Revista Canavieiros
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1 Revista Canavieiros - Abril 2012 2 Revista Canavieiros - Abril de 2012 Editorial Aos novos leitores E ste início de ano está sendo de merecido sucesso para a equipe responsável pela publicação da Revista Canavieiros. Já em fevereiro, pesquisa realizada pela FEA/USP apontou-a como a segunda mais importante fonte de informação entre as publicações direcionadas ao setor sucroenérgetico. No mês de março, a tiragem mensal passou de 11.000 para 20.000 exemplares e neste mês de abril, coroando estes dois marcos, em edição especial com 21.000 exemplares, será também distribuída na Agrishow. O êxito da Canavieiros mostra que a meta de toda e qualquer mídia foi alcançada: chegar a seu público alvo de forma eficaz, estabelecendo uma relação de credibilidade e identidade de interesses. Para aqueles que, como eu, têm se utilizado destas páginas para manifestar suas opiniões, este crescimento assusta um pouco, pois aumenta, e muito, a responsabilidade de escrever. Mas há uma recompensa: a de nos colocar em contato com mais pessoas, que são os novos leitores. Imaginei então aproveitar esta oportunidade para apresentar-me a estes novos leitores: faço parte de uma família de produtores rurais, com negócios nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Sem muita regularidade, tenho ocupado um espaço na Revista Canavieiros, falando do agronegócio, da vida rural e dos agricultores, a quem chamo, carinhosamente, de companheiros de jornada. Foi na edição de outubro de 2008 que iniciei minha colaboração com a Canavieiros. De lá para cá escrevi diversas vezes. Estive aqui em março de 2012 e agora em abril, às vésperas da realização da Agrishow, grandioso evento do Agronegócio Nacional. E foi justamente ao lembrar-me das matérias anteriormente publicadas, que ocorreu-me um questionamento: por que escrevo? É até possível que algum leitor que venha me acompanhando neste tempo tenha também perguntado: “afinal, por que ele escreve?” E já que o tema veio à baila, sinto que devo abordá-lo. Acredito que um forte motivo para escrever é o fato de ser produtor rural, já na quarta geração. Nasci e fui criado em fazenda. E talvez por isso, os ecos da vida rural soem tão fortes em mim: desde cedo participei da luta desta gente sofrida e mal compreendida, os agricultores, que criam empregos, pagam impostos e geram riquezas, mas que ainda não aprenderam a falar mais alto e melhor defender seus legítimos interesses. Escrevo então para emprestar minha voz a estes lutadores. E nesta hora, minha escrita é de inconformismo e de denuncia, buscando irmanar-me a estes homens e mulheres em seu árduo labor. Por um bom tempo, as cidades foram para mim um conjunto de elementos estranhos. Talvez por isso, ainda hoje tenho a impressão que muitas destas pessoas urbanas acham que tudo começa no supermercado. É quando minha escrita busca explicar e esclarecer, no Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo objetivo maior de tornar o agronegócio e sua gente melhor conhecidos e respeitados. A vida rural ainda tem os seus encantos, muito embora já os tenha perdido em grande parte, dado à urbanização; à concentração das propriedades; à insegurança pessoal e patrimonial e à globalização. Minha infância, em particular, foi maravilhosa. Serelepe, sempre descalço; caçando passarinhos; nadando e pescando; jogando malha e bola de gude; rodando pião; jogando bola; andando a cavalo. E sempre com a molecada da fazenda. E quando estas lembranças afloram minha escrita flui de forma natural, suave e amena. É quando busco falar da vida rural. Não sei se consegui responder de forma adequada, até para mim mesmo, à pergunta formulada: por que escrevo? Mas no momento, é tudo o que sei. E assim vou seguindo meu caminho. Com meus familiares, meus amigos e meus companheiros de jornada, na esperança de ainda muito fazer e muito poder contar. Até uma próxima oportunidade! José Mario Paro Diretor Adjunto da Canaoeste Conselheiro da Sicoob Cocred Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: 3 Equipe de redação e fotos: Carla Rodrigues - MTb 55.115 Murilo Sicchieri Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3311 - Ramal: 2008 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.000 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946 3300 - (ramal 2190) [email protected] www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Abril 2012 4 Ano VI - Edição 70 - Abril de 2012 - Circulação: Mensal - Edição especial Agrishow Índice: Capa - 20 Biocoop conquista Prêmio Mérito Syngenta 2011 O projeto desenvolvido e mantido pelo sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred conquistou a categoria socioambiental 05 - Entrevista Dra. Sabrina Moutinho Chabregas Coordenadora da Área de Biotecnologia do CTC Biotecnologia: um conjunto de técnicas precisas para aumentar a produtividade 08 - Ponto de Vista Manoel Ortolan Presidente da Canaoeste Setor sucroenergético: conquistas, oportunidades e desafios 08 - Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves professor na FEA/USP Campus Ribeirão Preto Minha Vida é Andar por este País... 10 - Notícias Copercana Foto Capa: Rafael Mermejo E mais: Rotação de Cultura .................página 18 Biblioteca Canaoeste .................página 18 Informações Setoriais .................página 28 Artigo Técnico .................página 30 Assuntos Legais .................página 34 Pragas e doenças - Pelo 6º ano consecutivo, Sicoob Cocred em Ação, Copercana e Canaoeste promovem Show em Prol do Hospital de Câncer de Barretos - Copercana realiza Assembleia Geral Ordinária .................página 38 14 - Notícias Canaoeste Cultura - Cuidados na hora do plantio - Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar completa 20 anos 24 - Notícias Sicoob Cocred - Acordo comercial reconhece cachaça como produto exclusivo do Brasil - Balancete Mensal Revista Canavieiros - Abril de 2012 .................página 39 Classificados .................página 42 5 Entrevista Biotecnologia: um conjunto de técnicas precisas para aumentar a produtividade Dra. Sabrina Moutinho Chabregas Carla Rodrigues Na luta pelo equilíbrio máximo entre sustentabilidade e produtividade, o Brasil, através de seus grandes institutos de pesquisas, busca incansavelmente pela tecnologia ideal para suas lavouras. Assim é com a cana-de-açúcar, sua principal e mais importante cultura dentro da balança do agronegócio. Diante de tantas pesquisas sendo desenvolvidas, a Canavieiros conheceu um pouco mais sobre o trabalho realizado pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) dentro da área de biotecnologia, uma ferramenta antiga, que passou pelas inovações tecnológicas e hoje é utilizada para aumentar o ganho da produtividade dos canaviais. Confira a entrevista concedida pela Dra. Sabrina Moutinho Chabregas, coordenadora da Área de Biotecnologia do CTC e líder de um time de especialistas e técnicos no desenvolvimento de Cana-de-açúcar Geneticamente Modificada e Marcadores Moleculares para aplicação no Programa de Melhoramento Genético de cana. Revista Canavieiros: O que é a biotecnologia? Dra. Sabrina: Biotecnologia é uma ferramenta extremamente importante utilizada para desenvolver vários produtos, como por exemplo, a fabricação de pães, queijos, produção de insulina, entre outros. A utilização de um organismo biológico como a levedura para fermentação de pães e vinhos é um processo biotecnológico. Então, apesar de parecer uma ferramenta recente porque o nome é novo, sua utilização já é bastante antiga. A biotecnologia passou por um desenvolvimento e outros tipos de tecnologias também recebem este nome. Hoje, biotecnologia aplicada à planta inclui o uso de marcadores moleculares para seleção assistida num programa de melhoramento e também o desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas através do processo de transgenia. Sendo assim, processos mais simples até processos mais sofisticados são denominados de biotecnologia. Revista Canavieiros: Em relação a cultura da cana-de-açúcar, como a biotecnologia atua? Dra. Sabrina: A biotecnologia em cana-de-açúcar pode ser usada no desenvolvimento de marcadores moleculares, que é uma ferramenta aplicada no programa de melhoramento convencional de cana-de-açúcar. Nós fazemos a análise do DNA da cana, encontrando uma série de marcas moleculares neste DNA, e depois tentamos encontrar a associação de determinadas marcas com características de interesse para o melhoramento da cultura. Por exemplo, de “Se antecipo a seleção, consigo encurtar o prazo de liberação de uma nova variedade, encurtando esse prazo, antecipo os ganhos do produtor” maneira muito simplificada, fazemos a análise do DNA de um clone no programa de melhoramento, esta vai apresentar algumas marcas e produzir um perfil genético daquela variedade. Comparo isso com o perfil de outro clone que tem marcas diferentes do primeiro. Depois analisamos sua produtividade e vemos que um deles tem alto teor de açúcar e o outro tem baixo teor. Daí podemos infe- rir que aquelas marcas no DNA podem ter alguma associação com a característica desejada que é o aumento de açúcar. Então em vez de esperar aquela variedade crescer e produzir podemos analisar o DNA dela num estágio muito inicial e já prever qual é a produtividade que vai ter. Esta ferramenta, denominada de seleção assistida por marcadores moleculares, pode me auxiliar no programa de melhoramento convencional, antecipando a seleção de novas variedades. Se antecipo a seleção, consigo encurtar o prazo de liberação de uma nova variedade, encurtando esse prazo, antecipo os ganhos do produtor. Revista Canavieiros: Quais os benefícios que a cana tem com o uso da biotecnologia? Dra. Sabrina: Além da ferramenta de marcadores moleculares, a biotecnologia tem outra aplicação que é a identificação da variedade em si, onde é possível saber quais variedades estão sendo plantadas de acordo com o seu fingerprint, que é semelhante a uma Revista Canavieiros - Abril 2012 6 Entrevista impressão digital. Então a biotecnologia como marcador molecular tem duas aplicações: seleção assistida - auxiliar no programa de melhoramento- e identificação de variedades. Outra aplicação da biotecnologia é a transgenia. Nesta aplicação é possível trazer para dentro da cana características de outros organismos, que não necessariamente cruzam com cana. Isso já acontece com o milho, soja e algodão em nível comercial. Estas culturas já se beneficiam desta tecnologia há mais de 10 anos. O produtor dispõe de