No 19 - Edição de Novembro de 2008 (tamanho

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No 19 - Edição de Novembro de 2008 (tamanho
COMISSÃO ORGANIZADORA 2009
Coordenador-Geral
Gustavo Roxo
Membros
Paulo Cherberle - Bradesco
Odair Garcia - Banco do Brasil
Delfino Natal de Souza - Caixa Econômica Federal
Darlene G. A. Fasolo - Santander
Wilson Inácio Nunes - Nossa Caixa
Keiji Sakai - J.P. Morgan
Agostinho H. T. de Gouveia - Banco Real
Superintendente de Comunicação Social da Feb raban
William Thomazzi Salasar
Consultor
Luis Marques de Azevedo
Edição
Danilo Vivan (MTB 46.219)
Fotos
Arnaldo Pereira, Reinaldo Canato e Alexis Flores
Colaborad or
Vanderlei Campos
ESTA É UMA PUBLICAÇÃO
DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
DE BANCOS - FEBRABAN
Gerente Geral de Eventos e Cursos da Febraban
Nair Macedo
Projeto Gráfi
ficco e Editoração
Felici+Designers
Superintendente das Assessorias Técnicas da Febraban
Wilson Antonio Salmeron Gutierrez
Pautas, Reportagens e Textos
ABCE Comunicação
COPYRIGHT 2008 · NOVEMBRO
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Assessor Técnico da Feb raban
Nilton César Gratão
Sede
Av. Brigadeiro Faria Lima, 148
14º e 15º andar · Torre Norte, Pinheiros
01452-921 · São Paulo, SP
www.febraban.org.br
05 | PAGAMENTO ELETRÔNICO
14
Cartões, Internet Banking e transferências eletrônicas. Os meios
eletrônicos de pagamento estão tomando conta do Brasil.
De acordo com o Banco Central, o uso de meios eletrônicos de
pagamento cresceu 53,4% no período de cinco anos, de 2002
a 2007. Enquanto isso, o uso do cheque caiu 36,7% no período.
12 | EUA E MéXICO, SEM FRONTEIRAS
18
Projeto Directo a México permite que mexicanos, residentes nos
EUA, transfiram os dólares que ganham para seu país de origem.
Tudo rápido, seguro e com baixo custo. Hoje, o serviço registra
a média diária de 28 milhões de pagamentos, quase a totalidade
constituída de operações de baixo valor.
22 | TECNOLOGIA VERDE
24
Especialistas brasileiros afirmam que o Brasil é uma das
três grandes opções globais para outsourcing de Tecnologia
da Informação (TI), junto com a Índia e China. Empresas
internacionais que buscam alternativas para instalar seus data
centers encaram o Brasil com uma das principais alternativas.
Porém, eles se preocupam muito com o custo e a limpeza
da energia utilizada.
Índice
Editorial
04
Meios Eletrônicos
05
Bancarização
08
Case Internacional
12
DDA
14
Indústria de Cartões
18
Green IT
22
Destaques 2008
24
CIAB FEBRABAN 2008
O Ciab Febraban 2009 já está no
ar. A Febraban marcou a data
(dias 17, 18 e 19 de junho de
2009, no Transamérica Expo Center, São Paulo) e escolheu o tema
central: bancarização, que vai liderar os debates do grande congresso. Ao lado desse tema,
outros vão se impor como o Débito Direto Autorizado (DDA), a
evolução dos meios de pagamento, dos cartões, mobilidade,
sustentabilidade, Green IT e outros que fazem do Ciab o maior
evento de TI e de novos modelos
de negócios das instituições financeiras da América Latina.
Também para o recinto de exposições os trabalhos para a
19ª edição do Ciab estão adiantados. Já contamos com 14
patrocinadores e 75% do espaço para estandes de expositores está reservado. Os patrocinadores que já confirmaram presença são: Itautec, IBM, Diebold Procomp, Oi,
Perto, HP, e CPM Braxis na categoria Diamante. Para as
outras categorias de patrocinadores já confirmaram:
Microsoft, CA, NCR, CSC Brasil, DTS, Eccox; além do copatrocínio da Serasa.
É interessante que todas essas companhias já foram patrocinadoras e expositoras do Ciab Febraban, algumas
delas por várias vezes, o que significa que os investimentos
realizados em nosso evento são compensadores.
A Revista do Ciab Febraban se insere no esforço permanente da Febraban de promover o debate sobre questões
tão importantes para o sistema financeiros quanto as mencionadas. Todos esses temas são alvos de exposições, workshops e painéis tanto internos quanto em eventos externos.
Nas páginas dessa edição, o
leitor vai encontrar uma profunda
discussão sobre o tema central
bancarização. A pesquisadora
para toda a América Latina, Liliana Rojas vai nos contar porque,
apesar de avanços, os índices de
bancarização dos países da região ainda estão baixos. Na
América Latina, apenas 34,65%
da população adulta tem acesso
aos serviços bancários. O Chile
lidera com 60% e o Brasil está ligeiramente acima da média da
região, com 43%, devendo fechar 2008 com 46%.
Um problema levantado por Liliana é que continua difícil o acesso a empréstimos pelas
pequenas e microempresas nos países latinos. Em porcentuais, pequenas e médias empresas oscilam, por país,
de 14% a 26% de todo o crédito disponibilizado. Já as
micro, de 6% a 8% apenas.
Outras matérias desta revista refletem temas que estão
se impondo ao temário Ciab e todas as atividades da
Febraban. Trazemos a atualidade do DDA, marcado para
lançamento aos correntistas em outubro de 2009, cerca
de três meses após o congresso. Mostramos o raio-x que
o Banco Central faz da evolução dos meios de pagamento, o clímax dos cartões no Brasil; além das estratégias para sustentabilidade do Green IT e um completo
debate sobre os destaques do Ciab 2008.
Por fim, destacamos o case internacional apresentado
pelo FED norte-americano. A diretora Elizabeth McQuerry, apresenta a experiência bi-nacional que permite
envio eletrônico de depósitos dos EUA para o México.
DA REDAÇÃO
04 NOVEMBRO · 2008
CIAB FEBRABAN 2008
O
IMPERIO
DOS MEIOS ELETRÔNICOS
Cartões, Internet Banking e transferências eletrônicas. Os
meios eletrônicos de pagamento estão, cada vez mais,
ganhando terreno no Brasil. Além disso, as cadeias de
valor que dão suporte aos Meios Eletrônicos de Pagamento estão se especializando. Estas são algumas das
conclusões do Adendo Estatístico do Sistema de Pagamentos de Varejo no Brasil, uma compilação de estudos
e levantamentos a respeito dos meios eletrônicos de
pagamento no Brasil.
O Adendo foi apresentado no Ciab Febraban 2008 por
José Antonio Marciano, diretor do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban),
do Banco Central.
Recentemente, no 3º Congresso Brasileiro de Meios
Eletrônicos de Pagamento (CMEP), Antonio Jacinto Matias, vice-presidente da Febraban, comentou que a indústria de cartões do Brasil é uma grande arma para
enfrentar as atuais turbulências financeiras.
De forma geral, o Adendo do Bacen indica que o uso de
meios eletrônicos de pagamento cresceu 53,4% no
período de cinco anos, de 2002 a 2007. O estudo comprova, mais uma vez, a tendência da redução do uso do
cheque – que registra uma significativa diminuição de
36,7% no período. Já o uso de cartões de crédito e de
débito continua avançando. Os aumentos foram, respectivamente, de 38% e 31,4%.
