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É uma satisfação constatar que o Brasil é um País off-road em todos os sentidos. Temos os melhores caminhos, as trilhas mais incríveis e os destinos naturais mais cobiçados do planeta. E temos jipes sendo feitos por aqui, como o Troller, o Agrale Marruá e o pequeno em tamanho, mas gigante em valentia, Suzuki Jimny, que é construído em Catalão, Goiás, desde novembro de 2012. Nascido no Japão, em 1970, o Samurai foi baseado nos clássicos Jeep (assim como todos os outros jipes desse planeta) e, desde então, não para de fazer sucesso. Na nossa matéria especial, você conhecerá um pouco mais sobre o pequeno guerreiro. Essa edição traz um incrível CJ5 modernizado e pronto para as trilhas de Manaus. Quem curte originalidade, vai se amarrar no Willys CJ3A maravilhosamente bem restaurado pelo seu dono, que disse ter a “ferrugem no sangue”. Para os que gostam de adrenalina e emoção, publicamos a aventura de um comboio brasileiro, se embrenhando na Expedição Serra do Sol, que fica na “Gran Sabana”, Venezuela, um lugar inóspito e pouco acessado. E aqui no Brasil vamos ver o que rolou na 6ª edição do Transcatarina, prova que cruza parte do estado de Santa Catarina, desvendando suas belezas e histórias. E para fechar, vamos inaugurar nossa coluna Gente, com Fabiana “Fabi” Martins, offroader de Brasília, DF, que vem se destacando pela perícia e gosto pelo Trial, um dos estilos mais exigentes do fora-de-estrada. Ela será a primeira participante brasileira na Rainforest Challenge, uma prova duríssima, ao melhor estilo Camel Trophy. Boa diversão, ótima leitura e até a próxima! 2 3 4 5 L embro com perfeição das minhas primeiras impressões e das voltas iniciais que dei no Suzuki Samurai, na primeira metade dos anos 90. Offroaders mais “casca grossa” e os incrédulos em geral não demoram a apelidar o pequeno 4x4 de jipe da Barbie, carrinho de playmobil entre outros nomes jocosos e cheios de preconceito. Não podiam estar mais errados, pois o Samurai, que já se chamava Jimny no Japão – seu país de origem –, era e continua sendo um dos jipes mais bem acertados e já construídos. Há quem diga que se retirassem a carroceria de um Jimny mais antigo e fosse instalada uma do Jeep CJ3A, o encaixe seria perfeito, já que o off-road japonês haveria sido influenciado pelo mítico Willys. Eu não duvidaria disso... Com mais de 44 anos de história, o Jimny é feito no Brasil desde novembro de 2012 e continua sendo uma presença constante em quase 200 países e já soma mais de 2.5 milhões de carros vendidos. Mesmo que o chamem de SUV por aí, o termo correto para um veículo dotado de carroceria sobre chassi + caixa de transferência (normal e reduzida), é jipe. E ponto! O 4x4 mais barato construído no Brasil, na cidade de Catalão, GO, onde também está a fábrica da Mitsubishi, A versão 4Work é indicada ao trabalho. Por ter diversas configurações, tem preço sob consulta 6 Interior simples e justo, atende as necessidades de um veículo off-road de verdade disponibiliza quatro versões: 4ALL (cidade), 4SUN (praia), 4SPORT (offroad) e o 4WORK, para trabalho e que tem preço sob consulta e é variável de acordo com a lista de acessórios. O visual é harmônico, tem na frente o maior volume, scoop no capô e desenhos do para-choque, para-lama e grade dianteira com perfil mais robusto. As rodas de liga leve aro 15” tem aplicação da cor grafite. O som inclui rádio AM/FM, CD player e MP3, WMA, USB e Bluetooth. Os bancos possuem diversas configurações, sendo os traseiros bipartidos e rebatíveis com cinco posições. O motor é feito de alumínio, 1.3 litros, à gasolina (DOHC), com 16 válvulas, 85 cavalos de potência a 7 8 9 Com mais de 44 anos de história, o Jimny é feito no Brasil desde novembro de 2012 Paleta de cores bem diversificada 6.000 rpm e torque de 11 kgfm a 4.100 rpm. A corrente de comando, velas de longa duração e escape de aço inox oferecem maior rendimento. O comando variável de válvulas otimiza o torque para todas as faixas de rotação. Em conjunto com a injeção eletrônica multpoint sequencial, o sistema melhora o consumo e as emissões de poluentes. Junto ao motor está um câmbio manual de cinco marchas e uma caixa de transferência com tração 4x4 e reduzida, gerenciada eletrônicamente, e um sistema de roda livre pneumática. Para ligar a tração, basta selecionar no controle do painel. Opta-se pelos modos 2WD (tração traseira), 4WD (tração nas quatro rodas) e 4WD-L que dobra o torque e garante a saída das encrencas maiores. É possível mudar entre os modos 2WD e 4WD em até 100 km/h. A suspensão é independente Trilink, com eixo rígido e molas helicoidais. O conjunto mecânico do Jimny é resistente, flexível e leve (pesa só 1.060 quilos!). O carro tem barras de proteção laterais, coluna de direção retrátil e encostos de cabeça ajustáveis em todos os bancos. Os freios a disco na frente têm as pinças mais elevadas, o que facilita a passagem em alagados, escoam bem a água e evitam retenção de terra. O freio a tambor traseiro tem válvula sensível a carga (LSVB). A direção hidráulica progressiva é leve nas manobras e firme à medida que a velocidade aumenta. O raio de giro de apenas 4,9 metros é surpreendente é o melhor no segmento, fácil. Como a maioria dos jipes, o Jimny em altura livre do solo de 200 mm, tem capacidade de inclinação lateral de 42º e pode (e deve!) ser equipado com pneus MUD (opcionais) e engates traseiro e dianteiro para facilitar a manobra de carretas. As virtudes do pequeno guerreiro são justamente a soma de sua pequena dimensão (entre eixos curto é uma maravilha no off-road), leveza, confiabilidade mecânica e facilidade em aceitar upgrades. Um ótimo jipe, como já disse e, curiosamente, que não tem concorrentes diretos no mercado nacional. Se você pensou no Troller, esqueça, pois o mesmo é bem maior e tem motor diesel, o que muda tudo. Talvez o Pajero TR4, que é um ótimo 4x4, mas é menos jipe que o Suzuki, por uma série de características, apesar do chassi e caixa de transferência. 