China busca novos fornecedores de milho no mercado internacional
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China busca novos fornecedores de milho no mercado internacional
Edição 7 - abril de 2014 GRÃOS China busca novos fornecedores de milho no mercado internacional O governo chinês quer aumentar o número de países fornecedores de milho para reduzir a dependência dos Estados Unidos no abastecimento dos seus armazéns. Os EUA responderam por 98% do milho importado pela China, em 2012, percentual reduzido para 90,6% no ano passado. Apesar dessa diminuição, os produtores norte-americanos são os responsáveis por praticamente a totalidade do milho que chega ao mercado chinês. Por esse motivo, a China assinou, em novembro de 2013, o protocolo fitossanitário que permite ao Brasil exportar milho para aquele país. Para que esta medida se transforme em divisas para o Brasil, no entanto, a agência chinesa de biossegurança ainda precisa aprovar a comercialização da variedade transgênica de milho MIR 162, da suíça Syngenta, uma das principais cultivares transgênicas plantadas no País. Pequim avalia a possibilidade de aprovar essa semente desde 2010. Mas o Comitê de Segurança em Biotecnologia anunciou, em março último, que não tem previsão para finalizar os testes sobre a segurança da cultivar. Estimase que as exportações de milho para o país asiático resultem no ingresso de US$ 4 bilhões no mercado nacional. Quanto aos embarques da soja brasileira para a China, houve um considerável aumento ao longo da última década. De acordo com o Departamento do Comércio dos Estados Unidos, a participação da soja brasileira nas importações chinesas passou de 29,8%, em 2002, para 50,4%, em 2013. Brasil, Argentina e Estados Unidos respondem, atualmente, por aproximadamente 95% das importações chinesas do grão. O escritório da CNA em Pequim tem estudado a dinâmica e as tendências do mercado local de grãos. Seguem alguns destaques analisados pelos consultores da CNA: I - A imprensa econômica chinesa tem divulgado, frequentemente, o desvio de carregamentos de grãos para terceiros mercados antes de chegarem aos portos chineses. O cancelamento de contratos com grandes empresas exportadoras de soja é outra notícia que vem ocupando as manchetes dos jornais chineses. II – Aumentou o número de esmagadoras de soja na China, nos últimos anos. Isto acelerou a concorrência interna, resultando em maior oferta de farelo de soja. Reduziu-se, entretanto, a demanda interna pelo produto. Especialistas acreditam que duas hipóteses podem explicar Edição 7 - abril de 2014 essa menor demanda: os altos estoques do produto e a redução da produção de frangos, que se alimentam de ração à base de farelo de soja. Há, ainda, a dificuldade das empresas chinesas de contratarem linhas de crédito para financiar os pagamentos a seus fornecedores. III – A China deverá produzir o volume recorde de 218 milhões de toneladas de milho, na safra 2014-15, segundo dados publicados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Pequim intervém nos preços internos do milho, pagando um subsídio aos agricultores quando as cotações de mercado são menores que a referência estabelecida pelo próprio governo central. IV – A produção chinesa de grãos é insuficiente para abastecer o mercado interno, o que mantém a China como grande importador de soja e milho. Especialistas ressalvam, entretanto, que o comércio de grãos para a China, em 2014, poderá ser afetado por cancelamentos de contratos e pela devolução de mercadorias pelos importadores chineses. Esses problemas afetaram o comércio internacional de grãos no segundo semestre de 2013. V – Contatos mantidos por representantes da CNA em Pequim, com funcionários de duas grandes empresas chinesas importadoras de soja e milho, revelaram diferentes avaliações conjunturais. Um deles acredita que as devoluções da soja adquirida dos Estados Unidos podem ser consequência dos atuais problemas políticos entre Washington e Pequim. Para outro entrevistado, o excesso de produção de farelo de soja, em 2013, motivou o cancelamento de contratos com exportadores norte-americanos. VI - Um representante da Comissão para a Reforma do Estado sinalizou, recentemente, que o preço interno de referência para a soja, em 2014, deverá ser fixado em RMB 4,8 mil aproximadamente US$ 786 por tonelada. Área plantada deve aumentar na China Pesquisa do Departamento de Estatística da China indicou que a área plantada de grãos no País deverá aumentar 0.14% ao ano. O levantamento estima, entretanto, a redução das áreas destinadas às lavouras de trigo, algodão e soja. Pequim define o preço de referência do algodão para 2014 O governo chinês fixou o preço de referência da tonelada de algodão em RM 19,8 mil, o equivalente a US$ 3,2 mil. Suas autoridades anunciaram a decisão em 5 de abril, depois da reunião conjunta do Conselho de Estado, Ministério da Agricultura e Comissão Nacional para a Reforma do Estado. Na prática, se o preço de mercado estiver abaixo do valor de referência, Pequim pagará a diferença aos agricultores locais. Segundo dados oficiais da alfândega chinesa, as importações de algodão caíram 