Exportações brasileiras de alimentos para China
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Exportações brasileiras de alimentos para China
Outubro de 2013 A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lança neste mês a primeira versão do Informativo do Escritório da CNA em Pequim. A publicação informará sobre os principais acontecimentos na República Popular da China que possam ter impacto sobre o agronegócio brasileiro, tendências de mercado, políticas públicas, marco regulatório, barreiras e notícias sobre o relacionamento bilateral e com terceiros países. Segunda maior economia do mundo, a China tornou-se principal destino dos produtos brasileiros. Exportações e importações - que no começo deste século representavam somente 2% do comércio bilateral total - tiveram participação de 17% e de 15% em 2012, respectivamente. A China também é o principal destino dos embarques brasileiros de produtos agropecuários. Responsáveis por quase 19% do valor total das exportações do setor, as compras chinesas renderam quase US$ 18 bilhões ao agronegócio brasileiro em 2012. As vendas brasileiras de produtos agropecuários para a China crescem em ritmo acelerado. Porém, o país asiático pratica várias medidas restritivas, principalmente em relação aos alimentos processados. O principal objetivo da representação da CNA em Pequim é participar mais ativamente do diálogo sobre os entraves ao comércio bilateral, desenvolvendo ações conjuntas e paralelas às realizadas pelo governo brasileiro. A articulação da CNA tem foco na intensificação de negociações com a China para remover as barreiras e garantir a expansão das exportações, bem como atrair investimentos chineses na produção agropecuária no Brasil. É, portanto, com imensa satisfação que a CNA apresenta o informativo do seu escritório, com a expectativa de que as informações aqui contidas possam auxiliar os nossos produtores rurais nas tratativas comerciais com a China. Exportações brasileiras de alimentos para China Políticas públicas centradas na redução do déficit alimentar, taxas expressivas de crescimento da demanda interna e de investimentos estatais, entre outros fatores socioeconômicos, contribuíram para que a China consolidasse sua posição internacional de maior importador de commodities agrícolas. Ao longo dos últimos anos, a ampliação do consumo de alimentos na China tem amenizado os impactos da crise financeira da Zona do Euro nas exportações brasileiras de commodities agropecuárias. Os atuais movimentos migratórios das zonas rurais para os grandes centros urbanos e o aumento da renda média têm alterado, gradativamente, os hábitos de consumo e introduzido novos produtos na dieta alimentar dessas populações. Complexo soja, produtos florestais, carnes, açúcar, couros, fibras e produtos têxteis são os principais itens das vendas brasileiras a esse grande parceiro comercial. O complexo soja foi responsável por 72,5% das exportações agrícolas para China em 2012. O segundo produto mais vendido foi a celulose (7,6%), seguido do açúcar (6,1%). Os produtos de soja representaram um terço das exportações totais do Brasil destinadas ao país asiático. Outubro de 2013 Deficit da balança comercial agrícola chinesa Análises recentes indicam que o deficit da entre outros fatores, pelo aumento da balança comercial agrícola chinesa continuará demanda chinesa por carne e produtos para crescendo à taxa de 50% ao ano. Isso se explicaria, ração. Inflação na China A inflação na China deu um salto em setembro, 0,5 pontos percentuais em relação a agosto, chegando a 3,1%. O aumento do preço dos alimentos, no entanto, em setembro, foi bem maior: 6,1%. Os números chineses têm revelado sistematicamente que os aumentos de alimentos têm sido 1,5 a 2 vezes superiores aos aumentos dos demais preços. Isso é resultado de dois fatores: (i) quando as famílias aumentam a renda, compram mais alimentos; (ii) as famílias de renda média estão destinando um maior volume de recursos a alimentos mais seguros do ponto de vista sanitário e aos importados. As empresas chinesas de alimentos, que tradicionalmente concentravam-se em produtos de baixos preços, percebem, gradativamente, a preferência dos novos consumidores por qualidade. Investimentos chineses no exterior De janeiro a junho de 2013, os investimentos diretos da China no exterior alcançaram US$ 45.6 bilhões de dólares, um aumento de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. 