corte de barriga que eu comecei a usar no restaurante; além disso, dei uma aprimorada no lombo que eles faziam.” A grande indústria também teve de se adaptar para atrair os consumidores do dia a dia. “Trabalhamos com os fornecedores para diminuir o tamanho das porções”, explica Lopes, da associação de criadores. “Antes, os cortes eram para ocasiões especiais: a costela pesava seis quilos, o pernil era gigante. Tivemos que aproximar as porções para a atual dimensão da família brasileira.” 46 | VidaBosch | saudável e gostoso Sunny Forest/Shutterstock O objetivo da associação é que as peças se tornem frequentadoras assíduas da mesa dos brasileiros. “A proteína mais consumida no mundo é a suína. Na Europa, o consumo per capita é de 43 quilos por ano, mas aqui ainda estamos em 15 quilos”, compara Lopes. E trata-se de uma proteína saudável. Neura Bragagnolo, da Unicamp, destaca que, na comparação com a carne bovina e a de frango, os suínos têm dez vezes mais vitaminas do complexo B, que ajudam a controlar o colesterol. Claro que existem partes mais saudáveis do que outras. As mais magras são lombo, filé mignon, pernil e os cortes desossados do pernil, como coxão duro, coxão mole, patinho e lagarto, enumera Brenda Rangel, do Hospital Samaritano. Se, ainda assim, houver ressalvas em relação à qualidade do produto no Brasil, saiba que o país, segundo Lopes, exporta cortes para o Japão, onde o ingrediente é consumido até mesmo cru. “Os japoneses têm as maiores barreiras sanitárias do mundo”, diz o presidente da ABCS. Limpeza mais rápida e mais econômica Qualquer pessoa que já tenha se deparado com uma louça lambuzada de gordura sabe como é difícil lavá-la. A carne de porco, em alguns preparos, é daqueles ingredientes que demoram a desgrudar de pratos e talheres. Nesses momentos, a água quente é uma ajuda inestimável. Se for aquecida com energia solar, então, não é só você que sai ganhando, mas o meio ambiente também. A Bosch produz coletores solares que levam água aquecida não só aos chuveiros, mas à pia da cozinha e a outros cômodos. “Nossas soluções para aquecimento solar servem para toda a casa”, diz a chefe de vendas e marketing da divisão de Termotecnologia, Fernanda Strumendo. Os coletores da empresa funcionam com placas com pintura especial preta, para captar o máximo de energia solar, unidas a tubos de cobre por onde a água circula e é aquecida. Depois, a água é armazenada em reservatórios térmicos que são programados para manter a temperatura em nível constante. Para residências, por exemplo, o normal são 45° C. E se calhou de você ter de enfrentar a louça suja num dia nublado? “Os reservatórios têm um sistema de aquecimento auxiliar, que pode ser elétrico ou a gás, para complementar o aquecimento da água quando o tempo está fechado”, diz Fernanda. Ou seja, o aquecedor solar não precisa dispensar o convencional – mesmo assim, a economia na conta de luz chega a 70%. O reservatório da Bosch ainda pode ser programado para manter uma temperatura específica apenas em alguns horários. “As famílias geralmente estão em casa de manhã e à noite, e é nesses horários que os moradores consumirão água e que esta será mantida, pelo sistema, na Africa Studio/Shutterstock A Bosch na sua vida temperatura programada. Desse modo, não se gasta energia, por exemplo, para aquecê-la nos momentos em que ninguém estiver usando”, destaca a chefe de vendas e marketing. Além disso, se o aquecimento solar ajuda na economia de energia elétrica, o próprio uso da água aquecida contribui para diminuir o consumo desse recurso natural limitado. “A lavagem acaba sendo feita de maneira mais fácil e rápida”, conclui Fernanda. Rubens Kato/Divulgação saudável e gostoso | VidaBosch | 47 Costela de porco com batatas Ingredientes 1 peça de costela suína de 2 kg 3 batatas grandes cortadas em palitos grossos e pré-cozidas 4 dentes de alho 200 g de tutano 4 fatias de picles de abacaxi 300 ml de caldo de carne Sal a gosto Vito – Rua Isabel de Castela, 259, Vila Beatriz, São Paulo – (11) 3032-1469 (Para quatro pessoas) Modo de preparo Temperar a costela com sal e embrulhar em papel alumínio, levar ao forno pré-aquecido a 170 graus por 3 horas. Saltear as batatas e o alho no tutano e reservar. Retirar as costelas do forno, aguardar 30 minutos para esfriar e cortar separando por ossos. Reaquecer as costelas no caldo de carne e servir com as batatas e o abacaxi. saudável e gostoso Renato Canton/Divulgação 48 | VidaBosch | Ingredientes 4 cortes de filé mignon de porco limpos de 220 gramas cada um 1 folha de louro 1 cenoura de 150 g 1 cebola grande 50 ml de azeite 2 dentes de alho Alecrim, tomilho, um punhado de salsinha 400 g de mostarda francesa ancienne Sal e pimenta a gosto 150 ml de molho rôti pronto ou creme de leite (Para duas pessoas) Modo de preparo Temperar os filés de porco. Colocar a carne e o azeite em uma panela no fogo com chama alta. Quando estiver quente, dourar os filés de porco de cada lado e reservar. Na panela ainda quente, acrescentar a metade da mostarda junto com um copo de água. Misturar e reservar. Descascar as cenouras e cortá-las em rodelas de meio centímetro de grossura. Numa panela de pressão, colocar os filés de porco, as ervas, as rodelas de cenoura e o molho de mostarda com dois copos de água. Fechar e deixar no fogo 35 minutos, contados a partir do momento em que a panela começar a fazer barulho. Esgotado esse tempo, deixar a panela esfriar antes de abri-la. Colocar mais um 30 minutos no fogo baixo sem tampa, acrescentando o restante da mostarda e o molho rôti. Se não tiver molho rôti, pode substituí-lo por creme de leite, que deixará o molho de mostarda mais suave. Servir acompanhado de arroz com salsinha. On va manger – Rua São Miguel, 89, Bela Vista, São Paulo – (11) 4561-1562 destaque para colecionar Mignon de porco On va manger Este desconto refere-se apenas ao valor da mão de obra, não se aplica à compra de peças 10% Promoção válida de 01/12/14 a 31/01/15 de desconto em serviços Ganhe Venha conferir a qualidade dos nossos serviços. E ainda: Com velas Bosch você se garante. Paulo César Machado de Souza Auto Center Riachuelo Rio de Janeiro – RJ Quem tem um bom parceiro é assim: sempre tem uma história para contar. O Paulo César Machado é especialista em sistema a gasolina e já trabalha com a Bosch há 12 anos. Ele sabe que a Bosch garante qualidade, especialmente nas velas de ignição de última geração, além de tudo que precisa para sempre entregar o melhor serviço ao seu cliente. Acesse www.minhavidacombosch.com.br e descubra como ele e muitos outros profissionais se garantem com a Bosch. www.minhavidacombosch.com.br Faça revisões em seu veículo regularmente.
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