Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
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Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. ASPECTOS FORMAIS E SEMÂNTICOS DA RELAÇÃO SEMÂNTICA DE ELABORAÇÃO NO DISCURSO ESCRITO Fernanda Abreu e Silva ALENCAR1 RESUMO Neste artigo, analisamos alguns aspectos formais e semânticos das diversas ocorrências da relação semântica de Elaboração no discurso escrito. Tomando como base a proposta de Halliday (1994), partimos do princípio de que as orações complexas devem ser analisadas segundo dois sistemas: o sistema semântico e o sistema de indeterdependência. No que diz respeito ao sistema de relações semânticas, o autor postula que as relações entre os termos e orações são agrupadas em dois tipos fundamentais: a Projeção e a Expansão. A Expansão pode ser representada por uma Elaboração, uma Extensão ou um Realce. A Elaboração consiste na relação que se realiza nos contextos em que uma parte do texto elabora ou especifica o conceito expresso pela outra parte. Neste estudo, focalizamos as ocorrências de Elaboração que incidem sobre um SN e buscamos verificar três propriedades morfossintáticas e semântico-funcionais a elas associadas: (i) o tipo de SN sobre o qual a Elaboração incide; (ii) a conexão de orações e (iii) os subtipos da relação de Elaboração;. Do ponto de vista sintático, a análise permite mostrar a predominância na escrita de elaboração na forma de parataxe. Do ponto de vista semântico, encontram-se, no corpus, os seguintes subtipos da relação semântica de Elaboração: abstração-exemplo, enumeração e, principalmente, a relação geral-específico. Além disso, foi possível contatar que os SNs elaborados, mais frequentemente nomes relacionados ao campo da metalinguagem, funcionam como rótulos (FRANCIS 1994), contribuindo para a organização textual. PALAVRAS-CHAVE: Sintagma nominal; Elaboração; organização textual. Introdução A relação de Elaboração é largamente utilizada no discurso falado e escrito, como forma de organização textual. Neste estudo, analisamos alguns aspectos formais e semânticos desta relação no discurso escrito. 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Departamento de Lingüística e Filologia, Av. Hor á ci o Ma c ed o, 2151 Ci da de Un i ver si t ár i a Il ha do Fun dã o CE P 21941 -590 Ri o de Ja n ei r o RJ Br a si l , al en car.nan da@ gm ai l . com 99 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Nossa análise se fundamenta na proposta de Halliday (1994) segundo a qual as orações complexas se deixam analisar segundo dois sistemas, o de relações semânticas e o de relações sintáticas. No que diz respeito ao sistema de relações semânticas, o autor postula que as relações entre os termos e orações são agrupadas em dois tipos fundamentais: a Projeção e a Expansão. A Projeção ocorre quando uma oração se projeta por meio de outra que a apresenta como uma idéia ou um fato. A Expansão se realiza através de uma Extensão, um Realce ou uma Elaboração. Na Elaboração, um segmento do discurso elabora o significado de outro segmento discursivo, reformulando-o, especificando-o, comentando-o ou apresentando exemplos, como observamos no exemplo abaixo: (1) Agora, porém, Patrus assegura que os problemas vão sendo resolvidos: o cadastro foi aperfeiçoado e há relatórios semestrais da freqüência escolar.2 (O Globo18-04-2005) Do ponto de vista sintático, a Elaboração pode ser realizada através de parataxe, hipotaxe ou encaixamento3. Do ponto de vista semântico, tomamos como base os subtipos propostos por Mann e Thompsom (1986), são eles: Grupo-membro; Abstraçãoexemplo; Todo-parte; Processo-etapa; Objeto-atributo; Geral-específico. Consideramos ainda a possibilidade de relação na forma de Enumeração. Em língua portuguesa, destacam-se os estudos sobre aposição, que também configuram casos de Elaboração, realizados por Nogueira (1989,1999) e Dias (2005a, 2005b). 2 3 Os grifos nos exemplos apresentados no corpo deste texto são nossos. O encaixamento não será investigado neste artigo. 