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MAIO/2013 SANDVIK Coromant Otimização dos processos amplia grau de competitividade da indústria da usinagem HIDRÁULICA & PNEUMÁTICA Números do setor evidenciam sua importância estratégica LIDERANÇA Elimine conflitos internos e ganhe produtividade www.cimm.com.br INÍCIO DE CONVERSA ISSN - 2238-8206 EXPEDIENTE A MANUFATURA EM FOCO é uma publicação do CIMM Centro de Informação Metal Mecânica, com circulação de seis edições anuais e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Administração Rod. SC 401 - Km 01 - Parq.Tec. Alfa CELTA - Bairro João Paulo - CEP 88030-000 Telefone (48) 3028-3112 - Florianópolis - SC - Brasil www.cimm.com.br Conselho Editorial Alessandro Bianchi, Francisco Carlos Marcondes, Junior Vieira, Renato Rocha, Adilson Silveira, Lourival Boehs, André Berté, Karine Wenzel, Lucio Barbieri Editor-Chefe Francisco Marcondes - [email protected] Redação Francisco Marcondes, Karine Wenzel, Luiza Moretti, Karina Pizzini Coordenação André Berté Colaboradores Samanta Luchini, Donizeti Cosme, Raquel Bidin, Adalberto Mohai Szabó Júnior Edição de Arte, Produção Gráfica e Projeto Gráfico Aprenda a apreciar sem destruir! ABID Publicidade e Propaganda - www.abid.com.br Editora Prol Editora Gráfica Revisão Bianca Florencio Jornalista Responsável Francisco Marcondes - MTB 56.136/SP Propaganda Thaís Viceconti Covolo E-mail: [email protected] telefone: (11) 9909-8808 Impressão Prol Editora Gráfica Fale conosco Bem-vinda, ó maturidade, que vens em socorro do meu caráter e conténs, em tempo, a força dos meus instintos. Tu, que me ensinas a admirar o belo sem que precise tocá-lo, que me levas a fechar os olhos aspirando o doce aroma que se expande na brisa, inspirando-me a alma e tocando-me o espírito. Tu, que me conténs a ânsia de apanhar a beleza encarnada que transpassa inocente os limites da prudência. Minhas mãos calejadas e ásperas, por mais zelosas que fossem, a despetalariam. Ó flor delicada, que prestes tu os teus favores aos cuitelinhos; estes sim, feitos para ti e à altura da tua delicadeza. Poder captá-la em minhas retinas sobrecarregadas de cinza já me é motivo de graça, até que cumpra teus propósitos e finde o teu tempo. Pudesse o homem entender o verdadeiro sentido da vida, cultivaria canteiros sem jamais abreviar o que por si só tão efêmero é! MF [email protected] www.manufaturaemfoco.com.br Francisco Marcondes Editor-chefe MANUFATURAEMFOCO.com.br 3 ÍNDICE 22 12 06 Casos de Sucesso Panorama Industrial Talentos & Competências SANDVIK COROMANT HIDRÁULICA & PNEUMÁTICA LIDERANÇA Claudio Camacho, President - South and Central Americas da Sandvik Coromant, fala sobre tendências e oportunidades para a indústria de ferramentas de corte. Levantamento setorial traz um panorama do desempenho das principais indústrias do mercado de produtos de acionamento hidráulico e pneumático no país. Administrar conflitos faz parte do cotidiano de todo gestor e quanto mais cedo forem resolvidos, tanto melhor será o desempenho da equipe. Início de conversa 4 3 Apreciar sem tocar permite contemplar as belezas do meio ambiente sem destruí-lo Inovação e Criatividade 16 O que tem sido feito para estimular a geração de novas tecnologias no país Desafio da Qualidade 32 Manutenção do sistema está intrinsicamente ligado às atitudes da média gerência Compras & Suprimentos 36 Envolvimento do setor de compras desde o início do processo de aquisição facilita negociações Academia 38 Movimento 42 MANUFATURAEMFOCO.com.br Considerações sobre geração de energia e sustentabilidade Agenda de eventos e feiras PANORAMA INDUSTRIAL As tendências no setor de Hidráulica e Pneumática Empresas criam produtos em hidráulica e pneumática para atender às novas necessidades de seus clientes nacionais e investem no setor de engenharia. Por Karine Wenzel A hidráulica e a pneumática podem ser encontradas nos mais diversos setores e equipamentos e tornam a atividade industrial muito mais fácil e rápida. Atualmente, as empresas já investem no desenvolvimento de produtos e componentes em território nacional e focam em inovação e pesquisa. Mercado Segundo dados da Câmara Setorial de Equipamentos Hidráulicos, Pneumáticos e Automação Industrial (CSHPA) da Abimaq, em 2012, houve um aumento entre 1 e 2% no faturamento de equipamentos hidráulicos e pneumáticos no Brasil, chegando a um valor de R$ 1,5 bilhão. Desse total, cerca de um terço está relacionado à importação e 15% à exportação. “Não tivemos um crescimento expressivo do setor, porque a indústria de caminhões sofreu bastante e afetou a venda de equipamentos e componentes hidráulicos”, comenta o presidente da CSHPA, Waldomiro Modena Filho. Ele afirma que 2013 já apresenta bons sinais. “Temos a expectativa de crescimento de 10% do setor neste ano, chegando à marca de R$ 1,7 bilhão”, calcula. Para Waldomiro, um dos obstáculos para o desenvolvimento do setor é que a indústria brasileira de pneumática e hidráulica ainda depende de muitos componentes do exterior. Os componentes mais tecnológicos vêm de países como Alemanha, Estados Unidos e Japão, 6 MANUFATURAEMFOCO.com.br já os mais simples costumam vir da China. Para ganhar competitividade, “o setor tem que se preocupar em termos de normas, competência e qualidade de seus produtos”, afirma. Há cinco anos, a CSHPA trabalha na nacionalização das normas relativas ao setor H&P. “Agora estamos em contato com SENAI, IPT e outros centros de pesquisa para configurar o laboratório para testar componentes nacionais. Essa etapa deve ser concluída em até dois anos”, explica o presidente. Nos últimos três anos, a CSHPA teve um aumento de 8% no número de associados, que hoje somam quase 70 indústrias do setor. Indústrias Uma das associadas da CSHPA é a Norgren. Com experiência de mais de 80 anos em soluções para automação industrial e uma rede que alcança 75 países, a Norgren trabalha com soluções de automação pneumática e controle de fluidos. No Brasil, atua há 38 anos e conta com cerca de 230 funcionários. Em 2012, as vendas globais da Norgren tiveram um aumento de 3%, alcançando a marca dos R$ 6,6 bilhões. “Como atuamos mais fortemente no setor de caminhões e o segmento teve queda de 20% nas vendas e 40% na fabricação devido às normas do Euro 5, foi um ano muito difícil para a Norgren”, explica o presidente da empresa no Brasil e América Latina, Ricardo Rodrigues. Atualmente, o setor de caminhões responde por 50% do faturamento da Norgren Brasil, que desenvolve uma série de produtos e tecnologias para a área automotiva. São válvulas e conexões que controlam o ar pressurizado dentro do caminhão e podem atuar em vários sistemas do veículo. O presidente cita que um dos últimos produtos desenvolvidos deste segmento são as válvulas proporcionais para controle de ajuste do turbo, que ajudam a atender a legislação do Euro 5, diminuindo a emissão de gás carbônico e contribuindo para a eficiência energética. Segundo Rodrigues, os produtos asiáticos vêm ganhando espaço no Brasil e com um preço muito abaixo dos praticados no mercado nacional. “Focamos em agregar valor aos nossos produtos, tentamos diferenciá-lo da concorrência através da qualidade”. Um exemplo disso é que a Norgren está desenvolvendo cilindros pneumáticos com válvulas de controle com inteligência integrada. O produto é voltado, principalmente, para a indústria de alimentos, pois é mais fácil de desmontar e limpar, por exemplo, por não possuir tantos mecanismos. Rodrigues conta ainda que, em 2012, eles aumentaram 50% do tamanho da única fábrica da Norgren no Brasil, localizada em Santo Amaro (SP). Para este ano, o foco está no aumento de profissionais na área de engenharia, que hoje são 20. “Queremos ampliar em 20% o número de engenheiros, mas é muito difícil encontrar mão de obra qualificada neste segmento, assim como em tantas outras áreas de engenharia. Queremos formar profissionais que sejam referência no mercado”, defende. Ele afirma que cada engenheiro Waldomiro Modena Filho - Presidente da CSHPA desenvolve três a quatro projetos ao mesmo tempo, com duração de seis meses a um ano cada um, dependendo da complexidade. No desenvolvimento de novos produtos, o presidente da Norgren explica que a empresa trabalha em conjunto com as necessidades do mercado. “Os engenheiros, muitas vezes, trabalham alocados na indústria para saberem realmente o que o cliente precisa”, afirma. Segundo Rodrigues, a grande vantagem de se estar em um segmento predominantemente de empresas globais é que ocorre a amplificação. “Na Norgren, as soluções de automação pneumática criadas no Brasil são reaproveitadas em outros contextos e países e vice-versa”, explica. O mesmo acontece na Parker Hannifin. Com vendas anuais superiores a US$13 bilhões no ano fiscal de 2012, a Parker trabalha com tecnologias voltadas a movimento e controle, fornecendo soluções de engenharia de precisão para uma grande variedade de mercados; com ênfase em equipamentos “mobil” (construção, rodoviário e agrícola), transportes Fábrica de filtros hidráulicos da Parker Hannifin em Arujá (SP) Ricardo Rodrigues - Presidente da Norgren no Brasil e na América Latina industriais e aeroespaciais. Há mais de 40 anos no Brasil, a empresa tem investido fortemente no mercado de filtração nos últimos sete anos. Em março deste ano, a Parker Hannifin inaugurou sua oitava fábrica no país. A nova unidade é dedicada à fabricação de filtros e acessórios hidráulicos para a indústria de transformação, equipamentos para construção civil, equipamentos agrícolas e rodoviários. Após a fusão com a HDA Acessórios e Equipamentos, em 2011, a Parker se tornou a maior fabricante de filtros hidráulicos da América Latina. A produção mensal de filtros hidráulicos, que era de 10 mil peças por ano em 2011, deve chegar a 30 mil itens em 2013. “O fato de sermos o único fabricante internacional de filtros hidráulicos no país nos traz a possibilidade de iniciar diversos desenvolvimentos, uma vez que temos acesso irrestrito às novas tecnologias de filtração desenvolvidas no exterior”, explicou o gerente geral da Divisão Filtração da Parker, Sérgio Monteiro. Ele afirma que há um grande potencial Nova válvula proporcional pneumática da Norgren MANUFATURAEMFOCO.com.br 7 Victor Juliano de Negri – Coordenador do Laship de crescimento do segmento no Brasil, já que esperam entrar em um mercado, até então, dominado por importações. “Fabricantes de máquinas, por exemplo, antes tinham que importar os filtros hidráulicos, agora somos uma opção para eles”, afirma. Monteiro tem uma expectativa de crescimento de 50% da área de filtração da Parker nos próximos três anos. Atualmente, essa plataforma representa 26% do faturamento total da empresa no Brasil. O gerente vê uma tendência das empresas globais em desenvolver produtos em suas unidades brasileiras. Os motivos, segundo Monteiro, seriam a necessidade de conteúdo local de fabricação que os habilitará a participar de licitações públicas, além de benefícios fiscais concedidos pelo governo federal às empresas que