variedades transgênicas de milho, soja e algodão para plantio comercial com características diferenciadas, por exemplo, tolerantes a herbicidas e resistentes a insetos. Com a transgenia em cana-de-açúcar, o CTC tem desenvolvido projetos para aumento de teor de sacarose, aumento de produtividade (toneladas de cana por hectare), biomassa de cana, tolerância a herbicida, resistência a insetos e tolerância a seca. Estas características vão proporcionar ganhos muito expressivos em produtividade e também algumas reduções de perdas como variedades tolerantes a seca, ou seja, que não vão perder produção em ambiente com restrição de água, além de variedades resistentes a ataques de insetos que vão deixar de perder pelo ataque dessas pragas. Revista Canavieiros: Quais são os novos projetos do CTC? Dra. Sabrina: Estamos desenvolvendo projetos para obtenção de cana transgênica com maior teor de açúcar, aumento da biomassa da cana e produtividade, aumento de tolerância a seca para evitar perdas e resistência a insetos. Cada uma dessas tecnologias está sendo incorporada individualmente na cana através da transformação genética, que é o processo chamado de transgenia, e posteriormente poderão ser combinadas entre si. O tempo de desenvolvimento de uma cana transgênica depende tanto da parte técnica, ou seja, desenvolver e selecionar essa variedade, transforma- “A biotecnologia já existe há mais de 15 anos e na cana, só temos desenvolvimento ainda em nível de pesquisa, ou seja, não temos uma variedade transgênica liberada comercialmente para plantio” da da maneira apropriada, com o gene funcionando da forma necessária como também é dependente do processo regulatório. No Brasil, como em outros países, as plantas transgênicas precisam passar por uma série de testes antes de serem liberadas para plantio comercial. Esses testes são denominados de análise regulatória, análises de biossegurança, onde se comprova que aquela nova variedade é equivalente a uma variedade não transgênica em termos de sua composição, ou seja, que ela não apresenta risco a saúde humana, aos animais e ao meio ambiente. Este processo regulatório no Brasil é responsabilidade da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biosegurança), subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Esta é uma comissão extremamente séria e comprometida com a análise de risco dos organismos geneticamente modificados. No entanto, todo o processo Revista Canavieiros - Abril de 2012 regulatório acaba acarretando em um aumento no prazo de desenvolvimento das variedades e isso implica que, além de termos no CTC uma área de biotecnologia, também temos que ter uma área de regulamentação para lidar com esse tipo de análise que é necessária. Revista Canavieiros: De que maneira a biotecnologia colabora com a sustentabilidade? Dra. Sabrina: A biotecnologia colabora com a sustentabilidade porque promove um aumento de produtividade por área plantada, ou seja, consegue obter mais produção de uma mesma área, portanto evita o crescimento muito exagerado para outras áreas com cana-de-açúcar, por exemplo. Além disso, as características que são trabalhadas como resistência a insetos e tolerância a herbicidas permitem que já tenha essas características na planta, então consequentemente reduz a aplicação de herbicidas na cultura, utiliza menos tratores e maquinários para tratos culturais, evita o consumo de combustível, água e emissões de CO2 na atmosfera. Revista Canavieiros: O que falta para o Brasil se tornar uma grande referência na área da biotecnologia? Dra. Sabrina: Quando comparamos o desenvolvimento em biotecnologia que temos nas culturas de milho, soja e algodão com a cana-de-açúcar vemos que ela ainda está atrasada. A biotecnologia já existe há mais de 15 anos e na cana, só temos desenvolvimento ainda em nível de pesquisa, ou seja, não temos uma variedade transgênica liberada comercialmente para plantio. Para que isso aconteça no menor tempo possível, precisamos de investimento em desenvolvimento tecnológico na cultura da cana-de-açúcar e esse investimento tem que ser feito no Brasil, já que somos o maior produtor dessa cultura e temos que aumentar cada vez mais a nossa competitividade na produção de açúcar e etanol. O CTC direcionou seus esforços para estes desenvolvimentos e em breve, o produtor de cana terá ao seu dispor variedades mais produtivas. Com a biotecnologia, teremos o crescimento sustentável da produtividade das lavouras de cana-de-açúcar. RC 7 Ponto de Vista Setor sucroenergético: conquistas, oportunidades e desafios *Manoel Ortolan A tualmente, mais de 47% de toda a energia utilizada no Brasil vem de fontes renováveis, o que torna o país reconhecido mundialmente por sua matriz energética. A cana-de-açúcar tem um importante papel nesta conquista brasileira já que é a matéria-prima para a produção de etanol, açúcar, bioeletricidade, além de outros produtos. Quando fazemos um raio x do setor sucroenergético, chegamos a números surpreendentes: segundo dados da UNICA – União da Indústria da Cana-de-açúcar, são 430 unidades produtoras, 70 mil produtores de cana, 1,2 milhões de empregos diretos e o PIB (Produto Interno Bruto) setorial em 2011 foi de US$ 48 bilhões. Somos os maiores produtores de açúcar do mundo (25% da produção mundial) e o 2º maior produtor de etanol (20% da produção mundial). O sucesso do carro flex, lançado em 2003, estimulou fortemente um crescimento acelerado do setor sucroenergético, que cresceu cerca de 10,4% ao ano até 2008, quando esse crescimento foi interrompido pela crise financeira mundial, problemas climáticos e aumento acentuado nos custos de produção. Foi aí que o setor começou a ver sua competitividade prejudicada. O governo cortou várias vezes a CIDE (Contri- buição de Intervenção no Domínio Econômico), reduzindo a carga tributária sobre a gasolina. Para se ter uma ideia, os tributos representavam em 2003, 47% do preço de bomba da gasolina e hoje, representam 35%, enquanto que para o etanol, os tributos representam 31% desde aquela época. dade e por último, o incentivo e apoio em inovação e tecnologia, buscando o aumento de produtividade e redução de custos agrícolas e industriais. Dessa forma, o consumidor acaba pagando mais imposto sobre um combustível limpo e de fonte renovável – o etanol -, do que sobre a gasolina, já que o valor energético desta é 30% superior. Para solucionar esses problemas o Brasil precisa urgentemente adotar medidas que assegurem o restabelecimento da competitividade do etanol no mercado interno. Por parte do setor privado, é necessário o desenvolvimento de novas tecnologias que assegurem redução de custos. Dessa forma, é possível garantir o abastecimento do mercado interno e elevar as exportações de etanol. Se quisermos retomar a nossa competitividade precisamos unir forças – setor público e privado - e trabalhar. Cabe ao setor público um planejamento estratégico da matriz energética de combustíveis, com políticas públicas sustentáveis que reconheçam o etanol como combustível limpo e de fonte renovável. A carga tributária deve ser observada com muita atenção, assim, o incentivo a novos projetos de unidades produtoras será consequência natural na cadeia de cana-de-açúcar. Também não posso deixar de citar o incentivo a leilões quando o assunto é bioeletrici- O Brasil tem pela frente um cenário desafiador e sobre o qual poderá tirar proveito: segundo a ONU, até 2050, a população mundial pode chegar aos 9 bilhões de habitantes, e será necessário produzir 70% mais de alimentos e 46% mais de energia. São oportunidades que se abrem e que o setor produtivo brasileiro já percebeu e se prepara para ocupar seu espaço, realizando um esforço concentrado de todos os elos da cadeia para ampliar a produção. O Brasil oferece ao mundo uma alternativa energética que não polui e que não tem fim. O etanol! RC *presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) Revista Canavieiros - Abril 2012 8 Coluna Caipirinha Minha Vida é Andar por este País... Por: Marcos Fava Neves M e deixou extremamente feliz o convite feito pelo amigo Manoel Ortolan para ter um espaço mensal na Canavieiros. Sou um fã do setor de cana, do fornecedor independente de cana, do Associativismo e do Cooperativismo, portanto estarei em casa, relaxado, ao escrever neste espaço. Fiquei pensando em como fazer algo diferente, afinal os cooperados já tem meus textos da Folha de São Paulo e os outros que venho fazendo por aí. Decidi que a conversa aqui será bem pessoal, de opinião, e não vai se restringir à cana. Pretendo falar de economia, de política, de pessoas, de empresas, do agronegócio e da cana, alternadamente, compartilhando com o cooperado os conhecimentos que adquiri no mês anterior e em formato de tópicos, com humor e diversão. Formato “twitter”. O nome “caipirinha” foi escolhido, pois sem cana não tem açúcar nem etanol (cachaça), o limão é porque algumas coisas ácidas serão ditas, mas sempre com o tom da alegria, do otimismo que quem me conhece, reconhece. Caipirinha nos deixa alegres e otimistas. Agronegócio e a meta dos US$ 100 bilhões em exportações em 2012: O valor exportado acumulado em janeiro e fevereiro (US$ 11,7 bilhões) aumentou 11,6% quando comparado o mesmo período de 2011 (US$ 10,5 bilhões). Já estamos com quase 12% da meta. É preciso acelerar, senão não atinge. O complexo cana trouxe no bimestre US$ 1,68 bilhão contra US$ 1,62 bilhão em 2011, um crescimento de 3,8%. Pessoas: Chegou ao fim a jornada do Marcos Jank na UNICA. Mais de cinco anos dá para cansar. Temos que saber quando assumimos uma posição, que sempre tem a hora de entrar, mas principalmente tem a hora de sair. A renovação faz parte da vida. Considero o trabalho do Jank excelente. Foi um trabalho de equipe, estruturante, inovador e que mudou a organização. Mais do que isto, serve de inspiração para muitas outras associações setoriais. O setor de cana deve agradecer a este profissional e ao time. Marcos Fava Neves de hectares mecanizados, 65% de toda a cana plantada em SP, 10% a mais que na safra anterior.O ambiente agradece. Empresas: Boas notícias vem lá do CTC. Virou uma S.A., vão aportar R$ 163 milhões em pesquisas, e multiplicar recursos via parcerias tecnológicas. Pretendem lançar novas variedades e investir no etanol de segunda geração. Com os competentes técnicos que lá existem, podemos esperar revoluções com esta injeção e exemplo de governança. Aprendizado de Viagem: Visitei em março o frigorífico Saudali. Um investimento de R$ 80 milhões feito por 42 suinocultores, que entregam o volume de suínos