100 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Interessam-nos os complexos oracionais compostos por dois segmentos vinculados por parataxe ou por hipotaxe em que o segundo segmento elabora um SN, como ilustra o exemplo abaixo: (2) Alencar parece não se ter dado conta de que de lá para cá houve uma mudança crucial na situação: ele agora é governo, com todos os ônus e os bônus resultantes dessa condição (JB 03-06-03) Ou uma oração simples ou complexa, como no exemplo (3): (3) Escrever com ironia é um pouco como escrever em código: a comunicação só funciona se na outra ponta houver um decodificador. (O Globo 19-10-02) Neste estudo, buscamos algumas propriedades morfossintáticas e semântico- funcionais associadas a essa forma de elaboração, focalizando especificamente: a conexão de orações; os subtipos da relação de Elaboração e o tipo de SN sobre o qual a Elaboração incide. Para a realização desse objetivo, utilizamos uma amostra de textos escritos, que compõem o acervo do grupo PEUL, extraídos do Jornal do Brasil, d’O Globo, do Extra e d’O Povo. Analisamos textos de diferentes gêneros, especialmente Crônica, Opinião, Reportagem e Editorial. Com o objetivo de verificar a distribuição dos dados, utilizamos o programa computacional Gold Varb2001. Na amostra analisada, observamos 161 ocorrências da relação de Elaboração, 86% destas ocorrências incidem sobre um SN, casos em que nos concentramos neste artigo. Este artigo é composto por quatro partes: na primeira, caracterizamos a relação semântica de Elaboração e delimitamos o objeto de estudos; na segunda, discutimos as propriedades dos SN`s sobre os quais a Elaboração incide e apresentamos os resultados 101 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. referentes aos tipos de SN matriz da Elaboração; à conexão de orações e aos tipos de Elaboração; na terceira, as considerações finais e na quarta, as referências bibliográficas. A relação de Elaboração A relação de Elaboração se realiza nos contextos em que uma parte do texto elabora ou especifica o conceito expresso pela outra parte (MANN & THOMPSON, 1986; MATHIESSEN & THOMPSON, 1988; HALLIDAY, 1994; MANN, 2005; MANN & TABOADA, 2005-2009). Segundo Mann e Taboada (2005-2009), a relação de Elaboração consiste em uma relação núcleo-satélite em que o Satélite apresenta o detalhe adicional sobre a situação ou algum elemento do objeto sob discussão que é apresentado no Núcleo ou inferencialmente acessível nele. A intenção do falante se caracteriza pelo reconhecimento do Satélite como fornecedor do detalhe adicional para o Núcleo. O receptor identifica o elemento do objeto sob discussão para que o detalhe seja fornecido. De acordo com Mann e Thompson (1986), a relação de Elaboração apresenta os seguintes subtipos: Grupo-membro; Abstração-exemplo; Todo-parte; Processo-etapa; Objeto-atributo. Recentemente, Mann e Taboada (2005-2009), incluíram no site www.sfu.ca/rst/ a relação generalização-especificação. 102 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Sob a perspectiva de Halliday (1994), a relação de Elaboração consiste, no que se refere ao eixo semântico, em um processo de expansão, que pode se instanciar, no que diz respeito ao eixo sintático, em relações como parataxe, hipotaxe e encaixamento. A Elaboração por hipotaxe se manifesta nas orações adjetivas explicativas (“non-restrictive relative clause”). Enquanto a Elaboração por encaixamento é representada pelas orações adjetivas restritivas, na língua inglesa, introduzidas por who, which, that; ou por orações chamadas “contact clause” (ex.: he told em the tales he told.) (HALLIDAY, 1994: 243). A Elaboração por parataxe é subdividida em três tipos: Exposição, Exemplificação e Elucidação (clarification). Na Exposição 4, a segunda porção discursiva expõe, com outras palavras, a tese presente na primeira; na Exemplificação 5, a segunda porção discursiva desenvolve a tese da primeira, tornando-a mais específica, através de um exemplo e na Elucidação 6 (clarification), a segunda porção discursiva esclarece a tese da primeira oração. Halliday sustenta que a maioria das orações que realiza a relação semântica de Elaboração vem justaposta, entretanto, há aquelas que apresentam conjunções. Segundo ele, as conjunções não são marcas estruturais da relação paratática; elas são mais coesivas do que estruturais. 