Bossa Nova nascida de uma máquina de afiar

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Bossa Nova nascida de uma máquina de afiar
Bossa Nova nascida de uma máquina de afiar
07.05.2004
nº 18 469 Bossa Nova nascida de uma máquina de afiar
Ele está aqui: Tom Zé, precursor do pop latino - um encontro
Philipp Lichterbeck
Tradução de Maria de Lourdes Soares
Será que ele parece tão revolucionário assim? Um homenzinho magro, de 1,65 metro no
máximo, abre a porta do camarim. O rosto cavado exibe uma barba desgrenhada; nos pés, um
rústico par de sandálias Adidas. Tom Zé, o Frank Zappa do Brasil, como escreveu o "New York
Times", parece cansado. Talvez por conta da longa viagem de São Paulo a Recklinghausen.
Talvez por conta da idade. Está com 67 anos. Antes mesmo de a pessoa se apresentar, ela é
recebida por Tom Zé com um grande abraço. Sobre os seus ombros dá para ver no camarim a
fruta e a água que foram ali colocadas. Confessa estar com dor de barriga. Repetidamente
passa a mão no abdômen, deixando-a também repousar sobre o braço do interlocutor.
Segura-o. Mas é igualmente um gesto de calor humano, de generosidade.
Acomodamo-nos, temos uma hora disponível. Depois será tempo da passagem de som no
teatro de Recklinghausen, onde Tom Zé dará um de seus dois concertos na Alemanha. Várias
revistas de música dizem que o compositor brasileiro é um interlocutor difícil, que pode ficar até
dez minutos sem dizer uma só palavra. "A palavra não é o meu forte", diz o brasileiro
prontamente. Todavia mostra que está com vontade de conversar. Coloca sua cadeira diante
da janela para aproveitar os raios de sol, "um belo sol alemão", segundo ele. Sua mulher, que é
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também sua agente, entra igualmente em cena. Ela tem todas as razões para tomar conta do
marido. Já que houve uma época em que Tom Zé foi considerado como 'morto' por muitos. Do
ponto de vista artístico e clínico.
A segunda vida de Tom Zé começou em 1990. Antes, nos anos 80, o antigo astro viveu tempos
sombrios. Nesse período gravou apenas um disco e sobreviveu graças a trabalhos eventuais.
"Quando estava prestes a trabalhar em um posto de gasolina, o telefone tocou", conta Tom Zé.
No outro lado da linha estava David Byrne, líder dos Talking Heads. "Estava com um disco meu
na mão. Um disco que ele achou estupendo." Byrne fez uma compilação de antigas músicas
de Tom Zé com o título "The Best of Tom Zé". No ano 2000 este álbum foi eleito entre os 10
melhores CDs da década em todo o mundo pela revista "Rolling Stone".
Nota-se que o reconhecimento tardio representa um desagravo para Tom Zé. "Em meados dos
anos 80 estive para morrer", afirma. "Tive um problema de pele terrível. Ninguém sabia o que
era. Quem sabe era o desprezo, o desdém." Como todos os revolucionários, sofreu o drama de
estar à frente do seu tempo. Conta que, para seu divertimento, viu alguns vídeos de bandas
alemãs que manejavam instrumentos de fabricação própria no Instituto Goethe de São Paulo.
Isso foi em 1984. Na época um crítico musical escreveu, corretamente, o seguinte: "Tudo bem.
Mas Tom Zé já fez isso 10 anos atrás".
Revelação:
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Tom Zé, o esquecido.
Tom Zé nasceu em 1936 numa pequena cidade do nordeste do Brasil, a região mais pobre do
país. Mostrou interesse pelo violão e, estimulado por amigos, participou em 1 960 de um
concurso de calouros no programa de televisão "Escada para o Sucesso". Ganha um prêmio
com a música Rampa para o Fracasso e se torna um herói local.
Oito anos depois marca presença no curto verão do legendário movimento Tropicália junto com
os hoje mundialmente famosos Caetano Veloso e Gilberto Gil. Os tropicalistas revolucionaram
a música brasileira da época, muito antes de ser formulado o conceito de "crossover", ao unir a
música popular do país aos ruídos da cidade grande, à música clássica e aos sons dos Rolling
Stones. Fortemente influenciados pelo existencialismo e pela nouvelle vague, encontram em
Jean-Luc Godard e Jean-Paul Sartre o seu referencial. "Queríamos criar uma nova linguagem",
diz Zé, "mas também era preciso compreender essa linguagem."
Nos anos 70, em plena ditadura militar, ninguém no Brasil se dava mais ao trabalho de
compreender Tom Zé. Naquela época ele começou a inventar instrumentos usando máquinas
de escrever e de afiar, juntando esse sistema de sons e ruídos que construiu aos ritmos
brasileiros tradicionais. Seus textos vagueavam entre o dadaísmo e a crítica velada e
irreverente à censura e ao aparato do poder.
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Há dois anos foi lançado o seu disco mais recente. Trata-se de Jogos de Armar, mistura
incomum de folclore brasileiro, de rock, de gritos e de sons de campainha desconcertantes.
Essa alegria na experimentação torna impossível enquadrar Tom Zé como uma variante
brasileira do Buena Vista Social Club. Sua música não tem praticamente nada que ver com o
samba-clichê idílico. Por outro lado, Tom Zé também não quer ser conhecido como um
vanguardista excêntrico. "No palco eu me transformo novamente em um menino traquina de 30
anos. Quero ser entendido pelas pessoas".