proporcional a sua participação acionária, agregando valor na região com 290 produtos processados de suínos, gerando arrecadação de R$ 4,5 milhões de impostos em 2011 e salários para 850 pessoas em Ponte Nova (M.G.), ocupando o mercado de Minas Gerais. Cana: com esta falta de chuvas já ouvi especialistas dizerem que a safra no C.S. pode não chegar a 500 milhões de toneladas. A Índia vem tendo safra grande e uma safra mais alcooleira no Brasil pode compensar elevando preços do açúcar. Boa notícia: já chegamos a 3,12 milhões Revista Canavieiros - Abril de 2012 Limão: onde está o plano estratégico da cana? Estou louco para ler e comentar. Haja caipirinha. Até a próxima! RC RC MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat. 9 Revista Canavieiros - Abril 2012 10 Notícias Copercana Pelo 6º ano consecutivo, Sicoob Cocred em Ação, Copercana e Canaoeste promovem Show em Prol do Hospital de Câncer de Barretos O show com os cantores Victor e Leo reuniu aproximadamente 1000 pessoas em Sertãozinho Carla Rossini O objetivo de tratar com dignidade pacientes vítimas de câncer sem nenhum recurso financeiro, fez com que empresários, artistas e cidadãos conscientes de sua responsabilidade social acreditassem na seriedade do projeto da Fundação Pio XII (Hospital de Câncer de Barretos) e investissem recursos para ajudar a manter a instituição. Pelo 6º ano consecutivo, a Sicoob Cocred em Ação, Copercana e Canaoeste promoveram um show em prol do hospital. Em 2012, foi a vez da dupla Victor e Leo subirem ao palco e serem aplaudidos por aproximadamente 1000 pessoas. Os cantores, muito simpáticos e atenciosos com os fãs, cantaram seus sucessos durante mais de 2 horas. O show foi realizado no dia 05 de abril, no Clube de Campo Vale do Sol, em Sertãozinho. Nas edições anteriores, participaram do evento os cantores: 1) Chitãozinho e Xororó (2007) 2) Leonardo (2008) 3) Daniel (2009) 4) Zezé di Camargo e Luciano (2010) 5) Sérgio Reis e Renato Teixeira (2011) O presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, lembrou da importância do evento para as pessoas que necessitam de tratamento no hospital. “É importante a participação de todos vocês nesta noite. Agradeço os parceiros, as empresas, os cooperados e também os voluntários que estão trabalhando para que tudo ocorra bem”, disse Tonielo, que também agradeceu os cantores: “É um prazer recebermos Victor e Leo em Sertãozinho, principalmente para cantarem seus sucessos em prol de uma causa tão nobre”, concluiu. Segundo Tonielo, em 2012, aproximadamente R$ 350 mil serão repas- Equipe de voluntários que trabalhou na organização do show sados ao hospital. “Esse recurso que repassamos ao hospital ajuda no pagamento das despesas. Se cada um doar um pouquinho, conseguimos arrecadar recursos que são muito válidos ao hospital”, disse Tonielo. O diretor do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, ressaltou a importância da realização do evento. “Todas as ações em prol do hospital são bem vindas e contribuem muito para que possamos continuar a atender as pessoas que precisam dos cuidados realizados pela Fundação Pio XII. Não temos palavras suficientes para agradecer essa colaboração de todos vocês”, disse Prata. O Hospital Excelência em oncologia, o Hospital de Câncer de Barretos possui 70.000 m², registra 3.500 atendimentos por dia, todos 100% SUS. Mesmo com o déficit mensal de R$ 5,5 milhões, o hospital Revista Canavieiros - Abril de 2012 acolhe pacientes de todo o Brasil com profissionalismo e humanização (o grande diferencial da instituição), recebendo 11.000 casos novos por ano. Em 2000, a instituição foi escolhida pelo Ministério da Saúde como o melhor hospital público do país, em 2007 foi certificado pela ONA (Organização Nacional de Acreditação Hospitalar) e em 2009 tornou-se Acreditado Pleno Nível II. O Hospital encerrou o ano de 2011 com 549.104 atendimentos realizados a 97.630 pacientes advindos de 1.527 municípios de todos os 27 estados do país (e o Distrito Federal), um recorde de cobertura. No Hospital São Judas Tadeu (a Unidade de Cuidados Paliativos e Controle da Dor) foram registrados 6.984 atendimentos e no Hospital de Câncer de Jales, de junho (inauguração) até dezembro de 2010, foram realizados 26.664 atendimentos, a 4.966 pacientes, advindos de 165 municípios e 10 estados. 11 O Instituto de Prevenção conta com 6 unidades móveis e duas unidades fixas (Barretos e Juazaeiro). As Unidades Móveis realizam exame de mama (64.604 exames), colo uterino (26.727), pele e próstata (5.821) com a população de 7 estados brasileiros (SP, MG, MS, MT, GO, RO e BA). No ano de 2011, as unidades somadas realizaram 131.505 atendimentos, todos eles, 100% SUS. Ao todo, o Hospital de Câncer de Barretos reúne 250 médicos que trabalham em tempo integral e dedicação exclusiva e mais de 2.500 colaboradores. São mantidos 13 alojamentos (sendo 2 infantis) para 650 pacientes e seus acompanhantes oferecidos gratuitamente e são servidas 6.000 refeições diárias.RC Henrique Prata (diretor do Hospital de Câncer de Barretos), Victor, Antonio Eduardo Tonielo (presidente da Copercana e Sicoob Cocred), Pedro Esrael Bighetti (diretor da Copercana), Manoel Ortolan (presidente da Canaoeste) e Leo. A dupla cantou seus sucessos durante mais de 2 horas Henrique Prata e Toninho Tonielo homenagearam os cantores e agradeceram a participação da plateia Aproximadamente 1000 pessoas prestigiaram o show Victor, Luiz Carlos Tasso Júnior (diretor da Canaoeste) e Leo Revista Canavieiros - Abril 2012 12 Notícias Copercana Copercana realiza Assembleia Geral Ordinária Diretores e cooperados se reuniram para prestação de contas do exercício de 2011 Carla Rossini C om a presença de cooperados e diretores, a Copercana realizou na tarde do dia 28 de março a sua Assembleia Geral Ordinária para prestação de contas da administração do exercício de 2011; destinação das sobras líquidas; elei- ção dos membros do Conselho Fiscal; além de outros assuntos pertinentes ao ano de 2011. A abertura da reunião foi realizada pelo presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, que compôs a mesa de trabalhos com os seguintes membros: o advogado da cooperativa, Dr. Clóvis Aparecido Vanzella; o contador da cooperativa, Marcos César Molezin e os diretores Manoel Ortolan e Pedro Esrael Bighetti. Após a leitura do relatório das atividades do exercício de 2011 e aprovação dos itens em pauta na Assembleia, Tonielo encerrou as atividades do dia agradecendo a presença dos cooperados. Revista Canavieiros - Abril de 2012 Diretoria Executiva Antonio Eduardo Tonielo – Diretor Presidente Manoel Carlos de Azevedo Ortolan – Diretor Superintendente Pedro Esrael Bighetti – Diretor Secretário Conselheiros Luis Antonio Lovato Fernando dos Reis Filho Carlos Cesar Rodrigues da Silva Conselho Fiscal Efetivo Luiz Carlos Tasso Junior Paulo Cesar Canesin Antonio Carlos Girotto Suplente Gaspar Carmanhan da Silveira Arlindo João Pignata Claudio Agostinho Nadaletto RC 13 Revista Canavieiros - Abril 2012 14 Notícias Canaoeste Cuidados na hora do plantio Muda sadia é o principal fator para uma lavoura produtiva Carla Rodrigues P reocupadas com o bom rendimento da lavoura de seus produtores, a Copercana e a Canaoeste mantém parcerias com os principais programas de melhoramento genético do país, sendo eles: IAC (Instituto Agronômico), CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do setor Sucroenergético). Estas parcerias permitem que os técnicos da associação e da cooperativa plantem novas e diferentes variedades para conhecer seu desempenho e assim, indicar a muda mais adequada para as áreas que atuam. Estas novas variedades são plantadas na Fazenda Santa Rita, em Terra Roxa, que funciona como uma fazenda experimental e um viveiro de mudas de cana-de-açúcar para técnicos e produtores. “Quando o fornecedor vem aqui, tem a certeza de que está adquirindo um material genético com garantia de qualidade e sanidade conhecida, e dessa forma vai ter um canavial com maior vigor e longevidade”, disse Gustavo Nogueira, gerente do Departamento Técnico da Canaoeste. De acordo com Nogueira, é necessário que os produtores tenham alguns cuidados na hora de realizarem o plantio, uma vez que, se o plantio não for executado da maneira correta, o balanço final desta produção pode ser prejudicado. “O produtor deve ter um cuidado muito grande quando for realizar o plantio, porque é uma das operações mais caras, senão a mais cara. É o maior investimento que tem, além de ser o alicerce de toda a sua cultura. Quando o plantio é bem feito, o produtor vai colher esses frutos por vários anos. O momento que estamos passando, com um déficit hídrico, ou seja, uma umidade mais baixa, e acabamos entrando no outono com temperaturas mais baixas, por isso, deve-se usar o maior número de ferramentas possíveis para que a cana nasça, brote rapidamente e assim não fique sujeito a ataque de fungos de solo que venham comprometer a produção devido a falhas e alguns outros fatores”, explicou Nogueira. Hoje, os produtores sofrem com ataques de várias pragas e doenças que possam vir a comprometer o canavial, e no momento do plantio, um fungo de solo, conhecido como podridão abacaxi, pode ser um dos fatores prejudicais. Segundo Nogueira, é um fungo que penetra nas áreas de corte do tolete e com a falta de umidade e temperaturas mais amenas, a cana demora mais para “O produtor deve ter um cuidado muito grande quando for realizar o plantio, porque é uma das operações mais caras, senão a mais cara. É o maior investimento que tem...” Revista Canavieiros - Abril de 2012 Gustavo Nogueira brotar, para nascer, permitindo um ataque rápido desse fungo. “O fungo vai entrando no tolete e causando falhas no stand, ou seja, um menor número de canas por metro linear e falhas, que vão corresponder em menor produtividade e longevidade naquele canavial que está implantando”. Para evitar que isso ocorra, a dica do gerente é que o produtor que ainda for fazer seu plantio nesta época, com temperaturas mais baixas e um menor índice pluviométrico, utilize fungicidas no momento de cobrir essas mudas e proteja realmente seus toletes. Hoje existem no mercado algumas opções de fungicidas para a cultura da cana-de-açúcar devidamente registrados. Gustavo ainda lembrou que se o plantio for mecânico, é muito mais importante a adoção dessas ferramentas, como o uso de fungicidas, para proteger esse tolete. “Quando realizamos o plantio mecânico, o tamanho dos toletes é menor, e com isso ficamos mais sujeitos ao ataque desses fungos de solo, por isso, no plantio