2008 · NOVEMBRO 05
CIAB FEBRABAN 2008
Instrumentos de pagamento
QUANTIDADE 2002 (%)
QUANTIDADE 2007 (%)
16,9
19,7
18,9
8,8
11,1
45,9
22,2
Transferência de Crédito Interbancária
Debito Direto
19,4
28,2
9,0
Cartão de Crédito
Cartão de Débito
Cheque
Fonte:: Banco Central do Brasil (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos de Varejo do Brasil)
DÉBITO PARA PEQUENOS VALORES
Uma característica relevante da evolução apresentada
pelos meios de pagamento no Brasil é a de que os
cheques aumentaram seu valor médio, a partir de 2003,
indicando que sua substituição se dá especialmente nas
transações de menor valor,
justamente a faixa preferida dos cartões de débito.
A participação das transações com cartões aumentou de 48% para 55%,
isso se levarmos em consideração os pagamentos
inferiores a R$ 5 mil. No
mesmo segmento, a participação das transferências de crédito (DOC, boletos e TED) evoluiu de
17% para 22%. Esses ín dices forçaram mais uma
queda, de 34% para 23%,
na incidência de cheques.
Os cartões, de forma geral, chegaram a cerca de 50% de
participação no total de pagamentos de varejo, em 2007.
De acordo com o Banco Central, houve aceleração no
ritmo de crescimento da
quantidade de cartões, que
aumentou 38% – ante o
crescimento médio de 25%
nos três anos anteriores.
Os números mostram uma
situação paradoxal: em
números absolutos, tanto a
quantidade de transações
quanto a soma do valor
dessas operações aumentaram; por outro lado,
quando se considera o número de operações realizadas por cartão, o resultado é uma diminuição.
Esse movimento coincidiu,
no entender do BC, com a
chegada desse instrumento às classes de mais baixa
renda, que ainda apresentam utilização inferior à
média histórica. Pelo mesmo motivo, o estudo mostra
que, no final de 2007, havia em média 0,6 cartão de
crédito e um cartão de débito per capita no Brasil.
Marciano, do Banco Central,
apresentou estudo sobre sistema
de pagamentos de varejo
Por outro lado, a participação das TEDs (Transferências Eletrônicas Disponíveis) de menor valor (aquelas que ficam abaixo de R$ 5 mil) apresenta uma tendência de crescimento, passando de 6,9% em 2005 para 8,3%
em 2007.
06 NOVEMBRO · 2008
CARTÕES REPRESENTAM
METADE DOS PAGAMENTOS NO PAÍS
CIAB FEBRABAN 2008
Para Matias, da Febraban,
indústria de cartões
do Brasil é uma grande
arma para enfrentar as atuais
turbulências financeiras
O cenário positivo para os cartões também é estimulado
pela rede física para a realização das operações. A quantidade de terminais que aceitam cartão de crédito
cresceu 46%. Já o número de caixas eletrônicos que permite as transações com cartão de débito cresceu 31,4%.
ACESSO REMOTO
O Adendo do BC demonstra que os valores envolvidos
com os instrumentos de pagamento (incluindo o cheque)
evoluíram de 2002 a 2007, em 44% pontos positivos. Mas
tal desenvolvimento está longe da perfeição e da homogeneidade.
Um exemplo disso é que, na opinião da instituição,
parcela das operações, antes realizadas em ATMs (caixas
eletrônicos) pode ter migrado para canais de acesso remoto (Internet, home e office banking etc), pois o volume
das operações passíveis de serem realizadas nesses
canais de atendimento diminuiu 3% no primeiro canal e
aumentou 21% nos canais de acesso remoto.
Um congresso
para os cartões
Conseqüência da importância cada vez maior dos
cartões para os bancos e para a economia, a Febraban realiza, há três anos, o Congresso Brasileiro de
Meios Eletrônicos de Pagamento (CMEP), em parceria
com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões
de Crédito e Serviços (ABECS). A edição 2008, realizada no Centro Fecomércio de Eventos, em São
Paulo, nos dias 14 e 15 de outubro, teve como tema
principal Cartões de Crédito: benefícios para o cliente
e para o País. O evento contou com painéis a respeito,
por exemplo, dos cartões sob a ótica macroeco-
nômica, sustentabilidade e bancarização e ética na
comunicação com o consumidor.
O economista chefe da Febraban, Rubens Sanderberg, citou durante o CMEP o trabalho do BC no sentido de conter a pressão inflacionária, causada pela
alta dos preços. “É claro que vamos sofrer alguns impactos, como a redução da taxa do crescimento do
crédito, por exemplo. Mas, acredito que o Brasil está
muito bem posicionado entre os emergentes para receber novos investimentos estrangeiros”.
2008 · NOVEMBRO 07
CIAB FEBRABAN 2008
Liliana Rojas acredita que falta de confiança no
sistema bancário gera auto-exclusão e mais informalidade
CAUTELA E
TECNOLOGIA
PARA TEMPOS DE CRISE
Bancarização. Esse é o tema do Ciab Febraban 2009. Marcado
para 17, 18 e 19 de junho, o evento contará com discussões a respeito de como a tecnologia contribui para o acesso aos serviços
financeiros. A pesquisadora Liliana Rojas-Suárez, apresentou,
no 3º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento (promovido em outubro pela Febraban) uma prévia desse debate.
08 NOVEMBRO · 2008
CIAB FEBRABAN 2008
Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, já diz o ditado
popular que virou verso em música
de Jorge Ben Jor. Mas, para manter
os ganhos de bancarização na América Latina em tempos de crise financeira, a receita da pesquisadora
Liliana Rojas-Suárez, presidenta do
Comitê Latino-Americano de Assuntos Financeiros e pesquisadora do
Center for Global Development, é
cautela e Tecnologia da Informação
(TI). A pesquisadora apresentou a
versão atualizada de sua grande
de casa tradicional: é fundamental
manter os atuais índices macroeconômicos, pois não há mais linhas
de crédito de fora para toda a
América Latina. “Não estamos vivendo tempos normais. Isto é um
freio à bancarização”.
MENOS IMPOSTOS
Neste quesito, o da macroeconomia, é necessário baixar os impostos
sobre operações financeiras, antigo
problema aqui aliado à burocracia.
“O Brasil é o país que mais pede
para os EUA e demais países industrializados são muito fortes.
Sempre é bom não esquecer, adverte a pesquisadora, que 70% do
consumo bruto é de consumidores finais e eles não estão comprando.
“Pela primeira vez, em muitos anos,
o consumo é negativo”. Apesar disso, Liliana posiciona: “não há sinais
alarmantes, mas os bancos sabem o
que virá”. Especialmente no Brasil,
onde o que mais preocupa é o déficit
de conta corrente.
Segundo Liliana, é fundamental manter os
atuais índices macroeconômicos, pois não há
mais linhas de crédito de fora para toda a
América Latina. “Não estamos vivendo tempos normais. Isto é um freio à bancarização”.
pesquisa sobre os níveis de acessibi lidade a serviços bancários em toda
a região. Em apenas dois meses, a
crise econômica financeira internacional agregou novas variáveis ao
quadro de bancarização na América
Latina, como não poderia ser diferente. “Falta de confiança no sistema
bancário gera auto-exclusão e aumento da informalidade, afetando a
oferta e a demanda de serviços financeiros”, afirma. Por enquanto,
não há muito que fazer além da lição
documentos para, por exemplo, registrar propriedades e é caso extremo na América Latina em impostos”, lembra Liliana. Logo, espe cialmente no momento atual, é urgente a correção dos problemas
fiscais. Falta muito que fazer em bancarização, mas os diálogos internos
na região foram decisivos para avanços, entre 2006 e 2008.