44% no primeiro trimestre de 2014, em relação ao mesmo período de 2013. Edição 7 - abril de 2014 CELULOSE Produto brasileiro será taxado em 11,5% O Departamento de Comércio da China concluiu, em 4 de abril, o processo antidumping para a celulose originária do Brasil, Canadá e Estados Unidos. A medida visa a proteger a indústria chinesa de celulose por meio da taxação do produto exportado pelos três países. Os chineses aplicarão as seguintes tarifas para quatro empresas norte-americanas: Cosmo (16, 9%); Rayonier (17,2%); Weyerhaeuser NR (17%); GP Cellulose (17%); Buckeye Technologies (17%); e outras (35%). As canadenses Fortress, AV Nackawic, e Tembec serão taxadas em 13%, tarifa que sobe para 23,7% para outras empresas canadenses. Pequim fixou uma taxação menor, de 11,5%, para a celulose brasileira. Cabe ressaltar que a empresa Bahia Celulose negociou um compromisso de preços que a isenta da tarifa estabelecida às demais empresas brasileiras. Entretanto, se descumprir o acordo, a Bahia Celulose será taxada em 6,8%. POLÍTICA AGRÍCOLA Mais recursos aos agricultores chineses O Banco Central chinês recebeu a determinação do Conselho de Estado para reduzir o valor do depósito compulsório das instituições que financiam a agricultura. A medida deverá disponibilizar mais recursos ao setor. Reunido para debater os financiamentos públicos destinados ao desenvolvimento da atividade rural na China, no último dia 16 de abril, os integrantes do Conselho de Estado aprovaram, também, as seguintes medidas: a) Aumentar o volume de recursos destinado à atividade agrícola; b) Diversificar os serviços financeiros disponibilizados aos agricultores; e c) Incentivar a maior cooperação entre fundos privados e bancos estatais que financiam o setor agropecuário. Chineses discutem tendências da agropecuária para a próxima década A produção de grãos da China atingiu 600 milhões de toneladas, em 2013, com aumento de 39,8% em relação a 2004. Algodão, óleos e açúcar tiveram crescimento médio anual de 2,6%, 2,3% e 3,6%, respectivamente. Estas são algumas conclusões que constam do relatório “Panorama da Agricultura 2014-2023”, divulgado durante a primeira conferência sobre o panorama da agricultura, em Pequim, nos dias 20 e 21 de abril. de carnes, na China, aumentou 32,5%, entre 2004 e 2013, com taxa de crescimento anual de 2,9%. Nesse mesmo período, a atividade leiteira cresceu 99%, registrando aumento médio anual de 7,1%. Segundo o presidente-executivo do evento, Xu Shiwei, que relatou as principais conclusões do documento aos representantes da CNA, a produção • Açúcar - demanda deve aumentar mais de 2% ao ano; mas estima-se que a produção interna cresça a taxas menores. O relatório também projeta o comportamento de algumas atividades agropecuárias para o período 2014-2023. Entre elas, estão as seguintes estimativas: Edição 7 - abril de 2014 • Carnes de bovinos e de carneiro - consumo deve crescer gradualmente. Previsão de aumento das importações. • Óleos - produção interna aumentará paulatinamente, com redução das importações no período. • Soja em grãos – volume importado deve aumentar, embora a taxa de crescimento tenda a diminuir. • Algodão - haverá aumento da procura pelo produto. Área plantada e produção interna devem diminuir. • Milho – previsão de crescimento de 3% da taxa de consumo; deve aumentar a necessidade de importação. CONSUMO E REFORMAS ESTRUTURAIS Principais pilares da política econômica O governo chinês realizará 336 reformas em 60 setores até 2020, informou o assessor chefe da Comissão Chinesa de Regulação Bancária, Andrew Sheng, em recente visita ao Brasil. Ressaltou, ainda, que a China mantém comércio com 126 economias e a capacidade de investimento do país corresponde a 200% do Produto Interno Bruto (PIB). Sheng destacou, também, que Pequim pretende realizar parcerias com o setor privado para flexibilizar a economia, elevar a transparência governamental e investir em infraestrutura. As reformas devem incluir aumento do salário, promoção da eficiência energética e a redução de emissões de gases de efeito estufa. Nos últimos 35 anos, a China evoluiu de economia agrária para sociedade industrial. Nesse período, o país constituiu uma classe média de 300 milhões de pessoas, cujo contingente deverá chegar a 630 milhões até 2026. O mercado interno apresenta grande potencial de consumo, tanto para as empresas chinesas quanto para as estrangeiras. Atualmente, o consumo doméstico representa 36% do PIB. O país já tem o maior mercado mundial de comércio eletrônico. Após 10 anos do estabelecimento do escritório de representação na China, o Banco do Brasil abrirá, em maio, sua primeira agência no país, localizada em Xangai. O objetivo é apoiar as empresas brasileiras na China e as empresas chinesas que queiram investir no Brasil, assim como facilitar o fluxo comercial entre os dois países. INFORMATIVO CHINA é elaborado mensalmente pelo Escritório de Representação da CNA em Pequim, China. Reprodução permitida desde que citada a fonte. CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL Escritório de Pequim +86 (10) 5969 5333 Ext. 883 [email protected] www.canaldoprodutor.com.br