Lácteos – Inovação constante
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Lácteos – Inovação constante
Ano XVI – Set/Out 2011 - nº 92 – R$ 15,00 – www.revistalaticinios.com.br – ISSN 1678-7250 Sebrae-MG cria programa para pequenos laticínios Cooperativismo ganha espaço Danone investe em produtos com benefícios para o consumidor Lácteos – Inovação constante Editorial Prezado Leitor, Mais um ano se encerra, deixando a impressão que foi rápido demais e que há um acelerador de tempo em ação. Porém, ao fazer um balanço, é possível perceber que tivemos tempo para realizar muitos de nossos projetos e, felizmente, ainda há muitos outros a colocar em prática. Uma dos antigos projetos da Setembro Editora saiu da gaveta em 2011 e conseguimos realizar – a edição atualizada do livro Nova Legislação Comentada de Produtos Lácteos. Para finalizar a obra, aguardávamos o novo texto do Riispoa e, ao confirmar que ainda levaria algum tempo para ser aprovado, decidimos editar o livro e transformar o novo Riispoa em novo projeto editorial e esperamos realizá-lo em 2012. Ao vivenciar os acontecimentos de um setor, tarefa da Revista Indústria de Laticínios, a sensação é de que se o tempo corre rápido, o mercado agita-se proporcionalmente. Novas tecnologias, soluções, processos e, consequentemente, novos produtos, giram uma roda de inovações em constante atividade. Durante este ano, buscamos trazer para as páginas da revista, as inovações que chegaram para o setor de leite e produtos lácteos e esse, inclusive, é tema da matéria de capa. Os movimentos da economia que afetam o setor também foram retratados na revista e, nesta edição, falamos de como andam as atividades do cooperativismo no leite. Segmento que vem se profissionalizando e reestruturando, ganhando força no atual desenho da economia, não apenas no Brasil, mas também mundial. Nesta edição, mostramos como algumas ações pontuais de apoio aos pequenos laticínios já apresentam excelentes resultados, como o programa criado pelo Sebrae-MG. Na esfera de ações macro, entrevistamos Duarte Vilela, diretor da Embrapa Gado de leite, que fala dos avanços das pesquisas e do importante papel da entidade, que nos últimos 35 anos, foi veículo de transferência de novas tecnologias para o produtor. Leia ainda nesta edição, o sucesso de um novo produto lácteo, o frozen iogurt, que enquadrado em conceitos das novas tendências de saudabilidade, vem conquistando público cada vez maior. A Revista Indústria de Laticínios, que comemorou 15 anos de presença no mercado de lácteos, encerra o ano com muitos planos e projetos. Entre eles, premiar profissionais e empresas do setor em 2012, quando será realizada a segunda edição do Prêmio Laticínios. Aguardem! A todos nossos parceiros, desejamos um Natal de paz e harmonia e 2012 repleto de sucesso e prosperidade. Boa leitura! Luiz Souza Diretor e Editor Ano XVI – nº 93 – Nov/Dez 2011 www.revistalaticinios.com.br ISSN 1678-7250 Diretor e Editor Luiz José de Souza [email protected] Redação Juçara Pivaro [email protected] Publicidade Luiz Souza Carolina Senna [email protected] Daiane Domingues [email protected] Atendimento Ana Carolina Senna de Souza [email protected] Capa Camilo ACR Diagramação AC&R Artes Colaboradores A. P. Gusso, Antônio F. Carvalho, Aziz G. S. Júnior, Beatriz R. P. Lana, Carla C. Lange, Cláudio F. Soares, D. B. Cassanego, Emílio C. Silva, Fabiano F. Costa, Isabela S. B. Pinto, Jéssica Y. Suda, J. M. Frighetto, José A. B. Portugal, Laura F. M. Correia, Letícia C. Mendonça, Luiz G. Pellegrini, Marco A. M. Furtado, Maria A. V. P. Brito, Marta F. M. Guimarães, Michele S. Pinto, N. S. P. S. Richards, P. Mattanna, Renam O. Moreira, Ronaldo Perez, S. V. Silva, Vincent Pabouef Assinatura Assinatura anual - R$ 105,00 (6 edições) Número avulso - R$ 18,00 Comitê Editorial Airton Vialta – DG/Ital Ana Lidia C. Zanele Rodrigues – Allegis Consultoria Antônio Fernandes de Carvalho – UFV Ariene Gimenes Van Dender – Tecnolat/Ital Darlila Aparecida Gallina – Tecnolat/Ital Izildinha Moreno – Tecnolat/Ital José Alberto Bastos Portugal - Embrapa/CNPGL Mucio Furtado – Danisco Neila Richards – UFSM Sebastião César Cardoso Brandão – UFV Outra publicação: SETEMBRO EDITORA Ed. Green Office Morumbi Rua Domingues Lopes da Silva 890, Cj. 402 Portal do Morumbi CEP 05641-030, São Paulo, SP, Brasil Tels.: (11) 3739-4385 / 8141-3274 / 2307-5561 / 2307-5563 / 2307-5568 / 2307-5574 [email protected] As opiniões e conceitos emitidos em artigos assinados não representam necessariamente a posição da revista Indústria de Laticínios. Mantenha seus dados atualizados preenchendo os formulários no site www.revistalaticinios.com.br SUMÁRIO u Entrevista do mês – Reconhecimento internacional ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 6 u Empresas e Negócios: Veja quem movimentou os negócios lácteos no último bimestre ------------------------------------------------------------- 12 Matéria de capa u O caminho das inovações ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 16 u Sebrae: Nova vida para pequenos laticínios --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------24 u Produto: Frozen Yogurt é vedete do mercado de sorvetes --------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 u Danone: Inovar é fundamental ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 30 u Cooperativismo: O retorno do cooperativismo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 35 u Segurança alimentar: Sempre alerta ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 40 u Guia dos fornecedores: Novidades em lançamentos e serviços da indústria de lácteos ---------------------------------------------------------------- 42 u Painel: Cursos, treinamentos e palestras na indústria de lácteos ------------------------------------------------------------------------------------------ 46 u Conjuntura – CEPEA/LEITE: Preço do leite cai 4% em novembro ------------------------------------------------------------------------------------------- 54 Fazer Melhor u Fraudes em leite: impactos na produção e qualidade de queijos ------------------------------------------------------------------------------------------- 58 u Atividade antimicrobiana in vitro de Bifidobacterium animalis subsp. lactis sobre microrganismos de importância em produtos lácteos -- 60 ANUNCIANTES 4 Anhydro 34 Fermentech 5 Kerry 9 Bela Vista 7 Fortitech 64 Livro Nova Legislação 53 Cap Lab 13 Frilat 29 M.Cassab 2 Cap Lab 15 GTA Alimentos 44 Quinabra 24 Cap Lab 17 Guia do Comprador 39 Selovac 11 Cupom Assinatura 55 Hidrozon 19 SIG Combibloc 63 Delgo 41 Hipercentrifugation 45 Somarole 51 Entelbra 43 Horizonte Amidos 47 Sweet Mix 49 Feital 27 Injesul 23 Unopar 42 entrevista Reconhecimento internacional Em entrevista, Duarte Vilela, diretor da Embrapa Gado de Leite, fala das pesquisas que proporcionam levar tecnologia de ponta ao produtor, conta alguns resultados obtidos pelo órgão, que tem bons motivos para comemorar seus 35 anos de atuação na agropecuária nacional. Engenheiro-agrônomo e doutor em Nutrição Animal pela Universidade Federal de Viçosa, Duarte Vilela dirige pela segunda vez a Embrapa Gado de Leite. Em seu primeiro mandato, a empresa completou 25 anos. Agora, está à frente da instituição no momento em que se comemora 35 anos de sua fundação. Este também é o tempo de trabalho dedicado por ele à pesquisa agropecuária nacional, que o credencia como uma das maiores autoridades nacionais no setor. Revista Indústria de Laticínios Que aspectos destacaria na evolução da pecuária de leite nestes 35 anos da Embrapa Gado de Leite? Duarte Vilela A Embrapa Gado de Leite, ao lado das empresas estaduais de pesquisa e universidades, teve um papel fundamental na melhoria do desempenho da atividade. Um exemplo é o processo de melhoramento genético do rebanho, hoje, o país é referência mundial em genética zebuína tanto para leite quanto para carne. Saímos dos programas clássicos de melhoramento, onde medíamos o estereótipo do animal, como altura, comprimento, produções de leite, gordura, entre outros e, hoje, trabalhamos com genômica animal, identificando marcadores genéticos com importância econômica para a produção de leite logo quando nasce o animal. 6 O melhoramento vegetal e as técnicas de alimentação dos animais também foram fatores importantes. Até o início dos anos 80, a base das forrageiras era ainda o capim-gordura e o provisório. Atualmente, contamos com variedades promissoras de forrageiras com alta produtividade e qualidade como as do gênero Brachiaria, Panicum e Cynodon, que em sistemas intensivos de pastejo rotacionado e irrigado chegam a produzir 100 kg de leite/ha/dia, assim como leguminosas (alfafa, estilozantes), e mesmo alternativas para o período de menor produção de forragens, como a cana-de-açúcar com ureia e silagens. Estas foram tecnologias muito divulgadas pela Embrapa Gado de Leite que garantiram resultados excelentes na produção e produtividade de leite a pasto. Naturalmente que também ocorreu “Trabalhamos com genômica animal, identificando marcadores genéticos com importância econômica para a produção de leite logo quando nasce o animal”. aumento nas áreas de pastagens cultivadas no Brasil, que gerou incremento na produção, mas o crescimento da produtividade está plenamente relacionado às novas tecnologias desenvolvidas ou adaptadas pela pesquisa nacional. RIL Nos últimos anos, a tecnologia passou por avanço rápido, exigindo dos produtores maior conhecimento. Nesse cenário, como a Embrapa Gado de Leite contribui para tornar o produtor de leite mais competitivo? Duarte Vilela Tão importante quanto gerar conhecimentos é fazer com que estes sejam apropriados pelo produtor. Além de pesquisar novas tecnologias para o setor, a Embrapa Gado de Leite se preocupa em transferí-las, capacitando o produtor rural em boas práticas agropecuárias, levando alternativas para reduzir o custo de produção, melhorando a produção e a qualidade do leite, fazendo com que o produtor possa ter mais renda em sua atividade. Para isto, a Embrapa se reorganizou internamente. Foi criada uma Chefia adjunta de Transferência de Tecnologia, com ações exclusivas para esta finalidade. Entre as unidades da Embrapa, a Embrapa Gado de Leite é reconhecida por suas ações de capacitação de técnicos e produtores. Possuímos núcleos avançados em todas as regiões do país para identificar as demandas locais e darmos respostas seguras com rapidez. Buscamos parcerias com outras instituições, principalmente as de extensão rural, para fazer chegar aos produtores de todo o Brasil informações técnicas de qualidade. entrevista “O processo de melhoramento genético está prestes a dar um salto significativo graças aos resultados das pesquisas que envolvem o genoma bovino”. RIL Como a Embrapa Gado de Leite faz para capacitar o produtor, qualificando-o para o mercado? Duarte Vilela Nós realizamos uma série de eventos clássicos todos os anos, como dias de campo, cursos, seminários e congressos e outros inovadores como o Totem de tecnologias, a capacitação à distância, as redes sociais como a REPILeite, entre outros. O objetivo principal é capacitar multiplicadores, nosso principal foco, tendo em vista aproveitarmos a capilaridade que tem o serviço de extensão público e privado para que eles levem as informações diretamente aos produtores. Como disse, atuamos em parceria com outras instituições e um exemplo é o PAS-Leite, Programa Alimento Seguro voltado para a cadeia produtiva do leite, que em parceria com o Sistema “S” e Ministério da Agricultura será divulgado oficialmente em breve. Durante dois anos treinamos técnicos que servirão de multiplicadores para capacitar os produtores de leite a trabalhar em conformidade com as Boas Práticas Agropecuárias (BPA’s). O Sebrae, por meio do SebraeTec, disponibilizará consultoria a preços subsidiados para os produtores interessados em adotar as BPA’s e produzir leite com qualidade em conformidade com a Instrução Normativa 51/2002/MAPA. Outro programa que tem sido um sucesso para levar conhecimento ao produtor é a Residência Zootécnica, onde treinamos durante um ano em nossos campos experimentais os alunos de escolas agrotécnicas, hoje Ifetes. RIL Quais as principais linhas de pesquisas da entidade? Duarte Vilela Nossas ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação estão distribuídas em quatro “Núcleos Temáticos”, que têm como objetivos, agregar especialistas de áreas afins para fortalecer as discussões técnico-científicas, criar um ambiente propício para elaboração de projetos de PD&I e instituir uma estrutura que subsidie a gestão da carteira de projetos da Unidade. Estes são denominados: Produção Animal, que desenvolve tecnologias para aumentar a produtividade animal por meio do melhoramento genético e multiplicação de animais geneticamente superiores, utilizando a genômica animal, adaptados às diferentes condições climáticas, além da elaboração de dietas e estratégias de alimentação do rebanho; Recursos Forrageiros e Meio Ambiente, que estuda tecnologias associadas ao manejo, produção e utilização de recursos vegetais de forma sustentável, desenvolvendo forragens mais produtivas e de melhor qualidade, além de alternativas para a recuperação de áreas degradadas e maneiras de reduzir os 8 impactos da atividade leiteira no meio ambiente; Saúde Animal e Qualidade do Leite, que busca soluções tecnológicas para melhorar a segurança do alimento, a qualidade do leite e a saúde animal. Aspectos como a saúde da glândula mamária, o controle de parasitas que infestam o rebanho, resíduos no leite e sua qualidade microbiológica são objetos de estudo deste Núcleo e que muito tem contribuído para a IN 51/2002/MAPA e finalmente, o núcleo Agronegócio do Leite, que estuda os aspectos socioeconômicos da produção de leite e o desenvolvimento de métodos para quantificar, monitorar, zonear e analisar os dados da produção de leite. Este núcleo também realiza pesquisas sobre a produção, produtividade e competitividade do agronegócio do leite no Brasil e exterior, através de metodologia padrão para calcular os índices de custo de produção de leite. RIL Em que linha de pesquisa a entidade considera estar mais avançada? Duarte Vilela Não há uma linha específica a se considerar e sim grandes desafios nacionais que se afloram e estamos nos preparando para dar respostas à sociedade. Na área de nanotecnologia, por exemplo, em breve disponibilizaremos um produto cuja finalidade será potencializar o combate a mastite bovina. Em genômica, estamos a um passo para disponibilizar informações de relevância econômica sobre as raças zebuína e sintética. Em nutrição animal estamos iniciando os trabalhos para disponibilizar a primeira tabela de exigência nutricional em condições tropicais, o que paralelamente nos permitirá avançar nos estudos sobre mitigação de gases de efeito estufa. Poderíamos ainda citar as pesquisas em resíduos e contaminantes de alimentos, considerando hoje um grande desafio nacional, a ILPF, o melhoramento de forrageiras adequadas aos diferentes biomas, a bioenergética, entre muitos outros. É difícil apontar esta ou aquela ação que se encontra mais avançada. Nosso portfólio de pesquisas é amplo, multidisciplinar e interdisciplinar, englobando as principais questões da pecuária de leite no mundo tropical. Todos os trabalhos são importantes e se desenvolvem na cadência inerente a cada pesquisa. RIL Como estão as pesquisas para melhoramento genético dos bovinos leiteiros no Brasil? Duarte Vilela O processo de melhoramento genético está prestes a dar um salto significativo graças aos resultados das pesquisas que envolvem o genoma bovino. A Embrapa Gado de Leite deverá divulgar até final de 2011 entrevista “Podemos afirmar que somos para as raças zebuínas produtoras de leite o que Estados Unidos e Canadá são para a raça holandesa”. o sequenciamento genético de três raças zebuínas – Gir Leiteiro, Guzerá e Sindi (Bos taurus Indicus) – e uma raça sintética – Girolando. A partir do sequenciamento será possível identificar os marcadores genéticos específicos para as raças zebuínas que possam estar associados às características de interesse econômico para a atividade, como a produção de carne e leite com qualidade, a resistência a parasitas, ao estresse térmico, à mastite e, principalmente, conhecer o animal mesmo ainda em fase embrionária, sua aptidão para leite ou carne, o que reduzirá em muito o tempo e, consequentemente, o custo do teste de progênie. RIL Em comparação com o gado leiteiro dos grandes países produtores de leite, como situaria o estágio do gado leiteiro brasileiro? Duarte Vilela Podemos afirmar que somos para as raças zebuínas produtoras de leite o que Estados Unidos e Canadá são para a raça Holandesa. O Brasil é um dos países que mais investem em programas de melhoramento das raças zebuínas no mundo, tanto para a produção de leite quanto de carne e estamos colhendo os frutos deste investimento. O melhoramento genético do Gir Leiteiro, por exemplo, coincide com o sensível aumento da produção e da produtividade de leite pelos quais o país passou nos últimos anos. Em 1985, quando o Programa de Melhoramento do Gir Leiteiro teve início, produzíamos 12,5 bilhões de litros de leite. Este ano, estima-se que a produção fique próximo dos 31 bilhões de litros. A qualidade genética do rebanho nacional é reconhecida em todo o mundo. No entanto, em dados agregados, ainda teremos muito a evoluir em produtividade por animal. RIL Quais os trabalhos e/ou ações da Embrapa Gado de Leite na área da sustentabilidade na produção? Duarte Vilela Um importante trabalho é a construção do Complexo Experimental Multiuso, que irá constituir um núcleo de excelência em pesquisa e inovação para estudos em bioenergética e de impactos da pecuária no meio ambiente. O complexo realizará pesquisas na fronteira do conhecimento e proporcionará um salto tecnológico na mitigação de gases de efeito estufa de origem entérica, nos estudos de tratamentos de efluentes e de aproveitamento de resíduos da atividade produtiva, visando minimizar seus impactos sobre o meio ambiente. As pesquisas realizadas no complexo também terão como objetivo construir uma tabela de exigências nutricionais de animais ruminantes (bovinos de leite e 10 carne, ovinos e caprinos), voltada para as condições tropicais. A criação desse núcleo tornará o Brasil referência internacional em condições tropicais na formulação de dietas para aperfeiçoar o sistema agroindustrial do leite e carne de ruminantes, preparando o país para atender à demanda crescente de produtos competitivos, com qualidade, respeitando o meio ambiente e mitigando os gases de efeito estufa. Ainda sobre o aspecto ambiental, a instituição pretende criar, em 2012, o Centro de educação ambiental para produtores de leite e seus filhos, técnicos e estudantes. Instalado em conexão com sistemas silvipastoris e sistemas de produção de leite intensivos em confinamento e a pasto, o centro fará parte do complexo de treinamento da Embrapa e dará grande contribuição sócio-educativa para a agropecuária de baixo carbono. RIL Quais são os principais projetos da entidade para o futuro próximo? Duarte Vilela A Embrapa Gado de Leite se prepara agora para assumir um novo papel frente ao agronegócio nacional. O Comitê Gestor da Programação (CGP) da Embrapa emitiu parecer favorável à proposta de se constituir uma rede brasileira para análise de riscos químicos em alimentos. A rede é um projeto ambicioso e pretende focar toda a produção agrícola do país. Para isto contará, a princípio, com 29 instituições parceiras (16 unidades da Embrapa, seis ministérios e duas universidades, além da Fundação Getúlio Vargas, Fiocruz, Inmetro, Confederação Nacional de Agricultura e Associação Brasileira da Indústria de Alimentos). A rede será coordenada pela Embrapa Gado de Leite e a expectativa é dar maior segurança e confiabilidade aos alimentos produzidos e consumidos nacionalmente ou que serão exportados. O projeto sobre qualidade do leite, entre muitos outros já citados, também é estratégico e de grande relevância para o país. RIL Como vê o futuro do Brasil no setor de leite? Duarte Vilela O Brasil tem condições de assumir um papel importante no mercado mundial de lácteos num futuro próximo e a pesquisa agropecuária tem trabalhado para isto. Já dispomos de tecnologias capazes de quadruplicar a produtividade nacional e mesmo duplicar a produção até 2025. Sabemos que o leite é um produto imprescindível para a humanidade. Por meio da pesquisa e da transferência de tecnologia, não mediremos esforços para transformar o Brasil num grande produtor e exportador de lácteos. empresas & negócios Nestlé Novidades Chamyto Néctar Ninho Soleil A empresa amplia seu portfólio de bebidas com o Chamyto Néctar nos sabores Morango, Uva e Laranja, em embalagens de 200 ml. O produto vem com 35% menos açúcar que o principal concorrente da categoria, é fonte das vitaminas A, C e zinco. A embalagem mantém o tom alegre e divertido do personagem Gênio, ícone da marca. Em pesquisas realizadas com crianças e suas mães, o Chamyto Néctar venceu nos quesitos sabor e nutrição quando comparado ao principal concorrente. A Nestlé ampliou sua linha de refrigerados infantis com duas novidades: o Ninho Soleil 1+1 com biscoito, um iogurte de morango e biscoitos sabor mel no formato de letrinhas e o Ninho Soleil 1+1 com confeitos, iogurte de polpas de frutas vermelhas e confeitos de fruta sabor framboesa, com 60% da polpa da fruta. Os dois produtos são ricos em vitamina D e fontes das vitaminas B1, B2, B6 e Zinco e já podem ser encontrados nas gôndolas de todo o país. Além de nova campanha e dos dois lançamentos, a marca apresenta ainda seu novo site, o www. ninhosoleil.com.br que, em formato de baú, terá opções de brincadeiras e atividades para os pais se divertirem com seus filhos. As atividades estão divididas em quatro temas: Ao ar Livre, Músicas e Cantigas, Na Água e Dentro de Casa. Com dicas de como tornar as brincadeiras ainda mais divertidas, o site traz informações de como cada uma pode ajudar no desenvolvimento da criança. Ao ingressar em mais um segmento, a marca Chamyto, já reconhecida por sua formulação composta por ingredientes voltados para a proteção da saúde dos pequenos e alinhada com os princípios de Nutrição, Saúde e Bem Estar da Nestlé, estende seus benefícios nutricionais a mais um momento de consumo, podendo ser oferecido durante as refeições ou nos intervalos para lanche ao longo do dia. O lançamento é indicado para crianças a partir de 6 anos. 12 Molico Fast Frutas Amarelas A nova bebida láctea pronto para beber da Nestlé tem manga, maracujá e pêssego em sua composição. Com 0% de gorduras, 0% de açúcares adicionados e apenas 96 calorias por garrafa (280 ml). O produto alia praticidade da linha fast com os atributos do Molico Total Cálcio, que ajuda a suprir as necessidades diárias de cálcio. O lançamento amplia o portfólio da linha Nestlé Fast, que já conta com quatro opções: Neston Fast, Nescau Fast, Alpino Fast e Molico Fast Frutas Vermelhas. Rico em cálcio e vitamina D, nutrientes importantes para a saúde dos ossos, o lançamento traz o conceito de Molico TotalCálcio, que conta com ampla variedade de itens, incluindo o Molico TotalCálcio Leite em Pó e UHT, ambos desnatados, além dos iogurtes Molico TotalCálcio, light em gorduras e sem adição de açúcares. Os produtos podem ser combinados de acordo com a preferência do consumidor para suprir 100% das necessidades diárias de cálcio de um adulto (1000mg/ dia) – equivalente a duas porções de qualquer um dos itens da linha. Nestlé Iogurte Duas Camadas A Nestlé acaba de lançar mais duas opções de iogurte Duas Camadas: Frutas Vermelhas e Maçã & Banana. As novidades contam com pedaços de frutas, não contém corantes artificiais e são ideais para quem busca uma alimentação focada na saúde e bem-estar. Os sabores foram escolhidos e aprovados por meio de uma pesquisa encomendada com os consumidores Nestlé. Os lançamentos atendem ao público que cada vez mais está preocupado com uma alimentação saudável, saborosa e de qualidade, aliada à necessidade de praticidade. As novidades chegam às gôndolas com uma tampa de alumínio diferenciada, de cor vermelha, para facilitar a identificação. Os sabores Frutas Vermelhas e Maçã & Banana já podem ser encontrados nos principais supermercados de todo o Brasil em embalagem individual de 150g. Elegê Lança embalagem de leite UHT em quatro novos Estados A empresa amplia a distribuição de sua nova embalagem longa vida para Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Em parceria com a TetraPak, a Elegê desenvolveu uma embalagem cartonada com tampa abre-fácil, que será utilizada exclusivamente pela Elegê para as versões Integral, Semidesnatado e Desnatado. A embalagem é mais fácil e prática para abrir, pois não há necessidade de utilizar tesoura ou faca. Além disso, seu sistema facilita o manuseio e protege o leite na geladeira. O lançamento ativará PDVs dos quatro Estados com materiais promocionais durante três meses. As demais regiões do Brasil receberão as novas embalagens a partir de dezembro deste ano. Vale lembrar que esse projeto teve início no segundo semestre de 2010 no Rio Grande do Sul e chegou ao Nordeste em julho de 2011. 