mecânico o uso do fungicida é primordial para que se tenha sucesso no plantio”, esclareceu Nogueira. RC 15 Revista Canavieiros - Abril 2012 16 Notícias Canaoeste Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar completa 20 anos Em comemoração, técnicos, pesquisadores e autoridades do setor estiveram presentes em evento para destacar a importância do trabalho realizado pelo grupo para a cadeia sucroenergética Carla Rodrigues E m abril, o Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar comemorou 20 anos de existência, consolidando uma experiência de duas décadas de socialização do conhecimento da cultura. Através da troca e compartilhamento de informações, o grupo busca a evolução do setor, servindo como base para direcionar as pesquisas futuras. O evento em comemoração ao aniversário foi realizado no Centro de Convenções do Centro de Cana IAC (Instituto Agronômico), em Ribeirão Preto, no último dia 10, e contou com a participação de técnicos, líderes de associações e profissionais ligados ao setor. O grupo é formado por fitotecnistas de usinas e cooperativas, pesquisadores e outros profissionais de empresas de insumos, matérias-primas, máquinas, equipamentos e projetos que são ligados a lavoura canavieira. O professor de Planejamento, Estratégia, Economia e Administração da Universidade de São Paulo/FEA-USP, Dr. Marcos Fava Neves, foi um dos palestrantes da comemoração. Em sua apresentação, Neves falou sobre o otimismo que sente em relação ao agronegócio brasileiro e também na crença de que até 2020, os rendimentos serão positivos e melhores do que é esperado. Marcos Fava Neves Foram prestadas homenagens aos grandes incentivadores do Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar. “O Brasil está num momento em que somos respeitados pela capacidade de trabalho no agronegócio que sustenta o país. Este ano vamos exportar US$ 100 bilhões. De acordo com meus estudos, se você tirar o agronegócio da balança brasileira ela vai para menos 65 bilhões. O desempenho tem sido maravilhoso e as perspectivas futuras são melhores ainda, porque nós temos um verdadeiro “tsunami” de consumo acontecendo na Ásia, e em outros lugares com o crescimento da população. E o Brasil é o mais apto país para colocar seus produtos, seja com as condições atuais ou melhorando as nossas condições competitivas. Já sou otimista há 20 anos e todo este tempo estive certo e vou estar nos próximos 20 também”, explicou Neves. Revista Canavieiros - Abril de 2012 A Canaoeste é uma das associações que fazem parte do Fitotécnico e participa ativamente desde o início do programa (1992). Segundo o gerente do departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira, as atividades e reuniões realizadas sempre foram importantes para a socialização do conhecimento e, principalmente, para sua transmissão. “Participamos junto ao Grupo Fitotécnico desde 1993 e ao longo desses 20 anos foram discutidos temas de relevância para o setor. Os técnicos da Canaoeste participam destas reuniões, com trocas de informações e com isso nos mantemos mais informados para repassar conhecimento aos nossos associados”, disse Nogueira. 17 Manoel Ortolan Para o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, a contribuição do grupo para o setor é vista de forma muito positiva por ser um ambiente propício para assuntos técnicos acompanhado de novas tecnologias, visando uma integração entre os profissionais da área. “Fazendo parte do grupo, temos espaço para discutir, tomar ciência e o mais importante, nos atualizarmos sobre as novidades do setor. É também uma oportunidade para os nossos técnicos estarem juntos aos técnicos das usinas, onde é permitido que cada um faça a sua parte para que ambas tenham ganhos”, explicou Ortolan. A Secretária de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, esteve presente para parabenizar o trabalho desenvolvido pelo Grupo Fitotécnico e destacou a importância da pesquisa para o setor sucroenergético, principalmente para o seu crescimento. “Eu posso dizer que o gru- Mônika Bergamaschi Foi realizado o descerramento das placas relacionadas à pavimentação das ruas internas, os novos espaços do Centro de Convenções e a nova guarita do Centro de Cana po está na base de todo o desenvolvimento que o setor sucroenergético teve, seja do ponto de vista de variedades, da questão sanitária, de equipamentos, máquinas, implementos e de insumos, quanto na integração com universidades, empresas, usinas, produtores, técnicos e indústrias. Hoje ele é o grande difusor dos trabalhos realizados e a participação de todos focando em um único objetivo. É a responsável pelo seu grande sucesso”, articulou a Secretária. O escritor e médico psiquiatra, Dr. Augusto Cury, responsável pela venda de mais de 15 milhões de livros somente no Brasil, proferiu uma palestra durante o evento sobre a formação de pensadores e a produção de conhecimento no século 21. Para Cury a maneira como as informações são transmitidas é essencial para um bom entendimento de Dr. Augusto Cury toda e qualquer situação, principalmente dentro do setor sucroenergético que se renova cada vez mais. “A curva de aprendizado e o processo de incorporação de conhecimento tem que ter em primeiro lugar, idéias e informações claras. É importante haver uma socialização das informações. Não adianta falar de maneira rebuscada, complexa, pois quem tem acesso, no caso, o produtor rural, por exemplo, vai acabar não assimilando e não utilizando de maneira adequada as informações. Por isso é necessário que haja clareza e foco nas transmissões do conhecimento, repassando de maneira inteligente e objetiva, e permitindo que as pessoas que quase não têm tempo, possam fazer do seu pouco tempo uma experiência solene”, explicou Cury. Antes de encerrar a comemoração, foi realizado o descerramento das placas relacionadas à pavimentação das ruas internas, os novos espaços do Centro de Convenções e a nova guarita do Centro de Cana. Além disso, também foram prestadas homenagens aos grandes incentivadores do Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar. RC Revista Canavieiros - Abril 2012 18 Cultura de Rotação Rastreabilidade do Amendoim *Vânia Junqueira A rastreabilidade é um conceito que surgiu devido à necessidade de saber em que local é que um produto se encontra na cadeia logística sendo, também, muito usado em controle de qualidade de alimentos e remédios. Em termos práticos, rastreamento é saber “o que” (o produto ou bem), “de onde” veio (a origem) e “para onde” foi (destino). No mercado do amendoim uma das maiores exigências do Ministério da Agricultura diz respeito à rastreabilidade, tornando-a parte integrante da gestão da política da qualidade em todas as etapas da cadeia produtiva. Este processo de rastreabilidade é iniciado no momento da entrega das sementes aos produtores do Projeto Amendoim, que recebem o Caderno de Campo documento que é de responsabilidade do produtor e que deve conter as informações referentes às etapas de plantio, cultivo e colheita do grão. O preenchimento é orientado e supervisionado pelo Departamento Técnico da Copercana. Na etapa de pós colheita o produto é recebido pela Uname - Unidade de Grãos da Copercana para secagem, pré-limpeza e armazenamento do amendoim em casca. A rastreabilidade do campo é mantida no recebimento através da criação do número do romaneio no sistema Copercana e de rotinas de produção e de armazenamento que garantem a separação do produto a cada etapa da cadeia de produção. Como, por Vânia Junqueira exemplo, a etiqueta que é colocada em cada Bag de amendoim armazenado. Na etapa de expedição para a unidade de beneficiamento trabalhamos de forma manual, a evolução do sistema de rastreabilidade será a modernização do sistema de expedição utilizando a informatização pela utilização de código de barras, para que a expedição do produto seja feita automaticamente. O rastreamento é um instrumento fundamental quando a mundialização dos mercados comerciais torna muito difícil a identificação da origem das matérias-primas e das circunstâncias em que se realiza a produção de alimentos. O produtor - como etapa inicial da cadeia produtiva - tem primordial importância no relato das informações da lavoura no Caderno de Campo, informações que serão passadas para as outras etapas de produção. Assim, a rastreabilidade do amendoim é ferramenta fundamental para a Copercana na identificação de qualquer problema que possa surgir, definindo sua origem, afim de permitir uma intervenção rápida, resolução e o aprimoramento continuo do sitema de produção, de forma a contribuir para produção de alimentos seguros e de qualidade.RC *Coordenadora de Segurança de Alimentos Revista Canavieiros - Abril de 2012 Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” A revenda competitiva no Agronegócio “O setor de energia passa por transformações que desafiam o conhecimento estabelecido. De um lado, torna-se cada vez mais importante apresentar alternativas à matriz energética, o que implica avaliar as diversas formas alternativas de gerar energia, com preferência àquelas passíveis de renovação. De outro, a mudança no ambiente institucional por que passou o setor – privatização, constituição da ANEEL e do Mercado Atacadista de Energia, entre outros – criou novas oportunidades de negócio e novos desafios. Paralelamente, o setor sucroalccoleiro, emergindo de uma profunda crise, apresenta uma possível solução ao problema energético: a co-geração de energia. Diante de tão profundas mudanças, é reconfortante contar com um minucioso trabalho de organização dessas novas informações. Neste livro, baseado na dissertação de Zilmar, sob a competente e dedicada orientação da Prof. Heloisa Burnquist, o leitor encontrará um texto rico e claro, que desfaz o nó da complexidade da nova regulamentação sobre a comercialização de energia co-gerada. Trata-se, portanto, de referência obrigatória para aqueles interessados em desvendar essa nova realidade.” (Trecho extraído da contracapa do livro.) Citação: SOUZA, Zilmar José de. A comercialização da energia elétrica co-gerada pelo setor sucroalcooleiro / Zilmar José de Souza, Heloisa Lee Burnquist. São Paulo: Plêiade, 2000. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. novo endereço: Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP 19 Revista Canavieiros - Abril 2012 20 Reportagem de Capa Biocoop conquista Prêmio Mérito Syngenta 2011 O projeto desenvolvido e mantido pelo sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred conquistou a categoria socioambiental Carla Rossini B iocoop – recicle seus conceitos, a natureza agradece! Foi com este título que o projeto desenvolvido e mantido pelo sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred conquistou a categoria socioambiental do Prêmio Mérito Syngenta 2011, que visa reconhecer cooperativas que transformam estratégias e programas em referências de gestão de implementação. Das iniciativas mais simples aos projetos mais complexos, o Mérito Syngenta é uma vitrine democrática onde o que vale é a ideia inovadora e os resultados alcançados. Para participar da premiação, a Copercana enviou três projetos nas seguintes categorias: • Categoria Marketing – Campanha Copercana Premiada (que recebeu o 2º lugar na premiação a nível Brasil) • Categoria Cooperativismo – Aplicação de calcário nas lavouras dos cooperados • Categoria Socioambiental – Projeto Biocoop (que recebeu o 1º lugar na premiação a nível Brasil) Sobre o Biocoop Preocupada com o impacto ambiental causado pelo excesso de lixo produzido dentro de suas dependências, a Copercana – em parceria com a Canaoeste e Sicoob Cocred – implantou em abril de 2005, o projeto Biocoop, com o objetivo de gerenciar os resíduos passíveis de reciclagem através da coleta seletiva. Desde sua implantação, o projeto é coordenado por uma bióloga – responsável pela triagem dos resíduos, como: papelões, papéis, sacarias de batata e cebola, plásticos em geral, caixas de madeira, lâmpadas fluorescentes, sucatas, pilhas e baterias, entre outros. Também fazem parte da Biocoop, mais 2 colaboradores – responsáveis pela coleta e separação dos materiais. O Biocoop é o local onde ocorre a separação dos resíduos descartados pelo sistema (tanto na matriz, quanto nas filiais). Desde sua implentação, o Revista Canavieiros - Abril de 2012 Biocoop desempenha suas atividades com sucesso graças a colaboração e empenho de todos que fazem parte do Sistema, já que são os próprios colaboradores os responsáveis pela separação primária dos materiais em seus departamentos antes de os mesmos serem coletados pela equipe da limpeza (na limpeza diária dos setores) e posteriormente pela equipe do Biocoop. Após serem separados, os resíduos são encaminhados para empresas de reciclagem, contribuindo assim, com a preservação ambiental. Além de incentivar e apoiar a coleta seletiva e reciclagem, o Biocoop também realiza campanhas com outros objetivos, como manter os colaboradores e a população informados sobre as questões ambientais. 21 Dentre os trabalhos de conscientização realizados pelo Biocoop, com o apoio do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, estão: - Campanha de combate à dengue, onde os colaboradores recebem via e-mail informações de como evitar a doença; - Distribuição de canecas permanentes aos colaboradores com o objetivo de reduzir o consumo de copos descartáveis e também o descarte no meio ambiente; - Palestras para os filhos dos colaboradores sobre meio ambiente, com brincadeiras educativas relacionadas à coleta seletiva e reciclagem – no Dias das Crianças; - Campanha de incentivo ao uso de sacolas reutilizáveis nos supermercados Copercana; - Incentivo à economia de água e energia através de placas ilustrativas em locais estratégicos, como em torneiras e interruptores de luz; - Você Sabia? – informativo sobre temas ambientais enviados aos colaboradores via e-mail; - Em datas comemorativas, como: semana do meio ambiente, dia das crianças e dia da árvore, há distribuição de mudas de árvores com o objetivo de mostrar a sua importância para o planeta. No total, já foram distribuídas mais de 3.500 mudas; - A troca de óleo de cozinha usado por óleo novo – em parceria com a Granol – nos supermercados Copercana. Revista Canavieiros - Abril 2012 22 Reportagem de Capa Por exemplo, o cliente troca duas garrafas de 2 litros com óleo usado por 900 ml de óleo novo da Granol. Através de projetos como este, o Sistema acredita na possibilidade de mudanças nas condições do planeta em busca de uma vida melhor através da sustentabilidade. Nos últimos 3 anos, com o apoio do Biocoop, deixaram de ser descartados no meio ambiente: - 744.55 Kg de papelão; - 73.910 Kg de papel; - Mais de 2.586 Kg de alumínio; - Mais de 102.210 Kg de plástico; - 39.340 Kg de sucata; - 101.399 unidades de caixas de madeira (foram reutilizadas); - 15.628 unidades de sacarias (foram reutilizadas); - 1.250 Kg de vidro; - 2.246 unidades de lâmpadas fluorescentes Antonio Eduardo Tonielo Juliano Bortoloti solvemos criar o Biocoop e começar a fazer a nossa “lição de casa”, dando bons exemplos de separação e triagem de lixo para os nossos clientes e cooperados. A ideia deu certo e esse projeto é um sucesso na cooperativa e na comunidade”, disse Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana. sociedade nacional e internacional e a bendita criação do Biocoop, pelo sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, vem ao encontro disso, vez que o conjunto de suas ações de reciclagem e reaproveitamento de resíduos, bem como as de educação ambiental, fomentam o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente, garantindo-o às futuras gerações, estando inserido, portanto, no conceito de desenvolvimento sustentável tão almejado por todos”, afirma o advogado. Sobre o jantar de premiação O diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, a bióloga responsável pelo projeto Biocoop, Milena Olympio Talamoni e o comprador de insumos da cooperativa, Jean Franco Viana viajaram para a Florianópolis no dia 26 de março para participarem do jantar de premiação e apresentarem o projeto para um seleto público de executivos. Na ocasião, Bighetti aproveitou para agradecer a Syngenta pela parceria com a cooperativa. “A Syngenta é uma das empresas que são grandes parceiras da Copercana, que proporcionam Dias de Campos e palestras técnicas aos nossos agrônomos e cooperados. A iniciativa da Syngenta em criar este prêmio foi excelente porque permite que as cooperativas apresentem seus trabalhos e benfeitorias aos cooperados e colaboradores”, disse Bighetti. Depoimentos “A Copercana é uma cooperativa agrícola que tem como principal objetivo proporcionar boas condições para os agricultores produzirem alimento e energia, mas antes de mais nada, nos preocupamos com uma produção sustentável. Queremos produzir cada vez mais e melhor, mas sem agredir o meio ambiente. Foi pensando nisso que re- Manoel Ortolan Para o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, “produzir de forma sustentável é a meta das empresas. O Biocoop é um programa fundamentado no tripé da sustentabilidade: social, econômico e ambiental, já que é responsável pela coleta e comercialização do material a ser reciclado, gerando receita, empregando colaboradores e destinando o lixo de forma correta. Entendemos que essa é a forma necessária das empresas trabalharem atualmente. Esse projeto é um exemplo para os nossos colaboradores e para todas as pessoas que frequentam nossas empresas”, disse Ortolan. O advogado da Canaoeste, Juliano Bortoloti disse que “a responsabilidade ambiental hoje é uma aspiração da Revista Canavieiros - Abril de 2012 Frederico Dalmaso (Copercana) e Henrique (Syngenta) O gerente comercial de insumos da Copercana, Frederico José Dalmaso, falou que “a oportunidade que a Syngenta criou através do prêmio foi excelente já que abriu espaço para as cooperativas demonstrarem projetos e trabalhos que às vezes não são de conhecimento do público externo. E o Biocoop é uma ótima iniciativa do sistema. Um exemplo de projeto socioambiental que deu certo. Agradeço a Syngenta pela oportunidade e minha equipe de trabalho pelo empenho”, disse Dalmaso. RC 23 Revista Canavieiros - Abril 2012 24 A cachaça é nossa, o bourbon é deles. Acordo comercial reconhece cachaça como produto exclusivo do Brasil Paula Venturin - Sicoob Cocred A pós 40 anos de diálogo, a tratativa entre Brasil e EUA pelo reconhecimento da cachaça como produto tipicamente brasileiro chega à sua reta final por um acordo comercial amigável. A partir de agora, a cachaça terá certificação fiscal que lhe confere exclusividade de produção e isto também pode significar a obtenção da denominação de origem na Organização Mundial de Comércio (OMC). A cerimônia que oficializou mais um passo importante deste processo ocorreu em Washington, D.C., no dia 9 de abril, com a troca de cartas assinadas por Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ron Kirk, representante de Comércio dos Estados Unidos, durante a encontro da presidente Dilma Roussef com Barack Obama. O acordo garante que apenas os produtos fabricados no Brasil e que estejam dentro dos padrões previstos na legislação, poderão ser chamados de cachaça. Como forma de retribuição, o Brasil irá reconhecer os uísques tipo Bourbon (que utiliza milho como matéria prima) e Tenessee (típico do estado homônimo) como legitimamente americanos. Made in Brazil Nas últimas décadas, os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), das Relações Exteriores (MRE) e também o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) intensificaram as discussões O descanso e envelhecimento em tonéis de Revista Canavieiros - Abril de 2012 madeira dá corpo e sabor à cachaça. pela legitimidade do produto, bem como sua estandardização. Desde o ano 2000, havia a obrigatoriedade do uso da expressão “brazilian rum” (rum brasileiro) no rótulo das bebidas exportadas aos EUA, devido à classificação norte-americana ser baseada na matéria prima de origem dos destilados e, tanto o rum como a cachaça são feitos a partir da cana-de-açúcar. Segundo Reinaldo Annicchino, presidente da Associação dos Produtores Paulistas de Cachaça de Alambique (APPCA), este fator prejudicava a diferenciação entre as duas bebidas e também limitava a projeção 25 Engenho de cana. Gravura do pintor alemão Johann Rugendas, séc. XIX Alambique de cobre: o produtor Vetrano ao lado de suas paixões de crescimento do consumo no exterior. “Nós brasileiros, sabemos que cachaça e rum são produtos diferentes, mas o americano comum, ao ver uma garrafa e ler a denominação “brazilian rum” irá pensar que se trata de um produto inferior, visto que os melhores runs são produzidos na América Central. Sem contar que os impostos que incidiam na cachaça eram os mesmos do rum”, diz. Apesar de ver a decisão com otimismo, Annichino acredita que a conquista do mercado externo virá aos poucos. Apaixonado por essa atividade centenária, o presidente da entidade afirma que o segredo do sucesso da cachaça de alambique é sua pureza, obtida pela separação da destilação em três