Apesar da instabilidade, Liliana informa que as projeções de recessão
ATMS EM ALTA
Apesar de avanços, a pesquisa sinaliza que os índices de bancarização
dos países da região ainda estão bem
baixos em relação aos dos países
mais industrializados. Na América
Latina apenas 34,65% da população
adulta tem acesso aos serviços ban cários, enquanto que 96,8% nos países industrializados. O Chile lidera
com 60% e o Brasil está ligeiramente
acima da média da região, com 43%,
mas deve fechar 2008 com 46%.
2008 · NOVEMBRO 09
CIAB FEBRABAN 2008
Um dos conjuntos de dados que
começam a acelerar a bancarização
na América Latina está na composição de agências por bancos
públicos e privados. Em relação a
agências de bancos públicos como
percentual do total de agências do
sistema, a Costa Rica lidera com
61,61%, seguida pelo Brasil (43,01%),
e Argentina (36,9%). Por último, a
Bolívia, com nenhuma. Nesse contexto, Brasil e Chile são os países
com maior número de ATMs por 100
mil habitantes, 32 e 31,09 unidades
respectivamente. Um aspecto que
chama atenção é que a distância
entre os países cresce cada vez mais.
Os países latinos demonstram a
preferência em expandir o número
de ATMs do que implantar agências.
Os que mais expressam esta realidade são Colômbia, México e Brasil.
Em termos de acesso da população
a serviços bancários, o Brasil encontra-se em quarto lugar com 43%,
precedido de Chile (60%), Venezuela
(49,47%) e Panamá (46%). O último
colocado é a Bolívia, com apenas
8%. Para a pesquisa, o Brasil se encontra na faixa entre baixa e média
taxa de acesso a serviços bancários,
em cerca de 40%. Em termos de
acesso médio e alto na faixa dos
50% a 60%, apenas está o Chile.
destaca significativa acumulação de
reservas internacionais e diminuição
de exigências de financiamento externo (recompra de dívida). A
pesquisa também levanta avanços e
recomendações em fatores sociais.
Entre os avanços, na Colômbia
houve o aumento do microcrédito e
no Peru o convênio entre a Superintendência Bancária e Ministério da
Educação para capacitação de professores para a inclusão, na grade
escolar, da disciplina de planeja-
o Brasil é
líder no uso
de tecnologia
bancária entre
OS países
da América
Latina que
disponibilizam
serviços
bancários via
pontos de
venda ou Internet,
CHOQUES EXTERNOS
Os principais obstáculos ainda presentes para a bancarização da Amé rica Latina são desequilíbrios macroeconômicos e financeiros, fatores sociais que limitam a atuação financeira, problemas oriundos de operação bancária, fragilidades institucionais e distorções regulatórias.
Entre avanços significativos, são
elencados a melhora de políticas
macroeconômicas e a menor fragilidade em relação a choques externos. Deste último item, o estudo
10 NOVEMBRO · 2008
mento financeiro. Entre as propostas
apresentadas, está a do Brasil em
melhorias de treinamento de magistrados.
DINHEIRO DIFÍCIL
PARA PEQUENOS
Um problema levantado pela
pesquisa é o de que continua difícil o
acesso a empréstimos pela pequenas
e microempresas na região. Entre os
quatro países destacados pelo estudo – Colômbia, Chile, El Salvador e
Honduras – as grandes empresas
continuam tendo acesso fácil, não
apenas à linha de créditos nacionais
e internacionais. A realidade fica mais
difícil para o restante do mercado –
quanto menor a empresa, menos di nheiro disponível. Em percentuais,
pequenas e médias empresas oscilam, por país, de 14% a 26%. Já as
micro, de 6% a 8% apenas.
O estudo aponta que o custo de
monitoramento como porcentual do
valor do empréstimo é maior para as
menores do que para grandes empresas, envolvendo custos fixos
bancários e custos variáveis altos em
“visitas” à microempresa.
Além disso, o risco de concessão de
crédito é maior em pequenas empresas do que para as grandes. Entre
outros elementos para esta situação,
está a heterogeneidade das pequenas, médias e microempresas (limita
o uso de credit scoring para estas últimas), informalidade na falta de
transparência dos balanços, baixo
nível de cultura financeira e falta de
diversificação de fontes de receita.
É POR AQUI
Um caminho das pedras é sinalizado
pela pesquisa. Para obter crédito,
quais os quesitos mais importantes?
Para as grandes empresas, os mais
importantes são os balanços contábeis e estados de perdas e ganhos.
Estas empresas não enfrentam obstáculos de ordem social. Já para as
pequenas, médias e microempresas,
é importante a informação sobre o
devedor: registros de crédito ou coleta direta de bancos. Nesta esfera,
os obstáculos sociais (informalidade,
baixa cultura financeira) tornam os
balanços não confiáveis. Em metade
dos países da América Latina, mais de
70% dos bancos possuem unidades
especializadas em créditos a pequenas e médias empresas. A porcenta-
CIAB FEBRABAN 2008
Na América Latina poucos
bancos utilizam credit
scoring para os riscos de
crédito em pequenas e
médias empresas. Aqui,
Liliana aponta que o alto
nível de informatização
dos bancos brasileiros
ajuda de forma decisiva
a resolver este problema
gem cai para 38% dos países no caso
de cessão de microcréditos. Na me tade dos países da região, menos de
um terço dos bancos utilizam credit
scoring para os riscos de crédito em
pequenas e médias empresas. Aqui,
Liliana aponta que o alto nível de informatização dos bancos brasileiros
ajuda de forma decisiva a resolver
este problema. Pois, cada vez mais o
cliente é mais bem visto e avaliado
pela instituição financeira, fazendo
os serviços serem realizados de forma mais competente e em prazos
mais curtos.
EFICIÊNCIA DOS BANCOS
Aspecto dos mais importantes abordados na pesquisa é o de problemas
relacionados a operação bancária.
Há muito que melhorar na eficiência
dos sistemas bancários da região. A
diferença entre os países ainda é
muito grande. O Chile aparece em
excelência numa ponta e, na outra,
a Argentina. Em gastos de administração e ativo rentável médio em
percentuais, o Chile encabeça com
2,42%, seguido de Brasil (2,51%), El
Salvador (3,20%) até o último colocado com México (6,07%). Já outra
coluna bem ilustrativa aborda gasto
de operação e margem financeira
total. A Argentina aparece em
primeiro lugar com 94,64%, na seqüência com Costa Rica (92,74%),
Brasil (92,48%), Bolívia (85,92%) até
Chile (55,32%).
Entre os obstáculos institucionais, a
pesquisa localizou os problemas de
maior importância na região: as travas
burocráticas, a falta de proteção a direitos dos credores e deficiências nos
registros de propriedade. As associações bancárias do Peru, Equador, Nicarágua e Guatemala registram maiores problemas institucionais que afetam a bancarização.
Fica claro na pesquisa que os avanços em regulação e supervisão na
região são muito importantes, especialmente na conquista da estabilidade financeira. Contudo, ainda há
uma série de regulações (ou falta
delas) que atrapalham o acesso aos
serviços financeiros.
2008 · NOVEMBRO 11
CIAB FEBRABAN 2008
Os super-DOCs,
além de la fro
Estima-se que vivam, nos Estados
Unidos, cerca de 10 milhões de imigrantes mexicanos. É uma força de
trabalho com influência econômica e
política, nos Estados Unidos e no
próprio México. E, assim como os
dekasseguis brasileiros que vivem no
Japão, esses trabalhadores enviam,
todos os anos, milhões de dólares
para seus familiares, do outro lado
de ‘la frontera’.