13 empresas & negócios Faixa Azul Queijo apresenta edição especial para final de ano O tradicional queijo Faixa Azul, presente no Brasil há mais de 70 anos, chega com edição limitada para festas de final de ano. O queijo parmesão vem modelado em uma forma baby de 2,5 kg, armazenado em embalagem especial. Com apenas 2.600 unidades disponíveis, a edição especial será distribuída no estado de São Paulo, nas lojas do Pão de Açúcar, Mercado Municipal e Empórios. A marca aproveita a sazonalidade do Natal e Réveillon, época de confraternização e oferece a versão ideal para presentear. O layout da embalagem em lata foi desenvolvido com textura envelhecida para remeter à tradição do queijo Faixa Azul. A forma do produto convencional da marca pesa 7,350 kg e para edição especial foi elaborada uma versão em miniatura, ideal para os apreciadores da alta gastronomia por se tratar de um produto artesanal que caracteriza sofisticação e exclusividade. O Faixa Azul é elaborado a partir da receita tradicional de origem italiana, da região de Parma, trazida ao Brasil há mais de meio século pelo imigrante italiano Vito Antonio D’april. Depois de muitos anos, a produção artesanal, as técnicas e os princípios originais de seus antepassados ainda são mantidos na receita do queijo. Após a fabricação, os queijos são mantidos em câmaras especiais com temperatura, iluminação e umidade controladas, onde ocorre a maturação, recebendo individualmente cuidados especiais durante 12 meses. Após uma rigorosa avaliação de cada peça, os queijos finalmente recebem, um a um, artesanalmente a Faixa Azul. Esta é a identificação de um verdadeiro parmesão. Talento Marca comemora 18 anos As prateleiras de chocolates de todo o País começam a receber a edição especial que celebra os 18 anos de Talento, marca líder entre os tabletes individuais. Reconhecido pela adição de ingredientes nobres ao chocolate, como avelã, castanha e uva passa, Talento comemora sua maioridade com visual reformulado e dois novos sabores escolhidos pelo consumidor: Trufas e Frutas Vermelhas. Os dois novos produtos chegam para completar a linha que já conta com os sabores: Amêndoas e Passas, Cereais e Passas, Avelã, Castanha-do-Pará, Intense e Diet. 14 Tetra Pak Lança nova embalagem na marca Batavo A empresa lançou mundialmente a Tetra Brik® Aseptic 1000 Edge, que possui nova tampa LightCap, uma abertura ampla, com 30mm de diâmetro e tem uma face superior inclinada trazendo ainda mais funcionalidade e conveniência à extensa família de embalagens cartonadas Tetra Brik® Aseptic. Com design marcante, a Tetra Brik® Aseptic 1000 Edge traz uma silhueta nova para a gôndola de bebidas longa vida. Destinada para consumo em casa, a novidade pode envasar diversos tipos de bebidas longa vida, tais como leites, leites enriquecidos com vitaminas ou ômega 3, leites aromatizados, bebidas de soja, sucos, néctares e vinhos, sem a necessidade de refrigeração ou adição de conservantes. As novas embalagens cartonadas são certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Council™). Além disso, a partir de 2012, os clientes ainda poderão optar pelas tampas de Polietileno de Alta Densidade (HDPE), feitas a partir de cana de açúcar, aumentando ainda mais o conteúdo de material renovável na embalagem. Uma característica fundamental do Tetra Brik® Aseptic 1000 Edge é a sua resistência ao empilhamento que viabiliza a utilização de embalagem secundária mais econômica. A embalagem pode ser envasada no equipamento Tetra Pak A3/Flex iLine com sistema DIMC (Direct Injection Moulding Concept), que permite a injeção da tampa diretamente ao material de embalagem, dentro da máquina de envase. O equipamento que tem capacidade de produção de oito mil embalagens por hora ainda pode ser adaptado futuramente para o envase de embalagens de 500 ml. Lançamento nacional Batavo A nova embalagem estará disponível globalmente a partir do segundo trimestre de 2012. No entanto, no Brasil, o lançamento da embalagem foi realizado em outubro pela Batavo, empresa da Holding Brasil Foods, que utilizará a nova embalagem para envase de sua linha de leites integral, semidesnatado e desnatado. A empresa aposta na nova embalagem para dar maior destaque à marca Batavo na prateleira, além de proporcionar um servir mais fácil e suave para os consumidores de todas as idades. 15 MATÉRIA DE CAPA O caminho das inovações Os novos desenvolvimentos de produtos, atualmente, têm orientações bem definidas. O mercado tem valorizado aspectos como saudabilidade, sensorialidade e sustentabilidade, impondo novos desafios às indústrias de ingredientes, de alimentação e bebidas. Muitas novidades em alimentos chegarão às prateleiras dos supermercados nos próximos anos e os produtos lácteos devem incorporar inovações e se adequarem às tendências mundiais, que contemplam várias facetas das exigências do consumidor moderno. Algumas das tendências do mercado de alimentos foram apresentadas por Raul Amaral Rego, da Honne Comunicação e Marketing do Ital no Workshop sobre Tendências, Inovações e Nova Legislação no Setor de Lácteos do Ital, que destacou as expectativas dos consumidores em relação aos produtos alimentícios. Rego apontou a maior busca por sensorialidade, prazer e luxo incorporado aos produtos. “Estamos formando uma cultura gastronômica no Brasil. No exterior, essa cultura já está consolidada e todos, governos e empresas ganham com isso. O consumo no Brasil está em ascensão, movido por mais renda, educação, influência da internet e alimentação fora do lar, que acaba gerando variedade de produtos mais sofisticados. Há uma tendência em trazer experiências do foodservice para a indústria.”, detalha. A saudabilidade, já presente na produção de alimentos, gerou e deve continuar a gerar reengenharia nas formulações dos produtos. No Reino Unido, já se integra saudabilidade com políticas de governo e comunicação. O objetivo dessa integração é de se tornarem líderes em alimentação em 2030. Brasil e China também precisam criar mecanismos semelhantes para continuarem competitivos. Assim como em outros segmentos de alimentos, para os lácteos, as tendências apontam para o aumento de consumo de produtos 16 saborosos, saudáveis e que também sejam sustentáveis. É preciso alinhar os novos desenvolvimentos com as tendências e Rego lembra que: “o Brasil ainda não fez a lição de casa nos produtos gourmets, agora precisa fazer junto, ou seja, sensorialidade, prazer e saudabilidade. No exterior, fizeram a primeira e agora a preocupação é adequação à demanda por produtos mais saudáveis”. Suporte Para as indústrias elaborarem produtos que cumpram a primeira lição, a Cargill está entre as empresas que lançou uma solução que valoriza a sensorialidade e prazer. A empresa desenvolveu o Bianco Mix, um sistema elaborado com manteiga de cacau, que traz o verdadeiro sabor do chocolate branco para aplicação em bebidas UHT, sobremesas refrigeradas, milk shakes e outros alimentos. Com o objetivo de atender a atual necessidade de produtos com redução de sódio, a Cargill apresentou outra inovação, o Mercure, pó de cacau vermelho com baixo sódio. A solução é destinada à aplicação em achocolatados, sobremesas lácteas e outros alimentos. Melhorar o sabor de produtos também está presente nos desenvolvimentos da Chr.Hansen, que trouxe as culturas FD-RSF. A nova solução garante intensidade de sabor e aroma em menor tempo, resultando em queijo com ótima qualidade. Além do sabor, as novas culturas atendem às necessidades da indústria queijeira por maior proteção contra ataques fágicos. “O segmento lácteo, de uma forma geral, agrega muitos con- ceitos inovadores. Como exemplo, podemos citar os iogurtes com sua imagem diretamente associada com benefícios à saúde. Outra categoria é a de sobremesas lácteas, que sempre oferece inovações em sabores, texturas e embalagens”, afirma Gilza Carla Floriani, supervisora de produtos da Duas Rodas. A empresa está conectada com os principais institutos de pesquisas mundiais e procura se antecipa às principais tendências para oferecer soluções para seus clientes em right time. Nessa linha, desenvolve ingredientes naturais com ativos funcionais que combinam perfeitamente com o conceito de saudabilidade. Extratos de frutas e plantas desidratadas são os principais produtos utilizados para os desenvolvimentos, como o guaraná com cafeína natural e o açaí, superfruta brasileira com poderosa ação antioxidante. Entre as tecnologias mais inovadoras da Duas Rodas, está o Fruittion Acerola, uma linha de desidratados da fruta estandarizados em vitamina C natural. Por meio de tecnologias específicas, a empresa conseguiu estabilizar os teores da vitamina e manter as características químicas da fruta, podendo a concentração da vitamina variar de 10,0 a 17,0%. A solução permite aplicação em produtos com vitamina C, reconhecida pelos consumidores e que promove o fortalecimento de sistema imunológico, além de ser um poderoso antioxidante, combatendo os radicais livres. Ainda em soluções para saudabilidade, a Kerry está entre as empresas que traz produtos que possibilitam a redução de sódio, como seus moduladores de sabor. Para aplicação é necessário verificar qual o produto e fazer o balanceamento do ingrediente. No requeijão, por exemplo, é possível reduzir em 50% o sódio. A empresa possui lançamentos em moduladores com baixo teor de sal ou sem sal e também para redução de açúcar. Entre outros lançamentos da Kerry para lácteos estão ingredientes para bebida de arroz com coco, iogurte doce de leite e blackberry. Rastreabilidade de produtos também está na pauta das tendências. Algumas marcas de queijo valorizadas pelos consumidores, principalmente as tradicionais, buscam alternativas para evitar cópias de seus produtos. Por outro lado, é importante o controle da produção, hora de início da fabricação, qual o leite utilizado, entre outras informações. Para desempenhar essa função, a Granolab lançou a etiqueta comestível de caseína, que é fornecida em diferentes formatos e cores. Formada por três matérias-primas – álcool, glixerol e caseína, o produto é comestível. Por haver caseína, que é uma proteína do leite, a etiqueta é absorvida pelo alimento e, por sua vez, o glicerol na composição ajuda na etapa de aderência e o álcool evapora. Outra novidade de origem italiana chega pela Granolab - a Cultura Láctea Bioprotetora o: B 830 Protek. A nova cultura traz um novo conceito de bactérias que não são responsáveis pela acidificação do produto, mas sim pela proteção do produto de contaminantes em geral, no caso de produtos frescos, como iogurte e queijo fresco, ela evita queda de pH reduzindo assim a pós acidificação do produto final. Protek trabalha realizando uma segunda fermentação. Na verdade, elas começam a trabalhar depois de 3 a 5 dias, a partir da data de fabricação de queijos e iogurtes. As bactérias começam a se reproduzir e iniciam seus processos metabólicos. Durante o processo de reprodução metabólico, estas bactérias produzem substâncias exocelulares, denominadas metabólitos. Estas substâncias não matam as bactérias contaminantes, mas sim paralizam sua reprodução das mesmas, além de possuirem um efeito tamponante com relação ao pH do produto. Embalagens Merece destaque também a novidade vinda do segmento de equipamentos, que trouxe uma nova geração da unidade formadora de blocos de queijo Cheddar. Trata-se do Tetra Tebel Blockformer, que permite aos fabricantes de queijos melharar o desempenho ambiental, reduzir custos e minimizar perda do produto. A novidade da Tetra Pak possibilita menor consumo de energia, reduz em 25% a emissão de CO2, em comparação com a Tetra Tebel Blockformers 5, versão TwinVac. Utilizando menos água, ar e energia elétrica também possibilita redução de 20% nos custos de produção por quilo de queijo, tendo ainda precisão de peso até 20% melhor. Neste ano, a empresa trouxe também duas inovações em embalagem – a Tetra Brik® Aseptic 1000 Edge com tampa LightCap. Seu painel superior inclinado faz com que os produtos sobressaiam nas gôndolas, a tampa usa menos plástico e possui uma abertura de 30mm, a outra inovação foi a Tetra EveroTM Aseptic, recém lançada mundialmente, a primeira garrafa cartonada asséptica para o leite, que combina a praticidade de uma garrafa com vantagens ambientais e custo da embalagem cartonada. Eduardo Eisler, vice-presidente de estratégia de negócios da Tetra Pak, afirma que: “ao mesmo tempo em que os lançamentos atendem a crescente demanda dos consumidores por praticidade e conveniência, as novas embalagens também estão alinhadas às expectativas ambientais dos mais diversos públicos. Além de 100% das embalagens brasileiras serem produzidas com papel certificado pelo FSC, uma matéria-prima renovável, recentemente, a empresa também lançou a primeira embalagem cartonada do mundo com tampa “verde”, fabricada com polietileno de alta densidade (PEAD), produzido a partir de cana-de-açúcar, aumentando o percentual de material renovável na embalagem”, Eisler ainda complementa que, entre as inovações brasileiras e as globais que serão trazidas para a América Latina até meados de 2012, a região terá 21 lançamentos da Tetra Pak, um recorde histórico para uma região da companhia. 17 MATÉRIA DE CAPA Inovações a caminho Novos conceitos que orientam as tendências em pesquisa e desenvolvimentos foram expostos em Workshop sobre Tendências, Inovações e Nova Legislação no Setor de Lácteos seminário organizado pelo Tecnolat, do Ital de Campinas, que aconteceu em novembro na sede da instituição. A seguir, apresentamos alguns resumos do que foi apresentado durante as palestras. Novas linhas de pesquisa na área de lácteos *Patricia Blumer Zacarchenco Pesquisadora científica do Tecnolat/Ital Na palestra, foram apresentadas algumas das principais atividades de pesquisa que vem sendo realizadas no mundo nas áreas de produtos lácteos funcionais, tecnologias de membranas, segurança alimentar, isolamento de bactérias láticas com potencial probiótico e tecnológico e desenvolvimento de produtos lácteos com redução de gordura, sal e açúcar. Para elaborar a revisão de trabalhos científicos apresentados na palestra, foram consultados os principais periódicos internacionais nas áreas de ciência e tecnologia nos anos de 2011 e 2010. Foram mostrados, ainda, os projetos de pesquisas realizados no Tecnolat-ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos) dentro das referidas áreas. Na área de produtos lácteos funcionais, foram destacados os resultados de pesquisas envolvendo ensaios in vitro de resistência a passagem pelo trato gastrintestinal para microorganismos probióticos, peptídeos bioativos, produtos lácteos com teores elevados de CLA (Conjugated Linoleic Acid) e microencapsulação. Betoret et al (2011) elaboraram importante revisão sobre tendências e tecnologias para o desenvolvimento de produtos funcionais. Estes autores agruparam entre as tecnologias, que formam uma estrutura para tentar prevenir a deterioração de compostos fisiologicamente ativos, a microencapsulação, os filmes comestíveis e a impregnação a vácuo. Na área de laticínios, a microencapsulação tem crescido muito e ganhando grande destaque. Esta tecnologia é aplicada, entre muitas outras possibilidades, para aumentar a sobrevivência de probióticos, proteger peptídeos bioativos e possibilitar aumento da quantidade de prebióticos a ser adicionada sem alteração da textura dos produtos. Dentro do tema produtos lácteos funcionais, foram apresentadas as definições e a importância da probiogenômica e outras áreas das chamadas “ciências ômicas”. Baugher, Klaenhammer (2011) definiram probiogenômica como uma nova área que tem expandido o conhecimento sobre os probióticos e microrganismos comensais e sua diversidade genética elucidando, em alguns casos, as bases moleculares para as funções promotoras da saúde. Ao abordar as atividades de pesquisa na área de tecnologia de membranas se destacou, além de seu uso na fabricação de queijos, sua importância para o fracionamento e purificação de proteínas do leite e produção de frações bioativas. Há estudos, como os de Baldasso et al (2011), que avaliaram o uso da microfiltração para a fracionamento de proteínas do soro. Já Qian et al (2011) utilizaram ultrafiltração e técnicas cromatográficas para isolar peptídeos de 18 leite fermentado e estudar suas atividades antioxidantes, anti-hipertensivas e imunomodulatórias. Na parte da palestra em que se tratou do tema segurança alimentar, foram destacadas algumas pesquisas internacionais sobre bacteriocinas, leite de vida de prateleira expandida e uso de pulso elétrico em combinação com outras tecnologias de barreiras ao crescimento microbiano. AKKOÇ et al (2011) estudaram a produção de bacteriocinas por linhagens de L. lactis, verificando quais componentes orgânicos e inorgânicos são necessários para o desenvolvimento e produção de bacteriocina. Estes pesquisadores isolaram Lactococcus lactis subsp. lactis MA23 de Boza, uma bebida fermentada por bactérias láticas e leveduras a base de cereais. Quando foi apresentado o tema isolamento de bactérias láticas, os resultados de pesquisas envolvendo a prospecção destes organismos em produtos lácteos e não lácteos foram detalhados. Também se mostrou os principais projetos recentes que o Tecnolat-ITAL desenvolve destacando o “Isolamento, caracterização e determinação do potencial probiótico e tecnológico de bactérias lácticas oriundas de leite humano”, com financiamento do CNPq, e “Culturas de bactérias lácticas com propriedades probióticas e tecnológicas para aplicação em produtos cárneos”, com financiamento da Fapesp. Finalmente, ao tratar da área de desenvolvimento de produtos lácteos com redução de sódio, gordura e açúcar, os projetos do Tecnolat foram utilizados para ilustrar as possibilidades de pesquisa nesta área. A equipe deste centro de pesquisa tem elaborado projetos financiados por agências de fomento ou pela indústria para a produção de leites fermentados, requeijões e doces de leite com redução de gordura, sódio e açúcar. Destaca-se aqui o projeto “Fabricação de Requeijão cremoso sem adição de gordura e com teor reduzido de sódio“ com financiamento do CNPq. Bibliografia 1. AKKOÇ, N.; GHAMAT, A.; AKÇELIK, M. Optimisation of bacteriocin production of Lactococcus lactis subsp. lactis MA23, a strain isolated from Boza. International Journal of Dairy Technology, v. 64, No 3 August 2011 2. BALDASSO, C.; KANAN, J.H.C.; TESSARO, I.C. An investigation of the fractionation of whey proteins by two microfiltration membranes with nominal pore size of 0.1 lm. International Journal of Dairy Technology , Vol 64, No 3 August 2011. 