4 Essa relação pode ser explicitada, em inglês, por expressões conjuntivas, como por exemplo: “in other words” ou “that is to say; e, na escrita, “i. e.”. 5 Nessa relação, na língua inglesa, as conjunções presentes são: “for example” , “for instance”, “in particular” ou, na escrita, “e.g.”. 6 Neste tipo, em inglês, são comuns expressões como “in fact”, “actually”, “indeed”, “at least” ou, na escrita, as abreviações: “i.e.” e “viz”. 103 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. O autor admite que, na modalidade falada, é difícil decidir quando estas orações formam uma oração complexa ou não. Postula, contudo, que o modelo de entonação e a relação de elaboração podem ser um critério para defini-las. Na modalidade escrita, podem vir marcados pelo sinal de pontuação, “dois pontos”. Afirma, entretanto, que essa pontuação é recente e nunca é usada consistentemente. Por isso, as abreviações: “i.e.”, “e. g.” e “viz” foram introduzidas primeiro no inglês e ainda hoje continuam sendo usadas. Com relação à sinalização, a relação retórica não se distingue do que se observa em outras relações, como mostra Taboada (2006). Quanto a esse aspecto, três problemas se colocam. O primeiro diz respeito ao fato de os estudos sobre marcas discursivas se concentrarem em marcas explícitas da linguagem escrita, deixando de lado fatores como modo, modalidade ou entonação. O segundo, de algumas relações, como Concessão, Condição, Causa, Resultado e Objetivo serem mais sinalizadas do que aquelas relações que podem ser estabelecidas entre duas ou mais sentenças tais como Elaboração e Evidência. Em terceiro lugar, relações retóricas distintas podem estar associadas a marcas de natureza distinta. A Elaboração, relação que nos interessa aqui, segundo a autora, pode ser sinalizada pelas conjunções “e” e “mas”, pelas locuções adverbiais “de fato”, “em adição”, freqüentemente, pelas marcas de pontuação, vírgula, ponto e vírgula, travessão e parênteses. Entretanto, os resultados de Taboada sugerem que há uma maior freqüência de relações de Elaboração não sinalizadas. Baseados, principalmente, na abordagem de Halliday (1994), investigaremos quais os subtipos da relação de Elaboração estão presentes no discurso escrito, os tipos 104 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. de interdependência sintática que eles instanciam e os tipos de SN`s sobre os quais a Elaboração incide, o que nos possibilitará verificar as formas de realização desta relação na escrita. Propriedades do SN matriz Uma das propriedades dos SN´s sobre os quais incide a elaboração se refere à forma como eles realizam o mecanismo de referenciação. A noção de referenciação é entendida, neste artigo, como uma estratégia de discursivização do mundo pela linguagem através de uma (re)construção do real e não somente como um processo de construção de informação como podemos observar, por exemplo, em Mondada & Dubois (1995) e em Koch (2002). Para proceder à análise da referenciação do SN, buscamos embasamento teórico nos trabalhos de Halliday & Hasan (1976), Halliday (1994), Francis (1994) e Koch (1984, 1989, 1992, 2002). Dentre as estratégias de coesão analisadas por Halliday & Hasan (1976) está o uso dos nomes genéricos que nos interessa para esta investigação. Segundo os autores, esses nomes são “membros superordenados de um grupo lexical maior e seu uso coesivo é uma instância de um princípio geral segundo o qual um item superordenado opera anaforicamente como um tipo de sinônimo”. (HALLIDAY & HASAN, 1976: 275). Do ponto de vista gramatical, a unidade é formada, geralmente, por um artigo definido e um nome genérico e está situada na fronteira entre a gramática e o léxico. Os nomes genéricos podem ser classificados, de acordo com os autores, em: humanos - pessoa, homem, mulher, criança, garoto, garota; não humano - criatura; 105 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. inanimado concreto - coisa, objeto; inanimado concreto conjunto – coisas; inanimado abstrato - negócio, assunto, matéria; ação - movimento; lugar - localização; fato – questão, idéia. Esses nomes são analisados por Halliday & Hasan a partir de suas funções anafóricas. Entretanto, como mostraremos neste estudo, estes termos podem ser utilizados igualmente em função catafórica. Francis (1994) apresenta um conceito lingüístico similar ao dos nomes genéricos apresentado por Halliday & Hasan (1976), o dos rótulos. Seus significados, assim como o das palavras genéricas, dependem de outros elementos do contexto. Além disso, as distinções podem depender do foco da relação de coesão, anafórica ou catafórica e da interpretação funcional da ocorrência dos nomes, por exemplo, eles podem ter uma função de sinalizadores textuais, indicando unidades de informação, podem rotular e avaliar porções discursivas, podem ser nomes metalingüísticos. Os rótulos são classificados por Francis em: ilocucionários, tais como “alegação”, “resposta”, “apelo”; referentes a atividades de linguagem, como “comparação”, “ambigüidade”, “descrição”; relativos a processos mentais, como por exemplo “análise”, “atitude”, “crença” e concernentes ao texto “frase”, “questão”, “sentença”; avaliativos, como “tolice”. A autora cita também nomes que entram em uma categoria mais geral, tais como “abordagem”, “área”, “aspecto”. Consoante a autora, os rótulos têm significado interpessoal e podem adicionar uma informação nova ao argumento do falante/escritor, além disso, desempenham a função de organizar o discurso. 106 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Suas funções organizadora e preditiva podem ser vistas, conforme postula Francis (1994), em termos das metafunções de Halliday (1994), Ideacional, Interpessoal e Textual, como podemos observar em (4): (4) Lula começa bem, criando praticamente um ministério pra combate à fome. Chega de aumentar "a grita dos descontentes"!. Chega de cantar os "famélicos da terra". O dinheiro que se dá aqui e ali (nunca faço conta com motorista de táxi, nunca dou menos de dez a taxista, nem menos de cinco reais a guardador de carro, nunca cobro o adiantamento ocasional às auxiliares – antigas empregadas-domésticas) pode atrasar a revolução, mas ajuda o cara na hora. Não tem que ficar esperando pacientemente as grandes soluções socialistas. Betinho fez bom e conhecido slogan: “Quem tem fome tem pressa” (JB 31-10-02) Neste exemplo, “bom e conhecido slogan” apresenta um significado ideacional como um participante do processo mental do verbo “fazer”; um significado interpessoal no que diz respeito à avaliação que faz “bom e conhecido” e um significado textual, localiza-se no Rema e é a parte do foco de informação nova. Segundo Koch (1984, 1989, 2000, 2002), a coesão referencial ocorre quando um elemento faz remissão a outro elemento do texto ou é inferível a partir dele. As formas remissivas podem ser de ordem lexical ou gramatical e podem desempenhar função de sinalização textual e de (re)ativação de referentes. O processamento textual opera numa oscilação em movimentos retrospectivos e projetivos, através da anáfora e catáfora, respectivamente, e em movimentos abruptos, através de fusões, alusões, etc. As formas remissivas são abordadas pela autora, principalmente, sob seu ponto de vista anafórico, entretanto, podem também funcionar como catafóricas. Quando catafóricas, de acordo com Koch (2002), geralmente, são vagas, inespecíficas, tais como a deste exemplo extraído do Jornal O Globo: 107 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. (5) Num tempo em que os laterais eram meros marcadores e rebatedores de bola com chutões para a frente, Nílton Santos já avançava, já apoiava o ataque, já armava o jogo como os bons laterais viriam a fazer depois — só que com uma diferença: foi melhor do que todos os outros que se seguiram aqui no Brasil e em todos os cantos do planeta. (O GLOBO 06-03-04) Neste estudo, distinguem-se os SNs que possuem função dêitica inerente daqueles que efetivamente apresentam conteúdo semântico. No primeiro caso, encontram-se o SN “o seguinte” e pronomes demonstrativos: (6) Agora é preciso que se diga o seguinte: as escolas de samba são realmente forças populares dessa cidade que faz Carnaval um autêntico sarcedócio. Quando