Criar um sistema
de
pagamentos
que permitisse a
transferência rápi da, segura e a bai xo custo dessa
montanha de dinheiro – geralmente distribuída em
milhões de transa ções de baixo va lor – foi, para o Federal Reserve
(FED, o banco central dos Estados
Unidos) e o Banco de Mexico (seu
12 NOVEMBRO · 2008
correlato no México), um enorme
desafio. O sistema, batizado de ‘Directo a Mexico’, foi apresentado no
Ciab Febraban 2008 pela representante do FED de Atlanta (EUA), Elizabeth Mcquerry.
bancos centrais anunciaram a conexão dos sistemas de pagamento.
A partir de fevereiro de 2004, as instituições financeiras dos EUA associadas puderam enviar pagamentos
eletronicamente a contas bancárias
localizadas no país vizinho, se beneficiando do
serviço que usa um modelo híbrido entre os
sis- temas de pagamen to dos dois países. Sua
apresentação prática
acabou por ser a mais
simples possível, em
quase tudo semelhante
ao formato Swift.
Elizabeth
McQuerry, do
FED, apresentou
sistema que
permite envio
eletrônico
de depósitos
dos EUA para
o México
Embora tenha sido lançado oficialmente em 2005, o sistema existe
desde 2003 – ano em que os dois
COOPERAÇÃO
POLÍTICA
O objetivo era transformar os pagamentos internacionais em operações tão simples quanto os pagamento domésticos. “As soluções
começaram a ser desenvolvidas em 1999, inicialmente
para o Canadá”, conta Elizabeth.
Posteriormente, o FED agarrou a
CIAB FEBRABAN 2008
ntera
oportunidade de cooperação política e de processos com os mexicanos, no sentido de compatibilizar
os sistemas de pagamentos. Hoje, o
serviço registra a média diária de 28
milhões de pagamentos, quase a totalidade constituída de operações
de baixo valor.
As transações passam pela fedACHA
(a câmara de compensações do FED
americano), que mantém links com o
Banco de México e já previa pagamentos internacionais.
“Começamos a melhorar as previsões de chegada das transações no
México. Atualmente, um depósito
realizado nos EUA é disponibilizado
para o banco no mesmo dia e para o
cliente localizado no México no dia
útil seguinte”, informa Elizabeth.
O CÂMBIO
FIXO A FIXO
A executiva do FED avalia que as
transações transnacionais são complicadas pelo número de agentes
que participam do processo. “Na
maioria dos casos, são operações
caras para o cliente e onerosas aos
bancos; assim encontramos instituições financeiras que chegam a cobrar de US$ 30 a US$ 50 apenas para
serem o correspondente internacional”. Para as pretensões do Directo a
México, era impossível conviver com
isso. Então, os gestores conseguiram uma espécie de unificação do
câmbio no âmbito de sua operação
e o chamaram de fixo a fixo.
“Ganhamos um dia, pois podemos
dispensar a figura do correspondente internacional, com o câmbio
embutido no processo e proporcionando ganhos importantes com o
alto volume”.
LIBERDADE PARA
OS BANCOS
“Os bancos são nossos clientes e
apresentam o Directo aos seus correntistas com liberdade para agregar
valor e facilidades próprias”. As ins tituições podem escolher o quanto
cobrar pelas operações de câmbio
(quantos pesos mexicanos serão pagos no México por cada dólar depositado nos EUA), mas geralmente
aproveitam essa estrutura que oferece um custo muito baixo. O spread
cobrado no sistema do Directo é o
orgulho de seus gestores. “Nosso
spread máximo é de 0,21% do valor
da transação. E, mais importante, na
maioria das vezes as transações são
de baixo valor”, diz Elizabeth.
BANCARIZAÇÃO
O sistema, como está estruturado
e valendo-se do seu portal, oferece
acesso eletrônico a mais de 41 milhões de contas de bancos comerciais
mexicanos e mais algumas oriundas
de instituições não bancárias.
O Directo a México opera com o SPEI
(Sistema de Pagamentos Eletrônicos
Interbancários) similar mexi-cano ao
Sistema de Pagamentos Brasileiro
(SPB). O sistema está disponível nos
caixas eletrônicos (estimativas apontam que existam mais de 27 mil naquele país); através de compras com
cartões de débito (operantes em
mais de 340 mil terminais de ponto
de venda); além de ser encontrado
em qualquer banco mexicano ou filiais das instituições americanas.
2008 · NOVEMBRO 13
CIAB FEBRABAN 2008
A mais significativa mudança em meios de pagamento,
desde a padronização dos boletos e a inserção de códigos
de barras, vai criar novo modelo de negócios
vem aí o
DDA
A Febraban, em parceria com várias associações, criou o
projeto DDA (Débito Direto Autorizado), que abre a possibilidade do trâmite totalmente eletrônico de boletos
comuns de cobrança. No painel “Meios de Pagamento”
do Ciab Febraban 2008, André Rodrigues Cano, diretor
da Febraban e representante do Bradesco, adiantou detalhes do DDA que vai permitir a apresentação de títulos
de cobrança, como mensalidades escolares, aluguéis,
condomínio e outros de forma eletrônica.
“Se trata da apresentação eletrônica das faturas em papel,
criando um sistema que permitirá que todos os compromissos de pagamento sejam recebidos eletronicamente
por meio dos bancos de relacionamento dos clientes, pessoas físicas ou jurídicas. Fora essa inovação, a formatação
atual dos pagamentos fica preservada”, explicou Cano. O
projeto é um trabalho conjunto da Febraban com diversas
associações: a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), a
Associação Nacional de Bancos (ASBACE), a Associação
Brasileira de Bancos Internacionais (ABBI); e a Câmara In-
14 NOVEMBRO · 2008
terbancária de Pagamentos (CIP), que concentra a estrutura tecnológica. O projeto tem um comitê gestor, já tem
três anos de debates sobre sua padronização e marcou
para outubro de 2009 o lançamento dos boletos eletrônicos aos correntistas.
MENOS UM BILHÃO DE BOLETOS
DE PAPEL
Participam do projeto todos os 129 bancos que compõem a compensação dos sistemas de cobrança. Essa
movimentação trará um benefício sócio-ambiental que
interessa à sociedade. “Mais de 2,36 bilhões de boletos
em papel são processados atualmente (crescimento de
30% no ano)”, ponderou Cano. A meta é atingir 50% dos
boletos em três anos.
Ou seja, se espera que metade da rotina de pagamentos
seja feita de forma eletrônica. “Mesmo desprezando o
aumento do número de boletos, teremos significativa redução de papel”, garantiu. A conta impressiona. “Deixa-
CIAB FEBRABAN 2008
remos de cortar 18,2 mil árvores ao ano, além da economia na fabricação do papel, no consumo de energia e
emissão de CO2”.
A Febraban estima que o Brasil deixe de consumir aproximadamente 590 milhões de litros de água e 29,5 milhões de KW/hora. “Evitaríamos a emissão de 1,87 milhão de quilogramas de CO2 um dos vilões do aquecimento global. O CO2 ainda provoca doenças respiratórias que geram enormes despesas à sociedade. O
projeto tem uma função sócio-ambiental fundamental”.
Conforme avançará a adesão ao DDA, esses benefícios
Quando o DDA entrar em vigor, os sacados escolherão
os bancos de seu relacionamento que comunicarão à CIP
a escolha. Os bancos dos cedentes (que receberão os recursos) verificarão se os clientes são sacados eletrônicos;
se forem, gerarão faturas eletrônicas e as enviarão ao
DDA, que as armazenará. Já os bancos dos sacados (de
onde sairão os recursos) disponibilizam aos seus clientes
a consulta ao DDA.