3. BAUGHER, J.L.; KLAENHAMMER, T.R. Application of omics tools to understanding probiotic functionality. Journal of Dairy Science Vol. 94 No. 10, 2011 4. BETORET, E.; BETORET, N.; VIDAL, D.; FITO, P. Functional foods development: Trends and technologies. Trends in Food Science & Technology 22 (2011) 498-508 5. QIAN, B.; XING, M.; CUI, L.; DENG, Y.; XU, Y.; HUANG, M.; ZHANG, S. Antioxidant, antihypertensive, and immunomodulatory activities of peptide fractions from fermented skim milk with Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus LB340. Journal of Dairy Research (2011) 78 72–79 MATÉRIA DE CAPA Tendências no uso de ingredientes e novas aplicações de funcionais Airton Vialta O foco da apresentação foi ingredientes utilizados em produtos voltados para a tendência saudabilidade e bem-estar. Não é possível falar de tema tão complexo sem abordar as áreas que são as maiores fontes de inovação para os ingredientes: biotecnologia, nutrigenômica, nutriepigenômica e nanotecnologia. No projeto Brasil Food Trends 2020, publicado em 2010, foram detectadas duas tendências fortes e gerais: a utilização de ingredientes naturais em detrimento dos artificiais e o uso do menor número possível de aditivos e de certos ingredientes, como açúcar, sal, gorduras saturadas e trans. Dentro da tendência saudabilidade e bem-estar, foram apresentados oito grupos de benefícios e os ingredientes que deverão ser importantes em 2020 para cada um deles. São eles: - Controle de peso e combate à obesidade: para a substituição do açúcar foram apontados os edulcorantes naturais não calóricos de alta intensidade, com destaque para as proteínas doces. Também tiveram destaque os substitutos de gordura em geral e os moderadores de apetite. Neste último grupo, os destaques foram as fibras e os inibidores de apetite, como o inibidor de protease II. É importante frisar que a falta de micronutrientes, que segundo a FAO, atinge um terço da população mundial, pode agravar a obesidade. Outro ponto importante é o estudo intenso que se tem hoje objetivando a “cura” da obesidade e do diabetes, sendo razoável imaginar que tal feito possa ser alcançado até 2020. Caso isso realmente aconteça, poderemos ter uma mudança radical na alimentação humana e, consequentemente, na indústria de alimentos. - Saúde cardiovascular: o grande destaque neste caso foram os peptídeos bioativos, isolados após a hidrólise enzimática de proteínas de leite, carne e soja. Certamente, há hoje outros ingredientes importantes para a saúde do coração, como os fitosteróis e alguns tipos de fibras. A redução ou eliminação de sódio, gorduras em geral e gorduras saturadas e trans também são medidas efetivas. - Regulação da atividade intestinal: o consumo regular de probióticos controla e estabiliza a microflora intestinal, promovendo a digestão da lactose em indivíduos intolerantes, aumentando a absorção de minerais e de vitaminas, além de haver fortes evidências de que ele estimule o sistema imunológico. Assim sendo, seu consumo deverá aumentar nos próximos dez anos. O mesmo deverá ocorrer com os prebióticos, que estimulam o crescimento de bactérias desejáveis no cólon, e com os produtos simbióticos, que têm em sua formulação probióticos e prebióticos. - Desempenho mental: ter um bom desempenho mental é fundamental nos dias de hoje e, certamente, deverá ser nos próximos dez anos. Os ingredientes a ele relacionados nas várias etapas da vida são ômega 3 e 6, vitaminas B, C, D e E, folato, colina, triptofano, cálcio, zinco e ácido gama-aminobutírico – GABA. - Saúde dos olhos: os ingredientes importantes neste 20 caso são as vitaminas C e E, betacaroteno, zinco, luteína, zeaxantina e antocianinas. Os antioxidantes são fundamentais para a saúde dos olhos porque a retina é muito vulnerável ao estresse oxidativo. - Saúde do sono: o número de pessoas com problemas ligados ao sono tem crescido muito nos últimos anos. Em função disso, as empresas deverão colocar no mercado mais produtos contendo ingredientes que contribuam para solucionar a questão. Dois deles são o GABA, um neurotransmissor, e a melatonina, um hormônio, ambos relacionado com o período de repouso do organismo. - Alimentação esportiva: foram destacados as proteínas, peptídeos e aminoácidos. - Energéticos: os ingredientes importantes para este grupo de produtos são as vitaminas, especialmente do complexo B, proteínas, cafeínas, ferro e carboidratos. No projeto Brasil Food Trends 2020 foram apontados os intensos estudos em curso visando minimizar através da alimentação os problemas trazidos por doenças. Para o alívio dos sintomas da doença de Parkinson, têm sido utilizados com sucesso folato e as vitaminas E, C, B6 e B12. Para minimizar a morte de neurônios durante as crises de epilepsia, tem-se obtido resultados promissores com a ingestão de ômega 3. Já, para retardar moderadamente o progresso do Alzheimer, a vitamina E tem se mostrado uma excelente opção. A biofortificação, técnica utilizada para agregar os ingredientes na matéria-prima, deverá ter papel importante nos próximos anos, uma vez que ela elimina a necessidade de acréscimo do ingrediente durante o processamento e implica em maior biodisponibilidade. A biotecnologia deverá ter, na próxima década, influência ainda maior na inovação dos ingredientes. O desenvolvimento pela biologia sintética de microrganismo matriz, com o qual será possível produzir os mais variados tipos de moléculas é um bom exemplo disso. Outro é a criação do robô Adam, que sintetiza diferentes moléculas, e do robô Eve, que testa essas moléculas para verificar se elas servem para o fim desejado. Outra ciência que terá grande impacto no desenvolvimento de ingredientes é a nutrigenômica. É provável, que nos próximos anos, as pessoas possam ter seu genoma sequenciado por um preço bem baixo. Com isso, as empresas poderão disponibilizar no mercado produtos para dieta individualizada ou para grupos de indivíduos. A nutriepigenômica demonstrou claramente que o epigenoma é susceptível a influências ambientais e está associado a um contingente considerável de doenças. Além disso, uma alteração nele causada por um período de privação alimentar pode levar não só o indivíduo a desenvolver doenças e ter sua vida diminuída em vários anos, mas também seus descendentes. Tanto que o cientista Peter Brabeck cunhou a frase “somos o que comemos e também o que nossos pais e avós comeram”. É muito difícil visualizar os impactos que a nanotecnologia trará. Ela deverá revolucionar a indústria de alimentos, mas no momento, assim como aconteceu com os organismos geneticamente modificados, está passando por questionamentos e dependendo de regulamentação para avançar. Nanotecnologia aplicada à produção de alimentos: Produtos Lácteos * Izabela Dutra Alvim Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolates - ITAL A nanotecnologia foi apresentada como uma área de conhecimento que poderá ter um impacto na forma do homem se relacionar com o mundo, com o poder de transformação tão importante quanto outros momentos de desenvolvimento da humanidade, como o surgimento da máquina a valor, o uso da eletricidade e, mais atualmente, a internet. O caráter multidisciplinar da nanotecnologia foi apresentado, ressaltando a necessidade da atuação de profissionais de diversas áreas. Um histórico sobre os crescentes recursos mundiais aplicados em nanotecnologia foi destacado para mostrar que essa tecnologia está estabelecida e não é apenas um “modismo”. Os conceitos de escala de tamanho ou ideia dimensional foram discutidos para posicionar a faixa de tamanho que se atribui à nanotecnologia, que compreende as estruturas inferiores a 100 nanômetros, que, por exemplo, corresponde aproximadamente a mil vezes mais fino que a espessura de um fio de cabelo. Nessa escala, a matéria apresenta propriedades especiais em relação ao tamanho convencional. Na definição formal, nanotecnologia está relacionada à manipulação da matéria com precisão atômica. O histórico da nanotecnologia foi apresentado, começando com o conceito que, sob a ótica da definição formal, essa manipulação da matéria em escala tão pequena já ocorre na natureza, ou seja, é um fenômeno natural, tendo como exemplo a síntese de proteínas ou o fenômeno da multiplicação celular. O homem faz uso da nanotecnologia há muito tempo, sem saber que estava manipulando a matéria em escala nanométrica, como exemplos podem ser citados o uso de negro do fumo na produção de tinta nanquim, de origem chinesa, utilizada há mais de 2000 anos para estrita e pintura (negro do fumo é composto de nanopartículas de fuligem utilizadas atualmente no desenvolvimento de borrachas reforçadas) e nanopartículas de ouro, formadas pela reação entre vidro derretido e cloreto de ouro, utilizadas pelos romanos para dar a cor de vermelho rubi intenso na confecção de vitrais. A partir do século XIX, algumas propriedades especiais da matéria, manipulada sob condições específicas, começam a ser observadas, mas ainda não eram explicáveis. Na metade do século XX, os cientistas começam a investigar o que poderia acontecer com a matéria em escalas moleculares. Desenvolvimentos de equipamentos potentes que permitiram a visualização e manipulação de átomos e moléculas possibilitaram avanços significativos como o descobrimento/desenvolvimentos dos nanotubos de carbono, nanocompósitos, nanopartículas, entre outros. No final do século XX, produtos contendo substâncias desenvolvidas dentro da nanotecnologia passam a ser produzidos e comercializados dai surge a grande polêmica: serão seguros? As polêmicas dividem tanto a comunidade científica quanto os consumidores. Uma delas está relacionada com a relação: menor tamanho – maior área de superfície – maior reatividade. Outra muito citada está relacionada à possibilidade de contaminações intracelulares, comparando as nanoestruturas aos vírus que apresentam tamanhos variando entre 300 e 20 manômetros e têm a capacidade de penetrar nas células vivas e causar doenças. Com tudo isso diversos órgãos regulatórios, em vários países do mundo, vêm se organizando e buscando informações para ajudar a avaliar a segurança desses produtos e permitir sua comercialização. No setor de alimentos, a manipulação da matéria em nanoescala não pode ser considerada uma novidade, pois os processamentos dos alimentos, muitas vezes, permitem a mudança estrutural dos mesmos até em escala molecular. Em relação à nanotecnologia, no setor lácteo, uma das colocações mais relevantes é que uma das matérias básicas desse setor, o leite, já é repleto de nanoestruturas naturais que podem ser utilizadas em aplicações nanotecnológicas (tamanhos variando entre 200 e 2 nanômetros dependendo da estrutura). Algumas das aplicações possíveis passam por carreadores para substâncias nutricionalmente importantes, liberação controlada de conservantes ou inibidores microbianos, lipossomas, micropartículas, formação de nanocompósitos, dentre outros. A nanotecnologia apresenta um incrível potencial de aplicações em diversas áreas incluindo a de lácteos, no entanto é importante lembrar que também são muito importantes os estudos do impacto do consumo desses produtos na saúde daqueles que os utilizam. Referências: Patricia Zimet, Dina Rosenberg, Yoav D. Livney*Food Re-assembled casein micelles and casein nanoparticles as nano-vehicles for u-3 polyunsaturated fatty acids. Food Hydrocolloids 25 (2011) 1270-1276. Abby K. Thompson, Anne Couchoud and Harjinder Singh. Comparison of hydrophobic and hydrophilic encapsulation using liposomes prepared from milk fat globule-derived phospholipids and soya phospholipids, Dairy Sci. Technol. 89 (2009) 99-113. J.F. Graveland-Bikkera; C.G. de Kruif Unique milk protein based nanotubes: Food and nanotechnology meet, Trends in Food Science & Technology 17 (2006) 196–203. M. Zohri, et al. Probiotics & Antimicro. Prot. (2010) 2:258–266. J.F. Graveland-Bikkera; C.G. de Kruif Unique milk protein based nanotubes: Food and nanotechnology meet, Trends in Food Science & Technology 17 (2006) 196–203. TOP DOWN – BOTTON UP Yoav D. Livney Milk proteins as vehicles for bioactives. Current Opinion in Colloid & Interface Science 15 (2010) 73–83. Sites: http://www.nanotechproject.org http://www.innovationsgesellschaft.ch http://www.nano.org.uk/nano/whatisNEW5.htm http://www.ift.org http://www.inovacaotecnologica.com.br http://www.mct.gov.br/ 21 MATÉRIA DE CAPA Tecnologias inovadoras no processamento de produtos lácteos *Eliana Paula Ribeiro Instituto Mauá de Tecnologia As tendências de saudabilidade e bem estar, confiabilidade e qualidade e de sustentabilidade e ética criaram uma forte demanda por parte do mercado consumidor por alimentos minimamente processados, sem aditivos e com maior tempo de vida útil. Desta forma, os processos utilizados na produção de alimentos deverão estar alinhados com as tendências de conveniência, saudabilidade, confiabilidade, sustentabilidade e sensorialilidade, conceituadas no Brasil Food Trends 2020, e ao mesmo tempo devem apresentar custo adequado e proporcionar resultados econômicos positivos. As principais qualidades desejáveis de um processo para ser utilizado na indústria de alimentos, considerando as tendências, são apresentadas na Tabela 1. TABELA 1 Relação entre as tendências e as qualidades desejáveis de um processo para ser utilizado na indústria de alimentos Tendências Qualidade desejada Sensorialidade e Prazer Manutenção ou melhoria das características organolépticas Saudabilidade e Bem estar Manutenção ou aumento do valor nutricional do produto Conveniência e Praticidade Fácil manutenção e operação Confiabilidade e Qualidade Capacidade de destruir microorganismos patogênicos e deteriorantes e inativar enzimas indesejáveis. Aceito pelos consumidores e órgãos legislatórios. Sustentabilidade e Ética Baixo consumo energético, isento de produção de resíduos e de poder poluente Existe um grande interesse pelo desenvolvimento de novas tecnologias de processamento, principalmente não térmicas. Este interesse é direcionado pela vantagem de um processo preservativo que efetivamente inative os microrganismos patogênicos e possivelmente enzimas, aumentando o tempo de vida útil enquanto mantém os atributos sensoriais e o valor nutricional similar ao do produto “in natura”. Atualmente, é conhecido que muitas tecnologias de processamento não térmicas também oferecem 22 a oportunidade para a modificação de propriedades funcionais de produtos alimentícios ou aumento da eficiência dos métodos tradicionais de processamento. Os efeitos nas propriedades físicas e nutricionais de produtos alimentícios podem, em alguns casos, oferecer benefícios adicionais ou oportunidades únicas. Muitas pesquisas estão sendo realizadas mundialmente em busca de inovações e novas tecnologias para a obtenção de novos processos que garantam a segurança do alimento e aprimorem suas características sensoriais e seu valor nutricional, além de reduzir os custos de manutenção e de processo. A maior parte destas novas tecnologias que estão sendo aplicadas em alimentos é de natureza não térmica, ou seja, elas não envolvem significativas elevações ou reduções de temperatura do produto, incluem: alta pressão hidrostática, pulso elétrico, ultrassom, processos de separação por membranas, luz pulsante, radiação ionizante, e embalagens ativas. Um processo que está sendo muito utilizado nas indústrias de alimentos é o processo de alta pressão (200 a 600 MPa), no qual se utiliza pressão em vez de calor. O tratamento dos alimentos para destruição de microrganismos preserva suas características nutricionais e ao mesmo tempo permite a mudança de funcionalidade dos componentes do alimento, resultando em características sensoriais mais adequadas, novas texturas e na produção de novos produtos sem a utilização de aditivos. A utilização de processo de alta pressão está se tornando cada vez mais interessante e sua utilização nas indústrias de alimentos vem aumentando, os custos deste processo estão menores e existe um grande potencial para o processamento de produtos com alto valor agregado. Em produtos lácteos, o tratamento por alta pressão possibilita a produção de emulsões com baixo teor de gordura e sem aditivos, proteólise acelerada e maior rendimento em queijos, acidificação mais rápida, maior viscosidade e redução da sinérese em iogurtes, redução do tempo de maturação e aumento da estabilidade da espuma na fabricação de sorvetes. Os efeitos sono químicos e sono mecânicos de ondas sonoras (20 – 100 kHz) com potências de 100 W a 10 kW radiadas em alimentos (aquosos ou semi-sólidos) podem alterar as propriedades intrínsecas dos alimentos, resultando em alterações de textura, cor, sabor e funcionalidade no produto processado por ultrassom. É um processo mais econômico que os métodos tradicionais de tratamento térmico, resulta em aumento da velocidade das reações, reduz o tempo de processo e possibilita a redução de ingredientes tornando as formulações mais simples. A utilização do ultrassom para pasteurização de leite reduz o tempo de processo, não provoca alterações e pH e promove a aparência, o sabor, o aroma e a consistência do produto. Os processos de separação por membrana, denominados de: nanofiltração, ultrafiltração, microfiltração e osmose inversa em função da porosidade da membrana seletiva e conseqüente habilidade de separar os componentes do fluido com base no seu tamanho molecular. A ultrafiltração, em particular é muito utilizada nas indústrias de processamento de leite e derivados. Estes processos permitem uma separação ou concentração seletiva dos componentes de fluidos alimentícios resultando em maior padronização de produtos, apresentam baixo consumo energético e podem ser operados de forma contínua e automatizada. Existem 4 formas principais de utilização dos processos de separação por membranas na indústria de alimentos, a primeira é como alternativa às operações unitárias tradicionais, centrifugação, evaporação, remoção de micro-organismos e desmineralização. A segunda é para a separação de componentes, ou seja, remoção e/ou padronização de: gordura, lactose, proteínas, minerais e o fraciona- mento de proteínas. A terceira é o desenvolvimento de novos produtos, como por exemplo, queijos UF, bebidas lácteas, componentes funcionais do soro. A quarta é o aumento de rendimento em queijos e da consistência em iogurtes. O tratamento de alimentos por pulsos elétricos pode ser utilizado para o processamento de alimentos líquidos e semi-sólidos, resulta em destruição de micro-organismos, mas tem efeitos limitados em esporos, provoca poucas alterações nutricionais e sensoriais e apresenta baixo consumo energético. As indústrias de alimentos deverão se ajustar às tendências, utilizando novos processos sustentáveis e eficientes para otimizar o valor, reduzir perdas e gerar produtos de qualidade, garantindo assim vantagem competitiva neste mercado em crescimento porém cada vez mais exigente. SEBRAÉ Nova vida para pequenos laticínios Programa do Sebrae-MG estimula parcerias e leva mais profissionalização na gestão de laticínios para aumentar competitividade de pequenas indústrias As recentes transformações ocorridas no setor de laticínios com a entrada de novos players e o aumento da concorrência, que resultou na compra de algumas unidades industriais e fechamento de outras, foram motivações para um projeto desenvolvido pelo Sebrae-MG. Desde 1995, a entidade estuda a cadeia leiteira e percebia a carência de uma ação setorial. O primeiro encontro com as empresas aconteceu em dezembro de 2009 e foi ponto de partida e, em fevereiro de 2010, teve início um programa que já mudou a história de dez pequenos produtores. 