10 altura livre de 200 mm e excelentes ângulos de entrada e saída 11 12 13 Desafio Jimny 100.000 km em 100 dias Ou seja, no mercado dos jipes, ainda não tem para ninguém. Se o interessado quer opções na hora de escolher, além de cada versão, são seis cores básicas: prata, preto, branco, vermelho, verde Amazônia e verde tropical e seis especiais: amarelo solar, roxo ipê, laranja fun, rosa croma e azul pacífico. Em maio desse ano foi apresentada o modelo 2015, da versão Sport, a que mais interessa a quem gosta de off-road. A nova versão vem com air bag duplo e ABS, traz novos parachoques dianteiro e traseiro. Formados por peças modulares com fixações externas, o projeto foi desenvolvido para facilitar a manutenção, lembrando que o Jimny é único 4x4 que traz de fábrica o engate dianteiro que, por possibilitar visualização frontal, facilita qualquer manobra de carretas rurais ou de Jet Ski, por exemplo. Outra novidade é o side step (apoio para o pé) integrado às laterais, à frente das rodas traseiras, que facilita o acesso ao teto para instalação de bagageiros, transportar bikes, pranchas de surf e outros equipamentos. Os frisos laterais, snorkel e flares ganham novo desenho e completam o design do 4x4. Entre 6 de fevereiro e 17 maio, a Suzuki realizou uma grande prova de resistência, para comprovar a robustez de seus jipinhos. Intitulada Desafio Jimny 100 mil km em 100 dias, 6 profissionais seguiram em direção às estradas, on-road e off-road, entre as regiões de Campo Grande (MS), Vitória (ES), Belo Horizonte (MG) e São José dos Campos (SP), finalizando no autódromo Velo Città, em Mogi Guaçú (SP). Durante os 100 dias, os carros seguiram os planos de revisões programadas da Suzuki, realizadas a cada 10 mil quilômetros, nas concessionárias da marca, todos com resultados positivos. Os jipes apresentaram poucas ocorrências, como uma trinca no para-brisa dos dois carros ocasionada por pedras que rebateram nos vidros durante um dos trajetos e uma troca preventiva de um retentor da roda traseira de um dos carros por possibilidade de vazamento. Prova de fogo para o pequeno guerreiro! 14 15 A história de Leonardo Junqueira da Costa, 40 anos, natural de Manaus, AM, empresário no ramo de alimentos, como “jipeiro”, começou em 2002 quando seu irmão mais velho, Osmar, comprou um Lada Niva 1995 e o convidou para ser “Zequinha”, em uma prova de rally. A partir daí a sua vontade de ter um jipe despertou definitivamente. Em 2004, o irmão trocou o Niva por um Jeep Willys 1972 e, em maio de 2008, Leonardo finalmente adquiriu seu primeiro 4x4, esse Willys CJ5 1961. A opção pelo velho Jeep se deu pela preferência ao desenho clássico e pela facilidade de realizar modificações. “O Jeep estava inteirão, com a lataria bonita; a suspensão já havia sido elevada com molas aspirais e o motor era de opala. Mas precisava de alguns ajustes. Quando comecei, não parei mais”, comentou Leonardo. Logo nas primeiras trilhas o jipe apresentou muitos problemas e o dono decidiu fazer um upgrade no motor. Como uma mudança leva a outra, o que era para ser apenas uma troca de motor, acabou por se transformar na construção de um novo jipe, com tudo que Leonardo sonhava. Mas para realizar esse sonho foram necessários quatro anos e meio de trabalho e paciência. Questionado sobre quais os pontos deram mais trabalho, Leonardo foi enfático. “Tudo foi difícil, porque quando você resolve transformar um jipe, você não compra as peças prontas para serem colocadas no lugar. São muitas adaptações e isso requer trabalho e carinho para chegar a um bom resultado”, comentou. Mas se houve algo realmente difícil foi acertar a suspensão, por ser algo diferente do que existia em Manaus. “Não havia um modelo a ser copiado, tudo foi criado, então vários gabaritos foram feitos até chegarmos no resultado que esperávamos. Só 16 17 O Jipão encarando uma subida com erosão 18 19 O projeto ficou pronto após quatro anos e meio de muito trabalho essa parte nos tomou seis meses de trabalho”, lembrou. Nesse tempo, a vontade de fazer trilhas era tanta que Leonardo se obrigou a comprar um Troller novo, com qual faz trilhas na região, além de expedições para a Serra do Sol, na Venezuela. Enquanto isso, a montagem do Willys se revelou uma verdadeira odisséia. Começou com a troca do motor GM Opala quatro cilindros por um novo Volkswagen AP 2.0, à gasolina, preparado. O chassi original estava podre e foi trocado por um novo. Os eixos originais também foram substituídos por outros da picape F75, que por serem mais largos (e robustos) dão maior estabilidade ao jipe. A carroceria original, de ferro, acabou sendo trocada por uma nova, de fibra de vidro. A suspensão foi amplamente discutida com o mecânico responsável pelo projeto, Luis Platinado. “Queria um Jeep agressivo nas trilhas e, ao mesmo tempo, confortável. O Luis desenvolveu uma suspensão baseada no jipe Troller, com molas helicoidais, barras de torção e um sistema 4-link”, informou Leonardo. A distância entre eixos foi ampliada para que o carro tivesse um maior ângulo de entrada e de saída, e isso, de quebra, aumentou o conforto do 4x4, Pneus Mud de 38.5 polegadas 20 Guincho na frente e atrás! A suspensão conta com molas helicoidais, barras de torção e um sistema 4-link. Os eixos contam com bloqueios de diferenciais 21 Interior preparado para aventuras, sem abrir mão do conforto 22 23 Motor VW AP 2.0, câmbio clark da Ford F1000 - mecânica robusta que por ser mais longo, “quica” menos. Para suportar os gigantes pneus lameiros 38,5”, os dois eixos foram reforçados e ganharam bloqueios de diferencial especiais. A segurança foi garantida com a construção de uma gaiola em aço carbono. Foram instalados bancos concha com cintos de segurança de 4 pontos, de competição. O Willys ainda ganhou guincho mecânico 12.000 lbs na dianteira e um guincho elétrico na