Os sacados efetuam os pagamentos da melhor forma
que convier, mantendo-se a forma atual. A adesão ao sistema será rigorosamente voluntária.
SEGUNDO ANDRé CANO,
DA FEBRABAN, BOLETO
ELETRÔNICO VAI REDUZIR
CONSUMO DE PAPEL E DE
ENERGIA, ALéM DE DIMINUIR
EMISSÃO DE CO2
são multiplicados. “Se considerarmos que, em certo
tempo, processaremos eletronicamente dois bilhões de
boletos”, explica Leonardo Ribeiro, integrante do Projeto
DDA na Febraban e superintendente executivo do Banco
Real. “O País economizaria até um bilhão de litros de
água e outros 45 milhões de KW ao ano (igual ao consumo de uma cidade de 190 mil habitantes.
FUNCIONAMENTO E
SEGURANÇA
Atualmente, os bancos cedentes (detentores do crédito em cobrança)
emitem os boletos em nome das
pessoas físicas ou jurídicas,
os sacados. Esses vão às
agências e realizam
os pagamentos.
2008 · NOVEMBRO 15
CIAB FEBRABAN 2008
CONCORRÊNCIA
O desenvolvimento partiu de premissas que preservam
o atual formato e oferecem flexibilidade para se manter
a concorrência entre os bancos. Além de poder escolher
mais de um banco, o cliente poderá solicitar o seu
descadastramento a qualquer momento. Preservando o
formato de funcionamento atual dos boletos, se manteve
a forma de pagar faturas em atraso, exigindo se dirigir ao
banco cedente.
O DDA oferece o mesmo padrão de segurança do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), um extraordinário
avanço de segurança considerando-se a manipulação
que documentos em papel sofrem; além de trabalhar
papel desaparecem. O meio eletrônico permite que os
bancos trabalhem com segurança máxima, potencializada pelo desenvolvimento técnico obtido.
A CIP anunciou o resultado da concorrência para a escolha da empresa que irá contribuir com o desenvolvimento de sistemas; licenças de software; gestão de parte
operacional e data centers. A brasileira TIVIT, do Grupo
Votorantim, foi a vencedora.
“Os bancos estão investindo em sistemas próprios para
que possamos ter o primeiro DDA em circulação em outubro de 2009”, declarou Joaquim Kavakama, diretor da
CIP. O contrato com a TIVIT prevê nove anos de duração,
MODELO ATUAL
Entrega das faturas com emissão do bloqueto em papel
SACADOS
BANCO A
CEDENTE A
BANCO
CEDENTE A
BANCO B
CEDENTE B
PESSOA
FÍSICA
BANCO
CEDENTE B
cedentes emitem
1 Bancos
os títulos em papel
2 Enviam aos sacados
MODELO PROPOSTO
COM O DDA
PESSOA
JURÍDICA
BANCO C
o banco
3 Escolhem
para pagamento
CEDENTE A
BANCO
CEDENTE A
CEDENTE B
BANCO
CEDENTE B
Apresentação eletrônica das faturas
com mensagens XML e informações on-line, conhecidas
do correntista brasileiro familiarizado com a Internet.
“O DDA terá um impacto grande no aumento da segurança do sistema financeiro nacional”, avaliou Cano. Os
boletos em papel são suscetíveis às fraudes mais comuns, como adulteração. Essas formas de fraudes em
16 NOVEMBRO · 2008
sendo o primeiro para o desenvolvimento e os restantes
na operação e uso de data centers. Será usado um padrão
de plataforma baixa para a expansão escalável do sistema.
BENEFÍCIOS DIRETOS E INDIRETOS
Para as pessoas físicas, o benefício na redução da rotina
de pagamento será considerável, como na operação de
CIAB FEBRABAN 2008
digitar o código de barras, pois o DDA exigirá um único
clique. Além da impressão, manuseio e arquivamento de
todos os documentos. “Mas, pensem nas empresas que
têm centenas, milhares de boletos por dia, como todo
esse processo será facilitado”, enumera Cano.
Os ganhos na agilidade de cobrança serão enormes.
Hoje, o boleto é manuseado, impresso, entregue ao correio. O DDA envia o boleto no mesmo dia, dando mais
eficiência. Além disso, o desenvolvimento do sistema
está integrando os principais sistemas ERP (gerenciadores de negócios) do mercado.
Também trará vantagens para as agências. O totalmente
eletrônico DDA vai reduzir filas; além de incentivar, educar e facilitar a adoção do Internet Banking.
VALOR AGREGADO
Cada banco é livre para apresentar aos clientes seus
próprios serviços DDA, agregando valor ao projeto geral,
como oferecer pagamentos dessa forma em ATMs, nas
agências, e outras facilidades, como usar telefones. Para
manter essa perspectiva de concorrência, o sistema DDA é
multicanal, prevendo agência, ATMs, Internet ou telefone.
“O projeto DDA nos coloca novamente em posição de
vanguarda mundial, como ocorreu no lançamento do
SPB em 2002”, disse Cano.
BANCO A
INVESTIMENTOS
Atualmente, tanto a CIP quantos os bancos desenvolvem
sistemas para o DDA. Segundo Kavakama, os investimentos da CIP se dividem em R$ 20 milhões em estrutura e
desenvolvimento e o contrato com a TIVIT que tem um
piso assegurado de R$ 77 milhões. O total é estimado em
R$ 83 milhões, considerada a intersecção entre CIP e
TIVIT no desenvolvimento.
Os bancos iniciam o esforço na mudança dos sistemas
de cobrança, desenvolvimento de interfaces e na comunicação com clientes, e investimentos em marketing para
apresentação de seus serviços DDA.
O esforço vai compensar, pelo grande impulso na agilidade de negócios. A história dos meios de pagamento
comprova: foi eliminado um custoso trâmite de documentos quando (na década passada) se agregou o
código de barras aos boletos em papel. Anteriormente,
o próprio boleto foi uma grande mudança, substituindo
diferentes instrumentos como duplicatas, promissórias,
letras e recibos.
Para Leonardo Ribeiro, a abrangência do DDA é igual à do
SPB. “Os bancos estão investindo em serviços que serão
agregados; em formas de comunicação com o cliente incluindo ATMs, celulares, etc. O céu é o limite para serviços
DDA; é um novo modelo de negócios”, concluiu.
SACADOS
BANCO B
BANCO C
bancos dos cedentes verificam se o cliente
1 Os
é um sacado eletrônico, geram a fatura eletrônica
e a enviam ao DDA
2 O DDA armazena todas as faturas eletrônicas
PESSOA
FÍSICA
PESSOA
JURÍDICA
do sacado consulta no DDA os títulos
3 Odosbanco
seus clientes sacados eletrônicos e os apresenta
nos diversos canais disponíveis.
sacados efetuam o pagamento dos seus títulos
4 Os
eletrônicos através dos canais eletrônicos disponibilizados
por seu banco
2008 · NOVEMBRO 17
CIAB FEBRABAN 2008
CARTÕES
Raio
x
de
um
crescimento exponencial
O Ciab Febraban 2008 também reservou espaço para importante palestra e debate com Felix Cardamone, representando a Associação Brasileira das Empresas de Cartões
de Crédito e Serviços (ABECS), e a indústria de cartões –
responsável pelo movimento mais decisivo de mudança nos
meios de pagamento brasileiro nesses últimos períodos.
Cardamone, diretor-executivo do Banco Real, deixou a
presidência da ABECS em setembro, quando foi substituído por Aldemir Bendine, executivo do Banco do Brasil.