comprovem gastos com inovação, entre outros. Atualmente, a empresa conta com dois centros de engenharia no Brasil, com um contingente total de 12 engenheiros e seis técnicos. A Festo, que iniciou suas atividades no Brasil em 1968, também se destaca quando o assunto é treinamento e pesquisa na área de automação industrial no país. Este ano, a empresa está inaugurando dois centros tecnológicos de Carlos Padovan – Diretor de Negócios da Divisão de Automação Industrial da Festo aplicação no Brasil. “Esses centros terão como foco antecipar e atestar soluções desenvolvidas especialmente para nossos clientes”, explica o diretor de negócios da Divisão de Automação Industrial da Festo, Carlos Padovan. Desde 1974, a Festo conta com o Festo Didactic, que possui dois centros de negócios: o TaC (Treinamento e Consultoria) e o LS (Learning System). O TaC realiza cursos de formação profissional e de especialização em tecnologias de automação, em otimização de processos produtivos e em gestão de pessoas. Segundo o diretor de negócios da Divisão Didactic da Festo, Mário Borin, a companhia conta com um moderno Centro de Treinamento em sua sede, além de possuir uma equipe preparada para ministrar cursos in company em todo o Brasil. “Os profissionais treinados nos cursos da Didactic são reconhecidos internacionalmente por meio de Certificado de Participação Festo e valorizados pelo mercado”, comenta Borin. Já o Learning System é o centro de negócios responsável pelo fornecimento de equipamentos didáticos para instituições de ensino e para centros de treinamentos de empresas em todo o território nacional. Os produtos didáticos oferecidos pelo LS Sistema didático para dimensionamento de circuitos pneumáticos do Laship 8 MANUFATURAEMFOCO.com.br Sergio Monteiro – Gerente geral da Divisão Filtração da Parker Hannifin abrangem os campos da eletroeletrônica, pneumática, hidráulica, robótica, mecatrônica, sistemas de manufatura integrada e sistema de controle de processos contínuos. Todas essas tecnologias são suportadas por softwares de desenho, simulação e programação desenvolvidos no Brasil. “Mais de 120 mil pessoas já passaram pelos treinamentos ministrados pela Didactic no Brasil desde a chegada da empresa no país”, avalia Borin. A empresa teve um faturamento, em 2012, nivelado ao do ano anterior, porém para este ano, as expectativas são de crescimento. “Com as medidas anunciadas pelo Governo com o intuito de incentivar a indústria nacional, acreditamos em um melhor resultado em 2013, com valores de dois dígitos, entre 12% a 15%”, explica o diretor de negócios Carlos Padovan. Padovan também ressalta um produto lançado recentemente pela Festo, que é o atuador EPCO, que possui motor integrado com movimento de avanço e retorno. “Alguns benefícios do produto são o fácil comissionamento por meio do CMMO, sendo necessários apenas cinco minutos para o funcionamento do conjunto, e formas diversas de montagem com acessórios de fixação”, explica o diretor de negócios. MANUFATURAEMFOCO.com.br 9 Mário Borin – Diretor de Negócios da Divisão Didactic da Festo O motor do EPCO possui modelos com ou sem freio e encoder, além de alcançar a força de até 650N e velocidade máxima de 500 mm/s. Pesquisa Victor Juliano De Negri começou a estudar a área de Hidráulica e Pneumática no ano de 1984, quando iniciou o Mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e depois ao fazer o doutorado na mesma área. E desde 1995, quando começou como docente na mesma Universidade, segue essa linha de pesquisa. “É uma área muito interessante, porque combina diferentes áreas do conhecimento dentro da engenharia, como mecânica dos fluidos, visão sistêmica, teoria de controle e processo de projeto”, conta De Negri, que hoje é chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC e coordenador do Laboratório de Sistemas Hidráulicos e Pneumáticos do Departamento de Engenharia Mecânica (Laship). O Laship é considerado pela comunidade científica internacional o laboratório de pesquisa de H&P mais representativo da América do Sul. No Brasil, segundo o diretório de grupos de pesquisa do CNPq, existem apenas três laboratórios voltados ao segmento. O Laship, criado em 1984, conta atualmente com 15 colaboradores, entre engenheiros, estudantes e professores, e atua em projetos voltados principalmente para a geração de energia. Há três anos, eles começaram a desenvolver pesquisa na parte de turbinas eólicas para controle de ângulo de pás e seu sistema hidráulico. Segundo De Negri, em um passado recente era incomum as empresas do setor desenvolverem pesquisa dentro 10 MANUFATURAEMFOCO.com.br Eduardo Perondi – Prof. Coordenador do Lamecc de suas estruturas, mas, aos poucos, o cenário está mudando. “Nos últimos cinco anos, temos percebido uma abertura das empresas sediadas no Brasil em desenvolver seus produtos aqui”, explica. De Negri conta que antes a indústria nacional apenas adequava os produtos hidráulicos e pneumáticos às necessidades dos clientes e que eles eram desenvolvidos nas matrizes, geralmente nos Estados Unidos e Alemanha. Para ele, as causas desse fenômeno, ainda recente e um tanto tímido, podem ser a política de criação de centros de pesquisa de empresas em diversos países, incentivos fiscais e mecanismos de subvenção. Para o também doutor em engenharia Eduardo André Perondi, o tempo que apenas os fabricantes se preocupavam com a formação e treinamento dos profissionais na área de H&P está ultrapassado. Ele cita como exemplo a UFRGS, que incorporou aos cursos tradicionais de engenharia o Curso de Engenharia de Controle e Automação, a partir de 2008. Segundo Perondi, com o novo curso, foram contratados 14 professores doutores na área e foi implantado o Laboratório de Hidráulica e Pneumática. Tendências De acordo com o professor Victor De Negri, os congressos nos últimos três Robô pneumático do Lamecc anos na área de H&P apontam uma forte tendência na parte de eficiência energética. “Pesquisa-se o aumento na eficiência de alguns componentes, como bombas e motores, e a busca de novas soluções de controle para os sistemas hidráulicos, visto que este é um sistema cujo controle é dissipativo, ou seja, é baseado no uso de válvulas que geram perda de carga”, comenta. De Negri explica que isso faz com que o sistema tenha um rendimento muito baixo, cerca de 40% de sua capacidade total. Então, o grande foco está sendo, hoje, a chamada hidráulica digital. “A hidráulica digital, na maioria dos princípios estudados, passa por acoplar várias bombas e você fazer o chaveamento dessas bombas de acordo com a demanda. Como esse chaveamento é feito por válvulas direcionais veio o nome da hidráulica digital, como se tivesse um código binário decidindo que válvulas devem ser acionadas”, explica. No ano passado, o Laboratório iniciou o relacionamento com a Volvo, em Curitiba (PR), e começaram a estudar mais profundamente a hidráulica veicular, que também está sendo usada em prol da eficiência energética. “A hidráulica já está presente desde a origem dos veículos, no sistema de freios, por exemplo. Mas agora se fala muito em veículos híbridos, para os quais temos o sistema elétrico e o hidráulico”, diz o professor Victor De Negri. Ele explica que há aplicação da hidráulica em conjunto com o motor de combustão, possibilitando realizar o armazenamento de energia em curtos espaços de tempo, por exemplo, na frenagem do veículo, mas ainda não é possível armazenar muita energia. “Acoplando uma bomba ao sistema hidráulico, consegue-se uma ótima relação peso versus potência. Essa é a grande vantagem, quando acoplamos hidráulica no veículo, não aumentamos tanto sua massa como no caso de sistemas elétricos”, defende. Além do Laship, o Laboratório de Mecatrônica e Controle, o Lamecc, da UFRGS, também atua fortemente em pesquisa na área de H&P, principalmente no desenvolvimento de controladores para servoatuadores pneumáticos e hidráulicos. Segundo o professor coordenador do Laboratório, Eduardo André Perondi, no Lamecc há participação em projetos institucionais como, por exemplo, o apoio ao desenvolvimento do aeromóvel, que é um sistema automático de transporte movido a ar, através do trabalho de modelagem do sistema físico, desenvolvimento do freio de parada precisa baseado em gain-schedulle e proposta de algoritmo para controle de seguimento de trajetória. Atualmente, também está sendo realizado no Laboratório, em parceria com a iniciativa privada, o desenvolvimento de válvulas de controle baseadas na aplicação de material com memória (SMA), permitindo substituir o solenoide de cobre e o núcleo de aço do atuador elétrico linear por um esbelto fio de nitinol. “Está disponível, hoje, no Lamecc uma válvula de entrada de máquinas da linha branca já funcional totalmente baseada nesse princípio”, explica Perondi. O doutor em Engenharia Mecânica destaca ainda o trabalho do Lamecc no desenvolvimento de um robô cilíndrico de 5 graus de liberdade com acionamento pneumático. “O robô está em fase de testes e deverá ser aplicado em problemas de movimentação de peças que envolvem situações de risco, com elevada periculosidade ou insalubridade, colaborando com a redução dos problemas associados a esses fatores”, afirma. O professor cita que o robô poderá ser usado nas indústrias manufatureiras nas quais operações de alimentação e extração de peças de equipamentos de forja são realizadas manualmente. Sobre as novidades do setor de H&P, o professor Perondi destaca a aplicação de novos materiais e a integração de eletrônica embarcada e informática na concepção dos dispositivos e sistemas tanto pneumáticos, quanto hidráulicos e mesmo elétricos. De acordo com Perondi, outro fator que tem colaborado com o processo de automatização é a grande evolução dos programas computacionais que auxiliam no desenvolvimento de novos sistemas, os quais, graças a esses avanços, têm seu custo e tempo de desenvolvimento reduzidos e sua confiabilidade e robustez aumentadas. Na área de materiais, ele destaca a utilização de acionamento de válvulas proporcionais realizado por atuadores baseados em princípios físicos alternativos, como o efeito piezelétrico inverso, materiais com memória e, mais recentemente, o grafeno. Ao falar de novos materiais, o coordenador do Laship, Victor Juliano De Negri, afirma que são eles que podem fazer a diferença no futuro. Ele cita os fluidos biodegradáveis, que embora ainda não tenham demanda no Brasil, podem ser a solução para alguns problemas ambientais. Segundo De Negri, os fluidos biodegradáveis surgiram e já são realidade na Europa, principalmente por determinação de legislação e suas principais aplicações têm sido em A humanidade vem desenvolvendo a capacidade de utilização energética dos fluidos há centenas de anos. Confira os acontecimentos que marcaram os primórdios da H&P: 200 a.C. – São construídas as primeiras rodas de água, tendo seu uso até os dias atuais com os moinhos de água. Sua evolução técnica resultou nas turbinas hidráulicas das centrais hidrelétricas. 