traseira, ambos com cabo de kevlar. Durante todo esse processo, a paixão pelo off-road foi aumentando e Leonardo e o irmão Osmar resolveram construir uma oficina, num terreno da família. Ela foi equipada para a realização de qualquer tipo de serviço mecânico, com macaco elevacar, sistema pneumático para troca de rodas e uso de ferramentas, equipamentos para troca de óleo e lubrificação, pintura e manutenção dos jipes da família. O local também acabou se tornando um ponto de encontro de amigos do off-road de Manaus, onde rolam reuniões regadas a churrasco e tambaqui na brasa. Finalmente, em outubro de 2011, Leonardo conseguiu finalizar o seu tão sonhado projeto e fez a estreia de seu Jeep no II Encontro dos Jipeiros do Norte. Desde então o “JIPÃO” (como é chamado por eles) fez também a tradicional expedição da Serra do Sol e vem fazendo bonito nas pesadas trilhas amazônicas. Quer saber mais sobre o JIPÃO? Envie mensagem para Leonardo Junqueira da Costa pelo e-mail: [email protected] 24 25 26 O Willys CJ3A que você vê aqui provavelmente teria sido mais um pioneiro a encontrar um triste final em um desmanche da vida. Mas o destino mudou quando Miguel Valdimir Rozanski, 62 anos, natural de Mallet, PR, recebeu o espólio da oficina mecânica do pai. Esse história começa bem antes, quando Miguel tinha três meses e a família se mudou para Campo Mourão, PR. Em meados de 1961, o pai abriu uma oficina mecânica, o que logo atiçou o interesse do menino. Apesar de ser uma criança, quando surgia a necessidade auxiliava com pequenos trabalhos e manobras dos veículos no pátio, dando os primeiros passos na direção. “Na época, e por se no interior, os atendimentos eram feitos à domicílio, com deslocamentos para áreas distantes”, lembrou. As estradas apresentavam-se situações ruins, com lama, travessia de rios e improvisação de pontes. Com o tempo seco, a poeira e os buracos eram comuns, forçando o pai a adquirir um veículo que sustentasse tais aspectos. Com isso, um Jeep Willys 1954 com correntes nos pneus tornou-se ferramenta de trabalho. Miguel aprendia as manhas do Jeep, trocas de peças e consertos realizados no cotidiano. Ele lembrou que era comum a quebra da ponta de eixo traseira. O jeito era improvisar Mecânica original impecável 27 Interior restaurado com cuidado e precisão uma alavanca com um pedaço de tronco, fixado por baixo do eixo e amarrado ao feixe de molas com as correntes. Na falta da tração traseira, ligava-se a dianteira e chegava-se ao destino. Estas dificuldades eram comuns, pois não havia peças fáceis para reposição, havendo socorro somente a 90 quilômetros, em estrada de chão. Os anos passaram e, já morando em Curitiba, PR, Miguel trabalhou por 21 anos em uma madeireira, usando um 4x4 para prestar socorro pelo interior. Tais vivências só fizeram com que ele pegasse mais gosto e conhecimento, não só sobre veículos 4x4, como 6x6, que eram utilizados para o transporte de toras. Desta época em diante, Miguel não deixou de ter modelos 4x4, sendo que até então passaram por suas mãos três Toyota Hilux, Nissan X-Terra e, atualmente, um Ford Explorer, usado em passeios com a família, praticando off-road nas pescarias e para transportar esse CJ3A na carreta. Voltando ao tempo, ainda na década de 70, o pai adquiriu o 51 para 28 Parte elétrica refeita com fiação em tecido, o guincho é um Ramsey mecânico servir de doador de peças, sendo que o carro já se encontrava com o motor desmontado, sem câmbio e necessitando de reparos na lataria. Ao perceber que havia chance de reforma, o pai quis mantê-lo. Mas o tempo passou e o tal “jipinho” nunca viu essa reforma e seu estado de conservação se tornou deplorável. Com a morte do pai em 2000, coube a Miguel organizar o material da oficina. O que fazer então com aquele Jeep? As lembranças de infância vieram à tona. Nesse período, ele começou a atuar como gerente em uma empresa de energia alternativa. “Deixei meu cotidiano de manutenções, pendurei o macacão e me vi envolvido em reuniões e decisões em um escritório”, citou. Em 2004, devido a um stress causado por muito trabalho e seguindo orientações médicas, surge a necessidade de um hobby. “Olhei o motor ‘Go Devil’ desmontado e as lembranças voltaram. Já havia desmontado muitos motores, porém a vontade de fazê-lo roncar novamente surgiu com o prazer em reviver os bons tempos”, falou. 29 Os trabalhos foram feitos de forma natural e o clima de dedicação se instaurou. Com o motor pronto, ele partiu para o câmbio e caixa de transferência. O Jeep se tornou uma “passagem para um universo de novas amizades, de interação com pessoas que carregavam a ferrugem no sangue, como eu”, disse. As pesquisas e as garimpagens pelo País foram essenciais. Relacionamentos com pessoas como Angelo Meliani e Sr. Paulo Bagestero, de Porto Alegre, RS, contribuíram muito. A maior dificuldade surgiu com a lataria. O trabalho manual na reconstituição de partes deterioradas foi enfatizado, incluindo o chassi. 30 31 “Tive que recuperar o alinhamento, os suportes, soldas de trincas, reconstruir partes das travessas, além do desafio de recolocar os rebites prensados à quente e de usar todos os parafusos e roscas em polegadas, conforme o manual de peças”, comentou. Miguel não se satisfez em usar os instrumentos de painel do mercado, partindo para a recuperação dos originais. A instalação elétrica é um exemplo. “Quis manter o padrão dos fios da época, revestidos com os tecidos e as bitolas originais”, informou. Para isso, percorreu diversos ferros velhos até encontrar uma instalação de maior porte que a do Jeep. Com o material em mãos, refez a fiação elétrica e para não fugir do padrão da época, conseguiu um cadarço em Jaraguá do Sul, SC, para encapar os chicotes. “A cada passo, o valor emocional do Jeep cresceu, não só pela história em si, mas também pelo desafio e do grau de dificuldade da empreitada. Ele tornou-se o meu troféu!”, disse. Depois de pronto, Miguel