71% dos investimentos dirigiram-se aos países da ASEAN, União Européia, Austrália, Estados Unidos, Rússia e Japão. Os investimentos diretos na Austrália, país que concorre em alimentos e mineração com o Brasil, aumentaram 93% . Os chineses estão ampliando as compras de empresas agrícolas. A Consultoria McKinsey, numa entrevista recente ao China News Service, considerou que 2013 foi o ano da grande virada dos investimentos chineses externos em agricultura. Na verdade, o processo começou antes disso. Segundo o jornal China Business, de 2010 a 2012, a China realizou 86 operações de compras externas de empresas no setor agrícola. Alguns exemplos emblemáticos: o gigante do mercado de vestimentas Shandong Ruyi comprou a Cubbie Station australiana, gigante na produção de algodão. A Shuanghui comprou a Smithfield Foods, líder em carne de porco nos EUA, uma operação de US$ 4.7 bilhões; a empresa xangainesa Pengxin comprou quatorze fazendas de leite na Nova Zelândia, o grupo xangainês Bright Food adquiriu 60% doa Weetabix inglesa especializada em cereais, o mesmo Bright Food adquiriu a Manassen Foods Australia, numa operação de US$ 522 milhões. A COFCO adquiriu a Tully Sugar da Austrália, o grupo imobiliário Shanghai Zhongfu Group iniciou um projeto de investimentos em cana-de-açúcar na Austrália, no valor de US$ 728 milhões. O esforço de aquisições deverá prosseguir, assim como o de novos investimentos que não necessariamente envolvam aquisições. Aqui vão outros exemplos: o grupo New Hope, maior empresa de ração na China, anunciou que pretende aumentar os seus investimentos no Sudeste da Ásia, África, América do Sul e Oriente Médio. O grupo deverá abrir fábrica de rações e investir na produção e processamento de frango. O Chongqing Grain Group, que tem investimentos na Bahia, anunciou no ano passado investimentos de US$ 1.2 bilhões, na Argentina, em soja, milho Outubro de 2013 e algodão. Esse anúncio soma-se ao realizado pelo grupo Beidahuang, do Nordeste da China, em julho de 2011, de um investimento de US$ 1.5 bilhões no Estado do Rio Negro, na Argentina, numa área de 300.000 ha. O investimento também abrangerá a construção de um porto. A empresa Xinjiang Production and Construction Corporation fez um acordo com a KSG Agro da Ucrânia para a compra de fazendas de grãos e a criação de porco, no valor de US$ 2.6 bilhões. Uma reportagem recente do China News Service, sem citar especificamente qualquer empresa, indica que a China está alugando mais de 100.000 ha de terras no Cazaquistão e na Argentina para a plantação de soja. Os chineses estão buscando viabilizar investimentos em agricultura na África. Até o momento, estão basicamente adquirindo terra. Mas há grupos que já estão indo mais além: o grupo Wanbao Grain and Oil, de Hubei, anunciou um investimento de US$ 279 milhões em Moçambique para criar uma base de produção de alimentos: plantio e processamento. Ao lado disso, os chineses adotam estratégias distintas, seja para ampliar as fontes de suprimento via comércio - como foi o caso do acordo celebrado, em maio último, com a Índia para abrir a importação de carne de búfalo -, seja para buscar soluções inovadoras que congreguem investimentos. No ano passado, por exemplo, realizou-se em Pequim uma conferência de investidores chineses em private equity, executivos americanos de empresas de alimentos e vários representantes de bureaus estaduais americanos. Papel e celulose O governo chinês determinou que 1400 empresas estatais em 19 setores industriais cortem a capacidade de produção. Entre os setores está o papeleiro, como a empresas Shandong Chenming Paper Holdings, grande compradora de celulose. Fatos como esses só ressaltam a importância de os produtores brasileiros - de celulose e outros itens - diversificarem os clientes na China, buscarem sempre um misto de empresas públicas e privadas e de compradores potenciais em diferentes regiões. Há 1850 empresas de papel na China. Contrabando de carne Em julho de 2013, CCTV2 exibiu uma reportagem longa, que já tem repercussão no Weibo, sobre o comércio de carne ilegal via Vietnam, envolvendo carne da Índia, Brasil e, em menor medida, Austrália. A cada noite, 10.000 veículos alinham-se na beira do rio para buscar a carne contrabandeada e mandá-la para Guangxi, na fronteira com o Vietnã, e outras partes do país. Cada vendedor contrabandista - há muitos e eles têm frigoríficos - negocia 200 a 300 toneladas de carne por mês, a preços que são mais ou menos um terço do preço pago pela carne legal. O Governo da China é o grande culpado. Com as múltiplas restrições que impõe à importação, acaba estimulando o contrabando. Reportagens aumentam a procura dos produtos controlados e elevam o preço dos produto nos supermercados. Mas cadeias de restaurantes, cantinas industriais e outros acabam comprando mesmo a carne ilegal. A China mantém o embargo à carne bovina brasileira até o presente momento, apesar de a Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE), órgão internacional responsável por avaliar as ações dos países no combate às doenças animais, ratificar a permanência do Brasil na lista de países com risco “negligenciável” para o mal da vaca louca. Outubro de 2013 Produtos lácteos Em maio último, um dos maiores produtores de produtos lácteos chineses, a Mengniu Dairy Co, formou uma joint venture com a DANONE para INFORMATIVO CHINA é elaborado mensalmente pelo Escritório de Representação da CNA em Pequim, China. Reprodução permitida desde que citada a fonte. expandir a produção de iogurte. Na China, os consumidores desses produtos preferem as marcas estrangeiras. CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL Escritório de Pequim +86 (10) 5969 5333 Ext. 883 [email protected] www.canaldoprodutor.com.br
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