1600 – Johannes Kepler (15711630) desenvolveu a bomba de engrenagens. 1640 – O cientista francês Blaise Pascal (1623-1662) enunciou o princípio da prensa hidráulica. 1763 – Desenvolvimento da máquina a vapor pelo engenheiro escocês James Watt (1736–1819). A hidrostática passa máquinas agrícolas e na área de geração de energia, evitando a contaminação do solo e dos rios. Mas eles ainda não são exigidos no Brasil e têm um custo três vezes maior, o que é um obstáculo para sua utilização no país. MF CONTATOS Eduardo André Perondi [email protected] Ricardo Rodrigues 11 5698 4000 [email protected] Sérgio Monteiro [email protected] Victor Juliano de Negri [email protected] Waldomiro Modena Filho [email protected] Carlos Padovan [email protected] Mário Borin [email protected] Festo: Niobe Cunha/ Coordenadora de comunicação/EVCOM www.evcom.com.br [email protected] a ser aproveitada tecnicamente para a transmissão de energia hidráulica em sistemas técnicos. Metade do século XIX – W. G. Armstrong (1810-1900) desenvolveu várias máquinas hidrostáticas e componentes de sistemas de transmissão, que foram empregados, principalmente, na indústria naval para acionamento de âncoras e guindastes. Início do século XX – Simplicidade oferecida pelos acionamentos elétricos afeta a importância dos sistemas de transmissão hidráulica. 1900 – Inventor amador americano, Eli Janney deu novo impulso aos sistemas hidráulicos ao substituir água por óleo e reduziu os problemas de vazamentos e lubrificação. Fonte: Livro FUNDAMENTOS DE SISTEMAS HIDRÁULICOS, de Irlan von Linsingen (2003). MANUFATURAEMFOCO.com.br 11 TALENTOS & COMPETÊNCIAS Liderança e gestão de conflitos Por MSc Samanta Luchini 12 MANUFATURAEMFOCO.com.br Administrar conflitos é uma tarefa que, geralmente, causa melindres e resistências. As pessoas evitam, postergam e, muitas vezes, não fazem nada para resolver, afinal confrontar um problema não é muito agradável. P ara tratar do tema, podemos começar nossa reflexão a partir desta bela citação de Charles Chaplin: “Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”. Os conflitos estão presentes em qualquer tipo de situação e, especialmente, no ambiente de trabalho, onde as diferenças sobrepõem as semelhanças entre as pessoas. E, para as empresas brasileiras, esse cenário é um pouco mais desafiador, pois uma pesquisa recente comprovou que os brasileiros são os que mais misturam o lado pessoal com o lado profissional. Desta forma, há uma maior propensão em levar o conflito para o lado pessoal e isso pode acabar por comprometer o rendimento de toda uma equipe e até mesmo da empresa inteira. A pesquisa mostrou ainda que, no Brasil, são perdidas, em média, duas horas por semana para tentar controlar conflitos no ambiente de trabalho. Você já imaginou como essas duas horas poderiam ser muito mais produtivas? A administração de conflitos é uma atribuição natural da liderança, isso significa que as pessoas esperam do líder a resolução dos problemas. Um líder que não trata os conflitos de maneira assertiva ou – mais grave – que acredita que eles podem se resolver sozinhos permite que sua equipe experimente momentos de insatisfação, desmotivação e insegurança. De acordo com Warren Bennis, um dos maiores gurus da liderança, os verdadeiros líderes não evitam, reprimem ou negam o conflito antes de enxergá-los como uma oportunidade. Partindo desse princípio, é possível fazer algumas deduções: o líder que evita o conflito é omisso; o líder que reprime o conflito é ditador; o líder que nega o conflito é utópico; o líder que vê no conflito uma oportunidade é otimista e pode provocar mudanças verdadeiramente significativas. Os líderes que veem o conflito como uma oportunidade podem alcançar efeitos potencialmente positivos como, por exemplo, a identificação aperfeiçoada do problema, o aumento da motivação das pessoas que se envolvem na solução e, consequentemente, a união do grupo, o aumento do conhecimento, o aperfeiçoamento da criatividade, o incentivo para o crescimento, dentre outros. Da mesma maneira, todo conflito traz em si potenciais efeitos negativos, que estão diretamente ligados à iniciativa e à habilidade que se tem para administrá-los. Em uma situação de conflito, pode-se observar, por exemplo, a diminuição da produtividade, o desgaste na relação de confiança que se estabelece entre as pessoas da equipe e, principalmente, entre o líder e seus liderados, a formação de alianças com posturas polarizadas (também conhecidas como as famosas “panelinhas”), a redução no fluxo de informações, o consumo de grande quantidade de tempo (que poderia ser investido na criação de novas ideias e implementação de novos projetos) e também uma considerável paralisia na tomada de decisões. Desfrutar dos efeitos positivos ou negativos que os conflitos podem trazer depende de quem assume a responsabilidade de gerenciá-los e das estratégias e ferramentas escolhidas para tal. Por isso, a gestão de conflitos é uma competência que precisa ser desenvolvida. Embora não exista uma fórmula mágica que se aplique a qualquer tipo de pessoa ou situação, podemos adotar mecanismos que nos auxiliem a lidar com os conflitos de maneira mais produtiva. O primeiro passo consiste em entender o que de fato é o conflito. De acordo com a definição de Daniel Webster, o conflito surge simplesmente pela existência de opiniões divergentes ou incompatíveis acerca de um mesmo assunto ou acontecimento, ou seja, quando existem duas ou mais respostas ou ações diferentes para um único evento. O conflito não implica, necessariamente, em demonstrações de hostilidade ou agressividade, embora esses fatores possam fazer parte da situação, especialmente quando a habilidade para a gestão do conflito se mostra deficiente. Vale ressaltar também que o conflito funciona como um sistema que envolve quatro elementos: pessoas - situação - atitudes - resultado. A interação entre esses quatro elementos pode ser vista da seguinte maneira: as pessoas estão envolvidas em uma determinada situação que as leva a adotar determinadas atitudes, que, por sua vez, proporcionam determinados resultados. Esses resultados novamente afetam as pessoas, agora em uma nova situação, que demanda novas atitudes, que trarão outros resultados. E assim sucessivamente. Você deve estar se perguntando, onde e como o líder se envolve nesse sistema? O líder aparece no centro dos quatro elementos, contribuindo para a gestão ou para a manutenção do conflito, agindo ou simplesmente ficando inerte. É isso mesmo que estou querendo dizer, muitos líderes se mostram inertes diante dos conflitos (negando sua existência, negligenciando sua complexidade ou ainda acreditando que eles podem se resolver sozinhos) e acabam por manter e alimentar o conflito. E você, como tem se comportado diante dos conflitos? Agindo ou ficando inerte? Essa é uma reflexão inicial muito importante para quem está disposto a lidar com os conflitos de forma mais efetiva. Atualmente, existem diversas técnicas e ferramentas que podem ajudar os líderes na gestão dos conflitos. Eu, particularmente, gosto muito da proposta de um autor chamado Karin Khouri, apresentada no livro “Vire a Página - Estratégias para Resolver Conflitos”. Trata-se de uma ferramenta chamada DEARC, que pode ser aplicada por qualquer pessoa e em qualquer situação, independente do nível de conhecimento que se tenha acerca do comportamento humano. A sigla DEARC reúne quatro etapas imprescindíveis para a resolução positiva MANUFATURAEMFOCO.com.br 13 de um conflito e, na sequência, falarei brevemente sobre cada uma delas. O D representa a primeira etapa e significa Descreva; ela reforça a necessidade de sermos hábeis ao falar sobre o conflito. O texto deve ser simples, curto e objetivo, composto por palavras que favoreçam o entendimento. É importante usar uma linguagem específica, que traga fatos e dados, evitando o uso de rótulos e palavras ofensivas ou de baixo calão. Saiba que se você fizer uma boa descrição do que aconteceu, ao invés de ficar interpretando, já estará construindo uma boa resolução. A letra E significa Expresse e aborda a necessidade de mencionar o impacto que o conflito exerceu sobre você e sobre a relação que existe entre as pessoas. Não se trata de acusação, e sim de expressão de sentimentos e emoções relacionadas ao comportamento que gerou o conflito. Essa é uma etapa relativamente delicada, pois a sociedade de forma geral não estimula o contato mais íntimo com as nossas próprias emoções, o que, por consequência, não favorece a expressão adequada daquilo que realmente estamos sentindo. O A representa o Acordo e é alimentado pela seguinte premissa: bons acordos trazem bons resultados. Em uma situação de conflito, é imprescindível o estabelecimento de um acordo a ser cumprido pelas partes envolvidas. É o momento de pedir por mudanças específicas (o que você quer, quando, onde, com quem e como) e falar sobre os padrões de comportamento esperados. Depois disso, é importante verificar se o acordo é possível para ambas as partes, que tipo de obstáculos podem surgir no caminho e, se necessário, renegociar os termos. A letra R aborda os Resultados que podem ser obtidos com o cumprimento do acordo e com a resolução do conflito. Esses resultados podem ser explicitados em diversos aspectos, tais como a dinâmica da relação, os sentimentos envolvidos e os ganhos individuais e coletivos. A etapa final, representada pela letra C, significa Congruência e funciona como uma camada de verniz que permeia todas as etapas anteriores. A congruência se refere à maneira como 14 MANUFATURAEMFOCO.com.br você se comunicará: o seu tom de voz, a sua linguagem não verbal alinhados ao conteúdo da mensagem que você pretende transmitir. Trata-se, acima de tudo, de uma demonstração de respeito pelo outro. Lembre-se de que você tem todo o direito de expressar o seu ponto de vista, desde que isso não agrida ou ofenda o seu interlocutor. Portanto, fale e comporte-se assertivamente, deixando claras as suas intenções de resolver o problema. Você já imaginou o quão produtiva pode ser essa sequência? Na minha experiência com inúmeras turmas de Os verdadeiros líderes enxergam os conflitos como oportunidades para ajudar a equipe crescer profissionalmente e amadurecer emocionalmente. treinamento sobre gestão de conflitos, nas quais realizamos simulações utilizando essa ferramenta, fica evidente que ao tratarmos o conflito a partir de uma abordagem estruturada, aumentamos consideravelmente as chances de obter uma resolução adequada. Independente da escolha de uma ferramenta mais simples ou mais elaborada, ou até mesmo a não utilização de qualquer técnica específica, o papel da liderança é que vai fazer toda a diferença. Um líder que saiba exercer o papel de mediador é imprescindível para o alcance de bons resultados frente aos conflitos. No papel de mediador, o líder deve criar um ambiente em que as pessoas possam se expressar livremente, com a segurança de que serão escutadas de forma ativa. Animar e equilibrar a participação de todos também é muito