tem imenso orgulho em exibir seu belo Willys nos passeios aos domingos, em encontros de antigos, compartilhar experiências adquiridas com os amigos feitos nesta jornada, além de colaborar com quem está descobrindo este universo tão apaixonante. Tudo isso só resultou na vontade em fazer mais dois clássicos 4x4: um jipe DKV 1960 “candango” que está no “forno” e um Land Rover 1950. Para trocas de ideias e informações, fale com Miguel Valdimir Rozanski pelo e-mail: [email protected] ou pelos telefones (41) 9969-8234 e 3336-2399. Miguel Valdimir Rozanski, o caprichoso dono e restaurador desse Willys 32 33 34 O texto a seguir é uma adaptação do relato postado no facebook da Equipe Macacada Off Road. Entre jipes e picapes, participaram dezesseis 4x4 de diversos estados do Brasil, além de um integrante de Lima, no Peru. “Eram 5 da manhã, do dia 18 de Março, quando partimos de Manaus para pernoitar em Elena de Uairén, na Venezuela. A Serra do Sol é parte de uma grande região conhecida na Venezuela como “Gran Sabana”, um lugar inóspito e pouco acessado. Um aventureiro de nome Domenico Coscareli, resolveu abrir a trilha para Serra do Sol. De lá pra cá outros trilheiros tentaram, mas poucos conseguem fazer a trilha. No Dia 19 de março, Saímos em grupos de três carros para evitar movimento na passagem pela Guarda Nacional, já que eles proíbem trilhas na Serra do Sol. Passamos pelas barreiras e entramos na fazenda que dá acesso a trilha e nos deparamos com o primeiro desafio. Uma descida íngreme, cheia de erosões, que termina no Rio Divina Pastora. Precisávamos atravessar o rio e 35 depois encarar uma subida incrível. Sergio foi o primeiro a subir, logo em seguida foi Raul, um peruano experiente com seu Jeep todo modificado e equipado. Por algum descuido de Raul, a roda pegou na lateral do barranco e ele tombou de costas, capotando da ribanceira. O ruído foi aterrador e depois, muita correria e a gritaria no rádio. Felizmente saíram sem nenhum ferimento. Um grupo comandado por Cowboy e Alexandre, partiu para resgatar o carro da ribanceira. Posicionei meu Wrangler no meio do rio, com a ajuda de Leo e iniciamos o trabalho para colocar as quatro rodas no chão. Após algum tempo conseguimos desvirar o carro. Duas horas depois o carro já estava retornando para Santa Elena com dois jipes dos gaúchos. O restante do grupo passou sem problemas. As pedras soltas e os abismos nos lembravam de que a Serra do Sol não dá margem para erros. Chegamos numa subida super difícil, chamada Domenico 1. O único a subir sem ajuda de equipamentos foi o meu Wrangler, mas isso não significa muito, pois em outra situação, até mais simples, eu não subi. Vai do momento, da situação do carro, de entrar certo no caminho da subida e, claro, da situação do piloto. Todos passaram com segurança e pudemos seguir adiante na trilha cheia de curvas e com um cenário de tirar o fôlego. Subimos uma serra que dá acesso a aldeia indígena Santa Rosa. Havia outro grupo de gaúchos que optaram por sair mais cedo e já estavam acampados na Aldeia. Já era noite, e do topo da serra avistamos a aldeia. Sergio orientou o grupo para compactar o comboio, caprichar nas luzes e observar o carro da frente. Foram momentos tensos, fortes inclinações, as rodas traseiras teimando em escorregar. Com muita dificuldade conseguimos descer. A chegada na Aldeia Santa Rosa foi tensa e a orientação era de evitar falar no rádio enquanto Sergio negociava a entrada com os índios. A intenção era não dormir por lá, os índios cobram uma “taxa” para acampar na aldeia, mas podiam cobrar novamente pela manhã, para liberar a saída. Além disso, existia a preocupação em tirar os gaúchos acampados por lá. Apesar do aparente clima hospitaleiro, aquilo era um barril de pólvora que a qualquer momento podia explodir. Sergio passou pelo portão de acesso e um índio gesticulava ao seu lado, dando sinais de que não seria uma negociação fácil. Longos minutos depois, acertamos o valor para entrar. Saímos da aldeia e fomos buscar um canto plano e com água para 36 O grupo reunido na entrada da trilha Os aventureiros no marco da fronteira 37 38 39 acampar e fomos dormir extenuados. No dia 20, a “Gran Sabana” prometia emoção. Saímos cedo e a meta era chegar no acampamento Millenium, uma palhoça grande à beira de um rio e que se tornou um ponto de apoio para trilheiros do mundo. Ainda tínhamos uma noite na trilha para chegar lá. Passamos por uma grande cachoeira e seguimos por uma trilha de pedras enormes beirando um rio grande e perigoso. Nas pedras vimos um jipe Toyota capotado e incendiado. Logo adiante encontramos um lugar legal e montamos acampamento. No dia seguinte seguimos uma série de subidas e descidas e um longo trecho onde rodávamos praticamente em cima da linha da fronteira entre Brasil e Venezuela. Qualquer vacilo e você tomba. Havia subidas e descidas com ângulos bizarros. A Serra do Sol é mágica pois mescla diversas situações em uma única trilha. Finalmente chegamos ao Millenium, montamos acampamento e seguimos para a Serra. Enfim chegamos à base da Serra e subimos ao ponto mais alto que 40 Desarmando acampamento para seguir viagem 41 se pode chegar de jipe. Lá de cima fomos presenteados com a beleza do lugar, uma visão linda. A missão estava cumprida. Serra do Sol conquistada! Nos troncos que sustentam a palhoça do acampamento, havia algumas inscrições talhadas com os nomes de aventureiros de todo o mundo. Claro que a equipe Macacada deixou sua marca lá. No dia 22 acordamos ainda extasiados com o dia anterior, mas era hora de voltar pelo mesmo caminho. Seguimos adiante e pegamos o trecho que beira o rio. Passamos com segurança e seguimos por fora, beirando o acampamento dos índios. Nossa preocupação estava na Subida do Índio, que íamos encarar logo depois da Aldeia. Finalmente, estávamos ao pé da subida e Sergio pediu que todos os zequinhas preparassem cintas, ancoras, anilhas e demais equipamentos, montando uma mega operação de resgate para a subida. Só se ouvia o ronco do motor desafiando a subida, que era longa, íngreme e com curvas. Pouco depois, ouvimos os gritos de comemoração que animou à todos. Os carros começaram a subir um a um, sem a necessidade de resgate. No final da tarde chegamos no barranco onde Raul tombou o carro e o final da trilha. Passamos e chegamos todos esgotados e extasiados por termos vivido essa grande aventura e vencido a traiçoeira Serra do Sol. Nos rostos, se via o cansaço, a satisfação e orgulho da vitória!” Veja mais em: www.facebook. com/macacadaoffroad Subida forte, paisagem incrível! 