o povo consegue ir à rua para sambar é sinal de que o carnaval de rua, mesmo moribundo, ainda não morreu de todo. Os ensaios técnicos na Sapucaí mostram que o Carnaval é mesmo coisa séria na cidade. E quem sabe, se no futuro, a passarela da Marquês de Sapucaí, graças as escolas de samba, não seja transformada em uma nova Avenida Rio Branco, trazendo de volta aquele carnaval que muitos de nós já brincamos um dia. (O POVO 22-01-04) (7) No episódio, o governo brasileiro tem apenas a obrigação óbvia de dizer o que pensa sem dizer tudo o que pensa - com o cuidado óbvio de falar por uma só voz, que é a do Itamaraty, não a do partido além de fazer o que é dever de todas as chancelarias: ficar de olho. E, claro, preparar o plano B de Bush, não de bursite, que dói mais. (O GLOBO 17-01-03) No segundo, pronomes indefinidos: (8) Mas algo não pode ser esquecido: o voto de confiança foi dado a Lula, e não tanto a seu partido, que foi derrotado para os governos estaduais dos principais Estados São Paulo, Rio, Minas, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará). Qualquer passo em falso será cobrado nas urnas daqui a quatro anos. (JB 01-11-02) E SNs que funcionam como rótulos (Francis 1994). Segundo a autora, os rótulos caracterizam-se, principalmente, por serem elementos nominais não-específicos que exigem realização lexical no contexto imediato. Eles desempenham a função de organizar o discurso e, geralmente, apresentam um valor argumentativo. Francis 108 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. classifica-os em rótulos metalinguísticos, rótulos avaliativos e rótulos que entram em uma categoria mais geral: Rótulos metalinguísticos Nomes ilocucionários: (9) O argumento foi um só: falar a verdade, e com coragem. (JB 13-02-04) Nomes relacionados a atividades da linguagem: (10) Uma das camisetas que ela gostava de usar com o lema: “o Xingu não fala, mas se falasse pediria para não ser destruído”. (JB 14-02-04) Nomes que dizem respeito ao texto: (11) No famoso episódio da instituição, na Roma antiga, do imposto sobre as latrinas públicas, o imperador Vespasiano respondeu às críticas de seu filho Tito com a célebre frase: o tributo non olet (não cheira). (JB 04-03-04) Nomes relativos a processos mentais: (12) O livro dos historiadores russos Yuri Dyakov e Tatyana Bushuyeva confirmava inteiramente essa hipótese: armando a Alemanha, a URSS provocara deliberadamente a eclosão da Segunda Guerra Mundial, na esperança de usar os nazistas como ponta-de-lança. (O GLOBO 29-03-03) Rótulos avaliativos: (13) O plano não pode esquecer o óbvio: os problemas dos EUA com o Iraque e com o petróleo iraquiano estão cozinhando na mesma panela em que fervem nossa política em relação à Venezuela, ao governo Chávez e à falta que o petróleo venezuelano está fazendo aos EUA. (O GLOBO 17-01-03) Rótulos que entram em uma categoria mais geral: (14) Mas de uma coisa eu tenho certeza: não faltou empenho e por isso nenhuma daquelas palavras serviu para o grupo. (JB 06-03-04) 109 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Estamos considerando como pertencentes à categoria mencionada acima apenas nomes genéricos tais como “coisa”, “negócio” e “lance”. Para dar conta das ocorrências que não se encaixam em nenhuma dessas categorias, acrescentamos a essa classificação classes elencadas abaixo: Indiciais: (15) Mas, em 1999, houve um pico: a média foi de 4.015 casos mensais. Os índices tiveram nova queda no mesmo período dos anos seguintes: média de 3.595 em 2000 e de 3.397 em 2001. (EXTRA 04-06-03) Resultado de atividade física ou mental: (16) Eider explicou que, para a implantar a alça sobre um terreno de argila mole e turva, será necessário um trabalho de engenharia complexo: toda a pista terá que ser construída sobre estacas. (JB 24-10-02) Preceituantes: (17) Aqui se usufrui, não só a boa medicina, mas o comportamento adequado, a ética, as boas maneiras. E, principalmente, a norma do grande cirurgião americano, Francis Moore: ''O ato fundamental da prática médica é o de assumir a responsabilidade!'' (JB 24-10-02) Relativos a sentimentos e emoções: (18) Depois da tomada do poder, finalmente