importante, pois favorece a promoção do mútuo entendimento. O líder deve adotar uma posição imparcial e objetiva, mantendo o seu foco na resolução e não nas partes envolvidas. Não aplicar julgamento e evitar dar conselhos também reforça uma postura neutra. Em se tratando da comunicação, o uso de paráfrases é muito oportuno, pois se o líder consegue traduzir em suas próprias palavras o que as pessoas estão dizendo, está oferecendo uma boa evidência acerca do entendimento da situação. Fazer perguntas abertas do tipo “O que você pensa sobre isso?” pode ser um bom estímulo para um diálogo mais efetivo entre as partes envolvidas no conflito. Além disso, existe um belo ditado que diz: “Deus nos deu duas orelhas e uma boca para que possamos ouvir mais e falar menos”, infelizmente poucas pessoas são capazes de aplicar essa regra, que vale ouro para a liderança. Resumir as discussões, reconhecendo as opiniões diferentes e revisando os pontos fundamentais, pode fazer com que o grupo se mantenha concentrado sobre a temática. Além do objetivo de resolver o conflito, também cabe à liderança ensinar novas habilidades de reflexão para as pessoas, para que elas possam desenvolver o pensamento “ganha-ganha” e adotar uma atitude baseada na cooperação todas as vezes em que surgir um conflito. Para terminar, gostaria de deixar mais uma inspiração: “O conflito é um sinal de que existem verdades mais amplas e perspectivas mais belas.” (A. N. Whiteh). A partir desse princípio, o líder que se dedica à gestão adequada dos conflitos, além de resolver os problemas, estará também facilitando o processo de desenvolvimento pessoal e profissional de sua equipe. Espero que esse texto seja um estímulo para que você possa enxergar os conflitos com outros olhos e tirar deles o máximo proveito. Um grande abraço e até breve. MF CONTATOS Msc Samanta Luchini [email protected] (11) 4436-0798 MANUFATURAEMFOCO.com.br 15 INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE Universidades ampliam papel em inovação Criados há cerca de uma década, os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) de diversas instituições de ensino e pesquisa brasileiras vêm atuando em várias frentes para aproximar a comunidade acadêmica da indústria. Por Luiza Moretti Imagem geral de pesquisa 1 Imagem geral de pesquisa 2 16 MANUFATURAEMFOCO.com.br Imagem geral de pesquisa 3 U ma tecnologia baseada em inteligência artificial que formula produtos à base de gorduras hidrogenadas, maximizando o seu desempenho nutricional e reduzindo custos. A ideia foi desenvolvida em parceria entre a Faculdade de Engenharia de Alimentos e a Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, ambas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Depositada em 2008, a patente foi licenciada no ano passado para a empresa Nitryx, cujo fundador é Rodrigo Gonçalves, um dos inventores da tecnologia. A startup (termo mais utilizado para empresa nascente inovadora) está atualmente em fase de adequação e comercialização do produto para o seu primeiro cliente. Na mesma universidade, pesquisadores do Instituto de Química desenvolveram, em 2011, um fotômetro analisador de combustível, hoje vendido pela Techchrom, empresa que começou suas atividades na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica. O equipamento, que analisa no próprio posto a qualidade do combustível utilizado nos veículos – isto é, o teor de álcool na gasolina e no etanol – começou a ser “desenhado” na tese de doutorado de Ismael Chagas, hoje funcionário da Techchrom. Os exemplos acima são inovações que nasceram da parceria entre a universidade e o setor privado, com intermédio de um Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). Nos casos, a Agência Inova Unicamp auxiliou os pesquisadores no depósito do pedido das patentes e na formatação do contrato de licenciamento. Com funções similares nas instituições de ensino e pesquisas públicas brasileiras, os NITs (ou agências de inovação) estimulam a relação universidade-empresa e a inovação em diversos âmbitos, a fim de levar a tecnologia à sociedade. Passaram a ser obrigatórios em instituições de ensino e pesquisa públicas a partir de 2004, com a Lei de Inovação (leia mais nesta matéria), em um momento de competitividade da economia, retomada do desenvolvimento industrial e aumento da produção científica no país. Um dos focos de atuação das agências é ajudar o pesquisador a trilhar o longo caminho entre um resultado de sucesso na bancada e a obtenção de uma patente. “Muitas vezes o pesquisador não sabe como redigir um projeto de depósito de propriedade intelectual utilizando argumentos robustos, de forma que a patente possa atrair oportunidades de financiamento”, explica o diretor executivo da Inova Unicamp, Roberto de Alencar Lotufo. Para suprir essa necessidade, especialistas orientam o pesquisador sobre Propriedade Intelectual (PI), direitos autorais e projetos de licenciamento, casos em que a transferência de tecnologia se dá por meio de convênios firmados entre universidades, pesquisadores e empresas. Sem os NITs, o processo ficaria por conta do próprio cientista, o que reduziria as chances do acesso da sociedade à ciência. Em fase de expansão e calcada em referências internacionais em inovação como Massachusetts Institute of Technology (MIT), Stanford University e University of California, a Inova Unicamp vem apostando cada vez mais em investimentos em PI, projetos colaborativos e empreendedorismo tecnológico. Vinculado à Reitoria da universidade e com cerca de 40 profissionais, o órgão atua na identificação de tecnologias, proteção, avaliação comercial, definição de estratégias de transferência, identificação de empresas e empreendedores, negociação e celebração de contratos. “Hoje, auxiliamos no depósito de 60 patentes anuais no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), em média, contra 20 quando a agência ainda não existia, posicionando a Unicamp como segunda instituição com maior pedido de patentes do país”, comemora Lotufo. O NIT também gerencia a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica e acaba de inaugurar, em março, as primeiras obras do Parque Científico e Tecnológico, área na universidade para a construção de laboratórios de pesquisa universidade-empresa. Ações de empreendedorismo tecnológico entre alunos de graduação e pós-graduação também estão no escopo da Inova Unicamp, por meio de eventos e competições de modelos de negócios com tecnologias da própria instituição. Outro exemplo de NIT criado nos moldes da Lei de Inovação é a CTIT (Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Formalmente instituída em 1997 por meio de projeto Finep/MCT, a unidade também conta com a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, atuando na prospecção de empreendedores e parcerias. “Considerando todos os contratos de licenciamento de tecnologias realizados desde a sua criação, 51% foram realizados nos últimos três anos”, comenta Pedro Vidigal, coordenador do CTIT. A disseminação da inovação se dá através de eventos, cursos e palestras. “Recentemente, realizamos uma campanha fixando pequenos cartazes próximos a tecnologias de uso rotineiro na vida das pessoas, como elevadores, bebedouros, extintores de incêndio etc. Eles apresentavam relatos sobre a criação daquela tecnologia. Outra iniciativa foi colocar agentes de inovação em contato com pesquisadores e alunos, identificando potenciais tecnologias”, comenta o professor. Ele ainda cita exemplos de inovações que chegaram ao mercado por meio da agência, como a vacina Leish-tec, produzida no Instituto de Ciências Biológicas e na Faculdade de Farmácia, altamente eficaz contra a leishmaniose visceral canina, e o tênis Crômic Aerobase, desenvolvido pela MANUFATURAEMFOCO.com.br 17 Equipe - CTIT (UFMG) Faculdade de Engenharia Mecânica e licenciado pela Cromic. O sistema tem condições especiais de absorção de impacto, extremo conforto e design diferenciado, próprio para caminhadas. O espectro de atuação das agências de inovação, portanto, vai além dos limites do suporte técnico e legal. A proposta abrange a busca ativa de competências inovadoras nas universidades e a capacitação de recursos humanos. Quanto ao ponto de partida para uma relação universidade-empresa, Lotufo explica os dois caminhos possíveis e viabilizados pelos NITs. Um deles é a identificação de grupos de pesquisa para a demanda do mercado, colocando a empresa interessada em contato com pesquisadores para um acordo formal, com assinatura do reitor. “É feito um convênio com, pelo menos, dois anos de duração, a partir de um plano de trabalho e recursos oferecidos pela empresa interessada na tecnologia”, explica. Nessa parceria, o resultado da pesquisa será conjunto, mas poderá haver exclusividade da patente por parte do executor do convênio. A universidade também recebe royalties, em caso de sucesso, cuja divisão é, em geral, 1/3 para os inventores, 1/3 para a unidade, 1/3 para a reitoria/agência. Vale destacar que a FAPESP pode contribuir com 50% do financiamento por meio Renato Grimaldi e Daniel Arellano - Nitryx 18 MANUFATURAEMFOCO.com.br Prédio Pq. científico “A universidade não cria um produto pronto, o mercado precisa investir na continuidade da pesquisa para que o resultado chegue à sociedade”. (Roberto Lotufo, diretor executivo da Inova Unicamp) do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), que financia projetos de pesquisa em instituições acadêmicas, desenvolvidos em cooperação com pesquisadores de centros de pesquisa de empresas localizadas no Brasil ou no exterior. A outra forma de relacionamento é a exposição das patentes da universidade por meio de diversos canais de comunicação, divididas por áreas e com análise de mercado. E, como não é a instituição de pesquisa que cria o produto final, uma empresa de grande porte pode investir em seu próprio departamento de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) ou financiar startups para viabilizar a tecnologia sem ter que estruturar uma área própria. “É aí que entram os recém-formados e seu interesse crescente por abrir seu próprio negócio inovador”, comenta Lotufo, destacando novamente o apoio do NIT ao empreendedorismo tecnológico. Nesse sentido, a Fapesp também oferece apoio às pequenas empresas inovadoras, por meio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe). Em geral, essa conjunção de diversas iniciativas tem dado resultados. Uma das métricas que registrou um aumento de 6,3% nas patentes solicitadas por brasileiros e estrangeiros entre 2011 e 2012, passando de 31.765 para 33.780 pedidos, segundo balanço provisório divulgado em janeiro deste ano. De acordo com o Instituto, a elevação no ano passado pode ser atribuída à intensificação na inovação no Brasil, seja por empresas, universidades e institutos nacionais ou estrangeiros, atraídos para o país. “A conscientização dos pesquisadores no âmbito da propriedade intelectual tem crescido continuamente, mas é preciso frisar que a inovação possui um risco inerente, o