42 Subindo a Serra do Sol Tem uma história ou aventura interessante para contar aos leitores da Revista 4x4 Digital? Mande fotos e texto para [email protected] 43 44 45 No dia 25 de fevereiro de 2014 recebemos o “ok” para iniciar o Projeto Test-Drive Off-Road para a marca Jeep, na Agrishow 2014, a mais importante feira do mercado agrícola do Brasil, realizada em Ribeirão Preto (SP). Tudo teria que estar pronto para começar no dia 28 de abril. Prazo adequado? Na verdade, não. O mercado de eventos é sempre é corrido, com prazos apertados e grandes exigências. A edição de 2014 seria nossa terceira vez consecutiva com a marca Jeep. Mas, nessa edição, com praticamente o dobro de área disponível, só que com mesma a verba. O mercado é assim, repleto de desafios. E aqui, adoramos desafios. Tudo começa com a troca de informações com o cliente, com objetivos e estimativas: público alvo, veículos disponíveis, formato da pista, etc. Nessa fase, são dezenas de e-mails, ligações, mensagens e reuniões. Fundamenta lé a Visita Técnica, onde analisamos pontos importantes, como o local, características topográficas, condições do solo, posicionamento do stand receptivo, ponto de fornecimento de água e energia, os vizinhos que estarão a sua volta etc. O objetivo dessa edição era montar a pista com os obstáculos mais desafiadores, em função da capacidade e tecnologia embarcada nos veículos. Depois do projeto definido e aprovado vem, talvez, a fase mais desafiadora. 46 A passagem por baixo da ponte exige conhecimento e técnica para ser feita Testes de torção Declives para colocar a suspensão em prova 47 inclinação Subida com Conseguir que as ideias caibam no orçamento disponível para que possam, então, tornar-se realidade. Como o Test-Drive não se resume apenas à construção da pista, mas também na operação durante o evento, é preciso formar equipe de instrutores, coordenação, pensar no atendimento, logística de suprimentos, além dos equipamentos e insumos para a construção da pista, como tratores, movimentação de terra, paisagismo, cenografia, sinalização, manutenção etc. No dia 18 de abril, chegamos na parte mais desafiadora, a construção da pista. E nesse ano com um agravante, começamos no final de semana do feriado de Páscoa. Tudo mais caro, lojas fechadas e mão-de-obra mais difícil – outro desafio. Os nossos primeiros desafios eram formar o King (a montanha) – 5 metros de altura e inclinações de 35 graus – e o “fosso” onde faríamos a ponte e uma passagem “por baixo” dela. Precisamos testar a evolução dos obstáculos com os veículos que serão utilizados na pista. As inovações foram uma pista de aceleração para sentir a força brutal do novo motor Diesel do Jeep Grand Cherokee, a ponte com passagem por baixo e o obstáculo que chamamos de “half-pipe”, por ter o formato de “meiotubo”, que faz com que o veículo passe por “fortes” torções para transpor as inclinações e deformidades do obstáculo. A escavadeira hidráulica, a maior e principal máquina para formar os obstáculos, quebrou e demorou três dias até que voltasse a operar. Só conseguimos trabalhar com a máquina menor (a retroescavadeira), o que causou atraso, problema que foi superado. No dia 25 de abril fizemos os últimos testes e “acertos”. Nesse mesmo dia começamos a fazer o paisagismo e sinalização com as placas. No dia 27 de abril, véspera do evento, ocorreu o treinamento da equipe. Mesmo com uma equipe já experiente, é fundamental o reforço e atualização das informações. Dia 28 de abril, na inauguração, os primeiros clientes chegam no stand e as primeiras voltas acontecem. Com elas, os primeiros sorrisos, as primeiras feições de alegria e adrenalina proporcionadas pelo “nosso” Test-Drive, pela “nossa” Pista 48 Parece fácil, mas não é... Os instrutores reunidos de Obstáculos Off-Road. A Agrishow tem cinco dias de duração e teríamos essa “rotina” até o dia 02 de maio. No total foram 579 testdrives realizados. É importante fazer a manutenção dos obstáculos e cuidar da limpeza e abastecimento dos veículos. Antes das 8:00 da manhã já temos uma equipe fazendo a limpeza dos veículos. E para o abastecimento, quando a feira termina, ainda é necessário sair com os carros, ir até o posto mais “próximo” e retornar. É um dia-a-dia extenuante, agravado pelo calor, poeira e pela correria. Mas, tenha a certeza, é extremamente motivador. E quando a feira termina é hora de desmontar e recolher tudo, fazer o controle de utilização dos veículos, as estatísticas de voltas realizadas, quilômetros percorridos e, o mais difícil de tudo, desfazer todos os obstáculos, deixando o terreno da forma como o encontramos. E chega a hora de ir embora, seguir para o próximo evento. E torcer para, que em fevereiro de 2015, comecem os preparativos para mais uma edição do Test-Drive Off-Road Jeep na Agrishow”. Saiba mais sobre os eventos, passeios e viagens organizados pela Trailway: www.trailway.com.br 49 50 A 6ª edição do Rally Transcatarina, realizado de 23 a 26 de julho, entre as cidades de Fraiburgo, SC, e Jaraguá do Sul, SC foi bem especial. Organizada pela SC Racing, a competição teve aproximadamente 800 quilômetros, e passou por Timbó Grande, Canoinhas, Papanduva, Rio Negrinho e Corupá. A competição catarinense teve várias novidades, entre elas, o recorde de inscritos: foram 