24 O Sebrae-MG partiu do princípio de que as pequenas indústrias de laticínios devem ter mais competitividade para conseguirem se manter no mercado e esse foi o principal objetivo do programa. “Nosso foco é criar sinergia entre empresas participantes e desenvolver parcerias de negócios entre elas, desde compras conjuntas, passando por promoção de vendas e logística. A inovação de produtos e o alcance de novos nichos de mercado também são objetos de trabalho. Acreditamos que o pequeno laticínio somente será competitivo se tiver ganhos de escala, que podem ser alcançados por meio de parcerias. É importante destacar que o Sebrae é indutor do processo e funciona como parceiro e orientador”, explica Ricardo Boscaro, da área de Agronegócios da entidade. Conforme o projeto evolui, as empresas passam a assumir, cada vez mais, um papel de protagonistas do trabalho, pois o projeto é finito e as empresas não terão a tutela do Sebrae indefinidamente. O grupo pioneiro é formado por dez empresas da região de Campo das Vertentes (MG), que produzem queijos, iogurtes e doce de leite, com captação diária de 5 mil a 40 mil litros de leite. O Sebrae priorizou convidar empresas com perfil empreendedor, abertas a mudanças de postura e dispostas a trabalhar conjuntamente com outras empresas. Para isso, a entidade identificou produtores potenciais, visitou suas sedes e organizou reuniões de apresentação de proposta de trabalho. Como as empresas possuem diferentes níveis de capacitação em gestão e tecnologia, foram oferecidos alguns programas de treinamento e consultoria. Os próprios produtores buscam soluções dentro do grupo por meio de troca informações e experiências, demonstrando que a união de forças traz benefícios para todos. Melhorias e mais conhecimento Na área industrial, consultores do Sebrae estão trabalhando na implantação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), buscando a melhoria da qualidade dos produtos e segurança do alimento. Para mostrar o universo de possibilidades e de nichos de mercado, os empresários viajaram para a Europa. “Em 2010, organizamos uma missão empresarial para ir à França, onde os empresários tiveram oportunidade de visitar o Sial (Salão da Alimentação) em Paris, além de visitarem quatro indústrias no interior daquele país. Nessa viagem, os empresários tiveram acesso às tendências de consumo de alimentos e lácteos na Europa e conheceram as tecnologias utilizadas pelas indústrias francesas. Dentro do mesmo objetivo, em dezembro, serão iniciadas discussões sobre inovação de produtos” informa Boscaro. Outras ações do projeto contemplam áreas, atualmente, essenciais para o empresário, como busca pela Eficiência Energética e, para isso, foi realizada uma consultoria visando obter redução de consumo de energia e de água. Com o objetivo de redução de custos, o grupo passou a realizar compras em conjunto. Iniciaram com aquisição de sal e caixas de papelão e outros itens estão sendo levantados para as compras conjuntas. Por outro lado, demonstrando a visão de negócio ampliada como reflexo do projeto, algumas empresas já iniciaram parcerias em promoção nos pontos de venda em São Paulo e Belo Horizonte, buscando otimização e aumento de eficiência no trabalho das promotoras. “Em dezembro, também serão discutidas junto ao grupo novas ações voltadas para o mercado e, para 2011, ainda está previsto treinamento e consultoria em finanças”, ressalta Boscaro. O envolvimento e o comprometimento das empresas foram fatores fundamentais pra o sucesso do trabalho. No início, houve um pouco de desconfiança, pois a proposta era muito nova e ousada, mas os empresários passaram a confiar na ideia. Boscaro comemora: “acredito que a missão na França teve um resultado fantástico na união e maior conhecimento do grupo. O Programa Central de Negócios do Sebrae, que trabalha as diversas parcerias, a exemplo de compra, logística e promoção, tem estimulado os negócios entre as empresas. As relações pessoais e o fortalecimento da confiança entre empresários são aspectos trabalhados no Programa Cultura da Cooperação, que tem se mostrado eficiente no crescimento do grupo.O Sebrae acredita na evolução do grupo e no alcance de resultados cada vez mais expressivos.” A adesão das empresas e os bons resultados deste primeiro programa estimulam o Sebrae-MG a ampliar sua atuação no setor e uma equipe da entidade já realiza diversas visitas em empresas, desta vez com foco em laticínios da Zona da Mata mineira para identificar possíveis participantes para novo projeto na região. O modelo de programa do Sebrae-MG chega em bom momento e desempenha papel fundamental para preservar, manter produtivas e eficientes empresas antigas, que sem suporte em negócios poderiam fechar e deixar de gerar empregos em suas regiões. FROZEN YOGURT Frozen yogurt é vedete do mercado de sorvetes O sorvete de iogurte, saudável e de baixas calorias, dispara no Brasil como grande aposta do segmento, investindo em diversidade de opções Com a promessa de um delicioso sabor e cremosidade na medida certa, qualidades aliadas a uma contagem de calorias baixa, o frozen yogurt é a mais nova mania do mercado de food service brasileiro. O Rio de Janeiro foi pioneiro na fabricação e lançamento desse produto no Brasil, mas a mania pelo sorvete azedinho com gosto de iogurte de frutas, se espalhou por todo o Brasil, especialmente em São Paulo. Sucesso no mercado norte-americano desde a década de 1990, o frozen yogurt chegou de vez ao Brasil e basta dar uma olhada nas praças de alimentação de shoppings para se constatar que não faltam opções desse produto no mercado de alimentos. Com a proximidade do verão 2012, a oferta de opções de frozen yogurt promete aumentar. O nome do produto, originalmente em inglês, significa iogurte congelado, e é com base na imagem de saudabilidade que o iogurte transmite que se dá grande parte do sucesso desse sorvete. Os inúmeros sorveterias de frozen yogurt 26 espalhadas pelo Brasil oferecem a massa do produto em poucos sabores, mas com diversas opções de frutas, doces e caldas como acompanhamento. Quem opta pelo natural, sem sabor, coberto por frutas frescas picadas, está consumindo um produto extremamente saudável. E mesmo quem opta pelas opções com sabores de frutas (há diversas no mercado, como frutas vermelhas, limão, cajá) e opta pela cobertura de chocolate e marshamallow, ainda assim economiza em calorias na comparação com outros sorvetes. Isso se dá pela composição do frozen yogurt. No lugar do leite integral e da manteiga e creme de leite, ingredientes muitas vezes presentes na composição dos sorvetes tradicionais, o frozen yogurt usa iogurte e leite desnatado na sua fórmula. Assim, tem-se uma redução significativa de calorias no produto final, o que atrai muitos consumidores preocupados com a saúde e a boa forma. Segundo dados da ABF (Asso- ciação Brasileira de Franchising), o segmento movimentou R$ 75,9 bilhões em 2010, com alta de 20,4% sobre 2009. Desse total, o ramo alimentício faturou R$ 15,2 bilhões, um crescimento de 20% ante o ano anterior. Em 2010 foram criadas 79 redes de Frozen Yogurt no país, número superior a todos os outros tipos de negócio dentro do ramo da alimentação. Hoje, o mercado já conta com 14 empresas de franquia de frozen yogurt e mais de 250 lojas espalhadas pelo País. O produto não é uma novidade absoluta no mercado brasileiro. As lojas desse setor já estiveram presentes nas principais cidades do país há mais de dez anos, mas não resistiram por muito tempo. Na avaliação dos consultores em varejo, o consumidor não estava preparado para pagar por esse tipo de produto naquela época. Adir Ribeiro, da Praxis Education, consultoria especializada em varejo e franquias, lembra que hoje o frozen yogurt está mais difundido no Brasil e que o cenário atual é muito diferente daquele de uma década atrás. “Mas não podemos nos esquecer que o produto é caro para o consumidor brasileiro e que, provavelmente, ainda veremos o preço cair”, pontua. Ribeiro lembra também que o frozen ainda é um produto mais elitizado, com preço médio de R$8 a R$12, o que o torna caro para o consumo da Classe C. “Oferecer tamanhos e alternativas mais baratas certamente será o tipo de estratégia capaz de popularizar de fato o frozen yogurt no Brasil”. Até pela grande quantidade de franquias, Ribeiro também aposta que em alguns anos haverá uma diminuição natural desses números, permanecendo apenas as marcas mais fortes. “Por melhor que sejam as condições para o frozen yogurt no Brasil, como bom momento econômico, a temperatura subindo e o aumento do consumo do brasileiro de produtos com maior valor agregado como este, há um excesso de empresas apostando no frozen yogurt; naturalmente o mercado irá deixar em atividade apenas aquelas que se diversificarem, que atuarem com mais independência e inovação”, diz. Pioneira no segmento, a rede Yogoberry, criada em 2007 pelas sócias coreanas Un Ae Hong e Jong Ae Hong, vê a concorrência ficar maior a cada ano. Com 83 franquias e duas unidades próprias, a rede está presente em 14 Estados brasileiros e também planeja investir em novas franquias este ano. “Temos mais de mil empresários em uma fila de espera para conseguir ser um de nossos franqueados”, diz Marcelo Bae, administrador geral da empresa em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. Assim como outras redes, a Yogoberry prefere investir em pontos comerciais nos shoppings, embora não descarte as lojas de ruas. “A localização de nossas unidades acompanha a tendência do mercado local. No Rio de Janeiro, as pessoas andam pelo calçadão e uma loja de rua tem grande potencial. Em São Paulo é diferente, porque o público concentra-se nos shoppings”, diz o administrador. Vivian Pontes, diretora geral Zebra Zero afirma que o sucesso do frozen yogurt advém do fato de o produto poder ser consumido tanto no inverno quanto no verão. “Seu sabor mais ácido agrada mais paladares e o a baixa contagem de calorias faz com que as mulheres e o público em geral façam do frozen uma sobremesa saudável”, afirma. A diretora conta que a Zebra Zero nasceu da percepção de que é um mercado em crescimento e um produto que caiu no gosto do brasileiro. Quanto ao preço do frozen, apontado por Ribeiro, da Práxis, como um impeditivo de crescimento do negócio, Vivian discorda: “Hoje todas as classes sociais no Brasil consomem o produto. A Zebra Zero adequa o tipo de loja à região ou cidade em que está presente, adequando também o preço do produto”, afirma. A diretora da empresa conta ainda que o principal ingrediente dos produtos da franquia é um mix desenvolvido especialmente para a nossa empresa. “Nosso sabor natural é uma receita exclusive, que preza pela mais alta qualidade”, diz. Vivian conta ainda que o frozen de maior sucesso é o natural, mas o papaya, o uva verde e o blueberry também têm grande saída. Já os toppings (coberturas) preferidos são as frutas frescas e as caldas. 27 FROZEN YOGURT Renato Caruso Duprat, presidente da Mil Mix, empresa especializada em ingredientes para a indústria alimentícia, afirma que o frozen yogurt surgiu como uma febre no Brasil e já mostrou que veio para ficar. A Mil Mix prepara um mix de ingredientes exclusive para a produção deste tipo de sorvete: “Atualmente temos mais de 500 lojas em todo país. Temos clientes que vendem mais de R$ 200 mil reais/ mês em uma loja. Acreditamos muito no crescimento desse mercado que ainda é embrionário. Se compararmos ao mercado do sorvete, 28 que cresce mais de 15% ao ano, e no qual temos mais de 10.000 Sorveterias, e mais de 30.000 Máquinas de Soft Serv, podemos ver a o tamanho do potencial para a expansão para o Frozen. Renata lembra ainda que o poder de compra da classe média está crescendo cada vez mais, e que existe um potencial de consumo muito grande ainda não explorado. “O frozen yogurt só é mais conhecido nas classes A e B, e tem muito potencial ainda a ser explorado na classe C, onde muitos ainda não sabem nem o que é, ou nunca experimentaram o produto. Temos clientes abrindo loja em cidades que nem imaginávamos existir, e o Brasil é um país tão grande, que apresenta muitas oportunidades a serem exploradas”, afirma. Renata lembra que a Mil Mix é a única empresa a oferecer cinco variações da base natural para Frozen Yogurt, essas opções diferem em doçura, acidez, textura e no próprio sabor do iogurte. “Além disso oferecemos cerca de 40 versões saborizadas de frozen, de maçã a kiwi, por exemplo”, lembra a president da Mil Mix. Como obter frozen yogurt Segundo o professor Marco Antônio Ayub O conteúdo a seguir foi extraído do material de autoria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul Laticínios), o “ Frozen Yogurt” ou “sorvete de iogurte” é uma sobremesa congelada, tipo sorvete, mas que utiliza leites fermentados como principal matéria-prima. Segundo o professor, o frozen yogurt pode ser obtido de duas maneiras: 1) o iogurte é misturado com componentes comuns a um sorvete; 2) leite e componentes são misturados e fermentados previamente ao processamento. A primeira maneira é mais indicada, pois garante um iogurte de melhor qualidade, onde problemas de fermentação são evitados. Existem várias formulações de Frozen Yogurt, com variações nos teores de gordura e açúcar, além da versão dietética, onde o açúcar comum é substituído por edulcorantes. Veja a comparação sugerida pela tabela abaixo: Ingredientes (%) Soft Frozen Yogurt Hard Frozen Yogurt Gordura 4 6 Açúcar 11 - 14 12 - 15 SLNG 10 - 11 12 Estabilizantes/ 0,85 0,85 71 66 Emulsificantes Água Quanto aos processos de fabricação, têm-se, essencialmente, as seguintes etapas durante o processo de fabricação do frozen yogurt: 1) Fabricação do iogurte. 2) Para a produção de Soft Frozen Yogurt, o iogurte é misturado aos demais componentes (açúcar, estabilizantes, etc.), e a mistura é enviada diretamente ao congelador contínuo, à moldagem, extrusão ou colocação em potes, estando pronto para expedição/armazenagem, como visto para o sorvete; 3) Para a produção de Hard Frozen Yogurt, após a moldagem/ embalagem, o produto segue para túneis de congelamento contínuo, da mesma maneira que o sorvete. Por se tratar de produto com uma microbiologia ativa e com menores teores de açúcar que o sorvete, o frozen yogurt tem uma vida-de-prateleira consideravelmente menor do que a versão tradicional, geralmente em torno de 3 meses quando mantido congelado. DANONE Inovar é fundamental Empresa francesa com 40 anos de Brasil é líder no mercado brasileiro de laticínios e continua investindo em lançamentos inovadores em lácteos A empresa francesa Danone, líder nacional em produtos lácteos frescos no Brasil, com 35% em participação em valor, segundo dados da AC Nielsen, tem razões de sobra para comemorar o bom momento. Em entrevista exclusiva à revista Indústria de Laticínios, os executivos da Danone afirmam que a comemoração de 40 anos da operação no Brasil não poderia se dar em melhor momento, quando a empresa está mais do que consolidada no mercado. E ainda investindo constantemente em novos produtos e na boa relação com seus fornecedores. Segundo a Danone, o Brasil é um mercado hoje altamente estratégico, com grande potencial de crescimento. A empresa, portanto, trabalha no sentido de promover o desenvolvimento do segmento, ou seja, levar seus produtos ao maior número de pessoas. De acordo com Leandro Bornacki, assessor de comunicação da empresa, o mercado ainda tem muito potencial para crescer, e com esse parâmetro que a Danone pauta suas operações. “Para se ter uma ideia, em 2010, o consumo de iogurtes no país ainda foi de 6,4 kg per capita, enquanto na Argentina é, pelo menos, três vezes maior, e na Espanha, chega a ser quatro vezes o consumo do consumidor brasileiro”, lembra Bornacki. Para incentivar esse aumento de consumo, a Danone investe em uma estratégia sustentada em marcas fortes, produtos com benefícios claros e específicos para o consumidor, assim como investe fortemente em comunicação. “Desde sua chegada ao País, na década de 70, com o lançamento do primeiro iogurte com polpa de frutas até o lançamento mais recente, Densia, de forma pioneira, a Danone investe no desenvolvimento do setor e de produtos reconhecidos pela proposta de entregar sabor, saúde e nutrição”, pontua o assessor de comunicação. A Danone conquistou o hábito de consumo dos brasileiros com suas linhas de produtos e diversas versões: a tradicional polpa de frutas Danone; o petit suisse Danoninho, que não pára de crescer; o iogurte para beber Dan’Up; a deliciosa sobremesa Danette; o iogurte light Corpus. Marcas Paulista e Danito. Além disso, a empresa revolucionou o mercado com a introdução de Activia, em 2004, que rapidamente passou a fazer parte do dia a dia de milhões de consumidores. Deve-se destacar que o lançamento da marca 30 impulsionou em cerca de 30% o crescimento da categoria. Em 2004, ano de sua chegada ao mercado brasileiro, o consumo era de cerca de 4,6 kg/ano per capita. Atualmente, encontra-se em 6,4 kg/ano per capita. Lançado em 2009, Actimel trilha o mesmo caminho de sucesso de Activia. Neste ano, 2011, a Danone trouxe ao mercado brasileiro mais uma marca global de sucesso, Densia. A nova marca deve atender uma parcela crescente da população brasileira, ao oferecer uma importante fonte de Cálcio e Vitamina D, nutrientes essenciais na manutenção da saúde dos ossos. A Danone conta com duas plantas fabris no Brasil. Em Poços de Caldas, Minas Gerais, está localizada a primeira e a maior fábrica no país – trata-se da terceira maior do Grupo Danone em todo o mundo. E, em julho de 2010, a Danone consolidou mais um importante passo em sua história de 40 anos no Brasil com a inauguração de uma nova unidade localizada no Nordeste do Brasil, em Maracanaú. A planta situada na região metropolitana de Fortaleza marca uma nova fase na estratégia de aceleração do crescimento da Companhia na região. O mercado nordestino é cada vez mais estratégico para os negócios da Empresa líder nacional de seu setor. “Com 30% da população brasileira e com média de consumo de produtos lácteos frescos menor que a média nacional, o crescimento no Nordeste é decisivo para o desenvolvimento do mercado de iogurtes no País”, lembra Bornacki. Para implementação da planta de Maracanaú a Danone investiu R$ 60 milhões em sua ampliação e modernização, contribuindo para o desenvolvimento de toda a cadeia leiteira do estado e da Região, replicando uma série de iniciativas no Estado do Ceará que já são promovidas na cadeia leiteira do Estado de Minas Gerais. Dentre as iniciativas estão o projeto Educampo, a Central de Compras, treinamentos de qualidade, além de estabelecer parcerias com bancos para facilitar o investimento nas atividades pelos produtores. O sucesso das marcas e produtos só se torna possível porque a Danone também não poupa investimentos na área de Pesquisa & Desenvolvimento, responsável pelas fórmulas de sucesso e consagradas em todo o mundo e na busca por inovações que são decisivas para a ampliação do portfólio de produtos das marcas. Em linha com sua missão, o foco da Danone é aliar alimentação e benefícios à saúde, portanto, o desenvolvimento de soluções nutricionais que agregam qualidade de vida ao dia-a-dia e benefícios claros e específicos para o consumidor. A empresa conta com mais de mil cientistas e especialistas em Saúde e Nutrição que se dedicam a desenvolver projetos de pesquisa no DANONE RESEARCH, ou Centro Daniel Carasso, sediado em Palaiseau, próximo de Paris, na França. Além de mais de 200 parcerias com universidades e centros de pesquisas avançadas em todo mundo. “Desde meados da década de 90, a Danone promove mudanças importantes em seu portfólio para adequá-lo ainda mais a sua missão de desenvolver e disponibilizar produtos saudáveis, saborosos e nutritivos ao maior número de pessoas”, diz Bornacki e completa: “Para se ter idéia, desde a década de 20 do século passado a Danone investe em estudos relacionados aos probióticos”. A Danone no Brasil tem dois produtos, Activia e Actimel, classificados na categoria de alimentos com alegação de funcionalidade probiótica que, além de fornecerem a nutrição básica, propiciam ao consumidor algum tipo de benefício adicional à saúde quando ingeridos regularmente e associados a hábitos de vida saudáveis. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), probióticos são microorganismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas têm efeitos benéficos à saúde humana. ACTIVIA Activia é o primeiro produto com alegação de propriedade funcional probiótica da Danone. Presente em mais de 40 países, Activia foi lançado em 1987 na Europa e chegou ao Brasil em 2004, onde rapidamente conquistou o consumidor brasileiro. Aqui, o produto é líder absoluto com 13% de market share valor (AC Nielsen / 2010) no setor de Produtos Lácteos Frescos. O produto foi desenvolvido no Centro de Pesquisa Daniel Carasso, localizado em Palaiseau (França), a partir do isolamento de um microrganismo com propriedades probióticas, o bacilo Dan Regularis (bifidobacterium animalis). Simultaneamente, foi desenvolvida uma matriz alimentar com características nutricionais adequadas à saúde do consumidor. Os benefícios de Activia já foram comprovados por dezenas estudos clínicos publicados em renomadas revistas científicas. Exclusividade da Danone, o DanRegularis resiste à passagem pelo sistema digestivo, alcançando o intestino em grandes quantidades e de forma ativa, ajudando a manter o intestino no ritmo. Activia contém uma linha extensa de produtos, que pode ser conferida em: http://www.activiadanone. com.br/produtos/. A novidade mais recente é a linha Intensamente Cremosa, especial para a hora da sobremesa, lançada em novembro de 2010. O lançamento da linha Intensamente Cremosa de Activia cumpriu com o objetivo de incentivar o consumo de iogurte para além do café da manhã, em momentos variados no dia-a-dia do consumidor, como uma sobremesa, motivando também o consumo regular dos produtos da linha Activia. Desde 2004, quando a marca entrou no mercado, era muito importante comunicar seu benefício e solidificar sua credibilidade. Depois de uma série de campanhas eficazes que resultaram no bom entendimento do benefício (cerca de 95% das consumidoras entendem o beneficio) e na credibilidade da marca, Activia percebeu a oportunidade de adotar um tom mais próximo do cotidiano das mulheres, que torna a comunicação mais agradável e divertida, para desenvolver a relevância de um tema tabu com uma abordagem mais leve. Por isso, estreou nova campanha e novo tom de comunicação em março de 2011 (filmes com Denise Fraga e Evandro Mesquita). O foco do produto são as mulheres, público no qual há maior incidência de problemas relacionados ao trânsito intestinal. Cerca de 58% das mulheres no Brasil declaram ter sintomas de pelo menos um distúrbio digestivo relacionado ao intestino (dados da pesquisa quantitativa de Hábitos e Atitudes dos consumidores, realizada em 2010 pela TNS Market Research). As mulheres também são naturalmente mais preocupadas e impactadas pelo problema e pelos tabus. 31 DANONE ACTIMEL DENSIA Deve-se destacar que ACTIVIA e ACTIMEL são iogurtes funcionais que, além dos fermentos próprios do iogurte, contam com probióticos exclusivos e, portanto, oferecem benefícios específicos: ACTIVIA conta o bacilo específico chamado DanRegularis, que ajuda a manter o intestino no ritmo; já ACTIMEL conta com o Lactobacillus Casei Defensis, que atua no equilíbrio da flora intestinal, parte fundamental das defesas do organismo. Ao ajudar a equilibrar a flora intestinal, ACTIMEL pode contribuir para uma melhora da resposta imunológica que ela proporciona ao corpo. Actimel é um leite fermentado com propriedades probióticas, oferecidas por um micro-organismo específico: o Lactobacillus Casei Defensis, que atua no equilíbrio da flora intestinal, parte fundamental das defesas do organismo, portanto, é capaz de melhorar a resposta imunológica que ela proporciona ao nosso corpo. Fiel a sua missão de levar saúde e nutrição ao maior número de pessoas, a Danone trouxe ao mercado, em março de 2011, o grande lançamento da companhia em 2011: a nova marca e linha de produtos Densia. O produto conta com o reconhecimento da Sociedade Brasileira de Osteoporose (SOBRAO) e a Sociedade Brasileira de Densitometria (SBDens). A nova linha alia alimentação e saúde com vistas a agregar qualidade de vida ao dia-a-dia dos consumidores brasileiros: garante 50% da necessidade diária de Cálcio recomendada, e pode ser um grande aliado na nutrição, visto que 5 entre 10 mulheres brasileiras não consomem a quantidade adequada de cálcio para suprir as necessidades diárias. A novidade da Danone deve ajudar os consumidores a ingerirem a quantidade indicada de Cálcio recomendada, 1000 mg, equivalentes a 1 litro de leite ou quatro produtos lácteos por dia. Densia é enriquecido com Cálcio e Vitamina D, que ajuda na absorção do nutriente, ambos essenciais para a manutenção de ossos saudáveis. Um único pote do produto (100 g) aporta 50% da recomendação diária de ingestão de cálcio para a faixa etária, tem 0% de gorduras e sem adição de açúcar. O produto está disponível em dois sabores, Morango e Aveia, nas versões: cremosa, em bandeja com quatro potes de 100g cada, e líquido, em garrafinhas unitárias de 180g, com preço sugerido de R$ 3,64 (bandeja com quatro) e R$ 1,29 a garrafinha. Benefícios reconhecidos Comercializado em mais de 36 países e lançado no Brasil em 2009, Actimel tem suas propriedades funcionais suportadas por um robusto corpo de evidências científicas - são mais de 30 estudos científicos, incluindo 27 publicações em revistas científicas reconhecidas internacionalmente. No Brasil, o que demonstra o grande potencial de Actimel é a sua taxa de repetição de compra, que no último ano foi de 40,7%, praticamente a mesma taxa que Activia teve em seu primeiro ano de lançamento. 