Bossa Nova aus der Schleifmaschine
Er kommt: Tom Zé, Wegbereiter des Latin-Pop – eine Begegnung
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Von Philipp Lichterbeck
Sehen so Revolutionäre aus? Ein schmales Männlein, vielleicht 1,65 Meter groß, öffnet die Tür
zur Garderobe. Im hageren Gesicht trägt es einen zersausten Bart, an den Füßen klobige
Adidas-Sandaletten. Tom Zé, der Frank Zappa Brasiliens, wie die „New York Times“
geschrieben hat, wirkt müde. Vielleicht liegt es an der langen Reise von São Paolo nach
Recklinghausen. Vielleicht an seinem Alter. Er ist 67. Noch bevor man sich vorgestellt hat,
breitet Tom Zé die Arme aus und drückt einen an sich. Über seine Schulter hinweg sieht man,
dass sie ihm Obst und Wasser in die Garderobe gebracht haben. Er sagt, er habe
Bauchschmerzen. Immer wieder wird sich Zé über den Unterleib streichen, und er wird die
Hand auf den Arm seines Gegenübers legen. Zum Festhalten. Aber es ist auch eine warme,
großzügige Geste.
Wir setzen uns, haben eine Stunde Zeit. Dann soll der Soundcheck im Recklinghausener
Festspielhaus beginnen, wo Zé eins von zwei Deutschland-Konzerten geben wird. In mehreren
Musikzeitschriften hat es geheißen, Zé sei ein schwieriger Gesprächspartner, der schon mal
zehn Minuten schweigen könne. „Das Wort ist nicht meine Praxis“, sagt der Brasilianer auch
prompt. Dennoch ist er in Plauderstimmung. Er rückt seinen Stuhl vor das Fenster, durch das
die Sonne scheint, eine „schöne deutsche Sonne“, sagt er. Seine Frau, die auch seine
Managerin ist, hat sich dazugesetzt. Sie hat allen Grund, auf ihren Mann Acht zu geben. Denn
Tom Zé war schon einmal so gut wie tot. Künstlerisch und klinisch.
ERLEUCHTUNG:
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Tom Zé, der Vergessene
Zés zweites Leben begann 1990. Davor, in den Achtzigerjahren lebte der einstige Star in
Düsternis. Eine einzige Platte nahm er in dieser Zeit auf, schlug sich mit Gelegenheitsjobs
durch. „Als ich kurz davor stand, einen Job in einer Tankstelle anzunehmen, klingelte das
Telefon“, erzählt Zé. Am anderen Ende meldete sich David Byrne, der Kopf der Talking Heads.
„Er habe gerade eine Platte von mir in die Hände bekommen. Er sagte, er finde sie großartig.“
Byrne veröffentlicht eine Sammlung von Zés alten Songs und nennt sie „The Best of Tom Zé“.
Im Jahr 2000 nimmt der „Rolling Stone“ die Platte in die Liste der besten CDs der gesamten
Dekade auf.
Man merkt Zé an, dass die späte Anerkennung eine Genugtuung für ihn ist. „Mitte der
Achtzigerjahre wäre ich fast gestorben“, sagt er. „Ich hatte fürchterlichen Ausschlag. Aber
keiner wusste, was es war. Wahrscheinlich die Missachtung.“ Wie alle Revolutionäre litt Zé
darunter, dass er seiner Zeit voraus war. Belustigt erzählt er, wie er 1984 im Goethe- Institut in
São Paolo Videos von deutschen Bands sah, die mit Bauwerkzeugen hantierten. Ein
Musikjournalist habe damals völlig korrekt geschrieben: „Schön. Aber Tom Zé hatte die Idee
schon vor zehn Jahren.“
Zés Leben beginnt 1936 in einem Dorf im Nordosten Brasiliens, der ärmsten Region des
Landes. Er interessiert sich für die Gitarre und wird 1960 von Freunden in eine Fernsehshow
mit dem Namen „Treppe zum Erfolg“ geschickt. Dort spielt er den Song „Rampe zum Scheitern“
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und wird ein Lokalheld.
Acht Jahre später prägt er den kurzen Sommer der legendären Tropicália-Bewegung um die
heute weltbekannten Caetano Veloso und Gilberto Gil mit. Die Tropicalistas revolutionieren
damals die brasilianische Musik, indem sie – lange bevor der Begriff Crossover überhaupt
existiert – die populäre Musik des Landes mit Großstadtlärm, klassischer Musik und den
Klängen der Rolling Stones verbinden. Stark vom Existentialismus und der Nouvelle Vague
geprägt nehmen sie Bezug auf Jean-Luc Godard und Jean-Paul Sartre. „Wir wollten damals
eine neue Sprache entwickeln“, sagt Zé, „aber man musste diese Sprache auch kapieren
wollen.“
In den Siebzigerjahren, der Zeit der Militärdiktatur, machte sich niemand in Brasilien mehr die
Mühe, Zé verstehen zu wollen. Zé baute damals Instrumente aus Schreib- und
Schleifmaschinen, montierte die Störgeräusche auf traditionelle brasilianische Rhythmen. Seine
Texte vagabundierten zwischen Dadaismus und satirisch verhüllter Kritik an Zensur und
Machtapparat.
Vor zwei Jahren ist Zés vorerst letzte Platte erschienen. Sie heißt „Jogos de Amar“
(Liebesspiele), ist eine ungewohnte Mischung aus brasilianischer Folklore, Rock und
irritierenden Schreien und Klingeltönen. Diese Experimentierfreude macht es unmöglich, Zé für
die brasilianische Variante des Buena Vista Social Club zu halten. Zu wenig entspricht seine
Musik dem idyllischen Samba-Klischee. Andererseits möchte Zé auch nicht als verschrobener
Avantgardist gelten. „Auf der Bühne verwandele ich mich wieder in einen wilden 30-Jährigen.
Ich will, dass die Leute mich verstehen.“
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Heute im Großen Saal der Volksbühne am Rosa-Luxemburg-Platz (21 Uhr 30)
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