a Império Ssrrano foi para a Avenida mostrar o seu potencial. E o fez de maneira garbosa diante das circunstâncias que encontrou a Marquês de Sapucaí. De cara uma bela surpresa: O grande Jerônimo, o mais elegante dos passistas, assumiu o trono de mestre-sala, trazendo consigo a irrequieta Andréia Machado, uma portabandeira que realmente só sabe rodopiar o fino e bacana. ( O POVO 13-01-04) Relativos à solução de situação concreta ou abstrata: (19) Mas nessa acumulação de atividades prosaicas, surgia o grande desafio: transformar a paixão em amor. (JB 06-03-04) 110 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Relativos à qualidade: (20) Quer queiram ou não os estudiosos e partícipes dos fatos que envolvem o golpe de 1964, não se pode negar uma realidade aprofundada em teses e livros ao longo dessas quatro décadas: o Ipês - sim, com acento - foi preponderante no desfecho que mudou o rumo da história recente do país. (JB 04-03-04) Houve dados os quais não conseguimos agrupar sob as categorias dispostas acima e que não constituiriam número suficiente para criar novas classes, essas ocorrências correspondem a 6% do total de dados, são eles: Centros, ISEB, Juventude, Combustão, Fumaça. (21) Parece ter ficado só a idéia da combustão inicial — do fósforo antes que o fogo alcance a madeira. E o estranho paradoxo é que, neste sentido, há um momento em que a paixão pode se tornar inimiga feroz do amor verdadeiro. Conforme podemos observar no gráfico abaixo, na escrita, os SNs elaborados pelo segundo segmento são, predominantemente, nomes que efetivamente apresentam conteúdo semântico. 111 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Tabela 2: distribuição do tipo de SN sobre o qual incide a relação de Elaboração. Tipo de SN Genéricos Metalingüisticos Preceituantes Relativos a sentimentos Avaliativos Indiciais Relativos à solução Relativos à qualidade Relativos à atividade Pronome indefinido O seguinte Pronome demonstrativo SN`s com efetivo conteúdo semântico. SN`s com função dêitica inerente 6% 37% 6% 3% 4% 11% 9% 3% 10% 1% 2% 1% Nas ocorrências em que os SNs possuem função dêitica inerente, não se evidenciam diferenças entre a frequência do SN “o seguinte” e de pronome demonstrativo. Já nos dados em que os SNs efetivamente apresentam conteúdo semântico, prevalecem os nomes que dizem respeito ao campo semântico da Metalinguagem, em seguida, destacam-se os Indiciais, os que indicam Resultado de atividade física ou mental e os relacionados à Solução de situação concreta ou abstrata. Há também uma frequência significativa de Nomes genéricos e de Preceituantes. Em menor número, encontram-se os Avaliativos, os relativos a Sentimentos e emoções e os relativos à Qualidade. Em último lugar, correspondendo a apenas 1% dos dados, duas ocorrências, estão os Pronomes indefinidos. 112 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. A predominância de nomes que dizem respeito ao campo semântico da Metalinguagem e de SNs Indiciais pode ser relacionada às estratégias utilizadas no gênero jornalístico, em que o autor se utiliza do recurso da Elaboração através do uso de rótulos metalinguísticos, principalmente, para introduzir o discurso de terceiros e de Indiciais para apresentar resultados e dados estatísticos. Conexão de orações Estamos interessados nos casos de Elaboração que instanciam processos de parataxe e de hipotaxe. Consideramos casos de hipotaxe aqueles em que ocorre a presença de um morfema subordinador, como que no exemplo abaixo: (22) A minha vantagem aqui é essa: que nós temos o armazém e todo dia tira dali. (Fala, Amostra 00, Falante 10) E de parataxe aqueles em que não há um morfema subordinador, como podemos observar no exemplo (23): (23) 11° Mandamento: Não deixe que te amedrontem. (JB 18-10-02) Nos dados analisados, houve apenas ocorrências da relação de parataxe. Conforme afirmamos em BRAGA & ALENCAR 2008, em que analisamos dados de fala e de escrita, estes resultados sugerem que, em orações complexas que instanciam a relação de Elaboração, a estratégia de vinculação por hipotaxe desapareceu quase que totalmente do português falado e escrito no