retorno não é breve e muitas vezes a pesquisa não traz resultados eficazes. No entanto, Roberto Lotufo - Diretor da Inova Unicamp MANUFATURAEMFOCO.com.br 19 Ismael Chagas - Empresa Techrom se der certo, a novidade garante competitividade à empresa”, afirma Roberto Lotufo. Os dois lados da moeda Se a inovação tecnológica é recente e desafiadora no Brasil, a participação dos NITs nos processos de inovação também vem sendo reconhecida aos poucos, com esforços conjuntos, divulgação e aposta em incentivos governamentais, como os oriundos de órgãos de fomento (Finep, FAPs, CNPq) e Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Outro fator facilitador é o constante intercâmbio e troca de experiências dentre diversas agências de inovação do país. Instituições como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (UNESP), UFMG, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) se reúnem em eventos do FORTEC (Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência) e em redes regionais, como a Rede Mineira de Propriedade A Lei 10.973/04, bem como seu decreto regulamentador 5.563/05, foi criada para promover a inovação tecnológica no país, por meio de apoio a parcerias entre universidades e empresas, participação de centros de pesquisa em projetos de inovação, transferência de tecnologias das universidades para o setor privado. Além de estabelecer a obrigatoriedade da criação de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) nas universidades e liberar o compartilhamento de laboratórios e equipamentos entre instituições 20 MANUFATURAEMFOCO.com.br Pedro Vidigal - Diretor CTIT (UFMG) Intelectual, coordenada pela UFMG e UFV (Universidade Federal de Viçosa), que reúne 27 NITs do estado e capacita associados em parceria com entidades como o Inpi. Mais do que compartilhar, as agências de inovação se unem na defesa das vantagens de se apostar em tecnologias provenientes das universidades. No entanto, há desafios que passam por regulamentações que facilitam o processo de P&D, estímulo à proteção intelectual para o desenvolvimento econômico do país, além da própria cultura dos empresários brasileiros para que entendam a inovação como um fator de sobrevivência e de competitividade no mercado. Veja a comparação de pontos fortes e desafios na relação universidade-empresa, a partir de opiniões dos professores Roberto Lotufo e Pedro Vidigal. Pontos fortes - Opções de tecnologias e aplicações em diversas áreas do conhecimento; - Profissionais e pesquisadores com competência técnica, que podem suprir necessidades das empresas; - Possibilidade de colocar novos científicas e organizações privadas, a Lei de Inovação criou instrumentos para que as atividades de inovação das empresas pudessem ser financiadas com recursos do governo. Não obstante a legitimação do papel das instituições de ensino e pesquisa na inovação e respaldo legal quanto a patentes e política de propriedade intelectual, especialistas brasileiros concordam que a legislação “gerou formalidades, o que muitas vezes torna os processos vagarosos e burocráticos, demandando revisão”. “Um dos desafios para o desenvolvimento nacional é mudar a cultura dos empresários brasileiros: inovação é fator de sobrevivência e competitividade”. (Pedro Vidigal, diretor do CTIT/UFMG) produtos no mercado sem a necessidade de fazer elevados investimentos em estruturas de P&D; - Identificação de talentos para montar equipes de P&D nas próprias organizações; - Possibilidade de incubar a empresa em parques dentro das instituições. Desafios - Marco regulatório do setor ainda necessita de aperfeiçoamento; - Dificuldade de convencer o setor produtivo nacional em apostar nas universidades; - Risco inerente à inovação; - Burocracia na administração de convênios entre empresas e universidades; - Processo de depósito e licenciamento de patentes ainda é lento no país; - Difícil acesso à biodiversidade brasileira para desenvolvimento de tecnologias. MF CONTATOS Agência Inova Unicamp www.inova.unicamp.br CTIT – UFMG www.ctit.ufmg.br Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) www.fapesp.br Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) www.inpi.gov.br Lei de Inovação (na íntegra) planalto.gov.br/ccivil_03/ato2004-2006/2004/ lei/l10.973.htm MANUFATURAEMFOCO.com.br 21 CASOS DE SUCESSO Todo ano ímpar ocorre a mais importante feira industrial do segmento de máquinas e ferramentas, a Feimafe – que este ano será realizada de 3 a 8 de junho no pavilhão de exposições do parque Anhembi, em São Paulo. Aproveitando a proximidade da data, M&F teve a oportunidade de entrevistar Claudio Camacho – President South and Central Americas –, principal executivo da Sandvik Coromant (líder mundial de mercado na fabricação de ferramentas e sistemas de ferramentas para usinagem de metais), com o propósito de revisitar o tema ferramentas e saber das novidades e tendências para o setor. Por Eng. MSc. Francisco Marcondes 22 MANUFATURAEMFOCO.com.br Sandvik Coromant êxito que se consolida por meio da inovação contínua e de cooperações estratégicas M&F: Apesar das expectativas mantidas sobre outros tipos de materiais, o metal duro parece seguir incólume no mundo da usinagem. Vocês concordam com isso? Camacho: Sim, acreditamos que o metal duro será a matéria-prima prevalecente na área de usinagem para os próximos anos. Muitas pesquisas foram e estão sendo feitas, mas não vemos qualquer mudança em curto prazo. Sabemos que se trata de uma matéria-prima findável e esta é uma das principais razões que nos levou a criar o nosso projeto de reciclagem deste insumo, que também tem o propósito de proteger o meio ambiente. M&F: A Sandvik Coromant é, provavelmente, a empresa que tem a linha mais completa de ferramentas de metal duro para usinagem. Deve ser difícil manter o foco e a competitividade em tal diversidade de aplicações. Qual tem sido a receita para que se mantenha uma posição de destaque na pesquisa e desenvolvimento de tantas áreas distintas, tais como torneamento, fresamento, furação, rosca, corte e especiais? Camacho: É realmente difícil manter uma linha de produtos e serviços tão ampla e com atualizações tão frequentes como a nossa. Estou certo que a principal receita é a quantidade de recursos que destinamos às áreas de pesquisa e desenvolvimento. Hoje, investimos muito além da média de investimento de nosso setor. A Sandvik Coromant está focada nas necessidades de seus clientes, e estas necessidades norteiam nossa estratégia. Nossos clientes precisam de uma linha ampla de serviços e produtos que atendam toda a demanda na área de usinagem, portanto não seria suficiente atuarmos somente em um ou outro nicho. 5%, mas o uso correto da ferramenta, em conjunto com um processo otimizado, pode trazer reduções superiores a 20%, e é aí que entra nosso diferencial competitivo: temos uma equipe preparada e motivada para encontrar a solução mais adequada e competitiva para cada situação. M&F: Como a Sandvik Coromant tem enfrentado o desafio dos serviços, já que parece haver uma similaridade cada dia maior em termos de qualidade e desempenho dos produtos dos diferentes fornecedores que disputam o mercado? Camacho: A tecnologia global tem se desenvolvido muito rapidamente em todas as áreas e a área de usinagem não é uma exceção. Penso que os produtos ainda não são tão iguais, pois como disse anteriormente, o forte investimento que fazemos em P&D ainda nos dá uma vantagem competitiva, mas, sem dúvida, as diferenças são menores atualmente. Já faz alguns anos que a Sandvik Coromant se deu conta deste fato e, desde então, redirecionamos nossa forma de atender o mercado focando não somente o produto, e sim a solução completa para nossos clientes. Não adianta ter um bom produto se não sabemos usá-lo de forma correta, certo? Então, o que oferecemos é a possibilidade de fazer uma análise mais holística dos processos, juntamente com nossos clientes. O custo da ferramenta no custo total de um produto, geralmente está entre 3 e M&F: Sabe-se que a companhia investe altas somas em pesquisa e desenvolvimento de produtos; por outro lado, os serviços de assistência técnica, gerenciamento de ferramental e consultorias são também muito importantes. Como a empresa tem enfrentado o desafio da capacitação da mão de obra e atualização de conhecimentos do seu pessoal de campo? Camacho: Como citei anteriormente, nosso principal diferencial são nossos colaboradores. Nossa equipe é treinada constantemente nas mais novas tecnologias de produto, serviços, processos e também na área de desenvolvimento pessoal. Sabemos dos problemas que temos que enfrentar atualmente devido à escassez de mão de obra especializada nesta área, já que os grandes celeiros destes profissionais sempre foram as próprias indústrias, o que não é mais tão comum hoje em dia. Muitas empresas delegaram esta responsabilidade aos fornecedores, que agora são os responsáveis pelo desenvolvimento destes especialistas. Hoje, além de treinarmos nosso pessoal, também temos um programa muito MANUFATURAEMFOCO.com.br 23 24 MANUFATURAEMFOCO.com.br MANUFATURAEMFOCO.com.br 25 Foto aérea Sandvik ousado de treinamento de jovens talentos que buscamos diretamente nas principais universidades do país. M&F: O mercado local de usinagem tem sofrido constante pressão de concorrentes externos, dos quais um dos principais argumentos de venda são os preços baixos. Há quem diga que o país poderia, em médio longo prazo, se tornar um centro de serviços, ficando, assim, a produção industrial à margem do modelo econômico brasileiro. Como a companhia vê isso? Ou seja, a Coromant aposta no futuro da indústria da usinagem? O que a Coromant, como fornecedor, tem feito e como tem contribuído para que as empresas usinadoras brasileiras tenham mais chances de competir? Mais importante do que as ferramentas em si, são os desdobramentos que elas geram em termos de economia nos custos totais de produção. Camacho: Na minha opinião, ainda existe uma grande miopia no Brasil a este respeito tanto no âmbito pessoal, como no âmbito empresarial. Na maioria das vezes, a busca pelo menor preço se torna o grande inimigo da eficiência e da competitividade. No caso das ferramentas, como já citei, a influência no custo total de um produto é muito pequena, de 3 a 5% em geral. Se obtivermos uma ferramenta com metade do preço, estaremos reduzindo o custo em 1,5 a 2,5%. Isso, nós já sabemos, não é suficiente para compensar o chamado “custo Brasil”. Se trabalharmos na otimização dos processos e programas de usinagem, estratégias de corte, redução de setups etc., esta economia pode superar os 20%. Esta ação sim nos deixaria muito mais competitivos e aumentaria nossas chances de manter nossa indústria forte e com garantias de emprego. Esta é exatamente a proposta da Sandvik Coromant para trazer a produção industrial à frente de nosso desenvolvimento de produtos e serviços. Temos que produzir e exportar tecnologia! M&F: Quais foram os principais lançamentos dos últimos anos? Camacho: Lançamos, em média, 2000 produtos novos