32 DANONINHO Quem não pára de crescer, forte e saudável, é o portfólio do tradicional queijinho petit suisse que já soma quase quatro décadas no mercado brasileiro. Em 2010, Danoninho ganhou a edição Danoninho para Plantar, que alia conteúdo nutricional de Danoninho à sustentabilidade, motivando de maneira interativa a experiência e educação ecológica junto aos consumidores. A iniciativa do lançamento de Danoninho Para Plantar se deu a partir da subsidiária brasileira da multinacional. Devido ao grande sucesso do produto junto aos consumidores, a Danone mundial pretende replicar o produto em outros países do grupo. A repercussão do lançamento se dá, sobretudo, por haver uma preocupação na questão do ensino ambiental de forma lúdica às crianças. Mais de 100 mil m² de Mata Atlântica foram reflorestados em parceria com o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), na região do Rio Atibainha, na cidade de Nazaré Paulista, em São Paulo. Esta região é estratégica para a preservação de recursos hídricos do reservatório do rio e, conseqüentemente, com a qualidade e abundância de água que abastece parte da região metropolitana da cidade de São Paulo. O produto, além de novas sementinhas surpresas para plantar no potinho, traz este ano um site ainda mais interativo, com diversas atividades voltadas para educação ambiental dos pequenos fãs da marca. Para acessar o portal interativo Floresta do Dino, basta encontrar o código de acesso no envelope que vem com a embalagem. Como mais uma novidade, o lançamento ganhará novos sabores – pêra e banana. www.danoninho.com.br/florestadodino . DANETTE A marca Danette apresentou crescimento expressivo durante o ano de 2010 atingindo cerca de 30% de share valor. Versus 2009, houve um incremento de 14% em volume, segundo dados da AC Nielsen. A marca apresentou resultados significativos em termos de crescimento de volume de vendas e valor. Em 2010, constatou-se aumento do share volume de 27,37% em 2009 para 29,72%. O produto investe em forte modelo de inovação e ativação, mesmo sem forte investimento em mídia, que tem garantido o crescimento robusto e consistente da marca: Danette lançou em 2010 dois novos sabores: M&M e Ovomaltine, com grande repercussão e aumento de vendas. A estratégia co-branding foi muito bem sucedida e há novos estudos de lançamentos para 2011. Após oito anos sem investir em campanha publicitária, em 2011, Danette deu início a nova estratégia exclusivamente voltada para a Internet, que inclui Fan Page no Facebook e alguns vídeos bem divertidos mostrando o novo slogan da marca: Impossível resistir a Danette. Dessa forma, a marca deve se aproximar ainda mais de seu público relembrando que Danette continua sendo uma opção de sobremesa irresistível. 33 DANONE Programa Danleite investe no produtor Para oferecer aos seus consumidores produtos diferenciados, de alto valor agregado, e para que tais produtos cheguem com o padrão de qualidade exigido, a Danone busca garantir a manutenção de rigorosos parâmetros de qualidade em toda a cadeia produtiva sob sua responsabilidade. A empresa apoia todos os esforços que resultem na melhoria dos padrões de qualidade do leite na pecuária nacional e se coloca à disposição para auxiliar as iniciativas nesse sentido. A Danone já trabalha em prol do desenvolvimento da bacia leiteira por meio da promoção de iniciativas que visam acima de tudo a profissionalização da atividade, integradas no DanLeite (Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira dos Produtores Danone): revista Danone, Pagamento por Qualidade, Poupança do Leite, Central de Compras, EduCampo, além de linhas de crédito e oportunidades de benefícios fiscais para o produtor de leite. Especificamente no Estado do Ceará, onde a Danone inaugurou sua planta de Maracanaú, a Empresa trabalha para o desenvolvimento sustentável de toda cadeia leiteira do Estado, que deve fornecer cerca de 100 mil litros diários, equivalente a 37 milhões de litros no ano. Nesse sentido, a Danone levou para o Ceará o seu modelo de gestão e apoio aos produtores, que é desenvolvido há oito anos em Minas Gerais, com objetivo de assegurar o desenvolvimento sustentável do produtor de leite, por meio da capacitação de seus produtores e pessoas que trabalham diretamente na produção de leite. O Programa Danleite integra uma série de iniciativas visando proporcionar aos produtores locais as condições necessárias para o atendimento dos padrões de qualidade e eficiência exigidos pela Empresa. Num primeiro momento, a Danone realizou o trabalho de mapeamento da região com vistas a entender as necessidades locais e, por conseguinte, definir um plano de desenvolvimento mais adequado. A partir de então, deu início a uma série de palestras e treinamentos para os produtores localizados nessas regiões focados no desenvolvimento da qualidade. De forma pioneira no Nordeste, a Danone levou para a região o Programa de Pagamento por Qualidade. Além de garantir uma bonificação maior pelo leite de melhor qualidade, representantes da Danone auxiliam os produtores com as boas práticas da produção de leite. Além disso, em parceria com o Sebrae Ceará, está sendo promovido o Educampo, programa de profissionalização da gestão da atividade leiteira que acompanha sistematicamente o desenvolvimento da 34 atividade por meio da metodologia de gestão de fazendas desenvolvido pelo Sebrae. O programa Educampo é um bom exemplo da relação entre a Danone e seus fornecedores. Trata-se de uma parceria desenvolvida inicialmente com o Sebrae MG que busca, por meio da capacitação gerencial e técnica dos produtores, desenvolver todos os aspectos de gestão da propriedade, tornando-os mais eficientes e competitivos. Para isso, é estabelecido um plano de desenvolvimento alinhado previamente junto com os próprios produtores e os parceiros do projeto, responsáveis pela orientação e capacitação dos produtores. Por fim, desde dezembro de 2010, os produtores passaram a contar com uma Central de Compras, que realiza a negociação de insumos a preços competitivos. Os resultados obtidos desde o primeiro ano do Danleite apontam que a Danone e os produtores estão trilhando o caminho certo rumo ao desenvolvimento da bacia leiteira da região, com melhoria dos parâmetros de qualidade e da profissionalização da atividade. Hoje 100% dos produtores já alcançaram índices muito acima daqueles definidos pela Instrução Normativa 51, que determina os parâmetros de qualidade do leite para a região. Atualmente, mais de 70% dos pequenos e médios produtores de leite da Danone atingiram índice < 100.000 ufc/ml – o que representa uma melhoria em mais de 50% do índice. Do programa de pagamento por qualidade, há exemplos, de produtores que, a partir do apoio da equipe Danone e do modelo de bonificação da qualidade do leite, verificaram um aumento em mais de 10% no preço total/Litro, que representa um aumento real de mais de 273%, uma vez que houve aumento considerável do volume produzido pelo produtor. COOPERATIVISMO Retorno do cooperativismo Embora sem o papel desempenhado até a década de 90, quando gerava cerca 80% do leite produzido no Brasil, o cooperativismo vem passando por transformações e ocupando espaços no setor. Afetadas em suas bases com a liberação do preço do leite nos anos 90, quando o produto deixou de ser tabelado, a maior parte das cooperativas não estavam preparadas para o novo cenário e muitas delas deixaram de existir, foram compradas ou passaram a não mais industrializar o leite. No Rio Grande do Sul, onde o cooperativismo sempre foi forte, a então tradicional CCGL passou apenas a comercializar seu leite para a Avipal, que mais tarde, foi vendida para a Perdigão. Houve um retrocesso, mas a captação de leite continuou a mesma. Para o produtor não houve alteração porque a cooperativa manteve a produção e a transferência de leite. Há alguns anos, o cooperativismo passa por processo de revitalização no Brasil por constituir um sistema que possibilita enfrentar as grandes empresas no desenho formatado pela globalização e da economia mais complexa. Algumas cooperativas redesenharam sua estrutura, investiram em profissionalização, tecnologia, melhorias na produção, em desenvolvimento de produtos e conseguiram retomar espaços perdidos. “Hoje, as cooperativas estão se integrando mais e procurando uma escala econômica para enfrentar grandes players e, para isso, precisam ter volume para competir em custos de produção” explica Ernesto Krug, presidente da Associação Gaucha de Laticinistas do Rio Grande do Sul. Foto: Sabrina Schuster Casos de sucesso A Cooperativa Piá, fundada em 1967, em Nova Petrópolis (RS), por um acordo entre os governos brasileiro e alemão, atualmente está entre as líderes na região Sul do País. A implantação da indústria aconteceu a partir do diagnóstico de técnicos alemães que constataram que a região tinha terras propícias para o setor leiteiro. Ao perceber a potencialidade do setor lácteo, em 1977, a Piá passou a produzir iogurtes e a ampliar a área geográfica de atuação. Além do desenvolvimento fabril, o forte trabalho no setor primário foi fundamental para ampliação de sua presença no mercado. Houve investimentos em melhoramento genético, no manejo e na dieta dos animais, além da integração entre produção primária, indústria e comercialização, que foram fundamentais para alavancar a cooperativa, que gradativamente ampliou também seu mix de produtos. Entre as ações da Piá que mais contribuíram para tornar sua produção moderna e com mais tecnologia, a cooperativa criou o programa “Empresário Rural”, composto de 13 programas específicos que ofereceram condições para o agricultor melhorar sua produção e produtividade. O projeto contempla a disponibilização permanente de assistência com técnicos de nível superior com formações acadêmicas diferencias. Um dos trabalhos mais fortes foi a profissionalização dos agricultores através do Centro de Profissionalização de Produtores Rurais, mantido por três entidades, prefeitura municipal, Sicredi Pioreira e Cooperativa Piá. A genética, dieta alimentar, manejo correto, financiamentos a juros zero estão entre os aspectos que permitiram grandes transformações no campo leiteiro da região. José Mario Hansen, diretor superintendente da Cooperativa Piá, explica que: “não existem muitos fatores que favorecem as atividades das cooperativas. De fato são mais obrigações e encargos. As cooperativas têm as duas pontas - seus associados que são os seus verdadeiros donos e usuários e, por outro lado, as cooperativas devem operar e serem competentes iguais a todas as demais empresas do mesmo ramo e, sem sombra de dúvida, pode-se afirmar, pelo aspecto social do qual estão incumbidas, elas precisam ser mais fortes e mais competentes do que as demais empresas. O processo da consolidação das companhias nacionais com aporte de recursos públicos, via BNDSpar é um grande diferencial dado a outras empresas e não para as cooperativas, por legislação impedidas. O momento é bastante delicado e necessita atenção especial por parte das lideranças públicas e das entidades responsáveis por elas”. José Mário Hansen - CEO Cooperativa Piá 35 COOPERATIVISMO Entre fatores que considera entraves nas atividades, Hansen cita alguns, entre eles, a falta de inter-cooperação das cooperativas, que ainda são muito concorrentes umas das outras, por vezes, mais concorrentes do que empresas. Existem donos de cooperativas que não estão abertos à integração com outras, processo necessário para enfrentar a concorrência e se tornarem mais fortes. As próprias entidades, mesmo não interferindo nas cooperativas, poderiam ser mais fortes nos controles e nos direcionamentos. Há, por exemplo, segmentos de cooperativas bem estruturadas, como de crédito cooperativo, que está proporcionando grande crescimento em nível de Brasil e mostrando que sendo bem dirigido, o sistema tem plenas condições de prosperar. A Piá vem apresentando crescimento entre 15% a 20% ao ano. Atualmente, recebe de 400 a 500 mil litros de leite por dia e, dependendo do período do ano, pode alcançar patamar superior a 600 mil litros. A cooperativa trabalha com uma indústria de doces e duas fábricas de insumos rurais e nove lojas agropecuárias. “A força conseguida provém, principalmente, da passagem do amadorismo para o período profissional. As lideranças cooperativistas perceberam a necessidade de fazer grandes e radicais mudanças, introduzindo executivos com senso cooperativo, mas extremamente profissionais”, conclui Hansen. A profissionalização no cooperativismo foi fator fundamental para a sobrevivência de algumas cooperativas e para a expansão de outras. “A partir do momento em que as cooperativas se profissionalizaram e voltaram a trabalhar a atividade com os produtores, houve a reação espontânea na produção e, consequentemente, o aumento delas na área de leite”, afirma Marcos Antonio Zordan, diretor da agropecuária da Coopercentral Aurora e presidente da Ocesc (Organização de Cooperativas do Estado de Santa Catarina). Para Zordan, conforme aumentam as dificuldades, proporcionalmente, amplia-se a criação e atuação das cooperativas. Pelo fato do mundo buscar melhor solução para seus problemas, o cooperativismo figura como uma grande saída. Hoje, no Brasil existem 1615 cooperativas agropecuárias, a maioria atua na área de leite e entre os maiores desafios delas, segundo Zordan, está a fidelidade porque Unidade da Coopercentral Aurora 36 elas têm a obrigação do tratamento igualitário. A industrialização e a comercialização também são papéis importantes para o sucesso do cooperativismo e, no leite, não é diferente. Avanço lento Houve certa recuperação de espaço do cooperativismo no setor do leite, porém não a situação está bem diferente do que nos anos 80. Jacques Gontijo, presidente da CCPR/Itambé, aponta: “no final da década de 80, havia no Brasil sete Centrais de Cooperativas de laticínios, uma em cada grande estado produtor e destas, quatro estavam no ranking das 10 maiores empresas do país naquela época. Estas eram responsáveis pela captação de mais de 60% do leite industrializado. Atualmente, só a Itambé continua na lista das 10 mais e em quarto lugar depois de permanecer por mais de uma década na vice-liderança nacional e todas as cooperativas de leite juntas captam hoje menos de 30% do leite. A desregulamentação do setor ocorrida na década de 90, a globalização com a ampliação do fluxo de investimentos e a transnacionalização das empresas, assim como o desenvolvimento do mercado de capitais acirrou enormemente a concorrência no mercado nacional. A maior facilidade destas concorrentes em acessar capital a custo mais barato está colocando as cooperativas brasileiras em situação de competição delicada.” A Itambé é uma central de cooperativas, fundada em 1948. Atualmente, reune 31 cooperativas singulares, 30 delas no Estado de Minas Gerais e uma em Goiás. A central capta diariamente 3,5 milhões de litros de leite, que são processados em suas cinco unidades industriais, das quais quatro em Minas Gerais (Sete Lagoas, Pará de Minas, Guanhães e Uberlândia). O leite proveniente de mais de 8.500 cooperados filiados às suas singulares é captado diretamente pela central. A coleta é toda granelizada, roteirizada e o pagamento ao produtor é feito mensalmente em função de características qualitativas e quantitativas. O portfólio da Itambé possui mais de 100 itens, que são distribuídos em praticamente todo o país, sendo líder de mercado em vários produtos em Minas Gerais e nas regiões Norte e Nordeste. Gontijo afirma: “não posso dizer que não passamos por momentos difíceis. A instabilidade do mercado lácteo faz com que cada ano seja diferente do outro e bastante imprevisível. Os inúmeros planos econômicos que envolveram congelamentos e grandes intervenções governamentais no setor produtivo marcaram estes difíceis momentos nas décadas de 80 e 90. Entretanto, o momento mais difícil foi sem dúvida em 1967, quando os cooperados deixaram de receber uma folha de leite para capitalizar a central e ajudá-la a superar um momento complicado. Mais recentemente, a concorrência com as gigantes multinacionais e as empresas listadas em bolsa não tem sido uma tarefa fácil”. Para ele, um dos fatores que atrapalham as atividades do cooperativismo é a dificuldade de capitalização para dar continuidade ao crescimento e perpetuidade da companhia. Enquanto as concorrentes têm acesso ao mercado de capitais para se capitalizarem sem aumentar seu grau de endividamento, resta às cooperativas a via das dívidas para poder praticar novos investimentos. uma empresa pioneira no pagamento por qualidade do leite aos seus fornecedores. Isto ocorreu há mais de 10 anos e aprimora sistematicamente a tabela de qualidade, focando nos quesitos qualitativos (CCS e CBT), assim como em indicadores relacionados aos teores de sólidos (proteína e gordura), além dos quesitos quantitativos de escala e logística. A implantação desta metodologia transparente de pagamento do leite aos cooperados aliado à instrução e capacitação dos funcionários traz resultados concretos na melhoria da matéria-prima. A companhia conta com produtores de 20 a 20 mil litros de produção por dia, mas a média é de aproximadamente 400 litros diários. Entretanto, apesar da grande maioria da base produtiva ser formada por pequenos produtores, os 6% maiores representam mais de 40% do volume do leite coletado. Dr. Jacques Gontijo, Presidente da CCPR/Itambé Por outro lado, há maiores dificuldades na implantação das boas práticas de Governança Corporativa, que dá maior credibilidade ao mercado atual. “Nosso principal ativo é, sem dúvida, nossa base fiel de cooperados fornecedores de leite. Do ponto de vista da estrutura jurídica, a vantagem de ser cooperativa, hoje, está no fato de ser uma estrutura jurídica isenta de pagamento de imposto de renda e CSLL, além do acesso a algumas linhas especiais de financiamento”, informa Gontijo. A CCPR investiu em tecnologia em seu parque industrial, que não deixa nada a desejar a nenhuma empresa sediada em países desenvolvidos, mas sabe que ainda tem muito a evoluir. Gontijo destaca: “nossa produtividade média ainda é bem inferior aos principais países produtores concorrentes, o que acaba repercutindo em custos de produção elevados. O setor industrial e, principalmente, as cooperativas possuem um papel primordial como indutores da modernização no campo”. Por essa razão, a Itambé possui 23 diferentes programas de relacionamento com o cooperado, indo desde o melhoramento genético com o financiamento de prenheses positivas de fêmea de alto valor genético (Programa PIMG), ao de controle financeiro (GEPLeite). Tem ainda boas parcerias com o Sebrae e seu programa Educampo, com a Faemg/ Senar, com o Balde Cheio e cursos de capacitação de mão de obra. A companhia investiu também em melhoria de qualidade do leite. Nos limites impostos pela normativa IN 51, a Itambé tem mais de 90% dos produtores dentro dos parâmetros estabelecidos pelo MAPA. Foi Produção e industrialização Atualmente, a companhia processa três milhões e meio de litros de leite diariamente, que são convertidos em um mix de mais de 100 SKU´s, em 10 distintas linhas de produção. O principal produto da Itambé é o leite em pó, seguido do leite condensado, leite UHT e leite sabor, uma completa linha de iogurtes, manteiga, creme de leite, leite fermentado e petit suisse. Toda produção dos cooperados é processada nas cinco unidades industriais da cooperativa. De 2003 até hoje a CCPR cresceu em média 6,7% ao ano em volume de produção e 10% anuais em receita. No ano passado, ultrapassou a marca de R$ 2 bilhões em faturamento e tem como meta é dobrar até 2015. O maior desafio atual das cooperativas brasileiras é, sem dúvida, a acirrada concorrência com as grandes empresas multinacionais do setor de alimentos e das empresas listadas em bolsa. Para Gontijo, a vantagem que as grandes empresas têm de captar recursos, seja para aplicar em novos investimentos, seja para fazer aquisições é enorme, colocando as cooperativas que competem com as grandes empresas no varejo em posição de desvantagem. A situação é um pouco mais confortável para as cooperativas de commodity, que de fato não precisam entrar nesta disputa de palmo de gôndola de supermercados. Itambé - Fábrica de Uberlândia 37 COOPERATIVISMO Em relação a benefícios vindos do setor público, Gontijo informa: “Do ponto de vista estadual, eventuais benefícios fiscais são atrelados ao setor lácteo como um todo e não através de programas específicos para cooperativas. No âmbito federal, as vantagens se restringem a benefícios fiscais de isenção no pagamento de imposto de renda e CSLL, além de algumas linhas de financiamento do BNDES específicas para cooperativas com taxas de juros de crédito rural”. Escola e governo Um dos fatores que contribuíram para a sobrevivência e expansão das cooperativas de leite atuais foi investimento na profissionalização de suas atividades. Há alguns anos, a Universidade Federal de Viçosa oferece curso de bacharelado em gestão cooperativista, que habilita os formados a dirigir, fomentar e assessorar cooperativas, além de atuar em associações e outras organizações da sociedade civil, como ong’s, sindicatos, fundações etc. O bacharel em cooperativismo é capaz de caracterizar e interpretar as diversas formas do movimento cooperativista e das organizações sociais, teorizar as questões cooperativistas e organizacionais, enfocando-as na dupla dimensão - econômica e social, além de apoiar, reforçar iniciativas no plano da promoção humana e da transformação das estruturas sociais, estimular a pesquisa e prestar assessoria a cooperativas, associações e outras organizações de gestão