158 duplas vindas de dez Estados do 51 Brasil, divididas entre as categorias de competição Super Máster, Graduados, Júnior e Jeep, além das categorias que não competem, a Adventure e Passeio (esse pessoal, não precisa se preocupar em cumprir tempo e médias de velocidade, apenas em curtir uma boa trilha e as belezas naturais). Primeiro dia (24): chuva e lama, técnica e coragem Choveu bastante na região nos dias que antecederam a largada do Rally Transcatarina, e as etapas iniciais também aconteceram debaixo de chuva. Isso tornou o terreno escorregadio, e demandou muito técnica de pilotagem para controlar o veículo e não perder a média de uma vez, pela travessia do Rio Contestado, que possui mais de 100 metros de largura. A planilha tinha referências bem próximas e com constantes mudanças de médias de velocidade. Segundo dia (25): prova rápida e disputada Na sexta-feira, 25, depois de largar de Canoinhas e passar por Papanduva, o destino era Rio Negrinho. Foram 140 quilômetros de trecho cronometrado em um roteiro que ofereceu de tudo. No período da manhã, o terreno ainda estava bastante escorregadio; com isso os carros patinavam e saiam de lado, exigindo braço do piloto para mantê-lo na trilha e agilidade velocidade exigida na planilha. E desta forma se seguiu o primeiro dia de prova, entre as cidades de Fraiburgo e Canoinhas, com parada em Timbó Grande. Foram aproximadamente 250 quilômetros, com 140 quilômetros de trechos cronometrados, passando pela cidade de São Sebastião do Sul, no Vale do Contestado. O diretor de prova, Wagner Souza privilegiou lugares que tem o marco histórico das batalhas da Guerra do Contestado. Aliás, entre 1916 a 1919 Canoinhas foi o centro de grandes confrontos. O percurso cruzou pomares de maçã e duas fazendas de plantações de pinus. O destaque ficou, mais dos navegadores para corrigir o hodômetro, uma vez que o pneu rodava em falso boa parte do tempo. À tarde, já estava diferente: seco e poeira, sem falar da quantidade de laços e balaios que obrigaram os participantes a pensarem muito rápido. Terceiro dia (26): nervosismo, alegria e gritos de comemoração A alegria, os gritos de comemoração, os champagnes estourados, os abraços apertados entre competidores... Aqueles sorrisos e olhares que valem mais do que mil palavras. O sentimento das duplas que integraram o grid da sexta edição 52 Vista aérea do parque 53 54 A direção da prova privilegiou roteiros históricos e paisagens naturais incríveis. E off-road com altas doses de emoção! 55 56 deste evento era único: satisfação e orgulho, e a opinião unanime de que, novamente, a SC Racing superou as expectativas e este foi a melhor de todas as edições! “É o rali mais esperado do ano, porque além de ser uma prova longa, se torna uma grande família. Até o clima colabora, pois todo ano chove e deixa os roteiros ainda mais desafiadores, do jeito que gostamos”, elogiou o navegador Rogério Augusto Coelho, que compete ao lado do navegador Eduardo Ranghetti Rossi. O terceiro e último dia é sempre envolvido por um clima de tensão entre os líderes das categorias, as disputas são sempre parelhas. O roteiro entre Rio Negrinho e Jaraguá do Sul teve 150 quilômetros, com 80 quilômetros de trechos navegados, somados a uma variação de mais de mil metros de altitude, entre a serra e o nível do mar. Consequentemente, os cenários e obstáculos foram bem variados, adentrando plantações de pinus (com terreno molhado e escorregadio) e, posteriormente, área de bananal. Os laços estabelecidos pelo diretor de prova, Wagner de Souza, testaram a competência das duplas e foram cruciais na definição final dos resultados. Para deixar o nome na história do Rally Transcatarina Na busca pelo título da categoria Super Máster, Flávio Roberto Kath e Rafain Walendowsky fizeram uma campanha irretocável, e abriram uma vantagem considerável para seus concorrentes. Eles sagraram campeões pela segunda vez, sendo a primeira, em 2008 - na primeira edição do evento. “Largar com a informação de que você é o líder e tem que se manter líder até o final para conquistar o título, é a maior dificuldade. Subir de novo neste pódio altamente concorrido é inenarrável. O rali recebe competidores do Brasil inteiro, e me sinto orgulhoso por manter o título em Santa Catarina”, comemorou Kath, que mora em Blumenau. Na Graduados houve uma mudança 57 no pódio nos dois primeiros dias, porém, no último, Marcos Juliano Alves Bezerra e Willian Santos mostraram que o primeiro lugar era deles. “Mesmo após uma competição tão técnica como essa, tínhamos boas expectativas. Éramos líderes da categoria e finalizamos com a melhor pontuação possível”, declarou Santos. Entre os off-roaders da Júnior, eles dominaram o Rally Transcatarina do começou ao fim. O piloto Marcos Gustavo Francio e o navegador Bruno Rozalen Tesser foram os campeões. 58 E por fim, na Jeep, Devarlei Kuhn e Evandro Mioto são os novos campeões deste grupo, que mantém viva a história dos velhos 4x4. “A competição foi ótima e nos divertimos muito. Viemos com o objetivo de completar a prova e vamos embora com mais do que isso”, salientou Kuhn. Enquanto alguns lutam por pontos, outros curtem o passeio O grupo da Passeio e Adventure é grande e os veículos são de variadas marcas e modelos, basta ser 4x4. Em percurso paralelo, seguiu três categorias: a Adventure 1 e Adventure 2, em percursos mais radicais, e a Passeio, em caminhos mais leves e sem obstáculos. “Como aliamos esporte com o turismo, e andamos em regiões maravilhosas, decidimos criar a categoria Turismo em 2009.”, declarou o diretor geral do evento, Edson João da Costa. Para escolher os caminhos que foram percorridos durante os três dias de passeio da Categoria Adventure, a organização contou com ajuda dos Jeep Clubes locais para proporcionar uma aventura eletrizante. Participaram pessoas entre 12 e 84 anos, todos com muito espírito de equipe. CLASSIFICAÇÃO* CATEGORIA SUPER MÁSTER