por ano, e seria muito difícil elencá-los aqui, mas fazemos dois grandes lançamentos anuais de produtos novos, aos quais chamamos de CoroPak, em que apresentamos a todos os nossos clientes as novidades e, ainda melhor, as possibilidades de ganho de produtividade. Poderia citar alguns lançamentos importantes recentes, tais como nossa linha de ferramentas rotativas – brocas, machos, alargadores etc. – de alta performance; a nossa fresa multiaresta para usinagem de ferro fundido S60; e uma ampliação importante de nossa linha de ferramentas antivibratórias, que são ferramentas essenciais nas operações de usinagem, seja em condições desfavoráveis, nas quais uma ferramenta necessita trabalhar com grandes balanços de haste, ou simplesmente em operações comuns em que necessitamos um aumento de produtividade. M&F: Que novidades a Coromant pretende apresentar na Feimafe? Ainda que os produtos não possam ser mencionados, em que linhas de produtos os leitores poderiam esperar novidades? Camacho: O que posso dizer é que teremos várias novidades e, por conseguinte, várias oportunidades de ganho de produtividade para nossos clientes. M&F: A velocidade de inovação é um dos pré-requisitos da competitividade. Por outro lado, muitas vezes a velocidade de absorção das novidades, por parte dos clientes, não anda na mesma velocidade. O que tem sido feito para ajudar o cliente a absorver mais rapidamente as novidades que vão sendo lançadas ao mercado pela companhia? Cooperações estratégicas, voltadas para soluções completas em usinagem, podem fazer frente aos preços baixos dos produtos importados. Camacho: Este é um grande desafio! Antigamente, as novidades chegavam ao Brasil com grandes defasagens de tempo, por vezes meses. Hoje, estamos alinhados mundialmente com relação a este tema, o que realmente nos traz uma responsabilidade adicional: implantá-la o mais rápido possível para que nossa indústria seja tão competitiva como a lá de fora. A Sandvik Coromant Brasil faz parte do processo de testes de protótipos de produtos, portanto apresentamos estes novos produtos aos clientes já nesta fase inicial. Assim que o produto é aprovado, mas ainda não foi lançado, também fazemos testes e demonstrações de performance. Depois, temos os CoroPaks, em que apresentamos, oficialmente, todos os lançamentos do semestre e as possíveis possibilidades de ganho. Além disso, temos todo um sistema informativo, via web, com destaques para os lançamentos. Tudo suportado por treinamentos técnicos aos clientes. São mais de 5000 pessoas treinadas por ano. M&F: Sabe-se que a indústria nacional perde muito de sua competitividade por causa dos altos impostos, falta de infraestrutura, altos custos com energia, apenas para citar alguns. A Coromant crê que a otimização dos processos de usinagem por meio de ferramentas avançadas, gerenciamento de ferramentas, ajustes finos dos parâmetros de corte podem ser medidas suficientes para colocar a indústria nacional em condições de competir com os fornecedores de componentes asiáticos, por exemplo?(*) Camacho: Por tudo que falei anteriormente, e se formos comparados com componentes asiáticos de qualidade, eu diria que sim. *Nota do editor. Veja um caso de sucesso nesse sentido acessando o link: http://goo.gl/LIWeS 26 MANUFATURAEMFOCO.com.br MANUFATURAEMFOCO.com.br 27 MARKETING & VENDAS 28 MANUFATURAEMFOCO.com.br MANUFATURAEMFOCO.com.br 29 M&F: Há algum tempo, os processos de transformação prévios à usinagem vinham se refinando e deixando cada vez menos sobremetal para ser usinado. Isso levava a uma tendência de que as operações de usinagem se concentrariam cada vez mais em acabamento e semiacabamento. Isso é uma verdade ou o mercado de desbaste é ainda o que mais consome ferramentas de corte? Camacho: Isso é verdade e já está acontecendo em alguns setores, mas ainda temos muitas operações de desbaste no Brasil, principalmente nos segmentos mais pesados da indústria automobilística e indústrias de base. M&F: A Coromant é, provavelmente, o fornecedor que mais operações cooperadas tem com seus clientes (lojinhas, gerenciamentos etc.). Que evoluções ocorreram na interação cliente/fornecedor de ferramentas nos últimos tempos? Há um cenário favorável ao estabelecimento de parcerias ou os casos de cooperações estratégicas ainda são exceções? Camacho: Acho que esta é uma forma de relacionamento com clientes que veio para ficar. Hoje, temos mais de 200 parcerias estratégicas e todos os dias somos chamados para discutir novas possibilidades. Ainda é um número pequeno, a meu ver, mas mostra uma tendência. Atualmente, podemos fazer parcerias simples, como racionalização e controle de estoques até grandes gerenciamentos totais de ferramentas. Adaptamos nossa oferta de acordo com a necessidade de cada cliente. Acredito muito nesta forma de relacionamento, pois é uma oportunidade de acertarmos objetivos estratégicos, com ganho para ambos os lados, e não gastar tempo com discussões menores que não trazem os benefícios que tanto precisamos. M&F: A competitividade no setor da usinagem não depende apenas de ferramentas, depende também de boas máquinas, bons softwares, bons programas CNC, boa mão de obra. Como a Coromant tem trabalhado a integração de estratégias com outros fornecedores para formar uma cadeia de valor de alta competitividade? Camacho: Trabalhamos em conjunto com os principais fabricantes de máquinas, com seus principais distribuidores, com os principais fornecedores de softwares, fazemos treinamentos juntos, desenvolvemos projetos e processos juntos. Realmente acreditamos no valor da cadeia de fornecimento! Temos equipes treinadas e disponíveis para um trabalho em conjunto com os fabricantes de máquina, pois acreditamos que, por meio deste trabalho conjunto, traremos um retorno de capital empregado pelos nossos clientes mais rápido, pois a máquina, assim que chegar ao cliente, já estará apta para “arrancar cavacos”. M&F: Quais os fatores críticos de sucesso que colocam a Coromant na liderança do mercado mundial de ferramentas? Camacho: Basicamente, tudo o que falei até agora! Pessoas, foco no cliente, pesquisa, desenvolvimento, produtos, conhecimento, Roscamento com Synchroflex Reciclagem de metal duro Embalagens para reciclagem Invomilling Fresando bloco motor Silent Tools Machining 30 MANUFATURAEMFOCO.com.br disponibilidade e abrangência de atuação. M&F: O que não perguntamos e o senhor gostaria de comentar? Camacho: Gostaria de comentar que existe uma falsa impressão de que os serviços e produtos Coromant só servem para clientes grandes e grandes multinacionais. Estamos presentes em todo o mundo e aqui, em todo o território nacional para atender nossos clientes da mesma forma, independentemente do tamanho, segmento, localização etc. Caso alguém tenha alguma dúvida, procure um de nossos representantes, pois assim teremos a oportunidade de mostrar o nosso jeito Coromant de atender nossos clientes. MF AgradecimeNtos: Claudio Camacho - Presidente Vera Natale Heloisa Giraldes Fernanda Pasquale Aldeci Santos Crédito fotos: Vivian Camargo Contatos: [email protected] CoroTurn RC HPT Prédio central em Sandviken O Grupo Sandvik A Sandvik é um grupo industrial com atuação globalizada, presente em 130 países. Líder mundial nas áreas em que atua, oferece ao mercado produtos avançados, entre os quais: ferramentas para usinagem, equipamentos e ferramentas para mineração e construções industriais, materiais inoxidáveis, ligas especiais, resistências de materiais metálicos e cerâmicos, bem como sistemas processadores. Em 2012, o Grupo contou com 49.000 colaboradores no mundo, com vendas anuais de, aproximadamente, 99.000 MSEK (milhões de coroas suecas). A história da Sandvik no mundo teve início na Suécia, em 1858, com Göran Frederik Goränsson, pioneiro na produção industrial de aço pelo processo Bessemer. Em 1862, Göran construiu uma siderúrgica que recebeu o nome de Sandvik. O desenvolvimento dos transportes e das comunicações fez com que o aço Bessemer se transformasse em um dos principais materiais utilizados na indústria de ferramentas, que necessitava de aços especiais com durezas bem definidas. A tecnologia foi evoluindo e o mercado, cada vez mais exigente, pedia métodos constantemente aperfeiçoados, desde a laminação e trefilação de arames, que começou em 1876, até a fabricação primordial de aços inoxidáveis em 1920. Em 1942, a Sandvik entra em uma nova fase com a fabricação de carbonetos sinterizados (metal duro). Em 1949, a Sandvik aportou no Brasil com o nome de Aços Sandvik Ltda. Aqui não havia ainda um parque industrial definido e apenas se começava a sonhar com as grandes refinarias e com a indústria automobilística. Mesmo assim, os dirigentes suecos, em uma demonstração inequívoca de visão empresarial e confiança neste país, decidiram-se pelo início das atividades da empresa como importadora e distribuidora de brocas para perfuração de rocha, produto de grande importância na época, pois as indústrias de mineração e construção civil começavam a se desenvolver no país. O passo seguinte e decisivo foi a construção de sua fábrica no distrito industrial de Jurubatuba, em Santo Amaro – São Paulo. A fábrica, que entrou em operação em 1962, é até hoje a sede brasileira da empresa, que a partir de 1965 passou a se denominar Sandvik do Brasil S/A – Indústria e Comércio. O Grupo Sandvik conduz operações mundialmente com cinco áreas de negócio, cada uma exercendo responsabilidade em Pesquisa & Desenvolvimento, Produção e Vendas de seus respectivos produtos. São elas: Sandvik Mining Líder mundial no fornecimento de equipamentos e ferramentas, serviços e soluções técnicas para a indústria da mineração. A oferta ao mercado abrange ferramentas para corte e perfuração de rochas, britagem, carregamento e transporte e manuseio de materiais. Sandvik Machining Solutions Líder mundial de mercado na fabricação avançada de ferramentas e sistemas de ferramentas para usinagem de metais. Os produtos são fabricados em carboneto sinterizado (metal duro) e outros materiais tão duros como o diamante, nitreto de boro cúbico e cerâmicas especiais. Sandvik Materials Technology Líder mundial na fabricação de produtos em materiais avançados com alto valor agregado, ligas especiais, resistências de materiais metálicos e cerâmicos. A oferta ao mercado abrange tubos, fitas, arames, resistências elétricas e materiais para altas temperaturas e Primary Products. Sandvik Construction Fornece ao mercado soluções em produtos e serviços para praticamente qualquer aplicação na indústria da construção, abrangendo negócios diversificados, tais como pedreiras, túneis, escavação de rocha, demolição, construção de estradas, engenharia de reciclagem e civil. A gama de produtos inclui ferramentas para perfuração de rochas, britadores, movimentação de materiais, soluções fixas e móveis para britagem e peneiramento; além de engenharia civil de perfuração subterrânea, corte, soluções em equipamentos e serviços para carregamento e transporte. Sandvik Venture Orientada para operações atrativas e de rápido desenvolvimento que proporcionem crescimento e rentabilidade. As áreas de produto inclusas nessa área de negócio são: Sandvik Hard Materials, Diamond Innovations, Wolfram e Sandvik Process Systems. MANUFATURAEMFOCO.com.br 31 DESAFIO DA QUALIDADE A influência da liderança no sucesso do Sistema de Gestão de Qualidade A liderança é um elemento essencial para o Sistema de Gestão da Qualidade. Se compararmos a uma casa, considere-a o alicerce. Seu papel é tão importante que a ISO9001 dedica uma seção inteira a esse tema sob o título “Responsabilidade da Direção”. Por Raquel Bidin A tualmente, a decisão de implantar um Sistema de Gestão da Qualidade é totalmente estratégica, para isso, antes de iniciar um processo de certificação, a Alta Direção avalia os fatores externos (clientes, mercado, negócio) e internos (estrutura, organização, padronização dos processos e qualidade do produto ou serviço) e quando opta pelo início desse projeto, automaticamente compromete-se com algo que não é finito e que vai muito além da conquista da certificação. Por esse motivo, é necessário que os líderes estejam comprometidos com a implantação e manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). 