coletiva. A coordenadora do curso, Nora Beatriz Presno Amodeo, explica: “o curso atual é herdeiro de décadas de experiência em ensino, pesquisa e extensão da UFV. De 1975 a 1989, oferecia-se o curso de tecnólogo em cooperativismo, de 1990 a 2000, o curso passou a ser de Administração com habilitação em Administração de Cooperativas e, finalmente, em 2008, foi oferecido o Bacharelado em Gestão de Cooperativas. Todas essas transformações obedeceram ao esforço constante de, simultaneamente, adequar o curso às exigências do ensino superior e responder às transformações vivenciadas pelo cenário cooperativo. Durante sua história, centenas de profissionais foram formados, que hoje desempenham funções em cooperativas singulares ou de segundo grau, em Sescoops de vários estados, em organizações que promovam ou assessoram cooperativas e organizações nas áreas de ensino e/ou pesquisa, em órgãos públicos ou em diferentes instituições de fomento ao desenvolvimento, entre outras áreas”. Na esfera governamental, o cooperativismo também ganha espaço. O ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho anunciou em setembro, a criação de uma secretaria específica para tratar de assuntos que será prioridade em sua gestão, o cooperativismo. O ministro considera que exemplos de cooperativas em estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná comprovam que a atividade associada tem papel fundamental na cadeia produtiva brasileira e o desenvolvimento da agricultura do Brasil passa pelo fortalecimento do cooperativismo, tornando importante a criação de uma secretaria exclusiva para apoiar as empresas e agricultores do setor. Segundo dados do Ministério da Agricultura, cerca de 50% de tudo que é produzido no Brasil passa, direta ou indiretamente, por uma cooperativa agropecuária. Além de papel determinante no abastecimento interno, os produtos cooperativistas registraram receita de US$ 3,9 bilhões em exportações de janeiro a agosto de 2011, com expectativa de chegar a US$ 5,8 bilhões até o final do ano. Dados com esses, que englobam produção da agricultura nacional, demonstram o importante papel do cooperativismo na economia e na sociedade. A revitalização das cooperativas de leite é uma forma de produtores se defenderem da estrutura complexa do mercado. Maiores empresas de laticínios no Brasil - 2010 Classe* Empresas/Marcas Recepção Anual de Leite Variação Número de produtores Variação Litros/dia Variação 2009 2010 % 2009 2010 % 2009 2010 % 2.050.000 2.120.000 3,4 6.500 6.550 0,8 541 545 0,8 1ª DPA* 2ª LBR - Lácteos Brasil 3ª Itambé 1.125.000 1.110.000 -1,3 9.100 9.400 3,3 287 272 -5,2 4ª Italac 668.937 801.600 19,8 10.990 12.365 12,5 130 136 4,2 5ª Embaré 398.590 453.067 13,7 1.428 1.544 8,1 602 632 4,9 6ª Laticínios Bela Vista 388.027 421.196 8,5 3.829 3.039 -20,6 239 315 31,9 7ª CentroLeite 322.757 298.848 -7,4 5.199 5.011 -3,6 171 164 -3,9 8ª Danone 254.469 293.379 15,3 551 624 13,2 939 914 -2,6 9ª Jussara 219.245 262.970 19,9 1.612 1.814 12,5 210 198 -6,1 10ª Confegar 229.539 251.667 9,6 4.896 4.017 -18,0 125 153 23,2 11ª Vigor 204.721 212.808 4,0 858 1.266 47,6 487 401 -17,6 12ª Frimesa 201.222 180.401 -10,3 3.857 3.494 -9,4 122 132 8,3 13ª CCL 124.747 75.821 -39,2 2.453 1.827 -25,5 97 50 -47,9 TOTAL* 8.052.016 8.051.147 0,0 79.073 70.951 -10,3 217 241 11,2 1.795.000 20.000 197 Classe = Classificação base recepção no ano de 2010 (produtores + terceiros) DPA = Inclui a DPA Manufacturing Brasil - Nestlé, Fontera, DPA Brasil, DPA Nordeste e Nestlé Waters TOTAL: Em 2009, inclui informações da LEITEBOM, PARMALAT e BOM GOSTO Fonte: LEITE BRASIL, CNA/Decon, OCB/CBCL e Embrapa Gado de Leite. Em 2009 inclui informações da LEITEBOM, PARMALAT e BOM GOSTO 38 SEGURANÇA ALIMENTAR Sempre alerta Falhas na segurança de alimentos nas linhas de produção podem afetar confiança do consumidor e imagem da empresa. Recentemente, algumas notícias sobre ocorrências com segurança dos alimentos trouxeram preocupação ao consumidor. Um dos casos aconteceu com uma das tradicionais marcas da Pepsico, o Toddynho, quando um dos lotes da bebida láctea chegou às gôndolas de supermercados no sul do país contendo água e detergente líquido. Na França, em alguns frascos da papinha infantil do Nestlé foi detectado vestígios de vidro. Casos como esses afetam a confiança do consumidor e podem trazer prejuízos para a credibilidade de marcas consagradas. “Ainda não há uma cartilha do que se fazer diante do momento em que instaura uma chamada ‘crise’. Hoje, médias e grandes empresas já possuem o chamado ‘comitê de crise’ e a primeira primeira ação é convocar esse comitê, que geralmente é formado por jornalista, advogado, profissional de relações pública e o gerente do produto. A partir da discussão desse colegiado, é traçado o plano de ação”, explica Marcos Hiller, coordenador MBA Branding da Trevisan Escola de Negócios. Segundo Hiller, não há ‘receita de bolo’ para administrar essas situações, mas é recomendável que a empresa resolva o problema, seja qual for a gravidade, rapidamente e com transparência. Se a empresa errou, resolva logo, assuma e não tente esconder, pois, hoje, o consumidor é exigente e bem informado. Já, o plano para reverter as consequências diferem em cada caso. “Na área de alimentos e bebidas a questão costuma ser ruidosa por se tratar de produtos de primeira necessidade, porém é importante lembrar que o consumidor valoriza a marca que traz soluções de bom senso, ágeis e transparentes”, acrescenta o coordenador. 40 No caso do Toddynho, o fabricante Pepsico agiu exatamente dentro desse padrão. Recolheu o lote que apresentou o problema, informou a numeração do lote, hora e data de produção e os resultados da avaliação da ocorrência, que foi falha durante o processo de higienização dos equipamentos. A empresa avisou que uma das linhas envasou algumas embalagens com o produto para limpeza, destacando que não foi problema na formulação do produto. Um recall por iniciativa da própria empresa em caso de falha em seu sistema ou com contaminação alheia à sua orientação é um ato que demonstra responsabilidade, também respeito à saúde e integridade do consumidor ao evitar que alguém possa ser prejudicado pelo consumo do produto afetado. “No Brasil, o público ainda não está tão habituado com recalls de alimentos, mas nos Estados Unidos, por exemplo, na entrada de alguns supermercados há quadros para aviso de recalls, demonstrando que essa prática é parte do relacionamento com o consumidor. Obviamente, um recall não pode ser visto como um fato ‘normal’, já que o ideal é que o sistema da empresa seja adequado para fabricar produtos seguros, mas se forem constatadas falhas que afetem a segurança do consumidor, o mesmo tem de ser avisado com a máxima urgência possível, com a indicação dos lotes envolvidos”, informa Ellen Lopes, PhD, diretora operacional da Food Design Consultoria. Receita segura Se não há ‘receita de bolo’ para administrar a crise, existem processos, tecnologia e conhecimento para evitar riscos de falhas na produção de alimentos. Mesmo com a evolução nas últimas décadas, o cenário da segurança de alimentos ainda apresenta disparidades. A diretora da Food Design esclarece: “de um lado, há muitas empresas com sistemas de gestão de segurança de alimentos bastante robustos e de alto padrão, como atestam cerca de 72 unidades de produção de alimentos certificadas pela Norma Global de Segurança de Alimentos do British Retail Consortium, uma das normas de segurança de alimentos mais aceitas no mundo e que tem as informações disponibilizadas em seu diretório digital (http://www.brcdirectory.com/). Sabemos também que há um grande número de empresas certificadas pela ISO 22000, outra norma internacional de segurança de alimentos, pois realizamos consultorias para dezenas de empresas certificadas nesta norma, mas ao contrário da BRC, o número exato de empresas certificadas pela ISO 22000 no Brasil não está disponível para consulta. Por outro lado, quem trabalha na área sabe que há ainda um número muito grande de empresas com condições muito precárias no tocante à segurança de alimentos”. O ponto de partida para implantar sistemas seguros na produção de alimentos está no comprometimento da alta direção da empresa. A seguir, vem a capacitação do corpo gerencial e operacional em higiene e segurança de alimentos. “Se necessário, deve-se investir nas instalações, equipamentos e utensílios e, acima de tudo, adotar critérios de segurança de alimentos na compra de insumos e na contratação de serviços relacionados à segurança, antes de se pensar no preço. Preço é importante, mas não pode vir antes da qualidade”, enfatiza Ellen. Após o comprometimento da direção da empresa, geralmente, a maior dificuldade está na mudança de comportamento necessária na rotina de trabalho, desde a gerência até o operador. Para evitar, inclusive, erro humano, segundo a diretora da Food Design, a chave é fazer um sistema de gestão de segurança de alimentos buscando a excelência, com mecanismos adequadamente desenhados para prevenir erros de operadores, bem como sistemas tecnológicos com alertas e ‘travas’ em caso de falhas. Porém, é essencial contar com pessoas capacitadas e treinadas para saber como agir em caso de desvios que possam comprometer a saúde do consumidor. Sistemas e instrumentos O melhor sistema existente para garantir a segurança de alimentos é o desenvolvimento de um plano de Análise de Perigos e de Pontos Críticos de Controle (HACCP), que deve ser elaborado por uma equipe multidisciplinar de profissionais, coordenados por profissional altamente capacitado e experiente no sistema. Esse processo identifica como prevenir e controlar perigos de contaminação, sendo aplicável a qualquer tecnologia de produção de alimentos, da mais simples até a mais sofisticada. “Portanto, não é com tecnologia que se desenha um bom sistema HACCP, mas sim com conhecimento, fundamentado técnica e cientificamente”, ressalta Ellen. Se a produção for bem desenhada com base em sistema adequado HACCP, a ênfase é dada à prevenção de perigos de contaminação e à identificação da necessidade de testes ou análises a serem feitas ao longo do processo produtivo, justamente para que o produto final esteja livre de contaminação. Podem até ser feitos testes no produto final, mas muito mais para confirmar que tudo está em ordem do que para identificar problemas. “Sentimos a falta de priorização no investimento de sistemas de qualidade nas pequenas e médias empresas. Ainda há barreiras para investir nessa área e o improviso e a informalidade são os maiores inimigos da segurança de alimentos. Se considerarmos apenas as grandes indústrias, principalmente, as multinacionais e exportadoras, os sistemas de qualidade são compatíveis com o padrão norteamericano”, afirma Claudia Malloti, gerente de marketing da Labor 3. As falhas mais comuns nas indústrias de alimentos e bebidas são: introdução de ingredientes com contaminantes, que não poderão ser eliminados durante o processamento, como pesticidas, metais pesados e alguns microrganismos e suas toxinas; contaminações decorrentes de falha de limpeza dos equipamentos; negligência quanto aos controles de barreiras que impedem o crescimento microbiano ou a permanência de outros tipos de contaminantes, por exemplo, físicos. A Labor 3 atua nesses pontos, com equipe de apoio técnico que oferece consultorias de implantação de sistemas de qualidade e os laboratórios fazem análises para verificar a eficiência na limpeza (swabs); análises de insumos e ingredientes, para credenciar fornecedores; análises dos pontos críticos para comprovar o controle e, finalmente, análise dos produtos finais para liberação de lotes ou aprovação da rotulagem nutricional, no caso de análises físicoquímicas. Os cuidados se aplicam para evitar contaminação por quaisquer agentes físicos. Claudia destaca: “incluindo vidro, é necessário checar as áreas de preparação e enchimento, onde sistemas de detecção adequados ou filtros devem ser usados e a eficiência desses equipamentos devem ser regularmente verificada. As embalagens reutilizáveis precisam ser controladas por inspeção eletrônica de modo a verificar a inexistência de corpos estranhos depois da lavagem.”. Uma falha que ocorra em linha de produção com procedimentos e tecnologias corretos não deixam de ser grave, porém sem a instalação de sistemas que garantam a segurança dos alimentos é muito mais grave, podendo implicar em processos judiciais e prejuízos substanciais à marca e à empresa fabricante. 41 GUIA DOS FORNECEDORES Chr Hansen Apresenta nova linha de culturas Mild O As principais aplicações das culturas ‘Mild O’ são queijos macios, como Camembert e Brie; queijos brancos, Feta e Minas; queijos Quark, Petit Suisse; queijos continentais específicos, Prato, Gouda, Edam, entre outros e do estilo gourmet, por exemplo, com misturas de leite de cabra, ovelha e vaca. “Recomendamos as culturas Mild O para os produtores que querem otimizar o sabor suave de seus queijos e evitar o amargor”, diz Theis Bacher, Gerente de Marketing, Divisão de Culturas de Queijo da Chr. Hansen. Além disso, as novas misturas das culturas reduzem o processo de acidificação, que remove os riscos de uma textura quebradiça ou dura dos queijos. Finalmente, as culturas são bastante sensíveis ao sal. Isso é uma vantagem para os produtores que querem evitar a acidificação posterior que geralmente causa um sabor excessivamente ácido nos queijos. Utilizando a cultura Mild O, os produtores podem simplesmente parar o processo de acidificação em pH alto e, portanto, evitar o excesso de acidez. “Comercialmente, esperamos que essas culturas ganhem um fundamento sólido nos diversos mercados e segmentos de queijos nos próximos anos devido ao seu perfil poderoso de suavidade e às suas aplicações versáteis. Em particular, com os testes introdutórios, sabemos que há grande potencial”, comenta Theis Bacher. As cepas das misturas das culturas Mild O foram cuidadosamente selecionadas entre centenas de variedades por sua capacidade de remover o amargor dos queijos. O principal motivo de seu perfil de sabor suave é o alto conteúdo de cepas da subespécie ‘cremoris’ nas misturas. As culturas foram desenvolvidas para que cada uma delas tenha diferentes cepas nas misturas. Isso oferece a elas uma boa proteção contra ataques de fagos. As culturas Mild O vêm em formato congelado e liofilizado. 42 Fortress Phantom STEALTH Metal Detector O Detector de Metal STEALTH é a mais recente tecnologia da série Phantom. O design revolucionário oferece total compatibilidade e atualizações para os equipamentos já vendidos. Dentro das características do STEALTH estão inclusas uma potente tecnologia de processamento digital (DSP) na qual fornece uma alta velocidade de detecção com precisão, detectando o menor tamanho de contaminantes metálicos. O Detector também inclui um teste automático e calibração que aumenta a facilidade e simplicidade de operação. Testes de garantia de funcionamento e qualidade usando corpos de prova podem ser feitos sob demanda ou por intervalo de tempo e um sistema de filtro via software garante o desempenho minimizando falsas rejeições. Acesso a relatórios de auditoria via Software Contact e atualizações do detector de metal estão disponíveis via Porta USB. Adicionalmente, além de assegurar uma proteção por senha, o painel de controle recém projetado possui múltiplas opções de idiomas. Essa interface amigável facilita troca de produtos, armazenando configurações individuais de produtos na biblioteca e chamadas instantâneas quando solicitada. Melhorias como potencia dupla de trabalho facilita uma compensação automática para produtos de características extremas (condutivos). GUIA DOS FORNECEDORES Danfoss Traz nova válvula para redução de consumo energético Para integrar e fortalecer seu portfólio de produtos, a multinacional dinamarquesa Danfoss lança a ETS 6, válvula de expansão eletrônica com tecnologia de ponta e design compacto. Projetada para controle de injeção de líquido em evaporadores, a ETS 6 melhora a eficiência energética em sistemas de refrigeração, bombas de calor e ar condicionado. Com a crescente preocupação ambiental, políticas cada vez mais rígidas em relação à emissão de CO2 e do consumo de energia fizeram as indústrias do segmento de HVAC-R procurar novas tecnologias para garantir a eficiência energética dos seus sistemas. Assim, encontraram como aliadas as válvulas de expansão eletrônica, que podem se adaptar às demandas de capacidade exatas de uma aplicação, fazendo diferença positiva para o consumo de energia dos sistemas. Compacta e leve, a ETS 6 pode ser usada com todos os fluidos refrigerantes comuns (R410A, R407C, R404A, R134A) e em sistemas de bomba de calor com operação bi-fluxo. Projetada para reduzir o consumo de energia, a ETS 6 oferece precisão no controle de fluxo, mesmo em baixas vazões. O funcionamento da ETS 6 é simples: a válvula abre e fecha para regular o fluxo de refrigerante. Quando um sinal é dado, a bobina do motor de passo é ativada e a abertura da válvula pode ser precisamente posicionada para atender ao sistema com o fluxo necessário de fluido refrigerante. A válvula ETS 6 tem um total de 480 passos entre as posições totalmente aberta e totalmente fechada, dando ao produto uma resolução precisa para um melhor controle do superaquecimento. 44 Apex Impressora portátil de recibos para serviços em campo Indicada para operações de coleta de dados de produtos nas fazendas, os profissionais de campo têm na impressora de recibos da Apex um dispositivo móvel, que faz controle da quantidade coleta por dia, horário e várias outras informações, processadas num comprovante, automatizando a coleta de informações e proporcionando maior exatidão de dados. A linha APEX de impressoras portáteis de recibos foi desenvolvida para atender às necessidades dinâmicas dos serviços em campo, transporte, comércio. Os profissionais de campo podem emitir in loco recibos de serviço e de pagamento, recibos de coleta e entregas; vales e vouchers; documentos de leitura e medição, tais como já utilizam as concessionárias de serviços de telefonia, luz, água, entre outras possibilidades que visam diminuir prazos de processamento. São impressoras leves, compactas e resistentes, para uso diário, fornecidas com uma fonte de alimentação e bateria de elevada capacidade com 12 horas de operação de impressão; trabalham a temperaturas ambientes de -10 a +50ºC; fáceis de operar; com sistema rápido e simples para colocação do papel; e processador ARM7 de 32 bits e arquitetura RISC. As impressoras da Série Apex, modelo 2, 3 ou 4, imprimem recibos de 5 cm, 7,5 cm e 10 cm respectivamente, as medidas que melhor atendem o mercado; pesam menos de 1 kg e podem facilmente serem portadas no cinto ou por alça que acompanha a impressora. LED’s específicos indicam o status de comunicação, carga e carregamento da bateria, facilitando esse acompanhamento. Capazes de imprimir gráficos e códigos de barras em 1D e 2D; são equipadas com comunicação Bluetooth e RS232 (APEX 2 e 3), USB (APEX 4), ou com conectividade 802.11b/g e leitor de cartão magnético de 3 faixas. 45 paIneL Piá Reformula site Com a criação do novo site www.pia. com.br, a cooperativa espera proporcionar uma navegação prática e intuitiva, de maneira que os consumidores possam conhecer toda a linha de produtos elaboradas pela cooperativa, “O site e as informações de uma empresa reflete a postura de sua marca. Ele busca formas de interagir e envolver o cliente. Assim, direcionamos nossos esforços para criar um site em que a experiência do cliente será exaltada, colocando todas as suas necessidades em primeiro lugar”, afirma o gerente de Marketing da Piá, Tiago Haugg. A criação do site foi pela Gad’Brivia, uma empresa focada na construção e fortalecimento de marcas a partir de suas experiências digitais. Para elaborar o novo site, os responsáveis pela inovação iniciaram um processo de pesquisa e desenvolvimento que levou oito meses para ser concluído, balizando as mais diversas informações para que o cliente navegue de forma prática e segura, com agilidade necessária. O site está no ar desde 29 de outubro e de lá para cá, e segundo Haugg, o número de acesso vem crescendo diariamente. Coopercentral Aurora Construirá novo centro de distribuição em São Paulo Para aperfeiçoar a operação de distribuição na grande São Paulo, a Coopercentral Aurora (Aurora Alimentos) construirá um Centro Logístico de Distribuição e Armazenagem no município de Arujá (SP), investindo R$ 45 milhões. Não é uma nova unidade da Aurora, mas uma transferência de local da atual unidade comercial de Guarulhos (SP), que não suporta mais o crescente volume de cargas. Essa operação iniciou, neste ano, com a aquisição de um terreno de 205 mil m² no valor de R$ 9 milhões, situado no bairro da Fazenda Velha, perímetro urbano da cidade de Arujá. 