No período à frente da associação, Cardamone foi responsável por importantes avanços que ajudaram a aumentar a presença dos cartões na economia brasileira –
veja matéria na página 5. Esse mercado cresce em todas
as direções: multiplica serviços e alcança todas as camadas sociais, aproveitando todas as oportunidades.
18 NOVEMBRO · 2008
CRESCIMENTO COM CRISE
Apesar da crise financeira, Bendine, atual presidente da
ABECS, avalia que o mercado de cartões brasileiro (formado pelos cartões de crédito, de débito e de lojas - Private Label) deve movimentar, em 2008, cerca de R$ 380
bilhões. Em 2007, esse total chegou perto de R$ 310 bilhões. “Nos últimos anos, o crescimento do mercado tem
atingido a marca de 20%. Em 2008, até agora, temos registrado um crescimento de 23%”.
CIAB FEBRABAN 2008
O FIM DO MATA-BORRÃO
Atualmente, não há região do Brasil que não seja atendida pelo sistema eletrônico de cartões e todo o trâmite
exigido pela rede de uma operadora é cumprido em oito
segundos, em média. “Os velhos mata-borrões não existem mais”, sentenciou Cardamone.
Ou seja, esse é o prazo para que o consumidor utilize um
terminal no estabelecimento conveniado, contado desde
que sua mensagem seja enviada para o credenciador.
Posteriormente, deste para a bandeira (seja Visa, MasterCard etc.) que, por sua vez, retorna a mensagem de
aprovação da transação e emite o comprovante de venda
(CV). O complemento da operação é transparente: os estabelecimentos recebem, em média, 30 dias depois; e os
consumidores têm a facilidade de pagar com cerca de 28
dias de carência.
DINHEIRO PLÁSTICO
No embalo dessas facilidades, os consumidores
brasileiros já detêm cerca de 481 milhões de unidades de
dinheiro de plástico em seus bolsos, segundo números
de setembro, divulgados pela ABECS.
Nesse mesmo período, foi atingida a marca de 515 milhões de transações. Isso pode significar
que, por meio dos cartões e de sua rede trafegarão até
30% de todo o PIB brasileiro, considerando o número alcançado no ano passado.
MERCADO POTENCIAL
O crescimento robusto da indústria brasileira de cartões,
no entanto, não se mede apenas pelos resultados atingidos, mas pelo potencial ainda inexplorado que apresenta. “A média de transações por unidade de cartão de
crédito, no País, é de 11,8 ao ano; ou seja, ainda abaixo
da média mundial”, avaliou o ex-presidente Cardamone,
referindo-se à média de países com economias de dimensões semelhantes às locais.
Até setembro, em termos de faturamento, os cartões de
débito avançaram 30% sobre 2007, com R$ 77,5 bilhões
em transações. O segundo maior crescimento foi dos
cartões de crédito com avanço de 22% e R$ 157,5 bilhões
movimentados, seguido pelos Private Label, alta de 19%
e um faturamento ao longo deste ano de R$ 38 bilhões.
2008 · NOVEMBRO 19
CIAB FEBRABAN 2008
Quantidade de cartões no Brasil
(2008 até OUTUbro*)
Em Unidades
Evolução
2007/2008
CARTÕES DE LOJAS
E REDES (PRIVATE LABEL):
167 milhões
19%
CARTÕES DE DÉBITO:
214 milhões
8%
CARTÕES DE CRÉDITO:
107 milhões
19%
Fonte: ABECS
*previsão
O crescimento que o mercado atravessa, nos últimos 10
anos, se deve à capacidade da indústria de agregar novas funcionalidades ao progressivo e completo processo
de tornar todo o sistema eletrônico e rápido; além do
ambiente de crescimento e estabilidade econômica.
Agora é a hora de diversificar ainda mais.
SORVETEIROS,
TAXISTAS E FEIRAS
Cardamone relatou o sentido
da diversificação. “No último
verão paulista, vimos terminais
de cartões nas mãos de sorveteiros; estamos chegando às
feiras livres, ajudando nas vendas porta-a-porta e facilitando
a vida de muitos taxistas”. Ele
afirmou que a indústria dos
plásticos quer é proporcionar
cada vez mais comodidade,
mesmo nos tickets de valor
mais baixo, travando uma guerra sem quartel contra o dinheiro
em papel.
FORTE INOVAÇÃO
Cardamone enumerou as funcionalidades dos cartões
que fizeram mais sucesso junto ao consumidor. “O parcelamento disponível para a loja concorre com os cheques
pré-datados”. Além disso, os cartões, atualmente,
podem dar troco, viabilizando o saque de dinheiro
através dele. Hoje, já existem os
cartões segmentados como o
vale-pedágio, vale-combustível,
refeição e para recarga de celulares e, ainda, os que proporcionam facilidades em estabelecimentos de correspondentes
não bancários. Outro de muito
sucesso é o cartão de débito,
que realiza operações pré-datadas. “A maior facilidade de
acesso, aliada aos múltiplos
produtos disponíveis, aumenta
o fluxo e os negócios nos estabelecimentos que – por sua vez
– alimenta o contínuo crescimento de toda a indústria”, sintetizou Cardamone.
Bendine, da ABECS, afirma que o mercado
Ao mesmo tempo, nesses últiCARTÃO PARA AS
brasileiro de cartões deve movimentar, em 2008,
cerca
de
R$
380
bilhões
PEQUENAS E MÉDIAS
mos períodos, registrou-se o
surgimento de muitas banO sucesso das novas funcionadeiras novas. Essas, apesar de várias terem operações na- lidades não atinge apenas o consumidor final, mas agrecionais, trouxeram a novidade de serem regionais, gam valor ao universo empresarial. Cardamone citou a
trabalhando o cliente de forma localizada e expandindo trajetória ascendente do Cartão BNDES, do Banco Nadecididamente o escopo da rede.
cional de Desenvolvimento Econômico e Social.
20 NOVEMBRO · 2008
CIAB FEBRABAN 2008
O Cartão BNDES surgiu em 2003 com o objetivo de oferecer financiamento simplificado de bens de produção
para micro, pequenas e médias empresas. Mas é também
nos últimos períodos que vem registrando intenso crescimento na esteira da diversificação de novos itens passíveis de financiamento e novos serviços.
público, que a indústria acredita, não será gravemente
afetado pela atual crise, é o que mais empolga o setor.
“O surgimento de novo mercado é o principal responsável pelo crescimento previsto para o número de cartões
especificos de lojas e redes para até 247 milhões de
unidades”, declarou.
Assim, o Cartão BNDES ostentava, ao cabo de nove
meses de 2008, nove mil fornecedores credenciados, que
oferecem mais de 90 mil itens financiáveis no seu Portal
de Operações (www.cartaobndes.gov.br). Já haviam sido
habilitados mais de 143 mil
cartões, para os quais o limite
de crédito disponibilizado pelos bancos emissores (Bradesco, Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal) é superior
a R$ 4 bilhões. Desse montante,
quase R$ 1,5 bilhão foi efetivamente utilizado em todo seu
período de vida comercial.
Cardamone contou que uma porcentagem de 33% sobre
o número de estabelecimentos está sendo credenciado,
o que faz saltar ainda mais o potencial de crescimento.
Essa realidade traz alguns desafios como a criação de uma
comunicação eficiente com o
público das classes C e D. Os desafios atuais para a indústria não
páram por aí. É condição para
manter o nível de crescimento
investir na maior transparência
no relacionamento com os consumidores; além de estimular o
uso consciente do cartão, combatendo a compra compulsiva e
construindo carteiras saudáveis
na direção da sustentabilidade
geral do negócio.