32 MANUFATURAEMFOCO.com.br MANUFATURAEMFOCO.com.br 33 Na maioria das vezes, no processo de implantação, a liderança tem um papel muito intenso e efetivo, mas após a certificação há um relaxamento natural e é aí que entra o papel imprescindível da liderança, que deverá influenciar diretamente na motivação quanto à manutenção do sistema implementado. Para isso, é fundamental estar atento aos sintomas e paradigmas relativos às possíveis correções, bem como aplicar as boas práticas necessárias à obtenção de êxito nesse processo. Abaixo, foram enumeradas as principais recomendações: 1 - Estabeleça a qualidade como um valor para a organização e aplique esse valor diariamente, incorporando sempre o tema em reuniões com as equipes e com os líderes; 2 - Determine objetivos e metas para seu time e documente-os no Sistema de Gestão da Qualidade. Coloque isso em prática efetuando o monitoramento do desempenho do seu processo com indicadores agregados ao sistema de gestão e, se possível, associe-os a participação nos lucros e resultados, pois tornará um desafio para a equipe alcançar ou superar a meta estabelecida; 34 MANUFATURAEMFOCO.com.br Tudo é possível desde que a liderança seja capaz de gerar motivação e ofereça o devido suporte a cada um de seus subordinados. 3 - Faça a gestão, por exemplo, evidenciando a todo o momento que as atividades ligadas ao Sistema de Gestão da Qualidade são importantes para o processo industrial como um todo. Faça associações com foco no cliente interno e externo. Não permita que se estabeleça a ideia de que são apenas padrões para agradar ou atender a auditoria; 4 - Determine responsabilidades e autoridades para o desenvolvimento dos processos e atividades críticos. Isso facilitará a forma de gerenciar todo o trabalho e também identificar quem e quando procurar em caso de desvios ou sugestões de melhoria; 5 - Delegue atividades e responsabilidades, mas elabore uma forma de monitoramento e acompanhamento do desempenho dos processos. Uma sugestão é monitorar através da avaliação de desempenho do colaborador. Essa atividade exige um cuidado e atenção do gestor, pois esse deve delegar e não “delargar” as responsabilidades. Ou seja, interesse, suporte e acompanhamento são fundamentais; 6 - Desmistifique. As atividades do Sistema de Gestão da Qualidade não são atividades a mais, elas fazem parte da sua rotina de trabalho. Fornecer propostas técnicas dentro dos padrões exigidos, medir o tempo de resposta às possíveis reclamações dos clientes, monitorar o volume de retrabalho, todas essas são tarefas importantes e integradas às rotinas diárias, portanto não existem as atividades do meu cargo e as atividades da qualidade, ou seja, uma é intrínseca à outra; 7 - Ao contrário do que muitos pensam, o Sistema de Gestão da Qualidade é dinâmico e pode ser modificado a qualquer momento, visando a melhoria contínua. Portanto, comunique toda alteração de processo e mantenha os documentos da qualidade atualizados, para que todas as operações estejam sempre alinhadas aos requisitos do Sistema e, consequentemente, previna qualquer não conformidade durante as auditorias; 8 - Nunca deixe as atividades voltadas à qualidade para depois. Demonstre que elas são tão importantes quanto a conquista de um cliente. A entrega de um produto dentro do prazo, por exemplo, faz parte da qualidade dos serviços prestados pela empresa e, por esse motivo, deve ser cumprido. É importante lembrar que todas as atividades dentro do Sistema de Gestão da Qualidade têm dois focos: melhoria para o cliente ou melhoria para o processo; 9 - Seja exigente com o cumprimento dos procedimentos estabelecidos. Não faça desvios no processo. Demonstre o quanto seguir regras e padrões é necessário e, caso a dinâmica do processo seja alterada, altere também o seu padrão, o Sistema de Gestão da Qualidade não é estático; 10 - Evite ruídos de comunicação, faça sempre uma comunicação transparente e com a linguagem adequada ao público-alvo; 11 - Esqueça o mito de que o Sistema de Gestão da Qualidade vem para burocratizar os processos, na verdade seu principal papel é padronizar para assegurar que os processos tenham qualidade; 12 - Inclua os projetos de melhoria de cada processo/área no Plano de Melhorias da Qualidade, assim seu monitoramento será efetuado através do Sistema de Gestão e qualquer replanejamento será justificado e acompanhado; 13 - Veja o Sistema de Gestão da Qualidade como um aliado para o desenvolvimento e não como um limitador burocrático. A gestão estratégica da empresa é quem da o tom para a organização e os colaboradores são seus seguidores, por isso o papel da liderança é tão significativo. Se o tema qualidade for incorporado aos valores da organização, teremos um Sistema com desempenho excelente. Muitas ideias de melhoria contínua surgirão, destacando a organização no mercado. Havendo disciplina e padronização das rotinas, haverá também a garantia de que todos na empresa falam a mesma língua, ou seja, todos estão orientados pelos mesmos valores e seguindo as mesmas premissas, garantindo a satisfação dos clientes e, por consequência, o êxito da companhia. Quando a liderança vê a qualidade como uma tarefa a mais, entende as rotinas e os procedimentos como mera burocracia e o certificado como um enfeite de parede, o Sistema de Gestão da Qualidade estará fadado ao fracasso. Está provado que a boa gestão da qualidade, por meio de um sistema bem consolidado, torna-se estratégico na garantia de bons negócios, pois está intimamente ligado à satisfação dos clientes, dos funcionários, além de tornar a empresa mais lucrativa. Assim sendo, a liderança deve gerar um ambiente interno no qual as pessoas estejam totalmente engajadas aos objetivos da organização e à satisfação dos clientes. É, também, importante lembrar que a equipe deve estar apta a fazer os devidos ajustes, no caso de possíveis desvios, e deve ser parabenizada no caso de superação de objetivos. Celebrar vitórias promove o espírito de equipe e ajuda a consolidar uma cultura embasada na qualidade. Uma equipe motivada e autoconfiante se sente estimulada a dar opiniões e sugerir novos projetos de melhoria. Respeite a responsabilidade e a autoridade de cada elemento, isso contribui para manter a motivação em alta. A qualidade é uma filosofia que se bem aplicada produz comprometimento e promove benefícios a curto, médio e longo prazo. O segredo para o sucesso está em uma palavra bem simples “comprometimento”, pois se houver comprometimento em todos os níveis da organização, teremos um Sistema de Gestão robusto e que realmente favorecerá o desenvolvimento dos negócios e a manutenção da tão almejada certificação, porém só a boa liderança fará com que isso tudo ocorra. MF CONTATOS Raquel Bidin Consultora de Sistema de Gestão Integrado [email protected] MANUFATURAEMFOCO.com.br 35 COMPRAS E SUPRIMENTOS A compra de máquinas e equipamentos O êxito na aquisição de máquinas e equipamentos está estritamente ligado à eficácia do planejamento prévio do que realmente se necessita, promovendo o envolvimento e a cooperação de todos os setores interessados nas decisões de compras. Por Donizeti Cosme O processo de compra de máquinas e equipamentos nas organizações costuma promover momentos tensos, pois sempre a área técnica anseia comprar um equipamento de última geração, que possa atender, com sobra, todas as carências existentes na linha de produção, local onde ele será aplicado. Contudo, as decisões tomadas podem frustrar os requisitantes caso não estejam muito bem preparados para justificar o porquê de suas escolhas. De modo geral, os responsáveis pela aprovação dos investimentos são céticos e orientados, exclusivamente, pela razão – praticamente nada pela paixão. Quando tais investimentos envolverem, principalmente, valores significativos, os aprovadores irão sempre questionar se não haveria alguma alternativa em condições de proporcionar o mesmo resultado por um custo menor. Em geral, a área requisitante supre a expectativa de que tal investimento será aprovado imediatamente, dada a lista de argumentos que levantaram junto aos responsáveis pelas áreas técnicas, tais como, produção, planejamento, qualidade e engenharia de manufatura. Ocorre, no entanto, que outras áreas da organização fazem parte do processo de liberação 36 MANUFATURAEMFOCO.com.br dos investimentos e, por vezes, têm outros aspectos a serem vistos além dos exclusivamente técnicos, tais como: retorno do investimento versus vida útil do equipamento, fluxo de caixa, projetos futuros que p o s s am s e b en efi c i a r d o eq u i p a mento ou máquina pretendidos e podem, também, ponderar sobre a possibilidade de se aplicar um retrofitting (atualização tecnológica via manutenção ou reparo) em algum equipamento já em uso. Um item sempre complexo na hora de liberar os investimentos são os equipamentos voltados para a área de IT (Information Technology ou Tecnologia da Informação), pois sempre enfrentarão questionamento do tipo: Será mesmo que temos que adquirir uma nova tecnologia? É mesmo necessária uma nova versão? Não seria possível um remanejamento de equipamentos entre as áreas? Por que tal pessoa precisaria de um novo equipamento? Assim, as justificativas precisam ser muito bem elaboradas pela área técnica, esclarecendo, por exemplo, que não é mais possível operar o sistema SAP (Systems, Applications and Products in Data Processing – Sistemas de Aplicação e Produtos em Processamento de dados) em um equipamento que utiliza o sistema operacional Windows XP. Outro ponto a ser considerado, caso a fase de aprovação dos investimentos já tenha sido superada e a “aquisição” em si já esteja na lista de pendências da área de suprimentos, é a necessidade de se exigir da área requisitante a elaboração de um dossiê, em que constem todas