46 As obras somente serão iniciadas quando for vendida a atual unidade de Guarulhos. Amplo e moderno, o Centro Logístico de Distribuição e Armazenagem na região metropolitana de São Paulo será formado por um conjunto de 18.884 m2, incluindo escritórios, armazéns, câmaras frias, salas para treinamento, setor comercial, área de segurança do trabalho, enfermagem, restaurante e vestiários, repouso de motoristas, portaria e balança. A obra empregará a mais moderna tecnologia do setor. A capacidade total de armazenagem será definida pelo projeto, em fase de elaboração. Tirol Lidera no Sul A Tirol comemora o sucesso de seus produtos no mercado paranaense, impulsionada pelo reconhecimento alcançado por sua marca junto ao público da Classe C, que detém os maiores índices de crescimento de consumo na economia nacional. De acordo com a pesquisa Top UP do Instituto Bonilha, que aponta os vencedores do Prêmio Top of Mind, entre 2010 e 2011, nenhuma marca, de qualquer outro segmento da economia, conquistou tanto espaço na memória do consumidor popular do Paraná, quanto a Tirol. O estudo revela que, entre os paranaenses da classe C, o índice de lembrança da marca na categoria Leite subiu 48%, bem acima da segunda colocada. Nas classes D e E, o crescimento de mind share foi também o maior com alta de 33%. Com esses números, a empresa catarinense pulou da terceira para a primeira posição geral da pesquisa no Paraná, estabelecendo no estado vizinho, um alcance de marca semelhante ao que detém em Santa Catarina, onde há onze edições consecutivas é a marca campeã na mesma premiação. Líder na comercialização de leite pasteurizado e vice-líder no segmento de leite UHT no Brasil, a Tirol alcançou 25,4% de market share no segmento de leites no Paraná, reforçando a Região Sul como o seu principal mercado consumidor. A fixação de uma marca depende de um conjunto de estratégias comerciais, que precisam se adequar a cada perfil de consumidor. No caso do consumidor de leite da classe C, o preço é um dos atributos mais valorizados e a Tirol adotou uma estratégia agressiva neste sentido, alcançando bons resultados graças à eficiência e seu volume de produção. O investimento para garantir que seus alimentos cheguem ao alcance do consumidor nas áreas mais distantes do Paraná compensou uma eventual falta de investimentos mais expressivos em publicidade: “Nossa verba de marketing é muito mais restrita em relação a outras empresas de laticínios”, explica Schirlei Osmarini, coordenadora de marketing da Tirol. O aumento significativo de mix de produtos, com novos iogurtes e bebidas lácteas como o Fibrallis e uma linha de leites premium contribuíram também para a pulverização do alcance da marca ao oferecer novas formas de consumo e atendendo também os consumidores de maior poder aquisitivo. Contudo, diante da perspectiva de migração significativa das classes D e E para a C nos próximos 25 anos, a Tirol não pretende abrir mão do valioso reconhecimento alcançado junto a esta parcela da população. paIneL Ipack-Ima 48 Leite Brasil Feira de embalagem na Itália São Paulo tem um dos leites mais baratos do mundo Na Ipack-Ima, feira internacional do setor de embalagens, que acontecerá em Milão. de 28 de fevereiro a 2 de março de 2012, os visitantes poderão conhecer materiais orgânicos e inovadores e embalagens promocionais que alavancam vendas. Além da exposição, o evento contará com várias conferências. Entre os temas da programação paralela ao evento estão: no dia 29 de Fevereiro, acontecerá um Dia de Tecnologia organizado pela AIM – Associação Italiana de Ciência e Tecnologia Micromolecular e entitulado “Bio Plásticos para embalagens de alimentos, as novas soluções”. O evento será organizado em parceria com a IPACK-IMA e tem como objetivo disseminar conhecimento e consciência sobre bio plásticos usados em embalagens para alimentos, com ênfase aos padrões utilizados, seu potencial, áreas críticas e o relacionamento com as regulamentações atuais de compostagem, além de promover um comparativo com os plásticos derivados de petróleo. No dia 1 de março, será realizada a convenção internacional “Melhorando a Segurança dos Alimentos na África – Processos e Tecnologias de Embalagem da Fazenda à Mesa do Consumidor”, desenvolvida em parceria com as agências de alimentos das Nações Unidas. Mais detalhes estarão disponíveis em uma área do site da IPACK-IMA (www.ipack-ima.com), assim que todos os palestrantes estiverem confirmados. Este evento expandirá o escopo da Feira além da Europa e definirá as perspectivas para a Expo 2015. No mesmo dia, ocorrerão reuniões técnicas e a apresentação “Materiais para contato com Alimentos (FCM)”, que levantará a discussão sobre o papel da segurança alimentar e sua relação com a embalagem e, mais especificamente, sua relação com a nova Diretiva da Comunidade européia de 10/2011 sobre itens de plástico e materiais projetados para contato com alimentos. O evento será organizado pela AIDEPI. Este assunto é especialmente importante, já que as tecnologias e materiais de embalagem estão ganhando um papel ainda mais importante junto à indústria de alimentos pelo aspecto segurança e preservação da qualidade. No dia 2 de março, haverá reunião organizada pelo Instituto de Embalagem da Itália sobre assuntos relacionados ao “Projeto CAST”, desenvolvido em 2007, com o objetivo de experimentar novas estratégias integradas e approaches para a segurança alimentar envolvendo instituições públicas e privadas. A reunião é aberta para as empresas interessadas e inclui ainda a discussão de tópicos relativos à aplicação da regulamentação 2023/2006/CE. Enquanto na cidade de São Paulo se paga mais caro em quase tudo – aluguel, transporte, etc. –, o leite consumido é um dos mais baratos do planeta, custando em média US$ 1. Esse valor está na contramão do alto custo de vida dos paulistanos, que hoje vivem na 10ª cidade mais cara do mundo. A conclusão é da Associação Leite Brasil, com dados da consultoria Mercer e do Instituto de Economia Agrícola (IEA). O estudo da Leite Brasil comparou os preços do leite fluido (longa vida e pasteurizado) consumido no país com outras importantes cidades do mundo. O maior valor para um litro de leite foi encontrado em Pequim, na China, que atingiu US$ 3,76. O segundo lugar é ocupado por Tóquio, no Japão, com US$ 2,70, e o terceiro foi ocupado por Sydney, na Austrália, com US$ 1,83 o litro. Em uma amostragem focando 16 cidades importantes dos EUA, 11 delas possuem o litro de leite mais caro que em São Paulo. O preço mais barato foi encontrado em St. Louis e Cleveland, com US$ 0,91 por litro, e o maior em Honolulu, com US$ 1,90. Também para efeito de comparação, no Brasil, o leite longa vida (UHT) representa cerca de 76% do consumo de leite líquido, diferentemente da Bélgica (97%), Espanha (96%), França (96%) e Portugal (93%). O resultado deste levantamento é corroborado com os dados divulgados pela RC Consultores que mostram que, em uma cesta de 29 produtos, o Brasil cobra mais caro que EUA, França, Reino Unido, Austrália e África do Sul. O leite é um dos oito produtos que ficaram abaixo da média dos preços destes países. “Existe uma série de fatores que influenciam o preço do leite e que mudam a cada temporada, explica Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil. A associação que representa os produtores de leite ouviu um grupo de executivos do setor sobre este assunto. Segundo o executivo, os fatores considerados mais poderosos na formação dos preços deste alimento são a redução na oferta de matéria-prima, as margens dos supermercados, o custo de produção de leite e derivados e a renda do consumidor. A soma desses fatores representa 84% das forças que influenciam a variação dos preços. Outras variantes citadas foram estoques, importações, preços internacionais de lácteos e de commodities. “Em cada país, os fatores que pesam no nível de preços do leite vêm de forças diferentes, mas os impactos exercidos pelas distorções nas políticas internas e comerciais são muito fortes. Mesmo assim, eles acabam praticando preços superiores aos do Brasil”, conclui Rubez. Chocolates Tetra Pak Natal gera expectativas otimistas para setor do Brasil Anuncia 4,3 bilhões de embalagens certificadas no Brasil O Natal é a segunda data mais importante para as vendas do setor de chocolate do Brasil. Segundo a ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados, em 2010 o consumo de chocolates neste período apresentou um crescimento de 5,6% em relação a 2009 e para este ano, as empresas se mostram bastante otimistas. Uma das redes mais importantes no Brasil, a Cacau Show espera um incremento de 35% nas vendas, comparado ao ano passado, com 12 lançamentos. Já as expectativas do Grupo CRM, detentor das marcas Kopenhagen, Brasil Cacau, e Dan Top, é de um aumento de 15%. A Village, por sua vez, prevê 10% a mais que 2010 e a Munik um crescimento de 5%. “Considerando o aumento de consumo do mercado de chocolate, que foi de 5,4% no primeiro semestre de 2011, a tendência é que esse crescimento se mantenha até o fim do ano”, declara Getúlio Ursulino Netto, presidente da ABICAB. Para aquecer o mercado neste período, as empresas prepararam uma série de lançamentos. Para o Grupo CRM, o Natal corresponde a 20% de suas vendas anuais. Entre as novidades da Kopenhagen estão a versão gigante do bombom Cherry Brandy e a caixa de trufas e o panetone, ambos da linha Lajotinha. Já a Brasil Cacau traz de volta às lojas as trufas de panetone e ainda 13 outros lançamentos para a data, como os novos sabores de trufas champagne com cereja e os bombons decorados com figuras natalinas. A Mars do Brasil, por sua vez, lança a M&M’S® Árvore de Natal, que traz 100g dos M&M’S® de chocolate ao leite em uma embalagem com formato da árvore natalina nas cores verde e vermelha. Mini panetones em porções individuais nos sabores mousse de chocolate e maracujá são as apostas da Munik para aumentar as vendas. Além disso, a empresa traz para o mercado pedaços de panetones umidecidos com licor de cacau e cobertos com chocolate ao leite, nas versões gotas de chocolate e panetone de frutas. Neste Natal, a Nestlé amplia sua linha de panetones com o novo Moça Doce de Leite e traz ainda latas colecionáveis especiais que embalam o tradicional panetone de frutas cristalizadas. A empresa conta também com as cestas natalinas com duas opções de tamanho, 1,4 quilos e 2,1 quilos. FSC Friday, evento anual, que aconteceu 30 de setembro, dedicado à celebração das florestas e à promoção do manejo florestal responsável, a Tetra Pak comemorou a data, anunciando novo marco de produção produção de suas embalagens com o selo do FSC TM. Até agosto deste ano, mais de 4,3 bilhões de embalagens já foram produzidas no Brasil com o registro da certificação do Forest Stewardship Council. A expectativa é que até o final do ano a meta de 5 bilhões de embalagens com o solo seja superada. No Brasil, desde junho de 2008 as embalagens produzidas nas unidades da Tetra Pak em Ponta Grossa (PR) e Monte Mor (SP), utilizam papel certificado FSC TM fornecido pela Klabin. 49 paIneL Yakult Levou pesquisadores da USP para Simpósio no Japão A Yakult Honsha, matriz da multinacional japonesa Yakult, líder mundial no segmento de leite fermentado, promove anualmente eventos técnico-científicos que reúnem cientistas e pesquisadores de várias partes do mundo com objetivo de discutir ações relacionadas aos benefícios dos probióticos para a saúde. Neste ano, a empresa comemorou a 20ª edição do Simpósio Internacional da Microbiota Intestinal, que teve como tema ‘Nova era para a microbiota intestinal’. Os convidados da filial brasileira da Yakult foram: a professora doutora Susana Saad, professora assistente do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP); o médico e professor assistente do Departamento de Imunologia da Faculdade de Medicina da USP, Esper Kallas; a supervisora do Laboratório da Disciplina de Imunologia Clínica e Alergias da Faculdade de Medicina da USP, Helena Tomiyama; e a pós-doutoranda na área de Probióticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Raquel Bedani. Pesquisadores da França, Estados Unidos e Holanda apresentaram trabalhos e, além de participar dos eventos, os pesquisadores brasileiros convidados conheceram a principal fábrica da Yakult, localizada em Fuji Susono e visitaram o Instituto Central de Pesquisas em Microbiologia da Yakult Honsha, localizado em Tóquio. Congresso Internacional do leite Sustentabilidade e políticas públicas Entre os temas abordado no 10º Congresso Internacional do leite, o primeiro dia teve como foco de discussões a sustentabilidade da pecuária de leite e as políticas públicas para o setor. Pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Canadá debateram as estratégias para diminuir a produção de gases causadores do efeito estufa. Das atividades do setor primário, a pecuária é uma das que mais emite gás metano, um dos principais causadores do aquecimento global. No entanto, modificando a dieta do rebanho, é possível diminuir consideravelmente a produção deste gás. Para o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Luiz Gustavo Pereira, é imprescindível que o Brasil intensifique suas pesquisas nesta área, demonstrando a sustentabilidade da sua pecuária para impedir que no futuro a questão ambiental se torne uma barreira alfandegária para a exportação dos produtos nacionais. O primeiro dia de palestras do Congresso foi encerrado com o Fórum: Leite Nordeste. O chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, abriu os debates afirmando que é preciso reduzir a carga tributária incidente sobre os equipamentos e insumos utilizados na pecuária de leite, a exemplo dos modelos já aplicados na suinocultura e avicultura. Segundo Vilela, é preciso valorizar o produtor e a produção de leite com uma remuneração justa e pagamento por qualidade. 50 Como ações de curto prazo, Vilela destacou a revisão das políticas de importação de lácteos com a proposição de mecanismos permanentes para controle de importação, estabelecendo novas regras de comercialização, principalmente no âmbito do Mercosul. O chefe geral da Embrapa Gado de Leite elencou outras prioridades: desenvolver mecanismos de estímulo à exportação de lácteos; atuar junto ao MAPA para publicação da nova edição do RIISPOA, essencial para a modernização do setor; incrementar a pesquisa no país, com o fortalecimento do PAC para a C,T&I; incentivar a cooperação científica, tecnológica e comercial com parceiros internacionais emergentes, como a China, e participação mais ativa do país em organismos internacionais como a Federação Internacional de Leite (FIL/IDF). A Embrapa Gado de Leite realizou pela primeira vez no Nordeste brasileiro o congresso, considerado o maior e mais tradicional do país, voltado exclusivamente para a cadeia produtiva do leite. Foi a décima edição do evento, que já percorreu os estados de Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Com a realização do congresso, a Embrapa Gado de Leite espera contribuir para incrementar ainda mais a produção de leite nordestina. O próximo congresso deverá ser realizado em Goiás, atualmente, um dos maiores produtores de leite do Brasil. Conseleite Leite proporciona ganhos ao produtor rural O leite retornou ao patamar de uma das atividades rurais que mais renda proporciona aos produtores. O resultado operacional da atividade leiteira é positivo desde maio de 2010, segundo os custos de produção levantados pelo Conselho Paritário Produtor/Indústria de Santa Catarina, o Conseleite. Na reunião deste mês, o Conseleite/SC estabeleceu o preço de referência para o leite padrão, no mês de setembro/11, em R$ 0,7113/ litro e projetou o preço de referência para outubro/11 em R$ 0,6748/litro. Os valores se referem ao leite posto na propriedade e com o INSS incluso. O preço final de setembro/11 ficou praticamente estável, mas, para outubro, a projeção apresenta uma redução de 5% em relação ao preço final do mês anterior. De acordo com resolução do Conseleite, os preços finais de setembro ficaram assim: leite acima do padrão R$ 0,8180, padrão R$ 0,7113 e abaixo do padrão R$ 0,6466. A projeção para outubro é de R$ 0,7760 para leite acima do padrão; R$ 0,6748 para o padrão e R$ 0,6135 para leite de baixa qualidade. A redução no preço, apontada pelo Conseleite, é reflexo do aumento da produção interna e das importações do Uruguai. O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e do Conseleite, Nelton Rogério de Souza, aponta que, em 2011, a remuneração do produtor de leite foi expressiva: os preços recebidos pelos produtores, posto na indústria, nos meses de fevereiro, maio e agosto, foram maiores que os custos de produção, respectivamente, 5%, 13% e 15%. A situação é inédita desde 2008, quando os custos começaram a ser calculados, destacando-se pela margem de lucro do produtor e pelo tempo que a margem se mantém elevada. O preço médio recebido pela maioria dos produtores catarinenses, no mês de agosto/2011 foi de R$ 0,79 por litro de leite posto na plataforma da indústria, segundo o levantamento sistemático de preços efetuado pelo Epagri-Cepa. Este é o maior preço recebido pelos produtores nos últimos anos. Apesar disso, o preço médio em Santa Catarina situa-se abaixo do preço médio nacional. Levantamento do Cepea revela que, por três meses consecutivos (junho, julho e agosto), o preço pago ao produtor catarinense ficou abaixo do preço médio nacional. Esta situação se deve, principalmente, ao baixo nível da oferta no Sudeste e no Centro-Oeste brasileiro e a guerra fiscal entre os Estados. De acordo com Nelton de Souza, não há consenso no mercado quanto ao prognóstico de preços para o próximo pagamento. A maioria dos agentes econômicos vislumbra uma queda no preço do leite, que está sendo entregue neste mês, entre dois e quatro centavos por litro de leite. Outras avaliações convergem para a estabilidade dos preços, com o argumento de que a demanda continua aquecida e os preços praticados no atacado e no varejo estão dando sustentação ao preço do leite em nível de produtor. Os dados levantados pelo Epagri-Cepa indicam que a produção catarinense, nos meses de maio, junho, julho e agosto de 2011, cresceu, em média, em torno de 10% ao mês. Para setembro/11, no entanto, o crescimento poderá chegar a 15% em relação a agosto/11. Este cenário, em grande parte, pode ser estendido para o Rio Grande do Sul e para o Paraná. A base produtiva do leite, em Santa Catarina, é formada por 60.000 estabelecimentos rurais que geram 1 bilhão 900 milhões de litros de leite ao ano. 51 pUBLICAÇÕES SIG Combibloc Apoia publicação sobre embalagem A SIG Combibloc é uma das apoiadoras do livro “Embalagens: design, materiais, processos, máquinas e sustentabilidade” produzido pelo Instituto de Embalagens. A publicação tem como objetivo atualizar os profissionais do setor sobre as novidades do universo de embalagens com dados nacionais e internacionais de economia, mercado, inovações, tendências e práticas que contribuem diretamente na questão de sustentabilidade. Também são descritas novidades sobre materiais, processos e máquinas. O livro contou com a colaboração de 42 autores, que são referências em suas áreas de atuação e conta com 400 páginas divididas em 62 capítulos. “A publicação é destinada a profissionais de diversas áreas da indústria, desde usuários de embalagem, passando por todas as indústrias da cadeia produtiva de embalagem, matéria-prima e serviços (material, técnica, design, varejo, logística, marketing, operadores de máquinas entre outros). Isto justifica a importância de apoiarmos o projeto, contribuindo de forma efetiva para a formação dos profissionais do setor“, pondera Luciana Galvão, Gerente de Marketing da SIG Combibloc para a América do Sul. “Embora técnica, esta publicação foi pensada e desenvolvida para ser acessível aos profissionais de todos os níveis de conhecimento, de estudantes a empresários“, destaca a gerente de marketing da empresa. Setembro Editora Legislação compilada e comentada para o setor de produtos lácteos A nova edição do livro Nova Legislação Comentada de Produtos Lácteos já está disponível para profissionais que atuam no setor de leite e derivados. A obra atualizada reúne leis, portarias e instruções normativas que regulamentam o setor produtivo, desde a coleta, passando pelo processamento industrial e rotulagem de produtos lácteos comercializados no Brasil. O conteúdo da edição se diferencia ao trazer comentários de especialistas da área acadêmica e industrial sobre as legislações, colaborando para esclarecer aspectos pertinentes às exigências legais de cada tipo de produto e também possíveis dúvidas do leitor. O livro foi elaborado com o objetivo de contribuir com os profissionais que atuam na indústria 52 SETEMBRO EDITORA de laticínios e aqueles que fazem parte das áreas de fiscalização e vigilância sanitária de lácteos. Formatado para facilitar o acesso a todos os assuntos regulatórios de toda a cadeira agroindustrial do leite, traz também índice cronológico, onde constam todas as regulamentações pertinentes a cada categoria de produto. A Nova Legislação Comentada de Produtos Lácteos chega aos profissionais em período de grandes e rápidos progressos em conhecimento e tecnologia para o mercado do setor em expansão no Brasil, tornando-se uma ferramenta facilitadora nas pesquisas para adequação de lácteos às normas vigentes ou na fase de desenvolvimento de novos produtos. Serviço: Nova Legislação Comentada de Produtos Lácteos Formato: 20,5 x 27,5 Nº de páginas: 616 R$ 189,00 O livro pode ser adquirido pelo site www.revistalaticinios.com.br Fone: (11) 3739 4385 / 2307 5561 / 2307 5568 CONJUNTURA CEPEA/LEITE Preço do leite cai 4% em novembro Com o início da safra, o preço pago pelo leite ao produtor em novembro (referente à produção entregue em outubro) caiu 3,9% (3,5 centavos por litro) em relação ao mês anterior, ficando à média de R$ 0,8542/litro – a média é ponderada pela produção dos estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA. Entre os fatores que pressionaram as cotações estão o aumento da produção no Sudeste e Centro-Oeste do País e a queda de preços de leite longa vida. Nem a região Sul, onde a oferta diminuiu, conseguiu evitar recuo de preços. Em relação a novembro/10, o preço médio do leite está 12,7% superior em termos reais, ou seja, já descontada a inflação do período (IPCA). O Índice de Captação de Leite calculado pelo Cepea (ICAP-Leite) ficou praticamente estável entre setembro e outubro, com leve recuo de 0,15%, considerando-se a média ponderada pelos mesmos sete estados. Na região Sul (média ponderada dos três estados), houve queda de 3,5% na captação de leite em função do final da safra de inverno. Já em Goiás, o aumento do índice foi de 4,3%; em São Paulo, de 2,5% e em Minas Gerais, de 1,8%, todos estimulados pela volta das chuvas. O ICAP-Leite/ Cepea ficou em patamar 1,4% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. Comparando-se o agregado dos últimos 12 meses com o dos 12 meses anteriores, houve queda de 2,4%. Segundo levantamento diário feito pelo Cepea, a média mensal do leite UHT no atacado paulista até o dia 28 de novembro era de R$ 1,79/litro (incluindo frete e impostos), 5% (ou quase 10 centavos por litro) abaixo da média de outubro. Segundo agentes consultados pelo Cepea, a queda ocorreu devido ao aumento da oferta de matéria-prima com a chegada da safra e também pela menor procura a partir de setembro em função dos preços relativamente elevados. No comparativo com o mesmo período do ano passado, a média de novembro está cerca de 10% superior, sem se considerar a inflação. O levantamento de preços do UHT é feito diariamente e tem o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios). No mercado de leite “spot” (comercialização de leite cru entre empresas/cooperativas), houve, em média, queda entre 5% e 7% nos preços negociados entre a primeira e a segunda quinzenas de novembro. Para o pagamento de dezembro (referente à produção entregue em novembro), 83% dos representantes de laticínios/cooperativas entrevistados (responsáveis por 95% do volume amostrado) esperam queda de preços. 