TAXA DE JUROS
ATRATIVA
Somente nestes nove primeiros
meses do ano, já foram desembolsados R$ 550 milhões, em
aproximadamente 40 mil operações, desfrutando de sua
atrativa taxa de juros que atualmente está em 1,14% ao mês.
O resultado é um crescimento
de mais de 50% em relação a
igual período do ano passado.
O desempenho levou o banco
a rever sua projeção total de
desembolsos para 2008, elevando-a de R$ 750 milhões para
R$ 800 milhões.
COMPARTILHAMENTO
Cardamone diz que a indústria
dos plásticos quer proporcionar cada vez mais
comodidade aos usuários
O ticket médio unitário é de R$ 14,5 mil por operação,
valor alto para os padrões da indústria brasileira de
cartões, mas baixo para os padrões do BNDES, que pretende continuar sua expansão. O cartão não tem anuidade; oferece pagamento facilitado em até 36 parcelas
fixas; e não exige garantia real para o crédito rotativo préaprovado, de até R$ 250 mil por cartão emitido.
NOVO PÚBLICO
O crescimento da utilização de cartões pelas classes C e
D mais que dobrou nos últimos dois anos. Esse novo
O projeto de compartilhamento
de POS (terminais para a realização de operações com cartões, nos estabelecimentos comerciais) também ganha asas:
em maio desse ano já se registravam no Brasil dois mil desses
terminais ponto de venda compartilhados.
E o mês de junho se encerrou
com 7,8 mil unidades. Atualmente, o setor também está
investindo em lançamento de serviços para os mercados
de taxistas, entregadores de gás e de delivery (pizzas,
remédios etc.).
O lançamento mais esperado do mercado de cartões é o
do Código de Ética e de Auto-Regulação do mercado
que evita práticas que prejudiquem a imagem da indústria
perante o mercado. Segundo Bendine, o atual presidente
da ABECS, os trabalhos para finalização do código estão
em andamento. O código deve ser aprovado até novembro de 2008 e passará a vigorar a partir de janeiro de 2009.
2008 · NOVEMBRO 21
CIAB FEBRABAN 2008
OUTSOURCING
DE OLHO NAS QUESTÕES AMBIENTAIS
Preocupações com custos e origem da energia come çam a fazer parte das agendas do setor de Tecnologia
O Brasil é, hoje, uma das três gran des opções globais para outsourcing
de Tecnologia da Informação (TI) e
telecomunicações – as outras duas
são Índia e China. A importância disso é que o mercado mundial de
serviços de TI chega a US$ 1,2 trilhão, dos quais U$S 70 bilhões são
produzidos por nações como a Índia,
fora dos países desenvolvidos. Mas
a Índia tem demonstrado certo sinal
de cansaço. É daí que surge a oportunidade do Brasil. Essas considerações foram feitas por Antonio
Carlos Rego Gil, presidente da
Brasscom (Associação Brasileira das
Empresas de Software e Serviços
22 NOVEMBRO · 2008
para Exportação) durante a abertura
do painel Green IT, realizado no
Ciab Febraban 2008.
Mas o que, afinal, tem o outsourcing
que ver com meio ambiente? Gil
pondera que existe uma grande
preocupação global com questões
como aquecimento global, preservação do ambiente e consumo e
custo de energia. “Semanalmente,
recebo representantes de empresas
internacionais que estão buscando
alternativas para instalar seus data
centers, e encaram o Brasil com uma
das principais alternativas. Porém,
esses executivos se preocupam
muito com o custo e a limpeza da
energia”. A decisão a respeito de investimentos em outsourcing passa,
portanto, pela questão ambiental.
DESAFIO À VISTA
Aerton Paiva, diretor da Apel Consult, diz que está diante de um
enorme desafio. “Trabalho com sustentabilidade há sete anos. Mas,
hoje, preciso mostrar para as empresas que existe um caminho de desenvolvimento que não é só econômico, mas pode ser focado também nos resultados sociais e ambientais. Essa não é uma forma tradicional de se encarar o desenvolvi-
CIAB FEBRABAN 2008
mento. Durante centenas de anos, o
pensamento foi diferente”.
Para dar exemplos, Paiva citou alguns dados relevantes. Um deles é o
de que 15% do efeito estufa causado pelas empresas, em geral, é
oriundo de produtos e processos de
computação eletrônica. “Na linha de
produção, se gasta 1,8 tonelada de
materiais para fabricar um
computador com LCD de 17
polegadas. No ano passado,
tivemos cerca de 300 milhões
de computadores obsoletos
no mundo todo”.
se enxerga que os desequilíbrios sociais geram aumento do custo país
e redução da base de consumo, que
no final acaba em redução de resultados econômicos. Por outro lado,
os desequilíbrios ambientais levam
a uma escassez de matérias-primas
Para Antonio Gil,
da Brasscom, o Brasil é,
hoje, uma das três
grandes opções
globais para outsourcing
de Tecnologia da
Informação (TI)
O QUE É
SUSTENTABILIDADE?
Paiva afirma que os consumidores (em especial os brasileiros) ainda não sabem do que
se está falando, quando o assunto é sustentabilidade. De
acordo com pesquisa feita pela
GlobeScan e Market Analysis,
apresentada pelo consultor, a
maioria dos consumidores confunde sustentabilidade com filantropia ou boa gestão.
Um estudo apresentado pelo
consultor partia da seguinte
pergunta: “o que uma empre sa deve fazer para que você a considere socialmente responsável?” No
Brasil, para a maioria dos entrevistados (25%), a melhor resposta era:
“tratar de forma justa seus empregados.” Logo em seguida, com 19%,
veio a resposta: “fazer doações ou
caridade”.
Paiva mostrou, ainda, que o tema
precisa avançar também nas empresas. “É preciso mostrar que essa
preocupação é necessária, é para
todos (empresa, governos e sociedade) e que traz resultados”. Segundo Paiva, existe ainda um certo
economicismo míope, no qual não
de energia inteligente. Paiva comentou que hoje, alguns grandes data
centers podem consumir a energia
de cidades inteiras. Na opinião de
Steve Cumings, executivo da HP, as
empresas devem incentivar encontros virtuais e operações de trabalho
Cumings, da HP,
diz que as empresas
devem incentivar
encontros virtuais e
operações de trabalho
que não envolvam
locomoção física
e também gera aumento de custo e
redução de resultados econômicos.
Paiva falou também das doenças que
alguns elementos usados pela indústria eletroeletrônica podem causar.
MUITA ENERGIA
Outro participante do painel Green
IT, o executivo Adrian Blanco, da
IBM, citou o fato de que cerca de
70% dos atuais data centers do mercado foram construídos antes de
2001 e não possuem capacidade
tecnológica suficiente para um gasto
que não envolvam locomoção física,
a fim de poupar energia. Como parte
da estratégia para redução de consumo energético da HP, Cummings
propõe medidas como o aumento da
refrigeração inteligente dos data centers. Assim, a energia pode ser direcionada para setores mais críticos.
“As empresas devem rever a arquitetura de seu servidor, implantar ambientes blade de compartilhamento
de energia e promover uma constante avaliação térmica do sistema”,
concluiu Cummings.
2008 · NOVEMBRO 23
CIAB FEBRABAN 2008
O QUE O CIAB
TEM DE M
A organização do Ciab Febraban costuma realizar,
no último dia do evento, um painel especial
com os principais destaques de todos os debates.
Trata-se de uma instigante discussão sobre tendências
da Tecnologia da Informação (TI), futuro dos bancos
e, em última análise, o futuro do próprio Ciab.