frações, das quais só a melhor delas, denominada “coração”, é selecionada e utilizada. Orgulho nacional Das “casas de cozer méis” para botequins do mundo todo. Bebida revolucionária, presenciou a labuta dos escravos e foi aprimorada nos engenhos. Embalou rodas de chorinho, inspirou a viola caipira e foi tema de marchinhas de carnaval. Esta paixão antiga, datada de 1553, tem uma história humilde e ao mesmo tempo riquíssima, que se mistura à vida de muitos brasileiros. Um deles é BersiVetrano, que desde criança escutava histórias sobre os encantos da ‘branquinha’ no bar da família. “Não sou voltado à bebida, mas essa beleza que o pessoal contava foi se inserindo na cabeça da gente e se transformou em uma atração”, conta ele que, seguindo os passos do pai, já foi professor e administrador. Proprietário de um sítio engenho no município de Cravinhos (SP) e produtor de cachaça de alambique há mais de 30 anos, mostra com orgulho e didatismo, como a cana se transforma nesse líquido espirituoso. Técnica alquímica, requer experiência e observação. “No início era mais vontade que conhecimento”, diz Vetranoque buscou a parceria da cooperativa de crédito SicoobCocred nos estágios de seu investimento. Entre as mais diversas atividades econômicas nas regiões em que atua, a cooperativa tem outros associados que também produzem a bebida. Animado com a boa notícia do acordo firmado na visita de Dilma, Vetrano já está procurando um sócio para incrementar ainda mais a produção e venda de sua cachaça artesanal, cujo capricho já rendeu elogios de fregueses fiéis. “Para se produzir uma boa cachaça”, define, “é preciso, sentir, experimentar, observar e ouvir os degustadores mais exigentes”. RC Revista RevistaCanavieiros Canavieiros -- Abril Abril 2012 2012 26 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal COOP. CRÉDITO PRODUTORES RURAIS E EMPRESÁRIOS DO INTERIOR PAULISTA - BALANCETE - março/2012 Valores em Reais Revista Canavieiros - Abril de 2012 27 Revista Canavieiros - Abril 2012 28 Informações Setoriais Chuvas de março e Prognósticos Climáticos de abril a junho 2012 As poucas chuvas anotadas durante o mês de março de 2012 Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Técnico Agronômico da Canaoeste A média das chuvas anotadas durante o mês de março (76mm) foi menos que a metade da média das normalidades climáticas de todos os locais que nos informaram (173mm). Chuvas próximas às normais climáticas ocorreram apenas na Açúcar Guarani e Franca (IAC-Ciiagro). E, ainda, do mesmo modo que os quatro meses anteriores, a distribuição das chuvas foi muito irregular. O Mapa 1 mostra que, já em meados de março, havia ocorrência de uma larga faixa centro-norte do Estado com baixa Disponibilidade de Água no Solo. Exceção se fazia em estrita faixa leste do Estado de São Paulo e entre Bauru a Avaré. Baixa Disponibilidade esta que, até o final do mês, foi se tornando crítica, exceto no extremo sudoeste do estado. O Mapa 2 - final de março de 2011 faz relembrar as altas somas de chuvas na Região de abrangência Canaoeste, da ABAG RP e estreita faixa norte do Estado (acima de 600m em alguns locais); Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 15 a 18 de março de 2012 Revista Canavieiros - Abril de 2012 enquanto que, no extremo sudoeste choveu bem, mas não tanto quanto na faixa norte. Comparando-se os Mapas 2 e 3, nota-se as semelhantes condições de baixa a média Disponibilidade de Água no Solo no eixo Bauru a próximo de Assis e Centro do Estado. Ao final de Março de 2012- Mapa 3, nota-se que Mapa 2:- Água Disponível no 29 ainda ocorria média Disponibilidade de Água no Solo nas faixas leste, Assis-Ourinhos e extremo sudoeste. Entretanto e infelizmente, pode-se dizer que mais da metade da área sucroenergética do estado de São Paulo está sofrendo face à elevada adversidade climática. Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a Canaoeste resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de abril a junho, conforme mostrado no Mapa 4. • Para os meses abril a junho, prevê-se temperaturas médias próximas das respectivas médias históricas em toda Região Centro Sul; • O consenso INMET-INPE assinala que, durante o mesmo período, poderá ocorrer iguais probabilidades de chuvas de abaixo a acima das respectivas médias históricas em toda área sucroenergética da Região Centro Sul, exceto na área amarela do Mapa 4, onde está previsto ficar abaixo das respectivas normais climáticas; • Como referência de normais climáticas para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, pelo Centro de Cana-IAC, as mé- o Solo ao final de março 2011 dias históricas de chuvas são: 70mm em abril, 55mm em maio e 25mm em junho. A SOMAR Meteorologia, por sua vez, prevê que para a região de abrangência da CANAOESTE, pode receber médios volumes de chuvas ao final desta semana (20e 21 de abril) e ao final do mês de abril, se bem que com média confiabilidade das previsões. Serão chuvas (torcemos) para salvar os plantios já efetuados. Sem irrigação e temperaturas mais baixas, os plantios doravante sempre terão riscos nestes meses de menores chuvas. Não se tem previsão de total escassez de chuvas para os meses subsequentes. E, repetindo, com possível surpresa (positiva) para julho, que será revisada em meses mais próximos. A Canaoeste volta a enfatizar sobre a necessária qualidade das mudas, condição mais que fundamental para assegurar a devida segurança fitossanitária ao plantel varietal, aos plantios e à produtividade e longevidade dos canaviais. A relação custo/benefício pelo emprego de MUDAS SADIAS é por demais de favorável. Face estas previsões climáticas para estes próximos meses e à elevada demanda por matéria-prima (cana), a Mapa 4:- Adaptação pela CANAOESTE do Prognóstico de Consenso entre INMET e INPE para o trimestre abril-maio-junho de 2012. Prognóstico bem próximo do anterior. Canaoeste recomenda muitas atenções aos produtores de cana para que evitem mato-competição, perdas de cana e sua qualidade por ocasião da colheita. Estes prognósticos serão revistos a cada edição da Revista Canavieiros. Prognósticos climáticos relevantes ou fatos serão noticiados em nosso site www.canaoeste.com.br. Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de março de 2012. RC Revista Canavieiros - Abril 2012 30 Artigo Técnico Fechamento da safra 2011/2012 A safra 2011/2012 chegou ao fim e este trabalho tem como objetivo apresentar os dados obtidos até o término da moagem em comparação com os obtidos na safra 2010/2011. A Tabela 1 contém o ATR médio acumulado (kg/tonelada) desta safra 2011/2012, em comparação com o obtido na safra 2010/2011, sendo que o ATR desta safra ficou 4,78 Kg abaixo do obtido na safra 2010/2011. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos Fornecedores de cana da Canaoeste nas safras 2010/2011 e 2011/2012 SAFRA ATR (kg/t) 2010/2011 146,41 2011/2012DIFERENÇA 141,63 4,78 As tabelas, 2 e 3, mostram detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2010/2011 e 2011/2012, respectivamente. Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, na safra 2010/2011 Thiago de Andrade Silva Gerente de Planejamento, Controle e Topografia da Canaoeste O gráfico 1 mostra o comportamento do BRIX do caldo da safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. O BRIX do caldo da safra 2011/2012 ficou abaixo em todas as quinzenas, em relação à 2010/2011, sendo de forma mais acentuada na 2ª quinzena de março, exceto no mês de outubro em diante que ficou acima e equiparado na 2ª quinzena de novembro. No gráfico 2 pode-se verificar o comportamento da POL do caldo na safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste na safra 2011/2012 Pode-se observar que a POL do caldo apresentou comportamento parecido do BRIX do Caldo. O gráfico 3 mostra o comportamento da PUREZA do caldo na safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. A Pureza do caldo da safra 2011/2012 ficou muito abaixo da obtida na 2010/2011, do início da safra até a 2ª quinzena de abril, com maior acentuação na 2ª quinzena de março, ficando próximo do mês de maio em diante, se igualando, praticamente, a partir da 1ª quinzena de agosto até a 1ª quinzena e outubro e 1ª quinzena de novembro. No gráfico 4, encontra-se o comportamento da FIBRAda cana na safra 2011/2012 em comparação com a da 2010/2011. Revista Canavieiros - Abril de 2012 31 Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2011/2012 e 2010/2011 De modo geral, a FIBRA da cana na safra 2011/2012 ficou abaixo da obtida na 2010/2011, com exceção da 1ª quinzena de abril, ficando bem abaixo na 2ª quinzena de março e de forma menos acentuada na 2ª quinzena de maio. O gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. A POL da cana obtida na safra 2011/2012 ficou muito abaixo daquela obtida na 2010/2011 em todas as quinzenas, sendo a diferença mais acentuada na 2ª quinzena de março, exceto nas duas quinzenas de outubro e novembro, tendo ficado acima nas duas 1ª quinzenas. Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2011/2012 e 2010/2011 No gráfico 6 pode-se observar o comportamento do ATR na safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. Como o ATR é calculado a partir da POL e do ARC da cana, observa-se um comportamento semelhante ao da POL da cana, por apresentar maior participação no teor de ATR. Gráfico 3 – PUREZA do caldo obtida nas safras 2011/2012 e 2010/2011 O Gráfico 7 mostra o comportamento da precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada na safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. A precipitação pluviométrica média ficou acima dos valores observados em 2010, nos meses de fevereiro, março, abril, junho, agosto, outubro e novembro de 2011, sendo que nos meses de março e outubro a precipitação plu- Revista Canavieiros - Abril 2012 32 Gráfico 4 – Comparativo das Médias de FIBRA da cana viométrica ficou muito acima, quando comparada com a de 2010; Nos meses de janeiro, maio, julho, setembro e dezembro a precipitação pluviométrica desta safra ficou abaixo daquela observada em 2010, de forma mais acentuada no mês de setembro e com menos acentuação em dezembro. O gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por trimestre na safra 2011/2012 em comparação com a 2010/2011. Em 2011, observa-se um volume de chuva muito acima no 1º Trimestre e um pouco maior no 2º e 4º trimestre, se comparado aos volumes médios de 2010. O 3º trimestre, praticamente se igualou ao volume médio observado em 2010. Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2011/2012 e 2010/2011 Embora a precipitação pluviométrica tenha sido maior na safra 2011/2012 em relação à 2010/2011, a mesma não foi suficiente para compensar o prejuízo causado pelo déficit hídrico da safra 2010/2011, levando em conta também os prejuízos causados neste ano provindos de efeitos climáticos causados pelas duas geadas, ventos fortes que deitaram a cana comprometendo seu desenvolvimento, e ainda um déficit hídrico. Todas as ocorrências contribuíram para que a cana-de-açúcar tivesse um crescimento vegetativo menor, resultando em uma queda expressiva de produtividade e qualidade da matéria-prima. Isso fez com que o ATR médio ficasse 3,26% (4,78 kg/t) abaixo do obtido na safra 2010/2011.RC Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2011/2012 e 2010/2011 Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por trimestre, nas safras 2011/2012 e 2010/2011 Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada nas safras 2011/2012 e 2010/2011 Revista Canavieiros - Abril de 2012 33 Revista Canavieiros - Abril 2012 34 Assuntos Legais Código Florestal: verdades e mentiras P rezados leitores, o Código Florestal de 1965 foi alterado diversas vezes por leis elaboradas legitimamente pelos representantes da sociedade (Poder Legislativo) e, infelizmente, por impressionantes 67 medidas provisórias oriundas do Poder Executivo, o que, por si só, as faz padecer de legitimidade, pois elaboradas sem discussão com os representantes do povo - inobstante serem consideradas legais em nosso ordenamento jurídico. O resultado destas alterações últimas, feitas apenas sob o enfoque biocentrista, não levando em consideração outras conjecturas e, principalmente, o ser humano, não poderia ser outro ao que estamos assistindo recentemente, qual seja, colocar na ilegalidade proprietários e produtores rurais e urbanos que historicamente utilizaram-se de tais áreas para viver e produzirem, outrora incentivados até mesmo pelo próprio Poder Público. Tudo isto vem culminar, como não poderia deixar de ser, na provocação da sociedade ao Poder Legislativo para que este corrija tais erros e excessos praticados nas alterações do Código Florestal pelo Executivo. Em sua função primordial, o Congresso Nacional já deu a resposta, onde se discutiu amplamente na Câmara dos Deputados projeto de lei que revoga o atual Código Florestal e cria outro, continuando no Senado Federal e, agora, voltando à Câmara, tudo sob os olhos e ingerências do Executivo Federal. Há vários pontos de vista sobre o assunto, onde, afastando-se os radicais de ambos os lados, está se chegando ao consenso entre Poderes Executivo e Legislativo, tendo sido programada a votação final do texto de consenso para os dias 24/25 de abril deste ano, se nada mudar até lá. Os ambientalistas radicais entendem que a redação da nova lei será um retrocesso ambiental, porém, ouso discordar deste entendimento, pois, em Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste minha visão, o homem se encontra inserido no meio ambiente natural, não podendo ficar fora dele desde que estabelecidas regras claras de respeito e preservação. Não posso concordar que o meio ambiente natural é um fim em si mesmo, não permitindo a presença humana nele. Então, neste contexto atual de votação do projeto de lei do novo Código Florestal, vou pedir permissão para replicar neste espaço um artigo subscrito pelo Evaristo Eduardo de Miranda, doutor em ecologia e pesquisador da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – e pelo Dr. José Maria da Costa, magistrado aposentado e advogado, no sitio jurídico www.migalhas.com.br, de 13 de março de 2012, que muito bem ilustraram tudo o que foi falado sobre o assunto. A votação do Código Florestal e o princípio da precaução O parto difícil do novo Código Florestal O Ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, em palestra proferida em São Paulo, no início de março deste ano, previu uma enxurrada de ações judiciais com a aprovação do novo Código Florestal. A razão principal é simples: dezenas de milhões de hectares de terras agrícolas, ocupadas em sua imensa maioria de acordo com as exigências para o desmatamento da legislação de seu tempo, ficarão na ilegalidade. Milhões de hectares de cultivos, pomares, florestas plantadas e pastagens deverão ser arrancados para cumprir a nova legislação. A proposta do novo Código Florestal, tanto a votada originalmente na Câmara dos Deputados, como a aprovada pelo Senado, equaciona em parte a questão da exigência de Reserva Legal nas propriedades rurais. Mas o projeto agrava, e muito, a situação das atividades agrossilvipastoris praticadas nas chamadas Áreas de Preservação Permanente, colocando na ilegalidade cerca de cinco milhões de produtores rurais. Daí a previsão meteorológica do Ministro Marco Aurélio de uma “enxurrada de ações judiciais”, fundadas no direito adquirido, na irretroatividade da lei, no direito de propriedade, etc. Os problemas atuais de ordenamento territorial e de uso legal das terras no Brasil são o resultado de um processo, por cujo intermédio, nos últimos anos, um número significativo de áreas foi destinado à proteção ambiental e ao uso Revista Canavieiros - Abril de 2012 exclusivo de algumas populações, enquanto uma série de medidas legais restringiu severamente a possibilidade de remoção da vegetação natural, exigindo sua recomposição e o fim das atividades agrícolas intensivas nessas áreas, mesmo se exploradas há séculos. Legalidade e legitimidade no uso das terras No final do século passado, por iniciativa do Executivo (por meio de medidas provisórias e decretos), surgiram os conceitos de Reserva Legal (RL) e de Áreas de Preservação Permanente (APPs), verdadeiras exclusividades de nossa legislação, que muitos consideram a mais avançada do mundo em matéria ambiental. 35 A legislação define, como Reserva Legal, uma porcentagem da área da propriedade rural, entre 20 e 80%, que deve permanecer recoberta por vegetação natural, por ser considerada necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Além disso, as Áreas de Preservação Permanente, cobertas ou não por vegetação nativa, têm a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Ou seja, o agricultor brasileiro foi designado como responsável por garantir todas essas funções ecológicas, geológicas, genéticas, ambientais e sociais, por meio de sua propriedade rural e em sua propriedade rural, assumindo todos os ônus daí decorrentes. Não é pouco. Assim, a partir de meados da segunda metade do século passado, foram consideradas APPs: (I) as faixas marginais dos rios, riachos, córregos, lagos, lagoas e reservatórios de água artificiais; (II) as encostas de morros e áreas declivosas; (III) os manguezais, as restingas, as nascentes e olhos d’água; (IV) os locais de reprodução de espécies da fauna selvagem; (V) diversas outras situações. Em contraposição ao que assim se fixou, é de se dizer que a ocupação agrossilvipastoril de muitos desses locais já ocorrera bem antes da invenção das APPs, ao longo da história do Brasil. Ao se entender que as definições de APPs aplicavam-se não apenas às áreas futuras a serem ocupadas pela agricultura, mas também às ocupações tradicionais, milhões de agricultores e um número enorme de cadeias produtivas foram colocados na ilegalidade. Ficaram na ilegalidade, por estarem em áreas consideradas de preservação permanente, em que pese à legitimidade histórica da atividade produtiva, (I) a rizicultura de várzea no RS, SP e MA, (II) a criação de búfalos nas várzeas do AP, AM e PA, (III) o plantio de café em áreas de relevo da BA, MG, SP e PR, (IV) os reflorestamentos em áreas de declive em SP, RJ, MG, ES e TO, (V) o plantio de macieiras em SC, (VI) a vitivinicultura em SP, SC e RS, (VII) toda a pecuária tradicional no Pantanal, considerado integralmente como uma APP, (VIII) a pecuária leiteira e a pecuária de corte nas serras e regiões montanhosas em SP, MG, ES e NE, (IX) a cana de açúcar em várias situações topográficas em SP, RJ e, sobretudo, no NE, (X) parte da citricultura na BA, SE e SP, (XI) os pequenos ruminantes de criação extensiva no semiárido nordestino, (XII) as instalações para criação de suínos e aves em SC, MG, PR e SP, (XIII) os projetos de irrigação no NE, SU e SE, (XIV) a produção de flores no CE, MG e SP, (XV) o plantio de tabaco em SC e BA, (XVI) o cultivo de milho e de feijão em quase todo Brasil, além de diversas outras atividades agrícolas. A consolidação não consolidada das APPs no Código Florestal Na versão do Código Florestal aprovada na Câmara, as atividades agropecuárias desenvolvidas até 2008 em APPs seriam consolidadas, com a proibição de novos desmatamentos. O Senado manteve essa consolidação no “caput” do artigo 62: “Nas Áreas de Preservação Permanente é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.” A questão estaria resolvida, se o mesmo Senado não impusesse, nos parágrafos desse artigo, outras condições: os agricultores devem arrancar cultivos e pomares, retirar o gado e recuperar a vegetação nativa em faixas de 15 a 500 metros de cada lado dos rios e riachos. O que se dá com uma das mãos, retira-se com a outra. Ao longo de toda a rede hidrográfica dos rios de Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, da Amazônia e do Nordeste, isso pode Revista Canavieiros - Abril 2012 36 representar a perda de mais da metade das áreas produtivas. Para quem têm diversos riachos na propriedade, isso pode inviabilizar toda a sua produção e o futuro da propriedade. Metade dos 40.000 hectares de plantios de banana no vale do Ribeira, em São Paulo, estarão na ilegalidade e deverão ser arrancados. É também o caso dos projetos de irrigação instalados ao lado dos rios, frutos de enormes investimentos públicos e privados, os quais deverão ser desativados. Uma pesquisa da Embrapa Gestão Territorial verificou, com base no INCRA e no Censo Agropecuário do IBGE de 2006, que os imóveis com até quatro MFs constituem 89% dos estabelecimentos agropecuários do país, ocupam 11% do território e contribuem com 50% da produção agropecuária. E o Ministério do Meio Ambiente defende a retirada da agricultura das APPs, mas não quer dimensionar o alcance social e econômico dessa medida em seu potencial de “desantropização”. Um dirigente do Ministério do Meio Ambiente estimou que a agricultura perderá 33 milhões de hectares. Para outros técnicos, seriam 60 milhões de hectares. As consequências sociais e econômicas precisam ser avaliadas, mesmo que alguns ambientalistas defendam o que chamam de desantropização das áreas agrícolas, principalmente na Amazônia. O princípio