54 Para os 17% restantes (respondem por 5% do volume da amostra), deve haver estabilidade de preços. Nenhum dos agentes consultados, portanto, acredita em alta de preços para o próximo pagamento. Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - OUTUBRO/11. (Base 100=Junho/2004)) Fonte: Cepea-Esalq/USP Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) Fonte: Cepea-Esalq/USP CONJUNTURA Ao produtor - Em novembro, a maior queda de preço do leite ao produtor ocorreu no Rio Grande do Sul, de 6,8% (5,6 centavos por litro) em relação a outubro. O valor médio no estado gaúcho foi de R$ 0,7665/litro. Em Santa Catarina, a queda foi de 5,2% (4,6 centavos por litro), com média de R$ 0,8354/litro. Já no Paraná, a redução foi menos intensa, de 1,1% (quase 1 centavo por litro) no período, a R$ 0,8594/ litro (valor bruto). Em Goiás, houve redução significativa dos preços, de 6% (ou 5,6 centavos por litro), com média de R$ 0,8769/litro. No centro-goiano, a queda chegou a 8,8% (8,7 centavos por litro) frente ao mês passado. Vale ressaltar que o estado apresentou o maior aumento no volume captado de leite em outubro. Em Minas Gerais, houve queda de 4% (3,6 centavos por litro), a R$ 0,8606/litro. Em São Paulo, o recuo foi de 2% (1,9 centavo por litro), com o litro a R$ 0,9208. Na Bahia, a média foi de R$ 0,7431/litro, leve queda de 0,7% (0,5 centavo por litro) frente a outubro. Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em NOVEMBRO/11 referentes ao leite entregue em OUTUBRO/11 Fonte: Cepea-Esalq/USP Preços em estados que não estão incluídos na “média nacional” – RJ e MS Fonte: Cepea-Esalq/USP Outras informações sobre o mercado lácteo: www.cepea.esalq.usp.br/leite e através do Laboratório de Informação do Cepea, com a pesquisadora Aline Barrozo Ferro e prof. Sergio De Zen: 19-3429-8836 / 8837 e [email protected] 56 fazer melhor CADERNO DE TECNOLOGIA DE LATICÍNIOS n Fraudes em leite: impactos na produção e qualidade de queijos 58 n Atividade antimicrobiana in vitro de Bifidobacterium animalis subsp. lactis sobre microrganismos de importância em produtos lácteos 60 UFV Universidade Federal de Viçosa fazer melhor Fraudes em leite: impactos na produção e qualidade de queijos Prof. Dr. Marco Antônio Moreira Furtado* Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados - Universidade Federal de Juiz de Fora http://www.ufjf.br/mestradoleite/ *E-mail [email protected] INTRODUÇÃO É comum se ouvir que de um leite de boa qualidade pode-se (ou não) fazer um bom queijo, mas o contrário não é verdade. Ou seja, com matéria prima de má qualidade não se consegue um bom produto final. Assim como todo produto perecível, o leite merece atenção especial na sua produção, transporte, beneficiamento, comercialização e consumo, pois estará sempre sujeito a uma série de alterações e também adulterações, seja pela simples adição de água ou pela incorporação de conservadores, reconstituintes, alcalinos, antibióticos e diversas misturas pré-balanceadas envolvendo principalmente soro de leite. Entretanto, o limite de detecção destas fraudes, cada vez mais elaboradas, tem sido um desafio constante para a comunidade científica, órgãos de fiscalização e motivo de grande preocupação de todos que se utilizam do leite como matéria prima, especialmente as indústrias de laticínios. A FRAUDE 1. Principais formas / propósitos Aumento de volume, com incorporação de água, soro de leite, leitelho, etc.; Prolongamento da vida útil do produto, incorporando conservantes, antibióticos, etc.; que irão diminuir ou inibir o crescimento da microbiota presente; Encobrir algum defeito ou má qualidade da matéria prima ou produto processado. 2. Principais Conseqüências / Leite Perda da qualidade / produto impróprio, fora dos padrões; Riscos à saúde / substâncias nocivas incorporadas; Crime econômico / subtração de componentes. 3. Principais Conseqüências / Queijos Reflexos na qualidade do produto final; Problemas no processamento e maturação; Impactos no rendimento; Prejuízos econômicos. 4. Principais motivos da sua não detecção O leite é um produto complexo, sujeito a modificações e/ou variações de seus componentes de forma natural; A falta de recursos humanos qualificados; Carência de métodos mais rápidos, com melhor sensibilidade, especificidade, precisão e exatidão; Lentidão na implementação de novos métodos analíticos, associada ao corporativismo das instituições; Outros motivos.... 5. Principais substâncias adicionadas ao leite... Água, Soro de leite, Leitelho, Reconstituintes, Alcalinos, Conservantes, Antibióticos, Misturas pré-balanceadas, Mistura de leite de espécies distintas E também incorporadas aos queijos... Amido e “gomas”, Gorduras Vegetais, Sal, Soro em pó, Sucedâneos de soja PRINCIPAIS FRAUDES, CONSEQUÊNCIAS E PONTOS CRÍTICOS 1. Misturas de leites de espécies distintas A motivação se dá em função do atrativo econômico (preço menor do leite de vaca). É um problema maior em países da Europa, onde alguns queijos são produzidos exclusivamente com leite de ovelha ou cabra e também misturas destes, onde a proporção de cada deve ser controlada. A detecção se faz com a utilização de técnicas sofisticadas de cromatografia, eletroforese convencional e capilar, e principalmente imunoensaios e técnicas moleculares, sendo que no Brasil ainda não existem laboratórios com rotina deste tipo de análise para o leite e, especialmente, queijos. 2. Água Ponto crítico: o método oficial, crioscopia, não é 58 conclusivo e facilmente burlado com adição de outras substâncias. Principais consequências na produção de queijos: Impacto no rendimento => em função da alteração da relação caseína/gordura, a coalhada será frágil, com perdas maiores de sólidos no soro; Impacto na qualidade => baixo teor de sólidos implica no aumento da %UMD (umidade na matéria desengordurada) resultando em queijo mole, comprometendo funcionalidade (fatiamento) no caso de Mussarela e Queijo Prato. 3. Reconstituintes, Conservantes, Alcalinos... Pontos Críticos: Detecção quase sempre é feita com a utilização de métodos qualitativos, tipo “presença/ausência”, de baixa sensibilidade ou especificidade; Além disso, a interpretação do resultado depende muito do conhecimento e experiência do analista, coleta e preparo de amostra, comparação com amostra de leite “autêntico” (prova em branco), etc. Principais consequências na produção de queijos: Impacto na fabricação => maior tempo de coagulação (muitos coagulantes são sensíveis a variações do pH) Impacto no rendimento => na maioria das vezes a coalhada é cortada em tempo pré-fixado pelos queijeiros e no caso de leite com acidez reduzida, a coalhada estará sempre frágil, implicando em maiores perdas no soro. 4. Soro de Leite A detecção desta fraude ainda é um grande problema a ser equacionado em nosso país, tendo em vista que os métodos oficiais de detecção não são conclusivos, e seus resultados têm sido sistematicamente questionados. Problemas associados à produção (má obtenção higiênica, resfriamento, com aumento de bactérias psicotróficas) têm prejudicado a exatidão, precisão, sensibilidade ou a especificidade dos métodos analíticos oficiais. Muitos artigos científicos, dissertações e teses têm sido publicadas no Brasil e exterior a este respeito. Soma-se a isso também a dificuldade de implementação de metodologias alternativas, em função de aspectos políticos e de gestão nos órgãos de fiscalização do governo. Muitas vezes a falha está na utilização do método em situações onde o mesmo não deve ser aplicado. Principais conseqüências na produção de queijos: Impactos no rendimento e na qualidade, semelhantes àqueles causados com a adição de água. Alteração da relação caseína/gordura, tornando a coalhada frágil, com perdas maiores de sólidos no soro. Baixo teor de sólidos, comprometendo a funcionalidade do produto final (fatiamento) no caso de Mussarela e Queijo Prato. 5. Antibióticos Pontos Críticos: A incorporação quase sempre é “involuntária”, com a mistura do leite de animais em tratamento ao leite de conjunto do rebanho. O prazo de eliminação do antibiótico depende de uma série de fatores. Em alguns casos este prazo poderá ser maior que 4 dias. Apesar do grande número de técnicas disponíveis para a detecção (especialmente em forma de kits) a existência de uma grande variedade de “famílias” de antibióticos pode dificultar, do ponto de vista operacional, sua detecção. Principais conseqüências na produção de queijos: São diversos os impactos causados na produção, rendimento e qualidade devido principalmente à inibição dos fermentos, prejudicando o desenvolvimento da acidez e provocando atraso na coagulação. Há também comprometimento da sinérese (grão não expulsa soro). Pode haver problemas na maturação, devido ao elevado pH do queijo quando for entrar na salmora. Também pode ocorrer atraso na filagem ou a massa não irá filar, porque o pH não foi reduzido suficientemente. Podem ocorrer efeitos diferentes sobre os diversos microorganismos, causando um desbalanceamento na cultura, provocando diversos defeitos, atraso na maturação, desenvolvimento de sabores estranhos no queijo. CONCLUSÕES Como forma de incentivar a melhoria do produto, todos os agentes da cadeia produtiva do leite devem ser envolvidos na discussão do problema, buscando o consenso para equacionar o “dilema”: pagamento por qualidade ou punição? Devem ser mais bem avaliados os prejuízos econômicos causados à indústria, além dos riscos potenciais à saúde do consumidor em decorrência dos produtos adicionados (principalmente antibióticos e conservadores). O controle fiscal deve ser adequado à realidade atual, e a metodologia analítica revisada com maior freqüência. Também os resultados analíticos, além de confiáveis, devem ser obtidos de forma mais rápida e com menor custo operacional, resultando em benefícios imediatos para todos os envolvidos na cadeia produtiva do leite. Convidado pela empresa Cap-Lab, o Prof. Dr. Marco Antônio Moreira Furtado ministrou palestra sobre o tema no Simpósio Nacional 2011 da Abiq (Associação Brasileira das Indústrias de Queijo). 59 fazer melhor Atividade antimicrobiana in vitro de Bifidobacterium animalis subsp. lactis sobre microrganismos de importância em produtos lácteos Juan Marcel Frighetto*, Raquel Righi da Silva, Neila Silvia Pereira dos Santos Richards, João César Dias Oliveira * Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria. Avenida Roraima, 1000, Prédio 42, Camobi, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. *E-mail [email protected] Resumo Os recentes avanços e o conhecimento da atividade biossintética de probióticos e sua ação antagônica sobre microrganismos patogênicos têm gerado uma nova dimensão da importância de alimentos probióticos em nutrição humana e saúde. Estudos in vitro demonstraram que determinadas cepas de Bifidobacterium são capazes de inibir o crescimento de patógenos. O objetivo deste trabalho foi determinar a atividade antimicrobiana in vitro de Bifidobacterium animalis subsp. lactis sobre microrganismos de importância em produtos lácteos, fornecendo subsídios para a continuação de estudos relacionados à funcionalidade de probióticos nestes alimentos. A capacidade de Bifidobacterium animalis subsp. lactis em inibir o crescimento de Citrobacter freundii ATCC 8090, Enterobacter aerogenes ATCC 13048, Escherichia coli ATCC 8739, Proteus mirabilis ATCC 25933, Salmonella Typhimurium ATCC 14028 e Staphylococcus aureus IAL 1606 foi avaliada através do método spot-on-the-lawn. A cultura de Bifidobacterium animalis subsp. lactis Bi-07 apresentou atividade antagonística sobre o crescimento dos microrganismos utilizados como indicadores, que apresentaram diâmetros de inibição entre 24,5 e 36,00 mm. Este fato pode estar relacionado à produção de ácido acético e ácido láctico em quantidades determinantes para a inibição do crescimento destes microrganismos. Os resultados obtidos ampliam as vantagens da utilização industrial de Bifidobacterium animalis subsp. lactis em alimentos, e possibilitam a continuação de estudos relacionados visando à pesquisa de substâncias antagonísticas produzidas por Bifidobacterium animalis subsp. lactis e à susceptibilidade de microrganismos patogênicos e deteriorantes à estes substâncias. Palavras-chave: probiótico, antagonismo bacteriano, toxinfecção alimentar. Introdução A característica de determinados alimentos em avançar além das necessidades nutricionais, proporcionando o benefício de reduzir o risco de doenças ou promover a melhoria da saúde, vem atraindo o interesse no desenvolvimento e na comercialização de produtos contendo agentes biologicamente ativos. Dentre os 60 alimentos funcionais, os produtos lácteos probióticos detêm a maior popularidade, representando cerca de 65% do mercado mundial deste segmento (AGRAWAL, 2005). Probióticos são definidos como microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FAO/WHO, 2001). Os microrganismos probióticos regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso em alimentos incluem determinadas linhagens de Lactobacillus, Lactococcus, Bifidobacterium e Enterococcus (BRASIL, 2008). O consumo de produtos lácteos probióticos tem sido associado à prevenção e atenuação de doenças intestinais diversas, tais como, intolerância à lactose (O’SULLIVAN, 2001), diarréias virais e bacterianas (ELMER et al., 1996), constipação, inflamações intestinais e alergias alimentares (KAILASAPATHY & CHIN, 2000). Os recentes avanços e o conhecimento da atividade biossintética de probióticos e sua ação antagônica sobre microrganismos patogênicos e deteriorantes têm gerado uma nova dimensão da importância de alimentos probióticos em nutrição humana e saúde (KAILASAPATHY & CHIN, 2000). Os mecanismos de interferência de probióticos envolvem competição nutricional, competição por sítios de ligação e produção de substâncias antagonísticas (DE MARTINIS et al., 2002). Em relação à produção de substâncias antagonísticas, os ácidos orgânicos, por exemplo, são fator primário na conservação dos produtos lácteos. Entretanto, a produção de diacetil, dióxido de carbono, peróxido, etanol, bacteriocinas, entre outras substâncias, também pode exercer ação inibitória sobre diferentes grupos de microrganismos (HELANDER et al., 1997). Deste modo, microrganismos probióticos podem estender o shelf-life de determinados alimentos e reduzir a incidência de toxinfecções alimentares. Tais propriedades são de fundamental interesse em produtos lácteos, considerando que o leite apresenta características intrínsecas como alta atividade de água, pH próximo à neutralidade e composição em nutrientes que o tornam susceptível ao crescimen- to de uma extensa variedade de microrganismos patogênicos e deteriorantes (FRANCO & LANDGRAF, 2002). Estudos in vitro demonstraram que determinadas cepas de Bifidobacterium exercem atividade antagônica contra patógenos (GIBSON & WANG, 1994). O objetivo deste trabalho foi determinar a atividade antimicrobiana in vitro de Bifidobacterium animalis subsp. lactis sobre microrganismos de importância em produtos lácteos, fornecendo subsídios para a continuação de estudos relacionados à funcionalidade de probióticos nestes alimentos. Material e Métodos A capacidade de Bifidobacterium animalis subsp. lactis Bi-07 (Danisco®) em inibir o crescimento de microrganismos de importância em produtos lácteos foi avaliada in vitro, em duplicata, através do método spot-on-the-lawn, adaptado de Lewus & Montville (1991). Como microrganismos indicadores foram utilizados Citrobacter freundii ATCC 8090, Enterobacter aerogenes ATCC 13048, Escherichia coli ATCC 8739, Proteus mirabilis ATCC 25933, Salmonella typhimurium ATCC 14028 e Staphylococcus aureus IAL 1606. Resumidamente, uma gota de 2 μL de cultura overnight de Bifidobacterium animalis subsp. lactis em caldo de Man, Rogosa and Sharpe (MRS) foi depositada sobre a superfície de ágar MRS, de forma a obter uma concentração celular central, em placas de Petri 90 x 15 mm. Após incubação em anaerobiose a 35-37 ºC por 24 horas, cada placa foi adicionada de uma sobrecamada de 8 mL de ágar infusão cérebro coração com 0,7% de ágar (soft BHI) contendo 800 μL de cultura indicadora em fase estacionária, submetida à três diluições seriadas. As placas foram incubadas a 35-37 ºC por 48 horas e o diâmetro das zonas de inibição foi mensurado. Resultados e Discussão A cultura de Bifidobacterium animalis subsp. lactis Bi07 apresentou atividade antagonística sobre o crescimento dos microrganismos utilizados como indicadores, que apresentaram diâmetros de inibição entre 24,5 e 36,00 mm. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1, na página seguinte. 61 fazer melhor Tabela 1 – Diâmetros de inibição médios obtidos por Bifidobacterium animalis subsp. lactis frente à microrganismos de importância em produtos lácteos Microorganismo indicador Diâmetro de inibição (mm) Citrobacter freundii ATCC 8090 36,00 Enterobacter aerogenes ATCC 13048 28,50 Escherichia coli ATCC 8739 28,00 Proteus mirabilis ATCC 25933 29,00 Salmonella typhimurium ATCC 14028 24,50 Staphylococcus aureus IAL 1606 30,00 Quanto às suas características metabólicas, as espécies do gênero Bifidobacterium diferenciam-se das espécies de bactérias lácticas por não possuírem enzima aldolase, utilizada por bactérias homofermentativas, e apresentarem uma reduzida atividade de fosfofrutocinase (DE ROISSART & LUQUET, 1994). Dentre os metabólitos produzidos por Bifidobacterium, estão o ácido acético e o ácido láctico, que em quantidades suficientes, podem inibir o crescimento de microrganismos sensíveis à redução de pH (GOTTSCHALK, 1986). Em estudos prévios sobre a sensibilidade bacteriana à redução de pH, o ácido clorídrico apresentou menor efeito inibitório, em mesmo pH, comparado à ação de ácido acético sobre espécies de Salmonella e à ação de ácido láctico sobre E. coli enterohemorrágica (FRANCO & LANDGRAF, 2002; GLASS et al., 1992). Pesquisas sobre a susceptibilidade de espécies de Citrobacter, Enterobacter e Proteus às substâncias antimicrobianas ocorrem em menor frequencia. No entanto, estes microrganismos são comumente associados à deterioração de alimentos. Espécies do gênero Proteus são capazes de produzir enzimas lipolíticas, que atuam em reações de hidrólise de lipídios em leite e derivados. Já Enterobacter spp. são usualmente responsáveis pelo aumento de viscosidade em leite e creme de leite, devido à dispersão de seu material capsular, que apresenta aspecto mucilaginoso. Os gêneros Citrobacter e Enterobacter, pertencentes ao grupo coliformes, também são importantes indicadores de qualidade e segurança alimentar (FRANCO & LANDGRAF, 2002). Conclusão A cultura de Bifidobacterium animalis subsp. lactis Bi07 apresentou atividade antagonística sobre o crescimento dos microrganismos utilizados como indicadores neste trabalho. Os resultados obtidos ampliam as vantagens da utilização industrial de Bifidobacterium animalis subsp. lactis em alimentos, e possibilitam a continuação de estudos relacionados visando à pesquisa de substâncias antagonísticas produzidas por Bifidobacterium animalis subsp. lactis e à susceptibilidade de microrganismos patogênicos e deteriorantes à estas substâncias. Agradecimentos À Danisco®, pelo fornecimento de cultura liofilizada direct vat set (DVS) de Bifidobacterium animalis subsp. lactis Bi-07. 62 Referências AGRAWAL, R. Probiotics: an emerging food supplement with health benefits. Food Biotechnology, v.19, p.22746, 2005. BRASIL. Lista de alegações de propriedade funcional aprovadas. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, jul. 2008. Disponível em: <http://www.anvisa. gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm>, Acesso em: 20 jun. 2010. DE MARTINIS, E. C. P.; ALVES, V. F.; FRANCO, B. D. G. M. Bioconservação de alimentos. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, v.29, p.114-119, 2002. DE ROISSART, H. & LUQUET, F. M. Bactéries Lactiques. vol. 1. Uriage, France: Lorica, 1994. ELMER, G. W.; SURAWICZ, C. M.; MCFARLAND, L. V. Biotherapeutic agents: A neglected modality for the treatment and prevention of selected intestinal and vaginal infections. J Am Med Asoc, v. 275, p. 870-876, 1996. FAO/WHO. Evaluation of health and nutritional properties of powder milk and live lactic acid bacteria. Food and Agriculture Organization of the United Nations and World Health Organization Expert Consultation Report, 2001. FRANCO, B. D. G. M. & LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. Porto Alegre: Atheneu, 2002. GIBSON, G. R. & WANG, W. Regulatory effects of bifidobacteria on the growth of other colonic bacteria. Journal of Applied Bacteriology, v.77 p.412-420, 1994. GLASS, K. A.; LOEFFELHOLZ, J. M.; FORD, J. P; et al. Fate of Escherichia coli O157:H7 as affected by pH or sodium chloride and in fermented dry sausage. Applied and Environmental Microbiology, v.58, p.2513-2516, 1992. GOTTSCHALK, G. Bacterial metabolism. 2nd ed. New York: Springer, 1986. HELANDER, I. M.; VON WRIGHT, A.; MATTILA-SANDHOLM, T. M. Potential of lactic acid bacteria and novel antimicrobials against gram-negative. Trends in Food Science and Technology, v.8, p.146-150, 1997. KAILASAPATHY, K. & CHIN, J. Survival and therapeutic potential of probiotic organisms with reference to Lactobacillus acidophilus and Bifidobacterium spp. Immunology & Cell Biology, v.78, p. 80-88, 2000. LEWUS, C. B. & MONTVILLE, T. J. Detection of bacteriocins produced by lactic acid bacteria. Journal of Microbiological Methods, v.13, p.145150, 1991. O’SULLIVAN, G. C. Probiotics. Brit J Surg, v. 88, p. 161162, 2001.
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