COL. PILOTO/NAVEGADOR 1º FLÁVIO ROBERTO KATH / RAFAIN WALENDOWSKY 2º RONE BRANCO / ENEDIR SILVA JÚNIOR 3º MARNES ALEXANDRE FLORIANI / CRISTIAN MUELLER 4º ACYR HIDEKI RODRIGUES DA SILVA / RENAN MEDEIROS 5º OSCAR SCHMIDT / GUSTAVO SCHMIDT PONTOS 179 179 158 155 135 1º 2º 3º 4º 5º CATEGORIA GRADUADOS MARCOS JULIANO ALVES BEZERRA / WILLIAN SANTOS ANDRÉ PEREIRA DE QUEIROZ / LEANDRO MACEDO FERREIRA EDSON PEREIRA SCHEBESKI / ALEXANDRE WILLIAM JOSÉ CARLOS DA SILVA / WALDEMBERG BARROS RANIERO MAGNABOSCO LAGHI / VOLNEI CORREA DA SILVA 173 169 157 153 145 1º 2º 3º 4º 5º CATEGORIA TURISMO MARCOS GUSTAVO FRANCIO / BRUNO ROZALEN TESSER FRANCKLIN PSCHEIDT / FERNANDO SANTANA TORQUATTO RAFAEL CABONGUE / NETO ANDRADE CHARLES MARCELO RITTER / MARCELO ALMADA RITTER RANIERO MAGNABOSCO LAGHI / VOLNEI CORREA DA SILVA 181 168 166 132 130 1º 2º 3º 4º 5º CATEGORIA JEEP MARCOS GUSTAVO FRANCIO / BRUNO ROZALEN TESSER MARCOS OSIRES NUNES / MARCOS VINÍCIUS NUNES ROGÉRIO ACUNHA / GUSTAVO DO AMARAL PLIESKI KASSIANO KERBER / FRANCISCO DOMINGOS SETTE UTZ MELERE / FELIPE BOPP FUENTEFRIA 181 181 175 156 128 59 A servidora pública Fabiana Martins, 42 anos, residente em Brasília, mais conhecida como “Fabi”, ingressou no mundo 4x4 em 2005, ao comprar um Suzuki Jimny 2002, com o qual iniciou, junto com pessoal do Jeep Clube de Brasília, suas primeiras “empreitadas” em trilhas, raids e rallys. Foram alguns anos de aprendizado, novas amizades, diversão e acúmulo de conhecimento e experiência. Foi com o Jeep Clube de Brasília que Fabi conheceu e se apaixonei pelo Trial, modalidade off-road mais “pura”, onde piloto e máquina são levados ao extremo de suas capacidades e habilidades, transpondo obstáculos naturais com alto grau de dificuldade. Já mais segura e confiante do que um veículo 4x4 preparado pode proporcionar, Fabi começou a participar das maiores competições no Brasil, o Calango Trophy e o Lagartixa Trophy. Foram muitas as participações, tanto na qualidade de competidora como organizadora do evento. Em 2009 Fabi teve a grata satisfação de conhecer as excelentes trilhas de Minas Gerais, de extrema dificuldade, onde aperfeiçoou suas técnicas de condução 4x4. Em 2010 foi selecionada para participar da Transamazônica Challenge, expedição off-road de alto grau de complexidade e dificuldade. Foram 20 dias de expedição nos 60 Fabi bota para quebrar com seu Suzuki Jimny 61 interiores do Brasil, passando por estradas e cidades precaríssimas, nos confins do Norte e Centro Oeste do Brasil. Da experiência, novamente, muitas amizades feitas e a sensação de que, o brasileiro que não conhece o Norte, não conhece verdadeiramente o Brasil. “Fui a única mulher a completar a jornada, o que muito me orgulhou e honrou.” Há tempos Fabi nutria o desejo de participar do Rain Forest Challenge, considerado internacionalmente a maior e mais difícil competição 4x4 mundial. São seis dias de puro trial, no interior das florestas de Bornéu, na Malásia, em plena época de monções, como são chamados os períodos chuvosos naquele país. O desafio inclui travessias em rios transbordantes, muitas estradas completamente destruídas pelas chuvas, zonas demarcadas para os combates entre os jipes, ou seja, muita adrenalina e emoção. Em meados de 2013, Fabi iniciou um projeto junto ao Ministério dos Esportes visando a busca de patrocínio para a concretização do sonho. Entrou em contato com os organizadores do Rainforest Challenge, sendo muito bem recebida e acolhida pelo Sr. Luis J. A Wee, fundador e organizador do evento. Paralelamente, iniciou os preparativos e a completa modificação do Jimny, para o sucesso da “empreitada”. O trabalho foi entregue ao amigo e preparador de jipes, Fabil, da Tecnotrilha, em Minas Gerais, que orientou Fabi a iniciar a transformação pela suspensão, visando maior funcionalidade, articulação e a segurança no conjunto total do projeto. Na modificação foram instalados eixos modificados e mais robustos, amortecedores com suspensão four e tree link na dianteira e traseira respectivamente. 62 O Suzuki Jimny teve a suspensão toda modificada e foi equipado com pneus Genius Ignorante II, de 36,5” e bloqueios nos dois diferenciais. Um super jipe! 63 O 4x4 recebeu pneus Genius Tires Ignorante II, 36,5” e bloqueios de diferencial dianteiro e traseiro. O projeto demorou um ano e meio para ser finalizado. O jipe apresentou uma melhora impressionante na articulação e uma força descomunal na transposição dos obstáculos. Por prudência, Fabi optou por não ir com o Transformer (apelido do Jimny) para a Malásia neste ano. “Mas fui convidada para participar do evento com uma equipe feminina local, o que, novamente me alegrou e muito me honrou”, disse Fabi, que será a primeira e, por enquanto a única representante do Brasil no evento até hoje. “Espero que mais mulheres se aventurem no mundo 4x4 e que consigam, assim como eu, viver as maravilhas do universo off-road, do contato com a natureza, da adrenalina e da emoção que isso nos proporciona. Representarei o Brasil e a bandeira do Jeep Clube de Brasília, da melhor forma possível”, comentou. O RainForest Challenge acontecerá entre 29 de novembro e 8 de dezembro e nós da 4x4Digital ficaremos na torcida por Fabi, nessa aventura pioneira e única. Fabi encerrou a entrevista dizendo que levará em seu coração, todos os amigos que lhe ensinaram, ajudaram e encorajaram nessa empreitada. “Promete ser, sem sombra de dúvidas, uma das maiores aventuras da minha vida”. BOA SORTE! FABIANA MARTINS: facebook.com/fabiana.martins1 RAINFOREST CHAALLENGE: www.rainforest-challenge.com 64 Algumas imagens das provas que Fabi curte fazer. Para ela o Trial é a modalidade emocionante. Dá para ver 65 N a primeira edição da 4x4 Digital, dissertamos sobre a capacidade de transposição de obstáculos em veículos 4x2 Todo Terreno, ou seja, os veículos que tem a combinação de tração e motor traseiros. Mas como essa configuração pode ser incrementada a fim de que