Na edição 2008 não foi diferente. Em
sua última participação como diretor
setorial de Tecnologia da Febraban,
Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca,
o Karman, comandou a discussão
com executivos de TI dos bancos e
jornalistas especializados. “Nosso
objetivo, aqui, é identificar os pontos
mais importantes em cada um dos
painéis. Assim, conseguimos montar
uma pauta de trabalho para o Ciab
2009 e uma pauta interna para a
Febraban”, explicou Fonseca. A seguir, algumas considerações dos especialistas a respeito do que viram e
ouviram durante os vários painéis do
Ciab 2008.
M-PAYMENT
Como a tecnologia 3G será utilizada
para aperfeiçoar o relacionamento
dos bancos com seus clientes? Esta
é, na opinião do gerente de TI da
Nossa Caixa, Wilson Inácio Nunes,
uma das principais questões e um
dos principais debates aprofunda-
24 NOVEMBRO · 2008
CONTINUIDADE
DE NEGÓCIOS
Delfino Natal de Souza,
Superintendente Nacional da Caixa
dos no Ciab 2008. “Essa nova tecnologia permitirá uma interação do
cliente com o banco por meio de
imagens. Acredito também no mobile como instrumento social, que
pode reduzir o volume físico de dinheiro em circulação, trazendo mais
segurança para a população”.
Odair Garcia, gerente de TI do Banco do Brasil, considera necessário
fortalecer a visão de que todos os
processos envolvidos na questão de
continuidade de negócios e não
apenas a área de TI. Para confirmar
essa necessidade, Fonseca, coordenador geral do Ciab Febraban 2008,
lembrou os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. “Muitas empresas tinham instalações e sites de backup, mas ficaram sem ninguém para trabalhar,
pois todos estavam no mesmo lugar
e ao mesmo tempo”.
GREEN IT
O CIO do JP Morgan, Keiji Sakai, fez
questão de lembrar que a questão
de Green IT envolve fatores econô micos muito fortes. Para isso, ressaltou alguns números. “Até 2007,
foram descartados cerca de 300 milhões de computadores. Cada um
CIAB FEBRABAN 2008
ELHOR
consome 1,8 tonelada de matériaprima para ser fabricado. Previsões
indicam que, entre 2007 e 2010, mais
um bilhão de computadores serão
fabricados. Isso é um problema ambiental para se preocupar”, afirma
Sakai. E ele foi mais longe. “Hoje,
um data center consome energia
equivalente a um município de 40 a
50 mil habitantes”.
ATENDIMENTO
A CLIENTES
Delfino Natal de Souza, superintendente Nacional da Caixa Econômica Federal, acompanhou o painel
sobre atendimento a clientes e destacou a divulgação de uma pesquisa feita com 1.269 clientes, que
indicou que 87% ainda usa o caixa
das agências por algum motivo.
“Isso indica que as agências não
vão acabar”, afirmou Fonseca, da
Febraban. Além disso, cerca de
47% dos pesquisados são clientes
de mais de um banco.
Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca,
coodenador geral do Ciab Febraban 2008
ESPAÇO INOVAÇÃO
“Nós temos excelência. Há desenvolvimento de software e aplicações
no Brasil capazes de ser comprados
pelos bancos brasileiros, que podem
concorrer com grandes fornecedores”. Essa foi a conclusão da jornalista Ana Paula Lobo, editora do site
Convergência Digital, depois de visitar o Espaço Inovação. Porém, ela
ressalva que as empresas de menor
porte lutam com a questão da sobrevivência, têm muitas dificuldades e
enfrentam bravamente, por exemplo, a questão dos impostos.
BANCO DO FUTURO
Marcos Cantarino, diretor da revista
Relatório Bancário, acompanhou o
painel que tratou do banco do futuro. Ele destacou os cenários apresentados pelo especialista Edson
Fregni, a tendência de uma interação
mais humana, a nova segmentação
das instituições, a manutenção das
alianças entre as instituições e a cla-
2008 · NOVEMBRO 25
CIAB FEBRABAN 2008
reza na estratégia dos canais de
atendimento aos clientes.
LEGISLAÇÃO
Para Agostinho Gouveia, superintendente Nacional do Banco Real, a
boa notícia em relação à legislação
é a criação da lei que tipifica os
crimes virtuais. “Levamos quase
oito anos para conseguir isso. A lei
vai favorecer todos os envolvidos
com as negociações virtuais”.
MUNDOS VIRTUAIS
O jornalista Guido Orlandi Jr., editor
do portal VoIT, após acompanhar o
painel comandado por Jean Paul
Jacob disse que bancos e operadoras
precisam ficar atentos ao tesouro incalculável que representa a mobilidade
nas mãos da geração jovem. “O telefone virou um objeto pessoal. O jovem
entra agora no sistema financeiro.
Então, existe uma grande possibilidade de explorar esse movimento”.
MEIOS DE PAGAMENTO
O anúncio do projeto DDA (Débito
Direto Autorizado), que se propõe a
substituir totalmente os tradicionais
boletos de pagamento em papel, foi
feito durante o Ciab 2008. Na opinião
de Guilherme Berriel, editor da revista Executivos Financeiros, esse é
um importante passo para a modernização dos processos de cobrança.
VISÃO ESTRATÉGICA
DE TI
Acompanhando o painel que tratou
sobre a visão estratégica da indústria
de TI, Delfino Natal de Souza, da
Caixa, garantiu que, nos dias de hoje
a indústria brasileira está globa lizada. “Isso mostra a maturidade da
informatização do sistema financeiro
nacional”. Fonseca, da Febraban,
lembrou que o processo de inovação foi puxado, há alguns anos,
pelos mainframes. Depois, vieram os
microcomputadores. Agora, esta-
26 NOVEMBRO · 2008
mos na era da geração Google, da
Web 2.0 e da mobilidade, com os
celulares se transformando em verdadeiros computadores de mão.
CERTIFICAÇÃO DIGITAL
Ana Paula Lobo, da Convergência Digital, avalia que os números apresentados durante o Ciab 2008 confirmam
que a certificação digital “pegou” no
Brasil. Em maio de 2008, as operações
da Receita Federal feitas com certificação chegaram a 70 milhões. Até o
fim de 2008, a expectativa é ultrapassar as 100 milhões de operações.
“Esse movimento está sendo impulsionado pelo mercado corporativo”.
Agostinho Gouveia,
superintendente nacional do Banco Real
GERENCIAMENTO DE
RISCOS OPERACIONAIS
Para Wilson Inácio Nunes, da Nossa
Caixa, o gerenciamento de riscos é
uma questão de processos. “Se a
empresa não conhece seus processos e não tem esses processos desenhados adequadamente, com certeza, terá dificuldade para fazer seu
gerenciamento de riscos”.
CASES MUNDIAIS
No final do debate, Fonseca, coordenador do Ciab, lembrou da palestra da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda
Ramos Coelho, quando ela apresentou alguns números atingidos pela
instituição. “A administração do
FGTS é uma operação que deve ser
divulgada pelo mundo todo. Impressiona o volume de processamento.
São mais de 80 milhões de contas,
com cerca de 70 milhões de transações por mês. E o melhor: praticamente não se vê reclamações”.
Outro case citado por Fonseca, foi do
Banco do Brasil, que hoje tem espa lhado pelo país cerca de 70 terminais
usando Linux. “Isso gera uma economia enorme e pode servir de exemplo para muitas outras instituições”.
Marcos Cantarino,
diretor da revista Relatório Bancário
Guido Orlandi Jr.,
editor do portal VoIT