da precaução O drama de milhões de pequenos agricultores Estudos da Embrapa indicam, com base no Censo Agropecuário do IBGE, que, quanto menor a propriedade rural, pior sua situação. Os pequenos utilizam a totalidade das terras para produzir e sobreviver. Para a Lei 8.629/93, pequenas propriedades são imóveis entre um e quatro Módulos Fiscais (MFs), e a dimensão destes é definida pelo INCRA para cada município. É certo que, em parte do Brasil, o projeto do Senado propõe que essa perda de terras produtivas se limite ao máximo de 20% da propriedade com menos de 4MFs. Ora, ao longo dos rios estão os terrenos mais férteis. Na maioria dos casos, esses 20% de terras férteis garantem de 50 a 80% da renda do produtor, como ocorre ao longo do Rio São Francisco e no entorno de milhares de açudes e barragens do Nordeste brasileiro. versidade do meio ambiente no Brasil. Cada bioma pede critérios específicos para o regime de uso e proteção de suas APPs. E os Estados devem participar da avaliação e do esforço para recompor as APPs de forma adequada, considerando a ocupação das terras, as tecnologias empregadas e o contexto morfopedológico. Recompor sim, mas recompor bem. Nesse contexto de aparente consenso, qual a razão de tanto conflito? Por que a Ministra Isabela Teixeira e outros ambientalistas não aceitam o que chamam de “desfiguração do Código aprovado no Senado”? A questão principal está nas atividades agrícolas consolidadas em APPs. O próprio princípio da precaução, tão invocado em outras situações, sugere que o Governo avalie a situação das APPs ocupadas de longa data, para só depois propor sua recuperação, com critérios técnicos, onde for necessária, por meio de programas bem organizados de assistência técnica aos pequenos agricultores. Se não for assim, na enxurrada futura de ações judiciais, talvez só reste aos advogados invocar a legislação de proteção da fauna selvagem em prol da defesa dos agricultores, estes, sim, desantropizados e ameaçados de extinção. __________ * Evaristo Eduardo de Miranda é doutor em ecologia, pesquisador da Embrapa ** José Maria da Costa é advogado e magistrado aposentado. Doutorando e mestre em direito pela PUC-SP __________ Esta matéria foi colocada no ar originalmente em 13 de março de 2012. ISSN 1983-392X Até a figura da Reserva Legal reconhece diferenças entre biomas. As APPs não. Para seus dispositivos, o Brasil inteiro é uma coisa só. Exigir, porém, a mesma faixa de vegetação para um riacho intermitente na caatinga, ou que desce encachoeirado a Serra do Mar, ou que escoa quase imperceptível como um arroio pela pampa gaúcha, ou que forma um pequeno igarapé na Amazônia, é ignorar a di- Com este artigo, estimados leitores, espero que tenham compreendido os problemas que rondam a nossa legislação ambiental territorial, servindo também de subsídio em eventuais discussões onde, não raras vezes, são lhe atribuídos diversos adjetivos impróprios (criminosos, poluidores, degradadores, etc.) decorrentes do trabalho que exercem, trazendo indiscutível benefício à sociedade, ao meio ambiente e ao País. RC A regularização das atividades agrossilvipastoris até 2008 em APPs dará segurança jurídica aos agricultores. A proposta do Código Florestal elaborada pelo relator Deputado Paulo Piau, para ir à votação na Câmara dos Deputados, apresenta um surpreendente nível de consenso de 95% com o texto do Senado. Sua versão conteria cerca de 540 itens entre artigos, incisos e parágrafos, contra 571 da versão aprovada no Senado Federal. Desse total, cerca de 510 itens (95%) foram aprovados pelas duas Casas. Acompanhe a Revista Canavieiros nas redes sociais: www.facebook.com/revistacanavieiros Revista Canavieiros - Abril de 2012 www.twitter.com/canavieiros www.revistacanavieiros.com.br 37 Revista Canavieiros - Abril 2012 38 Pragas e doenças Falta de cuidados aumentam a incidência de carvão *Daniela Aragão Santa Rosa - engenheira agrônoma Canaoeste - Pontal *Gustavo de Almeida Nogueira – Gerente do Departamento Técnico Canaoeste Assim, a somatória de fatores e principalmente a falta de critério na utilização de cana e não mudas em novos plantios, como doença é produto da interação entre patógeno-hospedeiro-ambiente e os seus efeitos podem variar de um local para outro, devemos considerar conjuntamente todos os fatores com variedades, os locais onde serão plantadas e as possíveis doenças que poderão ocorrer, prevenindo assim, que futuros problemas venham acontecer. Uma das doenças que vem aumentando a incidência nos últimos anos é o Carvão, doença de fácil identificação, devido à presença de um chicote com uma massa pulverulenta de esporos pretos. Esse fato deve estar ocorrendo devido aos fatores que comentamos anteriormente. 60% da área de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, visto que todos os programas de melhoramento genético visam desenvolver variedades resistente à doença. Carvão É uma das doenças com grande capacidade de disseminação e podem correr em surtos esporádicos quando abusamos da utilização de variedades com resistência intermediária ou variedades suscetíveis, sem devidos cuidados. A distribuição e multiplicação de uma variedade, sem o prévio conhecimento da sua reação para o carvão, ou mesmo a negligência no plantio e no uso de materiais sabidamente suscetíveis ou com qualidade fitossanitária duvidosa, poderá acarretar sérias consequências. Agente causal O carvão é uma doença sistêmica, causada pelo fungo Ustilago scitaminea Sydow, é muito específico com diferentes tipos de raças, o que torna importante os cuidados. Da esporulação até o aparecimento do chicote pode demorar até 100 dias, variando com as condições climáticas. Sintoma e sinal A touceira afetada pode apresentar o ângulo de inserção das folhas mais agudo limbo foliar estreito e curto, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. O carvão é uma das principais doenças em cana-de-açúcar, que teve sua primeira epidemia no Brasil na década de 1980, sobre a variedade NA5679, que ocupava cerca de Revista Canavieiros - Abril de 2012 Fungo: Ustilago, visualização em microscópio Ciclo Os chicotes podem conter bilhões de esporos do carvão, que sobrevivem em resto de cultura, e são disseminados pelo vento, água de enxurrada e irrigação e vão a longas distâncias. Em condições de seca e sem chuvas, os esporos podem ficar dormentes até que haja umidade. Foto: Luis Roberto Lima Leite, 2010 A crise econômica que o Brasil - como também o setor sucroenergético - enfrentaram nos últimos anos, refletiram diretamente nos canaviais. Os produtores e as indústrias do setor deixaram de investir na renovação dos canaviais, que envelheceram. Com a retomada dos investimentos em novos plantios, podemos cometer erros já vivenciados no passado cujos reflexos aparecem no presente. A utilização de mudas sadias é essencial para termos sucesso em nossa atividade. Estas mudas devem ser oriundas de viveiros onde foram realizadas todas as operações fitossanitárias recomendadas, como: tratamento térmico, operações de roguing, desinfecção dos instrumentos de corte e diagnósticos. 39 As regiões mais jovens são vulneráveis. Se a planta de cana-de-açúcar for cortada para muda nestas condições, a nova planta irá se desenvolver com a doença. A infecção da gema após o plantio pode ocorrer a partir de esporos que caírem no solo e entrarem em contato com as gemas. Assim disseminando por toda a área. A infecção ocorre no meristema apical da cana-de-açúcar e o sinal aparece após um longo período, assim os esporos colonizam e se reproduzem. As condições favoráveis são: temperatura relativamente alta (25 a 30ºC) e alta umidade. Controle O uso de variedade resistente é a maneira mais eficiente de controle de doenças. Quando as variedades forem de resistência intermediária o tratamento térmico das mudas é obrigatório, associado a um fungicida sistêmico. Devendo ocorrer o monitoramento das primeiras semanas até os oito meses de idade, conhecido como “roguing”, retirando as plantas com sintomas colocando em saquinhos e desinfeccionando o material de corte a cada retirada. Consequentemente não é indicado o uso de variedades que visualmente não possuem sintomas e sem tratamento, pois devido à demora do aparecimento dos sintomas a planta já pode estar com os esporos, dessa forma a doença irá disseminar por todo o canavial do produtor e dos vizinhos, através dos ventos, das chuvas. O aumento do carvão está ocorrendo devido a não utilização de mudas certificadas oriundas de viveiros.RC Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.” Mário Quintana Renata Sborgia 1) Maria encontrou o “ex marido” na festa. ...existem encontros que podem ser cordiais! Para a cordialidade estar presente na Língua Portuguesa : com o prefixo ex usar o hífen. O correto é: ex-marido. Regra fácil: O Novo acordo Ortográfico manteve o hífen quando o prefixo for ex. 2) Pedro ficou “tranquilo” na apresentação do trabalho no Congresso. ...e a Língua Portuguesa está tranquila com o uso correto da expressão sem o trema! Segundo o Novo Acordo Ortográfico, não será mais usado o trema (na regra geral). 3) SAIBA MAIS PARA NÃO ERRAR: Vamos , prezados amigos leitores, evitar o pleonasmo vicioso? a) Planos ou projetos para o futuro! Alguém já fez planos ou projetos para o passado? Não vale dizer: Se for o Michael J. Fox no filme “De volta para o Futuro”! b) Criar novos empregos! Alguém consegue criar algo velho? c) Conviver junto! Alguém consegue conviver separadamente?! PARA VOCÊ PENSAR: “Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que estás numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por isso é que os poemas têm ritmo - para que possas profundamente respirar. Quem faz um poema salva um afogado.” Mário Quintana * Advogada, Prof. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/ RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. Revista Canavieiros - Abril 2012 40 Revista Canavieiros - Abril de 2012 41 Revista Canavieiros - Abril 2012 42 VENDEM-SE - Mudas de seringueira da variedade RIM600 com borbulheira registrada; - Porta enxertos para mudas cítricas de todas as variedades; - Mudas de limão e laranja de todas as variedades; - Mudas de manga e abacates. Nome: Cleiton (Branco) – 23 anos de experiência. Telefone: 17 – 9133-5717 – 96295456 ou 8101-8767 E-mail: [email protected] CURSOS em Segurança do Trabalho Ministramos cursos e reciclagem para: Op. de empilhadeira, Ponte rolante, Guinda-auto (munck), Trator, Retro- escavadeira, PPRPS, NR 10, CIPA, e outros. 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