as informações necessárias para que o mercado apresente uma cotação à altura das necessidades do projeto. Se for um Centro de Usinagem CNC (Computer Numerical Center), por exemplo, é imprescindível que se determine quantas peças por hora a máquina deverá produzir, quais as tolerâncias dimensionais requeridas para as peças a serem executadas, quais as exigências de acabamento superficial dos componentes a serem usinados e quais as garantias de qualidade e repetibilidade – além de pontos importantes como prazo de entrega, condições de pagamento, condições de frete (CIF, FOB etc.), multa por atraso, entre outros itens de importância. Uma boa especificação deve ser um documento redigido de forma clara e objetiva sem deixar margem para interpretações dúbias nas entrelinhas. O requisitante deve ser preciso quanto ao que quer, quando quer, como quer e quais os desdobramentos e consequências, caso ocorra algum problema de qualidade ou atraso. É imprescindível que fiquem claras quais as responsabilidades e normas a serem atendidas, quais as formas de pagamento, pré-requisitos para aprovação do projeto, entre outros tópicos. Recomenda-se que a entrega do dossiê seja feita de forma presencial, colocando à mesa todos os interessados no processo, para facilitar o esclarecimento de quaisquer dúvidas que possam surgir. Outra recomendação importante é conhecer todos os fornecedores participantes da concorrência, levantando sua saúde financeira por intermédio do Serasa. Ver como é a relação com sua base de clientes, visitar projetos já realizados, conhecer os principais responsáveis pela empresa (diretores, presidentes) etc. Esta tarefa deverá ser conduzida em conjunto com a área requisitante. É também importante considerar a possibilidade de aquisição no mercado internacional. Nesse caso, deverá ter um planejamento com prazo bem maior do que a aquisição no mercado nacional, pois é um processo totalmente diferente a começar pelo aguardo do pronunciamento da Abimaq ou do manifesto de algum O atendimento das especificações técnicas é apenas parte do que se deve levar em conta nos processos de compras de máquinas e equipamentos. fornecedor local, informando sobre a questão da similaridade a produtos nacionais. Portanto, é bom contar com a presença de um especialista em comércio exterior envolvido no processo e também de um despachante aduaneiro. Após o processo de aquisição ser encaminhado, deve-se aguardar a entrega das cotações pelos fornecedores participantes, preferencialmente em envelope lacrado e aberto em conjunto com o auditor da empresa ou uma segunda pessoa de hierarquia superior. De posse das informações, é de suma importância que a área técnica valide o conteúdo das ofertas, formalmente, por meio de uma planilha de pontuação (score), para que se tenha o devido respaldo na consolidação do processo comercial e finalização da compra. Se o prazo de entrega for muito longo, sugere-se a elaboração de um contrato para firmar o acordo entre as partes, pois nesta condição pode-se incorrer no risco de algumas mudanças nas condições negociadas, por exemplo, mudança de tributos, troca de pessoas nas organizações que fizeram parte do processo negocial etc. Apesar de nossas limitações para enfrentar os desafios a nós impostos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas. O que existe são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles. Ser criterioso e organizado é quase sempre uma garantia de sucesso em todas as instâncias, sejam essas de ordem profissional ou particular a cada organização ou indivíduo. MF CONTATOS Donizeti Cosme [email protected] (15) 9779-6606 MANUFATURAEMFOCO.com.br 37 ACADEMIA Eficiência energética um passo importante para o desenvolvimento sustentável Embora existam diferentes tipos de energia, a mais utilizada atualmente nos processos industriais do mundo é a energia elétrica (não existem indústrias que não façam uso dela). Por Adalberto Mohai Szabó Júnior P or causa do crescimento populacional e do aumento permanente da produção de bens de consumo, é muito provável que no futuro não muito distante nos encontremos frente à falta de energia elétrica suficiente para atender as necessidades de todos, até porque a geração de energia, principalmente em países como o nosso, não acompanha a crescente necessidade da sociedade. Por isso, além de pensar em métodos alternativos para a obtenção desta imprescindível forma de energia para atender a 38 MANUFATURAEMFOCO.com.br demanda, é necessário avançar para o seu uso racional. O uso racional de energia, além de colaborar com a preservação dos recursos naturais, implica na diminuição de custos, favorecendo a capitalização das empresas (aquisição de novos maquinários e modernização de linhas de produção) e, consequentemente, no aumento da produtividade e competitividade. Este artigo se baseia em um exemplo hipotético sobre a forma através da qual é possível reduzir os custos com energia elétrica no ambiente fabril. MANUFATURAEMFOCO.com.br 39 Melhorar a eficiência energética pode ser lucrativo Imaginemos que uma indústria que possua 20 motores elétricos de 50 HP que funcionem 8300 horas por ano, com rendimento de 91,5% queira substitui-los por outros de igual potência, porém com maior rendimento (94,0%) para diminuir o consumo de energia elétrica sem comprometer a performance produtiva. Para calcular a economia que estas substituições produziriam, deveríamos fazer o seguinte cálculo: kW Economizado = KW Saída x [(1/n motor padrão) – (1/n motor de alta eficiência)] kW Economizado = 50 x 0,746 x [(1/0,915) – (1/0,94)] = 1,0854 motor geraria só com demanda a cada ano bastaria fazer o cálculo seguinte: 1,0854 kW x 9,50 x 12 mês/ano = R$ 123,72 Com mais este dado, torna-se fácil compreender que a economia anual total (em dinheiro) obtida por meio de cada substituição seria de: R$ 1.081,06 + R$ 123,72 = R$ 1.204,78 Já a economia anual total (em dinheiro) das 20 substituições juntas seria de: décimo sexto mês, que corresponderia a R$ 24.095,60 por ano (R$ 240.956,00 por década). É importante frisar que a empresa só acumularia um ganho de capital mediante a economia de energia elétrica de R$ 240.956,00 depois de 135 meses [15 meses + 120 meses (década)]. E embora os lucros extras só viessem à tona depois de um período de tempo, os benefícios ao meio já seriam computados desde o momento em que os motores fossem substituídos. Já a rentabilidade mensal do investimento em novos motores seria obtida através do cálculo a seguir: Rentabilidade Anual = R$ (2.007,97/$ 30.000,00) x 100 = 6,7 % 20 motores x R$ 1.204,78 = R$ 24.095,60 Através dos cálculos acima realizados, torna-se fácil entender que cada substituição geraria uma economia de 1,0854 kW. Isso significa que para descobrir a economia que cada motor geraria a cada ano bastaria multiplicar o montante economizado, em kW, pela quantidade de horas que cada motor funciona por ano (8300): 1,0854 kW x 8300 h = 9008,82 kWh Se a concessionária de energia elétrica cobrasse doze centavos por cada kWh consumido, para descobrir a economia anual em termos financeiros que cada motor substituído seria capaz de proporcionar bastaria fazer a multiplicação abaixo: 9008,82 kWh x R$ 0,12 = R$ 1.081,06 Se a indústria na qual este artigo se baseia pagasse R$ 9,50 por mês por cada kW de energia contratado, para descobrir a economia, em termos financeiros, que cada 40 MANUFATURAEMFOCO.com.br Se cada motor possuísse um custo de R$ 1.500,00 para sua aquisição e instalação, o investimento necessário para a substituição dos 20 motores seria de R$ 30.000,00 e o pay back (prazo de retorno de investimento) seria determinado da seguinte maneira: Pay Back = Investimento / Economia Anual Obtida por Meio das Substituições Pay Back = R$ 30.000,00 / R$ 24.095.60 Pay Back = 1,25 anos Se o pay back fosse de 1,25 anos, ou seja, 15 meses, ficaria subentendido que a indústria precisaria trabalhar por 15 meses para recuperar 100% de seu investimento realizado no processo de substituição dos motores. Durante os 15 primeiros meses subsequentes as substituições, a organização não lucraria absolutamente nada, pois ela só estaria recuperando mês a mês o dispêndio de capital efetuado. Esta indústria só passaria a ter um ganho sob o viés financeiro a partir do Para conhecer a conveniência do investimento na melhora da eficiência energética é sugerida uma comparação entre a rentabilidade do projeto e a rentabilidade de produtos oferecidos pelo mercado financeiro com baixo grau de risco como, por exemplo, a caderneta de poupança. Deixando de lado o resultado econômico que indubitavelmente surge mediante a melhora da eficiência energética, é inegável que a racionalização do consumo de energia elétrica resulta em benefícios para todos os habitantes do planeta, além de contribuir com a melhoria da performance ambiental da empresa e com sua reputação no cenário mercadológico da qual ela faz parte. Colaboração de Adalberto Mohai Szabo Junior, Brasil. MF CONTATOS Prof. Ms. Adalberto Mohai Szabó Júnior Consultorias e Treinamentos in Company [email protected] http://www.professormohai.blogspot.com Celular: (11) 99251-6976 MANUFATURAEMFOCO.com.br 41 MOVIMENTO Junho Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final Início Final 01 09 03 08 05 07 11 14 18 21 18 21 19 20 19 21 20 23 23 26 24 27 24 27 25 28 25 28 Feira Salão de Motos - Setor automobilístico; motocicletas www.salaodemotos.com.br/ed2013 RS Porto Alegre Feira Feimafe - 14ª Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura www.feimafe.com.br SP São Paulo XL Conferencia Nacional de Ingeniería Engenharia e educação www.anfei.org.mx/CNI2013 México San Luis Potosi Feira Brasil Offshore 2013 - Offshore e petróleo www.brasiloffshore.com RJ Macaé Feira Mac & Tools - Feira de Máquinas e Ferramentas da Indústria Metal-Mecânica do Centro-Oeste www.feiramactools.com.br GO Goiânia Coteq - Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos www.abendi.org.br/coteq PE Porto de Galinhas Fórum VII FÓRUM NACIONAL DE LEAN - Engenharia de produção www.7fnl.grupolean.com.br SC Joinville Feira M-Tech - Mechanical Components & Materials Technology Expo www.reedexpo.com/en/Events/2981/ M-Tech Japão Tokio Feira Assembly Technology 2013 - 14th International Industrial Automation and Assembly Technology Exhibition www.reedexpo.com/en/Events/2991/ Assembly-Technology Tailândia Bangkok Feira Mec Show 2013 - Feira de Metal Mecânica, Energia e Automação www.mecshow.com.br/site/2013/pt/ home ES Serra Feira Feira Metal Mecânica de Maringá www.feirametalmecanica.com.br PR Maringá Solid Edge University 2013 - Educação, CAD www.solidedgeu.com EUA Ohio Feira Fispal Tecnologia 2013 - 29a Feira Internacional de Embalagens, Processos e Logística para as Indústrias de Alimentos e Bebidas www.informagroup.com.br/site/ hotsite.asp?idevento=55&menu=2312 SP São Paulo Feira Manutenção - 4a Feira de Manutenção e Equipamentos Industriais www.feiramanutencao.com.br SC Blumenau Conferência Conferência Conferência 42 MANUFATURAEMFOCO.com.br