Brasil, hipótese que necessita de verificação diacrônica. (BRAGA & ALENCAR 2008 p. 304) Tipo de Elaboração Além dos três subtipos propostos por Halliday (1994) para a relação de Elaboração, Mann e Thompsom (1986) propõem cinco: grupo-membro; abstração113 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. exemplo; todo-parte; processo-etapa; objeto-atributo. Recentemente, incluíram no site www.sfu.ca/rst/ a relação generalização-especificação. Encontramos, em nossa amostra de escrita, as relações enumeração, abstraçãoexemplo e, principalmente, a relação generalização-especificação. Vejamos exemplos da relação generalização-especificação (24), de enumeração (25) e de abstração-exemplo (26): (24) E, a seguir, considerar um outro aspecto: Que fazer para pôr em prática esse favor extraordinário que Deus nos concedeu, através de tão significativo evento? (O Globo 02-11-02) (25) Duas coisas me causam estranheza: 1) tentar comprar o goleiro reserva; e 2) a Bulgária, que contava com um time forte e empolgado, jogou sem nenhuma vontade ou animação, perdendo de 4 a 1 sem problemas. (Extra 16-01-04) (26) Porém, centros de excelência não nos faltam: a Embrapa, que proporcionou uma verdadeira revolução em nossa agricultura e exporta know-how para o mundo; a Fundação Oswaldo Cruz, que pela sua história e relevantes trabalhos dispensa comentários; e o próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq) que, através de seu sistema de concessão de bolsas para pesquisas avançadas, é nosso principal instrumento para a formação de cientistas, única salvaguarda para nossos pós-graduados que não têm condições financeiras para dar continuidade a seus estudos e pesquisas no exterior, oportunidade de que desfrutam apenas poucos privilegiados. (JB 02-06-03) Conforme podemos verificar na tabela abaixo, 95% das ocorrências instanciam a relação generalização-especificação, 4% a relação de enumeração e apenas 1% a relação abstração-exemplo. Tipo de Elaboração Generalização-especificação Enumeração Abstração-exemplo % 95% 4% 1% 114 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. Entendemos que a maior freqüência do subtipo generalização-especificação correlaciona-se com a forma de organização do texto jornalístico em que o autor, para antecipar a informação ou para chamar a atenção do leitor, utiliza-se desse subtipo de Elaboração. Considerações finais Do ponto de vista sintático, a análise permite mostrar a predominância de Elaboração na forma de parataxe, na escrita. Do ponto de vista semântico, encontramse, no corpus, os seguintes subtipos da relação semântica de Elaboração: abstraçãoexemplo, enumeração e, principalmente, a relação geral-específico (Mann e Thompson 1986, 2005-2009). Além disso, foi possível constatar que os SNs elaborados, mais frequentemente nomes relacionados ao campo da metalinguagem, funcionam como rótulos (FRANCIS 1994) e podem ser relacionados às estratégias utilizadas no gênero jornalístico, contribuindo para a organização destes textos. Referências Bibliográficas: BRAGA, M. L., SILVA, G. M.. “ Novas considerações a respeito de um velho tópico: A taxonomia Novo/Velho.” In GUIMARÃES, E. R. J.(org.) Lingüística: questões e controvérsias. Uberaba: Curso de Letras/ Faculdades Integradas de Uberaba, p. 27-40, 1984. BRAGA, M. L. . 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Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 33 – Gramática e construção discursiva: estudos da Língua Portuguesa e uso. MATTHIESSEN, Christian M. I. M. and Sandra A. Thompson (1987). The Structure of Discourse and "Subordination". Clause Combining in Discourse and Grammar, ed. by J. Haiman and S. A. Thompson. Amsterdam, John Benjamins, 1987 NOGUEIRA, Márcia. A aposição não-restritiva em textos do português contemporâneo escritos no Brasil. Tese de Doutorado. Unesp/Araraquara, 1999. __________, M. T. Aposição e correferencialidade. Veredas (UFJF), Juiz de Fora-MG, v. 2, n. 2, p. 85-96, 1998. TABOADA. Maite, Discourse Markers as Signals (or Not) of Rhetorical Relations Journal of Pragmatics, Vol. 38, No. 4. (April 2006), pp. 567-59 117
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