se obtenham os melhores resultados na trilha? Além de um guincho elétrico e bons pneus mud, o que mais podemos fazer para melhorar a capacidade off road dessas viaturas? Um dos recursos preferidos é levantar a suspensão a fim de obterse maior vão livre e com isso ter menos problemas nas trilhas. Essa medida costuma ser muito eficiente já que muitas vezes é possível chegar a distâncias de 50, 60 ou mais centímetros em veículos desse tipo. No Brasil, para levantar a suspensão traseira, as maneiras mais difundidas são a instalação das antigas caixas de redução da perua VW Kombi; o uso da suspensão traseira do Volkswagen Variant II ou a suspensão IRS da Kombi. Na frente, as medidas mais comuns são a alteração da angulação do feixe molas; a instalação das chamadas mangas duplas (peça forjada oriunda da união de duas mangas de eixo) ou a suspensão duplo A. O uso de caixas de redução da Kombi, além de tornar necessária uma minuciosa e constante manutenção faz com o que o veículo “pule” um pouco mais que o normal, além de deixá-lo com menor velocidade final (em torno de 30% a menos). Portanto, é uma solução indicada somente para veículos que 66 Gurgel X-12 Tocantins com suspensão traseira de Kombi e manga dupla na dianteira forem destinados exclusivamente para trilha. Se a ideia é ter uma viatura versátil para uso também na cidade ou em viagens, certamente, não é a melhor solução. A suspensão de Variant II, por sua vez, não deixa o veículo muito alto. Se forçar na altura isso poderá acarretar em quebras constantes de homocinéticas e o que ninguém quer é fazer uma adaptação que apresente muitas quebras. Nesse cenário, a IRS da Kombi é o sistema mais indicado, por se tratar de uma suspensão mais robusta e oriunda de um veículo que originalmente é ligeiramente alto e destinado para o trabalho, ou seja, aguenta mais o tranco. IRS é a sigla em inglês de independent rear suspension que, em português, significa suspensão traseira independente. Na suspensão dianteira, o melhor resultado em altura será obtido com a utilização das mangas duplas ou com suspensão “Duplo A”. Infelizmente, ainda não temos fabricantes dessas peças para uso off-road. Muitas vezes esses trabalhos são feitos nas próprias oficinas mecânicas. A suspensão dianteira “Duplo A” substitui toda a suspensão original. É muito utilizado nos Estados Unidos, principalmente, em viaturas 4x2 TT de competição devido a sua alta capacidade de absorção de impactos 67 Galera de São Lourenço da Serra, SP. Enquanto a primeira gaiola tem a suspensão VW tradicional, a segunda tem suspensão dianteira Duplo A e bom desempenho fora de estrada. Há de se ressaltar que independente do caminho seguido é muito importante que o trabalho seja feito por profissionais gabaritados. Infelizmente, na busca de uma viatura alta muitos querem o caminho mais fácil, delegando o trabalho para pessoas pouco ou nada experientes. O que em muitos casos acaba resultando em decepção. O veículo fica alto, porém, instável e inseguro, tornando-se impossível viajar com ele, por exemplo. As mangas duplas, por exemplo, se não forem muito bem feitas e soldadas, certamente deixarão o veículo bastante inseguro. E a instabilidade direcional pode resultar em acidentes de trânsito. Relatos não faltam. Portanto, nossa dica é que o interessado execute o serviço somente em lugares gabaritados e, se possível, consulte clientes da oficina para certificar-se da qualidade do serviço que será excetuado. Fazer um 4x2 TT para trilha não é muito complicado, mas fazer um 4x2TT para trilha, viagem e uso cotidiano não é tarefa nada fácil. Outros recursos interessantes referem-se à relação de câmbio (quanto mais reduzido melhor para Destaque para gaiola com suspensão dianteira “Duplo A” 68 trilha) e o uso de bloqueios de diferencial. Atualmente, existem peças prontas no mercado ou até mesmo oficinas que desenvolvem bloqueios. Algo que pode ser muito eficiente em trilhas. Uma coisa é certa: tração traseira + motor traseiro + pneus + vão livre + guincho elétrico + bloqueio = diversão garantida! Fábio Evangelista é diretor do Clube Gurgel Guerreiro e trabalha para difundir a prática do fora-de-estrada com veículos 4x2 no Brasil. [email protected] Ter um mecanismo robusto é fundamental para não ter surpresas desagradáveis em trilha 69 A diversão aconteceu no Espaço Verde Chico Mendes, em São Caetano, SP e respeitou todos os itens da rotina dos eventos em escala real, ou seja, contou com inscrições pelo site, secretaria de prova, vistoria técnica, briefing, rampa de largada, horário oficial, PC de tempo, planilha e tudo mais. Houve prova de regularidade para as categorias Desafio e Turismo e 70 71 também rolou a opção Passeio, para quem queira só curtir uma trilha sem se preocupar com o cronômetro. O objetivo da prova foi levar duplas compostas por piloto e navegador, que através do seu veículo off-road elétrico, escala 1/10, conduzido por controle remoto, tinha que se manter no percurso estabelecido em planilha e orientado pelo navegador, o responsável pelo trajeto e tempo da equipe. Além de troféus para os primeiros colocados, a prova contou também com troféu para espírito de equipe e sorteio de brindes. Para o organizador do evento Lufe Schubert, veterano do offroad paulista, “foi sensacional ver as famílias montando equipes e se divertindo tentando acertar o caminho descritos nas planilhas e acertando o tempo para passar pelos PCs”. A ideia vem dando tão certo que novos eventos já estão sendo elaborados e o patrocínio renovado para os futuros eventos. Saiba mais sobre produtos, eventos e dicas sobre essas viaturas offroad (realismo) escala 1/10 no site www.4x4fun.com.br ou através da fan page 4x4 FUN. 72 73 NA PRÓXIMA EDIÇÃO, MATÉRIA COMPLETA SOBRE A SUPER PROVA BRASILEIRA! GUIGA SPINELLI E YOUSSEF HADDAD, CAMPEÕES DO RALLY DOS SERTÕES 2014 74 FOTO JONNE RORIZ/WEBVENTURE
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